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Estudo Biblia

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Ordem cronológica dos livros da Bíblia

CONTEXTO, GÊNEROS E ORDEM CRONOLÓGICA DOS LIVROS DA BÍBLIA


Neste artigo, vamos abordar brevemente o contexto, os gêneros literários e a ordem cronológica dos
livros da Bíblia.
Há seis tipos de contexto bíblico. O primeiro é o contexto geral da Bíblia, como frisa o apóstolo
Pedro, ao afirmar que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação” (2Pedro
1.20). A analogia geral da Bíblia é uma realidade inconteste. O segundo é o contexto imediato da
Bíblia. Por exemplo: em Lucas 6.13, que fala sobre a eleição dos doze, lemos que Jesus primeiro
chamou os seus discípulos e depois denominou doze escolhidos entre eles de apóstolos. Primeiro
“discípulos”, depois “apóstolos”, não o contrário! Outro exemplo é Ezequiel 18. O versículo 5 desse
capítulo refere-se ao pai; o 10, ao filho; e o 14, ao neto. São detalhes que precisam ser observados
para que não haja confusão na interpretação das passagens bíblicas.
O terceiro é o contexto remoto da Bíblia. Exemplos: Ao analisarmos as pragas sobre o Egito
comparando as passagens de Êxodo 7.4b e Números 33.4, percebemos que os juízos divinos
estavam relacionados aos deuses. Atos 9.25 diz que Paulo foi descido da muralha dentro de um
cesto. Mas como? 2Coríntios 11.33 explica que foi pela janela. Um texto completa a informação de
outro a ele relacionado.
O quarto tipo é o contexto referencial da Bíblia. As referências são uma forma de passagens
paralelas do texto; portanto, uma forma de contexto. A Bíblia interpreta-se com a Bíblia através do
seu contexto referencial. As duas classes de referências são as verbais e as reais.
O quinto tipo é o contexto histórico da Bíblia. Isso tem a ver com a época, a cultura, a ocasião e o
propósito original do texto bíblico em estudo. O que significou literalmente um determinado texto
bíblico para os seus primeiros destinatários, e qual a aplicação deste mesmo texto para nós hoje?
Por fim (sexto), há o contexto literário da Bíblia. Os parágrafos do texto no original são as
passagens de pensamento da revelação divina. A versão Almeida Revista e Corrigida não os indica.
A versão Almeida Revista e Atualizada os indica. A divisão emcapítuloseversículos vezes sem conta
biparte o texto. As epígrafes dos capítulose de outras porções do texto são matéria editorial, são
acrescentados pelos editores da Bíblia, exceto no caso do Livro de Salmos. A quase totalidade deles
contém duas epígrafes: uma editorial e outra original que vem do texto hebraico.
Gêneros Literários da Bíblia
Os gêneros literários da Bíblia dizem respeito à natureza literária de determinada passagem das
Escrituras. A Bíblia, considerada como texto, é uma obra literária, sendo ela acima de tudo a Palavra
de Deus.
Os gêneros literários da Bíblia são: História. Este é o gênero literário que ocupa o maior espaço na
Bíblia. Geografia. dá rico colorido, encanto e dimensão aos fatos bíblicos registrados. Genealogia.
A Bíblia contém muito desse gênero literário. Leis. Principalmente no Pentateuco. Poesia. Salmos,
por exemplo, e passagens avulsas como 1Timóteo 3.16, 2Timóteo 2.11-13 e Lucas 1.67-79;
Provérbios (os provérbios de Salomão em Eclesiastes e Provérbios). Drama. Certos lances da vida
de Davi quando foragido no deserto, o livro de Ester e a vida de Jacó e Jó. Biografia. A vida de
Moisés, Davi etc. Parábola. São muitas as parábolas, principalmente as de Jesus nos
Evangelhos. Carta ou Epístola. Sermões. Os profetas, os Evangelhos, os Atos e
Eclesiastes. Revelação (Ezequiel, Daniel, Zacarias e Apocalipse). Tipo. É um meio determinado
por Deus para comunicar verdades divinas por meio de ilustrações ou figuras. Por que devemos
estudar os tipos bíblicos? Ver 1Coríntios 10.11, onde “figuras” é tipo, no original. Acróstico. Como
no Salmos 119 e Figuras de Linguagem. Figuras de estilo e retórica.
São exemplos de figuras de linguagem na Bíblia:
– símile (Provérbios 26.1) “neve no verão, chuva na sega”;
– metáfora (Lucas 13.22) “aquela raposa”;
– metonímia (Lucas 16.29) “têm Moisés e os profetas”;
– sinédoque (Lucas 2.1) “todo o mundo”;
– ironia (Jó 12.2) “convosco morrerá a sabedoria”;
– hipérbole (Deuteronômio 1.22) “até aos céus”;
– apóstrofe (1Coríntios 15.55) “ó morte, ó inferno”;
– personificação (prosopopéia) (Lucas 7.55) “filhos da sabedoria”; SaImo 98.9 “rios batendo
palmas”;
– antropopatismo (atribuir sentimentos humanos a Deus) Jeremias 15.6;
– antropomorfismo (atribuir membros corporais e atividades físicas a Deus (Jeremias 1.19 e Tiago
5.4b).
Ordem Cronológica dos Livros da Bíblia
A Possível Ordem Cronológica dos Livros do Antigo Testamento:
 Gênesis;
 Jó;
 Êxodo;
 Levítico;
 Números;
 Deuteronômio;
 Josué;
 Juízes;
 Rute (o livro de Rute está embutido no livro de Juízes);
 1 e 2 Samuel (os dois livros eram originalmente um só);
 Salmos (escrito durante os séculos 10 e 5 aC);
 1Reis;
 1Crônicas;
 Provérbios (1Reis 4.32 e Eclesiastes 12.9);
 Cantares de Salomão (1Reis 4.32 e Cantares 1.1);
 Eclesiastes;
 2Reis (1 e 2 Reis eram originalmente um só livro);
 2Crônicas (1 e 2 Crônicas eram originalmente um só livro);
 Obadias (o profeta Obadias foi contemporâneo do profeta
Elias);
 Joel (coevo do profeta Eliseu);
 Jonas (2Reis 14.25);
 Amós;
 Oséias;
 Miquéias;
 Isaías;
 Naum;
 Sofonias;
 Jeremias;
 Lamentações;
 Habacuque;
 Daniel;
 Ezequiel (os livros 2Crônicas e Ezequiel encaixam-se na
época do livro 2Reis);
 Esdras;
 Ester (cronologicamente entre os caps. 6 e 7 de Esdras)
 Neemias (Esdras e Neemias foram coevos);
 Ageu e Zacarias (coevos)
 Malaquias (Ageu e Malaquias encaixam-se na época de
Neemias).
A Possível Ordem Cronológica do Novo Testamento:
 Gálatas – 49 dC, escrito em Antioquia, na Síria, após a 1a viagem missionária de Paulo – Atos 13-
14);
 Tiago – 49 dC, escrito em Jerusalém;
 1Tessalonicenses – 51 dC, escrito em Corinto durante a 2a viagem missionária de Paulo (Atos
15.36-18.22; 18.11);
 2Tessalonicenses – 51/52dC, escrito em Corinto durante a 2a viagem missionária de Paulo (Atos
15.36-18.22; 18.5);
 1Coríntios – 55 dC, escrito na Macedônia(Atos 20.3);
 Marcos – 55-65dC, escrito em Roma, segundo afirmam Clemente e Irineu;
 Romanos – 57 dC, escrito em Corinto durante a 3a viagem missionária de Paulo;
 Lucas – 60-65 dC, escrito em Cesaréia ou Roma, durante as prisões de Paulo;
 Mateus – 60-65 dC, escrito na Palestina;
 Efésios – 60-62 dC, escrito em Roma, quando Paulo estava na prisão;
 Filipenses – 60 dC, escrita em Roma, quando Paulo estava na prisão;
 Colossenses – 61 dC, escrita em Roma, quando Paulo estava na prisão;
 Filemom – 61 dC, escrita em Roma. É a quarta epístola escrita por Paulo na prisão;
 1Pedro – 62-64 dC, escrita em “Babilônia” (1Pedro 5.13);
 Atos – 63 dC, escrita em Roma;
 1Timóteo – 64 dC, escrita na Macedônia ou Roma, pouco antes da 2ª prisão de Paulo;
 Tito – 65 dC, escrita na Macedônia (1Tm. 1.3);
 2Timóteo – 66-67 dC;
 2Pedro – 67 dC, escrita em “Babilônia”;
 Hebreus – 67 dC, autor desconhecido;
 Judas – 65-80 dC;
 Evangelho de João – 85-90 dC, provavelmente em Éfeso;
 1João – 85-90 dC, provavelmente em Éfeso;
 2 e 3João – 90 dC, em Éfeso;
 Apocalipse – 96 dC, na Ilha de Patmos (Apocalipse 1.9).
Os Livros Históricos – Resumo e Visão Panorâmica – PARTE 1/2
Por Davi Faria de Caires*

INTRODUÇÃO AOS LIVROS HISTÓRICOS


Os doze livros, de Josué a Ester, são chamados livros históricos, pois narram a
história do povo de Israel na conquista de Canaã e nos séculos posteriores. O período
cobre aproximadamente 1000 anos da história de Israel: entre 1405 a 405 aC, de Moisés
até Esdras, o mestre da lei. Nos livros históricos vemos o cumprimento cabal das bênçãos
e maldições previstas e preditas por Moisés nos capítulos 28 a 30 de Deuteronômio.
O contexto geográfico donde se desenrola os fatos dos 12 livros é na atual
palestina, a terra santa, ou a terra de Canaã.
Neste artigo, serão abordados os livros de Josué, Juízes e Rute.

JOSUÉ
O livro de Josué narra a jornada de conquista e ingresso do povo de Israel em
Canaã. A despeito de haverem discussões, a opinião majoritária é que este livro foi
escrito pelo próprio Josué, cujo nome significa “salvação do Senhor”. O período histórico
dos relatos deste livro estão situados no período entre 1405 a 1375 a.C. Haviam sete
povos que habitavam nesta terra: Heteus, Girgaseus, Amorreus, Cananeus, Ferezeus,
Heveus e Jebuseus. Estes povos eram politeístas.
O objetivo do livro de Josué registrar como se deu a conquista e divisão da terra de
Canaã entre as 12 tribos. Neste livro, vemos a travessia do Rio Jordão de forma
milagrosa. De modo semelhante à travessia do Mar Vermelho, o Rio Jordão abriu-se e o
povo passou em terra seca. Certamente Deus queria também impressionar esta nova
geração, que não havia tido a experiência do batismo no Mar Vermelho. Além disto,
Josué teve sua liderança confirmada diante do povo, e a arca teve sua
representatividade de poder confirmada, simbolizando a centralidade em Deus e seu
poder sobre todas as coisas. Vemos também neste livro um fator extraordinário, onde
em luta contra os amorreus, o Senhor alongou o dia da batalha e o Sol parou. Mesmo
havendo críticos que julguem isto impossível, o relato bíblico reconhece como certo este
fato sobrenatural, feito pelo Deus que criou todas as coisas.
Por falar em críticos, talvez o ponto mais debatido em Josué seja a análise moral
sobre a conquista de Canaã por Josué, com o extermínio quase total das nações que lá
viviam. Questões surgem, indicando que Deus age de modo carrasco, ou então que Deus
seja xenófobo. Deve-se considerar com ponto de apoio bíblico que Canaã possuía religião
degradante, com cultura corrompida e ao longo de 400 anos em que possuíram a terra,
tiveram oportunidade de se arrependerem de seus pecados. Noé, inclusive, profetizou
julgamento para os cananeus, na ocasião em que amaldiçoa seu neto em Gênesis 9.22-
27. Além disto, pesa a favor de Israel o fato de Deus reconhecer no relato bíblico que
toda Terra Lhe pertence, e já havia prometido esta terra ao povo de Israel desde Abraão
(Gênesis 15.8).

JUÍZES
O autor deste livro é desconhecido, mas o autor mais provável é Samuel. O
período histórico é bastante abrangente, e envolve um período de 300 anos, de 1375 a
1075 aC. É o maior período relatado entre os demais livros históricos. O objetivo deste
livro é registrar a história de Israel no período em que foi governado por juízes
independentes, sem um rei sobre a nação.
Este livro narra ciclos de apostasia bem visíveis em Israel, com reincidência,
ruína, arrependimento, restauração e trégua. De tempos em tempos, Deus levantava
juízes para restaurar a ordem social e espiritual do povo. Dado os ciclos de apostasia
frequentes, a narrativa deixa claro que o povo precisava de um monarca teocrático. Saul
é escolhido dentre a tribo de Benjamin, e finaliza o período de juízes para iniciar o
período monárquico em Israel. E por falar na Tribo de Benjamim, desta Tribo
descenderam líderes tais como o juíz Eúde, o rei Saul e o apóstolo Saulo de Tarso. Porém
na época dos juízes, esta Tribo inteira quase foi exterminada, devido à iniquidade.
Um líder de destaque neste livro é Gideão, homem com perfil semelhante a
Moisés, por sua humildade e obediência a Deus. Gideão, em seu tempo ofereceu uma
libertação de seu povo. Mas quando foi chamado por Deus, pediu confirmação através de
um sinal físico e visível. Fez isto para certificar-se de que de fato Deus o estava
recrutando para uma missão especial. Em tempos não de apostasia, e a despeito de
demonstrar reverência a Deus, Gideão não obedeceu a Deus de imediato. Antes, pediu-
lhe sinais. Não devemos utilizar a mesma prática de Gideão. Não devemos colocar uma
lã diante de Deus ou aguardar qualquer sinal físico, pois a vontade completa de Deus já
foi manifestada no AT e no NT. Mas disto, aprendemos que é importante certificarmos
com certeza de que uma ação que exija alto grau de fé estará sendo realizada de acordo
com a vontade de Deus, e não por motivações egoístas.
Outro relato importante é o voto insensato Jefté. Este ofereceu sua filha ao
Senhor, e diante de um pedido realizado por Deus, Jefté cumpre sua promessa e pelo
que indica o texto, este designou sua filha à virgindade perpétua, sacrificando sua
descendência, pois não tinha mais filhos. Portanto, não se pode depreender disto que
Jefté tenha oferecido em holocausto. De acordo com Ellisen (2016), a interpretação
mais plausível e provável é que o sacrifício tenha sido o celibato de sua filha.
Um juíz que foi dotado de maior capacitação especial para o ofício foi Sansão: o
único nazireu do Antigo Testamento. Assim como Isaque, Samuel, João Batista e Jesus, o
seu nascimento foi predito por um anjo. Sua atuação foi desastrosa. Saul agiu por
impulso, e teve um final trágico.
Em Juízes vemos muitos tipos de Cristo. Os juízes relatados neste livro apontam
para Cristo, o Justo Juiz, que virá para julgar seu povo, destruir os inimigos e trazer
justiça plena a seu povo.

RUTE
Rute é um dos dois livros bíblicos que levam o nome de uma mulher. O autor
provável deste livro é Samuel. A história deste livro aconteceu no ano 1340aC, em uma
época que houve fome em Belém, cujo nome, aliás, significa casa do pão!
O objetivo deste livro é relatar o amor de duas mulheres: Noemi e Rute, e
também relatar minuciosamente a relação genealógica de Davi com Moabe. Ou seja,
este livro preserva uma descrição detalhada da genealogia de Cristo nas gerações
anteriores a Davi. Uma peculiaridade deste livro é narrar a história de uma família, ao
invés de narrar a história de uma tribo ou uma nação. Essa narrativa voltada para uma
família é única em todo o Antigo Testamento.
Uma leitura neotestamentária de Rute nos permite ver referências de Cristo, que
neste livro aparece como o Redentor. Boaz é um tipo de Cristo no livro de Rute. Cristo, o
Redentor do Cristão, torna-se Redentor para pagar todas suas dívidas; é também, o
Vingador, Mediador e Noivo da Igreja.
Para entender o resgate feito por Boaz a Rute, é mister entender o levirato. A Lei
Mosaica protegia a descendência de alguém que morresse. Neste caso, o irmão do
marido morto, que fosse mais jovem e que ainda não fosse casado, se preenchesse as
qualificações descritas em Levítico 25 e Deuteronômio 25, poderia casar-se com a esposa
do irmão falecido, resgatando os débitos do morto que estivesse endividado, ficando
noivo e sendo provedor da esposa que fora resgatada.

REFERÊNCIA

Ellisen, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento: um guia com esboços e gráficos
explicativos dos primeiros 39 livros da Bíblia. São Paulo: Editora Vida, 2007.
Os Livros Históricos – Resumo e Visão Panorâmica – PARTE 2/2

Por Davi Faria de Caires*

INTRODUÇÃO AOS LIVROS HISTÓRICOS


Os doze livros, de Josué a Ester, são chamados livros históricos, pois narram a
história do povo de Israel na conquista de Canaã e nos séculos posteriores. O período
cobre aproximadamente 1000 anos da história de Israel: entre 1405 a 405 aC, de Moisés
até Esdras, o mestre da lei. Nos livros históricos vemos o cumprimento cabal das bênçãos
e maldições previstas e preditas por Moisés nos capítulos 28 a 30 de Deuteronômio.
O contexto geográfico donde se desenrola os fatos dos 12 livros é na atual
palestina, a terra santa, ou a terra de Canaã.
Neste artigo serão abordados os livros de I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas,
Esdras, Neemias e Ester.

SAMUEL
O autor de I e II Samuel são desconhecidos, embora os autores prováveis sejam
Samuel, Natã e Gade. Os eventos descritos no livro ocorrem no período entre 1100 a 970
aC. O objetivo deste livro é narrar a consolidação da monarquia teocrática, passando de
uma anarquia no tempo dos juízes e chegando em um estado organizado e unificado, sob
a liderança de Saul, Davi, Salomão e os reis posteriores.
Um destaque relevante neste livro é a oração que inicia o primeiro livro, feito por
Ana, mãe de Samuel. É uma poesia que registra uma das orações mais notáveis da Bíblia.
Vemos também neste livro a vida do Sacerdote Eli, que portou-se de modo negligente na
criação dos filhos Hofni e Fineias, levando a um final de morte trágica. Sua vida foi
marcada por falta de disciplina pessoal, ausência de piedade e sem poder para exercer
sua tarefa sacerdotal. Neste livro vemos também a trajetória da Arca, que após ter sido
capturada pelos Filisteus, percorreu várias cidades, sendo depois devolvida.
Um importante personagem neste livro é Samuel, que pode ser comparado a Moisés
e Esdras, dada sua importância de liderança espiritual no Antigo Testamento, tal como
exerceram os dois personagens supracitados. Samuel ungiu os dois primeiros reis de
Israel: Saul, que fora escolhido pelo povo como um rei alto, com qualificações pessoais
que agradavam o povo, e Davi, que fora escolhido por Deus, possuindo uma aparência
contrastante de Saul, um homem de baixa estatura. Davi foi um homem de qualificações
extraordinárias. Foi um homem altamente estimado por Deus e pelos homens. Tanto é
que tornou-se o paradigma, através do qual é utilizado como parâmetro de referência
para todos os demais reis de Israel nos séculos posteriores. Davi não foi um homem
perfeito, mas demonstrava arrependimento genuíno após seus erros. Ele teve 12 esposas
e 10 concunbinas, com as quais teve 21 filhos e uma filha. Não foi um pai presente, e
falhou na criação dos filhos.
Este notável personagem, Davi, é considerado um tipo de Cristo, tendo em vista ter
exercido ministério tríplice. Tal como o Messias, Davi também foi rei, sacerdote e
profeta.

REIS
Tal como Samuel, os livros de I e II Reis, na bíblia hebraica, era apenas um livro. Na
septuaginta (tradução do Antigo Testamento para o grego), os tradutores dividiram-no
em dois livros: III e IV Reis, e os livros de Samuel na Septuaginta foram denominados I e
II Reis. Provavelmente para ser inserido em dois rolos. Os dois livros possuem autoria
incerta, mas podem ter sido escritos por Jeremias, com auxílio de seu secretário
Baruque. As histórias narradas neste livro estão situadas no tempo histórico de 970 a 560
aC, desde a morte do Rei Davi, o primeiro rei da Aliança até o cativeiro de Zedequias,
último rei de Judá.
Judá teve ao todo 19 reis e uma rainha, e Israel teve ao todo, 19 reis. Em 2 Samuel,
vemos Davi comprando o local do tempo. Em 1 Reis, vemos Salomão preparando a
construção do templo, e em 2 Reis vemos a destruição do templo. O templo construído
por Salomão foi um portento do mundo antigo. Se valor atual é estimado em 87 bilhões
de dólares (tomando como base o cálculo do ouro a 35 dólares cada 28 gramas). Foi uma
construção colossal, que envolveu muito dinheiro e recursos, que foram acumulados
durante o reinado de Davi. Este templo durou 380 anos.
Após o reinado de Salomão, o reino foi dividido em Reino do Norte (Israel), e Reino
do Sul (Judá). O Reino do Norte foi formado por 10 tribos, e o Reino do Sul foi formado
por duas tribos, Judá e Benjamin. Por três motivos houve essa cisão: motivos espirituais,
políticos e econômicos. A idolatria, a rivalidade entre Judá e Efraim e também os altos
impostos culminaram na divisão entre dois reinos.
Vemos também neste livro a atuação de dois profetas prolíficos: Elias e Eliseu.
Esses dois profetas tiveram uma atuação muito importante, com o desafio principal de
combater a idolatria vigente em seu tempo. A despeito da grande idolatria pré-exílica,
além dos profetas, houveram também reis que atuaram com reformadores, todos dos
quais reinaram no Sul, em um total de 9, que são considerados bons reis. Pela idolatria,
por não aceitar as correções dos profetas e também por terem se recusado a guardar o
sábado, o povo foi levado para o exílio Assírio-Babilônico.

CRÔNICAS
O livro de Crônicas contém a mais vasta abrangência cronológica que qualquer livro
da Bíblia. Inicia-se em Adão e conclui em Ciro da Pérsia, em 538aC. O nome original
deste livro era “Atos de Dias”, ou “Atos dos Tempos”, e Jerônimo, no século IV da Era
Cristã renomeou-o com o título de “Crônicas”, sugerindo um registro cronológico da
história sob a perspectiva divina. De acordo com a tradição hebraica, o autor deste livro
é Esdras, o sacerdote.
Este livro contém muita semelhança do conteúdo contido em Reis e em Samuel. A
despeito de o conteúdo ser bastante semelhante, o propósito é diferente. O enfoque de
Crônicas é sacerdotal. Ao invés de focar nos profetas ou nos reis, o livro de Crônicas
possui uma nítida ênfase nos Levitas e sacerdotes do templo. Neste livro, o autor
registra e sintetiza toda história sagrada afim de lembrar a geração do seu tempo e
também às gerações futuras de que Deus é a figura central do seu povo. O autor
procurou ressaltar a soberania de Deus.
O versículo chave desses livros é 2 Crônicas 7.14: “E se o meu povo, que se chama
pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus
caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua
terra.” (ACF - Almeida Corrigida Fiel). Além de ressaltar a soberania de Deus, esse livro
possui enfoque em convocar o povo ao culto e à santificação. Enfatiza também o perigo
de deixar Deus de lado em época de prosperidade ou poder, que são bênçãos divinas,
mas há o perigo de os alcançados por elas se afastarem de Deus.

ESDRAS E NEEMIAS
Esses livros narram a volta do cativeiro, e foram escritos entre 430 e 425aC. Esdras,
o sacerdote, é considerado o autor de quatro livros: Esdras, Neemias, 1 Crônicas e 2
Crônicas. Utilizou-se de memória própria e memória de Neemias, além de utilizar
também outros documentos oficiais da época, escritos em aramaico, língua oficial da
época. O tema central de Esdras é narrar o retorno de Israel do cativeiro afim de
reconstruir o templo para adoração. E em Neemias, o enfoque é a reconstrução do muro
e a renovação da aliança. Aliás, vale ressaltar que alguns judeus alcançaram posição de
destaque político relevante e altos postos no governo persa, a exemplo de Daniel, Ester
e Mardoqueu.
Em relação ao pensamento religioso da época do livro, foram contemporâneos
alguns pensadores bastante conhecidos hoje, tais como Sócrates (c. 469), Platão (427),
Aristóteles (384), Zaratustra, ou Zoroastro (628-551), Buda (Gautama, 563-486) e
Confúcio (Kung Fu-Tsé, em 551-479 aC). Neste ínterim, Esdras teve um papel
fundamental em preservar a religião verdadeira ensinada pelos patriarcas e profetas.
Esdras, que também escreveu o Salmo 119, ordenou o divórcio a 113 homens, que
haviam casado com mulheres de outras nações, que praticavam culto a outros deuses.
Contudo, mesmo havendo o divórcio, o texto sugere que foi-lhes exigido manterem o
cuidado das esposas e filhos que haviam sido destituídos.

ESTER
Este livro tem por objetivo narrar o livramento que o povo judeu recebeu no
período entre 483 e 473aC, quando eram perseguidos pelos agagitas (Agague, título real
do rei dos amalequitas). O nome do livro diz respeito a uma judia que tornou-se rainha e
salvou todos os judeus da morte. Neste livro, é descrito uma explicação genuína da
origem da festa judaica de Purim, que é praticada anualmente pelos judeus até os dias
de hoje, onde inclusive este livro é lido na íntegra. Os acontecimentos deste livro
encaixam-se cronologicamente entre os capítulos 6 e 7 de Esdras, e foi escrito no ano
460aC. O autor é desconhecido.
Este livro possui uma narrativa dramática fascinante. Muito embora não mencione
em nenhum local o nome de Deus, vê-se sua mão em todos os acontecimentos,
preservando o povo de um genocídio total. Aliás, este livro descreve também o
surgimento do antissemitismo e do antijudaísmo em todo o mundo. Embora este termo
antissemitismo tenha sido cunhado somente no ano 1879 (Judeus, Deus e a História,
p.313ss, Max Dimont, citado por Ellisen, 2007), este fenômeno de ódio aos judeus é
relatado pela primeira vez no livro de Ester. Esta luta entre judeus e seus inimigos
contemporâneos não possuía penas fundo político ou racial, mas era também uma luta
espiritual, com a tentativa de Satanás exterminar o povo sobre o qual haveria de vir o
Cristo. Daniel, aliás, descreve essa luta espiritual, nos capítulos 10 e 11 do profeta
Daniel. Deus sempre preserva seu povo nas perseguições, propiciando líderes que são
levantados para um fim libertador, tal com Cristo, o definitivo Salvador do seu povo.

REFERÊNCIA

Ellisen, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento: um guia com esboços e gráficos
explicativos dos primeiros 39 livros da Bíblia. São Paulo: Editora Vida, 2007.

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