Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Eia BRF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 369

EIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL


GRANJA C
BRF S.A.

FOBI nº 0320143/2018 A

PROCESSO TÉCNICO 03556/2009

UBERLÂNDIA
OUTUBRO/2018
SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................................. 1

2. INFORMAÇÕES GERAIS ................................................................................................................................. 4

2.1. IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELO ESTUDO AMBIENTAL ........................................................................... 4

3. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR (RESPONSÁVEL PELO LICENCIAMENTO AMBIENTAL) ............. 6

4. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO OBJETO DO LICENCIAMENTO ................................................ 6

5. IDENTIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL PELA ÁREA AMBIENTAL ................................................................... 7

6. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA...................................................................................................................... 7

7. PLANTAS DE LOCALIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES ..................................................................................... 7

8. ACESSIBILIDADE AO EMPREENDIMENTO ..................................................................................................... 8

9. ATIVIDADES DO EMPREENDIMENTO CONFORME A DN 74/04 ................................................................ 8

10. FASE DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................................... 9

11. INTERVENÇÃO / REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL – AGENDA VERDE.................................................... 9

12. INTERVENÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS - AGENDA AZUL .................................................................10

13. RESTRIÇÕES AMBIENTAIS ................................................................................................................................12

14. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .....................................................................................................................13

15. ÁREAS DO EMPREENDIMENTO .......................................................................................................................14

16. MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DA PROPRIEDADE ....................................................14

17. GERAÇÃO DE EMPREGOS ..............................................................................................................................14

18. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DA(S) ATIVIDADE(S) ...........................................14

18.1. AVICULTURA ........................................................................................................................................................ 14


18.2. SUINOCULTURA .................................................................................................................................................... 14
18.3. SILVICULTURA ....................................................................................................................................................... 15
18.3.1. Cultivo de Pinus e Eucalipto ............................................................................................................... 15
18.3.2. Preparo do Solo ..................................................................................................................................... 15
18.3.3. Adubações ............................................................................................................................................. 16
18.3.4. Plantio ....................................................................................................................................................... 16
18.3.5. Tratos Culturais ....................................................................................................................................... 17
18.3.6. Exploração Florestal – Técnicas Utilizadas ..................................................................................... 18

19. EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS DA PROPRIEDADE .........................................................................................19

20. MANUTENÇÃO DOS EQUIPAMENTOS...........................................................................................................21

21. RELAÇÃO DE INSUMOS AGRÍCOLAS ............................................................................................................21

22. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE APLICAÇÃO DE INSUMOS E DEFENSIVOS AGRÍCOLAS .......22

22.1. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS ...................................................................................................................... 22

ii
23. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA .......................................................................................................24

24. ABASTECIMENTO .............................................................................................................................................24

25. CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS FÍSICAS EXISTENTES NA PROPRIEDADE .......................................25

26. DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA .................................................................................................27

26.1. ÁREA DIRETAMENTE AFETADA RELATIVA AOS MEIOS FÍSICO, BIÓTICO E SOCIOECONÔMICO – ADA- MFBSE.......... 27
26.2. ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA RELATIVA AOS MEIOS FÍSICO E BIÓTICO – AID - MFB ................................................ 28
26.3. ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA RELATIVA AOS MEIOS FÍSICO E BIÓTICO – AII – MFB .............................................. 29
26.4. ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA RELATIVA AO MEIO SOCIOECONÔMICO – AID- MSE ............................................. 30
26.5. ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA RELATIVA AO MEIO SOCIOECONÔMICO – AII-MSE ............................................... 31

27. CORPOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS EXISTENTES NA ÁREA DIRETAMENTE AFETADA RELATIVA AOS
MEIOS FÍSICO E BIÓTICO (ADA /MFB) ................................................................................................................32

28. CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA .....................................................................................................................33

28.1. MIRMECOFAUNA ................................................................................................................................................. 34


28.2. HERPETOFAUNA .................................................................................................................................................... 47
28.3. MASTOFAUNA ..................................................................................................................................................... 65
28.4. ICTIOFAUNA ......................................................................................................................................................... 92
28.5. ORNITOFAUNA ................................................................................................................................................... 102

29. CARACTERIZAÇÃO DA FLORA ....................................................................................................................132

30. FATORES AMBIENTAIS DO MEIO FÍSICO .....................................................................................................151

30.1. GEOLOGIA ........................................................................................................................................................ 152


30.2. GEOTECNIA ....................................................................................................................................................... 160
30.3. GEOMORFOLOGIA ............................................................................................................................................. 163
30.4. PEDOLOGIA ....................................................................................................................................................... 168
30.5. CLIMA E CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS .......................................................................................................... 173
30.5.1. Considerações Gerais ....................................................................................................................... 173
30.5.2. Clima Regional ..................................................................................................................................... 173
30.5.3. Circulação Atmosférica .................................................................................................................... 176
30.5.4. Parâmetros Meteorológicos ............................................................................................................. 179
30.6. RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS .................................................................................................................... 186
30.6.1. Enquadramento das bacias hidrográficas nas Unidades de Planejamento Federal e
Estadual ............................................................................................................................................................... 186
30.6.2. Enquadramento das Bacias Interceptadas nas Unidades de Planejamento dos Comitês
de Bacia .............................................................................................................................................................. 189
30.6.3. Caracterização Geral das Bacias Interceptadas ...................................................................... 191
30.6.4. Vazões superficiais de referência das bacias interceptadas pela ADA ............................ 198
30.7. RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS ................................................................................................................. 199
30.7.1. Sistema Aquífero Bauru ...................................................................................................................... 201
30.7.2. Sistema Aquífero Serra Geral ........................................................................................................... 203
30.8. QUALIDADE DAS ÁGUAS .................................................................................................................................... 204
30.8. REGISTRO FOTOGRÁFICO DO TRABALHO DE CAMPO – MEIO FÍSICO .................................................................. 206

31. ANÁLISE QUÍMICA DE SOLOS ......................................................................................................................209

32. PATRIMÔNIO NATURAL E CULTURAL ...........................................................................................................212

33. CARACTERIZAÇÃO ESPELEOLÓGICA .........................................................................................................212

33.1. CARACTERIZAÇÃO PALEONTOLÓGICA ............................................................................................................... 213

iii
34. RELACIONAMENTO DO EMPREENDEDOR COM A COMUNIDADE DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO MEIO
SOCIOECONÔMICO ...........................................................................................................................................215

34.1. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO MEIO SOCIOECONÔMICO ................................................................................. 215


34. 2. Organização do Espaço Regional ................................................................................................... 216
34.2.1. Histórico da Formação da Região do Triângulo Mineiro ......................................................... 216
34.3. PERFIL DEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO .................................................................................................... 221
34.3.1. Dinâmica Populacional ..................................................................................................................... 221
34.4. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DOS MUNICÍPIOS – IDH-M ................................................................ 229
34.5. ATIVIDADES ECONÔMICAS E FINANÇAS PÚBLICAS ............................................................................................. 232
34.5.1. Estrutura Produtiva ............................................................................................................................... 233
34.6. INFRAESTRUTURA E SERVIÇOS PÚBLICOS .............................................................................................................. 235
34.6.1. Educação .............................................................................................................................................. 235
34.7. SEGURANÇA PÚBLICA ........................................................................................................................................ 237
34.8. SANEAMENTO BÁSICO ....................................................................................................................................... 238
34.9. ENERGIA ELÉTRICA ............................................................................................................................................. 240
34.10. RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES ................................................................................................................... 241
34.11. SAÚDE PÚBLICA ............................................................................................................................................... 243
34.12. ORGANIZAÇÃO SOCIAL .................................................................................................................................. 250
34.13. INSERÇÃO DA AID/ADA NO MACROZONEAMENTO MUNICIPAL .................................................................... 253
34.13.1. Relacionamento do empreendedor com a comunidade na AID/ADA ........................... 253

35. CARACTERIZAÇÃO DAS EMISSÕES AMBIENTAIS NA ADA-MFB .............................................................260

35.1. RUÍDOS (CARACTERIZAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO)................................................................................................ 260


35.2. RESÍDUOS SÓLIDOS (IDENTIFICAÇÃO, QUANTIFICAÇÃO, CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS) .......................... 261
35.3. EFLUENTES LÍQUIDOS (IDENTIFICAÇÃO, QUANTIFICAÇÃO, CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS) ........................ 263
35.4. EFLUENTES ATMOSFÉRICOS ................................................................................................................................. 269

36. SISTEMAS DE CONTROLE, TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DAS EMISSÕES ...................................271

36.1. RUÍDOS (ADOÇÃO DE MEDIDAS DE CONTROLE) .................................................................................................. 271


36.2. RESÍDUOS SÓLIDOS (EQUIPAMENTOS, SISTEMAS DE CONTROLE E TRATAMENTO, ARMAZENAMENTO E DESTINAÇÃO
FINAL) .......................................................................................................................................................................... 272
36.2.1. Segregação e Destinação ............................................................................................................... 274
36.3. EFLUENTES LÍQUIDOS (EQUIPAMENTOS, SISTEMAS DE CONTROLE, TRATAMENTO E DESTINAÇÃO FINAL) .................. 276
36.4. EFLUENTES ATMOSFÉRICOS (EQUIPAMENTOS, SISTEMAS DE CONTROLE, TRATAMENTO E DESTINAÇÃO FINAL) ......... 284

37. POSSIBILIDADES DE ACIDENTES COM DANOS AMBIENTAIS ...................................................................285

38. IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS IMPACTOS NO EMPREENDIMENTO ....................................................287

38.1. MEIO FÍSICO...................................................................................................................................................... 290


38.1.1. Contaminação do solo ...................................................................................................................... 290
38.1.2. Derramamento de óleo e combustíveis do maquinário ......................................................... 291
38.1.3. Contaminação em virtude da geração de esgoto sanitário ................................................. 291
38.1.4. Emissões atmosféricas provenientes dos equipamentos utilizados (tratores, caminhões, etc)
............................................................................................................................................................................... 292
38.2. MEIO BIÓTICO ................................................................................................................................................... 293
38.2.1. Intervenção em APP ........................................................................................................................... 293
38.2.2. Reflorestamento de APP`s ................................................................................................................. 294
38.3. MEIO SOCIOECONÔMICO ................................................................................................................................. 295
38.3.1. Geração de Emprego ........................................................................................................................ 295
38.3.2. Arrecadação de Impostos ............................................................................................................... 295

iv
38.3.3. Geração de benefícios sociais ....................................................................................................... 296
38.4. SÍNTESE CONCLUSIVA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS OBSERVADOS ...................................................................... 297

39. PASSIVOS AMBIENTAIS .................................................................................................................................300

40. MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS ADOTADAS PELO EMPREENDEDOR E/OU PROPOSTAS


NOS ESTUDOS .......................................................................................................................................................300

40.1. MEDIDAS MITIGADORAS/COMPENSATÓRIAS PARA O MEIO FÍSICO ................................................................... 300


40.1.1. Contaminação do Solo ..................................................................................................................... 300
40.1.2. Derramamento de óleo e combustíveis do maquinário. ........................................................ 301
40.1.3. Contaminação em virtude da geração de esgoto sanitário. ................................................ 301
40.1.4. Emissões atmosféricas provenientes dos equipamentos utilizados (tratores, caminhões,
etc)........................................................................................................................................................................ 301
40.2. MEDIDAS MITIGADORAS/COMPENSATÓRIAS PARA O MEIO BIÓTICO ................................................................ 301
40.2.1. Intervenção em APP ........................................................................................................................... 301
40.2.2. Reflorestamento de APP`s ................................................................................................................. 301

41. PLANOS E PROGRAMAS ...............................................................................................................................301

42. INFORMAÇÕES ADICIONAIS .......................................................................................................................315

43. ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO ..............................................................................................315

44. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................................315

45. ANEXOS ..........................................................................................................................................................335

v
1. APRESENTAÇÃO

O presente Estudo de Impacto Ambiental (EIA) tem como objetivo


apresentar a Avaliação de Impactos Ambientais gerados durante a operação
do empreendimento agrossilvipastoril, denominado neste documento de
Granja C, de propriedade da empresa BRF S.A., localizada no município de
Uberlândia – MG. No EIA, é apresentado o detalhamento, de todos os
levantamentos técnicos, estudos, planos e projetos realizados, bem como a
conclusão da viabilidade ambiental do empreendimento.

O estudo foi desenvolvido com base no Termo de Referência, elaborado


pela Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM/MG, e as demais
documentações orientadas através do Formulário de Caracterização de cada
Empreendimento: Granja C: FOBI n° 0320143/2018A, emitido pela
Superintendência Regional de Meio Ambiente Sustentável do Triângulo Mineiro
(SUPRAM - TM/AP), no qual contém as informações necessárias e legais para a
regularização ambiental do empreendimento.

De acordo a Deliberação Normativa COPAM nº 217/2017, este


empreendimento é classificado como classe 4 e está licenciado para
desempenhar as seguintes atividades:

o G-02-02-1 – Avicultura;
o G-02-04-6 – Suinocultura;
o G-01-03-1 – Cultura anuais, semiperenes e perenes, silvicultura e
cultivos agrossilvipastoris, exceto horticultura.

O empreendimento GRANJA C licenciado sob o PROCESSO TÉCNICO Nº


03556/2009, ficou obrigado a apresentar o EIA/RIMA (Estudo de Impacto
Ambiental e o seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental) nos processos de
licenciamento ambiental, inclusive Licenças de Operação Corretiva e
Revalidação de Licença de Operação.

Criada a partir da união de Perdigão e Sadia, a BRF é uma das maiores


empresas de alimentos do mundo. Atua nos segmentos de carnes de aves,
suínos e bovinos, industrializados de carnes, margarinas, massas, pizzas e
vegetais congelados, além de ser uma das principais captadoras de leite e
processadoras de lácteos do país. Opera 61 unidades no Brasil, cinco na
Argentina, duas na Europa (Plusfood). Sua estrutura operacional é reforçada por

1
42 centros de distribuição de produtos refrigerados e congelados, que atingem
98% do território nacional e consumidores em 140 países. Mantém, ainda, 19
escritórios comerciais no mercado externo e abrange uma carteira de clientes
nos cinco continentes.

É líder na produção de alimentos resfriados e congelados e tem mais de


3 mil itens em seu portfólio. Suas principais matérias-primas são os grãos, os
animais e o leite. A partir delas são elaborados produtos de proteínas como:
carnes in-natura, elaborados e processados, pratos prontos, processados
lácteos, massas, pizzas e outros produtos processados, incluindo margarinas e
vegetais congelados.

Terceira maior exportadora do País, líder mundial na exportação de aves,


a Companhia confirma sua vocação de grande geradora de divisas para o
Brasil. Companhia de capital aberto desde 1980, suas ações passaram a ser
negociadas em 2006 no Novo Mercado da BM&FBovespa (BRFS3), segmento
que lista empresas com elevados padrões de governança corporativa,
mecanismos de proteção aos acionistas e absoluta observância às melhores
práticas de divulgação de informações. Seus papéis também são negociados
na Bolsa de Nova York (NYSE – BRFS, ADRs nível III). O comprometimento com a
sustentabilidade dos negócios coloca a BRF, desde 2005, na carteira do Índice
de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa.

Os empreendimentos da BRF, têm como base alguns objetivos e


compromissos que justificam o seu funcionamento e realização de suas
atividades:

 Econômicos: a BRF atua de forma a integrar economia e meio ambiente


e para isso utiliza algumas ferramentas como: ÍNDICE DE
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL (ISE): Criado pela BM&FBovespa em
2005, busca criar um ambiente de investimento compatível com as
demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade
contemporânea e estimular a responsabilidade ética das corporações. É
uma ferramenta para análise comparativa da performance das
empresas listadas na BM&FBOVESPA sob o aspecto da sustentabilidade
corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental,
justiça social e governança corporativa. Também amplia o

2
entendimento sobre empresas e grupos comprometidos com a
sustentabilidade, diferenciando-os em termos de qualidade, nível de
compromisso com o desenvolvimento sustentável, equidade,
transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do
desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social,
ambiental e de mudanças climáticas. A BRF compõe a carteira desde a
sua criação;

 Ambientais: atenta a questões ambientais, a BRF mantém diversas


iniciativas para utilizar de forma eficiente os recursos naturais e mitigar o
impacto de suas operações sobre o meio ambiente. Além de seguir uma
Política de Meio Ambiente - que determina patamares mínimos de
desempenho ambiental, possuímos uma equipe técnica especializada,
que participa de todas as fases dos projetos, desde a concepção até a
implementação. O objetivo é promover uma avaliação consistente dos
impactos ambientais e priorizar a eco eficiência dos processos e
equipamentos utilizados. Os colaboradores participam constantemente
de campanhas sobre a importância da reciclagem e sobre consumo
consciente e, no Brasil, via Programa Voluntários BRF, têm a oportunidade
de atuar em ações de revitalização e preservação do meio ambiente
das comunidades onde a BRF está inserida. Padrões de reciclagem foram
criados nos prédios administrativos, similares aos programas já existentes
nas fábricas, focados no uso consciente de papel toalha, papel ofício de
impressão e copos descartáveis, com o objetivo de estimular a mudança
de hábitos dentro e fora de casa;

 Sociais: alimenta-se os vínculos com as famílias e com as comunidades


que levam força e disposição para o mundo ao redor. Tem-se, como
meta, garantir estrutura de qualidade para as comunidades no entorno
das operações. Nesse sentido, por meio do Instituto BRF, implementou-se
Comitês de Desenvolvimento Local nas unidades produtoras, sedes
administrativas e centros de distribuição com o objetivo de conduzir e
direcionar todas as ações de investimento social nos municípios de
atuação, a partir das prioridades e oportunidades das comunidades.

A Figura 1 apresenta uma vista geral da Granja C em Uberlândia/MG.

3
Figura 1: Vista Geral da Granja C, delimitada em branco.

Fonte: Google Earth, 2018. Modificada para estudo.

2. INFORMAÇÕES GERAIS

2.1. Identificação dos Responsáveis pelo Estudo Ambiental

EMPRESA
Razão
Cia. de Meio Ambiente - Soluções Ambientais – CREA MG 42422
social
Nome
CNPJ 09.301.857/0001-16
fantasia
Endereç Rua Mário Pinto Caixa
o Sobrinho, Nº 312. Postal
Distrito
Bairro
Municípi Uberlând ou
Santa UF MG CEP 38408-128
o ia Localida
Mônica
de
DD Fon 3224- Fa E- meioambiente@ciademeioambien
34
D e 3141 x mail te.com.br

TÉCNICO (S)
João Paulo Vilela
Nome CPF 043.696.696-42
Bernardes
Formação
Engenheiro Ambiental
Profissional
Registro no
CREA 226718 ART/Outro 4798395
Conselho
Rua Mário Pinto
Endereço Caixa Postal
Sobrinho, 312

4
Distrito
Uberlâ ou
Município Santa Mônic UF MG CEP 38.408-128
ndia Localid
ade
9966 F
meioambiente@ciademeioa
DDD 34 Fone 7- a E-mail
mbiente.com.br
8515 x
Nome Cyntia Andrade Arantes CPF 07551334637
Formação Bióloga, Especialista em Gestão Ambiental, Mestre e Doutora em
profissional Análise, Planejamento e Gestão Ambiental
Registro no
CRBIO 087847 ART/Outro 2018/08080
Conselho
Caixa
Endereço Rua SU 1
Postal
Distrit
Município Uberlândia Gávea UF – MG CEP: 38411-889
o
9963 F
cyntia@ciademeioambiente.
DDD 34 Fone 0- a E-mail
com.br
3310 x
OUTROS PROFISSIONAIS PARTICIPANTES DOS ESTUDOS
Todos os profissionais que participarem dos estudos deverão ser informados
acrescentando as respectivas linhas abaixo.
NOME ESTUDO FORMAÇÃO Nº REGISTRO
PROFISSIONAL
Diego Raymundo Levantamento Biólogo 104119/04-D
Nascimento Qualitativo de
Flora
Renata Pacheco do Levantamento Bióloga 057466/04-D
Nascimento de
Invertebrados
(Mirmecofaun
a)
Rafale Faltz Fava Levantamento Biólogo 070678/04-D
de Mastofauna
Tharlianne Alici Martis de Levantamento Biólogo 076710/04-D
Souza de Ictiofauna
Rodrigo Aurélio Palomino Levantamento Biólogo 062561/04-D
de
Herpetofauna
Bruno Del Grossi Estudo Meio Geógrafo 111525/MG
Michelotto Físico
Hugo Leonardo Barbosa Mapeamento, Engenheiro Ambiental 226206/MG
Carrijo produção
cartográfica
Anexo 1 - cópia das ART’s e comprovantes de pagamento de taxa.

5
3. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR (responsável pelo licenciamento
ambiental)

EMPREENDEDOR
Nome BRF S.A.
CPF /
01.838.723/0454-90
CNPJ
Caix
Endereç Av. Cel. José Teófilo a
o Carneiro, 1001 Posta
l
Municípi Distrito ou São
Uberlândia UF MG CEP 38.401-344
o localidade José
330
DD Fon 1- Fa daniela.dias@brf-
E-mail
D e 932 x br.com
1
MG-3170206-
70F71EEE7E0546658C914F5FCB50310
Cadastro de
Pessoa C– Matrícula 81.102
Pessoa Produtor Rural
Física MG-3170206-
Jurídica (X) – CAR (Anexo
( ) A4F4.5919.04B7.4BFB.A675.4127.3941.
2)
6C26
Matrícula 3.175/3.176/53.249/76.323
Endereço para BRF S.A
correspondência Av. Cel. José Teófilo Carneiro, 1001 – São José
Caixa Municípi Uberlândi
UF MG CEP 38.401-344
Postal o a
DD 3 Fon 3301- Fa daniela.dias@brf-
E-mail
D 4 e 9321 x br.com

4. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO OBJETO DO LICENCIAMENTO

EMPREENDIMENTO
120.293/120.2
Nome da Matrículas 94/3.176/53.24
Granja C Comarca
Propriedade Nº 9/76.323/81.10
2 (Anexo 3)
Nome fantasia Granja C
Endereço Rodovia BR 365, Km 637+12KM – Zona Rural
Distrito ou U
Município Uberlândia Uberlândia MG
Localidade F
Proprietário BRF S.A. CPF/CNPJ 01.838.723/0454-90
Condição do ( X ) Proprietário ( ) Arrendatário ( ) Parceiro ( ) Posseiro
Empreendedor ( ) Outros

6
5. IDENTIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL PELA ÁREA AMBIENTAL

RESPONSÁVEL

Nome Daniela Rodrigues Rosa Dias CPF 973.606.780-72

Registro no Conselho de
CRBIO 32972/04-D ART / outro 2018/07979
Classe

Avenida Coronel José Teófilo


Endereço Caixa Postal
Carneiro, 1001

Distrito ou
Município Uberlândia UF MG CEP 38401-344
Localidade

DDD 34 Fone 3301-9321 Fax E-mail daniela.dias@brf-br.com

6. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

Nome da Propriedade / Granja C


Matrícula Nº MATRÍCULAS 3.175/3.176/53.249/76.323/81.102
Assinalar Datum
[ x ] SAD 69 [ ] WGS 84 [ ] Córrego Alegre
(Obrigatório)
Formato Latitude Longitude
Lat/Long Grau 18 Min 56 Seg 54 Grau 48 Min 23 Seg 41
X (6 dígitos)= Y (7 dígitos)=
Formato
UTM (X, Não considerar casas decimais Não considerar casas decimais
Y)
Fuso [ ] 22 [ ] 23 [ ] 24

A Granja C está localizada na região do Triângulo Mineiro, no município


de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, tendo como sede administrativa a
unidade da BRF S.A., situada no mesmo município, cujo endereço é Avenida
Coronel José Teófilo Carneiro, 1001 – Bairro São José.

7. PLANTAS DE LOCALIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES

A Granja C objeto deste licenciamento, encontra-se localizada na área


rural do município de Uberlândia/MG. No Anexo 4 encontra-se a planta de
localização da propriedade.

7
8. ACESSIBILIDADE AO EMPREENDIMENTO

O empreendimento Granja C está localizado na zona Rural do município


de Uberlândia/MG, tendo como ponto central as coordenadas geográficas
18º56’11” de latitude Sul e 48º28’45” de longitude Oeste. O acesso se faz pela
rodovia BR 365 indo sentido Monte Alegre de Minas, km 641 (Figura 2).

Figura 2: Croqui de localização da Granja C.

Fonte: Google Earth, 2018. Modificado para estudo.

9. ATIVIDADES DO EMPREENDIMENTO CONFORME A DN 74/04

Propriedade / Nº de GRANJA C
Matrícula MATRÍCULA 89.705 LIVRO 02
Enquadramento
Atividades objeto de Código Unidade (Classificação
Quantidade
regularização ambiental DN-74/2004 Medida segundo a DN
74/04)
Avicultura G-02-02-1 cabeça 3.700.000,00 Classe 4
Suinocultura G-02-04-6 cabeça 21.300,00 Classe 4
Cultura anuais,
semiperenes e perenes, ha 952.82 Classe 4
silvicultura e cultivos G-01-03-1
agrossilvipastoris,
exceto horticultura
ÁREA TOTAL DA PROPRIEDADE: 2.287,00 hectares

8
10. FASE DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL

REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL
A licença requerida é para ampliação ou modificação de empreendimento já
licenciado?
(x) Não ( ) Sim, informe ao No do processo
lado
( ) Fase de Licença de Instalação (LI). Apresentar PCA.
( ) Fase de Licença de Instalação Corretiva (LIC), Apresentar PCA.
( ) Fase de Licença Prévia + Licença de Instalação (LP+LI), Apresentar PCA.
(x) Fase de Licença de Operação Corretiva (LOC), Apresentar PCA.
( ) Fase do Licenciamento RADA, preencher relatório de desempenho ambiental e
apresentar PCA.

11. INTERVENÇÃO / REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL – AGENDA VERDE

Posssui Autorização para Intervenção Ambiental


( ) Sim “Apresentar documentação
( ) Não “Regularizar”
comprobatória”
Regularização de Reserva Legal – Situação
( x )Regularizada ( ) Em Análise ( ) Não Regularizada
Regularização de Ocupação Antrópica Consolidada ou Não Consolidada em APP –
Situação
( x ) Regularizada ( ) Em Análise ( ) Não Regularizada
Supressão da cobertura vegetal nativa com ou sem destoca – Situação
( ) Regularizada ( ) Em Análise ( ) Não Regularizada
Intervenção em APP com ou sem supressão de vegetação nativa – Situação
( x ) Regularizada ( ) Em Análise ( ) Não Regularizada
Destoca em área de vegetação nativa – Situação
( ) Regularizada ( ) Em Análise ( ) Não Regularizada
Aproveitamento econômico do material lenhoso – Situação
( ) Regularizada ( ) Em Análise ( ) Não Regularizada
Corte/poda de árvores isoladas, vivas ou mortas – Situação
( ) Regularizada ( ) Em Análise ( ) Não Regularizada
Coleta / extração de plantas e/ou produtos da flora nativa – Situação
( ) Regularizada ( ) Em Análise ( ) Não Regularizada
Manejo Sustentável de Vegetação Nativa – Situação
( ) Regularizada ( ) Em Análise ( ) Não Regularizada
Em caso de “Não Regularizada” está disponível no site do SISEMA o termo de
referência para Intervenção ambiental.

A distribuição da Reserva Legal da propriedade pode ser visualizada no


documento apresentado no Anexo 5.

 Ocupação Antrópica Consolidada ou Não Consolidada em APP

Sim – de baixo impacto

9
 Intervenção em APP com ou sem supressão de vegetação nativa.

Sim – intervenções de baixo impacto e que não apresentam alternativa


técnica locacional, podendo intervir em 4,776 ha.

 Supressão da cobertura vegetal nativa com ou sem destoca

Não haverá

 Destoca em área de vegetação nativa

Não haverá

 Aproveitamento econômico de material lenhoso

Não haverá

 Corte/poda de árvores isoladas, vivas ou mortas

Não haverá

 Coleta/extração de plantas e/ou produtos da flora nativa

Não haverá

 Manejo sustentável de vegetação nativa

Não haverá

12. INTERVENÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS - AGENDA AZUL

O empreendimento possui outorgas de direito de uso de águas públicas


estaduais, as quais estão descritas no Quadro abaixo.

10
Quadro 1: Outorgas de direito de uso de águas públicas estaduais.

Nº Protocolo PORTARIAS
REGISTRO
Protocolo Portaria n°
19292/2017
definitivo 03596/2011.
Protocolo Portaria n°
19244/2017
definitivo 03597/2011.
Protocolo Portaria n°
19245/2017
definitivo 03598/2011.
Protocolo Portaria n°
19246/2017
definitivo 03599/2011.
Protocolo Portaria n°
19247/2017
definitivo 03600/2011.
Barramento
com
Protocolo
19249/2017 captação -
definitivo
Portaria n°
00370/2015.
Barramento -
Protocolo
2291/2016 Portaria
definitivo
2688/2011
Barramento -
Protocolo
2292/2016 Portaria
definitivo
02686/2011
Protocolo
16046/2017 Em análise
definitivo
Protocolo Em análise
16047/2017
definitivo
Protocolo Em análise
16048/2017
definitivo
Protocolo Em análise
16082/2017
definitivo
Protocolo Em análise
16083/2017
definitivo
Protocolo Em análise
16084/2017
definitivo
Protocolo Em análise
16085/2017
definitivo
Protocolo Em análise
16086/2017
definitivo
Protocolo Em análise
16087/2017
definitivo
Protocolo Em análise
16088/2017
definitivo

 Faz uso de recurso hídrico da concessionária local?

Não

11
 Faz uso de autorização/regularização para intervenção em Recurso Hídrico?

Sim

 Captação em curso d'água?

Não.

 Captação em poço tubular?

Sim

 Captação em poço manual (cisterna)?

Não

 Captação em represa?

Não

 Lançamento de efluente em corpo d'água?

Não

13. RESTRIÇÕES AMBIENTAIS


Restrições locacionais
Qual Bioma o empreendimento está localizado? *
(x) Cerrado ( ) Mata Atlântica ( ) Outro – Qual?
O empreendimento está localizado em área com remanescente de formações
vegetais nativas? *
( ) Floresta Ombrófila Sub Montana
( ) Floresta Ombrófila Montana ( ) Campo
( ) Floresta Ombrófila Alto Montana ( ) Campo Rupestre
( ) Floresta Estacional Semidecidual Sub ( ) Campo Cerrado
Montana (x) Cerrado
( ) Floresta Estacional Semidecidual (x) Cerradão
Montana (x) Vereda
( ) Floresta Estacional Decidual Sub (x) Outro, qual: Mata de Galeria e Mata
Montana Ciliar
( ) Floresta Estacional Decidual Montana

12
O empreendimento está localizado em Área de Preservação Permanente – APP?
(x) Não ( ) Sim
O empreendimento se localiza em propriedade que possui Área de Preservação
Permanente – APP?
( ) Não (x) Sim
A APP se encontra comprovadamente preservada? (Responder essa pergunta
somente se marcou sim em uma das duas anteriores)
( ) Não (x) Sim
A APP está protegida? (Responder essa pergunta somente se marcou sim em uma
das duas sobre localização de APP)
( ) Não (x) Sim
O empreendimento localiza-se totalmente ou em parte em área cárstica?
(x) Não ( ) Sim
O empreendimento localiza-se totalmente ou em parte em área fluvial/lacustre?
(x) Não ( ) Sim
* Consultar o Inventário Florestal de Minas Gerais em
http://inventarioflorestal.meioambiente.mg.gov.br/

14. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
O empreendimento está situado dentro de unidade de conservação ou dentro de
zona de amortecimento de unidade de conservação, atender o disposto na
Resolução CONAMA 428/2010).
( ) Sim, apresentar anuência do órgão gestor da referida
(x) Não
Unidade, preencher as informações abaixo.
Indicar
(Nome da propriedade / Nº de Matrícula)
propriedade
Distância
Nome da UC
Categoria de Manejo?
( ) Uso Sustentável ( ) Proteção integral.
Jurisdição ( ) Federal ( ) Estadual ( ) Municipal ( ) Privada
Informar o órgão
gestor:
* Consultar o Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE em
http://www.zee.mg.gov.br/ em caso de dúvida na utilização do sistema, consultar o
Manual em: http://www.zee.mg.gov.br/Ajuda/

13
15. ÁREAS DO EMPREENDIMENTO

 Área total da propriedade objeto de regularização ambiental: 1.576,2202


ha;
 Área útil: 1.334,3949 ha;
 Área ocupada pela atividade agrossilvipastoril: 952.82 ha;
 Área construída: 147,64,17 ha (residências, galpões, entre outros);
 Área de RL averbada na propriedade: 0 ha;
 Área de Reserva Legal: especificada no arquivo apresentado no Anexo
5;
 Área de preservação permanente: 86,0105 ha;

 Outras áreas:
o Área consolidada: 1331,1027 ha.

16. MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DA PROPRIEDADE

O mapa de uso e ocupação do solo da propriedade Granja C encontra-


se no Anexo 6.

17. GERAÇÃO DE EMPREGOS

As atividades desenvolvidas no empreendimento geram 46 empregos


diretos.

18. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DA(S) ATIVIDADE(S)

18.1. Avicultura

O procedimento operacional utilizado para suinocultura na Granja C


encontra-se no Anexo 7.

18.2. Suinocultura

O procedimento operacional utilizado para suinocultura na Granja C


encontra-se no Anexo 8.

14
18.3. Silvicultura

É notável o grande aumento da demanda de produtos e subprodutos


florestais e o aprimoramento das indústrias do setor florestal. Nesse sentido, a
utilização de espécies exóticas de rápido se deve, principalmente, ao
considerável potencial deste tipo de fonte de matéria-prima.

A atividade de silvicultura na granja é composta basicamente pelas


culturas de pinus e eucalipto. A atividade desenvolvida pela granja tem
finalidade principal de proteção dos núcleos, constituindo uma barreira
sanitária, evitando a propagação e chegada de microrganismos causadores
de doenças as aves. Como função secundária e de importância relevante, o
fornecimento de madeira para a produção de maravalha. Este insumo
produzido é utilizado somente para a formação de cama de aves dos núcleos
da granja após a devida desinfecção.

18.3.1. Cultivo de Pinus e Eucalipto

O plantio de pinus e eucalipto na granja está localizado no entorno dos


núcleos. As mudas são adquiridas no mercado regional e transportadas para a
granja. Assim que as mudas chegam, é realizado um processo de aclimatação,
onde se faz a redução do fornecimento de água e diminuição do
sombreamento. Esta aclimatação é importante para que as mudas fiquem
resistentes e que o índice de sucesso no campo seja alto.

18.3.2. Preparo do Solo

Baseia-se no preparo do solo para receber o plantio de mudas em áreas


de reforma (prévia eliminação de cepas rebrotadas, através do uso de
herbicidas pós-emergentes) ou implantação

 Sulcamento: baseada no conceito de cultivo mínimo, é realizada com o


objetivo de romper possíveis camadas compactadas do solo e facilitar o
coveamento e a aplicação de herbicida pré-emergente, garantindo um
rápido pegamento das mudas, maior uniformidade do plantio e o rápido
crescimento na fase inicial do plantio.

15
 Coveamento: técnica utilizada para abertura das covas em áreas
inclinadas, através do uso de enxadões (manualmente). As covas devem
ser feitas, preferencialmente, com 20 cm de largura e 30 cm de
profundidade nos espaçamentos desejados (mais comumente 3,0x2,0
m).

18.3.3. Adubações

Realizar análise de solo para recomendação da calagem e fertilização.

 Adubação de plantio: a adubação de plantio visa o suprimento de


nutrientes na fase inicial de vida da planta, realizada manualmente em
mistura na cova de plantio.
 Adubação de cobertura: a adubação de cobertura se aplica apenas
sem solos de baixíssima fertilidade.

Caso não seja necessário a análise do solo, pode-se proceder da


seguinte forma: adicionar a terra retirada da cova o adubo superfosfato simples
na dosagem de 120 g por cova, misturar bem com a terra e volta-la novamente
para a cova de plantio. Após 40 ou 50 dias do plantio efetua-se a fertilização
de cobertura ao redor das mudas, utilizando 100 g de adubo 15-00-15.

18.3.4. Plantio

 Plantio: o plantio de mudas de pinus e eucalipto é realizado


manualmente, através do uso de ferramentas apropriadas (enxadinhas,
chuchos, etc.). Logo após o plantio, as mudas plantadas são irrigadas.
Dependendo das condições climáticas pós-plantio, irrigações
complementares são realizadas.
 Replantio: consiste em replantar/irrigar somente áreas (talhões) que
apresentarem índices de falhas iguais ou superior a 10% (clone) e 15%
(semente) para espaçamentos entre mudas inferiores ou iguais a 9 m² por
planta. Para espaçamentos superiores, considera-se um índice de falha
máxima de 30%, independente do material genético.

16
18.3.5. Tratos Culturais

 Mato competição: é muito importante que as mudas plantadas fiquem


livres de matos, principalmente no estágio inicial. As principais formas de
eliminação da mato-competição são apresentadas abaixo:
o Capina química: aplicação de herbicida;
o Pré-plantio: eliminação de ervas infestantes para limpeza da área de
plantio através do uso de herbicida pós-emergente, liberado para
uso florestal (bomba costal ou tratorizada);
o Pós-plantio: intervenções nas áreas plantadas para eliminação das
ervas infestantes, através do controle manual (capinas e roçadas),
mecânico (roçadeira), ou químico (herbicidas pré e pós-
emergentes);
o Capina manual: fazer uma coroa ao redor das mudas utilizando uma
enxada;
o Combate à formiga: entre as principais pragas do eucalipto se
destacam as formigas cortadeiras, saúvas e quenquéns, por isso é
necessário um controle utilizando métodos eficientes e seguros. O
combate consiste na eliminação de formigas cortadeiras através da
aplicação localizada de isca formicida granulada no formigueiro
ativo. O controle é feito com produto à base de sulfluramida, que é
um composto químico de baixa toxicidade, classe IV (faixa verde,
pouco tóxico) e biodegradável. Repasse a formiga: eliminação das
formigas remanescentes do primeiro combate através da aplicação
localizada de isca formicida granulada no formigueiro ativo.
o Área de rebrota: apenas as operações de roçada e redução de
brotação são específicas no preparo da área para condução de
brotação;
o Roçada: consiste na limpeza prévia da área para facilitar a
operação de redução de brotos;
o Redução de brotações: Eliminação de foice, machado ou moto-
roçadeira, do excedente de brotos, deixando um único broto
selecionado por cepa. Operação realizada entre 8 e 12 meses após
o corte, conforme o estágio de desenvolvimento da brotação;

17
o Adubação de manutenção: realizada após o primeiro ano de plantio
em áreas de implantação, reforma, rebrota ou desbaste.

18.3.6. Exploração Florestal – Técnicas Utilizadas

Durante o desbaste ou no corte final as árvores são derrubadas


individualmente ou em grupos. Nos tratamentos silviculturais, não só a madeira
é preparada, mas também, o rendimento da futura coleta é influenciado por
meio de direção do incremento, a fim de melhorar os indivíduos do
povoamento.

A extração de madeira é, muitas vezes, a condição prévia para outras


medidas da empresa, como por exemplo: plantio, construção de estradas
florestais, modificação do povoamento, proteção florestal ou reestruturação de
áreas florestais inteiras. Existem três sistemas na exploração florestal utilizados no
Brasil: o manual, o semi mecanizado e o mecanizado.

O sistema adotado pela granja é o sistema semi mecanizado, onde é


utilizado a motosserra, para o corte e traçamento das árvores, aliada ao
trabalho manual de enleiramento para posterior carregamento dos caminhões
para o transporte. A exploração florestal realizada na BRF S.A. é totalmente
terceirizada, onde as empresas são comumente chamadas de empresas
integradas. A exploração florestal na granja, divide-se nas seguintes etapas:

 Derrubada: Existem técnicas de derrubada ou corte, onde é possível


derrubar a árvore numa direção desejada. Uma boa técnica de
derrubada, ajuda a evitar acidentes e possibilita executar este serviço
com esforço relativamente baixo. Portando, os funcionários das
empreiteiras operadores de motosserra e ajudantes, são obrigados a
passar por treinamentos específicos. Os equipamentos e ferramentas
utilizados para derrubada são: capacete; proteção para ouvidos e para
olhos; luva de proteção com forro protetor contra cortes; protetor para
joelhos, contra cortes; botinas de segurança com sola grossa em alto
relevo, cano e ponta revestida com metal; cinto de ferramenta com
chave especial para correntes; chave T; lima para motosserra e cunha.
 Desgalhamento: o processo de desgalhamento e a retirada de galhos
remanescentes ao corte da árvore é realizado pelo motosserrista, sendo

18
que a espessura e o comprimento do galho determinam o método de
trabalho durante o desgalhamento com a motosserra. As maneiras mais
comuns de desgalhamento são: manual com machado e motosserra,
grade degalhadora e motosserra, cabeçote e harvester, desgalhador e
traçador mecânico.
 Traçamento: é executado pelos motosserristas, realizado no
espaçamento de 1 metro em 1 metro.
 Enleiramento: o procedimento de enleiramento é a distribuição espacial
da madeira em leiras dispostas a facilitar a entrada dos caminhões
dentro do talhão e para facilitar a operação de carga destes, sendo
executado no pátio intermediário (pátio pulmão).
 Rachamento: as empreiteiras terceirizadas, que prestam serviços
referentes a extração florestal para BRF S.A., possuem máquinas
adaptadas para rachar as madeiras com bitolas superiores a 25 cm de
diâmetro, uma vez que as caldeiras das indústrias (consumidoras desta
matéria-prima) só queimam lenha abaixo de 25 cm de diâmetro.
 Transporte: Consiste na retirada da madeira do interior do talhão para o
pátio intermediário (pátio pulmão). O transporte é realizado por empresa
terceirizada. No Brasil quase que a totalidade do transporte de cargas é
efetuado por meio de transporte rodoviário, por isso é de grande
importância que os equipamentos utilizados apresentem uma tecnologia
compatível com suas necessidades.

19. EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS DA PROPRIEDADE

Todos os veículos utilizados para desenvolver as atividades na granja


estão descritos no Quadro abaixo.

Quadro 2: Descrição de equipamentos e veículos utilizados nas atividades da Granja


C.
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PRÓPRIOS/TERCEIROS
SUINOCULTURA
Trator 3 1 Próprio/2 Terceiros
Caminhão 1 Terceiro
AVICULTURA
Caminhão 1 Terceiro

19
SILVICULTURA
Trator 2 Próprio

Pá carregadeira 1 Próprio

Patrola 1 Próprio

Fonte: BRF S.A., 2018.

As Fotos a seguir apresentam alguns veículos utilizados no


empreendimento.
Foto 1: Pá-carregadeira utilizada nos processos produtivos do empreendimento.

Fonte: Empreendedor, 2018.

20
Foto 2: Caminhão de transporte do empreendimento.

Fonte: Empreendedor, 2018.

20. MANUTENÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

No empreendimento em questão, as manutenções nos equipamentos


são realizadas de forma preventiva e corretiva. A preventiva é entendida como
toda ação sistemática de controle e monitoramento, com o objetivo de reduzir
ou impedir falhas no desempenho dos equipamentos. Esta é realizada com um
intervalo de tempo programado de acordo com as recomendações previstas
no manual do fabricante. Já a corretiva, é uma espécie de manutenção onde
o equipamento está defeituoso e precisa de reparos, neste caso é realizada de
acordo com a necessidade durante a operação do empreendimento. Todas
as manutenções são realizadas fora do empreendimento, na cidade de
Uberlândia, por empresa terceirizada.

21. RELAÇÃO DE INSUMOS AGRÍCOLAS

Os defensivos agrícolas são armazenados fora do empreendimento, na


central de campo da BRF, os demais fertilizantes, calcário e gesso ficam

21
armazenados na própria granja. As embalagens vazias são destinadas de
acordo com a legislação vigente (Quadro 3).

Quadro 3: Relação de insumos agrícolas utilizados na Granja C.


INSUMOS AGRÍCOLAS USO ARMAZENAGEM

Fertilizante Mineral NPK:


N-P-K 10-27-10 + 0,7% Cu +
Adubação Granja
0,7% Zn + 0,3% B
N-P-K 13-00-26 + 7% S + 0,55% B
Gesso Agrícola Correção de solos Campo
Calcário Agrícola Dolomítico Correção de solos Campo

Controle de mato
Herbicida competição pré- Central de campo
emergente

Controle de formigas
Formicida Central de campo
cortadeiras

Central de campo
Controle de insetos
Inseticida
pragas

Central de campo
Imersão das mudas
Fungicida
antes do plantio

22. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE APLICAÇÃO DE INSUMOS E DEFENSIVOS


AGRÍCOLAS

22.1. Controle de Plantas Daninhas

22.1.1. Controle Químico de Plantas Daninhas

 Limpeza da área: pré-plantio


 Pós-emergente: limpeza da área total para implantação ou reforma
florestal, quando houver infestação de plantas daninhas, ou visando a
brotação de cultura anterior;
 Pré-emergente: aplicação após a dessecação em áera total pós-
emergente, que visa combater o banco de semente do solo e as
plântulas recém germinadas. Este combate normalmente é feito

22
somente na linha de plantio, podendo ser realizado em área total se
houver alguma necessidade específica, como grande banco de
sementes do solo, áreas de implantação provenientes de pastante, etc.

 Limpeza da área pós-plantio


 Pré-emergente: Remonta de herbicida pré-emergente. Pode ser
realizada de acordo com o retorno da infestação de mato-competição,
prevendo o retorno da infestação e/ou antes das plântulas terem 4 cm.
Dar preferência a produto seletivo ao eucalipto, Fordor. Caso seja feito o
uso de Flumysin, se atentar para não tocar a ponteira da muda, devido
ao problema de fitotoxicidade;
 Pós-emergente: aplicação de herbicida em plantas daninhas já
estabelecidas, com barra protegida (sema, conceição), ou chapéu de
napoleão, visando controle de mato-competição sem danificar (causar
fitotoxicidade) na cultura do eucalipto.

 Produtos que podem compor calda de aplicação


 Herbicida: é um produto químico utilizada na agricultura para o contorle
de ervas classificadas como daninhas. Os herbicidas constituem um tipo
de pesticida. São de contatos ou sistêmicos, alguns tem ação seletiva
para determinadas plantas (folhas largas e folhas estreitas) e a fase de
desenvolvimento da planta;
 Adjuvante: é qualquer composto que adicionado a uma formulação de
herbicida ou misturado ao tanque de pulverizaçãofacilita a mistura,
aplicação e/ou eficácia do herbicida, através da redução do pH da
água da calda, ação espalhante, anti-deriva, anti-espuma, redutor de
radiação UV e agente compatibilizante. Exemplos de adjuvantes usados
no empreendimento: Flltec, Grapp, Triunfo, óleo mineral.

 Recomendações
 Quando da aplicação de herbicidas, utilizar também Fipronil na mesma
calda, afim de combater áreas infestadas por formigas;

23
 Se atentar para os locais de coelta de água, devido a turbidez, matéria
orgânica e pH;
 Respeitar a dosagem dos produtos indicadas pelo fabricante e pelo
representante técnico, em casos específicos alinhar junto ao Corporativo
Florestal;
 Em caso de novas caldas, produtos e formas de aplicação, sempre
alinhar com o Corporativo Florestal e documentar os resultados dos testes
através de relatório.

O Quadro abaixo informa os principais componentes da calda de


aplicação.

Quadro 4: Principais componentes da calda de aplicação.

23. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA

A energia elétrica é fornecida pela CEMIG – Companhia Energética de


Minas Gerais e são utilizados 256.166 KW/h.

24. ABASTECIMENTO

O abastecimento dos veículos pertencente ao empreendimento é


realizado em postos de combustíveis fora da área do mesmo.

24
25. CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS FÍSICAS EXISTENTES NA PROPRIEDADE

Quadro 5: Estruturas físicas e suas descrições – suinocultura UPL02 Granja C.


COMP./ Estrutura dos Nº de ÁREA
GRANJA QUANT. SETOR LARG. M² Telhado barracões Residência (m²)/CASA.
Alvenaria e
3.888 Fibrocimento estrutura 4 casas 140
UPL02 1- GESTAÇÃO 216X18 metálica
UPL02 Alvenaria e 80
3.888 Fibrocimento estrutura 1casa
2- GESTAÇÃO 216X18 metálica
UPL02 3- Alvenaria e
MATERNIDADE 3.888 Fibrocimento estrutura
216X18 metálica
UPL02 4- Alvenaria e
MATERNIDADE 3.888 Fibrocimento estrutura
216X18 metálica
UPL02 Alvenaria e
5- 3.888 Fibrocimento estrutura
MATERNIDADE 216X18 metálica
UPL02 Alvenaria e
442,0 Barro
estrutura
0 cerâmica
6- PORTARIA 36X12 metálica

Quadro 6: Estruturas físicas e suas descrições – suinocultura Multiplicadora 02 - sítio 01


Granja C.
COMP./ Estrutura dos Nº de ÁREA (m²)
GRANJA QUANT. SETOR LARG. M² Telhado barracões Residência /CASA.
Alvenaria e
MULT. 02 1.680 Fibrocimento estrutura 2 casas 75,48
SITIO 01 1- COBRIÇÃO 120X14 metálica
MULT. 02 Alvenaria e
SITIO 01 1.050 Fibrocimento estrutura
2- GESTAÇÃO 75X14 metálica
MULT. 02 3- GESTAÇÃO Alvenaria e
SITIO 01 1.050 Fibrocimento estrutura
75X14 metálica
MULT. 02 4- Alvenaria e
SITIO 01 MATERNIDADE 1.650 Fibrocimento estrutura
110X15 metálica
MULT. 02 Alvenaria e
SITIO 01 5- 1.950 Fibrocimento estrutura
MATERNIDADE 130X15 metálica
MULT. 02 Alvenaria e
Barro
SITIO 01 230,68 estrutura
cerâmica
6- PORTARIA 31.6X7.30 metálica

25
Quadro 7: Estrutura físicas e suas descrições – suinocultura Multiplicadora 02 - sítio 02
Granja C.
Estrutura ÁREA
COMP./ dos Nº de (m²)
GRANJA QUANT. SETOR LARG. M² Telhado barracões Residência /CASA.
Alvenaria
MULT. 02 1.246 Fibrocimento e estrutura 2 casas 75,48
SITIO 02 1- RECRIA 89X14 metálica
Alvenaria 150,65
MULT. 02 1.246 Fibrocimento e estrutura 1 casa
SITIO 02 2- RECRIA 89X14 metálica
3- Alvenaria
MULT. 02 TERMINAÇÃO 2.870 Fibrocimento e estrutura 2 casas 136,24
SITIO 02 205X14 metálica
4- Alvenaria
MULT. 02 TERMINAÇÃO 2.870 Fibrocimento e estrutura
SITIO 02 205X14 metálica
Alvenaria
MULT. 02 5- 3.122 Fibrocimento e estrutura
SITIO 02 TERMINAÇÃO 223X14 metálica
Alvenaria
Barro
MULT. 02 148.19 e estrutura
cerâmica
SITIO 02 6- PORTARIA 20.30X7.30 metálica

Quadro 8: Infraestruturas existentes na Granja C – Avicultura.


Item / Área ou Descrição
Quantidade Dimensão
Casas 74,5 m² cada Paredes de tijolo cerâmico rebocadas e
Funcionário (02) pintadas;
Telhado com telhas cerâmicas tipo francesa;
Piso de cimento queimado tipo “vermelhão”;
Esquadrias (portas e janelas) tipo veneziana.
Barreira Sanitária 161,23 m² Paredes de tijolo cerâmico rebocadas e
(01) pintadas;
Telhado com telhas cerâmicas tipo
fibrocimento 5mm;
Piso de cimento queimado tipo “vermelhão”;
Esquadrias (portas e janelas) tipo veneziana;
Arco de desinfecção com piso e portão.
Composteira 52,21 m² Paredes de tijolo cerâmico rebocadas;
com 09 células Telhado com telhas cerâmicas tipo
fibrocimento 6mm;
Piso em concreto desempenado;
Fechamento em esquadrias c/ tela malha
2x2cm.
Galpões (05) – 2.800 m² Pilares em concreto armado;
200x14m Tesouras e terças em madeira;
Cobertura em telha fibrocimento 6mm;
Piso em concreto desempenado;
Fechamento lateral em tela malha 2x2cm fio
18;
Fechamento dos oitões e sala central em
alvenaria rebocada.
Transformador 01 unidade Transformador trifásico 150kVA

26
Gerador de 01 unidade Gerador acionamento automático 220kVA
energia
Reservatórios 08 unidades Reservatórios em fibra capacidade 20 mil litros
cada sob aterro e base de concreto

São 12 núcles com essas mesmas estruturas.

26. DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA

Considerando como base o Termo de Referência para o


desenvolvimento dos estudos do EIA, além da Resolução CONAMA 237/1997 –
Artigo 5º tem-se que a Área de Influência (AI) de um empreendimento para um
estudo ambiental pode ser descrita como o espaço passível de alterações em
seus meios físico, biótico e/ou socioeconômico, ou seja, consiste no conjunto de
áreas potenciais que podem sofrer impactos diretos e indiretos decorrentes das
ações/atividades do empreendimento.

As ferramentas utilizadas na delimitação das áreas de influência foram


imagens de satélite, layouts, mapas e levantamentos de campo, os quais
proporcionaram uma visão detalhada da real situação da região e possibilitam
a identificação dos componentes ambientais passíveis de sofrerem os impactos
oriundos do empreendimento.

26.1. Área diretamente afetada relativa aos meios físico, biótico e


socioeconômico – ADA- mfbse

Compreende a área onde são introduzidos os fatores ambientais das


atividades desenvolvidas na propriedade, ou seja, é a área diretamente
afetada pela operação, circunscrita aos limites físicos da propriedade.

Para o aspecto dos meios físico, biótico e socioeconômico, considerou-


se a ADA correspondente a área delimitada pela propriedade, que está
destacada em vermelho na Figura 3. O mapa da área diretamente afetada
(ADA) encontra-se disponível no Anexo 9. No local, estão concentrados os
impactos mais diretos gerados pela operação de equipamentos, máquinas,
veículos, caminhões e carretas, fluxo de pessoas dentro de todo o processo de
silvicultura produtivo.

27
Figura 3: Mapa da propriedade com delimitação da ADA. Destacada em
vermeho.

Fonte: Criação Sigma Geo Sistemas com adaptação do Google Earth, 2018.

26.2. Área de influência direta relativa aos meios físico e biótico – AID - mfb

A área de influência direta relativa aos meios físico e biótico (AID - mfb)
contempla, de acordo com o termo de referência, as áreas adjacentes a ADA
da Granja C, que possuem remanescentes de vegetação significativos e mata
ciliar e, que apresentam elementos naturais e habitats para a fauna silvestre. A
delimitação da AID – mfb foi realizada através de análise de mapas, cartas e
imagens de satélite da região adjacente a granja, assim pode-se observar que
as áreas circunvizinhas com significância foram delimitadas por um "buffer", anel

28
de 2 km a partir do limite do empreendimento, delimitada com a cor laranja na
Figura 4, sendo que o mapa se encontra disponível no Anexo 10.

Figura 4: Mapa da propriedade com delimitação da AID - mfb, delimitada com a cor
laranja.

Fonte: Criação Sigma Geo Sistemas com adaptação do Google Earth, 2018.

26.3. Área de influência indireta relativa aos meios físico e biótico – AII – mfb

A área de influência indireta relativa aos meios físico e biótico (AII – MFB)
compreende a área contida na sub-bacia hidrográfica na qual se insere o
empreendimento, representada pela sub-bacia do rio Tijuco, que está
delimitada pela cor vermelha na Figura 5 e o mapa encontra-se disponível no
Anexo 11.

29
Figura 5: Mapa da propriedade com delimitação da AII - mfb, delimitada com a cor
vermelha.

Fonte: Criação Sigma Geo Sistemas com adaptação do Google Earth, 2018.

26.4. Área de influência direta relativa ao meio socioeconômico – AID- MSE

A área de influência direta relativa ao meio socioeconômico


compreende, além da própria área diretamente afetada com relação ao meio
físico e biótico, as áreas das localidades urbanas, vilas, povoados, propriedades
rurais e assentamentos próximos à área de inserção da propriedade.
Assim, a AID – mse deste estudo contemplou as áreas circunvizinhas ao
empreendimento que possam ter influência positiva ou negativa direta em
relação à operação do empreendedor. Utilizou-se da mesma metodologia
definida para a AID – mfb: análise de mapas, cartas, imagens de satélite e
levantamentos anteriores, realizados pelo próprio empreendimento, nos quais
foi levantada toda a vizinhança do empreendimento. Concluiu-se por um
"buffer", anel de 2 km a partir do limite do empreendimento, coincidente com a

30
área de AID – mfb, delimitada pela cor laranja na Figura 6, sendo que o mapa
se encontra no Anexo 12.
Figura 6: Mapa da propriedade com delimitação da AID - mse, delimitada com a cor
laranja.

Fonte: Criação Sigma Geo Sistemas com adaptação do Google Earth, 2018.

26.5. Área de influência indireta relativa ao meio socioeconômico – AII-mse

De acordo como termo de referência utilizado para este estudo à AII -


mse: compreende obrigatoriamente o município em cujo território se insere a
AID- mse. Dessa forma, no presente estudo, definiu-se a AII-mse como sendo o
limite do município no qual o empreendimento está inserido, ou seja, Uberlândia
Estes impactos serão descritos de forma mais detalhada no item 34 -
Caracterização socioeconômica.

31
A AII - mse se encontra delimitada pela cor verde na Figura 7 e o mapa
está disponível no Anexo 13.

Figura 7: Mapa da propriedade com delimitação da AII - mse, delimitada com a cor
verde

Fonte: Criação Sigma Geo Sistemas com adaptação do Google Earth, 2018.

27. CORPOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS EXISTENTES NA ÁREA DIRETAMENTE AFETADA


RELATIVA AOS MEIOS FÍSICO E BIÓTICO (ADA /MFB)
Há nascentes (intermitentes ou não) na ADA
( ) Sim ( x ) Não
/ MFB?
Rio das Pedras
Nome do corpo hídrico superficial (intermitente ou não) mais
Córrego Lagoa
próximo do empreendimento
Córrego da Onça
O corpo hídrico informado na alínea anterior está dentro do terreno de
amortecimento ou é elemento demarcador de divisa de terreno do
empreendimento?
( x ) Sim, está dentro do terreno do empreendimento.
( ) Sim, é elemento demarcador da divisa do terreno do empreendimento.
( ) Não, está fora do terreno do empreendimento.

32
Menor distância do limite do terreno do empreendimento até ao
Estão dentro do
corpo hídrico superficial citado acima, considerando seu nível de
empreendimento
cheia, para um período de recorrência de 100 anos.
Nome dos demais corpos hídricos superficiais (intermitentes ou não) existentes na
ADA-mfb.
São os mesmos já citados
Dentre os corpos hídricos superficiais, algum é/será receptor do efluente líquido
gerado no empreendimento.
( ) Sim, nome do corpo
(X) Não
hídrico
Caso tenha respondido Sim no item anterior, assinalar no Quadro abaixo os usos do
corpo hídrico receptor informado.
A abrangência da investigação deverá limitar-se ao trecho do corpo hídrico contido
na área de influência relativa aos meios físico e biótico – (AI-MFB).
Para cada opção assinalada, informar a
Tipo de uso do corpo hídrico na
distância do ponto de uso mais próximo até o
área de influência relativa aos
ponto de lançamento de efluente líquido
meios físico e biótico – AI-MFB
e/ou de esgoto sanitário do empreendimento
A montante (distância A jusante (distância
em metros) em metros)
( x ) Captação para uso no próprio
Não há lançamento Não há lançamento
empreendimento
( ) Captação para abastecimento
público
( ) Captação por terceiros para uso
industrial
( ) Captação por terceiros para
irrigação
( ) Captação por terceiros para
piscicultura
( ) Lançamento de esgoto sanitário
por terceiros
( ) Lançamento de efluente
industrial por terceiros
( ) Barragem
( ) Outros usos (especificar):

28. CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA

As autorizações para captura dos grupos herpetofauna, mastofauna,


ictiofauna e invertebrados (mirmecofauna) foram emitidas pelo Instituto
Estadual de Florestas - IEF através do processo nº 06000001005/18 URT - MG, com
período de validade de 13/08/2018 a 13/08/2019, conforme demonstra cópia
das autorizações presente no Anexo 14. Importante salientar que para o grupo
Aves não foi pedida autorização, pois não houve captura de espécimes. Foi
realizada a primeira campanha de estudos primários contemplando a estação
seca, sendo que a segunda será realizada no início da estação chuvosa.

33
HERPETOFAUNA (anfíbios e répteis): Autorização nº 022.16.2018;
MASTOFAUNA (mamíferos voadores e pequenos mamíferos): Autorização
nº 022.17.2018;

INVERTEBRADOS TERRESTRES (Mirmecofauna): Autorização nº 022.18.2018;

ICTIOFAUNA (Pesca científica - categoria D).

28.1. Mirmecofauna

Introdução

As principais ameaças à diversidade biológica são a fragmentação e a


perda de habitats (Ehrlich & Daily 1993; Saunders et al. 1991), decorrentes
principalmente das mudanças no uso da terra como, por exemplo, as
atividades agrícolas e o avanço da ocupação humana (Hooper et al. 2005;
Wilcox & Murphy 1985). Tais atividades causam importantes modificações no
ambiente original, afetando as espécies pelo tipo e quantidade de recursos
disponíveis (Duffy 2002; Perfecto & Snelling 1995) e pelas interações com outras
espécies presentes no ambiente modificado (Philpott & Armbrecht 2006). Com
isso, ocorre perda de espécies e, consequentemente, perda na funcionalidade
dos ecossistemas (Perfecto et al. 2004; Tilman et al. 2002; Vasconcelos 1999). Isso
ocorre devido à algumas espécies que desempenham papéis únicos nos
ecossistemas não suportarem as mudanças antrópicas que ocorrem no
ambiente (Yachi & Loreau 1999).

A maior causa da perda de hábitats no Cerrado brasileiro deve-se,


principalmente, às atividades de monoculturas, estabelecimento de pastagens,
desenvolvimento urbano e outras atividades antrópicas (Klink & Moreira, 2002).
O Cerrado é o maior ecossistema de savanas do Brasil, ocupando cerca de 2
milhões de km² do território brasileiro e aproximadamente 22% da área total do
país (Oliveira & Marquis, 2002). Estima-se que, atualmente, apenas 20% do
Cerrado permaneçam protegidos dentro de poucas unidades de conservação
ou áreas protegidas por lei, como as reservas legais e as áreas de preservação
permanente (WWF Brasil, 2008). No entanto, devido à alta riqueza e endemismo
de espécies e a acelerada perda de hábitat, o Cerrado é considerado um

34
hotspot de biodiversidade, ou seja, um ecossistema prioritário para a
conservação mundial (Myers et al. 2000).

Dentre as atividades antrópicas, a agropecuária tem apresentado


contínuo crescimento devido a demanda populacional por alimento,
estimulando o avanço da fronteira agrícola. Um exemplo é a cidade de
Uberlândia, localizada no Triângulo Mineiro, região considerada o portal do
Cerrado, onde a agropecuária, a avicultura e os rebanhos, bovino e suíno são
destaques, com crescimento anual da produção (IBGE 2005). Ainda, toda a
região Centro-Oeste é a que mais cresce no Brasil, sendo a pecuária a principal
atividade econômica junto com a agricultura e o setor industrial (VILELA et al.,
2011). Dentre as criações, a bovinocultura é a mais representativa na região,
seguida da criação de suíno (VILELA et al., 2011). Um dos fatores que favorecem
essa atividade econômica são as condições do clima, relevo, vegetação e
água da região (VILELA et al., 2011).

O estado de Minas Gerais, principalmente o norte do estado e a região


oeste, apresenta o segundo lugar em degradação ambiental no país devido
ao crescimento urbano, agropecuário e industrial, ficando atrás apenas do
estado de São Paulo (FERNANDES; CUNHA; SILVA, 2005). Os maiores níveis de
degradação, associados à intensidade de exploração, foi verificada, em
particular, nas regiões de cerrado destacando-se as microrregiões de
Patrocínio, Uberaba, Uberlândia e Araxá (CUNHA et al., 2008). Apesar dos dados
apresentados em alguns estudos, pouco se sabe sobre o efeito dos diferentes
sistemas agropecuários na biodiversidade. Sabe-se que o sistema de granjas,
principalmente para a criação de aves, tem impacto direto nos sistemas
aquíferos e no solo, causando entre outros fatos, alteração na qualidade do ar,
carreamento de sólidos para a água e o solo e desmatamento (OLIVEIRA;
BIAZOTO, 2013).

Levantamentos padronizados são importantes para o reconhecimento


de indicadores ecológicos, com o intuito de planejar a recuperação e/ou
mitigação de áreas degradadas e reconhecer o atual estado de conservação
de áreas naturais (FREITAS, 2006). A importância dos invertebrados terrestres
como indicadores ecológicos é largamente reconhecida por detectar as
mudanças ecológicas associadas às mudanças no uso da terra. Isso porque os
invertebrados são altamente diversos e abundantes, são importantes na
35
funcionalidade dos ecossistemas, são sensíveis às alterações ambientais e são
facilmente amostrados (Greenslade & Greenslade, 1984; Brown, 1997). Neste
caso, alguns trabalhos têm discutido quais atributos de certos grupos
taxonômicos são relevantes para indicar mudanças ecológicas, e as formigas
têm demonstrado grande importância (Majer, 1983, Greenslade & Greenslade,
1984, Brown, 1997).

As formigas são insetos pertencentes à ordem Hymenoptera e família


Formicidae, sendo um dos grupos mais diversos dentre os insetos, com mais de
14 mil espécies conhecidas no mundo, podendo chegar a 20 mil espécies. Elas
estão presentes na maioria dos ambientes terrestres e desempenham
importantes papéis ecológicos nestes ecossistemas (Holldobler & Wilson, 1990),
ocupando diversos hábitats e apresentando diferentes hábitos de
forrageamento e dieta diversificada (Holldobler & Wilson, 1990). As formigas são
organismos abundantes na maioria dos ecossistemas terrestres, especialmente
nas regiões tropicais. No Cerrado, o número real de espécies de formigas ainda
é incerto devido à falta de levantamentos padronizados, podendo chegar a
mais de 500 espécies apenas em áreas savânicas (VASCONCELOS ET AL. aceito
para publicação). As formigas são comumente utilizadas como bioindicadoras
em sistemas manejados na Austrália (Majer, 1983, Andersen, 1997),
principalmente como indicadoras na recuperação de áreas de mineração
(Majer et al., 1984, Andersen, 1997) e para outros tipos de usos da terra como
reflorestamentos (York, 1994) e pastagens (Hoffmann, 2000).

Neste contexto, o objetivo deste relatório é apresentar um inventário da


fauna de formigas presente em áreas com vegetação natural na Granja C,
pertencente à BRF S.A., localizada em Uberlândia (MG). Neste relatório estão
apresentados dados de riqueza total, riqueza em cada área e a composição
de espécies coletadas durante a estação seca. Inclui também uma lista de
espécies presentes no local. Para o levantamento, foram coletadas formigas
epigéicas e arbóreas, que são aquelas que nidificam e forrageiam
preferencialmente no solo e na vegetação, respectivamente.

36
Material e Métodos

Área de Estudo

A 1ª campanha para a coleta de formigas foi realizada na estação seca


entre os dias 31 de agosto e dois de setembro de 2018. As coletas foram
realizadas em área de cerradão, vereda e mata (Tabela 1, Foto 3).

Tabela 1: Áreas amostradas na Granja C da BRF S.A. em Uberlândia (MG) e as


coordenadas geográficas. As coletas foram realizadas na estação seca, entre os dias
31 de agosto e dois de setembro de 2018.
Fisionomia Código de coleta Coordenadas (UTM)

Vereda VE -18.928361°, -48.405422°

Cerradão CD -18.951921°, -48.401314°

Mata MA -18.961506°, -48.400410°

Fotos 3: (A) vereda, (B) cerradão e (C) mata localizadas na Granja C em Uberlândia
(MG), onde foram realizadas as coletas de formigas.
A B

37
C

Coleta de Dados

Em cada área foram estabelecidos dois transectos de 100 m distantes


pelo menos 100 m um do outro. Em cada transecto foram dispostas duas iscas
a cada 10 m, sendo uma isca de sardinha colocada sobre o solo (Foto 4 A),
para coletar formigas epigéicas, e uma isca de sardinha colocada sobre a
vegetação (Foto 4 B) para coletar formigas arbóreas, totalizando 20 iscas de
cada tipo em cada área (10 de cada tipo por transecto). Na vegetação, as
iscas foram colocadas entre 1 e 2 m de altura, sendo as iscas dispostas entre os
galhos.

As iscas foram colocadas sobre um pedaço de papel branco (Figura 8)


e vistoriadas após 30 e 60 min. As formigas presentes sobre, debaixo, ou ao redor
do papel foram coletadas com auxílio de pinça e colocadas em um frasco
contendo álcool 90%. Posteriormente, no laboratório, os espécimes
representativos de cada espécie foram montados para identificação ao nível
de gênero e, quando possível, até espécie comparando com material de
referência e seguindo a nomenclatura de Bolton (1994). Devido à dificuldade
de identificação e à taxonomia ainda não bem estabelecida para todos os
gêneros, para a maioria dos espécimes foi atribuído códigos de morfo-espécies.

38
Os exemplares das espécies e morfo-espécies coletadas estão depositados na
Coleção Zoológica da UFU.

Foto 4: Isca de sardinha colocada no solo (A) e na vegetação (B).

A B

Análise dos dados

Para cada área foram determinados o número observado de espécies


ou morfo-espécies (riqueza de espécies) e o número “estimado” de espécies,
ou seja, o número de espécies que era esperado ser encontrado
(considerando-se que se trata de uma amostragem incompleta da riqueza total
de espécies em cada área). O número estimado de espécies foi calculado
através dos estimadores de riqueza ICE (estimador de cobertura baseado em
incidência), Chao 2 e Jacknife de primeira ordem (Jacknife 1), que estima o
número total de espécies com base no número de espécies encontradas em
uma amostra (Colwell, 2007). Para verificar como a riqueza de espécies varia
em função do esforço amostral, foi feita a curva de acumulação de espécies
em função do número de registros de espécies para cada área (Colwell, 2007).

Para calcular a similaridade na composição da mirmecofauna entre as


áreas foram usados o índice de Bray-Curtis, calculado com base na frequência
de ocorrência das espécies em cada área. Além disso, foi construído um gráfico
de agrupamento (cluster) utilizando a matriz de similaridade entre os pontos de
amostragem (índice de Bray-Curtis), o que permite a visualização gráfica das
diferenças na composição de espécies de formigas entre as áreas.

As análises foram feitas utilizando o programa Estimates e SYSTAT.

39
Resultados

Considerando a amostragem total feita na estação seca, foram


coletadas 27 espécies de formigas pertencentes a 11 gêneros e cinco
subfamílias (Tabela 2). O gênero Pheidole foi o que apresentou maior riqueza,
com sete espécies de formigas coletadas, seguida do gênero Pseudomyrmex,
que apresentou cinco espécies de formigas (Tabela 2). Foi possível fazer o
registro de 110 formigas (vezes em que foram coletadas formigas nas iscas),
sendo que Camponotus, Dorymyrmex e Pheidole foram os gêneros mais
frequentemente coletados.

A diversidade de espécies de formigas não variou entre as áreas de mata


e vereda, onde foram amostradas 14 e 15 espécies, respectivamente. O
cerradão foi a área que apresentou menor riqueza, com apenas dez espécies
de formigas coletadas (Tabela 2).

Tabela 2: Lista das espécies de formigas coletadas no solo e na vegetação na vereda,


no cerradão e na mata na Granja C da BEF S.A (Uberlândia, MG), na estação seca. Os
valores representam o número de ocorrência das espécies em cada estrato, em cada
área.
Vereda Cerradão Mata
Número de espécies Nome popular
Solo Vegetação Solo Vegetação Solo Vegetação

Brachymyrmex sp.1 Formiga doceira 3 5 2 2 1

Brachymyrmex sp.2 Formiga doceira 1

Camponotus blandus 3 1

Camponotus senex 3 4 1 3 3

Camponotus sericeiventris 1 2

Camponotus sp.12 1

Formiga
Cephalotes pusillus tartaruga 1 5 8 2

Formiga
Cephalotes sp.4 tartaruga 1

Crematogaster crinosa 3

Dorymyrmex brunneus 12 3 4

Dorymyrmex goeldii 1

40
Vereda Cerradão Mata
Número de espécies Nome popular
Solo Vegetação Solo Vegetação Solo Vegetação

Ectatomma brunneum 1

Pheidole diligens 3 1

Pheidole obscuricornis 2 1

Pheidole oxyops 1 5 2

Pheidole sp.6 1

Pheidole sp.10 1

Pheidole sp.14 1

Pheidole sp.29 1

Pogonomyrmex naegelli 1

Pseudomyrmex gracilis 2

Pseudomyrmex sp.7 1

Pseudomyrmex sp.8 3

Pseudomyrmex sp.9 3

Pseudomyrmex
termintarius 1

Solenopsis sp.3 1

Wasmannia Pixixica
auropunctata 1 1

Número de espécies 10 8 9 2 11 6

41
Figura 8: Curva do coletor mostrando o número de espécies coletadas em função do
número total de iscas dispostas na Granja C da BRF S.A em Uberlândia (MG). As linhas
tracejadas indicam o desvio padrão (±dp).

A curva do coletor não atingiu uma assíntota considerando todas as


amostras utilizadas nas três áreas amostradas (Figura 8). A riqueza de espécies
encontrada na vereda representou em média 63% do número de espécies
esperado ser encontrado na área, considerando a metodologia utilizada neste
estudo, de acordo com os estimadores ICE, Chao 2 e Jacknife1 (Tabela 3). Já o
número de espécies encontrado no cerradão e na mata representaram, em
média, 67%, 68% do número de espécies esperado ser encontrado,
respectivamente (Tabela 3).

Tabela 3: Número observado e estimado de espécies de formigas coletadas na


vereda, no cerradão e na mata na GRANJA C – BRF S.A., de acordo com os
estimadores de riqueza ICE, Chao 2 e Jacknife 1.
Número de Estimadores
Área
espécies ICE Chao 2 Jacknife1

Vereda 15 24,27 25,24 21,83

Cerradão 10 21,46 17,31 15,85

Mata 14 21,83 19,12 20,83

42
Composição de espécies

Ao todo, as espécies mais frequentemente coletadas na Granja C foram


Dorymyrmex brunneus, Cephalotes pusillus e Camponotus senex, que juntas
ocorreram em 41% das armadilhas dispostas nas áreas. Dorymyrmex brunneus
foi a espécies mais frequemente encontrada na vereda. No cerradão, a
espécie mais frequente foi Cephalotes pusillus e na mata, Camponotus senex
(Tabela 2). Não é possível inferir sobre a presença de espécies raras nas áreas
amostradas devido à dificuldade de identificação da maioria das espécies,
principalmente de gêneros hiperdiverso, como Pheidole e Solenopsis.

A composição de espécies de formigas mostrou-se heterogênea entre as


áreas, principalmente no solo (Figura 9). Na vegetação, apenas a vereda
mostrou-se distinta do cerradão e da mata (Figura 9).

Figura 9: Análise de agrupamento (cluster) da composição de espécies de formigas


no solo e na vegetação da vereda, cerradão e mata, amostrada sna Granja C, em
Uberlândia (MG).

Estudo comparativos em outras áreas de Cerrado

As áreas amostradas apresentam vegetação típica do ecossistema


Cerrado, considerado um hotspot de diversidade devido à alta biodiversidade
e endemismo (Myers 2000), embora tenham sido observadas alterações na
paisagem devido às perturbações antrópicas no local. Nas últimas décadas o
Cerrado tem sido um dos ecossistemas brasileiros mais fragmentados devido às

43
atividades humanas, principalmente a conversão em agrossistemas e áreas
urbanas (RATTER; RIBEIRO; BRIDGEWATER, 1997).

Ainda existem poucos levantamentos sistemáticos da fauna de insetos


em pequenos fragmentos de Cerrado, principalmente em fragmentos presentes
em propriedades particulares, o que leva ao baixo conhecimento das espécies
na região. Porém, insetos da família Formicidae (formigas) têm sido bem
estudados através de levantamentos em diversos fragmentos de Cerrado na
região sudeste e centro-oeste do Brasil, onde novas espécies têm sido coletadas
e a distribuição de várias espécies foi ampliada (CAMACHO; VASCONCELOS,
2015).

Na Estação Ecológica do Panga, por exemplo, uma área de 410 ha,


localizada em Uberlândia (MG), amostrou-se aproximadamente 310 espécies
de formigas (CAMACHO; VASCONCELOS, 2015). A alta riqueza de espécies
nesta área demonstra que pequenas áreas devidamente preservadas
apresentam um alto potencial como reservatório de biodiversidade. Além disso,
o grande número de espécies que permaneceram sem identificação nesse
estudo nos dá a amplitude de como a fauna de formigas da região é pouco
conhecida taxonomicamente, ressaltando a importância da conservação dos
remanescentes de Cerrado.

Em um estudo mais amplo, recentemente publicado, VASCONCELOS et


al., (2018) mostraram que a fauna de formigas do Cerrado é muito mais diversa
do que se esperava. Usando apenas armadilhas de queda (pitfall) no solo e na
vegetação, VASCONCELOS et al., (2018) amostraram 455 espécies de formigas
apenas em áreas de cerrado sensu stricto em 29 localidades espalhadas pelo
Brasil. Nesse estudo, os autores mostram que a diversidade de espécies de
formigas no cerrado varia em função da latitude, da precipitação e da
produtividade primária. Nesse sentido, denota-se a importância da
conservação de áreas de cerrado e das características ambientais naturais
para a manutenção da diversidade.

Devido às diversas metodologias empregadas para a coleta de formigas


em diferentes estudos, torna-se difícil comparar os resultados deste
levantamento com aqueles apresentados em outros levantamentos, já que
para isso seria necessária a padronização metodológica. PACHECO et al.

44
(2013), por exemplo, realizaram coletas intensivas de formigas em seis reservas
legais com diferentes formações vegetais de Cerrado em Uberlândia (MG) e
Monte Alegre de Minas (MG). Neste estudo, PACHECO et al. (2013) utilizou
método de coleta distinto do método aplicado nesse estudo e com um grande
esforço amostral, sendo coletadas 200 espécies de formigas apenas nas
reservas legais, que apresentavam diferentes tipos de formações vegetais, indo
desde cerrado ralo até cerradão. Também foram observadas diferenças na
composição de espécies de formigas entre as reservas que apresentavam
vegetação de formações savânicas e de formações florestais. Através dos
resultados apresentados, PACHECO et al. (2013), indicam a importância das
reservas legais com diferentes formações vegetais para a manutenção da
diversidade de formigas em paisagens agrícolas.

Os resultados obtidos neste estudo seguem o mesmo padrão encontrado


na Granja E e na Granja D, pertencentes a BRF, na estação seca,
principalmente em relação à composição de espécies.

Considerações

Alguns estudos na região tropical mostram que na estação seca é


observada uma menor atividade de insetos (Wolda 1978; Hahn & Wheeler 2002)
devido à menor disponibilidade de recursos (Leal & Oliveira 2000; Neves et al.
2013). Rabello et al. (2015), por exemplo, estudando formigas em locais de
mineração em área de transição de Cerrado e Mata Atlântica observaram mais
espécies de formigas na estação chuvosa do que na estação seca. Nesse
sentido, apenas as coletas realizadas na estação seca não respondem ao
objetivo proposto em trabalhos de levantamentos e monitoramentos, sendo
necessária, principalmente, a coleta na estação chuvosa, tornando as coletas
na estação seca apenas um complemento.

Tão importante quanto as estimativas de riqueza de espécies, a


composição de espécies de formigas também é um importante fator a ser
explorado. Isso porque, para planos de conservação, saber quais espécies
estão presentes em um ambiente torna-se tão importante quanto determinar
quantas espécies existem no local. PACHECO e VASCONCELOS (2012)
observaram que a composição de espécies de formigas varia entre as

45
diferentes formações vegetais do Cerrado, devido principalmente às mudanças
nas características estruturais de cada formação (ex. cobertura arbórea,
biomassa de serapilheira e densidade arbórea). Dessa forma, observa-se a
importância da manutenção de um mosaico de vegetação para a
conservação de diferentes espécies, e consequentemente, a manutenção de
espécies que apresentam diferentes funções ecológicas no ecossistema (ex.
espécies predadoras).

De acordo com o conceito de mosaicos (WHITTAKER & LEVIN 1977) a


diversidade de espécies em uma área aumenta não só com a complexidade
dos habitats, mas também com a sua variabilidade (quantidade de biótipos por
unidade de área). Segundo PACHECO e VASCONCELOS (2012), apoiando o
conceito de mosaicos, a diversidade de hábitats encontrada no Cerrado pode
ser considerada a principal promotora da diversidade de espécies de formigas
de solo neste bioma. Nesse sentido, programas de conservação devem levar
em consideração que um dos fatores promotores de biodiversidade é a
heterogeneidade de hábitats, como aqueles presentes entre as formações
savânicas, florestais e áreas úmidas.

Os resultados deste levantamento mostram o mesmo padrão de


composição de espécies encontrado em outros estudos em áreas de Cerrado,
porém com uma expressiva diminuição no número de espécies. De uma forma
geral, pode-se destacar a presença dominante de espécies de formigas
generalistas como, por exemplo, Dorymyrmex brunneus e Cephalotes pusillus,
normalmente encontradas em qualquer tipo de ambiente. É comum ser
observado em áreas perturbadas uma perda de espécies que desempenham
importantes funções ecológicas nos ecossistemas, principalmente aquelas
espécies mais sensíveis a mudanças ambientais, e um aumento no número de
espécies generalistas.

Apesar de não ser possível identificar todas as espécies coletadas neste


levantamento, é possível afirmar que não foi encontrada nenhuma espécie de
formiga ameaçada de extinção. De acordo com a lista de espécies
ameaçadas e extintas elaborada em 2014, 13 espécies de formigas encontram-
se ameaçadas de extinção, mas nenhuma destas espécies foi registrada neste
estudo. Ainda não temos registro de espécies endêmicas da região, e inclusive
do Cerrado, devido principalmente às formigas serem um grupo hiperdiverso, o
46
que dificulta a conferência em diversas coleções entomológicas (não existe
uma coleção unificada), falta de coleta em determinadas áreas e seletividade
das metodologias.

Conclusões

O número de espécies de formigas amostrado neste estudo está abaixo


do que é esperado ser encontrado. Os motivos para a baixa diversidade de
espécies pode ser a utilização de apenas uma metodologia, uma vez que todo
método apresenta alguma seletividade, a época do ano em que as coletadas
foram realizadas (estação seca) e o estado de conservação das áreas e o
entorno. Durante as coletas foi possível identificar atividades humanas nos locais
de coleta, sendo essas as únicas áreas de vegetação natural restante no local.
A permanência ativa de pessoas aumenta a quantidade de resíduos, o pisoteio
da vegetação e a compactação do solo, o que impacta negativamente a
fauna e flora presente no local.

28.2. Herpetofauna

Introdução

A área de estudo está inserida no bioma de Cerrado, considerado o


segundo maior Bioma brasileiro, por isso é chamado de “hotspots” (área de
importância para a conservação). Diversas espécies da flora e fauna do
Cerrado encontram-se ameaçadas de extinção, pelo fato do desmatamento
desordenado para ocupação antrópica (MACHADO, et al. 2005). Este bioma
possui uma grande diversidade da fauna, mas pouco conhecida, pois a maioria
das áreas ainda não foram inventariadas, o que permite apenas uma estimativa
do número total de espécies do Bioma. As ocupações antrópicas desordenadas
são as principais ameaças a fauna do Bioma, como: agricultura, caça
predatória, comercialização de animais silvestres e avanço das áreas urbanas
(SOUSA, et al., 2012).

A herpetofauna compreende todos os grupos de anfíbios e répteis.


Atualmente no Brasil segundo a Sociedade Brasileira de Herpetologia existem
1080 espécies de anfíbios e 795 espécies de répteis (COSTA & BÉRNILS, 2018;

47
SEGALLA et al., 2016). O Cerrado possui uma grande diversidade e riqueza de
espécies da herpetofauna, onde são encontradas 150 espécies de anfíbios,
destas 28 são endêmicas e 180 espécies de répteis, dentre estas 17 são
endêmicas (MACHADO, et al. 2005).

A classe dos anfíbios se divide em três ordens: Anura (sem cauda, com
adaptações para saltos, como: sapos, rãs e pererecas), Urodela (com cauda,
como salamandras) e Gymnophiona (sem patas, com aparência de serpentes
e hábitos fossoriais) (ROSSA-FERES, et al. 2011).

Os anfíbios são considerados excelentes bioindicadores da qualidade


ambiental, devido suas características, como: pele permeável, extremamente
dependentes de água para a reprodução e seu desenvolvimento embrionário,
portanto o levantamento desse grupo em especial é importante e eficaz para
a qualidade ambiental do local (BERTOLUCI, et al. 2009).

Atualmente os répteis se apresentam nas ordens Testudines (tartarugas,


cágados e jabutis), Crocodilia (crocodilos e jacarés) e Squamata (lagartos,
anfisbenas e serpentes), sendo este o grupo com maior diversidade (ZAHER, et
al. 2011).

Os répteis são encontrados em quase a totalidade dos ecossistemas


brasileiros, por serem ectotérmicos são encontrados em regiões mais quentes do
país. São espécies que podem viver em poucos ambientes distintos, a maioria
das espécies do grupo dos Squamatos (lagartos e serpentes) não sobrevive em
ambientes alterados como pastagem, plantações e monoculturas. Por outro
lado, existem espécies que se beneficiam dessas alterações como, por
exemplo, a cascavel que é uma espécie capaz de invadir áreas abertas
(MARTINS & MOLINA, 2009).

O presente Monitoramento da Herpetofauna (1º Campanha, estação seca)


tem como objetivo inventariar espécies da herpetofauna das áreas de
amostragem situados na área de influência da BRF Granja C, para compor o
EIA (Estudo de Impacto Ambiental), assim contribuindo para um melhor
conhecimento da herpetofauna local compilando os dados quali-quantitativos
obtidos.

48
Material e Método

Área de Estudo

Foi realizado o presente estudo em áreas (pontos amostrais) sob a


influência da BRF Granja C. Os pontos amostrais localizam-se no município de
Uberlândia, Minas Gerais. O município está localizado no Triângulo Mineiro,
incluso no bioma Cerrado.

A primeira campanha (estação seca) do Monitoramento da


Herpetofauna foi realizada de 04 a 08 de setembro de 2018, onde foram
observados pontos amostrais com potencial de água e abrigo para espécies
da herpetofauna.

Caracterização dos pontos amostrais

A BRF Granja C foi dividida em quatro pontos amostrais, onde na fazenda


são encontrados pontos com veredas e um represamento, a área possui alguns
poucos fragmentos de mata e a grande maioria com monocultura de
eucalipto. Abaixo o mapa dos pontos amostrais para o Monitoramento da
Herpetofauna (Figura 10).

Figura 10: Pontos amostrais da BRF Granja C.

Abaixo a caracterização dos pontos amostrais.

49
Área 1 (Zona 22K - 773564 E/ 7902497 S) - é constituída por uma grande
lagoa e vereda, com um fragmento de mata cercado por monocultura de
eucalípito (Foto 5).

Foto 5: Represamentos e vereda ao fundo, Área 1.

Área 2 (Zona 22K - 773209 E/ 7904954 S) - é composta por uma área


úmida de vereda, cercada por monocultura de eucalipto (Fotos 6 e 7).

Fotos 6 e 7: Área 2.

50
Área 3 (Zona 22K - 772214 E/ 7906051 S) - é composta por uma área
úmida de vereda (Fotos 8 e 9).

Fotos 8 e 9: Área 3.

Área 4 (Zona 22K - 771821 E/ 7903541 S) – área com vereda no limite da


fazenda com monocultura de eucalipto (Fotos 10 e 11).

Fotos 10 e 11: Área 4.

Metodologias

A metodologia utilizada para o levantamento foi o Método de Busca por


Encontro Visual, que consiste em caminhadas aleatórias anotando todas as
espécies da herpetofauna encontradas visualmente e/ou por zoofonia (registro
auditivo), os transectos foram realizados nos horários de 07:00 ás 11:00 e 18:00 ás
22:00h, os quatro dias do levantamento (CRUMP & SCOTT Jr., 1994),

51
aproximadamente foram feitas 32 horas de campo. Para os registros acústicos
foram definidas algumas áreas específicas, como: lagoas, brejos, veredas ou
córregos.

Foi vasculhado durante o dia as áreas amostrais com o auxílio de gancho


herpetológico com o intuito de procurar répteis e anfíbios entocados ao longo
da vegetação marginal de corpos d’água, na serapilheira, no solo, sob rochas
e troncos, e em potenciais abrigos, como em cavidades de árvores e entre
frestas de rochas. Na busca ativa noturna foi utilizado lanternas manuais e de
cabeça, as espécies encontradas nas áreas de busca ativa eram fotografadas
e identificadas para compor o relatório do presente estudo.

Foi calculado o índice de diversidade de Shanonn-Wiener utilizando o


programa DivEs (ver. 3.0) (RODRIGUES, 2014). A curva de acumulação de
espécie utilizando o programa EstimateS (ver. 8.2.0) (COLWELL, 2006). Foi
utilizado o programa BioDiversity Pro (ver. 2.0) (MCALEECE et al., 1997) para
comparar as áreas amostradas com relação à composição de espécies
(ausência e presença) e, a partir destes dados, pode ser feito a análise de
agrupamento (Bray-Curtis).

Na primeira campanha (estação seca) foi utilizada para complementar


a compilação de dados a metodologia de Armadilha de Queda (Pitfall traps).

Armadilhas de queda (Pitfall traps)

As armadilhas de queda consistem em recipientes (baldes 60 litros)


enterrados no solo e interligado com cercas-guias (lona plástica), quando o
animal depara com a cerca-guia a tendência é segui-la e assim o
encaminhando para dentro do balde enterrado no solo. Conforme estudos
sobre o tema, foi constatada a eficiência das armadilhas de queda, tendo uma
grande relevância em amostragens de anfíbios e répteis, principalmente anuros
e lagartos, e assim aumentando o esforço amostral. As armadilhas podem ser
usadas em levantamentos de riqueza, comparações de abundância relativa e
em estudos que envolvem marcação e recaptura (CEEHIN & MARTINS, 2000).

Os recipientes (baldes) foram previamente furados no fundo para que


não acumule água da chuva, também foram usadas estacas de madeira

52
próximas aos baldes para poder fixar a lona. Foi instalada uma bateria em cada
área, cada bateria contendo quatro baldes em forma de Y (Figura 11 e Foto
12), os baldes foram instalados com quatro metros de distância cada.

Figura 11: Esquema ilustrativo das armadilhas de queda em Y, uma bateria.

Foto 12: Armadilhas de queda (Pitfall), armada em Y.

53
No Quadro abaixo as coordenadas geográficas onde foram instaladas
as armadilhas de queda.

Quadro 9: Coordenadas geográficas das armadilhas de queda.

Pitfall´s / Áreas Coordenadas UTM

Pitfall 1 22k 773738 / 7902946

Pitfall 2 22k 773082 / 7904973

Pitfall 3 22k 772387 / 7905841

Pitfall 4 22k 771798 / 7904442

Resultados

Nas áreas de estudo foram registrados pelo método de zoofonia


(auditivo) 12 espécies da herpetofauna (quatro anfíbios e oito répteis),
distribuídas em 10 famílias e duas ordens (Tabela 4). Das espécies encontradas
em campo, nenhuma se apresenta em listas de animais em extinção ou
endêmicas da região.

54
Tabela 4: Lista de espécies de Herpetofauna (anfíbios e répteis) encontrados durante a Primeira Campanha do Monitoramento da BRF Granja
C (Uberlândia, Minas Gerais). Legenda: V – visual, Au – registro acústico, Op – registro oportunístico.

Áreas
Família Espécie Nome popular Método de registro
1 2 3 4
Bufonidae Rhinella schneideri (Werner, 1894) Sapo-cururu V, Au 5 3
Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) Perereca V 1
Hylidae Perereca-de-
Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925) V 2
banheiro
Strabomantidae Barycholos ternetzi (Miranda Ribeiro, 1937) Rãzinha V 1
Oxyrhopus trigeminus (Duméril, Bibron &
Dipsadidae Coral-falsa V 1
Duméril, 1854)
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès,
Gekkonidae Lagartixa V 1 1
1818)
Mabuyidae Notomabuya frenata (Cope, 1862) Calango V 1
Polychrotidae Polychrus acutirostris (Spix, 1825) Lagarto-preguiça V 1
Salvator merianae (Duméril & Bibron, 1839) Teiú V 2 1
Teiidae
Ameiva ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Lagarto-verde V 1
Tropiduridae Tropidurus torquatus (Wied, 1820) Lagarto-de-coleira V 1 3
Viperidae Crotalus durissus (Linnaeus, 1758) Cascavel Op
Total de Abundância 15 7 2 1
Total de Riqueza 10 3 2 1
H` 0,89 0,43 0,3 0

55
Em relação ao status de conservação das espécies, foram consultadas as
seguintes listas oficiais, nível regional a MINAS GERAIS, 2010; nível nacional a BRASIL,
2016 e nível mundial a IUCN, 2018, nas áreas do presente estudo não foram
encontradas espécies que constam em nenhuma das listas citadas acima.

Abaixo registro fotográfico das espécies da herpetofauna encontradas nas


áreas de amostragem da Primeira Campanha do Monitoramento de Herpetofauna
da BRF Granja C (Uberlândia, Minas Gerais).

Fotos 13 e 14: Perereca-cabrinha juvenil (Hypsiboas albopunctatus) e perereca-de-


banheiro (Scinax fuscovarius).

Fotos 15 e 16: Sapo-cururu (Rhinella schneideri)e girinos encontrados na lagoa na Área 1,


demonstrando o potencia para anfíbios na área de estudo.

56
Foto 17: Razinha (Barycholos ternetzi).

Fotos 18 e 19: Lagartixa (Hemidactylus mabouia) e lagarto-de-coleira (Tropidurus


torquatus).

57
Fotos 20 e 21: Teiú (Salvator merianae) e lagarto-preguiça (Polychrus acutirostris).

Fotos 22 e 23: Coral-falsa (Oxyrhopus trigeminus) encontrada na Área 3 e cascavel


(Crotalus durissus) registro oportunístico dos seguranças da área.

Abaixo na Figura 12 ilustra o dendograma de similaridade das áreas


amostradas, os pontos amostrais A1 e A2 compartilham entre si 45%, a área A4
compartilha apenas 12% das áreas citadas acima e a A3 compartilha apenas 4% de
todas as áreas amostradas pela herpetofauna.

58
Figura 12: Dendrograma de similaridade feito pelo método de agrupamento (Bray-Curtis)
entre a herpetofauna e os pontos amostrados no Monitoramento da Herpetofauna da BRF
Granja C (Uberlândia, Minas Gerais).

O gráfico de curva de rarefação (Figura 13) demonstra um acréscimo no


número de espécies com o aumento do esforço amostral, sendo amostrado 67% do
total (usando o estimador Jacknife 1) da herpetofauna esperada para o local.

Figura 13: Curva de rarefação de espécies da herpetofauna amostrada no


Monitoramento da Herpetofauna da BRF Granja C (Uberlândia, Minas Gerais). A curva
central (preta) representa riqueza média estimada pelo método Jacknife 1 após 100
aleatorizações das amostras de cada uma das quatro áreas amostradas.
25
Estimativa da riqueza de
espécies - Jacknife 1

20

15

10

0
1 2 3 4
Áreas Amostradas

59
Abaixo o gráfico representa o número de espécies por famílias (Figura 14),
observando que a família Hylidae e Teiidae são as que possuem o maior número de
espécies (duas) encontradas nas áreas de estudo.

Figura 14: Gráfico representativo de número de espécies por famílias.

3
Número de espécies

2
1
0

Famílias

O gráfico a seguir demostra o total de espécimes por áreas de amostragem


(Figura 15), observando que a Área 1, onde foi encontrado o maior número de
espécimes (15 indivíduos).

Figura 15: Gráfico representativo do número de espécimes por áreas amostradas.

Área 4

Área 3

Área 2

Área 1

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Dados Secundários

Foi realizado um estudo prévio com o intuito de buscar informações para


complementar o relatório com dados secundários, foi obtido através de estudos,

60
projetos, levantamentos que ocorreram ao entorno da região estudada no
Município de Uberlândia. Os dados obtidos foram incorporados na Tabela abaixo,
fonte (VASCONCELOS et al., 2014) da Reserva Ecológica Estadual do Panga
(Quadro 10). Segue abaixo a tabela com os dados secundários.
Quadro 10: Dados secundários da herpetofauna (anfíbios e répteis) no Município de
Uberlândia.

Ordem Família Espécie

Ischnocnema penaxavantinho (Giaretta, Toffoli & Oliveira,


Brachycephalidae
2007)
Bufonidae Rhinella granulosa (Spix, 1824)
Leptodactylus nattereri (Steindachner, 1863)
Physalaemus centralis (Bokermann, 1962)
Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826)
Physalaemus marmoratus (Reinhardt & Lütken, 1862 “1861”)
Leptodactylus andreae (Müller, 1923)
Anura Leptodactylidae
Leptodactylus furnarius (Sazima & Bokermann, 1978)
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799)
Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824)
Leptodactylus latrans (Steffen, 1815)
Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861)
Chiasmocleis albopunctata (Boettger, 1885)
Microhylidae
Elachistocleis bicolor (Guérin-Menéville, 1838)
Odontophrynidae Proceratophrys goyana (Miranda-Ribeiro, 1937)
Amphisbaenidae Amphisbaena alba (Linnaeus, 1758)
Boidae Boa constrictor (Linnaeus, 1758)
Diploglossidae Ophiodes striatus (Spix, 1825)
Dipsadidae Clelia clelia (Daudin, 1803)
Squamata Mabuyidae Notomabuya frenata (Cope, 1862)
Polychrotidae Polychrus acutirostris (Spix, 1825)
Tropiduridae Tropidurus torquatus (Wied, 1820)
Viperidae Bothrops moojeni (Hoge, 1966)
Viperidae Crotalus durissus (Linnaeus, 1758)
Fonte: VASCONCELOS et al., 2014.

61
Possíveis impactos na herpetofauna

A herpetofauna é uma ferramenta importante para a avalição do meio


ambiente, tendo várias espécies com indicadoras de qualidade ambiental, assim,
fornecendo informações para o manejo e conservação de ambientes, ainda, esse
grupo é considerado importante na cadeia trófica, controlando populações de
vertebrados e invertebrados terrestres, além de ser importante recurso de alimento
para diversas espécies da fauna (POUGH et al, 2008).

O desmatamento das áreas pelos empreendimentos pode acarretar alguns


impactos sobre a herpetofauna, principalmente para os anfíbios, que possui uma
área de vivencia mais curta que os répteis. O desmate pode impactar os animais que
vivem em áreas úmidas, áreas estas de extrema importância para sua reprodução,
além do fato, que com a supressão desta vegetação diminui-se os refúgio/abrigos e
alimentos. Os ruídos causados pelos maquinários da fazenda podem afugentar os
animais, podendo causar atropelamentos, além da possível geração e
armazenamento de resíduos potencialmente poluidores (entulhos, vazamento de
maquinários, etc).

Medidas Mitigadoras

Os impactos causados pelo homem podem influenciar uma desordem no


nicho ecológico das áreas naturais, por isso são importantes as medidas mitigadoras
para amenizar ou até eliminar os impactos sobre a fauna. Mesmo com as atividades
da granja e a monocultura de eucalípto já instalada na área de estudo as
comunidades e espécies nesse habitat podem ser afetadas, causando um efeito
negativo nos corpos nas áreas úmidas, como, brejos e corpos d´agua, afetando
diretamente ao grupo da herpetofauna.

O conhecimento sobre os efeitos das alterações ecológicas nas áreas de


estudo sobre as comunidades biológicas é importante para elaboração de
estratégias de conservação e manejo de que resultem mitigar os impactos
ambientais de modo a se evitar a extinção de espécies locais decorrente dos
processos das atividades exploradas, abaixo as medidas mitigadoras para a área de
estudo:

62
 Recuperar áreas degradadas, assim contribuindo com a herpetofauna para a
maior oferta de alimento, abrigos e área de reprodução;
 Cercar as Áreas de Preservação Permanente (APP), para evitar que
degradem olhos d´água e pequenos cursos hídricos que servem de
reprodução para diversas espécies de anfíbios;
 Realizar um trabalho de educação e conscientização ambiental com os
moradores e trabalhadores da área de estudo, para evitar atropelamentos e
a caça de animais do grupo da herpetofauna, como serpentes e anfíbios que
podem ser encontrados nas estradas especialmente na época chuvosa;
 Realizar o monitoramento da herpetofauna a longo prazo, para entender
melhor o nível de conservação ecológica das áreas de estudo e compilar
dados do grupo que é escasso de estudos no município de Uberlândia.

Discussão

No presente estudo foram encontradas 12 espécies da herpetofauna, mas foi


observado em campo que a área de estudo tem potencial para as espécies do
grupo (principalmente na Área 1, onde ocorre o maior fragmento de mata e lagoa,
onde foi encontrada a presença de girinos, que significa que na área existe
reprodução de anfíbios), como algumas lagoas e veredas como abrigo, esse baixo
índice de espécies/espécimes já era esperado devido a estação seca (pico de
reprodução dos anfíbios na estação chuvosa) e a baixa temperatura da região nesse
período.

No gráfico de curva de rarefação (Figura 13) foi encontrada em 67% do total


da herpetofauna esperada e o gráfico está longe de estabilizar, o que mostra a
necessidade de outras companhas. A área com maior riqueza de espécies
encontradas nessa campanha foi a Área 1 (H´ 0,89) devido ao fato da área
apresentar o maior fragmento de mata e uma grande lagoa, onde as espécies
podem se reproduzir e encontrar abrigo. A maior similaridade herpetofaunística
apresentada no estudo foi das Áreas 1 e 2 (45%) deve-se, ao maior número de
espécies generalistas encontradas nos pontos amostrais.

Nas armadilhas de queda (Pitfall´s) não foi capturada nenhuma espécie,


devido ao fato do monitoramento ocorrer na estação seca e clima frio, na próxima

63
campanha (estação chuvosa) as condições estarão mais propícias para a captura
nos Pitafll´s, sendo importante a continuidade dessa metodologia.

Para os anfíbios foram encontradas quatro espécies: Rhinella schneideri,


Hypsiboas albopunctatus, Scinax fuscovarius, espécies estas generalistas e, também,
as demais espécies registradas apresentam ampla distribuição geográfica e
populações estáveis, ocorrendo em mais de um bioma brasileiro ou até em países
vizinhos (IUCN, 2017). Foi encontrada a espécies Barycholos ternetzi endêmica do
Cerrado com ocorrência nos Estados de Goiás, Tocantins e Minas Gerais, vive em
matas de galeria de florestas e áreas abertas no Cerrado (Amphibiaweb, 2018).

Para a ordem Squamata foi encontrada oito espécies, Oxyrhopus trigeminus,


Hemidactylus mabouia, Notomabuya frenata, Polychrus acutirostris, Salvator
merianae, Ameiva ameiva, Tropidurus torquatus e Crotalus durissus espécies de
ocorrência comum no Cerrado e em vários Biomas Brasileiros (REPTILE.DB, 2018).

Considerações finais

Foi encontrado na área de estudo por meio de registro oportunistico


(seguranças da BRF e moradores informaram ter visualizado e fotografado) a espécie
da família Viperidae, a cascavel (Crotalus durissus) que é uma espécie importante
para o nicho ecológico da área de estudo, porém é uma espécie que representa
um certo risco para os fazendeiros, trabalhadores e moradores locais. Portanto é
necessária uma conscientização da população local quanto à importância da
preservação da espécie mesmo sendo considerado um animal peçonhento.

Como a amostragem da herpetofauna ocorreu na estação seca e grande


parte dos anfíbios se reproduz na estação chuvosa, onde não pôde ser contemplada
no presente estudo, sendo sugerido que seja prosseguido o Monitoramento da
Herpetofauna a longo prazo, para um maior entendimento e conservação das
espécies da herpetofauna local.

64
28.3. Mastofauna

Introdução

A Mata Atlântica, por sua localização predominantemente litorânea, foi alvo


de forte pressão antrópica desde o descobrimento do Brasil pelos europeus. A
extração madeireira, iniciada com o ciclo do pau-brasil e os grandes ciclos da cana-
de-açúcar, café, ouro e, mais recentemente, a expansão da pecuária e da
silvicultura com espécies exóticas, foram fragmentando a floresta nativa. Esses fatores
foram decisivos para gerar o padrão de distribuição das florestas encontrado
atualmente na Zona da Mata de Minas Gerais, em pequenos fragmentos
secundários. O desmatamento e a fragmentação das florestas produziram graves
consequências para a biota nativa, em função da drástica redução de habitats e
isolamento genético das populações. Entretanto, deve-se considerar que além da
óbvia consequência da redução de habitats, muitas espécies de mamíferos são
apreciadas como caça ou como animais de estimação e são permanentemente
perseguidas em seus hábitats naturais (MENDES, 2004).

O Cerrado possui uma elevada biodiversidade devido a sua grande área,


heterogeneidade ambiental, e proximidade com outros biomas tropicais (SILVA,
2006), sendo assim, a mais diversificada savana tropical do mundo (KLINK &
MACHADO, 2005). Uma grande variedade de tipos estruturais, que variam desde
formações florestais virtualmente fechadas a campos limpos com quase total
ausência de árvores e arbustos, pode ser encontrada neste bioma (RATTER et al.,
1997; CASTRO & KAUFFMAN, 1998). Esses diferentes tipos estruturais podem estar
arranjados em gradientes ou formar complexos mosaicos na paisagem (RIBEIRO &
WALTER, 1998; FURLEY, 1999).

A heterogeneidade ambiental exerce forte influência na distribuição dos


organismos, suas interações e suas adaptações. Logo, é de se esperar que os diversos
ambientes que compõem o mosaico de habitats do Cerrado tenham um efeito
importante sobre uma comunidade de mamíferos composta por espécies que
utilizam uma grande variedade de ambientes (MARINHO-FILHO et al., 2002).
Considerando os mamíferos descritos atualmente, 652 espécies ocorrem em território
brasileiro, o que representa aproximadamente 12% da mastofauna do mundo. Estes
números fazem com que o Brasil apresente a maior riqueza de mamíferos em toda a
Região Neotropical (REIS, et al., 2006). A fauna de mamíferos da região Neotropical

65
é considerada uma das mais ricas do mundo, motivo pelo qual, diversas eco regiões
da América do Sul são consideradas 'hotspots' (MITTERMEIER & MYERS, 1999). O Estado
de Minas Gerais abriga boa parte dos mamíferos brasileiros, estando presentes 243
espécies (46% do total registrado no Brasil) pertencentes a nove das 11 ordens
ocorrentes no país. Destas, 39 espécies estão ameaçadas de extinção (MACHADO
et al., 1998), provavelmente pelo avançado grau de destruição de seus ambientes
naturais.

Estudos ecológicos, especialmente no que diz respeito à composição,


estrutura e dinâmica de comunidades de mamíferos da região neotropical, são
escassos, partindo deste princípio, as listagens de fauna são componentes essenciais
ao licenciamento de atividades que causam uma infinidade de impactos sobre o
meio ambiente, muitas delas de peso importante e irreversível (SILVEIRA et al., 2010).
A perda de habitat e a fragmentação, relacionadas com o desenvolvimento
econômico, são as maiores ameaças aos mamíferos no Brasil (COSTA et al., 2005) e
provavelmente no mundo. De fato, CEBALLOS et al. (2005) constataram que 80% da
área do planeta necessária para garantir no mínimo 10% da distribuição geográfica
de todas as espécies de mamíferos já foram afetadas de alguma forma pela
agricultura.

A regeneração das áreas degradadas, assim sendo, depende da


potencialidade de reposição de indivíduos e da recomposição de espécies que, por
sua vez, depende da disponibilidade de sementes (PENHALBER & MANTOVANI, 1997).
Essa disponibilidade de sementes está envolvida com a frugivoria e a dispersão de
sementes, fatores esses fundamentais para auxiliar na regeneração de áreas, e que
são importantes na dinâmica de florestas, pois permite a conquista de vários hábitats,
especialmente em ambientes fragmentados (DEMINICIS et al., 2009).

Entre os animais que realizam dispersão, as aves e os mamíferos (alados e


terrestres) são os principais frugívoros responsáveis por atuar como dispersores e
contribuintes para recompor a vegetação, dando início a uma sucessão primária,
secundária e o início da cobertura florestal em áreas degradadas. São capazes de
migrar entre áreas fragmentadas e abertas, promovendo a deposição de sementes
ao longo de seu deslocamento entre as suas respectivas áreas de forrageamento,
promovendo assim a distribuição da vegetação na área e contribuindo para a
sobrevivência das plantas naquela região (GUEVARA, et al., 1986; SILVA, et al., 2003;
REIS, et al., 2007).
66
As espécies que desempenham estas funções de frugivoria e
consequentemente de dispersão de sementes são de vital importância, pois além de
terem papéis importantes na natureza, estão presentes em diversas relações tróficas,
como por exemplo os pequenos mamíferos e os morcegos. Que auxiliam desde a
regeneração de áreas degradadas como interesse para a saúde humana, pois
podem atuar como reservatórios de parasitas que causam doenças de origem
zoonótica no homem. Sendo assim, compreender a ecologia dos destes mamíferos
se torna fundamental em frente as atividades antrópicas, para se ter embasamento
de decisões de manejo e conservação desse grupo.

Os pequenos mamíferos compreendem duas ordens mais representativas que


são Rodentia (roedores) e Didelphimorphia (marsupiais) (REDFORD, 2009). A ordem
Didelphimorphia caracterizada por animais de pequeno a médio porte, com
presença de cauda preênsil, apresentam dieta onívora e algumas espécies possuem
marsúpio. Já a ordem Rodentia compreende os mamíferos mais abundantes do Brasil
com 234 espécies, distribuídas em 74 gêneros e 9 famílias (BONVICINO et al., 2008;
PAGLIA et al., 2012).

Ao nível ecológico, os Quirópteros respondem por interações fundamentais


para o funcionamento de seus ecossistemas, como a dispersão de propágulos (grãos
de pólen, sementes). Uma revisão feita por Sette (2012) mostrou que no Brasil,
morcegos são responsáveis pela dispersão de sementes de 90 espécies de plantas,
pertencentes a 34 gêneros. Os quirópteros representam aproximadamente 25% dos
mamíferos do mundo, sendo que no Brasil, há nove famílias representadas por 65
gêneros e 175 espécies, sendo muitas delas ainda pouco conhecidas quanto a sua
ecologia e biologia (REIS, et al., 2013).

Ao limitarmos nossa visão para as Américas Central e do Sul, uma família se


sobressai pela sua complexidade biológica e abundância: Phyllostomidae. Esta
família se destaca por ter espécies com potencial enorme para dispersar sementes,
por possuírem uma rápida passagem do alimento e a capacidade de percorrer
grandes distâncias, datando áreas de forrageamento, inclusive percorrendo áreas
abertas utilizando como uma área transitória. De fato, os métodos par atrair
morcegos frugívoros para áreas degradadas são consideradas como um mecanismo
efetivo para auxiliar na restauração (BIANCONI et al., 2007). Portanto, a conservação
destas espécies, mamíferos em geral, está dependente de estudos, pesquisas nessa
área que possam informar sobre a diversidade biológica e graus de preservação dos
67
ecossistemas, trabalhos que envolvem sua ecologia e sua importância econômica
são de grande valor para a conservação de espécies e da biodiversidade
neotropical, com resultados que possam mostrar quão grande pode ser a riqueza de
mamíferos em fitofisionomias do cerrado.

Desta forma, objetiva-se promover um estudo da comunidade de mamíferos


na área da Granja C, localizada no município de Uberlândia/MG, priorizando as
localidades que devem ser conservadas e para fins de Estudo de Impacto Ambiental,
dando destaque às espécies endêmicas, raras, exóticas, ameaçadas de extinção,
de interesse cinegético e as de importância econômica. O presente estudo da
mastofauna seguiu o programa de levantamentos rápidos (Rapid Assessment
Program – RAP), também utilizado para caracterização de uma área com base na
sua biodiversidade (PARKER & CARR, 1992).

Dentre os objetivos específicos tem-se:

a) constituir um levantamento da fauna da região, especificamente de espécies de


mamíferos;

b) contribuir com a produção de material científico e informativo sobre as espécies


de mamíferos encontradas na região;

c) inferir sobre os modelos de distribuição e uso da paisagem, baseado em


disponibilidade de recursos para a mastofauna.

Metodologia

A amostragem da primeira campanha (estação seca) do Monitoramento da


Mastofauna nas áreas do empreendimento Granja C, BRF S. A., foi realizada em um
período de quatro dias, de 04 a 08 de setembro de 2018.

Para o levantamento qualitativo de mamíferos de médio e grande porte,


quirópteros e pequeno porte, foram pré-delimitadas áreas para a realização das
metodologias da área Granja C (Figura 16), esta que está localizada no Triângulo
Mineiro e a mesma inserida no Bioma Cerrado, conforme dados do ZEE (Zoneamento
Ecológico Econômico) de Minas Gerais, segue descrição das áreas abaixo:

68
 Área 01: UTM (22K 773580/ 7902541); formada por fitofisionomia de cerrado
caracterizada por veredas e cerrado sentido strictu. Composta ainda com uma
pequena lagoa ao centro.
 Área 02: UTM (22K 773259/ 7905021); formada por monocultura de eucaliptos,
cerradão e vereda.
 Área 03: UTM (22K 772050/ 7906174); formada por monocultura de eucaliptos
e cerradão.
 Área 04: UTM (22K 771882/ 7903412); formada por monocultura de eucaliptos
e cerrado campo sujo.
Figura 16: Áreas de monitoramento da mastofauna distribuídas por toda a Granja C.

69
Fotos 24 e 25: Áreas de represamentos encontrados na área 1 na região da Granja C,
Uberlândia/MG.

Fotos 26 e 27: Área 2 formada por monocultura de eucalipto e cerrado.

Fotos 28 e 29: Área 3 com formações de cerrado e monocultura de eucaliptos.

70
Fotos 30 e 31: Área 4 com formações de cerrado e fitofisionomia de vereda mais ao fundo
da área.

Segue abaixo as metodologias descritas realizadas para o levantamento da


mastofauna médios e grandes, pequenos e quirópteros, respectivamente, da Granja
C, Uberlândia/MG.

Metodologia médios e grandes

Indícios

Foi realizada a busca ativa, censo diurno e noturno, afim de obter registros
diretos (visualização e vocalização) e registros indiretos, obtidos a partir de fezes,
rastros, arranhados, pegadas, tocas, pelos, carcaças, etc. Esta amostragem foi
realizada nas áreas, bem como no entorno delas. Este método é uma adaptação da
transecção linear (‘linear transect’), procedimento padrão estabelecido para
estudos de mamíferos de florestas tropicais (EMMONS, 1984). A identificação dos
vestígios foi feita baseada em bibliografia específica (BECKER & DALPONTE, 1990;
AZEVEDO & GEMESIO, 2012).

Registros Visuais

Foi realizado um censo noturno com o uso de um holofote manual (Silibim) ao


longo das estradas que permeiam a área, na tentativa de visualizar mamíferos de
hábitos noturnos. Juntamente, os espécimes avistados durante os deslocamentos na

71
área pela equipe e durante a busca ativa por indícios foram anotados e quando
possível os mesmos fotografados.
Fotos 32 e 33: Armadilhamento fotográfico e iscas utilizadas durante o monitoramento da
mastofauna da Granja C, Uberlândia.

Armadilhamento Fotográfico

De forma a registrar espécies de hábitos mais elusivos e discretos, tais como


carnívoros e espécies noturnas, quatro armadilhas fotográficas foram instaladas
próximas a locais estratégicos utilizados pelos animais como, fontes de água, trilhas,
tocas, árvores arranhadas e locais com disponibilidade de alimento evidente (árvores
frutificando). Cada armadilha fotográfica (Foto xs) permaneceu armada por 24
horas, durante quatro noites e quatro dias em cada área, ao longo do levantamento,
totalizando um esforço amostral de 384 horas de exposição. Como se objetivou
verificar a presença ou ausência das espécies, não envolvendo outras questões
ecológicas, as armadilhas foram iscadas com sardinha, mortadela, batata doce,
abacaxi, banana e sal grosso.

72
Abaixo no Quadro 11, a localização geográfica das armadilhas fotográficas
dispostas nas quatro áreas.

Quadro 11: Coordenadas Geográficas das armadilhas fotográficas nas áreas.


TRAP 01 TRAP 03

Nº Localização Geográfica UTM Nº Localização Geográfica UTM

1 22K 773832/ 7903136 1 22K 772397/ 7905890

TRAP 02 TRAP 04

Nº Localização Geográfica UTM Nº Localização Geográfica UTM

1 22K 773721/ 7905052 22K 771783/ 7904905

Metodologia Pequenos

A amostragem da 1ª campanha ocorreu em setembro de 2018, de 04 ao dia


08/09, e segundo o ClimaTempo a temperatura aproximada nesse mês foi mínima de
20° e com máxima de 31° totalizando quatro noites de amostragem por campanha.

Durante o monitoramento foi utilizado o método de contenção viva com


gaiolas (sherman / tomahawk), com atração por isca, instalada ao longo das áreas.
Essa técnica apresenta vantagens de baixa ocorrência de fugas; manipulação do
animal, e facilidade de translocação de animais (MANGINI & NICOLA, 2003). Os
animais foram capturados e soltos nos mesmos lugares de captura, com uma
distância de segurança das armadilhas. Foram utilizadas armadilhas do tipo sherman
(Fotos 34 e 35) e do tipo tomahawk (Fotos 36 e 37).

73
Foto 34 e 35: Armadilhas distribuídas em substratos diferentes em vegetação do sub-
bosque das áreas de influência da Granja C, Uberlândia, MG.

Fotos 36 e 37: Armadilha do tipo tomahawk e do tipo sherman, respectivamente utilizadas


durante o monitoramento das áreas de influência da Granja C, Uberlândia, MG.

Além destas armadilhas ainda foram reutilizadas as armadilhas de queda tipo


pit fall, da herpetofauna, como forma de complementar e aumentar a probabilidade
de registros de pequenos mamíferos (Fotos 38 e 39).

74
Fotos 38 e 39: Armadilhamento tipo queda de pit fall, utilizado durante o
monitoramento da mastofauna da Granja C, Uberlândia, MG.

As áreas amostrais presentes na região foram divididas em quatro e em cada


área amostral foram implementados transectos (trilhas já existentes), com 15 pontos
de captura ao total (totalizando 30 armadilhas), com equidistância média de 20m,
perfazendo cerca de 300 metros de trilha. Em cada ponto de captura, foram
colocadas duas armadilhas, uma sobre o solo e, quando possível, outra fixada na
vegetação do sub-bosque. Em cada transecto as armadilhas foram armadas
durante o dia e permaneceram no local por no mínimo, quatro noites consecutivas,
sendo vistorias todos os dias pela manhã e tendo sua sensibilidade de fechamento
testada e sua isca reposta ou trocada dependendo da ocasião. As iscas foram
preparadas com pedaços de sardinhas, farinha de milho, banana, entre outras e
verificadas nas primeiras horas de todas as manhãs com o intuito de evitar a morte
desnecessária dos animais capturados.

75
Quadro 12: Disposição das linhas de armadilhas durante as campanhas nas áreas de
amostragem da Granja C, Uberlândia, Minas Gerais.

Áreas Coordenadas UTM

Amostrais Transecto Linha

Área 1 22K 773621/ 7902756

Área 2 22K 773086/ 7904986

Área 3 22K 772389/ 7905834

Área 4 22K 771786/ 7904445

Metodologia Quirópteros

A amostragem da seca da quirópterofauna, ocorreu na mesma data, por


quatro dias, e as redes permaneceram abertas por quatro noites de amostragem,
sendo o esforço calculado através do tempo X área rede. Para a captura dos
morcegos foram utilizadas sete redes de neblina “mist nets”, de 12,0m de
comprimento com malha 20-30mm por 3m de altura (Fotos 40 e 41). Foram abertas
ao anoitecer e permaneceram abertas por seis horas a partir do pôr-do-sol e as redes
foram vistoriadas em intervalos de 15-30 minutos, evitando que os animais capturados
se machuquem ou danifiquem as redes e seguindo orientações da Portaria CFBio nº
148/2012. Os animais foram soltos nos mesmos locais da captura com uma distância
de segurança das redes de neblina (Foto 42).

76
Fotos 40 e 41: Espécimes capturados na rede de neblina e a montagem das mesmas
nas áreas de influência da Granja C, Uberlândia, MG.

Os morcegos foram classificados em guildas tróficas conforme proposta de


Kalko et al. (1996). As identificações foram feitas em campo utilizando caracteres
descritos na literatura (SIMMONS & VOSS, 1998; REIS, et al., 2007; DIAS & PERACCHI,
2008; REIS et al., 2013).

Foto 42: Soltura dos animais capturados nas áreas de amostragem da Granja C, Uberlândia,
MG.

77
Resultados

Durante a primeira campanha (estação seca) de monitoramento da Granja C, Uberlândia, foram registrados um total de
onze espécies de mamíferos não alados distribuídos em sete famílias e seis ordens, conforme a Tabela 5.

Tabela 5: Listagem de espécies de mamíferos encontrados durante a primeira campanha (estação seca) do Monitoramento da Granja C (Uberlândia, MG).
Legenda: Métodos de Registro: AF: Armadilhamento Fotográfico; F: Fezes; R: Rastro; V: Visualização; Vo.: Vocalização; AT: Atropelado; AR: Armadilhamento
pequenos; STATUS DE CONSERVAÇÃO: Am: Ameaçado; DD: Dados deficientes; VU: Vulnerável; Em: Em perigo; CR: Criticamente em Perigo; QA: Quase
ameaçada.

TÁXON NOME POPULAR MÉTODO DE STATUS DE CONSERVAÇÂO ÁREAS


REGISTRO BRASIL (2016) MINAS GERAIS (2010) IUCN ÁREA 01 ÁREA 02 ÁREA 03 ÁREA 04
(2014)
CARNIVORA
CANIDAE
Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Cachorro-do-mato V, R X
Lycalopex vetulus (Lund, 1842) Raposinha-do-campo V, R VU X X
Chrysocyon brachyurus (Iliger, 1815) Lobo-guará R VU VU QA X
PROCYONIDAE
Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798) Mão-pelada R X X X
PRIMATES
CALLITRICHIDAE
Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1812) Sagui-de-tufo-preto Vo X
PILOSA
MYRMECOPHAGIDAE
Mrrmecophaga tridactyla (Linnaeus, 1758) Tamanduá-bandeira R VU VU VU X
Tamandua trydactyla (Linnaeus, 1758) Tamanduá-mirim V X
ARTIODACTYLA
CERVIDAE
Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) Veado-catingueiro V X

78
CINGULATA
DASYPODIDAE
Dasypus novemcinctuss (Linnaeus, 1758) Tatu-Galinha V X
DIDELPHIMORPHIA
DIDELPHIDAE
Didelphis albiventris (Lund, 1840) Gambá-da-orelha-branca R X
Gracilinanus microtarsus (Wagner, 1842) Cuíca AM X

∑ ESPÉCIMES (RIQUEZA) 11
ÍNDICE DE SHANNOW H’ 0,778 0,301 0,0,301 0,602

79
Abaixo as fotografias de espécimes registradas nas áreas de influência direta
e indireta da Granja C, Uberlândia/MG.

Fotos 43 e 44: Pegada de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e mão-pelada (Procyon


cancrivorus) encontrados nas áreas de entorno a Granja C.

Fotos 45 e 46: Pegada de gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) e tamanduá-


bandeira (Myrmecophaga trydactyla) encontrados nas área de influência da Granja C.

80
Fotos 47 e 48: Registro oportunístico de tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla)
encontrado entre as monoculturas de eucaliptos presentes na região da Granja C.

Fotos 49 e 50: Visualização de veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e tatu-galinha


(Dasypus novemcinctus) encontrado na região da Granja C.

81
Fotos 51 e 52: Pequeno marsupial capturado na armadilha de queda (pit-fall) nas
áreas de influência da Granja C. Cuíca (Gracilinanus microtarsus).

82
Em relação a quirópterofauna foram registrados um total de duas espécies, distribuídas em duas subfamílias e uma família,
conforme Quadro 13 abaixo.

Quadro 13: Listagem de espécies de mamíferos alados encontrados durante a primeira campanha (estação seca) do Monitoramento da
Granja C (Uberlândia, MG). STATUS DE CONSERVAÇÃO: Am: Ameaçado; DD: Dados deficientes; VU: Vulnerável; Em: Em perigo; CR:
Criticamente em Perigo; QA: Quase ameaçada.
TAXON GUILDA TRÓFICA ÀREAS N %
01 02 03 04
PHYLLOSTOMIDAE
CAROLLINAE
Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Frugívoro X X 5 83,33
STENODERMATINAE
Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) Frugívoro X 1 16,66
TOTAL 100
∑Espécimes (Abundância) 6
∑Espécimes (Riqueza) 2
Índice de Diversidade (H’) 0,2442

83
Na primeira campanha de amostragem obtivemos um esforço amostral de
2.016 m².h, capturamos um total de seis indivíduos, distribuídos em duas espécies
pertencentes a uma família e duas subfamílias (Quadro 13). A família Phyllostomidae
foi a única representada em número de espécies e número de capturas (2 spp., 6
capturas, 100%).

A curva de acumulação de espécies de morcegos (Figura 17) não estabilizou,


sendo a riqueza esperada entre 2 e 3 espécies e a observada de 2, sugerindo que a
continuidade da amostragem irá acrescentar mais espécies para a área,
aumentando assim a riqueza. Essas análises indicam que o número de espécies de
morcegos registrados em nosso estudo representa 72,72% da riqueza de morcegos
estimada para a área. O índice de diversidade (H’) da área estudada resultou em
0,2442.

Abaixo os espécimes capturados nas áreas de influência direta e indireta,


durante a 1ª campanha do monitoramento da Granja C, Uberlândia, MG.

Fotos 53 e 54: Morcegos capturados nas redes de neblina.Carollia perspicillata e Platyrrhinus


lineatus

84
Figura 17: Riqueza observada e riqueza estimada pelo Jacknife de 1ª ordem dos quirópteros
capturados durante a primeira campanha do monitoramento da Granja C, Uberlandia/MG.
3

2,5
Espécies Morcegos (N)

1,5

0,5

0
1 2 3 4
Noites de amostragens

Riqueza observada Riqueza esperada

Medidas Mitigadoras

Os impactos causados pelo homem podem influenciar uma desordem no


nicho ecológico das áreas naturais, por isso é importante as medidas mitigadoras
para amenizar ou até eliminar os impactos sobre a fauna. Mesmo com a atividade já
instalada na área de estudo as comunidades e espécies nesse habitat podem ser
afetadas, causando um efeito negativo nos fragmentos onde as espécies procuram
alimento e abrigo. O conhecimento sobre os efeitos das alterações ecológicas nas
áreas de estudo sobre as comunidades biológicas é importante para elaboração de
estratégias de conservação e manejo que resultem mitigar os impactos ambientais
de modo a se evitar a extinção de espécies locais, decorrente dos processos das
atividades exploradas da fazenda, abaixo as medidas mitigadoras para a área de
estudo:

 Recuperar áreas degradadas de fragmento, assim contribuindo com a


mastofauna para a maior oferta de alimento e abrigos;
 Cercar as Áreas de Preservação Permanente (APP), evitando pessoas e o
gado na área tenha acesso aos olhos d´água e/ou pequenos cursos
d´água, evitando o pisoteamento dessas áreas;

85
 Realizar um trabalho de educação e conscientização ambiental com os
moradores e trabalhadores da área de estudo para evitar atropelamentos e
a caça da mastofauna;
 Realizar o monitoramento da mastofauna a longo prazo, para entender
melhor o nível de conservação ecológica das áreas de estudo e compilar
dados do grupo, contribuindo assim para estudos científicos e entendimento
da conservação da mastofauna do município de Uberlândia/MG.
O monitoramento da fauna é de suma importância para diagnosticar os
impactos decorrentes do empreendimento em sua área de influência direta. A partir
do monitoramento podemos obter informações dos impactos ambientais decorrente
nas áreas de influência, o que nos proporcionará ferramentas para tomada de
decisões mediante a conservação da mastofauna local, como, a possibilidade de
criar corredores ecológicos entre os fragmentos, proteção das áreas e reservas
naturais e também palestras com trabalhadores e moradores locais para esclarecer
a importância da conservação dessas espécies.

Discussão

Os mamíferos representam um importante grupo de estudo, estima-se que a


fauna de mamíferos neotropicais ocorrente no território brasileiro ultrapasse 650
espécies (REIS et al, 2011), das quais 110 estão oficialmente ameaçadas (IUCN, 2014).
Esse grupo desempenha um papel importante na manutenção do equilíbrio
dinâmico dos ecossistemas (FELDHAMER et al., 1999) e da diversidade das florestas,
pois os herbívoros e frugívoros são dispersores e predadores da diversidade vegetal
(ALHO, 2005 & PENTER et al., 2008) e os carnívoros são importantes reguladores da
população de herbívoros (TALAMONI et al., 2000). Algumas espécies são sensíveis a
ambientes degradados e são considerados ótimos indicadores do estado de
conservação uma vez que estão intimamente relacionados ao ambiente em que
vivem, tendo suas funções vitais estritamente ligadas a flora, no qual sofrem com a
fragmentação e com os impactos ocasionados a comunidade vegetal,
proporcionando assim uma diminuição ou aumento nas populações de
determinadas espécies. (PENTER et al., 1998).

Dentre os animais encontrados neste estudo, destacam-se da Ordem


Carnivora, a família Canidae com uma maior representatividade, o cachorro-do-
mato (Cerdocyon thous), a raposa-do-campo (Lycalopex vetulus) e o lobo-guará
86
(Chrysocyon bracyurus). O cachorro-do-mato caracteriza-se por ser uma espécie
generalista em áreas antropizadas, que se adapta bem, tanto em termos de habitat
como em termos de dieta (FACURE et al., 2003), apresentando ampla distribuição
geográfica, sendo aparente tolerante a perturbações antrópicas, porém não a
urbanização, utilizando-se de habitats modificados como canaviais, áreas em
regeneração, pastagens e paisagens suburbanas (COURTENAY & MAFFEI, 2004). A
Raposa-do-campo um canídeo de pequeno porte que se alimenta principalmente
de cupins, apesar de considerada vulnerável a nível mundial, é considerada uma
espécie endêmica de áreas abertas de cerrado do Brasil, pouco se tem de
informação disponível na literatura a seu respeito, apesar de ser uma espécie
generalista no cerrado e de fácil observação (AZEVEDO & GEMESIO, 2012).

O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) que se encontra na listagem de


animais ameaçados de extinção, este considerado o maior canídeo da América do
Sul, está vulnerável a extinção no estado de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2010). A
Raposa-do-campo um canídeo de pequeno porte que se alimenta principalmente
de cupins, apesar de considerada vulnerável a nível mundial, é considerada uma
espécie endêmica de áreas abertas de cerrado do Brasil, pouco se tem de
informação disponível na literatura a seu respeito, apesar de ser uma espécie
generalista no cerrado e de fácil observação (AZEVEDO & GEMESIO, 2012).

Foi registrado em áreas alagadas, ainda entre os carnívoros, o mão-pelada


(Procyon cancrivorus), uma espécie frequentemente encontrada, inclusive em áreas
degradadas, apesar de relativa tolerância a perturbações antrópicas, é dependente
de fontes de água, onde utiliza a fauna característica para se alimentar e a presença
desta espécie indica a necessidade de se preservar e manter as matas ciliares e
galerias presentes na área de influência do empreendimento. (MICHALSKI & PERES,
2005).

Na superodem Xenarthra, registramos duas espécies o tamanduá-bandeira


(Myrmecophaga trydactyla), considerado vulnerável a nível regional, nacional e
global (IUCN, 2014) e o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) considerado
como pouco preocupante pelas listas de fauna ameaçadas, espécies que são
relativamente tolerantes à presença humana, mas que são sensíveis aos efeitos como
fragmentação dos hábitats, desmatamento e principalmente atropelamentos.

87
Com relação aos primatas, uma espécie foi registrada, sagui-do-tufo-preto
(Callithrix penicilatta), uma espécie generalista que se adapta bem em ambientes
antropizados. Entretanto o número de primatas registrados pode ser considerado
como pouco expressivo, pois a falta de espécies como o bugio (Alouatta caraya) e
o sauá (Callicebus nigrifrons), dentre outras, por exemplo, pode significar a ausência
de ambientes representativos de mata contínua, o que vem a diminuir a riqueza de
primatas na região amostrada.

No presente estudo também foi encontrado representante da Ordem


Artiodactyla, o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), trata-se de uma espécie
com uma extrema plasticidade ecológica, adaptando-se em ambientes
modificados. Apesar destas espécies, possuírem certa tolerância à presença
humana, elas são sensíveis aos efeitos da ruralização, tais como o desmatamento, a
fragmentação de habitats, a caça e principalmente aos atropelamentos.

A presença de Didelphis na área pode ser um indício de um certo grau de


perturbação da área, segundo dados de Fonseca & Robinson (1990) mostram que
espécies do gênero Didelphis são generalistas de habitat e dieta e se adaptam muito
bem a áreas onde a fauna de carnívoros esteja diminuída.

Dentre a ordem Cingulata, foi registrado uma espécie da família Dasypodidae,


o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), uma espécie relativamente tolerante a
ambientes antropizados e a modificações ambientais, se adapta bem apesar de ter
ameaças as suas populações como desmatamento, queimadas e atropelamentos,
ainda assim o registro desta é significativo uma vez que é uma espécie cinegética,
trata-se de espécies que em outrora abundantes, eram consideradas de caça, mas
que hoje, devido ao avanço tecnológico e a consequente alteração do meio
ambiente natural, estão fadadas a diminuição das suas populações.

Em relação a mastofauna não alada da região da Granja C, foi registrado um


total de 11 espécies distribuídas em sete famílias e seis ordens, onde conseguimos
observar e comparar a diversidade separada de cada área amostrada. Onde o
índice de shannow da área 1 é: 0,7782; área 2: 0,301; área 3: 0,6021 e área 3: 0,301.
Evidenciando uma diversidade maior encontrada nas áreas 1 e 3, possivelmente
devido a presença de barramento e áreas verdes grandes próximos as áreas. A curva
do coletor de mamíferos não alados encontrados na região da Granja C (Figura 18)

88
não alcançou a assíntota indicando assim que a continuidade das amostragens irá
aumentar a riqueza encontrada para as áreas.

Figura 18: Riqueza observada e riqueza estimada pelo Jacknife de 1ª ordem dos mamíferos
não alados registrados durante a primeira campanha do monitoramento da Granja C,
Uberlândia/MG.
20
Espécies mamíferos não alados (N)

18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
1 2 3 4
Noites de amostragem

Riqueza observada Riqueza esperada

A composição de espécies de morcegos em uma determinada área está


relacionada, principalmente, com a disponibilidade de abrigo, alimento e a estrutura
da vegetação (KUNZ & FENTON, 2003). Desta forma os quirópteros podem ser
utilizados como “ferramentas” na identificação dos processos biológicos envolvidos
na perda ou transformação do hábitat natural. Sendo considerado esse grupo
taxonômico um bom indicador de qualidade ambiental por apresentar alta
diversidade de espécies e de nichos ecológicos, refletindo assim, variações
ambientais entre a borda e o interior de um fragmento florestal (FENTON, et al., 1992;
MEDELLIN, et al., 2000; HENRY, et al., 2007).

Dentre as espécies capturadas no projeto, obtivemos uma riqueza total de 2


espécies, distribuídas em uma família e duas subfamílias, as espécies do gênero
Platyrrhinus, e Carollia são comuns em levantamentos no cerrado, sendo observado
sempre entre as espécies que apresentam maior número de capturas. São espécies
majoritariamente frugívoras, com dieta flexível com preferência no consumo de frutos
de espécies pioneiras e Carollia por frutos do gênero Piper (BERNARDI & PASSOS, 2012;
LIMA et al., 2016). Essas características podem fazer dessas espécies boas
competidoras se comparadas as espécies frugívoras mais especialistas, o que lhes

89
permitem manter grandes populações, ocupando uma maior amplitude de hábitats
(SCHULZE et al., 2000).

A dominância da presente área de estudo por espécies frugívoras pode estar


relacionada à dois fatores não excludentes mutuamente: (1) maior tolerância à
modificação da paisagem natural, permitindo maiores densidades populacionais em
áreas antropizadas (SCHULZE, et al., 2000; FARNEDA, et al., 2015); (2) maior facilidade
de captura a partir do método empregado (SAMPAIO, et al., 2003). Aparentemente,
grande parte das espécies de morcegos frugívoros são capazes de se adaptar às
mudanças ambientais, como a fragmentação de hábitats (FARNEDA et al., 2015), e
essa maior tolerância possa estar relacionada à capacidade de modificar sua dieta
a partir da restrição ou da oferta de recursos na paisagem (YORK & BILLINGS, 2009).

É importante ressaltar também que a maioria das espécies capturadas


durante o monitoramento usam o espelho d’água como local de forrageamento
(COSTA, et al., 2012), e consequentemente a preservação da vegetação marginal a
córregos, lagoas e veredas pode garantir a condição favorável à permanência
dessas espécies.

Em relação ao levantamento de pequenos mamíferos apenas uma espécie


foi capturada através da metodologia de queda (Pitfall), durante o levantamento,
Gracilinanus microtarsus, uma cuíca, listada como pouco preocupante pela IUCN em
razão da sua tolerância à modificação de habitats, o que faz presumir uma grande
população: como forrageia com sucesso no chão, é menos afetada pela
fragmentação de habitats florestais que as demais espécies animais puramente
arbóreas. Uma espécie endêmica do Cerrado e da Mata Atlântica, tendo como
habitat florestas úmidas e cauducifólias espalhadas pelo Cerrado.

Considerações Finais

O número de espécies registrados nas áreas da Granja C é considerável para


uma região impactada em termos de supressão de áreas naturais e desmatamento,
apesar de que em uma única campanha não é possível alcançar uma
representatividade esperada da área. Mas podemos afirmar que, apesar das
influências antrópicas, ainda é possível registrar uma riqueza de espécies

90
considerável nas áreas, como por exemplos espécies sensíveis a ambientes
antropizados e que se desenvolvem e sobrevivem nesta biota favorável.

Portanto, observa-se que apesar do processo de antropização ocorrido nas


áreas amostrais, estas espécies ainda mantêm populações viáveis resistindo à
fragmentação de hábitats, contudo sem que se possa afirmar a perenidade das
mesmas. Por conseguinte, recomenda-se a implantação de programas de
monitoramento a longo prazo das mesmas, principalmente para espécimes como o
Lobo-guará e Tamanduá-bandeira; visto que são espécies vulneráveis, ameaçadas;
nota-se também que nestas áreas impactadas algumas espécies se favorecem, e
outras mais sensíveis ou mais especialistas tendem a desaparecer quando
empreendimentos de grande escala são instalados e medidas compensatórias não
são empregadas.

Para minimizar os impactos já existentes, recomenda-se a implementação de


um plano de manejo para os mamíferos de maior porte e o monitoramento das
espécies com ferramentas apresentadas neste trabalho, de forma a aumentar a
probabilidade de registro das espécies de diferentes hábitos e grupos. No entanto, a
medida que o monitoramento for se aprimorando e novas espécies forem listadas,
medidas conservacionistas devem ser implantadas para amenizar os impactos de
empreendimentos já instalados na região. A intensificação de pesquisas da fauna
existente se faz necessária para o conhecimento, proteção e conservação das
espécies.

O monitoramento da fauna é de suma importância para diagnosticar os


impactos decorrentes do empreendimento em sua área de influência direta. A partir
do monitoramento podemos obter informações dos impactos ambientais decorrente
nas áreas de influência, o que nos proporcionará ferramentas para tomada de
decisões mediante a conservação da mastofauna local, como, a possibilidade de
criar corredores ecológicos entre os fragmentos, proteção das áreas e reservas
naturais e também palestras com trabalhadores e moradores locais para esclarecer
a importância da conservação dessas espécies.

91
28.4. Ictiofauna

Introdução

O município de Uberlândia localiza-se na porção sudoeste do estado de Minas


Gerais, e uma das principais bacias hidrográficas que compõem o município ao norte
é a do rio Araguari, sendo seus principais afluentes: o ribeirão Bom Jardim, o rio
Uberabinha e o rio das Pedras (BERNARDES, 2007).

O rio das Pedras situa-se nas porções noroeste do município de Uberlândia e


sudeste de Tupaciguara, na Mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, e é um
dos principais tributários do rio Uberabinha. Um estudo realizado por Sampaio et al.
(2012) encontrou uma riqueza de 36 espécies na ictiofauna do rio Uberabinha.

Especialmente a partir dos anos 1970, o rio das Pedras vem sofrendo com a
intensa transformação decorrente das atividades antrópicas, principalmente com as
propriedades ligadas à produção de carne, leite, feno e sementes de capim, e com
áreas destinadas para silvicultura (FERREIRA et al., 2013), entre outras.

Apesar de se localizar próximo ao centro urbano de Uberlândia, existem


poucos estudos a respeito do rio das Pedras que demonstrem sua caracterização ou
mesmo os impactos antrópicos (FERREIRA et al., 2013). Sendo assim, o conhecimento
das espécies de peixes existentes em uma região hidrográfica é a condição mínima
necessária para a implementação de qualquer medida de manejo dos recursos
hídricos (REZENDE NETO et al., 2003). Visto que, os ecossistemas aquáticos vêm
sofrendo alterações associadas à atividade humana decorrente do processo de
desenvolvimento industrial, urbano e agrícola nas últimas décadas (POLETO et al.,
2010; PIVARI et al., 2011; STERZ et al., 2011).

Neste contexto, objetivou-se promover um levantamento da ictiofauna na


área de influência da BRF, localizada em Uberlândia - MG, fornecendo informações
que poderão subsidiar futuros planos de manejo e conservação das espécies. Dentre
os objetivos específicos:

 Registro de ocorrência e lista de espécies de peixes;


 Caracterizar a abundância, a riqueza e a diversidade de espécies
encontradas na área de influência do empreendimento;
 Contribuir com a produção de material científico e informativo sobre as
espécies de peixes do rio das Pedras;

92
 Determinar os possíveis impactos causados na ictiofauna.

Materiais e Métodos

Área de Amostragem

O levantamento da ictiofauna foi realizado no mês de setembro de 2018 na


estação seca, na área de influência da BRF em Uberlândia - MG, no alto curso do rio
das Pedras.

A nascente do rio das Pedras encontra-se em zona de expansão urbana do


município de Uberlândia, é um rio de 5ª ordem de magnitude, com área de total de
422.02 km².

Para a área de influência da BRF foram definidos três pontos de amostragem


(Quadro 14).

Quadro 14: Pontos de amostragem na BRF em Uberlândia-MG.


Ponto 1 - Rio das Pedras
Coordenadas: 22 K UTM
774508.00 m E 7903809.00 m S

Ponto 2 - Córrego tributário Rio das Pedras Ponto 3 – Lagoa de um tributário Rio das Pedras
Coordenadas: 22 K UTM Coordenadas: 22 K UTM
771876.00 m E 7905856.00 m S 773536.00 m E 7902458.00 m S

93
Processamento do Material Coletado

Na amostragem quantitativa da ictiofauna foi utilizado um grupo de redes de


emalhar composto de 7 redes, com tamanhos de malha de 3 cm (15 mm), 4 cm (20
mm), 5 cm (25 mm), 6 cm (30 mm), 7 cm (35 mm), 8 cm (40 mm) e 10 cm (50 mm) de
distância entre nós opostos (distância entre nós adjacentes), com comprimento de
10 metros e 1,5-2,0 metros de altura. As redes foram armadas ao entardecer,
perpendicularmente a margem, e retiradas na manhã seguinte, permanecendo
expostas por cerca de 12 a 14 horas. Alguns trechos foram amostrados em cada
ponto, dependendo da profundidade e do fluxo de água (adaptado VONO, 2005)
(Fotos 55 e 56).

94
Fotos 55 e 56: Amostragem Quantitativa: armação da rede de emalhar na área de
influência do empreendimento.

Para as capturas qualitativas foram realizadas coletas com outros apetrechos


de pesca, conforme o tipo de ambiente: puçá, peneira, covo e/ou rede de arrasto
(Foto 57).

Foto 57: Amostragem qualitativa com a utilização do covo na área de influência do


empreendimento.

95
Os peixes coletados foram identificados, separados por tamanho de malha
das redes, medidos (comprimento padrão em centímetros), pesados (peso corporal
em gramas) e fotografados (Foto 58).

Foto 58: Local da biometria dos peixes coletados na área de influência do empreendimento.

Após biometria, os indivíduos que estavam em condições de sobrevivência


foram devolvidos à água no mesmo local de captura. Na identificação dos peixes
foram utilizados guias de campo, livros e artigos de identificação da bacia do Alto
Paraná (SIMÕES et al., 2013; SANTOS, 2010; GRAÇA & PAVANELLI, 2007; LANGEANI et
al., 2007; entre outros).

Os peixes destinados a coleção foram fixados em formol 10% e posteriormente


conservados em álcool 70%.

Atributos Ecológicos

O cálculo da abundância relativa de cada espécie foi calculado por meio


dos dados das capturas com redes de emalhar, com a equação da Captura por
Unidade de Esforço (CPUE) em número e peso. A captura em número foi calculada
dividindo-se o número de indivíduos capturados pela área da rede (m²) e pelo tempo
total (horas) de imersão da mesma. A captura em biomassa também foi calculada,
dividindo-se o peso em gramas (g) capturado pela área da rede (m²) por hora.

A riqueza de espécies foi estimada segundo Odum (1985): D = (S-1)/logN, onde


S = número de espécies e N = número de indivíduos.

96
A diversidade de espécies foi obtida através das capturas com redes de
emalhar (CPUE). Utilizou-se o índice de diversidade de Shannon (MAGURRAN, 1988),
descrito pela equação:

H' = -  (pi) . (logn pi)

i=1

Onde: S = número total de espécies na amostra; i = espécie 1, 2, 3 ... i na amostra; pi


= proporção do número de indivíduos da espécie i na amostra.

A equitabilidade foi estimada para cada período de captura, através da


equação de Pielou (1975): E = H’/logS. Onde: H’ = Índice de Diversidade de Shannon;
S = número de espécies.

As composições das comunidades dos diferentes pontos de coletas foram


comparadas através do Índice de Similaridade de Jaccard (MAGURRAN, 1988)
utilizando a fórmula: IS = 100a/(a+b+c), onde a = número de espécies em comum
entre duas áreas; b+c = número de espécies exclusivas de cada área.

Para avaliação de alguns desses parâmetros ecológicos foram utilizados os


programas: Excel e Past, gerando tabelas e gráficos a fim de subsidiar a discussão.

Resultados

O levantamento da ictiofauna durante a primeira campanha, realizada em


setembro na estação seca, totalizou a captura de 19 indivíduos de 5 espécies de
peixes, pertencentes às ordens Characiformes, Labriformes e Siluriformes (Tabela 6 e
Anexo I).

97
Tabela 6: Listagem de espécies de peixes registradas, através da captura quantitativa,
durante a campanha do Levantamento de Ictiofauna na área de influência da BRF em
Uberlândia - MG.

ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR

Characiformes Characidae Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) traíra

Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) cará


Labriformes Cichlidae
Coptodon rendalli (Boulenger, 1897) tilapia

Heptapteridae Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) bagre


Siluriformes
Loricariidae Hypostomus sp. cascudo

O grupo dos Siluriformes foi o mais representativo com duas espécies,


pertencentes a duas famílias: Heptapteridae (n=1 indivíduo) e Loricariidae (n=5
indivíduos).

Dentre as espécies, não foram capturadas espécies endêmicas e/ou


ameaçadas, e a tilápia (C. rendalli) é exótica de origem africana.

As espécies numericamente mais abundantes, segundo o cálculo da CPUEn,


foram H. malabaricus com 52,6% (n=10) e Hypostomus sp. com 26,3% (n=5) (Figura 19).

Figura 19: Abundância Relativa da CPUEn das espécies de peixes coletadas durante a
campanha do Levantamento de Ictiofauna na área de influência da BRF em Uberlândia -
MG.

E a CPUEb demonstrou que a principal espécie, em biomassa, foi H.


malabaricus com 91,8%, seguida de Hypostomus sp. com 3,8% (Figura 20).
98
Figura 20: Abundância Relativa da CPUEp das espécies de peixes coletadas durante a
campanha do Levantamento de Ictiofauna na área de influência da BRF em Uberlândia -
MG.

Dos 19 indivíduos capturados, a maioria (58%) possuem pequeno porte,


inserindo-se na primeira classe de tamanho até 20,8cm; e 8 (42%) possuem médio
porte, variando entre 20,9cm a 39,5cm. A maior espécie capturada na estação seca
foi H. malabaricus com comprimento padrão de 28,5cm e biomassa corporal de
480g.
O valor da riqueza de Odum, para todas as espécies capturadas na área de
influência do empreendimento foi igual a 3,13. Os pontos de amostragem obtiveram
valores baixos de diversidade e valores médios de equitabilidade durante a estação
seca (Figura 21).
Figura 21: Diversidade e Equitabilidade das espécies de peixes coletadas durante a
campanha do Levantamento de Ictiofauna na área de influência da BRF em Uberlândia -
MG.

99
A análise do dendograma de similaridade será realizada no próximo estudo,
durante a estação chuvosa, devido a insuficiência de dados nesta estação.

É importante ressaltar que os resultados das análises ecológicas foram obtidos


através das capturas quantitativas com redes de emalhar, com o método qualitativo
utilizando o covo e o puçá não ocorreram capturas nos pontos de amostragem.

Discussão

O levantamento de ictiofauna na área de influência da BRF em Uberlândia-


MG, durante a estação seca (set./18), totalizou a captura de 19 indivíduos
pertencentes a quatro espécies nativas e uma exótica. Não foram capturadas
espécies endêmicas e/ou ameaçadas.

A maioria dos indivíduos capturados possuem pequeno porte (58%), com


destaque para a abundância dos cascudos (Hypostomus sp.) no ponto 1. E a traíra
(H. malabaricus) foi a espécie de médio porte capturada no ponto 3, influenciando
nos resultados da CPUEn e CPUEb, e que possui algum interesse para a pesca
amadora. De acordo com Agostinho et al. (2007), na ictiofauna da região do alto rio
Paraná ocorre a predominância de indivíduos de pequeno a médio porte.

A tilapia (C. rendalli) foi a espécie exótica capturada no ponto 3. A introdução


de espécies exóticas em comunidades naturais é uma grande ameaça à
biodiversidade, uma vez que causa perda de biodiversidade devido à competição
e introgressão de espécies nativas com os peixes de criação (SOUZA et al., 2009).

A diversidade levantada na área de influência do empreendimento foi baixa,


estudos complementares serão realizados na estação chuvosa. O rio Paranaíba é uns
dos principais afluentes da Bacia do Alto Paraná e possui a segunda maior
diversidade de peixes no Estado de Minas Gerais, aproximadamente 103 espécies
são conhecidas (DRUMMOND et al., 2005). Mesmo com essa diversidade, existem
afluentes para os quais há pouquíssimos inventários sistemáticos, como é o caso do
rio Uberabinha e um dos seus tributários o rio das Pedras.

Para Sampaio et al. (2012), que realizaram um estudo no rio Uberabinha e


capturaram 36 espécies de peixes, a ictiofauna desse rio representa parte da
diversidade das bacias hidrográficas do Alto Paraná e Paranaíba e está ameaçada
pela forte pressão antrópica, como a contaminação da água por efluentes industriais
100
e domésticos da cidade de Uberlândia e a perda de habitat devido à degradação
da mata ciliar, sedimentação e construção de barragens. E segundo esses autores,
os levantamentos são extremamente importantes para a conservação de ambientes
aquáticos.

Sendo assim, visto os impactos antrópicos já existentes na bacia e visando uma


maior conservação das espécies do rio Uberabinha bem como dos seus tributários,
como rio das Pedras, medidas mitigatórias devem ser seguidas, tais como:

 Conservação da vegetação ripária;

 Reflorestamento para recuperação de áreas degradadas;

 Destino correto de efluentes rurais e industriais;

 Uso adequado do solo e da água;

 Realização de diagnósticos de ictiofauna com maiores frequências, visto a


importância destes tributários para evitar a perda de diversidade de espécies.

ANEXO I - Fotos de algumas espécies capturadas durante o Levantamento de


Ictiofauna na área de influência da BRF em Uberlândia - MG.

Hypostomus sp. Rhamdia quelen


“cascudo” “bagre”

101
Hoplias malabaricus Coptodon rendalli
“traira” “tilapia”

28.5. Ornitofauna

Introdução

De acordo com mapa publicado pelo IBGE (1998), estima-se que a vegetação
do cerrado (incluindo campos rupestres e florestas ribeirinhas associadas) ocupe 72%
do bioma Cerrado. O restante do bioma é coberto por mosaicos, compostos por
cerrado e florestas mesofíticas (24%) ou somente por florestas mesofíticas (4%) (SILVA;
SANTOS, 2005). Toda esta variação fitofisionômica da vegetação torna o Cerrado
mais heterogêneo, e esta característica é fundamental para garantir a diversidade
da avifauna residente e visitante deste bioma.

As atividades antrópicas nas últimas décadas estão mudando de forma


irreversível a diversidade biológica (PIRES et al., 2006). As projeções indicam
continuidade e até mesmo intensificação dessas ações. O Brasil é um dos países que
tenta cumprir a Resolução 55/2 “Declaração do Milênio das Nações Unidas”: reduzir
significativamente atuais taxas de perda da biodiversidade, já que abriga mais de
15% da biodiversidade mundial (DIAS, 2006).

O bioma Cerrado identificado como um “hotspot”, conceito apoiado pelos


critérios de endemismo e ameaças, reforça a importância de estudos da
biodiversidade encontrada no Cerrado (CURCINO, 2011). Por esta razão ampliar
áreas inventariadas e monitorar a avifauna em locais com alteração de origem
antrópica é fundamental para compreender a dinâmica das comunidades de aves
e suas flutuações populacionais. A redução e fragmentação da diversidade de

102
habitats e ecossistemas existentes no Cerrado interfere e promove redução da
biodiversidade (KLINK; MACHADO, 2005).

O Brasil possui uma das mais ricas avifauna do mundo, com estimativa recente
de 1.822 espécies (COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS, 2011). Isto
equivale à aproximadamente 60% das espécies de aves registradas em toda
América do Sul. Mais de 10% dessas espécies são endêmicas do Brasil, fazendo deste
país um dos mais importantes para investimentos em conservação (SICK, 1997).
Cerca de 11% (193 táxons) dessas estão ameaçadas.

Considerando a riqueza de aves, o Cerrado é o terceiro bioma mais rico, com


aproximadamente 837 espécies registradas (ANDRADE, 1997; KLINK; MACHADO,
2005). Destas, 36 são endêmicas do bioma e 48 estão em algum nível de ameaça,
sendo o bioma o segundo colocado em número de espécies ameaçadas e espécies
endêmicas ameaçadas (SILVA; BATES, 2002; MARINI; GARCIA, 2005). Tais números
fazem do cerrado uma área em destaque, demonstrando a necessidade urgente de
políticas nacionais de conservação e do aumento do interesse público pelas aves.

O conhecimento da riqueza e abundância da avifauna em escala local é


necessário para o entendimento dos padrões de riqueza e abundância existentes no
Cerrado. Em razão de sua rica constituição, com vários mosaicos de vegetação, com
características intrínsecas particulares (KLINK; MACHADO, 2005), o estudo dos
diferentes habitats do Cerrado é fundamental para determinar a distribuição da
avifauna local (BIBBY et al., 2000; SILVA; BATES, 2002; TUBELIS, 2009; LOPES, 2009).

O estudo da Ornitofauna presente na Granja C objetivou avaliar a


composição de aves, levantar qualitativa e quantitativamente a avifauna em
diferentes formações florestais, além de indicação de áreas de maior e menor riqueza
e diversidade de espécies e listagem de espécies ameaçadas, endêmicas, raras e
que sofrem pressão de caça e/ou tráfico.

Material e Métodos

Área de Estudo

A área de estudo situa-se nas margens da rodovia BR 365, no município de


Uberlândia, MG. Esta região encontra-se em área de domínio do Cerrado,
predominando remanescentes de Vereda, Cerrado stricto sensu e mata, entre outras
103
fitofisionomias. O clima da região apresenta duas estações bem definidas, uma
quente e chuvosa (outubro a março) e outra fria e seca (abril a setembro). A
temperatura mensal varia entre 19 e 30° C e precipitação anual é de
aproximadamente 1550 mm (GIARETTA; KOKUBUM, 2004).

Coleta de Dados

A 1ª campanha de levantamento de aves foi realizada na estação seca entre


os dias 7 e 9 de setembro de 2018 no período da manhã (06:30 às 11:30 h.) e no
período da tarde (16:30 às 20:30). As coletas foram realizadas em áreas de vereda,
Cerrado e mata (Tabela 7).

Tabela 7: Áreas amostradas na GRANJA C – BRF S.A. e as coordenadas geográficas. As


coletas foram realizadas na estação seca, entre os dias 7 e 9 de setembro de 2018.
Fisionomia Código de coleta Coordenadas (UTM)

Vereda VE -18.928361°, -48.405422°

Cerradão CD -18.951921°, -48.401314°

Mata MA -18.961506°, -48.400410°

A coleta de dados foi realizada utilizando-se de dois métodos


complementares: amostragem por observação direta - buscas por meio de
transectos não lineares, em trilhas pré-existentes no interior do fragmento e nas áreas
do entorno e pontos de amostragem para quantificação da frequência de aves no
local, totalizando 45 horas de observação.

Foi considerada neste estudo a frequência de contatos como parâmetro de


abundância relativa e cada ave avistada por sessão foi considerada como sendo
um contato.

A identificação foi realizada com auxílio de binóculos (7x50 e 7x35 mm) e de


máquinas fotográficas com zoom óptico de 15x, 4x e 3x. A nomenclatura e ordem
taxonômica adotada seguem Sigrist (2009).

104
Resultados

Foram encontradas 29 espécies durante o levantamento, pertencentes a 11


ordens e a 18 famílias. Sendo que a ordem Passeriformes foi a que apresentou maior
número de representantes (48,2%). A Ordem Passeriformes é a que possui maior
número de espécies dentre as aves, sendo esperado que fosse a mais representativa
(SICK, 1997) – em números de espécie – na área.

Nenhuma das espécies encontradas durante o levantamento encontra-se na


lista de animais ameaçados de extinção.

Na Tabela abaixo tem-se o valor encontrado para o Índice de Shannon-Wiener


(H') e Equitabilidade (J').

Tabela 8: Índice de Shannon-Wiener (H'), Equitabilidade (J’).

Shannon-Wiener (H') Equitabilidade (J’)

2,129906 0,562963

No Quadro a seguir pode ser verificada a lista de espécies encontradas na


Granja C durante o levantamento em campo.

Quadro 15: Lista de espécies encontradas na Granja C, com hábito alimentar e


ambiente em que foram visualizadas.
Táxon Dieta Ambiente
Accipitriformes
Accipitridae
Geranoaetus CAR CE
albicaudatus
Coraciiformes
Alcedinidae
Chloroceryle amazona CAR MT
Falconiformes
Falconidae
Caracara plancus CAR CE, MT
Cathartiformes
Cathartidae
Coragypes atratus DET CE, MT, VE
Cuculiformes
Cuculidae
Guira-guira CAR CE
Piciformes
Ramphastidae
Ramphastos toco ONI CE, VE
Columbiformes
Columbidae
Columba livia GRA CE
105
Columbina talpacoti GRA CE, MT
Accipitriformes
Accipitridae
Rupornis magnirostris CAR CE
Heterospizias meridionales CAR CE
Psittaciformes
Psittacidae
Brotogeris chiriri FRU VE
Eupsittula aurea FRU VE
Aratinga leucophthalmus FRU CE, MT, VE
Pelecaniformes
Threskiornithidae
Theristicus caudatus ONI CE

Ardeidae
Egretta thula CAR VE
Passeriformes
Rhynchocyclidae
Todirosturm cinereum INS CE, MT

Hirundinidae
Progne chalybea INS CE

Furnaridae
Furnarius rufus INS CE

Thraupidae
Sicalis flaveola GRA CE

Emberizidae
Sporophila plumbea GRA VE
Volatinia jacarina GRA CE

Icteridae
Gnorimopsar chopi ONI CE
Molothrus bonariensis ONI MT

Tyrannidae
Tyrannus melancholicus INS CE
Xolmis cinerues INS CE, MT
Gubernetes yetapa INS CE
Camptostoma obsoletum INS CE
Pitangus sulphuratus ONI CE, MT, VE
Elaenia chiriquensis FRU CE
LEGENDA:
Dieta: ONI (onívoras), INS (insetívoras), FRU (frugívoras), CAR (carnívoras), NEC (nectarívoras),
DET (detritívoro)
Ambientes: CE (Cerradão), MT (Mata), VE (Vereda).

106
Ornitofauna Regional – Registro Secundário

Complementando o levantamento primário de dados, obtidos em campo, foi


realizada uma revisão da literatura para verificar potenciais espécies da ornitofauna
com distribuição na cidade de Uberlândia.

Foram encontrados dois estudos de levantamento de aves bastante


completos realizados no município por pesquisadores da Universidade Federal de
Uberlândia. Um deles foi realizado no Clube Caça e Pesca Itororó entre os anos de
1999 a 2001, totalizando 430 horas de observação e 202 espécies encontradas
(MARÇAL JUNIOR et al., 2009), que podem ser visualizadas na figura a seguir.

Figura 22: Levantamento da avifauna registrada na reserva do Clube Caça e Pesca Itororó,
Uberlândia, MG.
Estado de conservação: Ameaça (SEMAD 2010, MMA 2003, Biodiversitas 2007, Machado et
al.2005): EP = Em perigo; VU = Vulnerável; QA = Quase ameaçada; BR = Brasil; MG = Minas
Gerais; Endemismo: EA = espécie endêmica da Mata Atlântica (Parker et al.1996,
Stattersfield et al. 1998); EC = espécie endêmica do Bioma Cerrado (Silva & Bates 2002, Lopes
2008, 2012); Ambiente: FLO = Floresta; CER = Cerrado sensu stricto; VER = Vereda; AER =
aéreo; ANT = Antropizado; AQU = Aquático;
Mês de registro: tm = todos os meses;
Tipo de Registro: V = registro visual; S = registro sonoro; D = documentado por fotografia ou
gravação da vocalização; B = Bibliografia (Araújo & Oliveira 2007, Lima e Silva 2009, Araújo
et al.2011, Maruyama et al.2012, Justino et al.2012).

107
108
109
110
111
112
113
114
O segundo estudo mencionado foi realizado na Reserva Ecológica do Panga
entre 2006 e 2008, com um esforço amostral de 216 horas e 231 espécies de aves
levantadas (MALACCO et al., 2013), conforme mostra a Figura a seguir.

115
Figura 23: Lista das espécies de aves registradas na RPPN Reserva Ecológica Panga, de abril
de 2006 a junho de 2008. Dieta (WILLIS, 1979; MOTTA-JÚNIOR, 1990; SICK, 1997; MARINI;
CAVALCANTI, 1998; FRANCHIN; MARÇAL JÚNIOR, 2004): CAR - carnívora; DET - detritívora; FRU
- frugívora; GRA - granívora; INS - insetívora; NEC - nectarívora e ONI - onívora. U.H. (Uso do
Hábitat) (SILVA, 1995; 1997; BAGNO; MARINHO-FILHO, 2001): A - espécies aquáticas; F1 -
exclusivamente florestais; C1 - exclusivamente campestre; F2 - essencialmente florestal; C2 -
essencialmente campestre. EN - Espécies endêmicas do Bioma Cerrado (SILVA, 1995). * -
Espécies capturas em redes de neblina. Status de Ameaça: EP – Em Perígo; VU – Vulnerável;
QA – Quase Ameaçada. MG (Minas Gerais): MACHADO et al. (1998). GL (Globalmente
ameaçada): BIRDLIFE INTERNATIONAL (2008) ¹- Ordem e nomenclatura taxonômica segundo
CBRO (2008).

116
117
118
119
120
121
122
Considerações Finais

Considerando-se ser um ambiente antropizado a diversidade de espécies


encontrada na área não foi elevada, como comprovou o Índice de Shannon Wiener
(H’). Entretanto as áreas conservadas são um importante refúgio para as aves,
servindo como local de pouso, abrigo, nidificação e alimentação.

Outro fator que deve ser levado em consideração é que a campanha foi
realizada na estação seca, sendo que a maior atividade se concentra na estação
chuvosa. O fato de se registra uma maior riqueza de aves na estação chuvosa pode
ser consequência da maior disponibilidade de recursos nesse período, como insetos
e frutos (PINHEIRO et al., 2002). Como os recursos muitas vezes sofrem influência da
sazonalidade, esse se torna um componente importante para determinar a riqueza e
a abundância das espécies em um determinado período do ano (CURCINO et al.,
2007). Além disso, a reprodução de muitas espécies de aves ocorre na estação
chuvosa (MATARAZZO-NEUBERGER, 1995; SICK, 1997), fator que também pode ter
influenciado a maior riqueza de aves nesse período.

Nenhuma espécie ameaçada de extinção foi encontrada na área, mas uma


endêmica do Cerrado foi registrada, demonstrando a importância da conservação
e preservação das fitofisionomias do Cerrado. A maioria das espécies apresentam
hábitos generalistas que se adaptam bem a ambientes alterados.

No Anexo a seguir pode ser visualizado o registro fotográfico do trabalho de


campo.

123
Anexo

Eupsittula aurea

124
Pitangus sulphuratus

125
Coragyps atratus

126
Ramphastos toco

127
Gnorimopsar chopi

128
Gubernetes yetapa

129
Chloroceryle amazona

130
Geranoaetus albicaudatus

131
29. CARACTERIZAÇÃO DA FLORA

Apresentação

O presente relatório técnico apresenta as informações obtidas na campanha


de campo realizada no dia 08 de setembro de 2018, na Granja C, situada na região
de Uberlândia, MG, a fim de levantar as fitofisionomias presentes no local, assim como
as principais espécies vegetais. O relatório apresenta dados originais (primários)
mensurados a partir de incursões a campo na área de estudo e são apresentados
com identificações e análises ecológicas.

Introdução

O meio ambiente constitui a interação dos elementos naturais, artificiais e


sociais que permitem o desenvolvimento equilibrado das atividades humanas (MMA,
2007). Em função do elevado nível de perturbações antrópicas nos ecossistemas
naturais, a conservação da biodiversidade representa um dos maiores desafios deste
século (PIMM et al., 2001). A proteção, conservação, recuperação e revitalização do
ambiente deve ser sempre preocupação do Poder Público e da sociedade, já que
dele depende a vida humana (MMA, 2007).

Os estudos de áreas naturais afetadas pelo desenvolvimento das atividades


humanas são importantes instrumentos para a manutenção dos ecossistemas
(PEREIRA et al., 2010). Assim, o levantamento da vegetação por meio do
conhecimento de sua composição, estrutura, funcionamento e distribuição é um
elemento importante na execução de estudos ambientais, pois possibilita o
mapeamento e a caracterização inicial da paisagem, a identificação dos tipos
fisionômicos, estimativas da diversidade de plantas, estágio de conservação e
caracterização das espécies de interesse (KLINK; MACHADO, 2005).

A partir do conhecimento destes parâmetros ecológicos é possível construir


uma base teórica para auxiliar projetos de conservação e a recuperação dessas
áreas antropizadas, contribuindo para a sua conservação e manejo sustentável
(MMA, 2007).

132
Metodologia

Área de estudo

O estudo foi conduzido na Granja C, pertencente a BRF S.A., que apresenta


alguns remanescentes de vegetação nativa, além de áreas dominadas pelo capim
exótico braquiária, plantação de eucalipto e antigas instalações advindas de
atividades de criação de animais. A área está localizada no município de Uberlândia,
MG e compreende o polígono demarcado na Figura 24, equivalente a uma área de
aproximadamente 1.072 hectares.

O clima da região, pela classificação climática de Köeppen, é o Cwa, clima


temperado chuvoso (mesotérmico) com inverno seco e verão chuvoso, sendo a
temperatura média 20,9°C (ALVARES et al. 2013). A pluviosidade média anual é
aproximadamente 1524 mm (ALVARES et al. 2013).

Levantamento da flora

Para o primeiro reconhecimento de campo, foi realizada uma visita com o


propósito de identificar preliminarmente a situação atual da área de estudo e de seu
entorno. Este reconhecimento inicial possibilitou a averiguação de algumas
peculiaridades da área, bem como a definição das fitofisionomias presentes no local.
As fitofisionomias foram definidas de acordo com Ribeiro e Walter (1998)
(Fitofisionomias do bioma Cerrado), analisando as características estruturais e a
composição de espécies do local.

A partir da metodologia de Avaliação Ecológica Rápida (AER), foi possível


obter e aplicar informação biológica e ecológica em um curto período de tempo,
possibilitando avaliar o patrimônio biológico da área (FELFILI et al., 2006). Este método
consiste no reconhecimento dos tipos de vegetação, elaboração de lista de
espécies e análise dos resultados (Foto 59). A metodologia consiste no
caminhamento entre a vegetação e observação e registro das espécies presentes
no local.

Os dados de campo foram levantados em formatos compatíveis e integrados


num Sistema de Informações Geográficas (SIG) para possibilitar a análise da área
embasando-se na identificação de diferentes trechos da comunidade vegetal, das

133
ameaças que incidem sobre cada local e em ações práticas para garantir sua
conservação.

134
Figura 24: Mapa demostrando os limites geográficos da área de estudo.

135
As espécies foram identificadas no campo e nos casos em que isso não foi
possível, coletou-se o material botânico, o qual foi identificado através de consultas
à literatura específica e a especialistas. A classificação botânica foi realizada com
base no Grupo Filogenético das Angiospermas (APG III, 2009) e os nomes das espécies
foram conferidos com a base de dados disponíveis na página eletrônica da Lista de
Espécies da Flora do Brasil 2018 (Lista de Espécies da Flora do Brasil, 2018).

Para avaliar o recurso disponível para a fauna, as espécies foram


categorizadas de acordo com sua síndrome de dispersão de sementes: biótica
(dispersão de sementes realizada por animais); abiótica (dispersão de sementes
realizadas por vento ou gravidade).

Foto 59: Metodologia de localização das espécies pelo método do caminhamento.

Espécies ameaçadas de extinção

Para a classificação das espécies ameaçadas de extinção, foi utilizada a


Portaria nº 443, de 17 de dezembro de 2014 que estabelece a Lista Nacional Oficial
de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção.

136
Resultados e Discussão

Definição das fitofisionomias amostradas

Por fitofisionomia entende-se o conjunto da flora e do ambiente, e é definida


por critérios como a estrutura, formas de crescimento dominantes, possíveis
mudanças estacionais, fatores edáficos e composição florística. (IBGE, 2012). O
bioma Cerrado apresenta um mosaico de fitofisionomias, podendo estar presentes
fitofisionomias savânicas e florestais. Dentre elas, podemos destacar um contínuo
relacionado ao adensamento arbóreo, que varia desde um campo limpo (com
pouca presença de árvores e maior presença de gramíneas) até áreas de cerrado
sentido restrito (árvores mais adensadas, contorcidas e com menor presença de
gramíneas que o campo limpo). Na área de estudo, foram identificados dois tipos de
fitofisionomias de acordo com os critérios de Ribeiro e Walter (1998): vereda e cerrado
sentido restrito. Também foram observadas áreas abertas dominadas pelo capim
braquiária com árvores isoladas, com construções, áreas de plantação de eucalipto
e áreas de corpo d’água artificial (Figura 25). Ressalta-se que algumas áreas de
vereda apresentam maior adensamento arbóreo.

137
Figura 25: Mapa demostrando as fitofisionomias e classes de uso de solo.

138
Caracterização florística e estrutural da área de estudo

A Avaliação Ecológica Rápida e a amostragem da vegetação mostraram a


predominância de espécies arbóreas, principalmente nas áreas de vereda e cerrado
sentido restrito (Tabela 9). Nas áreas com predominância do capim braquiária, poucas
árvores isoladas foram observadas. Além disso, nas plantações de eucalipto ainda se
concentra um grande número de indivíduos. Pode-se notar a presença de indivíduos de
espécies como Alchornea glandulosa; Mauritia flexuosa; Myrsine umbellata, entre outros
na área de vereda (Foto 60). Na área de cerrado sentido restrito, pode-se observar a
presença de algumas espécies mais abundantes, como Aspidosperma tomentosum,
Annona coriacea, Handroanthus ochraceus, Diospyros hispida entre outras. O capim
braquiária está distribuído em todas as fitofisionomias. Além disso, algumas áreas também
apresentam a dominância do capim elefante (Pennisetum purpureum). Essas espécies de
capim tem a capacidade de reprodução rápida, atingindo dominância em diversos locais
mais abertos. Além da densidade desses capins está relacionada com a alta
disponibilidade de luz, também está relacionada à ambientes mais secos.

Em relação à síndrome de dispersão, a maioria das espécies apresentou a síndrome


de dispersão biótica (64%), enquanto a síndrome de dispersão abiótica foi encontrada em
36% das espécies (Figura 26).

139
Tabela 9: Listagem florística das espécies amostradas na área de estudo pelo método de
Levantamento ecológico rápido. A origem da espécie (Nativa, N ou exótica E) e o Hábito
(Arbóreo – A) das espécies também são dados. Potencial de uso: Medicinal (Me), Alimentício (Al),
Madeireiro (Ma), Extrativo (óleos e resina) (Ex), Recurso para a fauna (F).
Família/Espécie Nome popular Hábito Origem Uso

Anacardiaceae

Lithraea molleoides aroeira-branca A N Me

Mangifera indica mangueira A N Al

Tapirira guianensis pau-pombo A N Me e Al

Bromeliaceae

Bromeliaceae sp1 - N E -

Tillandsia sp1 - N E -

Annonaceae

Annona coriacea araticum A N Al

Guatteria sp1 - A N -

pimenta-de-
A N Me
Xylopia aromatica macaco

Xylopia emarginata pindaíba-d'água A N Ma e Me

Apocynaceae

guatambu-do-
A N Me
Aspidosperma macrocarpon cerrado

Aspodosperma tomentosum guatambu A N Me

Arecaceae

Arecaceae sp1 - A N -

Mauritia flexuosa buriti A N Al

Bignoniaceae

Handroanthus ochraceus ipê-cascudo A N -

Tecoma stans ipê-mirim A N -

140
Bixaceae

Bixa orellana urucum A N Al e Me

Burseraceae

Protium heptaphyllum almécega A N Me

Calophyllaceae

Calophyllum brasiliense guanandi A N Me

Caricaceae

Carica papaya mamão A E Al

Clusiaceae

Clusia criuva criuva A N Ma

Connaraceae

Connarus suberosus - A N Me

Ebenaceae

Diospyros hispida caqui-do-cerrado A N Al

Erythroxylaceae

Erythroxylum tortuosum muxiba-comprida A N Me

Euphorbiaceae

Alchornea glandulosa tapiá A N Me

Croton urucurana sangra-d'água A N Ma, Me

Ricinus communis mamona A E Me e Ex

Fabaceae

Anadenanthera colubrina angico A N Ma, Ma

Andira fraxinifolia angelim-mirim A N Ma e Me

Bowdichia virgilioides sucupira-preta A N Me

Copaifera langsdorffii copaíba A N Ma, Me e Ex

141
Dalbergia miscolobium caviúna-do-cerrado A N -

Dimorphandra mollis fava-d'anta A N Me

Inga vera inga-pequeno A N Ma, Me e Al

Leucaena leucocephala leucena A E -

Machaerium acutifolium - A N -

Schizolobium parahyba guapuruvu A N Ma

Stryphnodendron polyphyllum barbatimão A N Me

Tachigali paniculata - A N -

Vatairea macrocarpa angelim-do-cerrado A N Me

Lamiaceae

Aegihpila integrifolia tamanqueira A N F

Lauraceae

Ocotea corymbosa - A N F

Ocotea spixiana canela-branca A N F

Loganiaceae

Strychnos pseudoquina quina A N Me e Al

Malvaceae

Eriotheca gracilipes paineira-do-cerrado A N -

Eriotheca pubescens paineira-do-cerrado A N -

Melastomataceae

Melastomataceae sp1 - A N -

Miconia albicans canela-de-velho A N Me e Al

Moraceae

Brosimum gaudichaudii mama-cadela A N Me e Al

Myristiciaceae

142
Virola sebifera bicuíba A N Me e Ma

Myrtaceae

Blepharocalyx salicifolius Murta A N Me

Eucalyptus sp1 eucalipto A N Ma

Myrcia splendens guamirim-miudo A N F

Myrcia variabilis - A N -

Psidium sp1 - A N -

Ochnaceae

Ouratea hexasperma vassoura-de-bruxa A N Me

Pinaceae

Pinus elliottii pinheiro A E Ma

Poaceae

Urochloa brizantha braquiarão G E F

Urochloa decumbens braquiaria G E F

Pennisetum purpureum capim-elefante G E F

Primulaceae

Myrsine umbellata capororoca A N F

Proteaceae

Roupala montana carne-de-vaca A N Me

Sapindaceae

Matayba guianensis camboatá A N -

Paullinia sp1 camboatá L N -

Serjania sp1 camboatá L N -

Solanaceae

Solanum lycocarpum lobeira A N F

143
Urticaceae

Cecropia pachystachya embauba A N F

Foto 60: Espécie presentes na área de estudo: A) Copaifera langsdorffii; B) Myrsine umbellata; C)
Matayba guianensis; D) Croton urucurana; E) Alchornea glandulosa; F) Aegiphila integrifolia; G)
Clusia criuva; H) Calophyllum brasiliense; I) Xylopia aromatica; J) Inga vera; K) Tecoma stans; L)
Leucaena leucocephala; M) Ricinus communis; N) Pinus elliottii; O) Lithraea molleoides; P)
Cecropia pachystachia; Q) Dalbergia miscolobium; R) Diospyros hispida; S) Vatairea macrocarpa;
T) Connarus suberosus; U) Annona coriacea; V) Aspidosperma tomentosum; W) Aspidosperma
macrocapon; X) Protium heptaphyllum.

144
145
146
147
Figura 26: Síndrome de dispersão das espécies encontradas na área de estudo.

Em relação à serrapilheira, todas as áreas apresentaram a presença do capim


braquiária ou capim elefante. Os ambientes mais abertos apresentaram um maior
adensamento, enquanto ambientes mais sombreados apresentaram menos (Foto 61). A
serapilheira é particularmente importante por atuar na superfície do solo como um sistema
de entrada e saída, recebendo entradas via vegetação e, por sua vez, decompondo-se
e suprindo o solo e as raízes com nutrientes e matéria orgânica, sendo essencial na
restauração da fertilidade do solo em áreas em início de sucessão ecológica. A
decomposição dos resíduos orgânicos que formam a serapilheira é o principal processo
de ciclagem de nutrientes em um ecossistema florestal (MONTAGNINI & JORDAN, 2002).
Além disso, as folhas secas podem ajudar na manutenção de menores temperaturas no
solo, o que pode favorecer a germinação de novas espécies.

148
Foto 61: Serrapilheira característica das áreas com menor adensamento vegetal (A), e com maior
adensamento vegetal (B).

As áreas de vereda apresentaram o dossel em formação em alguns pontos, com


adensamento de indivíduos arbóreos. Ressalta-se que em alguns pontos, pode-se notar a
transição de vereda para uma mata de galeria inicial (Foto 62). Na área de cerrado, as
árvores se apresentam esparsadas, não formando um dossel. Ná área dominada pelo
capim braquiária, o isolamento das árvores presentes dificulta a chegada de espécies
tolerantes à sombra, que irão contribuir para o avanço da sucessão na área.

149
Foto 62: Caracterização da área de estudo, com árvores esparsas e ausência de dossel formado.

150
Considerações Finais

A área apresenta duas fitofisionomias principais: vereda e cerrado sentido restrito.


Além disso, estão presentes áreas de plantação de eucalipto, áreas abertas dominadas
pelo capim braquiaria (com ou sem edificações), e corpos d’água artificiais. Foram
registradas 61 espécies, sendo as principais: Mauritia flexuosa, Alchornea glandulosa, e
Myrsine umbellata. A maioria das espécies apresentou síndrome de dispersão do tipo
biótica e não foram registradas espécies ameaçadas de extinção.

30. FATORES AMBIENTAIS DO MEIO FÍSICO

O diagnóstico ambiental do Meio Físico contemplou informações relativas tanto a


AII quanto aos aspectos específicos da AID e ADA do empreendimento. Neste âmbito, foi
considerada como AII a área de drenagem do rio das Pedras e o alto curso do ribeirão
Babilônia, até a sua confluência com o córrego Macumbé. O rio das Pedras é afluente do
rio Uberabinha, enquanto o ribeirão Babilônia aporta ao rio Tijuco, sendo que ambos estão
inseridos na bacia hidrográfica do rio Paranaíba. A AID considerada englobou a ADA
(polígono do empreendimento) acrescida de uma envoltória de 500 metros.

Para a AII, o levantamento de dados de clima, geologia, geotecnia, geomorfologia,


solos e recursos hídricos tiveram por objetivo caracterizar e efetuar um diagnóstico das
potencialidades e fragilidades do meio físico da área e propiciar subsídios para a
avaliação, prevenção, mitigação e compensação dos impactos potenciais decorrentes
da instalação do empreendimento em pauta.

Para a realização da caracterização da área foram levantados dados existentes


junto a órgãos oficiais e instituições não governamentais. Foram consultados os principais
trabalhos que versam sobre a área de estudo, além de dados integrantes de processos de
licenciamento de áreas do entorno.

Os dados foram obtidos por meio de pesquisa, compilação e análise de dados


bibliográficos, cartográficos e bancos de dados, disponibilizados em publicações e sítios
de internet. Informações complementares foram obtidas por meio da análise de imagens
de sensores remotos.

Os seguintes procedimentos metodológicos gerais foram realizados:

 Para a elaboração dos estudos foram realizadas as seguintes atividades:


 Compilação de mapas geológico, geomorfológico e pedológico em diferentes
escalas;
151
 Interpretação de imagens de satélites, de Modelo Digital de Terreno Sombreado
(NASA – SRTM - Shuttle Radar Topographic Mission), cartas topográficas e cartas de
declividade, obtidas a partir do SRTM;
 Trabalhos de campo realizados em setembro de 2018;
 Lançamento das informações geomorfológicas e geológicas em bases
topográficas, elaboradas nas escalas 1:250.000 e 1:100.000, para caracterização da
Área de Estudo;
 Análise das relações do relevo com o substrato litoestrutural e a cobertura detrítica;
 Integração e as análises dos dados obtidos.
O levantamento de dados secundários foi complementado com estudos expeditos
em campo, realizados em setembro de 2018. Procedimentos específicos de cada
temática estudada estão apresentados em suas respectivas seções.

30.1. Geologia

Para a caracterização do substrato rochoso foram consultados o Mapa Geológico


da Folha Goiânia SE.22 da Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo (FARACO et al., 2004)
e o Mapa Geológico do Estado de Minas Gerais, bem como o texto explicativo deste
último (Pinto e da Silva, 2013). Complementarmente, consultou-se os artigos científicos que
versam sobre a área (SOARES, 2002; BACCARO, 1994; NISHIYAMA, 1989; DEL GROSSI, 1992).
Também foi consultado o mapeamento disponibilizado no Zoneamento Ecológico
Econômico do Estado de Minas Gerais (2008). A análise foi complementada com estudos
expeditos em campo durante o mês de setembro de 2018.

Considerando-se as Províncias Estruturais, a área de estudo situa-se na Província


Paraná, que abrange grande parte do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. A
complementação do nome Província Paraná com a designação Província Sedimentar
Meridional, realizada por Bahia et al (2003), teve como objetivo enfatizar o estudo das
bacias que a compõe, cada qual com seu processo de formação e constituição distintos.

Esta província compreende três áreas de sedimentação independentes, separadas


por profundas discordâncias: Bacia do Paraná propriamente dita, uma área de
sedimentação que primitivamente se abria para o oceano Panthalassa a oeste (Milani e
Ramos, 1998); a Bacia Serra Geral, compreendendo os arenitos eólicos da Formação
Botucatu e os derrames basálticos da Formação Serra Geral; e a Bacia Bauru, uma bacia
intracratônica.

152
O substrato da província compreende blocos cratônicos e maciços alongados na
direção NE–SW (Rio Apa, Rio Aporé, Triângulo Mineiro, Rio Paranapanema, Guaxupé,
Joinville e Pelotas), separados por faixas móveis brasilianas: de norte para sul, Paraguai–
Araguaia, Rio Paraná, Apiaí e Tijucas (Milani e Ramos, 1998). Del Grossi (1992) ressalta que
a base deposicional das rochas desta Província no Triângulo Mineiro é constituída de
rochas metassedimentares dos Grupos Araxá, Canastra e Bambuí de idade Pré-Cambriana
Proterozóica e de rochas do Complexo Goiano de idade Arqueana.

Na Figura 27 está sistematizado a proposta de compartimentação da Província


Paraná, de acordo com Bahia et al (2003).

Figura 27: Esboço geológico da Província Paraná.

Fonte: Bahia et al (2003)

Conforme a compartimentação apresentada, verifica-se que o município de


Uberlândia se insere na Bacia Bauru, assim designada por Fernandes e Coimbra (1998),
153
inteiramente contida na sequência neocretácea (Épsilon, de Soares et al. 1974) da “Bacia
do Paraná” (Milani, 1997). O seu substrato é composto pelas rochas vulcânicas da
Formação Serra Geral (Grupo São Bento). De acordo com Fernandes e Coimbra (1998,
2000) a espessura máxima das suas rochas sedimentares sobrepostas (300 m) compõe duas
unidades correlatas: o Grupo Caiuá e o Grupo Bauru.

O magmatismo Serra Geral marcou o fim de eventos de sedimentação extensiva


na grande área do interior do supercontinente, chegando a 2000 metros de espessura,
Milani et al. (2007). Em termos petrológicos estes basaltos são denominados basaltos
toleíticos a andesitos basálticos, ocorrendo subordinadas quantidades de riolitos e
riodacitos (Peate et al. 1992).

Cessado o magmatismo Serra Geral, seguiu-se uma cobertura suprabasáltica


constituída por sequência sedimentar continental com magmatismo alcalino associado,
que se desenvolveu por subsidência térmica no Cretáceo Superior e denominada Bacia
Bauru (Fernandes 1998). Tal sequência é definida pelos grupos cronocorrelatos Bauru e
Caiuá, representativos de um mesmo ambiente, sob clima quente, semiárido nas bordas e
desértico para o interior da bacia. O contato basal discordante é marcado pela presença
de delgado estrato de aspecto brechóide com clastos angulosos de basalto (Fernandes,
2004).

A carta litoestratigrafica da Bacia Bauru é mostrada na Figura 28.

Figura 28: Carta litoestratigráfica da Bacia Bauru.

Fonte: Fernandes e Coimbra, 2000.


154
A seguir são descritas as áreas de ocorrência e as principais características das
unidades litoestratigráficas verificadas no município de Uberlândia, com ênfase na bacia
hidrográfica do rio das Pedras e afluentes do alto curso do ribeirão da Babilônia. A
distribuição espacial dessas unidades pode ser verificada no Mapa de Geologia no Anexo
15, cuja elaboração foi baseada no trabalho de Pinto e da Silva (2013).

A seguir são descritas as litologias que ocorrem na área de estudo, as quais são
também apresentadas sucintamente na Tabela 10.

Tabela 10: Unidades Litoestratigráficas que ocorrem na área de estudo.

Unidades Litoestratigráficas Litotipos Idades

Sedimentos de canais fluviais e


Qa¹ Depósitos aluvionares Quaternário
planícies de inundação.

Depósitos colúvio-eluviais e, Neogeno/Quater


NQd Coberturas detríticas
eventualmente lateríticas nário

Arenitos com intercalações de


K2m Formação Marília Cretáceo Superior
laminito arenoso

Formação Vale do Rio


K2vbp Arenito e arenitos argilosos Cretáceo Superior
do Peixe

Basalto com intercalações de arenito


K1βsg Formação Serra Geral Cretáceo Inferior
e diques de diabásio

¹Não mapeadas na escala de trabalho. Fonte: FARACO et al. (2004) e Pinto e da Silva (2013).

Qa – Depósitos aluvionares

Os sedimentos aluviais são inconsolidados, têm baixa capacidade de suporte, sendo


constituídos por areia fina argilosa, argila orgânica, argila siltosa e por vezes cascalhos. Os
sedimentos aluviais têm espessuras que podem superar 3 m, ocorrendo na base camadas
de areias e cascalhos finos. Esses depósitos formam planícies fluviais estreitas e
descontinuas, por vezes em forma de leques, que conformam pequenos bancos arenosos
ao longo dos canais fluviais da área de estudo, com destaque para o próprio rio da Pedras,
córrego da Onça e ribeirão da Babilônia, incluindo seus afluentes do alto curso (córrego
das Guarirobas, ribeirão da Onça e córrego Macumbé).

NQd – Coberturas detríticas

A cobertura detrítica que recobre as superfícies de topos planos das bacias em


estudo é formada por sedimentos terciários e quaternários, de identificação contravertida.
Feltran Filho (1997) considerou os sedimentos como pertencentes ao Cretáceo, enquanto
155
RADAMBRASIL (1983) e Nishiyama (1989) mapearam-na como sendo composta por
sedimentos do Terciário e/ou Quaternário. Para o primeiro autor, os sedimentos
encontrados recobrindo o material considerado da Formação Marília são alterações “in
situ” da própria Formação.

De forma semelhante aos sedimentos aluviais, os sedimentos detríticos apresentam-


se quase sempre inconsolidados. Sua constituição é bastante variável, englobando desde
seixos mais grosseiros de quartzo, quartzito e sílex até areia grossa e solos argilosos de cor
avermelhada.

Esses sedimentos ocorrem no alto curso do rio das Pedras e em seu primeiro afluente
da margem direita, o córrego das Laranjeiras, assim como na bacia do ribeirão Galheiros,
em seu médio curso. Nas bacias dos canais que drenam ao Babilônia, esses sedimentos
não foram identificados.

K2m – Formação Marília

Como já mencionado anteriormente, a Bacia Bauru, assim chamada por Fernandes


& Coimbra (1998), é inteiramente contida na sequência neocretácea da “Bacia do
Paraná” (MILANI, 1997). Estes autores atribuem, à Bacia Bauru, duas fases de deposição: a
primeira fase compreende um trato de sistema desértico, e a segunda, podendo ser
representada também pela Formação Marília, um trato de sistema fluvioeólico,
proveniente do Nordeste (FERNANDES & COIMBRA, 2000.), em bancos de espessura média
entre 1 e 2 m (NISHIYAMA, 1989).

A Formação Marília é representada por arenitos, arenitos cineríticos,


conglomerados, às vezes calcíferos, lentes de calcários, siltitos e argilitos. Entre outros,
destacam-se os seguintes constituintes mineralógicos: quartzo, sericita, plagiocásio olivina,
calcita e minerais de argila (FERNANDES & COIMBRA, op. cit.).

No âmbito do Projeto Radam Brasil (MME, 1983, p. 30), a Formação Marília aparece
descrita como sendo constituída de arenitos finos a grosseiros, predominantemente mal
selecionados, vermelhos, róseos e esbranquiçados; arenitos argilosos, argilitos, siltitos,
lamitos, conglomerados polimíticos comumente desagregados e brechas
conglomeráticas. Subordinadamente aparecem níveis lenticulares e concreções de
calcário e chert. As rochas desta unidade aparecem limonitizadas e em pacotes
geralmente maciços, com estratificação cruzada de pequeno e médio porte.

156
Nishiyama (1989) descreve a Formação Marília como sendo arenitos
conglomeráticos, com grãos angulosos, teor variável de matriz, seleção pobre, ricos em
feldspatos, minerais pesados e minerais instáveis. Esses sedimentos ocorrem em bancos
maciços ou com acamamento incipiente subparalelo e descontínuo, raramente
apresentando estratificação cruzada de médio porte, com seixos concentrados nos
estratos cruzados e com raras camadas descontínuas de lamitos vermelhos e calcários. Em
algumas áreas, os arenitos da Formação Marília, sobretudo nos topos de chapadas,
encontram-se recobertos por sedimentos Cenozóicos.

A primeira descrição formal da Formação Marília, no entanto, deve-se a Soares et


al (1980), que a definiu como uma unidade composta por arenitos grosseiros a
conglomeráticos, com grãos angulosos, teor de matriz variável, apresentando seleção
pobre com abundância de feldzpato, minerais pesados e instáveis. São característicos da
unidade os nódulos carbonáticos, que aparecem dispersos ou em zonas concentradas,
apresentando frequentemente cimento carbonático.

Em relação ao ambiente de deposição, existe o consenso, na literatura consultada,


que este desenvolveu-se em embaciamento restrito, em regimes torrenciais característicos
de leques aluviais e com a deposição de pavimentos detríticos, durante a instalação
progressiva de clima semiárido, o qual teria propiciado a cimentação dos detritos por
carbonatos.

Os arenitos conglomeráticos e conglomerados com seixos de argilito, típicos desta


formação, atestam períodos de sazonalidade climática marcados por inundações e
períodos de aridez alternados. A estrutura das rochas remonta à um ambiente fluvial com
canais anastomasados associados a leques aluviais e planícies de inundação.

Soares et al (1980) sugeriram que as rochas desta formação foram depositadas por
correntes de alta energia, com transporte fora de canais em extensos lençóis de
escoamento; o que implica em reconhecer a importância dos leques aluviais como
ambiente de sua formação.

Na região do Triângulo Mineiro, Barcelos, Landim e Suguio (1981 apud MME, 1983)
propuseram a designação de Fácies Serra da Galga para caracterizar um pacote de
sedimentos com espessura em torno de 50-70m, constituídos predominantemente por
arenitos grosseiros, feldspáticos, argilosos, conglomeráticos, coloração vermelho rósea,
com níveis cinza-esbranquiçado, grãos angulosos e subangulosos, mal selecionados,
carbonáticos, com recorrência da fácies basal (Ponte Alta) representada por nódulos e
concreções carbonáticas.

157
Esta Formação é distribuída por quase toda a bacia hidrográfica do rio das Pedras,
incluindo as áreas drenadas pelo alto curso de seus afluentes, dentre elas a área onde
encontra-se o empreendimento. Ocorrem também no alto curso dos afluentes do
Babilônia, nos compartimentos mais elevados do relevo, inclusive em áreas do
empreendimento, localizadas nestas bacias.

K2vbp - Formação Vale do rio do Peixe

Conforme a revisão estratigráfica da Bacia Bauru, proposta por Fernandes e


Coimbra (2000), a Formação Vale do rio do Peixe é composta por camadas de espessura
submétrica − estruturação tabular típica −, de arenitos intercalados com siltitos ou lamitos
arenosos. Os arenitos são muito finos, marrom-claro rosado a alaranjado, de seleção
moderada a boa. Têm aspecto maciço ou estratificação cruzada tabular e acanalada
de médio a pequeno porte. Nos estratos “maciços”, podem ocorrer zonas de
estratificação/laminação plano-paralela grosseira, formadas por: a) superfícies onduladas
(amplitude e comprimento de onda centimétricos), às vezes com laminação interna
(climbings eólicos); b) ondulações de adesão; ou c) planos bem definidos, com lineação
de partição. Localmente apresenta cimentação intensa por CaCO3.

Na área de estudo, repousa diretamente sobre os basaltos da Formação Serra


Geral, ocorrendo apenas na bacia do rio da Babilônia. Para o topo, seu contato é feito
diretamente sobre os arenitos da Formação Marília.

Corresponde a depósitos essencialmente eólicos, acumulados em extensas áreas


planas, na forma de lençóis de areia e campos de dunas baixas, associados com depósitos
de loesse. Provavelmente, os lamitos foram fixados em depressões, em corpos aquosos
rasos e efêmeros, criados em períodos de elevação do nível freático.

No contexto da área de estudo, esses sedimentos ocorrem somente nas bacias


drenadas pelos afluentes do alto curso do ribeirão Babilônia.

K1βsg – Formação Serra Geral

O Grupo São Bento compreende as formações Botucatu e Serra Geral, e se integra


cronologicamente ao período Jurássico/ Cretáceo Inferior (SILVA et al. 2003).

Com a abertura do Oceano Atlântico Sul, as antéclises limitantes da Província


Sedimentar Meridional foram reativadas e transformadas nos arcos homônimos. Com o
rebaixamento do fundo da bacia, houve a formação de ampla depressão topográfica,
158
onde se depositaram arenitos de granulação fina a média, os quais, de acordo com
Scherer (2002, apud SILVA et al. 2003), podem ser separados em duas unidades genéticas:
uma inferior, com espessura máxima de 100 m, correspondente à Formação Botucatu e
discordante sobre a Bacia do Paraná, que inicia com depósitos de rios efêmeros e lençóis
de areia, seguido por arenitos eólicos; e outra superior, consistindo de lentes de arenitos
eólicos, intercaladas nas rochas vulcânicas da Formação Serra Geral (SILVA op. cit.).

A Formação Serra Geral, de caráter vulcânico, consiste-se de derrames basálticos


continentais, que formam uma das grandes províncias ígneas do mundo (SAUNDERS et al.
1992, apud SILVA et al. 2003), quando um imenso volume de lava fora expelido através de
gigantescas fissuras (NISHIYAMA, 1989). Compreende sucessão de derrames com cerca de
1.500 m de espessura, onde Leinz & Amaral (1985) consideram 650 m como sendo a
espessura média dos derrames.

As principais feições da formação indicam que os basaltos se originaram do


extravasamento rápido de lava muito fluida através de geoclases e de falhas menores.
Como não há o conhecimento de produtos erosivos no interior da formação, deduz-se
não ter havido hiatos significativos durante a atividade vulcânica. A existência das
intercalações eólicas comprova o predomínio das condições desérticas durante o
vulcanismo.

Almeida (1967) admite que esta formação resultou de um intenso vulcanismo básico
fissural derivado da Reativação Wealdeniana da Plataforma Brasileira, o que teria
provocado a formação de grandes geoclases, “através dos quais extravasaram lavas
basálticas toleíticas em ambiente desértico”. A presença dos intertrapes de arenitos sugere
que esta condição teria persistido durante a época do vulcanismo, como aqueles
característicos da Formação Botucatu.

O produto deste magmatismo está constituído por sequência toleítica bimodal


onde predominam basaltos a basalto andesitos (acima de 90% em volume), superpostos
por riolitos e riodacitos (4% em volume). Com base em características químicas e
isotópicas, é dividido como proveniente de dois reservatórios magmáticos distintos: alto e
baixo TiO2, compreendendo oito subtipos com características químicas e geológicas
distintas (PEATE et al. 1992). De acordo com as datações radiométricas realizadas, estima-
se seu início em 137,4 Ma e seu encerramento em torno de 128,7 Ma (TURNER et al. 1994).

Com relação à composição petrográfica, as rochas da Formação Serra Geral


apresentam-se de forma simples, sendo constituídas, essencialmente, de labradorita
zonada associada a clinopiroxênios (augita e às vezes pigeonita). De forma associativa,

159
ocorrem titano-magnetita, apatita, quartzo e raramente olivina. Na área de abrangência
deste estudo a Formação Serra Geral tem aspecto maciço, uniforme, amigdaloidal,
vesicular, formando espessuras variáveis de derrames, com intercalações lenticulares de
arenito. Possuem fraturas irregulares a subconchoidais.

Os derrames são constituídos por rochas de cores escuras a cinza escuro, por vezes
vítreas e granulação variando de fina a média. São afaníticas, porém, ocasionalmente
porfiríticas. Adquirem colorações vermelho amareladas quando alteradas
superficialmente, com as amigdalas preenchidas por quartzo, calcita ou minerais verdes.

Os basaltos da Formação Serra Geral encontram-se, predominantemente, ao longo


do vale do rio das Pedras, a partir de seu médio curso, e não ocorrem no contexto da
AID/ADA do empreendimento.

30.2. Geotecnia

Na área do empreendimento, assim como em quase toda a região do Brasil central,


a sazonalidade climática faz com que as rochas apresentem comportamento
diferenciado frente aos distintos processos de intemperismo e de dinâmica superficial.

Durante a época de estiagem, que compreende os meses de abril a setembro


(aproximadamente), a ausência de precipitações favorece o intemperismo físico que
propicia a desagregação mecânica generalizada das rochas, sendo responsável pela
formação das arenas constituídas por grande quantidade de grãos de quartzo e
feldspatos; dos pavimentos detríticos.

Já durante o período das chuvas, a maior disponibilidade de água favorece o


intemperismo químico das rochas, a formação de solos mais espessos, e a ocorrência de
processos erosivos do tipo rastejo, pequenos escorregamentos, escoamento superficial
laminar e em sulcos mais frequentes.

Na área do empreendimento, as baixas declividades típicas dos topos dos planaltos


tabulares (0 a 5%) inibem os processos erosivos, particularmente aqueles associados ao
desenvolvimento de feições lineares (sulcos e ravinas), de modo que predominam os
processos de infiltração em detrimento do escoamento superficial. Em todo caso, verifica-
se comportamento particular quanto ao processo de alteração e, inclusive, quanto ao seu
comportamento frente às diferentes atividades antrópicas.

Já nas superfícies colinosas, onde as declividades acentuam-se à ordem dos 10%,


os processos de dinâmica superficial são de baixa a média intensidade, sendo mais
160
intensos nos baixos cursos dos canais, onde os talvegues encontram condicionantes
litológicas associadas às rochas da Formação Serra Geral e/ou rochas pré-cambrianas.

Na ADA do empreendimento ocorrem coberturas cenozóicas (detrito lateríticas)


constituídas por areias inconsolidadas, argilas, concreções ferruginosas, lentes
conglomeráticas; com espessos lateritos ferruginosos; e uma zona superior, com solo
argiloarenoso com blocos e nódulos de concreções lateríticas e níveis de seixos de quartzo,
que recobrem o horizonte de argila mosqueado, ocorrem preferencialmente nos divisores
de águas, ou seja, nas superfícies regionais de aplainamento.

Ocorrem ainda residuais da Formação Marília, de constituição areno-argilosos, de


espessuras superiores a 5 metros, em diversas colorações de vermelho, e residuais da
Formação Vale do Rio do Peixe, onde existe maior proporção de frações arenosas, de
coloração vermelho-amarela

Nos topos do relevo plano em que ocorrem, esses materiais dão origem a solos
argilosos a muito argilosos, Latossolos Vemelhos, de alta permeabilidade, que inibe a
ocorrência de processos erosivos e o escoamento superficial favorecendo a infiltração. Por
outro lado, e como supracitado, nas vertentes a energia é condicionada pelas maiores
declividades, favorecendo a morfogênese em detrimentos dos processos pedogenéticos.

Nas imediações dos afluentes que drenam ao rio das Pedras e ao Babilônia, verifica-
se a presença de sedimentos aluviais inconsolidados, com baixa capacidade de suporte,
sendo constituídos por areia fina argilosa, argila orgânica, argila siltosa e por vezes
cascalhos. Os sedimentos aluviais têm espessuras que podem superar 3 m, ocorrendo na
base camadas de areias e cascalhos finos. Esses depósitos formam planícies fluviais
estreitas e descontinuas, por vezes em forma de leques, que conformam pequenos bancos
arenosos.

Do exposto, sintetiza-se na Tabela 11, a seguir, as principais características


geotécnicas dos materiais constituintes observados na AID/ADA do empreendimento.

161
Tabela 11: Síntese dos atributos geotécnicos dos materiais ocorrentes na AID/ADA.

Características dos Materiais Possíveis Problemas Esperados Recomendações

Coberturas Cenozóicas e - Problemas de trafegabilidade -Utilizar revestimento granular


Residuiais da Formação Marília causados pela elevada para melhorar as condições de
e Formação Vale do Rio do plasticidade e baixa aderência aderência.
Peixe dos solos argilosos.
- Os solos argilosos podem ser
Constituídos na base por areias - Dificuldade para a abertura usados como núcleo de aterro.
inconsolidadas, argilas, de cavas, fundações e canais
concreções ferruginosas e devido à presença de -Retaludamento, restauração
eventuais lentes horizontes espessos de laterita. da cobertura de solo e de
conglomeráticas; na zona vegetação nas áreas de solo
média, apresentam espessos - Processos erosivos em áreas exposto.
lateritos ferruginosos; e na zona de solo exposto de baixa
superior, tem solo argilo- intensidade.
arenoso e concreções
ferruginosas. De modo
subordinado ocorrem
sedimentos argilo-arenosos
com blocos e nódulos de
concreções lateríticas e níveis
de seixos de quartzo, que
recobrem o horizonte de argila
mosqueado.

Sedimentos aluviais - Enchentes sazonais; - Evitar a ocupação, proteger


e recuperar as planícies de
- Presença de áreas inundação, os fundos de vale
alagadiças, freático elevado e e as matas ciliares e implantar
Areia fina, areia argilosa e solos moles; projetos que evitem a
argila siltosa, matéria orgânica ocupação por residências,
e ocasionalmente cascalhos - Erosão lateral e vertical do industrias e sistema viário e
em planícies de inundação e canal e das margens; evitem a degradação dos
baixo terraços. recursos hídricos;
- Estabilidade precária das
paredes de escavação; - Promover a estabilidade e
proteção contra a erosão das
- Recalque de fundações;
margens dos cursos d’água;
- Danificação das redes
- Adotar medidas que
subterrâneas por recalque;
acelerem a estabilização dos
- Danificação do subleito das recalques e melhorem as
vias devido à saturação do condições de suporte e
solo; resistência do solo nos projetos
de aterros;
- Risco de contaminação do
lençol freático. - Adotar medidas adequadas
para minimizar os recalques e
evitar a danificação de
tubulações;

- Implantar sistemas de
drenagem superficial e
subterrânea eficientes, de

162
modo a evitar a saturação do
subleito viário.

Fonte: Compilado de Campos (1988), SHDU/ CSTDE/ EMPLASA/ IPT (1990) e Nakazawa (1994).

30.3. Geomorfologia

A caracterização do relevo na Área de Estudo teve como principal referência os


estudos realizados por BACCARO (1991, 2004) DEL GROSSI (1992), SOARES (2002), CARRIJO
(2003), FERREIRA et al (2007) e RODRIGUES et al (2004). Também foram consultados os
mapeamentos geomorfológicos do CETEC (1982), do Laboratório de Geomorfologia e
Erosão de Solos da Universidade Federal de Uberlândia, além do Modelo Digital de
Elevação do Terreno (RSTM/NASA). Os estudos expeditos em campo complementaram a
descrição apresentada a seguir.

A área do empreendimento em pauta está localizada na bacia hidrográfica do rio


Uberabinha (tributário do rio Araguari) e bacia hidrográfica do rio Tijuco (tributário direto
do Paranaíba), inserida no domínio morfoclimático dos Chapadões Tropicais, recobertos
por cerrados e penetrados por florestas galerias. Os relevos são caracterizados por
planaltos de estruturas complexas, capeados ou não por lateritas de cimeira e por
planaltos sedimentares (AB'SABER, 1973). Nesse Domínio ocorre clima tropical com duas
estações bem definidas, conforme colocado Seção 30.5 (Clima).

Os planaltos apresentam interflúvios muito largos, vales bastante espaçados, níveis


de sedimentos escalonados e de terraços com cascalhos. As vertentes têm forma de
rampas suaves e com muito pouca mamelonização, que refletem uma evolução
condicionada pela ação de processos morfoclimáticos que foram responsáveis pela
elaboração de níveis de aplainamento regional e recuo das grandes escarpas, que estão
sendo dissecadas pela drenagem atual.

No Domínio Morfoclimático do Cerrado, em que o Triangulo Mineiro está inserido,


atualmente, a ação da água trabalha como principal agente modelador da paisagem,
seja por meio de canais de escoamento ou em forma de chuva.

Considerando-se a existência de áreas aplainadas, de relevo suave e áreas dissecadas ou


rebaixadas em função da resistência litológica, a visão de conjunto possibilitada pela
correlação das informações geomorfológicas e geológicas torna evidente a influência da
estrutura geológica no processo de formação do relevo.

Ab’Saber (1971) salientou que após a deposição do Grupo Bauru, representado


nesta área pela Formação Marília e Vale do Rio do Peixe, ocorreu uma lenta degradação
163
e rebaixamento das superfícies anteriormente formadas, bem como a formação de
extensas crostas lateríticas, devido ao clima semiárido ou de savana (BACCARO, 1989).
Estas lateritas em particular, formam patamares abruptos nas vertentes, que podem
manter declividades mais elevadas em relação ao restante da encosta.

Unidades de relevo

Para a caracterização das unidades de relevo que ocorrem na área foram


consultados os seguintes mapeamentos:

 Mapa de Unidades de Relevo do Brasil (IBGE, 2006 – escala 1:1.000.000);

 Mapa Geomorfológico do Estado de Minas Gerais - CETEC (BOAVENTURA,


BOAVENTURA e DONÉ, 1982 – escala XXX);

 Mapa Geomorfológico da Folha SF.22 Goiânia (MME/RADAMBRASIL, 1983 – escala


1:1.000.000);

 Recorte da Folha ao Milionésimo SF.22 escala 1:250.000 (malha digital IBGE);

 Mapa de Geodiversidade do Estado de Minas Gerais (MACHADO E SILVA, 2010).

De acordo com o Mapa de Unidades de Relevo do Brasil (IBGE, 2006), a área de


estudo se localiza no contato entre as unidades Planalto do Rio Paraná e Planalto de
Uberlândia. No Mapa Geomorfológico de Minas Gerais (BOAVENTURA, BOAVENTURA e
DONÉ, 1982), a área insere-se no Planalto da Bacia do Paraná.

No mapeamento geomorfológico da Folha ao Milionésimo SF.22


(MME/RADAMBRASIL, 1983), a área de estudo pertence à unidade Planalto Setentrional da
Bacia do Paraná. No recorte da Folha ao Milionésimo (escala 1:250.000), a unidade
aparece localmente subdivida, estando a área de estudo no contato entre as Chapadas
de Uberlândia - Araguari e o Planalto do Triângulo Mineiro. No Mapa de Geodiversidade
de Minas Gerais (MACHADO E SILVA, 2010), a área está no domínio dos Planaltos e Baixos
Platôs.

Da observação das classificações acima citadas, e considerando a localização da


AII e entorno imediato, verificou-se que os mapeamentos são complementares, ainda que
apresentem nomenclaturas diferenciadas, tanto em função das escalas de trabalho
adotadas, quanto em função das metodologias utilizadas durantes seus respectivos
desenvolvimentos. Neste trabalho optou-se por adotar a classificação do Recorte da Folha
ao Milionésimo SF.22, na qual a área de estudo intercepta as Chapadas de Uberlândia-

164
Araguari e o Planalto do Triângulo Mineiro. O que as uniformiza, no entanto, é o predomínio
de feições associadas a formas tabulares, associadas aos Planaltos da Bacia do Paraná. A
distribuição espacial das unidades identificadas está apresentada no Anexo 16.

Esta unidade é caracterizada pela baixa variação na declividade, que se


apresenta inferior a 12 %, e pela ocorrência de topos amplos e com feições tabulares. Este
compartimento corresponde a uma superfície denudacional plana com formas tabulares
a convexas amplas. Tem como processo principal na remoção dos detritos o escoamento
superficial pluvial laminar e difuso, agindo assim de forma menos intensa quando
comparado aos relevos dissecados. O relevo dessa área é predominantemente esculpido
em formas tabulares amplas, apresentando escarpas com desníveis superiores a 150 m.

Conforme a classificação de Baccaro (1991) esta área foi denominada de Áreas


Elevadas de Cimeira com topos planos, amplos e largos, entre 950 e 1050 m de altitude,
marcada pela baixa densidade e ramificação da drenagem. As vertentes, sustentadas
por arenitos do Grupo Bauru (predominantemente recobertos por sedimentos cenozoicos),
são de baixa declividade, apresentando-se em formas retilíneas, côncavas ou convexas
(FERREIRA et al, 2007).

Em continuidade aos trabalhos de Baccaro, FERREIRA (2001) denominou a área de


Planalto Tabular, aplicando a linha taxonômica de classificação de relevo proposta por
Ross (1992). Os níveis altimétricos mais elevados deste modelado estão assentados
diretamente sobre arenitos cretáceos da Formação Marília e Formação Rio do Peixe, que
repousando sobre os derrames basálticos da Formação Serra Geral, constituindo
patamares em cotas em torno 800m.

Verifica-se a presença de extensas rampas coluvionares que transgridem do


contato do arenito com o basalto, marcando transições suaves. Estas rampas constituem
extensos depósitos que foram constituídos pelo retrabalhamento da superfície sul
americana no fim do Terciário e início do Cretáceo.

As formas de relevo configuram-se como modelados suavemente ondulados com


declividades de 1 à 10% onde o entalhamento dos vales é de fraco à médio e a dimensão
interfluvial é de grande à média. Esse modelado abrange áreas das nascentes e médio-
curso dos principais afluentes do Uberabinha e Tijuco.

Nos amplos interflúvios os vales são rasos, circundados por campos úmidos, onde
ocorrem os solos hidromórficos. Cabe ainda destacar que, em áreas depressionais de topo
ainda podem ser encontradas lagoas, hoje em processo de ressecamento, conectadas
ou não à rede de drenagem.
165
Os cursos d’água apresentam baixo gradiente e correm sobre as rochas
sedimentares. Em algumas situações, como no caso do baixo curso do rio das Pedras e do
ribeirão Babilônia, os canais já apresentam algum aprofundamento, cortando o pacote
de solos hidromórficos e originando barrancas sujeitas a desmoronamento.

Formas de Relevo na AID/ADA

Com base na interpretação de modelo digital de elevação do terreno (NASA –SRTM


- Shuttle Radar Topographic Mission), imagens de satélite, curvas de nível e cartas de
declividades, foram estabelecidos os tipos de relevo na AID/ADA. Esses estudos foram
completados com trabalhos de campo realizado durante o mês de setembro de 2018.

A abordagem metodológica utilizada integra as propostas de Pires Neto (1992),


Demek (1967), ou ainda dos padrões de formas semelhantes propostos por Ross (1992).

Segundo a abordagem utilizada o relevo foi caracterizado com base nos critérios
de amplitude das formas de relevo, comprimento da vertente em planta e a inclinação
das encostas, conforme detalhado a seguir:

 A amplitude (h) refere-se altura da feição do relevo, ou seja, a diferença de altitude


entre o topo da saliência e o fundo da reentrância contígua, que é obtida pela
diferença entre a cota do topo e a cota do fundo do vale;

 O comprimento de rampa ou da vertente (l) é a distância entre a linha do divisor


de águas e a linha de talvegue (canal), traçada em planta, perpendicularmente
às curvas de nível que definem a forma de relevo;

 A inclinação (d) ou gradiente refere-se à relação entre a amplitude e o


comprimento de rampa, que pode é expressa em porcentagem. Onde: inclinação
(d) = h / l.

Identificou-se AID/ADA a ocorrência de colinas amplas e médias e feições


associadas aos canais fluviais.

As formas de colinas amplas e médias caracterizam-se pelos topos subnivelados,


vales de baixa amplitude e pouco encaixados. Essas formas têm sua origem associada à
dissecação da superfície de aplanamento que ocorrem nas altitudes regionais mais
elevadas (superfície de cimeira).

As formas de colinas amplas apresentam amplitude de 10 a 20 m e encostas com


inclinação de 0 a 2 % e setores com 2 a 8% de inclinação. Esse relevo de baixa energia e

166
declividade das encostas apresenta processos de erosão laminar e em sulcos ocasionais
de baixa a média intensidade.

Na AID/ADA essas formas são sustentadas por sedimentos característicos da


Formação Marília, já descritos neste documento (ver seção de geologia), e ocorrem nas
superfícies mais elevadas da propriedade.

Já nas áreas menos elevadas, ao longo das drenagens, observa-se as formas de


relevo em colinas pequenas associadas à dissecação fluvial dos afluentes do rio das
Pedras e ribeirão Babilônia.

As amplitudes variam entre 10 a 20 metros podendo chegar a 50 metros nas áreas


mais dissecadas. Em função da condicionante litológica, as colinas podem apresentar
topos convexos, com vertentes retilíneas. Os vales são erosivos, medianamente encaixados
e com planícies fluviais estreitas e descontínuas. A drenagem é de média a baixa
densidade nestas áreas.

Nas planícies fluviais, verifica-se a presença de por areias finas e grossas, associadas
à presença de argila cinza clara com camadas de seixos arredondados e
subarredondados de quartzo e, por vezes, de arenitos laterizados.

Constituem terrenos planos e deposicionais localizados ao longo dos afluentes do


rio das Pedras e que estão sujeitas ou não à inundação sazonal. A caracterização e
delimitação do tipo de relevo Planície Fluvial é feita em função da dificuldade de
individualização de suas formas constituintes, que geralmente ocorrem associadas e com
pequenas diferenças altimétricas, ou ainda pelas restrições inerentes à escala de
mapeamento e apresentação.

As declividades médias são inferiores a 2%, sendo constituídas, predominantemente


por sedimentos aluviais, incluindo areia fina e grossa, argilas e cascalhos. Ocorrem ainda
solos hidromórficos de forma generalizada.

A morfodinâmica está associada a ao desmoronamento e solapamento lateral,


escoamento linear e inundações periódicas. Deposição de finos e matéria orgânica por
decantação durante as cheias. A erosão laminar e em sulco são ocasionais e de baixa
intensidade.

No Quadro 16 e Quadro 17 estão sintetizadas a morfometria e as características


gerais das formas de relevo identificadas na AID/ADA.

167
Quadro 16: Características gerais dos relevos de colinas médias e amplas.

Colinas médias e amplas


Relevo Amplitude 10 a 50 m
Inclinação: 2 a 8% e setores 8 a 15% e
< 2%
Substrato Arenitos da Formação Marília, da Formação Vale do Rio do Peixe e Sedimentos
Rochoso e clásticos e laterítico ferruginosos inconsolidados, de espessura geralmente superior a 5
metros, de coloração em diferentes matizes de vermelho.
Cobertura
Detrítica
Solos Latossolos Vermelhos Distróficos
Dinâmica Erosão laminar e em sulcos ocasionais a frequentes e de baixa intensidade.
Superficial e Susceptibilidade à Erosão Ligeira nos Latossolos.
Fragilidades Baixa aderência dos solos superficiais argilosos.
Sensibilidade BAIXA
Geoambiental Terrenos pouco sensíveis à interferência

Quadro 17: Características gerais das planícies fluviais.

Planícies fluviais
Relevo (Pf)
Inclinação: < 2%

Substrato Areia média a grossa, com intercalações de cascalho e blocos


Rochoso e angulosos e subangulosos de quartzo e quartzito, e,
subordinadamente, areia argilosa, argila e matéria orgânica em
Cobertura
planícies de inundação e canais fluviais.
Detrítica
NEOSSOLO FLUVICO + GLEISSOLO MELÂNICO - não mapeados na
Solos
escala de trabalho adotada
Inundações periódicas nas planícies e permanentes nos alagadiços.
Deposição de finos e matéria orgânica por decantação durante as
cheias e de areias e seixos por acréscimo lateral.
Erosão lateral e vertical do canal.
Dinâmica Enchentes sazonais.
Superficial e Presença de áreas alagadiças, freático elevado e solos moles.
Fragilidades Risco de contaminação do lençol freático.
Áreas favoráveis ao assoreamento.
Erosão lateral e vertical do canal e das margens.
Recalque de fundações.
Danificação das redes subterrâneas por recalque.
Sensibilidade ALTA
Geoambiental Devido ao risco de inundação, contaminação e assoreamento

30.4. Pedologia

Para a caracterização dos solos na área de estudo foram adotados como


referências o Mapa de Solos do Brasil, na escala 1:5.000.000 (IBGE/EMBRAPA, 2001) e Mapa
de Solos do Estado de Minas Gerais na escala 1:650.000 (UFV, 2010). Foi utilizado o Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS - Embrapa, 2013).

168
Amostras de solo foram coletadas na AID/ADA e analisadas em laboratório. Os
resultados são apresentados no Anexo 17 deste EIA, conforme preconizado no Termo de
Referência da SEMAD/MG.

Na área de estudo estão presentes as seguintes tipologias de solos, conforme


apresentado na Tabela 12 e Anexo 18.

Tabela 12: Classes de solo presentes na área de estudo.

LATOSSOLO VERMELHO distrófico típico A moderado textura média; fase


LVd1
floresta subcaducifólia, relevo plano e suave ondulado.
LATOSSOLO VERMELHO distrófico típico A moderado textura argilosa +
LVd6 ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico típico A moderado textura
média/argilosa; ambos fase cerrado, relevo plano e suave ondulado.
LATOSSOLO VERMELHO distroférrico típico A moderado textura argilosa +
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO eutrófico típico A moderado textura
média/argilosa + CAMBISSOLO HÁPLICO eutrófico típico A
LVdf2
chernozêmico textura média/argilosa, fase pedregosa; todos fase
cerrado e floresta caducifólia, relevo plano e suave ondulado e
ondulado.
CAMBISSOLO HÁPLICO eutrófico típico A fraco/moderado textura
argilosa, pedregoso/não pedregoso + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO
CXbe8 eutrófico típico A moderado textura argilosa + NEOSSOLO LITÓLICO
eutrófico típico A fraco, pedregoso/não pedregoso; todos fase floresta
caducifólia, relevo suave ondulado e forte ondulado.
Fonte: UFV, 2010.

A seguir, descrevem-se as classes de solos identificadas na área de estudo.

Latossolos

Compreendem solos minerais e não hidromórficos com horizonte B latossólico. Têm


grande homogeneidade de características ao longo do perfil, mineralogia da fração
argila predominantemente caulinítica ou caulinítica-oxídica, que se reflete em valores de
relação Ki baixos, inferiores a 2,2, e praticamente ausência de minerais primários e
secundários pouco resistentes ao intemperismo. Diferenciam-se principalmente pela
coloração e teores de óxidos de ferro que determinaram a sua separação em quatro
classes distintas ao nível de subordem (EMBRAPA, 2006). Em geral, apresentam
capacidade de troca de cátions da fração argila baixa (<17cmolc/kg).

Correspondem a solos profundos a moderadamente profundos, porosos e com boa


drenagem, o que resulta em menor suscetibilidade à erosão devido à textura uniforme ao
longo do perfil. Por outro lado, a textura média confere macroporos preponderantes e
rápida permeabilidade que, somados à baixa capacidade adsortiva podem elevar as

169
possibilidades de contaminação de aqüíferos, apesar da grande espessura (OLIVEIRA,
1999).

Em geral, são solos com boas condições físicas que ocorrem em terrenos planos ou
suavemente ondulados. A principal limitação ao uso desses solos se deve à sua acidez e
baixa fertilidade, que é mais acentuada nos solos de textura média, os quais também são
mais susceptíveis à erosão.

Na área de estudo predominam os latossolos vermelhos distróficos que se


desenvolvem em áreas de relevo plano, com presença de colinas médias e amplas. Esses
solos ocorrem de forma generalizada tanto na bacia do rio das Pedras quanto na do
ribeirão Babilônia. Latossolos vermelhos distroférricos somente são encontrados no médio
curso do rio das Pedras, quando da ocorrência de basaltos da Formação Serra Geral.

São também encontrados latossolos distróficos vermelhos, que constituem solos de


coloração vermelha, geralmente com grande profundidade, homogêneos, de boa
drenagem e quase sempre com baixa fertilidade natural, necessitando de correções
químicas para aproveitamento agrícola (EMBRAPA, 2006). Ocorrem no alto curso dos
afluentes do Babilônia, na região de contato entre os arenitos da Formação Marília e os
arenitos da Formação Vale do Rio do Peixe.

Argissolos

Constituem solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B textural


imediatamente abaixo de horizonte A ou E, o que possibilita uma distinta individualização
dos horizontes. São solos profundos a pouco profundos, porosos e com boa até imperfeita
drenagem. A textura no horizonte A é variável predominando a arenosa, sendo média ou
argilosa no horizonte B. Este gradiente textural conduz à maior suscetibilidade ao processo
erosivo, constituindo a sua principal limitação.

Maior relação textural entre os horizontes B e E ou A ocorrem nos Argissolos


Vermelho-Amarelos, quando comparados aos Argissolos Vermelhos, sendo os primeiros,
portanto, mais suscetíveis à erosão. Quando a mudança textural é abrupta a erodibilidade
é exacerbada (OLIVEIRA, 1999). São solos com grande diversidade de características e
que ocorrem em diferentes relevos de modo que não se podem generalizar suas
qualidades e limitações para o uso agrícola.

De modo geral são solos muito susceptíveis à erosão, que quando associados a
terrenos mais ondulados e à presença de cascalhos, não são recomendáveis para a

170
agricultura, prestando-se para pastagem e reflorestamento e, no caso de terrenos muito
inclinados, para preservação da flora e da fauna. Em terrenos mais suaves podem ser
usados para diversas culturas, devendo, no entanto, ser feita correção de acidez e
adubação, bem como práticas de conservação de solos devido à sua susceptibilidade à
erosão.

Os argissolos ocorrem em associação com o latossolos, apresentando texturas


médias ou argilosas, de coloração vermelho amarelo.

Cambissolos

Os Cambissolos são solos constituídos por material mineral, com horizonte B


incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial. Comporta solos desde
fortemente até imperfeitamente drenados, de rasos a profundos, de cor bruna ou bruno-
amarelada até vermelho escura, com saturação por bases variada, bem como, de alta a
baixa atividade de argilas. Podem ocorrer com e sem pedregosidade e em diversos
relevos, desde plano até montanhoso.

Apresentam sequência de horizontes A-Bi-C, transições normalmente claras entre os


horizontes e derivados de materiais relacionados a rochas de composição e natureza
bastante variáveis. O comportamento físico do horizonte Bi é muito variado,
principalmente em função da natureza do material originário. A drenagem, por exemplo,
pode variar de acentuada, nos solos de textura média com grau de floculação elevado,
a imperfeita nos solos gleicos, vérticos e/ou solódicos. Com relação ao tipo de horizonte A,
no semi-árido, predomina o do tipo A fraco e A moderado e na zona úmida costeira, o do
tipo A moderado e em poucos casos A proeminente.

Ocorrem de forma restrita na área de estudo, em maior proporção na região da foz


do rio das Pedras junto ao rio Uberabinha. Podem ainda ocorrer em associação com os
latossolos vermelhos distroférricos, em áreas de transição entre as formas suavizadas de
topo plano e áreas de maior inclinação decorrentes da condicionante geológica imposta
pelos basaltos.

171
Neossolos

Compreende solos pouco evoluídos, constituídos por material mineral, ou material


orgânico com menos de 20 cm de espessura, não apresentando qualquer tipo de
horizonte B diagnóstico. Horizontes glei, plíntico, vértico e A chernozêmico, quando
presentes, não ocorrem em condição diagnóstica para as classes Gleissolos, Plintossolos,
Vertissolos e Chernossolos, respectivamente (EMBRAPA, 2006).

Na área de estudo identifica-se a presença de neossolos litólicos que ocorrem em


associação aos cambissolos já no baixo curso do rio das Pedras. Os Neossolos Litólicos são
encontrados em declives acima de 30%. Compreendem solos minerais pouco
desenvolvidos, com profundidades de até 0,50 m. Apresentam sequência de horizontes A
– R ou A – C – R, horizonte superficial A tipo moderado, textura média e argilosa e estrutura
granular. O horizonte subsuperficial C possui textura média ou argilosa com estrutura
refletindo o material de origem.

São solos com horizonte A ou hístico, assentados diretamente sobre a rocha ou sobre
um horizonte C ou Cr ou sobre material com 90% (por volume) ou mais de sua massa
constituída por fragmentos de rocha com diâmetro maior que 2 mm (cascalhos, calhaus
e matacões) que apresentam um contato lítico típico ou fragmentário dentro de 50 cm
da superfície do solo. Admitem um horizonte B em início de formação, cuja espessura não
satisfaz a qualquer tipo de horizonte B diagnóstico.

Gleissolo Melânico

São solos característicos de áreas alagadas ou sujeitas a alagamento como


margens de rios, ilhas ou grandes planícies. Apresentam cores acinzentadas, azuladas ou
esverdeadas, dentro de 50 cm da superfície. Podem ser de alta ou baixa fertilidade natural
e têm nas condições de má drenagem a sua maior limitação de uso. Na Área de Estudo,
o Gleissolo tem característica Melânica, que remete à coloração escura ou negra do solo
devido à incorporação de matéria orgânica (EMBRAPA, 2006).

É encontrado ao longo das planícies fluviais dos afluentes do rio das Pedras e
afluentes do ribeirão Babilônia, particularmente em seus altos cursos. Apesar do não
mapeado nas bases consultadas, esta classe de solo foi identificada durante os trabalhos
de campo.

172
30.5. Clima e Condições Meteorológicas

30.5.1. Considerações Gerais

Para a caracterização climática da Área de Estudo foi realizado um levantamento


acerca do clima em escala regional e feita uma descrição dos principais sistemas de
circulação atmosférica atuantes na região. Foram consultados, dentre outros, os trabalhos
de NIMER (1977), MONTEIRO (1973), SANT’ANA NETO (2009), DEL GROSSI (1992), SÁ JUNIOR
(2009), o Mapa de Climas do Brasil na escala 1:5.000.000 (IBGE, 2002), além do modelo de
classificação climática de Koppen (KOEPPEN, 1948; THORNTHWAITE; MATHER, 1951; ROLIN
et al., 2007, PEEL et. al., 2007). As análises também se pautaram nas informações
disponibilizadas no Zoneamento Ecológico Econômico do Estado de Minas Gerais (2008).

Na sequência foram levantados os dados de estações meteorológicas presentes na


área de estudo e analisados os resultados dos parâmetros coletados. Para tanto, foram
utilizadas as Normais Climatológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 1992) e
consultados o banco de dados do INPE/CPTEC (2011), Agência Nacional de Águas (BRASIL,
2011), AGRITEMPO (BRASIL, 2011), CENSOLAR (1993), bem como o Atlas Brasileiro de Energia
Solar (CRESESB, 2011).

30.5.2. Clima Regional

Com base nos critérios definidos por Koppen (simplificados por Setzer, 1966), o
município de Uberlândia encontra-se em área de transição climática, onde o regime
térmico e de precipitação define as tipologias climáticas regionais. Conforme o
Zoneamento Climático do Estado de Minas Gerais proposto por Sá Júnior (2009) –
apresentado na Figura 29 – a área de estudo encontra-se sob o domínio de dois subtipos
climáticos, descritos a seguir:

 Cwa – Clima subtropical quente com inverno seco. Predomina na maior parte da
bacia, à exceção do extremo norte e extremo sul da mesma. Este tipo de clima é
caracterizado por temperaturas inferiores a 18 ºC no mês mais frio e superiores a 22
ºC no mês mais quente. No mês mais seco, é usual a ocorrência de totais
pluviométricos inferiores a 30 mm;

 Aw – Clima tropical com inverno seco. Neste tipo de clima, a temperatura média
do mês mais frio é igual ou superior a 18 ºC e a temperatura média do mês mais
quente é sempre igual ou superior a 22 ºC. Em relação à distribuição das chuvas,

173
observa-se invernos secos, quando as precipitações não ultrapassam os 60 mm
médios mensais no mês mais seco.

Figura 29: Classificação climática de Koppen para o Estado de Minas Gerais.

Município de
Uberlândia

Fonte: SÁ JÚNIOR, 2009.

De acordo com a classificação climática do IBGE (2005), que leva em consideração


o regime de precipitações, a área em questão está sob o domínio de climas úmidos e
semiúmidos, que se diferenciam, sobretudo, em relação ao regime térmico. Observa-se a
atuação do clima Quente semiúmido, com 4 a 5 meses secos e com temperatura superior
a 18 ºC em todos os meses do ano. Nessas áreas o inverno é ameno e a sensação de frio
somente se verifica em forma de ondas espasmódicas por ocasião das invasões do
anticiclone polar.

Outro tipo de clima atuante é o Subquente semiúmido, também com 4 a 5 meses


secos, porém com temperatura média entre 15 e 18 ºC em pelo menos 1 mês do ano.
Neste tipo de clima, a menor frequência de temperaturas elevadas no verão e
temperaturas mais amenas no inverno deve-se, principalmente, à influência da altitude.

De acordo com a classificação de Thornthwaite e Mather (1955), apresentada na


Figura 30, o município de Uberlândia encontra-se em área de transição entre o domínio
do subtipo climático B2, onde as médias anuais da temperatura e da precipitação

174
acumulada são da são da ordem de 19,0 a 20 ºC e 1500 a 1600 mm, respectivamente. Por
sua vez a evapotranspiração potencial segue valores relativamente mais baixos, com
deficiência hídrica anual no solo agrícola da ordem de 87 mm (DANTAS et all, 2001).

Destaca-se, porém, que na região em estudo estas condições climáticas já possuem


características marcantes de desenvolvimento socioeconômico devido à melhoria das
condições naturais autossustentáveis, ao exemplo das áreas com agricultura tecnificada
observada na região em estudo.

Figura 30: Classificação climática do Estado de Minas Gerais segundo Thornthwaite e Mather.

Fonte: DANTAS et al, 2001.

De maneira geral, o que particulariza as diferenciações climáticas na região de


Uberlândia é a amplitude altimétrica, que atua como um fator de abrandamento do
caráter tropical do clima. Conforme diversos estudos clássicos da geografia física brasileira
(AB’SABER, 1967; NIMER, 1979; MONTEIRO, 1973; CONTI, 1975; SANT’ANA NETO, 2009),
nenhuma outra região do Brasil sofre influência tão nítida deste fator estático, que
comanda a distribuição espacial das temperaturas e das precipitações.

No entanto, apesar da grande influência deste fator estático sobre o clima da


região, além da sua localização tropical, apenas estes fatores não permitem uma maior

175
compreensão do clima da região. Portanto, a seguir são descritos sucintamente os
principais sistemas de circulação atmosférica.

30.5.3. Circulação Atmosférica

Para a caracterização sinótica do clima na região de Uberlândia foram


considerados os principais sistemas de circulação atmosférica que, por sua atuação
direta, exercem um importante papel na variação das composições climáticas do estado
de Minas Gerais, e da região Sudeste de forma geral, tanto no tempo como no espaço.

Em relação aos principais parâmetros de larga escala que comandam o regime


climático diário e sazonal, destacam-se os sistemas de alta pressão e os sistemas de frentes,
que se alternam ao longo do ano ocasionando as linhas de instabilidade (chuvas) e as
condições de alta pressão (tempo bom).

O primeiro aspecto a destacar é que o clima regional é marcado pela nitidez de


estações secas e úmidas. Isto se deve aos sistemas de circulação atmosférica que
determinam os tipos habituais que se expressam pelo domínio de massas de ar. Assim, a
sazonalidade marcante das precipitações se deve a influência das massas tropicais e
polares. Na Figura 31 apresenta-se o comportamento habitual das massas de ar na
América do Sul.

Figura 31: Comportamento habitual dos sistemas atmosféricos na América do Sul.

Ea:Equatorial Atlântico, Ec: Equatorial Continental, Ta: Tropical Atlântico, Tc: Tropical Continental,
Pa: Polar Atlântico, Ep: Equatorial Pacífico, Tp: Tropical Pacífico, Pp: Polar Pacífico.

Fonte: SANT´ANA NETO (2009)

176
Durante o inverno na região do Triângulo Mineiro, o tempo é estável, o céu é limpo,
com acentuado aquecimento diurno por insolação, e resfriamento noturno com ausência
de chuvas. É quando domina na região a massa Tropical atlântica (mTa), que juntamente
com a massa Polar atlântica (mPa), lidera a circulação atmosférica nessa época do ano.
A mTa, ao atingir o continente, nessa época resfriado, sofre também resfriamento basal,
tendendo a estabilizar-se. Parte de sua umidade é condensada por efeito orográfico,
ocorrendo precipitações no litoral e chegando ao interior já bem mais seca.

Por outro lado, as precipitações produzidas no avanço da massa polar são também
mais abundantes nas proximidades do litoral, no contato mais direto com a mTa. Assim,
durante o inverno, os índices pluviométricos são advindos apenas da frente polar. Como a
região de Uberlândia fica a maior parte do tempo, nesse período, sob o domínio da mTa
prevalecem as condições de estabilidade. Podem ocorrer, no entanto, precipitações
ocasionais de origem frontal durante os avanços esporádicos da mPa.

No verão, também se observa o domínio da mTa, pois com o aquecimento do


continente, enfraquece-se o abastecimento do ar polar. Esse aquecimento provoca
instabilidade na mTa que se reproduz em precipitações. Mesmo nesta estação, as chuvas
da mTa matem íntima conexão com os fenômenos da frente polar, especialmente em
decorrência da sua instabilidade pré-frontal. As ondas de frio, nesse período, são fracas e
não atingem a região que, no entanto, é atingida por ondas de calor vindas do Noroeste,
provocadas pelas linhas de instabilidade tropicais que ocasionam fortes aguaceiros,
sobretudo convectivos.

Assim constata-se, como demonstrou Monteiro (1969), que o mecanismo de


circulação durante o ano surge sob as mesmas bases, não existindo, na verdade, uma
inversão de circulação. As diferentes condições do tempo, notadamente entre o verão e
inverno, decorrem das modificações que as massas de ar apresentam em suas fontes e
também pelas modificações impostas durante os seus deslocamentos.

Em síntese, pode-se concluir que as condições de tempo e a típica sazonalidade


climática na região do Triângulo Mineiro, decorre da atuação dos seguintes fenômenos
sinóticos:

Sistemas de alta pressão: também chamados de anticiclones, são responsáveis por


estabilizar a atmosfera e estão associados às massas de ar Subtropical Atlântica. Portanto,
são denominados sobre a latitude da área em questão, de Anticiclones Subtropical
Marítimo do Atlântico Sul. Ao girarem no sentido anti-horário, divergem o ar do centro para
as suas bordas. Este sistema produz estabilidade do tempo, provocando aumento das

177
temperaturas e diminuição da umidade pelo efeito adiabático ao longo de sua trajetória.
Em função da rugosidade do terreno, este sistema deixa parte de sua umidade a cada
vertente a barlavento, e ao transpô-las provoca ressecamento adiabático nas vertentes a
sotavento, além de aquecimento nos vales encaixados (SANT’ANA NETO, 2009).

Possuem raio médio horizontal de 1.000 km conforme a época do ano. Ao se


deslocarem um pouco para o continente em fins de outono e nos meses de inverno,
promovem a ocorrência de tempo seco sobre a região. Tem orientação SE-NW,
deslocando-se de sudeste para nordeste ou leste. Essas invasões ocorrem por todo o ano,
sendo mais frequentes e extensas no inverno, onde os anticiclones polares penetram no
continente sul americano, atingindo as cinco regiões brasileiras. A região sudeste é
totalmente atingida pela Frente Polar.

Sistemas de frentes: estão associados às áreas de baixa pressão, formadas a partir do


encontro da Massa Polar Atlântica e do ar úmido e quente do Brasil Central. Das Correntes
Perturbadas, as que atuam mais diretamente sobre o território do Triângulo Mineiro são as
Correntes Perturbadas de Oeste e Sul. As Correntes Perturbadas de Oeste correspondem
às Linhas de Instabilidade Tropical (LIT) ou Instabilidades Tropicais (IT), originadas na Massa
Equatorial Continental. Ocorrem no interior do Brasil entre meados da primavera a meados
do outono, sendo mais frequentes no verão. Provocam chuvas intensas, localizadas,
acompanhadas de trovoadas e algumas vezes granizo, conhecidas como chuvas de
verão.

Estes sistemas de baixas pressões giram no sentido horário, convergindo o ar quente


e úmido para o seu centro e com isso aumentam a nebulosidade e intensificam a
velocidade do vento. Possuem um raio médio horizontal em torno de 600 km. Tem a sua
maior frequência de atuação durante a primavera e no verão. Esta condição acontece
porque o núcleo do anticiclone se desloca para superfície oceânica, permitindo o avanço
da massa de ar equatorial quente e úmida responsável pelas frequentes ocorrências de
precipitações do tipo convectiva. O mês de dezembro é o que representa maior número
de passagens deste tipo de frente, responsável pela ocorrência dos tempos instáveis.

Além dos sistemas atmosféricos da baixa troposfera, a ZCAS (Zona de Convergência


do Atlântico Sul) alimenta e intensifica a perturbação frontal, notadamente nos estados
de São Paulo e Minas Gerais. Atuam também na região as linhas de instabilidade do ar
tropical e os Complexos Convectivos de Meso-escala (SANT’ANA NETO, 2009).

178
Em síntese, no período de primavera/verão, o anticiclone migratório polar é
responsável pelo avanço das frentes frias que atuam na região, por mecanismos de
circulação superior do ar e pelo deslocamento do equador térmico para o hemisfério
norte. No outono/inverno, os bloqueios das frentes tornam-se mais frágeis e o anticiclone
polar avança para latitudes mais baixas, deixando terreno para a evolução da massa
polar, que traz episódios de temperaturas mais amenas.

30.5.4. Parâmetros Meteorológicos

Os dados históricos utilizados no presente diagnóstico são aqueles coletados na


Estação Climatológica do Laboratório de Climatologia e Recursos Hídricos da Universidade
Federal de Uberlândia, operada em parceria com o INMET. Os dados compreendem o
período entre 1981-2003 e são relativos às médias mensais. Os dados da estação
climatológica supracitada encontram-se apresentados na Tabela 13. Estes dados foram
assumidos como representativos do comportamento do regime climático dominante na
região de estudo.

Tabela 13: Dados relativos à Estação Climatológica A507 – Uberlândia/MG.

Estação Uberlândia
Código A507
Latitude 18.91S
Longitude 48.25W
Responsável INMET/UFU
Operadora INMET/UFU
Altitude 869,00 m
Precipitação, Umidade Relativa e Temperatura do
Parâmetros Utilizados
Ar
Fonte: INMET (2014).

 Precipitação

A distribuição da precipitação, assim como de outros elementos climáticos, é


bastante irregular junto à superfície terrestre. Isso se deve, em princípio, à existência de
alguns fenômenos que tendem a modificar a normalidade de ocorrência da precipitação
e consequentemente dos períodos de estiagem. Na região Sudeste, a irregularidade da
precipitação está diretamente relacionada com o deslocamento de sistemas circulatórios
de escala sinótica, associados à formação de linhas de instabilidades locais,
principalmente no Verão devido à oscilação da Zona de Convergência do Atlântico Sul,
ZCAS. Da mesma, forma a altitude imprime a influência do fator estático na distribuição

179
das chuvas, que compreendem o elemento climático de maior importância na definição
do clima regional.

Nota-se, fundamentalmente, que tal distribuição implica em duas estações bem


definidas: verões chuvosos e períodos de estiagem no inverno. Quanto à época dos
mínimos, ela se dá de maio a setembro, relacionando-se à ausência quase completa de
chuvas de IT, ficando a região na dependência quase que exclusiva das instabilidades
frontais representadas pelas correntes perturbadas de sul. Por outro lado, observa-se que
o trimestre dezembro-janeiro-fevereiro representam os meses mais chuvosos, quando as
precipitações ultrapassam facilmente os 170 mm mensais.

Cabe destacar, no entanto, que o mecanismo atmosférico na região de


Uberlândia, e na região tropical de forma geral, se caracteriza por sua notável
irregularidade, podendo apresentar comportamento bem distintos de um ano para o
outro. Disto resulta que as precipitações em cada ano estão, consequentemente, sujeitas
a totais bem distintos, podendo se afastar grandemente dos valores normais (NIMER, 1979).

Na Tabela 14 é ilustrada a distribuição anual das precipitações médias no município


de Uberlândia. Dado as características citadas, verifica-se que o mês de dezembro é o
mais chuvoso: 318,9 mm. Ademais, observam-se totais elevados em outubro, novembro,
janeiro, fevereiro e março, quando as alturas médias são sempre superiores a 200 mm.

Em relação ao período seco, observam-se os menores valores entre maio e


setembro, sendo as precipitações médias inferiores a 60 mm. Junho, julho e agosto são os
meses mais secos (precipitações médias <30 mm), refletindo a atuação do Anticiclone
Tropical Semifixo do Atlântico Sul que caracteriza o subtipo climático “w” já descrito neste
estudo.

No que diz respeito às médias anuais, verifica-se que na estação climatológica em


análise alturas médias de 1.583 mm, em acordo com as Normais Climatológicas do INMET
(1992).

Em síntese, confirmar-se a sazonalidade climática típica da região, fato explicado


tanto por fatores estáticos, como a posição geográfica e a altitude, quanto por fatores
dinâmicos associados à atuação dos sistemas de circulação atmosférica.

Tabela 14: Precipitação média mensal (mm). Uberlândia (A507) 1981-2003.

Meses do ano Precipitação média (mm)


Jan 311,6
Fev 201,0
Mar 228,2
Abr 78,7
Mai 39,7
180
Jun 15,3
Jul 8,7
Ago 15,5
Set 52,6
Out 110,4
Nov 203,0
Dez 318,9
Total médio anual 1.583,6
Fonte: INMET, 2014.

 Temperatura

A temperatura do ar se constitui na capacidade de um corpo em receber ou


transmitir calor. Trata-se de um parâmetro termodinâmico (uma função de estado) que
representa o grau de equilíbrio da atmosfera e indica a variação da energia cinética das
moléculas do ar durante a sensação de frio e quente. Portanto, é um parâmetro de
interesse para os estudos de meio ambiente.

As temperaturas mais elevadas, em geral, estão associadas à formação de


movimentos verticais ascendentes na troposfera (ocorrências de chuvas e tempestades)
e, ao contrário, as baixas temperaturas são indicadoras de movimentos verticais
descendentes que inibem a velocidade horizontal do vento, sendo um indicador de
condição menos favorável à dissipação de calor, caracterizando uma condição de
atmosfera estável sujeita a períodos prolongados de estiagens (AYOADE, 1996).

Em relação às temperaturas no estado de Minas Gerais, enfatiza-se que as


diferenças térmicas regionais, assim como as pluviométricas, são extremamente
diversificadas. A extensão latitudinal associada às altitudes elevadas do relevo exercem
importante papel na distribuição das temperaturas médias anuais. A variação térmica
implica temperaturas mais elevadas entre os meses de setembro a dezembro, quando os
valores médios se elevam entre 26 e 28 ºC, e temperaturas mais amenas entre junho, julho
e agosto, quando estas aproximam-se dos 14 ºC médios no sul de Minas (INMET, 1992;
NIMER, 1977).

A distribuição temporal das temperaturas médias, máximas e mínimas é


apresentada na Tabela 15. A média térmica mensal é de 22,3 ºC. De forma geral,
verificam-se valores mais elevados entre outubro e março,; porém o mês mais quente é o
de outubro com média de 23,9 ºC, sendo as médias máximas de 30,7 ºC. Junho e julho são
os meses mais frios, quando os valores mínimos médios apresentaram-se na faixa dos 14 ºC.

De forma geral, verifica-se que as médias do ano exprimem bem a predominância


de temperaturas medianas a elevadas durante quase todo o ano. Entretanto, observa-se

181
mais comumente que estas são mais predominantes entre a primavera e o verão, quando
a incidência dos raios solares se verifica em ângulos maiores e em períodos mais
prolongados. Por outro lado, no restante dos meses do ano, principalmente entre maio e
agosto, as temperaturas são mais amenas em função de diversos fatores, os quais
destacam-se a maior inclinação dos raios solares em função dos solstício de inverno,
redução da intensidade da radiação solar incidente nesta época do ano e avanços mais
rigorosos das massas de ar frio de origem polar.

Tabela 15: Temperatura média mensal, máxima média mensal e mínima média mensal (ºC).
Uberlândia (A507) 1981-2003.

Meses do ano Média Máxima média Mínima média


Jan 23,4 29,2 19,6
Fev 23,7 29,9 19,5
Mar 23,5 29,5 19,4
Abr 22,,8 29,2 18,3
Mai 20,7 27,5 15,8
Jun 19,3 26,7 14,3
Jul 19,4 27,0 14,0
Ago 21,1 29,0 15,3
Set 22,8 30,1 17,3
Out 23,9 30,7 18,9
Nov 23,6 29,8 19,3
Dez 23,5 29,1 19,4
Média mensal 22,3 28,9 17,5
Fonte: INMET, 2014.

 Umidade relativa do ar

A umidade relativa do ar define-se como a relação percentual entre a quantidade


de ar úmido presente em um dado volume de ar e a quantidade que esse volume poderia
conter se estivesse saturado. É um parâmetro variável, sendo que sua concentração
depende de diversos fatores, como a continentalidade, altitude e latitude.

A distribuição anual dos valores da umidade relativa do ar em Uberlândia é


apresentada na Tabela 16. Da mesma forma que ocorre com os totais pluviométricos, a
distribuição da umidade relativa do ar caracteriza-se pelos valores elevados durante o
verão, e que decrescem durante os meses do outono inverno em função da ausência de
chuvas nesses período. Conforme os dados históricos do INMET (1992) a umidade relativa
do ar média na região varia entre 70 e 75% durante o ano, valores estes condizentes com
aqueles registrados em Uberlândia (70,5%).

De forma semelhante à distribuição dos totais pluviométricos, os meses de maior


umidade compreendem o período entre dezembro e março, com pico no mês de janeiro
(80%). O mês de agosto é o mais seco, quando observou-se valores médios de 58%.
182
Os meses mais úmidos estão associados à atuação dos sistemas de correntes
perturbadas que ocasionam chuvas, enquanto os meses mais secos relacionam-se à
atuação dos sistemas de alta pressão responsáveis por estabilizar a atmosfera nestas
regiões do Brasil central. De toda forma, e como já descrito anteriormente, são comuns
desvios anuais em relação às normais, e períodos críticos de úmidade já foram observados
na região, quando os valores absolutos da umidade relativa do ar permanecem abaixo
dos 30% no fim da estação seca (agosto/setembro).

Dentre os motivos que explicam os valores não tão elevados da umidade do ar,
quando comparados com outras localidades do estado, destacam-se a posição
latitudinal com intensa radiação solar e o efeito de continentalidade, que diminui
consideravelmente a influência das massas úmidas durante os meses de inverno.

Tabela 16: Umidade relativa do Ar. Médias mensais (%). Uberlândia (A507) 1981-2003.

Meses do ano Umidade relativa do ar (%)


Jan 80
Fev 77
Mar 79
Abr 73
Mai 71
Jun 68
Jul 62
Ago 58
Set 61
Out 66
Nov 73
Dez 79
Média mensal 70,5
Fonte: INMET, 2014.

 Nível ceráunico

O nível ceráunico mede a quantidade de descargas atmosféricas em uma


determinada área, avaliada a partir do número de dias de tempestades por ano em uma
região.

Em linhas gerais a formação de uma descarga atmosférica acontece quando


existem nuvens intensamente carregadas (tempestades), e massa de ar úmida, com carga
negativa em parte inferior, que cria uma descarga piloto em direção a terra. Em
contrapartida um caminho ionizado inicia-se da terra em direção a nuvem e vai se
desenvolvendo até encontrar a descarga piloto. Neste momento, forma-se um caminho
completo que dá origem a primeira descarga (líder) possibilitando então a corrente de
retorno (terra para a nuvem) de maior intensidade.

183
Devido à densidade de descargas atmosféricas para a terra ser expressa pelo
número de raios por quilômetro quadrado, o valor dessa densidade, para uma dada
região, é função direta do número de dias de trovoadas por ano (Nível Ceráunico).

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através do Grupo de Eletricidade


Atmosférica (ELAT), monitora as descargas elétricas na região Centro Sul, incluindo a região
de Uberlândia. De acordo com dados disponibilizados pelo referido Instituto, a quantidade
de raios no município de Uberlândia no ano de 2013 foi de 7,08 descargas/km²/ano, para
uma área de 4.130 km².

 Balanço hídrico

Levando-se em conta os parâmetros meteorológicos apresentados e as respectivas


distribuições ao longo do ano, tem-se o balanço hídrico climatológico para a região de
Uberlândia. Foi utilizada a proposta metodológica de Thornthwaite e Mather (1955) e a
Capacidade de Água Disponível Padrão (CAD) de 125 mm (ROLIN et al., 2007). Os
resultados são apresentados na Figura 32.

Figura 32: Balanço hídrico climatológico para a localidade de Uberlândia (CAD 125 mm).

Extrato do Balanço Hídrico Mensal


250

200

150

100
mm

50

-50

-100
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

DEF(-1) EXC

O balanço hídrico climatológico, desenvolvido por Thornthwaite e Mather (1951) é


uma das várias maneiras de se monitorar a variação do armazenamento de água no solo.
Através da contabilização do suprimento natural de água ao solo, pela chuva (P), e da

184
demanda atmosférica, pela evapotranspiração potencial (ETP), e com um nível máximo
de armazenamento ou capacidade de água disponível (CAD) apropriada ao estudo em
questão, o balanço hídrico fornece estimativas da evapotranspiração real (ETR), da
deficiência hídrica (DEF), do excedente hídrico (EXC) e do armazenamento de água no
solo (ARM), podendo ser elaborado desde a escala diária até a mensal (ROLLIN;
SENTELHAS, 1999).

De forma geral, o período de deficiência hídrica na localidade em estudo é


compatível com a distribuição dos totais pluviométricos e atuação dos sistemas de
circulação atmosférica ao longo do ano. Em Uberlândia, o período de deficiência hídrica
é observado entre abril e setembro, sendo outubro e novembro meses de reposição. O
pico de deficiência hídrica ocorre em agosto (41,1 mm).

Os meses de dezembro (198,4 mm) e janeiro (199,8 mm) são os que apresentam os
maiores excedentes.

Em síntese, apresenta-se na Figura 33 e o climograma representativo do


comportamento térmico e pluviométrico na cidade de Uberlândia.

Figura 33: Climograma da cidade de Uberlândia.

Fonte: INMET (2014); Queiroz (2009).

185
30.6. Recursos Hídricos Superficiais

Para a caracterização regional dos recursos hídricos foram utilizadas informações e


dados disponibilizados pela Agência Nacional de Águas – ANA - (BRASIL/ANA, 2017), nos
Cadernos Regionais que subsidiaram a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos
(BRASIL/MMA/SRH, 2006, 2006a), bem como nos relatórios técnicos produzidos pelo Comitê
da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba (BRASIL/ANA, 2013). Ademais, foram consultados
os principais trabalhos e artigos científicos que versam sobre a área de estudo.

No Anexo 19 apresenta-se a localização do empreendimento em relação às bacias


hidrográficas interceptadas. O empreendimento intercepta duas bacias hidrográficas na
área de drenagem do rio Paranaíba, a saber:

 Bacia do rio das Pedras - afluente do rio Uberabinha, este tributário do rio Araguari
 Bacia do rio da Babilônia - afluente do rio Tijuco, este tributário direto da margem
esquerda do rio Paranaíba.

30.6.1. Enquadramento das bacias hidrográficas nas Unidades de Planejamento Federal e


Estadual

De acordo com a Divisão Hidrográfica Nacional, estabelecida pela Resolução


CNRH Nº 32, de 15 de outubro de 2003, que define 12 regiões hidrográficas para o país, a
área de estudo localiza-se na Região Hidrográfica do Paraná, conforme pode ser
visualizado na Figura 34.

186
Figura 34: Divisão Hidrográfica Nacional (sem escala).

Fonte: BRASIL/ANA, 2011.

A Região Hidrográfica do Rio Paraná é dividida em seis Sub-unidades Hidrográficas


1 de Planejamento: Grande, Iguaçu, Paraná, Paranaíba, Paranapanema e Tietê. As
Subunidades Hidrográficas da RH do Rio Paraná são apresentadas na Figura 35.

A Área de Estudo, está alocada na Sub-unidade 1 do rio Paranaíba, que aparece


em destaque na figura.

187
Figura 35: Sub-unidades da RH do Rio Paraná (em escala).

Fonte: BRASIL/ANA, 2011.

A bacia do Paranaíba é divida em sete Subunidades 2, estando a área de estudo


localizada na Subunidade 174, Rio Araguari, e Subunidade 179, Paranaíba 2, conforme
sintetizado na Tabela 17.

Tabela 17: Dados e principais rios da Sub-unidade Hidrográfica 2 do rio Paranaíba.

Principais rios e sua


Sub 1 Sub 2 Código Área (km2)
localização (UF)
Araguari 174 21.635 MG: Araguari, Quebra Anzol
Bois 175 34.692 GO: dos Bois, Turvo, Verde
GO/MG: Paranaíba; GO:
Corumbá 176 35.581 Conrumbá, Piracanjuba;
GO/DF: São Bartolomeu
GO/MG: Paranaíba; GO:
Meia Ponte 177 19.041
Meia Ponte
GO/MG: Paranaíba, São
Paranaíba 1 178 37.412
Marcos; MG: Dourados
GO/MG: Paranaíba; MG:
Paranaíba 2 179 23.001
Paranaíba Tijuco, da Prata; GO: Preto
GO/MG/MS: Paranaíba;
GO/MS: Aporé ou do Peixe;
Paranaíba 3 180 51.405 GO: Corrente, Verde, Claro,
Doce Bonfim, Jacuba,
Formoso
Fonte: BRASIL/ANA, 2005.

Em atendimento às conformidades Lei Estadual Nº 13.199/99, que implanta o


Sistema de Gerenciamento Estadual dos Recursos Hídricos; o Conselho Estadual de

188
Recursos Hídricos (CERH) do Estado de Minas Gerais, através da Deliberação Normativa Nº
06/02, estabelece as Unidades de Planejamento e Gerenciamento dos Recursos Hídricos
(UPGRH) no estado. A área de estudo do empreendimento intercepta a Unidade de
Planejamento PN2 - Rio Araguari, e PN3 - Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba conforme
pode ser observado na Figura 36.

Figura 36: Localização da Unidade de Planejamento PN2 - Rio Araguari e PN3 - Afluentes Mineiros
do Baixo Paranaíba, no contexto das Unidades de Planejamento de Recursos Hídricos do Estado
de Minas Gerais.

Fonte: IGAM, 2017.

30.6.2. Enquadramento das Bacias Interceptadas nas Unidades de Planejamento dos


Comitês de Bacia

Dada a sua localização geográfica e a bacia hidrográfica interceptada, o


empreendimento insere-se no âmbito dos seguintes Comitês de Bacias Hidrográficas:

 Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba (Decreto Presidencial de 16 de julho


de 2002);
 Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari (Decreto Estadual 39912 de 22 de
setembro de 1998);
 Comitê da Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba (Decreto
43797 de 30 de abril de 2004).
De acordo com o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio
Paranaíba (BRASIL/ANA, 2013), o empreendimento insere-se na na Unidade de Gestão
189
Hídrica Rio Araguari e Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba. Em conformidade com o
Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari, a área do
empreendimento está na Sub-bacia 02 - Rio Uberabinha.

Conforme consulta ao Plano de Ação de Recursos Hídricos da Unidade de Gestão


Hídrica Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba (revisão maio/2017), não foram encontradas
subdivisões das bacias para fins de planejamento; motivo pelo qual não se enquandra, no
âmbito deste EIA, a área de estudo conforme esta perspectiva.

A localização das Unidades no enquadramento dos comitês de bacia são


apresentadas respectivamente na Figura 37 e Figura 38, a seguir.

Figura 37: Localização da UGH Rio Araguari e UGH Alfuentes Mineiros do Baixo Paranaíba,
conforme divisão hidrográfica do CBH Paranaíba.

Fonte: BRASIL/ANA, 2013.

190
Figura 38: Localização da Sub-bacia 02 Uberabinha, conforme divisão hidrográfica do CBH
Araguari.

Fonte: Monte Plan, 2009.

30.6.3. Caracterização Geral das Bacias Interceptadas

A seguir, é apresentada uma breve caracterização das bacias hidrográficas


regionais interceptadas. Para tanto, foram considerados os planos de bacia hidrográfica
e dados disponibilizados junto às publicações da Agência Nacional de Águas.
Complementarmente, foram consultado estudos puplicados que versam sobre as bacias,
e resultados obtidos durante estudos expeditos de campo.

No caso da bacia do rio Araguari, descreve-se a bacia do rio Uberabinha, coletor


de importância regional e a bacia do rio das Pedras, em cuja área de drenagem insere-
se o empreendimento. Já no caso da bacia do rio Tijuco, a área do empreendimento
insere-se diretamente na bacia do rio da Babilônia, seu principal formador na região do
alto curso, que será descrita na sequência.

As características morfométricas específicas das sub-bacias interceptadas estão


apresentadas após a descrição regional, bem como são apresentadas, no final da seção,
as vazões de referência.

191
Bacia Hidrográfica do rio Uberabinha

O rio Uberabinha é afluente da margem esquerda do rio Araguari. Possui


comprimento longitudinal de aproximadamente 142,7 km, desde suas nascentes (cota
978,00 m) no município de Uberaba até a sua foz no remanso da UHE de Itumbiara (cota
550,00 m). Em seu alto curso, o rio Uberabinha recebe as contribuições dos córregos do
Caroço, do Roncador, Fortaleza e Beija Flor, todos pela margem esquerda. De todo modo,
o seu principal contribuinte é o ribeirão Bom Jardim, já nas proximidades do sítio urbano de
Uberlândia. Sua área de drenagem é de aproximadamente 2.188,56 km².

Na área urbana do município de Uberlândia, destaca-se as contribuições dos


córregos Cajubá, Tabocas, São Pedro (totalmente canalizados) e córregos Liso, do Óleo,
Vinhedo, do Salto, Guaribas, Bons Olhos, Cavalo e Lagoinha. Uma série de outros tributários
aporta a este canal a jusante da área urbana de Uberlândia.

Em relação à compartimentação do canal em função da orientação


predominante do talvegue, observa-se que desde a nascente o canal segue na
orientação SE-NW até aproximadamente 60 km, quando inflete para E e percorre, nesta
direção, 20 km aproximadamente, até a confluência com o ribeirão Bom Jardim. Deste
ponto em diante, o canal assume novamente a orientação SE-NW até a sua foz junto ao
remanso da UHE de Itumbiara.

Em relação aos aspectos geológicos, a bacia encontra-se assentada sob os


sedimentos Mesozóicos do Grupo Bauru (Formação Marília e Adamantina) e rochas
básicas da Formação Serra Geral (Grupo São Bento). Coberturas Holocências e
Cenozóicas são observadas na maior parte da bacia, capeando as litologias supracitadas.

O relevo da bacia é caracterizado por amplos chapadões de topo plano


separados por extensos interflúvios, particularmente no alto curso. No médio e baixo curso,
observa-se áreas levemente à intensamente dissecadas, sendo que o grau de dissecação
é função das condicionantes geológicas.

O regime hídrico é caracterizado pela sazonalidade típica do clima Tropical


atuante na região do Triângulo Mineiro. A época das cheias ocorre entre dezembro e abril
sendo que o restante do ano caracteriza o período de estiagem.

No que tange aos aspectos do uso e ocupação do solo, cumpre registrar que seu
processo de ocupação acompanhou o conjunto de políticas públicas de incentivo à
produção nos Cerrados, desde meados da década de 1970. Atualmente, os relevos de

192
topo plano localizados no alto curso do canal são intensamente ocupados pela
agricultura modernizada típica do Brasil central.

Por fim, cumpre destacar que o rio Uberabinha e seu principal afluente, o ribeirão
Bom Jardim, são os principais mananciais de abastecimento público no município de
Uberlândia.

Bacia Hidrográfica do rio das Pedras

O rio das Pedras é um afluente da margem esquerda do rio Uberabinha. Drena uma
área de aproximadamente 422,00 km², nos municípios de Uberlândia e Tupaciguara, no
estado de Minas Gerais.

O coletor nasce em altitudes próximas a 862,00 m e percorre cerca de 47,00 km até


desaguar no rio Uberabinha, na cota 560,00 m. O gradiente médio é de 6,42 m/km. O
canal principal possui orientação predominante SSE-NNW, configurando uma bacia do
tipo alongada. Sua área de drenagem faz divisa com a bacia do rio Uberabinha, a norte
e a leste, com a bacia do rio da Babilônia a sul e com a bacia do rio Piedade a oeste. À
exceção do rio Uberabinha, que se insere na área de contribuição do rio Araguari, as
demais bacias limítrofes fazem parte da área de drenagem do rio Tijuco.

Os principais afluentes da margem direita são o córrego das Laranjeiras, da Ripa,


Saltador e Boa Vista. Pela margem esquerda recebe seus principais contribuintes,
destacando-se o córrego Lagoa, São José, Vista Alegre, ribeirão Galheiros, córrego
Mateira, da Conceição, ribeirão Cajuru e ribeirão Barreiro, este já na região de sua foz.

As características do relevo na bacia não diferem daquelas encontradas


regionalmente, ou seja, relevos tabulares de topo plano no alto curso, sustentados por
sedimentos da Formação Marília e Coberturas Cenozóicas, e relevos mais dissecados no
médio e baixo curso, onde a resistência litológica dos basaltos da Formação Serra Geral
ocasiona o aprofundamento mais pronunciado dos talvegues.

De acordo com dados do Atlas Digital das Águas de Minas


(SEAPA/RURALMINAS/UFV, 2017), a vazão média de longo termo na foz do rio das Pedras
é de 7,88 m³/s, sendo a vazão com 95% de permanência de 1,89 m³/s e a vazão Q 7,10 da
ordem de 1,14 m³/s.

193
Bacia Hidrográfica do rio da Babilônia

O rio da Babilônia é um importante tributário da margem direita do rio Tijuco. Sua


bacia de drenagem localiza-se no alto curso do coletor regional, que deságua
diretamente no rio Paranaíba.

Drena uma área de aproximadamente 942 km², sendo o perímetro de cerca de 627 km de
extensão. O coletor percorre 102 km, desde suas nascentes no município de Uberlândia,
até sua foz no rio Tijuco, que faz divisa dos municípios do Prata e de Monte Alegre de Minas.
O gradiente médio do canal é da ordem de 3 m/km.

Sua bacia possui forma alongada e estreita, orientando-se, predominantemente, na


direção E-W. No alto curso, recebe as contribuições do córrego Macumbé e dos Macacos,
seus principais formadores. Um série de canais de pequena extensão aportam ao coletor,
destacando-se pela margem direita o córrego do Limoeiro, Sobrado, ribeirão da Grama,
córrego Buriti e da Caçamba. Em sua margem esquerda recebe as contribuições do
córrego Emídio, Lajeado, Ferreira, Monjolo e da Vertente Grande.

O padrão de drenagem predominante é dendrítico, ainda que feições paralelas


sejam observadas em menor extensão.

No alto curso da bacia, as litologias mais expressivas associam-se ao Grupo Bauru,


destacando-se os sedimentos da Formação Marília e Vale do Rio do Peixe, que extende-
se desde ai até a região da foz. Ao longo de seu talvegue, no entanto, aparecem os
basaltos da Formação Serra Geral, que repousam sobre a camada sedimentar. Nesta
condição, é comum a ocorrência de trechos de rápidos e pequenas rupturas de declive.

Dado a condicionante litológica, as planícies de inundação são mais comuns no


alto curso de seus afluentes que no coletor principal, onde ocorre de forma restrita e
descontínua.

As formas de relevo predominante são associadas a feições de dissecação tabular,


com baixa incisão e densidade de drenagem, uma vez que as estruturas sedimentares
ocorrentes predispõe processos de infiltração em detrimento do escoamento.

As vazões médias no rio da Babilônia são próximas a 17,00 m³/s, sendo a Q95 de 4,31
m³/s, na região de sua foz no rio Tijuco (SEAPA/RURALMINAS/UFV, 2017).

194
Microbacias interceptadas pela ADA

Conforme já colocado, a ADA do empreendimento localiza-se em parte na bacia


hidrográfica do rio das Pedras e em parte na bacia hidrográfica do rio da Babilônia. As
microbacias interceptadas nestas áreas de drenagem são especificadas a seguir:

 Bacia Hidrográfica do rio das Pedras


- Córrego Lagoa

- Rio das Pedras, até sua confluência com o córrego Lagoa

 Bacia Hidrográfica do rio da Babilônia


- Córrego da Onça

A seguir, são apresentadas as principais características morfométricas das bacias


hidrográficas interceptadas. Os cálculos foram realizados em ambiente de Sistema de
Informações Geográfica (SIG) e foram utilizadas as bases cartográficas oficiais disponíveis
(BRASIL/ANA, 2017; IGAM, 2017).

Os seguintes parâmetros foram analisados:

A. Área da Bacia

Compreende a superfície da bacia inserida no interior da poligonal que define a


divortium aquarium. A área das bacias foi medida tendo como referência a divisão
preconizada pela metodologia Otto Pfafstetter.

B. Perímetro

Refere-se ao comprimento total da linha que define a poligonal da área da bacia.

C. Comprimento do Canal Principal

Distância linear medida desde a nascente do rio até a sua desembocadura e/ou
ponto específico de análise, incluindo todas as mudanças de cursos ou sinuosidades.

D. Comprimento Total dos Canais

É o somatório do comprimento de todos os canais de uma bacia de interesse,


incluindo o comprimento do canal principal.

195
E. Densidade de Drenagem

A densidade de drenagem é um dos principais fatores de análise morfométrica de


bacias hidrográficas. Corresponde à relação entre o comprimento médio dos canais e a
área da bacia. Pode ser calculada da seguinte forma:

Dd=Lt/A

Onde:

Lt = comprimento total dos canais

A = área de drenagem

A densidade de drenagem pode variar entre 0,5 km/km² para bacias mal drenadas
até 3,5 km/km² para as bacias bem drenadas.

F. Largura Média da Bacia

Expressa a relação entre a área da bacia e o comprimento do canal principal, ou seja:

Lm=A/L

Onde:

A = área de drenagem

L = comprimento do canal principal

G. Coeficiente de Compacidade (Kc)

Trata-se de um parâmetro adimensional que relaciona o perímetro da bacia com o


perímetro de um círculo de área igual à da bacia. Descreve a geometria da bacia, e
relaciona-se ao tempo de concentração, ou seja, indica a maior ou menor propensão a
eventos de cheias.

Os valores deste coeficiente são sempre superiores a unidade. Quanto mais próxima
da unidade, maior a propensão a cheias. O coeficiente de compacidade é calculado
através da seguinte fórmula:

Kc=0.282 [ 𝑃/√𝐴 ]

Onde:

P = perímetro da bacia

196
A = área da bacia

H. Fator de Forma (Kf)

É a relação entre a largura média da bacia e o comprimento axial do curso d’ água.


Este índice também indica a maior ou menor tendência para enchentes de uma bacia.
Uma bacia com Kf baixo, terá menor propensão a enchentes que outra com mesma área,
mas Kf maior. Isto se deve a fato de que, numa bacia estreita e longa (Kf baixo), haver
menor possibilidade de ocorrência de chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda a
sua extensão. Este coeficiente é obtido, conforme a fórmula:

Kf=A/Lx²

Onde:

A = área de drenagem

L = comprimento axial da bacia

I. Declividade Média do Canal Principal

A velocidade do escoamento superficial dos cursos d’água depende da


declividade dos leitos fluviais. Quanto maior for a declividade maior será a velocidade do
escoamento. Trata-se, de fato, da relação de diferença entre as alturas longitudinais entre
dois pontos de referência ao longo de um canal.

Os resultados obtidos a partir da análise morfométrica das bacias são apresentados


na Tabela 18, a seguir.

Tabela 18: Características morfométricas das bacias interceptadas pela ADA na área de
drenagem do rio da Babilônia.

Parâmetro Rio das Pedras* Córrego Lagoa Córrego da Onça


Área da Bacia (km²) 51,68 10,00 23,65
Perímetro (km) 41,01 28,05 31,10
Comprimento do eixo
8,65 2,96 7,15
(km)
Canal Principal (km) 9,88 3,21 7,94
Todos os Canais (km) 32,44 5,23 18,63
Declividade (m/km) 6,68 17,44 12,72
Densidade de
0,63 0,52 0,79
drenagem (km/km²)
Largura Média (km) 5,23 3,12 2,98
Coeficiente de
1,61 2,50 1,80
Compacidade
Fator de Forma 0,69 1,14 0,46
*Até a confluência com o córrego Lagoa.
197
No geral, verifica-se que a maior área de drenagem corresponde à bacia do rio das
Pedras (51,68 km²), seguida pela bacia do córrego da Onça (23,65 km²) e pelo córrego
Lagoa (10,00 km²).

Trata-se de bacias mal drenadas, uma vez que os valores observados para o índice
densidade de drenagem estão próximos a 0,50 e nunca superiores a 0,90. Fato este que
pode ser explicado pela condicionante litológica ai presente, que favorece os processos
de infiltração da água.

Observando-se o coeficiente de compacidade, verifica-se que todas as bacias


apresentam pouca propensão à eventos de cheias, uma vez que os valores obtidos se
afastam da unidade.

30.6.4. Vazões superficiais de referência das bacias interceptadas pela ADA

As vazões superficiais de referência para as bacias em estudo foram obtidas junto


ao Atlas Digital das Águas de Minas Gerais (SEAPA/RURALMINAS/UFV, 2017).

Considerando as áreas de drenagem expostas anteriormente, apresenta-se na


Tabela 19 e as vazões de referência obtidas.

Tabela 19: Vazões de referência das bacias interceptadas pela ADA na área de drenagem do rio
das Pedras.

Vazão de referência
Rio das Pedras* Córrego Lagoa Córrego da Onça
(m³/s)
Qmlt 1,084 0,221 0,505
Q7,10 0,158 0,032 0,073
Q95 0,221 0,039 0,097
Qmax100 22,921 6,938 11,687
Fonte: SEAPA/RURALMINAS/UFV, 2017. *Até a confluência com o córrego Lagoa.

A bacia com maior descarga é que apresenta a maior área de drenagem, ou seja,
o rio das Pedras até sua confluência com o córrego da Lagoa. Neste ponto, este canal
apresenta uma vazão média de longo termo da ordem de 1,08 m³/s. As vazões mínimas
médias com sete dias de recorrência são de 0,15 m³/s e a vazão com permanência de
95% de 0,22 m³/s. As cheias máximas de 100 anos atingem 22,92 m³/s.

No caso de seu afluente, o córrego Lagoa, verifica-se vazões médias de 0,22 m³/s,
sendo a permanência de 95% de 0,03 m³/s. Em relação aos extremos, destaca-se a vazão
Q7,10 de 0,03 m³/s e as cheias de 100 anos de 6,93 m³/s.

198
O córrego da Onça tem cheias máximas de 11,68 m³/s e vazão Q7,10 de 0,07 m³/s.
A média das descargas é de 0,5 m³/s, enquanto a permanência de 95% das vazões é de
0,09 m³/s.

O regime hídrico é típico das áreas do Brasil central, com cheias durante o verão,
ou início do outono, e períodos de mínimas máximas no fim do inverno e início da
primavera.

30.7. Recursos Hídricos Subterrâneos

As informações sobre as águas subterrâneas na área de estudo do


empreendimento em pauta foram obtidas junto ao Sistema de Informações de Águas
Subterrâneas (Siagas) do CPRM (2011), Zoneamento Ecológico Econômico do Estado de
Minas Gerais (ZEE-MG, 2014) e no Plano de Bacia do Rio Araguari (Monte Plan, 2008).
Informações complementares foram compiladas nos diagnósticos de geologia,
geomorfologia e pedologia, já apresentados neste estudo, no Sistema de Informações
Ambientais do Estado de Minas Gerais (Siam, 2014), assim como na nota explicativa do
Mapa de Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo (Instituto Geológico, 2010).
Destacam-se as contribuições obtidas junto ao trabalho de Oliveira e Campos (2004).

A ocorrência das águas subterrâneas na área de estudo é condicionada pela


presença de três unidades aquíferas: sistema aquífero Bauru, aquífero Serra Geral e
aquífero Guarani. Este último, apesar de ocorrer em toda a área da bacia, não apresenta
afloramentos, restringindo-se a sub-superfície. O sistema aquífero Bauru ocorre em
associação às rochas sedimentares do Grupo geológico homônimo, que se fazem
representar na área de estudo pela Formação Marília e Vale do Rio do Peixe. Já o sistema
aquífero Serra Geral condiciona-se a presença de rochas basálticas. A associação dos
sistemas aquíferos, litologias e datações é apresentada no esquema da Figura 39.

199
Figura 39: Coluna Estratigráfica do Sistema Aquífero Guarani em Minas Gerais, incluindo as
unidades estratigráficas mesozóicas da Bacia do Paraná.

Fonte: Adaptado de IGAM, 2009.

Na Figura 40 apresenta-se a distribuição dos sistemas de aquíferos no estado de


Minas Gerais.

200
Figura 40: Sistema de aquíferos do Estado de Minas Gerais.

Fonte: ZEE, 2008.

De acordo com as informações levantadas, na área do empreendimento ocorrem


dois sistemas aquíferos principais, representado no mapa como sistema arenítico e sistema
basáltico. Admite-se que as áreas capeadas por sedimentos constituem áreas de recarga
desse sistema e são as que predominam na AID/ADA do empreendimento. O sistema
basáltico não ocorre diretamente na área de estudo, somente no médio curso do rio da
Babilônia e ao longo do talvegue do rio das Pedras, distantes, portanto, da área do
empreendimento.

A seguir, descreve-se as unidades aquíferas identificadas.

30.7.1. Sistema Aquífero Bauru

O Aquífero Bauru é formado pelas três litofácies da Formação Bauru e pela


Formação Caiuá, e constitui uma única unidade aquífera. Esses sedimentos do Cretáceo
Superior apresentam uma ocorrência extensiva e contínua na região do Triângulo Mineiro,
daí sua grande importância como manancial.

201
De acordo com Oliveira e Campos (2002) O Sistema Aquífero Bauru compreende os
depósitos não confinados de água subterrânea, associados a rochas da Formação Marília
e Vale do Rio do Peixe – Grupo Bauru e suas coberturas. Apesar do caráter intergranular
da porosidade, o Sistema Aquífero Bauru é heterogêneo. As fácies que o compõem são
distintas quanto à granulometria, porosidade, condutividade hidráulica e litotipo, e
levaram à divisão do Sistema Aquífero Bauru em dois subsistemas: Aquífero Bauru Superior
e Inferior.

O Aquífero Bauru Superior engloba os latossolos que formam espessas coberturas


pedogenéticas desenvolvidas in situ. Os latossolos estendem-se por grande parte da bacia
do Babilônia e do rio das Pedras, compondo a porção superior deste subsistema. Na base
dos latossolos pode ocorrer uma camada de couraça laterítica, em diferentes graus de
degradação (pode conter concreções ferruginosas).

Conforme os estudos de Oliveira e Campos (2004), em superfície e nas porções rasas


dos solos, a maior atividade orgânica e estruturação resultam em uma textura média e
condutividade hidráulica entre 10-4 e 10-6 m/s. Abaixo do horizonte superficial e até a 15 m
de profundidade, há incremento no teor de argila no solo, resultando na diminuição dos
valores de condutividade hidráulica, que ficam na ordem de 10-6 e 10-7 m/s. Abaixo de
15 m de profundidade prevalecem os solos areno-siltosos, dominados por areia fina, textura
média e condutividade hidráulica em torno de 10-6 m/s. Os autores ainda destacam que
em função de suas condições de condutividade e porosidade média (em torno de 12%),
os latossolos assumem papel de fundamental importância na recarga desse sistema.

Conforme estudos da CETESB (2010) no estado de São Paulo, a porosidade efetiva


varia de acordo com a composição das camadas, atingindo de 15% nas camadas
arenosas a 5% nos arenitos calcíferos e siltosos. Alguns testes de bombeamento realizados
em poços que exploram o Grupo Bauru acusaram valores do coeficiente de
armazenamento característicos de condições de confinamento, fato explicado pela
existência de camadas arenosas limitadas por camadas silto-argilosas compactas,
formando bancos de grande extensão.

O Aquífero Bauru Inferior é formado pelos sedimentos do Membro Araguari. A fácies


arenítica e conglomerática do Membro Araguari estão assentadas discordantemente
sobre os basaltos da Formação Serra Geral e compõem a base do Sistema Aquífero Bauru.
Em função da paleogeografia irregular do topo do basalto, a espessura da camada deste
subsistema é variável, podendo chegar a 20 m.

202
A fácies conglomerática é mal selecionada com seixos de diâmetros variando entre
2 a 350 mm de eixo maior, é clastosuportada e apresenta matriz arenosa a areno-argilosa.
Mais de 90% dos seixos são compostos por quartzito com grau de arredondamento
variável, friável ou litificado (silicificado), com características de retrabalhamento fluvial. A
camada de conglomerado é encontrada em toda a área de extensão do Sistema
Aquífero Bauru. Apesar da variação na espessura, o topo da camada é homogêneo, e
comporta-se como uma superfície plana. Exceto nas áreas marginais das chapadas, onde
há adelgaçamento da camada por erosão, a fácies conglomerática encontra-se
saturada de água, sendo que a porção não saturada do sistema ocorre sempre em
materiais arenosos (Oliveira e Campos, 2004).

Como aquífero freático, a recarga é feita diretamente pela precipitação pluvial,


sendo sua base de drenagem local o rio Uberabinha e suas malhas de afluentes em toda
a área de afloramento. O aqüífero funciona, em geral, como reservatório regulador do
escoamento dessa rede fluvial. O período de recarga dá-se, especialmente, entre os
meses de fevereiro e março. Este sistema ocorre de forma generalizada na área do
empreendimento.

30.7.2. Sistema Aquífero Serra Geral

Conforme já mencionado, este sistema aquífero ocorre em uma porção restrita da


área de estudo, ao longo da calha do trecho médio e de jusante do rio das Pedras e do
rio da Babilônia.

O sistema Serra Geral é formado litologicamente por basaltos toleíticos da formação


de mesmo nome, com texturas microcristalinas e estrutura que refletem sua gênese através
de sucessivos derrames de lava (LEINZ & AMARAL, 2001). A composição mineralógica se
dá em função da presença de plagioclásio, seguido de augita e piogenita, além de óxidos
de alumínio, ferro, cálcio, magnésio, sódio, titânio e potássio, conforme colocado na
Seção XX.1 (Geologia).

Devido à suas características litológicas, apresenta pouca permeabilidade primária


para o armazenamento de grandes volumes de água, sendo que esta se faz em função
dos planos de clivagem e de descontinuidades físicas que marcadamente caracterizam
esta formação geológica. Além disso, pode ocorrer acumulação de água nas juntas e
espaços inter derrames.

203
Com características fissurais, este sistema se desenvolve ao longo de fraturas e
descontinuidades, compreendendo zonas amigdalodais e vesiculares de topos de
derrames e zonas de disjunção horizontal. Estas feições, quando interceptadas por zonas
de fraturas, podem armazenar grandes quantidades de água (NANNI et al, 2006).

Segundo estudos que enfocaram as características químicas do sistema Serra Geral


(ROSA FILHO et al., 2006), verifica-se que a tipologia das águas armazenadas nas rochas
basálticas é preferencialmente bicarbonatada cálcica, com baixos teores de sólidos totais
dissolvidos.

Conforme Rebolças & Fraga (1988), os mecanismos de recarga deste aqüífero


ocorrem predominantemente por dois condicionamentos distintos: infiltração de águas
pluviais em fraturas recobertas por manto de alteração e infiltração de águas
armazenadas nas estruturas sedimentares sobrepostas (caso das Formações Marília e
coberturas observadas na AII).

30.8. Qualidade das Águas

Para Tundisi e Matsumura-Tundisi (2011), impactos ambientais, sociais e econômicos


na degradação da qualidade da água revertem na perda da biodiversidade, no
aumento de doenças de veiculação hídrica, no aumento do custo de tratamento das
águas destinadas ao abastecimento doméstico e industrial, na perda da produtividade
na agricultura e na pecuária, na redução da pesca e na perda de valores turísticos,
culturais e paisagísticos.

Com base no exposto pelos autores mencionados, entende-se que a água é uma
substância vital para todas as formas de vida no planeta e para o desenvolvimento
econômico, sóciocultural e ambiental das nações. Infelizmente, esta mesma água vem
sendo modificada na sua quantidade e na qualidade.

Quando se refere à água é preciso ter em mente que a noção de qualidade está
sempre associada aos mais diversos usos que fazemos desta substância, seja para o
consumo humano, industrial, irrigação, aquicultura, navegação, recreação de contato
primário, dentre outros (Figura 41). Desse modo, os usos da água demandam diferentes
requisitos de qualidade (Figura 42). Em outros termos, pode-se afirmar que as águas de
melhor qualidade permitem a sua utilização em necessidades mais exigentes, como por
exemplo, abastecimento de água potável.

204
Figura 41: Relação qualidade da água x classes de enquadramentos x usos.

Fonte: ANA - Portal da Qualidade das Águas: http://www.portalpnqa.ana.gov.br.

Figura 42: Usos diversos das águas doces em relação às classes de enquadramento.

Fonte: ANA - Portal da Qualidade das Águas: http://www.portalpnqa.ana.gov.br.

De acordo com o artigo 9º da Lei nº 9.433 (Lei das Águas), o enquadramento dos
corpos d’água tem a prerrogativa de assegurar às águas a qualidade compatível com os
usos mais exigentes a que forem destinadas e a diminuir os custos de combate à poluição
das águas, mediante ações preventivas permanentes. Portanto, o enquadramento é um
instrumento de gestão e, em razão disso, este não deve considerar exclusivamente a

205
condição atual do corpo d’água, mas nos níveis de qualidade que devem ser alcançados
ou serem mantidos para atender às necessidades estabelecidas pela sociedade.

Assim, os resultados do monitoramento da qualidade das águas devem ser


comparados aos limites estabelecidos pelo enquadramento do corpo d’água no local da
coleta da amostra. As bases legais para o enquadramento são resoluções do Conselho
Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH).

A análise da qualidade da água na Granja C foi realizada com os seguintes


objetivos:

 Avaliar os parâmetros físicos, químicos e microbiológicos da água dos poços;


 Avaliar a vazão do curso d’água.
 Monitorar, a partir de comparações com análises anteriores, os parâmetros que
compõem indicadores adequados da qualidade da água, tendo por base as
Resoluções do CONAMA 357/2005 e 397/2008.

Assim, os objetivos do monitoramento das águas no empreendimento nortearam o


elenco de parâmetros físico-químicos e microbiológicas para a avaliação da qualidade
da água. Importante salientar que a coleta da água dos poços é realizada anualmente,
as análises de água de 2018, com todos os parâmetros analisados e os resultados podem
ser vistas no Anexo 20.

30.8. Registro Fotográfico do Trabalho de Campo – Meio Físico

A seguir pode ser visualizado o registro fotográfico realizado durante os trabalhos de


campo para levantamento das informações para o meio físico da Granja C.

Foto 63: Bancada de laterita no alto curso do rio das Foto 64: Detalhe das concreções em depósito no
Pedras. alto curso do rio das Pedras.
206
Foto 65: Afloramento de arenitos da Formação Vale Foto 66: Detalhe de arenito da Formação Marília
do Rio do Peixe em talvegue do córrego da com cimentação carbonática, no contato com a
Babilônia. Formação Vale do Rio do Peixe.

Foto 67: Vista em sentido sul do vale do ribeirão da Foto 68: Outra vista dos relevos aplainados do
Babilônia. Formas de dissecação tabular do Planalto Planalto do Triângulo Mineiro em área drenada
do Triângulo Mineiro, sustentadas pela Formação pelo ribeirão Babilônia, ao sul do empreendimento.
Vale do Rio do Peixe.

Foto 69: Planície aluvial do ribeirão da Babilônia. Foto 70: Superfície aplainada do Planalto de
Notar área sujeita à inundação sazonal. Uberlândia – Araguari, sustentada por residuais da
Formação Marília.

207
Foto 71: Latossolos arenosos no alto curso do rio das Foto 72: Latossolos arenosos expostos em área de
Pedras, à nordeste da área do empreendimento. relevo aplainado do Planalto de Uberlândia
Araguari.

Foto 73: Dissecação tabular homogênea do Foto 74: Aspecto de ressalto residual sustentado por
Planalto do Triângulo Mineiro. arenitos da Formação Marília, em área de transição
para os sedimentos da Formação Vale do Rio do
Peixe.

208
31. ANÁLISE QUÍMICA DE SOLOS

O solo para análise é coletado semestralmente no empreendimento e nos locais


onde são realizadas a ferti-irrigação.

SOLO UPL 2
Componente Cultura Parâmetros avaliados Resultado
avaliado

( ) RAS (Adsorção de
sais)
( x ) MO 11 g/dm³
(x)P 107 mg/kg
(x)K 75,9 mg/kg
( x ) pH 5,40
SOLO
0-20 cm ( ) VA
( x ) Al 8540 mg/kg
( x ) Ca 98,9 mg/kg
( x ) Mg <50 mg/kg
( ) SB
TEXTURA Média
( ) RAS (Asorção de
sais)
( x ) MO 5 g/dm³
(x)P 83,1 mg/kg
20-40 cm (x)K 70,0 mg/kg
( x ) pH 5,41
( ) VA
( x ) Al 8990 mg/kg
( x ) Ca 94,5 mg/kg
( x ) Mg <50 mg/kg
( ) SB
TEXTURA Média
( ) RAS (Adsorção de
sais)
( x ) MO 5 g/dm³
(x)P 55,6 mg/kg
(x)K 79,2 mg/kg
40-60 cm ( x ) pH 4,6
( ) VA
( x ) Al 8030 mg/kg
( x ) Ca 124 mg/kg
( x ) Mg <50 mg/kg
( ) SB
TEXTURA Média

209
SOLO MULTIPLICADORA 2 SÍTIO 1
Componente Cultura Parâmetros avaliados Resultado
avaliado

( ) RAS (Adsorção de
sais)
( x ) MO 9 g/dm³
(x)P 170 mg/kg
(x)K 68,7 mg/kg
( x ) pH 5,1
SOLO
0-20 cm ( ) VA
( x ) Al 13500mg/kg
( x ) Ca 317 mg/kg
( x ) Mg 82,9 mg/kg
( ) SB
TEXTURA Média
( ) RAS (Asorção de
sais)
( x ) MO 11 g/dm³
(x)P 138 mg/kg
20-40 cm (x)K 220 mg/kg
( x ) pH 4,8
( ) VA
( x ) Al 12300 mg/kg
( x ) Ca 274 mg/kg
( x ) Mg <50 mg/kg
( ) SB
TEXTURA Média
( ) RAS (Adsorção de
sais)
( x ) MO 9 g/dm³
(x)P 155 mg/kg
(x)K 225 mg/kg
40-60 cm ( x ) pH 4,8
( ) VA
( x ) Al 14000 mg/kg
( x ) Ca 312 mg/kg
( x ) Mg <50 mg/kg
( ) SB
TEXTURA Média

210
SOLO MULTIPLICADORA 2 SÍTIO 2
Componente Cultura Parâmetros avaliados Resultado
avaliado

( ) RAS (Adsorção de
sais)
( x ) MO 16 g/dm³
(x)P 239 mg/kg
(x)K 151 mg/kg
( x ) pH 5,1
SOLO
0-20 cm ( ) VA
( x ) Al 9160 mg/kg
( x ) Ca 438 mg/kg
( x ) Mg < 50 mg/kg
( ) SB
TEXTURA Média
( ) RAS (Asorção de
sais)
( x ) MO 5 g/dm³
(x)P 74,2 mg/kg
20-40 cm (x)K 70,4 mg/kg
( x ) pH 4,7
( ) VA
( x ) Al 14000 mg/kg
( x ) Ca 140 mg/kg
( x ) Mg <50 mg/kg
( ) SB
TEXTURA Média
( ) RAS (Adsorção de
sais)
( x ) MO 5 g/dm³
(x)P 60,7 mg/kg
(x)K 75,2 mg/kg
40-60 cm ( x ) pH 4,8
( ) VA
( x ) Al 15300 mg/kg
( x ) Ca 210 mg/kg
( x ) Mg 75,5 mg/kg
( ) SB
TEXTURA Média

No Anexo 17 encontra-se a cópia da análise química de solo realizadas em janeiro


e fevereiro de 2018, em três pontos do empreendimento.

211
32. PATRIMÔNIO NATURAL E CULTURAL

Quanto a este item, encontra-se disponível no Anexo 21 o Pedido de Dispensa de


Manifestação de Órgão Interveniente Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural Granja C –
BRF/S.A.

33. CARACTERIZAÇÃO ESPELEOLÓGICA

Conforme consulta ao Mapa de Potencial de Ocorrência de Cavidades do Brasil


(Jansen; Cavalcanti e Lamblén, 2012), a AID do empreendimento intercepta áreas de
ocorrência improvável, de baixo e médio potencial para a ocorrência de cavidades,
conforme pode ser verificado na Figura 43, a seguir.

Figura 43: Recorte do Mapa de Potencial de Ocorrência de Cavidades do Brasil (em vermelho a
poligonal do empreendimento).

Fonte: Jansen; Cavalcanti e Lamblén, 2012.

As áreas consideradas como de ocorrência improvável estão associadas à


Cobertura Cenozóica, constituída por seixos mais grosseiros de quartzo, quartzito e sílex até
areia grossa e solos argilosos de cor avermelhada. No caso em estudo, esta cobertura
ocorre em topos tabulares dos divisores de água.

As áreas de baixo potencial de ocorrência de cavidades relacionam-se aos


afloramentos dos basaltos da Formação Serra Geral que, conforme já se teve a
212
oportunidade de aludir anteriormente, ocorrem somente ao longo do talvegue do rio das
Pedras e ao longo do talvegue do médio e baixo curso do rio da Babilônia, localizando-
se, portanto, fora da área de estudo.

Já as áreas de médio potencial vinculam-se a ocorrência de sedimentos residuais


da Formação Marília e da Formação Vale do Rio do Peixe que apresentam em sua
constituição minerais carbonatados. Esses estão representados por nódulos, concreções e
cimentação, decorrentes da evaporação em ambientes lacustres em clima semiárido no
Cretáceo superior. Não constitui, no entanto, essencialmente uma formação cárstica, tal
como aquelas associadas ao Grupo Bambuí, por exemplo, de larga extensão no estado
de Minas Gerais.

Apesar de classificadas com tal, estudos de campo permitiram a observação de


alguns fatores que permitem reclassificar a área, diminuindo o seu potencial de
ocorrência. Dentre eles, destacam-se:

 Predomínio de modelados de topo plano, vertentes de perfil retilíneo a levemente


convexos, com ausência de rupturas de declive;
 Não foram observados afloramentos de sedimentos consolidados na AID/ADA,
somente residuais, em conformidade com mapeamentos anteriormente publicados
(Nyshiama, 1998);
 Não foram relatados por moradores, durante as entrevistas de campo (ver Seção
34 - Meio Antrópico) o conhecimento sobre a ocorrência de cavidades na região;
 Conforme banco de dados do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de
Cavernas do Instituto Chico Mendes (BRASIL/ICMBio, 2017), não há cavidades
registradas na bacia hidrográfica do rio das Pedras tampouco na bacia do rio da
Babilônia, nas quais o empreendimento está inserido.
Com base nesses pressupostos, e considerando as informações obtidas e
apresentadas no decorrer das seções anteriores deste estudo, é possível afirmar que a
probabilidade de ocorrência de cavidades na AID/ADA do empreendimento é baixa ou
de ocorrência improvável.

33.1. Caracterização Paleontológica

Esta seção apresenta os resultados do levantamento do potencial paleontológico


para a AID/ADA do empreendimento. O estudo teve por objetivo a identificação de
registros de fósseis nas respectivas áreas de influência, assim como das condicionantes
potenciais para sua respectiva ocorrência.
213
O levantamento de dados secundários, particularmente no que se refere às
condicionantes geológicas e geomorfológicas, foi realizado em conjunto com o
diagnóstico geológico, geomorfológico apresentado nas Seções anteriores, à
semelhança do realizado para o levantamento do potencial espeleológico. Visitas
expeditas em campo, conforme já mencionado, complementaram os estudos.

As pesquisas realizadas na Base Paleo da CPRM - Serviço Geológico do Brasil,


resultaram na identificação de dois sítios com ocorrência fossilífera na região do
empreendimento, especificamente no município de Monte Alegre de Minas. Estes sítios
estão distantes cerca de 25 e 39 km da AID/ADA do empreendimento, conforme pode ser
visualizado na Figura 44.

Figura 44: Registros de ocorrências fossilíferas na região do empreendimento (em branco).

Fonte: Google Earth, 2017; BasePaleo/CPRM, 2017.

Ambas foram registradas na Formação Marília do Grupo Bauru, a mesma que ocorre
em grande parte da AID/ADA. Os registros são relativos a fósseis vertebrados – saurópodes:
Titanosauria indet. e invertebrados – moluscos: Mollusca indet. Conforme Oliveira; Santos e
Candeiro (2006), a Formação Marília, em conjunto com a Formação Adamantina, constitui
uma das principais unidades fossilíferas do Cretáceo superior no Brasil. Na região do
Triângulo Mineiro, tem sido reportado uma grande quantidade de registros fósseis,
representando uma diversidade de taxa aquáticos e terrestres.

Os registros encontram-se a distâncias lineares de 32 km (F1) e 46 km (F2) do


empreendimento.

A busca textual também indicou a presença de registros fósseis na Formação Marília


em diversos trabalhos, destacando-se estudos de Oliveira; Santos e Candeiro (2006),

214
Candeiro; Marinho e Oliveira (2004), Ribeiro (2003), Huene (1931); Kellner e Campos (2000);
Albuquerque et al. (2003); Marinho (2003); Fernandes (1998).

Na área do empreendimento, não foram encontrados afloramentos rochosos,


tampouco relevos residuais preservados pelas rochas da Formação Marília. Fato este, no
entanto, que não exime o alto potencial para a ocorrência de registros fósseis na região
do empreendimento.

34. RELACIONAMENTO DO EMPREENDEDOR COM A COMUNIDADE DA ÁREA DE INFLUÊNCIA


DO MEIO SOCIOECONÔMICO

34.1. Diagnóstico Ambiental do Meio Socioeconômico

O diagnóstico do Meio Socioeconômico tem a finalidade de caracterizar a região


em que se localiza o empreendimento em relação aos seus principais aspectos históricos,
demográficos e econômicos.

Em relação ao tema em questão, foi definido como Área de Influência Indireta o


município de Uberlândia, e a Área de Influência Direta a poligonal convexa com raio de
2,0 km medidos a partir dos limites do empreendimento. Estes foram considerados como
Área Diretamente Afetada, conforme já explicitado no item 26.1 deste Estudo de Impacto
Ambiental.

Os aspectos socioeconômicos da região em estudo foram caracterizados com


base em consultas bibliográficas e bases de dados disponíveis em sítios eletrônicos de
instituições governamentais, entre prefeitura, governo do estado e seus órgãos pertinentes.
Também foram consultados sítios e publicações eletrônicas do governo federal, que
disponibilizam informações a nível municipal, dentre eles o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). A metodologia e as principais publicações consultadas estão
especificadas nas seções que seguem.

Primeiramente, apresenta-se a contextualização histórica regional na qual a AII está


inserida. Nesta seção são relatados e analisados os principais eventos históricos, assim
como seus rebatimentos geográficos, que culminaram na formação e ocupação do
Triângulo Mineiro.

Na sequência, apresenta-se o perfil sócio demográfico da AII, que inclui as


características das atividades econômicas e de finanças públicas. Descreve-se também o
conjunto infra estrutural, os serviços públicos, as principais características da organização
social, assim como o potencial histórico, arqueológico e cultural.
215
As informações específicas sobre o entorno do empreendimento, assim como os
resultados das entrevistas realizadas, são apresentadas ao final deste item.

34. 2. Organização do Espaço Regional

Conforme a divisão político-administrativa do Estado de Minas Gerais, a AII do Meio


Socioeconômico está localizada na Mesorregião do Triângulo Mineiro, no extremo oeste
do estado. Em relação ao município considerado nesta escala de análise, Uberlândia
localiza-se em sua microrregião homônima.

Nesta seção são abordados os aspectos relativos à formação histórica da região e


do município.

34.2.1. Histórico da Formação da Região do Triângulo Mineiro

O Triângulo Mineiro já nasce sob a marca da circulação, do movimento e da fluidez.


Em resposta à descoberta do ouro e do diamante (fim do século XVII início do século XVIII),
intensificaram-se os fluxos de tropeiros e mineradores, que passavam através do Triângulo
para alcançar as minas de Mato Grosso e Goiás, incluindo a região na divisão territorial do
trabalho, como um ponto de apoio e descanso nas rotas e caminhos da mineração.
Forma-se um espaço intermediário, em razão das necessidades de trocas entre as minas
do interior e o litoral, confluindo para um espaço da circulação, que séculos mais tarde,
transformaria a região num dos mais importantes entroncamentos de fluxos do país.

Em vista da circulação de mercadorias e metais preciosos, formou-se uma região


de passagem, que inicialmente não promoveu um povoamento efetivo, nem com
contiguidade territorial, mas foi o começo da formação dos primeiros arraiais, próteses da
futura rede urbana regional (MICHELOTTO, 2008).

A estrada do Anhanguera ou dos Goiases (1730), primeiro traçado viário da região


e que conectava São Paulo às minas goianas, foi o local das primeiras aldeias, ocupadas
por população indígena, e que serviam estrategicamente como pontos de defesa, e neste
sentido, constituem os primeiros passos do povoamento da região. Cascalho Rico,
Indianópolis, Uberaba, São Francisco Sales foram cidades originadas dessas sedes de
povoamento inicial.

A descoberta do diamante de aluvião em alguns rios da região foi outro fator


importante para a ocupação do Triângulo em meados do século XVIII. Levas migratórias,
oriundas das jazidas da região central de Minas, ocuparam a região, e chegaram a ensaiar
216
algum tipo de urbanização, como no caso do Desemboque e Estrela do Sul. Apesar do
declínio da atividade, a exploração do diamante foi responsável pela abertura de diversas
picadas e caminhos, dentre elas a Picada Nova de Goiás e a Picada do Desemboque
(terceira década do século XVIII), que além de tornar mais acessível à circulação na
região, foram importantes rotas do tráfico e do contrabando, orientando a criação de
outros caminhos clandestinos.

Conhecido como “Sertão da Farinha Podre” este foi um território pouco povoado
até o final do século XVIII, contando com aldeamentos indígenas (especialmente pelos
grupos étnicos dos Caiapós) e alguns núcleos de povoamentos fundados pelos
bandeirantes e que serviam também como pontos de apoio e descanso dos caminhos
dos mineradores.

A primeira fase de ocupação do Triângulo Mineiro registra a expansão do


povoamento em direção ao interior do país, a passagem dos bandeirantes e dos tropeiros,
dos aldeamentos indígenas e dos locais de defesa dos caminhos, bem como é parte das
vias de penetração do território, consolidando-se em sua posição estratégica
funcionalmente determinada pelas trocas mercantilistas do Estado minerador (Michelotto,
2008).

Com o declínio da produção nas jazidas de ouro na região central de Minas, uma
nova fase empenha-se em transformar o território brasileiro, marcando uma época de
grande importância histórico-geográfica para o país. Esta época “revelará todos seus
efeitos quando Minas Gerais se torna definitivamente de mineradora em agropastoril,
formando neste terreno entre as principais circunscrições do país” (PRADO JÚNIOR, 1953;
GUIMARÃES, 1990).

O fim da mineração condiz com um movimento centrífugo da população, por um


lado em direção ao litoral, incentivados pelo retorno às atividades agrícolas
(principalmente pelo algodão e pela cana-de-açúcar), e por outro, em direção ao oeste
das minas, especialmente a região compreendida pelo Triângulo Mineiro, “para onde se
dirigem as correntes demográficas da capitania, os geralistas, como então se chamavam
seus habitantes”.

Foi a migração geralista o motor que efetivou a ocupação dos cerrados triangulinos
e a reorganização do espaço regional. Expulsos pelo crescimento demográfico e pelo
esgotamento dos solos agricultáveis “centenas de famílias de roceiros e criadores de
gado, vindos da região central de Minas” (SOARES et all, 2005) se instalaram na região,
que passou a ocupar um novo posto na divisão territorial do trabalho, o de fornecedor de

217
produtos primários para o mercado interno, e não mais de pontos de pouso e guariba das
passagens para as minas.

Contudo, essa ocupação se deu de maneira lenta, ao contrário do movimento


orientado pelas minas, que foi relativamente acelerado. Neste período, de meados a fins
do século XVIII, o território se modernizava ainda de maneira muito vagarosa,
determinadas pela pelas relações com o meio, onde “um tempo humano buscava
timidamente ocupar os alvéolos de um tempo natural” (SANTOS; SILVEIRA, 2001).

Graças à existência de condições naturais favoráveis, como as pastagens naturais


e águas salitrosas, desenvolve-se na região uma nova funcionalidade, que nasce atrelada
a criação de gado e à agricultura de subsistência, e que acelera a decadência da
mineração e projeta os centros que estão vinculados a elas. Araxá, Patrocínio e Uberaba,
mais a oeste, ampliam suas importâncias regionais, traçando um novo desenho da rede
urbana, que pela sua racionalidade, não deixava de ser unidirecional, pois funcionava
como um centro de abastecimento dos grandes centros consumidores, que se
localizavam no litoral.

A ocupação do espaço e a apropriação social da natureza através do trabalho se


davam da mesma forma que nas outras áreas de mesma fitofisionomia. Os brejos e os vales
fluviais, mais férteis, eram ocupados pelos roçados, destinados à produção de alimentos
de subsistência. Enquanto isso, os extensos chapadões foram ocupados pela criação do
gado, favorecida pela baixa declividade do relevo, e por possuir solos menos adaptados
à agricultura (MICHELOTTO, 2008). Situação esta que só se modificaria a partir de 1970,
quando o Cerrado é ocupado pelas extensas plantações modernas e tecnificadas do
agronegócio.

Novas racionalidades econômicas começam a se desenvolver na região no final


do século XVIII e início do século XIX, marcadamente pela embrionária condição de
entroncamento comercial, que muito se diferenciava da simples condição de passagem
do passado, tendo Uberaba como o centro nodal das articulações entre São Paulo, Goiás,
Mato Grosso, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Dessa maneira, esta região orientou o estabelecimento de novos círculos mercantis,


por meio de uma estratégia territorial muito bem-sucedida, que incluiu a expulsão dos
indígenas, com a expropriação de suas terras, a construção de estradas e portos fluviais,
e a formação de novos arraiais, nestes, incluindo São Pedro do Uberabinha (Uberlândia),
cuja gênese está diretamente associada à Uberaba, como grande parte dos núcleos
urbanos do Triângulo Mineiro (BESSA, 2007).

218
O século XIX foi marcado pela importância de Uberaba na hierarquia da rede
urbana regional, centralizando capitais, serviços e decisões. Marca também o
desenvolvimento das estruturas de transporte, a começar pelos portos fluviais, que
dinamizariam o comércio com o estado de São Paulo, e as estradas de rodagens em
direção a Goiás e Mato Grosso. O comércio de sal, e a produção pecuária eram as mais
importantes atividades econômicas da época, todavia, um significativo comércio varejista
se desenvolve, consolidando a funcionalidade dos centros urbanos, e elevando a
importância de Uberaba como o centro mais dinâmico da região.

No final do século XIX, transformações importantes iriam afetar a produção do


território brasileiro, no qual a região do Triângulo representa uma particularidade. O
avanço das relações capitalistas acontecia na medida em que a economia brasileira
participava das relações internacionais do capital, pelas vias da importação da
industrialização. “Às técnicas da máquina circunscritas à produção sucedem as técnicas
da máquina incluídas no território” (SANTOS; SILVEIRA, 2001). Isto se faz sentir no Triângulo,
pela chegada da linha férrea, através da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, que
“em 1889, atingiu a cidade de Uberaba, estendendo-se, nos anos seguintes, até
Uberlândia e Araguari. Desde então, a região integrou-se ao núcleo mais dinâmico da
economia brasileira...” (SOARES et all, 2005).

Os meios de transporte foram fundamentais para definir as novas relações entre os


centros do Triângulo Mineiro, reconfigurando sua rede urbana e a distribuição do conjunto
de formas e objetos destinados à produção, bem como os novos usos que se fariam dos
sistemas naturais. Na década de 1920, a Companhia Mineira de Auto viação Municipal,
com sede em Uberlândia, criou uma rede rodoviária pioneira na região, interligando os
municípios do Triângulo entre si, e com vários municípios do estado de Goiás.

O Triângulo passa, neste momento, a controlar os fluxos de mercadorias entre São


Paulo, de onde provinham os produtos industrializados, e Goiás, principal fornecedor de
cereais, especialmente milho e arroz, funcionando como um centro de convergência da
comercialização entre São Paulo, Minas e Goiás (SOARES, 2005). Foram criadas as bases
materiais para a integração do território, primeiro pelas estradas de ferro, e depois por um
“conjunto de intervenções viárias que operou como variável chave da organização
espacial” (BESSA, 2007).

Favorecido pela posição geográfica estratégica, no caminho das rotas mercantis,


pela disponibilidade de terras e recursos naturais, e pela ausência de resistências sócio
culturais, o Triângulo foi inserido definitivamente na economia nacional. A proposta do

219
desenvolvimento diversificou a economia regional, que ampliou seus espaços de
acumulação, dinamizaram-se os centros urbanos e o comércio passa a ser concorrente
da pecuária na disputa pela atividade mais determinante. Houve, da mesma forma, a
especialização de algumas localidades, com investimentos em infraestruturas de
transporte, rede de energia elétrica, abastecimento de água, telefonia, entre outros. Há
de se convir, que esses investimentos todos estavam atrelados à necessidade de
adaptação dos centros urbanos para o desenvolvimento das atividades comerciais.

Toda a região se beneficiou quando da implantação dos sistemas ferro e


rodoviários, o que renovou a materialidade do território, acelerando os fluxos e
incorporando novas localidades nas trocas comerciais. O centro que mais se beneficiou
com a implantação dessas modalidades de transporte, foi, sem dúvida, Uberlândia, que
se valeu disso para se tornar, no final do século XX, um dos mais importantes centros
atacadistas da América Latina.

A confluência da estrada de ferro com o incipiente sistema rodoviário na cidade de


Uberlândia impulsionou o desenvolvimento da cidade como importante centro comercial,
onde dois sistemas de objetos construídos, a ferrovia e a estrada, concorreram para
reafirmar a posição estratégica, não só de Uberlândia, mas do Triângulo como um
conjunto cheio de potencialidades de entrepostos comerciais.

A construção de Brasília e a consequente interiorização da urbanização brasileira,


vem corroborar a importância da região na divisão do trabalho nacional. O processo de
diversificação da economia foi intensificado, aumentando o consumo e destacando o
papel das empresas atacadistas no comércio e na circulação de pessoas e mercadorias
nesta parte do interior do Brasil; período de início das atividades de grandes empresas do
setor, como a Martins Comércio e Exportação, ARCOM (Armazém do Comércio) e Peixoto.
Com a modernização do país, a expansão da indústria passava a exigir mais mercados, e
foi neste contexto que a região se apresentou como centro de convergência na
circulação das mercadorias. Sob o signo das estradas de rodagem, nasce a importância
moderna da funcionalidade do Triângulo frente aos processos mais amplos de renovação
do território (MICHELOTTO, 2008).

220
34.3. Perfil Demográfico e Socioeconômico

34.3.1. Dinâmica Populacional

População Total e Urbana

A população de Uberlândia, segundo os resultados do Censo de 2010, totalizou


604.013 habitantes, sendo que quase a totalidade (97%) reside em área urbana e apenas
3% em área rural. Percebe-se na Tabela 20 que esse cenário se manteve no intervalo de
aproximadamente 20 anos - desde a contagem realizada pelo Censo de 1991.

Tabela 20: População total, urbana e rural da AII (Uberlândia) - 1991, 2000, 2010.
1991 2000 2010
Área
Pessoas % Pessoas % Pessoas %

Urbana 358.165 97,6 488.982 97,6 587.266 97,2

Rural 8.896 2,4 12.232 2,4 16.747 2,8

Total 367.061 100 501.214 100 604.013 100

Fontes: IBGE: Censos Demográficos, 1991, 2000 e 2010.

A Tabela 21 ilustra que no intervalo entre os dois últimos censos demográficos


realizados no país, 2000 e 2010, o município registrou um crescimento populacional da
ordem de 20,5%. Nota-se que esse índice é superior aos valores apresentados pelo Estado
de Minas Gerais e pelo país. Segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, a
população de Uberlândia cresceu, neste período, a uma taxa média anual de 1,88%, já
no Brasil a taxa de crescimento anual foi de 1,17%.

Tabela 21: Crescimento populacional em 10 anos da AII (Uberlândia), Estado de Minas Gerais e
Brasil.
2000 2010 Crescimento (%)

Uberlândia - MG 501.214 604.013 20,5

Minas Gerais 17.905.134 19.597.330 9,5

Brasil 169.872.856 190.755.799 12,3

Fontes: IBGE: Censos Demográficos, 2000 e 2010.


Valor superior aos registrados pelo Estado de MG e pelo Brasil.

Ainda em relação ao crescimento populacional, destaca-se que, embora a área


rural tenha mantido a proporcionalidade em relação à área urbana, o índice de

221
crescimento foi superior (36,9%) ao registrado pela área urbana (20,1%). Isso sugere a
ocorrência de alguma movimentação populacional rumo à área rural, talvez conduzida
por parte da população migrante, entretanto pouco significativa dado o pequeno
contingente de pessoas. A Tabela 22 mostra esses dados.

Tabela 22: Crescimento populacional em 10 anos da AII (Uberlândia) - 2000 a 2010.


Área 2000 2010 %

Urbana 488.982 587.266 20,1%

Rural 12.232 16.747 36,9%

Total 501.214 604.013 20,5%

Fontes: IBGE: Censos Demográficos, 2000 e 2010; Secretaria Municipal de Planejamento Urbano
de Uberlândia - Banco de Dados Integrados (BDI), 2012.

De acordo com os resultados do levantamento Estimativas da População Residente


nos Municípios Brasileiros, realizado anualmente pelo IBGE, a população de Uberlândia em
2010 seria de 600.285, ou seja, a população aumentou cerca de 4mil habitantes a mais do
que o estimado. Com base ainda em estimativa populacional, Uberlândia tinha em 2015,
cerca de 662.362 mil habitantes. A Tabela 23 mostra as estimativas desde 2010.

Tabela 23: População estimada da AII (Uberlândia) - 2010 a 2014.


2010 2011 2012 2013 2014 2015

Total 600.285 611.904 619.536 646.673 654.681 662.362

Fonte: IBGE - Estimativas de população; DATASUS.

A Tabela 24, exibida abaixo, mostra a taxa de urbanização e a densidade


demográfica do município. Verifica-se, conforme mencionado anteriormente, que a taxa
de urbanização é altíssima, uma vez que 97% da população vive na delimitação do
perímetro urbano.

No que tange à densidade demográfica nota-se que ocorreu um crescimento do


número de habitantes por quilômetro quadrado entre os anos de 2000 e 2010. No entanto,
apesar de Uberlândia ser a segunda cidade mais populosa do Estado de Minas Gerais, a
vasta área territorial do município (4.115,206 km2) faz com ela não ocupe o topo do ranking
de densidade demográfica do estado ficando assim em 46º lugar. Os dois maiores índices
registrados pelos municípios mineiros variam de 7.192 hab./km2 (Belo Horizonte) a 3.104

222
hab./km2 (Contagem) – concentração populacional bem superior à apresentada por
Uberlândia - quando considerada pela totalidade da área territorial.

Tabela 24: Taxas de urbanização e densidade demográfica na AII (Uberlândia) - 2000 e 2010.
Taxas de urbanização (%) Densidade demográfica (hab./km2)

2000 2010 2000 2010

97,6 97,2 121,7 146,7

Fontes: IBGE: Censos Demográficos, 2000 e 2010; Secretaria Municipal de coleta Urbano de Uberlândia -
Banco de Dados Integrados (BDI), 2012

Entretanto, quando considerada a densidade demográfica da área urbana e rural


separadamente o cenário é bastante distinto. A área urbana do município, nos anos de
referência dos últimos censos demográficos, concentra mais de 2.000 hab./km 2, ao passo
que a área rural atingiu no máximo 4,3 hab./km2 (Tabela 25).

Tabela 25: Densidade demográfica na área urbana e rural da AII (Uberlândia) - 2000 e 2010.
Superfície Habitante/Km2
Área
Km2 2000 2010

Urbana 217 2.253,3 2.706,2

Rural 3.898 3,1 4,3

Total 4.115 121,7 146,7

Fontes: IBGE: Censos Demográficos, 2000 e 2010; Secretaria Municipal de Planejamento Urbano
de Uberlândia - Banco de Dados Integrados (BDI), 2012.

A seguir, a Tabela 26 mostra a distribuição da população e de domicílios no


contexto dos cinco distritos pelos quais é composto o município de Uberlândia. Salienta-se
que quase a totalidade da população (98%) está concentrada no distrito de Uberlândia.

Tabela 26: População discriminada por distritos na AII (Uberlândia) – 2010.


Distritos População Nº de Domicílios

Cruzeiro dos Peixotos 976 556

Martinésia 836 367

Miraporanga 6.948 3.322

Tapuirama 3.892 1.505

Uberlândia 591.361 213.375

223
Total 604.013 219.125

Fontes: IBGE: Censos Demográficos, 2000 e 2010; Secretaria Municipal de Planejamento Urbano
de Uberlândia - Banco de Dados Integrados (BDI), 2012.
População masculina e feminina e Razão de Sexo

A Tabela 27 apresenta a distribuição da população masculina e feminina e a Razão


de Sexo no município de Uberlândia. A Razão de Sexo expressa a relação quantitativa
entre os sexos, ou seja, o número de homens para cada grupo de 100 mulheres
(DATASUS/RIPSA, 2009). No caso em estudo observa-se que há predominância da
população feminina - em Uberlândia existem em média 96 homens para cada conjunto
de 100 mulheres.

Tabela 27: População masculina e feminina e Razão de Sexo da AII (Uberlândia) – 2000 e 2010.
Homens Mulheres Razão de Sexo

2000 2010 2000 2010 2000 2010

245.701 294.914 255.513 309.099 96,2 95,4

Fonte: IBGE: Censos Demográficos, 2000 e 2010.

Vale ressaltar que a Razão de Sexo é um indicador influenciado pela mortalidade


diferenciada por idade e por sexo da população residente, bem como pelas taxas de
migração. A Tabela 28 mostra a proporção de mortes por faixa etária e sexo em 2000 e
2010.

Tabela 28: Mortalidade proporcional (%) por idade e sexo na AII (Uberlândia) – 2000 e 2010.
2000 2010
Faixa Etária
Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total

Menor 1 ano 2,8 2,4 5,2 1,5 1,2 2,7

1 a 4 anos 0,5 0,3 0,9 0,2 0,1 0,3

5 a 9 anos 0,2 0,3 0,5 0,2 0,2 0,4

10 a 14 anos 0,3 0,3 0,6 0,3 0,1 0,4

15 a 19 anos 1,2 0,6 1,7 1,2 0,1 1,3

20 a 29 anos 4,2 1,2 5,4 3,6 0,9 4,5

30 a 39 anos 5,0 1,7 6,7 4,2 1,5 5,7

40 a 49 anos 6,7 3,2 9,9 5,8 2,8 8,6

224
50 a 59 anos 9,0 5,0 14,0 8,3 5,3 13,6

60 a 69 anos 10,1 7,1 17,2 8,8 6,8 15,6

70 a 79 anos 11,2 9,0 20,1 11,6 9,4 21,0

80 anos e mais 7,2 10,6 17,8 11,1 14,7 25,8

Total 58 42 100 57 43 100

Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM / DATASUS


Valores superiores de mortalidade para o sexo masculino.

Observa-se que a proporção de óbitos entre os homens é maior do que entre as


mulheres em quase todas as faixas etárias, contudo é entre os jovens e os adultos que a
diferença entre os sexos é mais acentuada. Entende-se, desse modo, que o maior número
de óbitos concentrados no contingente masculino associado às características da
população migrante são fatores influenciadores da Razão de Sexo no município.

Ainda em relação à mortalidade por idade, merece destaque o deslocamento da


concentração de óbitos para as faixas etárias mais elevadas, já que a maioria das mortes
foram registradas em pessoas com 50 anos ou mais. Em 2000 esse contingente
populacional respondeu por 69% da mortalidade e em 2010 por 76%. Esse cenário reflete
menor número de óbitos especialmente na infância e, consequentemente, o aumento da
expectativa de vida.

Estrutura Etária

Com relação à estrutura etária da população, a Tabela 46 apresenta a distribuição


dos moradores agrupados em quatro faixas etárias, a saber: crianças (menos de 14 ano);
jovens (15 a 29 anos); adultos (30 a 64 anos); idosos (65 anos ou mais).

Verifica-se que o grupo de menores de 14 anos, entre 2000 e 2010, apresentou uma
redução de cerca de seis pontos percentuais em relação à população total. Já o grupo
dos adultos de 30 a 64 anos e dos idosos de 65 anos ou mais apontaram um aumento de
aproximadamente 5% e 2%, respectivamente, nos anos considerados. Por sua vez, o
contingente de jovens apresentou uma pequena variação para baixo de -1,8%. Os valores
crescentes e decrescentes encontram-se assinalados na Tabela abaixo.

225
Tabela 29: Distribuição da população por faixa etária na AII (Uberlândia) - 2000 e 2010.
2000 2010
Faixa etária
Pessoas % Pessoas %

Menos de 14 130.935 26,1 125.599 20,8

15 a 29 anos 146.779 29,3 165.891 27,5

30 a 64 anos 198.832 39,7 270.568 44,8

65 anos ou mais 24.668 4,9 41.955 6,9

Total 501.214 100 604.013 100,0

Fontes: IBGE: Censos Demográficos, 2000 e 2010 / Fundação João Pinheiro.


Valores crescentes entre 2000 e 2010.
Valores decrescentes entre 2000 e 2010.

A pirâmide etária (Figura 45) ilustra a distribuição da população em 2010, separada


por sexo, em várias faixas etárias. É possível perceber, por exemplo, que nas faixas etárias
que compreendem as pessoas com idades condizentes para atuarem no mercado de
trabalho, ou seja, de 20 a 64 anos, dos dois sexos, estão concentradas 63% da população
residente. Entretanto, caso seja ampliado o universo para moradores entre 15 e 64 anos, o
percentual atinge 72% da população total. Esses índices elevados quando apreendidos
conjuntamente com outros indicadores que indicam a condição e o grau de
desenvolvimento municipal revelam que Uberlândia está entre as localidades brasileiras
que oferece boa qualidade de vida aos seus moradores.

226
Figura 45: Pirâmide etária - Uberlândia. Distribuição por Sexo, segundo os grupos de idade, 2010.

80 anos e mais
75 a 79 anos
70 a 74 anos
65 a 69 anos
60 a 64 anos
55 a 59 anos
50 a 54 anos
45 a 49 anos
40 a 44 anos Homens

35 a 39 anos Mulheres
30 a 34 anos
25 a 29 anos
20 a 24 anos
15 a 19 anos
10 a 14 anos
5 a 9 anos
0 a 4 anos
15 10 5 0 5 10 15

Fonte: PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro

Salienta-se que a Razão de Dependência, apresentada a seguir, consiste num


indicador calculado pela razão entre o conjunto da população considerado
economicamente dependente (menores de 15 anos de idade e de 65 anos de idade ou
mais) e o grupamento dos potencialmente produtivos (15 a 64 anos) e indica o
contingente populacional inativo que será sustentado pelo grupo dos produtivos
(DATASUS/RIPSA, 2009). No contexto de Uberlândia a Razão de Dependência diminuiu de
45% para 38%, entre 2000 e 2010, isso quer dizer que existem 38 pessoas dependentes para
cada 100 pessoas potencialmente ativas, conforme Tabela 30.

Tabela 30: Grupos etários e Razão de Dependência (RD) na AII (Uberlândia) - 2000 e 2010.
2000 2010
Uberlândia

0 a 14 15 a 64 15 a 64
65 + anos RD 0 a 14 anos 65 + anos RD
anos anos anos

130.935 345.611 24.668 45 125.599 436.459 41.955 38

Fonte: IBGE: Censos Demográficos, 2000 e 2010, PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro.

Ressalta-se que valores elevados de Razão de Dependência indicam uma grande


proporção de dependentes para serem sustentados pela população potencialmente
ativa - contudo esse não é o cenário de Uberlândia. Pelo contrário, na condição de polo
227
regional, esse indicador pode assinalar também que a cidade é um centro urbano com
atratividade econômica. O índice registrado pelo município é igual ao de Belo Horizonte.
Já no estado de Minas Gerais essa relação de dependência é de 44 dependentes para
cada 100 pessoas produtivas.

A Expectativa ou esperança de vida ao nascer indica o número médio de anos de


vida que as pessoas deverão viver a partir do nascimento. O aumento desse indicador
num intervalo de tempo indica melhoria das condições de vida e de saúde da população
– esse é o cenário observado para o município de Uberlândia, conforme ilustra a Tabela
31.

Tabela 31: Expectativa ou esperança de vida ao nascer na AII (Uberlândia) - 1991, 2000 e 2010.
1991 2000 2010

Uberlândia 70,5 73,1 78,1

Minas Gerais 66,4 70,6 75,3

Brasil 64,7 68,6 73,9

Fonte: PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro


Valor superior aos registrados pelo Estado de MG e pelo Brasil.
Nota-se que os moradores de Uberlândia têm uma expectativa de vida ao nascer
superior à média registrada no estado de Minas Gerais, bem como aos anos de vida da
média dos brasileiros.

A taxa de natalidade apresentada adiante é um indicador importante para


detectar o impacto da natalidade na dinâmica populacional. Seu cálculo expressa o
número de nascidos vivos por mil habitantes em relação à população residente
(DATASUS/RIPSA, 2009). A Tabela 32 a seguir mostra o declínio da taxa de natalidade em
Uberlândia, no intervalo entre 2000 e 2010.

Tabela 32: Taxa Bruta de Natalidade na AII (Uberlândia) - 2000 e 2010.

Taxa Bruta de Natalidade

(Nascidos vivos por mil habitantes)

2000 2010
Uberlândia
17 14

Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC – DATASUS

228
A redução da taxa de natalidade invariavelmente está relacionada a alguns
fatores, especialmente em centros urbanos mais desenvolvidos tal como o município em
estudo, como por exemplo acesso aos métodos anticoncepcionais, elevado custo de
vida, elevado grau de escolaridade da população. Já taxas mais elevadas são associadas
a condições socioeconômicas precárias.

34.4. Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios – IDH-M

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) constitui um indicador


destinado a avaliar o desenvolvimento dos municípios e das regiões metropolitanas
brasileiras. Sua composição consiste numa adaptação da metodologia do IDH Global e
foi desenvolvida conjuntamente pelo Instituto Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA),
Fundação João Pinheiro e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD-
Brasil).

Os dois índices, o IDHM e o IDH Global (calculado pela Organização das Nações
Unidas), possuem o objetivo de comparar estágios do desenvolvimento humano em
contraponto a outro indicador comumente utilizado que considera apenas os aspectos
econômicos do desenvolvimento que é Produto Interno Bruto (PIB) per capita. A principal
diferença entre esses indicadores é a unidade geográfica apreendida para comparação;
no primeiro caso são comparados contextos municipais e no segundo, entre países. As
dimensões consideradas para o cálculo final são as mesmas, ou seja, longevidade,
educação e renda.

O IDHM é um número que varia entre 0 e 1. Os índices mais próximos de 1, indicam


maior desenvolvimento humano seja de um estado, município ou região metropolitana. A
Tabela 33 mostra as faixas de desenvolvimento humano pelas quais os municípios são
classificados.

Tabela 33: Faixas de Desenvolvimento Humano Municipal.

Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto

0,000 - 0,499 0,500 - 0,599 0,600 - 0,699 0,700 - 0,799 0,800 - 1,000

Fonte: PNUD, Ipea e João Pinheiro

Em 2010 o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) registrado para


Uberlândia foi 0,789, o que posiciona o município na faixa de Desenvolvimento Humano
Alto, cuja escala engloba os valores entre 0,700 e 0,799.
229
Vale destacar que o IDHM de Uberlândia apresenta índices superiores ao registrado
para o estado de Minas Gerais e para o IDH Brasil, desde 1991. A Figura 46 apresenta os
estágios de desenvolvimento humano para a AII, para o estado mineiro e para o país nos
anos de 1991, 2000 e 2010.

Figura 46: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) na AII (Uberlândia), Estado de
Minas Gerais e Brasil – 1991, 2000 e 2010.

1
0,9 0,789
0,8 0,702
0,7 0,577 0,731
0,6 0,624 0,727
0,5 0,612 IDHM Uberlândia
0,478
0,4 0,493 IDH Minas Gerais
0,3 IDH Brasil
0,2
0,1
0
1991 2000 2010

Muito Alto Alto Médio Baixo Muito Baixo

0,800 - 1,000 0,700 - 0,799 0,600 - 0,699 0,500 - 0,599 0,000 - 0,499

Fonte: PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro.

De acordo com os dados dispostos no gráfico, observa-se que o IDHM de


Uberlândia passou de 0,577, em 1991, para 0,789, em 2010, já o índice estadual passou de
0,478 para 0,731, enquanto o do Brasil foi de 0,493 para 0,727.

Isso mostra uma taxa de crescimento de 37% para o município, 53% para o estado
de MG e de 47% para o país, e uma taxa de redução do hiato de desenvolvimento
humano de 50%, 52% e 54%, respectivamente, no intervalo considerado.

O IDHM de Uberlândia é o terceiro índice mais alto do estado de Minas Gerais e


ocupa o71º lugar no contexto do país. O topo do ranking no estado é ocupado pelos
municípios de Nova Lima (0,813) e de Belo Horizonte (0,810). Já o IDHM mais baixo
registrado em Minas Gerais, em 2010, foi no município de São João das Missões de 0,529.
No que tange ao ranking nacional, o maior índice registrado entre os 5.565 municípios
brasileiros é 0,862 (São Caetano do Sul/SP) e o menor é 0,418 (Melgaço/PA).

Em 2010 a dimensão que mais contribuiu para o IDHM do município foi Longevidade
com índice de 0,885. Já, Renda e Educação obtiveram 0,776 e 0,716, respectivamente, tal
como disposto na Tabela 34.

230
Tabela 34: Componentes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) da na AII (Uberlândia) –
1991, 2000 e 2010.
IDHM e componentes 1991 2000 2010

IDHM Educação 0,366 0,587 0,716

% de 5 a 6 anos na escola 48,73 80,32 93,04

% de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental 51,59 77,87 88,24

% de 18 a 20 anos com médio completo 16,66 37,69 53,45

% de 15 a 17 anos com fundamental completo 25,23 57,47 66,81

% de 18 anos ou mais com fundamental completo 38,78 50,58 64,56

IDHM Longevidade 0,758 0,802 0,885

Esperança de vida ao nascer 70,45 73,11 78,09

IDHM Renda 0,691 0,734 0,776

Renda per capita (R$) 588,98 768,83 1.001,45

Fonte: PNUD, Ipea e João Pinheiro

Nota-se no quadro acima que cada dimensão é composta por alguns indicadores
que resultarão primeiramente num valor correspondente ao índice por tema (IDHM
Longevidade, IDHM Educação e IDHM Renda) e, posteriormente, no indicador mais amplo
que é o IDHM do município.

Os componentes considerados para o cálculo de cada dimensão são os seguintes:

 Longevidade: esperança de vida ao nascer;


 Educação: escolaridade da população adulta e pelo fluxo escolar da população
jovem;
 Renda: renda per capita.

Em relação à Longevidade é à esperança de vida ao nascer, sabe-se que a


expectativa ou esperança de vida ao nascer, no contexto de Uberlândia, aumentou 5
anos entre 2000 e 2010, passando de 73,1 anos para 78,1 anos. No entanto, se
considerarmos o intervalo entre 1991 e 2010 o crescimento é da ordem de 8 anos de vida.
Nesse sentido, o cenário do município é significativamente mais favorável do que o
estadual e o nacional. A esperança de vida ao nascer no estado de Minas Gerais é de
75,3 anos, em 2010, de 70,5 anos, em 2000, e de 66,3 anos em 1991. E no Brasil, de 73,9 anos,
em 2010, de 68,6 anos, em 2000, e de 64,7 anos em 1991. No ranking estadual do IDHM
Longevidade Uberlândia ocupa o segundo lugar, já no ranking nacional está 40º lugar.
231
No que tange ao IDHM Educação merece destaque o crescimento da proporção
em todos os itens que compõem o indicador, entre 1991 e 2010. A proporção de “crianças
de 5 a 6 anos na escola” cresceu 44,31%, já o grupo de “crianças de 11 a 13 anos
frequentando os anos finais do ensino fundamental” aumentou 36,65%, enquanto os de
“jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo” cresceu 41,58% e “jovens de
18 a 20 anos com ensino médio completo” teve acréscimo de 36,79 pontos percentuais.
Ainda em relação ao IDHM Educação, a Expectativa de Anos de Estudo revelou que em
Uberlândia o número de anos de estudo desde que uma criança inicia a vida escolar até
atingir a idade de 18 anos foi de 9,34 anos em 1991, 10,26 anos em 2000 e 9,92 anos em
2010.

Vale lembrar que o IDHM Educação é composto por indicadores que medem o
acesso ao conhecimento da população pelo o fluxo escolar, pela conclusão dos ciclos
escolares por crianças e jovens e pela escolaridade da população adulta. O IDHM
Educação de Uberlândia quando comparado aos outros municípios mineiros está em
sexto lugar e quando comparado aos municípios brasileiros localiza-se na posição 193.

O IDHM Renda considera a renda média per capita, ele mede a capacidade de
consumo e aquisição de bens e serviços pela população capazes de garantir as
necessidades básicas, tais como água, alimento e moradia. O crescimento da renda
média per capita em Uberlândia foi da ordem de 70,03% entre 1991 e 2010. Segundo o
Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, a taxa média de crescimento anual no
período foi de 2,83%. Em comparação com os índices obtidos pelos demais municípios
mineiros, Uberlândia destaca-se em terceiro lugar já no cenário nacional posiciona-se me
71º lugar.

34.5. Atividades Econômicas e Finanças Públicas

A caracterização da economia da área de influência indireta (AII) é uma etapa


importante para subsidiar a análise dos eventuais impactos diretos e indiretos do
empreendimento. O diagnóstico permite uma compreensão integrada da dinâmica de
desenvolvimento e de seus principais componentes, de modo a complementar a
avaliação da viabilidade socioambiental do empreendimento. O escopo dos
levantamentos das atividades econômicas e finanças públicas incluíram apenas o
município de Uberlândia, localidade que sediará o empreendimento.

Para a composição do diagnóstico das atividades econômicas e finanças públicas


da AII foram pesquisadas as bases de dados oficiais do IBGE, da Fundação João Pinheiro,
232
da Secretaria do Tesouro Nacional, da Secretaria Estadual de Fazenda e da Prefeitura de
Uberlândia.

O objetivo principal do trabalho foi fundamentar a avaliação dos impactos


decorrentes da operação do empreendimento em análise. Adicionalmente foram
considerados dados consolidados estadual e nacional, de modo a ampliar a
compreensão da dinâmica do desenvolvimento na Área de Influência Indireta (AII) do
empreendimento.

34.5.1. Estrutura Produtiva

Para caracterizar a estrutura produtiva do município de Uberlândia serão


apresentados alguns indicadores econômicos, tais como o Produto Interno Bruto (PIB),
Produto Interno Bruto (PIB) per capita, composição do PIB municipal por meio da
demonstração do Valor Adicionado Bruto e dados sobre o mercado formal de trabalho.

Para os dados relacionados ao PIB e Valor Adicionado tomou-se como referência o


estudo realizado pelo IBGE em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias
estaduais de governo, intitulado Produto Interno Bruto dos Municípios 1999 -2012.

Destaca-se que o PIB per capita a preços correntes no município, em 2012 - último
ano de referência com dados disponíveis - foi de R$ 34.575,29, ao passo que no estado foi
de R$ 20.324,58 e no Brasil de R$ 23.655,00.

Vale ressaltar que, segundo o IBGE, no ranking dos 100 maiores PIBs por município
no Brasil, Uberlândia ocupou, em 2011, 29ª posição.

A Tabela 35 mostra a evolução do PIB a preços correntes, do PIB per capita e da


participação do município no PIB estadual.

Tabela 35: Evolução do PIB Municipal, PIB Per Capita e Participação no PIB Estadual, na AII
(Uberlândia) – 2012.
2008 2009 2010 2011 2012

PIB (R$ mil) 14.253.571 16.092.093 18.295.771 18.715.173 21.420.638

PIB Per capita (R$ correntes) 22.899,50 25.368,00 30.463,70 30.585,15 34.575,29

Participação no PIB Estadual (%) 5,05 5,61 5,21 4,85 5,31

Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de


Governo, 2012.

233
É possível notar que no intervalo de cinco anos, compreendido pela tabela, o PIB
municipal teve um crescimento de 50%, passando de R$ 14.253.571.000,00 para R$
21.420.638.000,00.

Em termos de participação percentual no PIB estadual de Minas Gerais, no período


de 2008 a 2012, nota-se que a participação de Uberlândia oscilou tanto para cima como
para baixo nesse período, tendo atingido o maior índice em 2009 e o menor em 2011.

A atividade econômica que tem maior contribuição na composição do PIB do


município é o setor de serviços, tal como explicita a Tabela 36, com a apresentação do
Valor Adicionado Bruto por setor da economia no município.

Tabela 36: Valor Adicionado Bruto por Setor da Economia, na AII (Uberlândia) – 2012.

Agropecuária Indústria Serviços Agropecuária Indústria Serviços*

(Mil Reais) (Mil Reais) (Mil Reais) (%) (%) (%)

Uberlândia 446.826 4.389.119 11.620.335 2,72 26,67 70,61

Nota: * Inclusive administração, saúde e educação públicas e seguridade social.


Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de
Governo, 2012.

Observa-se que o setor de serviços responde por 70,61% da economia local, seguido
pela indústria (26,67%) e pela agropecuária (2,72%).

Quando comparado o perfil da economia de Uberlândia, no que diz respeito à


composição setorial do PIB nota-se que o município apresenta um retrato similar ao
encontrado no estado de Minas Gerais e do Brasil, tal como exposta na Tabela 37.
Percebe-se que nas três instâncias administrativas, municipal, estadual e nacional, o setor
de serviço responde pela maior faixa de composição do Produto Interno Bruto.

Tabela 37: Participação do Valor Adicionado Bruto por Setor da Economia, na AII (Uberlândia),
Minas Gerais e Brasil – 2012.
Agropecuária Indústria Serviços*

(%) (%) (%)

Uberlândia 2,72 26,67 70,61

Minas Gerais 8,59 29,37 62,04

Brasil 5,32 26,02 68,66

Nota: * Inclusive administração, saúde e educação públicas e seguridade social.


Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de
Governo, 2012.
234
34.6. Infraestrutura e Serviços Públicos

34.6.1. Educação

Na área de educação serão apresentados dados e indicadores que dizem respeito


tanto à estrutura de atendimento escolar quanto ao acesso à educação pela população.
Vale lembrar que no item 34.4, foram tratados aspectos relativos à educação na
composição do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-IDHM. A Tabela 38 mostra
a estrutura do atendimento escolar em Uberlândia, de acordo com o Censo Educacional
2012, realizado pelo Ministério da Educação.

Tabela 38: Estrutura do atendimento escolar na AII (Uberlândia), 2012.


% %
Pública Pública Pública Privad Tot
Públic Privad
Municipal Estadual Federal a al
a a

Pré-Escolar 67 0 1 92 160 42,5 57,5

Ensino
50 62 1 70 183 61,7 38,3
Fundamental

Ensino Médio 0 27 1 20 48 58,3 41,7

Total 117 89 3 182 391 - -

Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP -


Censo Educacional 2012.

Na estrutura de atendimento escolar apresentada na tabela acima observa-se que


à exceção do ciclo da pré-escola, registra-se predominância de escola pública no ciclo
fundamental e médio.

Importante frisar que a educação no município de Uberlândia apresenta um


quadro favorável de crescimento no que diz respeito a proporção de crianças, jovens e
adultos na escola, tal como explicitado no item 34.4 que aborda o IDHM Educação. Além
disso, quando comparado aos demais municípios mineiros, Uberlândia ocupa o sexto lugar
do IDHM Educação. Essa situação de destaque no quesito educação pode ser notada
também na proporção de pessoas 10 anos ou mais de idade por nível de escolaridade,
como mostra a Tabela 39.

235
Tabela 39: Escolaridade da população de 10 anos ou mais de idade, na AII (Uberlândia), Minas
Gerais e Brasil – 2010.
Pessoas de 10 anos
Minas
ou mais de idade Uberlândia Brasil
Gerais
(Pessoas/Uberlândia (%) (%)
(%)
)

Sem instrução e
211.400 40,35 52,7 50,24
fundamental incompleto

Fundamental completo e
103.309 19,72 17,07 17,4
médio incompleto

Médio completo e superior


141.981 27,1 21,69 23,45
incompleto

Superior completo 64.119 12,24 7,95 8,31

Não determinado 3.092 0,59 0,59 0,6

Total 523.900 100 100 100

Fonte: IBGE - Censo Demográfico.


Valores superiores aos registrados pelo Estado de MG e Brasil.

Percebe-se, nos dados expostos acima, que à exceção do grupo de pessoas “Sem
instrução e fundamental incompleto”, todos os níveis de escolaridade, no contexto de
Uberlândia, apresentam índices superiores aos registrados pelo estado mineiro e pelo país.

O mesmo acontece quando a questão é a Taxa de Analfabetismo que indica o


“percentual de pessoas com 15 anos ou mais de idade que não sabem ler e escrever pelo
menos um bilhete simples, no idioma que conhecem, na população total residente da
mesma faixa etária, em determinado espaço geográfico, no ano considerado” (DATASUS,
Nota Técnica/Tabnet). A Figura 47 ilustra o cenário na comparação entre Uberlândia, o
estado de Minas Gerais e o Brasil.

236
Figura 47: Taxa de analfabetismo na AII (Uberlândia), Minas Gerais e Brasil 2010.

Taxa de Analfabetismo (%)


25
20
20 18
14
15 12
9 8 10
10
5
4
5
0
Uberlândia (MG) Minas Gerais Brasil

1991 2000 2010

Fonte: PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro.

Nota-se que a redução da taxa de analfabetismo é uma tendência tanto em nível


municipal, estadual e nacional, dada a implementação de políticas educacionais e das
metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação, que, no que tange, ao
analfabetismo prevê que os estados e municípios assumam o compromisso de erradicar o
analfabetismo absolto até 2024.

O gráfico chama a atenção para o cenário de Uberlândia que desde 1991 já


registrava um índice de analfabetismo inferior aos exibidos por Minas Gerais e pelo país,
em 2010. Alguns municípios mineiros destacam-se pelo grande número de pessoas com
15 anos ou mais de idade consideradas analfabetas – é possível encontrar, por exemplo,
taxas de 35%. No entanto, Uberlândia se posiciona no lado oposto e ocupa o oitavo lugar
no universo dos 853 municípios do estado. No topo do ranking está Belo Horizonte com
2,87% de taxa de analfabetismo.

34.7. Segurança Pública

As informações apresentadas visam caracterizar as condições gerais da segurança


pública em Uberlândia. Para isso os dados foram levantados junto à Fundação João
Pinheiro, mais especificamente no banco de dados do Índice Mineiro de Responsabilidade
Social 2013.

A Tabela 40 abaixo mostra que Uberlândia é um município com diversas instâncias


de unidades ou serviços relacionados à segurança da população. Destaca-se que,
conforme assinalado, a única instância ou serviço inexistente no Uberlândia é a guarda
municipal.

237
Tabela 40: Condições Gerais de Segurança Pública na AII (Uberlândia) – 2010.
Instância/ Serviço Existência

Delegacia de Polícia Civil Sim

Delegacia de proteção à criança e ao adolescente Sim

Delegacia de polícia especializada no atendimento à mulher Sim

Guarda municipal Não

Unidade de internação de adolescentes infratores Sim

Unidade prisional Sim

Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher Sim

Conselho de Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes Sim

Conselho Municipal de Segurança Pública Sim

Conselho Tutelar Sim

Conselho Comunitário de Segurança Pública Sim

Fonte: Fundação João Pinheiro – Índice Mineiro de Responsabilidade Social 2013.


Corporação não existente no município.

34.8. Saneamento Básico

As condições de infraestrutura do município no que tange aos serviços públicos de


saneamento básico atingem quase a totalidade dos domicílios, de acordo com dados do
Censo Demográfico de 2010 e do Índice Mineiro de Responsabilidade Social/2013.

O serviço de saneamento básico no município é prestado pelo Departamento


Municipal de Água e Esgoto - DMAE, cujos índices de cobertura dos domicílios, tanto de
abastecimento de água quanto de esgotamento sanitário, constam da Tabela 41 e Tabela
42, respectivamente.

Tabela 41: Domicílios particulares permanentes segundo a forma de abastecimento de água, AII
(Uberlândia), Minas Gerais e Brasil– 2010.
Forma de Abastecimento de água Uberlândia Minas Gerais Brasil

Rede geral (%) 97,99 86,28 82,85

Poço ou nascente na propriedade (%) 1,53 8,32 10,03

Poço ou nascente fora da propriedade (%) 0,31 3,94 3,78

Carro-pipa ou água da chuva (%) 0,01 0,42 1,22

238
Rio, açude, lago ou igarapé (%) 0,04 0,77 1,3

Poço ou nascente na aldeia (%) 0 0,01 0,03

Poço ou nascente fora da aldeia (%) 0 0 0

Outra (%) 0,12 0,26 0,8

Total (%) 100 100 100

Nota: Domicílio particular permanente é o domicílio que foi construído a fim de servir
exclusivamente para habitação e, na data de referência, tinha a finalidade de servir de moradia
a uma ou mais pessoas.
Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010.
Valores superiores aos registrados no estado de Minas Gerais e no Brasil.

A tabela acima dispõe os dados sobre a forma de abastecimento de água em


Uberlândia, no estado de Minas Gerais e no país. Nota-se que 97,99% dos domicílios no
município são atendidos pela rede geral do prestador de serviço, ao passo que no estado
mineiro esse índice cai para 86,28% e no Brasil para 82,85%. A forma “Poço ou nascente na
propriedade” apresenta índices mais significativos nos contextos estadual (8,32%) e
nacional (10,03%), mas pouco expressivo na área de estudo (1,53%).

Tabela 42: Domicílios particulares permanentes segundo o tipo de esgotamento sanitário, AII
(Uberlândia), Minas Gerais e Brasil – 2010.
Tipo de Esgotamento Sanitário Uberlândia Minas Gerais Brasil
Rede geral de esgoto ou pluvial
96,53 75,37 55,45
(%)
Fossa séptica (%) 1,65 3,24 11,61

Fossa rudimentar (%) 1,71 13,78 24,46

Vala (%) 0,02 1,1 2,44

Rio, lago (%) ou mar 0,02 4,58 2,08

Outro tipo (%) 0,03 0,68 1,32

Não tinham (%) 0,05 1,26 2,64

Total (%) 100 100 100


Nota: Domicílio particular permanente é o domicílio que foi construído a fim de servir
exclusivamente para habitação e, na data de referência, tinha a finalidade de servir de moradia
a uma ou mais pessoas.
Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010.
Valores superiores aos registrados no estado de Minas Gerais e no Brasil

Considerando os dados apresentados na tabela acima, observa-se que Uberlândia


detém indicadores bem superiores aos registrados pelo estado mineiro e pelo país – quase
239
a totalidade (96,53) dos domicílios encontrava-se, em 2010, conectada à rede geral de
esgoto ou pluvial. Ressalta-se que, embora o esgotamento sanitário seja um serviço público
de suma importância, especialmente para a saúde e qualidade de vida da população,
os índices apresentados pelo Brasil encontram-se bem aquém de um cenário satisfatório.
Apenas 55,45% dos domicílios no país, em 2010, estavam conectados à rede geral de
esgoto ou pluvial e em Minas Gerais, 75,37%.

Ainda em relação ao serviço de esgotamento sanitário chama a atenção o


percentual domicílios que possuem fossa séptica – especialmente no país, 24,46% dos
domicílios.

No que tange ao tratamento de esgoto, segundo dados da Fundação João


Pinheiro, 78,51% do esgoto do município é tratado. Na comparação com os municípios
mineiros, Uberlândia está no grupo dos 10 municípios com melhores percentuais de
tratamento de esgoto. O município Bonsucesso apresenta o melhor índice de Minas Gerais:
99,54%

34.9. Energia Elétrica

Pode-se dizer que o serviço de energia elétrica é o serviço público que apresenta a
maior cobertura no município. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, 99,87% dos
domicílios particulares permanentes tinham energia elétrica fornecida pela distribuidora
CEMIG. Observa-se na Tabela 43 que o cenário de alto percentual de cobertura dos
domicílios é condizente também para o contexto estadual e nacional.

Tabela 43: Domicílios particulares permanentes segundo a existência de energia elétrica na AII
(Uberlândia), Minas Gerais e Brasil – 2010.
Uberlândia Minas Gerais Brasil

Tinham 99,87 99,29 98,73

Não tinham 0,13 0,71 1,27

Total 100 100 100

Nota: Domicílio particular permanente é o domicílio que foi construído a fim de servir
exclusivamente para habitação e, na data de referência, tinha a finalidade de servir de moradia
a uma ou mais pessoas.
Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010.
Valores superiores aos registrados no estado de Minas Gerais e no Brasil

240
O alto índice de cobertura de energia elétrica no país deve-se à expansão do
serviço em todo território nacional implementada especialmente pelo Programa Luz para
Todos, cujo objetivo principal consiste em acabar com a exclusão elétrica, cuja meta foi
de levar energia elétrica gratuitamente para 10 milhões de pessoas do meio rural, até 2010.
Essa meta foi ultrapassada e o saldo do programa para 2015 já é de 15,5 milhões de
moradores rurais beneficiários.

34.10. Resíduos Sólidos Domiciliares

A coleta de resíduos domiciliar, em Uberlândia, abrange todos os bairros integrados


do município, cujo destino é o Aterro Sanitário de Uberlândia, localizado a cerca de 10 km
do centro da cidade. O aterro atende 100% do resíduo gerado pela população urbana,
uma vez que a coleta atinge todos os setores da cidade, inclusive os Distritos (Banco de
Dados Integrados/BDI, 2012).

Em 2011 teve início no município o Programa de Coleta Seletiva, tendo como


projeto piloto a coleta nos bairros de Santa Mônica e Segismundo Pereira. O programa visa
incentivar a formação de associações e cooperativas de catadores, assim como
conscientizar a população sobre a produção de resíduos e a importância de reintegrá-lo
ao ciclo industrial proporcionando benefícios ambientais e econômicos. Hoje são
atendidos 28 bairros, que representam 44% da área urbana e 44,6% da população total
do município. O método de coleta é “porta a porta”, no qual os caminhões próprios da
coleta seletiva passam em dias e horários distintos daqueles da coleta habitual e o
descarte é feito em sacos plásticos comuns. Para isso, a Prefeitura dispõe de um programa
de conscientização e informação destinado à população atendida (Secretaria de
Serviços Urbanos, 2015).

A Tabela 44 mostra as formas de coleta de resíduos domiciliares em Uberlândia, no


estado de Minas Gerais e no Brasil, de acordo com os dados do Censo Demográfico de
2010.

Tabela 44: Domicílios particulares permanentes segundo a coleta de resíduos na AII (Uberlândia),
Minas Gerais e Brasil – 2010.
Minas
Uberlândia Brasil
Gerais

Coletado 98,62 87,63 87,41

Coletado por serviço de limpeza 97,59 83,59 80,23

241
Coletado em caçamba de serviço de
1,03 4,03 7,18
limpeza

Queimado (na propriedade) 1,03 10,5 9,56

Enterrado (na propriedade) 0,11 0,36 0,58

Jogado em terreno baldio ou logradouro 0,06 1 1,98

Jogado em rio, lago ou mar 0 0,05 0,08

Outro destino 0,19 0,47 0,4

Total 100 100 100

Nota: Domicílio particular permanente é o domicílio que foi construído a fim de servir
exclusivamente para habitação e, na data de referência, tinha a finalidade de servir de moradia
a uma ou mais pessoas.
Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010.
Valores superiores aos registrados no estado de Minas Gerais e no Brasil

Constata-se na tabela acima que o percentual de resíduo coletado atinge no


município 98,62%, sendo que 97,59% é realizada pelo serviço de limpeza e apenas 1,03%
por caçambas. Tendo em vista que esses dados datam de 2010 e que informações
atualizadas fornecidas pela Secretaria de Serviços Urbanos do Município apontam para a
coleta de 100% do resíduo gerado pela população urbana, intui-se que a pequena
diferença entre a totalidade e o percentual informado de resíduo coletado está
relacionada ao seu descarte em área rural, abarcando assim resíduo queimado na
propriedade (1,03%), enterrado na propriedade (0,11%), jogado em terreno baldio ou
logradouro (0,06%) e outro destino (0,19%).

Vale destacar que o percentual de resíduo domiciliar coletado no município é


significativamente superior (98,62%) aos índices alcançados pelo estado mineiro (87,63%)
e pelo país (87,41%).

Ainda em relação aos dados apresentados na tabela, chama a atenção os índices


expressivos de resíduo queimado na propriedade tanto no universo estadual (10,5%)
quanto nacional (9,56%). Embora essa prática seja proibida por lei, a queimada ainda é
adotada por um contingente expressivo de moradores da área rural – o que causa vários
danos para os agricultores, para o meio ambiente e para a população de um modo geral.
O índice registrado por Uberlândia, em comparação aos outros dois universos, é
relativamente baixo, de 1,03%.

242
34.11. Saúde Pública

O município de Uberlândia dispõe de 1.424 estabelecimentos de saúde para


atendimento da população, segundo dados do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos
de Saúde, do Ministério da Saúde (Tabela 45).

Tabela 45: Tipo dos principais estabelecimentos de saúde na AII (Uberlândia) - Julho, 2015.
Tipo de Estabelecimento Qtde.

Centro de Saúde/ Unidade Básica de Saúde 64

Clínica especializada/ Ambulatório Especializado 236

Consultório Isolado 934

Hospitais (Geral, Especializado, Dia) 22

Policlínica 57

Posto de Saúde 6

Serviço de Apoio de Diagnose e Terapia 72

Total 1.391*

* Nota: Além dos estabelecimentos listados, existem mais 33, cuja somatória individual é pouco
expressiva, totalizando 1.424: Central de regulação (2); Centro de atenção hemoterápica e/ou
hematológica (1) Centro de atenção psicossocial-CAPS (6); Cooperativa (4); Pronto-atendimento
(1); Secretaria de saúde (2); Serviço de atenção domiciliar isolado(home care) (2); Unidade de
vigilância em saúde (3); Unidade mista (8); Unidade móvel de nível pré-hosp-
urgência/emergência (1); Unidade móvel terrestre (3).

Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES.

No que tange aos recursos físicos de saúde, destinados ao atendimento dos


moradores de Uberlândia, serão apresentados a seguir os dados relativos aos leitos
hospitalares de internação e aos leitos complementares. Por leitos hospitalares, segundo
Ministério da Saúde, entende-se as camas destinadas à internação sem considerar os leitos
de observação. Os leitos hospitalares são divididos nas seguintes especialidades: cirúrgicos,
clínicos, obstétricos, pediátricos, hospital dia e outras especialidades para atendimento
pelo “SUS” e “Não SUS”. Já, os leitos complementares abrangem os leitos de UTI e Unidade
Intermediária também para atendimento pelo “SUS” e “Não SUS”. Esses leitos estão
subdivididos em UTI adulto, UTI infantil, UTI neonatal, UTI de queimados e unidade de
isolamento. A Tabela 46 mostra os dados sobre os leitos de forma concisa.

243
Tabela 46: Leitos de internação e leitos complementares “SUS” e “Não SUS” na AII (Uberlândia) -
Julho, 2015.
Leitos de internação 1.281

Quantidade SUS 848

Quantidade “Não SUS” 433

% SUS no total 66

Coeficiente de leitos por mil habitantes (apenas SUS) 1,4

Leitos complementares 244

Quantidade SUS 169

Quantidade “Não SUS” 75

% SUS no total 69

Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES.

O quantitativo de leitos hospitalares de Uberlândia, em valores absolutos, ocupa o


terceiro lugar no estado. Acredita-se que a infraestrutura hospitalar é utilizada não apenas
pelos moradores do município, mas também pelos moradores de outras localidades
próximas tendo em vista, especialmente, a característica de Uberlândia ser um polo
regional. Desse modo, o coeficiente de leitos por mil habitantes (exclui os leitos
privados não vinculados ao SUS) possivelmente não expressa a relação exata de leito
hospitalar por morador, uma vez que um contingente de pacientes “não residentes” é
também atendido pelos hospitais da cidade. Ressalta-se que, segundo o Ministério da
Saúde, não existem padrões validados que permitem análises comparativas entre
localidades no que diz respeito à relação leito hospitalar/habitante. Contudo, a proporção
registrada em Uberlândia é similar ao índice estadual de 1,4 leitos por mil habitantes.

Outros indicadores importantes no que tange às condições de vida e saúde da


população são as Taxas de Mortalidade Bruta e Infantil habitualmente tomadas como
parâmetro para inferir o impacto da mortalidade na dinâmica populacional e avaliar as
às condições de desenvolvimento socioeconômico, bem como o acesso e a qualidade
dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna e infantil.

A Taxa Bruta de Mortalidade expressa o número médio de pessoas que morreram a


cada mil habitantes em relação à população residente, num determinado período.
Ressalta-se que diversos fatores podem influenciar esse indicador, entre eles fenômenos
climatológicos, subnutrição, prevalência de alguns tipos de doenças e estrutura da

244
população quanto à idade e sexo. Considera-se que taxas elevadas de mortalidade
refletem baixas condições socioeconômicas ou até mesmo alta proporção de população
idosa (DATASUS/RIPSA, 2009).

O cálculo da Taxa de Mortalidade Infantil consiste na relação entre o número de


óbitos de menores de 1 ano de idade por mil nascidos vivos no âmbito da população
residente em determinado espaço geográfico. Essa taxa estima o risco de morte no
primeiro ano de vida de uma pessoa e expressa o número de crianças que não irão
sobreviver ao primeiro ano, num universo de mil crianças nascidas vivas. Destaca-se que é
um indicador influenciado especialmente pelas condições socioeconômicas da
população e pela qualidade do atendimento dispensado à mãe e à criança
(DATASUS/RIPSA, 2009).

Ainda no que diz respeito à Taxa de Mortalidade Infantil, vale salientar que esse é
um dos indicadores considerados pela Organização das Nações Unidas no âmbito da
Declaração do Milênio - acordo firmado em 2000 entre 189 países para combate à
extrema pobreza e outros males das sociedades - que resultou em oito objetivos, são eles:
1) redução da pobreza; 2) atingir o ensino básico universal; 3) igualdade entre os sexos e
a autonomia das mulheres; 4) reduzir a mortalidade na infância; 5) melhorar a saúde
materna; 6) combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; 7) garantir a
sustentabilidade ambiental; 8) estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
A meta para o objetivo 4 “Reduzir a Mortalidade na Infância” é de reduzir em dois terços,
entre 1990 e 2015, a mortalidade entre crianças menores de 5 anos, inclusive a Taxa de
Mortalidade Infantil.

A Tabela 47 mostra o desempenho dos indicadores Taxa Bruta de Mortalidade e


Taxa de Mortalidade Infantil no âmbito de Uberlândia e do estado de Minas Gerais.

Tabela 47: Taxa Bruta de Mortalidade e Taxa de Mortalidade Infantil na AII (Uberlândia) – 2000 e
2010.
Taxa de Mortalidade Taxa de Mortalidade Infantil

Localidade (x1.000 hab.) (x 1.000 nascidos vivos)

2000 2010 2000 2010

Uberlândia 5,2 6,5 20,01 10,68

Minas Gerais 6,3 6,7 27,75 15,08

Fontes: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM; PNUD, Ipea e Fundação
João Pinheiro.
Valores inferiores e mais favoráveis aos registrados pelo Estado de MG.

245
Observa-se na tabela acima que a Taxa de Mortalidade registrada para o contexto
de Uberlândia é inferior aos valores registrados para o contexto estadual, tanto em 2000
quanto em 2010 – o que indica um cenário mais favorável. Entretanto é possível observar
que a taxa de mortalidade aumentou nesse intervalo de dez anos, passando de 5,2 mortes
para 6,5 a cada mil habitantes. Contudo, tendo em vista os indicadores de qualidade de
vida do município acredita-se que o crescimento da Taxa de Mortalidade está mais
relacionado à questão do aumento da expectativa de vida e consequentemente a maior
concentração do número de óbitos no grupo das pessoas idosas do que às condições
socioeconômicas.

No que tange à Taxa de Mortalidade Infantil, merece destacar que os valores


registrados no município foram consideravelmente inferiores aos registrados para o
contexto do estado. Enquanto Uberlândia registrava em 2000, vinte mortes de crianças
com menos de um ano para cada grupo de mil nascidas vivas, Minas Gerais atingia 27,75.
Já em 2010, o município atingiu a taxa de 10,68 e o estado de 15,08.

Considerando a meta estabelecida pela Declaração do Milênio, conforme


mencionado acima, pode-se inferir que Uberlândia atingirá, em 2015, a meta de redução
de dois terços da Taxa de Mortalidade Infantil em relação ao valor registrado em 1990,
uma vez que, segundo o Ministério da Saúde, em 2013 a taxa estava no patamar de 8,4 e
a meta a ser atingida é de 7,7. Pelos parâmetros das políticas públicas de saúde no Brasil
quando os valores da Taxa de Mortalidade Infantil são inferiores a 20 o índice é
considerado baixo.

Há ainda outros elementos que permitem traçar o perfil da saúde pública no


município, entre eles a morbidade hospitalar por grupos de doenças, segundo a
Classificação Internacional de Doenças (CID-10), por meio das quais é possível visualizar o
panorama da incidência de doenças infecciosas.

A CID-10 agrupa as doenças em capítulos, que se desdobram em agrupamentos,


conforme Tabela 48.

Tabela 48: Capítulos da Classificação Internacional de Doenças – CID 10.


Capítulo I Algumas doenças infecciosas e parasitárias

Capítulo II Neoplasias [tumores]

Doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos e alguns transtornos


Capítulo III
imunitários

Capítulo IV Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas

246
Capítulo V Transtornos mentais e comportamentais

Capítulo VI Doenças do sistema nervoso

Capítulo VII Doenças do olho e anexos

Capítulo VIII Doenças do ouvido e da apófise mastóide

Capítulo IX Doenças do aparelho circulatório

Capítulo X Doenças do aparelho respiratório

Capítulo XI Doenças do aparelho digestivo

Capítulo XII Doenças da pele e do tecido subcutâneo

Capítulo XIII Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo

Capítulo XIV Doenças do aparelho geniturinário

Capítulo XV Gravidez, parto e puerpério

Capítulo XVI Algumas afecções originadas no período perinatal

Capítulo XVII Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas

Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não


Capítulo XVIII
classificados em outra parte

Capítulo XIX Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas

Capítulo XX Causas externas de morbidade e de mortalidade

Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de


Capítulo XXI
saúde

Capítulo XXII Códigos para propósitos especiais

Fonte: Ministério da Saúde / Datasus.

Segundo a Portaria n.º 1101/GM, publicada pelo Ministério da Saúde em 12 de junho


de 2002, “estima-se que de 7 a 9% da população terá necessidade de internações
hospitalares durante o ano”. Essa estimativa foi correspondida no contexto de Uberlândia
em 2014, quando foram registradas 42.703 internações nos hospitais da cidade.

De acordo com a classificação das internações distribuídas pelos capítulos da CID


10, as morbidades hospitalares mais significativas do ponto de vista quantitativo, em 2014,
em Uberlândia, foram: a) Gravidez, parto e puerpério; b) Doenças do aparelho
circulatório; c) Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas
externas; d) Doenças do aparelho digestivo; e) Algumas doenças infecciosas e

247
parasitárias. A Tabela 49 apresenta as morbidades hospitalares com maior incidência, por
capítulo da CID 10, que totaliza cerca de 85% do total.

Tabela 49: Número de internações por Capítulo CID-10 (por local de residência), na AII
(Uberlândia) – 2014.
Capítulo Nº %

XV. Gravidez parto e puerpério 6.424 15,0

IX. Doenças do aparelho circulatório 5.032 11,8

XIX. Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas


4.899 11,5
externas

XI. Doenças do aparelho digestivo 4.819 11,3

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 3.886 9,1

X. Doenças do aparelho respiratório 3.835 9,0

XIV. Doenças do aparelho geniturinário 3.383 7,9

II. Neoplasias (tumores) 2.375 5,6

XXI. Contatos com serviços de saúde 1.740 4,1

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Os dados disponíveis relativos à morbidade hospitalar aqui apresentados datam de


2014. Observa-se que os grupos que tiveram ocorrências mais volumosas foram o Capítulo
XV – Gravidez, parto e puerpério –, Capítulo IX – Doenças do aparelho circulatório –
Capítulo XIX - Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas
externas, e Capítulo XI - Doenças do aparelho digestivo. O grupo de doenças infecciosas
e parasitárias respondeu por cerca de 9,1% dos casos que levaram os moradores à
internação no município. Nesse grupo destaca-se: a) doenças bacterianas (44%);
septicemia (27%); doenças infecciosas intestinais (8,9%); febre por arboviroses e febre
hemorrágica por vírus, que engloba os casos de dengue (1,8%).

Alguns tipos de doenças obedecem a orientação do Ministério de Saúde de


notificação compulsória. Essas enfermidades são registradas no Sistema de Informação de
Agravos de Notificação-SINAN, cujo objetivo é registrar doenças e agravos de importância
para a saúde pública. Os dados sobre essas notificações constam da Tabela 50, no
entanto cabe ressaltar que os períodos de abrangência das informações não são
idênticos, portanto serão apresentados dados de 2012, 2013 e 2014, de acordo com o tipo
de doença.

248
Tabela 50: Doenças de notificação compulsória na AII (Uberlândia) – 2012, 2013 e 2014.
2011 2012 2013 2014

Notificações

Dengue 443

Animais Peçonhentos 404

Casos Confirmados

Hepatites Virais 169

Leishmaniose Visceral 2

Leishmaniose Tegumentar 15

Sífilis Congênita 10

Sífilis Gestante 32

Hanseníase 106

Tuberculose 179

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net.


Maiores números de notificações de acidentes.
Nota-se que os casos de dengue e picadas por animais peçonhentos sobressaem
às outras enfermidades de notificação compulsórias. No grupo de animais peçonhentos,
os acidentes com escorpião somam 70% do total, conforme Tabela 51.

Tabela 51: Notificação por tipo de acidente na AII (Uberlândia), 2014.


Serpente Aranha Escorpião Lagarta Abelha Ign/Branco Total

Total 48 28 284 7 24 14 405

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net.


Principal tipo de acidente por animal peçonhento.

Os dados apresentados abaixo representam a média dos profissionais de saúde por


categoria em 2014. Vale salientar que inexistem padrões nacionais ou internacionais
validados para o número de profissionais de saúde por mil habitantes. No entanto, alguns
estudos sugerem que um índice aceitável é pelo menos um médico por mil habitantes,
mas tal critério não se aplica a toda realidade (RIPSA, 2009). No Brasil, o Ministério da Saúde
utiliza como referência a proporção de 2,7 médicos por mil habitantes – mesmo índice
encontrado no Reino Unido, que depois do Brasil tem o maior sistema de saúde pública de
caráter universal. Em Uberlândia a proporção médico a cada mil habitantes encontra-se
exatamente dentro dos limites da referência nacional, ou seja, 2,7 médicos por mil
249
habitantes. Esse índice é superior ao registrado pelo Estado de Minas Gerais que é de 1,8
médicos por mil habitantes (Tabela 52 e 53).

Tabela 52: Recursos humanos na área da saúde na AII (Uberlândia) – 2014.


Nível Técnico e
Médicos Nível Superior Nível Elementar Total
Auxiliar

1.749 4.213 2.744 583 9.289

Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil/CNES.

Tabela 53: Cobertura dos programas da Atenção Básica e número de médicos, AII (Uberlândia),
2014.
Total

Programa de Saúde da Família (PSF) - pessoas atendidas 108.565

% da Pop. Atendida 16,6

Pop. Estimada em 2014 654.681

Número de Médicos 1.749

Coeficiente Médicos por Mil Habitantes 2,7

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica – SIAB.

34.12. Organização Social

Foram levantadas 1.730 entidades sem fins lucrativos que atuam na AII, segundo
resultados da Pesquisa Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos, realizada
pelo IBGE em 2010.

Nesse conjunto encontram-se 859 entidades pertencentes ao universo das


associações e das fundações. A Tabela 54 mostra as entidades sem fins lucrativos por
grupo de classificação, a saber: a) habitação; b) saúde; c) cultura e recreação; d)
educação e pesquisa; e) assistência social; f) religião; g) partidos políticos, sindicatos,
associações patronais e profissionais; h) meio ambiente e proteção animal; i)
desenvolvimento e defesa de direitos.

Vale destacar que a categoria Assistência Social é regulamentada por lei e constitui
em política pública praticada pelo Ministério de Desenvolvimento Social desenvolvida por
meio de gestão participativa e articulação de esforços e recursos dos três níveis de
governo, isto é, município, estados e União.

250
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) possui como objetivo garantir a
proteção social dos cidadãos. A PNAS possui dois tipos de ações. A primeira é a Proteção
Social Básica destinada à prevenção de riscos sociais e pessoais, por meio de programas,
projetos, serviços e benefícios a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social.
A segunda é a Proteção Social Especial focada em famílias e indivíduos que já se
encontram em situações de riscos, cujos direitos já foram violados por acontecimento de
abandono, maus-tratos, abuso sexual, uso de drogas, entre outros (Ministério do
Desenvolvimento Social/MDS).

Segundo a PNAS, entende-se por “organizações e entidades de assistência social


sem fins lucrativos aquelas instituições que desenvolvem, de forma permanente,
continuada e planejada, atividades de atendimento, assessoramento e defesa e garantia
de direitos. Já as entidades que desenvolvem ações pontuais, de caráter exclusivamente
caritativo e/ou religioso, com atendimentos esporádicos e não continuados, como o
auxílio a famílias carentes por meio de arrecadação de doações (cestas básicas,
refeições, vestuários, material de construção, móveis, entre outros) e sua distribuição, não
se caracterizam como entidades de assistência social, uma vez que a prestação desses
serviços não é realizada de forma permanente e planejada, nos termos da Política de
Assistência Social” (Ministério do Desenvolvimento Social/MDS).

O Cadastro Nacional de Entidades e Organizações de Assistência Social (CNEAS),


gerenciado pelo MDS, indica que o conjunto das entidades de Assistência Social em
Uberlândia perfazem um total de 82 instituições ativas, em 2014, classificadas em: a)
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; b) Serviço de Acolhimento
Institucional; c) Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua; d) Ações de
habilitação e reabilitação da pessoa com deficiência e a promoção de sua integração à
vida comunitária; e) Ações de Promoção da Integração ao mercado de Trabalho; f)
Promoção da defesa e direitos já estabelecidos através de distintas formas de ação e
reivindicação na esfera política e no contexto da sociedade, inclusive por meio da
articulação com órgãos públicos e privados de defesa de direitos; g) Serviço de Proteção
Social Básica no Domicílio para Pessoa com Deficiência, Idosas e suas Famílias; h) Outro
programa, projeto ou benefício sócio assistencial (estadual e/ou municipal). O Quadro 18
apresenta as entidades de Assistência Social na AII, de acordo com a classificação da
Política Nacional de Assistência Social.

251
Tabela 54: Entidades sem fins lucrativos por grupo de classificação, na AII (Uberlândia), 2010.
Classificação Nº

Religião 326

Educação e pesquisa 229

Partidos políticos, sindicatos, associações patronais e profissionais 131

Assistência social 108

Desenvolvimento e defesa de direitos 108

Cultura e recreação 80

Saúde 21

Meio ambiente e proteção animal 6

Habitação 2

Outras instituições privadas sem fins lucrativos 719

Total 1730

Fonte: IBGE - Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos, 2010.

Quadro 18: Entidades de Assistência Social por tipo de atividade, na AII (Uberlândia), 2014.
Tipo de Atividade Nº

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos 24

Serviço de Acolhimento Institucional 13

Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua 4


Ações de habilitação e reabilitação da pessoa com deficiência e a
3
promoção de sua integração à vida comunitária
Ações de Promoção da Integração ao mercado de Trabalho 3
Promoção da defesa e direitos já estabelecidos através de distintas formas
de ação e reivindicação na esfera política e no contexto da sociedade,
2
inclusive por meio da articulação com órgãos públicos e privados de defesa
de direitos
Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoa com
1
Deficiência, Idosas e suas Famílias
Outro programa, projeto ou benefício sócio assistencial (Estadual e/ou
32
municipal).
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social / Cadastro Nacional de Entidades e Organizações de
Assistência Social (CNEAS), 2014.

252
34.13. Inserção da AID/ADA no Macrozoneamento Municipal

A Área de Influência Direta do empreendimento está localizada na Macrozona


Rural Sudoeste, sob jurisdição do Plano Diretor Municipal Lei Nº 432/2006 e atualizações
decorrentes.

De acordo com a referida legislação, em especial atenção ao seu Artigo 22, a


Macrozona Rural Sudoeste compreende as áreas entre o sul e o oeste do Município, onde
encontram-se as grandes propriedades rurais e atividades voltadas às monoculturas.

34.13.1. Relacionamento do empreendedor com a comunidade na AID/ADA

Apresenta-se a seguir os resultados das entrevistas com os moradores do entorno do


empreendimento. O principal objetivo das entrevistas foi o de constatar o relacionamento
que o empreendedor tem com a comunidade do entorno, e a respectiva percepção que
esta população tem a respeito do empreendimento e de suas atividades.

A atividade foi realizada a partir de um esforço amostral, que resultou na aplicação


de seis questionários no entorno direto do empreendimento. Conforme já mencionado em
seções anteriores, considerou-se como AID a poligonal convexa com raio de 2 km a partir
dos limites do empreendimento.

Em função da disposição das habitações no entorno do empreendimento, e de


forma a complementar o presente diagnóstico foram entrevistados dois indivíduos no
entorno imediato da AID.

Foi utilizado como base metodológica o pressuposto teórico proposto por TUAN
(1983). Questionários foram utilizados como instrumento para se obter dos entrevistados
suas características e relatos de suas experiências. Depois de uma análise individual destes
relatos, procurou-se encontrar os pontos de convergência entre as diversas descrições
fornecidas a respeito dos assuntos pesquisados. Assim, o trabalho de percepção procurou
detectar o que é gerado, a partir da realidade obtida pelas visões dos indivíduos que
viveram períodos de sua história no local ou que se vincularam de formas diversas ao lugar.
A pesquisa abrangeu moradores de forma heterogênea quanto ao sexo e idade.

O questionário aplicado se dividiu conforme as seguintes temáticas:

a. Socioeconômico

b. Apropriação da Paisagem

c. Cotidiano e Valorização da Paisagem

253
d. Conhecimento dos Problemas Socioambientais Locais

e. Comportamento Ambiental

f. Conhecimento Sobre a Atuação do Empreendedor

Os questionários foram aplicados durante do dia 28 de setembro de 2018. A


localização dos locais de entrevista pode ser visualizada na Figura 48, a seguir.

Figura 48: Localização das entrevistas e envoltória de 2 km do empreendimento.

Fonte: Google Earth, 2018.

Apresenta-se a seguir uma síntese dos resultados obtidos.

a. Perfil socioeconômico dos entrevistados

Em relação ao sexo, quatro entrevistados foram do sexo masculino e dois do sexo


feminino. No que se refere ao local de nascimento, três entrevistados são migrantes do
próprio estado de Minas Gerais, sendo o restante natural de Uberlândia.

A ocupação dos entrevistados engloba funções tipicamente urbanas, como


faxineira e porteiro de empresa privada, aposentado, pintor, empregada doméstica e
caseiro.

254
Em relação à renda, verificou-se que individualmente a média foi inferior a R$
2.200,00 mensais. Somente um entrevistado (aposentado) declarou ter renda superior a R$
10.000,00, e outro entrevista relatou receber salário mínimo (doméstica).

b. Apropriação da paisagem

A seguir, são apresentadas as análises das respostas sobre a apropriação da


paisagem, em especial sobre o lugar onde os entrevistados vivem.

 Por que escolheu este lugar para viver?

Os principais vínculos estabelecidos entre os moradores e o lugar onde vivem (AID)


relacionam-se à oportunidade de moradia nas proximidades da mancha urbana de
Uberlândia e oportunidade de emprego. Verificou-se a presença de um relato associado
à possibilidade de moradia em chácara, para cultivo de horta e maior contato com o
meio rural.

 Se não vivesse aqui, onde gostaria de viver?

Do total de entrevistados, cinco declararam querer viver em um bairro mais próximo


do centro da cidade, ou próximo ao Terminal Planalto. Um entrevistado declarou querer
viver em uma propriedade rural.

 O que mais gosta no local onde vive?

As principais respostas à esta pergunta relacionaram-se com a oportunidade de ter


a casa própria e a oportunidade de ter um emprego. Um dos entrevistados relatou a
tranquilidade do local, porque existe “pouco movimento”.

 O que menos gosta no local onde vive?

A distância do centro da cidade e a insegurança foram as principais respostas a


este questionamento. Um entrevistado declarou não saber responder à pergunta.

 Tem conhecimento de algum problema que atinja grande parte dos moradores da
comunidade e que deve ser melhor esclarecido?

255
A manutenção das vias e a ausência de equipamentos de segurança foram
questões apontadas por todos os entrevistados. Observou-se ainda duas respostas
relacionadas a geração de poeira nas vias não pavimentadas.

c. Cotidiano e Valorização da Paisagem

O conhecimento do local onde se mora compreende na identificação de locais


significantes dentro do espaço, sejam eles, agradáveis de se conviver ou não. Objetos e
lugares são núcleos de valor. Atraem ou repelem em graus variados. Preocupar-se com
eles, mesmo que momentaneamente, é reconhecer a realidade de seu valor. (Tuan, 1983).
Na pesquisa foram identificados vários lugares e objetos mais e menos valorizados pelos
moradores.

 Usa diretamente algum recurso natural?

A investigação sobre a utilização direta de recursos naturais se faz necessário devido


às interferências intrínsecas das atividades de extração no meio ambiente. Além de
analisar os impactos nos recursos hídricos, solo e vegetação, a entrevista procurou
identificar os recursos diretos utilizados no cotidiano das comunidades.

Dos seis entrevistados, apenas um declarou fazer uso de recurso natural, no caso, o
solo para plantio de horta.

 Quais áreas de lazer, monumentos históricos e eventos tradicionais da comunidade


conhece? Frequenta algum?

Um entrevistado (aposentado) declarou conhecer a igreja do Espírito Santo do


Cerrado, a igrejinha de Miraporanga e o Teatro Municipal. Dois declararam frequentar as
festas do CAMARU, e o restante não soube responder à pergunta.

 Qual lugar na região te chama mais atenção, ou por você gostar ou por apresentar
algum tipo de problema?

Três entrevistados declararam que a construção de novos loteamentos nas


proximidades é o fato que mais chama a atenção, pois houve um aumento muito grande
do número de moradores na região. Nestas respostas foi citado o Loteamento Pequis e
Monte Hebron.

256
 Quais as mudanças positivas e/ou negativas perceberam no meio ambiente?

Dois entrevistados não souberam responder à pergunta. Do restante, dois


salientaram o aumento do lixo nas ruas e os outros dois responderam o aumento da
poluição.

 Quais as mudanças positivas e/ou negativas perceberam na qualidade de vida?

A principal resposta à esta questão associou-se à oportunidade da casa própria e


à oportunidade de emprego. Das mudanças negativas, um dos entrevistados relatou que
passou a morar longe dos parentes, fato este considerado negativo por ele.

 Dê sua opinião sobre os empreendimentos locais (em relação do desenvolvimento


econômico).

Dos empreendimentos locais, os entrevistados relataram a importância da geração


de emprego e renda. Além das granjas, foram citados um posto automotivo na rodovia
BR-365, e a unidade de transbordo da Petrobrás.

 Que meios de comunicação usa para se informar sobre a região?

O principal meio de comunicação dos entrevistados é o telefone celular, através


do qual podem acessar a internet e as redes sociais. Estas foram relatadas em todas as
respostas, como o principal meio de acesso às notícias. Conversas com vizinhos e notícias
veiculadas nas redes de televisão foram mencionadas em três respostas.

d. Conhecimento dos Problemas Socioambientais Locais

 Quais os três maiores problemas que a região enfrenta e que o preocupa?

Conforme já relatado, a segurança foi resposta unânime para esta pergunta. Soma-
se a falta de pavimentação das vias e o escasso atendimento pela rede de transporte
público.

257
e. Comportamento Ambiental

 Na sua opinião, quem é o responsável pela preservação do meio ambiente e o que


poderia ser feito para preservá-lo?

Cinco entrevistados declararam que a responsabilidade pela conservação do meio


ambiente é de todos. Um dos entrevistados disse que esta responsabilidade é da
prefeitura.

 Já foi convidado para participar de eventos sobre questões ambientais? Quem?


Participou?

Nenhum entrevistado relatou convite para participação em eventos que discutem


as questões ambientais.

f. Conhecimento Sobre a Atuação do Empreendimento

 Tem conhecimento das atividades desenvolvidas na Granja da BRF?

Todos os entrevistados relataram conhecimento superficial sobre as atividades da


Granja. “Criação de porcos”, “criação de galinhas” e “plantação de eucalipto” foram as
respostas predominantes.

 Como avalia a atuação da empresa na região?

Assim como verificado em outros estudos realizados na região de inserção da


Granja C, as respostas obtidas não indicam percepção negativa sobre a atuação da
empresa na região. Pelo contrário, foi relatada em todas as respostas a importância da
atuação da empresa, principalmente pela geração de emprego e dinamização da
economia regional.

 Existe alguma dúvida ou informação em relação às atividades desenvolvidas pela


BRF que gostaria de esclarecer?

Os entrevistados não declararam grande interesse em saber os detalhes da


atividade. Apenas um deles manifestou vontade “de um dia conhecer a granja”.

258
 Você identifica alguma forma da BRF contribuir para a comunidade?

Dois entrevistados declaram que a BRF poderia dar mais empregos para as pessoas
que moram próximas. Os outros não quiseram opinar ou não sabiam responder.

 O que você considera positivo no empreendimento da BRF?

De acordo com o exposto em outros questionamentos, a geração de emprego foi


o principal argumento respondido pelos entrevistados.

 O que você considera negativo?

Dois entrevistados disseram que algumas vezes o vento traz mau cheiro, sendo que
um deles declarou não ter realmente certeza se o odor era proveniente da granja.

 Você sabe o que é mais problemático no empreendimento da BRF?

Um entrevistado relatou que um dos problemas podem ser os resíduos fecais da


“produção de porco”, e que ele não sabia como isso era tratado no interior do
empreendimento. Os outros entrevistados não souberam responder à pergunta.

g. Considerações sobre os resultados

A partir da análise das respostas obtidas durante a aplicação dos questionários,


alguns apontamentos merecem ser mencionados:

 Ao contrário do observado em estudos anteriores realizados nas imediações de


outros empreendimentos de mesmo porte e natureza localizados na região, os
entrevistados no âmbito deste estudo apresentavam caráter eminentemente
urbano, em detrimento das raízes rurais observadas nos outros estudos;

 Neste aspecto, destaca-se que a maioria dos entrevistados ocupam atividades


urbanas em regiões mais centrais da cidade, não estando vinculados a práticas
rurais;

 Dos aspectos positivos relatados, salienta-se que a geração de empregos foi a


principal resposta obtida, seguida pela possibilidade de desenvolvimento da região
e da cidade de Uberlândia;

259
 Dos aspectos negativos, estes pouco se relacionaram com as atividades
desenvolvidas na granja, tendo maior vínculo com problemas tipicamente urbanos
como falta de equipamentos de segurança e ausência de pavimentação nas vias.
Apenas dois entrevistados relataram haver, em alguns dias do ano, mau cheiro
trazido pelo vento;

 A maioria dos entrevistados relatou que a responsabilidade pela conservação do


ambiente é de todos, e que os principais problemas que os afetam é a geração e
disposição de resíduos sólidos e aumento da poluição;

 Os entrevistados não demonstraram conhecimento detalhado das atividades da


granja, apenas disseram saber que existe a criação de animais e plantação de
eucalipto;

 Quando questionados sobre o que a granja poderia melhorar no que se refere à


qualidade de vida, os entrevistados disseram que poderiam ser ofertadas mais
vagas de emprego para os moradores que residem próximos ao empreendimento.

35. CARACTERIZAÇÃO DAS EMISSÕES AMBIENTAIS NA ADA-mfb

Neste item são apresentadas as emissões ambientais inerentes às atividades


desenvolvidas no empreendimento. O detalhamento da caracterização dessas emissões
considerou os impactos da fase de operação das atividades agrossilvipastoris.

35.1. Ruídos (caracterização e quantificação)

Considerando as características das atividades desenvolvidas no empreendimento


no que tange a operação de equipamentos, maquinário, veículos, caminhões e carretas
a geração de ruídos fica concentrada à área diretamente afetada (ADA). Tais atividades
são resumidas a área de produção as quais geram pressão sonora característica do setor
e as estradas que estão em constante uso para movimentação de caminhões, ônibus,
entre outros.

O ruído oriundo das atividades (máquinas, veículos e equipamentos) varia muito em


função da condição de operação das mesmas e do período de concentração das
atividades.

A exposição ao ruído é uma das principais causas das perdas auditivas relacionadas
ao trabalho, pois o ruído é um agente físico emitido em boa parte dos processos industriais,

260
máquinas, ferramentas e motores. Essa exposição pode ser constante ou intermitente. O
tempo de exposição, a intensidade do ruído e a susceptibilidade do indivíduo têm relação
direta com os danos à saúde. Seus efeitos nocivos não se restringem à audição, podendo
acarretar distúrbios emocionais, cardiovasculares, fadiga e estresse.

O impacto destas emissões durante a operação do empreendimento afeta


diretamente os funcionários e o meio biótico local. Neste sentido o empreendedor
desenvolve medidas para mitigar tal impacto, como o uso de equipamento individual de
proteção, além da manutenção realizada nos veículos e equipamentos, como foi
detalhado no item 20 do presente estudo, que auxilia na redução dos ruídos. Vale ressaltar
que os funcionários que trabalham diretamente com os equipamentos e veículos utilizam
permanentemente os EPI’s necessários à sua segurança, assim como aqueles que
trabalham a 25 metros ou menos destes equipamentos. Os demais funcionários não fazem
uso dos EPI’s por se encontrarem a uma distância segura dos ruídos provocados durante a
operação.

O uso de tratores, quando necessário, gera valores médios de ruído de 66.4 decibéis.
Este ruído é reduzido a 35 decibéis a partir de uma distância de 25 metros da máquina,
portanto considerando-se o meio biótico, tais ruídos são cíclicos e temporários. Durante o
transporte de produtos e pessoas há um fluxo de veículos nas vias vicinais que dão acesso
à propriedade.

O trânsito destes veículos gera ruídos cíclicos, cuja frequência depende


diretamente do fluxo do tráfego. Embora cada veículo emita níveis sonoros distintos, em
função de suas características, velocidade, carga e condições de manutenção, estima-
se um valor de 80 dB(A) para a passagem de um caminhão, por exemplo.

35.2. Resíduos Sólidos (identificação, quantificação, características físico-químicas)

De acordo com a NBR 10004:2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas -


ABNT, resíduo sólido é todo resíduo nos estados sólido e semissólido, que resultam de
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e
de varrição. Estes podem ser classificados em três categorias distintas, sendo elas:

 Resíduos Classe I – Perigosos;


 Resíduos Classe II A – Não Perigosos – Não Inertes;
 Resíduos Classe II B - Não Perigosos – Inertes.

261
Os resíduos classe I – perigosos são aqueles cujas propriedades químicas, físicas ou
infectocontagiosas podem acarretar riscos à saúde pública e/ou riscos ao meio ambiente
quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. Para que um resíduo seja
apontado como classe I, ele deve estar contido nos anexos A ou B da NBR 10.004/04 ou
apresentar uma ou mais das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade. Alguns exemplos são: óleo lubrificante usado
ou contaminado; equipamentos descartados contaminados com óleo.

Os resíduos classe II – não perigosos – dividem-se em:

 Classe II A não inertes: apresentam propriedades como biodegradabilidade,


combustibilidade ou solubilidade em água. Dentre esses resíduos podemos
destacar o lixo comum e os resíduos orgânicos provenientes da produção.

 Classe II B – inertes: são quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma
representativa, segundo a ABNT 10.007, e submetidos a um contato dinâmico e
estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme
ABNT NBR 10.006, não tiverem nenhum dos seus constituintes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se
aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G da NBR 10.004, como por
exemplo, plástico, vidro e outros resíduos recicláveis.

No Item 36.2.1. Segregação e Destinação – é apresentado um quadro com todas


as informações de geração de resíduos sólidos do empreendimento.

262
35.3. Efluentes Líquidos (identificação, quantificação, características físico-químicas)

No caso de efluentes líquidos podem-se citar os sanitários que são gerados a partir
da utilização das instalações sanitárias presentes no empreendimento e os gerados a partir
dos dejetos dos animais.

No caso dos sanitários, a massa líquida resultante da mistura de excretas humanas


com água utilizada na descarga é denominada água negra. Já a água proveniente das
atividades de asseio (lavagem de mãos, dentre outras) é chamada de águas servidas e
formam o esgoto doméstico.

Os esgotos sanitários têm em sua composição cerca de 0,1% de material sólido, o


qual possui em seu meio microrganismos consumidores de matéria orgânica e de oxigênio,
bem como a presença de organismos patogênicos à vida animal em geral. O restante é
composto essencialmente de água.

A parcela da matéria orgânica presente nos esgotos sanitários é composta por um


número elevado de microrganismos vivos oriundos, principalmente, do intestino dos
indivíduos que contribuem para a formação das vazões esgotáveis. A quase totalidade
desses microrganismos é essencial ao metabolismo interno dos alimentos que são ingeridos.

De acordo com diversos estudos tem-se uma ideia quantitativa do número de


bactérias presentes nos esgotos domésticos observando-se a concentração de coliformes
fecais que é da ordem de 106 a 107 por 100 mililitros. Essas bactérias não são perigosas, no
entanto sua presença em mananciais de água sugere a possibilidade da presença de
microrganismos prejudiciais à saúde do homem (agentes patogênicos), provenientes das
fezes ou urina de portadores destes sem, no entanto, implicar em alguma
proporcionalidade numérica entre si.

Com relação aos efluentes gerados a partir dos dejetos, estes representam um dos
principais fatores que deve ser tratado, de modo a se encontrar alternativas menos
traumáticas possíveis, que possibilite a continuidade do crescimento dessa atividade
produtiva. Existem à disposição para adoção, diversas tecnologias de manejo dos dejetos
oriundos da suinocultura, mas somente eficientes se monitoradas durante todas as fases
do processo que estruturam o mesmo, reduzindo desta forma a níveis bastante baixos os
riscos de contaminação ambiental dos recursos naturais, e mais especificamente a água.
Em termos comparativos o poder poluente dos dejetos gerados na suinocultura, é muito
superior aos dejetos de outras espécies, estimando-se que seja equivalente a 3,5 pessoas

263
São constituídos por excrementos (fezes e urina), água, resíduos de ração, pelos,
poeiras e outros materiais oriundos do processo de criação (KONZEN, 1983), apresentando
uma composição variável de nutrientes, principalmente nitrogênio, fósforo, potássio,
cálcio, sódio, magnésio, manganês, ferro, zinco, cobre e alguns outros elementos químicos
incluídos na dieta nutricional deste animal. Na Tabela 55 encontram-se dados referentes à
composição química média presente nos dejetos gerados na suinocultura.

Tabela 55: Composição química média dos dejetos suínos.

Fonte: Embrapa, 2017.

Na Granja C as cúpulas dos biodigestores foram retiradas e hoje elas funcionam


como lagoas. Todas as lagoas são impermeabilizadas com manta PEAD. Abaixo pode ser
visualizado um Quadro com informações sobre a produção de dejetos no
empreendimento.

Quadro 19: Produção de dejetos no empreendimento.

UPL 02 - 3100

Volume de dejetos: 70,68 m³/dia; 25.798,2 m³/ano

Capacidade de Armazenamento de Dejetos por Bio e Lagoas.

Biodigestores Lagoas.

1 – 40.00x11.00 4 – 131.00x53.00

2 – 40.00x11.00

3 – 40.00x11.00

Profundidade 3,5/Capacidade total de 28.920,5 m³

264
MULTIPLICADORA 02 - 1100

Volume de dejetos: 51,81 m³/dia, 18.910,65 m³/ano

Capacidade de Armazenamento de Dejetos por Bio e Lagoas Sítio


01

Biodigestores Lagoas.

1 – 27.00x12.00 3 – 108.00x44.00

2 – 27.00x12.00 4 – 109.00x43.00

Profundidade 3,5/Capacidade total de 35.304 m³

Capacidade de Armazenamento de Dejetos por Bio e Lagoas Sítio


02

1 – 37.00x12.00 3 – 94.00x47.00

2 – 37.00x12.00 4 – 128.00x47.00

Profundidade 3,5/Capacidade total de 36.519 m³

EFLUENTES LÍQUIDOS

I - SUINOCULTURA

A Suinocultura é frequentemente vista como uma atividade altamente poluidora


do ambiente. Esta opinião se destaca principalmente no meio urbano, cuja população
está cada vez mais afastada do meio rural, e aonde as informações desta atividade
normalmente chegam incompletas e, muitas vezes, infladas de preconceitos. A
suinocultura, nas décadas de 70 e 80, se desenvolveu como atividade econômica,
sobretudo em pequenas propriedades com mão-de-obra familiar e baixo nível
tecnológico. Naquele momento, as preocupações ambientais ficavam em segundo
plano, em relação à necessidade de aumento da produtividade animal, melhoria das
condições dos rebanhos e da lucratividade das atividades.

As pesquisas lideradas pela Embrapa, universidades e instituições de pesquisa


brasileiras desenvolveram tecnologias para reduzir o consumo de água e a produção de
dejetos nas granjas, a melhoria na nutrição, ambiência e sanidade contribuiu com uma

265
melhor conversão alimentar, o que reduziu a excreção de nitrogênio, fósforo, potássio e
outros nutrientes nos dejetos.

II – PRODUÇÃO DE DEJETOS

O interesse no aproveitamento dos resíduos orgânicos gerados na suinocultura tem


aumentado, não somente pelos aspectos de reciclagem de nutrientes no próprio meio e
de saneamento, como também pelo aproveitamento energético do biogás (LUCAS JR. et
al. (2001). A digestão, ou fermentação, ou, ainda estabilização anaeróbia, objetiva,
basicamente, à redução ao mínimo do poder poluente e dos riscos sanitários dos dejetos,
resíduos, lixos, tendo, ao mesmo tempo, como sub-produto deste processo, o biogás, que
pode ou não ser aproveitado e o biofertilizante com várias aplicações práticas na
propriedade rural (OLIVEIRA, 2002).

Através do processo bioquímico das bactérias no interior do equipamento, gera-se


a fermentação, sendo produzidos diversos gases, liberados na atmosfera através de um
queimador (flare). O gás liberado pelo queimador é chamado de biogás, sendo o gás
metano, o seu principal componente, com 60% a 70% de sua presença na composição,
um gás incolor, inodoro, altamente combustível.

A digestão anaeróbia é resultante da interação de uma população de


microrganismos. Começa pela degradação dos compostos orgânicos (carboidratos,
proteínas e lipídios) a ácidos orgânicos seguidos da transformação desses ácidos em
produtos gasosos, nos quais predominam o metano e gás carbônico (FERNANDES JR.,
1989). O processo é bastante complexo e um elevado número de espécies de bactérias,
produtoras ou não de metano, contribuem de algum modo para a formação deste gás
(RODRÍGUEZ et al., 1997). A redução da carga orgânica presente em um resíduo e a
produção de metano são as duas principais vantagens do tratamento anaeróbio. Os
resíduos da produção agro-pastoril apresentam, na sua maioria, elevada demanda de
oxigênio e sólidos na sua composição (COLEN, 2003).

A realização e a eficiência da biodigestão dependem de condições específicas


de operação, como temperatura e pH do meio, tipo de substrato usado no processo,
concentração de sólidos (carga orgânica) e tempo de retenção hidráulica (TRH) da
biomassa no biodigestor, dentre outros. Apesar de a digestão anaeróbia ser um processo
natural, sua otimização se torna difícil, devido, principalmente, à dificuldade em se
controlar, no campo, diversos fatores como, temperatura, pH, teor de sólidos, tempo de
retenção e composição do substrato, entre outros (LUCAS JR., 1987).
266
A produção de dejetos é definida pela quantidade de excretas dos animais (fezes +
urina) acrescida da água desperdiçada pelos bebedouros + água utilizada no sistema de
lâmina de água ou flushing.

A estimativa do consumo de água e do volume total de dejetos deve ser calculada


com base Tabelas 56 e 57, segundo Embrapa, 2015.

Tabela 56: Volume diário de Consumo de Água (Litros/animal/dia) em sistemas especializados de


produção de suínos no Estado de Santa Catarina.
Modelos de Sistema de Produção de Massa suínos
Suínos (kg) Consumo Água (L/animal/dia)
Ciclo Completo (CC) - 72,9
Unidade de Produção de Leitões (UPL) - 35,3
Unidade de Produção de Desmamados 27,8
(UPD)
Crechários (CR) 6 - 28 2,5
Unidade de Terminação (UT) 23 - 120 8,3

Tabela 57: Volume diário de dejetos líquidos (Litros/animal/dia) produzido em sistemas


especializados de produção de suínos no Estado de Santa Catarina.

Modelos de Sistema de Massa suínos


Volume Dejetos (L/animal/dia)
Produção de Suínos (kg)

Ciclo Completo (CC) - 47,1


Unidade de Produção de Leitões - 22,8
(UPL)
Unidade de Produção de 16,2
Desmamados (UPD)
Crechários (CR) 6 - 28 2,3

Unidade de Terminação (UT) 23 - 120 4,5

As lagoas de retenção impermeabilizadas com manta de PEAD 0,8 mm, com tempo
de retenção de 120 dias, garantem a estabilização do nitrogênio, através da sua
transformação da forma amoniacal para nítrica, produzindo um fertilizante líquido que é
utilizado nas pastagens, em substituição a adubação mineral.

III – PRODUÇÃO DE NUTRIENTES

A produção de nutrientes que são úteis e necessários para as plantas (NPK),


excretados pelos suínos está ligada ao alimento consumido pelos animais, sua eficiência
na conversão alimentar e excreção.

267
Como as rações são produzidas pela BRF em fábrica com controle de qualidade
podemos garantir que os animais estão recebendo alimentos de acordo com sua
necessidade, minimizando a perda de nutrientes além do normalmente aceito.

No Quadro 20 se encontra a oferta de nutrientes prevista para cada categoria


animal.

Quadro 20: Oferta de nitrogênio, fósforo e potássio calculada a partir da excreção do equivalente
em N, P2O5 e K2O por unidade animal alojado nos diferentes sistemas de produção.
Sistema de produção Unidade animal Excreção anual por animal alojado

N P2O5 K2O
--------------- kg ano-1 ---------------
Unidade de
Suíno alojado 8,00 4,30 4,00
Terminação1
UPL 25 kg2 Fêmea alojada 25,70 18,00 19,40

Creche3 Leitão alojado 0,40 0,25 0,35

UPL 6 kg4 Fêmea alojada 14,50 11,00 9,60

Ciclo Completo5 Fêmea alojada 85,70 49,60 46,90


1 Considerando 3,26 lotes por ano (lotes de 105 dias e 7 dias de intervalo entre lotes). Fonte: Tavares
(2012).
2 Considerando 2,35 partos por fêmea alojada por ano e a produção de 28 leitões por fêmea

alojada por ano. Fonte: CORPEN (2003); Dourmade et al. (2007).


3 Fonte: CORPEN (2003); Dourmade et al. (2007).

4 Calculado descontando-se a produção de nutrientes da fase Creche em relação a UPL 25 kg.

Fonte: CORPEN (2003); Dourmade et al. (2007).


5 Considerando 2,35 partos por fêmea alojada por ano, a produção de 28 leitões por fêmea alojada

por ano e 12 suínos terminados por fêmea alojada por ano. Calculado a partir dos dados de UPL 25
kg e terminação. Fonte: CORPEN (2003); Dourmade et al. (2007).
Em função de não haver dados atualizados disponíveis referente à excreção de N, P 2O5 e K2O por
unidade animal alojada nos rebanhos para UPL e creche no Estado de Santa Catarina, utilizou-se
como referência CORPEN (2003) e Dourmade et al. (2007), devido à similaridade do sistema de
produção e número de animais entre os rebanhos da França e Santa Catarina.

a) Perdas de nutriente

No sistema de tratamento não ocorre à redução do Fósforo e Potássio excretados


pelos animais, portanto o balanço de nutrientes deverá levar em consideração a extração
de nutrientes pelas culturas, em função de seu potencial produtivo. No caso do Nitrogênio,
ocorrerá uma redução de 50 a 60%, conforme Quadro 21.

268
Quadro 21: Perdas ou remoção de nutrientes em diferentes sistemas de tratamento ou
armazenamento dos dejetos.
Sistema de tratamento e
Nutriente
armazenamento
N P2O5 K2O
--------------- % --------------
Esterqueiraa 40 - 50 0 0
Biodigestor e lagoa anaeróbiab 50 - 60 0 0
Compostagemc 60 - 70 0 0
Separação de fases (decanter) –
remoção da fase líquida (dejeto 10 -15 50 - 55 15-25
fresco)d
Separação de fases (decanter) –
remoção da fase líquida (dejeto 10 -15 45 -50 15-25
velho)d

Informar eficiência do equipamento ou do sistema de


Outros tratamento dos dejetos, citando referência científica ou
laudo técnico do equipamento.

a Fonte: Higarashi (dados não publicados);


b Fonte: Vivan et al. (2010);
c Fonte: Angnes et al. (2013);

d Fonte: Oliveira (2009).

35.4. Efluentes Atmosféricos (caracterização das fontes pontuais e difusas)

As fontes pontuais de emissão de efluentes atmosféricos são caracterizadas por


lançamentos individualizados e localizados, sendo facilmente identificadas e, portanto, o
seu controle é mais rápido e eficiente.

Já as fontes difusas são assim chamadas por não terem um ponto de lançamento
específico (sem delimitação geográfica) ou por não advirem de um ponto preciso de
geração de efluente atmosférico, tornando-se assim de difícil controle e identificação.

No empreendimento podem ser identificadas as emissões de efluentes atmosféricos


provenientes de fontes difusas sendo estas identificadas, caracterizadas e descritas a
seguir:

a) Suspensão de poeira fugitiva:

A movimentação de máquinas, veículos, caminhões, carretas e equipamentos,


entre outros, promovem à suspensão de poeira do solo (poeira fugitiva) que por sua vez
ocasiona na liberação de particulados para a atmosfera, sendo que o tamanho das
partículas está diretamente associado ao seu potencial de danos à saúde, pois quanto
menores as partículas, maiores os efeitos provocados.

O particulado em suspensão pode ser classificado como:


269
 Partículas Totais em Suspensão (PTS): podem ser definidas de maneira simplificada
como aquelas cujo diâmetro é menor que 50 µm. Uma parte destas partículas
apresenta-se em estado inalável e pode causar problemas a saúde.

 Partículas Inaláveis: podem ser definidas como aquelas cujo diâmetro é menor que
10 µm. As partículas inaláveis podem ainda ser classificadas como partículas
inaláveis finas - MP 2,5 (<2,5 µm) e partículas inaláveis grossas (2,5 a 10 µm). As
partículas finas, devido ao seu tamanho pequeno, podem atingir os alvéolos
pulmonares, enquanto as grossas ficam retidas na parte superior do sistema
respiratório.

As principais atividades geradoras de poeira fugitiva no empreendimento são o


transporte e eventuais manutenções de estradas. Nestes casos todos os funcionários
trabalham dentro das máquinas, que são completamente fechadas, ou seja, os
operadores ficam dentro de cabines protegidos das partículas que são emitidas por estas
atividades. Caso haja algum servidor próximo ao local onde as partículas estão sendo
lançadas, estes utilizam os EPI’s necessários à sua total proteção, os demais, que estejam
a distâncias maiores destes locais ou trabalhem na plantação manual, não necessitam do
uso de EPI’s, uma vez que não entram em contato com poeira fugitiva.

b) Emissão de fumaça preta para a atmosfera

Além da emissão da poeira fugitiva como fonte difusa, a movimentação de


máquinas, veículos, carretas e caminhões movidos a diesel podem gerar fumaça preta
para a atmosfera, sendo resultado da queima incompleta de combustível e composta
basicamente por carbono (fuligem) e partículas que podem causar danos ao meio
ambiente e a saúde.

Este impacto ocorre nas áreas de produção e vias de acesso, onde há


movimentação de máquinas, veículos, caminhões e carretas que transportam matérias-
primas, produtos, entre outros.

Os compostos de emissão dos motores a diesel são classificados em dois tipos: os


que não causam danos à saúde O2, CO2, H2O e N2, e os que apresentam perigos à saúde,
sendo esses subdivididos em compostos cuja emissão está regulamentada, sendo eles: CO,
os hidrocarbonetos (HC), os óxidos de nitrogênio (NOX), os óxidos de enxofre (SOX) e
material particulado (MP).

270
Os hidrocarbonetos das emissões a diesel são, em média, muito mais pesados que
os das emissões à gasolina. O Quadro a seguir mostra as concentrações médias dos
compostos emitidos por motores a diesel e a gasolina do final da década de 80.

Quadro 22: Concentrações médias em gramas por kg de combustível, de alguns componentes


emitidos na exaustão de máquinas à diesel e a gasolina no final da década de 80.

Máquinas CO HC NOX SOX (1) MP


(Como NO2) (Como SO2)

Diesel 3 – 20 0,5 -10 5 - 20 0,5 - 5 1 – 10


(veículos de
carga leve)
20 – 200 10 – 50 10 - 60 0,1 - 1 0,1 - 0,4
Gasolina

(1) proporcional ao conteúdo de enxofre do combustível

36. SISTEMAS DE CONTROLE, TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DAS EMISSÕES

36.1. Ruídos (adoção de medidas de controle)

Os impactos relacionados à geração de ruídos incidem principalmente sobre os


colaboradores que trabalham na área, e esses ruídos são mais intensos no período que
compreende as horas de transporte de produtos e pessoas. Em menor grau de relevância,
este impacto pode interferir no meio biótico local.

De modo a prevenir a exposição de colaboradores ao ruído emitido por


equipamentos, veículos e máquinas, os operadores destes equipamentos utilizam
obrigatoriamente protetores auriculares como equipamento de proteção individual.

Pelo fato do ruído ser cíclico e temporário e considerando-se que outros


colaboradores devem ficar no mínimo a 25 metros de distância de máquinas, não se faz
necessária a utilização de EPI por outros colaboradores na área.

Outras medidas realizadas na gestão do empreendimento também auxiliam na


redução de ruídos na propriedade, são elas:

 Manutenção periódica dos equipamentos, máquinas, veículos, a fim de mantê-los


constantemente regulados e consequentemente a diminuição da geração de
ruídos;

 Não exceder o limite de carga determinada para cada veículo;

271
 Instrução aos motoristas dos caminhões, carretas, máquinas a não excederem a
velocidade máxima de rotação do motor, determinada em função do tipo de
veículo e da carga transportada;

 Manutenção periódica das máquinas, equipamentos e veículos, evitando


desgastes que possam gerar maiores emissões de ruídos;

 Trafegar em baixa velocidade nas áreas próximas às residências existentes nas vias
de acesso ao empreendimento.

36.2. Resíduos sólidos (equipamentos, sistemas de controle e tratamento, armazenamento


e destinação final)

Os resíduos sólidos gerados no empreendimento são segregados, armazenados e


destinados de forma correta e seguindo o que a legislação exige. Abaixo são descritos os
resíduos gerados e suas respectivas destinações:

 As carcaças dos suínos e aves são subdivididas em frações. Esse material é


depositado em câmaras de compostagem. Após o período de 120 dias de
compostagem, o composto gerado é comercializado com empresa de
comercialização de composto. É um processo econômico, eficiente e
ambientalmente correto, quanto ao tratamento destes resíduos. Após o composto
formado na suinocultura é comercializado pela Valoriza Fertilizantes, o composto
da avicultura (arrendatários) é destinado para produtores rurais da região para
utilização como adubo. As composteiras possuem canaletas de contenção de
direcionamento de possível chorume para o tratamento;
 Frascos vazios de medicamentos, vacinas, seringas e suas embalagens são
armazenados, temporariamente, em tambores localizados em locais específicos.
Posteriormente são coletados por empresa contratada pela BRF (INCA –
Incineração e Controle Ambiental Ltda), que faz a destinação final correta destes
resíduos, obedecendo ao disposto na Resolução CONAMA nº 358/2005;
 As embalagens vazias de desinfetantes e detergentes são materiais de constituição
leve encontrados em forma de bombanas e galões. As embalagens ficam em um
galpão apropriado, organizado sobre estrados de madeira até que sejam
encaminhados para indústria de reciclagem;
 As embalagens de defensivos, raticidas e inseticidas são dispostas em locais
específicos até o seu recolhimento para devolução ao fabricante;

272
 Em relação ao resíduo doméstico produzido no empreendimento, a parte orgânica
é direcionada para as composteiras. O restante do resíduo (vidro, papel, plástico,
materiais metálicos) passa pelo processo de coleta seletiva e, posteriormente é
encaminhado para a central de campo, de onde os recicláveis são segregados e
comercializados. Os rejeitos são encaminhados ao aterro sanitário municipal;
 Os resíduos sólidos da avicultura de corte são constituídos pela maravalha e cama
de frango. A cada 6 meses é feita a retirada parcial da cama de frango e vendida
para produtores rurais que utilizam como adubo orgânico, utilizado na produção
de mudas, culturas anuais e permanentes;
 Os restos culturais, constituídos de folhas, galhos e raízes, são depositados e
incorporados ao solo de maneira que assim contribua para melhorar as
características físicas e químicas deste solo.
A seguir são apresentadas Fotos da composteira utilizada dentro do
empreendimento para correta destinação de alguns resíduos produzidos em sua área de
produção.

Foto 75: Composteira da suinocultura, vista externa.

Fonte: Empreendedor, 2018.

273
Foto 76: Composteira da suinocultura, vista interna.

Fonte: Empreendedor, 2018.

36.2.1. Segregação e Destinação

A segregação do resíduo garante a qualidade de seu processamento e futura


aplicação como agregado reciclado. Enquanto que a destinação correta garante a
proteção à saúde pública e a qualidade ambiental, e assim poderão disponibilizar as
gerações futuras os recursos para funcionamento adequado da sociedade. O Quadro a
seguir demonstra a segregação e destinação dos resíduos nas atividades da Granja C. No
Anexo 22 podem ser visualizadas as licenças das empresas que transportam e destinam os
resíduos da granja.

274
Quadro 23: Descrição da segregação e destinação dos resíduos nas atividades.

SUBPRODUTOS E / OU RESÍDUOS SÓLIDOS

Identificação
dos resíduos
sólidos Classificação Disposição do
Nome do (Identificar cada segundo a Quantidade Gerada resíduo na área Destinação final do
resíduo resíduo sólido ABNT NBR (kg/mês) do resíduo
conforme etapa 10.004 empreendimento
do processo
produtivo)

Aprox.533 suínos
Animais mortos (considerando
Valoriza Fertilizantes
na Suinocultura mortalidade de 2,5 a
3%/lote) Células de
Composto Classe I
Aprox. 111.000 aves Compostagem
Adubação
Animais mortos (considerando
Orgânica
na Avicultura mortalidade de
(Produtores rurais)
2,5%/lote)

Aproximadamente
Medicação dos 18,3 Kg/mês
suínos
Embalagens
INCA – Incineração
de Tambores
Classe I Aproximadamente e Controle
medicament identificados
Medicação das 72kg/mês 3.700.000 Ambiental
os
aves
aves

Resíduos de
banheiro serão
Lixo destinados ao
doméstico Tambores aterro municipal de
Residências Classe I Aprox. 360 Kg
identificados Uberlândia-MG, e
os restos de comida
serão
compostados.

Realizado a
separação dos
resíduos na
Embalagens propriedade e
Tambores
e materiais Residências Classe II Aprox. 120 Kg encaminhados
identificados
recicláveis para associações
de reciclagem no
município de
Uberlândia-MG.

Fonte: Empreendedor, 2018.

275
O empreendedor tem uma preocupação constante em acompanhar as questões
que envolvem os resíduos sólidos, para garantir seu gerenciamento adequado. Nesse
sentido, a empresa constantemente promove treinamentos e capacitações para o
pessoal envolvido no gerenciamento de resíduos, bem como aos terceiros florestais, sendo
esta uma exigência ao se contratar a empresa prestadora de serviços.

A partir do momento que for implantado o Programa de Educação Ambiental no


empreendimento, pelo menos uma vez ao ano será tratado o tema resíduos sólidos,
envolvendo principalmente coleta seletiva e classificação dos resíduos, com os
trabalhadores no campo, sempre com o objetivo de conscientizar, transmitir informações,
com a distribuição de informativos seguindo a ABNT/NBR 10.004/04.

36.3. Efluentes líquidos (equipamentos, sistemas de controle, tratamento e destinação final)

 Sistema de controle de águas pluviais


As águas pluviais não se misturam com o sistema de Criação de Aves, pois a água
servida as aves, é canalizada através de tubulações e os galpões são todos cobertos. A
água da chuva, que cai nos telhados dos galpões, escoa livremente no pátio das
instalações no sentido da declividade do terreno até os terraços em nível, onde se infiltram
no solo, sem possibilidade de serem poluídas com águas servidas para as aves.
Como medida de controle, mantém-se o bom estado de conservação da
vegetação no entorno dos barracões, para que diminua o impacto da gota de chuva no
solo. Outra medida de controle da erosão laminar é a manutenção dos terraços, em nível,
que devem ter manutenção anual, para que os canais fiquem livres e possam receber a
água, as quais se infiltrarão ao máximo no solo.

 Rodolúvios para caminhões

Os caminhões que chegam as portarias dos núcleos da Granja C passam por


rodolúvios para sua desinfecção, antes de sua entrada nos núcleos propriamente ditos.

A água utilizada neste processo é canalizada e destinada a uma fossa séptica. Além
de possuir uma caixa separadora de água e óleo, que é um equipamento fundamental
para a manutenção das boas práticas ambientais

A caixa separadora de água e óleo trabalha com o conceito de coalescência,


onde as partículas menores de fluidos multifásicos tendem a se aglutinar em porções

276
maiores e também trabalha com conceito baseada na velocidade de flutuação dos
óleos.

Uma caixa separadora de água e óleo é um tanque que reduz a velocidade do


efluente oleoso de forma a permitir que o óleo livre se separe da água por ação da
gravidade.

 Lavagem e higienização dos aviários

Durante a lavagem e higienização dos aviários, realizada de 3 em 3 anos, utilizando-


se detergente neutro, é gerada uma quantidade significativa de águas residuárias,
contendo baixo teor de material orgânico. Devido à quantidade de efluente gerado, a
sua baixa carga orgânica e sua pequena periodicidade é realizada a disposição esse
efluente no solo, nas áreas no entorno dos galpões.

 Lavanderia de roupas

Existem lavanderias para os uniformes dos funcionários nas portarias dos núcleos de
suínos. Toda a água utilizada é canalizada e destinada a fossa séptica.

 Efluentes sanitários

Os efluentes sanitários do empreendimento são gerados nos banheiros das


residências e vestiários. Nas Fotos a seguir podem ser visualizadas as áeras citadas.

Fotos 77 e 78: Residências do empreendimento.

Fonte: Empreendedor, 2018.

277
A disposição dos efluentes sanitários de todo o empreendimento deverá ser em
fossa séptica, que atenda aos padrões propostos nas NBR 7.229 e 13.696. As fossas sépticas
são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico nas quais são feitas a
separação e a transformação físico-química da matéria sólida contida no esgoto. É uma
maneira simples e barata de disposição dos esgotos indicada, sobretudo, para a zona rural
ou residências isoladas.

O esgoto in natura deve ser lançado em um tanque ou em uma fossa para que
com o menor fluxo da água, a parte sólida possa se depositar, liberando a parte líquida.
Uma vez feito isso bactérias anaeróbias agem sobre a parte sólida do esgoto
decompondo-o. Esta decomposição é importante pois torna o esgoto residual com menor
quantidade de matéria orgânica, pois a fossa remove cerca de 40% da demanda
biológica de oxigênio e o mesmo agora pode ser lançado de volta à natureza, com menor
prejuízo à mesma. Numa fossa séptica somente ocorre a decomposição anaeróbia devido
à ausência quase total de oxigênio (Figura 49).

Figura 49: Esquema de fossa séptica.

Fonte: http://www.fazfacil.com.br/reforma-construcao/como-funciona-a-fossa-septica/
2018.

As fossas sépticas são uma estrutura complementar e necessária às moradias, sendo


fundamentais no combate a doenças, vermisoses e endemias (como a cólera), pois
diminuem os lançamentos dos dejetos humanos diretamente em rios, lagos, nascente ou
mesmo na superfície do solo. O seu uso é essencial para a melhoria das condições de

278
higiene das populações rurais e de localidades não servidas por redes de coleta pública
de esgotos.

Esse tipo de fossa consiste em um tanque enterrado, que recebe os esgotos (dejetos
e água servida), retém a parte sólida e inicia o processo biológico de purificação da parte
líquida (efluente). Mas é preciso que esses efluentes sejam filtrados no solo para completar
o processo biológico de purificação e eliminar o risco de contaminação.

As fossas sépticas não devem ficar muito perto das moradias (para evitar mau
cheiros) nem muito longe (para evitar tubulações muito longas). A distância recomendada
é de cerca de quatro metros. Elas devem ser construídas do lado do banheiro, para evitar
curvas nas canalizações. Também devem ficar num nível mais baixo do terreno e longe de
poços, cisternas ou de qualquer outra fonte de captação de água (no mínimo trinta
metros de distância), para evitar contaminações, no caso de eventual vazamento (Figura
50).

Figura 50: Distâncias que a fossa séptica deve possuir para ficar dentro dos padrões exigidos.

Fonte: http://www.fazfacil.com.br/reforma-construcao/como-funciona-a-fossa-septica/
2018.

O tamanho da fossa séptica depende do número de pessoas da moradia. Ela é


dimensionada em função de um consumo médio de 200 litros de água por pessoa, por
dia. Porém sua capacidade nunca deve ser inferior a mil litros. A Associação Brasileira de

279
Normas Técnicas (ABNT), através das normas NBR 7229 e 13969, estabelece todos os
parâmetros que devem ser obedecidos para a construção de fossas sépticas. Na Foto a
seguir pode ser visualizada uma fossa séptica do empreendimento.

Foto 79: Fossa séptica instalada no empreendimento.

Fonte: Cia de Meio Ambiente, 2018.

 Dejetos da suinocultura
 Sistema de Tratamento Proposto

O sistema de tratamento ou estabilização proposto deve levar em consideração a


finalidade a que se destina, considerando fatores ambientais, financeiros e de
aplicabilidade em função de tecnologia disponível.

Para definição do sistema deve-se levar em consideração a ON - Oferta de


Nutrientes e a DN – Demanda de Nutrientes das culturas onde serão utilizadas, levando-se
em consideração a matriz abaixo para tomada de decisão.

280
Figura 51: Oferta de nutrientes e demaida de nutrientes.

Fonte: Empreendedor, 2018.

Como no caso proposto a ON < DN, a Aplicação de DLS (Dejeto Líquido Suíno) na
fertilização das áreas agrícolas da propriedade é a melhor opção em substituição a
fertilização mineral (Foto 80). O Projeto de Fertirrigação está apresentado no Anexo 23.

Foto 80: Uso de fertirrigação no empreendimento.

Fonte: Emprendedor, 2018.

281
 Manejo de Dejetos

Os dejetos produzidos são convertidos em insumo para a agropecuária


(FERTILIZANTE LÍQUIDO SUÍNO), recuperando o seu potencial produtivo e ao mesmo tempo
eliminando seu poder poluente.

Todos os dejetos produzidos pelos animais nas instalações são conduzidos por
canaletas impermeáveis até a caixa de inspeção, e posteriormente por canos de esgoto
(PVC) até os biodigestores + lagoa de estabilização. Estes dejetos são conduzidos por
gravidade e pressão da água, proveniente do sistema de gotejamento, limpeza, lavagem,
lâmina de água e desperdício nos bebedouros.

 Plano de Manejo e Aplicapção de Fertilizante Líquido de Suíno

Atualmente o Brasil está entre os cinco principais produtores de carne suína. A


produção aumentou atingindo os níveis equivalentes ao Europeu e Norte Americano. Entre
os motivos que levaram a esta mudança está a maior produtividade relativa,
modernização da cadeia de produção, melhoria dos padrões sanitários e de apoio
técnico e pesquisas. No entanto, esse aumento leva a uma situação potencialmente
agressiva e representa uma ameaça aos recursos naturais quando ocorre o
armazenamento e/ou a disposição inadequada.

Para que o grande potencial fertilizante presente nos dejetos produzidos não se
tornem efetivamente um problema ambiental, deve-se utilizá-lo em conformidade com as
recomendações técnicas e de acordo com a necessidade das culturas, substituindo total
ou parcialmente à fertilização mineral, reduzindo desta forma a pressão sobre os recursos
naturais, principalmente petróleo, rochas fosfatadas e rochas potássicas.

Na Granja C, o biofertilizante gerado pela produção de dejetos, é utilizado na


fertirrigação de eucalipto.

 Necessidade de Nutrientes - Exportação

A aplicação dos fertilizantes orgânicos, gerados a partir dos dejetos de suínos, em


solos agrícolas deve obedecer aos mesmos critérios agronômicos estabelecidos pela
pesquisa de fertilizantes minerais. Cada estado brasileiro tem um sistema de
recomendações oficiais de adubação mais ou menos desenvolvidas, que embora

282
apresentem diferenças entre si de acordo com o tipo de solo, clima e plantas cultivadas
na região, seguem os mesmos princípios agronômicos.

De maneira geral, entende-se que quando o solo apresenta baixos teores de


nutrientes, a produtividade das culturas é limitada pela quantidade de nutrientes
disponível no solo, espera-se elevada resposta (aumento de produtividade) à aplicação
de fertilizantes. Nesta situação deve-se realizar adubação de correção, fornecendo
nutrientes para elevar a fertilidade do solo e nutrir adequadamente a planta. Quando o
solo já corrigido apresenta teores altos de nutrientes, espera-se baixa resposta a adubação
e neste caso adota-se adubação de manutenção, que mantem o teor de nutriente no
solo na classe alta de disponibilidade para as plantas. Já quando o solo se enquadra na
classe de disponibilidade muito alta, não se espera resposta à adubação que deve se
limitar apenas a fornecer a quantidade de nutrientes extraídas pelas plantas. Para os
estados que não contam com recomendações mais detalhadas, ou que as
recomendações estejam defasadas, adota-se o critério da exportação de nutrientes pelas
culturas agrícolas.

 Exportação de nutrientes

Segundo a Tabela abaixo, ocorre à exportação de nutrientes em função da


produtividade prevista.

Tabela 58: Exportação de macro e micronutrientes das culturas de exploração econômica de


grandes áreas no Brasil.
Plantas que se N P K Ca Mg S B Cu Zn Mn Fe
explora parte
kg/ton de MS da parte aérea g/ton de MS exportada da parte aérea
vegetativa
Capins-mombaça e
20 2,3 20 5,5 3,3 2 15 7 21 90 124
tanzânia
Capim-elefante 20 2,3 20 5,5 3,3 2 25 10 40 179 178
Capim-tifton 85 25 2.5 20 5,5 3,3 2 17.5 9 40 120 125
Capim-marandu 18 1,9 21 4,5 2,8 1,7 - - - - -
Capim-decumbens 14 1,9 18 4 2,7 1,7 - - - - -
Milho silagem 12,4 1,4 14 3,1 1,7 - - - - - -
Milheto 28 2,9 25 10,8 4,2 - - 15 37 51 304
Cana planta 15,4 1,8 15,3 10,7 5,1 4,7 - - - - -
Cana soca 13,1 2,1 17,3 6,7 4,5 3,9 - - - - -
Plantas que se
explora parte
kg/ton de grãos g/ton de grãos
reprodutiva
(grãos)
Milho 20 4,1 5 3,2 3,2 2 13 29 85 119 292
Soja 51 8,4 17 3 2 3 33 33 67 200 566
Trigo 30 3,9 19,9 2,4 2,3 3,5 19,9 6,6 19,8 106,1 374
Arroz 20 2,5 3 - - 1 18 3 73 99 263
Cevada 25 3 7 - - 1 - - - - -
Sorgo 30 3 5 - - 1,5 100 73 162 340 1893
Feijão 37 4 20,5 1,9 1,4 10 - 10 10 15,6 70
Algodão em caroço 33,6 5,3 17,6 2,7 7,8 3,3 26,5 8,8 44,4 10,4 75,6

283
Plantas que se
explora caule kg/ton de madeira (Pereira et al, 1984) kg/100 m3ton de madeira
(madeira)
Eucalipto 2,3 0,11 0,8 0,5 0,2 - 370 230 110 5100 1100
Observações: Todos os valores se referem à concentração no material a ser exportado (matéria
seca da parte aérea para forrageiras e cana de açúcar e grãos para os demais). Os teores se
referem a valores médios, a real concentração é altamente variável a depender das condições
ambientais e principalmente da concentração do nutriente no solo. O teor de N nas plantas
forrageiras, por exemplo, pode variar de 14 a 40 kg/ton MS a depender da disponibilidade de N no
solo e das condições de crescimento. Literaturas que apresentaram faixas, calculou-se o valor
médio.

 Culturas a serem fertirrigadas: Eucalipto – Eucalyptus sp.

A aplicação obedece às seguintes regras básicas:

o Os dejetos são utilizados no solo somente depois de terem fermentado e se tornado


um biofertilizante;
o Durante a aplicação não ocorre o escoamento superficial dos dejetos;
o Onde houver necessidade serão construídas curvas de níveis impedindo o
escoamento dos dejetos com as águas das chuvas, além de barreiras de
contenção;
o O processo de fertirrigação será realizado através de conjunto moto-bomba mais
aspersores do tipo canhão, ou por chorumeira;
o As análises químicas (macro e micronutrientes) dos dejetos e do solo (análise físico-
química) serão realizadas sempre que necessário para fazer a recomendação de
adubação para novos plantios, e também para monitorar o solo e descartar a
possibilidade de contaminação/infiltração em lençol freático. Não será necessária
a realização de análises de DBO e DQO dos dejetos, visto que os dejetos não são
lançados em corpo hídrico.

No Anexo 24 encontram-se as análises de dejetos realizadas em 2018.

36.4. Efluentes atmosféricos (equipamentos, sistemas de controle, tratamento e destinação


final)

Não é exigido do empreendedor desenvolver um programa de monitoramento de


emissões atmosféricas dos veículos e máquinas utilizados em sua área de produção. Mas
algumas medidas são tomadas visando o bem-estar dos funcionários e comunidade de
entorno.

284
Para os efluentes atmosféricos oriundos de fontes difusas (poeira fugitiva e fumaça
preta dos veículos a diesel) são ou podem ser adotadas as seguintes medidas mitigadoras
para minimizar os impactos sobre os colaboradores da área:
 As principais atividades geradoras de poeira fugitiva no empreendimento são o
transporte e eventuais manutenções de estradas. Nestes casos todos os funcionários
trabalham dentro das máquinas, que são completamente fechadas, ou seja, os
operadores ficam dentro de cabines protegidos das partículas que são emitidas por
estas atividades;
 Os veículos e máquinas a diesel passam por revisão periódica para manutenção,
com o intuito de mantê-los dentro dos padrões legais de emissão atmosférica;
 Os motoristas são capacitados e orientados quanto às corretas práticas de direção,
redução da velocidade nos pontos de maior suspensão de poeira e manutenção
dos veículos.

37. POSSIBILIDADES DE ACIDENTES COM DANOS AMBIENTAIS

Conceitua-se acidente ambiental como evento não previsível, capaz de direta ou


indiretamente, causar danos ao meio ambiente ou a saúde humana, como vazamento
ou lançamento inadequado de substâncias (gases, líquidos ou sólidos) para a atmosfera,
solo ou corpos d'água, incêndios florestais ou em instalações industriais.

Em situações de acidentes ambientais é necessária à coleta de amostras para a


avaliação do dano ambiental, possibilitando o desenvolvimento de ações para a
recuperação ambiental e responsabilização dos causadores do acidente.

Todos os equipamentos e materiais necessários ao atendimento a acidentes


ambientais devem estar previamente preparados e reunidos os em um espaço próprio do
escritório, onde possa ser rapidamente apanhado, para que a equipe consiga chegar
rapidamente ao local do acidente. A falta desta preparação prévia pode fazer com que
equipamentos e materiais fundamentais à segurança do amostrador ou à execução dos
trabalhos sejam esquecidos, causando dificuldades adicionais na coleta das amostras ou
na preparação dos processos para a responsabilização dos infratores.

No caso do empreendimento em questão o uso de alguns produtos e a produção


de resíduos e efluentes líquidos podem acarretar acidentes ambientais.

As atividades de silvicultura realizadas no empreendimento necessitam da utilização


de insumos com maior ou menor grau de toxicidade e, que em caso de acidente durante

285
seu transporte poderiam causar danos ambientais. Os fertilizantes utilizados compostos por
nitrogênio, fósforo e potássio são substâncias químicas de baixa toxicidade, se
recomendados e utilizados conforme as necessidades da cultura, baseado em análises
físico-químicas dos solos. Geralmente, não acarretam problemas de poluição do solo, mas
se incorretamente aplicados, podem ser carreados para cursos d'água por meio de
enxurradas. Os defensivos químicos utilizados são herbicidas para controle de ervas
daninhas e iscas para controle de formigas. De acordo com a classificação do IBAMA
sobre potencial de periculosidade ambiental de agrotóxicos, os produtos utilizados são das
classes II, III e IV.

A produção de resíduos é formada pelos adubos orgânicos (cama de frango),


carcaças e maravalha. O caráter negativo se deve ao risco da contaminação do meio
ambiente, caso não sejam manejados adequadamente e destinados de forma correta.

A atividade de suinocultura gera dejetos, cujos principais componentes poluentes


são o nitrogênio, o fósforo, e os metais pesados, como: zinco e cobre. Além dos
microrganismos fecais patogênicos. O manejo indevido dos dejetos pode provocar graves
acidentes ambientais sobre a água, terra e ar.

Os resíduos suinícolas se mal manejados podem causar acidentes sobre os recursos


hídricos, o que provoca o processo de eutrofização dos corpos d’água, altera a
biodiversidade aquática e promove a presença de organismos prejudiciais ao ser humano
(acarretando problemas como verminoses, alergias e hepatite) e aos animais (gerando a
morte de peixes e aumentando a toxicidade em plantas). A poluição da água também
se manifesta na forma de microrganismos fecais patogênicos, que podem causar sérios
riscos à saúde dos homens e dos animais, como leptospirose, tularemia, febre aftosa e
peste suína clássica.

Uma das principais aplicações do dejeto suíno é a fertilização agrícola do solo.


Contudo, tal prática, sem o devido controle, gera um grande risco de acidente ambiental,
pelos efeitos da infiltração do nitrogênio no solo e do escoamento superficial do fósforo.

Outro risco ambiental grave da suinocultura é a emissão de gases voláteis pela urina
e pelas fezes de suínos. O carbamato de amônia é um composto presente nos dejetos
suínos, de odor desagradável e com a capacidade de se dissociar nos gases de amônia
e dióxido de carbono. A amônia é um gás que provoca efeitos adversos ao ser humano,
como irritação ocular, nasal e na pele, além de gerar distúrbios na condução neural do
cérebro. A amônia ainda pode provocar a chuva ácida, que tem implicações tóxicas
sobre o solo e a água. O dióxido de carbono é um dos gases que causam o efeito estufa,
286
agravando o aquecimento global. Outro gás que pode causar riscos ao meio ambiente é
o metano, que é um produto da decomposição anaeróbica de material orgânico. Trata-
se de um gás 21 vezes mais impactante ao efeito estufa que o gás carbônico.

No Anexo 25 encontra-se o Plano de Atendimento de Emergência do


empreendimento contra riscos ambientais.

38. IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS IMPACTOS NO EMPREENDIMENTO

As ações do ser humano a todo o momento geram impactos ao meio ambiente


por usar recursos naturais ou por produzir resíduo; influenciando direta e indiretamente
o meio em vive, por mais insignificante que possa parecer essa influência existe e está
aumentando a cada dia. A Resolução CONAMA nº 1, de 23/1/86 considera
“impacto ambiental“ qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causado por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

 A saúde, a segurança e o bem-estar da população;


 As atividades sociais e econômicas;
 A biota;
 As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e
 A qualidade dos recursos ambientais.

Assim, relacionando o tipo de atividade com os aspectos e impactos, positivos e


negativos que ele gera, é possível propor medidas de melhoria para mitigar tais impactos.

O objetivo de estudar os impactos ambientais é, principalmente, o de avaliar as


consequências de algumas ações, para que possa haver a prevenção da qualidade de
determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos projetos ou ações, ou
logo após a implementação dos mesmos.

No âmbito do processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), esta constitui


etapa importante na identificação dos efeitos decorrentes da implantação e operação
de um determinado empreendimento.

Os efeitos ambientais foram apurados por meio (físico, biótico e socioeconômico),


e posteriormente procedeu-se a análise dos mesmos, considerando a avaliação de
impactos, classificação por suas características, conforme os critérios descritos abaixo:

a) MEIO

287
 Biótico
 Físico
 Socioeconômico

b) NATUREZA OU INCIDÊNCIA SOBRE O AMBIENTE

 Positivo: representa um ganho para o ambiente


 Negativo/Adverso: representa um dano à qualidade de um fator ou parâmetro
ambiental

c) SEQUÊNCIA OU AÇÃO

 Direto: decorre de uma ação do empreendimento


 Indireto: é consequência de outro impacto

d) REVERSIBILIDADE

 Reversível: pode ser revertido depois de manifestado seus efeitos


 Irreversível: não pode ser revertido mesmo com medidas mitigadoras

e) DURAÇÃO

 Temporária: ocorre uma única vez durante um determinado período


 Permanente: depois de instalado não tem fim definido
 Cíclico: repete ciclicamente durante a implantação/operação do
empreendimento

f) TEMPORALIDADE

 Curto Prazo: o impacto ocorre imediatamente após a ação que o causou


 Médio Prazo: o impacto inicia-se após um determinado período a partir da ação
que o causou
 Longo Prazo: o impacto inicia-se após um longo período a partir da ação que o
causou

288
g) ABRANGÊNCIA ESPACIAL

 Local: impacto cujos efeitos se fazem sentir apenas nas imediações ou no próprio
sítio onde se dá a ação – ADA
 Regional: impacto cujos efeitos se fazem sentir além das imediações do sítio onde
se dá a ação – AII
 Estratégico: impacto cujos efeitos têm interesse coletivo ou se fazem sentir em nível
nacional

h) PROBABILIDADE

 Alta: se a probabilidade ou frequência de ocorrência do impacto for quase certa


e constante ao longo de toda a atividade
 Média: se sua ocorrência for intermitente
 Baixa: se for quase improvável que ele ocorra

i) MAGNITUDE RELATIVA: refere-se ao grau de incidência de um impacto sobre o


fator ambiental em relação ao universo desse fator ambiental. Reflete o grau de
comprometimento da qualidade ambiental da área atingida pelo impacto.

 Alta: quando as alterações ambientais são expressivas


 Média: quando é possível caracterizar ganhos e/ou perdas não expressivos na
qualidade ambiental da área
 Baixa: quando pode ser verificado, porém não é possível caracterizar ganhos e/ou
perdas na qualidade ambiental.

j) IMPORTÂNCIA: refere-se ao grau de interferência do impacto ambiental sobre


diferentes fatores ambientais, estando relacionada estritamente com a relevância da
perda ambiental, por exemplo, se houver extinção de uma espécie ou perda de um solo
raro, embora de pouca extensão. Na medida em que se tenha maior ou menor influência
sobre o conjunto da qualidade ambiental local.

 Grande
 Média
 Pequena

289
l) SIGNIFICÂNCIA: classificada em três graus de acordo com a combinação dos
níveis de magnitude e importância.

 Muito significativo
 Significativo
 Pouco significativo

A seguir são apresentados os impactos prognosticados sobre o meio físico, biótico


e socioeconômico (antrópico) e a matriz de avaliação dos mesmos.

38.1. Meio Físico

38.1.1. Contaminação do solo

A utilização de fertilizantes, herbicidas e inseticidas poderá causar a contaminação


do solo com seu manuseio e aplicação, bem como na eventualidade de derramamentos
acidentais dos mesmos podendo atingir drenagens e cursos d'água pelo arraste de
sedimentos contaminados caso não seja controlado adequadamente.

A geração de dejetos de animais e de efluentes líquidos podem também, caso não


recebam o correto tratamento ou ocorra algum acidente, provocarem contaminação no
solo.

Avaliação do Impacto

Meio: Físico

Natureza: Adverso

Ação: Direto

Fase de ocorrência: Em todas as fases de produção

Abrangência: Local (ADA)

Temporalidade: Curto prazo

Duração: Temporário

Reversibilidade: Reversível

Probabilidade: Baixa

Magnitude: Média

290
Importância: Média

Significância: Pouco significativo

38.1.2. Derramamento de óleo e combustíveis do maquinário

Pode ocorrer durante as atividades produtivas do empreendimento o


derramamento de óleo e combustíveis do maquinário utilizados dentro de sua área, o que
pode acarretar diversos problemas ambientais, caso não sejam tomadas as medidas
devidas para evitar tal impacto.

Avaliação do Impacto

Meio: Físico

Natureza: Adverso

Ação: Direto

Fase de ocorrência: Em todas as fases de produção

Abrangência: Local (ADA)

Temporalidade: Curto prazo

Duração: Temporário

Reversibilidade: Reversível

Probabilidade: Baixa

Magnitude: Média

Importância: Média

Significância: Pouco significativo

38.1.3. Contaminação em virtude da geração de esgoto sanitário

Os efluentes sanitários gerados no empreendimento são aqueles dos banheiros das


casas e instalações da granja, mas que tratados corretamente não causarão nenhum tipo
de impacto ao meio físico.

291
Avaliação do Impacto

Meio: Físico

Natureza: Adverso

Ação: Direto

Fase de ocorrência: Silvicultura (manejo)

Abrangência: Local (ADA)

Temporalidade: Curto prazo

Duração: Cíclico

Reversibilidade: Reversível

Probabilidade: Média

Magnitude: Pequena

Importância: Pequena

Significância: Pouco significativo

38.1.4. Emissões atmosféricas provenientes dos equipamentos utilizados (tratores, caminhões,


etc)

Durante as fases de operação do empreendimento espera-se a geração de


emissões atmosféricas (gases provenientes da queima de combustível - Co2, CO e SO2) dos
equipamentos, máquinas e tráfego de veículos utilizados nas operações de preparo do
solo, plantio e colheita. Esses gases poderão provocar alterações momentâneas da
qualidade do ar local, gerando como consequência, incômodos temporários aos
trabalhadores que estejam próximos. A concentração de gases de combustão, entretanto
será pouco significativa, devido aos equipamentos com cabine pressurizada e climatizada
utilizados nas operações e a quantidade restrita de veículos e equipamentos utilizados,
além da área ser rural, aberta e livre de moradias. O mesmo pode ser dito em relação à
emissão de material particulado (poeiras) resultante do tráfego de veículos e
equipamentos que serão utilizados no preparo do solo, plantio e colheita principalmente,
se verificadas no período mais seco do ano.

292
Além disso, existe a possibilidade de contaminação do ar pela decomposição dos
dejetos dos animais, que liberam gases prejudiciais a atmosfera, caso não seja tratado de
forma correta.

Avaliação do Impacto

Meio: Físico

Natureza: Adverso

Ação: Direto

Fase de ocorrência: Todas as fases de operação

Abrangência: Local (AID E ADA)

Temporalidade: Curto prazo

Duração: Cíclico

Reversibilidade: Reversível

Probabilidade: Média

Magnitude: Pequena

Importância: Pequena

Significância: Pouco significativo

38.2. Meio Biótico

38.2.1. Intervenção em APP

Algumas intervenções foram realizadas em APP dentro da área do


empreendimento.

Avaliação do Impacto

Meio: Físico

Natureza: Adverso

Ação: Direto

Fase de ocorrência: Todas as fases de operação

293
Abrangência: Local (AID E ADA)

Temporalidade: Longo prazo

Duração: Permanente

Reversibilidade: Reversível

Probabilidade: Média

Magnitude: Média

Importância: Média

Significância: Significativo

38.2.2. Reflorestamento de APP`s

As APPs foram reflorestas no final de 2010 e 2011, conforme PTRF já apresentado na


SUPRAM (Anexo 26).

Avaliação do Impacto

Meio: Físico

Natureza: Benéfico

Ação: Direto

Fase de ocorrência: Todas as fases de operação

Abrangência: Local (AID E ADA)

Temporalidade: Longo prazo

Duração: Permanente

Reversibilidade: Reversível

Probabilidade: Média

Magnitude: Média

Importância: Grande

Significância: Muito Significativo

294
38.3. Meio Socioeconômico

38.3.1. Geração de Emprego

Para as atividades no empreendimento a contratação de mão de obra ocorre


tanto em Uberlândia quanto em cidades vizinhas, como Tupaciguara, Monte Alegre de
Minas, podendo-se perceber que a granja é um importante gerador de emprego e renda
para diversas famílias do município e região.

Avaliação do Impacto

Meio: Socioeconômico

Natureza: Benéfico

Ação: Direto

Fase de ocorrência: Todas as fases de operação

Abrangência: Local (ADA)

Temporalidade: Curto prazo

Duração: Permanente

Reversibilidade: Reversível

Probabilidade: Alta

Magnitude: Média

Importância: Média

Significância: Muito significativo

38.3.2. Arrecadação de Impostos

Grandes empresas como a BRF contribuem de forma significativa na arrecadação


de impostos do governo municipal, devido aos tributos que precisam pagar ao mesmo.
Isso ajuda o município a crescer e auxilia na manutenção de sua área financeira, uma vez
que esses tributos angariados são revertidos para outras áreas importantes para o
município.

295
Avaliação do Impacto

Meio: Socioeconômico

Natureza: Benéfico

Ação: Direto

Fase de ocorrência: Todas as fases de operação

Abrangência: Local (ADA)

Temporalidade: Curto prazo

Duração: Permanente

Reversibilidade: Reversível

Probabilidade: Alta

Magnitude: Média

Importância: Média

Significância: Muito significativo

38.3.3. Geração de benefícios sociais

Benefícios são investimentos com os quais o empreendedor busca maximizar a


qualidade de vida de seus colaboradores e da população circunvizinha.

Avaliação do Impacto

Meio: Socioeconômico

Natureza: Benéfico

Ação: Direto

Fase de ocorrência: Durante todas as atividades realizadas no empreendimento

Abrangência: Local (ADA, AID E AII)

Temporalidade: Curto prazo

Duração: Permanente

Reversibilidade: Reversível

Probabilidade: Alta
296
Magnitude: Alta

Importância: Alta

Significância: Muito significativo

38.4. Síntese Conclusiva dos Impactos Ambientais Observados

A identificação dos impactos ambientais consiste na preparação de uma lista das


prováveis alterações decorrentes do empreendimento.

Enquanto a previsão dos impactos informa sobre a magnitude ou intensidade das


modificações ambientais, a avaliação discorre sobre a sua importância ou significância.

Para a avaliação de impacto ambiental (AIA), foi realizado um direcionamento nos


dados levantados e efetivamente utilizados na análise das relações plausíveis de causa e
efeito.

Neste sentido, os impactos descritos anteriormente encontram-se contextualizados


nas atividades silviculturais, avicultura e suinocultora na Granja C, objeto deste
licenciamento ambiental, possuindo assim importância e relevância para sua abordagem
e avaliação.

Ao todo, foram identificados nove impactos inerentes às atividades desenvolvidas


no empreendimento. Destes, foram identificados quatro impactos positivos, sendo um no
meio biótico e três no meio Socioeconômico e cinco impactos adversos, sendo quatro no
meio Físico e um no meio Biótico.

Apresenta-se a seguir um Quadro contendo a natureza, importância e significância


dos impactos observados nas atividades da Granja C.

Quadro 24: Natureza, importância e significância dos impactos ambientais observados na Granja
C.
SIGNIFICÂNCIA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
MEIO FÍSICO
Nº IMPACTO AMBIENTAL NATUREZA IMPORTÂNCIA SIGNIFICÂNCIA
01 Contaminação do solo Adverso Média Pouco Significativo
02 Derramamento de óleo e Adverso Média Pouco Significativo
combustíveis do maquinário
03 Contaminação em virtude da Adverso Pequena Pouco Significativo
geração de esgoto sanitário
04 Emissões atmosféricas provenientes Adverso Pequena Pouco Significativo
dos equipamentos utilizados
(tratores, caminhões, etc).
MEIO BIÓTICO
Nº IMPACTO AMBIENTAL NATUREZA IMPORTÂNCIA SIGNIFICÂNCIA
05 Intervenção em APP Adverso Média Significativo
297
06 Reflorestamento de APP`s Benéfica Grande Muito Significativo
MEIO SOCIOECONÔMICO
Nº IMPACTO AMBIENTAL NATUREZA IMPORTÂNCIA SIGNIFICÂNCIA
07 Geração de emprego Benéfico Média Muito Significativo
08 Arrecadação de impostos Benéfico Média Muito Significativo
09 Benefícios sociais Benéfico Alta Muito Significativo

SIGNIFICÂNCIA DOS IMPACTOS OBSERVADOS


SIGNIFICÂNCIA NATUREZA NATUREZA
ADVERSO/NEGATIVO POSITIVO
Muito Significativo 0 4
Significativo 1 0
Pouco Significativo 4 0

Diante da significância dos impactos ambientais oriundos das atividades realizadas


na Granja C, observa-se que a maioria dos impactos é de pouca significância e nenhum
impacto adverso foi considerado como muito significativo. Este fato se deve
principalmente à ações de planejamento, controle e monitoramento durante as
atividades produtivas no empreendimento.

Todos os impactos positivos foram caracterizados como muito significativos tendo


em vista a importância do empreendimento para a economia do município de
Uberlândia/MG.

Através da avaliação dos impactos ambientais observados pode-se considerar que:

 A execução das ações de gestão recomendadas e utilizadas pelo


empreendimento são essenciais para garantir que a maioria dos impactos
negativos/adversos permaneça com baixa significância;

 Uma vez observadas às ações propostas, dentre os impactos socioeconômicos do


empreendimento, há uma tendência para que os positivos contribuam para a
melhoria da qualidade de vida da população da área de influência do
empreendimento.

No Quadro 25 está descrita a avaliação do impacto ambiental do empreendimento


em relação às atividades realizadas por etapa, contemplando ações no plantio, corte,
colheita e transporte.

298
Quadro 25: Avaliação dos impactos ambientais por etapa na Granja C.
MEDIDA MITIGADORA E/OU COMPENSATÓRIA
IMPACTO
Adubação do solo Contaminação do solo  Os efluentes são tratados em lagoas de estabilização
Tratamento de dejetos de e depois utilizados na fertirrigação;
suínos  As composteiras, que podem gerar chorume,
Compostagem de animais possuem canaletas de contenção que direcionam
mortos para as lagoas de tratamento de dejetos;
 Periodicamente é realizada a rota ambiental na
propriedade para verificar se está havendo algum
impacto ambiental;
 Os veículos são lavados em área impermeável com
grelha que direciona para uma caixa separadora de
água e óleo;
 O auto monitoramento (análises de solo e dejetos)
são realizados semestralmente para verificar se está
havendo contaminação do solo.

Abastecimento de Derramamento de óleo e Para evitar que haja o risco de derramamento de óleo e/ou
maquinários combustíveis do maquinário combustíveis, causando impactos ao meio ambiente,
realiza-se a troca de óleo dos maquinários em oficinas
terceirizadas fora da granja.
Casas dos residentes e Contaminação em virtude da O esgoto sanitário é tratado em fossas sépticas
portarias da granja geração de esgoto sanitário
Tráfego de caminhões Emissões atmosféricas provenientes É feita a manutenção periódica dos equipamentos para
Tratores dos equipamentos utilizados (tratores, evitar a emissão atmosférica fora dos parâmetros legais
caminhões, etc).

299
39. PASSIVOS AMBIENTAIS

Não foram detectados passivos ambientais no empreendimento Granja C.

40. MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS ADOTADAS PELO


EMPREENDEDOR E/OU PROPOSTAS NOS ESTUDOS

As atividades silvicultura, avicultura e suinocultura para fins comerciais,


apesar de serem passíveis de provocar grandes impactos ambientais, quando
bem conduzidas apresentam características de serem renováveis e cíclicas,
com baixo impacto ao meio ambiente.

Com o objetivo de estabelecer os critérios e meios necessários para


viabilizar econômica e ambientalmente as atividades transformadoras
decorrentes da operação do empreendimento, face às potencialidades e
vulnerabilidades dos ecossistemas existentes, serão descritas e caracterizadas
as ações de controle ambiental e/ou medidas de compensação que se
encontram em curso, ou seja, estas ações e medidas de compensação já são
empregadas.

40.1. Medidas Mitigadoras/Compensatórias para o Meio Físico

40.1.1. Contaminação do Solo

Abaixo estão descritas as medidas tomadas para evitar que ocorra a


contaminação do solo durantes as atividades produtivas no empreendimento:

 Os efluentes são tratados em lagoas de estabilização e depois utilizados


na fertirrigação;
 As composteiras, que podem gerar chorume, possuem canaletas de
contenção que direcionam para as lagoas de tratamento de dejetos;
 Periodicamente é realizada a rota ambiental na propriedade para
verificar se está havendo algum impacto ambiental;
 Os rodolúvios estão em área impermeável com grelha que direciona
para uma caixa separadora de água e óleo;
 O auto monitoramento (análises de solo e dejetos) são realizados
semestralmente para verificar se está havendo contaminação do solo.

300
40.1.2. Derramamento de óleo e combustíveis do maquinário.

Para evitar que haja o risco de derramamento de óleo e/ou combustíveis,


causando impactos ao meio ambiente, realiza-se a troca de óleo dos
maquinários em oficinas terceirizadas fora da granja.

40.1.3. Contaminação em virtude da geração de esgoto sanitário.

O esgoto sanitário é tratado em fossas sépticas – conforme detalhado no


item 36.3 deste documento.

40.1.4. Emissões atmosféricas provenientes dos equipamentos utilizados


(tratores, caminhões, etc)

É realizada a manutenção periódica dos equipamentos para evitar a


emissão atmosférica fora dos parâmetros legais.

40.2. Medidas Mitigadoras/Compensatórias para o Meio Biótico

40.2.1. Intervenção em APP

Existem intervenções em APPs, que já foram regularizadas junto ao órgão


ambiental. No Anexo 27 pode-se visualizar a autorização para intervenção em
Área de Preservação Permanente.

40.2.2. Reflorestamento de APP`s

No Anexo 2 estão os documentos comprobatórios (CAR) da


regularização e no Anexo 26 o Projeto Técnico de Recomposição da Flora
(PTRF).

41. PLANOS E PROGRAMAS

A BRF atua sempre pautada por sua política ambiental que estabelece
diretrizes para o aprimoramento de seus processos, produtos e serviços, visando
à melhoria contínua da qualidade ambiental e minimização dos impactos
ambientais associados. Tal política tem com princípio adotar um modelo de

301
gestão com base num conjunto de diretrizes, práticas e ações que visem
resultados simultâneos nos aspectos econômicos, sociais e ambientais. A
companhia entende que contribuir para o desenvolvimento da sociedade,
significa garantir a sustentabilidade de seu negócio.

Dentro de sua política ambiental procura sempre abranger os seguintes


tópicos:

 Gestão Ambiental: Adota a legislação e os requisitos aplicáveis como


ponto de partida para a atuação responsável no meio ambiente, assumindo o
compromisso com a orientação aos fornecedores e parceiros críticos como
parte integrante dos processos produtivos, reconhecendo os esforços daqueles
que promovem a condução de suas atividades de forma sustentável. Além
disso, entende que o zelo pela biodiversidade, qualidade de vida, convívio
saudável com a sociedade e respeito às futuras gerações são resultados de sua
gestão operacional de acordo com critérios adequados de ecoeficiência,
prevenção da poluição e do seu compromisso com o uso responsável dos
recursos naturais;
 Riscos Ambientais: Busca, por meio da Análise de Ciclo de Vida de
produtos, em conjunto com seus fornecedores, o aprimoramento dos processos
através da melhoria contínua no uso de recursos naturais, insumos e gestão de
resíduos e efluentes. A BRF entende que a aquisição de produtos e serviços de
energia eficaz, além da utilização preferencial de energia renovável,
representa benefício significativo para o meio ambiente e também para a
competitividade em seus negócios;
 Mudanças Climáticas: Entende que o tema mudanças climáticas tem
grande impacto na gestão de riscos da companhia e assume o compromisso
de atuar publicamente para mitigação e compensação das emissões de gases
do efeito estufa, em sua cadeia produtiva, através da participação em
movimentos setoriais, realização de inventários e definição de metas de
redução de emissões, por meio de modelos de negócios que contemplem a
inovação tecnológica, o aprimoramento do desempenho energético e o uso
preponderante de energia renovável;
 Responsabilidade Ambiental: Atua com transparência quanto à política
e procedimentos da empresa em relação aos aspectos ambientais junto aos
seus públicos de relacionamento. A BRF compreende seu papel na

302
disseminação de boas práticas para a preservação ambiental através da
educação e do comprometimento de seus funcionários, terceiros e dos
envolvidos na cadeia produtiva.
A partir da Política Ambiental do empreendimento é possível constatar a
importância dada para a manutenção de um meio ambiente saudável. Desse
modo é primordial o desenvolvimento de ações de Educação Ambiental, que
informem e sensibilizem funcionários e comunidade a agir de acordo com essa
política. Assim sendo, serão apresentadas algumas ações que já foram
desenvolvidas pela BRF.

 Plano de Educação Ambiental


A empresa BRF S.A tem um compromisso total com a sustentabilidade.
Mais do que preservar o meio ambiente ou gerar empregos, deve-se atuar de
forma diferenciada no mercado e trabalhar diariamente, com base em
diretrizes, práticas e ações que visem resultados positivos e simultâneos nos
aspectos econômico-financeiros, ambientais e sociais. Busca-se o
desenvolvimento econômico das comunidades em que a empresa está inserida
e adota-se um conjunto de diretrizes para garantir o respeito aos direitos
humanos e ao meio ambiente.

O atendimento aos requisitos legais ligados aos aspectos ambientais é


condicionante para a manutenção das atividades de produção da
companhia. A garantia de conformidade ambiental e melhoria contínua dos
processos, da utilização das ferramentas de gestão, com a utilização racional
dos recursos naturais, principalmente água, ar, solo e biodiversidade é de vital
importância para a sustentabilidade ambiental dos sistemas de produção.

Considerando esses aspectos, todo funcionário admitido pelo


empreendimento deve passar por uma integração, em que são abordados
temas relevantes para iniciar a vida profissional na empresa, são eles: assuntos
relacionados a RH, saúde, segurança, meio ambiente, entre outros.

Abaixo está apresentada a ementa da integração de meio ambiente:

 Apresentação da política ambiental da BRF e sua abrangência, que


enfatiza:
o Atuar de forma responsável na cadeia de valor;

303
o Responsabilidade Ambiental: disseminar boas práticas e atuar de forma
transparente junto aos diversos públicos de relacionamento;
o Mudanças climáticas: atuar de forma pública na mitigação e
compensação das emissões de gases de efeito estufa em sua cadeia
produtiva;
o Riscos ambientais: promover a melhoria contínua dos processos
operacionais;
o Coleta seletiva: Separação e destinação correta para reciclagem dos
resíduos e tratamento especial para resíduos perigosos, a fim de evitar
contaminação do ambiente e das pessoas;
o Recursos naturais: Conscientização do consumo dos recursos naturais,
evitando desperdício e dano ao meio ambiente;
o Tratamento de água e efluentes: Conscientização para redução de
efluentes, para redução da carga orgânica e apresentação do processo
de tratamento (Foto 81).
Foto 81: Integração dos novos funcionários do empreendimento.

Fonte: Empreendedor, 2017.

 Plano Socioeconômico
A companhia atua de forma sistemática na comunidade das áreas de
influência direta e indireta, com projetos e ações que visam a melhoria da
qualidade de vida dos colaboradores e da comunidade. As ações da BRF S.A
englobam desde visitas técnicas às instalações da empresa, geralmente
realizadas por escolas estaduais e municipais, projetos de voluntariado

304
juntamente com os colaboradores, projetos que envolvem qualidade de vida e
atividades físicas em parceria com ONGs e com a comunidade como um todo.

A seguir, serão descritas algumas atividades já desenvolvidas pela BRF S.A


e seus parceiros no ano de 2016.

 Expandindo o raio
No mês de fevereiro/16, a BRF de Uberlândia em parceria com o Instituto
Voluntários da Polícia Militar, que tem como principal objetivo oferecer aos
jovens da comunidade o incentivo ao esporte, realizou a reabertura do Instituto
Voluntários na quadra do bairro Jardim Brasília e contaram com o apoio da BRF
com chuteiras, coletes, cones, bolas, etc. (Foto 82).

Foto 82: Projeto Expandindo o Raio.

Fonte: Empreendedor, 2017.

 Doação de sangue
No mês de abril/16, aproximadamente 20 voluntários BRF foram ao
Hemocentro de Uberlândia para doar sangue, se tornando multiplicadores
dessa ação tão importante para a vida das pessoas (Foto 83).

305
Foto 83: Projeto Doação de Sangue.

Fonte: Empreendedor, 2017.

 Promovendo Saúde
A BRF aposta na transformação para melhorar a vida das pessoas, de
seus funcionários e da comunidade. Baseados nessa premissa, foi realizado nos
dias 20 e 21/05 na escola estadual Antônio Thomaz Ferreira Rezende, duas
ações dos voluntários BRF. No dia 20 foi plantada uma horta na escola para
promoção da conscientização quanto a importância da alimentação
equilibrada e saudável para os alunos.

Faz parte da cultura do empreendimento atender as necessidades do


atuais sem comprometer as gerações futuras. Dito isso, no dia 21 de maio, foi
promovido um treinamento de formação, ministrado por um professor do SENAI,
destinado às merendeiras desta escola, sobre o reaproveitamento de alimentos,
para evitar o desperdício, visando assim redução de custos, proteção ao meio
ambiente e ao planeta (Foto 84).

306
Foto 84: Projeto Promovendo a Saúde

Fonte: Empreendedor, 2017.

 Fortalecendo Vínculos
Visita ao abrigo São Vicente de Paula, onde foi celebrado o aniversário
da BRF com um momento de prosa com os idosos, a fim de resgatar as receitas
e trabalhar com o tema “amor aos alimentos”, através de degustação, bem
como favorecer a integração social e elevar a autoestima dos idosos internos.

 Fazendinha Camaru
No Camaru 2016, a BRF apoia o projeto Fazenda Escola, onde foram
realizadas apresentações de mini animais, horta em mandala, estandes
expositivos das cadeias produtivas de alimentos presentes no dia-a-dia e
apresentação teatral. A BRF teve contato com aproximadamente 10 mil alunos
de escolas estaduais e municipais. Os alunos conheceram o processo de
transformação do alimento e educação ambiental.

 Projeto Escreva
Em novembro, houve o lançamento do livro “ As memórias de ontem são
os poemas de hoje” em parceria com as escolas Antônio Thomaz de Rezende

307
e Afrânio Rodrigues da Cunha. Os contos foram produzidos pelos próprios alunos
das escolas com o apoio e patrocínio do Comitê de Investimento Social da BRF.

 Natal – Anjos de Deus


Realização do natal solidário com crianças na creche Emei Hipólita
Teresa Eranci com distribuição de brinquedos e doces.

 Treinamento: Norma Corporativa de Gestão Ambiental

Esse treinamento foi realizado com funcionários no dia 17 de setembro de


2016 e possuiu os seguintes objetivos:

 Definir os requisitos do sistema de gestão ambiental, para padronizar a


estrutura organizacional, implantar o modelo de gestão das atividades
estratégicas e de planejamento e estabelecer as responsabilidades;

 Estabelecer, implementar, manter e aprimorar o sistema de gestão


ambiental;
 Assegurar a conformidade com obrigações legais e política ambiental;
 Ter o PDCA como uma ferramenta de gestão e melhoria contínua.
Seu conteúdo programático contou com: objetivo, campo de
aplicação, referência e bibliografia, revisão/motivo, considerações
específicas.

 Primeiro Dia de Campo Ambiental


O primeiro dia de campo ambiental foi realizado no dia 08/03/2017, na
Fazenda Três Meninas, integrado Carlos Alberto Soave (SVT e Frango), buscando
consolidar os conhecimentos ambientais dos integrados da suinocultura. Os
assuntos discutidos foram: licenciamento ambiental, condicionantes, outorga,
fiscalização do órgão ambiental, rotas ambientais e fertirrigação.

Dentre os participantes estavam: aproximadamente 40 integrados, 20


extensionistas, consultores ambientais, equipe ambiental agropecuária,
supervisor da suinocultura e gerente da agropecuária. A abertura do evento foi
feita pelo Gerente da Agropecuária Emerson Carlis e a apresentação foi

308
realizada pela Engenheira Agrônoma Stella Arruda Lellis. Houve participação
dos integrados com perguntas e troca de experiências (Foto 85).

Foto 85: Apresentação realizada por Stella Arruda - Engenheira Agrônoma.

Fonte: Empreendedor, 2017.

O produtor Marcelo Soave, filho do proprietário da Fazenda Três Meninas


realizou a apresentação sobre fertirrigação com dejetos de suínos em
pastagem e a produção de gado leiteiro, mostrando as vantagens deste
processo (Foto 86).

Foto 86: Produtor Marcelo Soave palestrante do evento.

Fonte: Empreendedor, 2017.

309
Na prática de campo realizou-se uma visita a composteira, onde o
técnico que atende a propriedade, Sandro Gabriel, explicou sobre a estrutura
e manejo adequado (Foto 87).

Foto 87: Visita a composteira.

Fonte: Empreendedor, 2017.

Na prática de campo realizou-se também a visita para demonstração do


sistema de fertirrigação, feita através dos aspersores nos piquetes (Foto 88).

310
Foto 88: Demonstração do sistema de fertirrigação.

Fonte: Empreendedor, 2017.

Foi realizado o sorteio de brindes (kits Sadia) para os integrados (Foto 89).

Foto 89: Sorteio de Kits para os integrados.

Fonte: Empreendedor, 2017.

311
No final do evento os participantes foram convidados para um lanche
(Foto 90).

Foto 90: Lanche para encerrar o evento.

Fonte: Empreendedor, 2017.

Para a realização do evento foram distribuídos os seguintes materiais:

 Programação do evento;
 Folder explicativo de licenciamento;
 Bloco de anotações;
 Caneta;
 Boné personalizado (Foto 91).
Foto 91: Materiais distribuídos na realização do evento.

Fonte: Empreendedor, 2017.

Foram utilizados alguns banners durante as apresentações para maiores


informações dos participantes (Foto 92).

312
Foto 92: Banners informativos utilizados durante o evento.

Fonte: Empreendedor, 2017.

O Supervisor da suinocultura, Nisley Travaini, fez o encerramento do Dia


de Campo Ambiental agradecendo a todos pela participação (foto 93).

Foto 93: Encerramento do evento.

Fonte: Empreendedor, 2017.

313
 SSMA

Foi realizada em setembro de 2018 a SSMA – Semana de Saúde,


Segurança e Meio Ambiente. Esse evento é realizado anualmente no
empreendimento e utilizado para discutir sobre temas relevantes em diversas
áreas. Abaixo pode ser visualizada o folder da SSMA e no Anexo 28 está o
cronograma da mesma.

Figura 52: Folder da SSMA.

No Anexo 29 encontra-se o Programa de Educação Ambiental que será


desenvolvido pelo empreendimento com colaboradores e comunidade de
entorno, logo que a Licença Ambiental for liberada.
314
42. INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Não se aplica.

43. ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO

Não é possível obter nenhum dado ou até mesmo gerar algum relatório
na ferramenta ZEE. A plataforma não responde aos comandos solicitados, libera
dados divergentes e ainda não classifica a área a qual solicita a análise de
acordo com a camada escolhida.

No momento não conseguimos enviar os dados solicitados, mas firmamos


o acordo de que assim que a plataforma estiver operando normalmente,
protocolaremos neste órgão os dados solicitados.

44. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Caracterização da Fauna

 Mirmecofauna

ANDERSEN, A. N. 1997. Using ants as bioindicators: multiscale issues in ant


community ecology. Ecology 1: 8. http://www.consecol.org/vol1/iss1/ant.8.

BOLTON, B. 1994. Identification Guide to the Ant Genera of the World. Harvard
University Press. Cambridge.

BROWN, K. S. JR. 1997. Diversity disturbance and sustainable use of Neotropical


forests: insects as indicators for conservation monitoring. Journal Insect Conserv.
1: 25–42.

CAMACHO, G. P.; VASCONCELOS, H. L. Ants of the Panga Ecological Station, a


Cerrado Reserve in Central Brazil. Sociobiology, v. 62, n. 2, 30 jun. 2015.

CHAO, A.; CHAZDON, R. L.; COLWELL, R. K.; SHEN, T. J. 2005. A new statistical
approach for assessing similarity of species composition with incidence and
abundance data. Ecology Letters, 8(2). 148-159.

CUNHA, N. R. DA S. et al. A intensidade da exploração agropecuária como


indicador da degradação ambiental na região dos Cerrados, Brasil. Revista de
Economia e Sociologia Rural, v. 46, p. 291–323, 2008.

DUFFY, J. E. 2002. Biodiversity and Ecosystem Function: The Consumer


Connection. Oikos 99:201-219.

315
Ehrlich, P. R.; G. C. Daily. 1993. Population Extinction and Saving Biodiversity.
Ambio 22:64-68.

FERNANDES, D. A.; CUNHA, N. R. S.; SILVA, E. Degradação ambiental no Estado


de Minas Gerais. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 43, n. 1, p. 179–198,
2005.

FREITAS, A. V. L. et al. Insetos como indicadores de conservação da paisagem.


In: C.F.D., R. et al. (Eds.). . Biologia da conservação: essências. São Carlos: RIMA,
2006. p. 357–384.

GREENSLADE, P. J. M.; GREENSLADE, P. 1984. Invertebrates and environmental


assessment. Environ. Plann. 3: 13–15.

GUIMARÃES, P. R.; GUIMARAES, P. 2006. Improving the analyses of nestedness for


large sets of matrices. Environmental Modelling & Software. 21(10), 1512-1513.

HEINZE, J. et al. Stealthy invaders: The biology of Cardiocondyla tramp ants.


Insectes Sociaux, v. 53, n. 1, p. 1–7, 2006.

HOFFMANN, B. D. 2000. Changes in ant species composition and community


organisation along grazing gradients in semi-arid rangelands of the Northern
Territory. Rangel. Journal 22: 171–189.

HÖOLLDOBLER, B.; WILSON, E. O. 1990. The Ants. The Belknap Press of Harvard
University Press. Cambridge. Massachussetts.

HOOPER, D. U. F. S.; CHAPIN, J. J.; EWEL, A.; HECTOR, P.; INCHAUSTI, S.; LAVOREL,
J. H.; LAWTON, D. M.; LODGE, M.; LOREAU, S.; NAEEM, B.; SCHMID, H.; SETALA, A.
J.; SYMSTAD, J.; VANDERMEER, D. A.; WARDLE. 2005. Effects of biodiversity on
ecosystem functioning: A consensus of current knowledge. Ecological
Monographs 75:3-35.

IBGE. Produto interno bruto dos municípios : 1999-2003. Rio de Janeiro: IBGE, 2005.

KLINK, C. A.; MOREIRA. A. G. 2002. Bit by bit. The Cerrado loses ground. In. Oliveira,
P.S., Marquis, R.J. (Eds.) The Cerrados of Brazil: Ecology and Natural History of a
Neotropical Savanna. Columbia University Press. Columbia. pp.69-88.

LOWE, S. et al. 100 of the world’s worst invasive alien species: a selection from
the global invasive species database. 2000.

MAJER, J. D. 1983. Ants - Bio-indicators of minesite rehabilitation. land-use and


land conservation. Environ. Manage. 7 : 375-383.

MAJER, J. D.; DAY, J. E.; KABAY. E. D.; PERRIMAN. W. S. 1984. Recolonization by


Ants in Bauxite Mines Rehabilitated by a Number of Different Methods
The Journal of Applied Ecology 21: 355-375.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; FONSECA, G. A. B.; KENT, J.


2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853-858.

316
OLIVEIRA, P. S.; MARQUIS, R. 2002. Introduction: Development of Research in the
Cerrados. In. OLIVEIRA, P. S.; MARQUIS, R. J. (Eds.) The Cerrados of Brazil: Ecology
and Natural History of a Neotropical Savanna. Columbia University Press.
Columbia. pp.1-10.

OLIVEIRA, E. DA S.; BIAZOTO, C. D. DOS S. Avaliação dos impactos ambientais


causados pelos aviários no município de Assis Chateaubriand, no oeste do
estado do Paraná, Brasil. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento
Sustentável, v. 8, n. 2, p. 24–30, 2013.

PACHECO, R. et al. The importance of remnants of natural vegetation for


maintaining ant diversity in Brazilian agricultural landscapes. Biodiversity and
Conservation, v. 22, n. 4, p. 983–997, 2013.

PACHECO, R.; VASCONCELOS, H. H. L. Invertebrate conservation in urban areas:


Ants in the Brazilian Cerrado. Landscape and Urban Planning, v. 81, n. 3, p. 193–
199, 2007.

PACHECO, R.; VASCONCELOS, H. H. L. 2012. Habitat diversity enhances ant


diversity in a naturally heterogeneous Brazilian landscape. Biodivers Conserv 21:
797-809.

PERFECTO, I.; SNELLING, R. 1995. Biodiversity and the transformation of a tropical


agroecosystem - ants in coffee plantations. Ecological Applications 5:1084-1097.

PERFECTO, I. J. H.; VANDERMEER, G. L.; BAUTISTA, G. I.; NUÑEZ, R.; GREENBERG, P.;
BICHIER, AND S. LANGRIDGE. 2004. Greater Predation in Shaded Coffee Farms:
The Role of Resident Neotropical Birds. Ecology 85:2677-2681.

PHILPOTT, S. M.; ARMBRECHT I. 2006. Biodiversity in tropical agroforests and the


ecological role of ants and ant diversity in predatory function. Ecol. Entomol. 31:
369-377.

RATTER, J. A.; RIBEIRO, J. F.; BRIDGEWATER, S. The Brazilian Cerrado Vegetation


and Threats to its Biodiversity. Annals of Botany, v. 80, p. 223–230, 1997.

Sanders, N. J. 2002. Elevational gradients in ant species richness: area, geometry,


and Rapoport's rule. Ecography. 25: 25–32.

SAUNDERS, D. A.; R. J. HOBBS, C. R.; MARGULES. 1991. Biological Consequences


of Ecosystem Fragmentation: A Review. Conservation Biology 5:18-32.

SEIFERT B. The ant genus Cardiocondyla (Insects: Hymenoptera: Formicidae) – a


taxonomic revision of the C. elegans, C. bulgarica, C. batesii, C. nuda, C.
shuckardi, C. stambuloffi i, C. wroughtonii, C. emeryi and C. minutior species
groups. Ann. Naturhist. Mus. Wien, v. 104, p. 203–338, 2003.

TEWS, J.; BROSE, U.; GRIMM, V.; TIELBÖRGER, K.; WICHMANN, M. C.; SCHWAGER,
M.; JELTSCH, F. 2004. Animal species diversity driven by habitat
heterogeneity/diversity: the importance of keystone structures. Journal of
biogeography. 31(1), 79-92.

317
TILMAN, D. K. G.; CASSMAN, P. A.; MATSON, R.; NAYLOR, S.; POLASKY. 2002.
Agricultural sustainability and intensive production practices. Nature 418:671-677.

TSCHINKEL, W. R.; HESS, C. A.1999. Arboreal ant community of a pine forest in


northern Florida. Annals of the Entomological Society of America. 92(1), 63-70.

VASCONCELOS, H. L. 1999. Effects of forest disturbance on the structure of


ground-foraging ant communities in central Amazonia. Biodiversity and
Conservation 8:407-418.

VASCONCELOS, H. L. et al. Neotropical savanna ants show a reversed latitudinal


gradient of species richness, with climatic drivers reflecting the forest origin of the
fauna. Journal of Biogeography, 2018.

VILELA, L. et al. Sistemas de integração lavoura-pecuária na região do Cerrado.


Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 46, p. 1127–1138, 2011.

WILCOX, B. A.; MURPHY, D. D. 1985. Conservation Strategy: The Effects of


Fragmentation on Extinction. The American Naturalist 125:879-887.

WHITTAKER, R. H.; LEVIN, S. A. 1977. The role of mosaic phenomena in natural


communities. Theoretical Population Biology. 12(2), 117-139.

WWF Brasil. 2008. www.wwf.org.br/natureza_brasileira/biomas/bioma_cerrado.

YACHI, S.; LOREAU, M. 1999. Biodiversity and Ecosystem Productivity in a


Fluctuating Environment: The Insurance Hypothesis. Proceedings of the National
Academy of Sciences of the United States of America 96:1463-1468.

YORK, A. 1994. The long-term effects of fire on forest ant communities:


management implications for the conservation of biodiversity. Mem. Qd. Mus. 36:
231-239.

 Herpetofauna

AMPHIAWEB, 2018. Disponível em: < https://amphibiaweb.org/species/2575 >


Acessado em: 14/09/2018.

BRASIL, 2016. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.


Sumário Executivo do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de
Extinção. 76p. Disponível em: <
http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/publicacoes/p
ublicacoes-diversas/dcom_sumario_executivo_livro_vermelho_ed_2016.pdf >.
Acessado em: 13/09/2018.

BERTOLUCI, J.; CANELAS, M. A. S.; EISEMBERG, C. C.; PALMUTI C. F. S.;


MONTINGELLI G. G. 2009. Herpetofauna of Estação Ambiental de Peti, an
Atlantic Rainforest fragment of Minas Gerais State, southeastern Brazil. Biota
Neotrop. 9(1): 147-155.

318
CEEHIN, S. Z.; MARTINS, M. 2000. Eficiência de armadilhas de queda (pitfall traps)
em amostragens de anfíbios e répteis no Brasil. Revta bras. Zool. 17 (3): 729 -740.

COSTA, H. C.; BÉRNILS, R. S. 2018. Répteis do Brasil e suas Unidades Federativas:


Lista de espécies. Herpetologia Brasileira, Volume 8 – Numero 1, p. 11-47,
fevereiro de 2018. Disponível em: <http://sbherpetologia.org.br/wp-
content/uploads/2018/04/hb-2018-01-p.pdf>. Sociedade Brasileira de
Herpetologia. Acessado em: 12/09/18.

COLWELL, R. K. 2006. EstimateS: Statistical estimation of species richness and


shared species from samples. Versão 8. Disponível em: <purl.oclc.org/estimates>.
Acessado em: 13/09/2019.

CRUMP, M. L.; SCOTT JR., N. J. 1994. Visual encounter surveys. In: HEYER, W.R.;
DONNELY, M.A.; MCDIARMID, R.W.; HAYEK, L.C.; FOSTER, M.S. (eds.). Measuring e
Monitoring Biological Diversity. Steard Methods for Amphibians. Washington:
Smithisonian Institution Press, p. 84-92.

IUCN (INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE). 2018. Red List of


Threatened Species. Disponível em: <www.iucnredlist.org> Acesso em: 11/09/18.

MCALEECE, N.; GAGE, J. D. G.; LAMBSHEAD, P. J. D.; PATERSON, G. L. J. 1997.


BioDiversity professional statistics analysis software. Disponível em:
<http://www.sams.ac.uk/peter-lamont/biodiversity-pro?searchterm=Biodivers>.
Acessado em: 11/09/2018.

MACHADO, R. B.; KLINK, C. A. 2005. A conservação do Cerrado brasileiro.


Megadiversidade, 1(1): 147-155.

MARTINS, M.; MOLINA, F. B. 2009. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada


de Extinção. Universidade de São Paulo, Instituto de Biociências, Departamento
de Ecologia Geral. Pp.: 327-373.

MINAS GERAIS (CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL – COPAM), 2010.


Deliberação Normativa nº 147, de 30 de abril de 2010. Lista de Espécies
Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais. Diário do
Executivo – “Minas Gerais” – 04/05/2010.

POUGH, F. H.; JANIS, C. M.; HEISER, J. B. (2008). A vida dos Vertebrados. São Paulo:
Atheneu Editora. 684pp.

REPTILE, D. 2018. The Reptile database. Disponivel em:<http://reptile-


database.reptarium.cz> Acessado em: 15/09/2018.

ROSSA-FERES, D. C.; SAWAYA, R. J.; FAIVOVICH, J.; GIOVANELLI, J. G. R.;


BRASILEIRO, C. A.; SCHIESARI, L.; ALEXANDRINO, J.; HADDAD, C. F. B. 2011. Anfíbios
do Estado de São Paulo, Brasil: conhecimento atual e perspectivas.
BiotaNeotrop.11(1a):http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1a/pt/abstract?in
ventory+bn0041101a2011.

RODRIGUES, W. C. 2014. DivEs - Diversidade de Espécies. Versão 3.0. Guia do


Usuário. Entomologistas do Brasil. 30p. Disponível em:
<http://www.dives.ebras.bio.br>. Acessado em: 14/09/2018.

319
SEGALLA, M. V.; CARAMASCHI, U.; CRUZ, C. A. G.; GRANT, T.; HADDAD, C. F. B.;
GARCIA, P.C.A.; BERNECK, B.V.M.; LANGONE, J. 2016. Brazilian Amphibians – List
of Species. Disponível em:
<http://www.sbherpetologia.org.br/images/LISTAS/Lista_Anfibios2016.pdf>.
Sociedade Brasileira de Herpetologia. Acessado em: 12/09/18.

SOUSA, E. S.; CAMARGO, A. J. A.; AGUIAR, L. M. S. 2012. Disponível em:


<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG01_33_9
11200585232.html > Acessado em: 15/09/18.

VASCONCELOS, H. D.; ARAUJO, G. M.; GONZAGA, E. A. R. 2014. Plano de Manejo.


RPPN Reserva Ecológica do Panga. Universidade Federal de Uberlândia – UFU.
Disponível em: <f
http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/plano_manejo/RPPNPangaPlanoManej
o.pdf>, Acessado em 15/089/2018.

ZAHER, H.; BARBO, F. E.; MARTÍNEZ, P. S.; NOGUEIRA, C.; RODRIGUES, M. T.;
SAWAYA R. J. 2011. Répteis do Estado de São Paulo: conhecimento atual e
perspectivas. Biota Neotrop. 11(1a):
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1a/pt/abstract?inventory+bn0051101a
2011.

 Mastofauna

ALHO, C.J.R. 2005. Intergradation of habitats of non-volant small mammalsin the


patchy cerrado landscape. Arquivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro, 63 (1) p.41-48. ISSN 0365-4508.

ALMEIRA, A. M. R.; ARZUA, M.; TRINDADE, P. W. S.; SILVA-JUNIOR, A. Capivaras


(Hydrochoerus hydrochaeris, Linnaeus, 1766) (Mammalia: Rodentia) em áreas
verdes do município de Curitiba-PR. Estudos de Biologia. 2013; 35(84): 9-16.

AZEVEDO, F. C., GEMESIO, F. Rastros & Pistas: Guia de Mamíferos de Médio e


Grande Porte do Triangulo Mineiro e Sudeste de Goiás. Uberlândia – GMBC, 2012.

BAGATINI, T. 2006. Evolução dos índices de atropelamento de vertebrados


silvestres nas rodovias do entorno da Estação Ecológica águas emendadas, DF,
Brasil, e eficácia de medidas mitigadoras. Dissertação (Mestrado em Ecologia),
Universidade de Brasília, 74 p.

BIANCONI, G.V.; MIKICH, S.B.; TEIXEIRA, S.D.; MAIA, B.H.L.N.S. Attraction of fruit
eating bats with essential oils of fruits: a potential tool for forest restoration.
Biotropica. v. 39, p. 136-140, 2007.

BRASIL, 2016. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.


Sumário Executivo do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de
Extinção. 76p.

BECKER, M. & DALPONTE, J.C. 1990. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros. 2ª


ed. Universidade de Brasília, Brasília – DF.

320
BERNARDI, I. P.; PASSOS, F. C.; 2012. Estrutura de comunidade de morcegos em
relictos de floresta estacional decidual no sul do Brasil. Mastozoología
Neotropical 19(1): 9-20.

BONVICINO, C. R. Guia dos Roedores do Brasil, com chaves para gêneros


baseadas em caracteres externos / C. R. Bonvicino, J. A. Oliveira, P. S. D’Andrea.
- Rio de Janeiro: Centro Pan-Americano de Febre Aftosa - OPAS/OMS, 2008. 120
p

CASTRO, E.A. & KAUFFMAN, J.B. 1998. Ecosystem structure in the Brazilian
Cerrado: a vegetation gradient of aboveground biomass, root mass and
consumption by fire. Journal of Tropical Ecology 14:263-283.

CEBALLOS, G.; EHRLICH, P.R.; SOBERÓN, J.; SALAZAR, I. & FAY, J.P. 2005. Global
mammal conservation: what must we manage?. Science, 309:603-607.

COURTENAY, O. & MAFFEI, L. 2004. Crab-eating fox Cerdoyon thous (Linnaeus,


1766). pp. 32-38. In: Sillero-Zubiri, C.; Hoffmann, M. & Macdonald, D.W. (eds.).
Canids: foxes, wolves, jackals and dogs. Status survey and conservation action
plan. IUCN.

COURTENAY, O. & MAFFEI, L. 2008. Cerdocyon thous. In: IUCN 2010. IUCN red list
of threatened species. Version 2010.4.

COSTA, L.P.; LEITE, Y.L.R.; MENDES, S.L.M. & DITCHFIELD, A.D. 2005. Mammal
conservation in Brazil. Conservation Biology, 19:672-679.

DEMINICIS, B. B.; VIEIRA, H. D.; ARAÚJO, A. C.; JARDIM, J. G.; PÁDUA, F. T.;
CHAMBELA NETO, A. Dispersão natural de sementes: importância, classificação
e sua dinâmica nas pastagens tropicais. Archivos de Zootecnia, v. 58, p. 35-58,
2009.

EMMONS, L.H. Geographic variation in densities and diversities of non-fluing


mammals in Amazonia. Biotropica, 16 (3): 210-222, 1984.

FACURE, K.G.; GIARETTA, A.A.E. & MONTEIROFILHO, E.L.A. 2003. Food habits of the
crabeating-fox, Cerdocyon thous, in an altitudinal forest of the Mantiqueira
Range, southeastern Brazil. Mammalia. 67(4): 503-511.

FARNEDA, F. Z.; ROCHA, R.; LÓPEZ-BAUCELLS, A.; GROENENBERG, M.; SILVA, I.;
PALMEIRIM, J. M.; BOBROWIEC, P. E. D.; MEYER, C. F. J.; 2015. Trait-related
responses to habitat fragmentation in Amazonian bats. Journal of Applied
Ecology 52(5): 1381-1391.

FELDHAMER GA, G. A., L. C. DRICKAMER, S. H. VESSEY, AND J. F. MERRITT.


Mammalogy: adaptation, diversity, and ecology. McGraw- Hill, Boston,
Massachusetts. 563 pp. 1999.

FENTON, M. B.; ACHARYA, L.; AUDENT, D.; HICKEY, M. B. C.; MERRIMAN, C.; OBRIST,
M. K.; SYME, D. M.; ADKINS, B. 1992. Phyllostomid bats (Chiroptera:
Phyllostomidae) as indicators of habitat disruption in the Neotropics. Biotropica,
24 (3): 440-446.

321
FURLEY, P.A. 1999. The nature and diversity of neotropical savanna vegetation
with particular reference to the Brazilian cerrados. Global Ecology and
Biogeography 8:223-241.

HENRY, M.; COSSON, J. F.; PONS, J. M. 2007. Abundance may be a misleading


indicator of fragmentation-sensitivity: The case of fi geating bats. Biological
Conservation, 139: 462-467.

IUCN (INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE). 2014. Red List of


Threatened Species. Disponível em: <www.iucnredlist.org >. Acessado em:
27/09/2017.

KLINK, C.A. & MACHADO, R.B. 2005. Conservation of the Brazilian Cerrado.
Conservation Biology 19: 707-713.

KUNZ, T. H.; FENTON, M. B. 2003. Bat Ecology. The University of Chicago Press,
Chicago, USA, 779pp.

LEMOS, F.G.; AZEVEDO, F.C.; COSTA, H.C.M. & MAY JUNIOR, J.A. 2011. Human
threats to hoary and crab-eating foxes in Central Brazil. Canid News, 14.2
(online).http://www.canids.org/canidnews/13/Hoary_and_crab_eating_foxes_i
n_ Brazil.pdf.

LIMA, I. P.; NOGUEIRA, M. R.; MONTEIRO, L. R.; PERACCHI, A. L.; 2016. Frugivoria e
dispersão de sementes por morcegos na Reserva Natural Vale, sudeste do Brasil.
Pp. 353-373, in Rolim SG, Menezes LFT, Srbek-Araujo AC (orgs.), Floresta Atlântica
de Tabuleiro: diversidade e endemismos na Reserva Natural Vale. Rona Editora,
Belo Horizonte.

MACHADO, A.B.M.; FONSECA, G.A.B.; MACHADO, R.B.; AGUIAR, L.M. & LINS, L.V.
1998. Livro vermelho de espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas
Gerais. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 608 p.

MANGINI, P. R.; NICOLA, P. A. Captura e marcação de animais silvestres. In:


CULLEN JR., Laury.; RUDRAN, Rudy & VALLADARES-PÁDUA, Cláudio. (org.)
Métodos de Estudo em Biologia da Conservação & Manejo de Vida Silvestre.
Curitiba: Editora da UFPR/Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. cap.
4, p. 91 - 124. 2003.

MARINHO-FILHO, J.; RODRIGUEZ, F.H.G. & JUAREZ, K.M. 2002.The Cerrado


mammals: diversity, ecology and natural history. In: The Cerrados of Brazil.
(OLIVEIRA, P. S.; MARQUIS, R. J., eds.). pp. 266-284. Columbia University Press, New
York.

MEDELLÍN, R. A.; EQUIHUA, M.; AMIN, M. A. 2000. Bat diversity and abundance as
indicators of disturbance in Neotropical rainforest. Conservation Biology, 14 (6):
1666-1675.

MEDICI, E.P. 2001. Order Perissodactyla, Family Tapiridae: Tapir Biology. p. 35-53.
In: Fowler, M.E. & Cubas, Z.S. (eds.). Biology, medicine, and surgery of south
american wild animals. Iowa State University Press. 536p; 2001.

322
MENDES, S.L. 2004. Workshop Floresta Atlântica e Campos Sulinos: Grupo de
Mamíferos – Documento Preliminar.

MICHALSKI, F. & PERES, C.A. 2005. Anthropogenic determinants of primate and


carnivore local extinctions in a fragmented forest landscape of southern
Amazonia. Biological Conservation, 124: 383–396.

MINAS GERAIS (CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL – COPAM), 2010.


Deliberação Normativa nº 147, de 30 de abril de 2010. Lista de Espécies
Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais. Diário do
Executivo – “Minas Gerais” – 04/05/2010.

MITTERMEIER, R.N. & MYERS, C.G. 1999. Hotspots – Earth’s Biologically Richest and
Most Endangered Terrestrial Ecoregions. CEMEX – Conservation International.
Mexico City.

OLIVEIRA, T.G.; TORTATO, M.A.; SILVEIRA, L.; KASPER, C.B.; MAZIM, F.D.; LUCHERINI,
M.; JÁCOMO, A.T.; SOARES, J.B.G.; ROSANE, V.M. & SUNQUIST, M. 2010. Ocelot
ecology and its effects on the small-felid guild in the lowland neotropics. p. 559-
580. In: Macdonald, D.W. & Loveridge, A.J. (eds.). Biology and conservation of
wild felids. Oxford University Press.

PAGLIA, A.P., FONSECA, G.A.B. DA, RYLANDS, A. B., HERRMANN, G., AGUIAR, L.
M. S., CHIARELLO, A. G., LEITE, Y. L. R., COSTA, L. P., SICILIANO, S., KIERULFF, M. C.
M., MENDES, S. L., TAVARES, V. DA C., MITTERMEIER, R. A. & PATTON J. L. 2011. Lista
Anotada Dos Mamíferos do Brasil / Annotated Checklist of Brazilian Mammals. 2ª
edição / 2nd edition. Occasional papers in conservation biology, no. 6.
Conservation international, arlington, va. 75pp.

PARKER, T.A. & CARR, J.L. (eds). 1992. Status of forest remnants in the Cordillera
de la Costa and adjacent areas of southwestern Ecuador. Conservation
International, RAP Working Paper 2.

PENHALBER, E.F. & MANTOVANI, W. Floração e chuva de sementes em mata


secundária em São Paulo, SP. Revista Brasileira de Botânica v. 20, p. 205-220,
1997.

PENTER C., PEDÓ E., FABIAN M.E. & HARTZ S.M. 2008. Inventário rápido da fauna
de mamíferos do Morro do Santana, Porto Alegre, RS Revista Brasileira de
Biociências, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 117-125.

RATTER, J.A.; RIBEIRO, J.F. & BRIDGEWATER, S. 1997. The brazilian Cerrado
vegetation and threats to its biodiversity. Annals of Botany 80: 223 - 230.

REDFORD, K. H.; FONSECA, G. B. The Role of Gallery Forests in th Zoogeography


of the Cerrado ’ s Non-volant Mammalian Fauna Published by : The Association
for Tropical Biology and Conservation Stable . Biotropica, v. 18, n. 2, p. 126– 135,
2009.

REIS, N. R; PERACCHI, A. L; PEDRO, W. A; LIMA, I. P. 2007. Morcegos do Brasil.


Editora da Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

323
REIS, N. R., et al. Mamíferos do Brasil 2a Ed. Universidade Estadual de Londrina,
Londrina. 437 p. 2011.

REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; PEDRO, W.A. e LIMA, I.P. 2006. Mamíferos do Brasil.

RIBEIRO, J.F. & WALTER, B.M.T.1998. Fitofisionomias do bioma Cerrado. In:


Cerrado: ambiente e flora. SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. (eds.). Planaltina,
EMBRAPA/CPAC. pp. 89- 166.

SCHULZE, M. D.; SEAVY, N. E.; WHITACRE, D. F.; 2000. A comparison of the


phyllostomid bat assemblages in undisturbed Neotropical forest and in forest
fragments of a slash-and-burn farming mosaic in Petén, Guatemala. Biotropica
32(1): 173-184.

SETTE, S.; MIRANDA, I. Interação morcego-fruto: Estado da arte no Brasil e um


estudo da chuva de sementes por aves e morcegos em uma área do cerrado
em Brasília. Dissertação (Mestrado), Universidade de Brasília, p. 64, 2012.

SILVA, J.F.; FARIÑAS, M.R.; FELFILI, J.M. & KLINK, C.A. 2006. Spatial heterogeneityli,
land use and conservation in the Cerrado region of Brazil. Journal of
Biogeography 33:536-548.

SILVA, W.R.; PASSOS, F.C.; PEDRO, W.A.; BONIN, M.R.; Frugivoria em morcegos
(Mamalia Chiroptera) no Parque Estadual de Inter Vales, sudeste do Brasil.
Revista Brasileira de Zoologia v. 20, p. 511- 517, 2003.

SILVEIRA, L. F.; BEISIEGEL, B. D. M.; CURCIO, F. F.; VALDUJO, P. H.; DIXO, M.;
VERDADE, V. K.; CUNNINGHAM, P. T. M. 2010. Para que servem os inventários de
fauna? Estudos Avançados, v. 24, n° 68, p. 173-207.

TALAMONI, S.A.; MOTTA JÚNIOR, J.C.; DIAS, M.M. 2000. Fauna de mamíferos da
Estação Ecológica de Jataí e da Estação Experimental de Luiz Antônio. In: José
Eduardo dos Santos; José Salatiel Rodrigues Pires. (Org.). Estudos Integrados em
Ecossistemas. Estação Ecológica de Jataí. 1 ed. São Carlos, SP: Rima Editora. v.
I, p. 317-329.

YORK, H. A.; BILLINGS, S. A.; 2009. Stable-isotope analysis of diets of short-tailed


fruit bats (Chiroptera: Phyllostomidae: Carollia). Journal of Mammalogy 90: 1469-
1477.

 Ictiofauna

AGOSTINHO, A. A.; PELICICE, F. M.; PETRY, A. C.; GOMES, L. C.; JÚLIO JUNIOR, H.
F. 2007. Fish diversity in the upper Paraná River basin: habitats, fisheries,
management and conservation. Aquatic Ecosystem Health & Management,
Burlington, v. 10, n. 2, p. 174-186.

BERNARDES, M. B. J. 2007. Bacia hidrográfica do Rio Uberabinha: a


disponibilidade de água e uso do solo sob a perspectiva da educação
ambiental. Tese (doutorado), Universidade Federal de Uberlândia, Programa de
Pós-graduação em Geografia, 221f.

324
DRUMMOND, G. M.; C. S.; SOARES, A. B. M.; MACHADO, F. A.; SEBAIO, Y.;
ANTONINI. 2005. Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para sua
conservação. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas. 222 p.

FERREIRA, G. A.; FERREIRA, V. O.; BRITO, J. L. S. 2013. Fisiografia da sub-bacia do


Rio das Pedras, em Uberlândia e Tupaciguara/MG: subsídios para gestão de
recursos naturais. Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 14, n. 45, p. 81–99.

GRAÇA, W. J.; PAVANELLI, C. S. 2007. Peixes da planície de inundação do alto


rio Paraná e áreas adjacentes. Maringá: EDUEM, 241 p.: il.

LANGEANI, F.; CORRÊA E CASTRO, R. M.; OYAKAWA, O. T.; SHIBATTA, O. A.;


PAVANELLI, C. S.; CASATTI, L. 2007. Diversidade da ictiofauna do Alto Rio Paraná:
composição atual e perspectivas futuras. Biota Neotropica, 7 (3): 81-197.

MAGURRAN, A. E. 1988. Ecological Diversity and its Measurement. Princeton


University Press, London. 179p.

ODUM, E. P. 1985. Ecology. Holt-Saunders. London. 244 p.

PIELOU, E. C. 1975. Ecological diversity: New York: Wiley-Interscience, 165p.

PIVARI, M. O.; OLIVEIRA, V. B.; COSTA, F. M.; FERREIRA, R. M.; SALINO, A. 2011.
Macrófitas aquáticas do sistema lacustre do Vale do Rio Doce, Minas Gerais,
Brasil. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 62, n. 4, p. 759-770.

POLETO, C.; CARVALHO, S. L.; MATSUMOTO, T. 2010. Avaliação da qualidade de


água de uma microbacia hidrográfica no município de ilha solteira (SP). Holos
Environment, Rio Claro, v. 10, n. 1, p. 95-110.

REZENDE NETO, L. B. et al. 2003. A fauna de peixes do rio Piquiri – Paraná. In:
Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca, Porto Seguro, Anais... Porto
Seguro: Faep, AEP-BA.

SAMPAIO, W. M. S.; BELEI, F.; GIONGO, P.; SILVA, W. L. 2012. Ichthyofauna,


Uberabinha River (Upper Paranaíba River Basin), Triangle Mineiro Region,
Uberlândia, Minas Gerais, Brazil. Journal of species lists and distribution, Check
List 8 (6): 1085 –1088.

SANTOS, G. B. 2010. A ictiofauna da bacia do Alto Paraná (rio Grande e rio


Paranaíba). MG Biota, Instituto Estadual de Florestas - MG, Diretoria de
Biodiversidade, Gerência de Projetos e Pesquisas. Belo Horizonte, MG Biota, 2 (6):
5 – 25.

SIMOES, D. R.; RESENDE, L. B.; FERREIRA, M. B.; BARBOSA, N. D.; NETO, P. G.; VONO,
V. 2013. Guia de Peixes da Usina Hidrelétrica Serra do Facão. Gráfica: Brasil,
Uberlândia-MG. 96p.

SOUZA, R. C. C. L.; CALAZANS, S. H.; SILVA, E. P. 2009. Impacto das espécies


invasoras no ambiente aquático. Ciência e Cultura 61: 35-41.

STERZ, C.; ROZA-GOMES, M. F.; ROSSI, E. M. 2011. Análise microbiológica e


avaliação de macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores da

325
qualidade da água do Riacho Capivara, município de Mondaí, SC. Unoesc &
Ciência, Joaçaba, v. 2, n. 1, p. 7-16.

VONO, V. 2005. Estudos de ictiofauna na área sob influência da UHE Serra do


Facão, Rio São Marcos (Bacia do rio Paranaíba, GO/MG) – Fase pré-enchimento;
Relatório técnico, Andrade & Canellas, 43 p.

 Ornitofauna

ANDRADE M. A. Aves silvestres: Minas Gerais. Belo Horizonte: Conselho


Internacional para Preservação das Aves; 1997. 94 p.

COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS – CBRO. Listas das aves do


Brasil. 11 a ed. 2014 [acesso em 2015 June]. Disponível em:
http://www.cbro.org.br. Acesso em 15/09/2017.

CURCINO, A. Avifauna em áreas de mineração: diversidade e conservação em


Niquelândia e Barro Alto-GO. Tese de Doutorado UFG. Disponível em:
http://bdtd.ufg.br/tedesimplificado/tde_arquivo. Acesso em 15/09/2017. 2011.

KLINK C. A.; MACHADO R. B. A conservação do cerrado brasileiro.


Megabiodiversidade. 2005; 1(1):14 7-155 . Klink, C. A.; Moreira, A. G. Past and
current human occupation and land-use. In: Oliveira, P. S.; Marquis, R. J. The
Cerrado of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savanna. Nova
York: Columbia University Press; 2002. p. 69-88.

MALACCO, G. B. et al. Avifauna da Reserva do Clube Caça e Pesca Itororó de


Uberlândia. Atualidades Ornitológicas On-line, n. 174, Jul/Ago 2013.

MARINI, M. A.; GARCIA, F. I. Bird conservation in Brazil. Conservation Biology, 19,


665-671. 2005.

MARÇAL JUNIOR, O. et al. Levantamento da Avifauna na Reserva Ecológica


Panga (Uberlândia, MG, Brasil). Biosci. J. Uberlândia, v. 25, n. 6, p. 149-164,
Nov/Dez 2009.

Sick, H. Ornitologia Brasileira. Nova Fronteira, Rio de Janeiro. 1997.

SIGRIST T. Guia de campo Avis Brasilis: avifauna brasileira. São Paulo: Avis Brasilis;
2009. 491 p.

SILVA, J. M. C. DA; BATES, J. M. Biogeographic patterns and conservation in the


South American Cerrado: a tropical savanna hotspot. BioScience, 52, 225-233.
2002.

SILVA, J. M. C; SANTOS, M. P. D. A importância relativa dos processos


biogeográficos na formação da avifauna do Cerrado e de outros biomas
brasileiros. Cerrado: ecologia, biodiversidade e conservação (ed. por A. Scariot;
J. C. Sousa-Silva; J. M. Felfili). Universidade de Brasília, Brasília. 2005.

326
 Caracterização da Flora
ALVARES, C. A. et al. 2013. Köppen's climate classification map for
Brazil. Meteorologische Zeitschrift, 22 (6): 711-728.

APG III. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the
orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean
Society, v.161, p.105–121, 2009.

FELFILI, J. M.; OLIVEIRA, E. C. L.; BELTRÃO, L. Levantamento ecológico rápido.


Departamento de Engenharia Florestal. UNB, Brasília, 35p., 2006.

IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira: sistema fitogeográfico, inventário


das formações florestais e campestres, técnicas e manejo de coleções
botânicas, procedimentos para mapeamentos. 2012.

KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. Conservation of the Brazilian Cerrado.


Conservation Biology, v.19, n.3, p.707-713, 2005.

MMA - Ministério do Meio Ambiente. Cerrado e Pantanal: áreas e ações


prioritárias para a conservação da biodiversidade. Brasília, 2007. 397p.

MONTAGNINI, F.; JORDAN, C. F. Reciclaje de nutrientes. In: GUARIGUATA, M. R.;


KATTAN, G. H. (Eds.). Ecología y conservación de bosques neotropicais. Cartago:
Ediciones LUR, p. 167-191, 2002.

PIMM, S. L.; AYRES, M.; BALMFORD, A.; BRANCH, G.; BRANDON, K.; BROOKS, T.;
BUSTAMANTE, R.; COSTANZA, R.; COWLING, R.; CURRAN, L. M.; DOBSON, A.;
FARBER, S.; FONSECA, G. A. B.; GASCON, C.; KITCHING, R.; MCNEELY, J.; LOVEJOY,
T.; MITTERMEIER, R. A.; MYERS, N.; PATZ, J. A.; RAFF, B.; RAPPORT, D.; RAVEN, P.;
ROBERTS, C.; RODRÍGUEZ, J. P.; RYLANDS, A. B.; TUCKER, C.; SAFINA, C.; SAMPER,
C.; STIASSNY, M. L. J.; SUPRIATNA, J.; WALL, D. H.; WILCOVE, D. 2001. Can we defy
nature’s end? Science 293: 2207-2208.

RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. 1998. Fitofisionomias do bioma Cerrado. Embrapa


Cerrados-Capítulo em livro científico (ALICE).

 Diagnóstico Meio Físico

AB´SABER, Aziz Nacib. Os Domínios de Natureza no Brasil: potencialidades


paisagísticas, São Paulo, Ateliê Editorial, 2003.

AB’SABER, A. (1973) A organização das paisagens inter e subtropicais brasileiras.


Geomorfologia. 41: 1-39.

AB’SABER, A. N. Contribuição à geomorfologia dos cerrados. In: SIMPÓSIO SOBRE


O CERRADO, 1971, São Paulo. Anais... São Paulo: Edgard Blucher, 1971. p 97-103.

ALMEIDA, F. F. M. de. Os fundamentos geológicos do relevo paulista. Bol. do Inst.


Geol., São Paulo, v. 41, p. 169- 263, 1964.

327
AUSTIN, M. P.; COCKS, K. D. Land use on the south coast of new south wales: a
study in methods of acquiring and using information to analyse regional land use
options. Australia: Commonweath Scientific and Industrial Research
Organization, 1978. 2 v. (General Report).

BACCARO, C. A. D. Estudo dos Processos Geomorfológicos de Escoamento


Pluvial em Área de Cerrado – Uberlândia - MG. 1990. 164 f. Tese (Doutorado em
Geografia Física) - Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, SãoPaulo, 1990.

BACCARO, C. A. D. Processos Erosivos no Domínio do Cerrado. In: Erosão e


Conservação dos Solos: conceitos, temas e aplicações / Antônio José Teixeira
Guerra, Antônio Soares da Silva e Rosângela Garrido Machado Botelho (orgs).
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. p. 195-228.

BACCARO, C. A. D; FERREIRA, I.L; ROCHA, M.R, RODRIGUES, S. C. Mapa


Geomorfológico do Triângulo Mineiro: uma abordagem morfoestrutural-
escultural. Sociedade & Natureza. Uberlândia. n. 25. p. 115-127, jan/dez, 2001.

BACCARO, Claudete. A. D. Estudos geomorfológicos do município de


Uberlândia. Uberlândia. Sociedade e Natureza, 1 (1): 17-21, junho 1989

BAHIA, Ruy B. C. et al. Bacias Sedimentares Paleozóicas e Meso-Cenozóicas


Interiores. In.: Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil L. A. Bizzi, C.
Schobbenhaus, R. M. Vidotti e J. H. Gonçalves (eds.) CPRM, Brasília, 2003.

BARBOSA, O. et al. Geologia da Região do Triângulo Mineiro, Bol. Div. de Fom.


da Prod. Min ., Rio de Janeiro (136): 1-140 p., 1970.

BOAVENTURA, R.S.; DONÈ, S.S.B.; 1982 – Mapa Geomorfológico do Estado de


Minas Gerais. Belo Horizonte. CETEC – Centro Tecnológico de Minas Gerais.
Projeto Diagnóstico Ambiental – Mapa 2. Escala 1:1.000.000.

BRASIL – Agência Nacional de Águas. Hidroweb. Disponível em:


www.hidroweb.ana.gov.br. Acesso em: 07/2017.

BRASIL – Agência Nacional de Águas. Sistema Nacional de Informações sobre


Recursos Hídricos. Disponível em: http://www2.snirh.gov.br/home/ Acesso em:
07/2017.

Brasil. ANA – Agencia Nacional de Aguas. 2002. A Evolução da Gestão dos


Recursos Hídricos no Brasil – The Evolution of Water Resources Management in
Brasil. Brasília; ANA, 2002.

Brasil. ANA – Agencia Nacional de Aguas. 2005. Cadernos de recursos hídricos:


disponibilidade e demanda de recursos hídricos no Brasil. Brasília, DF, 2005.
Disponível em:
<www.ana.gov.br/pnrh_novo/documentos/01%20Disponibilidade%20e%20Dem
andas/VF%20DisponibilidadeDemanda.pdf>. Acesso 06/2017.

BRASIL. ANA – Agencia Nacional de Aguas. 2005. Panorama da qualidade das


águas superficiais no Brasil. Brasília: ANA, 2005. 175p. (Cadernos de Recursos
Hídricos, 1). (Disponível também em CD-ROM).

328
BRASIL. ANA – Agencia Nacional de Aguas. 2007a. Disponibilidade e demandas
de recursos hídricos no Brasil. Brasília: ANA, 2007a. (Cadernos de Recursos
Hídricos, 2). (Disponível também em CD-ROM).

BRASIL. ANA – Agencia Nacional de Aguas. 2007b. Panorama do


enquadramento dos corpos d’água: panorama das aguas subterrâneas no
Brasil. Brasília: ANA, 2007b. (Cadernos de Recursos Hídricos, 5). (Disponível
também em CD-ROM).

BRASIL. ANA – Agencia Nacional de Aguas. 2007c. Conjuntura dos recursos


hídricos no Brasil. 2007c. Disponível em <http://conjuntura.ana.gov.br/ >.

BRASIL. ANA – Agencia Nacional de Aguas. 2009. Atlas de Abastecimento


Urbano de Água: Resumo Executivo /Agência Nacional de Águas. — Brasília:
ANA, 2009.

BRASIL. MMA – Ministério do Meio Ambiente. 2006. Caderno da Região


Hidrográfica do Paraná / Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos
Hídricos. Brasília: MMA, 2006. 240 p.

BRASIL – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Agritempo.


Disponível em: www.agritempo.gov.br. Acesso em: 07/2017.

BRASIL – Ministério das Minas e Energia. Carta Geológica ao Milionésimo. Folha


SE 22 – Goiânia. Projeto RadamBrasil, 1983.

BRASIL. Ministério do Meio-Ambiente. Agência Nacional de Águas (ANA/MMA).


Cadernos de recursos hídricos 1 Panorama da qualidade das águas superficiais
no Brasil / Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos - Agência
Nacional de Águas (ANA). - Brasília: TDA Desenho & Arte Ltda , 2005. 172 p.: il.

BRASIL. MISTÈRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA (MCT) CEPTEC/INPE. Banco de


dados meteorológicos. 2011. Disponível em: http://satelite.cptec.inpe.br/PCD/.
Acesso em: 07/2017.

CAMPOS, J. O. Primeiro relato Comitê de Estudos Geotécnicos de Rochas


Sedimentares. São Paulo: ABGE, 1988. 160 p. (Artigo técnico, 15).

CARRIJO, B. R. Cartografia geomorfológica com base em níveis de dissecação


do relevo no médio curso do rio Araguari. In.: Caminhos de Geografia 4(10)41-
59, set/2003.

CBH – COMITE DE BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ARAGUARI (2009) Plano diretor


da bacia hidrográfica do rio Araguari. Monte Plan. Disponível em:
<www.cbharaguari.com.br>. Acesso em: 07/2009.

CBH-PARANAÍBA/ANA. Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do rio


Paranaíba (PRH Paranaíba). RP-03 Diagnóstico da Bacia Hidrográfica do rio
Paranaíba. Parte A, B e C. COBRAPE/CBH PARANAÌBA/ANA, 2011.

CENSOLAR – CENTRO DE ESTUDIOS DE LA ENERGIA SOLAR. Surface solar energy.


Disponível em: <http://www.eosweb.larc.nasa.gov/sse/>. Acesso em: 10/2015.

329
CETEC - FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS. Mapa
Geomorfológico de Minas Gerais. CETEC, 1982.

CODEMIG – Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.


Mapa Geológico de Minas Gerais. 1994.

CONTI, J.B. Circulação secundária e efeito orográfico na gênese das chuvas na


região lesnordeste paulista. Série Teses e Monografias, São Paulo, n. 18, 82 p,
1975.

SEAPA/RURALMINAS/UFV – Atlas Digital das Águas de Minas. Disponível em:


http://www.atlasdasaguas.ufv.br/exemplos_aplicativos/estudo_hidrologico_pa
ra_outorga_de_direito_de_uso_de_agua_superficial.html. Acesso em: 07/2017.

CPRM. Serviço Geológico do Brasil. Apresenta banco de dados geológicos.


Disponível em: <http://www.cprm.gov.br>. Acesso em: maio 2013.

DAEE-SP. Mapa de águas subterrâneas do Estado de São Paulo : escala


1:1.000.000: nota explicativa / coordenação geral Gerôncio Rocha]. - São Paulo
: DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica : IG - Instituto Geológico : IPT
- Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo : CPRM-Serviço
Geológico do Brasil, 2005

CRESEB - CENTRO DE REFERÊNCIA PARA A ENERGIA SOLAR E EÓLICA SÉRGIO DE


SALVO BRITO. Base de dados de radiação solar incidente. 2009. Disponível em:
<http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/potencial_solar.htm>. Acesso
em: 10/2015

DANTAS, A. A. A. et al. Classificação e tendências climáticas em Lavras, MG.


Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.31, n.6, p. 1862-1866, nov./dez. 2007

DEL GROSSI, Suely R. De Uberabinha a Uberlândia: os caminhos da natureza.


Contribuição ao estudo da geomorfologia urbana. FFLCH/USP. Tese. 1992.

DEMEK J. Generalization of geomorphological maps in: proceedings of the


meeting of the igu: commission on applied geomorphology. sub-comission on
geomorphological mapping BRNO and Bratislava. Progress made in
Geomorphological Mapping, BRNO, p. 36-72, 1967.

EMBRAPA (2013) Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de


Classificação de Solos. Rio de Janeiro: EMBRAPA, SPI.

EMBRAPA. 2011. O novo mapa de solos do Brasil: legenda atualizada / Humberto


Gonçalves dos Santos et al. — Dados eletrônicos. — Rio de Janeiro: Embrapa
Solos, 2011. 67 p. - (Documentos / Embrapa Solos, ISSN 1517-2627; 130)

EPAMIG. EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS. Mapa de


reconhecimento de solos do Triângulo Mineiro. EPAMIG, 1980.

ESTADO DE MINAS GERAIS. Secretaria de Agricultura Pecuária e Abastecimento.


Disponível em: www.agricultura.mg.gov.br

330
ESTADO DE MINAS GERAIS. Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão
(SEPLAG-MG). Disponível em: www.planejamento.mg.gov.br

FARACO M.T.L., et. al. Folha SE 22 - Goiânia. In: C. Schobbenhaus, J.H. Gonçalves,
J.O.S. Santos, M.B. Abram, R. Leão Neto, G.M.M. Matos, R.M. Vidotti (eds.) Carta
Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas.
Programa Geologia do Brasil. Brasília, CPRM, CD-ROM.

FELTRAN FILHO, A. A estruturação das paisagens nas chapadas do oeste mineiro.


Tese (Doutorado em Geografia Física) - Instituto de Geografia, Universidade de
São Paulo. São Paulo, 1997.

FERNANDES, L. A.; COIMBRA, A. M.A Bacia Bauru (Cretáceo Superior, Brasil) Anais
da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 68, n. 2, p. 195-205, jul.
1996.

FERREIRA, I., SOUZA, L., RODRIGUES, S.C. Mapeamento geomorfológico de


detalhe: o estudo de áreas amostrais no Triângulo Mineiro e na bacia
hidrográfica do Alto Paranaíba-MG e suas implicações no planejamento
ambiental. In.: X Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada. 2007.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapa de climas do Brasil,


2006. Escala 1.5.000.000.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapa de relevos do Brasil,


2006. Escala 1.5.000.000.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.EMBRPA. Mapa de solos do


Brasil, 2001. Escala 1.5.000.000.

IGAM – INSTITUO MINEIRO DE GESTÃO DAS ÁGUAS (2009) Monitoramento da


qualidade das águas superficiais da bacia do rio Paranaíba. Relatório Trimestral
da Primeira campanha - 2009. Disponível em:
http://aguas.igam.mg.gov.br/aguas/downloads/relatorios_tri/2009/rel_tri_1.pdf.
Acesso em: 07/2017.

INMET. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Normais climatológicas. 1992.


Disponível em http://www.inmet.gov.br/html/clima/mapas/?mapa=tmax.
Acesso em: 11/2014.

KOEPPEN, W. Climatología: con um estudio de los climas de la tierra. México:


Fondo de Cultura Económica, 1948. 478 p.

LEINZ, V.; AMARAL, S.E. Geologia Geral. São Paulo: Nacional, 1985. 397p.

peçonhentos do Brasil: Biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. Fapesp.

MABBUTT, J. A. Review of concepts of land classification. In: STEWARTT, G. A. (Ed.).


Land evoluation. Melburne. Macmillan, p. 11-28, 1968.

MACHADO, M. F.; SILVA, S. F. Geodiversidade do Estado de Minas Gerais. Belo


Horizonte: CPRM, 2010. 131 p.

331
MILANI, E. J. Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu
relacionamento com a geodinâmica fanerozóica do Gonduana Sul-
Ocidental. 1997. 2 v. Tese (Doutorado) - Instituto de Geociências. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre , 1997.

MONTEIRO, C. A. F. A dinámica climática e as chuvas no estado de São Paulo.


São Paulo: FAPESP/USP/IGEOG, 129 p., 1973.

NAKAZAWA, V. A. Carta geotécnica do estado de São Paulo: escala 1: 500.000.


São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1994. (Publicação IPT, 2009).

NASA National Aeronautics and Space administration. Atmospheric Sciense


Data Center. 2009. Disponível em: <
http://eosweb.larc.nasa.gov/HPDOCS/access_data.html >. Acesso em:
10/2013.

NIMER, E. Clima. In.: Região Sudeste. Fundação IBGE, Rio de Janeiro, p. 23-34,
1977.

NISHIYAMA, Luiz. Geologia do Município de Uberlândia e Áreas Adjacentes.


Sociedade e Natureza1 (9-16), junho 1989.

OLIVEIRA, J.B. Solos do Estado de São Paulo: descrição das classes registradas
no mapa pedológico. Campinas, Instituto Agronômico, 1999. Boletim Científico
45, 112p

OLIVEIRA, L.A..O Sistema Aquífero Bauru na Região de Araguari/MG: Parâmetros


Dimensionais e Proposta de Gestão. Dissertação de Mestrado, Instituto de
Geociências. Universidade de Brasília, 118 p. 2002

OLIVEIRA, L.A.; CAMPOS, J.E.G., 2004. Parâmetros hidrogeológicos do sistema


aquífero Bauru na região de Araguari/MG: fundamentos para a gestão do
sistema de abastecimento de água. Revista Brasileira de Geociências.

PEATE D.W., HAWKESWORTH J.C., MANTOVANI M.S.M. 1992. Chemical


stratigraphy of the Paraná lavas (South America): classification of magmas types
and their spatial distribution, Bull. Volcanol. 55:119-139

PEEL, M. C. et al., Updated world map of the Koppen-Geiger climate


classification. In: Hydrol. Earth Syst. Sci., 11, 1633–1644, 2007

PERROTTA, M. M. et al. Mapa Geológico do Estado de São Paulo, escala


1:750.000. São Paulo: CPRM, 2005. (Programa Levantamentos Geológicos
Básicos do Brasil).

PIRES NETO, A. G. As abordagens sintético-histórica e analítico-dinâmica: uma


proposição metodológica para a geomorfologia. 1992. 302 p. 70 il. e 4 mapas.
Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, Departamento de Geografia,
1992.

RADAMBRASIL. 1983. Levantamento de recursos naturais, V.31- Folha SE.22


Goiânia, 198. Ministério das Minas e Energia, Rio de Janeiro.

332
REBOUÇAS A. C.; BRAGA B.; Tundisi J. G. Águas Doces Do Brasil Capital
Ecológico, Uso e Conservação. Institutos de Estudos Avançados da USP,
Academia Brasileira de Ciências, ed.Escrituras,SãoPaulo, 717p.

REBOUÇAS, A.C. E FRAGA, C.G. Hidrogeologia das rochas vulcânicas do Brasil.


Revista Água Subterrânea n° 12. Agosto de 1988. p 30-55

RODRIGUES, S. C. FERREIRA, I. L. MEDEIROS, S. BACCARO, C. A. D. Cartografia


Geomorfológica e os Condicionantes Hidrogeomorfológicos de Erosão em
Áreas Amostrais na Bacia Hidrográfica do Rio Araguari. IG-UFU. Relatório Interno
– CNPQ . 2004.

ROLIM, G. S. et al. (2007) Classificação climática de Koeppen e de Thornthwaite


e sua aplicabilidade na determinação de zonas agroclimáticas para o estado
de São Paulo. In.: Bragantia, Campinas, v. 66, n. 4, p. 711-720, 2007.

ROLIM, G. S. & SENTELHAS, P. C. Balanço hídrico normal por Thorntwaite e


Mather(1955). Piracicaba: ESALQ/USP – Departamento de Ciências Exatas: Área
de Física e Meteorologia, 1999.

ROSA FILHO E.F. HINDI E.C. Diagnóstico das águas subterrâneas no Estado do
Paraná: quantidade e qualidade. Relatório Técnico. 2006.

ROSS, J.L.S. O Registro Cartográfico dos Fatos Geomorfológicos e a Questão da


Taxonomia do Relevo. Revista do Departamento de Geografia, 6, FFLCH/USP,
São Paulo, 1992, 17-29p.

SA JUNIOR, A. Aplicação da classificação de Koppen para o zoneamento


climático de Minas Gerais. Universidade Federal de Lavras. Dissertação. 2009.

SANT’ANA NETO, J. L. Decálogo da climatologia do sudeste brasileiro. Disponível


em:
www4.fct.unesp.br/.../decalogo%20da%20climatologia%20no%20sudeste%20br
asileiro. Acesso em: 05/07/2009

SAUNDERS A.D., Storey M., Kent R.W., Norry M.J. 1992. Consequences of plume-
lithosphere interactions. In: Storey, M., Alabaster, A., Pankhurst, R.J. (eds.).
Magmatism and the Causes of Continental Break-up. Bath. Geological Society
of London, p. 41-60. (Special Publication, 68).

SETZER, J. Contribuição para o estudo do clima do estado de São Paulo. In.:


Separata atualizado do Boletim do Departamento de Estradas de Rodagens, v.
IX ao XI de outubro de 1943 a outubro de 1945. São Paulo: Escolas Profissionais
Salesianas, 1946.

SHDU/EMPLASA/IPT - GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Carta de Aptidão


Física ao Assentamento Urbano, 1990. 51p. São Paulo. Guia de Utilização. Escala:
1:50.000.

SOARES, A. M. A bacia do Rio Claro: reflexos da ocupação antrópica.


Dissertação (Mestrado em Geografia). Uberlândia, 2002. Instituto de Geografia,
Universidade Federal de Uberlândia.

333
SOARES, P.C., LANDIM, P.M.B., FÚLFARO, V.J. 1974. Avaliação Preliminar da
Evolução Geotectônica das Bacias Intracratônicas Brasileiras. In: SBG,
Congresso Brasileiro de Geologia, 28, PortoAlegre. Anais, 4:61-83

THORNTHWAITE, C. W.; MATHER, J. C. Instructions and tables for computing


potential evapotranspiration and water balance. Drexel Institute of Technology.
Publications in Climatology, X:3. Centertan, 1951.

TURNER, S.; Hawkesworth, C.J. 1995. The nature of the subcontinental mantle:
constraints from the major element composition of continental flood basalts.
Chemical Geology, 120, 295-314.

UFV – Universidade Federal de Viçosa. Mapa de solos do Estado de Minas Gerais:


legenda expandida / Universidade Federal de Viçosa; Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais; Universidade Federal de Lavras; Fundação
Estadual do Meio Ambiente. Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio
Ambiente, 2010.

ZEE/MG - Zoneamento Ecológico Econômico do Estado de Minas Gerais. UFLA:


Lavras, 2008.

 Diagnóstico Meio Antrópico


BESSA, K. A dinâmica da rede urbana no Triângulo Mineiro. Convergências e
divergências entre Uberaba e Uberlândia. Uberlândia: (s.n.), 2007.

IBGE - Censos Demográficos (1991, 2000, 2010). IBGE. 2012. Disponível em:
www.ibge.gov.br. Acesso em: 11/2013.

DATASUS/RIPSA – Rede Intergerencial de Informações para a Saúde –


Indicadores e Dados Básicos. 2009. Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2012/matriz.htm. Acesso em: 07/2017.

IBGE – Parceria com Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de


Governo e SUFRAMA. Contas Regionais do Brasil 2012. Disponível em:
http://loja.ibge.gov.br/contas-regionais-do-brasil-2012.html. Acesso em:
03/2015.

IBGE – SIDRA. Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos - 2005, 2006,
2008 e 2010. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/fasfil/tabelas.
Acesso em: 08/2016.

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL BRASILEIRO. – Brasília: PNUD,


Ipea, FJP, 2013. 96 p. – (Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013).

MICHELOTTO, B. G. Novos Arranjos Territoriais. A expansão da cultura da cana de


açúcar na região do Triângulo Mineiro – MG. 2008. 156 p Dissertação (Mestrado
em Desenvolvimento Sustentável). Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL - Cadastro Nacional de Entidades e


Organizações de Assistência Social (CNEAS). Disponível em:

334
http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-social/entidade-de-assistencia-social.
Acesso em: 08/2016.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Censo da educação básica: 2012 – resumo técnico.


– Brasília : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira,
2013.

MINISTÉRIO DA SAÚDE/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade –


SIM / DATASUS. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-
ministerio/principal/secretarias/svs/mortalidade. Acesso em: 07/2017.

MINISTÉRIO DA SAÚDE - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do


Brasil – CNES. Disponível em: http://datasus.saude.gov.br/sistemas-e-
aplicativos/cadastros-nacionais/cnes. Acesso em: 03/2015.

MINISTÉRIO DA SAÚDE - SIHSUS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS.


Disponível em: http://datasus.saude.gov.br/sistemas-e-
aplicativos/hospitalares/sihsus. Acesso em: 06/2015.

MINISTÉRIO DA SAÚDE/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação -


Sinan Net. Disponível em: http://portalsinan.saude.gov.br/. Acesso em: 06/2015.

MINISTÉRIO DA SAÚDE - Sistema de Informação de Atenção Básica – SIAB.


Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/siab.php. Acesso em:
06/2015.

PNUD – PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Atlas do


Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em:
http://atlasbrasil.org.br/2013/. Acesso em: 03/2015.

PRADO JÚNIOR, C. Formação do Brasil Contemporâneo. 4ª Edição. São Paulo:


Colônia, 1990.

PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA. Secretaria Municipal de Planejamento


Urbano de Uberlândia - Banco de Dados Integrados (BDI), 2012.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. Brasil: O Território e Sociedade no início


do século 21. Rio de Janeiro: Record, 2001a, 473 p.

TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL,


1983. 250 p.

45. ANEXOS

335
ANEXO 1: ANOTAÇÕES DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA -ART

336
ANEXO 2: CADASTRO AMBIENTAL RURAL - CAR

337
ANEXO 3: MATRÍCULAS DA PROPRIEDADE

338
ANEXO 4: PLANTA DE LOCALIZAÇÃO

339
ANEXO 5: COMPROVANTE RESERVA LEGAL

340
ANEXO 6: MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

341
ANEXO 7: PROCEDIMENTO OPERACIONAL AVICULTURA

342
ANEXO 8: PROCEDIMENTO OPERACIONAL SUINOCULTURA

343
ANEXO 9: MAPA DA ÁREA DIRETAMENTE AFETADA MEIO FÍSICO, BIÓTICO E
SOCIOECONÔMICO

344
ANEXO 10: MAPA DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DO MEIO FÍSICO E BIÓTICO

345
ANEXO 11: MAPA DA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA DO MEIO FÍSICO E BIÓTICO

346
ANEXO 12: MAPA DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DO MEIO SOCIOECONÔMICO

347
ANEXO 13: MAPA DA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA DO MEIO
SOCIOECONÔMICO

348
ANEXO 14: AUTORIZAÇÃO DE CAPTURA, COLETA E TRANSPORTE DE
MIRMECOFAUNA, HERPETOFAUNA, MASTOFAUNA, ICTIOFAUNA E PESCA
CIENTÍFICA

349
ANEXO 15: MAPA DE GEOLOGIA

350
ANEXO 16: MAPA DE GEOMORFOLOGIA

351
ANEXO 17: ANÁLISES DAS AMOSTRAS DE SOLO

352
ANEXO 18: MAPA DE SOLOS

353
ANEXO 19: MAPA HIDROGRÁFICO

354
ANEXO 20: ANÁLISE DAS AMOSTRAS DE ÁGUA

355
ANEXO 21: PEDIDO DE DISPENSA DE MANIFESTAÇÃO DE ÓRGÃO INTERVENIENTE
PATRIMÔNIO HISTÓRICO, ARTÍSTICO E CULTURAL GRANJA C

356
ANEXO 22: LICENÇAS DAS EMPRESAS TRANSPORTADORAS E DESTINADORAS DE
RESÍDUOS SÓLIDOS

357
ANEXO 23: PROJETO DE FERTIRRIGAÇÃO

358
ANEXO 24: ANÁLISE DOS DEJETOS

359
ANEXO 25: PLANO DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA

360
ANEXO 26: PROJETO TÉCNICO DE RECONSTITUIÇÃO DE FLORA – PTRF

361
ANEXO 27: AUTORIZAÇÃO PARA INTERVENÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE

362
ANEXO 28: CRONOGRAMA SSMA

363
ANEXO 29: PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - PEA

364

Você também pode gostar