BUMBA MEU BOI DO MARANHÃO Historia e Tradição
BUMBA MEU BOI DO MARANHÃO Historia e Tradição
BUMBA MEU BOI DO MARANHÃO Historia e Tradição
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”Essa descaracterização pode ser vista como uma tentativa de
apropriação de um bem simbólico para atender interesses político-
econômicos, estimulando a espetacularização de uma tradição secular. Por
outro lado, há uma parcela da população carente de políticas públicas e
estímulos aos valores culturais, que segue o que é difundido na mídia como
referencial de “bom gosto” e de “atualidade.” É a cultura popular sendo
reinventada em uma espécie de negociação entre o local e o global,
mediada e validada com o consentimento das comunidades sociais.”
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Fundada em 1612 e colonizada por europeus, a cidade de São Luís, é
carinhosamente chamada de “Atenas Brasileira”, “Cidade dos
Azulejos” e “Ilha do Amor”.
Cercada de praias e ornada por uma valiosa arquitetura de casarios e
sobrados coloniais portugueses, no início da sua ocupação a região
abrigava apenas ocas de madeira e palha, onde os índios tupinambás
viviam da agricultura de subsistência.
Se os franceses fundaram a cidade e os portugueses deixaram fortes
marcas arquitetônicas, deve-se aos africanos e índios a herança do
artesanato, música, dança e folclore da capital maranhense, fazendo de São
Luís um dos maiores pólos culturais do país e a terceira maior comunidade
negra brasileira, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro e Salvador.
As manifestações culturais e religiosas são as maiores riquezas,
concentradas no Centro Histórico.
O “tambor de crioula” é um dos rituais mais populares da cultura afro do
Maranhão, uma celebração que homenageia São Benedito, reverenciado
fervorosamente pelos brincantes, com um belíssimo ritual de música e
dança.
Quem visita São Luís, também não pode deixar de conhecer a festa do
Divino Espírito Santo, uma tradição que chegou ao Brasil através dos
açorianos no século XVI e representa, hoje, uma das manifestações
folclóricas mais importantes do Maranhão. Marcada pelo sincretismo
religioso, a festa do Divino recebeu influências da cultura indígena e está
associada também a outros santos católicos e de casas de cultos afro-
maranhenses.
Mas a festa do bumba-meu-boi é a mais conhecida festa folclórica de São
Luís. O “Boi” é uma tradição que se mantém viva desde o século XVIII e
arrasta maranhenses e turistas pelas ruas do centro e da periferia nos meses
de maio, junho e julho, quando é comemorado. Existem atualmente cerca
de 300 grupos de bumbas em todo o Estado, subdivididos em vários
“sotaques” com características próprias que se destacam nas roupas,
instrumentos, músicas e coreografia.
A arquitetura de São Luís encanta pela beleza do seu conjunto que forma o
Centro Histórico. Em 1995, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional tombou a acervo arquitetônico de São Luís, composto por mais de
três mil construções em estilo neoclássico europeu dos séculos XVII e
XIX, que ocupam a área de 250 hectares. Em 1997, foi a vez da UNESCO
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conceder a São Luís o título de Patrimônio Cultural da Humanidade,
reconhecendo a importância de um dos centros históricos mais bonitos do
mundo.
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São Luís também deixou marcas positivas na literatura brasileira, sendo
berço de nomes importantes como o poeta Gonçalves Dias, Aluísio de
Azevedo, Humberto de Campos e também Sousândrade, o poeta da visão
literária que previu no século passado vários acontecimentos que marcaram
e marcarão a atualidade.
Construídos pelos senhores portugueses responsáveis pela
comercialização e produção de algodão na região, solares e sobrados
coloniais revestidos de azulejos são a marca do apogeu econômico da
capital. O bairro da Praia Grande é o mais antigo e tradicional da cidade.
Os azulejos que enfeitam a arquitetura da cidade foram trazidos da
metrópole e de países europeus para ajudar na manutenção da temperatura
no interior das casas, devido ao clima tropical e úmido.
TEXTO 1
O Bumba-meu-boi é a mais expressiva manifestação cultural do Estado e
mais reconhecida dos festejos juninos maranhenses.
É um auto que conta a estória da negra Catirina, que grávida desejou comer
a língua do boi predileto de seu amo e patrão, induzindo o seu companheiro
Pai Francisco ou Nego Chico, a matar o boi para satisfação do seu desejo.
Atualmente os grupos suprimiram a dramatização nas apresentações ao
público durante os festejos juninos, devido a grande demanda de
apresentações, mas preservaram nas toadas, a seqüência da apresentação
que compreende: o guarnicê, quando o amo do boi chama o grupo para
começar a apresentação; o lá vai, aviso de que a brincadeira está dirigindo-
se ao local de apresentação; a licença, que é o pedido de permissão para
que o grupo se apresente ao público naquele local; a saudação, quando são
cantadas toadas de louvação ao dono da casa, ao boi e ao público; o urrou,
momento que celebra a alegria de todos pelo restabelecimento do boi
depois de sido sacrificado; e a despedida, quando a brincadeira é encerrada;
há ainda toadas de meio, pedidos de favoritas, toadas de pique e
recordações, etc.
A brincadeira do bumba-meu-boi apresenta um conjunto de personagens
que podem variar segundo o sotaque em que os grupos pertencem. O
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sotaque também determina a variação na indumentária dos grupos e na
música.
Invariavelmente, os grupos dos cinco sotaques mais conhecidos têm como
personagem: o boi, figura central da brincadeira, confeccionado de buriti
(árvore frutífera denominada como buritizeiro). Esta armação é trabalhada
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