Anais 4o Congresso de Fonoaudiologia Final 1
Anais 4o Congresso de Fonoaudiologia Final 1
Anais 4o Congresso de Fonoaudiologia Final 1
4º Congresso de Fonoaudiologia
da Faculdade de Medicina da UFMG
FON
Departamento de
Fonoaudiologia
INSTITUIÇÃO
Reitora:
Sandra Regina Goulart Almeida
Pró-reitor de Pesquisa:
Fernando Marcos dos Reis
Coordenação do Colegiado:
Luciana Mendonça Alves
COMISSÃO ORGANIZADORA
COMISSÃO CIENTÍFICA
Profª. Dra. Amélia Augusta de Lima Friche
Profª. Dra. Denise Brandão de Oliveira e Britto
Doutor Ualisson Nogueira do Nascimento
Doutoranda Graziela Nunes Alfenas Fernandes
Bianca Guimarães Rocha
Sofia Romagnoli Borges Lima
AVALIADORES
Motricidade Orofacial
MOO011 Pontos termoanatômicos da face: comparação entre meninos e meninas
Autores: Amanda Freitas Valentim; Júlia Ana Silva; Patrícia Vieira Salles; Renata Maria
Moreira Moraes Furlan; Matheus Pereira Porto; Andréa Rodrigues Motta; Ana Cristina
Côrtes Gama
Resumo:
Objetivo: comparar a temperatura dos pontos termoanatômicos da face, obtida pela
termografia, entre os sexos de crianças respiradoras nasais.
Métodos: estudo observacional transversal realizado com 30 crianças respiradoras nasais
de 4 a 11 anos, média de 7,5 anos, de ambos os sexos. Foi realizada termografia da face
dos participantes, que permaneceram por 15 minutos em uma sala com temperatura de
21±1°C para aclimatação antes de realizar o exame. Após esse tempo, o participante foi
posicionado sentado em uma cadeira, com as pernas a 90º em relação ao tronco. Foi
utilizada a câmera termográfica FLIR A315 para registrar três termogramas de cada
participante em repouso, sendo um frontal, um de perfil direito e um do esquerdo. Foi
avaliada a temperatura média de cada um dos 14 pontos termoanatômicos no termograma
frontal, sendo sete em cada hemiface: Temporal, Supratroclear, Comissura Palpebral Medial,
Comissura Palpebral Lateral, Nasolabial, Comissura Labial e Labial Inferior. De perfil, foram
avaliados 12 pontos, sendo seis de cada lado: Temporal, Articulação Temporomandibular,
Meato Acústico Externo, Comissura Palpebral Lateral, Nasolabial e Comissura Labial. Foi
realizada comparação entre os sexos por meio dos testes T e Mann Whitney. Esse estudo
foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UFMG sob o parecer 3.695.491, CAAE
21641019.5.0000.5149.
Resultados: Nos meninos, a temperatura média dos pontos termoanatômicos variou de
33,02°C (no ponto Nasolabial) a 34,86°C (no ponto Comissura Palpebral Medial) no
termograma frontal e nas meninas foi de 33,04°C a 34,96°C nos mesmos pontos. Em
relação ao termograma de perfil, nos meninos a temperatura foi de 32,74°C (no ponto
Nasolabial) a 34,83°C (no ponto Temporal) e nas meninas 32,94°C a 34,75°C nos mesmos
pontos. Não houve diferença de temperatura estatisticamente significante entre meninos e
meninas.
Conclusão: Não houve diferença na temperatura dos pontos termoanatômicos entre os
sexos.
Saúde Coletiva
SCO003 Saúde do professor e fatores psicossociais: revisão sistemática
Autores: Nayara Ribeiro Gomes; Caroline Castro de Assis Santos; Bárbara Antunes
Rezende; Adriane Mesquita de Medeiros
Resumo:
Objetivos: analisar as associações entre os fatores psicossociais do trabalho e o
adoecimento de professores da educação básica evidenciados na literatura científica.
Métodos: revisão sistemática realizada segundo as recomendações do Preferred Reporting
Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) e registrada no International
Prospective Resgister of Systematic Reviews (PROSPERO) sob o número
CRD42021234983. As bases de dados consultadas foram: Portal BVS, Medline, Cinahl,
Scopus, Web of Science, PsycINFO e Embase. Foram incluídos: estudos publicados entre
os anos de 2011 e 2021, em português, inglês ou espanhol; realizados com professores que
atuam em qualquer nível de ensino, exceto no ensino superior; que investigaram os fatores
psicossociais do trabalho; que verificaram presença de morbidades em professores e
apresentaram texto disponível na íntegra. Os descritores DeCS/MeSH utilizados foram:
(docentes OR faculty OR docentes OR "corps enseignant" OR "corpo docente" OR docente
OR educador OR educadores OR professor OR professores OR teacher OR teachers) AND
("doenças profissionais" OR "occupational diseases" OR "enfermedades profesionales" OR
"maladies professionnelles" OR "doenças ocupacionais" OR "doenças do trabalho" OR
"saúde do trabalhador" OR "occupational health" OR "salud laboral") AND ("impacto
psicossocial" OR "psychosocial impact" OR "impacto psicosocial" OR "impact psychosocial"
OR "apoio social" OR "social support" OR "apoyo social" OR "soutien social" OR "fatores
psicossociais" OR "psychosocial factors"). No total, foram identificados 861 estudos. A
seleção dos artigos ocorreu nas seguintes etapas: 1- remoção das duplicatas, 2- leitura de
títulos e resumos para selecionar os estudos elegíveis; 3 - extração dos dados: autores, ano
de publicação, país de realização do estudo, caracterização da amostra, fatores
psicossociais investigados, instrumento utilizado para avaliação dos fatores psicossociais,
principais achados e desfecho em saúde; 4 - avaliação da qualidade metodológica do estudo
por meio da ferramenta QATQS desenvolvida pelo grupo Effective Public Health Practice
Project (EPHPP). Todos os processos de seleção ocorreram de forma independente, por
pares. As discordâncias foram decididas por consenso e na impossibilidade da decisão
houve a avaliação de uma terceira pesquisadora.
Resultados: após serem aplicados os critérios de elegibilidade, 15 artigos compuseram a
revisão. Os estudos encontrados foram realizados em países da Europa, Ásia, África,
Oceania e Américas do norte e do sul, todos são do tipo transversal e o idioma foi
predominantemente a língua inglesa. Em relação aos fatores psicossociais associados ao
adoecimento dos professores foram encontrados: apoio social, carga de trabalho, demanda
e controle do trabalho, recompensa, autonomia e demandas relacionais. Quanto ao
adoecimento dos professores foram identificados os transtornos mentais comuns (TMC) –
ansiedade, depressão e exaustão emocional, (53,3% n=8), dores musculoesqueléticas
(DME) – dor lombar, ombros, braços, pernas (26,7% n=4) e Síndrome de Burnout (6,6%
n=1). Outros dois estudos identificaram de maneira combinada depressão e Síndrome de
Burnout (6,6% n=1) e depressão e dores musculoesqueléticas (6,6% n=1).
Conclusões: Professores apresentam morbidades relacionadas a saúde mental, a DME e a
Síndrome de Burnout. Essas doenças mostraram-se associadas ao baixo apoio social, carga
elevada e alta demanda de trabalho, desequilíbrio esforço-recompensa, baixo controle no
trabalho, prejuízo na relação entre professor e aluno, intimidação e insegurança no local de
trabalho.
Voz
VOZ010 Limitação no trabalho por distúrbios de voz em professores da educação básica
brasileira
Autores: Talisson Farley Evangelista Antunes; Andrezza Maynara Vieira Araújo; Adriane
Mesquita de Medeiros
Resumo:
Objetivo: Analisar a prevalência da limitação no trabalho por distúrbio de voz de professores
brasileiros da educação básica das escolas metropolitanas nas Unidades Federativas (26
estados e o Distrito Federal) e a relação com a jornada de trabalho, ruído autorreferido e IVS
das escolas.
Métodos: Estudo observacional transversal de abrangência nacional aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa local sob o parecer nº1.305.863. Considerou-se como critério de
inclusão atuar em sala de aula no período da coleta de dados, de outubro de 2015 a março
de 2016. Foram inelegíveis os professores que não trabalhavam em escola identificada pelo
Censo Escolar 2014; escolas sem telefone, número inoperante ou que trabalhavam em
escolas rurais. Todos os participantes aceitaram os Termos de Consentimento Livre e
Esclarecido e responderam às perguntas por contato telefônico. A variável resposta foi a
limitação no trabalho por distúrbio de voz, com a pergunta: “Nas últimas 4 semanas, você
está tendo problema no trabalho ou para desenvolver sua profissão por causa da sua voz?”.
As respostas foram agrupadas em sim (frequentemente/às vezes) e não (raramente/nunca
ou quase nunca). As variáveis explicativas foram: idade, sexo (masculino, feminino), nível de
ensino (EJA/profissionalizante, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e
outros), jornada de trabalho por 40 horas/semana ou mais (não/sim), percepção de ruído
intenso com necessidade de elevar a voz (frequentemente/às vezes, raramente/nunca),
Índice de Vulnerabilidade Social no município em 2010 agrupadas em muito baixo/baixo,
médio, alto/muito alto. A análise de dados foi realizada por meio da distribuição de
frequência e modelo multivariado de regressão de Poisson com variância robusta (razão de
prevalência ajustada), utilizando o STATA 13.0.
Resultados: Do total de 4979 professores estudados, foram predominantes mulheres
(80,99%), professores com carga horária de 40 horas/semana ou mais (55,34%), que
relataram ruído elevado (64,87%) e IVS muito baixo/baixo (59,09%), sendo a maior parte
com idade até 34 anos (31,72%), atuando em nível de ensino fundamental (20,19%) ou mais
de um nível (49,25%). Verificou-se que a média nacional de limitação no trabalho por
distúrbio vocal foi de 20,37%. A prevalência dessa limitação nas Unidades Federativas
variou entre 13,39% (Espírito Santo) a 45,33% (Amapá). Das grandes regiões a prevalência
maior foi no Norte e Nordeste. Houve associação estatisticamente significante entre a
limitação no trabalho por distúrbio vocais, sexo feminino, nível de ensino; fundamental ou
mais de um nível; jornada de trabalho de 40 horas semanais ou mais, ruído elevado no
trabalho e IVS médio e alto/muito alto.
Conclusão: A prevalência dos professores com limitação no trabalho por distúrbios vocais
no Brasil foi de 20,37%, e nas unidades federativas variou entre 13,39% (Espírito Santo) e
45,33% (Amapá). A maior prevalência do desfecho foi observada entre as mulheres
professores que trabalham mais de 40 horas, no ensino fundamental ou mais de um nível,
que relataram ruído elevado no trabalho e de escolas com IVS médio, alto/muito alto.]
Premiados - Menção honrosa
Linguagem
LGG005 Desenvolvimento, aplicabilidade e usabilidade de um aplicativo para avaliação de
fluência leitora
Autores: Luiza de Andrade e Silva Catti; Amanda Mariane Paulino Gualberto; Gabriela de
Lima Ribeiro; Isa Mourão Carvalho; Mariana Rezende Nonato; Pedro Andrade Militão;
Thales Santos Batista; Letícia Correa Celeste; Luciana Mendonça Alves.
Resumo:
A fluência leitora é definida como capacidade de ler com precisão, rapidez e entonação
adequada. Sua avaliação possibilita monitorar o desempenho acadêmico e detectar
possíveis dificuldades na leitura, viabilizando a intervenção precoce e desenvolvimento de
estratégias específicas. Países como Estados Unidos e Austrália possuem políticas públicas
para monitorar a fluência leitora, visando intervir precocemente quando necessário. No
Brasil, este cenário ainda não é uma realidade. Está em desenvolvimento, a pedido do
Ministério da Educação (MEC), uma ferramenta para avaliação automática da fluência
leitora, sendo necessárias ações junto às escolas para os testes preliminares com o sistema
em desenvolvimento. O objetivo do presente estudo é apresentar resultados iniciais da
primeira fase do projeto de desenvolvimento da ferramenta de avaliação automática da
fluência leitora. É um estudo observacional descritivo e transversal, com amostra
selecionada por conveniência. Participam do projeto de desenvolvimento da ferramenta:
equipe de Engenharia de Software, responsável pelo componente estrutural da ferramenta;
que desenvolveu um sistema de coleta dos áudios de leitura de fácil utilização, com
cadastramento prévio dos alunos, processo sequencial de gravação e armazenamento dos
arquivos em repositório do projeto; e equipe de Inteligência Artificial e Processamento de
Linguagens Naturais (IA-PLN), responsável pela análise de fluência no software, que
desenvolveu uma metodologia de marcação de ocorrências de leitura por meio da
ferramenta Teamtat. Paralelamente, foi desenvolvido material de aplicação das provas de
leitura, composto por uma lista com 24 palavras, 24 pseudopalavras e um texto narrativo.
Para realizar testes preliminares do software, foram feitas gravações de leitura de alunos do
2º e 3º anos de três escolas: estadual (São José dos Campos) federal e privada (Belo
Horizonte) e análise dos áudios usando o software Lepic, com posterior devolutiva para
equipe pedagógica e discussão dos casos de escolares que demandavam ajuda.
Participaram da análise e anotação dos erros cinco acadêmicos de Fonoaudiologia. Foram
marcadas 329 amostras de leitura gravadas antes da ida às escolas e disponibilizadas para
o projeto, possibilitando análise inicial da performance do software em desenvolvimento. Nas
visitas às escolas participaram dez acadêmicos de Fonoaudiologia, sob orientação da
docente responsável pelo grupo. Este momento possibilitou levantar pontos de melhoria no
coletor e avaliar seu funcionamento em diferentes condições de infraestrutura. Foram
incluídos na pesquisa 224 escolares, 119 do 2º ano e 105 do 3º ano. Os estudantes da
escola privada apresentaram a maior média de velocidade de leitura (palavras lidas por
minuto – PPM), sendo 94,22 no 2º ano e 107,94no 3º ano; seguido da escola estadual, com
médias de 74,77 PPM no 2º ano e 90,13 PPM no 3º ano. Por fim, a escola federal
apresentou média de 62,36 PPM no 2º ano e 74,69 PPM no 3º ano. O desenvolvimento de
uma ferramenta de análise automática da fluência leitora envolve equipe especializada
multidisciplinar e consiste em etapas de alinhamento das demandas e expectativas durante
o processo. A variação das médias entre as escolas enfatiza a importância do
monitoramento como política pública, permitindo identificar contextos mais vulneráveis e
intervir assertivamente.
Motricidade Orofacial
MOO007 Análise termográfica da região do músculo masseter pós treinamento funcional em
indivíduos com DTM muscular
Autores: Mariana Souza Amaral; Yasmim Carvalho Telson; Patrícia Vieira Salles; Daiana
Carola de Souza Teles; Renata Maria Moreira Moraes Furlan; Camila Megale Almeida-Leite;
Andréa Rodrigues Motta.
Resumo:
Objetivo: o objetivo do trabalho foi analisar a temperatura da região do músculo masseter
após a realização de um treinamento funcional de mastigação e deglutição em sujeitos com
DTM muscular, utilizando a termografia infravermelha.
Métodos: foi realizado um estudo comparativo experimental, aprovado pelo Comitê de Ética
e Pesquisa sob o número 5.019.514. Participaram do estudo 13 voluntários adultos,
diagnosticados com DTM muscular pelo DC/TMD. Além do DC foi realizada avaliação
miofuncional orofacial de cada participante. Esses foram alocados de forma randomizada
em dois grupos: grupo controle (n=8) tratado com orientação e educação em dor e grupo
caso (n=5) tratado com 12 sessões de treinamento funcional de mastigação e deglutição
além da orientação e educação em dor. Para a avaliação termográfica foi utilizada câmera
FLIR A315®, lente Flir (18 mm). A câmera foi posicionada em um tripé, com 90° de
angulação em relação ao chão. Os participantes foram posicionados sentados, com as
pernas alinhadas ao solo, a 90° em relação ao tronco e cabeça em posição habitual, com
distância de um metro da câmera. A coleta seguiu as recomendações da American
Academy of Thermology. Os termogramas coletados foram analisados por meio do
programa Visionfy (Thermofy®, Brasil) e a região de interesse, região de masseter, foi
selecionada nos termogramas utilizando a ferramenta retângulo, a qual permite obter a
temperatura média dentro de uma região retangular. Para a comparação pré e pós terapia
foi utilizada temperatura média do músculo masseter, de cada lado, em ambos os grupos.
Resultados: no grupo controle houve aumento da temperatura média para ambos os lados
(de 32,4º para 32,63º – masseter direito e de 32,89º para 32,91º para masseter esquerdo).
No grupo caso houve redução da temperatura da região de masseter direito (de 32,52º para
32,03º) e aumento da temperatura média do lado esquerdo (de 32,36º para 32,45º).
Conclusão: a maior diferença foi observada na temperatura média na região do músculo
masseter do lado direito no grupo caso, com redução de 0,49ºC. Tal resultado pode estar
relacionado com a média de dor encontrada na avaliação clínica, que no grupo caso foi
maior do lado direito, ao contrário do grupo controle, que foi maior do lado esquerdo.
Voz
VOZ001 Análise do efeito imediato do Shaker® em indivíduos com e sem queixa vocal
Autores: Miriã Isabela dos Santos Dantas; Lorena Rosa Costa Nogueira; Ana Cristina
Côrtes Gama; Renata Maria Moreira Moraes Furlan.
Resumo:
Objetivo: analisar o efeito imediato do exercício de oscilação oral de alta frequência
sonorizada, utilizando o dispositivo Shaker®, associado à emissão vocal por três minutos.
Métodos: foi realizado estudo experimental comparativo intra-sujeitos, com aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa (parecer 5.179.611). Participaram do estudo 50 indivíduos, 25
do sexo masculino, com idade entre 19 e 42 anos (média de 24,84 e desvio-padrão de 4,8
anos) e 25 do sexo feminino, com idade entre 19 e 56 anos (média de 29,28 e
desvio-padrão de 9,3 anos). Os participantes preencheram a Escala de Sintomas Vocais e a
escala visual numérica sobre a autopercepção do desconforto vocal e foram submetidos, em
sala acusticamente tratada, à gravação da voz durante a emissão da vogal /ɛ/ prolongada,
em tempo máximo de fonação, e contagem de 1 a 10. Os participantes sopraram o bocal do
Shaker®, emitindo a vogal /u/ por três minutos, e, posteriormente, foi realizada novamente a
gravação da voz e o preenchimento da escala numérica de autopercepção quanto ao
desconforto vocal. As amostras vocais foram submetidas à análise acústica por meio do
software VoxMetria versão 5.0, para obtenção do número de harmônicos, frequência
fundamental (F0), ruído, glottal to noise excitation (GNE), Jitter e Shimmer. A análise das
medidas cepstrais: cepstral peak prominence (CPP) e cepstral prominence-smoothed
(CPPS) foram extraídas do software PRAAT versão 6.2. As gravações também foram
submetidas à análise perceptivo-auditiva, realizada por três fonoaudiólogos especialistas em
voz. Estes classificaram os pares de vozes em “melhorou”, “sem alteração” ou “piorou”.
Vinte por cento da amostra foi replicada aleatoriamente para averiguação da concordância
intra-avaliador, obtendo-se 100% de concordância. Os dados foram analisados
considerando-se os seguintes grupos: homens com queixa, homens sem queixa, mulheres
com queixa e mulheres sem queixa, comparando-se os momentos antes e após a prática do
exercício. Foram utilizados os testes T-pareado e de Wilcoxon, com nível de significância de
5% nas análises.
Resultados: após o exercício houve diminuição do jitter (p=0,048) no grupo de homens com
queixa e do shimmer no de homens sem queixa (p=0,042). O grupo de mulheres com queixa
apresentou aumento do número de harmônicos (p=0,011), da frequência fundamental
(p=0,011), dos valores de CPP (p=0,002) e CPPS (p=0,014) da vogal sustentada e
diminuição do jitter (p=0,014), enquanto as mulheres sem queixa vocal apresentaram
aumento de GNE (p=0,013). Todos os grupos apresentaram diminuição significativa do
desconforto vocal (p=0,009; p=0,022; p=0,002; p=0,009, respectivamente). A avaliação
perceptivo-auditiva não indicou alteração vocal para a maior parte dos participantes.
Conclusão: o exercício de oscilação oral de alta frequência sonorizada, utilizando o
dispositivo Shaker®, realizado por três minutos, foi capaz de promover mudanças acústicas
e aliviar o desconforto vocal em todos os grupos analisados, sendo as maiores mudanças
verificadas no grupo de mulheres com queixa vocal.
VOZ003 Efeitos imediatos do laser de baixa potência em mulheres sem alteração vocal e
em disfônicas
Autores: Viviane Souza Bicalho Bacelete; Andréa Rodrigues Motta; Flávio Barbosa Nunes;
Elisa Meiti Ribeiro Lin Plec; Marco Aurélio Rocha Santos; Ana Cristina Côrtes Gama
Resumo:
Objetivo: Avaliar dose, segurança e efeito imediato do LASER (Amplificação por Emissão
Estimulada de Radiação) de baixa potência em mulheres vocalmente saudáveis em uma
única sessão, associado à técnica vocal de vibração de língua sonorizada. Esse estudo se
propôs a identificar uma janela terapêutica de aplicação do LASER de baixa potência no
comprimento de onda infravermelho a partir de autopercepção de desconforto fonatório e
medidas acústicas.
Métodos: Trata-se de uma pesquisa experimental realizada com 36 mulheres vocalmente
saudáveis entre 18 e 45 anos, com fototipo cutâneo de I a III (de acordo com escala de
Fitzpatrick) e Índice de massa corporal (IMC) abaixo de 25. As participantes foram
randomizadas por sorteio simples, para a composição de quatro grupos, com nove em
cada, sendo: Grupo 1 (G1): Fotobiomodulação placebo seguida de Técnica de Vibração
Sonorizada de Língua (TVSL); Grupo 2 (G2): fotobiomodulação à 3 Joules (J) por ponto
(total 21 J) seguida de TVSL; Grupo: 3 (G3) fotobiomodulação à 6 Joules (J) por ponto (total
42 J) seguida de TVSL e; Grupo 4 (G4) fotobiomodulação à 9 Joules (J) por ponto (total 63
J) seguida de TVSL. Utilizou-se o equipamento da marca DMC, modelo Therapy EC, 100
mW de potência e spot de saída com área de 0,028 cm2 e a forma de aplicação foi a pontual
em pontos anatômicos estabelecidos para localização do nível glótico e dos principais
músculos intrínsecos da laringe. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(COEP) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob o número 4.704.038 e
realizado com o consentimento das participantes. Os desfechos avaliados foram
autopercepção do desconforto fonatório a partir da Escala Analógico Visual (EVA) e análise
acústica com as medidas espectrais Jitter, Shimmer, Amplitude Perturbation Quotient (APQ),
Noise Harmonic Ratio (NHR), Period Perturbation Quotient (PPQ) e as medidas cepstrais
Cepstral Peak Proeminence (CCP) e Cepstral Peak Prominence-Smoothed (CPPS).
Resultados: A idade variou entre 18 e 45 anos (média 34) e IMC entre 16 e 24,5 (média
21,4). Os grupos foram homogêneos quanto às características relativas à idade, fototipo
cutâneo e IMC (p>0,05). Em relação à autopercepção do desconforto fonatório, todas as
participantes negaram desconforto nos quatro grupos avaliados. Não houve diferença
estatisticamente significante nos parâmetros acústicos entre os momentos de intervenção
nos grupos ou entre grupos G1, G2 e G3 (p> 0,05). No G4 houve redução das medidas de
aperiodicidade de amplitude (APQ e shimmer) (p˂0,05) e um comportamento de aumento
das medidas cepstrais após o experimento.
Conclusão: Os resultados indicam que a aplicação do LASER de baixa potência não
influenciou a autopercepção de desconforto vocal evidenciando segurança para sua
utilização na clínica. A análise de dados isolados dos momentos pré e pós intervenção
demonstrou melhora das medidas acústicas após aplicação da luz infravermelha à 9J de
energia, podendo esses parâmetros constituírem potenciais parâmetros ótimos de irradiação
e, consequentemente, uma possível janela terapêutica a ser recomendada na clínica vocal
em mulheres de pele clara e IMC normal.
Fonoaudiologia Educacional
EDU002 Monitoramento da fluência leitora durante a pandemia da Covid-19
Autores: Isa Mourão Carvalho; Luiz Felipe dos Santos; Gabriela de Lima Ribeiro; Laura de
Souza Cardoso Freire; Vanessa de Oliveira Martins-Reis; Ludimila Labanca; Leticia Correa
Celeste; Luciana Mendonça Alves
Resumo:
Objetivos: As medidas adotadas para atenuar o avanço da Covid-19 impactaram
negativamente em diversas áreas, incluindo a educação. Segundo o relatório das Nações
Unidas, aproximadamente 94% dos estudantes em todo o mundo foram afetados. Pesquisas
internacionais avaliaram o impacto do fechamento de escolas no desempenho acadêmico
de alunos do ensino fundamental e observaram piora na aprendizagem de habilidades como
leitura e compreensão. Com os dados obtidos, é possível intervir de forma mais assertiva
para prevenir e superar o comprometimento do progresso acadêmico dos estudantes.
Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar o progresso da fluência leitora em escolares
do 2° ao 5° ano do Ensino Fundamental durante o ensino remoto.
Métodos: Trata-se de um estudo observacional, longitudinal e transversal, exploratório.
Participaram do estudo alunos do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola da
rede privada. As gravações das leituras foram realizadas em março, setembro e dezembro
de 2020 e março de 2021. A primeira ocorreu de forma presencial, em ambiente escolar,
utilizando um computador portátil conectado a um microfone unidirecional de cabeça e o
software Praat. As demais foram feitas de forma remota, pelo aplicativo Zoom. A avaliação
da fluência de leitura foi realizada com textos adequados para cada ano escolar. Os
parâmetros analisados foram: quantidade de palavras lidas por minuto (PPM) - taxa de
fluência - e quantidade de palavras lidas corretamente por minuto (PCPM) - acurácia.
Realizou-se a análise estatística descritiva das variáveis e utilizou-se testes Anova para
medidas repetidas com a correção de Bonferroni, no estudo longitudinal, e o teste T, no
estudo transversal.
Resultados: O estudo longitudinal incluiu 75 alunos do 2º ao 5º ano do Ensino
Fundamental. Os valores encontrados para as medidas de PPM e PCPM mostraram que
houve diferença estatisticamente significativa (p-valor <0,05) na comparação do
desempenho dos alunos no período de avaliação, evidenciando evolução da fluência leitora.
Houve um aumento das médias de PPM e PCPM entre março e dezembro de 2020, com
destaque para o 2º e 3º ano. Já em março de 2021, observou-se queda nos resultados em
todas as turmas. No estudo transversal, participaram 162 estudantes do 2º ao 5º ano do
ensino fundamental. Nesse estudo, apenas a comparação entre o 2º ano de 2020 e 2021
apresentou diferença estatisticamente relevante (p-valor <0,05). O desempenho da turma
que realizou a avaliação pré-pandemia (2020) foi melhor que o da turma que realizou
durante a pandemia (2021).
Conclusões: Observou-se evolução dos alunos do 2º ao 5º ano na habilidade de fluência
leitora durante o período de distanciamento social gerado pela COVID. Houve uma evolução
expressiva no 2º e no 3º ano com estabilidade dos anos seguintes. A queda no desempenho
dos alunos em março de 2021 pode ser explicada pelo fechamento das escolas durante as
férias escolares, o fenômeno “Summer Learning Loss”. Além disso, o 2º ano de 2021 foi a
turma mais afetada pelo contexto pandêmico considerando o desenvolvimento da leitura.
Linguagem
LGG004 Orientações a familiares de crianças que gaguejam no ambulatório de
fonoaudiologia na clínica escola
Autores: Iga Carnevalli, Denise Brandão de Oliveira e Britto
Resumo:
Objetivo: Relatar a experiência e o efeito das orientações do grupo de pais de crianças e
adolescentes que gaguejam.
Metodologia: Trata-se de um relato de experiência. Participaram do grupo responsáveis por
crianças e adolescentes com gagueira, em tratamento semanal. Todos os participantes
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da instituição. Foram realizados
13 encontros, no formato de “rodas de conversa”, de 40 minutos, cada. As orientações
aconteciam enquanto as crianças eram atendidas por outros terapeutas no ambulatório de
fluência de modo a disseminar informações que pudessem amenizar condutas inadequadas
das famílias, em relação à gagueira. Foram abordados temas como: o que é a gagueira,
conhecendo mais a fundo sobre a gagueira, como intervir, bullying, soluções positivas,
direitos e deveres, a culpa não é minha, gagueira na escola, dentre outras. As rodas
possuíam um caráter sócio-interacionista onde a principal prerrogativa era promover e
estimular a interação entre a criança que gagueja, a família e a terapeuta, contavam com
atividades lúdicas de interação e apresentação, cartaz com as dúvidas, troca de
experiências, mitos e verdades, explicação sobre a gagueira, vídeos informativos,
estratégias para ajudar, produção dos pais, dinâmica e encerramento e expectativas obtidas
pré e pós grupo de orientações. Ao final da roda, os pais responderam a um questionário
com 10 perguntas de avaliação dos encontros.
Resultados: Participaram das rodas de orientações uma média de 6
responsáveis/acompanhantes por sessão, tendo um total de 8 crianças/adolescentes que
gaguejam, O tempo dos encontros foi considerado um tempo adequado por três pais e três
responderam que a duração foi curta.. Dentre os temas abordados os que tiveram maior
destaque foram: (1) a importância da família no tratamento fonoaudiológico, (2) conhecendo
mais sobre a gagueira, (3) buscando soluções positivas e (4) os direitos e deveres das
crianças que gaguejam. Todos consideraram os temas abordados como importantes e
interessantes. No questionário continha um espaço para a avaliação da terapeuta em
relação ao domínio do assunto e a sua didática durante as rodas de conversa, todos os pais
responderam de forma positiva ao questionário. Os pontos positivos relatados foram (1) o
conhecimento sobre a causa e (2) como lidar com a gagueira. Ponto negativo a ausência de
muitos pais no grupo de orientações. Ademais, os pais foram solicitados a dar uma nota de
zero a 10, sendo zero, não gostei e 10 gostei e pretendo continuar recebendo as
orientações. Todos os responsáveis deram nota 10. Além da percepção positiva sobre
mudanças no comportamento parental, os pais também avaliaram positivamente as
mudanças dos filhos, relatando melhoras nas atividades acadêmicas, no desenvolvimento
de habilidades sociais e no desenvolvimento de cuidados em prol da própria saúde.
Conclusão: Os resultados apontam que com as orientações aos pais houve melhora nas
atitudes que comprometem o desenvolvimento comunicativo, social e psicossocial. As
intervenções mostraram que os objetivos das rodas foram alcançados. Este estudo aponta
para os benefícios de uma prática positiva e indicadores de qualidade no atendimento ao
paciente com gagueira. Os ganhos advindos com novos estudos na área poderão fortalecer
no tratamento da criança com gagueira, o que poderá interessar não somente a clínicos e
pesquisadores, mas também a gestores em políticas públicas de educação, saúde e
assistência social à infância e adolescência.
Motricidade Orofacial
MOO002 Comparação entre duas câmeras termográficas infravermelho
Autores: Larissa Amanda da Silva Souza; Elaine Cristina Araújo Biluca; Matheus P. Porto;
Patrícia Vieira Salles
Resumo:
Introdução: A termografia infravermelho é uma técnica não ionizante e não invasiva,
utilizada em diferentes áreas da saúde para detectar e medir as temperaturas do corpo,
mostrando, tanto seu funcionamento normal quanto possíveis alterações funcionais. O
objetivo do presente estudo foi comparar, qualitativamente e quantitativamente, imagens
termográficas tiradas por duas câmeras termográficas diferentes, buscando identificar e
comparar a distribuição térmica da superfície da face com esses dois equipamentos que
apresentam resoluções diferentes.
Método: Trata-se de um estudo observacional, transversal, retrospectivo, baseado em um
banco de dados de imagens termográficas. A presente pesquisa foi aprovada pelo comitê de
ética em pesquisa com o número CAAE 57309122.4.0000.5137. Foram analisadas 22
imagens termoanatômicas, sendo 11 tiradas na câmera C2 e 11 tiradas na câmera A315. As
imagens foram obtidas a partir de 11 indivíduos do sexo feminino, com idade variando entre
18 e 34 anos. Foram identificados e comparados 14 pontos termoanatômicos nas imagens
frontais dos lados direito e esquerdo das duas câmeras, sendo estes analisados
individualmente e obtendo-se a média entre todos os pontos nas duas hemifaces.
Resultados: Analisando os pontos termoanatômicos do lado direito da face, obteve-se a
temperatura média na câmera A315 de 33,09 ºC, com desvio padrão de 5,28 ºC, e na
câmera C2 a temperatura média encontrada foi de 32,87 ºC, com desvio padrão de 6,06 ºC.
Analisando-se o lado esquerdo da face a temperatura média obtida pela câmera A315 foi de
33,23 ºC, com desvio padrão de 4,47 ºC, enquanto que na C2 a temperatura média
encontrada foi de 33,19 ºC com desvio padrão de 4,84 ºC. Para ambas as análises
observa-se que o desvio padrão é maior na câmera C2, dados estes compatíveis com a
menor resolução desta câmera. Não foram encontradas diferenças quantitativas dos
achados entre as duas termocâmeras, somente diferenças qualitativas.
Conclusão: Existem diferenças qualitativas entre as câmeras termográficas C2 e A135,
compatíveis com as resoluções das referidas câmeras. Não foram encontradas diferenças
quantitativas entre as duas termocâmeras, o que permite que um equipamento mais
acessível, como no caso da C2, seja utilizado na área da saúde sem perda de informação.
Saúde Coletiva
SCO002 Funcionalidade, qualidade de vida e Fonoaudiologia: análise na perspectiva da
Modelagem de Equações Estruturais
Autores: Marina Garcia de Souza Borges; Adriane Mesquita de Medeiros; Stela Maris
Aguiar Lemos
Resumo:
Objetivos: Verificar a influência direta dos aspectos clínicos, sociodemográficos e da
funcionalidade sobre a qualidade de vida de crianças e adolescentes em processo de
avaliação fonoaudiológica.
Métodos: Trata-se de estudo observacional analítico transversal aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da instituição responsável sob o parecer de número 1.174.646. Este foi
realizado com 84 crianças e adolescentes que realizaram avaliação fonoaudiológica entre
2016 e 2019. Os procedimentos da pesquisa incluíram a aplicação do Critério de
Classificação Econômica Brasil com os responsáveis e do Pediatric Quality of Life Inventory
4.0™ (PedsQL) com as crianças e adolescentes e com seus responsáveis. Foi realizada
coleta em prontuário de dados referente ao sexo, queixas e hipóteses fonoaudiológicas e
que permitissem a caracterização dos componentes Funções do Corpo, Atividades e
Participação e Fatores Ambientais da Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF). Para análise dos dados foi utilizada análise fatorial, visando
criar indicadores que representassem cada um dos constructos, e posteriormente, a
modelagem de equações estruturais, por permitir examinar diversas relações de
dependência ao mesmo tempo. Foi adotado um nível de 5% de significância aos modelos
finais e na avaliação da qualidade do ajuste dos modelos foi empregado o R².
Resultados: Quatro fatores foram descritos, sendo um referente à funcionalidade global e
um relativo a cada um dos componentes da CIF analisados. Além disso, um constructo para
a qualidade de vida referida pelos pais/responsáveis e um para a qualidade de vida
autorreferida foram evidenciados. Dois modelos foram construídos quanto a CIF como um
único constructo, sendo que esta sofreu influência direta e negativo do sexo, quando este
era masculino, e de variáveis de cunho clínico-assistenciais. Não houve efeito direto da
funcionalidade global sobre a qualidade de vida avaliada sob a ótica dos responsáveis ou
das crianças e adolescentes. Ser do sexo masculino e a presença de variáveis referentes
aos aspectos clínico-assistenciais também impactaram negativamente nos componentes da
CIF quando estes foram analisados separadamente nos modelos. Somente as Atividades e
Participação apresentaram influência direta e positiva sobre a qualidade de vida
autorreferida e avaliada pelos responsáveis, sendo que este resultado pode refletir a ampla
definição biopsicossocial e referente a este componente da CIF que o PedsQL apresenta.
Conclusões: As relações identificadas foram predominantemente negativas entre as
covariáveis sobre a funcionalidade global e os componentes da CIF. Quanto à qualidade de
vida, o instrumento respondido pelos responsáveis apresentou influência direta e negativa
da queixa de alterações de motricidade orofacial e o instrumento respondido por crianças e
adolescentes sofreu influência direta, mas positiva da hipótese diagnóstica de alterações de
fala. Atividades e Participação foi o único componente da CIF a exercer influência direta e
positiva na qualidade de vida autorreferida e avaliada pelos responsáveis. O uso da
modelagem de equações estruturais se fez relevante como uma estratégia de análise com a
CIF, variáveis sociodemográficas, clínico-assistenciais e qualidade de vida, elucidando
efeitos que podem ajudar nos processos de diagnóstico e de intervenção fonoaudiológica
com crianças e adolescentes.
Voz
VOZ002 Correlação anatómica cervical e musculatura laríngea alcançada pelo LASER –
referências para aplicação na terapia vocal
Autores: Elisa Meiti Ribeiro Lin Plec; Viviane Souza Bicalho Bacelete; Marco Aurélio Rocha
Santos; Flávio Barbosa Nunes; Ana Cristina Côrtes Gama
Resumo:
Objetivos: Determinar os pontos na superfície cervical que correspondem a musculatura
intrínseca da laríngea alcançada pelo LASER de baixa potência. Avaliar a intensidade e
alcance da luz do LASER na laringe através de imagens de videolaringoscopia flexível,
correlacionadas às doses de de 3 J (Joules), 6 J e 9 J nos pontos cervicais estabelecidos,
assim como a interferência do IMC e fototipocutâneo na fotobiomodulação.
Métodos: Realizou-se pesquisa observacional analítica transversal com 15 mulheres
vocalmente saudáveis, entre 18 e 50 anos, que foram divididas em três grupos, de acordo
com o IMC e fototipo cutâneo. As participantes tiveram marcados 6 pontos anatômicos no
pescoço baseados na anatomia do arcabouço laríngeo objetivando a musculatura intrínseca,
assim como pontos já utilizados na prática clínica da terapia vocal com LASER. O LASER foi
aplicado nos pontos pré-definidos e analisado concomitantemente por
videonasolaringoscopia, para verificação do alcance da luz (presente/ausente) e grau de
iluminação (desde muito fraco a muito forte) nas doses de 3 J, 6 J e 9 J em três grupos de
participantes.
Resultados: A luz foi percebida na laringe nas doses de 3 J, 6 J e 9 J, na topografia
compatível com a comissura anterior das pregas vocais, porções membranosa (músculo
tireoaritenóideo) e cartilaginosa da prega vocal e o músculo cricotireoideo. O grau de
iluminação da luz do LASER aumentou nos fototipos cutâneos moreno moderado e moreno
escuro e diminuiu nas participantes sobrepeso e obesas.
Conclusão: Na aplicação do LASER de baixa potência o IMC e o fototipocutânio
interferiram na penetração da luz. Os pontos com melhor correlação entre a superfície
cervical e a laringe visualizada endoscopicamente foram: a comissura anterior, porção
membranosa e cartilaginosa das pregas vocais e músculo cricotireoideo.
Disfagia
DIS003 Idosos com histórico de hanseníase: rastreamento da disfagia, qualidade de vida em
deglutição e índice de vulnerabilidade clínico-funcional
Autores: Maria Clara Rocha., Aline Mansueto Mourão., Jessica Danielle Santos de Jesus.,
Laélia Cristina Caseiro Vicente., Adriane Mesquita de Medeiros
Resumo:
Objetivo: Analisar a relação entre o risco de disfagia e a vulnerabilidade clínico-funcional,
idade, sexo, condição dentária, escolaridade e institucionalização de idosos com histórico de
hanseníase e verificar a qualidade de vida em deglutição para aqueles com possibilidade de
disfagia.
Método: Trata-se de uma pesquisa observacional analítica transversal aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 2.373.001, realizada com 117 idosos, sendo os
critérios de inclusão idade igual ou superior a 60 anos, com histórico de hanseníase e sem
histórico de transtornos mentais, comprometimento cognitivo por acidente vascular cerebral
(AVC) ou síndrome demencial. Foram analisadas informações como sexo, idade,
escolaridade, institucionalização, edentulismo, uso de próteses dentárias e os protocolos
Índice de Vulnerabilidade Clínico-funcional (IVCF-20), Eating Assessment Tool (EAT-10) para
avaliar o risco para disfagia e o Quality of Life in Swallowing Disorders (SWAL-QOL), que é
um protocolo de autoavaliação da qualidade de vida relacionado à disfagia. Verificou-se a
diferença entre os grupos com e sem risco de disfagia em idosos com histórico de
hanseníase e as demais variáveis por meio dos testes estatísticos Qui Quadrado de
Pearson, teste Exato de Fisher e regressão logística. O nível de significância dos testes foi
de 5%. Foi realizada a regressão logística com estimação da odds ratio para as variáveis
com valor de p ≤0,05 nos testes de comparação.
Resultados: Houve predomínio de mulheres idosas, com idades entre 80 e 99 anos e
ensino fundamental incompleto. O risco para disfagia foi encontrado em 22 idosos (18,8%).
O domínio da qualidade de vida mais comprometido foi “duração da alimentação". Houve
diferença estatística do risco para disfagia com a idade e a vulnerabilidade clínico-funcional.
Conclusão: Os idosos mais velhos e considerados frágeis, apresentaram maior chance de
risco para disfagia. O maior comprometimento da qualidade de vida em deglutição dos
idosos com risco para disfagia foi relacionado ao domínio ''duração da alimentação''.
Ensino
ENS002 A integralidade do cuidado em fonoaudiologia no atendimento de pessoas
transgêneros: revisão narrativa
Autores: Iga Carnevalli, Andrezza Gonzalez Escarce
Resumo:
Objetivo: Realizar investigação na literatura nacional de produções relacionadas a
Integralidade do cuidado em fonoaudiologia no atendimento de pessoas transgêneros.
Metodologia: Trata-se de revisão narrativa de literatura, cuja pergunta norteadora foi:
“Como ocorre o cuidado em saúde em fonoaudiologia no atendimento de pessoas
transgeneros?”. Para tanto, foi realizada seleção de referências teóricas nacionais
relacionadas ao tema, por meio de pesquisa nas seguintes bases de dados: portal eletrônico
Scielo (Scientific electronic library online) e a base de dados Google Acadêmico,
contemplando os descritores: ‘Integralidade do cuidado’; ‘Fonoaudiologia”; ‘Pessoas
Transgêneros”. Os critérios de inclusão utilizados para a busca foram: artigos publicados em
periódicos nacionais, disponíveis na íntegra online. Foram excluídos da busca manuais e
capítulos de livros e/ou livros sobre o tema. Foi realizado recorte temporal, de cinco anos,
das publicações sobre o tema. Após essa etapa foi realizada a leitura dos artigos pelos
títulos e resumos. Inicialmente foram encontrados um total de 598 produções científicas,
após a leitura dos resumos foram selecionados apenas oito, os demais foram excluídos por
não responderem a pergunta norteadora deste estudo. Para compilação das produções
científicas, foi elaborada uma planilha no Excel, com os seguintes itens: título, ano, objetivo,
resultados e base de dados. A análise descritiva foi realizada por meio das seguintes
etapas: a) leitura inicial dos títulos e resumos; b) leitura na íntegra dos artigos selecionados
na etapa anterior.
Resultados: Os resultados obtidos revelaram que não existem estudos na área que
respondam satisfatoriamente a pergunta norteadora. Dos artigos encontrados, três
abordaram a experiência de uma equipe multidisciplinar no atendimento a pessoas trans,
tendo como base as práticas adotadas nos ambulatórios de clínicas escola. Outros três, a
capacitação de profissionais de Núcleos de Apoio de Saúde da Família (NASF) voltada à
população LGBT e orientações de como se dá acesso aos núcleos de saúde LGBT, tendo
como premissa a Política Nacional de Saúde LGBT+, nº 2.836 de 2021. Por fim, um artigo
analisou o cuidado à saúde das pessoas trans no Sistema Único de Saúde (SUS) e outro
abordou a atuação da fonoaudiologia para a saúde da população transgênera, no âmbito do
trabalho de redesignação vocal. Reitera-se que, na maioria dos estudos pesquisados,
observou-se maior ênfase no que diz respeito a redesignação e terapia vocal na mulher
trans, além de práticas ambulatoriais no serviço fonoaudiológico de clínicas escola.
Conclusão: Com base na pergunta norteadora foram encontrados oito estudos que
abordassem o tema. Dessa forma, essa revisão nos permite concluir que faz-se necessários
novos estudos que abordem a integralidade do cuidado em saúde de pessoas transgênero
na fonoaudiologia. Ressalta-se, ainda, a importância desses estudos abordarem a
importância das equipes multidisciplinares garantirem o acolhimento e cuidado integral,
respeitando as singularidades apresentadas por cada paciente, além de considerar as
especificidades das pessoas travestis e transexuais.
ENS005 Ação de extensão em voz e seus impactos para a formação discente: relato de
experiência
Autores: Isabelle Alana Romagnoli Pires; Ana Beatrice Peixoto Mário;Camila de Souza
Santos;Isabelle Raissa de Oliveira; Raissa Cabral Soares; Letícia Caldas Teixeira
Resumo:
Objetivos: Descrever uma ação de extensão para voz infantil e seus impactos para a
formação da equipe discente.
Método: Relato de experiência de cinco discentes, entre o quarto e décimo período do curso
de Fonoaudiologia, de uma universidade pública brasileira. As ações do projeto incluem a
elaboração, divulgação e aplicabilidade, junto à comunidade, de produtos m_health e
e_learning em voz. Os discentes realizam revisão de literatura científica, escolhem as
plataformas e ferramentas digitais nas quais os produtos serão desenvolvidos, organizam as
tarefas, elaboraram os produtos, fazem reuniões em equipe, divulgam os materiais em
site específico, no Instagram do projeto e são supervisionados pelo docente, coordenador do
projeto.
Resultado: Em 2022 o projeto construiu uma ferramenta para voz infantil intitulada “Lalá no
Mundo da Voz”, por meio das ferramentas digitais Canva e Wix. A ferramenta elaborada
conta com atividades gamificadas, e também quizzes para validação e fixação do
conhecimento adquirido, de forma interativa e ilustrativa, adaptada ao vocabulário do
público-
alvo de crianças do Ensino Fundamental II. A ferramenta segue quatro trilhas temáticas:
fisiologia vocal, saúde vocal, comportamentos vocais e a voz na sala de aula. O conteúdo
pode
ser explorado de maneira interativa pelas crianças, junto ao professor e com familiares,
misturando a diversão com o aprendizado. A m_health “Lalá no Mundo da Voz” está na
terceira etapa de desenvolvimento e será aplicada em escolas da prefeitura em 2023, para
verificar a usabilidade e aceitabilidade da ferramenta.
Conclusão: A atuação ativa e participativa dos discentes contribui para o desenvolvimento
de novas habilidades e competências, e reforça o compromisso ético e profissional no
ambiente virtual. O desenvolvimento da ferramenta proporcionou aos discentes benefícios
significativos na perspectiva acadêmica e pessoal. Foram estimuladas habilidades
empreendedoras e inovadoras de trabalho, organização e colaboração do trabalho em
equipe, aplicabilidade do conhecimento teórico à prática, desenvolvimento de habilidades
tecnológicas, conhecimento em design e layout, valorizadas no mercado de trabalho, que
está cada vez mais voltado para a tecnologia. A ação contribui para a promoção da saúde
vocal infantil e o letramento funcional em saúde vocal da comunidade em geral.
Fonoaudiologia Educacional
EDU001 Fluência leitora e tipologia de erros no ensino fundamental durante o Ensino
Remoto Emergencial
Autores: Thales Santos Batista; Laura de Souza Cardoso Freire; Isa Mourão Carvalho;
Gabriela de Lima Ribeiro; Vanessa de Oliveira Martins-Reis; Ludimila Labanca; Leticia
Correa Celeste; Luciana Mendonça Alves
Resumo:
Objetivos: As medidas restritivas decorrentes da pandemia da Covid-19 ocasionaram
impactos negativos na educação, principalmente para a aprendizagem da leitura dos
escolares. Pesquisas sobre tipologia de erros e fluência leitora contribuem para
compreender os mecanismos envolvidos na leitura e buscar intervenções para prevenir o
comprometimento do progresso acadêmico. O objetivo deste estudo foi descrever a
evolução dos erros de leitura, a autocorreção, a velocidade e a acurácia em escolares do
2º/3º ano e 5º/6º ano do ensino fundamental de uma escola privada durante e após as
práticas de ensino remoto emergencial.
Métodos: Participaram do estudo escolares do 2º/3° ano (grupo 1)- fase após o
desenvolvimento da fluência leitora, e 5º/6°ano (grupo 2)- período de transição entre a
literacia intermediária e a disciplinar, de uma escola particular. As gravações foram
realizadas em três momentos: setembro de 2020 e março e setembro de 2021, todos de
forma remota. Os parâmetros analisados foram o número de palavras lidas por minuto
(PPM) e de palavras lidas corretamente por minuto (PCPM), porcentagem de autocorreções
e de erros, bem como sua classificação, baseada em estudo que utilizou leitura de listas de
palavras isoladas. Adequando-se à leitura em contexto, houve o acréscimo de seis
categorias. Foram selecionados textos adequados para cada ano escolar. Realizou-se a
análise estatística descritiva das variáveis e utilizou-se testes Anova para medidas repetidas
com a correção de Bonferroni, no estudo longitudinal, e o teste T, no estudo transversal. A
correlação entre autocorreção, velocidade e porcentagem de erro foi realizada pelo teste de
correlação de Pearson.
Resultados: No estudo longitudinal observou-se no grupo 1 melhora da velocidade de
leitura e da acurácia de março de 2021 para setembro de 2021. A porcentagem de
autocorreção aumentou entre setembro de 2020 e março de 2021 e diminuiu entre março e
setembro de 2021. Houve diminuição da porcentagem de erro entre setembro de 2020 e
setembro de 2021. As tipologias de erros mais comuns foram: omissão de palavras; troca
por palavra visualmente similar; omissões e adições; plural e singular e falhas de aplicação
de regras ortográficas. No grupo 2, a porcentagem de autocorreção diminuiu entre setembro
de 2020 e março de 2021 e aumentou entre março e setembro de 2021. As tipologias de
erros mais comuns foram omissão de palavras; troca por palavra visualmente similar;
omissões e adições; falhas de aplicação de regras ortográficas e erro por desrespeito ao
sinal gráfico de acentuação. No estudo transversal, a velocidade de leitura e acurácia dos
alunos do 2° ano e 5° ano avaliados em setembro de 2020 aumentaram. A velocidade,
acurácia e porcentagem de erro dos alunos do 3° ano e 6° ano em setembro de 2021
aumentaram.
Conclusões: As medidas de PPM e PCPM tendem a aumentar com a progressão escolar,
entretanto as medidas de porcentagem de autocorreção podem ter influência de fatores
atencionais e nível dificuldade do texto lido. A tipologia de erro sofre grande interferência do
contexto e parece não se correlacionar diretamente com os outros parâmetros de leitura.
Libras
LIB001 Fatores associados ao escore de ansiedade de mães surdas e ouvintes no cuidado
materno infantil
Autores: Raquel Fabiane Nogueira de Jesus dos Santos; Larissa Carcavalli Santos; Ivana
Meyer Prado; Mirian Fernandes de Castro Braga; Saul Martins de Paiva; Lucas Guimarães
Abreu; Júnia Maria Cheib Serra-Negra
Resumo:
Este estudo teve como objetivo identificar os fatores associados aos escores de ansiedade
materna no cuidado com os filhos, avaliando a população de mães surdas e mães ouvintes
de centros de referência de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foi realizado estudo transversal
retrospectivo comparativo, com 116 mães (29 surdas e 87 ouvintes) de crianças na faixa
etária de dois a cinco anos. As mães foram submetidas a entrevista sobre fatores
socioeconômicos e relacionados ao desenvolvimento dos filhos, além de realizarem o
preenchimento do Inventário Brasileiro de Ansiedade de Beck, nas versões para surdos e
ouvintes. O teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov, os testes de Kruskal Wallis,
Mann-Whitney e Regressão de Poisson foram utilizados para análises estatísticas (p<0,05).
Os escores mais altos de ansiedade foram associados a mães surdas (p<0,001) e a mães
de crianças que tinham o hábito de chupar o dedo (p=0,041). Os menores escores de
ansiedade foram associados a mães cujos filhos começaram a frequentar a creche com
idade entre sete e 12 meses de idade. Os escores de ansiedade sofreram influências de
fatores tais como a surdez da mãe, filhos com hábitos de sucção de dedo e a ida para da
criança para creches ainda bebês. A importância do caráter inclusivo da comunicação
efetiva em saúde, os aspectos culturais relacionados aos hábitos orais das crianças e o
suporte que o ambiente escolar pode oferecer para as famílias são pontos a serem
discutidos para políticas públicas da promoção da saúde.
Linguagem
LGG001 Proposta de intervenção fonoaudiológica em grupo de crianças com mau
desempenho escolar
Autores: Ariane Souza Pena Schoenel;Andrezza Gonzalez Escarce;Denise Brandão de
Oliveira e Britto;Stela Maris Aguiar Lemos
Resumo:
Objetivo: Apresentar e discutir criticamente um programa de atendimento em grupo
contemplando as habilidades do processamento fonológico para crianças com mau
desempenho escolar.
Métodos: Trata-se de estudo exploratório realizado em três etapas: (1) elaboração do
programa de intervenção fonoaudiológica em grupo; (2) aplicação da proposta preliminar em
crianças com mau desempenho escolar; e (3) análise crítica dos resultados obtidos e da
viabilidade do programa.
Resultados: O programa de intervenção fonoaudiológica em grupo elaborado demonstrou a
importância do planejamento estrutural, incluindo a preparação, desenvolvimento e
progressão das atividades de estimulação das habilidades do processamento fonológico e
sua influência positiva no processo de aprendizagem, podendo ser utilizado como recurso
terapêutico para crianças com mau desempenho escolar, além das possibilidades e desafios
da prática grupal.
Conclusão: A proposta demonstrou ter aplicabilidade para aperfeiçoar as habilidades do
processamento fonológico e potencializar os efeitos terapêuticos em crianças com mau
desempenho escolar.
Motricidade Orofacial
MOO004 A relação entre a LGBTfobia percebida e o sintomas de disfunção
temporomandibular
Autores: Larissa Pereira Lourenço; Milena de Oliveira Martins Fumiã; Tiago Costa Pereira
Resumo:
Objetivo: Este estudo visou verificar a relação entre a LGBTfobia percebida e os sintomas
da DTM.
Método: Trata-se de um estudo do tipo transversal descritivo analítico indutivo dedutivo,
realizado entre os meses de abril a junho de 2022. A coleta de dados foi realizada por meio
de entrevistas semiestruturadas com 30 indivíduos da comunidade LGBTQIA+. Essas
entrevistas visaram caracterizar os indivíduos quanto a identidade de gênero, profissão,
estado geral de saúde e aplicar os critérios de inclusão (ser autodeclarado LGBTQIA+; idade
entre 18 e 60 anos) e exclusão (estudantes de Fonoaudiologia; fonoaudiólogos e quaisquer
profissionais cuja área tenha interface com o tema da pesquisa; indivíduos que sofreram
trauma de face, submetidos a cirurgia ortognática, doenças articulares). Cada indivíduo foi
avaliado por meio de dois questionários elaborados pelos pesquisadores. O primeiro
questionário consistiu em um instrumento de "Identificação de Sintomas da DTM" (IS-DTM).
Ele é composto por 10 (dez) questões cujas respostas previstas foram: “sim” ou “não”. A
análise do resultado deste questionário baseou-se em somatória simples, quanto maior o
número de respostas positivas, maior a possibilidade de ter DTM. Para avaliação da
percepção de LGBTfobia foi aplicado o segundo instrumento o “Questionário de Percepção
de LGBTfobia” (QPL) também elaborado pelos pesquisadores. Este questionário possui 10
(dez) questões, sendo quatro questões relacionadas ao domínio Psicoemocional
(correspondendo aos impactos psicoemocional sofridos diante de situações LGBTfóbicas) e
seis questões relacionadas ao domínio Relacionamento Social (correspondendo ao impacto
das situações LGBTfóbicas percebidas nas atividades sociointeracionais). As respostas às
questões foram em escala Likert, variando de 1 a 5. Estas foram analisadas por meio de
escores e quanto mais próximo de zero, piores são os impactos LGBTfobia percebida,
sendo o oposto disso os valores mais próximos de 100. O ponto de corte foi 71,6% para o
escore total, 79,5% para Psicoemocional e 74,9% para Relacionamento Social. Para análise
dos dados foi considerado as variáveis categóricas que foram expressas pelas suas
frequências absolutas e relativas e o cruzamento dos instrumentos aplicados. Foi aplicado o
teste Shapiro-Wilk para avaliação da normalidade amostral. Para os cruzamentos dos
escores do IS-DTM com as questões do QPL, foram utilizados o Teste t para as médias e o
Teste Mann-Whitney. Todos apropriados a nível de significância de 5%.
Resultados: 19 (63,3%) entrevistados referiram estalo ou crepitação ao abrir ou fechar a
boca, 17 (56,7%) indivíduos relataram sentir dores de cabeça frequentemente e têm
zumbido, 23 (76,7%) indivíduos referiram que em situações de discriminação sentem alguns
dos sintomas listados. A média dos resultados no QPL foi abaixo dos pontos de corte. A
análise estatística apontou associação significante entre o Escore Relacionamento Social e
os sintomas da DTM.
Conclusão: Atitudes LGBTfóbicas foram fatores que se associaram aos sintomas de DTM
nesta amostra. Os aspectos de relacionamento social apresentaram relação
estatisticamente significante com os sintomas de DTM. Diante disso, sugere-se investigar a
percepção do paciente sobre ações discriminatórias e, sugere-se uma pesquisa para
validação dos instrumentos utilizados neste estudo.
MOO009 Protocolo para análise de aplicativos móveis para auxílio à amamentação no Brasil
Autores: Iga Carnevalli; Ester Florens Guerra Gouvêa; Larissa Melgaço Campos; Ana Júlia
Delfim de Oliveira; Daiana Carola de Souza Teles;Teresa Raquel Morais Silva; Andréa
Rodrigues Motta; Renata Maria Moreira Moraes Furlan
Resumo:
Objetivos: Propor um protocolo para identificação e análise da qualidade dos aplicativos
gratuitos disponíveis nos sistemas operacionais Android e iOS para o auxílio à
amamentação.
Metodologia: Foi desenvolvido, de acordo com a metodologia proposta por Furlong e
colaboradores, em 2016, um protocolo de revisão sistemática para identificação e análise de
aplicativos móveis, nas lojas de aplicativos de celulares Google Play e Apple iTunes, para
auxílio à amamentação. A seleção dessas duas plataformas foi baseada na participação
substancial de ambas no mercado de aplicativos móveis.
Resultados: primeiramente foi elaborada a seguinte pergunta norteadora, por meio da
estratégia PCC (participantes, conceito e contexto): “Quais são os aplicativos móveis
existentes para auxílio a gestantes e nutrizes quanto ao aleitamento materno?”. A definição
dos descritores de busca foi realizada por meio da consulta a profissionais atuantes na área
do aleitamento materno, o que resultou na seleção dos seguintes termos: aleitamento
materno, lactante, lactação, nutriz e amamentação. Foram considerados como critérios de
inclusão de aplicativos: haver versões no sistema operacional Android ou iOS e apresentar
informações ou dicas sobre amamentação. Foram definidos como critérios de exclusão:
aplicativos pagos ou em língua estrangeira e aplicativos que apresentem algum problema ao
ser executado durante a testagem em três dias distintos. O protocolo desenvolvido
apresenta as seguintes etapas: localização de aplicativos móveis para apoio ao aleitamento
nas plataformas de busca de aplicativos; listagem por ícone e título para eliminação manual
das duplicatas; análise por título e ícone para averiguação dos critérios de elegibilidade
(ampla triagem); extração das informações de marketing dos aplicativos nas duas lojas;
seleção dos aplicativos (triagem focalizada), aplicando-se novamente os critérios de
elegibilidade; e avaliação de qualidade. As etapas de ampla triagem e triagem focalizada
devem ser realizadas por dois pesquisadores independentes. Posteriormente, deve ser
realizada a análise de concordância, com base na estatística Kappa de Cohen. Na etapa da
avaliação da qualidade, os aplicativos móveis incluídos serão testados e avaliados de forma
independente por dois avaliadores, de acordo com as diretrizes do protocolo MARS, o qual
avalia engajamento, funcionalidade, estética e qualidade da informação, sendo que a
pontuação média total obtida neste protocolo será calculada para cada aplicativo. Cada
aplicativo receberá, portanto, uma classificação subjetiva de cada avaliador e uma
classificação média será calculada com base nas classificações individuais. O índice de
correlação intraclasse será calculado para verificar a consistência das respostas entre os
avaliadores.
Conclusão: Foi desenvolvido um protocolo de revisão sistemática para identificação e
análise de aplicativos móveis, para auxílio à amamentação. Acredita-se que o uso de
aplicativos móveis propicia a aquisição de informações e contribui com o estabelecimento de
novos modos de relações sociais e comunicacionais, que podem ser capazes de beneficiar
a nutriz e sua rede social no que diz respeito à iniciação e manutenção da amamentação,
colaborando para mudanças de atitudes positivas nessa prática. O protocolo desenvolvido
proporcionará informações detalhadas e uma avaliação da qualidade a respeito dos
aplicativos gratuitos para auxílio à amamentação, o que poderá, ainda, direcionar a
indicação apropriada desses.
Saúde Coletiva
SCO001 Análise da influência de aspectos clínicos e sociodemográficos sobre a
funcionalidade de crianças e adolescentes
Autores: Marina Garcia de Souza Borges; Adriane Mesquita de Medeiros; Stela Maris
Aguiar Lemos
Resumo:
Objetivos: Analisar a influência de aspectos clínicos, sociodemográficos e de
autopercepção de saúde sobre a funcionalidade de crianças e adolescentes em processo de
avaliação fonoaudiológica, verificada por meio do uso da Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF).
Métodos: Trata-se de estudo observacional analítico transversal aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da instituição responsável sob o parecer de número 1.174.646. Este foi
realizado com crianças e adolescentes entre cinco e 16 anos que foram submetidas ao
processo de avaliação fonoaudiológica entre 2016 e 2019. Para a coleta dos dados foi
aplicado com os pais ou responsáveis o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB)
e com os participantes a avaliação de autopercepção de saúde. Foram coletados dos
prontuários informações que permitiram realizar a classificação da funcionalidade, por meio
de códigos dos componentes Funções do Corpo, Atividades e Participação e Fatores
Ambientais da CIF. Além disso, foram coletadas informações quanto às queixas
fonoaudiológicas, hipóteses diagnósticas definidas após a avaliação e as condutas
elencadas a cada caso. A análise estatística foi realizada por meio de análise descritiva e
análise fatorial, na qual, quatro fatores unidimensionais foram evidenciados, sendo um para
a CIF global, um para Funções do Corpo, um para Atividades e Participação e um para os
Fatores Ambientais. Posteriormente, foi realizada regressão linear múltipla com
erros-padrões robustos para a matriz de covariância dos coeficientes estimados, adotando o
método stepwise na seleção das variáveis, com um nível de 5% de significância ao modelo
final. Na avaliação da qualidade do ajuste dos modelos foi empregado o R².
Resultados: Na análise univariada não foi verificada significância estatística para a
classificação econômica, fornecida pelo CCEB, ou para a autopercepção de saúde, sendo
que ambas as variáveis não foram incluídas nas análises multivariadas. Apresentar queixa
de alterações de fala, hipótese diagnóstica de alterações nos aspectos cognitivos da
linguagem e ter um maior número de condutas por caso influenciou negativamente a
funcionalidade global, bem como os componentes da CIF. Quanto às variáveis
sociodemográficas, ser do sexo masculino apresentou influência direta e negativa sobre o
resultado das Atividades e Participação e da CIF global. A escolaridade paterna influenciou
positivamente o constructo formado pelos Fatores Ambientais e os pacientes que com
queixa de fluência de fala apresentaram melhores resultados nas Funções do Corpo e na
CIF global.
Conclusões: O uso da análise fatorial se fez valoroso como estratégia estatística que
propicia um estudo mais robusto do grande volume de informações obtidas por meio dos
códigos da CIF, permitindo que desfechos relevantes fossem evidenciados. Além disso foi
inovador o uso da CIF como um único fator, a CIF global, analisando a funcionalidade de
forma generalizada. Influência direta de aspectos sociodemográficos e clínicos definidos no
contexto de avaliação foram associados a funcionalidade, demonstrando a importância de
se incorporar à CIF a atuação fonoaudiológica desde o contato inicial, no momento da
avaliação diagnóstica.
Voz
VOZ007 Relação da suspeita de distúrbio vocal com a prática de aquecimento da voz em
professores
Autores: Joyce Elen Murça de Souza; Lílian de Souza Melo; Desirée Sant'Ana Haikal;
Adriane Mesquita de Medeiros; Luiza Augusta Rosa Rossi-Barbosa
Resumo:
Objetivo: Comparar os grupos de professores da educação básica de escolas estaduais de
Minas Gerais, Brasil com e sem suspeita de distúrbio vocal com a prática de aquecimento da
voz.
Métodos: estudo epidemiológico, transversal, analítico com 1.782 professores no trabalho
de regência. A amostra foi calculada com base no número total de professores em exercício
no ano da coleta. O quantitativo foi disponibilizado pela Secretaria de Estado de Educação
de Minas Gerais. Como critério de inclusão aqueles em regência no ensino fundamental
e/ou médio no ano de coleta de dados e de exclusão, afastamento temporário do cargo de
regência. A coleta de dados ocorreu entre os dias 26 de outubro e 31 de dezembro de 2021,
por meio do GoogleForms®, cujo link foi enviado por e-mail institucional. O questionário
continha dados sociodemográficos, ocupacionais, o Índice de Triagem para Distúrbios
Vocais (ITDV) e uma questão sobre aquecimento vocal: “Você faz exercícios para a voz
antes de iniciar suas aulas?”. O ITDV contém doze sinais e sintomas vocais (rouquidão,
perda da voz, falha na voz, voz grossa, pigarro, tosse seca, tosse com secreção, dor ao
falar, dor ao engolir, secreção na garganta, garganta seca e cansaço ao falar). Os
participantes deveriam realizar a marcação conforme a frequência “nunca”, “raramente”, “às
vezes” ou “sempre”. O escore final foi obtido pela somatória de “às vezes” e “sempre”,
podendo variar de zero a doze pontos. O ponto de corte que diferencia professores com
sugestivo distúrbio de voz é ≥ 5 pontos. Foi realizado o teste do qui-quadrado de Pearson
entre as duas variáveis, sendo adotado um nível de significância de 5% (p<0,05). Os dados
foram analisados por meio do SPSS 20.0. Este estudo faz parte do projeto “Condições de
saúde e trabalho de professores da educação básica do estado de Minas Gerais: estudo
longitudinal” aprovado sob o parecer de número 4.964.125/2021 e com financiamento da
FAPEMIG APQ-00901-22.
Resultados: Na amostra estudada, 77,0% dos professores eram do sexo feminino, média
de idade de 44 anos (±9.33), 60,4% casados ou união estável, 59,8% com mais de dez anos
de trabalho docente. Sobre o ITDV, 21,1% apresentaram suspeita para distúrbios vocais.
Quanto ao aquecimento da voz, a maioria dos participantes (64,8%) não realizam exercícios
vocais antes de iniciar as aulas, 22,6% às vezes, 9,9% afirmaram que sim, 2,7%
desconhecem o que seja. As duas variáveis analisadas apresentaram nível de significância,
p-valor= 0,001.
Conclusões: Os professores com e sem suspeita de distúrbio vocal se diferenciam quanto à
prática de aquecimento vocal. Tais resultados demonstram a importância e a necessidade
dos exercícios vocais no dia a dia do professor no intuito de favorecer o uso apropriado de
seu principal instrumento de trabalho.
VOZ009 Calibrador Visual: proposta de um instrumento para ensino da análise
espectrográfica na Fonoaudiologia
Autores: Juliana Preisser de Godoy e Silva; Ana Cristina Côrtes Gama
Resumo:
Objetivos:Esse trabalho tem como objetivo apresentar o “Tutorial para Análise de
Espectrogramas de Vozes”; já desenvolvido pelo curso de Fonoaudiologia da Universidade
Federal de Minas Gerais; seu embasamento e conteúdo assim como os passos para o
processo de validação que será realizado levando ao desenvolvimento do “Calibrador
visual”, instrumento para o ensino da análise espectrográfica na Fonoaudiologia.
Métodos: Foi realizada a análise do “Tutorial para Análise de Espectrogramas de Vozes”
listando os parâmetros vocais utilizados para descrever os traçados espectrográficos, assim
como a quantidade de traçados presentes e quais aspectos de voz e fala foram levados em
consideração na formação do banco de dados para análise. Também foram descritos os
passos para o processo de validação do tutorial e desenvolvimento do Calibrador Visual.
Resultados: O Tutorial para Análise de Espectrogramas de Vozes, versão atualizada 2021
(Gama et al, 2021), desenvolvido com base em estudo previamente realizado. utiliza seis
parâmetros descritivos do espectrograma para classificar: 1) a forma do traçado
espectrográfico (regular ou irregular); 2) o grau de escurecimento dos harmônicos (forte,
normal ou fraco); 3) a estabilidade do traçado espectrográfico (estável ou instável); 4) a
presença de ruído (presente ou ausente); 5) a definição dos harmônicos e; 6) a presença ou
não de sub-harmônicos. São apresentados 112 traçados de vogal sustentada para
exemplificar todos os parâmetros espectrográficos descritos anteriormente.
Todo esse material descrito irá passar por um processo de validação que tem como passos
validar o conteúdo apresentado, determinar a confiabilidade e a validação do construto e
ainda realizar a determinação dos encargos, levando-se em conta os critérios
recomendados pelo Scientific Advisory Committee of the Medical Outcomes Trust
(Pernambuco et al, 2017).
Conclusão: Na área da saúde, os avanços tecnológicos agregam novas formas de
aprendizado ao ensino e hoje já são observados alguns instrumentos dentro da
fonoaudiologia como plataformas interativas, softwares e aplicativos
Levando-se em consideração a importância da avaliação espectrográfica na pratica clínica e
o quanto a realização de uma avaliação confiável depende da experiência e treinamento no
avaliador na avaliação visual para a descrição do traçado espectrográfico, o
desenvolvimento e a validação de instrumentos que permitam ofertar a possibilidade de se
ter um guia para essa análise tornam-se de grande importância. O desenvolvimento de um
instrumento de treino visual para avaliação espectrográfica de vozes irá contribuir ainda
mais para a prática no ensino superior e também para a avaliação clínica, a partir de
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC)(Costa et al, 2015)
FON
Departamento de
Fonoaudiologia
Apoio prata: