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Aula 2 - Perspetiva Histórica

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Perspetiva Histórica da

Rede Nacional de
Cuidados de Saúde
O que é a Saúde?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu saúde como um


completo estado de bem-estar físico, mental e social e não
meramente a ausência de doença.

OMS, 1946
Perspetiva histórica da Rede Nacional de Cuidados de Saúde: Objetivos
Compreender a evolução da Rede Nacional de Cuidados de
Saúde em Portugal, bem como a criação e a estrutura do
Sistema Nacional de Saúde

Vai permitir entender a sua importância;

O que contribuirá para a identificação do papel do técnico


auxiliar de saúde.
Evolução do Sistema de Saúde
Os serviços de saúde em Portugal sofreram várias alterações ao longo do tempo…

Nos séculos XIX e XX, até à criação do SNS, a prestação de cuidados de saúde era
sobretudo de natureza privada, sendo que competiam às famílias, a instituições
privadas e aos serviços médico-sociais da Providência, havendo, contudo cuidados
mínimos de saúde prestados aos pobres pelas Misericórdias, isto é, hospitais das
obras de caridade religiosas.
Perspetiva Histórica da Rede Nacional de Cuidados de Saúde

1899: Aparecimento dos Direção-Geral de Saúde e Beneficência Pública (Com o principal


propósito de melhorar a defesa contra futuras epidemias): Drº Ricardo Jorge inicia a organização
dos Serviços de Saúde Pública  A prestação de cuidados de saúde era então de índole privada,
cabendo ao Estado apenas a assistência aos pobres.

1911: Criação da Direção-Geral de Saúde (DGS) com o objetivo da resolução e do expediente


dos serviços de saúde pública. A DGS passou a ter o objetivo de proteger a saúde de todos os
cidadãos e não apenas de preparar o combate a futuras epidemias.
Perspetiva Histórica da Rede Nacional de Cuidados de Saúde
1946: A Lei n.º 2011, de 2 de abril de 1946, estabelece a organização dos serviços prestadores de
cuidados de saúde então existentes, lançando as bases para uma rede hospitalar. Começa um
programa de construção de hospitais que serão entregues às Misericórdias.

1958: Surge o Ministério da Saúde e da Assistência.

1963: É publicado o Estatuto da Saúde e Assistência, em que o Estado intervém com mais incidência na
Saúde Pública, embora com um papel ainda diminuto – É atribuído ao estado a organização e manutenção
dos serviços que não possam ser entregues à iniciativa privada.

1968: Emerge o Estatuto Hospitalar e o Regulamento Geral dos Hospitais: os hospitais, a sua organização e
as carreiras da saúde são objeto de uniformização e de regulação.
Perspetiva Histórica da Rede Nacional de Cuidados de Saúde
1970: A despesa de saúde representava 2,8% do PIB

1971: Decreto-Lei nº413/71 de 27 de setembro promulga a organização do Ministério da Saúde e Assistência


 Afirma o Direito à Saúde a todos os cidadãos, embora com acesso aos serviços limitados aos recursos humanos,
técnicos e financeiros disponíveis;

 Importância da promoção da saúde e prevenção da doença;

 Diminuição das dificuldades de acesso aos cuidados médicos;

 Aumento da responsabilidade do Estado.

 Criação dos Centros de Saúde de 1ª Geração associados à saúde pública


Perspetiva Histórica da Rede Nacional de Cuidados de Saúde
 1973: Surge o Ministério da Saúde .

 1974: Financiamento da saúde: 41% da responsabilidade do Estado.

 1976: É aprovada nova Constituição, cujo artigo 64º dita que todos os cidadãos têm direito à proteção da
saúde e o dever de a defender e promover.

 1978: O Despacho ministerial publicado em Diário da República, 2.ª série, de 29 de julho de 1978, mais
conhecido como o “Despacho Arnaut”, constitui uma verdadeira antecipação do SNS, na medida em que
abre o acesso aos Serviços Médico-Sociais a todos os cidadãos, independentemente da sua capacidade
contributiva. É garantida assim, pela primeira vez, a universalidade, generalidade e gratuitidade dos
cuidados de saúde e a comparticipação medicamentosa.
Perspetiva histórica da Rede Nacional de Cuidados de Saúde

Criação do Sistema Nacional de Saúde (Lei nº56/79 de 15 de setembro)

 O acesso ao SNS deve ser garantido a todos os cidadãos independentemente da sua condição social ou
económica, bem como aos estrangeiros, em regime de reciprocidade, apátridas e refugiados políticos ►”Lei de
Arnaut” (Lei n.º 56/79, de 15 de Setembro);

 Efectiva-se que o Estado tem como responsabilidade a protecção da saúde individual e coletiva;

 Define que o acesso é gratuito, mas contempla a possibilidade de criação de taxas moderadoras.

 https://www.youtube.com/watch?v=Xbyr6QegEeE&t=16s
Serviço Nacional de Saúde
O SNS abrange todas as instituições e serviços oficiais prestadores de cuidados de saúde
dependentes do Ministério da Saúde e dispõe de estatuto próprio.

O SNS foi criado com o objetivo de assegurar um serviço público de saúde, que garanta a satisfação
das necessidades dos Portugueses.

O SNS é um conjunto ordenado e hierarquizado de instituições e de serviços oficiais prestadores de


cuidados de saúde. O membro do Governo responsável pela área da saúde exerce poderes de
superintendência e tutela sobre todos os serviços e estabelecimentos do SNS.
Serviço Nacional de Saúde
 O SNS envolve todos os cuidados integrados de saúde, compreendendo a promoção e vigilância da saúde, a
prevenção da doença, o diagnóstico e tratamento dos doentes e a reabilitação médica e social.

 É um sistema autónomo a nível administrativo e financeiro. Constituído por órgãos centrais, regionais e locais,
dispondo de serviços prestadores de cuidados de saúde primários e de serviços prestadores de cuidados
diferenciados.
Serviço Nacional de Saúde – Quem o compõe?
Integram o SNS todas as entidades públicas e serviços oficiais prestadores de cuidados de saúde
dependentes do Ministério da Saúde:
 Estabelecimentos Hospitalares;
 Unidades Locais de Saúde;
 Agrupamentos de Centros de Saúde.

 A rede nacional de prestação de cuidados de saúde abrange os estabelecimentos do Serviço Nacional


de Saúde e os estabelecimentos privados e os profissionais em regime liberal, com os quais tenham
sido celebrados contratos ou convenções, que garantam o direito de acesso dos utentes em moldes
semelhantes aos oferecidos pelo SNS.
A criação do Sistema Nacional de Saúde e suas implicações
 1982: Decreto-Lei n.º 254/82, de 29 de junho, cria as administrações regionais de cuidados de saúde
(ARS).

 1983: O Decreto-Lei nº344-A/83, de 25 de julho, cria o Ministério da Saúde. O Despacho Normativo


nº97/83, de 22 de abril, aprova o Regulamento dos Centros de Saúde, dando lugar aos Centros de Saúde
de 2ª geração.

 1984 – A criação da Direção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários, através do Decreto-Lei n.º 74-C/84,
de 2 de março, põe fim aos serviços médico-sociais da Previdência e marca a expansão do SNS.

 1989: A revisão da Constituição em 1989 estabelece que o direito à proteção da saúde é realizado
através de um SNS “universal e geral, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos,
tendencialmente gratuito.”
A criação do Sistema Nacional de Saúde e suas implicações
 1990: A Lei nº48/90, de 24 de agosto, aprova a Lei de Bases da Saúde.

 Posteriormente foram fixadas taxas moderadoras com isenção para grupos de risco e
economicamente desfavorecidos.

 Houve um investimento nos profissionais da saúde, aumentando os seus ordenados,


incentivando à formação, o que tornou as instituições públicas um local de trabalho mais
chamativo, atraindo também trabalhadores especializados para o SNS.
A criação do Sistema Nacional de Saúde e suas implicações

De acordo com a OCDE, 2001:

 Diminuição da taxa de mortalidade infantil – de 37,9 óbitos por 1000 nascimentos em 1974, passámos
para 11 óbitos em cada 1000 nascimentos em 1990;

 Aumento da esperança média de vida – de 68,9 anos em 1975 passámos para 73,8 anos em 1990;

 A percentagem do PIB, investido em saúde, aumentou – de 4,1% em 1974 para 6,5% em 1990;

 A esperança média de vida aumentou novamente – passou de 73,6 anos, em 1991, para 75,2 anos em
1998.
Uma nova gestão do SNS – de 2000 à atualidade

 1993: é criado o cartão de identificação do utente do SNS.

 1999: Foram criados os Centros de Saúde de terceira geração. Independentemente das suas dimensões são
autónomos administrativamente e financeiramente, organizados por equipas, em unidades tecnicamente
distintas, mas interligadas, mais próximas e acessíveis ao cidadão, sendo integrados no SNS sob
superintendência e tutela do Ministério da Saúde.

 2003: criada a Entidade Reguladora da Saúde.


Uma nova gestão do SNS – de 2000 à atualidade

 2006: criada a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados - com o intuito de responder à
necessidade de cuidados de saúde direcionados a uma população mais envelhecida e/ou
dependente, ao aumento da esperança média de vida e à crescente prevalência de pessoas com
doenças crónicas incapacitantes.

 2007: surgem as primeiras Unidades de Saúde Familiar (USF).

 2009: criação dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES).

 2012: criação da Rede Nacional de Cuidados Paliativos – Lei de Bases dos Cuidados Paliativos (Lei
nº52/2012, de 5 de setembro) vem consagrar o direito e regular o acesso dos cidadãos aos cuidados
paliativos, definidos como responsabilidade do Estado.

 2014: criação do Fundo para a Investigação em Saúde.


Uma nova gestão do SNS – de 2000 à atualidade
2019: aprovada a Lei de Bases da Saúde. Entra em vigor a partir de 03 de novembro
de 2019.

De acordo com a lei, “a responsabilidade do Estado pela realização do direito à


proteção da saúde efetiva-se primeiramente através do SNS e de outros serviços
públicos, podendo, de forma supletiva e temporária, ser celebrados acordos com
entidades privadas e do setor social”.
Uma nova gestão do SNS – de 2000 à atualidade

Em suma, podemos concluir que a criação do SNS foi uma forte contribuição
para a evolução da saúde dos portugueses, desde os anos 70 até aos dias de
hoje, conferindo a todos um dos direitos primordiais de cidadania, o Direito à
Saúde.
O que é que nos dizem os números da
Saúde nos últimos anos?
 A esperança média de vida à nascença aumentou de 78,48 anos em 2005/2007 para 80,2 anos em
2018;

De acordo com o local de residência, são as pessoas que vivem na Região Norte e Centro que vivem
mais tempo;

São as pessoas que vivem na Região Autónoma da Madeira e dos Açores que vivem menos tempo;

A taxa de mortalidade infantil em 2017 atingiu 2,7 mortes por mil nados-vivos - Comparando há 20
anos (com 1997), a mortalidade infantil caiu para mais de metade em Portugal (de 6,4 para 2,7
por cada mil nados-vivos);
 O número de crianças nascidas, filhas de mães residentes Portugal foi de 87020 em 2018;

O número de óbitos de indivíduos residentes em Portugal em 2018 foi de 113 000 óbitos, valor superior

ao do ano anterior (109 758 – em 2017);

Desde 2007 que a diferença entre os valores anuais de nados vivos e óbitos – saldo natural - tem sido

quase sempre negativa, ou seja, o número de mortes é superior ao número de nascimentos;

O índice de envelhecimento tem aumentado, sendo de 157,4 pessoas idosas por cada 100 jovens em

2018.

https://www.youtube.com/watch?v=rUT-EIbJh5c

Instituto Nacional de Estatística


Perspetiva histórica da Rede Nacional de Cuidados de Saúde

Tendo em conta os dados estatísticos previamente apresentados podemos concluir que existiram alterações
na sociedade portuguesa ao longo dos últimos anos.

Assim, conclui-se que:

 A esperança média de vida ?

 A taxa de mortalidade infantil ?

 A taxa de natalidade ?
Bibliografia
ARCHER, E., (2005): Procedimentos e protocolos. Ed. Lab.
CHIAPPORI, Pierre-André, (1999): Risco e Seguro. Instituto Piaget.
FERREIRA, F. (1990): Moderna Saúde Pública, Fundação Calouste Gulbenkian.
FISCHHOFF, B.: Acceptable Risk. Cambridge, University Press.
HENRIQUES, M. C. [et al], (2000) : Educação para a Cidadania. Lisboa, Plátano Editora.
LEPLAT, J., (1985): Erreur humaine et fiabilité humaine dans le travail, Armand Colin, Paris.
RAMOS, V., (2002): Centros de saúde de 2ª e ½ geração, ou... nova oportunidade perdida.
RODRIGUES, L., (2002). Os Recursos Humanos do Serviço Nacional de Saúde. Lisboa,
Edições Colibri/Apifarma.
WORLD HEALTH ORGANIZATION, (2000): The World Health Report 2000: health systems:
improving performance. Geneve. WHO.

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