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Contestação - Nélio - Oficial

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OAB/PA nº: 22.

916

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CIVEL E


EMPRESARIAL DA COMARCA DE BRAGANÇA-PA.

PROCESSO n° 0801790-31.2019.8.14.0009

NÉLIO COSTA NASCIMENTO DA SILVA, brasileiro, casado, RG nº 1936102-


SEGUP, profissão: Motorista, CPF n° 109.246.712-20, residente e
domiciliado na Av. Dr. Freitas n° 1.228, CONDTORRE DUMONT APT 1305,
TORRE ALBATROZ, Bairro: SACRAMENTA, CEP: 66123-050, Belém-PA, por seu
advogado infra-assinado, com endereço já informado na procuração
acostada aos autos, proposta por JOEL BENÍCIO NASCIMENTO DA SILVA,
representado por seu curador, RÁNGEMEM COSTA DA SILVA, já qualificado
na ação proposta com o mesmo endereço do curatelado, na época da
propositura da ação, vem à presença de Vossa Excelência apresentar
defesa, na forma de

CONTESTAÇÃO,

com fulcro no art. 335, do Novo Código Civil, e nos fatos e fundamentos
aduzidos abaixo.
OAB/PA nº: 22.916

I. DA PRELIMINAR DA JUSTIÇA GRATUITA


Nos termos do art. 98, CPC:

“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou


estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas,
as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito
à gratuidade da justiça, na forma da lei.”

Nesse sentido, o autor declara-se pobre na forma da lei, não tendo


como arcar com as custas, as despesas processuais bem como com os
honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família,
nesse sentido a jurisprudência:

“Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA.


RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. BENEFÍCIO DA
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIAGRATUITA. LEI Nº. 1.060/50. PRESUNÇÃO DE
NECESSIDADE. Legítimo a parte requerer o benefício da gratuidade
nos termos do art. 4º da Lei nº. 1.060/50, que se harmoniza com
o art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal. Para que
obtenha o benefício da assistência judiciária basta a simples
afirmação de pobreza, até prova em contrário. Precedentes do STJ.
RECURSO PROVIDO DE PLANO, COM FULCRO NO ART. 557, § 1º-A, DO CPC.
(Agravo de Instrumento Nº 70054723283, Nona Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Miguel Ângelo da Silva, Julgado em
31/05/2013”

Sendo assim, o requerente faz uso desta afirmação, haja vista


preencher os pressupostos para gozar da gratuidade, não tendo
efetivamente, no momento, as condições financeiras para custear
eventuais ônus e encargos processuais.

II. DA VEDADE DOS FATOS

Excelência, a grande verdade dos fatos já foi contada na


Contestação do Sr. ROMMEL BENÍCIO COSTA DA SILVA, apenas o Sr. Nélio
OAB/PA nº: 22.916

veio corroborar aqueles fatos já contados e incluir outros de forma


urgente.
Nobre magistrado, o alimentante vem informar que sempre prestou
alimentos ao alimentando, mesmo quando estava desempregado, haja vista
que a nora do alimentando fazia questão de prestar os alimentos para
seu sogro, porém o Curador nunca estava satisfeito e acionava esta
respeitável vara, quando ocorria algum atraso no pagamento ou se o
valor estivesse sendo pago a menor, conforme ID 106306974.
Logo, durante todo este tempo em que seu pai esteve vivo o Sr.
JOEL BENÍCIO NASCIMENTO DA SILVA sempre contribuiu com o valor
estabelecido de 30% dos rendimentos do Sr. Nélio.
Acontece que o irmão, deste alimentante, Sr. ROMMEL BENÍCIO COSTA
DA SILVA, esteve em Bragança-PA, 31 de outubro de 2023, e descobriu
que Curador e Curatelado não residiam mais no mesmo endereço.
Face a isto, o Sr. ROMMEL fez algumas investigações por si, e
obteve a informação que no início da mudança de endereço, ora relatado,
o Curador fez uma espécie de terceirização dos cuidados do Curatelado,
o repassando para outra família, entretanto, os termos dessa negociação
são totalmente desconhecidos.
Entretanto, excelência os herdeiros do Sr. JOEL BENÍCIO
NASCIMENTO DA SILVA, tiveram conhecimento do falecimento deste na data
de 02 de janeiro de 2024, e; respectivamente, foi sepultado da data
de 03 de janeiro de 2024. Face a estes acontecimentos seus familiares
dirigiram-se para Bragança-PA, com o objetivo de participar do velório
de seu pai, oportunidade, que o Sr. NÉLIO COSTA NASCIMENTO DA SILVA,
foi um dos filhos que teve a honra de carregar o caixão de seu pai,
conforme fotos que os filhos acharam conveniente não juntar aos autos,
no primeiro momento, mas como até o momento não foi juntado a Certidão
de Óbito, aos autos, muito menos o curador não fez questão de juntar
nenhum documento que informe sobre sua localização, ou seu novo
endereço residencial, os irmãos concordaram em anexar a foto do seu
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falecido pai, na ocasião do velório, para que seja providenciada de


forma urgente a baixa nas fontes pagadoras dos alimentantes.
Portanto, da forma que o Curador vem agindo com total descaso, o
alimentante, Sr. Nélio sem opção de provar o ocorrido, também, ficou
impedido de requerer a Licença Luto, e consequentemente precisam de
provimento judicial, pois, agora tem certeza que seu que seu pai foi
vítima de descaso de cuidados, todos esses tempos, e que os pagamento
referentes aos alimentos era praticamente todo convertido para o
Curador, e não para o Curatelado, por isso, a grande verdade dos fatos
é que o Curador está totalmente apegado nesses valores, e, por isso
vem protelando as providencias, que são de sua inteira
responsabilidade, como por exemplo ter informado o novo endereço de
seu pai, agora falecido, assim como obrigação de juntar a Certidão de
Óbito aos autos.

III. DO PRAZO TEMPESTIVO PARA PROPOR A CONTESTAÇÃO

Diferente das varas cíveis comuns, que seguem os procedimentos do


Código de Processo Civil, as varas dos Juizados Especiais aplicam o
CPC apenas de forma subsidiária, pois possuem legislação procedimental
própria, como Lei n° 9.099/95, chamada Lei dos Juizados Especiais
Cíveis, e os Enunciados do FONAJE - Fórum Nacional de Juizados
Especiais, que prevalecem ao Código de Processo Civil em razão do
princípio da especialidade da norma.
Um exemplo de procedimento praticado de forma distinta nos
Juizados Especiais Cíveis Estaduais de cada Comarca, diz respeito ao
prazo para apresentação de defesa do réu.

Segundo o art. 355 do Código de Processo Civil, a contestação


deveria ser apresentada, em regra, dentro de 15 dias úteis após a
audiência de mediação ou conciliação. Por outro lado, o Enunciado nº
10 do FONAJE prevê que a contestação poderá ser apresentada até a
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audiência de instrução e julgamento. Portanto, em razão do princípio


da especializada da norma, conforme mencionado anteriormente, a regra
a ser seguida pelos Juizados Especiais em relação ao prazo da
contestação deveria ser a do Enunciado nº 10 do FONAJE.
Isto ocorre, pois, com base nos princípios da celeridade,
simplicidade, informalidade e economia processual que regem os
Juizados Especiais, assim como, aliados ao art. 6º da Lei n° 9.099/95,
o qual dispõe que “o juiz adotará em cada caso a decisão que reputar
mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às
exigências do bem comum”, é possível que cada juiz determine, conforme
lhe for de agrado, um prazo diferente para apresentação da defesa do
réu.
Desta forma, inobstante as críticas quanto à insegurança jurídica
gerada, fato é que, tanto os profissionais do direito que atuam perante
os Juizados Especiais, quanto àquelas partes que se aventuram a
enfrentar o processo judicial sem advogado, possível em casos que o
valor da causa não ultrapasse 20 salários mínimos, precisam estar
especialmente atentas aos prazos praticados em cada caso específico
para que não corram o risco de apresentarem a defesa de forma
intempestiva, pois nem sempre os prazos serão os mesmos previstos na
legislação processual.
Diante ao que foi exposto, a Contestação do alimentante (Nélio)
é totalmente tempestiva.

IV. DA VISITA DOS REQUERIDOS APÓS AUDIÊNCIA

Após a audiência de conciliação, o curador convidou de maneira


irônica seus dois irmãos (alimentantes), ali presentes, para uma rápida
visita ao pai, achando que os mesmos não teriam interesse. No entanto,
para o seu azar os dois requeridos sinalizaram positivamente e foram
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na residência do curador, onde tanto esse advogado que abaixo assina,


assim como, o Dr. Fábio e os requeridos puderam verificar que o pai
de ambos estva reconhecendo as pessoas, posto que reconheceu os
requeridos, inclusive, citando os nomes de ambos e que para a surpresa,
o requerente encontrava-se andando, o que contraria as razões expostas
na inicial do autor.
O encontro rendeu uma conversa alegre e saudável que só não se
prolongou mais, porque o Sr. RANGEMEM disse que o requerente precisava
descansar, mesmo o requerente dizendo que não queria descansar,
GOSTARIA DE CONVERSAR MAIS COM OS FILHOS.
Ante a isto, importante consignar nestes autos que, no local,
existia apenas uma senhora fazendo comida, portanto, não havia nenhuma
cuidadora de idoso como relata a advogada escolhida pelo curador em
sua peça vestibular, ou seja, não foi à toa que o curador anexou toda
espécie de despesa, com exceção do pagamento do cuidador(a).
Então, Excelência, notadamente enquanto o curador estava em
audiência, o Sr. JOEL BENÍCIO NASCIMENTO DA SILVA, estava em companhia
da cozinheira que naquele momento estava preparando os alimentos, sem
auxílio de nenhum cuidador de idoso.
Mas o problema maior, Excelência, é não sabemos afirmar a partir
de quando o Curador do idoso mudou o endereço residencial do
Curatelado, haja vista que foi descoberto que antes de sua morte o Sr.
JOEL BENÍCIO NASCIMENTO DA SILVA, já não residia no mesmo endereço
residencial, uma vez visitados por seus alimentantes.
DO DIREITO DOS ALIMENTOS

Por fim, outra situação em que o dever de pagar alimentos é


cessado é com a morte do alimentante ou do alimentado.
Nesse sentido, vale conferir a jurisprudência sobre o assunto:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. MORTE DO


ALIMENTADO. TRANSMISSIBILIDADE À SUCESSÃO DA OBRIGAÇÃO JÁ
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CONSTITUÍDA. A morte da parte alimentada implica, em princípio,


na extinção da obrigação, dada a sua natureza personalíssima.
Contudo, uma vez fixada a obrigação alimentar, falecendo o
alimentado, transmitem-se ao seu espólio os direitos de crédito
resultante de eventuais parcelas alimentares não adimplidas até
a sua morte. Nesse contexto, ainda que o alimentado tenha
falecido, as parcelas alimentares a ele devidas até a sua morte
podem ser cobradas do alimentante. RECURSO PROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70076763457, Sétima Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro,
Julgado em 05/03/2018).

Portanto, Vossa Excelência, como os alimentos eram descontados


diretamente em folha de pagamento de forma pontual, logo não existem
direitos de crédito resultantes de pagamento de alimentos, haja vista
que com a morte do Sr. JOEL BENÍCIO NASCIMENTO DA SILVA, foi extinguida
a obrigação do alimentante, notadamente pela natureza personalíssima
desta obrigação.

V. DOS PEDIDOS
Ante ao exposto, requer:

a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, com base no


Art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil, por se declarar
incapaz de custear as despesas processuais sem prejuízo de seu sustento
e de sua família e pela limitação que se encontra no momento;
b) Seja dada Sentença para exonerar o alimentante da r. decisão
que fixou alimentos provisórios, pelo falecimento do alimentando, o
Sr. JOEL BENÍCIO NASCIMENTO DA SILVA, pelas razões expostas nesta
Contestação;
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c) a ciência dos fatos trazidos nesta Contestação ao Ministério


Público e a presença do mesmo, para participar de audiência a qual foi
designada para 25 de janeiro de 2024;
d) que seja devolvido qualquer valor que, porventura, recaia na
conta do Curador RÁNGEMEM COSTA DA SILVA, cessando o depósito na
conta de titularidade do ex-Curador do autor, Sr. RANGEMEM COSTA DA
SILVA: Banco do Brasil, agência 253-4, Conta Corrente 29594-9., tendo
em vista a sua omissão em fornecer o novo endereço para visitas e a
má-fé em disponibilizar a Certidão de Óbito;
e) que esta 2ª Vara Cível de Bragança proceda a intimação da
procuradora do Curador, haja vista as situações problemas narradas
nesta contestação c/c a moradia dos demais membros da família que moram
em Belém-PA. Advogada do ex-curador: 91 98216-7736;
f) que seja anexada com certa urgência, aos autos a certidão de
Óbito, pela advogada do Curador, para que os demais familiares possam
solicitar afastamento (Licença) por motivo de morte em pessoa da
família, conforme Declaração produzida pelos próprios familiares (Id
106656454).
Requer provar o alegado por todos os meios admitidos, mormente o
depoimento pessoal da parte autora.
Nestes termos, pede deferimento.
Belém, 15 de janeiro de 2024.
________________________________
Wagner Rocha de Moraes
OAB/PA n° 22.916

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