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8.5 - Decisão Judicial Favorável

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PODER JUDICIÁRIO

TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA


DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO N.º 2007.72.51.001464-2

REQUERENTE: ASCANIO PRUNER


REQUERIDO: INSS
ORIGEM: SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA

RELATORA SIMONE LEMOS FERNANDES

I - RELATÓRIO -

Trata-se de Pedido de Uniformização de Jurisprudência formulado por


Ascanio Pruner em face de acórdão prolatado pela 2ª Turma Recursal da Seção
Judiciária de Santa Catarina, que negou provimento ao Recurso Inominado que
interpôs em face de sentença que julgou improcedente o pedido de revisão do
benefício que percebe. Registro, de forma sintética, que o autor-recorrente
pleiteou, na petição inicial, a observância do valor integral do salário-de-
benefício, sem a consideração do teto legal, para fins de cálculo do primeiro
reajuste de sua aposentadoria por tempo de contribuição (quando deveria,
então, ser observado o teto vigente).
Inconformado com o julgamento que negou provimento ao recurso
inominado que interpôs, insiste o ora requerente no reconhecimento de seu
direito, com requerimento de consequente uniformização da tese de que, por
ocasião do primeiro reajuste de benefício previdenciário, deve-se ignorar o teto
imposto para cálculo da renda mensal inicial, para depois se aplicar o reajuste e
em seguida aplicar o teto então vigente. Postulou o reconhecimento de
divergência entre o acórdão recorrido e paradigmas prolatados pela Primeira
Turma do eg. Tribunal Regional Federal da Primeira Região. Apontou, ainda,
divergência do acórdão recorrido com um paradigma prolatado por esta Turma
Nacional de Uniformização de Jurisprudência nos autos do processo n.º
2003.33.00.712505-9, assim ementado:

PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI


FEDERAL. SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. CORREÇÃO. SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO.
LIMITAÇÃO AO TETO. PRIMEIRO REAJUSTE APÓS A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
I – A estipulação de valor como teto para o salário-de-benefício já foi
considerada como constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
II – Contudo, revela-se razoável que, por ocasião do primeiro reajuste a ser
aplicado ao benefício após a sua concessão, a sua base de cálculo seja o
valor do salário-de-benefício sem a estipulação do teto, uma vez que, do
contrário, a renda do segurado seria duplamente sacrificada – na estipulação
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da RMI e na proporcionalidade do primeiro reajuste com base inferior ao que


efetivamente contribuiu.
III – Improvimento do Recurso.
(TNU, processo n.º 2003.33.00.712505-9/BA, Relator Juiz Ricardo César
Mandarino Barreto, Julgamento em 10/10/2005).

O incidente foi inadmitido na origem, decisão revista pela Presidência


deste Colegiado Nacional.
É o relatório.
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II – VOTO -
Lembro que as hipóteses que autorizam o manejo do incidente de
uniformização encontram-se previstas no art. 14 da Lei n.º 10.259/2001, que
estabelece a competência desta Turma Nacional de Uniformização dos Juizados
Especiais Federais quando demonstrada divergência entre decisões de Turmas de
diferentes Regiões ou quando presente decisão proferida em contrariedade a
súmula ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça. Este órgão
colegiado também já pacificou o entendimento de ser cabível a interposição do
incidente em face de acórdão que profira, revelando sua posição pacificada.
Feitas essas considerações, vinco, de início, que os paradigmas
originados do eg. Tribunal Regional Federal são imprestáveis à configuração da
pretendida divergência, por ausência de previsão legal.
Reconheço, no entanto, a aptidão do Incidente de Uniformização
prolatado por esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência para
provocar o conhecimento e julgamento deste Pedido de Uniformização, uma vez
que consolida entendimento vigente nesta Turma à época da propositura deste
incidente, contrário ao posicionamento veiculado no acórdão recorrido.
Pontuo, de início, que não é objeto deste incidente o
reconhecimento da constitucionalidade ou inconstitucionalidade do teto
legalmente imposto para o salário-de-benefício (art. 29, §2º, da Lei n.º 8.213/91).
Limita-se a pretensão do recorrente ao afastamento do teto originalmente
imposto na data do cálculo da renda mensal inicial para fins de cálculo do
primeiro reajuste, pleiteando, após, a observância do novo teto então vigente.
A despeito de as partes não terem esclarecido, suficientemente,
detalhes acerca da concessão e da revisão administrativa do benefício
concedido ao autor, consegue-se aferir, mediante análise do Sistema Único de
Benefícios DATAPREV que o autor-recorrente é beneficiário de aposentadoria por
tempo de contribuição (35 anos, 01 mês e 13 dias) que lhe foi concedida em
16/07/1996. Na concessão originária, o salário-de-benefício foi calculado em
R$884,36, abaixo do então vigente teto do salário de contribuição, motivo pelo
qual a renda mensal inicial foi fixada em R$884,36.
Ocorre que o autor-recorrente foi beneficiado por revisão do cálculo
de seu benefício, por força da incorporação do índice de fevereiro de 1994 na
correção dos salários-de-contribuição posteriores a esse mês. O recálculo de seu
salário-de-benefício fez com que alcançasse o valor de R$963,97, superior ao teto
vigente para o salário-de-contribuição, motivo pelo qual a sua renda mensal
inicial foi limitada em R$957,56. Assim, se trata de segurado potencialmente
beneficiado pelo acolhimento da tese veiculada no incidente ora julgado.
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Pretende o recorrente, pois, que o valor de R$963,97, relativo ao


salário-de-benefício, seja observado para incidência do primeiro reajuste, antes
de sua submissão ao teto então vigente para o salário-de-contribuição – antes,
pois, do cálculo da renda mensal inicial.
Passo ao exame do mérito recursal. Confesso possuir posição
contrária à tese para a qual se postula acolhimento. Entendo que a legislação
previdenciária é estruturada de forma a autorizar atualizações monetárias de
benefícios sobre a renda mensal da competência anterior ao reajuste. Assim,
para incidência do primeiro reajuste, deve-se necessariamente observar a renda
mensal inicial, afigurando-se irrelevante, para esta finalidade, o valor do salário-
de-benefício, etapa de cálculo dessa renda mensal inicial. Compreendo que a
concessão do benefício é etapa que engloba tanto a soma dos salários de
contribuição quanto o cálculo do salário-de-benefício (resultado da divisão dessa
soma por 36), como também a aplicação dos eventuais coeficientes relativos à
proporcionalidade e a aplicação do teto vigente por ocasião dessa concessão.
Tempus regit actum. Esse brocardo, que delimita a aplicação da lei vigente à
época da formação do ato jurídico, também se aplica ao teto vigente por
ocasião do cálculo da renda mensal inicial, já que a concessão do benefício é
ato único.
Considero que a proporcionalidade ou integralidade de aplicação
do indexador previdenciário no primeiro reajuste não se traduz, em verdade, em
punição ou prêmio aos segurados. Justifica-se pela lógica do sistema, variando
em função de diferenças próprias dos ordenamentos jurídicos considerados,
sendo pressuposto lógico de sua análise a aplicação - ou não - de correção
monetária dos salários-de-contribuição imediatamente anteriores à data da
concessão do benefício.
Lembro que esta Turma Nacional de Uniformização modificou o
posicionamento adotado no paradigma apontado, pacificando entendimento
em sentido oposto, coincidente com o esposado por esta Relatora. Os julgados
são vários. Confira-se:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. PRIMEIRO REAJUSTE.


BASE DE CÁLCULO. RENDA MENSAL INICIAL.
1. Não há direito à incidência do primeiro reajuste sobre o valor integral do
salário-de-benefício, sem limitação ao teto vigente, posto que o primeiro
reajuste deve incidir sobre o valor da renda mensal inicial.
2. Pedido de uniformização improvido.
(Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, Pedilef. n.º
200872580036497, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ
05/11/2010)
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PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. PRIMEIRO REAJUSTE. BASE DE


CÁLCULO. RENDA MENSAL INICIAL. PRECEDENTES DA TNU.
1. De acordo com o entendimento já pacificado nesta TNU, a base de cálculo
para o primeiro reajuste do benefício previdenciário de prestação continuada
deve ser a renda mensal inicial, e não o salário-de-benefício apurado sem a
incidência do teto redutor. Precedentes da TNU. 2. Pedido de Uniformização
não provido.
(Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, Pedilef. n.º
200772540014383, Relator Juiz Federal Otávio Henrique Martins Port, DJ
25/05/2010)

PARADIGMAS ORIUNDOS DE TRF NÃO ENSEJAM A INTERPOSIÇÃO DO


INCIDENTE. DIVERGÊNCIA COMPROVADA EM RELAÇÃO À JURISPRUDÊNCIA DA
TNU. O PRIMEIRO REAJUSTE DO BENEFÍCIO DEVE INCIDIR SOBRE O VALOR DA
RMI, APÓS A APLICAÇÃO DO TETO LIMITADOR, SE FOR O CASO. INCIDENTE
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
(Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, Pedilef. n.º
200772510031720, Relator Juiz Federal José Eduardo do Nascimento, DJ
25/05/2010)

TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. PRIMEIRO REAJUSTE.


BASE DE CÁLCULO. RENDA MENSAL INICIAL. PRECEDENTES DA TNU. PEDIDO DE
UNIFORMIZAÇÃO NÃO PROVIDO.
1. É entendimento atual da TNU que a base de cálculo para o primeiro reajuste
do benefício previdenciário de prestação continuada deve ser a renda
mensal inicial, e não o salário-de-benefício apurado sobre os salários-de-
contribuição sem a incidência do teto redutor. Precedentes: processos n.
2007.51.51.00.2048-7 e n. 2007.72.54.00.1608-2.
2. Pedido de Uniformização não provido.
(Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, Pedilef. n.º
200751510021236, Relator Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ
25/02/2010)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. PRIMEIRO REAJUSTE. BASE DE


CÁLCULO. RENDA MENSAL.
Conhece-se do pedido de uniformização, em restando caracterizado o
dissídio jurisprudencial que o autoriza. O primeiro reajuste do benefício
previdenciário deve ser calculado sobre o valor de sua renda mensal inicial, e
não sobre o valor do respectivo salário-de-benefício, sem prejuízo da
aplicação, em sendo o caso, da regra contida no artigo 21, §§ 1º e 3º, da Lei
n.º 8.880/94, nos estritos termos em que formulada.
(Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, Pedilef. n.º
200751510047808, Relator Juiz Federal Sebastião Ogê Muniz, DJ 19/08/2009) .
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Ocorre que o tema está a merecer maior aprofundamento e debate,


eis que deve sofrer os necessários reflexos da posição adotada pelo eg. Supremo
Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário 564.354, submetido ao
regime de repercussão geral e julgado pelo Tribunal Pleno em 08/09/2010, assim
ementado:

DIREITOS CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO.


ALTERAÇÃO NO TETO DOS BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA.
REFLEXOS NOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS ANTES DA ALTERAÇÃO. EMENDAS
CONSTITUCIONAIS N. 20/1998 E 41/2003. DIREITO INTERTEMPORAL: ATO JURÍDICO
PERFEITO. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA LEI INFRACONSTITUCIONAL.
AUSÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Há pelo menos duas situações jurídicas em que a atuação do Supremo
Tribunal Federal como guardião da Constituição da República demanda
interpretação da legislação infraconstitucional: a primeira respeita ao
exercício do controle de constitucionalidade das normas, pois não se declara
a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei sem antes entendê-
la; a segunda, que se dá na espécie, decorre da garantia constitucional da
proteção ao ato jurídico perfeito contra lei superveniente, pois a solução de
controvérsia sob essa perspectiva pressupõe sejam interpretadas as leis postas
em conflito e determinados os seus alcances para se dizer da existência ou
ausência da retroatividade constitucionalmente vedada.
2. Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 da
Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º da Emenda Constitucional n.
41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de
previdência estabelecido antes da vigência dessas normas, de modo a que
passem a observar o novo teto constitucional.
3. Negado provimento ao recurso extraordinário.
(RE 564354, Relatora: Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em
08/09/2010, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-030 DIVULG 14-02-2011 PUBLIC
15-02-2011 EMENT VOL-02464-03 PP-00487)

Trata-se de decisão prolatada em Recurso Extraordinário interposto


em face de decisão da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado de
Sergipe, que havia julgado procedente a ação para que fosse realizado o
pagamento do benefício com base no novo teto previdenciário instituído pela
Emenda n. 20, bem como condenado o INSS ao pagamento dos valores devidos
desde a entrada em vigor dessa emenda, observando-se a prescrição
quinquenal.

Depreende-se da leitura da íntegra do voto da Relatora, Ministra


Cármen Lúcia, que o eg. Supremo Tribunal Federal não afastou, para a espécie, a
aplicação do princípio da irretroatividade das leis. Considerou que o cálculo do
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salário-de-benefício (e não da renda mensal inicial) é que se agrega ao


patrimônio jurídico do segurado, devendo obediência irrestrita às leis então em
vigor. Diferentemente, considerou-se que o teto aplicável é elemento conjuntural
e variável, a ser observado no momento da percepção da aposentadoria.
Afastou-se, é bom dizer, a possibilidade de acolhimento de pretensão de
reajustes gerais aos benefícios em manutenção com base na variação do teto,
excepcionando-se apenas a garantia de aplicador do novo teto aos salários-de-
benefício limitados na época da concessão. Eis a conclusão da ilustre Relatora
do recurso indicado:

“Conheço do presente recurso e nego provimento a ele, por correta a


conclusão de ser possível a aplicação imediata do art. 14 da Emenda
Constitucional 20/1988 e do art. 5º da Emenda Constitucional n. 41/2003
àqueles que percebem seus benefícios com base em limitador anterior,
levando-se em conta os salários-de-contribuição que foram utilizados para os
cálculos iniciais.”

O único julgador a demonstrar posicionamento diverso da ilustre


Relatora foi o Ministro Dias Toffoli, que em seu voto divergente fez consignar o
entendimento de que a pretensão ofenderia o ato jurídico perfeito de concessão
do benefício – “ato único, não continuado”. Confira-se:

“Acrescento, ademais, que a concessão do benefício não é um ato


continuado. Não se fica recalculando o benefício. Uma vez que se concede o
benefício, fato jurídico, perfeito e acabado, sobre ele vão incidir as correções,
a não ser, evidentemente, que a lei posterior expressamente faça previsão a
favor do beneficiado, porque, senão, haveria uma afronta ao direito
adquirido.
(Então, digo eu:)
A concessão do benefício não é um ato continuado. A continuidade está
presente apenas no pagamento mensal, mas o valor desse pagamento é
definido em ato único. Uma lei posterior só altera a forma de cálculo do valor
à época da concessão do benefício caso contenha previsão expressa de
aplicação a situações fáticas pretéritas, circunstância que não ocorre na
hipótese.
O acórdão recorrido contraria, sim, o art. 5º, inciso XXXVI da Constituição
Federal, pois nele fica evidente a agressão a um ato jurídico perfeito. No caso,
qual o ato jurídico? A forma de cálculo do valor do benefício.
Com efeito, uma vez que o salário de contribuição é substituído pela renda
mensal inicial do benefício em valor monetário, no momento da concessão,
tempus regit actum, aquele salário não mais existe para fins previdenciários. A
partir daí, aplicam-se tão somente os índices de reajuste periódico sobre o
referido valor monetário, nos termos da Constituição Federal, art. 201, §4º, e da
Lei n.º 8.213/91, art.41.
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(...)
Conclui-se facilmente que o legislador jamais pretendeu aplicar
retroativamente o artigo 14 da Emenda n.º 20 aos benefícios anteriormente
concedidos, nem mesmo com relação às prestações a vencer após a sua
vigência, pois, se assim fosse, teria que se manifestar expressamente, não só
em função do princípio da retroatividade, mas também em função do
princípio da legalidade, previsão do art. 5º, II, da Constituição Federal, visto
que à Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza.”

Prosseguiu-se no debate, cuja íntegra se encontra disponível na


internet, com a manifestação do Ministro Toffoli de que a premissa do resultado
da teorização sugerida pela Ministra relatora seria a de que todo mês, quando se
vai fazer o pagamento do benefício, tem-se que fazer o seu recálculo. Os
componentes da Corte Suprema não entenderam haver problema algum nesse
fato, equiparando-o ao relativo às alterações rotineiras no teto do funcionalismo
público federal por força de elevação dos subsídios dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal.

Em seu voto, o Ministro Gilmar Mendes, acompanhando as


conclusões da Ministra Relatora, fez questão de lhes acrescentar fundamentos,
manifestando-se, de forma expressa, com relação à natureza jurídica do limitador
previdenciário. Considerou-o como elemento externo à estrutura jurídica do
benefício previdenciário. Confira-se:

Esclarecida a origem meramente contábil da discrepância entre valor máximo


do salário-de-contribuição e valor do limitador previdenciário (“teto
previdenciário”), a questão central do debate reside na elucidação da
natureza jurídica do limitador previdenciário. Tenho que o limitador
previdenciário, a partir de sua construção constitucional, é elemento externo à
estrutura jurídica do benefício previdenciário, que não o integra. O salário de
benefício resulta da atualização dos salários-de-contribuição. A incidência do
limitador previdenciário pressupõe a perfectibilização do direito, sendo-lhe,
pois, posterior e incidindo como elemento redutor do valor final do benefício.
Desta forma, sempre que alterado o valor do limitador previdenciário, haverá
possibilidade de o segurado adequar o valor de seu benefício ao novo teto
constitucional, recuperando o valor perdido em virtude do limitador anterior,
“pois coerente com as contribuições efetivamente pagas”. (CASTRO, Carlos
Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 12
ed. Florianópolis: Conceito Editorial. 2010. p. 557/558).
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Essas longas considerações e remissões se fazem necessárias para


que se possa extrair do julgado as razões de decidir que orientaram o
entendimento firmado pelo Pretório Excelso. Isso porque o brocardo jurídico ubi
idem ratio, ibi idem jus exige a aplicação do mesmo direito, onde houver a
mesma razão.
Se a orientação firmada pelo Supremo Tribunal finca-se no
pressuposto de que a concessão do benefício, à qual se aplica a legislação
vigente, se restringe ao cálculo do salário-de-benefício, sendo que a observância
de teto limitador é elemento exterior a esse cálculo, tem-se que essa orientação
provoca inevitáveis reflexos no objeto deste incidente. De fato, se considerarmos
que o segurado obteve a incorporação, em seu patrimônio jurídico, do direito a
determinado salário-de-benefício, o fato desse salário-de-benefício ter sido
limitado ao teto em vigor na data da concessão não impossibilita a observância
de novo teto, quando por ocasião do primeiro reajuste – já que esse limitador,
como já dito, é elemento extrínseco ao cálculo.
Observo que a despeito de o limitador em análise no caso concreto
não ter sido imposto por emenda constitucional, a circunstância não autoriza a
diferenciação das hipóteses, já que esse não foi o critério determinante da
decisão indicada. Vinco, por fim, não ser objeto deste incidente questionamento
relativo à aplicação ou não de coeficiente de cálculo relacionado com a
proporcionalidade do benefício, matéria tangenciada no voto vencido do
Ministro Tóffoli, mas sobre a qual não houve manifestação expressa daquele
Sodalício.
Logo, o que proponho é a modificação de entendimento desta
Turma Nacional de Uniformização para retomada do posicionamento indicado
no acórdão paradigma (que já se encontrava superado), para fins de
alinhamento ao posicionamento do eg. Supremo Tribunal Federal, externado no
julgamento indicado. Para tanto, sugiro a seguinte uniformização do tema:
1 – O ato de concessão do benefício previdenciário é ato único, regido pela
legislação então em vigor, não compreendendo, no entanto, a aplicação de
teto limitador previsto em normas constitucionais ou infra-constitucionais,
elemento extrínseco ao seu cálculo;
2 – O salário-de-benefício, sem a aplicação do teto vigente, deve ser a base de
cálculo a ser observada no primeiro reajuste a ser aplicado ao benefício após a
sua concessão, sendo que deverá sofrer limitação pelo novo teto vigente na
data do reajuste, situação que poderá, a partir de então, gerar o direito à
percepção de diferenças.
Com essas considerações, dou parcial provimento a este incidente.
Em se tratando de matéria exclusivamente de direito, julgo parcialmente
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procedente o pedido, reconhecendo o direito do autor de obter, no primeiro


reajuste de seu benefício, o recálculo das prestações devidas a partir de então,
de acordo com as premissas jurídicas ora fixadas, e condenando o INSS ao
pagamento das diferenças devidas desde o recálculo, corrigidas
monetariamente e acrescidas de juros de mora na forma da lei, observada a
partir da promulgação da Lei n.º 11.960, a última redação conferida ao artigo 1º F
da Lei n.º 9.494.

É como voto.

Simone Lemos Fernandes


Juíza Federal Relatora
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SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO

Presidente da Sessão: Ministro FRANCISCO FALCÃO


Subprocurador-Geral da República: BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS
Secretário(a): VIVIANE DA COSTA LEITE
Relator(a): Juiz(a) Federal SIMONE DOS SANTOS LEMOS
FERNANDES

Requerente: ASCANIO PRUNER


Proc./Adv.: J.N. COELHO NETO, RODRIGO COELHO, GIOVANI
COELHO

Requerido: INSS
Proc./Adv.: GEORGIOS LIMA DUIM SILVEIRA

Remetente.: SC - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA


Proc. Nº.: 2007.72.51.001464-2

CERTIDÃO

Certifico que a Egrégia Turma de Uniformização, ao apreciar o processo em epígrafe, em sessão


realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Após o voto da Juíza Relatora, conhecendo do incidente de uniformização e dando-lhe parcial


provimento, pediu vista, antecipadamente, o Juiz Federal José Savaris. Aguardam os Juízes Federais
Antonio Schenkel, Vanessa Mello, Vladimir Vitovsky, Alcides Saldanha, Paulo Arena, Jorge Gustavo de
Macedo Costa, José Eduardo do Nascimento e Ronivon de Aragão.

Participaram da sessão de julgamento, os Srs. Juízes e Sras. Juízas Federais: JOSÉ SAVARIS, JOSÉ
EDUARDO DO NASCIMENTO, RONIVON DE ARAGÃO, SIMONE LEMOS FERNANDES, ANTONIO
SCHENKEL, VANESSA MELLO, VLADIMIR VITOVSKY, ALCIDES SALDANHA, PAULO ARENA e
JORGE GUSTAVO SERRA DE MACEDO COSTA.

Brasília, 5 de maio de 2011.

VIVIANE DA COSTA LEITE


Secretário(a)
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PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL


PROCESSO Nº: 2007.72.51.001464-2
ORIGEM: 2ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA
REQUERENTE: ASCANIO PRUNER
ADV./PROC.: GEOVANI COELHO
REQUERIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
ADV./PROC.: GEORGIOS LIMA DUIM SILVEIRA
RELATORA: JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS
FERNANDES

VOTO DIVERGENTE

Pedi vista para melhor análise da matéria debatida nos autos e, com a vênia da
ilustre relatora, manifesto minha divergência nos seguintes termos.

O voto da ilustre relatora conhece e dá parcial provimento ao presente incidente


de uniformização e julga parcialmente procedente o pedido inicial “reconhecendo o direito ao
autor de obter, no primeiro reajuste seu benefício, o recálculo das prestações devidas a partir de
então, de acordo com as premissas jurídicas ora fixadas e condenando o INSS ao pagamento das
diferenças devidas desde o recálculo”.

O acórdão recorrido negou provimento ao recurso interposto pela parte autora,


confirmando por seus próprios fundamentos sentença de improcedência de pedido de revisão de
benefício, mediante reconhecimento da constitucionalidade do art. 29, par. 2º, da Lei n.
8.213/91 e não deixando de reconhecer o direito previsto no art. 21, par. 3º, da Lei 8.880/94
(“Na hipótese da média apurada nos termos deste artigo resultar superior ao limite máximo do salário-de-
contribuição vigente no mês de início do benefício, a diferença percentual entre esta média e o referido limite
será incorporada ao valor do benefício juntamente com o primeiro reajuste do mesmo após a concessão,
observado que nenhum benefício assim reajustado poderá superar o limite máximo do salário-de-
contribuição vigente na competência em que ocorrer o reajuste”).

Em análise do pedido de uniformização, vislumbro que o pedido do recorrente


visa à “revisão do benefício de aposentadoria por tempo de serviço/contribuição titularizado
pelo Recorrente, a fim de que no reajuste concedido pelo Governo, subsequente à concessão do
benefício, sua base de cálculo seja o valor integral do salário-de-benefício, sem a estipulação do
teto”.

Pelo que se depreende da petição inicial e do pedido de uniformização, a tese


levantada pelo autor cinge-se à inconstitucionalidade do art. 29, par. 2º da Lei n. 8.213/91 em
face da redação do art. 202, caput, da CF/88, na redação anterior à EC 20/98, bem como a
possibilidade de aproveitamento do excedente quando do primeiro reajuste, sem a observância
do limite máximo do salário-de-benefício.
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O recorrente invoca como paradigma precedente desta TNU (PU


2003.33.00.712505-9/BA, rel. Juiz Federal Ricardo Mandarino, j. em 10/10/2005), segundo o
qual “ revela-se razoável que, por ocasião do primeiro reajuste a ser aplicado ao benefício após
a sua concessão, a sua base de cálculo seja o valor do salário-de-benefício sem a estipulação do
teto, uma vez que, do contrário, a renda do segurado seria duplamente sacrificada – na
estipulação da RMI e na proporcionalidade do primeiro reajuste com base inferior ao que
efetivamente contribuiu”. Esse mesmo precedente considerou que a estipulação de valor como
teto para o salário-de-benefício já foi considerada como constitucional pelo Supremo Tribunal
Federal.

Ainda que o autor-recorrente não logre formular a sua pretensão com a clareza
exigível pela ciência jurídica, é possível compreender que devolve a esta TNU a tese da
inconstitucionalidade do art. 29, §2º, da Lei n. 8.213/91, de modo que o primeiro reajuste
deveria se dar sem a observância deste limite máximo.

Desde logo, é importante ressaltar que a pretensão veiculada no presente


incidente não diz respeito, em absoluto, à questão decidida recentemente pelo STF (RE
564.354, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 08/09/2010, DJ 15/02/2011), tal como entendeu a nobre
relatora. Isso porque a decisão do Pretório Excelso, embora também não primando pela clareza
dos conceitos, trata de matéria diversa, isto é, os efeitos da EC 20/98 e 41/2003 sobre os
benefícios que tiveram o salário-de-benefício limitados pela legislação vigente ao tempo da sua
concessão.

Quanto ao caso em análise, o precedente invocado como paradigma já não mais


subsiste no âmbito desta TNU, visto que desde o julgamento do PU 200772510009970, Rel.
Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, j. em 19.10.2009, este Colegiado, como
observa também a ilustre relatora, vem reiterando entendimento nos seguintes termos:

TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. PRIMEIRO


REAJUSTE. BASE DE CÁLCULO. RENDA MENSAL INICIAL. PRECEDENTES DA
TNU. 1. Não obstante a pretensão do requerente seja dirigida à revisão do seu benefício
mediante alteração da case de cálculo do seu primeiro reajuste, fixando-a como o salário-de-
benefício, sem redução decorrente da aplicação do seu teto redutor, o mesmo fundamenta
suas razões na inconstitucionalidade do próprio teto, à luz do disposto no art. 202, caput, da
CR/88, em sua redação original. Observe-se que tal tese jurídica é esposada pelo Pleno do
TRF da 1ª Região (AC 95.01.17225-2/MG), cuja jurisprudência não é baliza válida à
configuração do dissídio em questão, e constitui fundamento para as decisões proferidas no
AC nº 2000.35.00.020760-9/GO e no AI nº 2004.01.00.032637-6/BA, essas últimas
proferidas pela 1ª Turma do próprio Tribunal Regional – e não de Turmas Recursais, como
alega a parte requerente, induzindo a erro quem proceda à leitura descurada do Incidente.
Acrescente-se que essa tese jurídica não foi debatida nos autos, cuidando-se de argumento
novo, surgindo apenas no Pedido de Uniformização, o que enseja aplicação da Questão de
Ordem nº 10 da TNU. 2. Quanto à decisão da Turma Nacional no Processo n.
2003.33.00.712505-9, esse, sim, guarda relação direta com a pretensão autora, constituindo-
se paradigma válido à demonstração da jurisprudência. 3. É entendimento atual da TNU que a
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DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

base de cálculo para o primeiro reajuste deve ser a renda mensal inicial, e não o salário-de-
benefício apurado sobre os salários-de-contribuição sem a incidência do teto redutor.
Precedentes: processos n. 2007.51.51.00.2048-7 e n. 2007.72.54.00.1608-2. 4. Pedido de
Uniformização parcialmente conhecido e, na parte conhecida, não provido”

Igualmente neste sentido e em caso idêntico ao da espécie, pode-se citar o


julgamento unânime do PU 2007.72.51.00.3172-0, rel. Juiz Federal José Eduardo do
Nascimento, j. em 09/04/2010.

Nessas condições, voto no sentido de NÃO CONHECER do presente incidente


de uniformização, não apenas porque o paradigma invocado se encontra superado, mas porque
o entendimento deste Colegiado se encontra atualmente sedimentado no mesmo sentido do
acórdão recorrido, sendo cabível a aplicação da QO 13.

Brasília, 14 de junho de 2011.

José Antonio Savaris


Juiz Federal
PODER JUDICIÁRIO
TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA
DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO

Presidente da Sessão: Ministro FRANCISCO FALCÃO


Subprocurador-Geral da República: ANTONIO CARLOS PESSOA LINS
Secretário(a): VIVIANE COSTA LEITE
Relator(a): Juiz(a) Federal SIMONE DOS SANTOS LEMOS
FERNANDES

Requerente: ASCANIO PRUNER


Proc./Adv.: J.N. COELHO NETO, RODRIGO COELHO, GIOVANI
COELHO

Requerido: INSS
Proc./Adv.: PROCURADORIA-GERAL FEDERAL

Remetente.: SC - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA


Proc. Nº.: 2007.72.51.001464-2

CERTIDÃO
Certifico que a Egrégia Turma de Uniformização, ao apreciar o processo em epígrafe, em sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Após o voto da Juíza Relatora conhecendo do incidente e dando-lhe parcial provimento, pediu vista,
antecipadamente, o Juiz Federal José Savaris. (Sessão de 05/05/2011)

Prosseguindo o julgamento, após o voto-vista do Juiz Federal José Savaris, não conhecendo do
incidente, pediu vista o Juiz Federal Antonio Schenkel. Aguardam os Juízes VANESSA MELLO,
VLADIMIR VITOVSKY, ALCIDES SALDANHA, PAULO ARENA, JORGE GUSTAVO MACEDO
COSTA, CRISTIANE CHMATALIK e RONIVON DE ARAGÃO.

Participaram da sessão de julgamento, os Srs. Juízes e Sras. Juízas Federais: JOSÉ SAVARIS,
RONIVON DE ARAGÃO, SIMONE LEMOS FERNANDES, ANTONIO SCHENKEL, VANESSA MELLO,
VLADIMIR VITOVSKY, ALCIDES SALDANHA, PAULO ARENA, JORGE GUSTAVO SERRA DE
MACEDO COSTA e CRISTIANE CONDE CHMATALIK , em substituição ao Juiz Federal JOSÉ
EDUARDO DO NASCIMENTO.

Brasília, 14 de junho de 2011.

VIVIANE DA COSTA LEITE


Secretário(a)
PODER JUDICIÁRIO
TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA
DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL


PROCESSO Nº: 2007.72.51.001464-2
REQUERENTE: ASCANIO PRUNER
REQUERIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
RELATORA: SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES

VOTO - VISTA

1. O pedido, expresso à fl. 8 in fine, revela que a parte autora busca afastar o
teto no reajuste do benefício previdenciário.

2. Entendo, na esteira do voto divergente apresentado pelo Dr. Savaris, que o


conhecimento do pedido encontra óbice na Questão de Ordem n. 13 desta TNU:

“Não cabe Pedido de Uniformização, quando a jurisprudência da Turma


Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais se
firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”

3. Com efeito, a nobre Relatora traz inúmeros precedentes no sentido do


acórdão recorrido, razão porque deve ser aplicada a Questão de Ordem, bem como
prestigiada a jurisprudência da TNU no caso.

4. Isto posto, voto em não conhecer o PU.

Rio de Janeiro, 29 de março de 2012.

Antonio Fernando Schenkel do Amaral e Silva


Juiz Federal Relator
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DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO

Presidente da Sessão: MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA


Subprocurador-Geral da República: ANTÔNIO CARLOS PESSOA LINS
Secretário(a): VIVIANE DA COSTA LEITE

Relator(a): JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS


FERNANDES

Requerente: ASCANIO PRUNER


Proc./Adv.: J.N. COELHO NETO
Proc./Adv.: RODRIGO COELHO
Proc./Adv.: GIOVANI COELHO

Requerido(a): INSS
Proc./Adv.: PROCURADORIA-GERAL FEDERAL

Origem: SC - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA


Proc. Nº.: 2007.72.51.001464-2

CERTIDÃO

Certifico que a Egrégia Turma de Uniformização, ao apreciar o processo em epígrafe, em sessão


realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Após o voto da Juíza Relatora conhecendo do incidente e dando-lhe parcial provimento, pediu vista,
antecipadamente, o Juiz Federal José Savaris. (Sessão de 05/05/2011). Prosseguindo o julgamento,
após o voto-vista do Juiz Federal José Savaris, não conhecendo do incidente, pediu vista o Juiz
Federal Antônio Schenkel (Sessão 14/06/2011). Prosseguindo o julgamento, a Turma, por maioria,
conheceu do incidente de uniformização e deu-lhe parcial provimento, nos termos do voto da Juíz
Relatora, vencidos os Juízes Federais José Savaris e Antônio Schenkel, que não conheciam do
incidente.
Participaram da sessão de julgamento, os Srs. Juízes e Sras. Juízas Federais: JOSÉ SAVARIS,
SIMONE LEMOS FERNANDES, ANTONIO SCHENKEL, VANESSA MELLO, VLADIMIR
VITOVSKY, ALCIDES SALDANHA, PAULO ARENA, JORGE GUSTAVO MACEDO
COSTA, JANILSON SIQUEIRA e ROGÉRIO MOREIRA ALVES.

Brasília, 29 de março de 2012

VIVIANE DA COSTA LEITE


Secretário(a)
PODER JUDICIÁRIO
TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA
DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO N.º 2007.72.51.001464-2

REQUERENTE: ASCANIO PRUNER


REQUERIDO: INSS
ORIGEM: SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA

RELATORA SIMONE LEMOS FERNANDES

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. PRIMEIRO


REAJUSTE. PRETENSÃO DE INCIDÊNCIA SOBRE O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO AINDA
NÃO REDUZIDO AO TETO LEGAL. ACOLHIMENTO DA PRETENSÃO. MODIFICAÇÃO
DE ENTENDIMENTO DESTA TURMA A PARTIR DO JULGAMENTO DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO N. 564.354, AO QUAL SE IMPRIMIU REGIME DE REPERCUSSÃO
GERAL. INCIDENTE PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Acórdãos paradigmas oriundos de Tribunais Regionais Federais não se prestam
a autorizar caracterização de divergência apta a autorizar o conhecimento do
incidente de uniformização. Existindo, no entanto, paradigma oriundo desta
Turma Nacional de Uniformização, que apresenta similitude fático-jurídica com o
acórdão recorrido, bem como a divergência necessária, impõe-se, em princípio,
o conhecimento deste incidente.
2. O ato de concessão do benefício previdenciário é ato único, regido pela
legislação então em vigor, não compreendendo, no entanto, a aplicação de
teto limitador previsto em normas constitucionais ou infra-constitucionais,
elemento extrínseco ao seu cálculo.
3. O salário-de-benefício, antes da aplicação do teto limitador, deve ser a base
de cálculo a ser observada no primeiro reajuste a ser aplicado ao benefício após
a sua concessão, sendo que o novo valor encontrado deverá sofrer limitação
pelo novo teto vigente na data do reajuste, situação que poderá, a partir de
então, gerar o direito à percepção de diferenças.
4. Pedido de Uniformização de Jurisprudência a que se dá parcial provimento,
com julgamento da procedência parcial do pedido.
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DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as


acima indicadas, decide a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência
dos Juizados Especiais Federais, por maioria, dar parcial provimento a este
Pedido de Uniformização, julgando parcialmente procedente o pedido, nos
termos do relatório, voto e ementa constantes dos autos, que passam a fazer
parte deste julgado.

Brasília, 29 de março de 2012.

Simone Lemos Fernandes


Juíza Federal Relatora

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