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Milton Santos - Da Sociedade A Paisagem

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SANTOS, Milton. - DA SOCIEDADE


À PAISAGEM
Myriam dos Santos

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Raphaella Valladão
Da Sociedade à Paisagem: O Significado do Espaço do Homem1
Milton Santos abril de 1978

Uma região produtora de algodão, de café ou de trigo. Uma paisagem urbana ou uma cidade de tipo europeu
ou de tipo americano. Um centro urbano de negócios e as diferentes periferias urbanas. Tudo isto são
paisagens, formas mais ou menos duráveis. O seu traço comum é ser a combinação de objetos naturais e de
objetos fabricados, isto é, objetos sociais e ser o resultado da acumulação da atividade de muitas gerações.
Em realidade, a paisagem compreende dois elementos:
1. Os objetos naturais, que não são obra do homem' nem jamais foram tocados por ele.
2. Os objetos sociais, testemunhas do trabalho humano no passado, como no presente.
A paisagem não tem nada de fixo, de imóvel. Cada vez que a sociedade passa por um processo de
mudança, a economia, as relações sociais e políticas também mudam, em ritmos e intensidades variados. A
mesma coisa acontece em relação ao espaço e a paisagem que se transforma para se adaptar às novas
necessidades da sociedade.
As alterações por que passa a paisagem são apenas parciais. De um lado alguns dos seus elementos não
mudam - ao menos em aparência - enquanto a sociedade evolui. São as testemunhas do passado. Por outro
lado, muitas mudanças sociais não provocam necessariamente ou automaticamente modificações na
paisagem.
Considerada em um ponto determinado no tempo, uma paisagem representa diferentes momentos do
desenvolvimento de uma sociedade. A paisagem é o resultado de uma acumulação de tempos. Para cada
lugar, cada porção do espaço, essa acumulação é diferente: os objetos não mudam no mesmo lapso de
tempo, na mesma velocidade ou na mesma direção.
A paisagem, assim como o espaço, altera-se continuamente para poder acompanhar as transformações da
sociedade. A forma é alterada, renovada, suprimida para dar lugar a uma outra forma que atenda às
necessidades novas da estrutura social. "A história é um processo sem fim; mas os objetos mudam e dão
uma geografia diferente a cada momento da história" dizia Kant, o filósofo e geógrafo (1802).

Espaço: Forma, Estrutura, Função


O espaço social, como toda realidade social, é definido metodologicamente e teoricamente por três
conceitos gerais: a forma, a estrutura e a função. Isto significa que todo espaço social pode ser o objeto de
uma análise formal, estrutural e funcional (Lefebvre, 1974, p. 172). Entretanto, seria um erro conduzir cada
uma dessas análises em separado. A interpretação de um espaço ou de sua evolução só é possível através de
uma análise global que possa combinar simultaneamente estas três categorias analíticas - forma, estrutura,
função - porque a relação é não somente funcional como estrutural. Lefebvre (1961, p. 161) por sua vez,
considera que forma, estrutura e função "conseguem identificar-se completamente e são consideradas mais ou
menos equivalentes aos termos de um 'todo' existente ou uma 'totalidade"'.
Os movimentos da totalidade social modificando as relações entre os componentes da sociedade, alteram
os processos, incitam a novas funções. Do mesmo modo, as formas geográficas se alteram ou mudam de
valor; e o espaço se modifica para atender às transformações da sociedade.
Se se separa estrutura e função chega-se ou a um estruturalismo a-histórico e formal ou a um
funcionalismo prisioneiro do caráter conservador de toda instituição, com o que se abandona o problema da
transformação. Se se considera apenas a forma, cai-se no empirismo.
Por outro lado, não é suficiente combinar estrutura e forma ou função e forma. No primeiro caso,
equivaleria a supor uma relação sem mediação; no segundo, uma mediação sem causa motora.
Em realidade nenhuma dessas três categorias existe separadamente e apenas sua utilização combinada
pode restituir-nos a totalidade em seu movimento.
1
Extraído de SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. São Paulo: Hucitec, 1986.

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