Petição Inicial DIP
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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA ___ª
VARA FEDERAL DA, SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MANAUS - AM
1 – PRELIMINARES
A defensoria pública é legitimada na proposição de ação civil pública pelo art. 5º,
inciso II, da Lei 7347/85 e sua pertinência temática e a harmonização da referida lei com o art.
134 da CRFB estão demonstrados pelo objeto da presente inicial.
O Brasil foi um dos primeiros países a oferecer o tratamento gratuito para pessoas
portadoras do vírus HIV, tendo uma das maiores coberturas de tratamento antirretroviral, com
64% das pessoas que vivem com HIV recebendo o tratamento. 1 Para que o tratamento anti-
1
https://unaids.org.br/estatisticas/
HIV seja de acesso universal a todos os brasileiros que convivem com o vírus é essencial que
o Estado forneça os medicamentos de combate ao HIV e que o faça de acordo com a demanda
dos pacientes. O direito à vida e à saúde consagrados na Carta Magna demonstram o interesse
público da presente ação.
2 – DOS FATOS
O Amazonas é um estado com uma realidade diferente dos estados das regiões Sul
e Sudeste, tendo uma defasagem no sistema de transportes o que aumenta o distanciamento
entre capital e interior e dificulta a locomoção dos cidadãos, já que esta é extremamente
custosa e demorada. A distribuição mensal dos medicamentos pela rede pública não atende às
peculiaridades de nosso estado, onde existe cidadãos que precisam se locomover mais de
400km até o posto de dispensação de medicamentos mais próximo, de forma que o
deslocamento até o posto todos os meses não se faz possível para pessoas nessa situação.
acesso da população aos medicamentos de combate ao vírus HIV dos quais necessitam para
garantir sua saúde e bem-estar.
3 – DO DIREITO
A Carta de São Francisco, no dizer de Pierre Dupuy, fez dos direitos humanos
um dos axiomas da nova organização, conferindo-lhes idealmente uma estatura
constitucional no ordenamento do direito das gentes3
E, ainda
Para Rezek, a declaração não constitui um tratado com força vinculante, de modo
que não representa uma obrigação jurídica para os Estados presentes na Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), mas a Declaração Universal abriu as portas para
2
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
3
REZEK, José Francisco Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 260
4
Ibidem, p.260
importantes tratados que tratam dos Direitos Humanos 5, os quais o Brasil fez parte. Em
direção contrária vai o pensamento de Valerio Mazuolli, ela integra o jus cogens
internacional:
não está revestida da natureza de tratado, mas tampouco se pode falar que ela
integra os Instrumentos de soft law, A Declaração Universal de 1948, por
estabelecer um código de ética universal relativamente à proteção internacional
dos direitos humanos, integra o jus cogens internacional, e prevalece à vontade
dos Estados e aos seus respectivos direitos internos.6
A Declaração encerra normas que declaram os direitos básicos da pessoa humana como:
Artigo I
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São
dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com
espírito de fraternidade
Artigo III
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo XXV
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a
sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,
cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em
caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda
dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.7
internacional, são “acordos informais” e são compromissos que os Estados têm intenção de
cumprir, mas aos quais não se atribui um caráter vinculante9. Para Mazuolli:
(...) pode-se afirmar que na sua moderna acepção ela compreende todas as
regras cujo valor normativo é menos constringente que o das normas jurídicas
tradicionais, seja porque os instrumentos que as abrigam não detêm o status de
‘norma jurídica’, seja porque os seus dispositivos, ainda que insertos no quadro
dos instrumentos vinculantes, não criam obrigações de direito positivo aos
Estados, ou não criam senão obrigações pouco constringentes10
A soft law mesmo sem o caráter vinculante representa compromissos dos Estados
frente à Comunidade Internacional de consecução dos objetivos internacionais e orienta a
atuação destes no âmbito nacional, podemos perceber isto na atuação brasileira de combate ao
HIV, uma das mais avançadas do mundo e referência entre os países em desenvolvimento que
é guiada por esses objetivos e se concretiza em políticas públicas de diagnóstico e tratamento
da doença.
9
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, p. 160
10
Ibidem, p. 157
4 – DOS PEDIDOS
B – A citação e intimação dos réus para que prestem informações que se fizerem
necessárias ao juízo e apresentem resposta à ação, nos termos da legislação pertinente;
Dá à causa, para fins meramente fiscais o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).