Projetos Musicais e Legislação Autoral
Projetos Musicais e Legislação Autoral
Projetos Musicais e Legislação Autoral
e legislAção
AutorAl
Indaial – 2023
1a Edição
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA .........................................................................5
UNIDADE 2 - COMUNICAÇÃO E PODER ..............................................................................59
UNIDADE 3 - CINEMA, TV E VÍDEO .....................................................................................111
UNIDADE 4 - OS MOVIMENTOS CINEMATOGRÁFICOS E SUAS
PARTICULARIDADES .................................................................................155
UNIDADE 5 - CATEGORIAS, GÊNEROS E FORMATOS ...................................................... 167
UNIDADE 6 - COMPOSIÇÃO DE EQUIPE PARA PRODUÇÃO ............................................183
UNIDADE 7 - ETAPAS DA PRODUÇÃO...............................................................................193
UNIDADE 8 - TECNOLOGIAS E TERMINOLOGIAS.............................................................201
UNIDADE 9 DISTRIBUIÇÃO, EXIBIÇÃO E ASPECTOS LEGAIS ........................................ 233
UNIDADE 1
DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
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UNIDADE 1
TÓPICO 1
INTRODUÇÃO
A noção de justiça passou por várias discussões ao longo do tempo — o
que se mantém hoje em dia —, de modo que sua noção não possui um consenso. E
mesmo em um ordenamento jurídico é possível que haja entendimentos destoantes
conforme o conceito de justiça que se aplica para seu entendimento. Pois, se um
ordenamento jurídico nada mais é do que um sistema normativo que estabelece
uma ordem, segundo a qual os agentes da justiça devem cumprir e respeitar na
aplicação das leis e normas, ele, contudo, não estabelece a interpretação destas
mesmas leis e normas que devem ser respeitadas, também, segundo a mesma
hierarquia.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
Fica assim estabelecida uma hierarquia das normas, nas quais as normas
jurídicas inferiores, chamadas normas fundadas, retiram seu fundamento e
validade das normas jurídicas superiores, chamadas normas fundantes. Segundo
Guimarães (1999, p. 416), entende-se por norma o seguinte: “preceito, regra,
modelo, teor, minuta; linha de conduta. Jurídica: prescrição legal, preceito
obrigatório, cuja característica é a possibilidade de ter seu cumprimento exigido,
se necessário, com o emprego da força, da coerção, o que se chama coercitividade”.
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TÓPICO 1 | UNIDADE 1
Esta estrutura possui uma forma, que muitos teóricos chamam piramidal,
haja visto, que de poucos princípios iniciais presentes na Constituição irão se
desdobrar em muitas normas jurídicas, isto é, leis, regras, prescrições, decretos,
portarias etc., conforme pode-se observar na imagem a seguir:
Constituição
Federal
Leis Complementares;
Leis ordinárias; decretos
legislativos etc.
Decretos regulamentares
FONTE: O autor
A seta indica a ordem hierárquica do mais alto para o mais baixo, sendo
que o mais alto valida as normas que estão abaixo. O que está em questão aqui são
as normas mais genéricas que validam as normas mais específicas.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
Normas
Constitucionais
Ex: Cláusulas Pétreas
Normas Supralegais
Ex: Pactos Internacionais
Normas legais
Ex: Lei Maria da Penha
Normas infralegais
Ex: Portarias do Presidente Bolsonaro suspedendo verbas
para filmes LGTB.
FONTE: O autor
Toda a ética é o discernimento escalar dos vícios e das virtudes. Então, toda a
estrutura da justiça não passa de um escalonamento dos comportamentos humanos.
Que esse escalonamento esteja submetido a uma lei natural, divina ou histórica é
coisa que já vimos, e o que nos importa, neste momento, é perceber que é inerente a
este escalonamento tanto a relação entre o indivíduo homem e o seu agrupamento
em sociedade, quanto a ideia de justiça que o norteia.
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TÓPICO 1 | UNIDADE 1
Qual o fundamento que uma Constituição pode ter numa sociedade baseada
no contrato social e na doutrina do juspositivismo? Quer dizer, numa sociedade na
qual sua Constituição não foi formulada a partir de princípios anteriores imutáveis,
seu fundamento reside precisamente onde?
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
ATENCAO
As cláusulas pétreas são os valores mais caros a nossa sociedade e que, por
isso mesmo, não podem ser alteradas senão por outra Constituição. Esses valores
expressam a um só tempo o fundamento das relações, os comportamentos de cada
indivíduo e uma imagem do futuro do que vem a ser uma sociedade mais justa
— e ideal — para se viver.
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TÓPICO 1 | UNIDADE 1
• Direito autoral.
• Propriedade intelectual.
• Direito de resposta.
• Direito de imagem.
• Responsabilidade civil.
Assim, para que haja plena liberdade de expressão, é necessário que se tenha
um autor. Como fica vedado o anonimato, o autor entra aí para que se garanta sua
propriedade intelectual, seu direito autoral, de imagem e resposta, e, ao mesmo
tempo, possa ser responsabilizado civilmente. Essa responsabilidade civil também
está inserida tanto no direito de resposta como no direito de imagem.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
ATENCAO
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos
seguintes princípios:
I- preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II- promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que
objetive sua divulgação;
III- regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais
estabelecidos em lei;
IV- respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
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TÓPICO 1 | UNIDADE 1
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como
órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
Vale aqui pontuar que o avanço tecnológico nos levou a uma sociedade na
qual todos são chamados a participar da política. Com isso, a política ficou atrelada
à opinião de todos e por isso esta mesma opinião tornou-se ponto nevrálgico das
sociedades modernas e democráticas. A opinião pública, como assim se chamou a
opinião de todos a respeito das questões públicas, é o elemento essencial de trabalho
da comunicação social. Então, como vimos, o ordenamento jurídico brasileiro se voltar
tão minuciosamente às questões relativas à comunicação de massa, e, como veremos
no Tópico 3 desta unidade, os códigos de ética serem usados para ações políticas.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
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AUTOATIVIDADE
1 “Toda a ética é o discernimento escalar dos vícios e das virtudes. Então, toda
a estrutura da justiça não passa de um escalonamento dos comportamentos
humanos. [...] é inerente a este escalonamento tanto a relação entre o
indivíduo homem e o seu agrupamento em sociedade, quanto a ideia de
justiça que o norteia”.
2 ENADE, 2015) A ideia segundo a qual todo ser humano, sem distinção,
merece tratamento digno corresponde a um valor moral. O pluralismo
político, por exemplo, pressupõe um valor moral: os seres humanos têm o
direito de ter suas opiniões, expressá-las e organizar-se em torno delas. Não
se deve, portanto, obrigá-los a silenciar ou a esconder seus pontos de vista;
vale dizer, são livres. Na sociedade brasileira, não é permitido agir de forma
preconceituosa, presumindo a inferioridade de alguns (em razão de etnia,
raça, sexo ou cor), sustentando e promovendo a desigualdade. Trata-se de
um consenso mínimo, de um conjunto central de valores, indispensável à
sociedade democrática: sem esse conjunto central, cai-se na anomia, entendida
como ausência de regras ou como total relativização delas.
FONTE: BRASIL. Ética e Cidadania. Brasília: MEC/SEB, 2007 (adaptado). Disponível em: https://
www.uniritter.edu.br/files/enade/2015/Prova03_ciencias_contabeis.pdf. Acesso em: 7 nov. 2019.
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Com base nesse fragmento de texto, infere-se que a sociedade moderna e
democrática:
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UNIDADE 1 TÓPICO 2
DEONTOLOGIA DA
COMUNICAÇÃO
INTRODUÇÃO
O que vimos até aqui, desde o início deste livro didático, trata-se de
normas, leis, princípios que são parte da elaboração de uma cosmovisão.
Portanto, as normas, leis, princípios que vimos até aqui são respostas ou
consequências diretas de repostas a estas questões.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
No entanto, quando o termo surge, seu criador teve como objetivo criar uma
espécie de nova ética voltada às condutas humanas que poderiam ser classificadas
como convenientes segundo o princípio utilitarista visto anteriormente (prazer).
Bentham (1836, p. 19) explica assim:
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TÓPICO 2 | UNIDADE 1
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
Os códigos de ética — daqui para frente nos referiremos, desta forma, aos
códigos de conduta, código de regulamentação e deontologia — na comunicação
buscam, sobretudo, estabelecer normas de conduta e convivência profissional
que visem resguardar aqueles princípios expressos na Constituição Federal do
Brasil, no que pese, fundamentalmente, o princípio de liberdade. Há duas formas
de estabelecer estes códigos:
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TÓPICO 2 | UNIDADE 1
comum estabelecer que moral seja algo mais subjetivo, grupal e meramente
temporal, enquanto ética, ainda que demasiadamente esvaziada de seus sentidos
clássico e medieval, guarda relação com algo mais objetivo, universal e eterno.
FONTE: O autor
Essa força, porém, não advém do fato de serem propriamente leis, mas
de uma espécie de pacto feito entre os sujeitos envolvidos na atividade, a saber,
os meios de comunicação, as agências de publicidade e os anunciantes. Este
pacto vem do fato desses três sujeitos aceitarem por vontade própria a decisão do
conselho de autorregulamentação.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
Vamos ver como são esses códigos e os resultados práticos mais usuais
que se observa em cada um. Começaremos a examinar e explicar o código do
jornalismo, depois o de relações públicas e, por fim, o de publicidade e propaganda.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Deontologia surgiu como uma ética do dever e transforma-se em uma ética normativa.
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AUTOATIVIDADE
Tomando a frase acima e o que foi visto até aqui, relacione as duas colunas:
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UNIDADE 1 TÓPICO 3
CÓDIGOS DE ÉTICA
INTRODUÇÃO
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
E
IMPORTANT
PRINCÍPIOS
I- Somente pode intitular-se Profissional de Relações Públicas e, nesta qualidade,
exercer a profissão no Brasil, a pessoa física ou jurídica legalmente credenciada nos
termos da lei em vigor;
II- O Profissional de Relações Públicas baseia seu trabalho no respeito aos princípios da
Declaração Universal dos Direitos do Homem;
III- O Profissional de Relações Públicas em seu trabalho individual ou em equipe, procurará
desenvolver o sentido de sua responsabilidade profissional, através do aperfeiçoamento
de seus conhecimentos e procedimentos éticos, pela melhoria constante de sua
competência científica e técnica e no efetivo compromisso com a sociedade brasileira.
IV- O Profissional de Relações Públicas, em seu trabalho, procurará sempre promover o
bem-estar da pessoa humana e da comunidade em que vive.
V- O Profissional de Relações Públicas deve empenhar-se para criar estruturas e canais de
comunicação que favoreçam o diálogo e a livre circulação de informações.
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
c) Valer-se do cargo que exerce, ou dos laços de parentesco ou amizade, para pleitear
ser nomeado perito.
DO SIGILO PROFISSIONAL
Art. 24º - O Profissional de Relações Públicas guardará sigilo das ações que lhe forem
confiadas em razão de seu ofício e não poderá ser obrigado à revelação de assuntos que
possam ser lesivos a seus clientes e empregadores, ou ferir a sua lealdade para com eles em
função que venha a exercer posteriormente.
Art. 25º - Quando o Profissional de Relações Públicas faz parte de uma equipe, o
cliente deverá ser informado de que seus membros poderão ter acesso a material
referente a seus projetos e ações.
Art. 26º - Nos casos de perícia, o Profissional de Relações Públicas deverá tomar todas as
precauções para que, servindo à autoridade que o designou, não venha a expor indevida e
desnecessariamente ações do caso em análise;
Art. 27º - A quebra do sigilo é necessária quando se trata de fato delituoso, previsto em
Lei, e a gravidade de suas consequências, para os públicos envolvidos, possam criar para o
Profissional de Relações Públicas o imperativo de consciência de denunciar o fato.
FONTE: <http://conferp.org.br/site/wp-content/uploads/2018/12/Co%CC%81digodeE%CC%81tica.
pdf>. Acesso em: 16 set. 2019.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
DICAS
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
ATENCAO
O Conar é uma espécie de tribunal, mas com uma peculiaridade: o Conar não
é órgão do Judiciário e não tem nada a ver com o poder público. Como o nome diz, é um
Conselho de Autorregulamentação. Trata-se na realidade de uma entidade privada, uma
associação sem fins lucrativos, criada pelas próprias empresas envolvidas com a publicidade,
com o objetivo de impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento
ao consumidor e à empresa.
O Conar possui um código de conduta que estabelece, entre outras coisas, que
tipo de publicidade não deve ser divulgado. Esse código é constantemente atualizado. Ao
mesmo tempo, um outro grupo, dentro do Conar, julga os casos em que há acusação
de que determinados anúncios são enganosos ou abusivos. Como todos os veículos que
divulgam anúncios fazem parte do Conar, as decisões do órgão são sempre e imediatamente
cumpridas. Mas se o Conar não é criado por lei e não tem a força de uma autoridade
pública, por que essas entidades cumprem as decisões do Conselho mesmo quando tais
decisões vão contra seus interesses?
A ideia por trás de qualquer normal jurídica é que sua aceitação é obrigatória: não
importa se você gosta ou não, você terá de cumprir ou será punido. A ideia por trás da moral,
por sua vez, é que sua aceitação é pessoal: outras pessoas podem até fazer cara feia ou não
gostar de suas opções, mas se você não acha que é imoral, não há nada que possamos fazer
a respeito (talvez, exceto, tentar convencê-lo do contrário ou pararem e conversar com você).
A autorregulamentação paira entre esses dois mundos. É uma forma das pessoas
(físicas ou jurídicas) de dizerem de forma expressa ao resto da sociedade quais os limites da
moralidade pelo qual irão se guiar.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
A razão pela qual o Conar caminha nessa tênue linha é porque, na verdade, ele
surgiu na década de 70 como uma tentativa do setor publicitário de prevenir que o governo
militar estabelecesse uma lei que seria ainda pior para o setor. Ou seja, ele foi um meio termo
do setor para apaziguar o governo e evitar a imposição de normas ainda mais restritivas. É
como uma criança que promete aos pais que nunca mais irá escrever na parede na tentativa
de evitar ser enviada para o reformatório.
É sempre interessante tentar descobrir o que levou à criação de uma instituição que
gere algum tipo de autorregulamentação. No caso do Conar, o governo queria estabelecer
uma censura prévia de todas as peças publicitárias. Ou seja, apenas depois de pré-aprovada
pelo governo é que uma peça poderia ser divulgada. Obviamente isso mataria toda
possibilidade de criatividade e inovação do setor. Ademais, a aprovação poderia demorar
meses, e talvez anos. Entre a autoflagelação e a flagelação feita por um terceiro, a primeira
alternativa é geralmente menos dolorosa.
Do ponto de vista jurídico, este tipo de instituição é quase uma variante dos
tribunais arbitrais: eles existem porque as partes que o integram assim o querem, ele é
gerido e gere as partes com base em normas criadas pelas partes e, via-de-regra, substituem
uma função que, normalmente, seria exercida pelo Estado.
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
Considerando:
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
ABAP - Associação Brasileira das Agências de Propaganda. (a) Petrônio Cunha Corrêa.
ABA - Associação Brasileira de Anunciantes. (a) Luiz Fernando Furquim de Campos.
ANJ - Associação Nacional de Jornais. (a) Roberto Marinho.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
SEÇÃO 1 - Preâmbulo
Artigo 1º
Todo anúncio deve ser respeitador e conformar-se às leis do país; deve, ainda,
ser honesto e verdadeiro.
Artigo 2º
Todo anúncio deve ser preparado com o devido senso de responsabilidade
social, evitando acentuar, de forma depreciativa, diferenciações sociais
decorrentes do maior ou menor poder aquisitivo dos grupos a que se destina
ou que possa eventualmente atingir.
Artigo 3º
Todo anúncio deve ter presente a responsabilidade do Anunciante, da Agência
de Publicidade e do Veículo de Divulgação junto ao Consumidor.
Artigo 4º
Todo anúncio deve respeitar os princípios de leal concorrência geralmente
aceitos no mundo dos negócios.
Artigo 5º
Nenhum anúncio deve depreciar a atividade publicitária ou desmerecer a
confiança do público nos serviços que a publicidade presta à economia como
um todo e ao público em particular.
Artigo 6º
Toda publicidade deve estar em consonância com os objetivos do
desenvolvimento econômico, da educação e da cultura nacionais.
Artigo 7º
De vez que a publicidade exerce forte influência de ordem cultural sobre
grandes massas da população, este Código recomenda que os anúncios sejam
criados e produzidos por Agências e Profissionais sediados no país - salvo
impossibilidade devidamente comprovada e, ainda, que toda publicidade seja
agenciada por empresa aqui estabelecida.
SEÇÃO 2 - Objetivos
Artigo 8º O principal objetivo deste Código é a regulamentação das normas
éticas aplicáveis à publicidade e propaganda, assim entendidas como
atividades destinadas a estimular o consumo de bens e serviços, bem como
promover instituições, conceitos ou ideias.
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
Artigo 9º A atividade publicitária de que trata este Código será sempre ostensiva.
§ 1o – A alusão à marca de produto ou serviço, razão social do anunciante
ou emprego de elementos reconhecidamente a ele associados atende ao
princípio da ostensividade.
§ 2o – O “teaser”, assim entendida a mensagem que visa a criar expectativa ou
curiosidade no público, poderá prescindir da identificação do anunciante, do
produto ou do serviço.
Artigo 12
A publicidade governamental, bem como a de empresas subsidiárias,
autarquias, empresas públicas, departamentos, entidades paraestatais,
sociedades de economia mista e agentes oficiais da União, dos Estados, dos
Territórios, dos Municípios e do Distrito Federal, salvo proibição legal, deve
se conformar a este Código da mesma forma que a publicidade realizada pela
iniciativa privada.
Artigo 13
A publicidade de causas, instituições sociais, fundações ou de quaisquer
outras atividades ou entidades sem fins lucrativos também será regida por
este Código, em tudo que lhe couber.
SEÇÃO 3 - Interpretação
Artigo 14
Este Código deve ser aplicado no espírito tanto quanto na letra.
Artigo 15
Os padrões éticos de conduta estabelecidos neste Código devem ser
respeitados por quantos estão envolvidos na atividade publicitária, sejam
Anunciantes, Agências de Publicidade, Veículos de Divulgação, sejam
Publicitários, Jornalistas e outros Profissionais de Comunicação participantes
do processo publicitário.
Artigo 16
Embora concebido essencialmente como instrumento de autodisciplina da
atividade publicitária, este Código é também destinado ao uso das autoridades
e Tribunais como documento de referência e fonte subsidiária no contexto
da legislação da propaganda e de outras leis, decretos, portarias, normas ou
instruções que direta ou indiretamente afetem ou sejam afetadas pelo anúncio.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
Artigo 17
Ao aferir a conformidade de uma campanha ou anúncio aos termos deste
Código, o teste primordial deve ser o impacto provável do anúncio, como um
todo, sobre aqueles que irão vê-lo ou ouvi-lo. A partir dessa análise global é
que se examinará detalhadamente cada parte do conteúdo visual, verbal ou
oral do anúncio, bem como a natureza do meio utilizado para sua veiculação.
Artigo 18
Para os efeitos deste Código:
a) a palavra anúncio é aplicada em seu sentido lato, abrangendo qualquer
espécie de publicidade, seja qual for o meio que a veicule. Embalagens,
rótulos, folhetos e material de ponto-de-venda são, para esse efeito, formas
de publicidade. A palavra anúncio só abrange, todavia, a publicidade
realizada em espaço ou tempo pagos pelo Anunciante;
b) a palavra produto inclui bens, serviços, facilidades, instituições, conceitos
ou ideias que sejam promovidos pela publicidade;
c) a palavra consumidor refere-se a toda pessoa que possa ser atingida pelo
anúncio, seja como consumidor final, público intermediário ou usuário.
Artigo 20
Nenhum anúncio deve favorecer ou estimular qualquer espécie de ofensa ou
discriminação de qualquer natureza.
Artigo 21
Os anúncios não devem conter nada que possa induzir a atividades criminosas
ou ilegais - ou que pareça favorecer, enaltecer ou estimular tais atividades.
SEÇÃO 2 - Decência
Artigo 22
Os anúncios não devem conter afirmações ou apresentações visuais ou
auditivas que ofendam os padrões de decência que prevaleçam entre aqueles
que a publicidade poderá atingir.
SEÇÃO 3 - Honestidade
Artigo 23
Os anúncios devem ser realizados de forma a não abusar da confiança do
consumidor, não explorar sua falta de experiência ou de conhecimento e não
se beneficiar de sua credulidade.
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
Artigo 25
Os anúncios não devem explorar qualquer espécie de superstição.
Artigo 26
Os anúncios não devem conter nada que possa conduzir à violência.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
Artigo 31
Este Código condena os proveitos publicitários indevidos e ilegítimos, obtidos
por meio de "carona" e/ou "emboscada", mediante invasão do espaço editorial
ou comercial de veículo de comunicação.
Parágrafo único
Consideram-se indevidos e ilegítimos os proveitos publicitários obtidos:
a) mediante o emprego de qualquer artifício ou ardil;
b) sem amparo em contrato regular celebrado entre partes legítimas, dispondo
sobre objeto lícito;
c) sem a prévia concordância do Veículo de comunicação e dos demais
titulares dos direitos envolvidos.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
Artigo 36
A publicidade deverá refletir as preocupações de toda a humanidade com
os problemas relacionados com a qualidade de vida e a proteção do meio
ambiente; assim, serão vigorosamente combatidos os anúncios que, direta ou
indiretamente, estimulem:
a) a poluição do ar, das águas, das matas e dos demais recursos naturais;
b) a poluição do meio ambiente urbano;
c) a depredação da fauna, da flora e dos demais recursos naturais;
d) a poluição visual dos campos e das cidades;
e) a poluição sonora;
f) o desperdício de recursos naturais.
Parágrafo único
Considerando a crescente utilização de informações e indicativos ambientais
na publicidade institucional e de produtos e serviços, serão atendidos os
seguintes princípios:
veracidade – as informações ambientais devem ser verdadeiras e passíveis de
verificação e comprovação;
exatidão – as informações ambientais devem ser exatas e precisas, não cabendo
informações genéricas e vagas;
pertinência – as informações ambientais veiculadas devem ter relação com os
processos de produção e comercialização dos produtos e serviços anunciados;
relevância – o benefício ambiental salientado deverá ser significativo em
termos do impacto total do produto e do serviço sobre o meio ambiente, em
todo seu ciclo de vida, ou seja, na sua produção, uso e descarte.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
Parágrafo 1º
Crianças e adolescentes não deverão figurar como modelos publicitários em
anúncio que promova o consumo de quaisquer bens e serviços incompatíveis
com sua condição, tais como armas de fogo, bebidas alcoólicas, cigarros, fogos
de artifício e loterias, e todos os demais igualmente afetados por restrição legal.
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
Parágrafo 2º
O planejamento de mídia dos anúncios de produtos de que trata o inciso II
levará em conta que crianças e adolescentes têm sua atenção especialmente
despertada para eles. Assim, tais anúncios refletirão as restrições técnica e
eticamente recomendáveis, e adotar-se-á a interpretação mais restritiva para
todas as normas aqui dispostas.
Artigo 41
Este Código protege a criatividade e a originalidade e condena o anúncio que
tenha por base o plágio ou imitação, ressalvados os casos em que a imitação é
comprovadamente um deliberado e evidente artifício criativo.
Artigo 42
Será igualmente condenado o anúncio que configure uma confusão proposital
com qualquer peça de criação anterior.
Artigo 43
O anúncio não poderá infringir as marcas, apelos, conceitos e direitos de
terceiros, mesmo aqueles empregados fora do país, reconhecidamente
relacionados ou associados a outro Anunciante.
Parágrafo único
Este Código condena a publicidade que faça uso do símbolo oficial e do nome
do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - CONAR, exceto
em anúncios da própria entidade.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
Artigo 39
O anúncio não utilizará música de fundo, "vinhetas", ou trechos de composições
de autores nacionais ou estrangeiros sem o devido respeito aos respectivos
direitos autorais, a não ser no caso de músicas que sejam ou se tenham tornado
de domínio público, de acordo com a legislação específica, respeitados os
direitos de gravação.
Artigo 40
É condenado o uso desrespeitoso da música folclórica, dos folguedos e temas
populares que constituem parte integrante do patrimônio cultural do país.
Artigo 41
Este Código protege a criatividade e a originalidade e condena o anúncio que
tenha por base o plágio ou imitação, ressalvados os casos em que a imitação é
comprovadamente um deliberado e evidente artifício criativo.
Artigo 42
Será igualmente condenado o anúncio que configure uma confusão proposital
com qualquer peça de criação anterior.
Artigo 43
O anúncio não poderá infringir as marcas, apelos, conceitos e direitos de
terceiros, mesmo aqueles empregados fora do país, reconhecidamente
relacionados ou associados a outro Anunciante.
Parágrafo único
Este Código condena a publicidade que faça uso do símbolo oficial e do nome
do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - CONAR, exceto
em anúncios da própria entidade.
CAPÍTULO IV - As Responsabilidades
Artigo 45 - A responsabilidade pela observância das normas de conduta
estabelecidas neste Código cabe ao Anunciante e a sua Agência, bem como
ao Veículo, ressalvadas no caso deste último as circunstâncias específicas que
serão abordadas mais adiante, neste Artigo:
a) o Anunciante assumirá responsabilidade total por sua publicidade;
b) a Agência deve ter o máximo cuidado na elaboração do anúncio, de modo
a habilitar o Cliente Anunciante a cumprir sua responsabilidade, com ele
respondendo solidariamente pela obediência aos preceitos deste Código;
c) este Código recomenda aos Veículos que, como medida preventiva, estabeleçam
um sistema de controle na recepção de anúncios. Poderá o veículo:
I- recusar o anúncio, independentemente de decisão do Conselho Nacional
de Autorregulamentação Publicitária - CONAR, quando entender que
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
FONTE: <http://dlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Anexo%20A%20-%20C%C3%B3digo%20
CONAR.pdf>. Acesso em: 23 set. 2019.
O código não está na sua íntegra aqui por motivo de espaço. Ele possui 50
artigos, e 21 anexos. Deixamos de fora os anexos que compreendem mais de 30
páginas e versam sobre tipos específicos de propagandas, como propagandas de
medicamentos, infantil, bebidas alcoólicas etc.
DICAS
Vale lembrar que as decisões do Conar não são impositivas nem possuem
força de lei, sendo acatadas, ou não, livremente pelos envolvidos. Há, contudo,
grande aceitação das decisões do Conar. Nos casos contrários, verifica-se
que partem somente de agências e/ou anunciantes, enquanto os veículos de
comunicação acatam as decisões do Conar em sua totalidade.
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
Darlan Alvarenga
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
"A Empiricus esclarece que já havia retirado do ar, por livre e espontânea
vontade, cinco dos seis anúncios objetos da representação do Conar. A
remoção foi feita por razões estratégicas de negócio e não por a empresa
reconhecer qualquer irregularidade nas campanhas. A Empiricus informa
ainda que descontinuou, na manhã desta quarta-feira (22), a única campanha
remanescente", disse a empresa em nota.
Por volta das 12h desta quarta-feira, o vídeo "O dobro ou nada" não
estava mais destacado na página principal da Empiricus ou listado nos canais
da empresa, mas permanecia publicado no YouTube.
As medidas do Conar não têm força de lei e o conselho não tem poder
de determinar multas. Mas, em geral, as decisões recomendando alterações
ou retirada da propaganda do ar costumam ser sempre atendidas pelos
anunciantes e agências de publicidade.
50
TÓPICO 3 | UNIDADE 1
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
DICAS
FONTE: <http://www.feiranovaemcasa.com.br/tmpImg/86104194-afaf-45a6-844f-
7f60d5ff8ef4v00.jpg>. Acesso em: 22 set. 2019.
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
LEITURA COMPLEMENTAR
Boa tarde, presidente Ayres Brito, Roberta Civita, Dalton Pastore, Colegas
Congressistas. Considero uma honra participar deste painel, como representante do
Conar, ao lado destes dois expoentes da sociedade brasileira. E me sinto autorizado
a manifestar a grande admiração que o mercado publicitário tem por ambos.
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
Para que um produto possa ser anunciado ele precisa ser lícito e seguro
para o consumo, ou seja, os poderes públicos terão autorizado sua fabricação,
comercialização e consumo. A propósito, a Constituição de 88 admite que cinco
categorias de produtos (tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e
terapias), estarão sujeitas a restrições, desde que estabelecidas por lei. Decretos,
resoluções da Anvisa e portarias não podem impor restrições à publicidade.
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
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TÓPICO 3 | UNIDADE 1
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UNIDADE 1 | UNIDADE 1
Encerrando, cito trecho do poema que foi adotado como legenda pelo
Centro de Referência sobre Liberdade de Expressão, instituído pelo Conar e pela
Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo. De autoria do poeta
fluminense Eduardo Alves da Costa, chama-se "No caminho, com Maikovski":
Tu sabes,
Conheces melhor do que eu
A velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
E roubam uma flor
Do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
Pisam as flores,
Matam nosso cão,
E não dizemos nada.
Até que um dia,
O mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa,
Rouba-nos a luz e,
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Muito obrigado.
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UNIDADE 2 -
COMUNICAÇÃO E PODER
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
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60
UNIDADE 2
TÓPICO 1
COMUNICAÇÃO E PODER –
UMA BREVE HISTÓRIA
INTRODUÇÃO
A comunicação é um dos principais elementos das relações humanas.
Como sempre esteve presente na vida humana, tendemos a não perceber seu
impacto ou dar-lhe uma onipresença que é irreal. Sendo o homem um ser social,
lhe é próprio, na vida em sociedade e, consequentemente, na própria ordem
social, que a comunicação seja um poder em que uns mandam e outros obedecem.
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UNIDADE 3 | UNIDADE 2
Nos séculos XIII e XIV, uma em cada dez pessoas sabia ler na Europa.
Com a famosa invenção da prensa de Gutenberg, no século XV, essa realidade
pôde ser alterada e modificou completamente, não somente a Europa, como o
mundo. Essa invenção proporcionava a impressão de livros, com os primeiros
exemplares sendo impressos entre os anos de 1470 a 1480, em cidades, como
Veneza, Paris e Lyon. Possibilitou, para se ter uma ideia de sua magnitude, a
Reforma Protestante, que veio alterar completamente a história mundial.
FONTE: <https://www.dw.com/pt-br/museu-gutenberg-reconstr%C3%B3i-hist%C3%B3ria-da-
tipografia/a-16747104>. Acesso em: 14 out. 2019.
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TÓPICO 1 | UNIDADE 2
DICAS
Para ter uma noção dos estudos envolvendo as artes rupestres, você pode
conferir o artigo Arte rupestre pode ajudar a entender como linguagem humana evoluiu,
do Jornal da USP, que está disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/
arte-rupestre-pode-ajudar-a-entender-como-linguagem-humana-evoluiu/.
FONTE: <https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/arte-rupestre-pode-ajudar-a-entender-
como-linguagem-humana-evoluiu/>. Acesso em: 28 out. 2019.
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UNIDADE 3 | UNIDADE 2
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TÓPICO 1 | UNIDADE 2
Estima-se que a escrita tenha surgido por volta de 3.500 a.C. com a famosa
escrita cuneiforme, feita em placas de argila. Ainda que não fosse uma escrita tão
complexa quanto as escritas modernas, ela surgiu pela necessidade de registro
e controle das relações, mormente, econômicas, por exemplo, a cobrança de
impostos, o registro de animais etc.
FONTE: <https://www.infoescola.com/civilizacoes-antigas/escrita-cuneiforme/>.
Acesso em: 29 out. 2019.
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UNIDADE 3 | UNIDADE 2
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TÓPICO 1 | UNIDADE 2
O teatro grego era, em seu início, somente feito por comunicação oral
e depois começou-se a escrever as peças teatrais. Para que hoje tivéssemos a
oportunidade de ler a obra Odisseia, citada anteriormente, foi necessário um
esforço de memorização e transmissão oral do seu conteúdo para, posteriormente,
escrevê-la e fazer sua transmissão pela escrita.
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UNIDADE 3 | UNIDADE 2
DICAS
Para conhecer mais sobre a Biblioteca de Alexandria, você pode acessar o link
https://www.infoescola.com/historia/biblioteca-de-alexandria/.
FONTE: <https://oglobo.globo.com/mundo/cinco-incendios-de-bibliotecas-no-
mundo-15437599>. Acesso em: 4 nov. 2019.
A escrita surge com os alfabetos, que são técnicas nas quais o homem
representa um grande número de palavras através de um número reduzido de
símbolos. As palavras, por sua vez, representam um número ainda maior de
ideias, coisas, ações, objetos etc. Por exemplo, o alfabeto da língua portuguesa
no Brasil possui 26 letras. No dicionário Aurélio on-line estão catalogadas mais
de 430.000 palavras. O número de ideias, coisas, objetos, pensamentos e tudo
o mais que as palavras podem representar é inumerável, considerando ainda a
articulação entre elas.
68
TÓPICO 1 | UNIDADE 2
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UNIDADE 3 | UNIDADE 2
Entre os anos de 1440 e 1843 houve grandes mudanças que, por assim
dizer, definiram o destino dos séculos seguintes, conforme podemos entender de
Parry (2012, p. 23):
FONTE: <https://www.worldatlas.com/articles/the-oldest-newspapers-published-in-europe.
html>. Acesso em: 6 nov. 2019.
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TÓPICO 1 | UNIDADE 2
O poder dos jornais está desde o seu apogeu, durante o século XIX,
sobretudo, na divulgação de notícias. Só que, colocado assim, temos a impressão
de que somente a circulação de ideias dá este poder, sem acrescentar que a
maneira com que as notícias são veiculadas constituem um poder em si. Não se
trata somente “do que” se escreve, mas “como” se escreve.
FONTE: <https://twosides.org.br/BR/ha-210-anos-saia-o-primeiro-jornal-impresso-do-brasil/>.
Acesso em: 6 nov. 2019.
Além disso, o jornal possui uma característica temporal que até então
não se encontrava nos outros meios de comunicação, característica esta de duas
ordens: o tempo que um jornal de edição antiga circulava depois da nova edição;
e o tempo entre uma edição e outra. A um só tempo, o jornal mantinha em
circulação notícias de edições passadas e circulava com novas notícias a cada nova
edição. Essa característica dava ao jornal o poder de narrar fatos que até então não
71
UNIDADE 3 | UNIDADE 2
Com isso, o jornal possibilitou que a ordem social pudesse ser alterada
com muito mais rapidez do que até então se conseguiu por outros meios que não
militares. Tendo possibilitado alterações sociais como nunca se vira antes, o jornal
só viria a ser ultrapassado em termos de poder de comunicação de massa pelas
novas tecnologias que estavam para surgir.
A rádio foi, talvez, a mídia que proporcionou um dos fatos mais curiosos
sobre a opinião pública. Trata-se de uma peça de teatro feita para o rádio, em
formato de notícia, que criou pânico e terror nos ouvintes. Antes de falarmos
mais sobre esse episódio, veremos como é essa tecnologia, que só foi possível
graças ao telégrafo. Assim, ensina Parry (2012, p. 236-237):
No caso da rádio, foi preciso, ainda, uma nova tecnologia para que pudesse
torná-la um mídia de massa, ganhando maior relevância do que o jornal. Parry
(2012, p. 238) explica que “na década de 1920, a introdução de válvula eletrônica
nos Estados Unidos tornou obsoletos os gerados de faíscas e criou uma tecnologia
de radiodifusão muito superior, que hoje conhecemos como rádio AM”.
72
TÓPICO 1 | UNIDADE 2
Após esse período, muitas emissoras foram fundadas pelo país, tendo
como sua primeira representante a PRA-2 do Rio de Janeiro. No entanto, o
ponto alto do rádio veio a partir de 1932, quando o presidente Getúlio Vargas
criou o Decreto nº 20.047, que adotava o padrão norte-americano, legalizando a
propaganda comercial e a posse de canais particulares.
FIGURA 8 – O CINEASTA AMERICANO ORSON WELLES NOS ESTÚDIOS DA RÁDIO CBS, EM 1938,
LENDO UM TRECHO DE ‘A GUERRA DOS MUNDOS’, DE H. G. WELLS (DIVULGAÇÃO)
FONTE: <https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/30/1938-com-guerra-dos-mundos-
orson-welles-causa-panico-a-ouvintes-da-cbs/>. Acesso em: 6 nov. 2019.
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UNIDADE 3 | UNIDADE 2
FONTE: <https://acervofolha.blogfolha.uol.com.br/2018/10/30/1938-com-guerra-dos-mundos-
orson-welles-causa-panico-a-ouvintes-da-cbs/>. Acesso em: 6 nov. 2019.
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TÓPICO 1 | UNIDADE 2
75
UNIDADE 3 | UNIDADE 2
Com a televisão, aquilo que dava ao teatro seu impacto e importância era
transportado por ondas de radiofrequência que atingiam os mais distantes moradores,
conferindo-lhes a capacidade tão importante dos jornais. A televisão foi, sem sombra
de dúvida, a grande revolução tecnológica da comunicação no século XX.
DICAS
Confira uma obra do cinema de 1936 muito famosa de Charles Chaplin, trata-
se do filme Tempos Modernos, e pode ser visto pelo link: https://www.youtube.com/
watch?v=HAPilyrEzC4.
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TÓPICO 1 | UNIDADE 2
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UNIDADE 3 | UNIDADE 2
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TÓPICO 1 | UNIDADE 2
Cumpre fazer um esquema do que vimos até aqui para mostrar a relação
entre mídia e forma de comunicação.
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UNIDADE 3 | UNIDADE 2
80
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Na sua forma escrita, tendo sido a primeira mídia a usar essa tecnologia.
b) ( ) No fato de ter sido a primeira mídia de massa.
c) ( ) Em ter suplantado todas as antigas tecnologias e ser a única mídia
existente na época.
d) ( ) Em seu formato visual, que só veio a surgir com o advento do jornal.
81
82
UNIDADE 2
TÓPICO 2
COMUNICAÇÃO E PODER –
DEMOCRACIA E TOTALITARISMO
INTRODUÇÃO
O que tem a ver comunicação e democracia? Ou ainda, comunicação e
totalitarismo? Por vivermos em uma democracia, pelo menos nominalmente,
tendemos a responder que democracia pressupõe liberdade, sobretudo, liberdade
de expressão; e totalitarismo pressupõe supressão das liberdades, sobretudo, a
liberdade de expressão.
Este percurso nos mostrou que uma alteração em uma destas noções
alterava também todo o quadro de referência. Assim, a deontologia deixa de
olhar para o homem com uma natureza própria chamada de alma, para olhá-lo
83
UNIDADE 3 | UNIDADE 2
como um constructo social, e daí a entender que não existe um corpo de valores
éticos imutáveis, que seriam próprios ao homem independentemente do tempo
ou da cultura que está inserido, mas um corpo de valores tão mutáveis quanto o
seja a própria cultura.
Disso resulta que uma deontologia que diga ser uma ciência do
conhecimento daquilo que é conveniente só pode fazê-la aceitando como valor
absoluto que tudo é uma construção social e, portanto, fundado nas conveniências
sociais. Ora, esse valor absoluto das conveniências sociais não é outra coisa que o
“domínio das ações que não cai sob o império da legislação pública” (BENTHAM,
1836, p. 19). Em outras palavras, opinião pública.
84
TÓPICO 2 | UNIDADE 2
85
UNIDADE 3 | UNIDADE 2
NOTA
FONTE:<https://www.normaculta.com.br/linguagem-formal-e-informal/>.Acesso
em: 12 nov. 2019.
A linguagem formal não pode ter tido origem em grupos cuja tendência
é viver de maneira inteiramente informal. A relação entre mãe e filho,
por exemplo, tem de ser excluída da área onde uma linguagem formal
pode ter-se originado. [...] É muito estranha a expectativa de que a
riqueza das formas morfossintáticas possa remontar a um meio que
por si é hostil às formas. Poder-se-á explicar a cristalização a partir
de um agente químico dissolvente? Poderá a gíria informal de uma
gangue explicar os cristais da linguagem formal e gramatical? [...] Na
tentativa de entender a origem da linguagem formal, devemos olhar
para o trabalho de um homem adulto ou para o feito de algum ancião.
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UNIDADE 3 | UNIDADE 2
DICAS
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TÓPICO 2 | UNIDADE 2
E
IMPORTANT
89
UNIDADE 3 | UNIDADE 2
90
TÓPICO 2 | UNIDADE 2
Esperamos, por fim, tornar claro com estas últimas explicações a relação
entre ordem social, linguagem, opinião pública e deontologia. Agora, já estamos
prontos para apresentar algumas conclusões:
A resposta é precisamente que a coesão social que ela cria gira em torno
de si mesma, enquanto a ordem social que ela degenera está na linguagem social
da qual não participa, a não ser, como imitação. A opinião pública tende, numa
democracia, a reinar como única autoridade, e para que isso ocorra, não se detém
em destruir toda e qualquer outra autoridade que estiver em seu caminho.
Toda e qualquer crise na ordem social só pode vir a ser corrigida mediante
a linguagem formal, mas como fazê-la sem perder as energias curadoras em
combate com a opinião pública? Dito de outra forma, como dar à justiça seu
valor devido em um ambiente que tende a se degenerar com a opinião pública
passando-se pela justiça? Como falar em virtude ética para um indivíduo que se
entregou inteiramente à autoridade da opinião pública?
92
RESUMO DO TÓPICO 2
• Uma boa relação social depende de uma boa comunicação, e esta só é feita
através da linguagem formal.
93
AUTOATIVIDADE
( )
Toda e qualquer deontologia está fundada na opinião pública.
( )
Opinião pública é a pressão do indivíduo sobre o ambiente social.
( )
A opinião pública retira sua força precisamente do medo do isolamento social.
( )
A linguagem informal é a tensão entre a formal e a pré-formal, e por isso
a opinião pública se caracteriza pelo uso da linguagem informal.
( ) A opinião pública tem um efeito degenerativo na linguagem formal, já
que ela é linguagem informal.
( ) A linguagem formal, nas suas estruturas sociais e gramaticais, é o início
de qualquer sociedade.
94
UNIDADE 2
TÓPICO 3
INTRODUÇÃO
Talvez você já deva ter se questionado acerca da relação entre deontologia
e opinião pública. Se a deontologia está fundada na opinião pública, e a ela se
submete, por qual motivo temos a existência da deontologia? Ou ainda, que outro
poder as deontologias poderiam ter para além daqueles da opinião pública? Não
se trata aqui de teorizar sobre comunicação. As teorias da comunicação tratam de
vários fenômenos, entre eles a opinião pública, é verdade, mas estamos aqui nos
questionando qual o motivo de existir uma deontologia que se submete e se funde
a um poder que vai muito além da própria deontologia? Se a opinião pública é
um poder tão grande quanto vimos, qual a necessidade de estabelecer condutas
que não pela própria opinião pública ou ainda que força teria uma deontologia
em estabelecer condutas que não viesse da força da própria opinião pública?
3.1 PÓS-VERDADE
O termo pós-verdade foi empregado pela primeira vez em 1992, por Steve
Tesich, em um artigo na revista The Nation, mas só veio ganhar repercussão em
2016, o departamento da Universidade Oxford responsável pela publicação de
dicionários, elegeu “pós-verdade” como a palavra do ano da língua inglesa.
95
UNIDADE 2 | UNIDADE 2
NOTA
Você deve recordar que nos códigos de deontologia que vimos, o valor máximo
que eles defendiam era, precisamente, a verdade. A pergunta é: por que a verdade está
em crise? A resposta a esta pergunta pode tomar muitas linhas, e até mesmo livros, mas
ela pode ser resumida numa breve explicação sobre a Pós-Modernidade.
96
TÓPICO 3 | UNIDADE 2
É o mesmo que dizer que não existem “valores imutáveis”, e dizer que
não há “valor imutável” é o mesmo que dizer que todas as coisas são “por
convenção”. Note como todos estes termos guardam relação intrínseca entre si.
Podemos compreendê-los vendo que todos se referem à ideia de que tudo é uma
construção humana. Percebemos, portanto, o fio condutor que enunciamos desde
as primeiras linhas no início deste livro didático.
97
UNIDADE 2 | UNIDADE 2
98
TÓPICO 3 | UNIDADE 2
Contudo, era inevitável que a mídia de massa exercesse seu poder sobre
a opinião pública. Até o surgimento da internet, somada à televisão, ao jornal e
à rádio, a mídia era a mais formidável ferramenta de controle e manipulação da
opinião pública que alguma vez já houvera. Aqueles que detinham a mídia de
massa nas mãos detinham o maior poder em uma democracia.
99
UNIDADE 2 | UNIDADE 2
NOTA
FONTE:<https://noticias.r7.com/record-news/jornal-da-record-news/videos/cientista-
brasileiro-contesta-hipotese-do-aquecimento-global-20102015>. Acesso em: 3 dez. 2019.
É claro que a mentira sempre existiu, assim como os erros. Fake news e
pós-verdade não são somente mentiras, já que configuram um esforço deliberado
de conduzir a opinião pública. Não há como negar a existência destes fatos, assim
como não há como negar que eles existam em todas as mídias. O uso deliberado
que as mídias tradicionais fazem para criminalizar a internet através daquilo que
se resolveu chamar de “problema de fonte”, evidencia ainda mais o problema
dentro de si mesma, já que a crise da verdade não surgiu com a internet nem
notícias falsas são exclusividade do nosso tempo.
100
TÓPICO 3 | UNIDADE 2
E
IMPORTANT
101
UNIDADE 2 | UNIDADE 2
Que você possa refletir sobre a profissão que está aqui estudando,
de maneira que as palavras escritas, juradas e prometidas tenham o peso da
completude de sua existência. Que o profissional seja inteiro, sincero, honesto
consigo e com a sociedade.
Esperamos que este Livro traga a você mais que informações históricas e
um conteúdo didático, que você possa usá-lo para sua formação pessoal. Nossa
esperança reside sempre em acreditar no melhor do ser humano, assim como
todos os códigos de deontologia também apelam ao bem que sempre se pode
encontrar no homem.
102
TÓPICO 3 | UNIDADE 2
LEITURA COMPLEMENTAR
O QUE É PÓS-VERDADE?
Victor Bruno
103
UNIDADE 2 | UNIDADE 2
naturalmente o seu predecessor (no caso, a verdade), mas o que se batizou de pós-
verdade não é isso: é um conceito sintético produzido em laboratório que surge
como algo que rivaliza com a realidade sensível da verdade. Verdade, tomada
em si, não é “um construto”, como defende o povo do Pomona College, mas
uma realidade; um destino real ao qual muitas estradas já foram construídas na
tentativa de se chegar lá. As estradas podem ser construtos; a verdade, o ápeiron,
certamente não é.
104
RESUMO DO TÓPICO 3
105
AUTOATIVIDADE
FONTE:<https://revistaforum.com.br/blogs/pos-verdade-e-fake-news-sao-noticias-falsas-
para-colocar-jornalistas-hipsters-na-linha/>. Acesso em: 15 nov. 2019.
106
REFERÊNCIAS
ABI - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA. Código de ética dos
jornalistas brasileiros. Associação Brasileira de imprensa. Rio de Janeiro, c2013.
Disponível em: http://www.abi.org.br/institucional/legislacao/codigo-de-etica-
dos-jornalistas-brasileiros/. Acesso em: 14 set. 2019.
107
CONAR - CONSELHO NACIONAL DE AUTORREGULAMENTAÇÃO
PUBLICITÁRIA. Justiça dá decisão favorável à ação do Conar. São Paulo,
28 mar. 2018. Disponível em: http://www.conar.org.br/noticias/detnoticias.
php?id=220f. Acesso em: 14 set. 2019.
FOLHA DE SÃO PAULO. 2011. O que é o Conar. Para Entender Direito, São
Paulo, 14 out. 2011. Disponível em: http://direito.folha.uol.com.br/blog/o-que-o-
conar. Acesso em: 14 set. 2019.
JOBS, S. 'You've got to find what you love', Jobs says. Stanford News. Stanford,
14 jun. 2005. Disponível em: https://news.stanford.edu/2005/06/14/jobs-061505/.
Acesso em: 10 nov. 2019.
108
NOELLE-NEUMANN, E. A espiral do silêncio, opinião pública: nosso tecido
social. Tradução Cristian Derosa. Florianópolis: Estudos Nacionais, 2017.
109
110
UNIDADE 3
CINEMA, TV E VÍDEO
INTRODUÇÃO
Desde o início da humanidade o homem tem necessidade de se comunicar
buscando formas para se expressar, compartilhar, trocar informações e deixar registros
de seus feitos ou pensamentos. Podemos verificar essa questão com o que a história
nos revela diante das imagens rupestres deixadas pelos homens das cavernas, ou com
o que as formas de comunicação por sinais de fumaça, sons de tambores e os próprios
sons emitidos pelos homens primitivos empregavam, antes do desenvolvimento da fala
como a conhecemos e a empregamos hoje.
Nesse sentido, é possível afirmar que a comunicação surgiu por uma necessidade
do indivíduo e a linguagem e o seu desenvolvimento foi uma consequência dessa
necessidade. Com a evolução do ser humano, a linguagem – ou as linguagens, foram se
desenvolvendo e o homem se apropriando de suas possibilidades.
111
Ao longo da história aspectos fundamentais para a compreensão do seu
entendimento enquanto um espaço sociológico, político, psicológico, artístico e técnico.
Sim, essa arte, essa indústria ou essa linguagem pode tratar de inúmeros temas em
abordagens diversas.
112
1.1 O CINEMA
A chegada das imagens em movimento e o seu processo de evolução até
outros formatos como a TV e o vídeo é repleta de invenções, curiosidades e desafios
que contaram com a contribuição de inúmeros técnicos, artistas e visionários. Assim,
não é possível começarmos essa viagem pela história do cinema sem começarmos
abordando o princípio do registro de imagens que ocorreu com a fotografia.
Segundo Kossoy (1980), o uso da câmera escura como instrumento auxiliar para a
tomada de vistas da natureza, arquitetura e outros temas já era extensivamente disseminado
entre artistas e viajantes dos séculos XVII e XVIII. Mas o que marca oficialmente o início
da Fotografia é a 1ª imagem fixa feita de forma rudimentar pelo cientista amador francês,
aposentado da vida militar Joseph Nicéphore Niépce. Sobre a data exata de tal realização
seria 1824 e 1826. O feito foi possível a partir do uso da câmera escura com o registro em
placas de pedra, vidro e metal (cobre e estanho) em uma exposição ao sol de oito horas
de duração e o mergulho dessa placa em químicos, como a terebintina. Esse processo foi
chamado por Niépce de heliografia.
113
NOTA
A câmera escura é uma espécie de aparelho óptico baseado no princípio de
mesmo nome sendo a base da fotografia. É uma espécie de caixa – pode ser
de diferentes tamanhos, e contém um orifício por onde entra a luz refletida
de objeto do lado externo. Dentro da caixa, a luz que entra atinge a superfície
oposta onde se forma a imagem do objeto externo, invertido. Aproveite e veja
como fazer uma câmera escura com caixa de papelão. É muito fácil! Acesse o
link e assista ao vídeo. https://www.youtube.com/watch?v=yZlt8VgjKdc.
FIGURA 1 – PRIMEIRA FOTOGRAFIA DA HISTÓRIA INTITULADA “VIEW FROM THE WINDOW AT LE GRAS”
114
O fato de uma descoberta nunca surge do nada; ela é o resultado
de um processo cumulativo de outras descobertas que vão sendo
elaboradas ao longo do tempo, por vezes ao longo dos séculos: a
descoberta da fotografia bem exemplifica isso. Ela ocorreu em função
de descobrimentos químicos e ópticos anteriores, que, num dado
momento, foram utilizados por determinados pesquisadores com um
propósito semelhante (KOSSOY, 1980, p. 127).
FIGURA 2 – DAGUERREÓTIPO
DICAS
Amplie o seu conhecimento lendo a 1ª notícia publicada sobre a chegada da
fotografia. Acesse: http://www.iconica.com.br/site/a-primeira-noticia-sobre-
a-fotografia/.
NOTA
Louis e Auguste Lumiére são personagens fundamentais na história do
cinema.
115
A partir do princípio da descoberta da fotografia, passando pelo aperfeiçoamento
com a evolução de processos químicos que contribuíram para dar mais nitidez às
imagens e com as cores, partiremos agora para um panorama sobre a chegada do
cinema e o grande impacto que essa inovação teve.
116
fotogramas são projetados numa tela, produzindo a sensação de
movimento das imagens. Não podemos distinguir um movimento
contínuo, devido a uma particularidade do olho humano chamada
visão persistente RODRIGUES, 2010, p. 13).
IMPORTANTE
O fenômeno da persistência da retina na visão é um dos fundamentos
para a imagem em movimento. De forma simples, o fenômeno significa
que, quando os nossos olhos veem um objeto iluminado, a imagem do
objeto permanecerá em nossa retina por décimos de segundos após a
luz desaparecer. Assim, cada imagem do fotograma não desaparece até o
próximo surgir (RODRIGUES, 2010).
ESTUDOS FUTUROS
Diante dos primeiros filmes, percebemos que o cinema surge documental e
vamos falar sobre isso adiante.
117
Com o registro e possibilidade de exibição, os irmãos Lumiére passaram a fazer
sessões para projetar seus pequenos filmes. Os locais escolhidos para as exibições pagas
eram cafés ou teatros. Os registros indicam que a primeira projeção pública ocorreu em
28 de dezembro de 1895 em um café de Paris. Vamos conferir esses primeiros filmes?
INTERESSANTE
Acesse o link e veja os primeiros filmes feitos e projetados pelos
Irmãos Lumiére em 1895 no Grand Café. https://www.youtube.com/
watch?v=lW63SX9-MhQ.
118
naquele tempo, em que eram produzidos com duração de aproximadamente dois
minutos e tinham em suas temáticas o cotidiano e viagens realizadas, principalmente.
Além disso, Viagem à Lua é considerado o principal filme a estabelecer a diferença entre
filmes de ficção e filmes de não ficção cinematográfica. No seu enredo, o desejo do
homem em explorar o desconhecido em uma expedição para a lua.
DICAS
Assista ao filme “Viagem à Lua”, acessando o link https://www.youtube.com/
watch?v=S5dG3Skdq6U. Aqui você acessa a versão restaurada do filme
(cores) do encontro de uma cópia da película e a tecnologia digital de hoje
em dia. https://www.youtube.com/watch?v=9OwVC4NLY4w.
DICAS
Reportagem sobre a estreia de Viagem à Lua em 2011, em Cannes,
em sua versão colorizada. https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/
fq1505201111.htm.
Por algum tempo, o início do cinema seguiu dessa forma, com os registros da
realidade, de um cotidiano de hábitos culturas, registros de viagens ou com pequenas
histórias de ficção com a percepção da possibilidade de mudar o cinematógrafo de
posição no momento do registro conforme o cenário e a atuação dos atores e após, unir
essas imagens – o que foi inicialmente feito por Méliès. Dessa forma, as questões que
envolvem os elementos artísticos do início do cinema, estão amparados na forma de
fazer teatro, pois era o que os artistas da época conheciam e sabiam fazer.
Mas, o cinema foi ampliando seus horizontes e novos adeptos passaram a criar
e registrar suas histórias – fossem reais ou ficcionais. E isso acontecia nessa época em
outros países também, não só na Europa.
Quando Edwin S. Porter cria o filme “O Grande Roubo do Trem”, em 1903, um novo
contexto de possibilidades surge para o cinema em direção a uma nova identidade (RODRI-
GUES, 2010). O filme “O Grande Roubo do Trem” é considerado, para a época, excepcional-
mente sofisticado em sua narrativa, em virtude das inúmeras cenas distintas em relação ao
espaço e ao posicionamento da câmera. Essas percepções contribuíram para o aprofunda-
mento do enredo desenvolvido. O filme é considerado o primeiro faroeste já feito, sendo o
filme mais bem-sucedido do período pré-Griffith do cinema americano (SCHNEIDER, 2013).
119
O cinema ganha projeção e novos realizadores, ainda mais audaciosos em
experimentar com a câmera. Nesse contexto, chegamos a outro grande nome da
história do cinema: David W. Griffith e com seu relevante filme na história do cinema: “O
Nascimento de uma Nação”.
Vale destacar ainda, como curiosidade, que o filme de Griffith foi o primeiro a ser
exibido na Casa Branca em 1915, para o então presidente Woodrow Wilson.
Na época, o filme foi amado e odiado pelas mesmas razões, diante da temática do
enredo desenvolvido. Ele foi baseado na peça explicitamente racista de Thomas Dixon,
The Clansman: An Historical Romance of the Ku Klux Klan, mas, Griffith era indiferente
ao teor do tema racista da película.
DICAS
Veja o filme “O Nascimento de Uma Nação” em: https://www.youtube.com/
watch?v=DyyGyiB6kSQ.
Ao longo de uma história de mais de 125 anos, podemos afirmar que o cinema
se consolidou com seus movimentos e avanços tecnológicos com o advento do som,
das cores, dos efeitos especiais e toda tecnologia empregada para a produção e filmes,
além dos contextos socioculturais nessa trajetória. Aqui, não vamos esmiuçar essas
questões, nem nos debruçar sobre os elementos empregados para construção dessa
linguagem em narrativas cada vez mais criativas e complexas, mas adiante discutiremos
essas questões.
120
1.2 A TV
Passamos agora para uma viagem pelo tempo envolvendo outra grande
revolução da sociedade contemporânea: a televisão.
A TV sempre teve lugar de destaque em nossa vida. No seu início chegou a ser
considerada um capricho, mas, atualmente, impossível não reconhecer seu papel na
formação cultural da sociedade mundial. A televisão é um dispositivo mecânico que
recebe sinais eletrônicos. Kellison (2006, p. 18), afirma que a TV
Essa citação nos mostra como o universo do audiovisual permite criar, a partir
do domínio de técnicas e conceitos que serão empregados para comunicar ideias, sejam
elas com o objetivo de informar, entreter ou persuadir. Logo adiante vamos identificar de
que forma se cria nessa tela para chegar aos objetivos citados.
ESTUDOS FUTUROS
Adiante, nesta disciplina, vamos conhecer as categorias, gêneros e formatos
na televisão com diferentes objetivos.
Entre esses personagens está o químico sueco Jakob Berzelius que em 1817,
com sua descoberta sobre a luz e a relação com o selênio abriu os novos campos para a
utilização da energia elétrica. Já identificou sua importância, certo? Afinal, como assistir
TV sem energia elétrica? Pois bem. Um experimento contribuindo com outro.
121
ferro, com furos e dispostos em espiral. Ao girá-lo subdividia-se o objeto em pequenos
pontos e depois, em alta velocidade, os pontos se agrupavam e formava novamente a
imagem do objeto. Assim, o disco girava e fazia uma varredura dos pontos possibilitando
a transmissão das formas.
Anos mais tarde, Charles Jenkins nos EUA e o inglês John Lodgie Baird
desenvolvem um invento com semelhanças entre eles que consistia em um disco
perfurado onde captava e transmitia imagens.
Mas, foi a partir de todos esses experimentos que em 1923 o russo naturalizado
americano Vladimir Zworykin inventou o iconosópio, um tubo a vácuo com uma tela de células
fotoelétricas que faz uma varredura eletrônica da imagem e quatro anos após essa invenção
conseguiu realizar a transmissão das imagens para uma distância de 45 quilômetros.
Percebemos que a força que a televisão teve e ainda tem é inquestionável. Até
mesmo diante das novas tecnologias a TV permanece e se reinventa, o que vem ocorrendo
já há algum tempo, mas deve ter seu processo acelerado diante da crise provocada pela
pandemia da COVID-19. Segundo Marcelo Coutinho (2020), em reportagem na revista
Meio&Mensagem, a televisão deverá passar por mudanças “tanto quanto desde 1950,
quando desembarcou no País. Afinal, uma das características das grandes crises é que
elas aceleram processos históricos, como pontuou Yuval Harari ainda nos primeiros dias
da chegada do coronavírus” (COUTINHO, 2020).
122
ATENÇÃO
Acesse o link e assista a um especial sobre TV Digital no Brasil. https://tvbrasil.
ebc.com.br/ciencia-e-tudo/2020/07/transformacoes-da-tv-digital.
No início, a TV era totalmente ao vivo e não houve formação profissional para o novo
meio de comunicação da época. Assim, não se sabia “fazer TV”, por isso, foram chamados
os técnicos, jornalistas e artistas do rádio, meio que já estava consolidado, inclusive em sua
programação. Assim, o início da TV se deu a partir do que era feito no rádio.
123
IMPORTANTE
No início, a TV era ao vivo, no improviso. Conheça um pouco mais dessa
história, assistindo ao especial em comemoração aos 70 anos da TV
brasileira. https://www.youtube.com/watch?v=64U2glQzzJ8.
DICAS
Veja lista das melhores novelas da história indicada por 12 jurados estudiosos da
dramaturgia. https://veja.abril.com.br/cultura/as-melhores-novelas-da-tv-brasileira/.
124
Cada capítulo de uma novela pode ser considerado um espetáculo onde é possível
se emocionar e refletir. E esse artefato teve sua evolução que provocou ainda mais impacto.
Foi na década de 1970 – mesmo com as regras impostas pela censura militar que a
TV passou para uma nova e glamorosa fase – a da cor. A primeira transmissão em cores no
país ocorreu no Rio Grande do Sul, realizada pela TV Difusora durante a inauguração de uma
das festas mais tradicionais do estado – a Festa da UVA, em Caxias do Sul. E a primeira novela
exibida em cores foi o Bem-Amado, de Dias Gomes, em 1972 produzida pela Rede Globo.
DICAS
Saiba mais sobre a primeira telenovela em cores do Brasil acessando o link.
http://glo.bo/3QIZGmV.
Nessa mesma década, outro avanço e que segue nesse padrão até a atualidade foi
a programação nacional, ou seja, uma programação exibida em rede pela emissora sede,
com suas afiliadas espalhadas pelo país (PATERNOSTRO, 1999, p. 32.)
DICAS
Horário Nobre é considerado o que compreende o minuto mais caro
para a exibição de comerciais na emissora e até alguns anos atrás era
considerado das 19 horas às 22 horas. Atualmente, esse horário está
ampliado começando às 18 horas até às 24 horas. Em algumas emissoras,
dependendo do programa exibido pode passar da meia noite, pois a atração
na programação, valoriza o tempo comercial. Leia mais sobre essa questão
acessando: https://vejario.abril.com.br/blog/manoel-carlos/horario-nobre/.
125
Vamos falar agora sobre a informação na televisão? O jornalismo é outro grande
destaque na TV brasileira e alguns programas são o principal produto do horário nobre. A
informação é valiosa e fundamental para a sociedade. A imagem contribui para ampliar
esse valor. Imagem é documento histórico e ao longo dos anos percebemos o espaço
que ganhou com o propósito de conhecermos e entendermos o mundo.
Como você já estudou, a televisão no Brasil foi trazida dos Estados Unidos e
teve sua inspiração na programação daquele país. Assim, junto com o conhecimento do
que se fazia no rádio foi sendo criada a programação da TV aqui no país, com espaço
para a informação – jornalismo com a possibilidade da ilustração pelas imagens.
Mas, Paternostro (1999, p. 35) indica que o primeiro TJ de sucesso foi o Repórter
Esso, que estreou em 1953, também na TV Tupi e ficou no ar por quase 20 anos. Foi um
marco na história do telejornalismo brasileiro e um dos programas de maior sucesso na
história da televisão.
126
DICAS
Assista a um trecho do Repórter Esso e conheça a famosa abertura do
telejornal: “Aqui fala seu Repórter Esso, testemunha ocular da história”.
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=cR4qDJGt5Esicar.
127
TÓPICO 2
A COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL COMO
LINGUAGEM
INTRODUÇÃO
O espaço ocupado atualmente pelo audiovisual – seja para a informação,
entretenimento, educação, sensibilização ou publicidade, está presente em diferentes
janelas e plataformas. O mundo consome conteúdos através de sons e imagens como
jamais consumiu. A internet vem contribuindo ainda mais com esse processo. As
produções para o cinema, televisão, internet e VoD (vídeo sob demanda), entre outras
plataformas, representam uma intensa movimentação no mercado audiovisual.
Com esse cenário na economia, o audiovisual passou a ser visto de outra forma
abrindo possibilidades e incentivando produções cada vez mais qualificadas, para
atender ao consumidor mais exigente em relação a novidades, diversidade e qualidade
de conteúdo.
ESTUDOS FUTUROS
Os principais Movimentos Cinematográficos, entre eles, o Cinema Novo, será
tema de estudo em nossa próxima unidade.
128
Todo esse cenário de produção que movimenta a economia, nos chama a
pensar que é necessário pessoal qualificado, que domine as técnicas, linguagens e as
possibilidade de produzir audiovisual. Possibilidade de comunicar empregando o sistema
da linguagem audiovisual.
Você foi à escola desde criança, certo? Foi lá que aprendeu a ler e a escrever, ou
seja, aprendeu o código para se comunicar a partir da linguagem oral-verbal com o uso
do alfabeto e nossa língua portuguesa. Com essa apropriação foi possível se comunicar,
se relacionar com o mundo de outra forma e que vem sendo feito desde então. Pois
bem, assim, perguntamos: você estudou quando criança ou adolescente, em alguma
disciplina, a linguagem audiovisual? Essa a que você foi exposta ainda criança quando
assistia principalmente televisão? Cremos que não, certo.
Todos nós fomos alfabetizados para poder ler e escrever a partir da linguagem
que utilizamos para nos relacionar no mundo – a escrita, o verbo. Tivemos professores
para isso e com o passar do tempo, aprendemos as questões mais complexas para essa
comunicação começando pelo alfabeto, construção de frases e parágrafos, assim como
toda gramática. Mas, nossa relação com o mundo também ocorre a partir do audiovisual
e nunca fomos alfabetizados para fazer a leitura dessa linguagem, seus códigos e
elementos e como podem ser empregados para a comunicação.
129
2.1 A LINGUAGEM AUDIOVISUAL
Para compreender o audiovisual e os elementos que possibilitam a comunicação
através do audiovisual, vamos identificar inicialmente os principais códigos que a
compõem, seus elementos específicos e não específicos. Consumimos e aprendemos
naturalmente essa linguagem desde crianças, pois, ela está amparada no nosso mundo
do real, do cotidiano que aprendemos diante da vivência em família e sociedade. Algumas
de suas características são compreendidas independente da língua de determinado povo,
pois o audiovisual traz a imagem em movimento compreendida em todos os lugares,
independente de domínio de outro código – como a língua. Mas, a linguagem se vale de
outras características e a forma como se faz as combinações de códigos, características
e possibilidade de uso dos elementos é que surge a criação a partir da linguagem
cinematográfica, linguagem audiovisual.
Conforme usamos esses elementos podemos dar força à ideia que queremos
comunicar, modificar o sentido do que está sendo comunicado. Por isso, é tão importante
conhecer seus recursos para compreender o que é possível fazer.
Assim, conhecer o que está por trás dessa linguagem, faz o indivíduo perceber/
enxergar os filmes de formas diferenciadas, em função das variações que os elementos
e recursos disponíveis para comunicar a partir dessa linguagem permitem. Ou seja, não é
apenas o que se diz, mas COMO se diz. Para entendermos essa linguagem que passa na
tela, foi criada sua própria forma de expressão a partir de:
• O verbal: o que é dito. Aqui será trabalhado o conteúdo textual da produção. Texto
para uma narração em off, textos de diálogos, texto que revelam os pensamentos de
personagens. O código verbal é trabalhado no roteiro, que considera outros elemen-
tos para a construção de uma narrativa. Ou seja, emprega as técnicas do roteiro.
• O sonoro: o que é ouvido. Aqui, o cuidado é com o que será ouvido e como será
ouvido. Se um diálogo ocorre dentro de uma igreja, o som ouvido pelo espectador
terá de refletir a acústica desse ambiente, diferente de um diálogo que ocorre
em um espaço aberto, por exemplo. Os sons que contribuem para enriquecer a
130
narrativa, despertar sentimentos como melodias ou o som do vento, do mar, latidos
de cachorros e sons de pássaros. Muitas vezes o código sonoro está presente
mesmo quando a imagem não está em quadro, mas o som cumpre importante
papel nesse sentido.
• Visual: o que é visto. Quando falamos no código visual sendo trabalhado em uma
produção, vamos ter em mente que é necessário pensar em todos os elementos
que vão ser vistos na tela e como serão vistos. Assim, as perguntas do diretor do
filme, seja uma produção de baixo orçamento ou não, terá de definir o que será
mostrado na cena? Como será mostrado? Quando mostrar e por quanto tempo? O
espectador verá toda paisagem, todo ambiente, todo personagem. Nesse sentido
serão definidos os planos a serem adotados e cada um deles tem sua função
específica.
IMPORTANTE
É a visão do diretor de uma produção que irá determinar a linguagem
adotada, compondo com todos os elementos possíveis de serem
empregados no audiovisual, de forma combinada, junto a equipe que
participará da produção.
131
TÓPICO 2
OS ELEMENTOS NARRATIVOS DO
AUDIOVISUAL
INTRODUÇÃO
Em nossos estudos, nós aprendemos até agora que o processo de
comunicação audiovisual conta com códigos específicos e que, quando empregados
de forma combinada a partir de técnicas específicas compõem os elementos básicos
do audiovisual. Nas produções audiovisuais são possíveis e, necessárias, diversas
combinações desses códigos que, junto a outros elementos, compõem o universo de
inúmeras possibilidades criativas e de significação. Vamos identificar a partir de agora
esses elementos considerados como específicos e não específicos.
132
A iluminação criada para um produto audiovisual exerce um papel importante,
podendo ser básica ou complexa e podendo criar diversos efeitos.
ATENÇÃO
Observe a iluminação de diferentes produtos audiovisuais e
cinematográficos. Busque perceber como a luz pode trazer força para a
narrativa realçando seus sentidos. Por isso, é um elemento tão importante
quando vamos produzir com o objetivo de comunicar algo. Uma boa
referência dos efeitos conquistados com a iluminação é o clássico Cidadão
Kane, em uma sequência inicial, na sala de projeção onde os jornalistas
discutem e um feixe luminoso vem da cabine do operador deixando a
obscuridade tomar conta do rosto do editor enquanto os jornalistas são
intensamente iluminados.
• A cor: durante 40 anos o cinema foi praticamente em preto e branco. O que Méliès
e outros artistas faziam era colorir a mão os filmes, o que com o passar do tempo
passou a ser algo exorbitante em função do aumento da duração dos filmes. Alguns
banhos para tingir a película eram usados também no início do cinema, com finalidade
parte realista e parte mais simbólica, quando se usava banhos azulados para indicar
a noite, esverdeado para paisagens e vermelho para incêndios e revoluções. Nesse
sentido, destacamos a afirmação de Martin (2013, p. 75), quando ele diz que
134
o Hierática: atuação estilizada e teatral;
o Estática: sua força está na presença física do ator;
o Dinâmica: é uma característica nos filmes italianos por ressaltar o temperamento
latino;
o Frenética: quando é empregada uma expressão gestual e verbal propositalmente
exagerada, característica da intenção de alguns diretores.
135
• Posição e movimentos da câmera: no princípio do cinema, uma das evoluções foi
a que Mèliés propôs ao mudar a câmera de posição. Outros foram aperfeiçoando
essa posição da câmera se aproximando do tema e contribuindo para enriquecer a
narrativa. Assim, a posição da câmera com o uso de planos próximos ou distantes,
ou que assumam o ponto de vista do espectador são fundamentais para a
dramaticidade de todo filme, bem como a angulação e movimentação da câmera.
• Grande Plano Geral: muito aberto. Mostra todo ambiente que pode ser uma grande
cidade, uma rua, um parque, conjunto de casas. Usado para: situar o espectador,
pois contextualiza quanto a cena seguinte. Sua proposta não valoriza o personagem.
Plano Geral: usado para situar algo mais específico. Ex.: a casa, em relação ao
desenvolvimento da cena.
136
FIGURA 8 – PLANO GERAL (PG)
137
FIGURA 10 – PLANO GERAL FECHADO (PGF)
• Plano Inteiro (PI) – A proposta do plano é mostrar o personagem da cabeça aos pés.
• Plano americano (PA) – O personagem é mostrado a partir dos joelhos. Foi criado
nos filmes de westerns americanos, para valorizar a caracterização do personagem
em função das armas carregadas junto ao corpo, na linha da cintura.
138
FIGURA 12 – PLANO AMERICANO (PA)
• Plano Médio (PM) – Tem a proposta de mostrar da cintura para cima. Usado para
valorizar o movimento das mãos durante a cena.
• Primeiro Plano / Plano Próximo (PP) – enquadrado do busto para cima. Usa-se
para valorizar as características, intenções e atitudes do personagem.
139
FIGURA 14 – PRIMEIRO PLANO PP)
FIGURA 16 – SUPERCLOSE
140
• Plano Detalhe – é o mais próximo de todos. Mostra apenas parte do corpo, como
seu próprio nome diz. Usado também para mostrar objetos.
• Frontal: ator fala para a câmera. Usado no jornalismo para a passagem do repórter
• Cut in: Close dentro da ação filmada.
• Cut away: Plano ou close de outra cena, interligada a ela.
• Plano Zenital: Plano gravado a 90º sobre a cabeça dos atores.
141
DICAS
Acesse o link e veja uma cena em que é empregado o plano zenital –
chamado também do plano “olhar de Deus”. https://www.youtube.com/
watch?v=I4zCLp-mgqk.
DICAS
Lançado em 2009 “O Segredo de Seus Olhos”, dirigido pelo argentino Juan
José Campanella traz um antológico plano sequência. O filme é considerado
pela crítica uma das melhores produções latinas dos últimos anos, por
diversas questões. No primeiro link você confere o plano sequência do
filme. No segundo link, você pode conferir como fizeram o plano sequência
em um making off.
1º - https://www.youtube.com/watch?v=qh7omzsVhb0
2º - https://www.youtube.com/watch?v=OBeYm2aPKCw.
FIGURA 19 – PLONGÉ
142
FIGURA 20 – CONTRAPLONGÉ
DICAS
Acesse o link e assista à cena que emprega o plano subjetivo.
https://www.youtube.com/watch?v=JI85zrqdKLc.
143
Além dos planos, para compor a linguagem visual de uma produção empregamos
também movimentações e angulações de câmera. Nesse sentido, Moletta (2009) nos
apresenta as seguintes possibilidades, podendo ser empregadas em todas as produções.
o Panorâmica – nesse movimento, a câmera gira em seu próprio eixo com a proposta
de mostrar totalmente o local. Pode ser feita na horizontal (pan horizontal) ou na
vertical (pan vertical – também conhecido como tilt) Na Pan invertida, a câmera gira
em torno do personagem ou do objetivo.
o Travelling – é o movimento em que a câmera segue um caminho para acompanhar
uma ação ou o personagem em uma corrida, por exemplo. Para esse movimento,
normalmente, é usado equipamento específico. Essa proposta pode ser usada para
dar certa tensão à cena.
o Zoom – é um movimento feito na lente. Usado para chamar atenção para algo em
cena, pois a câmera, a partir do zoom, irá focar rapidamente um objeto específico.
Pode ser usado:
▪ Zoom-in: movimento que aproxima o objeto na imagem;
▪ Zoom-out: movimento que distancia o objeto da imagem.
Tanto um movimento quanto o outro podem ser feitos de forma rápida ou lenta.
Vamos começar falando sobre o roteiro. Essa etapa tem como desafio inicial as
intenções do próprio roteirista. Aonde se quer ir? O que quer mostrar? Contar? Para isso,
é fundamental ter a ideia, um ponto de partida. E de onde vem essa ideia? Logo vamos
estudar sobre isso. Antes, vamos ver como alguns autores definem esse elemento
fundamental no cinema e audiovisual.
144
No filme (produto audiovisual), o roteiro precisa ser escrito considerando todos
os elementos disponíveis, porque como explica Field (2001):
No entendimento de Field, o roteiro precisa ser visto como uma história que será
contada com imagens, tendo seu início, meio e fim, tratando de uma ou várias pessoas,
considerando o que será dito e o que será mostrado visualmente. Importante ressaltar
que, independentemente da complexidade do produto audiovisual – ou seja – um
filme de longa-metragem, um comercial de televisão de 30 segundos, ou um vídeo de
conteúdo para as redes sociais, o roteiro é elemento fundamental. Afinal, é necessário
saber o que dizer e como dizer.
Assim, sabemos que para ter um roteiro é necessário ter uma ideia e utilizar a
escrita, para detalhar a linguagem que combina os códigos do audiovisual para dar voz
e vida a essa ideia. Desafiador, não é mesmo? É Comparato (2009) quem nos traz os
elementos fundamentais do roteiro:
145
Nesse sentido, é Comparato (2009) quem nos traz o que o roteirista Lewis
Herman chamou de quadro de ideias. Nesse quadro, Herman indica que as ideias são
encontradas em seis campos. Veja quais são:
ESTUDOS FUTUROS
Ainda nesta disciplina, nas próximas unidades, vamos ampliar os estudos
sobre roteiro para melhor compreender a produção audiovisual.
Tendo essa apresentação inicial do roteiro, vamos partir agora para um panorama em
torno da edição, outro elemento fundamental no contexto do audiovisual e que, historicamente
caracterizou o cinema como uma linguagem, como já vimos a partir da visão de David Griffith.
Para ficar claro, editar é visto muito mais como um processo técnico de excluir o
que é desnecessário. A montagem, já tem outro entendimento e que foi o que deu início
a um novo momento no cinema, com Griffith, como já destacado, considerado o pai da
linguagem cinematográfica porque foi ele que se apropriou da técnica dos cortes para
utilizá-la para montar de outra forma as ações filmadas, pois antes, eram apresentadas
de forma linear e a montagem possibilitou criar ações paralelas e deixando de lado a
narrativa que seguia cronologia da história. Outro personagem que soube empregar
muito bem a montagem e ficou reconhecido por ser um grande mestre da montagem
foi o russo Sergei Eisenstein, colocando a União Soviética na vanguarda do cinema com
a percepção das possibilidades da montagem.
146
DICAS
Saiba mais sobre Eisenstein e sua teoria lendo o artigo no link. https://bit.
ly/3nd95px
147
• Montagem tonal: é a montagem a partir da emoção da cena, tendo relação com
outros elementos do audiovisual como a luz, cenário.
• Atonal: ela não quer passar emoção e sim criar a partir da combinação de todos os
modos de edição.
• Intelectual: saber usar todos os elementos do cinema para criar conceitos na mente
do telespectador a partir da montagem.
Importante destacar que o mesmo termo e até a técnica empregada para dar
forma aos filmes e produtos audiovisuais se apresenta de uma forma mais objetiva e
outra, mais artística, provocadora e política.
148
LEITURA
COMPLEMENTAR
A NOVELA ACOMPANHA A SOCIEDADE
Bárbara Sacchitiello
Na Globo, uma das principais produtoras de novelas do mundo, esse pilar, desde
2014, está sob o comando de Silvio de Abreu, que após décadas de trabalho como
autor – das quais resultaram sucessos de público e crítica, como Rainha da Sucata
e A Próxima Vítima – passou a supervisionar toda a produção de dramaturgia diária
(novelas) e, posteriormente, semanal (séries).
Meio & Mensagem – A telenovela está presente em boa parte dos 70 anos de
história da TV. Quais são as mais importantes e impactantes transformações pelas quais
esse gênero passou?
149
Noiva, novelas escritas por autores nacionais que deixaram de lado os originais argentinos
e mexicanos e criaram a nossa própria identidade em produções como Antônio Maria, A
Viagem, Mulheres de Areia, Anjo Mau, Irmãos Coragem, Pecado Capital, O Bem Amado,
Saramandaia, Avenida Brasil, Escalada, Renascer… cada uma dentro de um estilo de
narrativa que, depois, veio a transformar de maneira mais anárquica com Guerra dos
Sexos, Uga-Uga, Vamp, Cambalacho, Que Rei Sou Eu?, sem falar nas dramatizações
de obras literárias, como O Tempo e o Vento, A Muralha, Éramos Seis, Olhai os Lírios do
Campo e Senhora. Cada uma dessas novelas, e de muitas outras, contribuiu para essa
renovação constante que é o alicerce desse imenso sucesso.
Silvio – Novela é novela. Série é série. São gêneros diferentes e não há por que
misturar. Acredito que seja um equívoco achar que devemos fazer novelas baseadas em
séries. Não se deve acreditar que é só nas séries que acontece algo relevante a cada
capítulo, e na novela não. A narrativa de uma novela é completamente diferente da
narrativa de uma série. E quem gosta de novela gosta de novela – e quem gosta de série,
gosta de série. E tem muita gente que gosta dos dois – que, com certeza, se diverte
mais! Há público para todos os gêneros. Uma história bem escrita, dirigida e interpretada
será sempre bem-sucedida, não importando o formato, ritmo ou estética. As séries têm
seus encantos e valores, e a novela tem sua personalidade própria. Nenhum dos dois
precisa se espelhar no outro para conquistar o público.
Silvio – Quando vemos uma novela de 20 anos atrás, por exemplo, podemos ver
o reflexo da sociedade daquele tempo. Seja no figurino, na maneira de os personagens
falarem e se portarem, e, especialmente, nos assuntos tratados. A questão da
representatividade – que não é recente, mas fica, cada vez, mais potente na sociedade
– pode ser vista, de forma mais contundente, nas obras mais atuais. Sejam obras de
dramaturgia ou variedades. E isso é um movimento no mundo todo, não só no Brasil.
O artista tem que fazer aquilo que ele acredita, mas com responsabilidade. Tem que se
adaptar, pois a sociedade vai mudando, e a novela é um espelho da sociedade. E claro,
como artista, você tem que estar sempre querendo ir além, empurrar os limites. Essa é a
missão do criador: ele tem que abrir campos, ter novas ideias e tem que fazer obras mais
relevantes. Hoje em dia, estamos atentos à representatividade, seja na frente das câmeras
ou atrás delas. Sabemos qual é o alcance das novelas, a responsabilidade que temos com
o público que nos acompanha e a relevância desses temas para toda a sociedade.
150
Silvio – Um dos caminhos para o sucesso é olhar para o público e entender o
que ele quer naquele momento, e a partir daí contar uma boa história, bem realizada,
produzindo um entretenimento relevante e de qualidade. Para agradá-lo, mas também
para surpreendê-lo. Já escrevi novelas que se comunicaram bem e outras que tiveram
problemas. Posso citar uma experiência que tive quando escrevi Rainha da Sucata, que
foi uma novela de enorme sucesso, mas que tive que corrigir o rumo da trama após a
estreia. Comecei a novela escrevendo uma comédia, num horário em que a audiência
esperava um grande melodrama. Quando estreou, foi um choque. As pessoas falavam:
‘isso não é novela das oito!’ A novela teve muita rejeição e eu tive que reformular a
narrativa da parte dramática e deixar a comédia com os personagens do núcleo
coadjuvante. Depois de equacionada, foi um sucesso. Em Guerra dos Sexos, apesar
de todas as inovações propostas, o sucesso foi instantâneo, mas não tive a mesma
sorte em A Incrível Batalha Das Filhas Da Mãe no Jardim do Éden, que a meu ver era
uma novela muito divertida, mas não agradou a maior parte do público. Adoraria saber
precisamente quais são os fatores determinantes do sucesso e do fracasso, mas isso,
duvido que alguém possa responder com precisão.
M&M – A novela foi um dos produtos que ajudou a formar o que chamamos de
hábito de assistir televisão. Com as novas plataformas mudando as formas de consumo
de conteúdo, de que maneira você imagina que será a novela do futuro?
Silvio – Eu acho que vai ser uma convivência entre diferentes maneiras de
ver TV, com espaço, sim, para uma grade de programação linear. Parto da experiência
que vivemos hoje com as novelas, que continuam sendo um grande sucesso, seja em
sua exibição numa grade fixa — como na TV aberta e por assinatura – ou também no
streaming. Hoje, através do Globoplay, as pessoas já assistem à novela também pelo
celular. Você pode assistir na hora e onde você quiser e, no entanto, muitas pessoas
continuam assistindo naquele mesmo horário. É um modo de vida. A grade da TV ainda
organiza a vida de uma geração. Não sei se futuramente teremos outro modelo. Mas
acho que a tendência é a sobrevivência de todos os modelos. Vai ter modelo para quem
busca conveniência e para quem não abre mão de assistir à novela na hora em que
é exibida e de comentá-la com seus amigos ou na rede social. Essa emoção não vai
acabar. E imagino que a composição de todas essas ofertas de serviços e ferramentas
façam parte do consumo de entretenimento do futuro.
FONTE: <https://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2020/10/02/silvio-de-abreu-a-novela-acompanha-
-a-sociedade-brasileira.html>. Acesso em: 29 out. 2020.
151
RESUMO DO TÓPICO
Neste tópico, você aprendeu:
• O audiovisual tem a seu dispor diversos elementos não específicos para comunicar
os sentidos, como a cor, vestuário, iluminação, atuação de atores, cenários entre
outros elementos empregados para compor a narrativa.
152
REFERÊNCIAS
AUMONT, J. A estética do filme. 9. ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.
BONASIO, V. Televisão: manual de produção & direção. Belo Horizonte: Leitura, 2002.
DANYGER, K. Técnica de edição para cinema e vídeo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
153
PATERNOSTRO, V. I. O texto na TV: manual de telejornalismo. Rio de Janeiro: Campus,
1999.
SANTORO, L. F. A imagem nas mãos: o vídeo popular no Brasil. São Paulo: Summus,
1989.
SCHNEIDER, S. J. 1001 Filmes para ver antes de morrer: edição especial 10anos. Rio
de Janeiro: Sextante, 2013.
154
UNIDADE 4
155
Importante ressaltar, considerando outros contextos que o expressionismo
alemão influenciou em outras artes, além do cinema. Nas artes plásticas esteve
presente com as obras do russo Wasilly Kandinsky, na literatura com o escritor Franz
Kafka e na música com as obras do compositor austríaco Arnold Schoenberg.
No quadro a seguir, você pode conferir uma relação dos principais filmes que
marcam o movimento cinematográfico apresentado.
DICAS
Veja indicação de filmes da atualidade que carregam características
marcantes desse movimento cinematográfico que acabamos de estudar.
156
muita realidade. A utilização de restos de filmes e pedaços de rolos eram não apenas
utilizados pela falta de recursos, mas sim no intuito de apresentar sua ideia de rebeldia,
simplicidade e uma proposta revolucionária.
Esse modo de fazer cinema tornou-se umas das bases do cinema moderno
tendo diretores de renome internacional sendo influenciados pelo movimento, por
exemplo, Jules Dassin (norte-americano), Ken Loach e Mile Leigh (britânicos), Jia
Zhangke (chinês) e o aclamado Martin Scorsese (americano).
Mesmo com a importância do movimento, o estilo apesentado na tela não foi bem
recebido pelo público, pois a população não se mostrava muito disposta a ver no cinema
o que já era cotidiano em suas vidas – a miséria. Mas, mesmo não sendo bem recebido
em seu país, o filme ganhou reconhecimento internacional e consequentemente o
grande Prêmio no Festival de Cannes em 1946.
DICAS
Assista ao filme Roma, de Roberto Rosselini, disponibilizado pelo canal da
Cinemateca Brasil e veja aplicados, na prática, os conceitos em torno do
movimento cinematográfico neorrealismo italiano. Acesse: https://www.
youtube.com/watch?v=gI51XHygPDM.
157
4.3 NOUVELLE VAGUE FRANCESA
Seu surgimento ocorreu em 1958, na França, quando Françoise Giroud usou a
expressão ao se referir sobre o surgimento de novos artistas no cinema daquela época.
Tal termo “Nova Onda” foi utilizado por Françoise na revista L’Express para definir as
atitudes desses jovens que se caracterizavam como politizados e iam contra a cultura
hollywoodiana de cinema comercial que cada vez mais tomava força no meio.
A grande influência desses “novos críticos”, sem dúvida, foi a revista Cahiers du
cinema (Cadernos de cinema), criada por André Bazin, que na época era considerada
a revista mais importante de crítica cinematográfica, a “bíblia da crítica à sétima arte”.
NOTA
A mise-en-scène é um termo empregado a partir de uma expressão surgida
no teatro e tem sua tradução como “colocar no palco”. Assim, trazendo para
o contexto do cinema, seria colocar na tela. A mise-en-scène, resumidamente,
indica os elementos específicos e não específicos utilizados na produção,
em ação, na tela. A forma, como juntos atuarão na narrativa. Quer saber
mais? Acesse o link.
http://www.blog.365filmes.com.br/2017/06/o-que-e-essa-tal-de-mise-en-scene.html.
158
francês, mas para o cinema internacional uma nova forma de olhar a construir o cinema.
O movimento da Novelle Vague teve forte influência no surgimento do nosso Cinema
Novo e da proposta de Glauber Rocha “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça.
ESTUDOS FUTUROS
O movimento brasileiro, Cinema Novo também será estudado ainda neste
tópico da unidade de aprendizagem.
No quadro a seguir, você pode conferir uma relação dos principais filmes que
marcaram o movimento da Nouvelle Vague francesa.
159
dar uma resposta ao sucesso do cinema tradicional no país no fim da década de 1950,
que se resumia a produções ao estilo de Hollywood, com musicais, comédias e histórias
épicas produzidos na maioria das vezes, com recursos estrangeiros.
DICAS
Veja o filme “Rio 40 graus”, acessando o link.
https://www.youtube.com/watch?v=mutKYwMc-Jg.
O movimento Cinema Novo pode ser dividido em duas fases. A primeira que se
caracteriza entre 1960 e 1964, com filmes como “Vidas Secas”, de 1963, “Os fuzis”, de 1963
e, principalmente, “Deus e o diabo na Terra do Sol”, de 1964, que projetaram o movimento
do Cinema Novo no cenário internacional, sendo o último lançado no Festival de Cannes
e indicado à Palma de Ouro. Entre os principais nomes do movimento estavam Cacá
Diegues, Paulo César Saraceni, Luiz Carlos Barreto, Glauber Rocha e Nelson Pereira dos
Santos. É importante destacar que, foi o filme “Os cafajestes”, de 1962, de Ruy Guerra, que
realmente fez chegar o movimento ao grande público brasileiro.
Cabe salientar ainda que, em 1963, a obra literária Revisão Crítica do Cinema Brasileiro,
de Glauber Rocha, procurava estabelecer os objetivos do movimento e seus princípios estéticos,
no intuito de realizar um cinema mais autônomo economicamente, popular e realista.
160
A partir de 1968, a produção caraterística do movimento sofre grande queda em
consequência da ditadura e do exílio de alguns diretores, como Glauber Rocha. Outros
nomes se adaptaram às novas oportunidades, que surgiam no contexto da indústria
cultural em nosso país.
161
A partir do movimento, a produção dos filmes passou a ser mais ousada
tecnicamente e através de temas com violência e até mesmo apelo sexual. Como exemplo,
podemos indicar o icônico “Bonnie & Clyde, uma rajada de balas”, de Arthur Penn. O até
então conhecido “Código de produção”, que controlava toda a produção cinematográfica
da época dizendo o que era ou não moralmente aceitável nos filmes, foi totalmente
substituído pela censura de idade. E assim, segue até hoje essa classificação, e abrindo
as portas para o mais importante movimento cinematográfico da história de Hollywood.
Veja agora o quadro com a relação das principais obras e diretores que marcaram
o movimento Nova Hollywood.
162
Stanley Kubrick Laranja mecânica 1971
Francis Ford Coppola O poderoso chefão 1972
George Roy Hill Golpe de mestre 1973
William Friedkin O exorcista 1973
Steven Spielberg Tubarão 1975
Milos Forman Um estranho no ninho 1975
Martin Scorsese Taxi driver 1976
John Carpenter Assalto a 13DP 1976
George Lucas Guerra nas estrelas 1977
Ridley Scott Alien – O oitavo passageiro 1979
Stanley Kubrick O iluminado 1980
Brian de Palma Vestida para matar 1980
FONTE: A autora
DICAS
Amplie o conhecimento sobre esse importante movimento cinematográfico
com a leitura de resenha de livro que trata sobre o movimento. Acesse o link.
http://minhasinsignificantesobservacoes.blogspot.com/2012/01/como-
geracao-sexo-drogas-e-rockn-roll.html.
4.6 DOGMA 95
Esse movimento, como o próprio nome já diz, surgiu em 1995, estabelecendo
regras cinematográficas baseadas em valores tradicionais, impondo regras técnicas
e éticas bem específicas. Para receber essa classificação, as filmagens deveriam ser
sempre realizadas em locais externos, excluindo qualquer objeto cenográfico. O som
deveria ser captado apenas no momento da gravação, não podendo trabalhar em pós-
produção (INSTITUTO DE CINEMA, 2020).
163
O anúncio do movimento ocorreu através de inúmeros panfletos vermelhos durante
conferência de cinema em março de 1995, em Paris, na França, em plena comemoração
do primeiro século do cinema. Os diretores Lars von Trier e Thomas Vinterber criaram em
coautoria o “Manifesto Dogma 95” e “Voto de Castidade”, na intenção de resgatar ideias
de “Une certaine tendance du cinema français” (Uma certa tendência do cinema francês)
de François Truffaut, do ano de 1954 (AICINEMA, 2020). O objetivo do movimento foi o de
equilibrar a dinâmica dos orçamentos no mundo cinematográfico, indo contra o cinema
comercial e individualista e, assim, podendo retornar ao realismo nas telas. Dessa forma,
é possível perceber a influência do Neorrealismo e Nouvelle Vague, tendo em vista seu
objetivo de purificar o cinema, através da imposição de regras mais rígidas de produção,
devendo os diretores se concentrarem na história e performance dos atores e não em
recursos de efeitos especiais ou truques de câmera e pós-produção.
164
Kristian Levring O rei está vivo 2000
Susanne Bier Corações livres 2002
Días de boda 2002
Juan Pinzás
El desenlace 2005
FONTE: Adaptado de Instituto de Cinema (2020)
DICAS
Quer conhecer outros movimentos cinematográficos, além dos estudados?
Assista ao vídeo acessando o link:
https://bit.ly/3PsxmUU.
4.7 SURREALISMO
Foi na França que surgiu o surrealismo, movimento em que artistas criavam
livremente a partir de realidades. Ele surgiu na década de 1920 e buscava criar uma
realidade absoluta entre o que era sonho e realidade, ou seja, fazia uma aproximação da
realidade dos artistas com obras de Sigmund Freud e da psicanálise.
No cinema, o movimento ganhou força entre 1918 e 1938 e partir daí os filmes
surrealistas passaram a imitar sonhos, através de automatismos fantasiosos em que as
imagens e ações não tinham funções lógicas, sequências lineares, beleza estilizada e
estética, por exemplo.
165
Salvador Dalí. O filme marcou a estreia de Buñel e uma das imagens do filme é um marco
do surrealismo no cinema: uma navalha cortando um globo ocular. A cena já demonstra
uma das técnicas empregadas pelo movimento que revela sua base teórica: a quebra da
realidade empregando a montagem associativa (MIRANDA, 2015). O diretor revelou que o
globo ocular cortado visto no filme era a de um animal e não a da protagonista.
166
UNIDADE 5
INTRODUÇÃO
Para melhor compreendermos as situações que nos acompanham em diversas
áreas de nossas vidas, aprendemos a classificá-las, ou seja, buscamos formas de
organizar todo tipo de conteúdo, objetos, experiências que temos. A classificação em
categorias é o princípio da lógica para Aristóteles, o que está apresentado na obra de
Jostein Gaarder, O mundo de Sofia, citado por José Carlos Aronchi de Souza (2004), autor
que realizou um dos mais completos estudos sobre categorias, gêneros e formatos na
televisão brasileira. Souza (2004) destaca o nosso hábito de organizar tudo em grupos
como o dos animais, vegetais, eletrodomésticos e assim por diante. Nesse sentido, o
autor traz os estudos de John Hartley (apud SOUZA, 2004, p. 45-46).
167
As classificações existentes envolvem questões técnicas e estéticas.
Começamos em uma compreensão em torno das categorias no meio televisivo, e
seguiremos pelos gêneros e formatos.
5.1 CATEGORIAS
Para realizar a classificação de categorias, gêneros e formatos, especificamente
na TV, deve-se partir para a análise da grade de programação de cada emissora e conforme
definições específicas que caracterizam as categorias, os gêneros e os formatos.
Uma das funções básicas da TV é informar. Ela foi criada com esse intuito e
trazida ao Brasil, inclusive com o objetivo de contribuir para a educação do povo
brasileiro, mas a TV vai além e sua programação foi desenvolvida tendo como ponto
de partida, também, o entretenimento. José Marques de Melo, um dos principais
estudiosos da comunicação do país, classifica a televisão brasileira como um veículo de
entretenimento, tendo em vista resultado de pesquisa realizada por ele que indica que a
cada 10 horas de programas exibidos, oito são classificados na categoria entretenimento
(MELO, 1985). No sentido de termos a classificação das categorias que contemplam a
programação da TV brasileira (baseada inclusive na americana e inglesa). Melo (1985)
indica três categorias, as quais abrangem a maior parte dos gêneros:
• Entretenimento
• Informativo
• Educativo
168
Há também uma quarta categoria, denominada especiais, que contempla
programas infantis, religiosos, agrícolas e sobre minorias étnicas. Esse posicionamento
na pesquisa apesentada, no entanto, gerou algumas controvérsias, tendo em vista que
a categoria “especiais” poderia estar contemplada nas outras três já mencionadas em
função de gêneros e formatos. Sousa (2004) agrega outras categorias, tendo em vista
o estudo feito a partir da análise das grades de programação das emissoras brasileiras.
Assim, o autor classifica a grade da programação brasileira com as seguintes categorias:
• Entretenimento
• Informação
• Educação
• Publicidade
• Outros
5.2 GÊNEROS
Categorizar por gêneros é uma forma de organizar o discurso e, está relacionado
à classificação das coisas. Já estudamos anteriormente os elementos da linguagem
audiovisual como aspectos para compor a narrativa e tudo isso é empregado no
momento de definir o gênero de uma produção. É o gênero da produção audiovisual que
vai “conduzir” os profissionais. Assim, a produção levará em conta:
* intencionalidade
* finalidade
* a quem se destina.
169
“Grupo distinto ou tipo de filme e programa de televisão, categorizados por estilo, forma,
proposta e outros aspectos. Os exemplos abrangem faroeste, gangsters, documentário,
comédia e novela” (SOUZA apud ELLMORE, 2004, p. 41).
O reconhecimento dos gêneros – até por leigos que não conhecem sua forma de
produção, é natural, porque eles são desenvolvidos a partir de estratégias específicas da
comunicação, a partir de contextos e modelos culturais e já reconhecidos pelo público.
170
5.3 FORMATO
Sousa (2004), em sua busca por definições em torno de categorias, gêneros
e formatos encontrou em Aristóteles conceitos que nos ajudam a entender essas
classificações. Assim, para o formato o autor destaca que “Aristóteles constatou que a
realidade consiste em várias coisas isoladas, que representam uma unidade de forma e
substância. A substância é o material de que a coisa se compõe, ao passo que a forma
são as características peculiares da coisa” (SOUSA, 2004, p. 45).
171
FIGURA 3 – PROGRAMA DO CHACRINHA NA REDE GLOBO
Assim como foi o programa da Hebe, outro ícone da TV brasileira. Por seis
décadas, Hebe Camargo, até hoje considerada a madrinha da televisão brasileira, brilhou
nas telas. Nos últimos anos, com seu programa de auditório exibido pelo SBT nas noites
de segunda-feira.
172
FIGURA 5 – PROGRAMA QUE HISTÓRIA É ESSA PORCHAT?
E como esses, teríamos diversos outros exemplos, que você, acadêmico, pode
identificar a partir do seu repertório de programas variados.
DICAS
Faça um exercício, a partir dos programas de que você gosta. A partir dele,
identifique seu gênero e formato, buscando aspectos que podem ser
relacionados a outros programas em uma comparação.
Como um dos últimos formatos desenvolvidos está o reality show. A sua fórmula
considera aspectos de um game show e sua ideia partiu de um fetiche.
173
Da categoria informação podemos destacar os gêneros consagrados debate,
telejornal e o documentário.
174
Nogueira (2010) também destaca a questão de que para a classificação de
gêneros é necessário ter elementos que se repetem nas produções. Esses elementos
recorrentes estabelecem o gênero.
Vamos ver, segundo Nogueira (2010), quais são as classificações dos gêneros
clássicos quanto à produção cinematográfica e alguns de seus aspectos que os
identificam enquanto gênero?
175
GIO
Ao final deste tópico há leitura complementar que amplia o olhar sobre os
gêneros cinematográficos e o seu impacto na sociedade.
DICAS
Destacamos que o termo formato, também pode ser usado no sentido
técnico no audiovisual e não no de produção de conteúdo como o exposto
até agora. No sentido técnico, o formato está relacionado à captação
e exibição na tela. Quer saber mais? Faça a leitura do artigo disponível
no link: http://www.mnemocine.com.br/index.php/cinema-categoria/28-
tecnica/146-bitolasformatos.
176
LEITURA
COMPLEMENTAR
GÊNEROS CINEMATOGRÁFICOS E A FUNÇÃO SOCIAL DE UM FILME
Amanda Gongra
O que é gênero?
177
Há também casos em que o filme se encaixa em mais de uma classificação,
como “Feitiço do Tempo” (1993), que é tanto uma comédia-romântica quanto fantasia.
Ao combinar mais de um gênero no filme, o cineasta está renovando o modo de fazer
Cinema, e pode até mesmo criar um subgênero a partir disto.
Porém, um filme ainda pode negar estas convenções e fazer parte de um gênero.
O maior exemplo disto é “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968) que quebrou diversas
‘regras’ da ficção-científica, mas até hoje ainda é considerado um dos melhores longas
do gênero.
178
O faroeste
Contudo, chegou a acontecer um movimento, mais tardio, a partir dos anos 1950,
de retratar os nativos americanos como uma figura enobrecidas pelo seu envolvimento
com a natureza, mas que enfrenta com o fim de seu estilo de vida, como em “O Último
dos Moicanos” (1992).
O terror
179
Já a iconografia convencional do terror é marcada por lugares escuros,
normalmente lugares onde o monstro pode se esconder. Ou também por lugares em que
os monstros podem surgir: como o cemitério para os mortos-vivos, ou um laboratório
para algum experimento que dá errado.
O musical
180
A função social do gênero
Ou seja, desde “O Resgate do Soldado Ryan” (1998) até “Mensagem Para Você”
(1998), o ato de heroísmo é recompensado e ânsia do amor foram validados, e isto é o
suficiente para arrepiar os telespectadores e ressaltar pensamentos culturais como o
bem compensa e que todo mundo tem uma alma-gêmea.
Esta mistura de gênero com problemas sociais faz com que muitos filmes
respondam a tendências ideológicas. Como já citado previamente, o “Godzilla” (1954)
respondeu diretamente a um medo de armamento nuclear presente durante os
anos 1950, por exemplo. Nessa década, foram diversos filmes de ficção científica que
abordaram este tema de medo da tecnologia. Assim sendo, as convenções de gêneros
refletem dúvidas e anseios do próprio público e sociedade.
181
A partir desta discussão proposta por Bordwell e Thompson conseguimos
entender a atual luta por representatividade. Afinal, quem em 1989 poderia imaginar “A
Pequena Sereia” com uma protagonista negra? As lutas de negros e da comunidade
LGBTQ+ se difundiram na sociedade e hoje a pauta é diferente, necessária e presente.
FONTE: GONGRA, A. Gêneros cinematográficos e a função social de um filme. Disponível em: https://
cinemacomrapadura.com.br/colunas/554164/fora-de-quadro-03-generos-cinematograficos-e-a-funcao-social-
-de-um-filme/. Acesso em: 10 jan. 2021.
182
UNIDADE 6
6.1 O PRODUTOR
É o profissional com papel fundamental em todas as etapas da produção, pois é
ele quem irá viabilizar a produção do filme/produto audiovisual, independentemente do
orçamento. Entre suas funções – quando atuando especialmente no cinema, estão a escolha
do roteiro, preparação do projeto, busca de recursos (que podem ser próprios ou de terceiros
– inclusive de bancos de financiamento, editais etc.), responsável por definir quem fará a
direção da produção, para que juntos definam os demais integrantes da equipe. O produtor
é o responsável em administrar o orçamento e encontrar espaço para a comercialização –
quando for o caso. O marketing do projeto também fica sob a sua supervisão.
Existem funções específicas com ramificações para um produtor. Veja quais são
no quadro a seguir.
183
Responsável pelo recrutamento e organização das gravações das
Produtor musical
músicas e trabalho em estúdio musical.
Também pode ser identificado como diretor de produção e tem
Supervisor como responsabilidade gerenciar o set de gravação trabalhando
de produção/ em conjuntos com outros profissionais como o 1º assistente de
produtor de Platô direção. Na TV, existe a figura do gerente de palco que atua na
supervisão do que acontece no palco ou no chão do estúdio.
FONTE: Adaptado de Rodrigues (2010) e Bonasio (2002)
6.2 A DIREÇÃO
A direção é uma das funções mais glamorosas do cinema e da televisão, pois é
do diretor toda concepção artística e visual do produto a ser produzido. Como habilidade
é fundamental que tenha conhecimento da linguagem audiovisual e forme uma equipe
com habilidades técnicas para pôr em prática a proposta conceitual da produção.
Rodrigues (2010) compara o diretor como um maestro conduzindo os seus músicos.
184
Coreógrafo Quando uma produção exige coreografias.
Profissional que organiza equipe de dublês quando os atores
Diretor de dublês
correm algum perigo para gravação de determinadas cenas.
Responsável pela escolha dos atores. Irá auxiliar na composição
Produtor de elenco de sotaques quando necessário e na inflexão dos diálogos
junto aos atores.
Profissionais que substituem os atores na marcação de espaço
Stand in
cênico ou em ensaios.
Técnicos de efeitos Auxilia direção na execução de efeitos mecânicos durante a
especiais gravação como cenas de incêndios e explosões.
Com a diversidade de recursos em função do avanço tecnoló-
gico, esse profissional é responsável pelos efeitos visuais e di-
Técnicos de efeitos
gitais. No set, pode substituir a direção quando atores contra-
especiais
cenam com objetos, pessoas e /ou animais que serão inseridos
por computação gráfica.
Técnico de Profissionais que atuam nas filmagens de cenas submarinas
filmagens e treinam atores e equipe para cenas de mergulho quando
submarinas necessário.
FONTE: Adaptado de Rodrigues (2010) e Bonasio (2002)
6.3 A ARTE
O setor de arte de uma produção envolve diversos profissionais que contribuem
para viabilizar a atmosfera da produção, conforme definido em roteiro e proposta pelo
diretor, articulado com o diretor de arte. Assim, veja o quadro com as principais funções
desse departamento.
185
Desenhista de
figurinos ou Desenha os figurinos conforme orientação do diretor de arte.
estilista
Responsável pela busca de locações para gravações de cenas,
Gerente de
conforme definido pela direção de arte, bem como questões
locações
administravas que envolvem as locações.
O primeiro é responsável pela planta baixa do cenário, criado
Cenógrafo e
pela direção de arte e junto com o cenotécnico, viabiliza a
cenotécnico
construção do espaço.
Maquiador e
Responsáveis pela maquiagem dos atores conforme supervisão
maquiador de
do diretor e desenhista de produção.
efeitos
Profissional que irá providenciar os elementos e objetos de
Produtor de objetos
cena que ficarão sob a guarda do contrarregra.
Responsável pelos penteados e possíveis perucas usadas
Cabeleireiro
pelos atores.
FONTE: Adaptado de Rodrigues (2010) e Bonasio (2002)
6.4 A FOTOGRAFIA
A área da fotografia em cinema e no audiovisual é uma das mais prestigiadas
e procuradas por quem deseja atuar na área. Conhecimento técnico e estético são
fundamentais. Veja, no quadro a seguir, as funções dessa área de uma produção
audiovisual/ cinematográfica.
186
Seleciona o equipamento de luz necessários e juntos com
Eletricista assistentes realiza a movimentação da luz direcionando o foco dos
refletores, bem como posiciona filtros quando necessário.
Responsável por providenciar meios para o trabalho da elétrica,
Maquinista bem como do câmera quando houver necessidade de alguma
movimentação para planos de travelling ou uso de grua.
Responsável pela operação que envolve energia elétrica como
Geradorista voltagem, ligação de cabos, alimentação do gerador e sua
movimentação – quando necessário.
Técnico responsável por operar o equipamento de vídeo acoplado
Video Assistant à câmera que permite visualizar as imagens vistas pela câmera,
possibilitando ao diretor o acesso a imagem captada.
FONTE: Adaptado de Rodrigues (2010)
ESTUDOS FUTUROS
Travelling e Grua são equipamentos usados na produção que viabilizam
movimentações específicas, assim como outros equipamentos empregados
para esse fim que serão vistos adiante.
6.5 O SOM
O som em uma produção audiovisual profissional jamais será considerado como
aspecto menos importante e é uma área com poucos especialistas para o operacional.
Veja no quadro as possibilidades de atuação envolvendo o som.
187
6.6 A FINALIZAÇÃO
Toda produção exige o envolvimento de diversas pessoas em diferentes
segmentos. Após as etapas de planejamento e pré-produção, gravações ou filmagens na
etapa da produção, é chegada a hora da pós-produção com a finalização. Nessa etapa, as
funções são basicamente as indicadas no quadro que segue.
188
Artista gráfico/ Esse profissional é responsável pela parte gráfica da produção.
operador de Na TV, o operador de caracteres atua inserindo infográficos e os
caracteres créditos dos participantes de um programa ao vivo.
FONTE: Adaptado de Rodrigues (2010) e Bonasio (2002)
189
FIGURA 6 – ORGANOGRAMA EQUIPE DE PRODUÇÃO
190
REFERÊNCIAS
AICINEMA. Expressionismo alemão. Disponível em: https://www.aicinema.com.br/
expressionismo-alemao-movimentos-cinematograficos/. Acesso em: 27 dez. 2020.
BONASIO, V. Televisão: manual de produção & direção. Belo Horizonte: Leitura, 2002.
DANYGER, K. Técnica de edição para cinema e vídeo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
191
LOPES, M. I. V.; BORELLI, S. H. S.; RESENDE, V. R. Vivendo com a telenovela: mediações,
recepção, teleficcionalidade. São Paulo: Summus, 2002.
MELO, J. M. Para uma leitura crítica da comunicação. São Paulo: Paulinas, 1985.
SCHNEIDER, S. J. 1001 filmes para ver antes de morrer: edição especial 10 anos. Rio
de Janeiro: Sextante, 2013.
192
UNIDADE 7 TÓPICO 2 —
ETAPAS DA PRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Podemos dizer que a produção audiovisual, independentemente de sua
complexidade, sempre vai envolver as três etapas fundamentais nesse processo de tirar
a ideia do papel e transformá-la em um produto a ser consumido pelos expectadores na
tela de cinema, televisão ou qualquer outra plataforma de exibição.
É na produção que toda equipe passa a desenvolver seus papéis, que objetivam
dar suporte ao diretor da produção. Rodrigues (2007, p. 67) destaca que
7.1 A PRÉ-PRODUÇÃO
Rodrigues (2007) parte do raciocínio de que um projeto cinematográfico começa
a partir de um roteiro lido e aprovado pelo produtor. Na sequência, o produtor começa
a fazer um levantamento sobre os recursos necessários para a realização do filme.
Podendo também já existir produções com valor estipulado, e assim todo planejamento
parte desse teto financeiro. Por isso, os orçamentos são fundamentais na produção.
Assim, é possível dar o “start” para a fase de pré-produção, que vem na sequência de
um planejamento inicial. Essa etapa envolve pensar diversos detalhes, análises e a
tomada de decisões burocráticas. Vamos a algumas delas:
193
• Espaço da equipe: necessário definir uma sede para a produção (se for o caso), um
local para reuniões, encontros da equipe e com suprimentos para o trabalho da pré-
produção, como o telefone e computador.
• Decupagem do roteiro: o roteiro será lido para que todas as necessidades sejam
definidas.
• Decupagem da direção/roteiro técnico: definições de linguagem com os planos,
movimentos e consequentemente lentes e maquinaria necessária para a produção.
• Visita as locações previstas no roteiro e assim fazer os devidos orçamentos.
• Análise técnica de direção: O 1° assistente de direção reúne informações necessárias
para a produção, tipo de locação, iluminação dos espaços, tipo físico de atores etc.
• Cronogramas: envolvem tanto as datas como as etapas da produção prevendo o
que vai ser filmado a cada dia de produção, ou seja, cronograma físico e analítico
com as chamadas planilhas com as ordens do dia.
• Decupagens diversas: definição da equipe, definição técnica do filme com as
especificações globais, necessidades de cada departamento da produção e
providências gerais.
• Orçamento definitivo – baseado na análise técnica, cronogramas e decupagens.
Cachês de atores, fornecedores, transporte, alimentação e hospedagem, aluguéis,
equipamentos etc.
194
É importante ressaltar que numa pequena produção as etapas de preparação e pré-
produção são realizadas em conjunto para facilitar o desenvolvimento do projeto, onde
todo o processo elencado até o momento seria denominado apenas de pré-produção.
Portanto, essa é uma questão que pode ser variável conforme a produção (etapa de
planejamento anterior a etapa de pré-produção).
Período de realização
Objetivos gerais Atividades desenvolvidas
Março Abril Maio
Fechar as locações e o elenco X
Pré-produção/
Levantar o material de produção X
Preparação
Preparar o elenco e as locações X X
Iniciar as gravações X
Produção/ Produzir locações/continuar gravações X
Execução Encerrar as gravações e entregar as
X X
locações em perfeito estado
Assistir ao material bruto e selecionar as
X
imagens para edição
Editar o primeiro corte. Inserir a trilha
Pós-produção/ X
sonora. Preparar o material gráfico
Finalização
Editar o corte final, finalizar a trilha e o
X
som e divulgar a exibição
Exibir o vídeo ao público X
FONTE: Moletta (2009, p. 97)
7.2 A PRODUÇÃO
Rodrigues (2007) distingue essa como sendo a fase de filmagem do projeto.
O momento em que é necessária toda a atenção com os processos para eficiência da
próxima etapa e conclusão da obra sem imprevistos e assim, facilitar a fase de edição e
finalização. Salles (1998) chama essa etapa de produção, diferentemente de Rodrigues
195
(2007) que se refere a ela como filmagem, sendo este mais literal, pois compreende,
de fato ao período de gravação do filme. Nessa etapa, destaca-se a importância do set
de filmagens, que pode ser qualquer lugar, sendo este o local de trabalho do cineasta
(SALLES, 1998).
• Checagem de todos os itens a serem utilizados dois dias antes de cada dia de
filmagem.
• Verificar todas as necessidades de ordem do dia, um dia antes da filmagem.
• Fazer backup dos arquivos de áudio e vídeo sempre após as filmagens.
• Enviar relatório da produção para a administração – isso para produções complexas.
• Exigir sempre notas fiscais em relação a todas as despesas para a prestação de contas.
• Planejar e confirmar com antecedência todos os deslocamentos.
• Cumprir a ordem do dia que deve ser disponibilizada às equipes, na véspera.
• Estar atento aos cronogramas, planos e enquadramentos definidos na decupagem
técnica. Manter as planilhas de decupagens específicas acessível às equipes.
• Fazer os registros em planilhas específicas: boletim de câmera, continuidade, som.
• Deixar set/locação sempre organizada e limpa. Desprodução diária (caso necessário).
A seguir, confira um modelo de ordem do dia que pode ser usado para uma
produção de baixa complexidade, com ajustes, se necessário:
Ordem do dia
Nome do filme: xxx
Diária – XX
Diretor: xxxx Data:
Locação: Transporte equipe:
Atores: xxx
Fone
xxx
Fone
196
HORA AÇÃO PLANO DESCRIÇÃO
Chegada da equipe e montagem
Chegada dos atores
Alimentação
Figurino e maquiagem
Ensaio cena
Gravação cena 1
2
3
4
Troca figurino
Pausa para alimentação
Figurino e maquiagem
Ensaio cena 1.1
Gravação cena 1.1
Ensaio cena 1.2
Gravação cena 1.2
Ensaio cena 6
Gravação cena 6
Pausa para alimentação
Ensaio cena 9
Gravação cena 9
Fechamento de câmera
Desprodução
FIM DA DIÁRIA
FONTE: A autora (2021)
DICAS
No link a seguir é possível ver qual site/aplicativo pode ser mais eficaz para
sua necessidade: https://www.youtube.com/watch?v=nzYs7bC6hSg. Acesso
em 17/03/2021.
197
7.3 A PÓS-PRODUÇÃO
A pós-produção compreende tanto a parte de desprodução após as gravações/
filmagens, como também a edição e finalização do conteúdo filmado. Em relação a
desprodução, compreende que é preciso devolver todos os itens utilizados nas gravações
conforme os contratos estabelecidos, bem como efetuar todos os pagamentos aos
fornecedores e/ou dar destino a tudo o que foi adquirido para a realização do projeto. Conferir
se a documentação relacionada à produção está adequada também é etapa importante.
Moletta (2009) afirma que é nessa fase que 50% da produção acontece, pois é
hora de reunir tudo o que foi captado para concretizar o roteiro. Ele destaca também que
nessa fase é possível salvar ou afundar o projeto.
198
RESUMO DO TÓPICO
Neste tópico, você aprendeu:
• A pós-produção, por sua vez é a fase final do trabalho, mas que pode compreender
50% do trabalho com a reponsabilidade de quem pode salvar ou afundar o projeto.
199
200
UNIDADE 8
TECNOLOGIAS E TERMINOLOGIAS
INTRODUÇÃO
Seguimos nossa trajetória e agora, passamos ao segundo tópico de nossa
última unidade de aprendizagem.
TÓPICO 1 - EQUIPAMENTOS
No universo do audiovisual, a utilização de equipamentos é fundamental
para a realização das produções. Como em todas as áreas, a tecnologia está sempre
evoluindo e essa é a realidade quanto aos equipamentos nesse universo. No entanto,
apresentamos alguns equipamentos empregados para a captação de imagens muito
utilizados em produções audiovisuais e cinematográficas, atualmente.
1 CÂMERAS
As câmeras de vídeo e/ou cinematográficas têm funções específicas e
possibilidades de configuração que podem atender às diferentes situações na captação
de imagens. Os avanços tecnológicos permitem que novas funções sejam agregadas, o
que facilita a produção e permitem a inovação de linguagem. Vamos identificar alguns
modelos disponíveis no mercado atual.
201
1.1 CÂMERAS DSLR
A sigla DSLR significa “Digital Single Lens Reflex” e se refere a um design
de câmeras profissionais que usam um conjunto de espelho e prisma para refletir a
imagem que você está prestes a capturar para o visor. Esse tipo de câmera se divide em
dois grupos, as DSLR normais, que contam com uma série de câmeras profissionais e
semiprofissionais e as Full Frame, que possuem sensores maiores e de maior qualidade.
202
FIGURA 2 – CÂMERA SONY ALPHA 6000
2 CÂMERAS FILMADORAS
Do cinematógrafo que oficialmente marcou o início do cinema a um universo
que passou pela chegada do som, pelas cores, as animações, o cinema digital, 3D e
ultimamente cada vez mais nitidez, resolução na tela. A tecnologia que não para. Entre
as câmeras de cinema, o que se observa é que cada vez mais se utiliza câmeras digitais
203
e não as analógicas (que utilizam película) para fazer filmes. Já que goste e há quem
critique. Mas, devemos considerar que sempre são escolhas, conforme a estética
definida e o orçamento para a produção. Vamos identificar algumas das câmeras digitais
mais empregadas atualmente nas produções cinematográficas.
204
2.2 RED
Outra opção de câmera digital é a RED. Segundo HAGE (2017, s.p.),
A chegada dessa câmera ao mercado mudou a cara da indústria pelo fato dela
ser capaz de gravar imagens RAW de 4K em até 30 quadros por segundo com base na
captura de arquivos RAW das câmeras DSLR (reflex digitais) mais conhecidas. Foi assim
que o cinema digital da forma como conhecemos, nasceu.
205
2.3 Panavision
Uma empresa tradicional quando se fala em câmeras é a Panavision. Ela foi
fundada no final de 1953, mas, formalmente, constituída em 1954, quando Robert
Gottschalk e seus sócios viram uma oportunidade de resolver um dos mais urgentes
desafios da indústria cinematográfica: a produção de lentes especiais destinadas para os
projetores com o aspect ratio “cinemascope”. Logo no início, a Panavision desenvolveu
o seu primeiro produto de sucesso, a lente Panavision Super Panatar, que na época saia
pelo valor de U$ 1100 e conquistou o mercado (EMANIA, 2021, b).
3 OBJETIVAS
Toda câmera a ser usada em uma produção irá exigir escolhas em relação as
lentes também. Essa escolha deve considerar os objetivos de linguagem da produção.
Entre as principais lentes objetivas estão a grande angular e a teleobjetiva, ou seja,
as lentes vão permitir aproxima-se ou não do objeto /cena a ser captada, a partir do
movimento de zoom. Vamos aos modelos:
206
• Lente fixa – não oferece zoom, ou seja, com ela não é possível aproximar ou
distanciar a imagem.
FONTE: <https://www.rokinon.com/lenses/auto-focus/24mm-f18-af-for-sony-e>.
Acesso em: 15 abr. 2021.
• Lente zoom — permite ajustes de distância, sendo, portanto, muito mais práticas
que as anteriores.
• Lentes teleobjetivas – tipo de lente fixa capaz de focar áreas muito maiores, e cujo
comprimento físico é menor que a distância focal.
207
No mercado, as principais marcas de lentes são: Canon, Sony, Sigma, Rokinon,
Leica R; Canon L series; Zeiss ZE/ZF; Zeiss CP .2; Nikon AIS.
FIGURA 10 – CANON EF CN-E CINEMA PRIME 7-LENS KIT (14, 20, 24, 35, 50, 85, 135MM)
FIGURA 11 – ZEISS CP.3 15, 25, 35, 50, 85MM FIVE LENS KIT (EF MOUNT, FEET)
208
4 ELÉTRICA E MAQUINARIA
Toda produção audiovisual requer muito mais que câmeras e lentes. Uma série
de equipamentos/acessórios são indispensáveis para a qualidade da captação de
imagens e do trabalho de produção no set.
4.1 ELÉTRICA
Neste subtópico, nós vamos conhecer os materiais que envolvem a parte elétrica
em uma produção audiovisual. Afinal, sem luz não há fotografia. A iluminação pode ser
natural e/ou artificial e pode fazer a diferença na produção. Conforme Moletta (2009), a
iluminação também se apresenta a partir de três variáveis: direção, natureza e intensidade.
Em relação à direção ela pode vir de cima, de baixo, dos lados, de frente ou de trás
do objeto a ser gravado. Quanto à natureza pode ser uma luz dura – que produz sombras
de bordas recortadas ou difusa com bordas suaves. Em relação à intensidade diz respeito
à baixa ou alta luminosidade. E para cada necessidade da produção há uma solução de
equipamentos e acessórios que dominados pela equipe técnica vão atender à proposta.
A partir de agora, vamos conhecer uma parte do que existe no mercado quanto
à iluminação e empregado no set.
4.2 Fresnel
Um dos mais antigos tipos de refletor ainda em uso, o Fresnel (cujo nome vem
de seu inventor) é caracterizado por uma lente na frente da lâmpada de filamento
(tungstênio). Com essa lente, é possível ao iluminador escolher um "foco" de luz, mais
aberto ou mais fechado. A lâmpada é móvel dentro do Fresnel e ao ser aproximada
da lente, seu foco abrange uma área maior do que se for afastada da lente. O fresnel
direciona o foco de luz e sua utilidade no cinema é de relevância ímpar. Quanto à
intensidade se apresenta desde dos 100 watts até 20.000 watts (SALLES, 2009).
Muito versátil, os fresnéis são luzes semideusas quando o foco está aberto e
duras quando o foco está fechado. Os bandôs (como são chamadas as abas ao redor do
equipamento) servem como bandeiras que evitam a dispersão da luz pelos lados.
209
FIGURA 12 – FRESNEL 650W
FONTE: <https://filmcentersupply.com.br/refletor-fresnel-arri-650w-plus-tungsten>.
Acesso em: 15 abr. 2021.
210
4.4 Refletores daylight
Conforme indica Salles (2009), os refletores daylights já vem de fábrica com as
lâmpadas daylights, com opções de temperatura diferente. Esse tipo de refletor possui
um pequeno gerador magnético de alta tensão, chamado de balast e empregado para
acender o mercúrio.
211
FIGURA 15 – ILUMINADOR LED
4.6 MAQUINARIA
Além de todos os equipamentos essenciais de câmeras e lentes e a elétrica,
temos um arsenal de equipamentos e acessórios identificados como a maquinaria da
produção. São dispositivos que vão permitir pôr em prática com qualidade ou explorar
ainda mais a criatividade dos diretores da obra.
4.7 Tripés
Esses tipos de suportes costumam ser vistos apenas como maneiras de manter
as câmeras fixas ou como suporte para iluminação. No entanto, nem sempre o tripé
tem apenas essa função. Quando com cabeça hidráulica permitem movimentos suaves,
exigidos diante da linguagem adotada em uma produção (AIC, 2020). Os melhores tripés
sempre têm um custo mais elevado, mas, normalmente valem a pena o investimento
em um bom dispositivo.
4.8 Gimbal
O gimbal é um acessório muito utilizado para dar estabilidade à imagem que está
sendo captada. É comum seu uso em cena captadas por drones, pois é comum as rajadas
de vento provocarem trepidação. O gimbal também é muito empregado na captação
quando se utilizam pequenas câmeras, inclusive de celular e assim, sendo possível garantir
qualidade na imagem, pois ela não deverá ficar tremida.
213
FIGURA 19 – BUTTERFLY
FIGURA 20 – REBATEDOR
FIGURA 21 – BANDEIRA
FONTE: <http://www.cineequipamentos.com.br/paginas/item/2558?q=TR%C3%8AS+TABELAS>.
Acesso em: 15 br. 2021.
4.9 Movimento
A partir do momento em que se percebeu as possibilidades de planos e
movimentos no cinema, foram criados novos recursos. O dolly é um desses recursos
e se apresenta em diferentes modelos. Sua essência está em carrinho com rodas
que contribui para a captação de imagens em suaves movimentos, pois a câmera
será montada sobre ele, que poderá estar em cima de um trilho, para então deslizar
suavemente e captar a imagem desejada.
215
5 ÁUDIO
Toda produção audiovisual exige qualidade de imagem e som. Entre os papéis
do áudio está garantir a precisão da informação – aliado à imagem, bem como contribuir
para despertar sentimentos (BONASIO, 2002). Para garantir a qualidade do som nas
produções, saber o melhor equipamento a ser usado é fundamental.
216
Esses equipamentos utilizam um transmissor e um receptor nas
frequências de rádio (FM). Alguns modelos, mais sofisticados,
trabalham com frequências de rádio próprias como é o caso dos
microfones da marca “Lectrosonics” que operam sem nenhuma
interferência e com um alcance muito maior (EMANIA, 2020a, s.p.).
Mas, existem diversas outras marcas que operam com diferentes modalidades
e com qualidade, entre elas os microfones Sennheiser.
217
No campo dos microfones direcionais a marca RODE oferece os melhores custo-
benefício do mercado. Mas vale ficar de olho nos microfones de gravação de diálogo
para quem for fazer muita cena interna. São microfones que, por não terem o tubo de
interferência típico nos microfones direcionais, são menos sensíveis à reverberação do
ambiente (AICINEMA, 2020).
FONTE: <https://www.universodascameras.com.br/microfone-videomic-go-rode>.
Acesso em: 15 abr. 2021.
• Acessórios
o Windscreen: é um acessório que auxilia muito na redução dos ruídos sofridos pelo
microfone em situações em que haja vento ou ventania. Existem vários modelos,
como demonstra a figura a seguir.
FIGURA 28 – WINDSCREEN
218
FIGURA 29 – VARA DE BOOM
219
FIGURA 31 – TASCAM MODELO DR60
6 SOFTWARES
Após toda captação é necessário dar a forma a esse material e isso ocorre a
partir dos processos de montagem e edição em estação de trabalho informatizadas.
Para isso, existe no mercado uma série de softwares de edição não linear – como é
chamado esse processo, devido ao desenvolvimento da informática e dos próprios
equipamentos de vídeo, com a armazenagem de som e imagem em hard disck - HDs
(MOLETTA, 2009). Nesse sistema, as imagens não precisam ser editadas na sequência
temporal, podendo ser acessadas pelo computador sem apagá-las e de forma aleatória.
Da mesma forma ocorre com o som.
220
6.1 ADOBE PREMIERE PRO
O Premiere Pro é o software de edição de vídeos líder do setor para cinema, TV
e Web. Ferramentas de criação, integração com outros aplicativos e serviços e o poder
do Adobe Sensei ajudam a transformar gravações em sofisticados filmes e vídeos. Serve
para Windowns e Mac. (ADOBE, 2020).
221
O software também se destaca pela força ao utilizar todos recursos da CPU,
permitindo adicionar efeitos que podem ser visualizados em tempo real, ainda na pré-
visualização, ou seja antes da renderização do material.
FONTE: <https://michaelkummer.com/tech/final-cut-pro-x-playback-issues/>.
Acesso em: 15 abr. 2021.
222
FIGURA 35 – TIMELINE SONY VEGAS PRO
Atualmente, o
223
FIGURA 36 – TIMELINE DAVINCI RESOLVE
224
6.6 ADOBE AUDITION
O Audition é um dos mais poderosos softwares de edição de áudio do mundo.
Faz parte do pacote Creative Cloud e tem a vantagem de poder ser integrado com outros
softwares da Adobe, como Adobe Premiere ou Adobe After Effects.
FONTE: <https://www.magesypro.com/adobe-audition-cc-2019-v12-1-4-macos-tnt/>.
Acesso em: 15 abr. 2021.
6.7 AUDACITY
Quando o objetivo é gravar, editar, importar e exportar em diversos formatos, o
Audacity é outra opção na área do áudio. Com ele também é possível gravar músicas
e sons ao vivo ou converter o material em diferentes mídias (TECHTUDO, 2016).
Diante de diversas funcionalidades é considerado um dos melhores editores de áudio
disponíveis no mercado.
225
FIGURA 39 – TIMELINE AUDACITY
FONTE: <https://wiki.audacityteam.org/wiki/New_features_in_Audacity_2.2.0>.
Acesso em: 15 abr. 2021.
7 GLOSSÁRIO AUDIOVISUAL
Os termos usados durante a produção são inúmeros, conforme especificidade
da complexidade e etapas da produção. No entanto, algumas terminologias fazem parte
desse universo, de forma que apresentamos aqui o nosso glossário, tendo referência
diversos autores como Rodrigues (2007), Moletta (2009) e Comparato (2004).
226
• BULLET-TIME (tempo de bala): técnica digital de efeitos especiais utilizada para
ação lenta, chamada assim devido ao efeito no filme Matrix (1999).
• CAMERA SUBJEIVA: É uma câmera/ângulo que funciona sob a ótica do ator/
personagem, como se fosse seu próprio olho, transformando-a em primeira pessoa.
• CAMPO: É o que faz parte do enquadramento da câmera. No espaço, o campo tem
a forma de uma pirâmide com o vértice no centro da objetiva.
• CENA: Conjunto de planos situados em um mesmo local ou cenário e que se
desenrolam dentro de um tempo determinado. Trecho de um filme com unidade de
tempo e de espaço.
• CENA MASTER: É a filmagem em um único plano de toda a ação contínua dentro
do cenário. Este tipo de cena dá ao diretor a garantia dele ter “coberto” toda a ação
numa só tomada.
• CHICOTE: Tipo de movimento; uma panorâmica muito rápida.
• CORTE DE CONTINUIDADE: Corte no meio de uma cena que é retomada mais
adiante.
• DECURSO DA AÇÃO: Conjunto de acontecimentos relacionados entre si por
conflitos que se vão resolvendo ao longo da história.
• DESENLACE: Solução do conflito, geralmente a última etapa do roteiro.
• DECUPAGEM: Planificação do filme, geralmente definida pelo diretor, incluindo
cenas, posições de câmeras, lentes, ângulos e movimentos de câmera.
• DISTRIBUIÇÃO: É um processo que envolve todos os fatores que possibilitam que
um produto audiovisual seja entregue ao mercado consumidor ou à sua audiência.
• EFEITO KULESHOV: Justaposição de planos com o poder de criar uma significação,
inexistente nos planos isolados. O termo foi criado a partir de um experimento do
cineasta russo Lev Kuleshov (1899¬1970) em que um mesmo plano de um ator
(Mosjoukine) com expressão neutra era alternado com planos carregados de
diferentes significações afetivas (criança = "ternura"; mulher num caixão = "tristeza";
prato de sopa = "apetite"), que "contaminavam" a interpretação dos espectadores,
fazendo-os acreditar que sua expressão havia mudado. O poder do Efeito Kuleshov
foi bastante superestimado nas décadas de 20 e 30 em função da valorização da
montagem em detrimento de outros elementos da linguagem cinematográfica por
parte de outros teóricos e cineastas russos como Sergei Eisenstein e Dziga Vertov.
• EIXO (QUEBRA DE): Distingue-se eixo visual da câmera de eixo dramático. O eixo
visual é o próprio eixo geométrico da pirâmide, a direção para a qual a câmera está
apontada. O eixo dramático, estabelecido pela relação entre dois personagens que
se olham frente a frente, por exemplo, é fundamental para situar o espectador
espacialmente. A quebra de eixo, nome que se dá ao salto do ponto-de-vista de
um lado para o outro do eixo dramático, pode confundi-lo, portanto deve ser usada
com cuidado. Equivale a mudar repentinamente a câmera que transmite um jogo
de futebol para o outro lado do campo: o torcedor que assiste pela TV pode pensar
que um gol marcado foi contra, pois não sabe mais para qual lado joga cada time.
227
• EIXO DE AÇÃO: Serve como referencial de direção para movimento dos atores,
veículos, etc. Se um ator caminha da esquerda para direita, o mesmo sentido deve
ser obedecido nos outros planos, ou teremos a sensação de que ele está caminhando
em outra direção. Se for essa nossa intenção, isso deverá ser feito no mesmo plano
ou utilizando um plano neutro.
• EIXO DE CONTINUIDADE: É o limite extremo de um cenário captado pela câmera.
• EIXOS GEOGRÁFICOS: É convencionado que quando um avião voa para o oeste,
estará se deslocando da direita para a esquerda da câmera. Para leste, o inverso.
• ELIPSE: é o ato de "pular", mudar o tempo ou ambiente em que a filmagem está sendo
passada. É a passagem brusca de um tempo ou espaço. As elipses são utilizadas
como recurso para saltar a narrativa mais a frente ou mais para trás. Isso é visto
quando o plano ou cena muda de um mês para outro, ou quando transcorrem horas
na narrativa. No caso de espaço, é mostrado quando é apresentada a mudança de
ambiente, de um lugar para outro.
• ENQUADRAMENTO: Imagem que aparece dentro dos limites do quadro (laterais,
superior e inferior). Imagem que se vê no visor da câmera.
• ESFUMAR: Imagem se dissolve na cor branca e se funde com outra.
• ESPELHO: Página do roteiro onde se anotam os dados sobre personagens, cenários,
localizações. Muito usado no telejornalismo etc.
• ESTRELA: Dispositivo que mantém a firmeza das pernas de um tripé.
• ESTÚDIO: Lugar construído e preparado para a realização de filmagens. Local com
isolamento acústico e equipamentos para realizar a gravação de sons.
• EXTERNA: Cenas filmadas fora de um estúdio, ao ar livre/ ou não.
• ENCADEADO: Fusão de duas imagens, uma sobrepõem à outra.
• FADE IN: Aparecimento gradual de uma imagem a partir de uma tela escura ou
clara. Pode ser utilizado no início de um filme e/ou como transição de uma cena
para outra.
• FADE OUT: Escurecimento ou clareamento gradual de uma imagem, até que ela
desapareça. Pode ser utilizado no final de um filme e/ou como transição de uma
cena para outra.
• FICÇÃO: Inventar, compor e imaginar. Recriar a realidade, que vai depender da
mente de seu criador, sem limites.
• FLASH BACK: No flashback, volta-se a um passado a partir de um presente para
explicar como tudo era antes ou para mostrar a causa do que acontece agora ou
ainda para relembrar algo. Essa técnica termina sempre com a volta ao tempo
presente.
• FLASH FORWARD: Cena que revela parcialmente alguma coisa que vai acontecer.
Pode ser feito de inúmeras formas, vai depender da criatividade e inovação dele. Foi
utilizado atualmente no programa de televisão Lost e recebeu forte aceitação dos
críticos das séries. (Frequentemente confundido com Flashback).
• FOCO: Uma imagem está em foco quando aparece em sua completa nitidez, com
seus contornos bem definidos.
228
• FOTÔMETRO: Aparelho que mede a intensidade de luz que incide em determinado
local utilizado pelo fotógrafo para adequar as necessidades específicas da câmara
com as necessidades do filme.
• FRAME: O Frame é cada um dos quadros ou imagens fixas de um produto audiovisual.
Nos sistemas utilizados em países como o Brasil, EUA, Canadá e Japão, a cadência
padrão é de 29,97 imagens e cada frame equivale a 0,0333 segundos.
• FUNÇÃO DRAMÁTICA: Quando o objetivo dramático de uma cena se converte em
realidade. O gênero dramático é caracterizado por seriedade ou solenidade, são os
atores que tomam a palavra e se apresentam diante dos espectadores, imitando as
ações dos personagens e fazendo evoluir a história.
• FULL FRAME: A parte da câmera que captura imagens tem quase o mesmo
tamanho que filme fotográfico de 35mm.
• FULL SHOT: Cena alongada – Um shot de grande tamanho. Não existe um tempo
exato para ser considerado um Full Shot, mas tende a ser um trecho mais impactante
(importante) na visão do telespectador.
• FUSÃO: Aparecimento gradual de um novo plano e desaparecimento gradual do
plano anterior. Por um breve momento os dois planos se confundem. É uma forma
de transição.
• GANCHO: Cena com grande impacto colocada antes de uma pausa.
• GRADAÇÃO: Variação gradual na intensidade dramática do clímax ou anticlímax.
• GUERRA DO PAPEL: Momento de discussão e análise depois da escrita do primeiro
roteiro.
• HALO DESFOCADO: Realce de objeto em questão, enquanto o resto da cena está
desfocada.
• ILUMINAÇÃO: A luz é a matéria prima da fotografia e, por extensão, do cinema e
da televisão. Por isso, iluminar é o trabalho de moldar imagens através do contraste
entre a luz e a sombra existentes na natureza. A iluminação da fotografia, tanto
estática como para cinema, trabalha com uma única referência: o sol. Embora as
variantes sejam infinitas e os climas criados com luz artificial em interiores tenham
outras referências, direta ou indiretamente, o sol é a maior fonte de luz e por onde
baseamos a estética de todas as outras fontes.
• IMPLANT: É uma técnica de roteiro comum do cinema norte-americano. Acontece
quando se estabelece algo (seja um personagem, detalhe, fato, etc) que, a princípio,
não parece importante à trama, mas será de grande utilidade em um ponto mais à
frente da história.
• INTERTEXTUALIDADE: Formação de um texto por meio de outros textos – a inter-
relação entre os textos.
• JINGLE: Mensagem publicitária musicada que consiste em estribilho simples e de
curta duração, próprio para ser lembrado e cantarolado com facilidade.
• JUMP CUT: Plano arrítmico ou disjuntivo que produz um pulo perceptível entre dois
planos. Corte que interrompe um único plano, produzindo literalmente um pulo e
uma elipse na ação.
• KEY LIGHT: Luz chave ou luz principal. É a luz mais forte da cena, normalmente
uma luz dura originada diretamente da fonte.
229
• LAYOUT: Como deve ficar a cena, incluindo o fundo, personagens com dimensões
relativas corretas, cores e movimentos de câmera.
• LONG SHOT: Plano que abarca todo o cenário. Utiliza-se para situar o personagem
num grande ambiente.
• MACROESTRUTURA: É toda a estrutura geral do roteiro.
• MULTIPLOT: São as diversas linhas de ação, igualmente importantes dentro do
enredo.
• MONTAGEM: É o processo que seleciona, ordena e ajusta os planos seja de um filme
ou de uma produção audiovisual.
• MONTAGEM PARALELA: Montagem intercalando planos de sequências que
se desenrolam simultaneamente, mas em espaços diferentes, normalmente
convergindo para um encontro no final.
• MOVIMENTOS DE CÂMERA: Movimento de câmera corresponde a uma necessidade
de autoridade, seja ela dramática, física ou psicológica. Deve ser utilizado com uma
intenção bem precisa, solidamente motivada do ponto de vista artístico, podendo
até ser vantajoso substitui-lo por um encadeamento mais interessante de planos
fixos.
• MOVIOLA: Máquina utilizada na montagem de filmes analógicos.
• MOVIMENTO VARRIDO: Movimento muito rápido de câmera que muda a imagem
de lugar.
• NOITE AMERICANA: É o efeito de filmar uma cena noturna durante o dia, utilizando
alguns recursos especiais de iluminação, conjugado com a abertura do diafragma
da câmera, filtros e revelação no laboratório.
• OBJETIVO DRAMÁTICO: A razão de existência de uma cena.
• OFF: Diz-se de toda ação que se desenrola fora do campo, mas que pode ser
percebida seja pelo som, seja pelos seus efeitos visíveis causados nos elementos
em campo.
• ORDEM DO DIA: Detalhamento técnico da filmagem do dia a dia de uma produção,
servindo como guia de informação para a equipe técnica.
• PANORÂMICA: Rotação de câmera que se desloca em seu eixo vertical ou horizontal
para os lados dando uma visão geral do ambiente.
• PERIPÉCIA: Alterar o curso do acontecimento de maneira inesperada. Faz com que
a ação dos personagens mude completamente e cause impacto no espectador.
• PERSONAGEM: O personagem de uma produção audiovisual pode ser definido como
principal, secundário, real ou imaginário, uma pessoa ou animação. O personagem é
aquele que emprestará parte de sua história ou toda para uma devida cena.
• PLANO: Entende-se por plano o trecho contínuo de filme contido entre dois cortes
consecutivos. Plano não é a mesma coisa que tomada, que é a ação de filmar um
plano. Em uma filmagem, podem ser feitas várias tomadas de um mesmo plano, das
quais apenas uma será aproveitada.
• PLOT TWIST: Reversão de papeis na trama. Ex.: O ator que até agora era retratado
como o bom, começa a ser retratado como o vilão.
230
• PLOT: Espinha dorsal dramática do roteiro; núcleo central da ação dramática. Trama
geral da história.
• PROCESS SHOT: Maneira engenhosa de simular movimento. Uma cena pré-filmada
projeta-se por traz dos atores.
• PROFUNDIDADE DE CAMPO: Refere-se à visão simultânea de ações que se
desenrolam a diferentes distâncias a partir do ponto de vista.
• SCREEN PLAY: Roteiro para cinema.
• SCRIPT: Roteiro quando entregue a equipe de filmagem. Contém falas, indicações,
marcas, posicionamento e movimentação cênica de forma detalhada.
• SEQUÊNCIA: Pode ser composta por uma ou mais cenas. Define-se pela
continuidade da ação.
• SINOPSE: É uma breve ideia geral da história e de seus personagens, normalmente
não ultrapassando uma ou duas páginas quando se trata de um longa.
• SLOW MOTION: Imagem em movimento em tempo retardado – câmera lenta.
• STORYBOARD: Descrição visual de cada plano em pequenos desenhos.
• STORYLINE: Síntese do filme, comumente descrita como “O filme em uma linha”.
• TAKE: Duração de um trecho de filme/vídeo rodado initerruptamente.
• TELEGRAFAR: Breve informação que se dá sobre algo que irá se passar.
• TOMADA: Tomada é cada captura feita de um determinado plano do filme, com o
objetivo de se chegar àquele mais perfeito.
• TRANSIÇÕES: Em um filme, o objetivo das transições é assegurar a fluidez da
narrativa e evitar os encadeamentos errôneos.
• TRAVELING: Movimento/deslocamento da câmera. Pode ser para frente (in), para
trás (out), para cima, para baixo, para os lados ou combinado.
• TRILHA SONORA: É a inserção de músicas, efeitos produzidos em estúdio,
dublagem, narração etc.
• VALORES DRAMÁTICOS: Pontos-chave de um roteiro.
• VOX-POP: Do latim (voz do povo). Técnica utilizada tipicamente em telejornais e
outras formas de não-ficção onde pessoas são abordadas nas ruas para expressarem
sua opinião sobre determinado assunto.
• WIDESCREEN: Filmes ou programas de TV em que a perspectiva da imagem é
maior que 4:3 (geralmente usado como padrão em 1950).
• X-RATED: Classificação indicativa americana. Filme proibido para menores de idade.
• ZOOM: Efeito ótico de aproximação ou afastamento da objetiva. Chama-se zoom-in
quando se aproxima e zoom-out quando se afasta.
231
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
232
UNIDADE 9
INTRODUÇÃO
A indústria criativa, que envolve conhecimentos e negócios na área do capital
intelectual e cultural do indivíduo, com base na criatividade, tem movimentado de forma
surpreendente a economia nos últimos anos. Segundo mapeamento da Indústria Criativa
no Brasil, publicado pela Firjan em 2016, o setor gerou uma riqueza de 155,6 bilhões
em 2015 (SEBRAE, 2021). Essa indústria movimenta diversos setores, consolidados na
economia do país. Quando nos detemos ao universo do audiovisual, os últimos anos
foram extremamente positivos no aspecto econômico e de produção. Segundo dados
do Observatório Brasileiro de Cinema e Audiovisual, o número de produções realizadas
no Brasil entre os anos de 2015 e 2019 foram extremamente positivos.
DICAS
O CPB – Certificado de Produto Brasileiro é uma exigência legal para
a distribuição de conteúdo audiovisual de forma comercial, pois é um
documento que lhe garante a propriedade da criação do produto, ou seja,
é como uma certidão de nascimento da produção. Acesse o link e veja os
dados completos da evolução na produção, inclusive envolvendo a televisão
e o PIB. https://oca.ancine.gov.br/mercado-audiovisual-brasileiro.
233
Nesses novos tempos, o que observamos foi um declínio de consumo dessa
produção audiovisual em mídias físicas como AVDs e Blu-rays, pois o avanço tecnológico
deu passagem para as mídias digitais e diferentes plataformas de exibição.
234
dos produtos. Esse processo arrebata grande parcela da população,
vendendo ingresso e lotando as salas comerciais com filmes de maior
apelo de bilheteria. Entretanto, a produção independente nacional
conta com a tecnologia como um potente aliado que amplia as
possibilidades de distribuição de conteúdo, facilitando o tráfego e
exibição dos filmes que não possuem distribuidora.
Cada distribuidora tem seu padrão para distribuir e comercailaizar um filmes , e assim
, não existem formulas prontas. O que é comum é que para elaborar plano de distribuição
se faz necessário um planejamento e lançaemnto estimado, com base no público que se
espera receber nas salas de cinema, para visualizar a possível receita.
IMPORTANTE
Leia a entrevista com Barbara Sturm, diretora de conteúdo da distribuidora
Elo Company com o passo a passo para desperatr interesse de uma
distribuidora para adquirir uma produção. https://www.writersroom51.com/
post/como-lan%C3%A7ar-seu-filme-com-a-elo-company.
DICAS
Acesse o anuário completo da ANCINE com todas as informações
relacionadas à distribuição cinematográfica em 2019: https://oca.ancine.gov.
br/sites/default/files/repositorio/pdf/anuario_2019.pdf.
235
TÓPICO 2 - FESTIVAIS E MOSTRAS
As mostras e festivais merecem destaque no tópico que aborda a questão da
distribuição da produção audiovisual. Esses eventos se apresentam como uma grande
janela exibidora para a produção e fazem parte da carreira estratégica de um filme.
NOTA
Na edição de 2020, por conta da COVID19, não houve o evento em Curitiba,
mas o festival foi feito em versão digital com conteúdos exclusivos. Acesse
o site e confira mais detalhes sobre o festival: https://cinefest360.com/site/.
236
2.2 OLHAR DE CINEMA – FESTIVAL INTERNACIONAL DE
CURITIBA
O Festival Internacional de Curitiba oferece gratuitamente, na cidade de Curiti-
ba, uma ampla seleção de filmes da cinematografia mundial independente, que possuem
um caráter inovador e comprometido. Exibições. Debates. Oficinas. Seminários. Reflexões.
Formação. Troca de ideias. Um ambiente propício a novas parcerias e oportunidades, ten-
do o cinema como elo das relações humanas. As inscrições são gratuitas. Desde 2012
acontece todo o mês de junho por cerca de nove dias. A programação é gratuita.
DICAS
Acesse o site e confira mais detalhes sobre o Festival Internacional de
Curitiba: http://www.olhardecinema.com.br/.
237
DICAS
Acesse o site e confira mais detalhes sobre o festival: http://www.famdetodos.
com.br/noticias/1038/25-anos-do-festival-de-cinema-fam#.YEywhpBv8qk.
DICAS
Veja mais detalhes acessando o link: http://www.festivaldegramado.net/.
238
a identidade nacional. Promove debates e encontros para discutir políticas públicas para
o setor, e faz parcerias para apoiar a distribuição e democratização do seu acervo. Tem
duração de sete dias.
DICAS
Acesse o site do festival e conheça mais detalhes: http://www.
mostradecinemainfantil.com.br/.
DICAS
O festival é anual e tem duração de aproximadamente oito dias. Veja mais
detalhes acessando o site: https://curtacinema.com.br/home/.
239
O festival é anual e tem duração de uma semana. Respeitando todos os
protocolos de mitigação de contágio do COVID-19, o 27º Festival de Cinema de Vitória
também se materializou de forma diferente em 2020. O evento aconteceu entre 24 e 29
de novembro em formato on-line.
Como alguns festivais, o FCV também promove ações de formação com oficinas
em todas as áreas, ministradas por profissionais de renome nacional.
DICAS
Quer saber mais detalhes sobre esse importante festival nacional? Acesse o
site: https://festivaldevitoria.com.br/.
240
TÓPICO 3 - ASPECTOS LEGAIS
A produção audiovisual é um segmento da indústria criativa brasileira
que movimenta a economia a partir da produção cultural, muitas vezes, autoral. É
possível afirmar que o movimento dessa produção desempenha papel estratégico
no desenvolvimento de uma nação preservando e difundindo nossa cultura, nossos
valores, mas também criando histórias fantasiosas que até podem não ter relação com
a realidade.
241
DICAS
Toda documentação exigida pode ser solicitada de forma on-line e a
plataforma da ANCINE indica o passo a passo das etapas. Acesse o link:
https://www.gov.br/ancine/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/
manuais/passo-a-passo-sistemas/sad.
3.2 OS EDITAIS
Nesse tópico, nós ressaltamos também a importância das ações de fomento à
produção audiovisual no país. Essas ações existem de forma direta ou indireta. O apoio
indireto a projetos audiovisuais ocorre por meio de mecanismos de incentivo fiscal, que
no Brasil seguem as seguintes legislações:
Esses dispositivos legais permitem que o contribuinte, seja ele pessoa física
ou jurídica, receba abatimento ou até isenção em alguns tributos, desde que destine
os valores devidos à produção. O apoio às produções de forma direta ocorre a partir de
editais de premiações, festivais e da alocação de recursos pela própria iniciativa privada.
Os contratos são necessários, pois haverá uma relação comercial para pôr em
prática a ideia registrada. Para viabilizar a produção, toda equipe deverá ser contratada
e, as profissões têm suas devidas regulamentação, que precisam ser consideradas.
242
Os documentos relacionados a cessão de direitos autorais e licença de uso
objetivam dar visibilidade para a obra – um desejo de quem produz. Assim, conforme
Pretto (2013), a “cessão” e a “licença” são instrumentos jurídico previstos na LDA que
autorizam a circulação dessa obra, considerando que, a princípio, somente o autor
poderia dar esse movimento a sua criação. Se consideramos uma obra audiovisual, há
diversos criativos e autores da obra: produtor, roteirista, diretor.
DICAS
Na obra bibliográfica de Marcelo Pretto: Direito Autoral para fotógrafos,
referenciada ao final da unidade, há modelos de contratos, licenças, termo
de cessão e autorização de uso de imagem.
243
LEITURA
COMPLEMENTAR
PERSPECTIVAS PARA O CINEMA BRASILEIRO PASSA PELA RETOMADA E
REFORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Mariana Toledo
244
tenho essa resposta, mas sei que as coisas estão mudando e vão mudar ainda mais.
A respeito disso, não tenho dúvidas nem amarras. Gosto de pensar em como as coisas
podem se desenvolver melhor em relação do trabalho de produção, criação e difusão.
Os caminhos são vários e eu não fecho nenhuma porta. Tento experimentar. Nós, em
conjunto, vamos definindo. Esse é um dos momentos mais difíceis da minha vida
profissional, no qual está complicado ver o horizonte. Mas temos que começar a jogar
luz nesse futuro", refletiu Oliveira.
"Hoje, mais do que nunca, nossos rostos são políticos. E é vital não perdermos
isso. A conversa e o encontro nos mantêm vivos", declarou Eryk Rocha. Para o produtor,
o momento não é só de constatar a tragédia, mas de tentar abrir fendas, expandir
realidades e abrir outros caminhos, e sem perder a motivação, que é algo que ele define
como algo muito importante para não perdermos de vista numa época como essa.
Rocha fala ainda sobre pensar na nossa história. "É hora de analisar de onde a gente, do
cinema brasileiro, veio. Os ciclos, as crises, quem veio antes da gente e abriu espaço – e
muitas vezes na porrada, com suor e luta, dentro de realidades como golpes militares,
ditadura e repressão. É muito importante lembrarmos da memória – não de um jeito
saudosista, mas como potência e construção de futuro", ressaltou.
245
sim desenvolvendo-a ainda mais. O que existia antes era uma base sólida, que permitiu
o desenvolvimento do mercado. Agora, é hora de aprimorar, e não acabar com o que
foi feito. Estamos em estado de calamidade, com produtoras fechando e profissionais
desempregados. Políticas fortes do Estado são importantes principalmente para
pequenas e médias produtoras, que ainda não tem uma trajetória consolidada. É
fundamental que essas políticas sejam retomadas e repensadas, democratizando o
cinema para quem produz e para quem vê", defendeu.
A produtora Sara Silveira concorda que nenhum cinema existe sem política
pública e argumenta: "O governo quer nos calar. Cinema é voz e educação, e é
justamente isso que ele não quer. Por isso nós temos que continuar na luta. Eles não
vão se movimentar para qualquer ato em benefício do audiovisual. Essa perversidade
que acontece na Ancine é proposital. A agência caminhava a par e passo nos últimos
anos conosco – com erros, claro, mas estava ao nosso lado. Essa Ancine de hoje não é
aquela que conhecíamos. Ela ia num bom caminho, com políticas voltadas aos negros,
de gênero. Vínhamos de 12 anos de um governo que nos deu amparo, nos proporcionou
crescimento. Aí, ao lado da parada do governo atual, premeditada e objetivada, veio a
pandemia". Silveira contou que tem mais dois projetos engatilhados com o dinheiro de
períodos anteriores – um para filmar e outro para lançar – mas que, depois, não sabe
exatamente o que vai fazer, e que é a primeira vez que ela se encontra em uma situação
assim. "O que eu vou fazer depois? Fechar as portas, não. Eu vou lutar. Do lugar dos
meus privilégios, claro, de estar na maior cidade do país, com artefatos institucionais,
como a Spcine, que também está na luta, além de Institutos, como o Projeto Paradiso,
e os canais de televisão e streaming. Peço que olhem para nós, para esse cinema
estancado, para que alavanquem nossas produções enquanto estamos esse ostracismo
governamental contra a cultura. Eu estou correndo atrás de trabalho porque não quero
ficar sem. Temos que arrumar saídas", observou.
Ainda dentro do tema das políticas, Oliveira disse que já olha para o cinema
brasileiro com aquela sensação de que tudo é cíclico, no sentido de que avança, avança,
e depois volta para trás. E que justamente por isso seria fundamental analisar quais
pontos podem ser corrigidos: "Todo o nosso trabalho de reconstrução, desde o fim
da Embrafilme, desenvolveu o mercado, mas criou-se uma dependência do Estado.
Fizemos muita coisa, mas temos que pensar no futuro levando isso em conta. Hoje, é
possível ver o progresso e o desenvolvimento – criamos muitas mídias, atacamos em
várias frentes, montamos uma rede de profissionais antigos com novos, ampliamos o
parque exibidor… Não podemos perder nada disso. Esse momento de pandemia fez a
gente pensar. Tem esse lado de reflexão, de olhar mais afundo. Nos leva a olhar no
espelho". O exibidor faz questão de reforçar que não é contra as políticas públicas,
claro, mas acredita que estejamos pouco desenvolvidos em relação aos alicerces da
sociedade civil que garantam esses mecanismos. "Não dá para mudar de governo e
ele poder mexer nisso a bel-prazer. O Estado não pode passar por cima, e a fragilidade
histórica que eu vejo é nesse sentido. Sou a favor da sociedade civil como defensora
dessas políticas públicas", explicou.
246
Perspectivas para o futuro
Oliveira ainda comenta que a produção nacional cresceu não só por conta das
políticas públicas, mas também pelas novas possibilidades que a tecnologia trouxe: "É
claro que a existência da tecnologia não automatiza o desenvolvimento, tem que casar
com a vontade das pessoas. Aponto que o caminho, daqui para frente, seja deixar mais
coisas na mão da sociedade civil. Acredito em novas tecnologias e práticas para que a
produção cultural e cinematográfica provoque o desenvolvimento da nossa gente". Para
ele, a gente privilegia a sala de cinema porque ela é mais antiga, tem a boa visibilidade
da tela grande, mas que hoje a produção direto para outras plataformas é válida. "A sala
de cinema é muito cara e é um modelo estruturado que talvez vá servir apenas a uma
parte do mercado. Na reabertura, estamos percebendo que não adianta só ter a sala –
precisa da bomboniere, por exemplo. Não é só ingresso do filme. Por isso não sei se a
sala vai sobreviver nesse modelo ou se ele precisará ser reinventando. Brinco que nós,
exibidores, também precisávamos ter um serviço de delivery", pontuou.
Por fim, Rocha finaliza: "Quando políticas públicas são desmontadas, existe uma
repressão da nossa linguagem. Cinema é uma experiência única. É preciso lutar por
uma real diversidade, e ela só vai existir num país como o nosso com políticas públicas
sérias. É assim que eu vejo, principalmente para as novas gerações e pessoas menos
favorecidas. É uma questão central, estética e política. Esse governo vai passar, mas
nós continuaremos criando e transformando".
FONTE: <https://telaviva.com.br/17/11/2020/perspectivas-para-o-cinema-brasileiro-passam-pela-retoma-
da-e-reformulacao-das-politicas-publicas/>. Acesso em: 15 mar. 2021.
247
AUTOATIVIDADE
1 Alguns órgãos e/ou setores compõem o universo que envolve como um todo a cadeia
produtiva da produção audiovisual no Brasil. Assinale com V ou F se a alternativa
estiver correta ou não:
248
3 Independente se a obra é uma megaprodução ou a produção de um roteirista/
produtor/diretor iniciante, os festivais abrem portas. Os festivais são referências
fundamentais no mundo inteiro e que contribuem para circulação da obra audiovisual
produzida. No entanto, cada festival tem características específicas que orientam a
inscrição. Nas sentenças a seguir, analise se o objetivo e características do festival
indicado estão corretos, usando V ou F.
a) ( ) V – V – V.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
249
REFERÊNCIAS
ADOBE. Adobe, 2021. Produtos. Disponível: https://www.adobe.com/products/
catalog.html#category=video . Acesso em: 10 mar. 2021.
ANCINE. Agência Nacional do Cinema, 2021. Fomento, o que é. Disponível em: https://
www.gov.br/ancine/pt-br/assuntos/atribuicoes-ancine/fomento/o-que-e. Acesso em:
16 mar. 2021.
BONASIO, V. Televisão: manual de produção & direção. Belo Horizonte: Leitura, 2002.
250
EMANIA, Blog. Conheça a nova câmera da Panavision DXL 8K, 2021. Disponível em
https://blog.emania.com.br/panavision-dxl-8k/. Acesso em: 20 dez. 2020b.
HAGE, R. Conheça as câmeras da red feitas para o cinema digital. 2017. Disponível
em: https://ricardohage.com.br/2017/04/29/conheca-as-cameras-da-red-feitas-para-
o-cinema-digital/. Acesso em: 20 dez. 2020.
KINOFORUM. (2021). Disponível em: http://www.kinoforum.org.br/. Acesso em: 10, mar. 2021.
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SILVA, H. C. O filme nas telas: a distribuição do cinema nacional. Terceiro Nome, 2010.
STURM, B. Como lançar seu filme pela Elo Company. Writers´s Room, 2020. Disponível
em: https://bit.ly/3Av2iQh. Acesso em: 16 mar. 2021.
TUDO PARA FOTO. (2020). Iluminação para vídeo: como acertar em sus produções.
Disponível em: https://www.tudoparafoto.com.br/iluminadores-led/led-profissional.
Acesso em: 20 dez. 2020.
VEGAS PRO. A edição não linear mais rápida que existe. Para criatividades
apaixonantes. Vegas Creative, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3CkeQvf. Acesso
em: 29 out. 2020.
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