R Chambouleyron - Tráfico em Fragmentos
R Chambouleyron - Tráfico em Fragmentos
R Chambouleyron - Tráfico em Fragmentos
Comércio de
escravizados nos
registros de saída da
alfândega da Casa da
Rafael Chambouleyron Índia
Universidade Federal do Pará
(UFPA), Belém, PA, Brasil.
rafaelch@ufpa.br
https://orcid.org/0000-0003-1150-
5912 Slave Trade in Fragments.
The Commerce of Enslaved
People in the Casa da
Índia's Customs Departure
Registers
1
O autor agradece as sugestões de Roquinaldo Ferreira, Gustavo Acioli Lopes,
Alexandre Pelegrino e Oscar de la Torre. A pesquisa foi possível graças ao apoio do
CNPq. O autor agradece igualmente a Frederik Matos pelo trabalho conjunto no
fundo da Casa da Índia.
2
Código de referência: PT/TT/ER/A-C-B/002.
3
No caso de produtos das conquistas, excetua-se o açúcar e, a partir de
determinado momento, o tabaco e o pau-brasil.
4
Filipa Ribeiro Silva. “Il commercio di schiavi nell’Europa sud-occidentale a metà
del XVIII secolo: uno sguardo sull’importazione di ‘Negri da India, Cacheo, Angola e
Brasile a Lisbona’”, in: Simonetta Cavaciocchi (ed.). Schiavitù e servaggio
nell’economia europea. Secc. XI-XVIII. Firenze: Firenze University Press, 2014,
pp.497 e 499. Para um balanço sobre a historiografia da presença africana em
Portugal, ver: Jorge Fonseca. “A historiografia sobre os escravos em Portugal”.
Cultura, 33 (2014). doi: https://doi.org/10.4000/cultura.2422.
5
Arquivo Distrital do Porto, Portagem e Redízima, livro K/14/1/2 – 171, f. 236v.
6
Idem, livro K/26/1/6 – 31.173, f. 45v.
7
Idem, livro K/14/1/2 – 175, f. 44v. Neste livro, consta também um embarque de
“um negro para Galiza, por nome Manuel, que comprou a Batista de Sousa por 30
mil réis”, por conta de Domingos Antônio do Outeiro. Idem, f. 275.
8
Arquivo Distrital do Porto, Portagem e Redízima, livro K/26/1/6 - 32.177, f. 31. A
carga era a seguinte: 80 caixas de açúcar branco, 41 rolos de tabaco encourado,
com 1.218,5 arrobas, 130 paneiros de cravo do Maranhão, com 127 arrobas,
quatro arrobas de confeitos e marmelada e 14 sacos de grãos com 70 alqueires.
9
Ver a referência ao registro de entradas de escravizados na alfândega de Funchal.
Selina Patel Nascimento. “Female Captive Mobilities and the ‘Countervoyage’ in the
Luso-Atlantic World”. Slavery & Abolition, 44-3 (2023), pp. 548-550. Para um
panorama mais amplo, ver: Bernard Vincent. “L’esclavage dans la Péninsule
ibérique à l’époque moderne”, in: Myriam Cottias; Elisabeth Cunin; António de A.
Mendes (ed.). Les traites et les esclavages ; Perspectives historiques et
contemporaines. Paris: Karthala/Ciresc, 2013, pp. 67-75.
10
Didier Lahon. “Eles vão, eles vêm. Escravos e libertos negros entre Lisboa e o
Grão-Pará e Maranhão (séc. XVII-XIX)”. Revista Estudos Amazônicos, VI-1 (2011),
p. 83. Ver também a recente discussão feita por Selina Nascimento, a respeito da
“contra-viagem” de escravizados da América em direção da Europa. Nascimento.
“Female Captive Mobilities and the ‘Countervoyage’ in the Luso-Atlantic World”.
11
Filipa Ribeiro Silva. “Il commercio di schiavi nell’Europa sud-occidentale”, p. 521.
12
Para 1748, outro ano que também pesquisamos, foram 153 pessoas escravizadas
embarcadas a partir de Lisboa. Os principais destinos, como em 1750, foram o Rio
de Janeiro (45,7% dos indivíduos) e o Maranhão (17,6% dos indivíduos). ANTT,
Alfândega de Lisboa, Casa da Índia, livros 4, 3, 1 e 2 (1748).
13
Em 1748, constatamos, contudo, uma exceção, visto que Pedro Jácome Raposo
enviava para a ilha da Madeira uma “escrava, sua cria e outra”, o que nesses
registros indicava o envio de outra carga, não identificada. Por essa razão, os
direitos pagos, que deveriam somar 4.800 réis, chegaram a 6.684 réis.
Bahia 5 5 2 12
Pernambuco 5 1 6 12
Rio de Janeiro 4 4 31 36 75
Maranhão 29 10 14 53
Paraíba 1 1
Índia 1 1
Madeira 1 1
Angola 1 1 1 3
Benguela 2 2
Cádiz 1 1
América 1 1
A bordo da nau 2 2
Faial 1 3 4
Norte 1 1
NI 1 2 1 4
Total 9 1 38 10 15 6 1 7 1 5 40 40 173
Mês de janeiro
Mês de fevereiro
10. [fol. 91v] José Antônio, para a Madeira, no […] […], um escravo
[Marçal]. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
Mês de março
Mês de abril
Mês de maio
Mês de junho
61. [fol. 55v] João da Costa Soares, para Pernambuco, na galera […], um
negro por nome José. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
62. [fol. 61v] Feliciano Velho, para América, no navio São José, digo,
Santiago, uma escrava. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
63. [fol. 64] João Rodrigues [Vale], para bordo da nau Santiago, um
preto Antônio. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
64. [fol. 64] Manuel Pedro da Silva, um mulato Francisco. Sessenta mil.
Dois mil e quatrocentos.
65. [fol. 66v] O ilustríssimo e excelentíssimo Conde de Castelo Melhor,
um escravo Luís. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos. [acima: nau
Santiago]
66. [fol. 66v] Ambrósio Delfim, para a dita [nau Santiago], um escravo.
Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
Mês de julho
67. [fol. 70] Gaspar Correia Fróis, para Índia, uma escrava. Sessenta mil.
Dois mil e quatrocentos.
68. [fol. 98] José Freitas Souto, para Pernambuco, no navio Senhora da
Atalaia, um escravo João. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
69. [fol. 137] Inácio Quaresma, para [Pernambuco] na nau São João
Batista, um preto por nome Antônio. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
70. [fol. 165v] O capitão Antônio de Sousa Matinho, para Pernambuco,
no navio São João Batista, um moleque por nome Miguel. Sessenta mil.
Dois mil e quatrocentos.
71. [fol. 167] Miguel [Lobão] Carneiro, para Pernambuco, no navio Santo
Antônio […] de Piedade, um escravo por nome Luís, digo, Francisco.
Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
72. [fol. 170] Antônio de Azevedo Alves, para Pernambuco, na nau […]
da Piedade, um moleque Vicente. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
73. [fol. 180v] Dona Dionísia, para Pernambuco, na nau São João
Batista, um escravo Pedro. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
74. [fol. 181] O doutor José Teodoro de Lima Duarte, para a Paraíba, no
navio Nossa Senhora do Livramento, uma escrava por nome Rita. Sessenta
mil. Dois mil e quatrocentos.
Mês de setembro
75. [fol. 217] O padre João de Aguiar Peixoto, para a ilha [do Faial14], no
navio Catarina, um moleque por nome João. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
Mês de outubro
76. [fol. 269] O capitão João Ferreira, para Angola, na nau Nossa
Senhora dos Remédios, um escravo Marcel. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
77. [fol. 290v] O capitão Antônio da [Ponte] Lisboa, para o Rio, nau São
José, três escravos em que entra uma cria. Cento e oitenta mil. Sete mil e
duzentos.
ANTT, Alfândega de Lisboa, Casa da Índia, livro 213 (1750), 297 fols.
Código de referência: PT/TT/ER/A-C-B/002/0011
Mês de outubro
78. [fol. 33] Eusébio Gomes, para o Rio, na nau Santa Ana, um escravo
por nome José. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
14
No registro anterior o mesmo religioso envia peças de baeta para a ilha do Faial
no mesmo navio.
79. [fol. 46v] Manuel [do Couto] […] para o Rio, na nau N [sic], um
escravo Manuel. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
80. [fol. 87] O padre Antônio José de Souto, para o Rio, na nau Senhora
do Bom Despacho, um escravo por nome Joaquim. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
81. [fol. 102] O doutor Luís João dos Santos, para o Rio, na nau N. [sic]
um escravo João. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
82. [fol. 126] Cristóvão de Almeida, para o Rio, na nau Senhora dos
Prazeres, um preto Inácio. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
83. [fol. 136v] José Apolinário, para a Bahia, na nau Bom […], dois
escravos Antônio e João. Cento e vinte mil. Quatro mil e oitocentos.
84. [fol. 140] Dona Antônia Maria do Sacramento, para a Bahia, na nau
Campelos, dois escravos, Francisco e Luzia. Cento e vinte mil. Quatro mil e
oitocentos.
85. [fol. 162] Manuel Gonçalves Franco, para o [Rio] na nau Santa Rosa,
um moleque [Romão]. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
86. [fol. 178v] O padre frei Pedro de São Paulo, para a Bahia, na nau
Campelos, um escravo por nome Antônio. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
87. [fol. 183] José Carlos Vieira, para o Rio na nau Santa Rosa, quatro
escravos. Duzentos e quarenta mil. Nove mil e seiscentos.
88. [fol. 191] O padre Antônio Gracia da Rosa, para a ilha do Faial, três
escravos, José, Antônio e João. Cento e oitenta mil. Sete mil e duzentos.
89. [fol. 194] O padre Marcos Gomes Ribeiro, para o Rio, na nau Santa
Ana, um mulato por nome João e outros. Cento e oitenta mil. Sete mil e
duzentos.
90. [fol. 194v] Ele mais [padre Marcos Gomes Ribeiro], [duas pretas,
Brízida] e [Maria]. Cento e vinte mil. Quatro mil e oitocentos.
91. [fol. 194v] Ambrósio de Araújo Silva, para o Rio, na nau São João de
Deus, uma escrava por nome Vicência. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
92. [fol. 201] O padre Marcos Gomes Ribeiro, para o Rio, na nau São
Francisco Xavier, um escravo por nome João. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
93. [fol. 201v] [Davin Quinquo] para o […] nau [Nosso] Bom Jesus de
[Bouças], um escravo por nome Antônio. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
94. [fol. 209v] Antônio Ramalho Lisboa, para o Rio, na nau […], um preto
por nome Simão. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
95. [fol. 213] O doutor Manuel Gonçalves [Costa], para o Rio, na nau
[…], uma escrava […]. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
96. [fol. 217v] Bernardo Gomes da Costa, para o Rio, na nau [Bom
Despacho], um escravo por nome Jonas. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
97. [fol. 223] Manuel Rodrigues Pontes, para o Rio, na nau Santa Rosa,
um escravo por nome Bernardo. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
98. [fol. 226] Pedro da Costa Gonçalves, para o Rio, na nau Candeias,
um escravo por nome José. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
Mês de dezembro
111. [fol. 261v] Manuel Fernandes Cruz, para o Rio, na nau […], um
escravo por nome Domingos. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
112. [fol. 262] José Gonçalves Pena, para o Rio, na nau Bom Jesus de
[Bouças], uma moleca Josefa. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
113. [fol. 264] O doutor Jacinto Monteiro Pinto de Sousa, para o Rio, na
nau Estrela, duas escravas. Cento e vinte mil. Quatro mil e oitocentos.
114. [fol. 269] Maximiliano da Silva, para o Rio, na nau Nossa Senhora do
Ó, uma escrava. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
115. [fol. 271] José de Magalhães Ribeiro, para o Rio, na nau […], dois
escravos. Cento e vinte mil. Quatro mil e oitocentos.
116. [fol. 272] Antônio Caetano de Sousa, para o Rio, na nau São José,
um escravo por nome Antônio. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
117. [fol. 276v] O capitão [Antônio] de Pontes, para o Rio, na nau São
José, um escravo. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
118. [fol. 280v] O capitão Francisco Dias leal, para o Rio, no navio
Dragão, um escravo por nome Caetano. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
119. [fol. 280v] O [doutor] corregedor de [Moreira], para o […], no navio
Dragão, um escravo por nome Inácio. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
Mês de dezembro
127. [fol. 2v] Manuel Pestana, para o Rio, no navio Nossa Senhora do Bom
Despacho, um moleque por nome Antônio. Sessenta mil. Dois mil e
quatrocentos.
128. [fol. 3] José Gomes de Rosas, para a Bahia, na nau Fortaleza, um
escravo. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
129. [fol. 4v] João Pereira de Aguiar, para o Rio, na nau Fortaleza, um
escravo Manuel. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
130. [fol. 5] João de Lima Viana, para o Rio, na nau Senhora da
Conceição, um escravo Gonçalo. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
131. [fol. 5v] Antônio Machado Lisboa, para o Rio, na nau [Campelos], um
escravo Manuel. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
132. [fol. 5v] O capitão José […], para a Bahia, na nau da Licença, um
escravo. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
133. [fol. 6v] Manuel da Silva Ferreira, para o Rio, na Nossa Senhora da
Conceição, um escravo. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
134. [fol. 7] Diogo […] Cardoso, para o Rio, […], um escravo. Sessenta
mil. Dois mil e quatrocentos.
135. [fol. 7v] […] Hofeman, para o Rio, nau Senhora do Bom Despacho,
um mulato Narciso. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
136. [fol. 8v] Antônio José Pato, para o Rio, na nau Campelos, um escravo
Manuel. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
137. [fol. 11] Tomás Brás, para o Rio, na nau Candeias, um escravo José.
Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
138. [fol. 12] Pedro Fernandes da Silva, para o Rio, nau Nossa Senhora da
Conceição, um preto Geraldo. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.
139. [fol. 13v] Manuel […] de [Castro], para o Rio, nau Nossa Senhora das
Candeias, uma escrava Josefa. Sessenta mil. Dois mil e quatrocentos.