PAJURÁ
PAJURÁ
PAJURÁ
Manaus-AM
Maio de 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
Pós-Graduação em Química da
2
Ficha Catalográfica
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
iii
“Não é o que você faz, mas
quanto amor você dedica no que
faz que realmente importa.”
Madre Tereza de Calcutá
iv
AGRADECIMENTOS
À Deus que a cada dia nos dá uma nova oportunidade de crescermos e amadurecermos
como humanos.
A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela bolsa
concedida.
Ao meu pai que contribuiu diretamente neste trabalho com o conhecimento de frutos
nativas da região e principalmente por me ajudar na coleta dos frutos.
À minha mãe pelo incentivo, compreensão e apoio durante esta jornada.
Meu esposo Aldrey que sempre admirou os meus esforços me apoiando e incentivando
nesta jornada e compartilhando as alegrias de cada conquista.
Aos Professores Rita de Cássia Saraiva Nunomura e Afonso Duarte Leão de Souza pela
orientação, paciência, pela oportunidade de crescimento profissional e pela amizade.
Ao Doutor Sergio Massayoshi Nunomura e aos técnicos Magno Pêrea e Sabrina Kelly
pelas análises de LC-MS/MS no Laboratório Temático de Química de Produtos
Naturais (CA-LTQPN), sem sua ajuda este trabalho não seria possível.
As alunas de I.C. que ajudei a orientar Ingrity Sá e Thais Nobre que contribuíram em
muitos dos trabalhos realizados.
Aos grandes amigos Adriana Silva, Fabiana Greyce, Andréa Medeiros, Rita Cynnara,
Paulo Renan, Priscila Aquino, Aimêe Oliveira, Bruna Caroline Maciel, Orlando
Amazonas, Mauro Galúcio e Felipe Thiago Lima que desde a graduação caminhamos
juntos e nos apoiamos durante o mestrado e doutorado.
Aos colegas Hector, Giovana, Felipe e Richardson na parceria do trabalho envolvendo a
pitomba.
Aos colegas de laboratório da UFAM: Felipe Moura, Richardson, Elzalina, Paulo
Senna, Lídia, Bruna Ribeiro, Liviane, Diego, André e Ingrity.
Á Fiocruz em nome da professora Patrícia Orlandi pelos ensaios antimicrobianos,
antimaláricos e citotóxicos.
Aos professores Marcos Machado e Andersson Barison (UFPR) pelos experimentos em
RMN.
Aos membros que compõem a banca examinadora pelas valiosas contribuições.
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
v
RESUMO
(Talisia esculenta) são frutas facilmente encontradas nos arredores da cidade e também
Neste trabalho, foram produzidos extratos de polpa, cascas e sementes destes frutos
cetônico de polpa de mari-mari foi CS50 de 620,30 ± 0,01 e 364,94 ± 0,01 µg/mL
do fruto foi 629,88 ± 0,01 e 634,46 ± 0,08 µmol FeSO4/g extrato seco. Além disso,
engeletina (1) e astilbina (2) foram isolados e identificados por espectrometria de RMN
pajurá e pitomba.
6
ABSTRACT
Mari-mari (Cassia leiandra Benth), pajurá (Couepia bracteosa) and pitomba (Talisia
esculenta) are fruits easily found in Amazon urban neighbouring and also in the
Amazon forest. They are commonly consumed fresh and their chemical composition
and antioxidant capacity have never been studied. Extracts in acetone and methanol
pulp, fruit peel and seed of fruits were obtained and analyzed by LC-MS leading to
identify flavonoid glycosides, dimer flavonoid, phenolic acids and one organic acid
present in the pulp, peel and fruit seed. The scavenger capacity and total phenolic
content were also evaluated. The total phenolic of extracts of the edible part of mari-
mari presented total phenolic content of 0.036 and 40.12 µg GAEq/100 g for methanolic
and ketonic extracts respectively. The antioxidant activity evaluated by DPPH method
revealed values of IC50 of 620.30 ± 0.01 and 364.94 ± 0.01 µg/ to mari-mari extracts
pulp (methanolic and ketonic respectively). The best result was seeds pajurá extracted in
methanol. Iron reduction capacity of the edible part of the fruit was 629.88 ± 0.01 and
634.46 ± 0.08 μmol FeSO4 g− 1 DW. Additionally, engeletin (1) and astilbin (2) were
isolated and identified by RMN and comparison with literature. This is the first report
about the chemical characterization and antioxidant activity from mari-mari and a
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Teores de Fenóis totais e atividade antirradical livre (TEAC) de polpas de frutos da
Contin. Tabela 4: Padrões de ácidos fenólicos utilizados na solução de mistura de padrões ............ 49
Tabela 8: Tempo de retenção dos padrões de compostos fenólicos eluídos em coluna PFP .............. 62
Tabela 14: Resultados de fenólicos totais dos extratos do mari-mari,. .............................................. 103
8
Tabela 15: Resultados de fenólicos totais dos extratos de pitomba. ................................................... 104
Tabela 16: Resultados de fenólicos totais dos extratos de pajurá . .................................................... 105
LISTA DE FIGURAS
9
Figura 10: a) Mari-marizeiro em mata de várzea; b) mari-mari na árvore ...................................... 32
Figura 13: Fruto em estado de maturação se abrindo espontaneamente e fruto aberto .................... 40
Figura 14: a) Semente de pajurá parte externa da semente e amêndoa (parte interna); b): extrato
Figura 16: Precipitação e lavagem do sólido branco proveniente do extrato de casca em acetona. .. 51
Figura 17: CCD dos extratos de polpa de mari-mari (acetona) (1), de casca de (acetona) (2), de
semente (acetona) (3), de polpa (metanol) (4), de casca (metanol) (5), de semente (metanol) (6). ..... 59
Figura 18: CCD das amostras de partição líquido-liquido dos extratos de pitomba revelado em NP-
Figura 20: Comparação dos cromatogramas BPC modo negativo das amostras de polpa a), casca b)
Figura 22: Proposta de fragmentação para o pico 4 *RDA= Retro Diels Alder ................................. 66
Figura 23: Comparação dos cromatogramas das amostras de polpa de mari-mari extraído a) em
10
Figura 24: Comparação dos cromatogramas das amostras de casca de mari-mari extraído em a)
Figura 25: Comparação dos cromatogramas das amostras de semente de mari-mari extraído em
Figura 27: Cromatograma BPC (modo negativo) do extrato de semente extraído em acetona em
extrato de semente de pitomba extraído em acetona com detecção dos íons m/z 271 e 285
Figura 29: Comparação entre os cromatogramas BPC dos extratos de casca de pitomba a) extraído
Figura 31: Comparação entre os cromatogramas de polpa de pajurá (a) extraído em acetona; (b)
Figura 33: Comparação entre os cromatogramas de semente (amêndoas) de pajurá (a) extraído em
Figura 34: Comparação entre os cromatogramas (a) de semente (parte externa) de pajurá extraído
Figura 35: Comparação entre os cromatogramas (a) das cascas de pajurá extraído em acetona; (b)
Figura 37: Espectro de massas da amostra substância 1 no modo positivo APCI-MS ...................... 87
Figura 38: Espectro de RMN de 1H da amostra substância 1 MeOH-d4, 600 MHz) ........................ 87
Figura 40: Ampliação do espectro de 1H da substância 1 com os sinais de H-2 e H-3 ....................... 89
Figura 41: Ampliação de mapas de HMBC dos hidrogênios H-2 e H-3 e correlações. ...................... 90
Figura 42: Espectro de RMN de 1D, NOE-DIFF, substância 1, em MeOH, a 500.13 MHz, detalhe
das interações espaciais entre os hidrogênios com o hidrogênio irradiado (H-2). .............................. 91
Figura 43: Espectro de RMN de 1D, NOE-DIFF, substância 1, em MeOH, a 500.13 MHz, detalhe
das interações espaciais entre os hidrogênios com o hidrogênio irradiado (H-3). .............................. 92
Figura 46: Espectro de massas (modo negativo) substância 2 com as propostas de fragmentação. . 95
Figura 49: Ampliação da região de hidrogênios ligados a oxigênio (H-O) da substância 2. .............. 98
Figura 50: Espectro de RMN de 1D, NOE-DIFF, da substância 2, em MeOH, a 500.13 MHz e
detalhe das interações entre o hidrogênio irradiado (H-3) com os hidrogênios vizinhos. .................. 99
Figura 51: Espectro de RMN de 1D, NOE-DIFF, da substância 2, em MeOH, a 500.13 MHz e
detalhe das interações entre o hidrogênio irradiado (H-2) com os hidrogênios vizinhos. .................. 99
12
Figura 52: Cristais de astilbina ............................................................................................................. 101
Figura 54: Curva de calibração com ácido gálico usado na quantificação de FT............................. 102
ESQUEMAS
Esquema 1: Metodologia geral para o preparo dos extratos de polpa, casca e semente dos frutos. . 39
13
EAG – Equivalente de ácido gálico
EIC – Cromatograma de Íons Extraídos
ESI – Electrospray
FT – Fenólicos totais
FRAP – Ferric Reducing Antioxidant Power
HPLC – High Pressure Liquid Chromatography
HMBC – Heteronuclear Multiple-Bond Correlation
HSQC – Heteronuclear Single-Quantum Correlation
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
LEMAH-UFAM – Laboratório de Espectrometria de Massas e HPLC- Universidade Federal do
Amazonas
LC – Liquid chromatography
m/z – razão massa/carga
MeOH – Metanol
MeOH-d4 – Metanol deuterado
MIC – Mínima concentração inibitória
MS – Mass spectrometry
NOE-DIFF – Nuclear Overhauser Effect Spectroscopy
ORAC– Oxigen radical absorbance capacity
PFP – Pentafluorofenil
RMN – Ressonância magnética Nuclear
TBARS – Thiobarbituric acid reactive substances
TPTZ - 2,4,6-tri(2-piridil)-1,3,5-triazina
tr – Tempo de retenção
UV-Ultravioleta
14
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 17
2. OBJETIVOS ......................................................................................................................................... 18
15
5.1.2 Pitomba .................................................................................................................................... 56
16
1. INTRODUÇÃO
consumo destes frutos seja alto, ainda existe um grande número de espécies pouco
exploradas. (ALVES et al., 2008). Muitos frutos nativos têm despertado interesse na
KAMAL-ELDIN, 2008; VEER et al., 2000; KÜBOÃ et al., 2006). Inúmeros estudos
mostram a importância desta classe de substâncias para a saúde humana bem como
potencial para a prevenção de muitas doenças. Tais danos têm sido associados ao
doenças cardíacas, doenças degenerativas como Alzheimer, bem como está envolvido
no processo de envelhecimento (ROËSLER et al., 2007). Desta forma, este estudo visa
bem como a investigação do potencial antioxidante dos extratos dos frutos através de
17
2. OBJETIVOS
18
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A Amazônia contém uma grande variedade de frutos (Figura 1), entre os quais
19
O consumo de frutos está associado à diminuição de risco de várias doenças,
(WILLETT, 2002) e tais benefícios para a saúde são principalmente atribuídos ao teor
mesmo”.
por Canuto e colaboradores em 2010, cujo objetivo foi avaliar o potencial antioxidante
de 15 frutos amazônicos (abiu, acerola, açaí, araçá-boi, bacaba, bacuri, buriti, cajá,
método de TEAC e quantificação de fenólicos totais pelo método Folin Ciocateau que
algumas polpas apresentaram alta potencialidade antioxidante (Tabela 1), associada com
20
Tabela 1: Teores de Fenóis totais e atividade antirradical livre (TEAC) de polpas de frutos da
camu-camu como o fruto que contém o maior teor de fenólicos com 1120 a 1420 mg
EAG/100g de fruto seguido pelo açaí, com 421 a 464 mg EAG/100 g de fruto, sendo os
maiores teores encontrados para frutos nativos da região amazônica. Porém sabe-se que
2007; GENOVESE, PINTO, GONÇALVES & LAJOLO, 2008; RUFINO et al, 2010),
que por apresentar uma estrutura bastante conjugada pode atuar como antioxidante.
21
Tabela 2: Teor de fenólicos totais de alguns frutos regionais
Fenólicos totais
Fruto Referência
(mg EAG/100 g de fruto)
POMPEU, SILVA, ROGEZ.;
Açaí (Euterpe oleráceae) 421 a 464
2009
Camu-camu (Myrciaria dubia) 1120 a 1420 CHIRINOS, et al., 2010
atividade antioxidante, ainda existem alguns frutos que a população consome cuja
22
3.2 Processos oxidativos e produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio
radicais livres que atuam como oxidantes no organismo (RÖESLER et al., 2007).
ocorre no organismo.
23
Os radicais livres podem ser gerados no citoplasma, nas mitocôndrias ou na
1997).
reativas são divididas em ERO (espécies reativas de oxigênio) e ERN (espécies reativas
radical hidroxila •OH, radicais peroxila (RO2•) alcoxila (RO•), oxigênio singlete 1O2,
reativas de oxigênio o O2- apresenta uma baixa capacidade de oxidação, o HO• mostra
moléculas celulares. O H2O2 não é considerado um radical livre verdadeiro, mas é capaz
24
Antioxidantes dietéticos têm sido associados com a modulação de numerosas
causados pelos radicais livres no organismo (BIANCHI & ANTUNES, 1999). Entre os
Desta forma o mecanismo de proteção é o reparo das lesões causadas no DNA pelos
radicais.
Outra situação é quando uma enzima tem seus aminoácidos alterados podendo
perder sua atividade ou, ainda, assumir atividade diferente. Outro dano oxidativo ocorre
enzimática como GPx, CAT e SOD2 ou, não enzimática a exemplo de GSH, peptídeos
CoQH2 (FINKEL & HOLBROOK, 2000; BARREIROS, DAVID & DAVID, 2006).
carotenóides
www.extremaduravida.com
Flavonóides
Cumarinas
Tocoferóis
Taninos
que possuem anel aromático com um ou mais substituintes hidroxílicos, incluindo seus
grupos funcionais (CADENAS & PACKER, 2002). Possuem estrutura variável e com
isso, são multifuncionais e são classificados como flavonoides, ácidos fenólicos (Figura
27
Flavonoides possuem estrutura marcada pela presença de um esqueleto com 15
3'
2' 4'
B
8
7
O 2 1'
5'
A C 6'
6 3
5 4
Antocianidinas Catequinas
+
O Flavonóis
O O
-
O OH OH
O
Flavanonas Flavonas
O Isoflavonas
O O
O O
O
28
COOH COOH
COOH
OR HO OH
OH OH
OH
R=CH3 (Ácido vinílico) Ácido gálico
Ácido p-hidroxibenzóico
R=H (Ácido protocatéquico)
COOH COOH
COOH
H3CO OCH3
RO OH
OH OH Ácido siríngico
Ácido p-cumárico R=H (Ácido cafeico)
R=CH3 (Ácido Ferúlico)
laboratório o HO• pode facilmente ser sequestrado in vitro por inúmeras moléculas,
devido a sua alta reatividade. No entanto, para que os resultados in vitro se reproduzam
in vivo, é necessário ministrar alta concentração do antioxidante para que este alcance o
local onde o radical HO• está presente em concentração suficiente para suprimi-lo.
Existem duas maneiras de controlar a presença do radical HO•, a primeira seria reparar
os danos causados por ele ou inibir sua formação. A formação do radical no organismo
29
ocorre principalmente pela homólise da água por exposição à radiação, desta forma o
de frutos. Estes métodos são baseados na captura do radical peroxila (ORAC, TRAP),
família Fabaceae, (SILVA, 2011). O fruto é uma vagem com um comprimento entre
40,0 e 50,0 cm de largura e 3,0 cm e 4,0 (Figura 9), quando maduro, a parte comestível
natura (SILVA, 2010; RABELO, 2012). Além de ser largamente consumido pela
30
população, o mari-mari é a fruta mais consumida por espécies de peixes da região
Amazônica, especialmente durante a época das cheias dos rios (MAIA & CHALCO,
2002).
O habitat natural dessa espécie são matas de igapó e beiras de igarapés, várzeas
inundáveis e lugares úmidos, no entanto pode ser cultivado em terra firme (Figura 10).
Caracteriza-se como uma pequena árvore com 4,0 a 8,0 metros de altura e 20,0 e 30,0
cm de diâmetro, com caule um tanto tortuoso, ramificado desde a base e com copa
frutos de C. leiandra não apresenta nenhum estudo abordando sua composição química
31
a) b)
a) b)
32
3.6 Pajurá (Couepia bracteosa)
em áreas abertas. A copa é ampla e bastante ramificada com densas folhagens. É nativa
de 80 a 200 g. A casca apresenta cor marrom com superfície áspera coberta com
caroço bastante volumoso que contem de uma a duas sementes (SILVA, 2011).
popular tradicional da África e América do Sul (MENDEZ & BILIA, 1996; AGRA et
al., 2007, 2008). Entre os gêneros mais estudados destacam-se os gêneros Licania,
A população tem feito uso de plantas dessa família no tratamento de diarreia, disenteria
atividades têm sido atribuídas aos flavonoides e triterpenoides isolados destas plantas
33
(BADISA et al., 2000; BRACA et al., 2002; MENDEZ et al., 1997; OBERLIES et al.,
2001).
fruto.
34
3.7 Pitomba (Talisia esculenta)
O fruto contém de uma a duas sementes, são globosos a ovais, cuja cor da casca
A parte comestível é conhecida como drupa, tem forma arredondada, translúcida com
não sendo muito utilizada para sucos, sorvetes ou geleias devido à sensibilidade ao
35
Há relato da caracterização físico-química do fruto realizados por Silva e
kcal/100 g), umidade (83,16 g/100g), proteínas (1,15 g/100 g de fruto), lipídeos (0,19
g/100 g de fruto), carboidratos (12, 51 g/100 g de fruto), fibra alimentar (2,40 g/100
g de fruto) e resíduo mineral fixo (0,61 g/100 g de fruto). Neste mesmo estudo
cálcio (26, 7 mg/100 g de fruto), zinco (0,84 mg/100 g de fruto) e ferro (0,60 mg/100
magnésio além da composição de taninos (38,3 µg/mL) e ácido fítico (1,5 µg/mL).
plantas cultivadas e de pragas como besouros que atacam tanto as plantas (FREIRE,
de pitomba, após três surtos em fazendas onde havia árvores de T. esculenta. Foi
36
Estudos recentes comprovaram atividades antiproliferativa, antimutagênica e
37
4. MATERIAIS E MÉTODOS
da superfície de contato.
fenólicos utilizando solventes que apresentam afinidade com esta classe de compostos
como, por exemplo, álcoois (etanol e metanol) e acetona (CANUTO, XAVIER, NEVES
material por cerca de 48h primeiramente em 500 mL acetona seguida pela filtração a
38
extrator e concentrado à pressão reduzida e temperatura do banho de 40o C. O resíduo
sólido foi submetido à nova extração, desta vez com 500 mL metanol, seguido pela
utilizada a polpa fresca, enquanto que as cascas e sementes do fruto foram utilizados
facas. Uma porção de 10 mg de cada extrato, foi separada para tratamento em extração
Fruto
Despolpamento manual
Extrato Extrato
cetônico Resíduo Resíduo Extrato
cetônico Resíduo
cetônico
Maceração em metanol
Maceração em metanol
Maceração em metanol
Esquema 1: Metodologia geral para o preparo dos extratos de polpa, casca e semente dos frutos.
apresentou grande quantidade de um precipitado branco (6,75 g). Este, foi lavado com
39
analisado em LC-MS. Alguns dos constituintes majoritários foram isolados e
observou-se que a semente continha uma amêndoa (Figura 14). Desta forma trabalhou-
reduzida enquanto a torta foi novamente submetida à maceração por 48 h, desta vez em
observou-se que este apresentou baixíssimo rendimento, desta forma foi considerado
40
a) b)
Figura 14: a) Semente de pajurá parte externa da semente e amêndoa (parte interna); b): extrato
hidroalcoólicos foram concentrados e comparados por CCD fase normal e reversa para
41
Extrato
10 mg
1- Solubilizado em MeOH/H2O 9:1
2- Partição em Hex/AcoEt 9:1
Partição em Clorofórmio
Fração Fração
Acetato de etila Hidroalcóolica
42
4.4 Extração em fase sólida (SPE)
fenólicos, as amostras foram tratadas por extração em fase sólida utilizando cartuchos
com fase estacionaria C-18 eluídas em três proporções diferentes da mistura ACN/H2O
(1:9 1:1 9:1). As amostras eluídas em ACN/H2O 1:1 foram concentradas e pesadas para
as análises.
Tipo de fonte: ESI; voltagem do capilar: 2600 volts; Scan: 50-1200 m/ z; Set nebulizer:
4,0 bar; Set dry heater: 200 ºC; Set dry gas: 9,0 L/ min. As análises foram realizadas nos
modo positivo e negativo, usando a coluna: PFP (Kinetex, 2,6 μm, 100A, 150x200
mm). Foram utilizados metanol, acetonitrila, isopropanol e ácido fórmico grau LC-MS,
Millipore Simplicity.
43
Utilizaram-se vinte e oito padrões comerciais (Tabela 3 e 4) adquiridos da
Sigma-Aldrich e da Fluka.
concentração de 1,0 mg/ mL usando metanol grau LC-MS. Alíquotas de 100 μL de cada
uma das 28 soluções foram reunidas em um vial com o volume final de 2,8 mL
previamente identificados.
na Tabela 3 e 4 a seguir:
44
Tabela 3: Padrões de flavonoides utilizados na solução de mistura de padrões.
45
Contin.Tabela 3: Padrões de flavonoides utilizados na solução de mistura de padrões.
46
Contin.Tabela 3: Padrões de flavonoides utilizados na solução de mistura de padrões.
318,0376
47
Tabela 4: Padrões de ácidos fenólicos utilizados na solução de mistura de padrões
48
Contin. Tabela 4: Padrões de ácidos fenólicos utilizados na solução de mistura de padrões
OH
Ácido C18H22O4 303,1591 301,1445 H3C
Nordihidroguaiarético 302,1518
OH
CH3
HO
HO
OH
49
4.6 Isolamento de substâncias
em acetona 100% durante 48h e posteriormente em metanol 100% durante 48h. Ambos
Procede-se com a lavagem a frio com acetato de etila e filtração em funil de Büchner
preparativo.
Extrato de casca
(acetona)
1. Evaporação sob pressão reduzida
2. Precipitação de um sólico branco
3. Lavagem em funil de Buchnner com acetato de etila à frio
Substância 1 Substância 2
m = 13,8 mg m = 60,7 mg
preparativo nas seguintes condições: Fase móvel (55% de solvente A- água) (45% de
solvente B- metanol grau HPLC), fluxo de 6 mg/mL, coluna Luna C-18 preparativa.
Foram coletadas sete frações os quais forneceram duas amostras puras substância 2
51
4.7 Quantificação de fenólicos totais pelo método Folin-Ciocalteu
realizada utilizando a metodologia descrita por Velioglu et al. (1998). Este método
coloração azul (analisada em comprimento de onda =725 nm). Para este ensaio, foram
como padrão. A curva foi construída utilizando soluções padrões nas concentrações de
250, 125, 62,5 e 31,25 μg/mL. Todas as análises foram realizadas em triplicatas
utilizando solventes com grau HPLC. Os resultados obtidos para o teor de Fenólicos nas
amostras foram expressos em gramas de ácido gálico por grama de extrato seco (g AG/
extrato seco).
52
4.8 Determinação da atividade antioxidante
capacidade da amostra em reduzir Fe3+ para Fe2+, via avaliação da redução do complexo
coloração do meio reacional para azul. Seguindo o procedimento descrito por Luximon-
serem analisadas, as quais foram reservadas. Preparou-se então o reagente FRAP, que
período de repouso, sobre abrigo de luz por 4 minutos, foi feita a leitura da absorbância
analítica de sulfato ferroso nas concentrações de 62,5, 125, 250, 500, 1000 e 2000 μM.
53
4.8.2. Captura de radicais livres de DPPH
hidraxina) descrito por Choi et al. (2002) que apresentam coloração roxa quando em
pela captura dos radicais livres de DPPH, o que é evidenciado pela mudança da
coloração do meio. A capacidade antioxidante medida por esse ensaio é expressa pela a
radicais livres de DPPH (CS50). Este cálculo é realizado a partir de gráficos plotados
grau HPLC. Em seguida são realizadas 2 diluições para concentrações finais de 0,1 e
0,01 mg/mL. Foi preparada então a solução DPPH 0,2 mg/mL em MeOH grau HPLC.
DPPH 0,2 mg/mL a 2,5 mL de amostra, passados os 30 minutos de reação sob o abrigo
de luz, em espectrofotômetro a 518 nm. Após essa fase inicial foram determinadas as
diluições que serviram para a construção da curva analítica para o cálculo do CS50.
concentrações 20, 10, 5,0, 2,5 e 1,25 μg/ mL por diluições sucessivas.
54
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1.1 Mari-mari
via ultrassom, maceração e extração por Soxlet utilizando diversos sistemas de solvente
com variações na proporção. Optou-se por utilizar o método de maceração, pois foi
fenólicos glicosilados.
(pag. 51), quantificação de fenólicos totais e LC-MS (pag. 59). A extração em metanol
55
de massa de compostos, visto que este solvente pode extrair além de compostos
5.1.2 Pitomba
semente. A polpa foi extraída por maceração em 100% de acetona durante 48h. Após
este período a torta filtrada foi extraída em 100% de MeOH (Tabela 6). Porém o extrato
necessário fazer um novo extrato em metanol da polpa íntegra de pitomba para que
diferenças nas extrações. Posteriormente cada extrato bruto foi submetido à partição
Parte do fruto Cód. Solvente extrator minicial (g) mextrato (g) Rendimento (%)
5.1.3 Pajurá
semente (parte interna e parte externa) (Tabela 7). Foi observado que a extração em
57
100% de MeOH apresentou um rendimento bastante elevado comparado a outros
extratos (39,72 g). Trata-se de um material bastante viscoso e com odor doce bastante
pronunciado. Esta observação é bastante coerente com o fato de o pajurá ser um fruto de
sabor bastante doce e a extração em 100% de metanol retirou grande parte dos açúcares
amostra. Também foi observado que as demais amostras de pajurá extraídas em 100%
58
5.2 Comparação dos extratos por CCD
5.2.1 Mari-mari
perfil com preliminar e para detectar a presença de substâncias fenólicas, visto que foi
utilizado revelador FeCl3 10% para compostos fenólicos. Foram testados vários
apresentou uma boa separação apenas para os extratos de extrato de casca (acetona) (2)
e extrato de casca (metanol) (5),onde foi possível observar a presença de fenólicos uma
vez que foi utilizado revelador FeCl3 10%, enquanto os demais extratos: extrato de
polpa (acetona) (1), extrato de semente (acetona) (3), extrato de polpa (metanol) (4),
extrato de semente (metanol) (6), que além de ficaram retidos na base, não apresentou
Figura 17: CCD dos extratos de polpa de mari-mari (acetona) (1), de casca de (acetona) (2), de
semente (acetona) (3), de polpa (metanol) (4), de casca (metanol) (5), de semente (metanol) (6).
59
5.2.2 Pitomba
hidroalcoólicas foram comparadas por CCD em fase reversa sendo observado que os
coloração mais intensa em relação às demais da mesma amostra ao ser revelada na luz
respectivos extratos.
Figura 18: CCD das amostras de partição líquido-liquido dos extratos de pitomba revelado em NP-
60
5.3 Caracterização de compostos fenólicos por LC-MS
aparelhagem.
extratos de polpa, casca e semente dos frutos estudados foi realizada baseada na
comparação com o tempo de retenção e razão m/z dos padrões no modo positivo e modo
melhor detecção no modo negativo, desta forma este dado foi utilizado para a
estudados.
61
Tabela 8: Tempo de retenção dos padrões de compostos fenólicos eluídos em coluna PFP
62
Figura 19: Cromatograma BPC dos padrões de compostos fenólicos
5.3.1 Mari-mari
são sugestões de identificação utilizando LC-MS (Figura 20). Cada pico foi identificado
Todos os compostos apresentaram baixo erro (<3,7 ppm) indicando a precisão de massa
molecular, erro (desvio entre a massa medida e massa teórica), os principais fragmentos
63
a)
b)
c)
Figura 20: Comparação dos cromatogramas BPC modo negativo das amostras de polpa a), casca b)
387,1275 com principais fragmentos em m/z 341, 179, 135 e 89. Os fragmentos
sugerem que o composto seja um derivado de ácido cafeico hexosídeo cujo fragmento
principal em m/z 341 corresponde à perda de CO2 seguida pela perda de hexosídeo [M-
1-44-146]- representado pelo íon em m/z 179 coerente com o ácido cafeico e os
fragmentos característicos em m/z 135 e m/z 89. Estes dados comparados com a
INBARAJ & CHEN, 2012). O pico 2 em tr 1,8 min, apresentou m/z 191,0271 coerente
com o ácido cítrico confirmado pelos fragmentos em m/z 173 correspondente a perda de
64
O pico 3 com tr de 3,1 minutos, íon precursor em m/z 191,0203, apresentou
fragmento em m/z 114. Porém a identificação deste não foi possível, pois não foram
No tr 16,3 min, o pico 4 com íon precursor em m/z 561,1907, foi identificado
diretamente a carbonos (C-3 e C-4) nos anéis. (HEMINGWAY, 1989; PORTER, 1994).
esta classe seria a perda de [M-H-152]- (Figura 21). Nesta amostra, foi observado que
este dímero apresenta as unidades monoméricas ligadas por um grupo éter (C4-O-C3),
fragmentos correspondentes à perda de H2O e CO2, m/z 543 e m/z 517, respectivamente.
Fragmentos resultantes da clivagem do anel A foram confirmados pelo íon em m/z 227.
Os fragmentos com m/z 425 e m/z 135 foram atribuídos à clivagem Retro Diels-Alder.
Estes dados em conjuntos com a precisão da massa molecular sugerem esse composto
65
Figura 21: Espectro de MS2 com os principais fragmentos do pico 4.
Figura 22: Proposta de fragmentação para o pico 4 *RDA= Retro Diels Alder
66
O pico 5 (tr 17,6 min) com íon precursor em m/z 449,1258 apresentou íons
filhos em m/z 303, correspondente a perda de [M–H–rhamnosil]-, 303, 215, 145, 89. A
presença do íon em m/z 285 foi identificada como astilbina. A análise do pico 6
apresentou a molécula desprotonada em m/z 433 [M-H]- e íons filhos em m/z 287 [M-H-
identificação destes compostos são relatados neste trabalho. Para os picos 3 e 7 em m/z
191,0203 [M-H]- e m/z 605,2768 [M-H]- não foi possível a tentativa de identificação.
metanol (Figura 23), observa-se que ambos apresentam a maioria dos identificados por
mostra um perfil bastante semelhante ao que foi observado para os extratos de polpa de
mari-mari. Vale ressaltar a abundância dos flavonoides astibina (m/z 449) e engeletina
67
Figura 23: Comparação dos cromatogramas das amostras de polpa de mari-mari extraído a) em
68
Figura 24: Comparação dos cromatogramas das amostras de casca de mari-mari extraído em a)
69
Figura 25: Comparação dos cromatogramas das amostras de semente de mari-mari extraído em
70
Tabela 9: Dados de LC-MS das amostras do fruto de mari-mari
5.3.2 Pitomba
identificação LC-MS. Cada pico foi identificado através do espectro de massas e suas
71
experimental e calculado, fórmula molecular, erro (desvio entre a massa medida e massa
6
5
7
8
A análise dos dados conduziu à identificação do pico 1 como ácido quínico (tr
1,1 min) com íon precursor em m/z 191,0575 apresentando íons produtos em m/z 173
m/z 127, m/z 111, m/z 93 e m/z 85 compatíveis com dados da literatura (BASTOS et al,
2007). O pico 2 foi identificado como ácido gálico (tr 1.5 min) apresentando íon
precursor em m/z 169,0142 com perda característica de CO2 [M-H- 44]- (QUIFER-
RADA et al, 2015). O composto 3 foi identificado ácido p-coumárico (m/z 163,0423).
RAVENTOS, 2013).
72
No extrato metanólico de polpa e cetônico de cascas foram identificadas a
epicatequina (4) e catequina (5) apresentam íon precursor em m/z 289,0730 e 289,0732
com fragmentos característicos em m/z 245, m/z 205, m/z 203, m/z 179, m/z 125, m/z
A rutina (6) de razão m/z 609,1461 Da foi identificada no (tr) 18,8 min
apresentando como principal fragmento m/z 301 correspondente a perda de uma porção
(tr) 29,1 minutos com m/z 271,0703 [M-H]-1 e luteolina em (tr) 29,6 minutos com m/z
cromatogramas BPC à presença do íon m/z 609 [M-H]-1 correspondente à rutina (Figura
29).
73
289.0830
12.1
4
Figura 27: Cromatograma BPC (modo negativo) do extrato de semente extraído em acetona em
74
m/z 285.0501
17
extrato de semente de pitomba extraído em acetona com detecção dos íons m/z 271 e 285
75
a)
b)
Figura 29: Comparação entre os cromatogramas BPC dos extratos de casca de pitomba a) extraído
76
Tabela 10: Dados de LC-MS das amostras do fruto de pitomba
Composto tr (min) Experimental Teórico m/z MS/MS Tentativa de Polpa Casca Semen
te
m/z (erro em Fragment identificação
ppm) os A M A M A M
1 1,1 191,0575 191,0561 173, 127, Ácido quínico X
(7) 111, 93,
85
77
4
5 6
5.3.3 Pajurá
78
(a)
(b)
Figura 31: Comparação entre os cromatogramas de polpa de pajurá (a) extraído em acetona; (b)
extraído em metanol.
correspondentes aos íons m/z 363,0221 e m/z 377,0381 os quais não coincidem com
nenhum dos padrões disponíveis. Relatos recentes mostraram que estes íons
(Figura 32) (BERTO et al, 2015). Os mesmos foram observados no extrato em acetona
de polpa apresentou o íon em m/z 179,0562 (tr 1,4 min) com fragmentos em m/z 161 e
m/z 89 foi sugerido como ácido cafeico confirmado pela comparação com o padrão e
19,8 min) e 173,0816 (tr 21,0 min), porém como o erro relativo considerado alto para a
Composto tr (min) Experimental Teórico MS/MS Sugestão de Polpa Casca Semen- Amen-
m/z m/z (erro identificação te doas
em ppm) Fragmentos
A M A M A M A M
80
Figura 32: Flavonoides identificados na polpa de pajurá extraída em metanol
abundância. O perfil dos extratos (Figura 32) mostrou que o extrato metanólico
apresenta maior variedade de constituintes que talvez não sejam pertencentes à classe de
solvente extrator mais apropriado para este material do que o metanol, que apesar de
extrair mais compostos, é menos seletivo, pois além de extrair compostos de interesse
81
a)
Sulfato de apigenina
0
Sulfato de acacetina
Naringenina
b)
Sulfato de acacetina
Sulfato de apigenina
Figura 33: Comparação entre os cromatogramas de semente (amêndoas) de pajurá (a) extraído em
82
a) Sulfato de apigenina
0
Sulfato de acacetina
b)
0
Sulfato de acacetina
Sulfato de apigenina
Figura 34: Comparação entre os cromatogramas (a) de semente (parte externa) de pajurá extraído
O perfil dos extratos da parte externa das sementes (Figura 34) mostra certa
83
Também foram detectados nos cromatograms (BPC) de casca do fruto (Figura
35) do extrato cetônico os íons m/z 349 e m/z 363 correspondentes ao sulfato de
pajurá os íons m/z 363 e m/z 377 correspondentes ao sulfato de acacetina e oleuropeína
Sulfato de acacetina
Sulfato de apigenina
Oleuropeína aglicona
Sulfato de acacetina
Figura 35: Comparação entre os cromatogramas (a) das cascas de pajurá extraído em acetona; (b)
extraído em metanol.
84
5.4 Substâncias isoladas
de 1H 1D e 2D e espectrometria de massas.
Substância 1 (Engeletina)
mz 287 [M-H-146]- e em mz 269 [M-H-18]-. No modo positivo a molécula protonada
apresentou mz 435 [M+ H]+ como um íon pouco intenso cujos fragmentos são em mz
289 [M+H-146]- e em mz 271 [M+H-18]- evidenciando que a massa do composto seja
de 434 Da com a perda inicial equivalente a uma perda de glicosídeo seguida pela perda
Foram registrados dois dubletos em 6,84 e 7,35 ppm cuja a constante de acoplamento
85
igual a 8,6 Hz sugerem que estes estão acoplando em orto, típicos de anel “B” p-di-
substituído. Cada sinal integrado indica que existem dois hidrogênios em 6,84 ppm
que correspondem aos hidrogênios H-2’ e H-6’ e outros dois hidrogênios em 7,35
ppm correspondentes aos hidrogênios H-3’ e H-5’ justificados pela simetria do anel
5,89 e 5,90 ppm cuja multiplicidade observada revelou dois dubletos com constante
da estrutura proposta.
90
80
70
Relative Abundance
60
50
40
30
269,20
20
287,16
10
143,04 259,16 307,19 419,28 449,25 547,30 579,36 703,46 744,72 867,53 940,65 972,52
0
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
m/z
86
C.l.c_1ppt #194-202 RT: 3,58-3,69 AV: 4 NL: 1,87E8
F: + c APCI Q1MS [100,000-1000,000]
289,15
100
90
80
70
Relative Abundance
60
50
40
30
20
271,12 435,25
10
107,14 417,21
185,08 243,10 331,14 466,28 541,34 581,30 703,33 778,63 873,04 960,34
0
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
m/z
MI_6_MAYANE_600.001.ESP TMS
0.55
0.50 Methanol
0.45
METHANOL-d4
0.40
Normalized Intensity
0.35
0.30
0.25
M06(d)
0.20
1.1820
1.1715
M05(dd)
5.8943
5.9167
4.6183
4.6005
0.0000
5.8908
5.9202
4.0161
4.0137
5.1273
5.1452
3.4991
0.10
3.5019
3.4938
3.6333
3.6389
3.6494
3.6551
3.2754
4.2359
4.2415
0.05
0
2.00 1.87 1.54 0.96 1.05 0.00 0.31 1.01 1.00 1.01 1.00 0.22 3.06
7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
87
MI_6_MAYANE_600.001.ESP
0.11
0.10
0.09
6.8428
6.8285
7.3399
0.08
7.3543
5.8943
5.9167
0.07
Normalized Intensity
H-5'
0.06
OH
5.8908
5.9202
H-5' H-6'
0.05
H-6'
OH
0.04 H-3'
0.03
H-3' H-2'
H-2'
0.02
Anel “A”
0.01 Anel “B”
0
2.00 1.87 1.54
7.4 7.3 7.2 7.1 7.0 6.9 6.8 6.7 6.6 6.5 6.4 6.3 6.2 6.1 6.0 5.9 5.8
Chemical Shift (ppm)
axial no anel “C” do flavonoide (Figura 40). Através das correlações por HMBC
(Figura 41), observou-se que o hidrogênio H-2 em 5,14, correlaciona com C-3, C-2’,
C-1’ e C-4 sendo C-1’ e C-2’ carbonos que compõem o anel B do flavonoide. O
hidrogênio H-3 ( 4,61 (d J=10,7 Hz) apresentou correlação com C-2 e C-1 além dos
carbonos C-4 e C-4β do anel C, desta forma, foi possível determinar esta parte desta
molécula.
88
MI_6_mayane_600.001.esp Methanol
METHANOL-d4
H-5'
H-6'
OH
H-8'
0.20
HO O H-2 H-3'
H-2'
Normalized Intensity
H-6'
0.15
H-3 O
OH O
M02(d)
0.10 M01(d)
4.6183
4.6005
5.1273
5.1452
0.05
0.96 1.050.00
5.20 5.15 5.10 5.05 5.00 4.95 4.90 4.85 4.80 4.75 4.70 4.65 4.60 4.55
Chemical Shift (ppm)
89
4,61 (d 10,7 Hz) 1H
C-2' OH C-2
150
C-4
C-3 O
C-4
OH O 200
50
OH
OH O
5.30 5.25 5.20 5.15 5.10 5.05 5.00 4.95
F2 Chemical Shift (ppm)
Figura 41: Ampliação de mapas de HMBC dos hidrogênios H-2 e H-3 e correlações.
com os dados da literatura, porém alguns dados não coincidem, como pode ser
observado na tabela 5, desta forma estes foram determinados através das correlações por
espacial dos hidrogênios do anel C com alguns hidrogênios vizinhos para determinação
hidrogênios H-2’ e H-6’ que fazem parte do anel B do flavonoide. Ao irradiar o H-3
(4,61 ppm), observa-se que este hidrogênio tem além da interação com H-2, tem
rhamnosídeo. Desta forma, a configuração relativa atribuída para o composto pode ser
4.6074
ENGELENTINA.400.ESP
7.3642
-0.1
-0.2
-0.3
Normalized Intensity
H O H
H-6'
-0.4
H H
-0.5 H H-2'
H H-2 H
O H
O
-0.6 O H H H
H H O
-0.7 O
H H
H
-0.8 O O O O
H H H
-0.9 H
H
H
-1.0
5.1303
8.5 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0
Chemical Shift (ppm)
Figura 42: Espectro de RMN de 1D, NOE-DIFF, substância 1, em MeOH, a 500.13 MHz, detalhe
91
5.1535
4.0088
ENGELENTINA.401.esp
7.3472
0
-0.1
-0.2
H-6' H
O H
-0.3 H
H-2
H H
Normalized Intensity
H
H O
-0.4 O H H-2'
H
H-1" O
H H-3
-0.5 H H
H O H
O
-0.6 O O H
H H
O
-0.7
O
H H
H H
-0.8 H
-0.9
-1.0
4.6300
8.5 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0
Chemical Shift (ppm)
Figura 43: Espectro de RMN de 1D, NOE-DIFF, substância 1, em MeOH, a 500.13 MHz, detalhe
A partir dos dados de RMN de 1H, espectros de massas comparados aos dados da
literatura (Tabela 13), a substância 1, um sólido cristalina (Figura 44) foi caracterizada
92
Tabela 12: Dados de RMN de 1H da substância 1 e correlações em HSQC e HMBC.
H HSQC HMBC
93
Tabela 13: Dados de RMN de 1H da substância 1 e dados da literatura.
H-2” - 3,50 m 1H
H-3” - 3,64 m 1H
H-4” - 3,30 m 1H
H-5” - 4,24 m 1H
H-5'
H-6' OH
H-2
H-8 H
HO O H-3'
H-2'
H-6
O HO
H OH
OH O H-3 OH
O
CH3
Figura 45: Engeletina
94
Substância 2 (Astilbina)
estrutura.
o íon molecular em m/z 449, com perda inicial em m/z 303 e m/z 285, correspondentes à
-298Da
RDA
-18Da -146 Da
Perda de
água Perda de
rhamnosideo
-152Da
RDA
Figura 46: Espectro de massas (modo negativo) substância 2 com as propostas de fragmentação.
95
Desta forma foi realizada apenas a análise por RMN de 1H comparando com os
colaboradores, (2006) (Tabela 14). Apesar da única diferença entre os dois compostos
ser uma hidroxila no C-3’, alguns sinais de deslocamento químicos dos dois compostos
são diferentes devido a influencia que esta hidroxila apresenta sobre a blindagem dos
observados sinais com deslocamento químico (δ) com valores de deslocamento químico
2’ apresenta δ= 6,72 ppm e aparece como um simpleto (Figura 48) Outra diferença foi
o uso de DMSO-d6 como solvente para análise que possibilitou o registro sinais de
hidrogênios de hidroxila dos anéis aromáticos (Figura 49) , os quais não aparecem em
96
RITA_MAYANE_ASTILBINA.011.ESP Water
1.0
6.7310
0.9
1.0531
1.0320
0.8
5.8784
DMSO
0.7
DMSO-d6
Normalized Intensity
5.8946
0.6
5.9020
0.5
6.8830
4.6661
5.2164
4.0183
4.6332
0.4
5.2499
11.8058
0.3
4.7337
4.5382
4.5264
7.3124
4.7684
3.1174
3.9507
3.8743
3.8843
3.9054
5.2667
0.2
5.3014
3.0863
9.0925
0.1
12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Chemical Shift (ppm)
1
Figura 47: Espectro de RMN de H da amostra substância 2 em DMSO-d6
1.0 RITA_MAYANE_ASTILBINA.011.ESP
6.7310
0.9
0.8
0.7
Normalized Intensity
0.6
0.5
6.8830
0.4
Anel B
0.3
6.7682
7.3124
0.2
0.1
7.5 7.4 7.3 7.2 7.1 7.0 6.9 6.8 6.7 6.6 6.5 6.4 6.3 6.2 6.1 6.0
Chemical Shift (ppm)
Figura 48: Destaque para o H-2’ no anel B da substância 2.
97
1.0 RITA_MAYANE_ASTILBINA.011.ESP
6.7310
0.9
0.8
5.8784
0.7
5.8946
Normalized Intensity
0.6
5.9020
0.5
6.8830
0.4
11.8058
0.3
7.3124
0.2 9.0925
0.1
12.5 12.0 11.5 11.0 10.5 10.0 9.5 9.0 8.5 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0
Chemical Shift (ppm)
Da mesma forma que a substância 1 (engeletina), foi realizado para esta amostra
deste composto. O H-2 (5,23 ppm) foi irradiado e apresentou interação com H-3 (4,63
ppm) (Figura 50). Além da interação com o hidrogênio H-2, o hidrogênio H-3 também
apresentou interação com os hidrogênios H-2’e H-1” (Figura 51). Da mesma forma que
98
0 ASTILBINA.405.esp
5.2474
4.0387
-0.1
-0.2
H-6' H
-0.3
O H
H
Normalized Intensity
H-2
H H
-0.4 O H H-2'
H
H-1" O
H H-3
H H H
-0.5 O O
O H
H
O
-0.6 O
H H
H H
-0.7 H
4.6580
4.6379
Figura 50: Espectro de RMN de 1D, NOE-DIFF, da substância 2, em MeOH, a 500.13 MHz e
detalhe das interações entre o hidrogênio irradiado (H-3) com os hidrogênios vizinhos.
4.6372
ASTILBINA.404.esp
0
6.8852
6.7369
-0.1
H O H
-0.2 H-6'
H OH
Normalized Intensity
-0.3 H H-2'
H H-2 H
O H
O
-0.4 O H H H
H H O
O
-0.5
H H
H
O O O O
-0.6 H H H
H H
-0.7 H
5.2493
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0
Chemical Shift (ppm)
Figura 51: Espectro de RMN de 1D, NOE-DIFF, da substância 2, em MeOH, a 500.13 MHz e
detalhe das interações entre o hidrogênio irradiado (H-2) com os hidrogênios vizinhos.
99
Tabela 14: Dados de RMN de 1H da substância 2 e dados da literatura.
H-2” - 3,93 m 1H
H-3” - 3,14 m 1H
H-4” - 3,08 m 1H
H-5” - 2,49 m 1H
100
Figura 52: Cristais de astilbina
H-5'
H-6' OH
H-2
H-8 H
HO O
H-2'
OH
H-6
O HO
H OH
OH O H-3 OH
O
CH3
101
5.5 Quantificação de fenólicos totais
(µg/mL) foi construída uma curva de calibração nas seguintes concentrações (500; 125;
63; 31 µg/mL). (Figura 54). O coeficiente de correlação linear (R2) da equação obtida a
partir da curva apresentou um valor 0,9998 indicando uma boa correlação linear. O teor
de fenólicos totais foi estimado por interpolação de dados de absorbância dos extratos e
1,400
1,200 y = 5,4296x - 0,0267
1,000 R² = 0,9998
0,800
Série1
0,600
0,400
0,200
0,000
0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300
5.5.1 Mari-mari
102
extrato seco sendo que o valor mais elevado foi obtido para o precipitado de casca de
onde pode ser observado que o precipitado apresentou o teor de fenólicos um pouco
mais elevado do que o sobrenadante. Este resultado é bastante coerente, com os dados
5.5.2 Pitomba
Entre os extratos de pitomba apenas o extrato metanólico das cascas com 0,363 ±
0,04 EAG apresentou maior teor de fenólicos em comparação com os extratos de polpa
103
e semente (Tabela 15). Os extratos cetônico e metanólico de polpa apresentaram baixo
fenólicos, estes podem se encontrar em baixa quantidade nos extratos justificando assim
5.5.3 Pajurá
metanol dos frutos foram avaliadas quanto ao teor de fenólicos totais e apresentaram
0,169 ± 0,003 mg EAG- 1 por 100 g de extrato seco sendo que o valor mais elevado foi
apresentou um teor de fenólicos ligeiramente menor (0,129 ± 0,01 mg EAG- 1 por 100 g
de extrato seco), mas ainda sim foi um dos valores mais altos determinados para o fruto.
104
Entre os extratos de casca, o extraído em acetona apresentou melhor resultado
Existe uma variedade de ensaios antioxidante in vitro que servem como base
foram o FRAP (Ferry Reduction Assay Power) e sequestro de radicais DPPH, que
atuam por mecanismos diferentes (AKTER, OH, EUN & AHMED, 2011; CAO &
PRIOR, 1998).
105
A partir da equação da reta dos gráficos da porcentagem de capacidade de
(cor) do radical DPPH·). O controle positivo utilizado foi a quercetina com IC50 = 6,0
µg/mL.
5.6.1 Mari-mari
ensaio de DPPH (Tabela 17), mostraram que a casca de mari-mari apresentou maior
atividade comparada à polpa e à semente do fruto. O valor de IC50 obtido para polpa
extraída em acetona foi de 364.94 ± 0.01 µg/mL e para o extrato metanólico de polpa
foi IC50 = 620.30 ± 0.01µg/mL. Entretanto os valores obtidos para os extratos cetônico e
metanólico de casca com valores de IC50 = 199.44 ± 0.01 µg/mL e IC50 = 619.14 ± 0.01
mesmo ensaio foi realizado para com os três flavonoides isolados das cascas foram
ensaiados e pode ser observado que a engeletina, composto mais abundante nas
amostras, não apresenta o potencial antioxidante (IC50 = 3710 ± 0.005 µg/mL), enquanto
que a astilbina apresenta atividade antioxidante moderada (IC50 = 316 ± 0,06 µg/mL).
106
Tabela 17: Resultados de DPPH dos extratos de mari-mari.
5.6.2 Pitomba
capacidade de sequestro, sendo que para o extrato de polpa em acetona, não foi possível
DPPH. O extrato com maior capacidade de sequestro de radicais DPPH entre os extrato
contém luteolina, quercetina e naringenina que podem justificar esta atividade para este
extrato.
107
Tabela 18: Resultados de DPPH dos extratos de pitomba.
5.6.3 Pajurá
apresentam grande capacidade de sequestro de radicais DPPH (Tabela 19), os quais são
necessários apenas 63,69 µg/mL de extrato para sequestrar 50% dos radicais. Este foi o
melhor resultado entre todos os extratos ensaiados do fruto pajurá e entre dos três frutos
estudados. Esta atividade pode estar diretamente associada aos flavonoides abundantes
nas amêndoas, identificadas por LC-MS como sulfato de acetina, sulfato de apigenina e
olerupeína. A polpa de pajurá como parte comestível, sendo a parte de maior interesse
no fruto, necessita de pelo menos 282, 83 µg/mL de extrato (metanólico) para sequestrar
50% dos radicais livres, ou seja, tem uma atividade não muito alta, porém é possível
atribuir aos fenólicos encontrados no fruto uma parcela da atividade antioxidante, pois
108
Tabela 19: Resultados de DPPH dos extratos de pajurá.
5.7.1 Mari-mari
A partir dos resultados obtidos pelo método FRAP (Tabela 20), foi possível
nas cascas de mari-mari apresentam grande potencial de redução de Fe3+, tanto para o
extrato cetônico (1624,46 ± 0,05 µmol/g) quanto para o extrato metanólico (1240,70 ±
0,06 µmol/g DW). Os extratos de polpa apresentaram metade do teor de Fe2+ encontrado
nas cascas, (634,46 ± 0.06 e 629,88 ± 0.06 µmol/g) nos extratos cetônico e metanólico
109
substâncias isoladas também foram ensaiadas para avaliação da capacidade de redução
5.7.2 Pitomba
polpa e casca de pitomba foram consideradas baixas com 75,61 ± 0,05 µmol/g (polpa
extraída em acetona), 70,44 ± 0,02 µmol/g (polpa extraída em metanol), 63,90 ± 0,07
µmol/g (casca extraída em acetona) e 61,02 ± 0,06 µmol/g (casca extraída em metanol).
110
Ainda assim estes resultados são bastante significativos, pois os compostos
5.7.3 Pajurá
Entre os extratos do pajurá (Figura 22), destacou-se com o maior teor de Fe2+ o
teor de Fe2+ (71,02 ± 0,11 e 77,61 ± 0,11) µmol/g bastante inferiores ao teor
111
Tabela 22: Resultados de FRAP dos extratos de pajurá.
sequestro de radicais ainda é considerada baixa em relação aos frutos como o açaí (421
a 464 mg/100g de frutos) (POMPEU, SILVA & ROGEZ, 2009), o camu-camu (1120 a
1420 mg/100g de frutos) (CHIRINOS, et al., 2010), o muruci (2,90 mg/g de matéria
seca) o ingá (2,40 mg/g de matéria seca) (SOUZA, et al., 2008), a ubaia com (2,60 mg/g
sequestrados. Outro fator que tem grande influência sobre a capacidade de sequestro de
112
radicais livres de flavonoides é o numero de hidroxilas, pois quanto mais hidroxilas,
maior a atividade como agente doador de H e de elétrons (CAO, SOFIC & PRIOR,
113
6. CONCLUSÃO
compostos fenólicos foi encontrada nos extratos de casca do fruto para o mari-mari e
quantidade de engeletina de forma que eleva o teor de fenólicos totais. Porém o alto teor
isoladamente.
compostos fenólicos como ácido gálico, ácido quínico, ácido p-coumárico, rutina,
114
Nos extratos de pajurá os picos apresentados não coincidiram com os padrões, os
FRAP.
tanto nos extratos de polpa como os extratos de sementes do fruto, porém estes são mais
115
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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123
8. ANEXOS
50
150
200
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
F2 Chemical Shift (ppm)
50
150
200
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
F2 Chemical Shift (ppm)
124
RITA_MAYANE_ASTILBINA.021.esp
0.15
Normalized Intensity
0.10
18.66
146.80
127.85
167.96
163.09
0.05
146.05
82.43
119.83
72.52
100.94
71.29
116.08
158.76
76.50
130.00
96.95
195.72
0
F1 Chemical Shift (ppm)
10
15
16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2
F2 Chemical Shift (ppm)
125
0
100
150
12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
F2 Chemical Shift (ppm)
100
150
200
16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2
F2 Chemical Shift (ppm)
126