Arquitectura Tradicional Portuguesa - II. Casa Térrea - Etnográfica Press
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Etnográfica
Press
Arquitectura tradicional portuguesa | Ernesto Veiga de
Oliveira, Fernando Galhano
Texte intégral
1 Expressão do clima, da natureza do solo e, sobretudo, da
paisagem humana, económica e cultural, peculiar da região
em que surge, a casa popular do Sul, comparada com a do
Norte que atrás descrevemos, apresenta características
totalmente diversas, no que se refere nomeadamente à sua
forma essencial, aos materiais típicos de construção que nela
se usam e às suas funções, sublinhando expressivamente os
contrastes geográficos entre duas zonas.
2 A casa do Sul, onde se desconhece praticamente o granito e é
raro o xisto, onde de um modo geral escasseiam os
afloramentos de rocha e onde, em seu lugar, abundam os
terrenos argilosos, utiliza, na sua construção, materiais
dóceis, calcários moles e friáveis e mármores, onde estes
existem, arenitos vermelhos – a pedra boreira – no Sul do
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Zona alentejana
27 A paisagem, alentejana é de uma grande sobriedade de
linhas: a planície – a « peneplanície » – aberta em campos
de cereal e pousio, a perder de vista, e montados de
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Zona algarvia
37 A planície alentejana termina nas elevações da serra
algarvia. Desta para o Sul desde o anfiteatro luminoso da
zona calcária do « Barrocal », seguido pelas terras planas,
intensamente agricultadas, e pelos salgados e sapais junto ao
mar. Para o « Serrenho », o Algarve é o Barrocal e a planície.
A serra pobre e triste, onde apenas no fundo dos vales
sinuosos se junta um pouco de terra e há água para regar
umas « hortas », é, com efeito, um mundo áspero, estranho à
alacridade do casario disperso entre pomares com hortas
viçosas onde não falta a água, onde tudo é límpido e claro, e
onde do chão ressequido e vermelho crescem alfarrobeiras
sempre verdes.
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1
A região e a casa gandaresa
I – A região gandaresa
70 Gândara é um topónimo que se aplica a muitos lugares do
Noroeste Peninsular; neste estudo, porém, referimo-nos em
especial à zona do nosso país compreendida entre as bacias
do Vouga e do Mondego, que se distingue, no conjunto
provincial da Beira Litoral, por um certo número de
características muito peculiares.
71 Este topónimo constitui sem dúvida mais um exemplo da
passagem de um apelativo a nome geográfico, que é
frequente entre nós e em outros países4 : gândara, ou
gandra, é uma expressão que designa de um modo geral
qualquer terreno arenoso pouco produtivo, ou mesmo quase
estéril5 ; ela parece ascender a uma base ganda, de substrato
alpino-pirenaico, a qual está implícita na palavra gandadia,
que Plínio diz ser usada pelos mineiros das Astúrias6 ; para o
nosso estudo, contudo, a origem da palavra tem um
interesse secundário7.
72 A sub-região gandaresa, que aqui temos em vista,
corresponde na realidade ao sentido da palavra gândara : é
uma faixa de terreno arenoso, relativamente plano e pouco
fértil, orientada no sentido norte-sul e cortada por alguns
vales pouco profundos, entre os quais sobressaem os da
ribeira de Mira e do rio Boco.
73 Esta faixa é formada por areias pliocénicas e por areias
recentes do litoral, que recobrem a superfície ocupada
outrora por um prolongamento do anticlínal, cujo
enrugamento ao norte da foz do Mondego forma a serra de
Buarcos8. A faixa pliocénica fica compreendida entre uma
tira de areias recentes, com a largura média aproximada de
5 km, que se estende desde o cabo Mondego até à ria de
Aveiro, e uma zona interior mais movimentada e elevada, em
que predomina o jurássico, embora entremeado com
manchas de pliocénico9. Os limites desta faixa pliocénica,
que constitui propriamente a região gandaresa, e cuja
largura média regula 10 km, nem sempre são fáceis de
identificar ; pela escassez de fósseis, as suas areias
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II – A casa gandaresa
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Casas de Mira
113 A casa de Mira mostra para a estrada uma fachada térrea e
comprida, na qual as aberturas se dispõem numa ordem
certa – janela, porta, janela –, formando um conjunto que
constitui um elemento característico, e por fim um lanço de
parede apenas com dois óculos ao alto, um pouco abaixo do
beiral. Esta fachada corresponde a um corpo rectangular que
abriga, de um lado, a parte de habitação, com as janelas e a
porta, e do outro, o celeiro, com os postigos; entre as duas,
rasga-se o portão, numa passagem coberta – o telheiro –
para o pátio, que fica nas traseiras. A parte de habitação, de
alto pé-direito, prolonga-se para a retaguarda por um corpo
perpendicular de telhado mais baixo, onde se localiza uma
ou mais vulgarmente duas cozinhas, e muitas vezes, entre
estas e o corpo frontal, um quarto; e a ele seguem-se não
raro outras dependências, em sucessivos edifícios pequenos
e cada vez mais baixos. O corpo da retaguarda forma um dos
lados do pátio, e vira para ele um alpendre estreito, para o
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Casas da Tocha
142 Ao sul do extenso pinhal que separa Mira da Tocha, o tipo de
casa que descrevemos perde o carácter de padrão local que
tinha no Norte, embora subsista em numerosos casos
isolados, nomeadamente nas construções mais recentes; e, a
partir da Caniceira, surge um novo tipo de casa – a casa da
Tocha –, também de pátio fechado e que sem dúvida
mantém com a de Mira certas afinidades que lhe advêm de
um estilo comum a ambas, mas sensivelmente diferente dela
em muitos dos seus elementos e sobretudo no modo como
tais elementos se dispõem.
143 Na Caniceira, a casa que nos dizem corresponder ao modelo
local tradicional e mais antigo, consta de um corpo principal
que mostra o motivo geral gandarês da janela-porta-janela,
traduzindo-se interiormente numa planta que compreende a
sala e dois quartos pequenos que abrem para ela, tendo em
cima o sobrado, que serve de celeiro e em muitos casos toma
o aspecto de um andar, iluminado por óculos, postigos ou j
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pátio; mas nesta zona, estes pátios não são tão fechados
como mais ao norte, os edifícios são mais baixos, e o
conjunto tem um aspecto mais antigo e rústico.
2
Casas da Murtosa
157 Prosseguindo no estudo da habitação em Portugal,
consideraremos aqui uma série de casas que aparecem numa
área bem delimitada do concelho da Murtosa, e que
apresentam certos pormenores característicos muito
definidos, que as distinguem e individualizam numa
categoria à parte.
158 Embora, como veremos, essa área seja bastante reduzida,
tais casas mereceram a nossa atenção não só pela beleza e
interesse de alguns desses pormenores, mas também pela
sua perfeita integração na paisagem natural e humana local
e pelas grandes afinidades estruturais que apresentam com
outras que se podem considerar o tipo de casa corrente na
região – do qual parecem mesmo ter sido o modelo –, e
ainda pela nitidez com que acentuam o significado
fundamentalmente cultural de certos elementos da casa em
geral, transcendendo assim os limites em que elas ocorrem.
159 Estas casas apresentam-se sob três formas diversas, que
representam o progressivo desenvolvimento do mesmo
conceito, e que analisaremos a partir do tipo mais simples
para o mais elaborado.
1.° tipo
160 As casas deste tipo constam de um corpo rectangular
principal, dividido em cozinha e sala, ao qual se encostam,
em cada extremidade da fachada principal, à frente, dois
quartos muito pequenos, que deixam entre si um espaço
alpendrado (foto. 178).
161 O telhado do edifício é a quatro águas, duas pequenas,
triangulares, nas fachadas de topo, e duas maiores, nas
fachadas largas, atrás e à frente; esta última prolonga-se, de
modo a cobrir o alpendre e os dois quartos pequenos, que
têm por isso o tecto inclinado. Este telhado impõe um beiral
que se lhe adapte, e que resulta em linha quebrada na parte
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2.° tipo
162 Do 1.° tipo, que compreende as casas mais pequenas, passa-
se para este outro, em que se incluem casas com uma
organização mais diferenciada, por um simples acrescento
nas traseiras, que, em relação ao corpo central principal, se
desenvolve simetricamente e de modo semelhante ao corpo
frontal das casas do 1.° tipo, que se mantém.
163 A casa fica ssim formada por esse corpo frontal, estreito,
compreendendo, como naquelas, o alpendre e os dois
quartos, iguais aos daquelas; pelo corpo central principal,
onde continua a situar-se a sala; e pelo corpo da retaguarda,
estreito como o frontal, que compreende duas alcovas no
alinhamento da sala e abrindo para ela, e a cozinha, que na
generalidade dos casos para ali se deslocou ; no corpo
central, o lugar desta é ocupado por uma divisão de
arrumações, contígua à sala, a que se dá o nome de despensa
ou sala do meio. Cada uma das alcovas tem um postigo
rasgado nas traseiras da casa, alto, de modo a evitar os
olhares indiscretos de quem passa fora (des. 116).
Des. 116
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3.° tipo
167 O tipo mais desenvolvido destas casas, que aparece com
grande frequência, é formado por um conjunto que
compreende uma casa igual às do 1.° tipo, à qual se
acrescentou, encostado a um dos topos, outro corpo
rectangular, que abriga a sala e as duas alcovas ao fundo36, e
cuja fachada se segue à fachada do alpendre da casa simples
do 1.° tipo, com um pé direito sensivelmente mais alto, e
oferecendo geralmente um ligeiro avanço sobre ela37 (foto
180 e des. 118).
Des. 118
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Alpendre
180 O alpendre, que tem uma expressão acolhedora e por vezes
proporções muito harmoniosas, é a verdadeira entrada da
casa; ele dá sempre imediatamente para a eira, da qual está
separado parcialmente por um pequeno muro baixo – o poal
–, onde assentam as colunas que sustentam o frechai do
telhado, e que deixa uma abertura de passagem a um ou aos
dois lados; não vimos nenhum que a tivesse a meio (foto
182).
181 As colunas são feitas de tijoleiras revestidas de argamassa
amarela, com capitéis de formas singelas e variadas. Nos
alpendres muito curtos não existem colunas; o frechai
aguenta-se sem qualquer apoio a meio.
182 Contudo, nas casas mais pobres, não existe poal, e as
colunas podem ser substituídas por esteios de granito ou
prumos de madeira.
183 O pavimento do alpendre é geralmente ladrilhado com
tijoleiras, ou lajeado com uma pedra acinzentada; poucos
ficavam em terra batida. O tecto era forrado por cima dos
caibros, e só raros se apresentavam em telha-vã.
184 O alpendre serve para nele se recolher aquilo que seca na
eira – milho, feijão, etc. ; muitos deles são fechados, quando
chove, por esteiras de tábua ou empanadas de madeira,
presas às colunas. De resto, a água do telhado voltada ao
Sul – que cobre o alpendre – é também normalmente
utilizada para secagem.
185 Do alpendre entra-se para a sala ou salas e para a cozinha,
conforme os diversos tipos de casas, por portas como as que
descrevemos atrás; os quartos pequenos, na grande maioria
dos casos, não têm portas para o alpendre: o seu acesso faz-
se por portas abertas na sala e na cozinha ou na despensa.
Cozinha
186 A cozinha, como dissemos, é de telha-vã e geralmente térrea,
embora apareçam algumas soalhadas ou ladrilhadas a tijolo;
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Quartos
192 Os quartos e alcovas são, como dissemos, soalhados e de
tecto forrado. Os da frente têm este inclinado, e um pequeno
janelo de guilhotina, com portadas interiores, voltadas para
a eira; os das traseiras têm postigos altos, também de
guilhotina, muitas vezes com folhas de um vidro único, ou
frestas só com portadas. Abrem para a sala e cozinha ou
despensa, e raríssimas vezes têm porta directamente para o
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Sala
195 A sala é a dependência central destas casas, e a única que
revela qualquer preocupação de luxo. O seu tecto é direito e
liso, de forro, e, por vezes, em casas antigas, decorado com
pinturas. Quase sempre soalhada, conhecemos casos em que
ela é ainda de terra batida45. Além das portas para a cozinha
ou despensa, para o alpendre e para o quarto ou alcovas, ela
tem, nas casas do primeiro tipo, uma janela na fachada
lateral, e geralmente um postigo para a retaguarda; nas casas
do 3.° tipo, ela situa-se no corpo do edifício mais alto e
saliente, ao lado da primitiva casa de alpendre simples, e
abre para a frente uma porta de entrada ladeada por duas
janelas amplas.
196 Na sala de algumas velhas casas – especialmente do 1.° tipo,
ou na casa primitiva dos conjuntos do 3.° tipo – vêem-se
frequentemente, na parede que corresponde às traseiras,
nichos embutidos nos muros, a que chamam cantareiras ou
copeiras, vindo quase até ao chão e com uma divisória a
meia altura, e mostrando belos ornatos de massa ou madeira
pintada (fotos. 181 e 184). Como mobiliário corrente,
encontra-se nela geralmente uma cómoda com imagens e
gravuras religiosas nas paredes.
197 Esta sala não é utilizada para quaisquer fins propriamente
domésticos, e tem funções apenas cerimoniais, em relação
nomeadamente com a visita pascal ou com a caleda fúnebre
por ocasião da morte de pessoas da casa, que aí se expõem, e
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226 Por quase toda a orla litoral do centro do País, desde Aveiro
a Leiria, divulgou-se um género de casa que, à parte
pequenas diferenças locais mais ou menos sensíveis, mostra
evidentes características comuns. Trata-se invariavelmente
duma casa térrea (podendo apenas conter uma parte
sobradada, baixa, sob o telhado, servindo de celeiro ou
arrumação), que mostra quase sempre, para os caminhos ou
estradas que bordeja, uma fachada simples, muito cuidada e
por vezes muito ornamentada, sob o pequeno beiral linear
de um telhado de duas águas, com o cume paralelo à
fachada; para as traseiras, ela possui um pátio rodeado total
ou parcialmente pelos aidos, galinheiros, cobertos, etc., para
o qual se entra por um portão rasgado na fachada frontal da
própria casa ou no muro ou parede que se lhe segue.
227 Já estudámos noutro lugar52 a variante que corresponde à
região gandaresa, e que, na verdade, é também frequente daí
até ao Vouga, especialmente na direcção de Fermentelos. Por
grande parte dessa região este tipo mostra para a frente uma
fachada muito igual, com um motivo janela-porta-janela que
se repete regularmente, e é seguido pelo portão largo que dá
acesso ao pátio através do alpendre, e por um lanço de
parede em que as únicas aberturas são uns postigos
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4
Casas de pescadores da Póvoa de Varzim
266 A Póvoa de Varzim é, certamente, no seu estrato piscatório,
uma das unidades etnoculturais mais fortemente
individualizadas do País. A actividade específica dessa gente,
que se documenta desde épocas muito remotas, a sua
organização tradicional, os seus aspectos etnográficos e
temperamentais, o seu trajo e glotologia, etc., conferem-lhe
características altamente originais que ainda hoje a
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Des. 131
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Casas de madeira
324 No litoral central, encontramos à beira-mar os palheiros de
madeira, de diversos tipos.
325 Embora no interior poucos vestígios restem de casas de
madeira ou materiais vegetais, elas devem ter sido outrora
abundantes por todo o País, conforme se depreende da
profusão com que se encontra o topónimo « cabanas » ou
seus derivados. No litoral, porém, elas são ainda hoje
correntes, e até há menos de um século, constituíam a regra
geral em vários sectores costeiros.
326 Ao norte do Douro, a construção de madeira é representada
sobretudo pelos barracos de abrigo e habitação temporária
de pescadores, cabaneiros e sargaceiros, a que já aludimos,
progressivamente adaptados a habitações permanentes e
substituídos por casas de pedra, e pontos de partida de
novas póvoas marítimas incipientes.
327 Além-Douro, na faixa arenosa compreendida entre este rio e
as «arribas» do Sul, a construção de madeira define-se e
avulta, e surge o «palheiro» de tabuado, de planta
rectangular, assente sobre pilares de pedra, ou, onde é
sensível o movimento das dunas, em estacaria, com telhados
de duas águas por vezes muito inclinadas, de empena sobre a
rua, outrora cobertos de colmo ou estorno e, hoje, de telha.
O tabuado, quase sempre pintado a vermelhão, é disposto
ora horizontal ora verticalmente, e neste caso com
frequência as juntas são tomadas com ripes, também
pintadas a branco ou outra cor; as molduras e caixilharias
destacam-se, pintadas do mesmo modo a branco ou azul,
contra o fundo escuro das casas.
328 Quando o edifício se ergue sobre estacaria, mais ou menos
alta, o espaço térreo sob a casa é geralmente aproveitado
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5
Palheiros e barracos do litoral
334 Quem quer que tenha calcorreado a zona nortenha da nossa
beira-mar não terá deixado de reparar no nítido contraste
existente entre os sectores litorais limitados, a sul e a norte,
pelo rio Douro – ou, mais concretamente, pela praia de
Espinho, alguns quilómetros abaixo desse rio –, que, pelos
aspectos paisagísticos e culturais que apresentam, forma,
cada um deles, um complexo extremamente lógico e
coerente que se opõe, de modo particularmente expressivo,
ao outro que se lhe segue.
335 Do Douro para o Norte, até ao Minho (e seguidamente, já na
Galiza, até à curva do cabo Sillero, baliza meridional das rias
galegas), esse litoral é constituído por uma estreita faixa
arenosa, franjada de penedia baixa, que segue uma linha
sinuosa e irregular, de aspectos sempre variados,
constantemente rasgada de reentrâncias, formando outras
tantas pequenas baías ou recantos de abrigo, e que, para o
interior, se prolonga por uma planície de terras aráveis que
sobem em declive brando, correspondendo a vários níveis de
praias e terraços antigos mais ou menos largos, polvilhada
de velhas povoações e lugarejos rurais, na qual cinco rios
importantes talharam a sua foz, e que, ao norte do Cávado,
termina bruscamente contra a falésia granítica paralela à
costa.
336 Ajustada a esta paisagem assim diversificada, as actividades
humanas são múltiplas, e tomam, cada uma delas, aspectos
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Notes
1. Virgílio Correia, « Chaminés do Sul », Terra Portuguesa, 2.° vol.,
Lisboa, 1916, págs. 21-27.
2. Mello de Mattos, «As chaminés alentejanas », Portugália, II, pág. 79-
84.
3. E é estranho pensar que ainda no fim do século xviii, no local em que
agora se ergue tão exótico casario, a povoação não passava de um
amontoado de cabanas de madeira, erguidas no areal da praia.
4. O caso da Gândara é comparável ao de Heide no Noroeste Alemão,
onde também, mesmo depois de se ter dado a transformação do
revestimento vegetal, se mantém o velho apelativo já apenas com valor
do topónimo. Ver Hermann Lautensach Portugal auf Grund eigener
Reisen und der Literatur, II parte, 1937, pág. 68, nota 1.
5. Ver Joseph Piel, RPF, II, págs. 182-3.
6. Plínio, História Natural, XXXIII, 70-74, citado por Serafim da Silva
Neto, História da Língua Portuguesa, fasc. 6, Rio de Janeiro, 1954, pág.
281.
7. Para o problema linguístico especial, veja-se a indicação da
bibliografia fundamental em Serafim da Silva Neto, op. e loc. cit.
8. A serra de Buarcos atinge a cota de 253 m. Ver Hermann Lautensach,
op. cit., pág. 68.
9. Ver Amorim Girão, in Guia de Portugal, vol. 3, pág. 116.
10. Ver Paul Chauffat. « Aperçu de la géologie du Portugal » in : Le
Portugal au point de vue agricole, Lisboa, 1900, cap. I, págs. 39-40 ; do
mesmo, « Aperçu de la géologie du Portugal» (Le Port, au point de vue
agr.), págs, 1-48 ; do mesmo. « Étude stratigraphique et paléontologique
des terrains jurassiques du Portugal, I, Le Lias et le Dogger au Nord du
Tage » (Mém, Serv. Géol. Port., Lisboa, 1800) ; do mesmo, « Recueil de
monographies stratigraphiques sur le système crétacique du Portugal »
(Mém, Serv. Géol. Port., 2 vols., Lisboa, 1880 a 1900). Ver também
Aristides de Amorim Girão, Bacia do Vouga, Coimbra, 1922, págs. 13-14.
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11. Ver Aristides de Amorim Girão, in : Guia de Portugal, vol. 3, pág. 116.
12. Ver Paul Chauffat, « Aperçu de la géologie du Portugal», in : Le
Portugal au point de vue agricole, Lisboa, 1900, pág. 40. Ver também
Hermann Lautensach, op. e loc. cit.
13. Ver Amorim Girão, Guia de Portugal, vol. 3, pág. 117.
14. No Livro Santo de Santa Cruz de Coimbra, fls. 57-57 v., existe um
diploma de doação feito pelo conde D. Raimundo em 1095 a habitantes
de Montemor-o-Velho, que nomeia particularmente um Zalema Godinho
a quem dá e concede a vila de Mira, com todos os seus termos, e um
moinho que está junto à fonte de Caraboi.
15. Foi também o que aconteceu na Gafanha, que é de povoamento
recente feito ao longo de caminhos preexistentes, para colonização das
areias.
16. Mesmo na orla marítima e coberta de pinhal, há vastas superfícies
em que as árvores a custo crescem, talvez por excesso de água no
subsolo.
17. Nos pinhais, a separação é feita por malhões, covas espaçadas de
10 cm e também marcando com balizas os pinheiros nascidos nas
extremas (tirando a casca do lado virado para o vizinho).
18. Na própria expressão regional, o « vinho e fruta» bairradino
contrapõe-se ao « milho, batata e feijão » gandarês ; e o forte das feiras
de Cantanhede, a 6 e a 20 de cada mês, em milho, feijão e batata, vem da
Gândara.
19. Vão buscá-la longe, reunindo-a em paveias com o ancinho, e
carregando estas no carro de bois munido de fogueiros (fiteiros). Há
muitos que a compram a quem a apanha. Agora, depois de protestos e
pedidos, os Serviços Florestais vendem fagulha, que em certos sítios
forma uma camada muito espessa. No pinhal de Mira, que foi da
Câmara, há licença para se tirar a fagulha dois dias por semana.
20. É o que acontece pela zona de Rines e Porto Mar, por exemplo.
21. A « Nestlé », com o fim de auxiliar o lavrador, e garantir para si o
leite, fornece agora ao lavrador a vaca, nas seguintes condições : a Nestlé
paga a vaca; a primeira cria é para a Nestlé ; a segunda, para o lavrador ;
o leite é a meias. Quando, por este sistema a vaca for paga, fica
propriedade do lavrador. Outrora, massava-se o leite em casa, e há ainda
quem possua os cântaros próprios dessa operação.
22. Aos canteiros de arroz dão em Mira o nome de alagamentos ; o
termo local para as terras de cultura do arroz é mesmo terra de arroz ; a
expressão « marinhas » veio do Alentejo, talvez por veículo dos
caramelos de regresso.
23. Ver Paul Chauffat, « Aperçu de la géologie du Portugal », op. cit.,
pág. 40.
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uma estrutura diferente : a porta não fica a igual distância das duas
janelas, porque muitas vezes o borralho da cozinha está entre ela e a
janela, alargando o espaço entre ambas. Também o portão, embora no
prolongamento da fachada (como sucede na casa gandaresa da Tocha), é
geralmente independente desta, com um telhado diferente, acusando
mesmo, frequentemente, um ligeiro recuo. Contudo, parece inegável a
existência de um certo parentesco, se não de origem, pelo menos
derivado de influências ou de sugestões difíceis de precisar.
36. Em muitos casos deste último tipo, os corpos mais altos parecem ser
de construção posterior à do resto da casa, e de facto as informaçõs que
colhemos confirmam esta aparência; contudo, muitos deles são sem
dúvida bastante antigos, e em qualquer hipótese é-nos impossível
afirmar com segurança que algumas destas casas não tenham sido
construídas duma só vez, correspondendo as diferenças de estilo dos dois
corpos apenas a uma diversidade de conceitos.
37. A parede da fachada deste acrescento está geralmente no plano que
corresponde à linha externa do beiral da fachada dos quartos e do
alpendre da casa do 1.° tipo. Nessa maior altura e avanço, em relação à
casa que se nos afigura primitiva (vide nota anterior), sente-se o desejo
de ostentação do proprietário, sobrepondo à humildade da casa baixa, de
beiral corrido, uma fachada mais aparatosa e de tipo urbanístico mais
acentuado.
38. Jaime Valente Matos, aluno de Geografia Humana (curso de 1954)
da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, num trabalho
escolar sobre a casa de Pardilhó, indica, como medidas desses adobos,
60 x 20 x 12 cm.
39. Valente Matos, loc. cit., fala, em relação a Pardilhó, de caboucos de
50 cm de profundidade.
40. Tijoleira é uma espécie de tijolo com cerca de 2 cm de espessura, x
0,30 x 0,15.
41. Ouvimos denominar guarda-posar o acto de colocar esse forro.
42. Valente Matos loc. cit., indica, sempre em relação a Pardilhó, como
medidas das janelas, 60 x 25 cm, e diz que estas tinham portadas, além
das vidraças. As frestas compunham-se apenas de portadas.
43. Excepcionalmente, vimos uma única casa com o tecto de masseira. É
uma casa do 3.° tipo, bastante modificada e talvez menos característica,
cuja parte mais antiga tem na padieira da porta da sala para o alpendre a
inscrição da data de 1798. A velha sala tem com efeito o tecto de
masseira, pintado a cola, com motivos de grinaldas de flores; o forro
parece ser de pinho. Duas janelas, agora parcialmente entaipadas, têm
bancos laterais de pedra tosca. O alpendre não tem a beleza usual, e, em
vez de colunas, tem prumos de madeira mal afeiçoada. O que sobressai
notavelmente nesta casa é o luxo da decoração da sala e a existência de
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70. Alberto Sampaio, As Póvoas Marítimas, vol. I, Porto, 1923, pág. 321,
nota 5. O diploma em questão é uma carta de venda do prédio rústico de
Vila do Conde, feito por Flamula Deovota ao Mosteiro de Guimarães, em
que se indicam como limites, a nascente e norte, a Villa Fromarici
(Formariz) e a Villa Euracini ; «estes limites são os antigos – in suos
terminas antiquos ; ora os antigos, para os homens do século x, eram a
anterior sociedade germânica, que se fundira completamente na romana.
Os Suevos e Visigodos, apoderando-se do país romanizado, conservaram
cuidadosamente as limitações anteriores das propriedades, como
dispunha o Código Visigótico ; e isto mesmo estava no seu interesse, pois
assim mais facilmente se efectuaria o lançamento dos tributos; portanto,
dizendo-nos aquele título que a Villa de Comité estava limitada pelos
suos terminus antiquos, indica-nos até onde ascendia essa antiguidade,
quer dizer, o prédio rústico antigo que eles assinalavam tinha sido
fundado e demarcado primitivamente no período romano». (Cfr. Mons.
J. Augusto Ferreira, Vila do Conde e Seu Alfoz, Porto, 1923, págs. 11-12).
Viriato Barbosa amplia o raciocínio à delimitação da Villa Euracini, que
localiza sem dar razões, nas imediações da actual Rua da Junqueira.
« Essa vila, criada junto ao mar, teria certamente como principal
comércio, não obstante o seu carácter agrícola, a produção do sal... As
salinas ficariam a poente, talvez onde a Rua da Junqueira tem o seu
termo » ; o documento de 935, a propósito de Vila do Conde, fala de
salinas e pescarias, e na verdade o sal e o peixe eram elementos
primordiais na vida das « cividades e castros » ; ora, o mesmo grau de
riquezas devia possuí-lo a vizinha Villa Euracini » ; e reforça a sua
hipótese com a consideração de que os terrenos sobre os quais assenta
actualmente a Rua da Junqueira são de aluvião, e de que ainda não há
muito tempo, o mar, nas marés cheias, avançava pelos sítios da Rua do
Tenente Valadim até proximidades do antigo Largo da Bandeira. (Viriato
Barbosa, op. cit., págs. 11, 12 e 13).
71. Alberto Sampaio, op. cit., pág. 322.
72. Ib., pág. 356.
73. Ib., págs. 322-323. As Inquirições de 1220 informam que em Argivai,
onde a coroa possuía vários reguengos, os lavradores de 20 dos 42 casais
existentes, quando iam pescar ao mar, pagavam ao fisco o navão, isto é,
um peixe por cada navio, lancha, ou outra embarcação, ou uma mealha,
se o não faziam à sexta-feira ; os de Gesteira pagavam do mesmo modo o
navão, ou dois soldos por ano por cada embarcação, se não pescavam ; os
de Santa Cristina, chegando o governador da terra, serviam-no de
pescado. E a alternativa da « mealha » ou dos « dois soldos» mostra,
segundo este autor, « um trabalho usual».
74. Ibid., pág. 323.
75. Ibid., págs. 325 e 357.
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76. Ibid., págs. 323-325. É digna de nota a menção que neste diploma se
faz já da apanha do sargaço na Póvoa : « ...E mando que todo argaço que
seja em termho da dieta pobra o aiam os pobradores dela».
77. Ibid., pág. 325. Veja-se também P.e José Joaquim Martins Gesteira,
Memórias Históricas da Villa da Póvoa de Varzim, Porto, 1852, capítulo
v.
78. Gesteira, op. cit., cap. vi e vii.
79. Manuel Silva, « Terra Enfeudada », in : A Póvoa de Varzim, 3.° ano,
n.° 15, 15 de Junho de 1914. Alberto Sampaio, op. cit., pág. 326, lembra
que ainda hoje se chama « Vila Velha» a um bairro (que corresponde ao
local onde se construiu a igreja nova do Sagrado Coração de Jesus) onde
podia muito bem ter sido a « pobra » de D. Dinis. Viriato Barbosa,
porém, partindo da sua hipótese da localização de Villa Euracini nos
princípios da Rua da Junqueira, entende que a expressão « Varazim de
Jusaão » – isto é, de Jusante ou de Baixo, ou seja : junto ao mar –, que
figura no foral de 1308, significa que a « pobra » de D. Dinis representa o
desenvolvimento daquela villa romana (op. cit., pág. 22), e que portanto
o primitivo aglomerado dos « pobradores » se localizava igualmente
«por esses sítios da Junqueira» (pág. 68). E diz : « Se pudéssemos
recuar... quatro a cinco centenas de anos, veríamos... esta povoação de
pescadores, nos séculos xv e xvi certamente constituída por um
aglomerado de casas térreas marginando a enseada e, a nascente,
agrupando-se em redor da Capela da Madre de Deus» (págs. 38-39).
80. Viriato Barbosa, op. cit., pág, 39, afirma recordar-se de ver na Rua
da Junqueira duas casas térreas (demolidas nos princípios deste século,
que deviam remontar aos séculos xv ou xvi (!) ; e também que, por volta
de 1870/1880, havia ali « uns casebres também com as características
próprias da habitação de pescadores de tempos antigos» (pág. 39). De
resto, ainda hoje existem nessas imediações – por exemplo na Rua e
Beco das Hortas – casas características de pescadores, térreas, contíguas
umas às outras, com fachadas de porta e janela, dispostas a um dos lados
da rua, enquanto o outro mostra apenas traseiras de quintais, e das quais
algumas, na Rua das Hortas, se encontram no alinhamento antigo, mais
recuado que o actual. Contudo, o grande incremento do povoamento da
faixa litoral parece ter-se dado no século xviii. Vide nota 1 da pág. 235.
81. O edifício dos primitivos Paços do Concelho, que se pode ver, quase
intacto, na esquina das actuais Ruas da Igreja e da Conceição, foi
construído pouco depois do fim do reinado de D. Manuel I ; constava de
cinco arcos, três na frente e um a cada lado, na esquina, e tinha um
brasão de armas entre as duas janelas da frente (Gesteira, op. cit., cap.
xix ; e Viriato Barbosa, op. cit., pág. 42). Este último autor, op. cit., págs.
42-43, indica algumas casas nobres sitas naquele mesmo centro, que está
na origem do actual bairro da Conceição, que descreve como sendo «por
via de regra casas sobradadas de acanhadas dimensões e cuja
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Notes de fin
1 Jorge Dias, F. Galhano e E. Veiga de Oliveira, «A região e a casa
gandaresa », Trabalhos de Antropologia e Etnologia, XVII-1-4, volume
de homenagem ao Prof. Dr. Mendes Corrêa, Porto, 1959.
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