O Espadachim - Duque Do Diabo Li
O Espadachim - Duque Do Diabo Li
O Espadachim - Duque Do Diabo Li
Direitos Autorais
Título Original: The Rogue
Copyright©2016 por Katharine Brophy Dubois
Copyright da tradução©2020 Leabhar Books Editora Ltda.
Todos os direitos reservados, no Brasil e língua portuguesa, por Leabhar Books Editora Ltda. CP: 5008 CEP: 14026-970 - RP/SP - Brasil
E-mail: leabharbooksbr@gmail.com
www.leabharbooks.com
Índice
Direitos Autorais
Índice
Clube Falcão
Parte 1
Prólogo
Parte 2
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Parte 3
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Parte 4
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Epílogo
Uma nota sobre disfarces, ladinos e espadas
Próximo Lançamento da série
Sobre a Autora
Próximo lançamento
Conheça outros Títulos
Informaçoes Leabhar Books®
Prólogo
O Perigo
Abril de 1816
Fellsbourne, Propriedade do Marquês de Doreé
Kent, Inglaterra
Dos doze homens presentes na sala, ele era o único no qual não
deveria fixar seu olhar. Não era um Lorde, nem um herdeiro. Nem
descendente de uma linhagem impressionante ou um favorito do
príncipe. Na verdade, sequer era um cavalheiro.
No entanto, não conseguia desviar o olhar.
Não importava; um nicho escondido era um lugar ideal para uma
jovem dama poder espiar uma festa ousada. Até que alguém a
descobrisse.
A menos que esse alguém fosse justamente certa pessoa.
Por quatro noites, ninguém reparara nela espreitando por uma
abertura, que mal poderiam chamar de porta, no canto do salão de
baile. Aqueles corredores haviam sido criados em uma época de
rebelião e há muito tempo sua existência fora esquecida.
Exceto por ela.
E agora por ele.
Uma mescla de familiaridade e perigo a dominava pela a largura
daqueles ombros e a luz das velas que incendiavam aquele olhar
que a observava. Mesmo assim, não recuou nem fugiu pelo corredor
escuro. Não temia que ele a conhecesse. Como as mulheres que
tinham sido de fato convidadas para a festa, usava uma máscara que
ocultava a parte superior do seu rosto. De qualquer maneira, não
conhecia ninguém na sociedade. Seu pai ainda não a levara até
Londres, limitando-se a deixá-la ali, em Fellsbourne, onde imaginava
que estivesse em segurança, com a família do seu querido amigo.
Onde, realmente, sempre esteve segura. Provocada, insultada,
tratada como uma irmã mais nova irritante, e muito negligentemente
aceita. Mas em segurança.
Até agora.
Sem deixar de focá-la, o estranho se levantou da cadeira com uma
graça predatória. Locomoveu-se como um caçador, esguio, poderoso
e alerta. Não inteiramente humano. Até no momento de lazer
observava os outros, mostrando desinteresse nos flertes amorosos
entre os homens e as mulheres que vieram para entretê-los, porém
com olhar aguçado.
Observava como um príncipe elfo estudando seres mortais.
Por quatro noites se perguntou, se caso fosse uma daquelas
mulheres, ele se interessaria por ela? Ele procuraria a sua atenção?
Tocaria nela como os outros homens tocavam aquelas mulheres?
Como ela ansiava ser tocada, abraçada, elogiada por ser especial,
bondosa e bela?
Era perversa até a medula.
Má por querer que um estranho reparasse nela. Imoral por
saborear a excitação em seu ventre enquanto ele caminhava
diretamente para ela.
Em circunstâncias normais, sua língua era bem ágil. Mas
circunstâncias normais nunca, em suas atitudes mais selvagens,
incluíram um homem com olhos como os dele; verdes, transparentes
e cintilantes como o luar sobre as águas de uma nascente na
floresta. Talvez ele não fosse inteiramente humano. Não estava na
Escócia. Mas a Inglaterra também tinha a seu quinhão de seres
míticos.
Quando ele parou, perversamente, a pouco mais de meio metro
dela, a sua língua falhou.
― Estava me encarando ― disse ele, com um tom que soava a
conhaque aquecido à lareira, rico, profundo.
― Também olhava para mim. ― O tom baixo de suas próprias
palavras a assustou.
― Um de nós deve ter começado.
― Talvez tenha sido espontaneamente mútuo. Ou apenas uma
coincidência, e nós dois imaginamos que o outro começou.
― Que mortificante para nós dois então. ― Um leve sorriso
apareceu no canto daquela boca linda. Bela. Ela nunca havia
pensado sobre a bocas dos homens antes. Nunca havia reparado
nelas. Agora notara, e isso esquentara suas vísceras.
― Ou sorte ― ela se aventurou dizer. Sorria mostrando os dentes
grandes. Mas não se importava. Um rapaz sorria para ela, um jovem
com a pele queimada pelo sol, barba crescida e rala em redor da
boca, como um pirata ocupado demais com o saque para se
incomodar de não se barbear um dia ou dois. Não muito místico, na
verdade. Tinha o cabelo da cor de ouro velho, ondulando sobre o
colarinho e penteado para trás. Um sabre militar pendia ao longo de
sua coxa, comprido e protegido por bainha de couro negro. O punho
da arma cintilava.
Estava focado em seus lábios por isso focou nos dele. Arrepios de
excitação subiram por sua espinha.
Beijos.
Seus lábios a fizeram pensar em beijos. Querer beijos. Beijos na
sua boca. Beijos no seu pescoço como aqueles que as mulheres
fáceis recebiam dos outros homens. Beijos onde quer que ele os
desse.
Perversa, má, imoral.
― Dance comigo ― disse ele.
Ela lançou um olhar para o salão de baile. Todas as mulheres
usavam disfarces, escassos, transparentes, que escorregavam por
seus ombros sob os dedos ousados dos cavalheiros. Jack organizara
o baile de máscaras para os amigos e para aquelas mulheres.
Mulheres que não deveria invejar.
Não devia estar ali. Devia estar na casa da viúva, a cerca de 400
metros de distância, onde Eliza bebera whiskey no jantar e agora
ressonava confortavelmente junto à lareira da sala
― Não posso dançar essa noite ― ela disse com mais pesar do
que se lembrava de ter sentido alguma vez.
― Não pode? Ou não vai dançar comigo?
Sua língua moldou as palavras decadentemente, como se as
sílabas tivessem nascido para beijar seus lábios e provocá-la com o
que não poderia ter.
― Se eu pudesse, só o faria contigo.
Ele parecia estudar seu rosto: os olhos muito grandes, o nariz
pequeno, a boca muito larga, as sobrancelhas manchadas e as
bochechas redondas demais. Conhecia as próprias falhas e, no
entanto, ele parecia gostar de estudá-las.
― Qual seu nome?
― Não tenho. ― Pelo menos um nome que pudesse dizer a um
desconhecido com olhos de elfo e barba de pirata.
Ele sorriu, e foi simplesmente uma revelação de prazer que fez
seu coração bater forte no peito.
― Vou chamá-la de Bela ― disse ele, em seguida, franziu a testa.
― Mas já deve ter ouvido isso antes.
― Então, suponho que devo chamá-lo de Fera ― ela respondeu.
Gostou da tensão em seu ventre que ele causou com o sorriso
apenas.
― Pelo que estou pensando agora, deveria ― disse ele muito a
sério.
― O que está pensando agora?
― Que seus lábios são perfeitos.
Ela não conseguiu controlar esses lábios: estremeceram, sorriram,
desconfiaram.
― Os homens já te disseram isso antes ― disse ele.
Ninguém jamais olhou para sua boca, exceto para atacá-la quando
ela falava errado.
― Por que se importa com o que os outros homens me disseram?
― Porque desejo ser o primeiro, o mais eloquente e original. No
entanto, não posso ser isso. E então eu falo antes que a batalha
comece.
― Batalha?
― Por sua atenção.
― Tem minha atenção. Inteiramente. Isso parece óbvio para mim.
― Ela tentou não sorrir. ― Talvez esteja lento de raciocínio.
― Sem dúvida ― ele murmurou e abruptamente parecia mais
perto, mais alto, maior. Ela podia sentir seu perfume, um cheiro de
couro aquecido pelo sol e bergamota que ela podia alcançar e
comer. ― Eu gostaria de beijá-la ― disse ele.
A explosão de excitação em seu ventre sufocou sua respiração.
― Eu devo ir — ela sussurrou. Mas não foi. Isso era errado,
perverso, desleal de muitas maneiras. Mas seus pés não a
obedeciam. Ela queria ficar. Queria respirá-lo cada vez mais e tê-lo
mais perto.
Seus olhos brilhavam com a luz das velas.
― Não foi convidada para esta festa. Não é?
― Não.
― É uma serva nesta casa?
Estava na ponta de sua língua declarar: “Sim”! E deixá-lo continuar
olhando para sua boca e dizendo coisas ultrajantes. Mas algo em
seus olhos lhe dizia que ele saberia se ela mentisse.
― Tenho que ir. ― Desta vez ela foi correndo pela a escuridão.
Passou rapidamente pelo corredor estreito, com os sapatinhos finos
tocando silenciosamente o soalho de madeira, contando os passos
na escuridão total até à saída. Tinha se escondido naquelas paredes
muitas vezes, de Jack, Arthur e Ben, espiando-os, ansiando estar do
outro lado, ansiando ser bem-vinda às suas brincadeiras. Muitas
vezes subia em cantos sombrios para estar perto deles sem revelar a
sua presença. Sempre que a descobriam, fugiam. Os meninos são
sempre meninos, dissera sua ama, ao que ela respondera que, se
assim fosse, então os meninos magoavam.
Os passos da bota do estranho soaram atrás dela no corredor.
― Não vá. Eu imploro ― ele disse na escuridão.
Ela obedeceu e ele se aproximou num instante.
― O que esperava conseguir ao entrar naquela sala? ― perguntou
ele, parecendo estar perto. Ouvia o som dos seus ombros roçando
as paredes, como se o seu corpo preenchesse todos os espaços
vazios no corredor e dentro dela. Sua cabeça girou.
― Eu queria vê-lo. Eu... ― Ela não podia mentir, mas sabia que
seria uma idiota ao revelar algo sobre si mesma. ― Não preciso te
contar.
― Foi proibida de participar ― disse ele com certeza. ― Não é de
admirar.
― Não é de admirar?
― Lobos rondam este lugar esta noite. E é um cordeirinho.
Ela não se sentia como um cordeiro. Se sentia como Jezebel.
― Dificilmente. Acabei de fazer dezoito anos ― ela respondeu.
― Ah. Uma verdadeira idosa.
Ela gostou da provocação. Gostou que ele quisesse provocá-la,
que a seguisse, e que agora estivesse perto demais.
― Sua língua é deliciosamente nobre, senhor. Sinto-me muito
grata. ― O ar pareceu mudar, soltar-se.
― Não posso vê-la. ― Seu tom de conhaque aquecido estava
mais suave agora. ― Acabou de fazer uma reverência?
― Claro. Esse elogio foi merecedor.
― Elogio?
Ela riu.
― Me chamou de idosa?
― Chamei?
― Sim, o fez.
― Não, eu não poderia. Esse deve ter sido outro sujeito que está
nesta fenda escura conosco. O grosseiro. Mas não se preocupe. Irei
despachá-lo quando terminarmos aqui.
― Quando terminarmos? ― Não tão cedo.
― Porque parou quando pedi?
― Não pediu. Implorou. Senti pena.
Abruptamente a tensão voltou, o ar zumbindo numa intensidade
delirante.
― Sabe que pode estar em perigo aqui comigo? ― Ele disse pelo
menos vários tons abaixo.
― Se eu estivesse em perigo contigo, não estaria agora se
colocando em risco uma vez que me avisou?
Ele parecia ainda mais perto ― seu calor e cheiro, seus olhos que
não podiam vê-la, e sua boca da qual ela queria beber seus beijos.
― Talvez eu ainda a coloque em perigo. ― Ele falou com uma
aspereza que deslizou para dentro dela.
― Não o fará ― disse ela, seus dedos se juntando em suas saias.
― Como pode saber?
― Porque eu o quero. E eu poderia ser feliz por, pelo menos uma
vez, tendo um desejo realizado.
― As jovens como... ― Ele pareceu hesitar. ― Jovens que
brincam com o perigo assim, se magoam.
― E se eu não estiver brincando? ― Ela mal podia respirar.
Ele não disse nada e o silêncio os envolveu.
― Me pergunto o que poderia querer ― ele finalmente disse. ―
Estava espionando o salão de baile?
― Sim.
― Quem é o homem de sorte?
― E se eu pretendesse apenas espiar através dessa brecha na
porta? ― Só na primeira noite. Na primeira noite tinha sido mera
curiosidade. ― E se eu estivesse assistindo tudo decepcionada e
com um tédio cada vez maior, à beira de abandonar a minha vigília
em favor do livro em minha mesa de cabeceira?
― Tédio?
― Só porque eu nunca vira a libertinagem não significa que não
saiba nada sobre ela. ― Ele não precisava saber que na primeira
noite ela ficou um pouco irritada assistindo à festa de Jack, ansiosa
para voltar à casa da viúva e à companhia familiar de Eliza.
Ele riu.
― Então, o que, oh jovem entediada, te impediu de voltar ao seu
livro?
― Eu o vi. ― E sensações dentro dela que desconhecia ou nunca
imaginara poder sentir.
Perversas.
Devassas.
― Agora, vou beijá-la ― disse ele com um pouco de urgência ― e
se amaldiçoado por isso.
― Porquê? É pecado beijar uma mulher?
― Uma mulher, normalmente não. Uma jovem, sim.
― Então finja que sou apenas uma mulher essa noite. ― Ela falou
em uma corda bamba.
― E amanhã?
― Amanhã... ― ela ficou na ponta dos pés, inclinou o queixo para
cima e se inclinou para o calor dele. Ela aproveitaria esse delírio
apenas por um momento, um momento proibido que parecia a coisa
mais honesta que já fizera. ― Rezarei por nós dois.
Pensou que ele iria beijá-la. Alguns dos outros homens tinham
avançado nas mulheres fáceis e beijaram-nas nos lábios sem sequer
perguntar. Em vez disso, sentiu o mais breve roçar do braço dele
contra o dela, o calor da mão dele momentaneamente perto do seu
rosto.
Então uma pontada de dor.
Ela empurrou a cabeça para frente.
― Ai! ― A meia-máscara caiu do seu rosto e ela estava nua, seu
rosto totalmente revelado. Mas na escuridão ele certamente não
poderia vê-la.
― Perdoe-me ― disse ele, não particularmente arrependido.
― Puxou meu cabelo. ― A felicidade borbulhou nela. ― Poderia
ter perguntado, sabe.
― Precisa de volts?
― A máscara ou meu cabelo?
― Se fosse minha, eu compraria pentes incrustados com
diamantes para enfeitar seu cabelo. ― As palavras acariciaram-na.
― Tem como pagar diamantes?
― Hummm... Não.
― Pentes?
― Não.
― Flores silvestres, então.
― Flores silvestres?
― Adorne meu cabelo com flores silvestres e dançaremos no
prado. Como uma donzela feérica. ― Com seu príncipe. ― Gostaria
disso?
― Acredito que bastante. ― Ela o ouviu respirar profundamente.
Nunca tinha escutado outra pessoa respirando antes, não assim, na
escuridão, ouvindo tão intensamente, por não poder vê-lo. Era
deliciosamente íntimo.
― Acho que gostaria de me demorar por um momento nesta cena
imaginária no prado ― disse ele.
― Gostaria?
― Mas preciso de mais detalhes. Por exemplo, o que usará para
esse desempenho?
― Não será uma performance. Pelo contrário, será uma
celebração da liberdade.
― Liberdade de quê?
― De tudo. ― Da solidão. ― Então provavelmente usarei algo
surpreendentemente indecente. Branco. Puro. Atrevo-me a dizer que
conhece esse gênero de coisas.
― Estou começando a entender como a cena no salão de baile a
entediava. Quem é? ― Ela tinha ido longe demais. Sabia disso. Se
divertia com isso.
― Apenas uma jovem, como bem disse. ― Ela tentou soar
confiante. ― Uma que quer que o seu primeiro beijo seja contigo.
― Estou feliz em ajudá-la nisso.
Ainda, assim, ele não a beijou. Em vez disso, a mão dele se
fechou ao redor do seu ombro e ela inalou bruscamente. Seu toque
era quente e forte através do tecido do vestido. Então, um único
dedo viajou lentamente para o vale na base de seu pescoço. Um
estremecimento percorreu-a.
― Oh. ― Ela sofria, querendo mais desse toque no poço profundo
de um desejo que ela mal reconhecia.
― Diga-me para parar ― disse ele como o estrondo de uma
tempestade.
― Nenhum homem jamais... eu nunca fui tocada. ― Ela estava se
revelando, a ingênua inocente que poderia ser facilmente seduzida.
Mas era tarde demais. Com poucas palavras e uma única carícia, ele
já a seduzira. Era a maior devassa viva. ― Não posso acreditar que
isso está acontecendo comigo ― ela sussurrou.
― Nesse caso estamos unidos na descrença. ― Ele estava perto,
tão perto.
Seus lábios roçaram os dela e o céu desceu. O amanhecer
rompeu a aurora. Choviam estrelas. Dos lábios aos joelhos, ela
acordou com uma explosão de excitação e formigamento.
― Céus ― ela murmurou, agarrando-se a ele na escuridão.
Seus lábios eram macios, seus braços duros enquanto ela
apertava seus dedos ao redor deles ― masculinos, estranhos e
excitantes. E muito rapidamente tudo o que ela queria era mais. Mais
lábios macios e braços duros, mais respirações se misturando, mais
desse jovem nas suas mãos e na sua boca. Este homem, cuja mão
segurou seu rosto e pressionou sua boca contra a dele, cujos lábios
ficaram firmes e com um gosto bom. Ela o provou. Não sabia que um
homem tinha um sabor. Ou texturas, macias e firmes, ásperas e
suaves simultaneamente. Nunca tinha conhecido a carícia da
respiração de outra pessoa em sua bochecha.
Tinha perdido muito.
Subindo por seus braços que eram maravilhosamente musculosos,
seus dedos apertaram seus ombros. A lã lisa do casaco era tão
desconhecida contra suas mãos, era tão estranho as pontas dos
dedos acariciando as pontas de seus cabelos, tão estranho, delicioso
e inebriante e ela queria mais.
Apertou mais os lábios contra os dele, mas não era suficiente. Ela
ainda queria mais, muito mais. Algo estava faltando... Algo seria
melhor se...
Ela abriu a boca.
E sentiu tudo. E entendeu porque os homens e as mulheres fáceis
na festa se abraçavam como faziam ― porque não havia nada
melhor do que isso ― porque para ela nunca seria o suficiente.
Emitiu sons, ruídos vindos da sua garganta, sem querer, que
irrompiam na respiração que ele lhe roubava com os seus beijos.
Não parecia se importar. As mãos dele envolveram seu rosto,
puxaram-na para ele e ela ficou na ponta dos pés enquanto suas
bocas se fundiram, dando e tomando, misturando e derretendo, e
mais quente a cada momento. Toda ela estava quente, a sua
garganta e coxas e em toda parte. O poder de seus braços sob as
palmas das suas mãos a deixavam selvagem por dentro. Podia
comê-lo, saboreá-lo e procurá-lo assim, mais profundo a cada
respiração, mais desesperada para ter, possuir. Tudo dele. Sentiu a
ponta da língua dele tocar o contorno de seus lábios e gemeu em
voz alta.
― Diga-me para parar ― disse ele duramente. ― Afaste-me para
longe.
― Eu não posso. ― Seus lábios procuraram os dele novamente,
exigindo seus beijos. ― Deve se afastar por si mesmo. Pois acho
que não posso fazê-lo.
Ele não se afastou. Ele segurou-a nas mãos e o universo se tornou
ele ― a boca, o calor, a língua dele acariciando seus lábios, seus
dentes, sua língua. Ela choramingou, agarrou seus ombros e o
deixou entrar nela.
E então se separaram, ele estava afastando-a, e ficou sozinha na
escuridão com os lábios húmidos, respirações frenéticas e mãos
vazias.
― Tenho que ir ― disse ele com firmeza.
― Eu sei ― ela exclamou. ― Eu sei. Poderia...?
― Poderei...? ― Ele soou estranhamente sufocado.
― Se arrependerá?
― Por beijá-la?
― Por me deixar? ― Ela disse um pouco desesperada.
― Sim. Então, talvez devesse se afastar de mim de uma vez.
― Se sugere isso, porque acredita que não me arrependerei
também, está enganado, senhor. — Ela o ouviu se mexer e o som de
sua respiração tensa.
― Já estamos tendo nosso primeiro desentendimento ― disse ele.
― Esse é um sinal ruim, sabe. Claramente estamos condenados
desde o início. Provavelmente o melhor será acabar com isso.
Ela riu.
― Tudo bem. Embora eu achasse que poderíamos permitir mais
dez segundos.
― A isso?
― A isto.
― Isto? De pé, às cegas? Sem nos tocarmos? Eu não sobreviveria
até dez segundos.
Ele parecia ter certeza.
― Como sabe disso?
― Tenho a sabedoria da idade e da experiência para me guiar.
Oh. Oh.
― Experiência ― ela murmurou, a alegria se esvaindo. ― Com
mulheres, suponho. ― Claro. Ela era imensamente tola.
― Digo-lhe agora ― disse ele, numa nova voz ― com total
honestidade e sinceridade, sem nada de esperança neste momento
além de ser ouvido: nesta escuridão completa seu rosto está mais
claramente gravado em minha memória do que de todas as outras
mulheres que conheci.
Ele era imensamente bobo também, parecia. E perfeito.
― Metade do meu rosto. ― Ela sorriu.
― Com certeza. ― Sua voz sorriu de volta para ela. ― E seus
olhos.
Ela mordeu o lábio. O sabor era cru. ― Não pode ser verdade que
veja meu rosto e nenhum outro agora.
― Eu lhe digo que é a verdade, por Deus.
Um pequeno raio de esperança a iluminou por dentro.
― Mesmo?
― Vá ― ele rosnou como a fera que ela o nominara. ― Agora. Vá.
Ela deveria ir. Pensou que talvez ele estivesse tentando ser bom.
Tentando impedi-los de se beijarem novamente.
Beijarem mais. Beijarem demais.
Ela nunca quis ir.
― Tudo bem. ― Tocando as paredes de ambos os lados, ela
recuou. ― Boa noite, senhor. ― Então teve que se virar, porque a
dor dentro dela não era mais prazerosa.
Na escuridão, ele encontrou seu pulso. Pegou, levantou e o beijou.
Ela suspirou.
Ele beijou a palma da sua mão, as pontas dos seus dedos, e ela
não conseguia respirar, mal podia ficar de pé sobre os joelhos que
tinham se transformado em geleia. Sensações fortes, quentes e
maravilhosas a dominaram.
Ele abriu a mão, permitindo que se libertasse. Fez com que seus
pés se movessem, obrigou-se a afastar a mão, passando os dedos
por aquela palma calejada até não a sentir mais.
― Boa noite ― ele disse.
Então estava sozinha novamente, caminhando rapidamente pela
escuridão. Sozinha com um segredo e um batimento cardíaco
dolorosamente rápido e uma nova dor de perda na garganta e no
peito que, em todos os seus dezoito anos de solidão, ela nunca
imaginara ser possível.
Avançando pelas sombras, saiu da casa grande e depois andou os
quatrocentos metros ao longo do caminho arborizado até a casa da
viúva. A lua brilhava, seus lábios pareciam especialmente macios, e
sabia que deveria se sentir culpada, mas não se sentia.
Mais tarde em sua cama, o sono não chegou facilmente. Ele
estava lá agora, na casa grande. Ela conhecia todos os quartos em
Fellsbourne. Poderia encontrá-lo hoje à noite. Ir até ele. Se ela
ousasse.
E fazer o quê? Não era daquelas jovens. Era muitas coisas
terríveis. Mas não era assim.
Não tinha certeza o que era ser uma daquelas jovens, de qualquer
forma.
Quando a manhã chegou, se levantou antes do amanhecer, com
os olhos turvos e fraca. Armada com seu arco, selou Elfhame e foi
para a floresta. Eliza queria ensopado de lebre e estas eram
abundantes nos limites da floresta. Ela conhecia bem os hábitos dos
homens que compareciam às festas de Jack. Ninguém deixaria a
casa grande antes do meio dia. Hoje não seria descoberta.
Quando chegou ao bosque, desmontou e prendeu o cavalo a uma
árvore. Através das névoas que se erguiam da terra em nuvens
suaves, rapidamente viu sua presa. À beira das árvores, comia
trevos. Ela parou e observou.
Criatura inocente. Não tinha ideia de que poderia ser comido no
jantar.
Retirando uma flecha da aljava em suas costas e definindo sua
postura com o silêncio nascido da prática de anos, levantou o arco e
encaixou a flecha. Localizando seu alvo, puxou a corda do arco.
Um graveto estalou por perto. As orelhas da lebre ergueram. De
repente, entrou na vegetação rasteira. Ela saltou para frente, mas já
era tarde demais. O sábio animalzinho afinal se deu conta,
reconhecendo o perigo e reagiu rapidamente.
Soltando uma respiração frustrada, ela se virou para o arruinador
de sua caçada. E cada partícula de seu corpo, privado de sono,
voltou à vida.
Na madrugada enevoada, ele parecia ainda mais um príncipe
élfico do que à luz de velas, com os olhos prateados e fixos nela com
grande intensidade. Não apenas um príncipe. Um guerreiro. Ele
usava o mesmo casaco da noite anterior, um pouco enrugado agora,
e seu cabelo dourado estava despenteado. A espada ao seu lado
parecia tão assustadora e sua postura tão poderosa e certa, que
parecia ao mesmo tempo o homem mais comum e o deus mais
extraordinário.
― Não era um sonho ― ele disse ― ridícula e maravilhosamente.
― Não sou um sonho ― ela respondeu, sorrindo, e sabia que
seria a coisa mais simples do mundo fingir agora que não estava em
perigo.
Capítulo 1
A Vida no Campo
22 de fevereiro de 1822
Pardal,
Peregrino
28 de fevereiro de 1822
Querido Peregrino,
Espadachim
Março de 1822
Estalagem Sheep Heid
Duddingston, perto de Edimburgo, na Escócia
Castelo Read
Casa do Duque de Read
Midlothian, Escócia
O Suborno
Imprevisível e Invencível
Um Argumento
Com carinho,
Constance.
Lady Justiça
Brittle & Sons, Tipografia- Londres
Sempre seu,
Peregrino
Secretário, do Clube Falcão
—Lady Justiça
Capítulo 6
A Condição
Os Termos Mudam
A Sombrinha Rosa
O Ludibriado
Lady justiça
Brittle & Sons, Tipografia– Londres
Queridíssima Lady,
—Lady Justiça
Capítulo 12
Quebradas As Regras
O Duque
Um Presente
Eles voltaram para a casa sem pressa. Apesar do frio, ela não
tinha vontade de se apressar e ele acompanhou seu ritmo como um
cavalheiro. Ao longo do caminho, cumprimentaram pessoas que
haviam comparecido à festa do Duque na noite anterior. Todos
apenas insinuavam sobre a moça encontrada no lago, como se falar
abertamente na rua não fosse adequado.
Quando caminhavam novamente sozinhos, Saint disse: ― Uma
moça foi encontrada?
― Um corpo.
Seu olhar virou para ela.
Ela assentiu. ― Encontrado no mesmo lugar onde as duas moças
desaparecidas foram vistas pela última vez, no lago perto da casa do
Duque de Loch Irvine.
― E o símbolo de Haiknayes?
― No casaco dela.
― A polícia foi informada, eu presumo.
― De tudo que valha a pena.
― Acredita que Loch Irvine fez isso?
― Ele mantém uma coleção de ossos humanos em sua casa.
― O homem que cuidou do meu cavalo em Plymouth vendia
bonecos de espigas de milho. Isso não significa que ele era um
fazendeiro de milho. E que evidências, igualmente reais, pode usar
contra meu primo?
― Nada além de circunstancial ― ela admitiu. ― Procurei por ele
quando voltei para a festa. Não o vi até entrarmos na carruagem. Ele
disse aonde foi durante a festa?
― Não o vi hoje. Falarei com ele.
― Talvez não deva.
― Para que possa continuar a investigá-lo sem o conhecimento
dele? Não. Não vou ajudá-la nisso. Constance, ele é inocente desses
crimes.
― Como pode saber disso?
― Porque eu o conheço.
Ele dissera que também que a conhecia. Mas não conhecia. Eles
tinham chegado em casa e ela subiu rapidamente os degraus até a
porta.
― Espere ― ele ordenou com voz baixa. ― Porque agora?
Porque setembro, dezembro e agora?
― O que quer dizer?
― Que outro motivo poderia haver para o sumiço dessas moças
nessas datas, que provar a coincidência da presença de Dylan aqui
nesses momentos?
― Eu não sei. Pensarei nisso.
― Faça isso. ― Ele se afastou.
Ela não perguntou onde ele estava indo, ou se iria ensiná-la hoje.
Ela já tinha tido mais dele do que poderia suportar. Quanto mais
tinha, mais queria.
Saint encontrou seu primo num pub na Rose Street, onde tinham
bebido uma cerveja dias antes.
― Sabe ― disse Dylan. — Aqueles mestres de esgrima do século
passado, os franceses, quero dizer, metade deles mulatos, é claro -
se casaram de maneira impressionante. Os que casaram, quero
dizer. ― Sua língua arrastou todas as outras palavras. ― Alguns
acabaram na guilhotina antes de terem a chance de amarrarem o
velho nó. Pobres idiotas, leais a Louis e tudo mais. Seria de se
esperar que soubessem melhor. Mas que política complicada, não?
― Do que está falando?
― Seu casamento. Matrimônio. Esponsal.
― Está bêbado. ― Às duas horas da tarde. Dylan não havia
bebido assim desde que pararam a caminho de Edimburgo, naquela
pousada em Duddingston.
― Estou. ― Dylan acenou com a mão desleixadamente. ― Mas
isso não é nem aqui nem ali no que diz respeito ao seu cortejo com a
belíssima Lady Constance Read.
― Não a estou cortejando.
― É claro que está, saiba disso ou não. Ela está se deixando levar
contigo. Inteiramente. Maldito seja, meu rapaz. ― Ele tomou metade
do copo de cerveja. ― Ao contrário de que algumas moças estão
com alguns homens.
Saint observou o rosto de seu primo. A mandíbula de Dylan estava
folgada, os olhos vidrados.
― A Srta. Edwards?
Dylan baixou a cabeça. ― Deixou-me duro e seco. Ela deveria me
encontrar na festa, sozinha, em segredo. Sei que não é uma coisa
honrosa de dizer. ― Ele virou o rosto e sua testa estava amassada.
― Eu não teria ultrapassado os limites. Ela é uma dama. Só queria
fazer um plano de ataque com ela.
― Ela não apareceu?
Ele balançou a cabeça para trás e para frente.
― Fiquei no frio três quartos de hora esperando por ela.
― Onde?
― No estábulo. ― Ele encolheu os ombros. ― Me tranquei por
fora da casa. Tive que dar a volta pela frente. Ela não estava lá
dentro também. ― O queixo dele ficou apertado. ― Lorian fora
embora também. Foi ele quem planejou o encon... ― Ele engoliu em
seco. ― O encontro comigo. Com ela. Até me disse onde encontrar a
chave para passar por uma porta trancada. Eu pensei que ele estava
me ajudando. Mentiroso, filho de um... ― Ele murmurou.
― Acredita que Sir Lorian saiu com a senhorita Edwards na noite
passada?
― Não sei como ele poderia ter feito isso. Seus pais estavam lá.
― Dylan, há algumas pessoas que acreditam que o
desaparecimento das duas moças e a jovem encontrada ontem à
noite estão ligadas ao Duque de Loch Irvine e seus amigos.
A cabeça de Dylan ergueu abruptamente, havia angústia em seus
olhos.
― É isso que não queria me dizer na outra noite? ― Disse Saint.
― Que o clube do Duque é responsável pelo desaparecimento
dessas moças e que de alguma forma sabe disso?
― Santo Deus, Saint. Eu não... isto é, eu vou... Oh, inferno... ―
Ele segurou sua cabeça com as mãos.
― É um membro do clube, Dylan?
Seus olhos arregalaram ainda mais. ― Eu não sou! Por quem me
toma?
― Não por um assassino.
― Então por que esse interrogatório? Estou bêbado como um
imperador, com o coração partido e em pedaços, só querendo ver
meu anjo novamente, e está me perguntando se me tornei membro
de uma sociedade de adoradores do diabo? Bem, maldito seja. ― A
dor cobriu seu rosto. ― Eu também posso perguntar se voltou para a
hospedaria em Duddingston na outra noite e acabou com a filha
atrevida daquele vigário que tentou brincar contigo?
― O quê?
A boca de Dylan abriu. ― Não sabe sobre Annie Favor?
― Saber o que dela?
― Bom Deus, Saint. Annie é a terceira jovem. Ela é a que
encontraram no lago ontem à noite.
Capítulo 16
Votos
Lady Justiça
Brittle & Sons, Tipografia
Querida Lady,
O que mais, gentil Lady, pode esperar que um homem lhe dê?
Em sofredor afeto,
Peregrino,
Secretário do Clube Falcão
—Lady Justiça
Capítulo 18
A Oferta
Depois de sua viagem, ela o viu pela primeira vez do lado oposto
da igreja. Um corredor vazio se estendia entre eles, pavimentado
com pedra fria sob seus sapatos de seda. Suas mãos estavam
úmidas ao redor do buquê de rosas.
Eram rosas brancas. Naquela manhã, seu prometido as tinha
enviado do hotel em que ele e Lorde Michaels tinham alugado
quartos quando retornaram a Edimburgo. Ele as enviou sem uma
nota, apenas seu nome. O nome que em breve seria dela.
Seu estômago doía. Sua boca estava seca. Mas entre os vestidos
coloridos, gorros, chapéus e casacos dos convidados lotando a
igreja, ela viu apenas seu leve sorriso enquanto a observava
caminhar na direção dele.
A cerimônia foi rápida, sua voz forte enquanto ele declarava seus
votos, e o toque de suas mãos quando deslizou o anel em seu dedo,
caloroso, mas com breve. Quando acabou, olhou nos olhos
transcendentais de seu marido e lágrimas se juntaram em sua
garganta. Ela engoliu de volta e sorriu.
Na porta da igreja, ele entrelaçou seus dedos aos dela e segurou-a
com força enquanto caminhavam entre os simpatizantes jogando
arroz. Não falou com ela, nem ela com ele.
Ela nunca imaginou que seu pai concordaria com seu ultimato.
Quando Saint partiu para Londres, achou que seu pai cancelaria a
barganha e ameaçaria seu instrutor de esgrima de que o baniria para
sempre. Nunca esperou vê-lo novamente. Entrou em sua própria
festa de casamento confusa.
Parecia à vontade entre seus convidados, aos quais mal conhecia.
Ele raramente estava à vontade, exceto quando a segurava.
― Bem, Con, é uma noiva tão deslumbrante quanto eu sempre
soube que seria. ― Com os olhos cinza prateados avaliadores, seu
amigo Wyn Yale estudava seu rosto. Ele tinha um grande apreço
pela farsa, e suspeitava que ele entendia que esta casa agora cheia
de curiosos, fofoqueiros e muito poucos amigos verdadeiros, era
precisamente isso.
― Obrigada, querido ― ela respondeu. ― Estou bem, não estou?
― Assim como seu noivo ― disse a esposa de Leam, Kitty, e
olhou para Saint do outro lado da sala. ― É óbvio para mim porque o
escolheu. Apesar de seus nervos...
― Ela não tem nervos ― Wyn interveio ― e sim, ambrosia
correndo em suas veias.
― Apesar de seus nervos hoje ― Kitty continuou ― os dois
parecem perfeitamente naturais juntos. E realmente, Constance, ele
é positivamente... bem... Não posso dizer isso com Wyn e Leam
ouvindo.
Seu marido grunhiu. ― É a espada.
― Damas gostam de uma bela arma dura ― Wyn murmurou.
― Wyn. ― Kitty riu. ― Está fazendo a noiva corar.
Ele a olhou. ― Eu estou, Con?
Constance não conseguiu controlar um sorriso. ― Não. Mas
obrigada, Kitty.
― Ainda assim ― Kitty disse ― me surpreende que seu pai tenha
permitido isso.
― Culpa ― Leam rosnou. ― Ele tem sobrecarregado a todos nós
por anos. Não poderia negar-lhe isso agora.
― Não é culpa ― disse o Visconde Gray, entrando no grupo. ―
Seu tio, Blackwood, nunca faz nada sem uma estratégia
cuidadosamente planejada. Deveria saber disso. Tem alguma ideia
de qual é a estratégia dele desta vez, Constance? ― Com os olhos
sombrios e alto, com um ar natural de autoridade temperado pela
seriedade, ele não demonstrou nenhum arrependimento pelo
segredo que escondera de todos durante anos.
― Acredito que sim, Colin ― disse ela. ― Mas não vou
compartilhar isso contigo. O que sente quando as mesas estão
trocadas?
Uma covinha rasa apareceu em sua bochecha. ― É mesmo filha
do seu pai, quer goste ou não.
― Estamos todos marcados com o selo de nossos pais. ― Lady
Emily Vale apareceu com sua melhor amiga Kitty ao lado, e falava
diretamente para o Visconde. ― É a maneira como deixamos de lado
essas marcas que nos definem.
Os olhos de Colin assumiram um brilho que Constance nunca
tinha visto antes.
― É isso, então? ― Ele disse.
― É verdade, é claro ― Emily acrescentou ― que alguns preferem
abraçar os erros dos pais em vez de corrigi-los.
A resposta de Colin foi o pulsar de um músculo em sua mandíbula.
― Agora, aqui está algo que eu nunca pensei ver. ― Wyn olhou de
Emily para Colin. ― Um homem que ela gosta menos que eu.
Parabéns, Gray. Eu o enalteço por esta conquista. O que fez para
irritá-la? Não é do tipo provocador, afinal.
― Não é? ― Emily disse com óbvia surpresa.
― Não há dezoito anos, pelo menos ― Colin respondeu e virou-se
para Constance. ― Felicitações, milady. ― Ele se curvou sobre a
mão dela. ― Desejo-lhe felicidades.
― Não o perdoo, sabe.
― Perdoará. ― Com um aceno para os outros, ele partiu.
Wyn virou-se completamente para Emily.
― Diga, milady. Nomes, datas, lugares, qualquer coisa necessária
para que eu entenda o motivo de seu desdém pelo inestimável Lorde
Grey. Quero anotar tudo e comparar à minha lista de deficiências, e
depois corrigi-la.
― Pare, Wyn ― disse Kitty. ― Pocahontas não precisa se explicar
para ninguém.
― Pelo menos ficou claro que ela não precisa explicar isso ao
nosso temível Visconde. Ele parece estar a par. E é Pocahontas que
está usando agora? Encantador.
― É uma verruga no pé da humanidade, Wyn ― Emily disse. ―
Não sei como Diantha o aguenta.
Ele sorriu. ― Atualmente, através da criação de contas diárias...
― Não a culpo, nem um pouco.
― Devido a meu filho que ela está carregando.
― Parece que ela tem menos inteligência do que eu pensava.
― Os dois brigam como irmãos —Kitty disse com um sorriso
carinhoso e enfiou a mão na de Constance. ― Constance, foi uma
deliciosa noite. E gostei muito do Dr. Shaw e da Libby. Eu gostaria de
permanecer mais tempo e conhecer melhor seu marido também.
Mas precisam de um tempo sozinhos e devemos voltar para casa e
para as crianças amanhã.
Um lacaio oferecia champanhe. Constance recusou. Sua cabeça
estava leve o suficiente sem ajuda.
― Espero que todos nós possamos nos encontrar neste outono,
quando Jinan e Viola retornarem do exterior ― ela disse. ― Eu
adoro ter Jamie no castelo em fevereiro.
― Aye ― disse Leam. ― A isca que trouxe o espadachim para a
Escócia, com minha ajuda involuntária. — Junto com Ben Doreé, ele
era o mais próximo de um irmão que ela tinha, e agora a olhava
sombriamente. ― Constance, tome cuidado. Meu tio está fazendo
algum jogo secreto. Não quero vê-la ferida.
― Não se preocupe, querido. Tenho certeza de que não tenho
nada a temer.
Exceto sua própria noite de núpcias.
A Confissão
Crème de la Crème
A Verdade
Um Convite
Senhor e Lady
Reeve
O Duelo
O Mestre
Lady justiça
Brittle & Sons, Tipografia
Querida Lady,
—Lady Justiça
Lady justiça
Brittle & Sons, Tipografia
Querida Lady,
Com esperança
Peregrino
Secretário do Clube Falcão
—Lady Justiça
Capítulo 28
Um Banho
Como certa vez fizera atrás de uma porta oculta num canto, agora
Constance espiava, sem ser vista, um salão de baile.
― Rapiers? ― Saint estava no meio da sala, com a testa franzida.
― E um o quê?
― Um gibão, é claro. ― Lorde Michaels brandiu sua espada com
um movimento dramático de seu braço. ― Traje shakespeariano,
não sabia? Mas eu me recuso a usar meia-calça com uma braguilha.
Tristemente desconfortáveis, aquelas, o quê?
Saint colocou a ponta da espada no chão. ― Uma braguilha. ―
Ele pareceu desconcertado.
― A Sra. Josephs insiste, moça atrevida. Mas defendi a minha
masculinidade. ― O Barão atacou dramaticamente uma Eliza
imaginária.
― É uma festa a fantasia, milorde ― disse Constance, finalmente
entrando no salão de baile, com os braços carregados de tecidos. ―
Não é uma competição.
― Tudo é uma competição, minha querida dama, quando a...
braguilha de um sujeito está em questão.
― Lembre-se, primo ― disse Saint, olhando para ela ― de
observar sua linguagem quando fala com minha esposa.
— Pura bobagem. ― O Barão estendeu sua espada e caminhou
até ela. Agarrando um chapéu de plumas do volume em seus braços,
fez uma reverência. ― Perdoe minha vulgaridade, madame.
Ela pegou o chapéu e o colocou na cabeça dele. ― Será um
cavalheiro arrojado, milorde. Agora vá, seja útil e diga aos lacaios
onde colocar as decorações.
― Sim, mãe. ― Com um sorriso alegre para Saint, ele saiu.
Eles se encontraram no meio do caminho.
― Eu trouxe sua fantasia para esta noite ― ela disse.
― Que não seja tudo isso, eu espero.
― A sua está no topo. O resto é meu vestido. Seu primo está de
tão bom humor. Ele ainda tem esperança.
― Não quer desapontá-lo, não é? ― Ele disse.
― Temos que ter sucesso.
― Porque fantasias, Constance?
― Vestindo fantasias, as pessoas se comportam como não
deveriam. ― Ela tinha se comportado assim uma vez, afinal de
contas. Com ele.
― Eles fazem isso no santuário também, parece.
― Mas não estamos voltando para lá.
Ele tirou as roupas de seus braços e as deixou cair no chão, e a
atraiu para ele pela primeira vez desde a noite anterior, quando fizera
isso sem usar nada.
― Estou aliviado por ter chegado a essa decisão. ― Suas mãos
se espalharam ao redor de sua cintura. ― Eu não teria permitido que
comparecesse a outra reunião. Mas estava tendo dificuldades em
criar uma forma de impedi-la de ir e que não envolvesse amarrá-la.
Ela virou o rosto. ― Acaba de me fazer ter vontade de vomitar.
― Oh! É tudo que um homem quer ouvir da mulher que está
abraçando.
― Por que é intencionalmente cruel?
― Se fugir de um inimigo, ele a perseguirá até que tropece e caia,
e isso a derrotará. Se levantar e lutar, tem o poder de derrotá-lo.
Ela levantou os olhos para ele.
― Participarei da festa vestido de viking! ― exclamou Lorde
Michaels ao entrar, seguido pelo Sr. Viking carregando uma caixa
pesada. ― Ele não me permitiria levantar um dedo para carregar
uma daquelas coisas empoeiradas. Em agradecimento, estou
negociando casacos com ele. Este custou-me uma fortuna. Viking,
dê-me essa coisa agora ou sofra a ira do meu florete.
― Milorde claramente esteve bebendo whiskey hoje, milady. Não
teremos um momento de paz até depois das festividades desta noite,
tenho certeza ― disse o sr. Viking, abrindo a caixa e retirando uma
pilha de tecidos acetinados quando duas criadas entraram no
ambiente.
― Eu deveria falar com Cook. ― Constance pegou sua fantasia e
saiu.
Ouro de Pirata
Tempo
Dia de Corajoso
L
― evante-se!
Constance se virou, empurrou o cabelo do rosto e fechou os olhos
novamente.
― Só uma vez eu gostaria de acordar com meu marido ainda na
minha cama. ― Ela suspirou, sorrindo.
― Há um homem aqui insistindo em vê-la ou a seu pai
imediatamente. ― Eliza correu as cobertas e jogou um olhar para
ela. ― E eu particularmente não quero ouvir os detalhes de suas
intimidades de casada.
Os vestígios de suas intimidades sentidas eram deliciosamente
perversos em sua pele. Mas sem sangue. Nunca sangue.
― Há uma mordida de amor em seu peito!
― Uma o quê? ― Ela olhou para baixo.
― E outra no seu pescoço. Cubra-as neste instante. ― Eliza
marchou para o quarto de vestir. ― Com sua seda azul, com a gola
alta.
Constance se banhou, se vestiu e desceu até seu interlocutor. Ele
estava longe das janelas, segurando o chapéu diante dele
desconfortavelmente.
― Milady. ― Ele olhou além do ombro dela. ― Sua graça não está
recebendo?
― Meu pai está no campo. Como posso ajudá-lo?
― Meu nome é Ferguson. Eu sou um funcionário do Lorde
Advogado. Tenho notícias que ele deseja compartilhar com o Duque
antes que se torne público.
― Por favor, compartilhe comigo, Sr. Ferguson ― ela disse, como
se o mundo inteiro não estivesse girando sobre ela agora ― farei
com que meu pai saiba imediatamente.
Seus braços caíram para os lados. ― Uma forte evidência foi
levantada contra o Sr. Sterling que o coloca no local do
desaparecimento de Annie Favor. Além disso, uma arma foi
descoberta no lago onde o corpo foi encontrado. Foi comprada pelo
seu marido no dia do assassinato. O Lorde Advogado me pediu que
expressasse à Sua Graça e a senhora que ele gostaria que fosse de
outra forma, mas que amanhã, quando retornar a Edimburgo, será
obrigado a indiciar o Sr. Sterling pelo assassinato da Srta. Favor,
com um julgamento público a ser feito. Realizado assim que um juiz
possa ser determinado.
― Obrigada, Sr. Ferguson. Trasmitirei essa informação ao meu
pai. Somos gratos pela consideração do Lorde Advogado de nos
informar primeiro. ― Permitindo a tempo que o genro do Duque
desaparecesse. ― Bom dia. ― Ela o viu sair.
Lorde Michaels estava na base da escada, com o rosto austero.
― Bom Deus ― disse ele trêmulo. ― Ele não fez isso, Constance.
Deve saber que ele não fez.
― Claro que ele não fez. Ele vai, não é? Vai fugir?
― Não. Meu Deus, não. Ele vai ser julgado e insistir em sua
inocência até o momento em que eles puxem o banquinho debaixo
de seus pés. ― Ele foi até a porta. ― Vou encontrá-lo, falar com ele,
dizer para pegar aquele pacote de dinheiro que Tor deixou e comprar
uma passagem rápida para algum lugar seguro até que o verdadeiro
vilão possa ser encontrado.
― Pacote de dinheiro?
Ele se virou para ela. ― Ele não lhe contou?
Ela balançou a cabeça. ― Encontre-o rapidamente. Implore para
ele partir. Não tem muito tempo.
Ele saiu e ela foi até o salão privado. Sentando-se à escrivaninha,
ela colocou uma folha de papel diante dela e pegou o canivete. A
ponta do dedo dela traçou a lâmina. Depois, encostou-a na pena de
ganso e cortou uma ponta perfeita.
Saint passou a manhã em busca na cidade antiga, tentando
rastrear a partida de Ian MacMillan de Edimburgo, sem sucesso. Por
fim, contratou um cavaleiro, colocou uma carta em sua mão com um
guiné e instruiu-o a ir depressa ao Castelo Read, prometendo outra
moeda de ouro no seu retorno.
Ele voltou para a casa quando Aitken estava colocando dois
envelopes numa bandeja de prata.
― Senhor, estes acabaram de chegar, separadamente ― disse o
mordomo, se referindo às notas, uma que tinha apenas seu nome. ―
Devo levar este para seu quarto?
― Lerei os dois.
O primeiro era um convite para o Santuário do Mestre esta noite.
Se eles respondessem com uma aceitação ao menino que viria em
busca de sua resposta ao entardecer, seriam encontrados
novamente no moinho de pimenta.
O outro era de Miranda Hughes, escrito sem cautela. Implorava a
companhia dele para um passeio no parque o mais cedo possível.
― O pajem de Lady Hughes está lá fora, senhor, esperando por
uma resposta ― Aitken proferiu.
Saint encontrou o menino sentado na varanda. Ela não o instruiu a
guardar segredo ou mesmo sutileza. O rapaz saltou.
― Diga à sua dama que eu a esperarei no parque. ― O menino
saiu correndo. Saint olhou para as janelas acima. Então se virou e se
dirigiu ao parque.
O Sacrifício
Ela contou.
Um... dois... três...
Suas bochechas estavam molhadas onde Sir Lorian puxava o
capuz de cetim grosso de seu rosto. Seus lábios também. Seus
pulsos estavam amarrados, as palmas pressionando a pedra fria do
altar antigo.
Impotente, distante de si mesma, se perguntou o que ele fizera
com seu vestido, anágua e espartilho.
Quatro... cinco...
Ela não se importava. Mas Eliza gostava particularmente desse
vestido.
Delirante. Certamente estava delirante.
Seis... Sete...
Ele as tinha removido na carruagem. Todas as suas roupas, exceto
sua combinação. E vestiu-a com um manto. Mas ele não a tocou de
outra forma. Homem estranho. Homens. Ela nunca entenderia
completamente a raça.
Oito...
E então as tochas. E a dor.
Nove... dez...
Novamente.
Um...
A umidade em sua bochecha escoava entre seus lábios com a
chuva que batia por todo o lado, enchendo seus ouvidos com som.
Alguém estava cantando. Palavras peculiares.
A chuva tinha gosto de sal.
Dois... três... quatro...
Ela devia continuar contando. O canto estava ficando mais alto.
As nuvens de seus pensamentos escorregaram, se assentaram,
depois escorregaram de novo. Uma lufada de ar frio e encharcado de
chuva invadiu sua boca, fazendo cócegas em suas narinas.
Alguém estava atrás dela. Tocando-a. Ela voltava a ter sensação
nos lábios. Na língua. A sentir a chuva gelada. A pele gelada.
Ela abriu os olhos.
A luz da tocha dançava no altar sobre o qual ela estava deitada,
lavada pela chuva. As figuras estavam próximas, longas vestes
brancas e chuva obscurecendo-as.
― Os mortos renascem ― Sir Lorian disse atrás dela e ela o ouviu
claramente.
As luzes das tochas murmuraram em resposta.
― A terra produz novos frutos ― ele entoou quando os batimentos
cardíacos dela apunhalaram o altar sob seus seios. Os fantasmas
encapuzados responderam novamente com resmungos.
― Oferecemos graças ― declarou ele. ― Oferecemos sacrifício.
A carícia de metal frio em sua panturrilha exposta expulsou o ar
dela. Ela lutou contra o pânico.
Ele estava falando de novo, suas palavras borradas dentro de
seus ouvidos. Sua boca aberta, olhos fechados, mãos cerradas,
corpo tenso.
Cinco... seis... Sete...
Algo estava diferente de antes, diferente de quando um homem
também a havia cortado. Alguma coisa...
Seus tornozelos estavam soltos.
Ela chutou com força. Seus pés encontraram ossos.
Ela chutou de novo. Carne.
Um homem estava gemendo. Outro, gritando. A luz da tocha
vacilou e uma figura encapuzada saltou para trás. Cascos com
ferraduras bateram na terra tinindo sobre pedras.
Levantou os joelhos, torceu, empurrou um deles em direção a mão
e ouviu um estalo no ombro e o grito saindo de sua garganta. Seus
dedos estavam escorregadios no pequeno cabo de marfim que
puxara com os pés, a chuva fazendo com que se atrapalhasse. Ela o
agarrou.
Uma tocha caiu no chão.
Um metal caiu na pedra ao seu lado e sua mão estava livre da
corda, apanhando a adaga. Ela puxou o braço para trás, girando ao
redor, deferiu o golpe, longe do barulho do outro lado do altar. A luz
da tocha se movia descontroladamente pela chuva. Sir Lorian estava
dobrado na base do altar, seu rosto oval estava pálido contra a
escuridão.
Ela saltou para ele. Ele estendeu o braço e empurrou-a para longe.
Conduzindo sua força sob a defesa, ela atacou novamente. A lâmina
encontrou um alvo, desequilibrando-a. Ela ouviu um grito. Seus pés
descalços escorregaram na pedra, jogando-a sobre a borda do altar,
e ela caiu. Ela lutou, desembaraçando-se de sua túnica encharcada,
empurrando-a para longe. Ela se libertou e cambaleou para trás. Seu
cabelo era uma cortina molhada pela chuva.
No chão diante dela, Sir Lorian estava dobrado, contorcendo-se
em gritos. Quando a luz das tochas se afastou com o som dos
cascos, se perdendo na escuridão.
Braços fortes se uniram sobre ela. Ela sacudiu o pulso e
mergulhou a adaga para trás.
― Constance ― Saint rosnou, pressionando sua bochecha na
dela. ― Sou eu. Acabou. Acabou.
Ela ouviu o barulho da chuva ao seu redor e um sino de igreja
tocando muito longe.
Capítulo 35
Saint,
TS
O Pedido
Prezado senhor,
Atenciosamente,
Peregrino
Lady Justiça
Brittle & Sons, Tipografia
Querida Lady Justiça,
Com tristeza, lhe escrevo uma última vez. O Clube Falcão não
existe mais. Eu imploro, não chore por essa perda muito
amargamente. Tem outras pobres almas para atormentar e
outras causas indignas a seguir para o entretenimento de seus
leitores. Saiba, no entanto, que meus dias serão mais sombrios,
minhas noites sem sentido, sem sua correspondência para me
sustentar. Apenas, querida Lady, não me esqueça. Pois
certamente não a esquecerei.
Com admiração eterna,
Peregrino
Peregrino ex-secretário, do Clube Falcão
Peregrino
Clube Falcão14 ½ Dover Street
Prezado senhor,
—Lady Justiça
Uma nota sobre disfarces, ladinos e
espadas
Aqui está algo que eu acho realmente sexy: um homem que é
bom, gentil e emocionalmente forte, e que quer, acima de tudo, a
segurança e a felicidade de uma mulher. Coloque esse homem em
calções apertados, num cavalo, e dê-lhe uma espada, e ele é
praticamente ideal.
Desde que comecei a pensar no livro de Constance, anos atrás,
percebi que ela precisava desse tipo de herói. Então, enquanto
estava escrevendo I Loved a Rogue – Me rendi a um ladino,
descobri como Saint ajudou o herói desse livro, Taliesin, quando eles
eram jovens. (Isso aconteceu da maneira que os personagens
costumam dizer a um escritor o que escrever sobre eles e, se for
sábio, o escritor obedece.) Naquele momento, a história de amor de
Constance e Saint ficou clara para mim. Eu sabia que ele não a
salvaria matando os bandidos, ou mesmo ensinando-a a matá-los,
mas mostrando-lhe como é o amor honesto, generoso e verdadeiro.
Se quiser de ler a cena em que eu passei a conceber Saint, pode
encontrar uma cena bônus de I Loved a Rogue no meu site
www.KatharineAshe.com, como Two Rogues. Nele, Saint é um
homem muito jovem e cheio de energia, e marca o momento durante
seu hiato da guerra, quando ele volta a pegar em uma espada.
Como muitos dos meus livros, a história Constance tem um tipo de
identidade secreta. Debaixo de sua beleza, riqueza e posição está
uma jovem que só quer ser amada. As aparências muitas vezes
enganam, não é? Nunca se sabe realmente o que está por trás do
rosto que uma pessoa mostra ao mundo. No próximo livro da série
Duque do Diabo, tanto o herói quanto a heroína estão disfarçados, o
que faz algumas travessuras muito loucas (e muito sexys). O
CONDE, que será lançado em breve pela Leabhar, é estrelado por
Peregrino e sua nêmese Lady Justiça.
Sobre a palavra “rogue” (ladino): No início do século XIX, ela
carregava o significado de vagabundo com a forte implicação de um
canalha ocioso e encrenqueiro. A ordem social era extremamente
importante para os britânicos dessa época. O império estava se
expandindo rapidamente, e a enorme riqueza industrial e mercantil
acumulada pelos plebeus estava subvertendo a tradicional hierarquia
de poder que garantia que uma aristocracia hereditária
permanecesse no comando de todos os outros. Foi um tempo
tumultuado e incerto para a elite. Além disso, nos anos pós-
napoleônico, os veteranos (muitos que foram seriamente
prejudicados pela guerra) perambulavam pelo campo em busca de
serviço como trabalhadores comuns. Esses sem-teto, juntamente
com os ciganos, eram chamados de ladinos e os parlamentares
viam-nos como forças do caos numa sociedade em rápida mutação,
que tentavam desesperadamente controlar, e não gostavam deles.
Pendurado na cozinha da minha mãe durante toda a minha
infância, havia um mostrador bordado que dizia: ― Casa é onde está
o coração. ― Eu usei a palavra rogue nos títulos de meus livros que
mostram heróis que são andarilhos de um tipo ou de outro ― pirata,
espião, cigano e espadachim ― até que o ladino encontra sua casa
com a mulher que ele ama. Na tradução ficou decidido que se
colocaria Espadachim, no caso de Saint.
No que diz respeito a espadas, esgrima e esgrimista: enquanto a
maioria dos cavalheiros desta época aprendeu a esgrima em sua
juventude, esta foi relegada ao campo de batalha e ao esporte. No
início do século XIX, os cavalheiros não usavam mais espadas como
parte de suas roupas normais, e o duelo não era apenas ilegal na
Inglaterra; muitos o consideravam imoral. Se os homens fossem
apanhados duelando, as penalidades incluíam multas pesadas,
prisão e execução se um duelista matasse seu oponente. Mas as
origens do duelo veem de antes mesmo da Idade Média, e os lordes
tiveram dificuldade em abandonar esse método de resolver disputas
de honra. Como a morte por duelo não podia ser facilmente
escondida das autoridades, no entanto, a maioria dos duelos entre
cavalheiros nessa época era travada apenas como “quem primeiro
derramar sangue.” No entanto, homens de alta posição ou cargo
continuaram a matar seus oponentes em duelos, talvez porque
muitos não sofressem punição por isso, especialmente quando o
homem assassinado era de menor status social do que o vencedor.
Julgados por seus pares na Câmara dos Lordes, eles eram
perdoados pelo ato assassino como o infeliz subproduto de um
necessário ato de honra.
As leis que dificultavam significativamente a prática do duelo só
entraram em vigor na metade do século, mas então, tantos homens
da classe mercantil praticavam esgrima que os cavalheiros
aristocráticos reclamavam da democratização do duelo. Enquanto
isso, as melhorias nas armas de fogo tornavam as espadas menos
populares no campo de batalha. A esgrima desfrutou de um surto de
popularidade na Inglaterra, no final do século XIX, com os
nostálgicos especialistas encorajando os cavalheiros a manter a
esgrima em seus arsenais de poder contra homens socialmente
inferiores. Mas a grande época da espada tinha chegado ao fim.
Um fato divertido: nos séculos de esgrima pública, os esgrimistas
que lutavam por prêmios, bem como os duelistas, muitas vezes
lutavam com o peito nu. Isso era para provar que não usavam
cobertura protetora sobre seus órgãos vitais, o que lhes permitiria
lutar de forma mais agressiva, já que não temiam ferimento mortal.
Essencialmente, lutar com o peito nu provava a bravura e a
honestidade de um homem em combates um-contra-um. É nesta
tradição que Saint esgrima: de peito nu.
Eu modelei o professor de Saint, Georges Banneret, em mestres
de esgrima da época, incluindo o Chevalier Joseph de Saint-
Georges, crioulo da ilha francesa de Guadalupe que se tornou
famoso na Inglaterra e na França por sua habilidade extraordinária
com uma espada. Sem mencionar seu charme e sofisticação
cultivada. Sua história é maravilhosa, e eu a recomendo para
qualquer pessoa intrigada com esta emocionante era da revolução
(particularmente sua biografia de Alain Guédé).
As palavras de Saint sobre ― calma, vigor e julgamento ― no
Capítulo 8, e o título desse capítulo, vêm de uma publicação curta do
século XVII, The Swordsman’s Vade-mecum, de Sir William Hope.
Uma lista concisa de oito regras para esgrimistas, começa com: ―
Regra I. Faça o que fizer, sempre (se possível) faça-o com calma,
sem paixão e precipitação, mas ainda com todo vigor e rapidez
imagináveis e seu julgamento não deixará de direcionar, ordenar e
governá-lo. ― Todas as oito regras deste tratado incluem as palavras
― com calma, vigor e julgamento. ― Acho que esse é um ótimo
conselho para a vida em geral, e não resisti em incluí-los nas lições
de Saint para Constance.
Nunca consigo resistir de pedir emprestado a William Shakespeare
quando é adequado. Os fãs do Bardo reconhecerão que os títulos
dos Capítulos 32 e 33 - o dia corajoso afundado na noite
hedionda - vêm do seu décimo segundo soneto.
Uma palavra sobre a Escócia e seus castelos: inumeráveis. Eles
cobrem a paisagem magnífica. Enquanto a mansão principal do
Duque de Loch Irvine fica a muitas milhas a Noroeste de Edimburgo,
o Castelo Haiknayes fica a poucos passos do Castelo Read, o que,
na minha experiência de viajar pela Escócia, é inteiramente possível.
Modelei livremente o Castelo Read em concordância com o Castelo
Fraser, incluindo os jardins. Outros detalhes do castelo do Duque de
Read foram extraídos de Abbotsford, a casa construída com amor e
grandes custos, pelo popular romancista Sir Walter Scott. Scott era
um entusiasta das armas antigas, e o armamento e sua exibição no
Castelo Read, foram quase inteiramente inspirados pela coleção em
Abbotsford. Sou grata aos guias voluntários de ambas as
propriedades por compartilharem generosamente seu vasto
conhecimento com essa humilde romancista, fazendo com que fosse
possível criar ficção através de fato.
O moinho, o lago, as ruínas da igreja em Arthur's Seat, e muitos
outros marcos de Edimburgo neste romance, podem ser encontrados
nos mapas da época. Alguns ainda estão lá até hoje. Um deles é o
Heid Inn em Duddingston, onde passei uma tarde deliciosa bebendo
cerveja, conversando com pessoas amigáveis e planejando o triste
destino de Annie Favor.
Com cada livro que escrevo, meu mundo da Grã-Bretanha do
início do século XIX se expande. Constance aparece em When a
Scot Loves a Lady, How to Be a Proper Lady, How a Lady Weds
a Rogue e Nos braços de um marquês (futuro lançamento desta
editora); Saint e Taliesin aparecem em I Loved a Rogue; o jovem
Dylan faz uma aparição em Varrido por um beijo (outro futuro
lançamento da editora), e os amigos do Clube Falcão de Constance
também podem ser encontrados nos outros livros dessa série.
Obrigada,
Katherine Ashe
Próximo Lançamento da série
Livro 2 de Duque do Diabo
O Conde
Prólogo
O Menino Silencioso
Outubro 1801
Maryport Court,
Cumbria, Inglaterra
Rhonda Forrest
9786599110603
Adquira aqui
Adquira aqui
Conheça outros Títulos
Jess Michaels
9786599019869
Adquira aqui
Este livro pode ser lido como um romance independente, mas faz
parte de uma série (The Notorious Flynns).
Adquira aqui
Emma V. Leech
9786599019845
Adquira aqui
Adquira aqui
Caroline Mickelson
9786599019883
Adquira aqui
Londres - 1940
Adquira aqui
Emmanuele de Maupassant
9786599019814
Adquira aqui
Adquira aqui
Victoria Howard
9786599019838
Adquira aqui
Adquira aqui
Elizabeth Johns
9786580754090
Adquira aqui
Adquira aqui
Maggi Andersen
9786580754083
Adquira aqui
Adquira aqui
AnneMarie Brear
9786580754069
Adquira Aqui
1864
Adquira Aqui
Jess Michaels
9786580754038
Adquira Aqui
Adquira Aqui
Adquira Aqui
Katharine Ashe
9786580754014
Adquira aqui
Adquira aqui
Kathleen McGurl
9876580754007
Adquira aqui
1829
Adquira aqui
Título Infantil
Adquira aqui
Thaig Books
Gilberto Nascimento
B085B9F38W
Adquira Aqui
Adquira Aqui
Informaçoes Leabhar Books®