Universidade Paulista Gabriela Estefâni Alves Paulino
Universidade Paulista Gabriela Estefâni Alves Paulino
Universidade Paulista Gabriela Estefâni Alves Paulino
Princesa Isabel
2020
GABRIELA ESTEFÂNI ALVES PAULINO
Princesa Isabel
2020
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada de forma automática pelo sistema da UNIP com as informações fornecidas pelo(a) autor(a).
GABRIELA ESTEFÂNI ALVES PAULINO
BANCA EXAMINADORA:
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Prof.ª
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Prof.ª
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado sabedoria e saúde para finalizar o
curso, por ter me dado coragem para continuar quando a vontade era desistir.
Aos meus pais Aloisio e Mirian e aos meus irmãos que sempre me apoiaram em
meu crescimento pessoal e profissional, principalmente nesta jornada do curso.
A minha orientadora Profª Ms. Ana Lúcia Machado da Silva, pela compreensão e
motivação para que este trabalho fosse concluído.
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
(Paulo Freire)
RESUMO
This work aimed to verify the interference of linguistic prejudice in the learning of
students of the 6th year of elementary school in a public school located in Princesa
Isabel - PB. The idea arose when observing in the Portuguese language discipline a
focus on traditionalist teaching, a reason that centralizes normative grammar, treating
it as if it were the only correct way, therefore, it is not favorable to other language
variants, which leads to prejudice linguistic in relation to the other variants, which are
classified as incorrect according to the standard norm. Through this analysis, the
following research questions were considered: Does language prejudice interfere
with the learning of 6th graders? To obtain an answer, bibliographic research is a
method combined with field research, carried out through observation and interviews.
The results of the research bring many contributions to the main objectives of the
work and prove that it interferes in the development and learning of students.
Key words: normative gramar, linguistic variety, linguistic prejudice.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11
4. METODOLOGIA ................................................................................................ 20
Referências .............................................................................................................. 30
Apêndice A............................................................................................................... 31
Apêndice B............................................................................................................... 33
11
1. INTRODUÇÃO
modelos das variações com base nas diferenças caracterizadas por eles como
diferenças internas, sendo elas:
1º diferenças no espaço geográfico, ou VARIAÇÕES DIATÓPICAS (falares
locais, variantes regionais e, até, intercontinentais);
2º diferenças entre as camadas socioculturais, ou VARIAÇÕES
DIASTRÁSTICAS (nível culto, língua padrão, nível popular, etc.);
3º diferenças entre os tipos de modalidade expressiva, ou VARIAÇÕES.
DIAFÁSICAS (língua falada, língua escrita, língua literária, linguagens
especiais, linguagem dos homens, linguagem das mulheres, etc.).
3. PRECONCEITO LINGUÍSTICO
4. METODOLOGIA
A outra etapa foi escolher o dia e o espaço para a entrevista do grupo focal
com os alunos selecionados por meio da observação, verificando disponibilidade de
salas para esse processo com o coordenador da instituição.
entrevista com a professora uma pergunta a este respeito, que será introduzida na
seção de análise de dados.
4.3.2. Entrevista
Lakatos (1992, p. 107) define que: “entrevista é uma conversação efetuada
face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistador, verbalmente, a
informação necessária”.
Após o período de observação, a professora de português foi entrevistada e
logo registrada todo o processo para análise. A seguir está o roteiro de perguntas
usado na entrevista:
1. Quais são os principais tipos de diferença linguística que você notou na classe?
1.1. Diante dessas diferenças, como você age?
2. Você normalmente "corrige" alunos que falam de forma "diferente" ou "errado"?
2.1. Como você faz isso? É em privado ou na presença dos demais?
3. Como você valoriza o trabalho oral na aula?
3.1. Como você lida com o oral (estratégia / metodologia) nas aulas?
3.2. Você permite que os alunos participem de atividades de fala direcionadas?
4. Em sala de aula, você usa principalmente as normas padrão ou, em algum
momento, se necessário, você não usa?
5. Ao escolher um dos alunos para ler para toda a turma, quais são seus critérios?
1. Vocês acham que sua fala é diferente de outros alunos ou professores? Se sim,
como?
2. Vocês já disseram palavras "erradas" na sala de aula e a professora ou colegas
corrigiram? Em caso afirmativo, explique.
2.1. O que vocês pensam / como se sentem sobre essa correção?
2.2. Isso atrapalha vocês?
2.3. Em que sentido / e em quê?
2.4. Isso te deixa desconfortável?
2.5. Por causa do seu jeito de falar, você já se tornou vítima de provocações e
comentários desagradáveis na escola ou em sala de aula?
3.0. Eles disseram algo desagradável para você?
3.1. Como vocês se sentem?
4. Na aula, vocês se sentem (ou já se sentiu) reprimido, interagem menos ou não
das aulas por causa do preconceito linguístico?
4.1. Isso atrapalha vocês?
4.2. Vocês comentam na aula?
4.3. Vocês são livres para ir ao professor e perguntar quando há dúvida?
5. Vocês acham que esse tipo de preconceito de linguagem atrapalha o
desenvolvimento em sala de aula? Por quê?
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5. Análise de dados
- “Tá crescenu”;
- Hoje de manhã “tarra fri”;
- Ela não quer ir não. Fica “enrolanu”;
- Quando a “muié”;
- Oxe, a menina “tarra”;
- Falta quantos “minuto”?
-“Nóis” já “leu”;
- “Pa” fazer;
- Nois “ramo”
- O “Home”
e poderia ter sido mais explorada com outros recursos, pois ficou presa somente às
informações contidas no livro didático e às leituras.
Em alguns momentos utilizava a fala com gírias dos alunos para representar
essa variedade e exemplificá-la, permitindo uma maior aceitação da sua realidade
linguística, demonstrando, assim, que ela também faz parte do sistema “Língua”,
fazendo uma aproximação entre a sua realidade linguística e a dos alunos, o fato de
que durante o grupo focal, determinados alunos terem dito que a professora fala
tudo certo e que eles falam tudo errado, o que demonstra o sentimento de
inferioridade entre os alunos e a professora.
Durante as explicações, a professora indicava os alunos para realizarem a
leitura do conteúdo do livro didático, no decorrer da observação, ela escolhe um
aluno para leitura, esse aluno indicado se recusa fazer a leitura, e pediu a outra
aluna para fazer a leitura, aluna esta, que possuía um ótimo desenvolvimento
comunicacional.
Na entrevista com a professora, foi feita uma pergunta voltada justamente
para esse fato:
5. Ao escolher um dos alunos para ler para toda a turma, quais são seus critérios?
Na verdade vejo que alguns gostam de ler. Então aproveito pra incentivar mais
esses. Claro, eu tento deixar todos lerem, mesmo aqueles com mais dificuldades
devem participar. Muitas vezes você pede pra ler: “ah, num quero ler”. Eu não posso
obrigar o aluno, geralmente os que gostam mais de ler acabam lendo, mas sempre
falando “leiam em casa”.
surgirem questionamentos como: por que esses alunos não querem ou não gostam
de participar da aula dessa maneira, qual a razão? O que faz com que eles tenham
essa dificuldade? Desse modo, foi que se decidiu incluir perguntas para os alunos
durante o grupo focal, que chegassem às respostas destes questionamentos, e
observando a resposta da seguinte pergunta, pode-se chegar a explicação.
A seguir, a pergunta realizada no grupo focal para o aluno com a sua
respectiva resposta:
Considerações Finais
Neste contexto, Irandé Antunes (2003) diz que não existe falante sem
conhecimento da língua gramatical, ou seja, mesmo que esteja inconsciente, sabe
conduzir uma conversa, cujo interlocutor pode compreender e entender, um
analfabeto, que nunca sentou na cadeira da escola para aprender as regras da
gramática, se comunica perfeitamente com a sociedade brasileira.
Tais correções, nas quais eram feitos julgamentos da fala desses alunos
considerando-se como “erradas”, produziam uma carga negativa de sentimentos que
acabava reprimindo - os.
Conclui-se, assim, diante de tudo o que fora abordado nessa pesquisa, que o
preconceito linguístico apresenta interferência na aprendizagem de alunos do 6º ano
do ensino fundamental, inibindo-os com relação a suas falas, participação ativa
durante as aulas de língua portuguesa e desenvolvimento na aprendizagem, pois
sendo vítimas do preconceito linguístico, são acometidos de sentimentos e
sensações negativas que diminuem sua autoestima e motivação para querer
aprender e participar das aulas, transformando em indivíduos com complexo de
inferioridade, o que pode atrapalhar no crescimento intelectual e profissional.
Referências
Apêndice A
G. Sim
E. Sim.
3.1. Como vocês se sentem?
G. Mal estar.
F. Vergonha.
E. Eu fico com vergonha uai. Porque ficam falando coisa.
D. Paia né. Dá vergonha. Nois num vai ficá alegre.Né não?
4. Na aula, vocês se sentem (ou já se sentiu) reprimido, interagem menos ou
não das aulas por causa do preconceito linguístico?
D. Eu participo.
A. Participo não.
4.1. Isso atrapalha vocês?
A. anhan. Não aprende nada.
4.2. Vocês comentam na aula?
A. Nada.
4.3. Vocês são livres para ir ao professor e perguntar quando há dúvida?
B. Tenho.
D. Eu pergunto.
A. Não. É medo né, vergonha. Eu não chego não. Nem tano certo. De português é
assim. De matemática até que eu pergunto.
5. Vocês acham que esse tipo de preconceito de linguagem atrapalha o
desenvolvimento em sala de aula? Por quê?
C. Isso é chato.
F. Sim. Dá raiva. Num falo mais nada. A gente diz uma coisa, meus colegas diz que
eu tô falando errado.
33
Apêndice B
Questionário-Professora
1. Quais são os principais tipos de diferença linguística que você notou na
classe?
Diferenças regionais de meninos de outras regiões. Essas diferenças também estão
relacionadas ao vocabulário.
1.1. Diante dessas diferenças, como você age?
Eu procuro aproveitar a fala em gíria do aluno pra mostrar em aula. Eu sei que ele
gosta de falar assim, ele fala comigo dessa forma. Eu o aproveitei pra mostrar que
tem aquele uso da gíria. Também converso com na forma dele, com uma
diversidade diferente. Mas, sempre mostrando a norma padrão, que eles têm que
aprender.
2. Você normalmente "corrige" alunos que falam de forma "diferente" ou
"errado”?
Se nós estivermos fazendo exercício que há obrigação de que a fala seja da forma
padrão, nesse sentido sim. Por exemplo, se ele está fazendo uma leitura e essa
leitura exige que ele fale a palavra da forma que está escrita, sim.
2.1. Como você faz isso? É em privado ou na presença dos demais?
Se estivermos no momento de tá em grupo eu aproveito pra mostrar a todo mundo,
se tiver fazendo atividade em grupo, uma leitura que é pra turma.
3. Como você valoriza o trabalho oral na aula?
Eu aproveito bastante, porque as aulas necessitam dessa oralidade, então sempre
estou dizendo: ó, estou conversando com vocês aqui da forma informal. Tô usando o
‘tá’ ao invez de tá usando o “está”. Mas tem hora que a gente apresenta a
formalidade e a informalidade, mas que se ele for passar essa fala pra escrita,
dependendo do ambiente, se for escrever um requerimento ele tem que usar a
norma padrão. Mas aqui na apresentação oral a gente se comunica bem, buscando
a compreensão.
3.1. Como você lida com o oral (estratégia / metodologia) nas aulas?
Na verdade o trabalho de ensino lá na frente é oral, procuro sempre estar o mais
perto possível da maneira deles de entender, com uma oralidade que chegue mais
próximo possível do vocabulário deles. E nesses momentos, claro, eu peço também
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que eles levantem o dedo, participem, mas sempre tem aqueles que participam que
você sabe que tem mais facilidade com a oralidade, que tem mais facilidade em se
expressar.
3.2. Você permite que os alunos participem de atividades de fala direcionadas?
Daqui até o final deste ano, vamos ver crônicas, textos jornalísticos, não sei se
vamos trabalhar com textos jornalísticos este ano, mas por exemplo, quando formos
trabalhar, teremos que fazer uma matéria de jornal. Vai depender de como está o
conteúdo, porque o conteúdo agora é conto. Já pedi pra fazerem um texto escrito,
mas não é oral. No sétimo ano vamos trabalhar poema, vamos fazer poema e
recitar, lá vai ter oralidade sim.
4. Em sala de aula, você usa principalmente as normas padrão ou, em algum
momento, se necessário, você não usa?
Faço, quando eu estava trabalhando gírias, como eu disse, aproveitei coleguinhas
que sei que gostam e manifestei na minha conversa. Conversei com eles dessa
forma. Então eu aproveito o que o momento da explicação pede. Se a gente está
trabalhando com questões de gramática e norma padrão hoje, eu procuro falar
dentro da norma culta, entre a oralidade e a norma culta, sempre deixando o objetivo
claro que aqui eles estão pra aprender a norma padrão, mas, porque em
determinados ambientes eles irão precisar dessa norma.
5. Ao escolher um dos alunos para ler para toda a turma, quais são seus
critérios?
Na verdade vejo que alguns gostam de ler. Então aproveito pra incentivar mais
esses. Claro, eu tento deixar todos lerem, mesmo aqueles com mais dificuldades
devem participar. Muitas vezes você pede pra ler: “ah, num quero ler”. Eu não posso
obrigar o aluno, geralmente os que gostam mais de ler acabam lendo, mas sempre
falando “leiam em casa”.