História Da Igreja
História Da Igreja
História Da Igreja
Objetivo da matéria:
● Entender nossa própria história de cristão através dos tempos, sobre como tudo
surgiu e quais os principais eventos que marcaram a história da igreja cristã.
● Tem por principal objetivo suprir a necessidade de dar uma visão panorâmica da
história da igreja, ou seja, dar as coordenadas para o entendimento dessa tão
importante instituição (talvez uma das mais importantes) criada por Deus para
levar adiante o plano redentor.
Introdução:
● Primeiramente, é preciso entender que o estudo da história, além de ser
importante, normalmente é dividido em períodos, entretanto, é algo artificial, pois
existe a possibilidade de dividir a mesma história em modos diferentes.
Entretanto, a divisão se faz necessária para melhor organizar nossos referenciais
e, assim, entender os mais importantes fatos.
● Foi um período de formação que traçou diretrizes para toda a história da igreja,
e até hoje estamos vivendo sob a influência de algumas decisões tomadas
naqueles tempos.
1. O pano de fundo mais próximo da igreja foi o judaísmo (primeiro na Palestina e
depois o que estava fora de lá).
2. Esse judaísmo da Palestina era diferente do AT. Mais de 300 anos antes de Cristo,
Alexandre Magno criou um grande império que ia da Grécia ao Egito e até às
fronteiras da Índia, o qual abrangia toda a Palestina. O “helenismo” foi a forte
marca desse imperador (helenismo é a tendência de combinar a cultura grega com
as culturas antigas de cada uma das terras conquistadas).
3. Também não era igual como um todo esse judaísmo da Palestina, pois haviam
vários partidos e posturas religiosas diferentes (zelotes, os fariseus, os saduceus e
os essênios). Divergiam quanto a maneira de servir a Deus e também quanto à
postura diante do Império Romano. Mas concordavam na existência de um só
Deus que exige conduta idônea do seu povo e que cumprirá suas promessas a esse
povo algum dia.
4. Fora da Palestina existia um forte contingente no Egito do judaísmo, na Ásia
Menor, em Roma e até nos territórios da antiga Babilônia. Isso é o que se chama
de “Diáspora”, “Dispersão”. Esse judaísmo recebeu influência das culturas
vizinhas. No Império Romano foi o uso da língua grega – a língua mais
generalizada no mundo helenista – além do hebraico ou do aramaico – a língua
mais usada na parte da Diáspora que se estendia até a Babilônia. Por isso que no
Egito o AT foi traduzido para o grego na Diáspora (é a famosa Septuaginta – foi a
Bíblia que os cristãos de fala grega usaram durante muito tempo). Ainda no Egito,
o judeu helenista Filo de Alexandria tento combinar a filosofia grega com o
judaísmo, sendo o precursor de muitos teólogos cristãos que tentaram fazer a
mesma coisa com o cristianismo.
5. A igreja abriu caminhos além dos limites do judaísmo, e não em muito tempo
tornar-se-ia uma igreja com maioria gentia.
6. Quanto à política, toda a bacia do Mediterrâneo fazia parte do Império Romano,
que impôs unidade à região. Essa unidade política facilitou a expansão do
cristianismo. Mas também se baseava no sincretismo, dentro do qual floresciam
todos os tipos de religião e de mistura de religiões, o que se tornou uma das piores
ameaças ao cristianismo. Essa unidade política baseava-se também no culto ao
imperador, uma das causas da perseguição contra os cristãos.
7. Na filosofia predominavam as idéias de Platão e do seu mestre Sócrates, que
falavam da imortalidade da alma e de um mundo invisível e puramente racional,
mais perfeito e permanente do que este mundo de “aparências”. Além disso, o
estoicismo, doutrina filosófica que propunha valores morais elevados, tinha
chegado ao auge.
● Assim como haviam fatores externos que desfiavam a fé, também existiam fatores
internos, o que a maioria dos cristãos chamou de heresias, ou seja, doutrinas que
ameaçavam a própria essência da mensagem cristã. Por isso o surgimento do
cânon (a lista de livros) do Novo Testamento, o credo chamado “dos apóstolos”
e a doutrina a sucessão apostólica.
1. A igreja cresceu e com isso muitos tipos de pessoas, com todos os tipos de
antecedente religioso, entraram na igreja, o que ensejou a interpretações
diversificadas do cristianismo. Mesmo sempre tendo havido diversidade teológica
na igreja, algumas dessas interpretações torciam significativamente o conteúdo da
fé que pareciam ameaçar a própria essência da mensagem cristã. É o que se
chama de “heresias”.
2. A principal foi o gnosticismo, um aglomerado de idéias e de escolas que
divergiam entre si em vários aspectos, mas tinham conteúdo em comum. Entre
eles: Uma atitude negativa para com o mundo material, de modo que a “salvação”
consistia em escapar da matéria; A idéia de que essa salvação era obtida mediante
um conhecimento ou “gnosis” especial, pelo qual o fiel podia escapar deste
mundo e subir ao mundo espiritual. É por causa dessa “gnosis” que a heresia se
chama ganosticismo.
3. Nem todos os gnósticos eram cristãos. Entre os cristãos o gnosticismo ameaçava a
fé em vários pontos fundamentais: negava a criação, que diz que este mundo á a
boa obra de Deus; negava a encarnação, que diz que o próprio Deus se fez carne
física (esta doutrina, de que Jesus não tinha corpo verdadeiro como o nosso, é
chamada de “docetismo”); e negava a ressurreição final, que iz que na vida eterna
teremos corpos.
4. Outra grave heresia foi a doutrina de Marcião. Assim como os gnósticos, ele
negava que um Deus bom pudesse ter feito esse mundo material. Dizia que o
Deus do AT não era o Pai de Jesus, mas um ser inferior. Dizia, ainda, que ao
passo que Jeová é vingativo e cruel, o verdadeiro Deus ama e perdoa. Ao
contrário dos gnósticos, que não fundaram igrejas, Marcião fundou uma igreja
marcionita. Além do mais, repudiava o AT e fez uma lista de livros que
considerava inspirados. Embora muito diferente do NT atual, foi a primeira lista
de livros do NT.
5. Mesmo antes disso, a igreja houvesse utilizado tanto os evangelhos como as
cartas de Paulo, o que a levou definitivamente a insistir que certos livors eram
Escrituras, e outros não, foi o desafio das heresias. Confrontando as heresias que
propunham suas próprias escrituras, ou suas próprias listas de livros, a igreja
começou a determinar quais livros faziam parte das Escrituras cristãs e quais
ficavam de fora.
6. Ao mesmo tempo, e pelo mesmo motivo, apareceu em Roma o chamado “símbolo
romano”. Tratava-se de uma confissão de fé que evoluiu até formar aquilo que
chamamos de “Credo dos Apóstolos”. Fica claro que esse credo tinha o propósito
de repudiar as doutrinas dos gnósticos e de Marcião.
7. A igreja tambpem reagiu às heresias indicando as sucessões ininterruptas de
líderes nas principais igrejas – sucessões que remontavam aos próprios apóstolos.
Essa é a origem da “sucessão apostólica”, cujo sentido original não era
exatamente o mesmo que recebeu depois.
8. Isso tudo produziu uma igreja mais organizada, com doutrinas e práticas mais
definidas. É isso que alguns historiadores chamam de “a igreja católica antiga”.
2. O Império Cristão:
(Do Edito de Milão – 313 – à deposição do último imperador romano do Ocidente –
476.)
● Essas mudanças tiveram grande impacto nos cristãos, que reagiram de diferentes
formas. Alguns tiveram um sentimento de gratidão pela nova situação, que ficou
difícil até mesmo criticar o governo e a própria sociedade. Alguns foram para o
deserto ou buscaram lugares isolados e dedicaram-se à vida monástica. Outros
simplesmente romperam com a igreja majoritária, com o discurso de serem eles
a igreja verdadeira. Além disso, os pagãos desejavam voltar à velha religião com
o relacionamento que antes desfrutavam com o Estado.
1. Poder-se-ia supor que a gratidão fosse a posição mais frequente entre os cristãos
em geral, o principal defensor dessa tomada de posição foi Eusébio de Cesaréia.
Eusébio tinha vivido no meio das perseguições, e por isso a nova postura do
governo lhe parecia um milagre. Sua obra mais famosa, História Eclesiástica, dá
a impressão de que desde o princípio Deus estava preparando o caminho para essa
grande união entre a igreja e o império.
2. Embora o monasticismo tenha origem bem antes de Constantino, as novas
condições impulsionaram muitos a seguir o ideal monástico. Já que não era
possível o cristianismo heróico dos mártires, muitos optaram pelo cristianismo
heróico dos acetas, isto é, daqueles que se dedicavam a uma vida de renúncia e de
contemplação.
3. Os lugares preferidos dos primeiros monges eram o deserto do Egito e outros
locais semelhantes. No Egito viveram Paulo e Antônio, dois eremitas aos quais
vários autores concedem a honra de terem fundado o monasticismo.
4. Apesar dos monges terem vivido sozinhos (a palavra “monge” significa
“solitário”) no início, logo começaram a agrupar-se, a fim de compartilhar
recursos e ensinos. No fim, surgiu um novo tipo de monasticismo. Este
caracterizava-se pela vida em comunidades (que agora chamamos de
“mosteiros”), hoje chamadas “cenobíticas”. Diz0se que seu fundador foi
Pacômio, mesmo já tendo existência de outra comunidades antes dele, foi ele o
grande organizador do monasticismo cenobítico no Egito.
5. O monasticismo estendeu-se rapidamente por toda a igreja, e entre seus principais
expoentes estão personagens como Jerônimo e Basílio, o Grande.
6. O rompimento com a igreja majoritário aconteceu especialmente no norte da
África, na Numídia, na Mauritânia e nos arredores de Cartago. A razão teológica
dada ao cisma foi a restauração dos desviados e principalmente a discussão sobre
se os ministros outrora desviados ainda tinham autoridade para cumprir as
funções ministeriais. Mas, na realidade, o cisma também tinha raízes raciais e
sociais, pois a população da região estava socialmente estratificada, segundo
origens étnicas, e o cisma seguiu uma estratificação semelhante.
7. Um dos principais líderes do grupo dissidente se chamava Donato, e seus
integrantes ficaram conhecidos como donatistas. A facção mais radical desse
grupo era a dos “circunceliões”, que andavam escondidos nas regiões remotas e
usavam armas para defender sua causa. Mesmo com a repressão por parte das
autoridades, eles existiram pelo menos a´te as conquistas árabes do século VII.
8. Os sucessores de Constantino foram seus três filhos, Constantino II, Constâncio e
Constante. Depois da morte do seu último sucessor (Constâncio), subiu ao poder
seu primo-irmão Juliano, conhecido como “o Apóstata” (pelo que parece, nunca
foi cristão). Juliano tentou restaurar a antiga glória do paganismo. Embora não
perseguisse cristãos, despojou-os de todos os privilégios que seus antecessores
lhes tinham dado e também se empenhou em ridicularizar o cristianismo. Ao
mesmo tempo tentou reorganizar o paganismo, seguindo o modelo da igreja
cristã. Mas suas gestões não tiveram muito êxito, e após sua morte suas reformas
foram abandonadas.
● O fim desse período chegou com a invasão dos “bárbaros”, povos germânicos
que invadiram o Império Romano e se estabeleceram nos seus territórios. Em
410, os godos tomaram e saquearam a própria Roma. Em 476 o último
imperador (Rômulo Augústulo) foi deposto.
1. Mesmo após o fim do Império Romano do Ocidente, no Oriente o império
continuou exisitindo por mais mil anos. Mas, mesmo no Ocidente, o ideal do
império cristão não desapareceu. Veremos várias vezes no decurso dessa história
como houve tentativas de restaurar o Império Romano e – o que é muito
importante – como a Igreja e o Estado continuaram cooperando entre si, até em
tempos bem recentes, de modo semelhante aos tempos de Constantino e de seus
sucessores.
3. A Baixa Idade Média:
(Da deposição de Rômulo Augústulo – 476 – ao cisma entre o Oriente e o Ocidente –
1054)
● A igreja de fala latina foi a mais afetada pelas invasões dos bárbaros. Sobreveio
ao Ocidente latino (o que hoje é a Espanha, França, Itália, etc.) um período de
caos.
● Instalado esse tempo de dor, de morte e de desordem, o culto cristão teve uma
maior preocupação com a morte, o pecado e o arrependimento, ao invés de
centralizar na vitória do Senhor na ressurreição.
● Pois bem, a comunhão entre os cristãos, que até então era uma celebração,
transformou-se num culto tristonho, em que se pensava mais nos pecados d que
na vitória do Senhor.
● Grande parte da cultura antiga desapareceu, e única instituição que conservou
um pouco dela foi a igreja. Por conta disso, meio do caos que ali existia, a igreja
foi se tornando cada vez mais influente e forte. Enquanto isso, tanto a monarquia
quanto o papado desempenhavam um papel importante.
● Durante esse tempo, no Oriente, o Império Romano (agora também chamado
Império Bizantino) continuou a existir por mais mil anos. Porém, o Estado era
mais poderoso do que a igreja, por isso, frequentemente, impunha a sua vontade.
Várias controvérsias teológicas também surgiram, o que ajudou a esclarecer a
doutrina cristológica. Com essas várias controvérsias, surgiram várias igrejas
dissidentes ou independentes que sobrevivem até hoje – as chamadas igrejas
“nestorianas” e as “monofisitas”.
● E no meio desse período surgiu uma nova ameaça: o avanço do islamismo.
Conquistou vários territórios e cidades que eram importantíssimos na vida da
igreja – Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Cartago, etc.
● E juntamente com o crescimento do islamismo, sua expansão territorial, surgiu
no oeste da Europa um novo poder político no reino dos francos, cujo governante
mais poderoso foi Carlos Magno. No ano 800, o papa coroou Carlos Magno
“imperador”; com isso, pretendia-se ressuscitar o antigo Império Romano.
Embora o novo império nunca tenha sido como o antigo, o título, o poder,
continuou a existir durante séculos.
● Consequentemente, o cristianismo começava a atuar ao longo do eixo norte-sul,
do reino dos francos até Roma – até então tinha atuado ao longo do eixo leste-
oeste. Embora parecesse que a igreja no Ocidente tinha mais poder, o fato é que
era difícil lutar contra o caos reinante – e, em boa parte, as lutas dentro da
própria igreja contribuíram para aumentar o caos. A medida de ordem
conseguida assumiu a forma do “feudalismo”, no qual cada senhor feudal seguia
suas próprias políticas, saindo para a guerra quando lhe parecia bem e às vezes
se entregando até mesmo ao banditismo. Era no Oriente que se conservava certa
medida de ordem, bem como a literatura e os conhecimentos da antigüidade.
● Constantinopla, antiga capital do Império Bizantino, ficava cada vez mais
reduzida na sua influência. Provavelmente a maior realização do cristianismo
bizantino tenha sido a conversão da Rússia, por volta do ano 950.
● As relações entre o Oriente e o Ocidente foram se tornando cada vez mais tensas,
até que, finalmente, veio o rompimento definitivo em 1054.