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Unidade 1

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2.

Energia pode ser definida como a capacidade de realizar trabalho


durante uma reação química ou fenômeno físico, ou seja, a energia
é capaz de deslocar algo ou se opor às forças contrárias. Por
exemplo: a energia tem a capacidade de organizar a matéria,
deslocando as moléculas para organizá-las em células, que,
posteriormente, podem ser deslocadas para a organização de
sistemas biológicos cada vez mais complexos, como tecidos,
órgãos, até chegar a um organismo. Além disso, a energia é
necessária para a manutenção da composição dos meios
intracelular e extracelular, a movimentação do sistema biológico
(flagelo e cílios, no caso da movimentação de células, e um sistema
proteico que permite a contração de fibras musculares para a
movimentação de um corpo), as vias de biossíntese (ou anabólicas),
o movimento de moléculas e íons por meio da membrana
plasmática e tantas outras funções biológicas.

 Unidade 1

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 Unidade 2

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 Unidade 3

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 Unidade 4

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NÃO PODE FALTAR
BIOENERGÉTICA
Christian Grassl

Fonte: Shutterstock.

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, chegamos à última seção da Unidade 2. Nesta seção, vamos estudar a
bioenergética, ou seja, o estudo das transduções energéticas que ocorrem nas células.
Em outras palavras, abordaremos a transformação de uma forma de energia em outra,
como ocorre na fosforilação oxidativa, processo realizado pela cadeia respiratória.
Nesse caso, em particular, a energia cinética, associada ao fluxo de prótons, é
transformada em energia química e armazenada nas moléculas de ATP. Aliás, também
veremos a estrutura e a função do ATP, a nossa “moeda” energética, utilizada em todos
os processos celulares que necessitam de energia, como a contração muscular, as
reações de biossíntese, a atividade da bomba sódio-potássio ATPase e outros.
Na seção anterior, iniciamos o estudo das vias metabólicas da glicose, em especial, a
glicólise e a oxidação do piruvato, ambas envolvendo reações do tipo redox, nas quais
elétrons são transferidos para as moléculas NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo).
Agora, veremos como esses elétrons carreados pelas moléculas NAD são utilizados para
a produção de energia na cadeia respiratória pelo processo de fosforilação oxidativa.
Além disso, teremos a via das pentoses-fosfato, uma série de reações químicas em que
ocorre a oxidação da glicose, resultando na formação do monossacarídeo ribose-5-
fosfato, componente essencial para a síntese de ácidos nucleicos DNA e RNA. Como
essa via metabólica envolve reação oxidativa, teremos transferência de elétrons, porém
não para a molécula NAD, a carreadora de elétrons que estudamos na seção anterior.
Agora, teremos a participação de outra carreadora de elétrons: a NADP, que é
fundamental para fornecer elétrons em muitas reações de vias metabólicas de
biossíntese. Por fim, estudaremos as vias metabólicas que envolvem outras hexoses: a
frutose e a galactose.
Todos esses conceitos que serão abordados nesta seção apresentam grande relevância na
área da Saúde, pois estão relacionados à homeostasia, a mecanismos fisiopatológicos de
muitas doenças e aos efeitos farmacológicos de alguns fármacos. Portanto, os assuntos
abordados nesta seção são importantes para a sua formação profissional e serão úteis
para a compreensão, a análise e a resolução de várias situações que poderão ocorrer na
área da Saúde.
A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser
aplicados na sua futura prática profissional. Para contextualizar a sua aprendizagem,
imagine que você está trabalhando em uma unidade de saúde e se depara com um caso
clínico de um rapaz que apresenta deficiência da enzima glicose-6-fosfato-
desidrogenase (G6PD). Será que os conceitos que serão aprendidos nesta seção podem
ser úteis nessa situação? Veremos a importância desses conceitos na situação-problema.
Na sua unidade de saúde, deu entrada um paciente bem jovem apresentando um quadro
de anemia hemolítica. Ele estava acompanhado de sua mãe, que relatou a você que o
paciente era portador da deficiência da enzima glicose-6-fosfato-desidrogenase nos
eritrócitos, uma doença genética. O paciente tinha ido a um restaurante de culinária
mediterrânea e, por uma imprudência, acabou comendo um prato à base de feijão-fava;
após isso, o paciente começou a apresentar palidez, icterícia, cansaço extremo,
sonolência e urina escura.
A mãe explicou que o paciente faz acompanhamento com hematologista, que passou
uma lista de medicamentos e alimentos que não podem ser consumidos por serem
oxidantes e, portanto, capazes de desencadear a crise de anemia hemolítica. Além disso,
as infecções também podem desencadear as manifestações clínicas da doença devido à
resposta inflamatória.
Você se interessou pelo caso e resolveu pesquisar mais sobre o assunto. Algumas
questões levantadas:

1. Qual via metabólica é afetada? Quais são as consequências bioquímicas?

2. Como explicar a relação entre a via metabólica afetada, as substâncias oxidantes


e a lise dos eritrócitos?

3. Sabendo que durante a resposta inflamatória, temos a geração de radicais livres,


como explicar a relação da infecção com a anemia hemolítica na deficiência da
enzima glicose-6-fosfato-desidrogenase?

Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular a sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é uma
pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na prática clínica e
nas pesquisas na área da Saúde.
O estudo é uma tarefa que apresenta muitas dificuldades, por isso, é importante se
dedicar com afinco para superar essas dificuldades e, com isso, obter resultados que
contribuam para o seu crescimento e amadurecimento como ser humano e profissional.
Seja o protagonista da sua história de conquistas acadêmicas e profissionais. Então, aos
estudos!

CONCEITO-CHAVE
Nesta seção, daremos continuidade ao estudo das vias metabólicas, abordaremos os
componentes e o mecanismo de funcionamento da cadeia respiratória e veremos como
os elétrons gerados em várias reações oxidativas de diferentes vias metabólicas são
utilizados para a produção de energia na cadeia respiratória pelo processo de
fosforilação oxidativa.
Inicialmente, vamos estudar a bioenergética, que aborda a transferência e a utilização da
energia pelas células. Antes de nos aprofundarmos nesse conceito, vamos definir
energia. Você, provavelmente, tem uma noção do conceito de energia. Por exemplo: os
equipamentos eletrônicos dependem da energia elétrica para o seu funcionamento, mas
também podemos citar a luz, o calor, a correnteza de um rio e tantos outros exemplos.
O que acabamos de citar são as diferentes manifestações da energia, mas a verdade é
que definir energia é muito difícil, sendo bem mais fácil identificar as suas
manifestações, como energia elétrica, energia luminosa, energia térmica, energia
cinética, energia potencial etc. Mas como precisamos de uma definição, geralmente,
associamos ela a conceitos físicos, então, a energia pode ser definida como a capacidade
de realizar trabalho durante uma reação química ou fenômeno físico, ou seja, a energia é
capaz de deslocar algo ou se opor às forças contrárias. Por exemplo: a energia tem a
capacidade de organizar a matéria, deslocando as moléculas para organizá-las em
células, que, posteriormente, podem ser deslocadas para a organização de sistemas
biológicos cada vez mais complexos, como tecidos, órgãos, até chegar a um organismo.
Além disso, a energia é necessária para a manutenção da composição dos meios
intracelular e extracelular, a movimentação do sistema biológico (flagelo e cílios, no
caso da movimentação de células, e um sistema proteico que permite a contração de
fibras musculares para a movimentação de um corpo), as vias de biossíntese (ou
anabólicas), o movimento de moléculas e íons por meio da membrana plasmática e
tantas outras funções biológicas.

ASSIMILE
Precisamos diferenciar dois processos importantes: a transformação física e a
transformação química (também chamada de reação química). Na transformação física,
as moléculas continuam intactas, o que altera é a relação entre elas, isto é, as ligações
intermoleculares e a liberdade de movimentação das moléculas. Como exemplo, temos
o gelo (forma sólida), a água (forma líquida) e o vapor de água (forma gasosa). Todas
essas formas são constituídas pela mesma molécula, H2O , então, o que muda? Apenas
a relação entre as moléculas de água. Já na transformação química ou reação química, as
moléculas iniciais, chamadas de reagentes, são transformadas em novas moléculas,
diferentes das iniciais, chamadas de produtos. Por exemplo: a queima da madeira, uma
reação química chamada de combustão. Nesse exemplo, a madeira, constituída por
moléculas orgânicas (presença do átomo de carbono), ao reagir com o gás oxigênio
( O2 ) origina o gás carbônico ( CO2 ), então, nessa reação química, temos os reagentes
carbono e gás oxigênio e o produto gás carbônico.

A manutenção da vida depende da capacidade da célula em transformar uma forma de


energia em outra. Essas transformações de energia que acompanham as reações
químicas do sistema biológico (célula ou organismo) são estudadas pela bioenergética e
são condicionadas às leis da termodinâmica. Inicialmente, vamos definir alguns
conceitos importantes da termodinâmica. O sistema é o nosso objeto de estudo, podendo
ser um tubo de ensaio com uma determinada reação química ou uma célula; já e o que
está ao redor do sistema e não pertence a ele, chamamos de entorno ou vizinhança. O
universo, por sua vez, é o conjunto formado pelo sistema e pela vizinhança ou entorno.
O sistema pode ser classificado em aberto (troca energia e matéria com o entorno),
fechado (só troca energia com o entorno) e isolado (não troca nada com o entorno). As
células são exemplos de sistemas abertos, pois trocam energia e substâncias com o meio
circundante. Os conceitos de trabalho e energia já foram abordados anteriormente no
texto, então, faltou definirmos calor, que é a energia em movimento devido à diferença
de temperatura entre dois meios.
Outros parâmetros importantes para a termodinâmica são: energia interna, entalpia,
entropia e variação de energia livre (ou de Gibbs). A energia interna (U) corresponde ao
conteúdo total de energia do sistema, ou seja, a soma das energias cinética e potencial
das moléculas constituintes do sistema. A entalpia (H) é o parâmetro que mede a
quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada em calor à pressão
constante. Já a variação de entalpia, ou seja, a diferença entre as entalpias final e inicial
de um sistema, reflete a energia liberada e absorvida de um sistema em pressão
constante. A depender do valor da variação de entalpia, podemos classificar as reações
químicas e os fenômenos físicos em exotérmicos e endotérmicos. Em um processo
exotérmico, a variação de entalpia do sistema é negativa, pois o sistema transfere
energia na forma de calor para o entorno, enquanto em um processo endotérmico, a
variação de entalpia do sistema é positiva, pois recebe energia do entorno na forma de
calor.
Com base nos conceitos de energia interna e entalpia, foi estabelecida a Primeira Lei da
Termodinâmica ou Princípio da Conservação de Energia, que declara que a energia
interna de um sistema isolado é constante. Podemos desdobrar esse conceito e dizer que
a energia do universo é constante, ou seja, a energia pode ser transferida entre o sistema
e o entorno ou ser transformada em outra, porém jamais destruída ou criada. Por
exemplo: a energia química armazenada no ATP é utilizada na interação entre actina e
miosina, duas proteínas contráteis das fibras musculares, permitindo a contração da
fibra muscular. Com isso, essa energia química é convertida em energia cinética, que
resulta em movimentos do corpo. Outro exemplo é a transferência da energia das
ligações químicas dentro da molécula de glicose para a molécula de ATP, como
estudamos na oxidação da glicose.

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