Treinamento Parental Tod
Treinamento Parental Tod
Treinamento Parental Tod
CENTRO DE HUMANIDADES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
DOUTORADO EM PSICOLOGIA
FORTALEZA
2020
DARLENE PINHO FERNANDES DE MOURA
FORTALEZA
2020
DARLENE PINHO FERNANDES DE MOURA
APROVADA EM __/__/___
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Dr. Walberto Silva dos Santos (Orientador)
Universidade Federal do Ceará-UFC
____________________________________
Prof. Dra. Estefânea Élida da Silva Gusmão
Universidade Federal do Ceará-UFC
_______________________________________
Prof. Dra. Daniely Ildegardes Brito Tatmatsu
Universidade Federal do Ceará-UFC
_____________________________________
Prof. Dra. Normanda Araujo de Morais
Universidade de Fortaleza- UNIFOR
_________________________________
Prof. Dra. Lucila Moraes Cardoso
Universidade Estadual do Ceará-UECE
A todos pais, mães e responsáveis interessados
em aprender mais sobre seus filhos.
AGRADECIMENTOS
Agradecer não é uma tarefa fácil. Não são poucos os que participam da construção de
um sonho, por isso há sempre o medo de que algum nome seja esquecido. Mesmo correndo este
risco, agradeço:
Ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará pela
possibilidade de realizar o meu Doutorado em uma instituição que há 14 anos faz parte da minha
vida (UFC, não sei viver sem você!);
Ao meu orientador, Prof. Dr. Walberto Santos, por me nortear em mais um momento da
minha vida acadêmica, pela parceria, pela disponibilidade e pelas contribuições ao longo dos
últimos 10 anos. Agradeço ainda pela autonomia que me foi dada e por tornar a conclusão desta
tese possível (mesmo correndo contra o tempo!);
Aos integrantes da banca avaliadora, Prof (a) Dra. Daniely Tatmatsu, Prof (a). Dra.
Estefânea Gusmão, Prof.(a) Dra. Normanda Morais e Prof (a) Dra. Lucila Cardoso, pelas
contribuições desde a qualificação e pela disponibilidade em participar de um momento tão
significativo da minha trajetória acadêmica;
À CAPES pela concessão de uma bolsa de doutorado sanduíche (PDSE 2017-Seleção
2018) que me possibilitou enriquecer aspectos centrais do programa de intervenção proposto;
À Prof (a) Dra. Maria João Seabra Santos, a qual, mesmo sem me conhecer, aceitou ser
minha orientadora durante o período de doutorado sanduíche na Faculdade de Psicologia e
Ciências de Educação da Universidade de Coimbra (Portugal). Agradeço pela receptividade,
por suas contribuições valiosas e pela oportunidade de conhecer de perto os princípios do
Programa Incredible Years;
À Clínica-Escola de Psicologia da UFC e à Escola Padre Felice Pistoni por acolherem
a ideia da tese e disponibilizarem seus espaços para a execução da intervenção; aos pais, mães
e responsáveis que participaram da pesquisa. Sem vocês, este trabalho não seria possível;
A todos os membros e ex-membros do Laboratório Cearense de Psicometria (são tantos
que prefiro não colocar os nomes) pelo conhecimento compartilhado durante todos os últimos
anos, pelas trocas de ideias e pelas sugestões;
Aos meus colegas e professores do Departamento de Psicologia da UFC (Sobral) pela
oportunidade de tornar possível meu afastamento das atividades curriculares durante as etapas
cruciais da elaboração desta tese;
Às professoras viajantes e amigas, Verlene Alves, Emanuela Possidônio, Thicianne
Malheiros e Glysa Meneses, por estarem sempre por perto, dividindo angústias, novidades,
quartos de hotel e slides;
Às minhas amigas, Elinalda Brito, Rachel Milena e Natália Lourinho, presentes que a
UFC me deu durante a graduação e que até hoje estão comigo, compartilhando desafios, sonhos
e alegrias;
Aos meus pais, Paulo e Dulce, por seu apoio incondicional em todos os momentos de
minha vida; ao meu marido, Luís Flávio, por escutar “meus pitis” e comprar doces nos meus
momentos de angústia acadêmica; ao meu filho, João Pedro (JP), que, mesmo em meu ventre,
apresentou pontuações baixas em comportamento antissocial infantil (entendedores
entenderão!), facilitando a execução das etapas finais desta tese; a todos os familiares e amigos
não-acadêmicos, que, embora muitas vezes não entendessem muito bem o que eu fazia, sempre
estavam na torcida para que eu alcançasse meus objetivos.
A Deus por guiar minha vida e me conceder sabedoria para enfrentar os desafios que
surgiram durante esta jornada.
E, por fim, não poderia deixar de agradecer a você leitor anônimo, por seu interesse em
entender e fazer Ciência.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14
2 COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL NA INFÂNCIA: FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA........................................................................................................................... 20
2.1 Comportamento Antissocial na Infância: Definição e terminologias
associadas ............................................................................................................................ 20
2.1.1 Trastornos Disruptivos, do Controle e do Impulso ........................................ 21
5.2Resultados................................................................................................................. 83
5.2.1 Escala de Senso de Competência Parental (PSOC) ....................................... 83
a) Adaptação .............................................................................................................. 83
c) Normatização......................................................................................................... 95
1 INTRODUÇÃO
algo, amenizar ou até mesmo findar com as exigências provenientes do ambiente e é mantido
por relações coercitivas.
Algumas variáveis, por sua vez, são apontadas como relevantes para a compreensão do
problema e para fundamentação de estratégias de prevenção/intervenção com famílias
(BOLSONI- SILVA; LOUREIRO, 2011; PACHECO; HUTZ, 2009; PATIAS; SIQUEIRA;
DIAS, 2012), como é o caso dos estilos (BAUMRIND, 1967; GOMIDE, 2011; MACCOBY;
MARTIN, 1983), da competência (FERREIRA et al., 2014) e do estresse parental
(NOGUEIRA; RODRIGUES, 2016).
Os estilos parentais, por exemplo, podem ser definidos a partir de diferentes concepções
(BAUMRIND, 1966; MACCOBY; MARTIN, 1983; DARLING; STEINBERG, 1993;
GOMIDE, 2011). Na proposta de Gomide (2011), os estilos agregam um grupo de práticas
educativas ou atitudes parentais (positivas ou negativas) empregadas pelos responsáveis com o
objetivo de socializar seus filhos. Nesse contexto, as práticas consideradas como negativas,
caracterizadas por disciplina rígida e inconsistente, pouca qualidade de vinculação dos pais-
filhos e baixo monitoramento das atividades da criança exercem função central no
desenvolvimento das atitudes antissociais (PATTERSON; DEBARYSHE; RAMSEY, 1989;
PACHECO et al., 2005; MONDIN, 2017; BORTOLINI; ANDRETTA; 2017) ao passo que que
as práticas parentais positivas podem evitar o surgimento e/ou a manutenção de problemas
comportamentais (SCHMIDT; STAUDT; WAGNER, 2016). Sobre isso, alguns autores
discutem que o treinamento de pais, com foco em práticas parentais positivas, é essencial na
intervenção desse tipo de problema (CALEIRO; SILVA, 2012; GUISSO; BOLZE; VIERA,
2019; PATIAS; SIQUEIRA; DIAS, 2013; SCHMIDT; STAUDT; WAGNER, 2016).
Além das variáveis comportamentais, diferentes pesquisas reconhecem que as
cognições parentais desempenham um papel importante na interação pai-criança
(BORNSTEIN; PUTNICK; SUWALSKY, 2018; JOHNSTON; PARK; MILLER, 2018;
PEREIRA; BARROS, 2019). Alguns autores destacam o senso de competência parental
(FERREIRA et al., 2014; JOHNSTON; MASH, 1989; OLIVEIRA, T. et al., 2017), o qual pode
ser definido como as expectativas e as crenças que o indivíduo tem acerca da sua capacidade
para desempenhar o papel parental de forma competente e eficaz, englobando, portanto,
características como percepção de autoeficácia e satisfação parental (OHAN; LEUNG;
JOHNSTON, 2000; SEABRA-SANTOS et al., 2015). Apesar de, no Brasil, os estudos acerca
dessa variável ainda se apresentarem incipientes, a literatura indica que uma melhoria na
competência parental tende a tornar mais positivas as práticas parentais, o que tornaria menos
17
variáveis isoladas, como é o caso das habilidades sociais (BATISTA; MARTURANO, 2016;
SABBAG; BOLSONI-SILVA, 2015) e dos estilos ou práticas parentais (PATTERSON;
DEBARYSHE; RAMSEY, 1989; PACHECO et al., 2005; SNYDER et al., 2012).
Tais aspectos indicam a necessidade de elaboração de programas de intervenção
avaliados por meio de delineamentos quase-experimentais ou experimentais, direcionado para
cuidadores de crianças em contexto brasileiro e, por conseguinte, justificam a proposta desta
tese, que é propor e avaliar um programa de intervenção parental voltado para redução do
comportamento antissocial em crianças. Especificamente, pretende-se: 1) analisar as propriedades
psicométricas dos instrumentos (Escala de Senso de Competência Parental; Escala de Estresse
Parental e Questionário de Capacidades e Dificuldades); 2) verificar a relação entre as variáveis
familiares (estilos parentais, competência parental, estresse parental) e o comportamento antissocial
infantil; 3) elaborar a intervenção; e 4) avaliar a eficácia do programa proposto, intitulado como
“Aprendendo sobre Filhos”.
A tese foi organizada em duas partes. A primeira delas é o Marco Teórico, que reuniu
três capítulos: 1) Comportamentos antissociais infantis: fundamentação teórica; 2) Variáveis
relacionadas ao estudo do comportamento antissocial infantil; e 3) Programas de treinamento
parental em comportamento antissocial infantil. A segunda, Estudos Empíricos, envolveu três
estudos: 1) Propriedades psicométricas das medidas e correlação entre as variáveis; 2) Estudo
piloto do programa de treinamento parental; e 3) Avaliação do programa Aprendendo sobre
Filhos: um estudo clínico randomizado controlado.
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suficiente, dado que tal definição não expressa o conjunto de condutas antissociais observadas,
especificamente, durante a infância (FERNANDES, 2014; SANTOS, 2008). Portanto, com
intuito de compreender o que se tem chamado de comportamento antissocial infantil, a seguir
serão apresentadas as especificidades das expressões comumente associadas ao estudo do tema,
a saber: transtornos disruptivos, do controle e do impulso, transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade, transtorno de desregulação do humor, problemas externalizantes e o próprio
termo “comportamento antissocial infantil”.
2.1.1 Trastornos Disruptivos, do Controle e do Impulso
cujo “disparo”, costuma ocorrer em resposta a uma provocação mínima ou evento estressor
(APA, 2014; MCCLOSKEY et al., 2017). Para o diagnóstico, é preciso ter idade mínima (ou
nível de desenvolvimento equivalente) de pelo menos 6 anos (APA, 2014).
Em geral, os indivíduos com transtorno explosivo intermitente podem apresentar
explosões de agressividade classificadas como “leves” ou “severas”. As explosões “leves” são
ameaças, xingamentos, ofensas, gestos obscenos, ataque de objetos e agressões físicas, as quais
não causam danos a objetos ou lesões em animais ou outros indivíduos, mas ocorrem com uma
frequência média de 2 vezes na semana por um período mínimo de 3 meses. Já as explosões
mais severas envolvem destruição de propriedade ou patrimônio e ataques físicos com lesão
corporal, com frequência de pelo menos 3 episódios dentro do período de um ano (APA, 2014).
De uma maneira geral, a magnitude de agressividade, expressa durante as explosões
recorrentes, é desproporcional em relação à provocação ou a quaisquer estressores psicossociais
precipitantes, não são premeditadas e não visam atingir algum objetivo tangível, como dinheiro,
poder, intimidação (APA, 2014). Desse modo, em níveis mais graves, tais explosões causam
sofrimento ao indivíduo ou geram problemas no âmbito profissional, interpessoal, financeiro
ou legal (DELISI et al., 2017; KULPER et al., 2015)
Nesse transtorno, para fins diagnósticos, os ataques agressivos não podem ser derivados
do uso de substâncias (ex. álcool, drogas, medicamentos) e nem devido a qualquer outra
condição psicológica (ex. transtorno depressivo maior, transtorno bipolar, transtorno psicótico,
transtorno de personalidade antissocial, transtorno de personalidade borderline) ou médica (ex.
traumatismo craniano, doença de Alzheimer). Além disso, pessoas com idade entre 6 e 18 anos
não devem receber esse diagnóstico em situações nas quais as explosões de agressividade
impulsivas ocorrerem no contexto de um transtorno de adaptação (APA, 2014).
Diferentes causas podem ser atribuídas ao transtorno explosivo intermitente, alguns
estudos destacam a disfunção na produção de serotonina e a convivência com famílias instáveis
(BARRETO, ZANIN; COCCARO, 2012; DOMINGOS, 2009). A terapia cognitivo-
comportamental, associada ao tratamento farmacológico, apresenta-se como base para o
tratamento (BARRETO, ZANIN; DOMINGOS, 2009; GALVÃO; PEREIRA; FORTI, 2016).
c) Transtorno de Conduta
O transtorno de conduta (TC), comum na faixa etária dos 12 aos 16 anos, consiste em
um padrão de comportamento repetitivo e persistente, no qual são violados direitos básicos de
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outras pessoas ou normas sociais relevantes (APA, 2014). Em geral, os indivíduos com
transtorno de conduta agridem pessoas e/ou animais, destroem propriedades, mentem para obter
bens materiais ou favores, invadem casas ou furtam residências ou apresentam violação grave
de regras, como ficar fora de casa sem autorização dos pais e faltam às aulas sem motivo
aparente (APA, 2014; ASSUMPÇÃO; KUCZYNSKI, 2003). Em alguns casos, também se pode
observar emoções prossociais limitadas, ausência de remorso ou culpa, despreocupação com o
rendimento acadêmico e afeto superficial (APA, 2014).
Para o diagnóstico, o indivíduo deve ter pelo menos três dos 15 critérios nos últimos 12
meses, com ao menos um presente nos últimos seis meses (APA,2014). Ressalta-se que a
perturbação comportamental presente nesse transtorno deve causar prejuízos clinicamente
significativos no funcionamento social, acadêmico ou profissional. Tal transtorno pode ser
diagnosticado em adultos, embora os sintomas geralmente surjam na infância ou na
adolescência, sendo raro o início depois dos 16 anos. Em indivíduos com 18 anos, ou mais, o
diagnóstico para transtorno de conduta só deve ser dado, quando os critérios para o transtorno
de personalidade antissocial não forem preenchidos (APA, 2014).
Com base na idade de início, existem três subtipos de TC: 1) com início na infância; 2)
na adolescência; e 3) não especificado (APA, 2014). No primeiro, os indivíduos podem ter
transtorno de oposição desafiante na infância e, normalmente, expressam sintomas que
preenchem critérios para transtorno da conduta antes da puberdade. O com início na
adolescência, ocorre quando os indivíduos não apresentam nenhum sintoma característico de
transtorno da conduta antes dos 10 anos de idade (APA, 2014). Pessoas que apresentam o tipo
com início na infância são mais propensas a ter o transtorno da conduta persistente na vida
adulta, quando comparadas com aqueles do tipo com início na adolescência (APA, 2014;
SILVA, 2011; ODGERS et al., 2007; HODGINS; PEDEN, 2008). Os dois subtipos podem
ocorrer nas formas leve, moderada ou grave, variando conforme o nível de danos causados aos
outros. O subtipo de início não especificado é atribuído a contextos nos quais não se possui
dados suficientes para determinar a idade de início (APA, 2014).
As principais consequências dos comportamentos do TC podem ser suspensão ou
expulsão da escola, problemas de adaptação no trabalho, problemas legais, comportamento
sexual de risco e lesões físicas causadas por acidentes ou brigas (APA, 2014; SILVA, 2011).
Dentre os principais fatores de risco, a literatura destaca o temperamento, os contextos de
socialização, em que se prevalecem as práticas parentais ineficazes, a rejeição por pares e
histórico de doença mental dos pais (MURRAY, FARRINGTON, 2010; ROWE et al., 2010). A
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atravessar uma rua sem olhar), também pode se manifestar como intromissão social (p. ex.,
interromper os outros em excesso) e/ou tomada de decisões importantes sem considerações
acerca das consequências no longo prazo (APA, 2014).
Embora grande parte dos indivíduos apresentem uma combinação dos sintomas de
desatenção com os sintomas hiperatividade-impulsividade, em alguns casos, há domínio de um,
ou outro padrão, portanto, o subtipo adequado é indicado de acordo com o padrão predominante
de sintomas nos últimos 6 meses (APA, 2014). Para o diagnóstico de crianças, seis (ou mais)
dos sintomas devem persistir por pelo menos seis meses em pelo menos um domínio, já em
adolescentes e adultos mais velhos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são
obrigatórios (APA, 2014). Adicionalmente, deve-se observar se os sintomas já se manifestavam
antes dos 12 anos de idade e se ocorrem pelos menos dois contextos (ex. casa, escola); além
disso deve-se excluir a possibilidade do quadro clínico não está associado ao curso de algum
transtorno psicótico (como esquizofrenia) ou não ser melhor explicado por outro transtorno
mental (APA, 2014).
Entre as principais características que variam de acordo com a idade e o estágio evolutivo,
estão: a baixa tolerância à frustração, crises de raivas, comportamento autoritário, birra,
inconstância do humor, desmoralização, rejeição por colegas e baixa autoestima (APA, 2014;
CAYE et al., 2014). Além disso, o baixo desempenho acadêmico, em geral, está presente, sendo
geralmente interpretado como preguiça e baixo compromisso com as atividades, o que pode
dificultar o relacionamento com a família (PEREIRA, EDUVIRGEM, MONTEIRO, 2017;
OLIVEIRA; DIAS, 2017). Embora o TDAH seja mais prevalente em crianças, alguns adultos
podem ser diagnosticados tardiamente (BARKLEY; BENTON, 2016; CASTRO, LIMA, 2018).
Estudos elencam as consequências do TDAH em adultos, sobretudo no que se refere à
adaptação à universidade e às preocupações com o desempenho acadêmico (OLIVEIRA; DIAS,
2017; CASTRO, LIMA, 2018). Além do tratamento farmacológico e psicoterápico, com o
objetivo de alcançar resultados mais eficazes, diferentes intervenções diretas na escola e na
família são propostas (ROCHA; DEL PRETTE, 2017).
bem definida, porém observa-se a presença marcante em crianças do sexo masculino e em idade
escolar (APA, 2014). As características comportamentais desse transtorno muito se assemelham
aos transtornos já mencionados, sendo a compreensão de suas peculiaridades importantes para
diagnóstico diferencial (ARAÚJO; LOTUFO NETO, 2014; APA, 2014).
Em geral, indivíduos com o transtorno da desregulação emocional apresentam explosões
de raiva recorrentes e graves que são desproporcionais em intensidade e inconsistentes com o
nível de desenvolvimento (APA, 2014). Tais sintomas devem se manifestar ao menos três vezes
por semana, em dois ou mais ambientes, persistir por no mínimo um ano e o diagnóstico só
pode ser dado entre os seis e os dezoito anos de idade (APA, 2014; ARAÚJO; LOTUFO NETO,
2014). Além disso, destaca-se que o humor entre as explosões de raiva deve ser
persistentemente irritável ou zangado na maior parte do dia ou quase todos os dias. Embora
seja um transtorno que apresente características semelhantes a outros transtornos (COPELAND
et al., 2013; DOUGHERTY et al., 2014) orienta-se que o diagnóstico do transtorno de
Desregulação do Humor não pode coexistir com o transtorno de oposição desafiante, transtorno
explosivo intermitente ou transtorno bipolar (APA, 2014).
Desse modo, a compreensão do quadro clínico é essencial para impedir que o
diagnóstico seja aplicado a crianças saudáveis com comportamento de birra, ou seja confundido
com outros transtornos, a exemplo do transtorno bipolar, transtorno do espectro autista, o
transtorno de estresse pós-traumático, o transtorno de ansiedade de separação e o transtorno
depressivo persistente (APA, 2014; ARAÚJO; LOTUFO NETO, 2014).
Entre as principais consequências, tem-se que a presença de irritabilidade crônica
prejudica a convivência familiar e dificulta as relações interpessoais (APA, 2014;
DOUGHERTY et al., 2014). Embora os estudos sobre esse transtorno ainda se apresentem de
modo incipiente (DOUGHERTY et al., 2014), o curso do transtorno é considerado de risco para
o desenvolvimento de outros transtornos depressivos e ansiosos (COPELAND et al., 2013). O
tratamento farmacológico, juntamente com a psicoterapia comumente é utilizado para melhora
dos sintomas (KRIEGER; STRINGARIS, 2013; TOURIAN et al., 2015).
Para além dos transtornos mentais apresentados pelos manuais diagnósticos, a expressão
“problemas de comportamento” comumente é referenciada (BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE,
2003; LINS et al., 2013). Segundo Bolsoni-Silva e Del Prette (2003), estes problemas podem
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ser definidos como déficits e/ou excessos comportamentais que dificultam o acesso da criança
ou do adolescente a novas contigências de reforçamento. Assim, os problemas de
comportamentos podem se referir a uma variedade de características que contemplam, tanto
aspectos comportamentais externalizantes, como internalizantes.
Nesse contexto, os problemas internalizantes contemplariam sintomas de depressão, de
ansiedade, de retraimento social e de queixas somáticas (RUBIN; ROOT; BOWKER, 2010;
WILKINSON, 2009); já os problemas de externalização estariam relacionados à agressividade,
baixo autocontrole, problemas de atenção e comportamentos disruptivos (PACHECO et al.,
2005; LINS et al., 2013). Estes podem ser considerados indicadores iniciais de comportamentos
antissociais e podem evoluir para transtornos mentais, como o transtorno oposição desafiante,
o transtorno de conduta e o transtorno de personalidade antissocial (APA, 2014).
No que diz respeito às diferenças entre “comportamento antissocial infantil” e
“problemas externalizantes”, aponta-se que os comportamentos externalizantes seriam
manifestações mais leves da conduta antissocial, já o “comportamento antissocial infantil” seria
mais apropriado quando se observa maior estabilidade do comportamento agressivo (SHAW;
WINSLOW, 1997). Apesar das discussões, em alguns casos, tais termos são utilizados como
sinônimos (PACHECO et al., 2005; PATTERSON; REID; DISHION, 2002).
No Modelo Sócio Interacionista dos Estágios (PATTERSON; CAPALDI; BANK, 1991;
PATTERSON; DEBARYSHE; RAMSEY, 1989; PATTERSON; REID; DISHION, 2002), por
exemplo, o comportamental antissocial é aprendido na interação familiar, durante a infância, e
abrangeria eventos aversivos pouco graves (chorar, desobedecer, etc.), que podem ser
protótipos de possíveis atos antissociais (comportamentos socialmente desviantes) na
adolescência e na idade adulta. A exposição à violência e à agressão, tanto na comunidade,
quanto em recursos midiáticos, aumentam a probabilidade de aprendizagem desses
comportamentos (PATTERSON; REID; DISHION 2002). Dentro dessa perspectiva, os padrões
comportamentais antissociais aprendidos seriam utilizados para remover estímulos aversivos
sob os quais os indivíduos estão frequentemente expostos (ex. ordens, cobrança) e acabam
sendo, constantemente, fortalecidas pelas interações coercitivas (PATTERSON; REID;
DISHION, 2002; SIDMAN; ANDERY; SÉRIO, 1995).
Assim, no contexto infantil, o comportamento antissocial pode ser definido como um
padrão comportamental ao mesmo tempo aversivo e contingente, marcado por violação dos
direitos alheios, desconsideração dos danos causados e imediaticidade na busca de gratificação
e de benefícios próprios (PATTERSON; REID; DISHION, 2002; ROCHA, 2008). Em termos
29
Embora relevantes, destaca-se que nem todas as teorias trazem contribuições para a
estruturação de programas orientados à prevenção ou à redução do comportamento antissocial
infantil, uma vez que, em algumas delas, seus campos de aplicação não discutem aspectos
relacionados à infância (FERNANDES, 2014). Assim, com o propósito de abordar diferentes
elementos (individuais, cognitivos, contextuais, relacionais e sistêmicos) que podem interferir
no estudo do comportamento infantil, a seguir serão apresentadas as perpectivas téoricas que
fundamentam a intervenção que será apresentada nesta tese.
Proposta na década de 1960, em uma fase inicial da carreira de Albert Bandura (1925-
até hoje), a clássica Teoria da Aprendizagem Social é considerada uma “ponte” entre a teoria
33
(BANDURA,1979, 2005). Desde 1980, a teoria foi atualizada e chamada de Teoria Social
Cognitiva (BANDURA, AZZI, POLYDORO, 2008), em que foi proposto um modelo mais
holístico para o funcionamento humano e aprofundados conceitos como determinismo
recíproco, autoeficácia, modelação, autorregulação e desengajamento moral (BANDURA,
AZZI, POLYDORO, 2008). As contribuições da teoria são observadas em diversos campos
como saúde, educação e organizações e aplicada em temas como habilidades sociais (ÓLAZ,
2009; RIOS-SALDAÑA; DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2002), agressividade (VIEIRA;
MENDES; GUIMARAES, 2010) e modificação do comportamento (LATHAM, SAARI,
1979).
Especificamente, no estudo do comportamento antissocial infantil, trata-se de uma
importante teoria, uma vez que discute a aprendizagem de novos comportamentos a partir da
observação de modelos comportamentais, como é o caso das pesquisas sobre agressividade
infantil (GOMIDE, 2000; VIEIRA; MENDES; GUIMARAES, 2010). Sobre isso, discute-se
que através da aprendizagem observacional e da imitação de uma modelo adulto, crianças e
adolescentes provenientes de lares violentos podem se tornar agressivas, pois internalizam que
o uso da agressão é uma forma apropriada de lidar com conflitos interpessoais (CONTRERAS;
DEL CANO, 2016; ZEPHYR et al., 2015). Estudos apontam, por exemplo, uma associação
entre o uso de punições físicas e verbais pelos pais para seus filhos e o aumento na pontuações
de agressão física e verbal das crianças (PAGANI, 2009). Dentro dessa perspectiva, para a
intervenção que será proposta, adotar-se-á como pressuposto que o comportamento também
pode ser apreendido por modelos e este modelo pode ser um cuidador presente no contexto
familiar. Portanto, para uma redução dos níveis de comportamento antissocial infantil, o
aprimoramento das competências sociais, cognitivas e emocionais desse cuidador com o qual a
criança está em interação é uma das possibilidades.
configura como uma das possibilidades para a promoção da qualidade de vinculação nas
relações primárias e para o desenvolvimento de comportamentos pró-sociais nas crianças
(HENRIQUES, 2014; MORGADO; DIAS; PAIXÃO, 2013).
possibilitou o seu aprofundamento teórico e uma visão integradora das variáveis propostas
(GRANIC; PATTERSON, 2006).
De uma maneira geral, ao longo do processo de desenvolvimento da teoria, duas
questões básicas buscam ser respondidas: (1) como se desenvolve o comportamento antissocial
em crianças e adolescentes? (2) como esse tipo de comportamento pode ser efetivamente
tratado? (DISHION, 2017). Assim, o modelo, apesar de complexo, é base para a intervenção
em crianças e adolescentes antissociais (GOMIDE et al., 2017) e para fundamentação de
importantes programas de prevenção parental, como é o caso do Oregon Model of Parent
Management Training (FORGATCH; RAINS; SIGMARSDÓTTIR, 2015).
No contexto da infância estudos empíricos com base no modelo apontam a influência
das interações coercitivas no desenvolvimento do comportamento antissocial (SMITH et al.,
2014; PRICE; CHIAPA; WALSH, 2013). Um estudo realizado por Price, Chiapa e Walsh
(2013), em que se avaliou como características dos contextos familiares predizem problemas
de comportamento externalizantes em crianças do ensino fundamental (n=177), observou que
o abuso físico, além de ser um dos mais fortes preditores de problemas externalizantes, também
favorecia a presença de interações sociais negativas. Em estudo longitudinal que acompanhou
crianças (n = 401, 43% meninas) do jardim de infância até a idade de 18 anos, apontou que a
dinâmica familiar agressiva durante a infância e a adolescência influenciaram na perpetração
da violência e da vitimização do namoro no final da adolescência (MAKIN-BYRD et al., 2013).
No desenvolvimento de um programa de intervenção focado na redução de
comportamentos antissociais em crianças, esta perspectiva teórica será de grande utilidade, uma
vez que, além de trazer bons resultados em distintos programas interventivos (ex. Parent
Management Training Oregon- PMTO), também destaca o papel da promoção da interação
social positiva (ex. contexto familiar, escolar) desde idades precoces e com base em uma
perspectiva desenvolvimentista (PATTERSON; FORGATCH; DEGARMO, 2010;
PATTERSON; DEBAYSHE, RAMSEY, 2017). Nesse sentido, ao se propor uma intervenção
em comportamento antissocial focada em variáveis familiares (nesse caso, maternas),
pressupõe-se que o comportamento antissocial emitido pelas crianças é influenciado e
aprendido nas interações sociais, com mães, pais ou outros cuidadores primários.
BENETTI, 2013), uma vez que com seu conceito de “bioecologia do desenvolvimento
humano”, todas as instâncias – do indivíduo às estruturas políticas – são analisadas como parte
integrante da vida do indivíduo (BRONFENBRENNER, 2011). Nessa teoria, a partir de uma
perspectiva sistêmica, o desenvolvimento humano é compreendido como um processo que
abrange estabilidades e variações nas características biopsicológicas dos indivíduos durante sua
vida e através de gerações (BRONFENBRENNER, 2005; BRONFENBRENNER; MORRIS,
2006).
Para a sua compreensão, é proposto o Modelo PPCT, composto por quatro dimensões:
Processo, Pessoa, Contexto e Tempo (BRONFENBRENNER, 2005; BRONFENBRENNER,
2011). Nessa discussão, o “processo”, principal elemento responsável pelo desenvolvimento,
estaria relacionado com as interações recíprocas que ocorrem entre o sujeito e as pessoas, os
objetos e os símbolos presentes no seu ambiente (BRONFENBRENNER; MORRIS, 2006). A
“pessoa” contemplaria, além dos fatores biológicos e genéticos do desenvolvimento, atributos
individuais, denominados de recursos (elementos cognitivos, emocionais, sociais e materiais
que influenciam a capacidade de o indivíduo em se envolver em processos proximais ativos),
demandas (disposições comportamentais que movem os processos e os mantém, como
curiosidade) e disposição/força (relacionadas às diferenças de temperamento, motivação,
persistência, etc., que envolvem a capacidade de engajar-se e persistir em atividades).
O “contexto” envolve qualquer evento ou condição externa que influencia ou que é
influenciado pela pessoa em desenvolvimento, sendo organizado em quatro subsistemas: 1)
Microssistema: ambientes nos quais os papéis, as atividades e as interações face a face
acontecem, como a escola, a família e o local de trabalho; 2) Mesossistema: nível em que se
contempla a interação entre dois ou mais microssistemas, onde a pessoa em desenvolvimento
está inserido, como a escola e família; 3) Exossistema: consiste na ligação entre dois ou mais
contextos, em que embora o indivíduo em desenvolvimento não se encontre nele inserido, é
influenciado indiretamente por ele, como o local de trabalho da mãe de uma criança; e 4)
Macrossistema: nível mais amplo que contempla padrões sociais, culturas, crenças, valores,
costumes dominantes na sociedade; e estruturas sociais, políticas e econômicas que afetam os
comportamentos dos indivíduos (BRONFENBRENNER, 2011). Tais sistemas ligados ao
contexto influenciam e são influenciados pela pessoa em desenvolvimento, o que transforma o
desenvolvimento em produto e ao mesmo tempo produtor do processo (BRONFENBRENNER,
2005). O “tempo”, também conhecido como cronossistema, seria a dimensão que possibilitaria
captar as mudanças do meio e as transições que ocorrem ao longo da vida, as quais produzem
40
condições que afetam o desenvolvimento das pessoas, como mudanças na composição familiar,
no lugar de moradia, no emprego dos pais, bem como eventos mais amplos, tais como guerra,
contextos políticos, ciclos econômicos, entre outros (BRONFENBRENNER; EVANS, 2000).
Trata-se de uma teoria bastante utilizada e que reformula a concepção de
desenvolvimento vigente, à medida que dá contexto ao desenvolvimento e destaca o papel da
interação dinâmica e discute, os sistemas que influenciam o bem-estar biopsicossocial da pessoa
em desenvolvimento (TUDGE et al., 2016). Entre as pesquisas, destacam-se os estudos na área
da família em situação de risco (CECCONELLO, KOLLER 2003; ANTONI, KOLLER, 2017),
da educação inclusiva (SILVA, VIEIRA, SCHNEIDER, 2016) e do esporte (OLIVEIRA, E. et
al., 2017; ROTHER; MEJIA, 2015).
No âmbito da compreensão do comportamento antissocial, alguns estudos discutem, por
exemplo, a relevância da teoria na compreensão das habilidades sociais (LEME et al., 2016),
do bullying (SCHULTZ et al., 2012) e das motivações do comportamento infrator (NIQUICE;
POLETTO; KOLLER, 2017). Assinala-se, por exemplo, a influência que o ambiente social
mais amplo tem sobre os pais e a forma que estes agem com seus filhos (DESSEN; PEREIRA-
SILVA, 2004), assim como a importância de se considerar as manifestações de violência como
um fenômeno relacional que sofre influência de vários sistemas (ANTONI, KOLLER, 2010).
Desse modo, com base nesta perspectiva, dentro da proposta de intervenção em comportamento
antissocial infantil voltada para mães apresentada nesta tese, assume-se o pressuposto de que a
família, aqui representada por apenas um dos membros (a mãe), é um dos contextos (não o
único) de influência sobre a criança, assim como é também ela própria influenciada por outros
sistemas.
41
Punição Inconsistente, em que os pais se orientam por seu humor na hora de punir ou reforçar
e não pelo ato praticado; 5) Monitoria Negativa, a qual se refere ao excesso de instruções
independente do seu cumprimento e, consequentemente, pela geração de um ambiente de
convivência hostil (GOMIDE, 2011; SAMPAIO; GOMIDE, 2017). A partir disso, denomina-
se o estilo parental como positivo, quando as práticas educativas positivas são prevalentes às
negativas, e estilo parental negativo, quando ocorre o inverso (GOMIDE, 2011).
Os estilos parentais se apresentam como um construto bastante utilizado para a
compreensão de diferentes fenômenos em distintas amostras (TONDOWSKI et al., 2015;
PINTO; CARVALHO; SÁ, 2014). Alguns estudos, por exemplo, discutem o papel dessa
variável como fator de proteção no consumo de drogas entre adolescentes (TONDOWSKI
et al., 2015), no desenvolvimento das funções executivas (MARTINS; LEÓN; SEABRA,
2016), da empatia (JUSTO; CARVALHO; KRISTENSEN, 2014) e da regulação emocional
de crianças (PINTO; CARVALHO; SÁ, 2014).
Diversos estudos relacionam a forma de educar os filhos com o comportamento
antissocial infantil (BORTOLINI; ANDRETTA, 2017; PACHECO; HUTZ, 2009; PATIAS;
SIQUEIRA; DIAS, 2013). Discute-se, por exemplo, que os estilos ou práticas parentais tidas
como ineficazes, caracterizadas por disciplina severa e inconsistente, pouco envolvimento
positivo dos pais com a criança, baixo monitoramento e falha na supervisão das atividades
potencializam o desenvolvimento do comportamento antissocial infantil (PATTERSON;
DEBARYSHE; RAMSEY, 1989; PACHECO et al., 2005).
Um estudo que avaliou a saúde mental infantil de 321 crianças do primeiro ciclo do
ensino fundamental e os estilos parentais dos responsáveis, observou correlações positivas entre
saúde mental infantil e os estilos parentais positivos, sugerindo que em famílias que adotam
regras e responsabilidades que são compartilhadas por todos, as crianças se comportam mais de
forma pró-social, configurando-se como um possível fator de proteção à saúde mental infantil
(CID; MATSUKURA; CIA, 2015). Outro estudo que comparou 40 crianças com e sem
indicadores diagnósticos de problemas de comportamento, apontou que, em crianças do grupo
clínico (n=20), havia maiores taxas em queixas de problemas de comportamento e suas mães
apresentaram mais sintomas de ansiedade, depressão e práticas negativas, enquanto as crianças
não-clínicas (n=20) apresentaram mais habilidades sociais, assim como suas respectivas mães
(ASSIS, 2017).
Assim, se por um lado, os resultados dos estudos sugerem que estilos e práticas parentais
negativas favorecem a manutenção do comportamento antissocial infantil (PATTERSON;
47
fator de risco para a parentalidade disfuncional (ABIDIN, 1992; BRITO; FARO, 2016).
Estudos indicam que pais estressados utilizam com maior frequência práticas educativas
negativas, como abuso físico, negligência e punição inconsistente, podendo, por meio dessas
práticas, se constituir como uma fonte de estresse para a própria criança e favorecer a
manifestação do comportamento antissocial infantil (NOGUEIRA; RODRIGUES, 2016;
PARK; WALTON-MOSS, 2012; RODRIGUEZ- JENKINS; MARCENKO, 2014).
Estudo desenvolvido por Stasiak, Weber e Tucunduva (2014) com 39 mães e seus
respectivos filhos apontou que a irritabilidade e o sofrimento parental diante de seus papéis
contribuem junto com a carência de habilidades sociais dos filhos para a redução da qualidade
da relação parental. Assim, como forma de prevenir e reduzir as consequências, sinaliza -se a
importância de estratégias interventivas baseadas em suporte social (BAZON et al., 2010;
THEULE et al., 2013) e regulação emocional dos cuidadores (PINTO; CARVALHO; SÁ,
2014).
Tendo em conta a relação entre as variáveis parentais apresentadas (Figura 1), diversos
programas de treinamento parental foram desenvolvidos com o objetivo de prevenir e reduzir
o comportamento antissocial infantil (BATISTA; WEBER, 2014; BOCHI; FRIEDRICH,
2016; GUISSO; BOLZE; VIERA, 2019). Desse modo, tendo em vista os objetivos iniciais, a
seguir serão discutidos aspectos conceituais ligados ao treinamento parental, bem como alguns
programas serão apresentados.
4.1Programas Internacionais
mencionados como programas clássicos (RIOS; WILLIAMS, 2008; LANDIM; BORSA, 2017;
GUISSO; BOLZE; VIERA, 2019).
Ademais, também se destaca que as intervenções internacionais são decorrentes de anos
de aperfeiçoamento e que, em geral, caracterizam-se por sua complexidade e com ampla difusão
na comunidade em que estão inseridas. Em relação aos estudos de avaliação da eficácia dos
programas internacionais, é comum encontrar, na maioria dos programas propostos, estudos
empíricos que se utilizam de delineamentos robustos, como é o caso dos estudos randomizados
controlados (BULLARD et al., 2010; LEIJTEN et al., 2018) e dos estudos longitudinais
(ROMERO et al., 2017; SORENSEN; DODGE, 2016). Desse modo, com o propósito de
aprofundar tais discussões, a seguir, serão apresentados com mais detalhes alguns desses
programas reconhecidos internacionalmente.
4.1.1Defiant Children
Proposto nos Estados Unidos, em 1987, por Russell Barkley (psicólogo e psiquiatra), o
Defiant Children é um clássico programa de intervenção, com base comportamental, que tem o
objetivo de treinar pais em habilidades de gerenciamento de comportamento infantil nas idades
de 2 a 12 anos (BARKLEY, 1987; BARKLEY; BENTON, 2014). A proposta fornece
ferramentas para ajudar os pais a entenderem as causas do comportamento opositor, desafiante
e hostil dentro de casa ou na escola, além de favorecer a tomada de medidas sistemáticas para
redução desses problemas e reforçar a mudança positiva (BARKLEY, 2013; BARKLEY;
BENTON, 2014).
O programa adota os princípios da modificação do comportamento e do modelo
sistêmico familiar e enfatiza a importância do tempo gasto com a criança, da frequência do
reforçamento verbal positivo e do sistema de recompensas por pontos. Em sua versão mais
atualizada, é estruturado em dez passos, com temas trabalhados semanalmente e em grupo, a
saber: 1) Por que as crianças se comportam mal?; 2) Prestando atenção ao bom comportamento
do seu Filho; 3) Aumentando a conformidade e o jogo independente; 4) Quando o elogio não é
suficiente: fichas de poker e pontos; 5) Time-out e outros métodos disciplinares; 6) Estendendo
o time-out para outros comportamentos; 7) Antecipando problemas: gerenciando crianças em
locais públicos; 8) Melhorando o comportamento escolar de casa: o cartão de relatório de
comportamento da escola diária; 9) Lidando com problemas comportamentais futuros e 10)
Sessão adicional para reforço de conteúdos e reuniões de acompanhamento (BARKLEY, 2013).
53
O nível 2 (Select Triple) é constituído por uma assistência breve dada aos pais que
geralmente estão lidando bem com o processo de educação dos filhos, mas apresentam
preocupações com o desenvolvimento de seus filhos. Nesse nível, são realizados seminários
com uma breve introdução acerca das estratégias de parentalidade positiva. Os pais podem
participar de qualquer um dos três seminários acerca da educação de crianças (Poder de
parentalidade positiva, Criação de filhos confiantes, compatíveis e Criação de crianças
resistentes) ou sobre educação de adolescentes (Criando Adolescentes Responsáveis, Criando
Adolescentes Competentes e Conectando Adolescentes). Além disso, é feita uma assistência
breve com os pais envolvidos por meio de uma consulta individual de 15 a 30 minutos que
visam conhecer as demandas específicas de cada pai. A depender da gravidade, é feito uma
acompanhamento do caso, através de visita ou telefonemas (SANDERS; MARKIE-DADDS;
TURNER, 2003)
O nível 3 (Primary Care), consiste em um aconselhamento direcionado a pais de
crianças com dificuldades comportamentais leves a moderadas. Nesse nível, a intervenção
ocorre por meio de quatro consultas individuais com duração entre 15 e 30 minutos em formato
face a face, ou por telefone, com um dos cuidadores da criança/adolescente, e também são
realizados grupos de discussão com os pais acerca das habilidades de lidar com os filhos.
O nível 4 está voltado para pais de crianças com dificuldades comportamentais graves,
que estejam interessados em obter uma compreensão mais aprofundada sobre parentalidade
positiva. Pode ser organizado em diferentes formatos, entre eles: 1) Grupo Triple P, no qual
são realizadas cinco intervenções grupais e três sessões de aconselhamento via telefone; 2)
Padrão Triple P, em que pais que precisam de suporte intensivo são submetidos a 10 sessões
individuais e semanais; 3) Triple P Online, que consiste em oito sessões que orientam
virtualmente os pais acerca das competências parentais. 4) Self- directed Triple P, que envolve
um programa de auto-ajuda realizado durante dez semanas, cujos pais que precisam de apoio
adicional podem receber consultas telefônicas semanais de 15 a 30 minutos (SANDERS;
MARKIE-DADDS; TURNER, 2003). Em suma, o Triple P se fundamenta nos seguintes temas:
1) Promoção de um ambiente seguro para as crianças explorarem, experimentarem e jogarem;
2) Ambiente de aprendizagem positiva entre pais e crianças; 3) Disciplina assertiva; 4)
Exploração das expectativas dos pais, crenças sobre as causas do comportamento das crianças
e delimitação de objetivos ; 5) Autocuidado parental.
No nível 5, o objetivo é oferecer um suporte intensivo para as famílias com
preocupações complexas. Para pais com esse tipo de demanda, recomenda-se que os mesmos
57
Proposto por John Lochman e Karen Wells, nos Estados Unidos (Alabama), o Coping
Power é um programa sócio-cognitivo contextual de intervenção destinado a crianças em
58
situação de risco nos últimos anos do ensino fundamental e no começo do ensino médio
(LOCHMAN; WELLS, 2002). Fundamenta-se no modelo empírico de fatores de risco para o
uso de substâncias e no desenvolvimento do comportamento antissocial (LARSON;
LOCHMAN, 2010). Os principais temas abordados são: competência social, autorregulação e
envolvimento positivo dos pais (LOCHMAN; WELLS, 2002; LOCHMAN et al., 2017).
A versão completa do Coping Power dura de 15 a 18 meses e envolve sessões grupais e
estruturadas para crianças e pais (POWELL, et al., 2017). O componte do Coping Power para
crianças consiste em 34 sessões de grupo e sessões individuais periódicas, as quais, geralmente,
ocorrem no ambiente escolar. Recomenda-se grupos entre quatro e seis crianças. Entre os
elementos trabalhados estão: capacidade de definir metas de curto e longo prazo; organização
e desenvolvimento de habilidade de estudo; habilidades de gerenciamento de raiva; habilidades
sociais; habilidades para resolver problemas; capacidade de resistir à pressão dos colegas e
envolvimento em grupo de pares positivos (LOCHMAN; WELLS; LENHART, 2008;
POWELL, et al., 2017).
O componente Coping Power para pais consiste em 16 sessões de grupo (separadas das
sessões infantis) que ocorrem em horários convenientes e em locais próximos ao lugar de
moradia dos participantes, além de visitas domiciliares periódicas e contatos individuais. As
sessões individuais são projetadas para promover a generalização de habilidades para o
ambiente natural das crianças. Entre os temas trabalhados, estão: elogio e atenção positiva;
regras e expectativas claras; promoção de habilidades de estudo da criança, práticas
disciplinares apropriadas; gerenciamento do estresse parental; comunicação familiar e
estratégias de resolução de problemas (WELLS; LOCHMAN; LENHART, 2008; POWELL,
et al., 2017). Para implementação, além dos manuais voltados para intervenção, o Coping
Power também faz treinamentos que ocorrem em formato de oficinas que duram de dois a três
dias (POWELL, et al., 2017). O treinamento envolve atividades práticas para os profissionais
participantes aprenderem e praticarem técnicas de intervenção, como também discussões e
apresentações de vídeos relacionados à intervenção (POWELL, et al., 2017).
Foi originalmente desenvolvido para o contexto escolar e tem contribuído para a
melhoria no funcionamento comportamental da criança na escola, da competência social e do
processamento de informações sociais, como também se mostra relevante na promoção de
estratégias de resolução de problemas e o envolvimento positivo dos pais (POWELL, et al.,
2017). Além disso, também é empregado em diferentes contextos clínicos e se mostrado eficaz
na redução do comportamento agressivo de crianças e na prevenção do uso de substâncias
59
(LOCHMAN; WELLS, 2002; MURATORI et al., 2015). Ao longo dos anos, o Coping Power
foi adaptado para diferentes países como Porto Rico, Itália e Paquistão (MURATORI et al.,
2015; MUSHTAG et al., 2017) e versões abreviadas voltadas para a prevenção de
comportamentos disruptivos em idades pré-escolares também foram testadas (LOCHMAN, et
al., 2014; MURATORI et al., 2015, 2016, 2017).
De um modo geral, os estudos de eficácia têm apresentado resultados promissores e
indicado que Coping Power é eficaz para reduzir problemas comportamentais e promover
comportamentos saudáveis e positivos em crianças, mesmo quando implementados em
contextos com maior potencial de exposição à violência (LOCHMAN et al., 2017; LOCHMAN
et al., 2015; MUSHTAQ et al., 2017). Um estudo feito com 114 pais de crianças de 9 a 12
anos, que comparou o Coping Power com um tratamento individualizado, apontou que na
intervenção feita com o programa, os pais se apresentaram mais eficazes e satisfeitos em seu
papel parental (LUDMER et al., 2018). Em outro estudo que avaliou o Coping Power em164
crianças pré-escolares apontou que as crianças que particparam da intervenção apresentaram
menores níveis de dificuldades comportamentais, classificadas tanto pelos pais quanto pelos
professores (MURATORI et al., 2017).
4.1.6 Empecemos
melhoria na competência social e no registro atitudes menos favoráveis frente ao uso de drogas
(ROMERO et al., 2017)
De uma maneira geral, tem-se que a proposta do EmPeCemos não é apenas reduzir as
condutas disruptivas das crianças, mas também potencializar os recursos emocionais,
cognitivos e comportamentais necessários para o desenvolvimento saudável da criança
(ROMERO et al., 2013).
Fundada por Carolyn Webster- Sratton na década de 1980, nos Estados Unidos (Seattle,
Washington), a série Incredible Years recebe influência, de acordo com a própria autora
(WEBSTER-STRATTON, 2011), da Teoria da Aprendizagem Social (BANDURA, 1986), dos
Estágios de desenvolvimento de Piaget e da Teoria do Apego (BOLWBY, 2015). Abrange um
conjunto de intervenções independentes, destinadas aos pais, aos professores e às crianças, as
quais visam a redução dos comportamentos desafiadores de crianças (0 a 12 anos), a melhoria
das suas habilidades de autocontrole e o seu desenvolvimento emocional e social (WEBSTER-
STRATTON, 2001, 2011).
Os programas destinados aos pais são organizados em estágios que variam de acordo
com a faixa etária da criança, a saber: 1) bebês (0 a 12 meses); 2) crianças pequenas (1 a 3
anos); 2) pré- escolar (3 a 6 anos de idade); e 3) idade escolar (6 a 12 anos de idade). A depender
do programa específico ou das características do grupo (prevenção ou intervenção), a
quantidade de sessões varia de 9 a 20. Cada sessão semanal do treinamento de pais dura em
média duas horas, é conduzida por dois profissionais treinados e pode abranger entre 10 a 14
participantes (WEBSTER-STRATTON, 2011).
Na versão pré-escolar para pais, por exemplo, busca-se desenvolver habilidades
parentais que possibilitem a promoção da competência social, da regulação emocional e das
capacidades acadêmicas da criança e, por conseguinte, a redução dos problemas de
comportamento infantis. Entre os temas trabalhados estão: 1) Como brincar com o seu filho;
2) Atenção positiva, encorajamento e elogio; 3) Recompensas concretas, incentivos e
comemorações; 4) Estabelecimento de Limites; 5) Ignorar certos comportamentos; 6) Tempo
de Pausa; 7) Consequências naturais e lógicas; 8) Ensinar a crianças a resolver problemas
(WEBSTER- STRATTON, 2011)
64
Lawrence e Laforrett (2017), observou-se queo Incredible Years se apresentou eficaz para
crianças com diagnóstico de TDAH; quando combinada a intervenção parental juntamente com
a intervenção feita diretamente na criança o programa melhorou ainda mais o comportamento
infantil. Em uma metanálise que avaliou a efetividade de 50 estudos do Incredible Years,
apontou que o programa apresenta melhores tamanhos de efeitos (d = 0,50) no tratamento de
casos severos de comportamento disruptivo (MENTING; CASTRO, MATTHYS, 2013).
parental e sobre a aprendizagem por observação. Tais temas são divididos didaticamente e são
trabalhados por meio de vivências, treinos e espaços para discussão das informações mais
teóricas sobre o tema (WEBER; SALVADOR; BRANDENBURG, 2014). As tarefas de casa e
o auto-registro são consideradas partes fundamentais para o bom aproveitamento da intervenção
(WEBER; SALVADOR; BRANDENBURG, 2014). Na fase de implementação, recomenda-se
que o aplicador tenha um aprofundamento teórico acerca do tema por meio dos livros “Eduque
com carinho para pais” e “Eduque com carinho para crianças” (WEBER, 2005). É
disponibilizado ainda um conjunto de instrumentos que avaliam a qualidade da interação
familiar (WEBER; SALVADOR; BRANDENBURG, 2009).
Trata-se de um programa aplicado em vários grupos de extensão da Universidade
Federal do Paraná, que tem beneficiado diversas famílias da região e alcançado resultados
satisfatórios. Em 2005, com a finalidade de beneficiar um maior número de famílias, foi
publicado um manual com dicas sobre aplicação, sugestão de filmes e com as dúvidas mais
frequentes (WEBER; SALVADOR; BRANDENBURG, 2014). Em um estudo que avaliou a
sua eficácia, realizado com 93 pais do Estado do Paraná, foram coletadas informações sobre
comportamentos verbais dos pais durante a realização dos grupos, assiduidade e ficha de
avaliação final, os resultados encontraram, por meio desses recursos, boa adesão, bom nível de
satisfação e mudanças relevantes no repertório comportamental dos pais (WEBER;
BRANDENBURG; SALVADOR, 2006). Embora o programa traga contribuições e se
diferencie de outros treinamentos para pais, ao atingir uma população não-clínica e sem queixas
específicas, observa-se que ainda são necessárias análises mais robustas que atestem sua
eficácia.
Cabe destacar que a proposta também foi testada para cuidadores/mães de adolescentes
(KANAMOTA; BOLSONI-SILVA; KANAMOTA, 2017; BOLSONI-SILVA; SILVEIRA;
RIBEIRO,2008) e utilizada para outras demandas clínicas, como é o caso dos problemas
internalizantes (TOZZE; BOLSONI-SILVA, 2018). Além da versão voltada para cuidadores,
também é sugerida uma versão voltada para a melhoria das habilidades sociais da criança,
denominada Promove-Crianças (FALCÃO et al., 2016).
4.2.3 PROPAIS
complexidade e o caráter restrito dos programas, são exigidos treinamentos específicos, o que
acaba limitando a execução por qualquer profissional.
Em acréscimo, destaca-se que, apesar dessas propostas apresentarem estudos em
diferentes países, os estudos de adaptação em contexto brasileiro ainda são ausentes. Apesar da
adaptação ser um caminho possível, esta também traz limitações, uma vez que não consegue
dar conta, por exemplo, das idiossincrasias culturais presentes (PASQUALI, 2010). Desse
modo, a proposta de programas genuinamente brasileiros se configura como uma alternativa.
Na tabela 2, encontra-se uma síntese de alguns dos treinamentos parentais nacionais.
72
Coping Power Modelo dos fatores de risco Pais de Elogio e atenção positiva; regras e 16 sessões Não adaptado para o Brasil;
para o uso substâncias e crianças no expectativas claras; promoção de de grupo,
desenvolvimento do Ens. habilidades de estudo da criança, práticas visitas É uma bateria que envolve tam-
Origem: Estados comportamento antissocial Fundamental e disciplinares apropriadas; gerenciamento domiciliares bém uma versão voltada para cri-
Unidos início do do estresse parental; comunicação e contatos anças
Ensino Médio familiar e resolução de problemas. individuais
com
comportament
o antissocial.
73
Triple P- nível 4 Aprendizagem Social; Terapia Pais de Promoção de um ambiente seguro para as Entre 8 e 10 Não adaptado para o Brasil;
Cognitivo-Comportamental crianças e crianças explorarem, experimentarem e sessões
adolescentes jogarem; Ambiente de aprendizagem po- grupais ou Organizado em diferentes forma-
de 0 a 16 anos sitiva entre pais e crianças;Disciplina as- individuais. tos;
de idade sertiva; Exploração das expectativas dos
pais, crenças sobre as causas do compor- É uma bateria que atende 5 ní-
Origem: Austrá- tamento das crianças e delimitação de ob- veis de gravidade e faixas etárias
lia jetivos; Autocuidado parental.
Empecemos Aprendizagem social; Terapia Pais e mães de Princípios básicos sobre o comporta- 12 sessões Não adaptado para o Brasil;
Cognitivo-comportamental crianças de 5 a mento; comportamentos positivos; cum- grupais se-
11 anos. primento das tarefas escolares; comuni- manais É uma bateria que atende vários
Origem: Espa- cação familiar; ignorar condutas pertur- (duas horas contextos.
nha badoras pouco importantes; manejo do cada)
estresse; autocontrole parental; estabele-
cimento de limites e metas; uso de con-
sequências lógicas e naturais; estratégias
de resolução de problemas.
Incredible Ye- Teoria da Aprendizagem So- Pais de Brincar com o filho; atenção positiva, 9 a 20 Não adaptado para o Brasil;
ars- Programa cial; Teoria dos Estágios de de- crianças de 3 a encorajamento e elogio; recompensas sessões
básico para pais senvolvimento de Piaget e da 6 anos concretas, incentivos e comemorações; (duas horas É um conjunto de programas que
Teoria do Apego estabelecimento de limites; ignorar cada) atende vários contextos e faixas
comportamentos; tempo de pausa; etárias.
consequências naturais e lógicas; ensinar
a crianças a resolver problemas;
Origem: Estados
Unidos
*Nota: na tabela estão especificadas apenas as versões dos programas que apresentam relação com os objetivos desta tese. Fonte: elaborado pela autora
74
PROMOVE- Pais Análise do Com- Pais/mães e outros cui- Comunicação; expressão de senti- 14 sessões sema- Possui um manual que pode
portamento dadores de crianças e mentos positivos; direitos humanos nais ser adquirido por qualquer
adolescentes básicos; dar opiniões; expressão de (duas horas profissional
Origem: Brasil sentimentos negativos; dar e receber cada)
feedback; recusar pedidos; lidar
com críticas; estabelecimento de li-
mites .
PROPAIS Terapia Cogni- Pais com queixas refe- Educação dos filhos; habilidades so- 12 encontros se- Ainda não sistematizado em
tivo- Comporta- rente aos problemas de ciais educativas; desenvolvimento manais (uma um manual.
mental. comportamentos infan- infantil; práticas educativas positi- hora e meia
tis vas; papel parental; leis do compor- cada)
Origem: Brasil tamento; emoções na educação de
filhos; estabelecimento de regras;
distorções cognitivas; resolução de
problemas; manejo de emoções difí-
ceis; técnicas de relaxamento
Fonte: elaborado pela autora
75
5.1 Método
5.1.1 Participantes
Contou-se com a participação de 214 mães na faixa etária dos 18 aos 49 anos (M=33,48,
DP=5,81), a maioria de orientação heterossexual (96,2%) e casadas (70,4%). No que se refere
à religião, 51,9 % assumiram-se católicas, 30,4% evangélicas, 4,2% espíritas e 8,4% declararam
não possuir nenhuma religião. Em relação à escolaridade, 53,5 % possuem o ensino superior
completo, 21,6 % o ensino médio completo, 19,7% possuem o ensino superior incompleto,
3,3% possuem o ensino fundamental incompleto, 1,4% possuem o ensino médio incompleto e
0,5% ensino fundamental completo.
Os questionários foram respondidos sobre crianças de 3 a 7 anos (M=5,1, DP=1,46),
sendo que 50,2% eram do sexo feminino e a maioria matriculada em escola privada (78,5%),
sem problemas de saúde (83,1%) e que passam a maior parte do tempo com a mãe (74,3%).
Vale ressaltar que, em caso de mães com mais de uma criança dentro dos critérios da pesquisa,
foi recomendado que fosse respondido apenas um questionário e escolha da criança avaliada
era feita conforme interesse da mãe. Tal amostra foi de conveniência, participando da pesquisa
aquelas que foram convidadas e aceitaram colaborar voluntariamente. Uma descrição mais
79
4 anos 33 15,4
5 anos 45 21,0
6 anos 40 18,7
7 anos 53 24,8
5.1.2 Instrumentos
(“Ser mãe é algo possível de administrar e qualquer problema pode ser facilmente resolvido”).
O tempo necessário para responder ao instrumento é de cerca de 10 a 15 minutos. Após a
inversão dos itens 02, 03, 04, 05, 08, 09, 12, 14,16, o resultado total é obtido por meio da soma
dos itens, quanto mais alta é a pontuação, maior é o senso de competência parental. A escala
foi adaptada e validada em Portugal (SEABRA-SANTOS et al., 2015), apresentando dois
fatores, a saber: Eficácia (α=0,72) e Satisfação Parental (α=0,75). Apesar de tal instrumento ser
uma referência no campo da avaliação da competência parental (JONES; PRINTZ, 2005;
SEABRA-SANTOS et al., 2015), os estudos brasileiros acerca dessa medida ainda são
ausentes. Portanto, nesse estudo, tem-se o objetivo de adaptar a medida para o contexto
brasileiro, apresentar o poder discriminativo dos itens e apresentar evidências exploratórias de
validade e precisão
b) Escala de Estresse Parental –EEPa (Parental Stress Scale). Proposta por Berry e Jones
(1995) tem o objetivo de medir o nível de estresse vivenciado por pais e mães de filhos (menores
de 18 anos), especificamente o produzido pelo papel parental. Apesar de sua relevância, no
Brasil, apenas um estudo acerca das suas propriedades psicométricas foi encontrado (BRITO;
FARO, 2017), que organizou a escala em 16 itens e dois fatores, a saber: Satisfação parental
(“Eu estou feliz no meu papel de mãe”) e Estressores parentais (“A principal fonte de estresse
na minha vida é o meu filho (a)) ”. Os coeficientes de consistência interna encontrados foram
de 0,69 e 0,79, respectivamente. Após a inversão dos itens 01, 03, 04, 05, 06, 15 e 16, O escore
final da escala é produzido pela soma dos itens. Quanto mais alto o escore, maior o estresse
parental.
Dado o caráter específico da amostra dessa tese (mães com filhos entre 3 e 7 anos),
reconheceu-se a necessidade de reforçar as características psicométricas e, assim como o PSOC,
apresentar o poder discriminativo dos itens e evidências exploratórias de validade e precisão
acerca da medida. Para tanto, foi utilizada a versão adaptada de Brito e Faro (2017).
c) Questionário de capacidades e dificuldades (Strenghts and Difficulties Questionnaire-
SDQ): Instrumento de triagem utilizado para avaliar o comportamento de crianças e
adolescentes da faixa etária de 3 a 16 anos (FLEITLICH; CORTÁZAR; GOODMAN et al.,
2000). Possui três versões, uma para ser respondida pelos pais e/ou professores e uma pela
própria criança (entre 11 e 16 anos, dependendo do nível de alfabetização). Neste estudo, foi
utilizada apenas a versão voltada para pais, a qual, em sua versão original, contempla 4 fatores
que avaliam dificuldades, a saber: Escala de Sintomas Emocionais (“Frequentemente parece
triste, desanimado ou choroso”); Escala de Problemas de Conduta (“Frequentemente tem
81
(ex.“Ensino meu filho(a) a devolver objetos ou dinheiro que não pertencem a ele(a)”). As
respostas são dadas em uma escala de 3 pontos, em que 2 pontos equivalem a “sempre”, 1 equivale a
“às vezes” e 0 equivale a “nunca”. O resultado é dado pela subtração da soma das práticas positivas
pela soma das negativas, resultando no índice de estilos parentais (GOMIDE, 2003, 2011). Nos
estudos psicométricos realizados no Brasil, os alfas de Cronbach para cada um dos fatores
indicaram coeficientes razoáveis de consistência interna, variando de 0,47 (monitoria negativa)
a 0,82 (abuso físico) no IEP materno (GOMIDE, 2011).
e) Questionário Sociodemográfico: abordou questões referente à participante como idade,
gênero, religião, escolaridade, estado civil, renda bem como questões relacionadas ao perfil da criança
consideradas ao responder. As demais questões podem ser encontradas no ANEXO A.
5.1.3 Procedimentos
As análises foram efetuadas por meio do pacote estatístico IBM SPSS (Statistical
Package for the Social Sciences), versão 21. Além das estatísticas descritivas (medidas de
tendência central e de dispersão, verificou-se a adequação da matriz de dados correspondente a
fim de se realizar uma Análise Fatorial Exploratória (AFE), considerando o índice de Kaiser-
Meyer-Olkim (KMO) e o Teste de Esfericidade de Bartlett. Com o objetivo identificar a
estrutura fatorial das medidas, foram realizadas Análises de Componentes Principais,
considerando os critérios de Kaiser, Cattel e Horn (Análise Paralela) e e, em seguida, foi
calculada a consistência interna (alfa de Cronbach) para os componentes resultantes.
Adicionalmente, foram efetuados os cálculos do poder discriminativo dos itens e das
correlações item-totais a fim de verificar quanto cada item das medidas consegue diferenciar as
pontuações dos sujeitos e sua homogeneidade frente ao conjunto de itens, respectivamente. Por
fim, para verificar a relação entre as variáveis pesquisadas, foram realizadas correlações r de
Pearson.
5.2 Resultados
a) Adaptação
Embora o critério de Cattell seja bastante utilizado, a literatura tem destacado seu caráter
subjetivo e ambíguo (DAMASIO, 2012). Portanto, para dirimir possíveis dúvidas, optou -se por
também utilizar a Análise Paralela (critério de Horn), em que se assumiram os parâmetros do
banco de dados original (214 participantes e 17 variáveis) com 1000 simulações. Cada valor
observado maior que o valor médio resultante das matrizes aleatórias indica a existência de um
fator. Os resultados também apontaram uma opção de dois fatores, conforme pode ser
visualizado na Tabela 4.
Em função desses resultados, optou-se por efetuar uma nova análise de componentes
principais, fixando a extração de dois fatores e utilizando rotação varimax. Os resultados podem
ser observados na Tabela 5.
Como se verifica, a estrutura de dois fatores (17 itens) explicou 33,77% da variância
total; o primeiro fator nomeado como Satisfação, reuniu 10 itens. Este apresentou valor próprio
de 4,11 explicando 24,18% da variância total; sua consistência interna (alfa de Cronbach) foi
de 0,74. O segundo componente, denominado de Eficácia, reuniu sete itens, com valor próprio
de 1,62, correspondendo à explicação de 9,54% da variância total e consistência interna de 0,70.
O alfa de Cronbach total da escala foi de 0,79. Quase todos os itens apresentam saturações
dentro do que foi estabelecido como satisfatório, isto é, carga fatorial igual ou superior a |0,40|,
exceto o item 4 e 8. No entanto, optou-se por mantê-los no fator Satisfação, tal como proposto
em sua versão original e análises adicionais (poder discriminativo e correlação item-total) foram
feitas a fim de dirimir possíveis dúvidas.
87
O poder discriminativo dos itens foi estabelecido por meio de grupos critérios internos,
considerando os participantes cujas pontuações totais se localizaram abaixo e acima da mediana
empírica na PSOC (Md= 74), chamando-os, respectivamente, de grupo critério inferior e
superior. Mediante o uso do teste t, foram comparadas as médias dos dois grupos para cada um
dos itens, com o objetivo de verificar em que medida estes conseguem diferenciar os
respondentes com pontuações próximas. Nessas análises, constatou-se que quase todos itens da
PSOC (exceto item 8) apresentam poder discriminativo satisfatório (p < 0,001) quando
comparados em função dos grupos critério.
Em seguida, efetuaram-se cálculos das correlações item-total corrigidas e do alfa de
Cronbach, observando seus valores em função da exclusão de itens com baixa homogeneidade.
Os resultados indicaram correlações item-totais que variaram entre 0,11 e 0,55. Apenas o item
8 (“A maior dificuldade em ser mãe é não saber se você está fazendo um bom ou um mal
trabalho”) apresentou valores abaixo do limite aceitável recomendado na literatura (ri.t < 0,20;
CLARK; WATSON, 1995). No entanto, como sua exclusão não afetava o valor total do alfa de
Cronbach, recomendou-se sua permanência no instrumento. Os resultados destas análises, com
base na versão de dois fatores encontrada, são resumidos na Tabela 6.
A partir do resultado indicado no último critério, optou-se por realizar uma Análise
Fatorial (rotação varimax) com 2 fatores fixos. A solução final, composta por 16 itens e dois
fatores explicou 43,23% da variância total e apresentou alfa de Cronbach de 0,84. O primeiro
fator, denominado Tensão Parental, reuniu 8 itens, explicou 30,66% da variância e apresentou
alfa de Cronbach de 0,76; o segundo fator, chamado Prazer Parental, configurou-se em 8 itens,
explicou 12,57% e obteve alfa de 0,81. A maioria dos itens apresentaram cargas fatoriais
superiores a 0,40 em seus respectivos fatores, exceto o item 12. Os detalhes podem ser
visualizados na Tabela 8 e mais informações acerca dos itens podem ser visualizados no tópico
seguinte.
14.Ter filhos tem significado ter poucas escolhas e pouco controle sobre
0,75* 0,17 0,59
a minha vida.
01.Eu estou feliz no meu papel como pai/mãe. ** 0,32 0,45* 0,31
03.Eu me sinto próximo do meu filho.** 0,09 0,73* 0,53
04.Eu gosto de passar o tempo com o meu filho(a).** 0,09 0,77* 0,60
05.Meu filho(a) é uma importante fonte de carinho para mim.** 0,03 0,52* 0,27
06.Ter filhos me dá uma visão mais otimista para o futuro. ** 0,24 0,49* 0,30
11.O comportamento do meu filho(a) é frequentemente vergonhoso para
0,17 0,58* 0,37
mim.
15.Eu estou satisfeito(a) como pai/mãe.** 0,36 0,51* 0,39
16.Eu acho meu filho(a) agradável.** 0,04 0,74* 0,54
Número de Itens 8 8
Valor Próprio 4,90 2,01
% Variância Total explicada 30,66 12,57
Alfa de Cronbach 0,76 0,81
Nota:* carga fatorial considerada satisfatória ≥ |0,40|; ** itens invertidos. Fonte: dados da pesquisa
Com base nesses critérios, optou-se por realizar nova análise de componentes principais,
fixando a extração de quatros fatores. Estes explicaram, em conjunto, 39,11% da variância total
e foram nomeados de: Hiperatividade (5 itens), Comportamentos Antissociais (7 itens),
Problema de Relacionamento (7 itens) e Problema Emocionais (6 itens). Estes fatores
apresentaram os seguintes índices de consistência interna (alfa de Cronbach), a saber: 0,72,
0,70, 0,57 e 0,54, respectivamente. A consistência total do instrumento foi de 0,80. A maioria
dos itens apresentaram cargas fatoriais superiores a 0,40 em seus respectivos fatores, exceto os
itens 01, 19 e 13, 21, 22. Entretanto, dada a sua importância para a composição do instrumento,
os itens foram mantidos, realocados nos fatores com base na literatura. Os resultados podem
ser observados na Tabela 11.
93
Com o objetivo de obter mais informações sobre os itens do instrumento, também foi
realizada a avaliação do poder discriminativo e correlação item-total. No cálculo do poder
discriminativo (Md=10) de cada item do Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ), a
maioria dos itens do SDQ apresentaram poder discriminativo satisfatório (p < 0,05) exceto os
itens 08 e 11. No que se refere às correlações itens-total, os valores variaram entre 0,03 e 0,49,
sendo que os itens 8,11,22 e 23 apresentaram valores abaixo do recomendado pela literatura
(ri.t <0,20; CLARK; WATSON, 1995). Dada a relevância teórica de tais itens e por suas
exclusões não influenciarem o alfa de Cronbach, recomendou-se mantê-los na medida. Os
resultados, com base na versão de quatro fatores, podem ser vistos na Tabela 12.
c) Normatização
No que diz respeito à Escala de Senso de Competência Parental (PSOC), confia-se que
os resultados encontrados possibilitaram uma adaptação da medida para o Brasil, bem como
contribuiu para os estudos de evidência de validade e precisão e, por conseguinte, para a área
da avaliação da competência parental em contexto brasileiro. Embora alguns estudos
(FERREIRA et al., 2011; GILMORE, CUSKELLY, 2008; ROGERS; MATHEWS, 2004)
tenham sugerido a versão de três fatores (Satisfação, Eficácia e Interesse), nesse estudo, a
versão de dois fatores (Satisfação e Eficácia) se mostrou mais adequada. Tal estrutura se
assemelha à versão encontrada no estudo original (JOHNSTON; MASH, 1989) e em outros
contextos (SUWANSUJARID et al., 2013; SEABRA-SANTOS et al., 2015).
Em relação aos itens da PSOC, destaca-se que o item 17 (“Ser uma boa mãe é algo
gratificante por si só”), embora em algumas pesquisas tenha sido excluído das análises
(OHAN; LEUN; JOHNSTON, 2000; ROGERS; MATHEWS, 2004; SEABRA-SANTOS et al.,
2015), nesse estudo, além de apresentar poder discriminativo satisfatório (p < 0,001), o item
97
também teve carga fatorial acima do recomendado no Fator Eficácia (>0,40) e, portanto, optou-
se por sua permanência no instrumento. Recomenda-se que a relevância desse item também
seja observada em outros estudos.
Em paralelo a isso, observou-se que o item 8 (A dificuldade de ser pai/mãe é não saber
se está a fazer um bom ou um mau trabalho”), além de não ter saturado em nenhum fator,
também apresentou baixo poder discriminativo e baixa correlação item total. Acerca disso,
discute-se a possibilidade de que a interpretação dada pelas mães ao conteúdo do item não tenha
se configurado como um elemento que discrimine a competência parental, tal como é
operacionalizada pelo instrumento (Satisfação e Eficácia), mas sim uma dificuldade derivada
da insegurança/confiança sobre o desempenho parental (FERREIRA et al., 2011). Alguns
estudos também já haviam elucidado o caráter problemático do item (FERREIRA et al., 2011;
SEABRA-SANTOS et al., 2015). Entretanto, como sua exclusão, não afetava a consistência
interna do instrumento, optou-se por mantê-lo nesta versão adaptada.
O item 4 (“Não sei porquê, mas sinto que estou sendo manipulada pelo meu filho,
quando eu deveria estar no controle”) embora tenha apresentado carga fatorial baixa em ambos
os fatores (<0,40), ainda assim apresentou poder discriminativo satisfatório, e por isso, dada a
sua relevância teórica, optou-se por manter no fator Satisfação, conforme a configuração
original do instrumento. Destaca-se ainda que o item 6 (“Eu seria um exemplo para uma pessoa
que quer aprender como ser uma boa mãe”), diferente da proposta original, saturou no Fator
Satisfação, é provável que a interpretação que mais preponderou entre as mães pesquisadas,
quando comparada apenas a percepção de seu rendimento/eficácia, foi o sentimento de orgulho
frente à função materna. Em outros estudos, sugere-se que essas divergências também sejam
observadas.
Em relação à precisão do instrumento, os resultados indicaram um valor de 0,79 para o
instrumento como um todo, 0,74 para o fator satisfação e 0,70 para o fator eficácia, valores que
se apresentam dentro do recomendado pela literatura (α ≥ 0,70; NUNNALLY, 1991). Tais
resultados também têm sido corroborados em estudos semelhantes, como na versão original de
Josh e Mash (1989) que encontrou alfas de 0,79 (total), 0,75 (Satisfação) e 0,76 (Eficácia).
Assim, confia-se que os resultados encontrados trazem importantes evidências de validade e
precisão para medida em contexto brasileiro.
98
Sobre a Escala de Estresse Parental (EEPA), verificou-se que a estrutura de dois fatores
foi semelhante a que foi encontrada em outros relatos e reuniu bons parâmetros psicométricos
de validade e precisão (BRITO; FARO, 2017; ORONOZ; ALONSO-ARBIOL; BALLUERKA,
2007). Entretanto, destaca-se a importância de que novos estudos sejam realizados a fim de se
observar a viabilidade de outras estruturas (4 e 5 fatores), tal como já foi encontrada em outros
países (ALGARVIO; LEAL; MAROCO, 2018; BERRY; JONES, 1995; LEUNG; TSANG,
2010). Especificamente, nesse estudo, optou-se por renomear os dois fatores encontrados para
Tensão parental e Prazer parental, respeitando a proposta teórica de Berry & Jones (1995), o
qual discute que o estresse parental é composto por duas facetas (prazer e tensão), em que o
prazer abrangeria as recompensas emocionais advindas da parentalidade e a tensão envolveria
os aspectos negativos presentes (tempo, gastos e restrições).
Em relação aos itens, é preciso ponderar que, diferente da versão proposta por Brito e
Faro (2017), o item 11 (“O comportamento do meu filho (a) é frequentemente vergonhoso para
mim”) saturou no fator Prazer Parental. Tal aspecto pode ser justificado pelo conteúdo do item,
o qual pode ter sido interpretado pelas respondentes como um aspecto de insatisfação emocional
frente à função materna como um todo e não como um estressor negativo presente na relação.
No que se refere ao item 12 (“Se eu tivesse que fazer tudo de novo, talvez decidisse não ter
filhos”), ainda que tenha apresentado carga fatorial abaixo de 0,40 em ambos os fatores, dado
o caráter exploratório dessa análise, optou-se por mantê-lo no instrumento. Recomenda-se a
revisão dessas incongruências em outros estudos. No geral, pondera-se que os resultados en-
contrados reforçam as qualidades psicométricas da EEPa em contexto brasileiro e amplia as
possibilidades para pesquisa e intervenções ligadas ao estresse parental.
avaliados (BROWNELL, 2013). Ademais, destaca-se que se optou por substituir o nome do
fator “Problemas de Conduta” (versão original) por “Comportamentos Antissociais”, uma vez
que, conforme discutido anteriormente, tal nomenclatura parece ser mais coerente para
avaliação desse tipo de comportamento na infância (PACHECO et al., 2005; PATTERSON;
REID; DISHION, 2002). Em suma, aponta-se que apesar de diferente da versão originalmente
proposta (GOODMAN, 2001), a estrutura de quatro fatores também já foi encontrada em outros
estudos (SAUR et al., 2012). Não obstante tais resultados, destaca-se a importância de se
explorar a estrutura fatorial do SDQ em novos estudos, uma vez, apesar de bastante utilizado,
as pesquisas acerca da medida ainda são incipientes, sobretudo em contexto brasileiro (SAUR
et al., 2012).
Avaliando especificamente cada item do SDQ, observou-se que os itens 8 (“Tem muitas
preocupações, muitas vezes parece preocupado com tudo”) e 11 (“Tem pelo menos um bom
amigo ou amiga”) apresentaram baixo poder discriminativo e baixa correlação item-total. So-
bre isso, pode-se pensar que por se tratar de uma amostra da população geral, composta por
crianças de uma faixa etária de 3 a 7 anos, é provável que as mães, por responderem sobre
crianças novas e sem dificuldades específicas, podem não ter discriminado as características
expressas pelos itens na rotina dos filhos. Paralelo a isso, também se observou que os itens 1,
13, 19, 21 e 22 apresentaram cargas fatoriais abaixo do recomendado (HAIR et al., 2009). Em-
bora as reduções de itens sejam uma alternativa para a superação desse tipo de problema psico-
métrico, alguns aspectos importantes dos conteúdos dos construtos podem ser perdidos como
consequência desse procedimento (PASQUALI et al., 2010). Portanto, optou-se por manter tais
itens na composição do instrumento. Entretanto, recomenda-se que a relevância dos itens men-
cionados também seja observada em amostras clínicas.
No que se refere à precisão, o alfa de Cronbach total da escala e dos fatores Hiperativi-
dade e Comportamentos Antissociais foram iguais ou maiores que 0,70, ao passo que o fator
Problemas de relacionamento (α=0,57) e Problemas emocionais (α =0,54) apresentaram valores
abaixo do recomendado (α ≥ 0,70; NUNNALLY, 1991). Tal problema também já foi encontrado
em outros estudos (SAUR et al., 2012). A partir disso, discute-se que a possibilidade de que,
em criança com a faixa etária de 3 a 7 anos, a discriminação feita pelas mães acerca dos pro-
blemas emocionais e dificuldades nos relacionamentos podem não ser tão evidentes como são
os comportamentos antissociais ou a hiperatividade e, portanto, podem se configurar como ca-
racterísticas que são menos percebidas e que geram mais imprecisão na avaliação (BORSA;
100
NUNES, 2017; RIOS, 2006). Apesar dessas observações, sugere-se que a precisão de tais fato-
res também seja observada em estudos com amostras de crianças pertencente a faixas etárias
semelhantes.
Vale ressaltar que, nos estudos posteriores (Estudo 2 e Estudo 3), dados os seus objeti-
vos, apenas será considerado o fator comportamento antissocial e a pontuação total do SDQ
encontradas nesse estudo. Para tanto, foram estabelecidas as normas baseada em quartis (PAS-
QUALI et al., 2010), as quais, embora não representativas da população, possibilitará a triagem
dos participantes.
Por fim, foi observada a relação entre o comportamento infantil e as variáveis parentais
(estilos parentais, competência parental e estresse parental). Os resultados indicaram que quanto
menores são as pontuações em problemas de comportamentos totais e em comportamento
antissocial infantil, maiores são as pontuações em competência parental, mais positivos são os
estilos parentais e menores são as pontuações em estresse parental apresentadas pelas mães.
Entre as variáveis parentais, observou-se que quanto maiores os níveis de competência parental,
menores são as pontuações em estresse parental e mais positivos são os estilos parentais das
mães; e quanto maiores são as pontuações em estresse parental mais negativos são os estilos
parentais.
Sobre isso, discute-se que, embora se trate de um conjunto de correlações, tais
resultados, na medida do possível, corroboram o que vem sendo discutido na literatura, em que
se aponta que uma melhoria na competência parental tende a tornar mais positivas as práticas
parentais, e, por conseguinte, uma relação menos conflituosa entre pai-filho (BELEAN;
NĂSTASĂ, 2017; BORNSTEIN; PUTNICK; SUWALSKY, 2018; FERREIRA et al., 2014).
Dentro desse contexto, práticas consideradas como negativas, caracterizadas por disciplina
rígida e inconsistente, pouca qualidade de vinculação dos pais- filhos e baixo monitoramento
das atividades da criança exerceriam função central no desenvolvimento dos comportamentos
antissociais (PATTERSON; DEBARYSHE; RAMSEY, 1989; PACHECO et al., 2005). Tais
práticas, além de promover estresse nos pais, afetam diretamente o desenvolvimento infantil
(BARGAS; LIPP, 2013; STASIAK; WEBER, TUCUNDUVA, 2014). Estudos indicam que pais
estressados se utilizam com maior frequência práticas educativas negativas, como abuso físico,
negligência e punição inconsistente (GOMIDE et al., 2005; NOGUEIRA; RODRIGUES,
101
2016), podendo, por meio dessas práticas, se constituir como uma fonte de estresse para a
própria criança. Frente às consequências advindas dessas variáveis, destaca-se a importância de
se propor estratégias para melhorar as habilidades de lidar com os filhos (BATISTA; WEBER,
2014; BOLSONI-SILVA et al., 2010; RIOS; WILLIAMS, 2008), tal como se propõe essa tese,
conforme será apresentado a seguir.
102
6.1 Método
6.1.1 Participantes
Trata-se de uma amostra de mães com filhos matriculados em uma escola pública da
cidade de Fortaleza-CE, as quais foram recrutadas por meio do preenchimento de uma ficha de
pré-inscrição disponibilizada em uma palestra de divulgação realizada pela responsável por esta
pesquisa na escola em questão. Na fase de recrutamento, contou-se com 40 pré-inscritas. Com
base nos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionadas 19 mães para a etapa de entrevista
individual e aplicação do pré-teste.
Os critérios de inclusão foram: 1) ser mãe de criança na faixa etária de 3 a 7 anos,
apresentando pontuações maiores que 4 pontos no fator comportamento antissocial do
Questionário de Capacidades e Dificuldades do SDQ (FLEITLICH; CORTÁZAR;
GOODMAN et al., 2000); 2) a mãe apresentar disponibilidade para participar do grupo de
intervenção e 3) a mãe residir com a criança. Os critérios para exclusão foram: as crianças ou
responsáveis apresentarem transtornos psiquiátricos, tais como retardo mental, transtornos
invasivos do desenvolvimento ou atraso de desenvolvimento cognitivo, que prejudique a
compreensão de instruções; os pais ou crianças estarem em acompanhamento terapêutico.
Por meio de contato telefônico, as mães foram agendadas para entrevista. Das 19 mães,
apenas 15 efetivamente foram entrevistadas e aceitaram participar da intervenção, quatro não
puderem comparecer devido a dificuldades com horário e erros no contato disponibilizado na
ficha de inscrição. O processo de triagem das participantes pode ser observado na Figura 5.
103
Para a intervenção, oito mães confirmaram presença e sete mães optaram por desistir do
processo. Três desistiram devido a incompatibilidade de horário (ex. recebimento de proposta
de trabalho no horário da intervenção), duas por causa de dificuldades de deslocamento e duas
pensavam que o projeto era exclusivo para a criança.
Desse modo, a versão piloto da intervenção contou com a participação de 8 mães (Tabela
15). A idade das participantes variou de 26 a 46 anos (M = 35 anos; DP= 0,83). A maioria com
ensino médio completo (P2, P3, P4, P6, P8), casadas ou em união estável (P1, P3, P4, P5, P6).
O número de filhos de cada participante variou de 1 a 3 filhos. Acerca das crianças-alvos da
intervenção, 5 eram do sexo masculino (P2, P4, P6, P7 e P8) e 3 do sexo feminino (P1, P3 e
P5), a maioria tinha 7 anos de idade durante o período da intervenção, com exceção de uma
com 6 anos de idade (P6).
6.1.2 Instrumentos
Parental- EEPa (BRITO; FARO, 2017). Além desses instrumentos, na avaliação pré-teste, com
o objetivo de compreender queixas, dificuldades, variáveis ambientais, familiares e sociais
relacionadas foi realizada uma entrevista individual (anamnese). Adicionalmente, fez-se uso de
frequência semanal para acompanhar a assiduidade das participantes e registro das observações
de cada encontro.
6.1.3 Procedimentos
Inicialmente, foi feito um contato com a direção de uma escola pública da cidade de
Fortaleza- CE e, a partir do interesse demonstrado pelos dirigentes, foi solicitada autorização
da Prefeitura da cidade para a execução da pesquisa. Após autorização, a proposta de
intervenção foi divulgada durante uma reunião de pais (palestra de divulgação) e uma ficha de
inscrição foi disponibilizada para as mães interessadas no projeto. Com base nos critérios da
pesquisa e nos objetivos da intervenção, foi feita uma seleção das participantes, as quais foram
convidadas a participar de três momentos: 1) Avaliação Inicial (Pré-Teste) e 2) Intervenção; 3)
Avaliação Final (Pós-Teste). Ressalta-se que as mães foram submetidas a dois momentos de
avaliação por questionário: antes e após a intervenção.
A avaliação inicial ocorreu em uma sala de atendimento localizada nas dependências
das escolas, foi realizada pela própria pesquisadora e em média 40 minutos foram necessários
para cada mãe. Durante esse momento, as mães individualmente foram esclarecidas acerca dos
objetivos do projeto e, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) (ANEXO C), responderam aos instrumentos do pré-teste e a uma triagem inicial
(entrevista) e, em que foram feitas perguntas sobre a criança (gestação, problemas de saúde,
vida familiar, escolar, lazer) e da mãe (trabalho, dificuldades, rotina, relação com a criança). Na
ocasião também foram dirimidas eventuais dúvidas acerca de todos processo, sendo garantido
o sigilo, confidencialidade dos dados por parte dos pesquisadores e o direito de abandonar o
procedimento a qualquer momento, sem prejuízos.
A intervenção se configurou em sete sessões com duração média de 1 hora e 30 minutos.
As sessões ocorreram na escola participante, às segundas e às quartas-feiras no horário de 15
horas 30 minutos às 17 horas do mês de setembro de 2018. Atendendo ao disposto da Resolução
466/ 2012 e da Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, aponta-se que a efetivação
desta etapa da pesquisa foi aprovada (ANEXO D) pelo Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade Federal do Ceará (número do parecer: 2.583.150).
106
Objetivos: Discutir sobre as estratégias que podem ser utilizadas diante dos
comportamentos indesejados e desejados dos filhos;
Atividades/ Procedimentos:
Os dados foram analisados pelo IBM SPSS Statistics (versão 21). Além das estatísticas
descritivas, procedeu-se com teste dos postos com sinais de Wilcoxon para comparar os
resultados pré e pós intervenção. Para o cálculo do tamanho dos efeitos foi utilizada a
111
6.2 Resultados
0,8
0,6
0,4
0,2
0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Pré- Teste Pós-Teste
10
Estilos Parentais
5
0
-5 P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
-10
-15
-20
-25
6 Estresse Parental
0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Pré- Teste Pós-Teste
elogiar seu filho e que, após ter feito isso, quando o filho escovou os dentes sem sua ordem, a
própria criança percebeu e fez questão de repetir tal comportamento no dia posterior.
Destaca-se ainda que, na avaliação final, as mães abordaram alguns aspectos que ainda
necessitavam ser melhorados em sua relação com os filhos, os quais foram: dar mais atenção,
interagir e brincar mais com a criança (P1, P3, P5); praticar o uso de estratégias menos
coercitivas (P2, P5 e P7) e controlar o estresse diante dos comportamentos indesejados da
criança (P2, P3, P4 e P6).
Este estudo teve o objetivo de apresentar uma versão prévia do programa de intervenção
parental, bem como avaliar os resultados encontrados antes e após implementação. Confia-se
que os objetivos foram atingidos, entretanto, deve-se evitar generalizar os resultados, uma vez
que a intervenção foi conduzida com um número reduzido de participantes. Assim, por se tratar
de um estudo piloto, algumas reflexões foram trazidas e servirão de base para o Estudo 3.
Em relação à etapa de recrutamento e de seleção, apesar desse estudo ter sido voltado
inicialmente para mães, também se observou a demanda de outros cuidadores em participar do
projeto. Sobre isso, discute-se que embora as mães sejam mais frequentes nos treinamentos
parentais (GUISSO; BOLZE; VIERA, 2019), a diversidade de configurações familiares abre
espaço para que a intervenção não seja restrita a um membro específico da família (SCHMIDT;
STAUDT; WAGNER, 2016). Assim, para que se possa favorecer ainda mais os ganhos no
comportamento infantil, sugere-se que a intervenção seja ampliada para qualquer familiar que
se intitule cuidador principal das crianças como pais, avós, tios, entre outros.
Quanto ao público-alvo, observou-se que a maioria das mães inscritas possuíam filhos
com 6 ou 7 anos. Em geral, crianças nessa faixa etária estão em anos iniciais do Ensino
Fundamental, em que o processo de escolarização torna-se mais formal e as cobranças
acadêmicas se potencializam (MOTTA, 2016). Em paralelo, é nessa fase que as queixas acerca
do comportamento das crianças tornam-se mais frequentes, à medida em que os prejuízos do
comportamento se expandem para outros contextos, como no desempenho acadêmico e nas
relações entre pares (BERNADO; SILVA; SANTOS, 2017). Tais comportamentos, quando
comparados aos de crianças mais novas, diferenciam-se e, portanto, com base nessa versão
piloto, sugere-se que o público alvo da intervenção, que será desenvolvida no Estudo 3, seja
restrita para cuidadores familiares principais de crianças entre 4 e 7 anos.
115
No que se refere aos resultados da avaliação, pode-se dizer que a intervenção favoreceu,
em alguma medida a mudança na relação mãe-filho, entretanto, também permitiu a reflexão de
que o protocolo proposto ainda necessitava de ajustes. No tocante aos estilos parentais, por
exemplo, todas as mães que apresentavam índice de estilos parentais negativos antes da
intervenção, após o projeto, ou tornaram seus estilos de criação mais positivos ou reduziram as
práticas consideradas negativas. Tal resultado foi significativo (p<0,05) e apresentou tamanho
do efeito considerado grande (r> 0,50); portanto, fornece indícios de que o programa utilizado
pode contribuir para uma melhoria práticas parentais adotadas por cuidadores.
No que diz respeito ao senso de competência parental e ao estresse parental, embora
algumas mudanças positivas tenham sido observadas, destacou-se o fato de que, em algumas
participantes no pós-teste, os escores em senso de competência tenham sido reduzidos e os
níveis de estresse parental tenham aumentado. Apesar de tais resultados não terem sido
significativos (p>0,05) e com tamanho do efeito pequeno (0,10< r< 0,30) levantou-se a hipótese
de que o projeto favoreceu, em alguma medida, o processo de autoconhecimento desses pais
em termos cognitivos e emocionais, possibilitando maior clareza nas respostas do pós-teste.
De maneira semelhante, na avaliação do comportamento antissocial infantil, embora
também tenham sido observadas alterações com tamanho de efeito médio (0,30< r< 0,50), tais
diferenças não foram significativas. Sobre isso, argumenta-se, além do número reduzido de
participantes, o intervalo curto entre as duas avaliações (5 semanas) e a frequência dos
encontros (duas vezes por semana) não possibilitaram que as mães percebessem mudanças
substanciais no comportamento infantil.
Além disso, observou-se que a maioria das mães participantes ainda estavam bastante
focadas na identificação e redução do comportamento negativo da criança, o que acabava
dificultando a observação de comportamentos positivos que já poderiam estar presentes.
Portanto, sugere-se que as pontuações totais do SDQ (que não avalia apenas os comportamentos
indesejados infantis) sejam consideradas como critério de triagem para a intervenção.
Adicionalmente, recomenda-se que o protocolo seja melhorado, por meio do incremento de
conteúdos vivenciais e práticos a fim de que as habilidades sejam mais treinadas entre os
cuidadores (SCHMIDT; STAUDT; WAGNER, 2016).
116
1
Durante o período de outubro de 2018 a março de 2019, a autora desta tese teve uma experiência de
Doutorado Sanduíche (CAPES/PDSE- Edital 47/2017) na Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade de Coimbra e teve contato com a metodologia utilizada pelo programa
IncredibleYears (orientadora: Professora Doutora Maria João Seabra Santos).
117
7.1 Método
7.1.2 Participantes
Contou-se com uma amostra de pais, mães ou responsáveis por crianças provenientes
da cidade de Fortaleza-CE, os quais foram recrutados por meio do preenchimento de uma ficha
de pré-inscrição online divulgada junto aos cartazes informativos do projeto de intervenção. O
processo de triagem dos participantes pode ser observado na Figura 10.
Na fase de recrutamento, contou-se com 89 pré-inscritos. Destes, 75 estavam aptos para
a participação da pesquisa. Os critérios para inclusão foram: ser pai, mãe ou responsável por
criança (a) na faixa etária de 4 a 7 anos, apresentando pontuações maiores que 11 pontos no
Questionário de Capacidades e Dificuldades dos SDQ (FLEITLICH; CORTÁZAR;
GOODMAN et al., 2000); o responsável apresentar disponibilidade para participar da pesquisa;
o responsável residir com a criança e ser cuidador primário da mesma. Os critérios para
exclusão foram: os responsáveis apresentarem transtornos psiquiátricos, tais como retardo
mental, transtornos invasivos do desenvolvimento ou atraso de desenvolvimento cognitivo, que
prejudique a compreensão de instruções; os responsáveis ou as crianças estarem em
120
Por meio de contato telefônico, estes pais, mães e/ ou responsáveis foram convidados
para uma reunião explicativa e de avaliação inicial. Dos aptos, apenas 25 estiveram presentes
nessa etapa. Os motivos para o não comparecimento ocorreram devido a incompatibilida de
com o horário da reunião, erros no contato disponibilizado na ficha de pré-inscrição que
impossibilitaram o convite para a reunião e faltas injustificadas.
Durante a avaliação inicial, os participantes presentes aceitaram participar do estudo.
Contou-se, então, com a participação de 23 mães (92%) e 2 pais (8%) na faixa etária dos 25 aos
56 anos (M=36,96; DP=6,59), a maioria casados (58,3%) e católicos (63,6%). Em relação à
escolaridade, os participantes se distribuíram entre ensino superior completo (56%), ensino
superior incompleto (24%) e ensino médio completo (20%). Os questionários foram
respondidos sobre crianças de 4 a 7 anos (M=5,12, DP=0,97), sendo que 64% eram do sexo
masculino, matriculados em escola privada (86%), sem problemas de saúde (95,5%) e que
passam a maior parte do tempo com a mãe (72%).
Posteriormente, por meio de um sorteio, em que foram controlados o sexo e a idade da
criança, os participantes foram divididos em grupo controle e experimental. Dado o baixo
número dos cuidadores-pais (2) e levando em consideração que os seus respectivos pares (as
mães) já estavam inclusos na amostra, optou-se por desconsiderá-los do critério para divisão
dos grupos. Tal exclusão não restringia a possibilidade participação destes pais nos grupos,
porém eles não seriam considerados na comparação dos resultados.
Desse modo, as mães (n=23) foram randomizadas aleatoriamente em grupo intervenção
(n=12) com faixa etária dos 25 aos 56 anos (M=38,58 DP=6,95), a maioria casadas (58,3%),
católicas (63,6%) e com ensino superior completo (58,3%); e grupo controle (n=11) com faixa
etária dos 25 aos 47 anos (M=36,00; DP=5,88), a maioria casadas (63,6%), católicas (70%) e
com ensino superior completo (54,5%). Cada mãe participante do grupo intervenção foi
emparelhada com uma do grupo controle, conforme pode ser observado na Tabela 16.
I7 5 F C7 5 F
I8 5 M C8 5 M
I9 6 M C9 6 M
I10 6 M C10 6 M
I11 6 F C11 6 F
I12 7 M C12 7 F
* participante não emparelhada com uma correspondente no grupo controle. Fonte: dados da pesquisa
7.1.3 Instrumentos
7.1.4 Procedimentos
informativo com o endereço de um formulário online (elaborado pelo Google Forms), em que
os interessados poderiam fazer sua pré-inscrição. Com base nos critérios da pesquisa e nos
objetivos da intervenção, realizou-se a triagem dos participantes. Um melhor detalhamento
acerca desse procedimento já foi descrito na seção participantes (8.1.2).
Em agosto de 2019, foram realizadas reuniões explicativas e de avaliação inicial com
os pré-inscritos dentro do perfil. Para tanto, foram disponibilizados previamente quatro horários
distintos, em que os participantes, via telefone, poderiam ser agendados. As reuniões foram
realizadas em grupo (com no máximo 8 participantes), cada reunião durou cerca de uma hora e
foi conduzido pela psicóloga responsável por esta pesquisa em uma das salas da Clínica-Escola
de Psicologia da UFC. Durante esse momento, os interessados foram informados acerca das
fases do estudo, eventuais dúvidas foram esclarecidas, sendo garantido o sigilo, a
confidencialidade dos dados e o direito de abandonar o procedimento a qualquer momento, sem
prejuízos. Após o consentimento, via assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (ANEXO C), os participantes responderam ao questionário de triagem
inicial (anamnese) e aos demais instrumentos da fase de pré-teste. Na ocasião, também foram
informados que seriam divididos em dois grupos (intervenção e lista de espera), sendo reforçado
que àqueles que estivessem em lista de espera teriam acesso ao mesmo projeto de intervenção
após o término do primeiro grupo (novembro de 2019).
Assim, os componentes do grupo experimental participaram de quatro momentos: 1)
Avaliação Inicial (Pré-teste); 2) Intervenção grupal; 3) Avaliação Final (Pós-teste); e 4) Follow-
up (um mês após o término projeto). Já os do grupo controle participaram de três ocasiões: 1)
Avaliação Inicial (Pré-teste) e 2) Tempo de Espera sem intervenção; e 3) Avaliação Final (Pós-
teste).
No que se refere à intervenção, esta se constituiu em nove sessões temáticas grupais
(conforme tópico 7.1.5) aplicadas ao grupo experimental e conduzidas por apenas uma
facilitadora. O processo ocorreu no período de 31 de agosto a 25 de outubro de 2019, às sextas-
feiras, das 18 às 20 horas na sala de grupo da Clínica-Escola de Psicologia da UFC. Durante o
período da intervenção, os participantes do grupo controle não foram submetidos a qualquer
procedimento.
Três dias após o término do período de intervenção (28 de outubro de 2019), os
participantes do grupo experimental e controle responderam os instrumentos de avaliação do
pós-teste; na etapa de follow-up, um mês após o término do projeto, os participantes do grupo
experimental responderam novamente os questionários (28 de novembro de 2019). Nessas
124
Este protocolo de intervenção foi aplicado no grupo experimental e foi construído para
ser implementado por pelo menos um facilitador com conhecimento em Psicologia e com
experiência na área de Educação Parental. O protocolo foi composto por nove encontros
semanais e grupais (aproximadamente duas horas de duração). Entre os conteúdos trabalhados
estavam: influências no comportamento infantil; fundamentos da TCC na relação pais-filhos;
a importância da interação e do brincar com os filhos; o uso do elogio e do sistema de
recompensas e sua relação com os comportamentos desejados; estabelecimento de regras; o uso
do ignorar, do time-out das consequências lógicas/naturais para lidar com os comportamentos
indesejados; os pensamentos e emoções envolvidos na relação pais-filhos; estratégias para lidar
com as distorções cognitivas e se regular emocionalmente.
Entre os principais pressupostos assumidos para esta intervenção, destacam-se: 1) nem
todo comportamento antissocial é patológico; 2) o temperamento infantil pode intensificar ou
reduzir a intensidade de uma dificuldade comportamental; 3) o comportamento pode ser
apreendido por modelos e este modelo pode ser um cuidador presente no contexto familiar; 4)
os vínculos afetivos são importantes para o desenvolvimento infantil; 5) o comportamento
antissocial emitido pelas crianças é influenciado e aprendido nas interações sociais, com mães,
pais ou outros cuidadores primários; 6) a família é um dos contextos (não o único) de influência
sobre a criança, e este subsistema também é influenciado por outros sistemas; 7) a intervenção
parental se configura como uma das possibilidades para a promoção da qualidade de vinculação
125
quem conversou. A partir disso, solicitou-se que cada uma das componentes
apresentasse os objetivos que pretendia com o grupo. Tais objetivos foram anotados na
cartolina.
Procedimento: Foi distribuído um cartão com a frase: Qual comportamento do meu filho
eu considero positivo? (1º momento). Qual comportamento do meu filho necessita ser
melhorado? (2º momento). Em seguida, solicitou-se que as participantes
compartilhassem em grupo a característica/ comportamento anotado.
Objetivos: Discutir acerca da importância brincar juntos aos filhos, bem como praticar
os elementos necessários para uma brincadeira eficaz. Discutir as barreiras e as soluções
envolvidas na brincadeira com crianças.
Material necessário: cartolinas, pincel atômico, brinquedos e recursos didáticos distri-
buídos aos participantes durante o encontro (notas da sessão anterior, situações-proble-
mas, material de apoio, plano de ação e ficha de avaliação semanal)
a) Atividades e Procedimentos Distribuição das anotações discutidas no encontro anterior
b) Retomada da tarefa de casa
Procedimento: A facilitadora escolheu dois voluntários para dramatizar uma cena que
uma mãe e um filho brincavam de maneira positiva. Antes da cena, deu as instruções
necessárias (tempo, descrição da cena) e ressaltou que durante a dramatização os
participantes teriam todo o suporte necessário. Após a cena, perguntou sobre como as
pessoas que dramatizaram a cena se sentiram no papel e discutiu junto ao grupo a sobre
como cuidadores e criança podem se sentir e pensar ao brincar de maneira eficaz.
c) Psicoeducação sobre a importância do elogio: o que fazer quando meu filho faz algo
bom?
129
e) Praticando o elogio
Procedimento: Com o intuito de tornar o elogio uma prática cotidiana, solicitou-se que
cada participante apresentasse um elogio a si e a uma participante do seu lado.
c) Psicoeducação sobre o que fazer para o filho fazer alguma coisa que ele nunca fez
antes ou que faz poucas vezes: o uso das recompensas.
necessário, tal técnica fosse aplicada durante a semana. Adicionalmente, foi distribuído
como material de apoio um texto informativo sobre o uso do sistema de recompensas.
Objetivos: Refletir sobre as formas de se estabelecer regras e dar ordens aos filhos, bem
como usar tais procedimentos de maneira mais eficaz. Discutir as barreiras e as soluções
envolvidas.
Material necessário: cartolinas, pincel atômico, folhas em branco, recursos didáticos
distribuídos aos participantes durante o encontro (notas da sessão anterior, atividades
práticas, material de apoio, plano de ação e ficha de avaliação semanal).
Atividades e Procedimentos:
a) Distribuição das anotações discutidas no encontro anterior
Procedimento: A facilitadora distribuiu para cada participante uma caneta e uma folha
em branco e deu a seguinte ordem: “Desenhem um animal que possuam porte elevado,
olhos pequenos, rabo comprido, orelhas grandes, pés grandes e coberto de pelos”.
Depois que todas terminaram de desenhar, pediu que apresentassem seus desenhos para
que todos pudessem visualizar. A partir da experiência, a facilitadora iniciou o debate
sobre como foi a experiência de cada um, as dificuldades diante da ordem estabelecida,
o que poderia ter favorecido a execução da tarefa. As seguintes perguntas norteadoras
foram utilizadas: Como se sentiram? Quais as dificuldades? Qual a relação disso com o
estabelecer regras e dar ordens? Qual a diferença entre regras e ordens? O que isto tem
a ver com os comportamentos de uma criança?
132
Procedimento: A facilitadora distribuiu uma lista com ordens dadas de maneira ineficaz.
E, em seguida, pediu que, em dupla ou trio, as participantes as reescrevessem, tornando-
as mais eficazes. Em grupo, as ordens foram debatidas e ajustadas.
Objetivos: Refletir acerca do uso do ignorar como estratégia para lidar com comporta-
mentos indesejados, bem como praticar os elementos necessários para ignorar de ma-
neira eficaz. Discutir as barreiras e soluções envolvidas.
Material necessário: cartolinas, pincel atômico, recursos didáticos distribuídos aos par-
ticipantes durante o encontro (notas da sessão anterior, situações-problemas, material
de apoio, plano de ação e ficha de avaliação semanal).
Atividades e Procedimentos:
a) Distribuição das anotações discutidas no encontro anterior
b) Retomada da tarefa de casa
Procedimento: Com base na técnica debatida, foi proposta uma dramatização da cena
em que uma criança apresenta um comportamento de birra diante da mãe. Antes da cena,
a facilitadora deu as instruções necessárias (tempo, descrição da cena) e ressaltou que
durante a dramatização as participantes teriam todo o suporte necessário. Após a
apresentação, discutiu-se como as pessoas que dramatizaram se sentiram no papel e,
após esse momento, ampliou para o grupo as dúvidas, as possíveis barreiras e as
soluções na execução da técnica ignorar.
Procedimento: A partir das perguntas norteadoras (que comportamentos não podem ser
ignorados? O que fazer quando uma regra é quebrada?), foram apresentadas e debatidas
as técnicas time-out e das consequências lógicas/ naturais.
Procedimento: Com base nas técnicas debatidas, foi proposta a dramatização de uma
cena em que a mãe explica para criança a técnica do time-out de uma maneira eficaz.
Antes da cena, a facilitadora deu as instruções necessárias (tempo, descrição da cena) e
ressaltou que durante a dramatização os participantes teriam todo o suporte necessário.
Após a cena, discutiu-se como os autores se sentiram no papel e, após esse momento,
debateu com o grupo dicas que poderiam ser úteis no emprego da técnica.
c) Psicoeducação sobre como nossa forma de pensar e sentir influencia a relação com
filhos.
136
Procedimento: Com o propósito de estimular com que os pais pensassem sobre algumas
estratégias para controle das emoções negativas, questionou-se: o que podemos fazer
para lidar com emoções negativas (stress, raiva, tristeza etc.) decorrente da interação
com os filhos? As ideias trazidas foram anotadas na cartolina e, como uma possibilidade
de estratégia, a facilitadora apresentou a técnica de respiração diafragmática e fez uma
simulação com as participantes.
Plano de ação: Solicitou-se que cada mãe continuasse fazendo o registro das situações,
pensamentos, emoções e comportamentos vivenciados na relação com o filho. Ao
identificar os pensamentos distorcidos, pediu-se que se escrevesse as formas alternativas
e mais positivas de processar a informação. Adicionalmente, recomendou-se que fossem
treinadas a respiração diafragmática pelo menos uma vez no dia.
Objetivos: Avaliar o projeto e o processo para cada uma das participantes; propor
estratégias de prevenção de recaída e encerrar o projeto.
Material necessário: Cartolinas, pincel atômico e recursos didáticos distribuídos aos
participantes durante o encontro (notas da sessão anterior, atividades práticas, material
sobre prevenção de recaída, plano de ação e ficha de avaliação final).
Atividades e Procedimentos
a) Distribuição das anotações discutidas no encontro anterior
137
c) Prevenção de recaída
d) Avaliação do Projeto
Os dados foram analisados pelo IBM SPSS Statistics (versão 21). Além das estatísticas
descritivas (medidas de dispersão e tendência central) para se caracterizar os participantes,
foram realizados o teste de qui-quadrado (variáveis categóricas) e o teste U de Mann-
Whitney (variáveis contínuas) para se atestar a homogeneidade dos grupos.
Com o objetivo de comparar os resultados das avaliações realizadas dentre grupos foram
utilizados o teste Anova de Friedman (pré, pós intervenção e follow up no grupo experimental)
e o teste dos sinais de Wilcoxon (pré e pós intervenção no grupo controle). Para as avaliações
das medidas entre grupos (experimental e controle) foi novamente utilizado o Teste de U
de Mann-Whitney. Para o cálculo dos tamanho de efeitos também foi utilizada a calculadora de
138
7.2 Resultados
Daqueles que foram a pelo menos a uma sessão (n=7), a média de encontros
frequentados foi de 6,0 (DP = 3,4). A intervenção era composta por 9 sessões. Destes, 28,6 %
dos participantes assistiram a todos os encontros, e 42,8% assistiram de 6 a 8 sessões e 28,6%
participou de apenas um encontro. Ressalta-se que os que participaram de apenas um encontro
(nesse caso, o primeiro encontro), o motivo alegado para o abandono foi o choque de horário
com outras atividades. Já os que participaram de mais de 6 encontros, os motivos trazidos para
as ausências esporádicas foram: dificuldades no transporte ou não ter com que deixar os filhos.
Em suma, pode-se afirmar que daqueles que participaram foi obtida uma boa adesão à
intervenção.
No grupo experimental (ver Tabela 17), quando avaliadas as três aplicações (pré-teste,
pós-teste e follow-up), os resultados apontaram que o índice de estilos parentais apresentou
diferenças significativas entre as avaliações (ꭓ2 F (2) = 7,60, p=0,024). Este índice, quando
comparado à fase pré-teste (Md= -0,33), apresentou níveis significativamente maiores na fase
pós-teste (H1) (Md= 0,33, T=0, z=-2,023, p=0,04 r= -0,64) e follow-up (H2) (Md= 8, 33, T=0,
Z =-2,032, p=0,04, r=-0,64); entretanto, não ocorreram alterações significativas nesta variável
entre as fases pós-teste e follow-up (H3) (T= 5,50, Z =0,542, p=0,58, r=-0,17).
Em relação à competência parental (grupo experimental), os resultados indicaram que
as suas pontuações apresentaram mudanças significativas entre as avaliações (ꭓ2 F (2) = 7,60,
p=0,024). Quando comparada à fase pré-teste (Md= 3,94), esta variável apresentou valores
significativamente maiores na fase pós-teste (H4) (Md= 4,56, T=0, Z =-2,060, p=0,03, r= -
0,65), mas sem alterações significativas na fase follow-up (H5) Md= 4,31, T=3, Z =-1,214,
140
p=0,23, r=-0,38). No entanto, quando observados os valores pós-teste (Md= 4,56), os resultados
no senso de competência parental na versão follow-up (Md= 4,31) foram significativamente
menores (H6) (T=0, Z =-2,032, p=0,04, r=-0,64).
Sobre o estresse parental (grupo experimental), os dados indicaram que esta variável
apresentou diferença significativa entre as avaliações (ꭓ2F (2) =7,895, p=0,012). Na comparação
com a fase pré-teste (Md= 1,76), as pontuações em estresse parental apresentaram redução
significativa na fase pós-teste (H7) (Md= 1,56, T=0, Z=-2,032, p=0,04, r=-0,64) e no follow-up
(H8) (Md= 1,44, T=0, Z=-2,032, p=0,04, r=-0,64); porém, não ocorreram alterações
significativas nesta variável entre as fases pós-teste e follow-up (H9) (T= 5,50, Z =-0,736,
p=0,46, r=-0,23).
Em acréscimo, no grupo experimental, foram também comparados os níveis de
capacidades e dificuldades comportamentais avaliados pela pontuação total do SDQ. Os
resultados apontaram diferenças significativas entre as avaliações (ꭓ2 F (2) = 8,44, p=0,012).
Em comparação com a fase pré-teste (Md=94), as pontuações sofreram redução significativa
na fase pós-teste (H10) (Md= 0,68, T=0, Z=-2,032, p=0,04, r=-0,64) e no follow-up (H11) (Md
= 72, T=0, Z=-2,032, p=0,04, r=-0,64); entretanto, não ocorreram alterações significativas nesta
variável entre as fases pós-teste e follow-up (H12) (T= 3, Z=0,00, p=0,62, r= 0,00).
a textos informativos e a participação em outros grupos, cursos e palestras voltadas para pais
(ROMERO et al., 2013; WEBSTER-STRATTON, 2016)
Sobre as hipóteses 7, 8 e 9 referentes às mudanças ocorridas nas pontuações de estresse
parental dentro do grupo experimental, observou-se que as hipóteses também foram apoiadas.
Ou seja, a intervenção contribuiu para a redução dos sentimentos negativos decorrente do papel
parental (ABIDIN, 1992; VIEIRA; ÁVILA; MATOS, 2012), com efeitos considerados grandes
(r > 0,50), nas fases pós-teste e follow-up, quando comparados ao pré-teste; e com efeito
pequeno (0,10 < r < 0,30) entre as avaliações pós-teste e follow-up. Estes resultados são
semelhantes aos que foram observados na variável estilos parentais. Acerca disso, pode-se
argumentar que a redução de estresse parental está diretamente relacionada à aquisição de
habilidades parentais (NOGUEIRA; RODRIGUES, 2016; PARK; WALTON-MOSS, 2012;
RODRIGUEZ- JENKINS; MARCENKO, 2014) e, por isso, é importante que as intervenções
priorizem não só os aspectos cognitivos e comportamentais, mas também emocionais
envolvidos na relação pais-filhos.
No tocante às hipóteses 10, 11 e 12, relativas às avaliações dos níveis de capacidades e
dificuldades no grupo experimental, observou-se que, após a intervenção ocorreu uma redução
das queixas comportamentais infantis, com efeitos considerados grandes (r> 0,50), nas fases
pós-teste e follow-up. Acerca disso, destaca-se que, mesmo que a intervenção apresentada tenha
sido voltada exclusivamente para as cognições, emoções e comportamentos dos cuidadores, os
seus resultados também foram visualizados no comportamento das crianças. Tais dados
coincidem, por exemplo, com o que as pesquisas discutem acerca da relevância da intervenção
parental na prevenção e no tratamento do comportamento antissocial infantil (BOCHI;
FRIEDRICH; PACHECO, 2016; GALLO et al., 2013; SAWRIKAR; et al., 2018).
Em paralelo às proposições estabelecidas no grupo experimental, também foram
estabelecidas um conjunto de hipóteses para o grupo controle (H13, H14, H15, H16). Uma vez
que as participantes não foram submetidas à intervenção, foi observada uma constância nas
pontuações das variáveis-alvo (estilos parentais, senso de competência parental, estresse
parental; e capacidade e dificuldades infantis) entre os diferentes momentos da avaliação. Em
outras palavras, estes dados sugerem que cuidadores (sem intervenção) com demandas e perfis
parentais semelhantes ao grupo experimental tendem a manter pensamentos, comportamentos
e emoções disfuncionais. Tais resultados sinalizam, apesar de suas limitações, que a intervenção
aqui proposta apresenta efeitos satisfatório em termos de eficácia; e reafirmam a relevância dos
146
O principal objetivo desta tese foi propor e avaliar um programa de intervenção parental
com foco na redução de comportamentos antissociais infantis. Para tanto, desenvolveram-se três
estudos cujas metas específicas, confia-se terem sido atingidas.
O Estudo 1 analisou as propriedades psicométricas das Escala de Senso de Competência
Parental (PSOC), da Escala de Estresse Parental (EEPA) e do Questionário de Capacidades e
Dificuldades (SDQ), bem como verificou a relação entre as variáveis-alvo da intervenção que seria
elaborada posteriormente (estilos parentais, competência parental, estresse parental, capacidades e
dificuldades comportamentais infantis; e comportamento antissocial infantil). Entre as principais
contribuições trazidas, destaca-se a apresentação das evidências de validade e precisão da PSOC, da
147
EEPA e do SDQ, garantindo, para os estudos subsequentes, o uso de medidas confiáveis do ponto de
vista psicométrico (PASQUALI, 2010).
Na PSOC, a versão com 17 itens e dois fatores (Satisfação e Eficácia) se mostrou
adequada e apresentou resultados satisfatórios no que se refere à precisão (α ≥ 0,70;
NUNNALLY, 1991). Tais resultados se assemelham aos encontrados no estudo original
(JOHNSTON; MASH, 1989) e em outros contextos (SUWANSUJARID et al., 2013;
SEABRA-SANTOS et al., 2015). Na Escala de Estresse Parental (EEPA), verificou-se que a
estrutura de 16 itens e dois fatores, nomeados como Tensão parental e Prazer parental, foi
semelhante a que foi encontrada em outros relatos e também reuniu bons parâmetros
psicométricos de validade e precisão (BRITO; FARO, 2017; ORONOZ; ALONSO-ARBIOL;
BALLUERKA, 2007).
No Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ), diferente da versão
originalmente proposta (GOODMAN, 2001), foi observada uma estrutura fatorial de quatro
fatores (Hiperatividade, Comportamentos Antissociais, Problema de Relacionamento e
Problema Emocionais). Embora esta estrutura já tenha sido relatada (SAUR et al., 2012),
recomendou-se que análises adicionais fossem realizadas em contexto brasileiro. Ainda sobre
este instrumento, observa-se que o SDQ não contemplou a complexidade conceitual do tema
comportamento antissocial infantil discutida no tópico 2.1. Portanto, sugere-se que novas
medidas sejam propostas com a finalidade de garantir melhor operacionalização do construto.
Ainda no Estudo 1, foi testada a relação entre as variáveis parentais (estilos parentais,
competência parental, estresse parental) e o comportamento infantil, os resultados
demonstraram associação entre as mesmas, sendo consistentes com os estudos acerca da
temática (FERREIRA et al., 2014; STASIAK; WEBER, TUCUNDUVA, 2014; NOGUEIRA;
RODRIGUES, 2016).
O Estudo 2, cujo objetivo foi elaborar e avaliar uma versão piloto da intervenção,
apontou a necessidade de ajustes consideráveis na estrutura, no número de sessões, na duração
do projeto, nos conteúdos e na metodologia empregada na primeira versão da intervenção. Tal
estudo, juntamente com a experiência de Doutorado Sanduíche, foi basilar para o
aprimoramento do programa. Sobre isso, destaca-se o contato direto da pesquisadora com os
princípios e a estrutura do Programa Incredible Years (WEBSTER-STRATTON, 2016), o qual
influenciou o estabelecimento das metodologias e conteúdos trabalhados no protocolo final do
programa aqui proposto.
148
permitiram, por exemplo, a comparação em uma mesma análise, das avaliações dentre e entre
grupos. Em estudos posteriores, indica-se que, juntamente com a ampliação da amostra, sejam
realizadas análises mais robustas, como é o caso da Anova de Medidas Repetidas para dois
fatores. Acerca das hipóteses rejeitadas (H5, H6, H18), recomenda-se que este programa seja
reavaliado em outros grupos e diferentes recortes temporais sejam considerados.
Em relação à intervenção propriamente dita, um aspecto que merece destaque é que,
embora no estudo 3 a proposta tenha sido ampliada para outros cuidadores (como pais, avós,
por exemplo), o número de participantes atingido com esse perfil foi inferior (apenas 2 pais),
quando comparado à proporção de mães (n=23) Apesar da baixa adesão e levando em
consideração a importância de se intervir com diferentes responsáveis, recomenda-se que as
pesquisas/intervenções incentivem a adesão de qualquer cuidador que se intitule principal.
Ademais, como aspectos que poderiam ser melhorados, destacam-se: a possibilidade de se
disponibilizar baby-sitters no local da intervenção para os cuidadores que não tem com que
deixar os filhos durante os encontros, a formação de grupos em diferentes horários e o aumento
do número de encontros com inclusão de sessões de prevenção de recaída. Sugere-se ainda
que, a curto e médio prazo, também sejam disponibilizadas versões do protocolo para
intervenção direta com crianças e professores.
Finalmente, não obstante tais considerações, confia-se que esta tese, além de apresentar
estudos psicométricos acerca de medidas, propôs uma intervenção com dados satisfatórios de
eficácia no campo da educação parental, fundamentada na Terapia Cognitivo-Comportamental,
e cujos os principais diferenciais foram: 1) abordagem e avaliação de diferentes elementos
comportamentais, sociais, emocionais e cognitivos; 2) foco não só na redução dos
comportamentos problemáticos, mas também na melhoria dos aspectos positivos envolvidos na
relação pais-filho; e 3) apresentação de um protocolo com estudo de avaliação de eficácia, que
comparou as diferentes variáveis trabalhadas ao longo na intervenção em função de grupos
controle e experiemtal. Assim, espera-se que o Programa Aprendendo sobre Filhos seja
replicado em novas pesquisas e utilizado como recurso na formulação de políticas públicas
voltadas ao desenvolvimento psicossocial da criança em seus diferentes contextos.
150
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125.
ORIENTAÇÕES GERAIS
Cara mãe,
Antes de começar, leia as seguintes observações:
Observação 1. Em alguns itens, usamos os termos filho e pai, em sentido genérico, mas também se
aplicam a filha e mãe, respectivamente;
Observação 2. É fundamental que você responda a todos os itens;
Observações 3. Caso você tenha mais de um filho (ou filha) na faixa etária de 3 a 7 anos, antes de
iniciar, escolha um deles e responda com base exclusivamente em sua relação com ele (ou ela).
______________________________________________________________________________
Sobre o filho ou filha que você escolheu para responder:
Idade: _________ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Em que tipo de escola a criança estuda ( ) Pública ( ) Privada
Quando seu filho está em casa, quem passa mais tempo cuidando dele?
( ) Mãe ( ) Pai ( ) Irmão/Irmã ( ) Avô/Avó ( ) Outra Pessoa. Quem? ____________
Com que frequência a criança faz atividades de diversão/lazer (praias, cinema, parques, viagens...)?
( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Frequentemente ( ) Sempre
Com que frequência você recebe reclamações da escola sobre o comportamento da criança?
( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Frequentemente ( ) Sempre
A criança tem algum problema de saúde? ( ) Sim. Qual? _________ ( ) Não ( ) Não sei
Das pessoas que convivem com a criança, alguém apresenta histórico de doença mental (depressão,
esquizofrenia, entre outros)?
( ) Não
179
Qual a sua idade?: ________ anos Cidade e Estado que mora: ___________
Em que medida você se considera comprometido com a sua religião? Utilize a escala de resposta
abaixo.
Nada 0 1 2 3 4 5 Muito
Qual a renda mensal de sua família (soma dos salários de todas as pessoas que moram em sua
casa)?
No último ano, você vivenciou alguma situação abaixo? Marque quantas opções for necessário.
Problema Nascimento de um
Desemprego Divórcio
grave de saúde filho
Sofreu algum
Mudança de re- evento traumá- Dificuldades Finan-
Morte de um ente querido
sidência tico (roubo, as- ceiras
salto, acidente..)
4 ou mais
1 Cômodo 2 Cômodos 3 Cômodos
Cômodos
Por favor, diga-nos quantos dos itens, abaixo, a sua casa possui. Marque com um X a quantidade de
cada item.
Item Quantidade
Radio 0 1 2 3 4 ou mais
Televisão 0 1 2 3 4 ou mais
Banheiro 0 1 2 3 4 ou mais
Automóvel 0 1 2 3 4 ou mais
Empregada Doméstica 0 1 2 3 4 ou mais
Máquina de lavar 0 1 2 3 4 ou mais
DVD ou Videocassete 0 1 2 3 4 ou mais
Geladeira 0 1 2 3 4 ou mais
Freezer ou Geladeira Duplex 0 1 2 3 4 ou mais
Prezado(a) colaborador(a),
Você é convidada a participar desta pesquisa, que tem a finalidade de propor e avaliar um pro-
grama de intervenção para mães de crianças com comportamento antissocial. Esta etapa do
estudo envolverá o preenchimento de um livreto com 8 questionários, o qual leva em torno de
45 minutos para ser respondido por completo.
desejo de participar em outro momento. Caso opte em participar e sentir a necessidade de apro-
fundar alguma demanda emocional/psicológica decorrente das questões envolvidas na pes-
quisa, estaremos encaminhando para o Serviço de clínica-escola de Psicologia da universidade
em que a pesquisadora está vinculada e fornecendo informações sobre espaços e formas de
busca de cuidado na rede de saúde mental, clínicas comunitárias, entre outros, da cidade de
Fortaleza.
ATENÇÃO: Se você tiver alguma consideração ou dúvida, sobre a sua participação na pes-
quisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da UFC/PROPESQ:
Rua Coronel Nunes de Melo, 1000 - Rodolfo Teófilo, fone: 3366-8344/46.
Horário: 08:00-12:00 horas de segunda a sexta-feira.
O CEP/UFC/PROPESQ é a instância da Universidade Federal do Ceará responsável pela ava-
liação e acompanhamento dos aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos
184
Eu,___________________________________________________________,____anos,
RG:____________________, E-mail: _____________________________, declaro que li cui-
dadosamente este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e que, após sua leitura, tive a
oportunidade de fazer perguntas sobre o seu conteúdo, como também sobre a pesquisa, e recebi
explicações que responderam por completo minhas dúvidas. E declaro, ainda, estar recebendo
uma via assinada deste termo.
Fortaleza, ____/____/___
Assinatura do participante
__________________________________________________________________
Assinatura da testemunha
_____________________________________________________Data____________
Nome do pesquisador
_____________________________________________________________________
Assinatura do pesquisador
_____________________________________________________Data____________
185
Prezado(a) colaborador(a),
Você é convidada a participar desta pesquisa, que tem a finalidade de propor e avaliar um pro-
gramar de intervenção para mães de crianças com comportamento antissocial. Nesta etapa do
estudo, você é convidada a participar de um projeto de intervenção semanal (com aproximada-
mente 9 sessões) e com duração de aproximadamente duas horas. Além da intervenção, você é
convidada a preencher um livreto com 8 questionários durante três ocasiões (antes, depois e
após um mês da intervenção). Em cada ocasião em que o livreto for aplicado, você levará em
torno de 45 minutos para responder o instrumento por completo. Dados os critérios de pesquisa,
é provável que, em um primeiro momento, você seja alocado em uma lista de espera. Porém,
após o período de espera (aproximadamente dois meses), você será convidada para participar
da intervenção.
sem nenhum prejuízo. Além disso, ainda tem o direito de ficar com uma das vias do termo de
consentimento. Sempre que quiser você poderá pedir mais informações sobre a pesquisa. Para
isso, poderá entrar em contato com o (a) responsável pela pesquisa.
3. RISCOS E DESCONFORTOS: A participação nesta pesquisa não traz complicações, tal-
vez, apenas, algum constrangimento ou desconforto que algumas pessoas sentem quando estão
fornecendo informações sobre si mesmas. Você poderá se recusar a participar ou confirmar seu
desejo de participar em outro momento. Caso opte em participar e sentir a necessidade de apro-
fundar alguma demanda emocional/psicológica decorrente das questões envolvidas na pes-
quisa, estaremos encaminhando para o Serviço de clínica-escola de Psicologia da universidade
em que a pesquisadora está vinculada e fornecendo informações sobre espaços e formas de
busca de cuidado na rede de saúde mental, clínicas comunitárias, entre outros, da cidade de
Fortaleza.
4. CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Todas as informações coletadas neste estudo
são estritamente confidenciais. Apenas os membros do grupo de pesquisa terão conhecimento
das respostas. Seu nome não será mencionado em nenhum momento. Todos os dados serão
analisados em conjunto, garantindo o caráter anônimo das informações. Os resultados poderão
ser utilizados em eventos e publicações científicas.
5. BENEFÍCIOS: Ao participar desta pesquisa você não deverá ter nenhum benefício direto.
Entretanto, espera-se que a mesma nos forneça dados importantes acerca das variáveis explica-
tivas do comportamento antissocial infantil, contribuindo diretamente para a elaboração de um
programa de intervenção relacionado ao tema.
6. PAGAMENTO: Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa. E nada
será pago por sua participação. Entretanto, se você desejar, poderá ter acesso a cópias dos rela-
tórios da pesquisa contendo os resultados do estudo. Para tanto, entre em contato com o pes-
quisador responsável no endereço abaixo.
ATENÇÃO: Se você tiver alguma consideração ou dúvida, sobre a sua participação na pes-
quisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da UFC/PROPESQ:
187
Eu,___________________________________________________________,____anos,
RG:____________________, E-mail: _____________________________, declaro que li cui-
dadosamente este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e que, após sua leitura, tive a
oportunidade de fazer perguntas sobre o seu conteúdo, como também sobre a pesquisa, e recebi
explicações que responderam por completo minhas dúvidas. E declaro, ainda, estar recebendo
uma via assinada deste termo.
Fortaleza, ____/____/___
Assinatura do participante
__________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Assinatura da testemunha
_____________________________________________________Data____________
Nome do pesquisador
_____________________________________________________________________
Assinatura do pesquisador
_____________________________________________________Data_____________
188
Sobre a criança
Demográfico
Quantos irmãos mais novos a criança tem? ______
Desenvolvimento
Algum evento significativo ocorreu durante a gestação/parto da criança?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei. Se sim, o que?*
_____________________________________________________________________
Era fácil lidar com a criança quando ele (a) era um bebê? ( ) Sim ( ) Não
A criança tem algum problema de saúde? ( ) Sim. Qual? _________ ( ) Não ( ) Não sei
Das pessoas que convivem com a criança, alguém apresenta histórico de doença mental
(depressão, esquizofrenia, entre outros)?
( ) Não
( ) Sim Quem (ex. pai, irmão..)? __________
Comportamento
Com que frequência você recebe reclamações da escola sobre o comportamento da criança?
( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Frequentemente ( ) Sempre
Rotina
Quando a criança está em casa, quem passa mais tempo cuidando dela?
( ) Mãe ( ) Pai ( ) Irmão/Irmã ( ) Avô/Avó ( ) Outra Pessoa. Quem? ____________
191
Justifique:
Tarde
Noite
Positivas Negativas
192
Qual a sua idade?: ________ anos Cidade e Estado que mora: ___________
Em que medida você se considera comprometido com a sua religião? Utilize a escala de resposta
abaixo.
Nada 0 1 2 3 4 5 Muito
Qual a renda mensal de sua família (soma dos salários de todas as pessoas que moram em sua
casa)?
No último ano, você ou alguém da família vivenciou alguma situação abaixo? Marque quantas
opções for necessário.
Problema Nascimento de um
Desemprego Divórcio
grave de saúde filho
Dificuldades
Sofreu algum
Financeiras
evento
Mudança de
Morte de um ente querido traumático Problemas com a
residência
(roubo, assalto, justiça
acidente)
Qual (is) horário(s) você trabalha? (Pode marcar mais de uma opção, se necessário. )
Manhã Tarde Noite Não trabalho
O que você costuma fazer nas
__________________________________________________
horas vagas?
Por favor, diga-nos quantos dos itens, abaixo, a sua casa possui. Marque com um X a quantidade de
cada item.
Item Quantidade
Radio 0 1 2 3 4 ou mais
Televisão 0 1 2 3 4 ou mais
Computador/Notebook 0 1 2 3 4 ou mais
194
Banheiro 0 1 2 3 4 ou mais
Automóvel 0 1 2 3 4 ou mais
Empregada Doméstica 0 1 2 3 4 ou mais
Máquina de lavar 0 1 2 3 4 ou mais
DVD ou Blu-ray 0 1 2 3 4 ou mais
Geladeira 0 1 2 3 4 ou mais
Freezer ou Geladeira Duplex 0 1 2 3 4 ou mais
NOME: ______________________________________________________________
ENCONTRO: _________ DATA: ___/___/___
Comentários/ observações:
Em que medida você acredita que o projeto contribuiu para melhorar suas habilidades em lidar
com o comportamento do seu filho?
( ) Nada ( ) Um pouco ( ) Regular/Normal ( ) Mais do que esperava ( ) Muito