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CURSO EXTENSIVO

Direito Interno
Prof. Ricardo Macau

AULA 01

TEMA: NORMAS JURÍDICAS

ORIENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: SUNDFELD, Carlos Ari, Fundamentos de Direito Público,


Ed. Malheiros.

Professor Ricardo Macau


Instagram: @falecomomacau
Telefone: 11 982579753
Canal no Telegram: Direito CACD

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA: Caderno de aula + legislação citada (“artigo no caderno é


artigo decorado”) + questões anteriores do CESPE/CEBRASPE e IADES.

NORMAS JURÍDICAS
O tema normas jurídicas é um tema que trata de teoria geral do Direito, o que significa
que os conceitos que serão apresentados sobre esse tema são utilizados para
compreender os diferentes ramos do Direito Interno, a exemplo do Direito Civil, Direito
Constitucional e Direito Administrativo.
O termo “norma” refere-se a um dever de conduta. Existem diferentes tipos de normas,
como é o caso das normas citadas a seguir:
(i) normas religiosas: trata-se de um dever de conduta instituído por organizações
religiosas;
(ii) normas morais: refere-se a um dever de conduta criado por uma comunidade ou
sociedade;
(iii) normas jurídicas: é um dever de conduta estabelecido pelo Estado, cuja
observância é obrigatória, sob pena de aplicação de sanção jurídica punitiva em
relação aos transgressores.
CONCLUSÃO: Com base na definição de norma jurídica, pode-se afirmar que o Estado
tem o monopólio da criação do Direito.

CONCEITOS AFINS: NORMA JURÍDICA, LEI OU ATO NORMATIVO E DIREITO OU


ORDENAMENTO JURÍDICO
De acordo com a doutrina que estuda a teoria geral do Direito, os conceitos de “norma
jurídica”, “lei ou ato normativo” e “direito ou ordenamento jurídico”, embora sejam
complementares entre si, não podem ser adotados como sinônimos.
De modo sistematizado, pode-se apresentar as seguintes diferenças entre os conceitos
referidos:
1 – NORMAS JURÍDICAS: as normas jurídicas são deveres de conduta prescritos pelo
Estado, que as instituem mediante a atuação do legislador.
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Prof. Ricardo Macau

IMPORTANTE: O “legislador” refere-se, obrigatoriamente, a um segmento do Estado,


haja vista que apenas o Estado tem o monopólio da criação da norma jurídica. No Brasil,
podem atuar como legislador – ou seja, como centros de criação de normas jurídicas
– os 03 Poderes do Estado. Isso porque a função legislativa pode ser desempenha de
modo típico ou de modo atípico pelos Poderes do Estado, conforme se comprava no
esquema que segue:
a) Poder Legislativo: desempenha a função legislativa de modo típico ou
preponderante, por meio da criação de leis ordinárias, leis complementares, decretos
legislativos, resoluções;
b) Poder Executivo: atua no exercício da função legislativa de forma atípica ou
secundária, elaborando, por exemplo, medidas provisórias e leis delegadas;
c) Poder Judiciário: desempenha a função legislativa de modo atípico ou secundário,
como ocorre nos casos em que os Tribunais criam seu regime interno que tem força de
lei.
2 – LEI OU ATO NORMATIVO: entende-se por lei ou ato normativo o elemento textual
da norma jurídica. Em outras palavras, lei ou ato normativo significa as ferramentas ou
instrumentos que os Poderes do Estado podem empregar para criar normas jurídicas.
O art. 59 da CF/88 prevê um rol exemplificativo das leis e atos normativos que podem
ser adotados pelo Estado. Nesse rol constam a lei ordinária, lei complementar, emenda
constitucional, medida provisória, lei delegada, resolução e decreto legislativo.
ATENÇÃO: Por meio da interpretação da lei ou ato normativo é possível extrair a
norma jurídica. Isso significa que, para que saiba precisamente qual é o dever de
conduta imposto pelo Estado que precisa ser adotado (norma jurídica), deve-se realizar
a intepretação da lei ou ato normativo.
A relação de complementariedade entre norma jurídica (dever de conduta criado pelo
Estado) e lei ou ato normativo (documento legal criado pelo Estado para instituir a
norma jurídica) pode ser percebida mediante a interpretação do art. 121 do Código
Penal. A lei (elemento textual) prevê que o homicídio simples significa “matar alguém”.
Na sequência, a lei prevê a pena de 06 a 20 anos de reclusão em razão do cometimento
do crime descrito. Logo, ao se interpretar o referido dispositivo legal, pode-se extrair a
norma jurídica criada pelo legislador – qual seja, não mate! (porque, se praticar esse
crime, o Estado irá aplicar a sanção de prisão ou reclusão pelo prazo de 06 a 20 anos).
3 – DIREITO OU ORDENAMENTO JURÍDICO: consoante o entendimento doutrinário, a
expressão Direito refere-se ao conjunto formado pelas leis e atos normativos vigentes e
pelas diferentes normas jurídicas que podem ser identificadas por meio de
interpretação das leis e atos normativos. Desse modo, pode-se afirmar que a expressão
“Direito brasileiro” diz respeito ao ordenamento jurídico do país, ou seja, todas as leis
e atos normativos criados e vigentes e as diferentes normas jurídicas impostas pelo
Estado para disciplinar as condutas dos seus destinatários.

TEORIA PURA DO DIREITO: HANS KELSEN


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Prof. Ricardo Macau

A teoria que organizou e conferiu bases e referenciais sólidos para a compreensão do


Direito Interno foi idealizada por um autor austríaco chamado Hans Kelsen. De acordo
com esse autor, o Direito deve ser estudado com base nos pressupostos metodológicos
de uma teoria pura, ou seja, uma teoria que deve ser focada exclusivamente no
processo de criação das normas jurídicas e de validação dessas normas. A teoria pura
do Direito foi criada por Kelsen na primeira metade do século XX.
Acerca do processo de criação das normas jurídicas, a teoria de Hans Kelsen foi pioneira
em separar o Direito de outras ciências afins, como a religião, a sociologia, a psicologia
etc.. Logo, conforme a teoria pura do Direito, uma norma jurídica pode ser considerada
válida e obrigatória ainda que seja incompatível com os postulados teológicos e
sociológicos (ou seja, uma norma jurídica pode ser considerada obrigatória, mesmo se
não for compatível com normas religiosas ou normas morais). Exemplo: uma lei que
autoriza a interrupção de gravidez nos casos de estupro ou risco de morte para a
gestante.
Em complemento, a teoria kelseniana aponta qual é o elemento de validação das
normas jurídicas criadas pelo Estado, ainda que essas normas jurídicas contrariem
postulados religiosos e morais. Segundo Kelsen, o ordenamento jurídico é organizado a
partir de uma estrutura piramidal, ou seja, o ordenamento jurídico é uma pirâmide de
normas jurídicas. Nessa pirâmide normativa, as normas jurídicas de maior hierarquia são
responsáveis por conferir validade e existência às normas jurídicas de menor hierarquia.
Assim, para que uma norma jurídica seja válida, essa norma não precisa ser adequada
à religião, nem ser compatível com os ânimos e a vontade da comunidade ou
sociedade em que será aplicada. Basta que a norma jurídica de menor hierarquia
tenha compatibilidade com uma norma jurídica de hierarquia superior (ex. normas
jurídicas que obrigam os contribuintes a realizar o pagamento de impostos).
Por fim, é importante registrar que, na pirâmide normativa proposta por Hans Kelsen e
que retrata o ordenamento jurídico nacional de qualquer país, no topo – ou seja, na
posição de maior hierarquia normativa – está a denominada “Lei Fundamental”.
Atualmente, essa Lei Fundamental corresponde à Constituição adotada pelos Estados
soberanos para organizar seu respectivo ordenamento jurídico interno.

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