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2 - Avf - Aph

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AVF – APH

Unidade 1
Conceitos
- Atendimento Pré-hopitalar: Assistência prestada por profissionais de saúde ou
oriundo de outras áreas (socorristas) em um primeiro nível.
- Primeiros Socorros: Cuidados e intervenções que devem ser prestados de maneira
rápida às vítimas de acidente ou mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida.
- Urgência: Ocorrência imprevista de agravo a saúde (comprometimento agudo das
necessidades humanas básicas) com ou sem risco potencial a vida, cujo portador
necessita de assistência médica imediata, mas que não proporciona risco iminente de
morte.
- Emergência: Agravo a saúde que impliquem sofrimento intenso ou risco iminente de
morte, exigindo, portanto, tratamento médico imediato.
- Suporte Básico de Vida: Primeiro atendimento prestado às vítimas de agravos
súbitos (urgência e/ou emergência) com a aplicação de técnicas e manobras não
invasivas para a manutenção da vida e prevenção de lesões irreparáveis.
- Suporte Avançado de Vida: Primeiro atendimento prestado às vítimas de agravos
súbitos (urgência e/ou emergência) com a aplicação de técnicas e manobras invasivas
específicas e mais complexas para o tratamento de agravos à saúde.

APH no contexto da atividade policial


Na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) as ações de APH estão vinculadas à Central
de Operações Policiais Militares (COPOM): orientações de primeiros socorros e
outros procedimentos até a chegada das equipes de apoio (SAMU e/ou Corpo de
Bombeiros Militar de Minas Gerais - CBMMG) ou transferência para o serviço de saúde
adequado.
Termo APH: inserido no Brasil após a criação do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência 192 (SAMU 192).
APH Civil/Convencional: larga gama de incidentes (trânisto, traumas, PCR, OVACE,
Partos de Urgência, Crises convulsivas, etc) em ambientes “controlados”.
“Abordagens e procedimentos de maior magnitude para socorro a ocorrências
clínicas e traumáticas na sociedade em geral”
APH Tático/ de Combate: auto socorro e estabilização de traumas e primeiros socorros
em áreas de conflito tático/combate.
Abordagens e procedimentos específicos para situações táticas ou de combate.

As diretrizes da Matriz Curricular para Ações Formativas dos Profissionais da Área


de Segurança Pública (2014) também preveem que estes profissionais conheçam as
técnicas de atendimento pré-hospitalar.
Contextualização de APH, primeiros socorros, SBV e SAV
Cuidados e intervenções que devem ser prestados de maneira rápida às vítimas de
acidente ou mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida. Tem a finalidade de
manter as funções vitais e evitar o agravamento de complicações do evento por meio
de procedimentos até a chegada de assistência qualificada.

Aspectos legais inerentes à assistência em APH


Policiais Militares são considerados socorristas de APH, por terem participação sine
qua nom da Rede de Atendimento às Urgências no Brasil. O atual Código Nacional
de Trânsito prevê que todos os motoristas deverão ter conhecimentos de Primeiros
Socorros.
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
Artigo 159: Dos Atos Ilícitos
“Aquele, que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito,
ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”.

CÓDIGO PENAL BRASILEIRO


- Artigo 135: Crime de Omissão de Socorro
“Deixar de prestar assistência, quando possível o fazer, sem risco pessoal, a criança
abandonada ou extraviada, pessoa inválida ou ferida, ao desamparado, em grave ou
iminente perigo, ou não pedir, nestes casos, o socorro da autoridade pública. Pena:
Detenção de 01 (um) a 6 (seis) meses ou multa. ”
IMPERÍCIA: agir sem a capacitação técnica exigida no procedimento Inabilidade,
inaptidão, falta de qualificação, despreparo. Falta de conhecimento técnico ou
habilidade que deveria ter ao executar uma ação própria de sua categoria profissional.
Pressupõe a qualidade de habilitação legal para a arte ou profissão. Ex: Retirar objetos
encravados – privativo do profissional médico.
IMPRUDÊNCIA: agir assumindo o risco de desfechos negativos. Fazer ou agir sem
cautela, com precipitação ou afoiteza. “Imprudente é aquele que sabe do grau de risco
envolvido na atividade e mesmo assim acredita que é possível a realização sem prejuízo
para ninguém. ” A pessoa em suas ações, age realizando uma atitude diversa da
esperada. Isto é, age correndo o risco. Ex: Não garantir distância segura no
dimensionamento da cena, e sinalização (idealmente por cones) aumentando o risco de
acidentes - distância mínima e distância de segurança prévia ao local de acidente
NEGLIGÊNCIA: deixar de fazer o que é obrigado a fazê-lo. Não tomar as devidas
providências ou se omitir. Deixar de fazer o que deveria ser feito por displicência, ou por
preguiça por não querer fazer como deveria fazer. Agir com irresponsabilidade. Falta de
atenção ou cuidados. Ex: Não prestar socorro ou não pedir ajuda necessária.

Atribuições do Socorrista Policial


PORTARIA 2048/2002 MS
Discrimina as funções de cada um dos profissionais envolvidos num local de acidente
(sinistro). Segundo este documento, cabe aos profissionais responsáveis pela
segurança pública, reconhecidos pelo gestor público da saúde (neste caso, a Polícia
Militar):

✓ Isolamento da área;
✓ Preservação do local;
✓ Segurança das pessoas envolvidas (socorristas, vítimas e “curiosos”);
✓ Realização de procedimentos de primeiros socorros básicos.

A Matriz Curricular para Ações Formativas dos Profissionais da Área de Segurança


Pública (2014) também prevê que estes profissionais conheçam as técnicas de
atendimento pré-hospitalar:
RECUSA AO SOCORRO
Qualquer pessoa mentalmente apta é considerada competente legalmente para recusar
o atendimento de emergência. Caso o militar presencie esse tipo de situação deverá
continuar tentando convencer a pessoa a aceitar sua ajuda e tentar conscientizá-la de
quais consequências poderão advir com essa recusa. Em determinadas circunstâncias,
outro membro da equipe, pode ajudar nesse processo.

CRIME NO LOCAL
- Quando isso ocorrer, recomenda-se os seguintes procedimentos:

✓ Proteger-se.

✓ Procurar garantir as condições de segurança local. Se não estiver seguro, aguarde


momentos ideais e apoio.

✓ Movimentar a vítima somente se for necessário. Antes de mover a vítima, produzir


uma foto mental da cena.

✓ Tocar somente no que for necessário para ter acesso à vítima.

✓ Preservar todos os detalhes encontrados na cena do crime para investigação


posterior. Não mexer na mobília do ambiente, a menos que esteja dificultando seus
movimentos para prestar os cuidados necessários à vítima.

✓ Prestar atenção onde posiciona o seu equipamento. Evidências podem ser destruídas
ou alteradas.

✓ Manter todos os curiosos afastados do local.

✓ Após o atendimento, preparar um relatório e fazer um desenho da cena, mostrando


como e onde encontrou a vítima. Isso pode ser útil se precisar lembrar do incidente
tempos depois.

MORTE NA CENA
Os únicos profissionais que possuem competência técnica e legal para atestar a morte
de uma pessoa são os Médicos e, recentemente aprovada por legislação específica, os
Enfermeiros que atuam no SAMU.

CONDIÇÕES EVIDENTES DE ÓBITO NA CENA

 Queimadura com carbonização;


 Rigidez cadavérica;
 Decomposição/Putrefação;
 Esmagamento maciço;
 Mecanismo de Lesão que resulte em Trauma incompatível com a vida.
RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO

✓ Condição da vítima quando encontrada.

✓ Descrição da lesão ou da natureza do mal súbito.

✓ Sinais vitais iniciais e posteriores.

✓ Atendimento que você deu à vítima.

✓ Nome da instituição e da pessoa que assumiu a vítima.

✓ Qualquer possibilidade de exposição às doenças infecciosas.

✓ Testemunhas.

Noções de Biossegurança
Em caso de acidente com risco de contaminação por material biológico deve-se
proceder: ✓Identificar o agente fonte;

✓Lavar rigorosamente o local com água e sabão;

✓Lavar mucosas (olhos, boca e nariz) apenas com água ou soro fisiológico;

✓Deslocar para o PA do Hospital Referência mais próximo.

✓No caso da PM temos o HPM na RMBH.

CONSENTIMENTO EXPLÍCITO: recebe autorização da vítima para a prestação de


socorro.
CONSENTIMENTO IMPLÍCITO: vítimas apresentam inconsciência, confusas ou
gravemente feridas e vítimas menores de idade.

Unidade 2
Sinais e sintomas
Sintomas: queixas e percepções informadas pelas vítimas como tipo e intensidade da
dor, localização, sensações.
Sinais: referem-se aos achados clínicos obtidos pelo socorrista face à avaliação a
vítima. São exemplos de sinas: taquicardia (aumento da frequência cardíaca),
bradipneia (diminuição da frequência respiratória), cianose periférica (extremidades
arroxeadas) e central (boca e nariz arroxeados), etc.

Noções de Anatomia e Fisiologia, Sinais e Sintomas

✓ Sistema respiratório: carrega o oxigênio para dentro e transporta os resíduos gasosos do


metabolismo celular para fora do corpo.

✓ Sistema cardiovascular: movimenta (circulação) o sangue pelo organismo;

✓ Sistema nervosa: informa aos órgãos (sinapses e comandos nervosos) o que fazer, como e
quando.

Sistema Respiratório

✓ Fornecimento de O2 para ser distribuído pelo sangue a todas as células do corpo;

✓ Eliminação de CO2 do organismo;

✓ Regulação do Metabolismo celular.

PLEURA: saco seroso que envolve o pulmão → espaço virtual.

Ventilação: inspiração (fase ativa – há contração muscular e gasto energético) e


expiração (fase passiva da respiração sem gasto energético).
A perfusão refere-se ao mecanismo que bombeia sangue nos pulmões, de forma cíclica
e involuntária. Esse subprocesso da respiração é responsável pela regulação entre
sangue os componentes gasosos e nutrientes circulantes no sangue arterial (oxigenado)
e sangue venoso (pobre em oxigênio) que chegarão aos tecidos.

A difusão por sua vez, corresponde ao movimento das moléculas de gás carbônico e
oxigênio por meio da membrana capilar alveolar com vistas a preservar o equilíbrio
metabólico adequado para as funções corporais.

A respiração é avaliada quanto a:


- Frequência: aferida em respirações por minuto, podendo ser: normal, lenta ou rápida.
Cada ciclo respiratório é composto por uma inspiração e uma expiração respectiva.
- Ritmo: verificado através do intervalo entre uma respiração e outra, podendo ser
regular ou irregular.
- Profundidade: verifica a extensão do movimento (profunda ou superficial).

Sistema Cardiovascular
As partes que compõem o sistema cardiovascular são: coração, artérias, capilares e
veias. Tem como função, bombear sangue para os tecidos, suprindo-os com oxigênio e
outros nutrientes, e recolhe do organismo substâncias tóxicas e em excesso que serão
filtradas nos rins.

✓Sístole: Movimento de contração do músculo cardíaco. O sangue é impulsionado para


os vasos sanguíneos.

✓Diástole: Movimento de relaxamento do músculo cardíaco. O coração se enche de


sangue.
Pequena Circulação: CORAÇÃO-PULMÃO-CORAÇÃO
Sangue sai do coração e vai para o pulmão realizar a hematose e retorna para o
coração.
Grande Circulação: CORPO-CORAÇÃO-PULMÃO-CORAÇÃO-CORPO
Sangue oxigenado sai do coração para corpo, retira CO2 e retorna para o coração.

- Avaliamos o pulso quanto à:

✓ Frequência: aferida em movimento pulsáteis por minuto que correspondem em


condições normais aos batimentos cardíacos. Pode ser normal, lento ou rápido.

✓ Ritmo: verificado através do intervalo entre um movimento pulsátil e outro. Pode ser
regular ou irregular.
✓ Intensidade: É avaliada através da força da pulsação. Pode ser cheio (quando o
pulso é forte) ou fino (quando o pulso é fraco).

Pressão arterial: Definida como a pressão exercida pelo sangue contra a parede das
artérias. Consiste na atividade mecânica do coração

Sistema Nervoso
LESÕES NEUROLÓGICAS: CEREBRAIS / MEDULARES / NERVOS

✓ Em acidentes: a transmissão dos impulsos nervosos pode ser afetada.

✓ Acometimento de estruturas cerebrais (causas traumáticas ou clínicas): pode alterar


a respiração, batimentos cardíacos, pressão arterial, o movimento dos braços e pernas.

✓ Pode ainda haver perda do controle da micção e da evacuação, a percepção da dor,


entre outras funções.

✓ Paraplegia: paralisia completa dos membros inferiores.

✓ Tetraplegia: paralisia completa dos quatro membros.

✓ Hemiplegia: paralisia completa de um lado do corpo.

✓ Paresia: paralisia parcial das pernas, quatro membros ou de um lado.

ABORDAGEM PRÁTICA: Avaliação de conteúdo neurológico (fala, abertura ocular,


pupilas, força, movimentos).
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA - O nível de consciência, no atendimento
a vítimas de trauma, é caracterizado por:
A – alerta
V – verbaliza
D – dor
N – não consciente

Sistema Esquelético
FUNÇÃO:

✓ Sustentação e conformação do corpo.

✓ Proteção de órgãos internos como: coração, pulmão e encéfalo.

✓ Formação dos elementos sanguíneos (medula óssea).

Constituído por: Ossos (total de 206) / Cartilagens / Articulações.

Sistema Tegumentar
Sistema tegumentar: composto pela pele e anexos (glândulas, unhas, cabelos, pelos e
receptores sensoriais).
Funções: barreira que protege o corpo da invasão de microrganismos e evitando o
ressecamento e perda de água para o meio externo.
TEMPERATURA
É a diferença entre a quantidade de calor produzido pelos processos corporais
(metabolismo) e a quantidade de calor perdido para o ambiente externo (Valores
Normais 36,0º a 37,0º C)
• Deve-se prevenir a hipotermia em vítimas de Trauma.
• Extremidade fria e cianose são indícios de hipotermia
AVALIAÇÃO PERIFÉRICA - TEMPERATURA

➢ Febre = 38,0 a 39,0º C

➢ Estado subfebril = 37,5 a 38,0º C

➢ Pirexia = mais de 39,0º C

No atendimento pré-hospitalar, muitas vezes a avaliação da temperatura é


subjetiva, através da palpação da pele.

RESPIRAÇÃO
No atendimento pré-hospitalar, a respiração é avaliada considerando a FR estimada
para a idade, os movimentos do tórax e a profundidade da respiração. Em alguns casos
as manobras de aberturas de vias aéreas são adotadas.

Unidade 3
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA DA VÍTIMA
Este quesito refere-se à análise de todas as condições identificadas na cena de
atendimento como checar se o local é seguro, a situação em que a vítima se encontra
e o número de vítimas. Antes de iniciar o atendimento, o socorrista deve checar a
segurança do local e de si mesmo e somente iniciar o socorro se houver condição -
considerado o Princípio de Ouro no APH (“Cena Segura”).
- Medidas de segurança da cena:
• Checar a segurança do local e de si mesmo;
• Tornar o local seguro;
• Acionar o auxílio adicional;
• Sinalizar o local;
• Considere sempre os riscos visíveis e ou invisíveis.
Ao identificar qualquer risco potencial, avalie sua capacidade de lidar com o caso,
necessitando chame auxílio adicional técnico.
Trauma pode ser definido como um evento nocivo aos tecidos e vasos produzido por
ação violenta externa ao organismo e de distintas naturezas (mecânica; química;
térmica; irradiação; elétrica).
Dimensionamento da cena para atuação do socorrista
START (Simple Triage and Rapid Treatment) - avaliação e classificação do risco de
morrer (triagem) em incidente com múltiplas vítimas (IMV) - (cinco ou mais vítimas na
cena).

X-ABCDE / MARCH
AVALIAÇÃO DAS VÍTIMAS DE TRAUMA EM APH

AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA DA VÍTIMA


Objetivo: identificar lesões ou problemas que não foram identificados durante o exame
primário.

✓ Procurar por escoriações, queimaduras, hematomas, ferimentos penetrantes,


inchaço, deformidade de ossos, sons incomuns, etc.

✓ Comparar um lado com outro, procurando sinais anormais

✓ Monitorar sinais vitais convencionais (pulso e respiração) e complementares


(perfusão capilar, pupilas, pele).

- O exame físico na vítima segue a direção céfalo-caudal e deve investigar lesões e


traumas em:
• Pescoço;
• Cabeça;
• Tórax;
• Abdome;
• Pelve;
• Membros Inferiores;
• Membros Superiores;
• Dorso.

Um histórico rápido pode ser obtido utilizando-se o mnemônico AMPLA, que serve como
lembrança para alguns componentes chave. Segue para a entrevista o seguinte roteiro:
A – ALERGIA
M – MEDICAMENTOS de uso da vítima
P – PASSADO médico.
L – LÍQUIDOS e alimentos ingeridos.
A– AMBIENTE, local da cena, eventos que levaram ao trauma.
Unidade 4
Parada Cardiorrespiratória (PCR)
O atendimento da PCR no APH é estruturado por uma sequência de intervenções
denominada de corrente da sobrevivência. A falha em qualquer elo da cadeia
compromete o resultado do atendimento como um todo.

O socorrista policial deverá avaliar (preferencialmente de forma simultânea):


a) responsividade da vítima: com estímulos verbais ou toque físico;
b) respiração da vítima: avaliação dos movimentos respiratórios, ruídos e percepção da
movimentação de ar.

✓ Caso a vítima não responda à estimulação verbal e sensorial e não apresente


respiração: o socorrista considerará quadro potencial de PCR e seguirá os passos para
adequada RCP.
✓ Se a vítima apresentar respiração: as manobras de abertura de vias aéreas deverão
ser realizadas.
c) Solicite o DEA e apoio ao COPOM e Serviço de Urgência Móvel

RCP de Qualidade: Frequencia+ Rítmo +Profunidade

O desfibrilador externo automático (DEA) é um dispositivo computadorizado capaz de


examinar o ritmo cardíaco de uma vítima de forma automática, em casos de parada
cardiorrespiratória que necessite de choque, o equipamento “avisa” ao socorrista
(mensagens sonoras, luzes e mensagens de texto) os passos a tomar. São ritmos de
PCR chocáveis a fibrilação ventricular (FV) e a taquicardia ventricular sem pulso (TV).
Unidade 5
Atendimento às Vítimas de Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVACE)
Unidade 5
Trauma, Hemorragias e Choque
TRAUMA

 Afecções traumáticas correspondem às 03 (três) primeiras causas de morte no


mundo (1o DCV, 2o Câncer).
 Primeira causa de morte em pessoas economicamente ativa (19 a 45 anos de
idade).
 Sobrevivência de um paciente traumatizado que recebe um tratamento pré-
hospitalar adequado é maior do que qualquer outro tipo de paciente (NAEMT,
2019).

HEMORRAGIA:

 Principal mecanismo de óbito em incidentes traumáticos – fortemente associado


à mortalidade policial.
 Ruptura dos vasos sanguíneos e consequente extravasamento de sangue.
 Perdas sanguíneas não abortadas de forma intempestiva e adequada progridem
para o estado de choque.

CHOQUE:

 Estado de perfusão ineficaz (circulação e oxigenação de órgãos) que leva à


disfunção celular e pode progredir para óbito poucos minutos.
Trauma é definido como um evento nocivo aos tecidos e vasos que advém da liberação
de formas específicas de energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia.
Essa energia existe em cinco formas físicas: Mecânica, Química, Térmica, Irradiação e
Elétrica.

Os danos ocorrem pela transferência de energia, quando os tecidos do corpo humano


são violentamente deslocados para longe do local de impacto, pela transmissão de
energia. As lesões traumáticas podem ser classificadas em:

✓ Contusões: decorresntes de traumas fechados.

✓ Lesões penetrantes: decorrentes de traumas abertos.

✓ Lesões por explosão: podem causar tanto ferimento contuso como penetrante, sendo
uma transformação de energia extremamente rápida, com alta pressão, causando
assim, um grande impacto.
Lesões por
desaceleração
do corpo

Lesões em
estruturas
orgânicas devido
à compressão.

Cavitação
Temporária x
Permanente
Trauma
TRAUMA CRÂNIO ENCEFÁLICO
Reconhecimento:

 Ferimento extenso ou profundo na cabeça.


 Cefaléia ou dor no local da lesão.
 Náuseas e vômitos.
 Alteração dos sinais vitais.
 Pupilas desiguais (anisocóricas).
 Deformação do crânio (depressão ou abaulamento);
 Alteração no nível de consciência (alterações mentais);
 Sangramento no nariz ou canal auditivo;
 Saída de liquido claro (líquor) pelo nariz e ouvidos;
 Presença de hematoma nas pálpebras (sinal de guaxinim);
 Equimose na região retroauricular, atrás da orelha (sinal de battle);

 Proceder RMC (RESTRIÇÃO DE MOVIMENTO DA COLUNA) e transporte


rápido para centros de trauma.
 Não remover objetos empalados.
 Não permitir ingestão de líquidos ou alimentos.
 Não conter saída de sangue pelos ouvidos e/ou nariz.
CABEÇA

 Não tente limpar o ferimento, há perigo de aumentar a hemorragia.


 Não faça compressão com os dedos.
 Utilize um pano limpo ou gaze.
 Controle o sangramento com curativo limpo e pouca pressão.

OLHOS

 Não tente remover objetos na córnea.


 Não faça curativo compressivo.
 Não remova objetos empalados, estabilize-o.
 O curativo deve ser frouxo em ambos os olhos.
 Em queimaduras químicas: lavar (com água estéril) no sentido do canto do
olho (próximo ao nariz) para as extremidades.

ORELHA

 Curativo ou bandagem.
 Em caso de hemorragia, não feche o canal auditivo.
 Saída de líquido e/ou sangue significa Traumatismo Crânio Encefálico – TCE.

FACE

 Use pressão suficiente para parar o sangramento.


 Retire corpos estranhos do ferimento da boca.
 Retirar objetos empalados caso penetre na cavidade oral.

NARIZ

 Controle hemorragia.
 Em caso de avulsão, coloque um retalho no lugar.
 Curativo local.
 Coloque o paciente sentado com a cabeça ligeiramente inclinada para frente.
 Aperte as partes moles do nariz entre o polegar e dois dedos com pressão
firme durante 5 minutos.
PESCOÇO

 Curativo oclusivo com uma compressa, podendo esta ser coberta com plástico
estéril ou papel alumínio.
 Peça para a vítima respirar devagar e observe a respiração.
 Não aplique pressão sobre as vias aéreas.
 Não aplique pressão em ambos os lados cervicais.

TÓRAX

TRAUMA DIRETO - a caixa torácica é golpeada por um objeto em movimento ou ela vai
de encontro a uma estrutura fixa.
TRAUMA POR COMPRESSÃO - desmoronamentos, construção civil, escavações –
asfixia traumática
TRAUMA POR DESACELERAÇÃO OU CONTUSÃO - Choque frontal (horizontal)
contra um obstáculo rígido, como por exemplo o volante de um automóvel –
desaceleração rápida da caixa torácica com continuidade do movimento dos órgãos.
TRAUMAS PENETRANTES - armas brancas, objetos pontiagudos, estilhaços de
explosões, projéteis de arma de fogo.

Deve-se reconhecer ou suspeitar que houve trauma de tórax quando houver:

 Dor local.
 Dificuldade respiratória.
 Cianose nos lábios e pontas dos dedos.
 Eliminação de sangue através da tosse.
 Presença de abaulamento, escoriações, hematomas, deformidades no tórax.
 Postura característica da vítima: paciente fica deitado sobre o lado lesionado
com a mão sobre a área afetada.
 Presença de objetos penetrantes, orifício proveniente de arma de fogo.
 Sinais de choque.
Pneumotórax
Trata-se de uma perfuração do tórax ou do pulmão que leva ao acúmulo anormal de ar
entre as pleuras (membranas que revestem o pulmão a parede interna do tórax).
Hemotórax é o acúmulo de sangue. O pneumotórax pode ou não ser aberto (com ferida
visível).

✓ Em caso de lesão torácica aberta, se for necessário curativo ou pressão direta para
conter a hemorragia, ter cuidado para o curativo não se tornar oclusivo e piorar o
pneumotórax.

✓ Estabilizar o local utilizando o braço de lado atingido, flexionando o membro sobre o


local, imobilizando com faixas/ataduras;

✓ Se possível transportar com a cabeça elevada a 45o para o hospital monitorando


sinais vitais.
TRAUMA ABDOMINAL
Como reconhecer:

 Alteração de cor.
 Endurecimento de uma região do abdome.
 Temperatura local.
 Evisceração.
 Dor abdominal.
 Distensão e rigidez abdominal.
 Presença de hematomas
 Sinais de choque: alto risco de hemorragia
 Evisceração.
 Objetos empalados.
 Orifício proveniente de arma de fogo / branca.

PROCEDIMENTOS:

 Mantenha a vítima deitada.


 Realizar controle da hemorragia.
 Atentar aos sinais de choque e evitar a hipotermia, cobrindo a vítima.
 Não remover objetos empalados.
 Não tentar recolocar as vísceras para dentro.
 Cobrir o local com um pano limpo, umedecido com soro fisiológico ou água limpa.
 Cobrir o pano úmido com um plástico.
 Enfaixar o local para estabilizar o ferimento.

TRAUMA RAQUIMEDULAR
Alterações, temporárias ou permanentes, nas funções motora, sensitiva ou autonômica,
consequentes às ações de agentes físicos sobre a coluna vertebral e os elementos do
sistema nervoso nela contidos.
SINAIS E SINTOMAS

 Dor no pescoço ou nas costas ou ao movimentar.


 Dor à palpação na coluna.
 Deformidade da coluna.
 Defesa ou contratura da musculatura do pescoço ou das costas.
 Paralisia e paresia (adormecimento ou formigamento nas pernas ou nos braços)
em qualquer momento após o incidente;
 Priapismo (ereção peniana involuntária).
 Disfunção esfincteriana (urinar ou evacuar involuntariamente).
CONDUTA

 Estabilizar a cabeça sem tração, manter a vítima imóvel;


 Manter vias aéreas livres (manobra Jaw-Thrust).
 Examinar o pescoço em busca de dor e/ou deformidades (leve palpação, sem
tração).
 Observar respiração e o nível de consciência.
 Observar capacidade motora, sensitiva e circulatória (pulso e perfusão).
 Não movimentar desnecessariamente a vítima (exceto se ocorrer PCR e/ou
sangramento importante).

Hemorragias

 Hemorragia Arterial: o sangramento é vermelho vivo, em jatos, pulsando em


sincronia com as batidas do coração. A perda de sangue é rápida e abundante.
 Hemorragia venosa: o sangue possui coloração mais intensa (escura) e não sai
do corpo em “jatos”, apresentando, portanto, uma perda mais uniforme e lenta.
 Hemorragia capilar: perda de sangue lenta, em pequenas gotas, e o sangue tem
cor intermediária.
- As formas para conter o sangramento são:
a) Pressão Direta:

✓ Realizar pressão direta sobre a ferida;

✓ Aplicar com auxílio de gaze, se disponível, ou pano limpo;

✓ Manter pressão até uma solução definitiva.

b) Bandagem Compressiva:

✓ Feito de forma que uma pressão mecânica seja mantida sobre o ferimento;

✓ Pode estancar grandes hemorragias;

✓ Usar gazes preenchendo a ferida;

✓ Usar um chumaço de gaze por cima para promover a pressão.

c) Curativos hemostáticos: os dispositivos hemostáticos foram desenvolvidos


inicialmente para os conflitos no Afeganistão e no Iraque, onde foram usados pelas
forças militares dos EUA salvando várias vidas. Atualmente as gazes impregnadas com
agentes hemostáticos são como equipamento obrigatório pelas Forças armadas dos
EUA e forças de segurança como CIA, FBI, SWAT, policias locais, atendimento de
emergências e hospitais nos EUA e em vários países.

- Dentre os benefícios dos agentes hemostáticos destacam-se:

✓ Redução no tempo para controle da hemorragia: quando comparado às ligaduras e


compressão simples com gazes e faixas que podem requerer cerca de 10 minutos para
controle hemostático - pela ação do agente hemostático (coagulante – ação entre 2 a 3
minutos sob compressão direta);

✓ Possibilidade de preencher cavidades: podem ser substitutos de técnica cirúrgica


meticulosa, têm boa aplicação sobre a lesão, sem prender-se a ela, pode ser trocado
fácil (se saturado).

✓ Coma exemplo desse tipo de material pode-se citar: Combat gauze: recomendada
para preenchimento em lesões no pescoço, axila, virilha, ombro, quadril, glúteo e demais
áreas nas quais não é possível aplicar o torniquete.

d) Torniquetes
Os torniquetes são usados para o controle de hemorragias importantes quando a
compressão direta e compressão elástica não foram eficazes. A finalidade do torniquete
é realizar constrição externa (temporária) do leito vascular lesado através da oclusão
mecânica externa de veias e artérias.

✓ Aplicar diretamente sobre a pele;

✓ 4 a 5 “dedos” acima de ferida, para uma aplicação deliberada;

✓ Nunca sobre uma articulação;

✓ Em um ferimento por munições de alta velocidade, indica-se o uso do torniquete


emergencial – sendo mais alto e mais apertado;

✓ Apertar até desaparecer o pulso distal;

✓ Se for necessário, instalar um segundo torniquete, acima do primeiro – torniquete


duplo;

✓ Na região dos membros com ossos duplos, pode acontecer de um torniquete, mesmo
apertado, não estancar a hemorragia. Isso acontece porque os ossos “protegem” o vaso,
impedindo a obstrução do mesmo;

 Na perna: tíbia e fíbula;


 No antebraço: rádio e ulna;

✓ Porém, ainda assim, indica-se o uso do torniquete “mais apertado”, uma vez que a
diminuição do fluxo sanguineo é real. Não estancando o sangramento, poderá haver a
reversão ou aproximação do torniquete para uma maior efetividade da técnica.
Importante: não remover o torniquete.
O torniquete deverá permanecer no local até o atendimento especializado da vítima,
durante este período é essencial observar alguns aspectos:

✓ Não deverá ser afrouxado;

✓ Manter o torniquete em amputações ou grandes lacerações, mesmo sem hemorragias


evidentes;

✓ Em vítimas em choque hipovolêmico manter o torniquete até a reposição de Volume;

✓ Não há evidências que determine o tempo máximo de uso do torniquete e danos


relacionados ao seu uso prolongando foram raros.

✓ Torniquetes não podem ser colocados em articulações e sua indicação está


associada à Hemorragia Exsanguinantes (maciça) de extremidades.

De modo geral entre 150 a 200 minutos a equipe de socorro realizará o transporte para
um Centro de Trauma/Emergências de modo a assegurar a sobrevida da vítima.

Estado de Choque
O corpo não consegue fazer com que o sangue chegue aos órgãos e tecidos, levando
ao choque, podendo levar ao sofrimento e morte celular. Existem seis tipos de choque:
Hipovolêmico, Cardiogênico, Obstrutivo, Neurogênico, Séptico e Anafilático.
Traumas do Sistema Musculoesquelético
• Entorse: Trauma no ligamento. Ocorre um endurecimento do local. Os sinais e
sintomas são similares aos de fratura. A conduta é a mesma usada para pacientes com
luxação e fraturas.
• Luxação: Articulação sai do local. Os sinais e sintomas são semelhantes aos de
fraturas, sendo adotada basicamente a mesma conduta para fraturas.
• Fratura: Osso quebrado. Pode ser completa ou incompleta, aberta (provoca ferida na
pele) ou fechada.
Deve-se reconhecer ou suspeitar que houve trauma musculoesquelético quando
houver:

✓ Deformação do membro (angulação e encurtamento);

✓ Inchaço;

✓ Ferida (existe ou não);

✓ Cor (pálida ou cianótica);

✓ Diferença de temperatura;

✓ Crepitação (rangido);
✓ Hematoma;

✓ Incapacidade funcional.

- Condutas

✓ Tente imobilizar o membro, dando conforto e segurança;


✓ Se exposta, proteger a ferida e imobilizar o membro da forma encontrada, sem
comprimir;
✓ Se fratura de bacia, imobilização do corpo inteiro em prancha longa;
✓ Se fratura de cabeça, observar saída de líquido claro ou sangramento no ouvido;
✓ Se fratura de arco costal (costela), atentar para o risco de perfuração do pulmão;
✓ Se fratura de coluna, imobilizar manualmente até colocar colar cervical e prancha
rígida;
✓ Se fratura em membros, checar pulso, perfusão capilar e sensibilidade;
✓ Usar bandagens para imobilização, talas.
✓ Levar para assistência médica.
✓ Manter sinais vitais;
✓ Nas luxações e fraturas, imobilize sempre na posição encontrada com tala rígida;
✓ Use bandagens para imobilizar fraturas ou luxações na clavícula, escápula e cabeça
do úmero;
✓ Fratura de fêmur: não tente realinhar, imobilize na posição encontrada com duas talas
rígidas até o nível da cintura pélvica, transporte em prancha longa.
- Condutas especiais em casos de fratura exposta
• Não tente recolocar o osso exposto no interior da ferida;
• Não limpe ou passe qualquer produto na ponta do osso exposto;
• Proteja o ferimento com gaze, ou atadura limpa;
• Imobilizar com tala rígida, abrangendo uma articulação acima e outra abaixo;
• Em todos os casos previna o agravamento da contaminação;
Queimaduras
- Classificação das queimaduras
As queimaduras são descritas de acordo com a profundidade e a extensão da área
corporal lesada.

- Profundidade da queimadura
1o GRAU:

✓ Atinge somente a Epiderme;

✓ Dor e vermelhidão no local, sem bolhas.

2o GRAU:

✓ Atinge a Epiderme e a Derme

✓ Dor e vermelhidão local mais intensa

✓ Formação de bolhas

3o GRAU:

✓ Todas as camadas da pele são atingidas (pele e gordura mais músculos e ossos);

✓ Pouca ou ausência de dor (destruição das terminações nervosas):

✓ Área escurecida ou esbranquiçada.


- Gravidade quanto à extensão
Pequenas queimaduras: menos de 20 % da área corporal em adultos
Grandes queimaduras: mais de 20% da área corpórea em adultos.

- Queimaduras térmicas
Suspeitar na presença de lesões dos tecidos orgânicos em decorrência de trauma de
origem térmica resultante da exposição ou contato com chamas, líquidos ou superfícies
quentes.
As principais condutas são;

✓ Apagar o fogo da vítima com cobertor (em direção aos pés).


✓ Verifique vias aéreas, respiração, circulação e nível de consciência (especiais
atenções para vias aéreas superiores em queimados de face);
✓ Retirar partes das roupas não queimadas; e as queimadas aderidas no local, recortar
em volta.
✓ Retirar pulseiras, anéis, relógios, adereços, etc.
✓ Estabelecer extensão e profundidades das queimaduras.
✓ Quando de 1o grau, banhar o local com água corrente em temperatura ambiente;
✓ Não passar nada no local, não furar bolhas e cuidado com infecções;
✓ Cobrir regiões queimadas com plástico estéril ou papel laminado.
✓ Quando em olhos, cobrir com gazes embebida em soro os dois olhos.

- Queimaduras químicas
✓ Verificar via aéreas superiores, respiração, circulação e nível de consciência e evitar
choques;
✓ Retirar roupas da vítima;
✓ Identificar o agente químico para avaliar a assistência;
✓ Se produto seco, não lavar. Retirar manualmente com escova ou pano (exemplo: soda
cáustica).

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