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Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal

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ISSN 1807-3395

Revista Magister de
Direito Penal e Processual Penal
Ano XX – Nº 119
Abr-Maio 2024

Repositório Autorizado de Jurisprudência


Supremo Tribunal Federal – nº 38/2007
Superior Tribunal de Justiça – nº 58/2006
Classificação Qualis/Capes: B1
Editor
Fábio Paixão
Coordenadores
Carlos Eduardo Adriano Japiassú – Oswaldo Henrique Duek Marques
Regina Helena Fonseca Fortes-Furtado

Conselho Editorial
Alice Bianchini – André Vinícius Espírito Santo de Almeida – Aury Lopes Júnior
Carlos Ernani Constantino – Carolina Alves de Souza Lima – Celso de Magalhães Pinto
César Barros Leal – Cesar Luiz de Oliveira Janoti – Cezar Roberto Bitencourt
Claudio Brandão – Édson Luís Baldan – Eduardo Saad Diniz – Elias Mattar Assad
Eloisa de Souza Arruda – Ester Kosovski – Eugenio Raúl Zaffaroni (Argentina)
Fernando Capez – Fernando da Costa Tourinho Filho – Fernando de Almeida Pedroso
Fernando Gentil Gizzi de Almeida Pedroso – Gisele Mendes de Carvalho
Guilherme de Souza Nucci – Gustavo Octaviano Diniz Junqueira
Jacinto Nelson de Miranda Coutinho – João Mestieri – José Carlos Teixeira Giorgis
Luciano de Freitas Santoro – Luiz Flávio Borges D’Urso
Marco Antonio Marques da Silva – Marcus Alan de Melo Gomes – Michele Cia
Nadia Espina (Argentina) – Orlando Faccini Neto – Oswaldo Giacoia Júnior
Paulo Henrique Aranda Fuller – Raúl Cervini – Renato Marcão
Rômulo de Andrade Moreira – Ryanna Pala Veras – Sergio Demoro Hamilton
Tiago Caruso Torres – Umberto Luiz Borges D’Urso

Colaboradores deste Volume


Alamiro Velludo Salvador Netto – Alessandro Fernandes
Amanda Bessoni Boudoux Salgado – Américo Bedê Freire Júnior
Ana Lúcia Tavares Ferreira – André Lamas Leite – Carlos Eduardo Adriano Japiassú
Daniel Avilla Vega Garcia – Gustavo Octaviano Diniz Junqueira
Lívia Duarte Ramos – Marcelo Negri Soares – Márcia Leopoldino do Carmo de Melo
Vivian Kelly Berto – Wanessa Carneiro Molinaro Ferreira Serafim
Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal
Publicação bimestral da Editora Magister à qual se reservam todos os direitos, sendo vedada
a reprodução total ou parcial sem a citação expressa da fonte.

A responsabilidade quanto aos conceitos emitidos nos artigos publicados é de seus autores.

Artigos podem ser encaminhados para o e-mail: editorial@editoramagister.com.br. Não


devolvemos os originais recebidos, publicados ou não.

As íntegras dos acórdãos aqui publicadas correspondem aos seus originais, obtidos junto ao
órgão competente do respectivo Tribunal.

Esta publicação conta com distribuição em todo o território nacional.

A editoração eletrônica foi realizada pela Editora Magister, para uma tiragem de 3.100 exemplares.

Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal


v. 1 (ago./set. 2004)-.– Porto Alegre: Magister, 2004-
Bimestral. Coordenação: Carlos Eduardo Adriano Japiassú, Oswaldo Henrique Duek Marques e
Regina Helena Fonseca Fortes-Furtado.
v. 119 (abr./maio 2024)
ISSN 1807-3395

1. Direito Penal – Periódico. 2. Direito Processual Penal


– Periódico.

CDU 343(05)

Ficha catalográfica: Leandro Augusto dos S. Lima – CRB 10/1273


Capa: Apollo 13

Editora Magister
Diretor: Fábio Paixão

Alameda Coelho Neto, 20


Boa Vista – Porto Alegre – RS – 91340-340
Apresentação

É com grande satisfação que apresentamos a centésima décima nona


edição da Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal, destinada a contri-
buir para aperfeiçoar as ciências penais e processuais penais.
Abre a sequência de artigos “Corrupção política e financiamento ilegal
de partidos políticos e campanhas eleitorais”, de Carlos Eduardo Adriano
Japiassú, Ana Lúcia Tavares Ferreira e Wanessa Carneiro Molinaro Ferreira
Serafim, no qual os autores discutem as respostas jurídico-penais à corrupção
política, abordando especificamente a criminalização autônoma do financia-
mento irregular de partidos políticos e campanhas eleitorais
Logo após, Gustavo Octaviano Diniz Junqueira e Daniel Avilla Vega
Garcia, em “A Lei 14.834/24 (PL 2253/22) e a saída temporária à luz da Cons-
tituição”, objetivam demonstrar a inconstitucionalidade da Lei 14.834/24 (e do
seu Projeto de Lei – PL 2253/22 – que possuem o intento de extinguir a saída
temporária), à luz de uma perspectiva redutora de danos no cumprimento
da pena (execução penal), bem como sua incoerência diante das diretrizes de
uma política criminal/criminologia emparelhadas com os direitos humanos.
Em “A necessidade de criminalização do perjúrio em face da vedação
constitucional brasileira de autoincriminação”, Américo Bedê Freire Júnior
e Lívia Duarte Ramos defendem a necessidade de criação de um tipo penal
que criminalize a mentira proferida pelo réu no bojo das investigações e dos
processos criminais no ordenamento jurídico brasileiro.
A Revista prossegue com o texto “Análise jurídica, criminológica e
psicológica sobre a redução da maioridade penal à luz dos direitos da perso-
nalidade”, de Marcelo Negri Soares, Márcia Leopoldino do Carmo de Melo
e Vivian Kelly Berto, no qual analisam a parte jurídica, criminológica e psi-
cológica sobre a imputabilidade penal e os aspectos de uma possível alteração
na maioridade penal sob a perspectiva dos direitos da personalidade.
Em seguida, no escrito “Projeto de Lei 2720/2023 e as implicações para
o monitoramento de pessoas expostas politicamente”, Alessandro Fernandes
analisa porque instituições financeiras monitoram políticos e Pessoas Expostas
Politicamente (PEPs) à luz da Teoria do Controle Social.
André Lamas Leite, por sua vez, no artigo “Obrigações de criminaliza-
ção nos textos constitucionais? (breves) notas soltas”, reflete sobre a questão
de saber se as Constituições impõem ao legislador ordinário, em especial ao
penal, a obrigação de transformar certos bens jurídico-constitucionais em
bens jurídico-penais e em tipos legais de delitos.
Por último, No texto intitulado “Possibilidades e limites da barganha
no acordo de não persecução penal: a atuação defensiva”, Alamiro Velludo
Salvador Netto e Amanda Bessoni Boudoux Salgado pretendem discutir o
papel defensivo nas principais situações envolvendo a negociação ou pretensão
de celebração de ANPP.
Como coordenadores, estamos convencidos da excelência e atualidade
dos textos apresentados, cuja leitura será, sem dúvida, de grande interesse para
os estudiosos das ciências penais e processuais penais.

Carlos Eduardo Adriano Japiassú


Oswaldo Henrique Duek Marques
Regina Helena Fonseca Fortes-Furtado
Sumário
Doutrina
1. Corrupção Política e Financiamento Ilegal de Partidos Políticos e
Campanhas Eleitorais
Carlos Eduardo Adriano Japiassú, Ana Lúcia Tavares Ferreira e
Wanessa Carneiro Molinaro Ferreira Serafim................................................................ 7
2. A Lei 14.834/24 (PL 2253/22) e a Saída Temporária à Luz da Constituição
Gustavo Octaviano Diniz Junqueira e Daniel Avilla Vega Garcia................................ 33
3. A Necessidade de Criminalização do Perjúrio em Face da Vedação
Constitucional Brasileira de Autoincriminação
Américo Bedê Freire Júnior e Lívia Duarte Ramos...................................................... 55
4. Análise Jurídica, Criminológica e Psicológica sobre a Redução da
Maioridade Penal à Luz dos Direitos da Personalidade
Marcelo Negri Soares, Márcia Leopoldino do Carmo de Melo e Vivian Kelly Berto....... 77
5. Projeto de Lei 2720/2023 e as Implicações para o Monitoramento de
Pessoas Expostas Politicamente
Alessandro Fernandes............................................................................................... 100
6. Obrigações de Criminalização nos Textos Constitucionais? (Breves)
Notas Soltas
André Lamas Leite.................................................................................................. 120
7. Possibilidades e Limites da Barganha no Acordo de Não Persecução
Penal: a Atuação Defensiva
Alamiro Velludo Salvador Netto e Amanda Bessoni Boudoux Salgado........................ 143

Jurisprudência
1. Supremo Tribunal Federal – Tribunal do Júri. Decisão de Pronúncia
Amparada Exclusivamente em Elementos de Informação Produzidos
no Inquérito Policial. Impossibilidade. Precedentes. Medida Cautelar
Parcialmente Concedida para Suspender o Andamento da Ação Penal
Originária Até o Julgamento do Mérito do Writ. Liminar Referendada
nos Termos da Emenda Regimental 58/22 do STF
Rel. Min. Edson Fachin........................................................................................... 166
2. Superior Tribunal de Justiça – Habeas Corpus Substitutivo. Concomitante
Interposição na Origem de Recurso Especial Contra o Acórdão da
Revisão Criminal. Descabimento. Máfia do ISS. Crimes de Lavagem ou
Ocultação de Bens, Direitos ou Valores. Dosimetria da Pena. Redução
da Pena-Base. Questão Já Decidida pelo STJ. Reiteração de Pedido.
Inadmissibilidade. Constrangimento Ilegal Afastado Nesta Casa
e no STF
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior................................................................................ 173
3. Superior Tribunal de Justiça – Roubos Majorados. Violação dos Arts. 387,
§ 1º, do CPP; 157, § 2º, II, do CP e 226/CPP; 157, § 2º, II e VII; 2º-A, I,
Ambos do CP; 29, § 1º, do CP; 59, 61, 68 e 65, Todos do CP. Do Direito
de Recorrer em Liberdade. Instâncias Ordinárias que Não Reconheceram
o Preenchimento de Requisitos para a Concessão de Tal Medida por Conta
dos Requisitos do Art. 312 do CPP. Necessidade de Revolvimento do
Acervo Probatório para Reforma do Acórdão Recorrido. Óbice da Súmula
7/STJ
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior................................................................................ 181
4. Superior Tribunal de Justiça – Júri. Crime Contra a Vida Conexo com
Crime Comum (Denunciação Caluniosa). Falecimento do Corréu,
Acusado do Crime de Tentativa de Homicídio, Ainda na Primeira Fase
do Procedimento. Remessa do Delito Comum ao Juízo Ordinário.
Inexistência de Ilegalidade. Hipótese que se Assemelha Àquelas Previstas
no Art. 81, Parágrafo Único, do CPP. Exceção ao Princípio da Perpetuatio
Jurisdictionis
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior................................................................................ 199

Diretrizes para Submissão de Artigos Doutrinários ..................................... 203


Doutrina

Projeto de Lei 2720/2023 e as Implicações


para o Monitoramento de Pessoas
Expostas Politicamente
Alessandro Fernandes
Assessor na Unidade de Segurança Institucional do Banco do
Brasil. Doutorando em Direito pela Universidade do Vale do Rio
dos Sinos. Mestre em Gestão e Negócios pela Universidade do Vale
do Rio dos Sinos. E-mail: alfernandes@edu.unisinos.br.

RESUMO: Em 14 de julho de 2023, a Câmara dos Deputados aprovou o Pro-


jeto de Lei 2720/2023 com 252 votos a favor e 163 contra. Isso gerou protestos
de parlamentares devido ao conteúdo e à rapidez da análise. O projeto foca na
criminalização da discriminação contra políticos, principalmente em relação às
instituições financeiras. Políticos enfrentam escrutínio financeiro rigoroso e
regulamentações visando prevenir corrupção em grande escala. Esta pesquisa
analisa porque instituições financeiras monitoram políticos e Pessoas Expostas
Politicamente (PEPs) à luz da Teoria do Controle Social. Para esta pesquisa,
optou-se pela técnica de revisão bibliográfica e análise documental sobre o tema
em questão. Concluiu-se que existe um terreno fértil para o debate na sociedade
e na academia sobre o monitoramento de PEPs, especialmente considerando
a aprovação apressada do referido Projeto de Lei pela Câmara dos Deputados.
Acredita-se que essa discussão não deve ser mais negligenciada e espera-se que
o Senado Federal, como responsável pela revisão do projeto, considere essa
questão com a devida atenção.

PALAVRAS-CHAVE: Criminologia. Controle social. Criminalização. Atividade


política. Lavagem de dinheiro. Controle social. Presunção de inocência e abuso
de direito. Due diligence e o excesso de informações monitoradas. Considerações
finais. Referências.

SUMÁRIO: Introdução. Pessoas expostas politicamente (PEPS). Criminologia


e pesquisa criminológica. Teoria do triângulo das fraudes. Teoria da economia
do crime. Presunção de inocência e abuso de direito. Due diligence e o excesso
de informações monitoradas. Considerações finais.

Introdução
Em 14 de julho de 2023, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de
Lei 2720/20231 (Brasil, 2023), com uma votação de 252 a favor e 163 contra.

1 O referido PL encontra-se pendente de votação no Senado Federal (em 01 out. 2023).


PROJETO DE LEI 2720/2023 E AS IMPLICAÇÕES PARA O MONITORAMENTO DE PESSOAS
101

Essa aprovação ocorreu sob protestos de alguns parlamentares, que expres-


saram preocupações tanto sobre o conteúdo da lei quanto sobre a rapidez
com que foi analisada em plenário. Este projeto tem como foco principal
a criminalização do que considera discriminação contra políticos, com um
enfoque significativo nas atividades das instituições financeiras (Azevedo;
Oliveira; Gabriel, 2023).
O Deputado Elmar Nascimento, atuando como líder do União Brasil,
fez uso da tribuna para argumentar em favor da aprovação deste projeto de lei:
É inadmissível uma filha de um sócio nosso, é inadmissível um
sobrinho nosso, sem qualquer tipo de problema na Justiça ou
qualquer outro tipo de circunstância, ter a sua conta sustada sim-
plesmente porque é filho, sobrinho ou parente de um político.
Isso não é querer privilégio. [...] Nós não precisamos disso. O
que nós não aceitamos é a discriminação. Chega de gente que faz
coisa errada estar apontando o dedo para político. Eu não aceito
gerente de banco poder dizer se eu posso ou não manter uma
conta, que o meu seguro de carro ou o da minha filha é mais
caro ou mais barato. Esse tipo de discriminação leviana contra
político tem que deixar de existir. E temos que enfrentar essas
coisas de frente (Câmara dos Deputados, 2023, p. 171-172).

O Deputado Cláudio Cajado, relator do projeto, expressou uma pers-


pectiva semelhante em seu parecer apresentado antes da votação:
Assim, permanece a ideia central de se vedar que as instituições
financeiras possam: (i) negar a abertura ou a manutenção de
conta nas referidas instituições, a qualquer pessoa física ou ju-
rídica, regularmente inscrita na Receita Federal do Brasil, sem
que haja a apresentação ao solicitante de documento escrito,
contendo motivação idônea para a negativa; (ii) recusa a con-
cessão de crédito ao solicitante, sem que haja a apresentação ao
solicitante de documento escrito, contendo motivação técnica
idônea e objetiva para a recusa, somente por alegar sua condição
de pessoa politicamente exposta ou por figurar como réu de
processo judicial em curso ou por ter decisão de condenação
sem trânsito em julgado proferida em seu desfavor (Câmara
dos Deputados, 2023, p. 165).

O ingresso na vida pública é acompanhado de responsabilidades e con-


troles diversos dos aplicados aos indivíduos que não optaram por essas funções,
expondo-se voluntariamente ao risco de terem sua reputação ameaçada pela
simples existência de denúncia (Ráo; Lago, 2023). O manejo da coisa pública
e a necessidade constitucional de transparência acabam submetendo as Pessoas
Expostas Politicamente (PEPs) a um escrutínio atípico em suas movimentações
financeiras. Seus sócios e familiares acabam expostos a esse mesmo controle,
pela facilidade de figurarem como “laranja” no trânsito irregular de recursos:
Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal Nº 119 – Abr-Maio/2024 – Doutrina
102

O PL 2720/2023, agora enviado ao Senado Federal, ataca di-


retamente um instrumento central no combate à lavagem de
dinheiro e ao uso de laranjas: o monitoramento adicional e a
tomada de medidas mitigadoras de riscos com relação a PEPs.
As chamadas PEPs são ocupantes de cargos e funções públicas
que, em razão de sua atuação profissional, apresentam riscos
adicionais de lavagem de dinheiro e de financiamento do ter-
rorismo. [...]. Ao criminalizar a adoção destas condutas, que
têm objetivo de reduzir os riscos de lavagem de dinheiro, o
projeto de lei subverte a lógica de incentivos a que estão sujeitas
as instituições financeiras. Ao invés de se preocuparem com
eventuais punições administrativas pelo descumprimento de
normas antilavagem, estas instituições buscarão evitar que seus
funcionários sejam indiciados e condenados à reclusão de dois
a quatro anos (Transparência Internacional, 2023).

Portanto, as diretrizes de vigilância que as instituições financeiras apli-


cam às Pessoas Expostas Politicamente (PEPs) representam um meio eficaz
de desencorajar, prevenir ou identificar casos de corrupção em grande escala
(Simões, 2011). Este estudo se propõe a investigar, à luz da Teoria do Controle
Social, as motivações que levam as instituições financeiras a adotarem diretrizes
mais rigorosas na análise das transações financeiras de parlamentares e outras
figuras classificadas como PEPs, como parte de suas políticas de prevenção e
detecção de indícios de lavagem de dinheiro. Por fim, como metodologia de
pesquisa, foi realizada uma revisão bibliográfica e uma análise documental
sobre o assunto.

Pessoas expostas politicamente (PEPS)


As Pessoas Expostas Politicamente (PEPs) são indivíduos que ocupam
ou já ocuparam cargos, posições ou funções de destaque no setor público,
incluindo seus representantes legais, familiares e pessoas próximas a eles (Sal-
vo, 2010). Essa definição pode ser encontrada no artigo 1º, § 2º, da Circular
BACEN nº 3.339, como segue:
Consideram-se pessoas politicamente expostas os agentes públi-
cos que desempenham ou tenham desempenhado, nos últimos
cinco anos, no Brasil ou em países, territórios e dependências
estrangeiros, cargos, empregos ou funções públicas relevantes,
assim como seus representantes, familiares e outras pessoas de
seu relacionamento próximo (Bacen, 2006).

A lista das pessoas consideradas PEPs, juntamente com as diretrizes que


as instituições financeiras devem seguir para sua identificação, está disponível
na Circular 3.978/2020 do Banco Central, conforme estabelecido no artigo
27, in verbis:
PROJETO DE LEI 2720/2023 E AS IMPLICAÇÕES PARA O MONITORAMENTO DE PESSOAS
103

Art. 27. As instituições mencionadas no art. 1º devem imple-


mentar procedimentos que permitam qualificar seus clientes
como pessoa exposta politicamente.
§ 1º Consideram-se pessoas expostas politicamente:
I – os detentores de mandatos eletivos dos Poderes Executivo
e Legislativo da União;
II – os ocupantes de cargo, no Poder Executivo da União, de:
a) Ministro de Estado ou equiparado;
b) Natureza Especial ou equivalente;
c) presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalentes, de
entidades da administração pública indireta; e
d) Grupo Direção e Assessoramento Superiores (DAS), nível
6, ou equivalente;
III – os membros do Conselho Nacional de Justiça, do Supre-
mo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores, dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais Regionais do Trabalho, dos
Tribunais Regionais Eleitorais, do Conselho Superior da Justiça
do Trabalho e do Conselho da Justiça Federal;
IV – os membros do Conselho Nacional do Ministério Público,
o Procurador-Geral da República, o Vice-Procurador-Geral da
República, o Procurador-Geral do Trabalho, o Procurador-Geral
da Justiça Militar, os Subprocuradores-Gerais da República e os
Procuradores Gerais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal;
V – os membros do Tribunal de Contas da União, o Procurador-
-Geral e os Subprocuradores-Gerais do Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas da União;
VI – os presidentes e os tesoureiros nacionais, ou equivalentes,
de partidos políticos;
VII – os Governadores e os Secretários de Estado e do Distrito
Federal, os Deputados Estaduais e Distritais, os presidentes, ou
equivalentes, de entidades da administração pública indireta
estadual e distrital e os presidentes de Tribunais de Justiça,
Tribunais Militares, Tribunais de Contas ou equivalentes dos
Estados e do Distrito Federal; e
VIII – os Prefeitos, os Vereadores, os Secretários Municipais,
os presidentes, ou equivalentes, de entidades da administração
pública indireta municipal e os Presidentes de Tribunais de
Contas ou equivalentes dos Municípios.
§ 2º São também consideradas expostas politicamente as pessoas
que, no exterior, sejam:
I – chefes de estado ou de governo;
II – políticos de escalões superiores;
III – ocupantes de cargos governamentais de escalões superiores;
IV – oficiais-generais e membros de escalões superiores do
Poder Judiciário;
V – executivos de escalões superiores de empresas públicas; ou
VI – dirigentes de partidos políticos.
Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal Nº 119 – Abr-Maio/2024 – Doutrina
104

§ 3º São também consideradas pessoas expostas politicamente


os dirigentes de escalões superiores de entidades de direito
internacional público ou privado.
§ 4º No caso de clientes residentes no exterior, para fins do
disposto no caput, as instituições mencionadas no art. 1º devem
adotar pelo menos duas das seguintes providências:
I – solicitar declaração expressa do cliente a respeito da sua
qualificação;
II – recorrer a informações públicas disponíveis; e
III – consultar bases de dados públicas ou privadas sobre pessoas
expostas politicamente.
§ 5º A condição de pessoa exposta politicamente deve ser apli-
cada pelos cinco anos seguintes à data em que a pessoa deixou
de se enquadrar nas categorias previstas nos §§ 1º, 2º, e 3º.
§ 6º No caso de relação de negócio com cliente residente no
exterior que também seja cliente de instituição do mesmo grupo
no exterior, fiscalizada por autoridade supervisora com a qual o
Banco Central do Brasil mantenha convênio para troca de infor-
mações, admite-se que as informações de qualificação de pessoa
exposta politicamente sejam obtidas da instituição no exterior,
desde que assegurado ao Banco Central do Brasil o acesso aos
respectivos dados e procedimentos adotados (Bacen, 2020).

Essa legislação está em conformidade com a Convenção das Nações


Unidas contra a Corrupção (Brasil, 2006), que explicitamente sugere que
cada nação tome medidas necessárias para exigir que as instituições financeiras
operando em seu território estabeleçam controles internos. Esses controles
devem ser direcionados à verificação da identidade dos clientes, à identificação
dos beneficiários finais dos recursos depositados e ao aprimoramento da aná-
lise de todas as contas associadas a pessoas que ocupam ou ocuparam cargos
públicos proeminentes, seus familiares e colaboradores próximos (Salvo,
2010), conforme indicado na Recomendação 12 do GAFI:
Recomendação 12. Pessoas expostas politicamente.
As instituições financeiras deveriam, relativamente às pessoas
expostas politicamente (PEPs) estrangeiras, além das medidas
normais de devida diligência ao cliente, ser obrigadas a:
(a) ter sistemas adequados de gerenciamento de riscos para
determinar se o cliente ou beneficiário é pessoa exposta po-
liticamente;
(b) obter aprovação da alta gerência para estabelecer (ou conti-
nuar, para clientes existentes) tais relações de negócios;
(c) adotar medidas razoáveis para estabelecer a origem da riqueza
e dos recursos; e
(d) conduzir monitoramento reforçado contínuo da relação
de negócios.
PROJETO DE LEI 2720/2023 E AS IMPLICAÇÕES PARA O MONITORAMENTO DE PESSOAS
105

As instituições financeiras deveriam ser obrigadas a adotar me-


didas razoáveis para determinar se um cliente ou beneficiário
é uma PEP ou pessoa que ocupa função importante em uma
organização internacional. Nos casos de relações de negócios
de mais alto risco com essas pessoas, as instituições financeiras
deveriam ser obrigadas a aplicar as medidas referidas nos pa-
rágrafos (b), (c) e (d).
As exigências para todas as PEPs também se aplicam a familiares
ou pessoas próximas dessas PEPs (FATF, 2012).

Caso o PL 2720/2023 seja promulgado com a redação atual, ele poderá


prejudicar a capacidade das instituições financeiras de conduzirem avaliações
de risco, uma vez que restringe a aplicação das normas estabelecidas pelo
Banco Central e dos acordos internacionais voltados para a prevenção da
lavagem de dinheiro:
A redação da lei coloca que o banco será obrigado a dar infor-
mações sobre o motivo da negativa ao atendimento do cliente,
o que contraria uma das premissas da lei antilavagem. Ou seja, a
instituição terá de alertar aquela pessoa de que há, por exemplo,
um relatório de atividade suspeita sobre ela (Couto, 2023).

Essa possível fragilidade em relação a uma ferramenta essencial para


a prevenção e controle da lavagem de dinheiro merece uma atenção minu-
ciosa, uma vez que pode ter sérias implicações para a eficácia das medidas de
combate a esse crime. Essa questão assume um papel central de preocupação,
especialmente quando se considera o cenário mais amplo da avaliação do
Brasil no contexto da 4ª Rodada de Avaliação Mútua conduzida pelo Grupo
de Ação Financeira Internacional (GAFI).
A avaliação conduzida pelo GAFI é um indicador crítico da eficácia
das medidas antilavagem de dinheiro em um país e, por extensão, de sua
conformidade com as normas internacionais nessa área. Qualquer falha ou
vulnerabilidade destacada durante esse processo pode resultar em medidas
corretivas obrigatórias e até mesmo em sanções internacionais.
A integridade do sistema de prevenção e controle da lavagem de di-
nheiro é fundamental para garantir a transparência e a conformidade nos
mercados financeiros e comerciais. Qualquer fragilidade nesse sistema pode
abrir brechas para a ocorrência de atividades ilícitas de lavagem de dinheiro,
comprometendo a integridade do sistema financeiro e minando a confiança
nos mercados. Isso, por sua vez, pode ter um impacto adverso na reputação
internacional do Brasil e em sua capacidade de atrair investimentos e manter
relações comerciais sólidas com outros países (COAF, 2023):
Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal Nº 119 – Abr-Maio/2024 – Doutrina
106

A análise aprofundada dos clientes que apresentam altos riscos


e a adoção de medidas para mitigá-los são essenciais para evitar
a lavagem de dinheiro e combater a corrupção. Restringir a ca-
pacidade das instituições financeiras de negar serviços com base
nessas condições pode dificultar a identificação de transações
financeiras suspeitas envolvendo PEPs ou indivíduos envol-
vidos em investigações ou processos criminais (Transparência
Internacional, 2023).

Criminologia e pesquisa criminológica


A Criminologia é uma área de pesquisa que se dedica à análise tanto da
formulação quanto da violação das leis, bem como às respostas que a sociedade
oferece a essas transgressões (Adler; Mueller; Laufer, 2016).
O conceito de crime é influenciado pelas mudanças na sociedade, cul-
tura e normas ao longo do tempo. Também é preciso destacar a relatividade
do crime, sua historicidade e a evolução das condutas criminalizadas ao longo
dos anos. Essa discussão vai além das definições legais, refletindo uma crise
nos valores tradicionais, aspecto que a criminologia muitas vezes estuda em
relação ao comportamento criminoso e às políticas de controle:
[...] los movimientos político-criminales de neocriminaliza-
ción (incriminación de conductas antes no castigadas) y de
descriminalización (fenómeno inverso) expresan ese continuo
cambio valorativo al que se hallan indefectiblemente expuestas
las decisiones de todo legislador (García-Pablos, 2003, p. 93).

Emile Durkheim desempenhou um papel fundamental no desenvolvi-


mento da criminologia, especialmente por meio de suas contribuições à teoria
do crime e à concepção de anomia. Ele é amplamente reconhecido como um
dos pioneiros na aplicação da sociologia ao estudo do crime e da delinquência.
A teoria da anomia, desenvolvida por Durkheim (2019), descreve um estado
de desintegração das normas sociais, no qual os indivíduos enfrentam uma
sensação de desorientação e falta de pertencimento à sociedade. Posterior-
mente, essa teoria foi aplicada ao estudo do crime, uma vez que a ausência
de normas sociais claras poderia levar ao aumento da criminalidade devido
ao comportamento desviante.
A pesquisa criminológica tem como objetivo principal entender de
forma concreta o comportamento criminal, distinguindo essas condutas e
examinando as possíveis respostas sociais. Isso é feito com a finalidade de
desenvolver estratégias para reduzir a criminalidade e minimizar seus efeitos
prejudiciais na sociedade. Esse processo inclui a consideração das consequên-
PROJETO DE LEI 2720/2023 E AS IMPLICAÇÕES PARA O MONITORAMENTO DE PESSOAS
107

cias negativas da criminalização de certos comportamentos na vida das pessoas


e nas comunidades em que vivem (Saad-Diniz, 2019a, p. 253).
Uma teoria relevante para o campo é a Teoria do Controle Social, que
se baseia em crenças que influenciam o comportamento das pessoas em vez
de leis específicas. Essa teoria serve como um controle universal do compor-
tamento (Ross, 2017, p. 106). No entanto, a criminologia enfrentou desafios
na conceituação dessa teoria, carecendo de unidade teórica ou metodológica
(Roorda, 2016).

Controle social
O controle social aborda as diversas maneiras pelas quais a sociedade
regula o comportamento dos indivíduos para prevenir a criminalidade. Se-
gundo Durkheim (2012), o crime é considerado normal, e uma sociedade
completamente livre de crimes é praticamente impossível, tornando o controle
social uma necessidade.
Michel Foucault (2013) apresenta uma perspectiva alternativa do con-
trole social, explorando-o em relação ao poder e à vigilância. Ele examina
como instituições sociais, como prisões e hospitais, exercem controle sobre
as pessoas e destaca a interligação entre conhecimento, poder e regulação
social (Bachur, 2020).
Luhmann entende o controle social como parte do funcionamento geral
dos sistemas sociais. Ele argumenta que os sistemas sociais, incluindo o sistema
legal, desempenham um papel vital na manutenção do controle na sociedade.
Luhmann introduz o conceito de autorreferencialidade, o que implica que
os sistemas operam com base em suas próprias regras internas. No contexto
do controle social, isso significa que o sistema legal opera com suas próprias
normas e procedimentos para impor sanções, resultando em complexidade,
hierarquias e processos intrínsecos ao sistema legal, contribuindo para a coesão
social. Isso envolve a definição de normas, métodos de punição e aplicação
consistente de sanções (Vidal, 2017).

Crime do colarinho branco


Edwin Sutherland (2014) concentrou-se em estudar as circunstâncias
e comportamentos que propiciam os “crimes de colarinho branco”2. Esses

2 Sutherland já havia conquistado reconhecimento nos estudos criminológicos, investigando a criminalidade em


estatísticas oficiais e examinando a relação entre a criminalidade, a pobreza e as condições de desorganização social.
No entanto, aos 56 anos, ele abruptamente redirecionou seu foco para a pesquisa sobre a “criminalidade de colarinho
branco” (Veras, 2006).
Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal Nº 119 – Abr-Maio/2024 – Doutrina
108

delitos são caracterizados por sua natureza dissimulada e complexa. E não


se limitam a causar perdas financeiras3, afetando também a moral social e a
estrutura da sociedade em grande escala.
Sutherland destacou a importância da posição social e do status na
compreensão das causas do crime, diferentemente de teorias anteriores que
associavam a criminalidade a classes sociais mais baixas. A principal diferença
entre crimes de colarinho branco e crimes tradicionais reside na oportunida-
de que esses crimes proporcionam, juntamente com a baixa taxa de pessoas
influentes enviadas para prisões (Zaffaroni, 2012), conforme evidenciado no
trecho compartilhado:
As teorias dos criminólogos de que o crime deriva da pobreza
ou de condições psicopáticas e sociopáticas, estatisticamente
associadas com a pobreza, são inválidas porque se baseiam em
amostras que são grosseiramente enviesadas no que diz respeito
ao status socioeconômico; não se aplicam aos criminosos de
colarinho branco; e, não explicam sequer a criminalidade da
classe baixa, visto que os fatores não estão relacionados a um
processo característico geral de toda a criminalidade. Uma teoria
do comportamento criminoso que explique tanto a criminali-
dade de colarinho branco como a da classe baixa é necessária
(Sutherland, 2014, p. 103).

A relação entre políticos e crimes de colarinho branco é uma questão


complexa e de grande relevância. Importante destacar que, em muitos casos,
agentes políticos e figuras de poder estão envolvidos em crimes de colarinho
branco devido à sua influência e acesso a recursos. Isso cria uma situação única,
em que a impunidade muitas vezes prevalece devido à relutância em processar
políticos influentes. Essa dinâmica sublinha a necessidade de um escrutínio
rigoroso e de sistemas de justiça eficazes para combater esse tipo de delito,
preservando a integridade das instituições políticas e sociais (Machado, 2001).

Teoria do triângulo das fraudes


A teoria do triângulo de fraude é uma concepção crucial quando se trata
de crimes de colarinho branco. Ela, frequentemente, origina-se de questões
financeiras que permanecem ocultas, sendo manipuladas por indivíduos que
exploram sua posição de confiança financeira (Machado; Gartner, 2017). Essa

3 De acordo com dados do FMI, estima-se que a quantidade de dinheiro ilícito movimentada anualmente possa abranger
uma faixa de 2% a 5% da produção econômica mundial (Rizzo, 2013). Isso implica que, levando em consideração
o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que alcançou R$ 9,9 trilhões em 2022, de acordo com o IBGE (2023),
o montante de recursos sujeitos a lavagem de dinheiro poderia variar substancialmente, abrangendo valores que
oscilam entre cerca de R$ 198 bilhões a expressivos R$ 495 bilhões. Esses números destacam a importância crítica
do combate à lavagem de dinheiro e a necessidade de robustas políticas e medidas de prevenção nesse contexto.
PROJETO DE LEI 2720/2023 E AS IMPLICAÇÕES PARA O MONITORAMENTO DE PESSOAS
109

abordagem teórica oferece insights valiosos para entender como esses delitos
podem ocorrer e os fatores que os impulsionam, lançando luz sobre as dinâ-
micas complexas que permeiam o mundo dos crimes financeiros.
Essa teoria se baseia no estudo de Cressey, que sugere que pessoas con-
fiáveis podem se tornar violadoras da confiança quando enfrentam problemas
financeiros que não podem compartilhar:
Pessoas confiáveis se tornam violadores da confiança quando
elas se consideram como tendo um problema financeiro que não
pode ser compartilhado, e estão cientes de que este problema
pode ser resolvido secretamente pela violação de confiabili-
dade financeira e conseguem aplicar, à sua própria conduta,
verbalizações que lhes possibilitem ajustar seus conceitos de si
mesmas como pessoas confiáveis como usuários de fundos e
propriedades que lhes foram confiados (Cressey, 1953, p. 30).

Teoria da economia do crime


Os fundamentos da teoria da economia do crime já estavam presentes
na obra de Cesare Beccaria (2022). Ele argumentava que as pessoas tomam
decisões racionais visando maximizar seus próprios interesses e enfatizava que
a previsibilidade e a certeza da punição eram mais eficazes do que penalidades
severas para dissuadir crimes. Assim, contribuiu para a compreensão de que
o sistema de justiça criminal deve ser projetado para tornar o crime menos
atrativo, assegurando que a punição seja mais certa e proporcional ao delito.
Esses conceitos também são encontrados na obra de Gary Becker
(1968), um renomado economista que contribuiu significativamente para o
campo da Economia do Crime. Sua abordagem perspicaz destaca a ideia de
que os criminosos são agentes racionais. Essa teoria revolucionária postula que
aqueles que cometem crimes não são simples delinquentes impulsivos, mas
sim tomadores de decisões que avaliam cuidadosamente os riscos e benefícios
associados aos seus atos.
Essa abordagem inovadora permite compreender melhor o compor-
tamento criminal, pois sugere que as ações criminosas são resultado de uma
análise custo-benefício. Em outras palavras, os criminosos avaliam se o ganho
esperado supera os riscos potenciais de serem pegos e punidos. Essa visão
transformadora da criminologia influenciou significativamente a pesquisa e
as políticas públicas relacionadas ao crime, levando a uma análise mais apro-
fundada das estratégias de prevenção e punição.
O modelo proposto por Becker, destinado a compreender o comporta-
mento dos indivíduos criminosos, pode ser resumido na seguinte expressão:
Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal Nº 119 – Abr-Maio/2024 – Doutrina
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b c * p.
Em que:
b= benefício gerado ao criminoso por praticar o delito;
c= custos da atividade criminosa;
p= probabilidade de apreensão.
No caso dos crimes do colarinho branco, a análise dos custos de opor-
tunidade adquire uma complexidade adicional. Isso ocorre, em primeiro
lugar, porque os lucros decorrentes das atividades lícitas desses agentes são
altamente atrativos do ponto de vista econômico. Além disso, é praticamente
impossível quantificar o valor da liberdade, que se tornaria o custo caso a em-
preitada criminosa resultasse em insucesso. Portanto, por que arriscar quando
a opção pela conduta legal ofereceria um retorno adequado, livre do risco de
sanções penais? Isso nos leva a reconhecer a necessidade de uma investigação
mais profunda sobre os estímulos para o comportamento ilícito. A doutrina
especializada concorda em identificar o principal incentivo à criminalidade
econômica, conforme argumentado por Vaz e Medina (2012, p. 49):
A impressão que fica é de que o delinquente econômico acredita
muito mais na sua impunidade do que o delinquente comum.
Esse raciocínio consequencialista, que está por trás de todo o
delito, parece ser mais evidente nos crimes econômicos, cujos
proveitos (lucros) muitas vezes justificam os riscos de uma
reprimenda penal, pois que atenuados estes pela escassa efeti-
vidade do Direito Penal Econômico.

Joras Ferweda ampliou o modelo teórico de Gary Becker para se aplicar


especificamente ao cenário da lavagem de dinheiro, explorando a eficácia das
medidas de combate à lavagem de dinheiro em dezessete países. Durante
este tópico, também se examinarão as contribuições de outros autores sobre
o assunto, assumindo uma relação inversa entre a criminalidade e a probabi-
lidade e severidade das punições. Parte-se do princípio de que políticas mais
rigorosas de combate à lavagem de dinheiro resultarão, simultaneamente, no
aumento da probabilidade de detecção da lavagem de dinheiro, no agrava-
mento das punições associadas, na elevação da probabilidade de ser punido
por crimes antecedentes após a condenação por lavagem de dinheiro e, por
fim, no aumento dos custos de transação (Ferweda, 2009).
Até recentemente, o sistema criminal brasileiro costumava adotar uma
postura leniente em relação aos crimes de colarinho branco. Isso ocorria de-
vido à deficiência das leis e à relutância dos juízes em condenar esses crimes,
que eram considerados não violentos e de menor gravidade. Historicamente,
PROJETO DE LEI 2720/2023 E AS IMPLICAÇÕES PARA O MONITORAMENTO DE PESSOAS
111

o sistema de punição no Brasil tendia a penalizar principalmente pessoas de


baixa renda por crimes violentos ou relacionados a drogas ilegais. No entanto,
nos últimos tempos, tem havido uma mudança gradual nesse cenário.

Presunção de inocência e abuso de direito


Nesse contexto, é oportuno conduzir uma breve análise da garantia
constitucional da presunção de inocência, pois as medidas de controle social
frequentemente aplicadas às PEPs podem originar-se simplesmente de alega-
ções divulgadas pela mídia (ANBIMA, 2022, p. 29). É importante notar que
existem empresas especializadas, conhecidas como bureaus reputacionais, que
monitoram em tempo real várias fontes de notícias em busca de informações
desfavoráveis sobre pessoas físicas e jurídicas, conforme exemplificado na
seguinte citação:

Na ausência de uma definição clara do que seja esse risco,


acabam por compor esse grupo pessoas citadas em notícias
como envolvidas com atos ilícitos, ainda que não processadas
ou formalmente investigadas, envolvidas em investigações e
absolvidas, ou condenadas e com penas já cumpridas, sem contar
aquelas relacionadas com personagens politicamente expostos.
Suas contas bancárias são encerradas, seu acesso a créditos ou
financiamentos é fechado, suas empresas não são contratadas,
seus serviços não são requisitados. Muitas vezes até familiares
sofrem restrições em razão de um sobrenome que frequentou
as mesas policiais no passado, algo incompatível com a previsão
constitucional de vedação de penas perpétuas e da individuali-
dade da sanção penal (Bottini, 2023).

Essa penalização “antecipada” não está em conformidade com o sistema


atual, no qual houve uma clara escolha do legislador de “condicionar a forma-
ção da culpa ao processo de trânsito em julgado” (Streck; Breda, 2020, p. 103).
Nesse mesmo sentido, a decisão do ex-Ministro do STF, Eros Roberto
Grau, enfatiza a literalidade do texto constitucional neste assunto: “aqueles
que interpretam o texto constitucional com precisão compreendem que a
Constituição garante que nem a lei, nem qualquer decisão judicial possam
impor qualquer sanção ao réu antes do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória”4 (Brasil, 2009).

4 Esse entendimento sofreu uma mudança substancial em 2016, quando o julgamento do Habeas Corpus 126.292/
SP marcou um ponto de virada crucial na interpretação da legislação. No entanto, essa mudança de paradigma foi
revertida em 2019, com o retorno ao entendimento anterior, datado de 2009, por meio das Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADCs) 43, 44 e 53. (Streck; Breda, 2020).
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112

Além das considerações anteriores, é notável a presença de um potencial


cenário de abuso de direito nas práticas adotadas pelas instituições financeiras
em relação à Circular BACEN 3.978/2020. Esta circular, emitida pelo Banco
Central, estabelece que as instituições financeiras devem “implementar pro-
cedimentos para qualificar seus clientes como pessoas politicamente expostas”
(Bacen, 2020). No entanto, uma prática recorrente é encerrar abruptamente
a relação comercial com indivíduos classificados como PEPs, sem a devida
ponderação das circunstâncias individuais.
O abuso de direito (Nunes, 2018, p. 268) se manifesta quando um titular
de um direito ultrapassa os limites razoáveis desse direito, potencialmente
causando prejuízo a terceiros. Em outras palavras, ocorre quando o detentor
desvia e faz uso inadequado de seu direito, sem considerar de forma adequada
os interesses legítimos e as circunstâncias específicas envolvidos.
No contexto das instituições financeiras, o abuso de direito pode ocor-
rer quando, ao aplicar de maneira estrita as diretrizes da Circular BACEN,
elas encerram relações comerciais sem a devida avaliação individualizada do
risco e sem a devida consideração pela conformidade regulatória com justiça
e equidade. Isso suscita questões críticas sobre a responsabilidade social e ética
das instituições financeiras ao lidar com clientes classificados como PEPs,
destacando a necessidade de abordagens mais equilibradas e individualizadas
para cumprir as regulamentações, em vez de simplesmente se apoiar na falta
de obrigação de justificar sua decisão. Portanto, é crucial um exame mais
aprofundado dessas práticas e a busca por uma abordagem que equilibre os
interesses regulatórios com o respeito aos direitos individuais e à justiça.
A autora do Projeto de Lei 2720/2023, Deputada Daniela Cunha, relatou
que enfrentou dificuldades para abrir contas necessárias para sua candidatura a
Deputada Federal em 2022 devido às denúncias contra seu pai, o ex-presidente
da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, relacionadas à má utilização de
recursos públicos (Câmara dos Deputados, 2023).

Due diligence e o excesso de informações monitoradas


O relatório do GAFI indica que houve a aplicação desproporcional de
regras devido à interpretação inadequada das medidas preventivas contidas em
suas regulamentações (FATF, 2021). Pode-se compreender que essa crítica se
concentra na implementação da Recomendação 12 e nas diretrizes relaciona-
das à manutenção e movimentação de contas de clientes identificados como
PEPs, como evidenciado na citação a seguir:
PROJETO DE LEI 2720/2023 E AS IMPLICAÇÕES PARA O MONITORAMENTO DE PESSOAS
113

O medo de ser associado a práticas de lavagem de dinheiro levou


algumas empresas ao fetiche do compliance, a adotar regras tão
rígidas, procedimentos tão pesados, que acabaram por afetar de
forma significativa sua atividade econômica. O resultado: uma
superestrutura de integridade, nem sempre eficaz para evitar a
lavagem de dinheiro, mas com efeito o medo de ser associado
a práticas de lavagem de dinheiro levou algumas empresas ao
fetiche do compliance, a adotar regras tão rígidas, procedimentos
tão pesados, que acabaram por afetar de forma significativa sua
atividade econômica (Bottini, 2023).

A incapacidade de analisar um grande volume de dados representa


claramente um obstáculo na tomada de decisões e na detecção de indícios
de lavagem de dinheiro. Isso impacta diretamente nas medidas de mitigação
de riscos adotadas pelas instituições financeiras, pois “se medirmos a coisa
errada, estamos propensos a também fazer a coisa errada” (Stiglitz; Sem;
Fitoussi, 2010, p. 23).
Esse fenômeno denominado overcompliance é uma tendência cada vez
mais observada nos ambientes empresariais modernos. Consiste na resposta
das empresas a pressões externas, muitas vezes relacionadas a regulamenta-
ções, normas ou expectativas sociais, adotando um conjunto de medidas de
controle que excedem significativamente os requisitos mínimos necessários
para cumprir essas demandas externas (Rorie, 2015).
Esse excesso de medidas de controle pode ter implicações abrangentes
para as empresas. Por um lado, pode afetar a oferta de produtos e serviços,
tornando-os mais complexos e onerosos devido à necessidade de cumprir um
grande número de regulamentações e padrões. Isso pode dificultar a inovação
e a flexibilidade nas operações, limitando a capacidade de resposta da empresa
às mudanças no mercado.
Além disso, o overcompliance pode influenciar a consolidação da partici-
pação de mercado das empresas. Aquelas que se esforçam excessivamente para
cumprir as normas podem enfrentar custos adicionais, o que pode torná-las
menos competitivas em relação às empresas que adotam uma abordagem mais
equilibrada em relação ao cumprimento regulatório.
Ao mesmo tempo, o overcompliance não se limita apenas às medidas de
controle, mas também afeta as estratégias de gestão de riscos das empresas.
Ao se concentrarem excessivamente na mitigação de riscos relacionados ao
cumprimento regulatório, as empresas podem negligenciar outros riscos
igualmente importantes, como os relacionados à inovação, segurança ciber-
nética ou mudanças no ambiente de negócios. Essa tendência pode criar um
desequilíbrio na abordagem de gestão de riscos, em que a ênfase no cumpri-
Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal Nº 119 – Abr-Maio/2024 – Doutrina
114

mento regulatório pode prejudicar a capacidade das empresas de identificar


e lidar com outros riscos significativos.

Nesse contexto, a matriz de risco desempenha um papel fundamental.


Ela é definida pela combinação das variáveis frequência (probabilidade) e
severidade (impacto financeiro) e é uma ferramenta essencial para identificar
e medir qualitativamente os riscos associados aos eventos de perda inerentes
a um processo avaliado (Bacen; Coaf, 2021).

A matriz de risco desempenha um papel crucial ao possibilitar uma


avaliação qualitativa dos níveis de frequência e impacto. Isso é feito ao
considerar uma série de fatores relevantes, como a natureza do processo em
análise, o porte da empresa e o segmento do mercado em que opera, entre
outros aspectos. Essa abordagem holística permite uma compreensão mais
completa e precisa dos riscos envolvidos, facilitando a tomada de decisões
estratégicas e a implementação de medidas adequadas de gerenciamento
de riscos.

A importância da matriz de risco reside na sua capacidade de auxiliar


na tomada de decisão sobre a aceitação de riscos e na priorização das áreas
que requerem atenção prioritária. Ao utilizar essa ferramenta, as empresas
podem avaliar de maneira mais abrangente e equilibrada os riscos a que
estão expostas, permitindo uma gestão mais eficaz e estratégica dos riscos
empresariais. Isso garante que a busca pelo cumprimento regulatório não
ocorra em detrimento da consideração de outros riscos relevantes para o
negócio (Spira; Page, 2003).

A incorporação dessa ferramenta de gestão, devidamente aplicada em


conformidade com as normativas pertinentes, emerge como uma abordagem
altamente eficaz para discernir possíveis vulnerabilidades dentro do contexto
da nova legislação. A capacidade de identificar e analisar minuciosamente os
riscos representa um elemento crítico e primordial para o eficaz gerencia-
mento desses mesmos riscos e para a subsequente mitigação de seus impactos
adversos (Kaplan; Leonard; Mikes, 2020).

Devido ao amplo número de pessoas identificadas como PEPs e à exten-


são das medidas de controle aplicadas a indivíduos com conexões familiares ou
comerciais, a probabilidade de que o risco se materialize é categorizada como
“POSSÍVEL”. No entanto, o impacto desse risco é avaliado como “MODE-
RADO”. Essa avaliação leva em conta a robusta estrutura de conformidade já
implementada nas instituições financeiras, especialmente após a publicação
da Circular BACEN 3.978/2020.
PROJETO DE LEI 2720/2023 E AS IMPLICAÇÕES PARA O MONITORAMENTO DE PESSOAS
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Tabela 1 – Matriz de Risco do Overcompliance


Frequência (Probabilidade de Ocorrência)
Matriz de Risco
(Impacto x Frequência) Extremamente
Remota Provável Possível
Remota

Crítico 4 8 12 16
Impacto (Severidade)

Severo 3 6 9 12

Moderado 2 4 6 8

Reduzido 1 2 3 4

Fonte: Elaborado pelo autor (2024).

A matriz de riscos, ao nos possibilitar uma análise minuciosa e inter-


-relacional das incidências de impacto e frequência, desempenha um papel
crucial na categorização de riscos. Por meio da associação das cores nos qua-
drantes resultantes, obtém-se uma representação visual que guia a avaliação
desses riscos. No cenário atual, nota-se que a localização se encontra nos qua-
drantes laranja, o que implica na necessidade de adotar um controle rigoroso.
Quando se depara com um cenário em que os riscos estão mapeados
predominantemente nos quadrantes laranja, como é o caso aqui apresentado,
isso aponta inequivocamente para a necessidade de um reforço significativo
das medidas de controle. Esse cenário é um claro indicativo de que uma vigi-
lância intensificada se torna imperativa, demandando uma atenção ainda mais
minuciosa e abrangente em relação ao tópico em foco. Em outras palavras,
está-se diante de uma situação em que os mecanismos de controle previamente
estabelecidos devem ser não apenas aprimorados, mas também fortalecidos
substancialmente, para garantir uma gestão eficaz dos riscos identificados,
visando a manutenção da segurança e integridade operacional.
A urgência desse aprimoramento se baseia na necessidade premente de
reduzir substancialmente a probabilidade de ocorrência de atividades ilícitas
ou situações de elevado risco. Nesse contexto, é de importância crítica que
a organização concentre seus esforços de maneira contundente na melhoria
e expansão de seus mecanismos de controle, garantindo, desse modo, uma
eficaz mitigação desses riscos. Esse enfoque é fundamental para preservar com
efetividade a integridade e a segurança de suas operações. Em síntese, a análise
da matriz de riscos orienta a adotar medidas proativas e decisivas, com vistas
a resguardar de maneira robusta e consistente os interesses da organização.
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Considerações finais
Este estudo se propôs a analisar, à luz da Teoria do Controle Social,
as razões pelas quais as instituições financeiras adotam regulamentos mais
rigorosos na análise das transações financeiras de parlamentares e outros in-
divíduos classificados como PEPs como parte de suas políticas de prevenção
e detecção de indícios de lavagem de dinheiro.
Os objetivos foram atingidos, destacando que o tratamento diferenciado
dado às PEPs decorre das obrigações internacionais assumidas pelo Brasil.
O não cumprimento dessas obrigações não apenas fragilizaria o processo de
detecção de lavagem de dinheiro, mas também prejudicaria a imagem do Brasil
em organizações internacionais como o GAFI e a OCDE.
No entanto, é evidente que a forma atual de monitoramento entra em
conflito com o princípio constitucional da presunção de inocência e há pre-
ocupações com possíveis abusos por parte das instituições financeiras. Além
disso, o risco de prejudicar o processo de detecção de indícios de lavagem
de dinheiro devido a uma abordagem excessivamente rigorosa está em um
nível de controle muito elevado. Portanto, é necessário redobrar os cuidados
e a atenção a esse assunto, fortalecendo os controles existentes para reduzir a
possibilidade de práticas ilícitas.
Isso destaca a importância de debater amplamente o monitoramento de
PEPs na sociedade e na academia, um tópico que foi negligenciado devido à
rápida aprovação do projeto de lei correspondente pela Câmara dos Deputados.
Acredita-se que essa discussão não deve ser omitida novamente pelo Senado
Federal, a casa responsável pela revisão desse projeto.

TITLE: Bill 2720/2023 and the implications for the monitoring of politically exposed persons

ABSTRACT: On July 14, 2023, the Chamber of Deputies approved Bill 2720/2023 with 252 votes in
favor and 163 against. This sparked protests from parliamentarians due to the content and speed of the
analysis. The bill focuses on criminalizing discrimination against politicians, especially in relation to fi-
nancial institutions. Politicians face strict financial scrutiny and regulations aimed at preventing large-scale
corruption. This research analyzes why financial institutions monitor politicians and Politically Exposed
Persons (PEPs) in the light of Social Control Theory. For this research, we opted for the technique of
literature review and documentary analysis on the topic in question. We concluded that there is fertile
ground for debate in society and academia on the monitoring of PEPs, especially considering the hasty
approval of the aforementioned Bill by the Chamber of Deputies. We believe that this discussion should
no longer be neglected and we hope that the Federal Senate, as the body responsible for reviewing the
bill, will consider this issue with due attention.

KEYWORDS: Criminology. Social controls. Criminalization. Political activity. Anti-money laundering.


PROJETO DE LEI 2720/2023 E AS IMPLICAÇÕES PARA O MONITORAMENTO DE PESSOAS
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Recebido em: 02.12.2023


Aprovado em: 12.03.2024

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