Revista de Vinhos #416 - Jul24
Revista de Vinhos #416 - Jul24
Revista de Vinhos #416 - Jul24
Clube de Revistas
NOVO LEXUS
Extraordinário Quotidiano
SUMÁRIO
Clube de Revistas
6 EDITORIAL
OPINIÃO
10 Sarah Ahmed
14 Jamie Goode
18 José Peñin
22 José João Santos
ESCOLHAS DO MÊS
26 Para a Mesa
28 Para a Cave
30 Altamente Recomendados
32 Boas Compras
34 PROFILE
António Mendes, presidente da Fenadegas.
36 CASTA
Douradinha.
38 VINHOS E NÚMEROS
O custo de vender no México.
40 NA MESA
Salmão com salada de manga e pimento vermelho.
42 ESTRELAS DE PORTUGAL
Jack Couto.
44 CERVEJAS
Burguesa.
106
56 VITICULTURA
MUD – Mostra de Uvas do Douro.
54 O NEGÓCIO DO VINHO
Cork Supply.
60 ENOTURISMO
66
82
O TRIÂNGULO GRANÍTICO DO DÃO
Casa de Santar, Quinta da Alameda e Quinta do Perdigão.
ESPORÃO
66 Quinta dos Sentidos.
132
Os novos vinhos da Symington e os exemplares da livraria.
NOVIDADES
Novos lançamentos e sugestões extra.
82 120
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Douro Wine City.
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Clube de Revistas
EDITORIAL
Clube de Revistas
FÉrias fo
do sempre
Entramos em pleno nas férias de verão, o período
do ano tão aguardado por jovens e menos jovens
para desfrutar do ar livre, mar e praia incluídos.
Mas será que todas as férias de verão merecem os
destinos de sempre?
Para quem não for particularmente devoto de
destinos de praia onde estender uma toalha pode
significar tropeçar no vizinho, optar por uma pro-
gramação de férias relacionada com enoturismo
será uma alternativa a ponderar.
O desenvolvimento da indústria do enoturismo,
a nível mundial e nacional, disponibiliza hoje uma
oferta muito mais diversificada, que permite usu-
fruir de atividades ao longo de todo o ano, ou seja,
para lá da época alta das vindimas. A par da diversi-
ficação da oferta, vários programas estão pensados
para serem usufruídos em família – piqueniques,
passeios de bicicleta ou de balão, atividades em rios e em montanhas, etc. O vinho é, em muitos casos, somente
um bom pretexto. Parte significativa dessa oferta contempla também a possibilidade de estadia com aloja-
mento, seja no próprio enoturismo ou em unidades hoteleiras parceiras, geograficamente próximas.
Na atualidade, esta indústria florescente do enoturismo consegue ter uma capacidade de atração que poucos
imaginariam possível. Se exemplos globais de sucesso, como Napa Valley (EUA) ou Stellenbosch (África do Sul),
inauguraram caminho, outras partes do mundo mais resistentes a essa abertura ao turismo, como Bordéus,
perceberam a inevitabilidade e estão nesta fase a tentar recuperar o tempo perdido. Afinal, em cada enoturista
está um potencial embaixador de marca e, talvez mais do que nunca, o vinho necessita convencer mais pessoas.
O cenário em Portugal está igualmente bem distinto. Para melhor.
Vivenciar uma semana de férias num enoturismo do Alentejo – junto à costa Vicentina ou numa área mais
interior, com piscina privativa – é uma experiência absolutamente memorável. Experienciar um refúgio de eno-
turismo no Douro é não apenas contemplativo como retemperador de energias. Mergulhar num enoturismo
no Minho é respirar ar puro, ora atlântico ora de montanha. Estar entre a Guarda e Castelo Branco, entre a
Serra da Estrela e Coimbra, entre Aveiro e Tomar, entre Santarém e Sintra, é combinar património, paisagem,
cultura e evasão. E sempre que houver necessidade de envolver a criançada é tudo uma questão de imaginação
porque eles conseguem divertir-se fora da área de conforto. Mesmo no Algarve, o destino de férias por exce-
lência dos portugueses, pode muito bem encontrar, em zonas um pouco mais interiores, locais de irresistível
tentação para momentos que aliam lazer, descanso, gastronomia e vinhos.
A Revista de Vinhos tem insistido – e continuará a fazê-lo – na temática do enoturismo. Edição após edição,
temos apresentado uma diversidade de guias e de propostas que merece ser experienciados, dentro e fora do
país. É o desafio, caro leitor, que lhe deixo para estar férias – trocar os sítios e os formatos de sempre por expe-
riências retemperadoras em tornos do enoturismo. EDIÇÃO Nº 416 / JULHO 2024
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do vinho em Portugal LISBOA 25 ANOS
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fermentativa em contacto
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perfil aromático complexo
com notas florais e
cereja. Apresenta muita
elegância, frescura, cheio
de fruta vermelha e sabor
profundo.
OPINIÃO
Clube de Revistas
O
estatuto de vinhos sem indicação de do arqui experimentalista da ilha do Pico, António
data de colheita (‘non-vintage’) tem Maçanita, sobre o qual falaremos mais adiante. Por
sido desde há muito sinónimo de forti- enquanto, deixem-me retroceder e declarar que fiquei
ficados, espumantes e de vinhos verdes encantada com o primeiro lançamento ‘non-vintage’
tradicionais de entrada das grandes de vinho branco tranquilo português que me surgiu.
marcas. Digo “tem sido” porque detecto uma ten- Foi o primeiro lançamento do Quinta dos Carvalhais
dência excitante (embora de super nicho) em prol dos Branco Especial. Provado às cegas, este lote com-
vinhos portugueses tranquilos ‘non-vintage’ distinta- plexo e poderoso das colheitas de 2004, 2005 e
mente sofisticados. Nada menos que três exemplares 2006 intrigou-me profundamente quando o provei
presentes na prova Top 10 da Revista de Vinhos deste enquanto presidia ao júri de vinhos portugueses no
ano: Quinta do Regueiro Jurássico III, Centenariae Decanter World Wine Awards em 2015. Das várias
Vinhae Vinha do Canez da Quinta dos Três Maninhos centenas de inscrições portuguesas desse ano, foi o
- Palwines e Memórias de Domingos Alves de Sousa. meu vinho da competição.
Sou adepta particular de vinhos brancos ‘non vin- Compelida a saber mais, entrevistei Beatriz Cabral
tage’. Talvez porque os jornalistas e escritores de vinhos de Almeida, que me contou que este impressionante
tendam a concentrar-se sobretudo nos lançamentos lote surgiu por acaso. A lógica de raciocínio original
mais recentes e haja muito menos provas verticais de de Manuel Vieira para reservar barricas de Encruzado,
vinhos brancos do que de tintos, o potencial inspirador Verdelho, Semillon e vinhos ‘field blend’ de cada
de envelhecimento tenha sido menos explorado. colheita não era lotá-los, mas sim avaliar o desempenho
O exemplo mais recente com que me deparei vem dos componentes individuais ao longo do tempo.
Cronista do The Sunday Express, autor do blogue wineanorak.com, é doutorado em Biologia de Plantas e co-chair do International Wine Challenge.
Assina esta colaboração regular na Revista de Vinhos e também na brasileira Gula.
N
inguém compra um Rolex pela sua saberei o que é o vinho. Mas, como muitos dos meus
capacidade de dizer as horas. O mer- colegas de profissão, terei a tarefa de avaliar o vinho
cado de relógios de luxo é dominado com base no que está no copo.
pelas grandes marcas e, embora pos- Para muitos leitores, esse trabalho é útil. Querem
samos argumentar que as pessoas estão saber quais são os melhores vinhos; querem saber
a pagar pelo trabalho de artesão, no que se refere à quais vinhos oferecem uma boa relação custo-be-
acuidade horária, os relógios baratos são igualmente nefício; querem que os vinhos sejam avaliados em
bons. Pagam porque têm algo no pulso que as fazem comparação com os seus pares. Mas devemos lem-
sentirem-se especiais. Escolhem uma marca que lhes brar-nos de dois pormenores. Este tipo de classifica-
diga algo e escolhem um modelo cuja estética atrai. ções só é lido ou referido pelos consumidores e pelo
E outras pessoas podem ver o relógio que ostentam, comércio. E, segundo, praticamente ninguém bebe
pelo que existe um elemento conspícuo de consumo. vinho desta forma. Os consumidores regulares bebem
E mesmo que escolham um relógio barato, pode vinho a saber o que estão a beber, o contexto de onde
muito bem haver um elemento de “afirmação” envol- o vinho vem e quem o produz. Também a ocasião de
vido – de quem optou por não comprar algo caro, consumo é extremamente importante para o prazer
mesmo que tenha os meios para fazê-lo. do vinho.
Poderíamos estabelecer uma analogia com certas Portanto, as avaliações profissionais de vinhos são
categorias de vinho. Como profissional do vinho, como alguém que avalia a capacidade do relógio em
passo muito tempo a provar e avaliar vinhos. dizer as horas. Imaginemos um mundo onde lidamos
Frequentemente, a atividade envolve a prova cega de com relógios puramente mecânicos e onde a sua
um líquido num copo. O vinho é servido e cabe-me capacidade para indicar as horas é variável. Podemos
investigar as suas propriedades sensoriais. Não sei a imaginar um cenário em que as classificações pro-
origem do vinho e tenho poucas pistas sobre qual é fissionais desses relógios seriam de alguma utili-
a história por trás: quem o fez, quanto custa, onde dade. Haverá alguns consumidores interessados na
é vendido. Outras vezes, estarei a provar avisado: precisão dos relógios e na qualidade da construção.
Os melhores vinhos
Mas ainda haveria muitos que vendem-se porque são pessoas compram rosé pelo
não estariam tão interessados sabor do que as que elegem os
famosos. Muito poucos
na precisão exata dos relógios champanhes pelas propriedades
e, em vez disso, ficariam mais comprarão caro um sensoriais. O rosé tem que ser
impressionados com a aparência agradável, mas vejamos um pro-
Bordéus porque sabe
no pulso, com o quão exclusivos duto como o Whispering Angel:
e caros são. Esse panorama é muito, muito bem. é bom no palato – sem surpresas
muito semelhante a alguns seg- desagradáveis, frutado, bastante
Estão em causa outras
mentos do mercado vitiviní- equilibrado. Mas alguns críticos
cola. A primeira prioridade para motivações. odeiam-nos de uma forma que
muitos consumidores quando se não entendo. O que vende este
trata de escolher o vinho não são as características vinho é o excelente valor da marca. O facto de ter
organoléticas do mesmo. Querem que saiba bem e a um nome memorável, ser lindamente embalado e
garantia de que este é realmente um vinho famoso e ficar ótimo no copo significa que é vendido com um
muito procurado, mas estão menos interessados nas preço premium - um prémio que não seria capaz de
características reais. Estes vinhos são, em grande identificar caso esteja a provar um rosé às cegas. Para
parte, adquiridos por outros motivos. alguns críticos, isso é um problema e acham que está
sobrevalorizado. Porém, os clientes adoram e valori-
Analogia dos vinhos zam-no por outras razões que não simplesmente as
propriedades sensoriais. E os rosés de prestígio são
Sejamos práticos com alguns exemplos. Existem semelhantes: têm características diferentes e os con-
três categorias de vinho que considero enquadra- sumidores têm que de ser capazes de reconhecê-las
rem-se perfeitamente nesta categoria. Champagne, mas, para além de atestarem que estes são um pouco
rosé e Bordéus Classé. mais sofisticados, a maioria dos que os bebem não os
Principiemos com Champagne. Existem muitos compram porque adoram o sabor. O prémio extra é
profissionais dedicados à escrita e avaliação de cham- justificado pelo valor da marca, da mesma forma que
panhes e fazem um bom trabalho. Mas a maioria o elevado preço de compra de um relógio caro não
das pessoas que compra champanhe ignora-os com- tem a ver com a capacidade de indicação das horas.
pletamente, não sabe nomeá-los e, suspeito, que as Finalmente, os Bordéus finos. Estes são avaliados
principais casas de Champagne não estejam muito por muitos críticos que passam muito tempo a atri-
preocupadas com estas opiniões (a menos, claro, que buir pontuações às amostras de barrica na semana
todas façam avaliações horríveis para um determi- ‘en primeur’. Mas será que as pessoas realmente
nado champanhe ao longo de muitos anos – mas isso prestam atenção às pontuações quando compram
é altamente improvável). As pessoas compram cham- estes vinhos? Os investidores até podem fazê-lo
panhe principalmente com base na marca: escolhem mas, mais uma vez, num bom ano, todos os melhores
uma ou duas das Grand Marques que são as suas pre- vinhos obtêm as mesmas pontuações, com mais um
diletas e mantêm-nas. A marca é tranquilizadora, seja ou dois pontos. Lafite é Lafite, Margaux é Margaux.
Bollinger, Taittinger, Laurent-Perrier, Ruinart, Veuve- Vendem-se por causa disso. A Bordelaise parou de
Clicquot ou qualquer uma de muitas outras. E depois fazer provas cegas destes vinhos aos críticos, em
temos as cuvées de prestígio. Acredito que o número parte porque provar às cegas é difícil e haverá ocasio-
de pessoas que consultam as avaliações críticas da nais notas baixas imerecidas para vinhos com ‘pedi-
última colheita de Comtes, Dom Pérignon ou Krug gree’ e notas altas para vinhos menos exaltados, mas
antes de comprar uma garrafa é cada vez menor. Os também porque não faz sentido. Os melhores vinhos
críticos entusiasmam-se ao avaliar esses vinhos, con- vendem-se porque são famosos. Muito poucos com-
centram-se no líquido que está no copo, mas ignoram prarão caro um Bordéus porque sabe muito, muito
o principal motivo pelo qual as pessoas compram e bem. Estão em causa outras motivações.
apreciam esses vinhos. Este texto não é uma queixa ou um discurso retó-
Depois temos o rosé, que tem sido um grande rico. É apenas o reconhecimento de uma realidade
sucesso comercial como categoria, mas que raramente que existe no mundo do vinho. Alguns vinhos são
é defendido pela crítica. Alguns dispendem realmente vendidos por outras razões que não as suas caracte-
muito tempo com o foco nos rosé mas, mais uma vez rísticas sensoriais - e devemos ter isso em mente.
concentram-se no que está no copo. E ainda menos
José Peñin é um dos mais influentes críticos e ‘wine writers’ de Espanha, responsável pelo primeiro guia de vinhos do país irmão,
o famoso Peñin, cuja primeira edição foi publicada em 1990.
Os vinhos melhoram
em garrafa?
É fácil cair na indulgência de abrir um vinho velho pela emoção produzida por uma
data importante do passado. Abrir uma garrafa de muitas décadas é imponente pela
expectativa que desperta caso não se lembre de como era nos primeiros anos.
U
m dos elogios mais repetidos à aparência Devido à minha idade, tive que provar vinhos
física de alguém é: “Como o vinho, a nos primeiros anos de vida, com notas que tenho
pessoa melhora com a idade”. Um tema em arquivo, provando-os novamente após 30 ou
que tive de abordar em múltiplas oca- 40 anos em garrafa. O resultado é que o vinho fica
siões, quebrando tabus sobre o compor- diferente, mas não melhor. É fácil cair na indulgência
tamento do vinho em garrafa ao longo do tempo. de abrir um vinho velho pela emoção produzida por
É possível que esta crença tenha sido fundamen- uma data importante do passado. Abrir uma garrafa
tada até há 40 anos, quando os vinhos provinham de muitas décadas é imponente pela expectativa
de vindimas mais temporãs, com elevada acidez e que desperta caso não se lembre de como era nos
taninos relevantes, que um certo tempo (cerca de primeiros anos. No mínimo, a exceção ocorre nos
10 anos) em garrafa suavizava, permitindo-lhes vinhos doces, que melhoram quando, à doçura fru-
que certos valores escondidos se revelassem. Hoje, tada e esfumaçada do carvalho nos primeiros quatro
porém, a maior maturação dos cachos determina ou cinco anos, acrescentam-se os traços picantes e
que os vinhos recém-engarrafados sejam mais elabo- “petrolíferos” e até florais, da fina redução do vinho
rados e, portanto, não é que melhorem, mas mudam. em garrafa durante duas ou três décadas.
Ganham certas características que são produzidas As exceções também confirmam a regra. Um vinho
em garrafa e perdem certos valores da juven- é excelente quando a vinha e a produção são reali-
tude. Não me refiro apenas a tintos, mas também zadas com todo o rigor e cuidado. E ainda será exce-
aos brancos. Os únicos vinhos que pouco mudam lente se a rolha estiver em ótimo estado, mas com
de fisionomia ao longo dos anos são os Rancios outras características diferentes. Da minha adega
catalães, o Fondillón de Alicante ou os Olorosos pessoal provei em 1989, por exemplo, um vinho tinto
e Amontillados andaluzes. Ou seja, aqueles que de Rioja que avaliei com 88 pontos e 30 anos depois
sofreram envelhecimento oxidativo. dei a mesma nota ao mesmo vinho.
Um vinho é excelente
quando a vinha e a
produção são realizadas
com todo o rigor e
Perdeu a frescura, o volume, cuidado. E ainda será O lógico é que essas arestas
a fruta e a força da juventude, sejam polidas e os aromas ter-
mas ganhou suavidade, sur-
excelente se a rolha ciários que vão adquirindo ao
gindo aromas de couro e tabaco. estiver em ótimo longo dos anos se tornem mais
Alguns traços diferentes, mas atraentes. Em 1981 tive a opor-
não melhores.
estado, mas com outras tunidade de provar a colheita
O que não me canso de características diferentes. de 1947 desta mesma marca, ou
repetir é que, para podermos seja, aos 34 anos. Experimentei
falar do conceito de “melhoria” num vinho, ou seja, novamente a mesma colheita em 2016 e ficou igual, o
que este não perdeu os seus valores primários e geo- que já é um triunfo, e que tenha resistido à rolha, um
lógicos e aos quais se somam os valores terciários milagre. A particularidade desta experiência, onde o
(aqueles adquiridos no envelhecimento redox), tal vinho não sofreu qualquer alteração entre a minha
só coincide com grandes colheitas, principalmente primeira prova em 1981 e a de 2016, deve-se ao facto
com pH baixo e acidez consistente. Outra coisa é de, após 30 anos em garrafa, as características do
que quem bebe um vinho muito velho gosta mais vinho dificilmente se alteram caso a rolha resista.
dos traços adquiridos na velhice do que dos valores O lendário branco Montrachet, quando bebido
primários que perdeu. Não tenho nada a objetar a com menos de 10 anos, é absolutamente hermético
estas preferências, mas nunca aceitarei a afirmação e sem nuances. É um dos casos muito raros em que
de que o tempo faz “melhorá-lhas” e aumentar a sua um período tão longo deva passar antes que comece
riqueza de descritores olfativos e gustativos. Em a transmitir todos os seus predicados. Os Grand Cru
algumas ocasiões repeti o exemplo da atriz Diane Classè que se elaboravam até à segunda metade dos
Keaton, uma das musas de Woody Allen. Hoje, aos anos oitenta eram duros, adstringentes, com apenas
78 anos, tem a beleza serena e o olhar inteligente 12% e acidez quase mórbida, porque as uvas eram
dos anos que viveu. Porém, a suavidade limpa do seu colhidas mais cedo. Eram o “vin de garde” que nin-
rosto na juventude transformou-se em rugas de pele guém se atrevia a beber com menos de quatro anos.
sem cirurgia. Envelheceu muito bem, mas não é mais O tempo de garrafa equilibrou essas nuances e, por-
bonita hoje do que era ontem. tanto, os vinhos melhoraram.
Um exemplo diferente de vinhos que melhoram Emile Peynaud dizia que um vinho velho é melhor
ao longo dos anos são os vinhos da Bodega López quando, sem perder os atributos da juventude, se
Heredia Viña Tondonia. E quando vão para o mer- acrescentam os da velhice, algo que só acontece -
cado aparecem com poucos traços primários, com repito - nas grandes colheitas. Cícero afirmou: “O
acidez elevada e carvalho contundente, por harmo- fruto da velhice é a memória de muitos bens ante-
nizar, pelo menos aqueles que provei até há 10 anos. riormente adquiridos”.
As agências de
comunicação e o vinho
As relações de colaboração duradoura entre empresas de vinho e agências de
comunicação contam-se pelos dedos. Confesso, não sei se por ambição excessiva do
cliente ou se por venda de ilusões do prestador. Talvez um misto de ambos.
D
a política ao futebol, é comum ouvirmos Durante anos, apenas os grandes atores dos
dizer que as agendas dos órgãos de poderes políticos e económicos contratualizavam
informação estão dominadas pelas os serviços das agências de comunicação. Porém,
agências de comunicação. A denúncia ao ritmo da mediatização global, a generalidade das
parte frequentemente dos próprios jor- instituições (públicas e privadas, de maior ou menor
nalistas, que ao longo do tempo habituaram-se a dia- dimensão) começou também a fazê-lo e por uma
bolizar aquilo que consideram ser “o outro lado”. Mas, dupla maioria de razões: porque o acesso a jornalistas
do que falamos em concreto? com poder de decisão editorial tornou-se mais difícil
Genericamente, é a denúncia de que uma boa parte e porque o palco mediático ficou mais povoado, isto
do que todos os dias é noticiado está diretamente é, de acesso mais restrito, disputado por mais inter-
relacionado com o poder de influência de agências de venientes. A instituição, a empresa, o projeto, nalguns
comunicação, seja por sugestão ou por pressão, o que casos até o protagonista individual que necessita da
origina uma agenda de pseudo factos mais relevante Comunicação Social para dar nota do que faz, passou
do que a verdadeira realidade – seja lá isso o que for a ser um cliente regular das agências de comunicação.
nos nossos dias. Qual relação causa-efeito, as agências de comuni-
Em todo o mundo democrático, Portugal incluído, cação multiplicaram-se como cogumelos. O advento
quando mais impactante na sociedade for a esfera de das redes sociais e dos órgãos de informação online
um órgão de Comunicação Social maior será a tenta- (e no online) contribuiu para uma aceleração tal
tiva de influência das agências de comunicação junto que muitas agências acabaram por ter que especia-
dele. É uma correlação óbvia, até porque convém não lizar-se em segmentos de comunicação: o político, o
ignorar algo óbvio – os grandes mentores das mais financeiro, o de crise, o desportivo, o cultural, o do
influentes agências de comunicação são antigos jor- lifestyle…
nalistas, que melhor do que ninguém conhecem as Quase sempre por fusão, muitas dessas agências
esferas dos diferentes poderes e sabem muito bem têm hoje equipas multidisciplinares, que atuam em
como pensam e agem os ex-colegas. diferentes domínios e com proveitos e número de
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Vinhos
Para a Mesa
Nascido no granito
Cinco décadas volvidas sobre a fundação, a mais antiga marca de vinho Alvarinho de Melgaço
continua a surpreender, com referências que remetem para o mais íntimo do terroir.
PA R A A
Quando, em 1974, João António Cerdeira, com
A MES
o apoio do pai, António Esteves Ferreira, plantou
Alvarinho em Melgaço, começou a construir um
sonho. Oito anos depois, nascia a primeira marca
de Alvarinho de Melgaço. Hoje, depois do encer-
ramento do ciclo de António Luís Cerdeira na
empresa, será a irmã, Maria João, na gestão, e a enó-
loga Asun Carballo, nos vinhos, quem conduzirá os
destinos deste projeto que se destaca pela constante
inovação e (re)descoberta do terroir.
Com a gama Granit, tal como o nome indica,
pretendem explorar a mineralidade dos solos gra-
níticos. As vinhas da casta Alvarinho encontram-se
instaladas a 400 metros de altitude na sub-região de
Monção e Melgaço. Nestes solos, menos férteis, as
raízes das videiras procuram mais fundo na encosta
da montanha na busca por nutrientes. Desta forma,
os efeitos da altitude mostram-se inversamente
proporcionais à componente mais frutada da varie-
dade, abrindo espaço para a expressão de acidez e
mineralidade.
Segundo nota do produtor, as uvas são vin-
dimadas à mão. Após a prensagem, antes da fer-
mentação, o mosto é clarificado. A fermentação
ocorre em inox a uma temperatura mais elevada
do que a habitual em vinhos brancos (22ºC), para
que a natureza frutada do Alvarinho não encubra
a desejada mineralidade. A bâtonnage, bem como o
estágio sobre as borras finas, melhoram a estrutura
do vinho, antes de ser engarrafado.
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ESCOLHAS DO MÊS
Clube de Revistas
Para a Cave
A força de um bárbaro
Barbaresco, em dialeto piemontês, significa bárbaro. Tudo neste nome remete-nos para
força, poder e concentração. Com os Barbaresco Gaja temos tudo isso, mas muito mais.
A C AV
vinhos italianos, prosseguindo o legado familiar
no Piemonte, que entretanto se estendeu a outros
pontos, nomeadamente Toscana. Barbaresco,
denominação que engloba 677 hectares e produz
pouco mais de três milhões de hectolitros, está
na origem deste vinho emblemático da proprie-
dade Gaja que é elaborado desde a fundação, em
1859, o qual representa bem a força e concen-
tração da casta que lhe dá origem, Nebbiolo.
A casta, cuja designação parece remeter para
as neblinas e nevoeiros que ocorrem nas colinas
da região, mas que representa no essencial a
película espessa que cobre os bagos maduros, dá
origem a vinhos com taninos firmes e poderosos.
Este vinho, da colheita de 2020, mostra toda
essa pujança, sem no entanto abdicar da capaci-
dade de prova no imediato. As uvas provêm de
14 diferentes zonas de vinhas em Barbaresco. O
vinho sofre, no conjunto, cerca de 24 meses de
envelhecimento em madeira.
94
Barbaresco 2020
Piemonte / Tinto / Gaja
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Granada aberto. O nariz mostra finesse, profundo,
frescura explícita na fruta silvestre vermelha, laranja
sanguínea, floral e tabaco doce. Tem largura de boca,
taninos polidos, acomodados pelo volume de fruta.
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José Bento dos Santos - Nova de Nossa Senhora Douro / Tinto / Quinta Regional Minho / Branco Alentejo / Tinto / Hill
Quinta do Monte d'Oiro do Carmo do Vallado / Quinta da Pedra Valley Limited
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Rubi, laivo cereja. Boa Amarelo-esverdeado Cor vermelha, aromas Tom dourado. Um belo Rubi brilhante. Boa
complexidade aromática, brilhante. Nariz sofisticado frutados, frutos vermelhos, exemplo do potencial da complexidade aromática,
muito elegante e sedutor com delicadas ervas ameixa, morangos. Floral casta Loureiro. Sem perder fruta viva e fresca, amora,
nas notas de fruta, bonita frescas e flor de laranjeira presente, especiado a totalmente o lado terpénico, ameixa preta. Compota.
e limpa, flores brancas, a envolver notas de enriquecer o conjunto. com fruta de pendor Notas de madeira, tostados
alguma especiaria nobre e ameixa branca, toranja, Madeira equilibrada. cristalizado, apresenta e especiarias. Apontamento
discreta. Estrutura elegante folhas de menta e discreta Sabor seco, taninos aromas químicos de de verniz a elevar o
e polida, tanino granulado, vagem de baunilha. Na presentes, intensos, frutado, evolução, com leve nuance conjunto. Estruturado e
acidez bem doseada e com boca mostra volume e especiado, madeira a de petróleo, mel e flores fresco, fruta em tanino
muito sabor no final longo, untuosidade em perfeito notar-se, encorpado. final secas. Bom volume, a acidez muito suave, final longo,
que perdura em nuance de equilíbrio com delicadeza intenso e estruturado. Para mantém-se vibrante, de boa especiado. MB
especiaria. e frescura cítrica. Acidez a mesa! Um grande Douro. estrutura. MB
irrepreensível, final
b duradouro.
b b
A escolha de A escolha de A escolha de
Marc Barros Luís Costa Rodolfo Tristão
93 91 91 91 91
Quinta da Alorna Cazas Novas Avesso Contacto Mendes Quinta dos Termos Trans-Douro-Express
Reserva das Pedras Origem Barrel-Aged & Symington 2023 Talhão da Serra Cima Corgo 2022
Castelão 2017 2022 Vinho Verde / Branco / Reserva 2021 Douro / Tinto / Mateus
Tejo / Tinto / Quinta Vinho Verde / Branco / Anselmo Mendes Vinhos Beira Interior / Tinto / Nicolau de Almeida
da Alorna Vinhos - Soc. Agrícola Casal de 12,00€ / 11ºC Quinta dos Termos 15,50€ / 16ºC
Sociedade Agrícola da Ventozela — 15,00€ / 16ºC —
Alorna 22,00€ / 11ºC Dourado. Notas de líchia, Cativa pelas notas de fruta
—
19,99€ / 16ºC — raspas de lima, toranja vermelha, ameixa, morango.
Rubi intensidade média.
— e fumo. Acidez firme, Especiado que equilibra.
Notas de nectarina, restolho Cereja, fruta vermelha
amplitude no ponto, Sabor seco, taninos
Aromas de fruta preta, e raspas de lima. Nota-se com boa intensidade
estrutura simultaneamente presentes, firmes, especiado
cacau e compota de frutos o trabalho com as borras, complementado por nota
musculada e fresca. O final e frutado. Com corpo e
vermelhos calibrados exposto na amplitude e fumada que acrescenta
tem projeção e perceção final apetecível. Agradável
por notas harmoniosas no especiado de sabor. finesse. Tanino fino, linear
de solo, a dizer-nos que vai para serões animados ou
de menta, bergamota e Acidez firme no final e e de belo recorte. Fruta
crescer no tempo. almoços de fim de semana!
carvão de pedra. Na boca consequente garantia de presente, fresco e de
RT
é amplo e texturado, com bom comportamento à grande equilíbrio. Final
profundidade, persistência, mesa. NGVP longo.
taninos irrepreensíveis e
bela acidez.
b b b
A escolha de ires A escolha de s A escolha de
Nuno Guedes Vaz P José João Santo Tiago Macena
90 90 90 90 89
Notas Soltas Quinta da Alorna Soalheiro Cota Vale de Lobos Merlot Adega Ponte
Loureiro 2022 Alvarinho Viognier 27 2022 Reserva 2019 da Barca Loureiro
Vinho Verde / Branco / Reserva 2021 Vinho Verde / Branco / Regional Tejo / Tinto / Premium 2023
José Augusto Rodrigues Tejo / Branco / Quinta da Vinusoalleirus Sociedade Agrícola da Vinho Verde / Branco
Domingues Alorna Vinhos 15,00 € /11ºC Quinta da Ribeirinha / Adega Coop. Ponte
12,00€ / 11ºC 7,99€ /11ºC 10,60 € /16ºC da Barca e Arcos de
—
— — — Valdevez
Amarelo limão, laivo
Notas aromáticas a Amarelo palha. Elegância dourado. Complexidade Rubi. Aromas silvestres a 4,80€ /11ºC
lembrar frutos citrinos, aromática com notas aromática notável, notas de fruta preta e azulada, perfil —
lima, limão, algum ananás de maçã verde, fruta de citrinos confitados, maça, arbustivo com apontamento Suave aroma a frutos
verde. Herbal presente a caroço, pera sumarenta, e terra molhada. Boca balsâmico e especiaria citrinos, lima, maçã verde.
enriquecer. Seco, acidez flores brancas e vagem de ampla, excelente equilíbrio fina. Textura sedosa no Sabor seco, acidez presente,
bem presente, refrescante, baunilha. Frescura cítrica, texturado de nota tostada ataque, taninos a despontar fresco, corpo médio e final
citrino, herbal. Bom corpo. bela acidez e agradável e acidez fresca. Tensão final no meio de boca, bela refrescante. Vinho para o
Final persistente. Ideal para travo herbáceo a prolongar demora fim de boca. TM acidez e sabores cítricos a dia-a-dia! RT
almoços de família. Escolha o fim de boca. LC proporcionarem final com
acertada para comidas elegância. LC
indianas! RT
89 88 88 87 85
Quinta da Terrincha Contracena Castelão Vallado 2022 Valle Pradinhos 2023 Al-Ria Sauvignon
2020 Blanc de Noirs Douro / Tinto / Quinta Trás-os-Montes / Rosé / Blanc 2023
Douro / Tinto / Quinta Colheita Selecionada do Vallado Maria Antónia Pinto de Regional Algarve /
da Terrincha 2023 8,50€ /16ºC Azevedo Mascarenhas Branco / Casa Santos
9,95€ /16ºC Regional Tejo / Branco — 11,00€ /11ºC Lima
— / Sociedade Agrícola da Aroma frutado, frutos — 6,56€ /11ºC
Aromas intensos, frutos de Quinta da Ribeirinha vermelhos, compotados, Cor ligeira, aromas frescos, —
bosque, maduros, amoras. suave floral. Cativante. notas herbais, suave fruta
9,10€ /11ºC Verde limão. Notas de relva
Madeira presente, elevando Sabor seco, taninos jovens, vermelha, fresca, framboesa,
— cortada, limão e maresia.
as notas especiadas. frutado, frutos vermelhos, mirtilos. Seco, acidez
Tonalidade rosada muito A frescura confirma-se
Sabor seco, taninos firmes, fácil de degustar. Final presente. Final refrescante.
aberta. Nariz com notas logo a seguir. A acidez é
densos mas equilibrados elegante. Ideal para o dia a Escolha acertada para
de nectarina, bagos de refrescante, a estrutura
com a fruta e especiado da dia. RT marisco! RT
groselha, framboesa, flores suave e o final mostra
madeira. Final persistente. exatidão. Bem elaborado.
azuis e apontamento
Companhia acertada JJS
herbáceo. Ataque de
para pratos de carne de
boca fresco e envolvente,
tacho. Ganha com iguarias
agradável untuosidade,
intensas! RT
acidez competente e final
prazenteiro. LC
É um homem do vinho, de raízes e de dedicação a causas e projetos que unem as pessoas, sobretudo
no setor cooperativo. Engenheiro de formação, António Mendes foi eleito no início deste ano
presidente do Conselho de Administração da Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal
(FENADEGAS).
A FENADEGAS tem aos dias de hoje 42 cooperativas associadas que representam cerca de 22 mil
viticultores e 130 milhões de litros de vinho anuais. O objetivo, afirmou o novo presidente na tomada
de posse, é que “todas as adegas cooperativas, sem exceção, façam parte desta Federação”.
Recorde-se que António Mendes é desde 2009 presidente da Adega Cooperativa de Mangualde, onde
também é enólogo. É ainda presidente da UDACA - União das Adegas Cooperativas da Região do Dão
e Vogal da Produção da Comissão Vitivinícola Regional do Dão desde 2010.
Douradinha
dicas
A casta descende das
variedades Amaral e Alfrocheiro
(ambas tintas). Terá sido notada
pela primeira vez em 1851 e
1.
surge referenciada na região
em 1986, com presença muito
reduzida.
2.
apontam para TAV prováveis
Por entre o conjunto das castas brancas autóctones e históricas do Dão que se encontram em entre 11,5 e 11,8% e acidez total
vias de serem recuperadas, contam-se variedades como Uva-Cão, Terrantez, Luzidio, Barcelo,
entre 7,9 e 8,2 g.
Arinto do Interior ou Douradinha.
Resultam vinhos delicados, de
Detamo-nos sobre esta última: no mais recente trabalho que publicamos sobre a região, demos
tom dourado a cinza, aromas
3.
conta da tarefa hercúlea desenvolvida pelo Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, liderado
da família dos citrinos, acidez
por Vanda Pedroso, no resgate do esquecimento destas, e outras, variedades. Confessava-nos
assertiva e final de bom
então que, entre as razões para esse oblívio, a que lhe parecia mais plausível era o facto de
comprimento.
algumas castas terem menor durabilidade que outras e, ao enfraquecerem e morrerem mais
facilmente nas vinhas velhas, as plantas foram substituídas por outras e não renovadas, “por Tanto quanto saibamos, a
aquelas que produziam mais e davam mais rendimento”. marca Pedra Cancela é a única
Porém, sublinha Vanda Pedroso, “nos últimos anos tem havido procura por essas castas que comercializa este vinho em
antigas e não tenho materiais para fornecer quem as procura”, assegura. Entre estas, destaca estreme. Outros exemplares
variedades como a nossa Douradinha. com a casta são os Vinhos
Do ponto de vista agronómico, “para além de dar azo a podridões cinzentas, tem um nível Imperfeitos de Carlos Raposo. A
de acidez muito elevado, que não era apreciado no passado”, assegura Casimiro Gomes, da casa transmontana Alto do Joa
Lusovini, empresa que tem estudado a casta a fundo. E requer “bom arejamento” em sistema anuncia um branco elaborado
de condução ascendente e poda de folhas antes da floração. com, entre outras, Douradinha
Douradinha que, como sublinhou ainda a enóloga Sónia Martins, é uma casta “extraor- (Dona Branca), mas temos
dinária” e que tem potencial para operar “uma revolução total na região!” Os motivos para dúvidas quanto à sinonímia, até
4.
tais encómios advêm da capacidade para “evoluir durante muitos anos em garrafa” e oferecer porque há quem classifique a
“vinhos diferenciados”, seja “em lote ou a solo” e, assim, podem “dar-se muito bem na bar- casta como sendo a Tália, ou
rica para ganhar complexidade”. Quando jovem “parece uma casta linear, com perfil aromático Ugni Blanc, o que nos parece
muito fino e elegante, pelo que precisará de ser trabalhada na adega um pouco mais”. incorreto.
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ʍɫ*ÁI!oɫǓǗʨɫʑɫǛǖǖȵǚǔɫɴeÇfɫɃɫǗǖȵǔɫɴ§$ɫʑɫ50,6€
NOTA: EM SEDE DE IEPS (IMPOSTO ESPECIAL DE PRODUTOS E SERVIÇOS), A TAXA APLICÁVEL É DE 26,5%, CASO OS PRODUTOS
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Em 2023, as transações em valor no México caíram 14,9%, num total de 317,8 milhões de dólares,
que representaram compras de 71,7 milhões de litros (−17,8%). Não obstante, talvez fruto da
inflação, o preço médio por litro cresceu 3,5%, para 4,43 dólares. No caso dos vinhos portugueses,
em 2023 foram exportados para o México 5450 hl., menos 6,1% face a 2022, num total
de 2,5 milhões de euros (−13,3%) a um preço médio de 4,37 euros/l. (−7,6%).
DOURO - PORTUGAL
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Revista de Vinhos A mesa é espaço de conversas, de partilha, de reunião, de vinho e comida.
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SalmÃo
com salada
de manga
e pimento
vermelho
NA MESA
Clube de Revistas
A RECEITA DE
DANIELA CUNHA
Um prato simples,
INGREDIENTES:
descomplicado,
Para o salmão:
que respira verão!
2 lombos de salmão
1 laranja (sumo e raspas)
1 colheres de sopa de azeite de oliva
1 colher de sopa de mel
2 dentes de alho picados ou massa
de alho
1 colher de sopa de mostarda
Sal e pimenta a gosto
PREPARAÇÃO:
Preparar a marinada:
1. Numa tigela, colocar os lombos de
salmão. Temperar com o sumo e as
raspas da laranja, o mel, alho picado,
mostarda, sal e pimenta.
—
2. Deixe marinar por pelo menos 30
minutos.
—
3. Numa frigideira coloque um fio de
azeite e doure dos dois lados.
Jack Couto
BOSTON, ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Nascido em New Jersey, veio aos três anos para Portugal. Depois de uma infância e juventude em Sintra,
regressa aos Estados Unidos, já com 18 anos, e é por lá que inicia uma carreira de grande sucesso no mundo
dos vinhos que já conta com quatro longas décadas. A Revista de Vinhos esteve à conversa com este
verdadeiro embaixador dos vinhos portugueses do outro lado do Atlântico.
QUE MEMÓRIAS GUARDA DA INFÂNCIA. COM fácil porque tive a sorte da minha irmã estar de 12 empregados para 650 e com uma
LIGAÇÕES A SINTRA, CORRETO? cá a estudar. Era engraçado quando me per- estrutura incrível a nível nacional. Hoje sou
guntavam onde tinha nascido e eu respondia diretor para o portefólio ibérico.
A minha infância foi passada na zona de
‘Estados Unidos’. Ninguém acreditava! —
Sintra. Tinha muitos amigos e namoradas
— NO MOMENTO ATUAL, A SUA EMPRESA COBRE
[risos] e fazia uma vida normal de um jovem.
CONTE-NOS UM POUCO DAS SUAS PRIMEIRAS CERCA DE 50 ESTADOS AMERICANOS. IMAGINO
Adorava ir ao Rally das Camélias onde já se
bebia vinho para aquecer as noites frias.
IMPRESSÕES QUANDO ATERROU NOS ESTADOS QUE SEJA UMA OPERAÇÃO MUITO GRANDE.
— UNIDOS PELA PRIMEIRA VEZ. FALE-NOS DE ALGUNS NÚMEROS: GARRAFAS
POR QUE ESCOLHEU ESTA ÁREA? Vindo de Portugal achei as coisas um pouco VENDIDAS, NÚMERO DE COLABORADORES SEUS,
estranhas nessa altura. As casas, os carros, a NÚMERO DE REFERÊNCIAS, ETC.
Quando regressei aos Estados Unidos para
vida social, a nossa comida, o clima. Tudo era
estudar tinha 17 ou 18 anos. Fui convidado, A sede da MS Walker é em Boston e temos
diferente e sentia que as pessoas eram muito
por brincadeira, a fazer um programa numa um armazém de 60 mil pés quadrados [cerca
fechadas. Nessa altura, muitos americanos
rádio portuguesa, a Rádio Globo. Aos 23 de 5 mil metros quadrados] que funciona 24
nem sabiam onde ficava Portugal. Hoje é um
anos, por já ser conhecido na comunidade horas. Parece um aeroporto! Temos também
dos destinos preferidos deles.
portuguesa, fui convidado para trabalhar empresas nos estados de Rhode Island, New
—
numa pequena empresa de vinhos. E já lá vão York, New Jersey, Maine, Vermont e New
40 anos! QUANDO SE DÁ O MOMENTO EM QUE CRIA UMA Hampshire. Trabalhamos também com sub-
— EMPRESA DE IMPORTAÇÃO DE VINHOS PORTU- -distribuidores nos outros estados, onde
E COMO FOI ESSA SUA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA DE GUESES? temos ‘Area Managers’, dando apoio direto
TRABALHO? aos vendedores e clientes. Temos mais de 10
Trabalhei dois anos numa pequena empresa
mil referências de todo o mundo, incluindo
Foi interessante apesar de não ter muito e depois fui convidado para trabalhar numa
dos Estados Unidos. De Portugal, neste
conhecimento neste ramo. Tive a sorte de das maiores empresas de Massachusetts, que
momento, já importamos mais de 50 mil
nessa altura não se falar muito sobre os deta- nessa altura já tinha uma faturação anual
caixas de 12 garrafas e continuamos a crescer
lhes do vinho. Depois, usando toda a minha de 100 milhões de dólares. Quando essa
numa altura em que o segmento do vinho
paixão, dedicação e ética de trabalho con- empresa foi vendida, decidi criar a minha
está a atravessar um momento menos bom.
segui evoluir, como ainda hoje faço. própria empresa com um sócio, usando o
—
— meu conhecimento adquirido. Como todos
os negócios, no início foi difícil. Tivemos
O QUE DESEJA O CLIENTE AMERICANO QUANDO
SAIU DE PORTUGAL PARA ESTUDAR NOS ESTADOS PENSA EM VINHOS PORTUGUESES?
que construir um portefólio com marcas
UNIDOS, CORRETO? COMO FOI ESSE PERCURSO?
desconhecidas e isso leva tempo. Muitas Nos últimos cinco anos aumentou a curiosi-
Os meus pais trabalhavam nos Estados horas no mercado, muitas provas de vinhos, dade pelos vinhos portugueses, assim como
Unidos e eu nasci em New Jersey. Quando muitas viagens. Tudo por uma paixão de por produtos gastronómicos e também pela
tinha quase três anos fui para Portugal com querer elevar o nome de Portugal nos cultura. Quando Portugal passou a ser o
os meus pais. Curiosamente não falava inglês Estados Unidos. Tive essa empresa durante destino número um da Europa tudo mudou.
quando cheguei porque em casa os meu pais uma década. Depois fui abordado por outra Repare que hoje são mais de 80 voos dos
só falavam português. Mas a integração, no empresa, ainda maior, a MS Walker, fundada Estados Unidos para Portugal mensalmente.
regresso aos Estados Unidos, acabou por ser em 1933, a quem vendi o portefólio. Passei
Hoje é muito mais fácil vender vinhos Quando viajo por este país tão grande
de Portugal no mercado americano. e trabalho os mercados com os nossos
É óbvio que as nossas castas não são parceiros, vendo primeiro Portugal
conhecidas pelos americanos. No e depois o produto. Só assim se con-
entanto, cada vez mais nas lojas espe- segue deixar marca. Somos embaixa-
cializadas já encontramos secções dores.
com vinhos portugueses. Portugal —
tem o seu próprio terroir, onde existe O QUE MAIS GOSTA E O QUE MENOS GOSTA
diferenciação. Não quer dizer com isto NA SUA CARREIRA?
que seja fácil vender!
— O que mais gosto é de conhecer
pessoas de diferentes culturas que
QUE CONSELHOS DARIA AOS PRODUTORES
existem neste país ligadas a este setor.
PORTUGUESES PARA ENTRAREM NO
Continuo a gostar, após tantos anos,
MERCADO AMERICANO? de criar profundas amizades com os
Em Inglês diz-se “That’s the million nossos parceiros em Portugal que hoje
dollar question” [a pergunta para um chamo de família. O que menos gosto
milhão de dólares]. Para entrar neste são as horas e fins de semana longe da
mercado não é só fazer bons vinhos! família.
É um país muito grande onde 75% dos —
vinhos consumidos são domésticos. A NÍVEL PESSOAL, COMO É UM DIA NORMAL
Os vinhos importados estão a crescer DO JACK?
mas não é fácil. Primeiro tem que se
Por norma acordo cedo, normal-
conseguir bons parceiros/importa-
mente às 6h da manhã. Tomo café,
dores, de preferência empresas ame-
vejo alguns emails e muitas vezes falo
ricanas. Digo isto para que as marcas
para Portugal. Às 7h da manhã vou
sejam vendidas para além dos mer-
caminhar uns quatro quilómetros
cados étnicos. Depois tem de haver
num parque, acompanhado pelo meu
um ‘budget’ para usar não só na intro-
cão. Às 8h30, se não estou de viagem,
dução das marcas mas também em
já estou em frente ao computador.
viagens de clientes e vendedores. Tem
Passo horas e horas em reuniões de
que haver grandes incentivos para as
Zoom, contacto os vendedores nos
equipas de vendas que podem superar
diferentes estados. Digo muitas vezes
os $20 ou $25 por caixa de vinho. É
que o negócio do vinho é um negócio
óbvio que as marcas têm que pagar
de pessoas mas cada vez mais vivemos
por estas despesas. Se os preços forem
num mundo virtual. É triste.
muito baixos então não existe margem
—
para trabalho de marketing. Tem que
se mudar a mentalidade. Nem só o QUEM É O JACK COUTO PARA ALÉM DO
barato vende. Não só prejudica a TRABALHO?
marca como também dá má imagem
Estando no negócio do vinho é difícil
ao país.
desligar. Não tenho muitos hobbies,
—
para além de gostar de futebol, cor-
AINDA HÁ MUITO TRABALHO DE PROMOÇÃO ridas de carro e passear. Cada vez
POR FAZER PARA CONQUISTARMOS MAIS mais tento passar tempo com a minha
PÚBLICOS, MAIS CONSUMIDORES? família e com os amigos, partilhando
bons jantares acompanhado de bons
Sim, existe muito trabalho pela frente.
vinhos. Às vezes também preciso de
Temos de ter mais empresas como
estar só porque passo a vida a falar
a MS Walker, para que juntos, sem
[risos].
entrar em guerras de preços e man-
—
tendo a qualidade, levemos o nome de
Portugal mais longe.
UM REGRESSO A PORTUGAL PODE
A MS Walker tem mais de 10 mil — ACONTECER?
referências de todo o mundo, QUAL FOI O SEU MAIOR DESAFIO ATÉ AO Vou a Portugal cinco ou mais vezes
incluindo dos Estados Unidos. MOMENTO? por ano. Este trabalho felizmente
proporciona estas viagens. Tenho
De Portugal, neste momento, já Passei por desafios maiores no prin-
planos para mudar-me para a Flórida,
cípio da minha carreira. Houve alturas
importamos mais de 50 mil caixas de onde gosto muito do calor e do povo
que pensei que os vinhos portugueses
latino. Passarei talvez três meses em
12 garrafas e continuamos a crescer. nunca passariam dos mercados
Portugal. Depois regresso porque as
étnicos. Mas hoje a nossa imagem
saudades apertam, sobretudo do meu
está muito melhor. “Portugal is fashio-
filho Roberto e da minha neta Isabella.
nable!” [Portugal está na moda].
Burguesinha,
burguesinha,
burguesinha
O cantor e compositor brasileiro Seu Jorge tornou mundial a música citada levemente
no título deste texto. Segundo o próprio, a canção descreve o estilo de vida de uma
jovem mulher de classe alta (a burguesinha) que vive de aparências e luxos. Podia
ter servido de inspiração ao nome da cerveja portuguesa Burguesa mas (felizmente)
não é disso que se trata. Antes de um orgulho em pertencer a uma cidade de estirpe
burguesa, comercialmente ativa e dinâmica, que faz nascer negócios com sucesso,
como é o caso desta cerveja, a segunda a ser registada no Porto, que a Revista de
Vinhos teve oportunidade de conhecer.
Clube de Revistas
NOTAS DE PROVA
Antes do copo, antes da garrafa e da adega: a vinha. Onde tudo começa e decorre um trabalho nobre de uma indústria sem telhado.
E para variar,
uma feira de uvas
A ideia surgiu da viticultora Teresa Barbosa, para a realidade do setor mas a transação de
Inédita e necessária, a associada da ProDouro - Associação dos uvas não decorreu exatamente como espe-
Mostra do Uva do Douro Viticultores Profissionais do Douro e remonta rávamos”, refere Soares. A organização espe-
(MUD) realizou-se em junho a 2023, ano em que esta produtora, da Quinta rava que cada produtor de uvas presente no
da Alfarela, percebeu que não iria contar com evento pudesse de lá ter saído como pelo
e nasceu precisamente para o comprador habitual de uvas. “Em 2023, foi- menos um contacto e potencial negócio esta-
mitigar aquele que pode -lhe comunicado que apenas parte da pro- belecidos. Isso não aconteceu. “Sabíamos que
ser o grande desafio do dução seria comprada. A produtora teve de o ano poderia não ser o mais favorável pela
Douro para a vindima 2024: procurar no mercado outros compradores”, conjuntura de excedentes mas na ótica do
conta Rui Soares, presidente da ProDouro. viticultor, este é o momento em que esse con-
encontrar compradores de uvas Como Teresa, vários viticultores tiveram de tacto é mais necessário”.
suficientes para a produção seguir o mesmo caminho em 2023 e terão, ao
esperada. A Revista de Vinhos que tudo indica, ainda mais em 2024. A vin- “O segredo não é a alma do negócio”
conversou com Rui Soares, dima que muitos temem na região do Douro,
e não só, pode trazer grandes problemas A MUD apresentou-se à região com uma
presidente da ProDouro, para muitas famílias que têm na produção crítica implícita no slogan. “O Douro peca
associação que organizou a de uva um verdadeiro e preciso comple- muito pelo secretismo, pelas conversas de
MUD em Sabrosa. mento salarial. Os excedentes continuam a bastidores. Isso não faz sentido nenhum nos
existir, muitas adegas estão cheias de vinho dias de hoje. Tem de haver transparência.
de colheitas anteriores e a venda deste não Os números têm de circular. É bom para
parece vir a acontecer nos próximos meses, toda a gente”, defende Rui Soares que dá
facto que impede a entrada de novas uvas e um exemplo. “Temos partilhado a nossa opi-
novos vinhos. Por esta razão, surgiu a Mostra nião, junto do Instituto dos Vinhos do Douro
de Uva do Douro (MUD). Tratou-se de um e Porto, que os números devem ser divul-
evento organizado pela ProDouro com o gados. As pessoas têm o direito de ter essa
apoio do Município de Sabrosa. Decorreu informação”. Nessa senda da transparência, a
entre os dias 21 e 23 de junho, no Mercado MUD decorreu durante três dias com o grande
dos Produtos Durienses. “Eventos de vinhos objetivo de reunir produtores de uva e poten-
existem muitos; eventos de uvas não. É inédito ciais compradores num ano em que muitos
e sobretudo necessário”, assegura Rui Soares. dos tradicionais operadores já informaram que
A MUD teve um programa bipartido. Por um não estarão disponíveis para comprar a quan-
lado, com oradores e intervenientes do setor tidade habitual ou até mesmo para comprar
que trouxeram questões pertinentes para os de todo. “Os pequenos e médios viticultores
agentes; por outro, um conjunto de produ- não poderão nunca ser esquecidos ou margi-
tores de uva que procuram um comprador. O nalizados”, referiu Helena Lapa, presidente do
balanço é “agridoce”. “Tivemos um bom pro- município que acolheu a MUD.
grama, formativo e informativo, com soluções
Apesar de realizada em Sabrosa, a verdade acontece no resto do país. Não podem asso-
é que a Mostra nasceu com a pretensão de biar para o lado. No volume de vinho impor-
ter um alcance maior e eventualmente até tado em Portugal, o Douro é uma pequena
desdobrar-se noutras edições. “Poderemos gota”, alerta Rui Soares.
replicar noutros locais. A iniciativa está Outra decisão já tomada pelo Ministério
lançada. O Município de Sabrosa apoiou é o reforço dos meios para a fiscalização
esta ideia mas tenho a certeza que outros que promete ser mais efetiva. A destilação
municípios seguirão o mesmo caminho. é outro tema quente da região. O Ministério
Não existe ninguém que não pretenda dar da Agricultura já mostrou querer avançar,
um apoio real à viticultura duriense”, acre- ainda que em moldes diferentes do pas-
dita Rui Soares que acrescenta uma van- sado. “Defendemos, numa reunião no minis-
tagem de feira de uvas como a MUD. “Por tério, que quem importa vinho não deve,
vezes, os compradores de uvas precisam de na nossa opinião, receber apoios para des-
Apesar de realizada em uma determinada casta ou de uvas de uma tilação. Parece-nos uma questão de bom
Sabrosa, a verdade determinada região. Esta foi também a nossa senso”, argumenta Rui Soares.
ideia ao lançar a Mostra de Uva do Douro, ao
é que a Mostra nasceu
criarmos um género de bolsa de contactos Num ano de adegas cheias, o ano agrícola
com a pretensão de onde os negócios podem começar”, explica desejável talvez fosse de produção baixa.
o presidente da ProDouro. O balanço atual deixa antever, no entanto,
ter um alcance maior e
uma produção que pode até superar a vin-
eventualmente até Chegam bons sinais de Lisboa dima de 2023. “Perspetiva-se uma colheita
desdobrar-se noutras boa em quantidade depois de um inverno
O mês de julho será de anúncios por parte e primavera chuvosos. O Douro está ainda
edições. do Ministério da Agricultura para a região do sem stress hídrico, as videiras estão viçosas”,
Douro e para os sérios desafios que enfrenta. relata Rui Soares, aos primeiros dias de
A tutela agora liderada por José Manuel julho. “Como até ao lavar dos cestos é vin-
Fernandes já deu alguns “bons sinais”, como dima”, muitos poderão ser ainda os desafios
a limitação à importação de vinhos. “É uma na produção, a juntar às anunciadas dificul-
questão crítica do setor e da nossa região dades da venda de uva que a MUD, de forma
também. Já há muito que pedíamos estas inédita, fez por ajudar a resolver.
medidas. Mas temos também de ver o que
fotos D.R.
MISTURA BEIRÃO
PROMOVE MIXOLOGIA NACIONAL
Licor Beirão cria a primeira competição de TV do mundo em prime time dedicada a cocktails.
Mistura Beirão está no ar na TVI com apresentação de Maria Cerqueira Gomes e Rui Simões.
Clube de Revistas
Licor Beirão está a revolucionar a televisão com o programa os portugueses uma “experiência única”, uma “competição que não
"Mistura Beirão", a primeira competição de mixologia transmitida em só entretém, mas também educa e inspira”, refere Daniel Redondo. O
canal aberto e em horário nobre. Este inovador programa semanal, programa será uma janela para a diversidade e versatilidade da mixo-
desenvolvido em parceria com a TVI/Shine, está no ar desde 15 de logia, desde as criações mais simples e elegantes até às combinações
junho e continuará até meados de julho. Aliás, o programa foi líder na mais complexas e inovadoras. “Estamos a dar um passo importante ao
estreia, com 11.8% de share. trazer para o horário nobre um programa que valoriza os profissionais
Mistura Beirão pretende destacar o talento e a criatividade dos do bar e destaca a riqueza da mixologia. É um movimento que, acre-
bartenders e barmaids do país, contribuindo para o reconhecimento ditamos, irá inspirar tanto os profissionais quanto os entusiastas das
desta profissão. O programa marca o regresso de Maria Cerqueira bebidas, mostrando que os cocktails podem ser para todos – desde
Gomes à apresentação que, ao lado de Rui Simões, está a revelar o os apreciadores de sabores clássicos até os que procuram novas e
talento de 10 concorrentes na confecção de arte em estado líquido. excitantes experiências gustativas”, conclui.
Ao longo da temporada, Mistura Beirão tem recebido vários convi- “Mistura Beirão é uma grande aposta da TVI que chega na altura
dados especiais, incluindo Paulo Pires, o chefe Carlos Afonso e Leonor certa...é um convite irrecusável para as noites quentes de verão.
Seixas, que são também jurados. No entanto, são os especialistas da Estamos muito felizes com esta parceria e acreditamos que é a mis-
área de mixologia que têm um papel fundamental, ajudando a des- tura perfeita para o sucesso” comenta João Patrício, diretor executivo
vendar os segredos de ingredientes inusitados e técnicas avançadas. de Entretenimento e Ficção da TVI.
“É um sonho antigo tornado realidade. Sentimos a responsabi- Com cinco episódios ao longo de cinco semanas, 10 talentosos
lidade de promover a formação e informação sobre esta fascinante concorrentes estão a disputar provas intensas e desafiantes, todas
área da mixologia”, sendo “nós o espirituoso número 1 em Portugal”*, com o objetivo de encontrar "o patrão da mixologia". No elegante e
afirma Daniel Redondo, diretor geral do Licor Beirão. “Portugal já fez requintado estúdio do programa, gravado no Suspenso Lisboa, os
um excelente percurso a elevar a gastronomia com programas como concorrentes estão a mostrar as suas habilidades e criatividade, na
o Masterchef, pelo que agora é a vez de fazermos o mesmo pela mixo- esperança de ganhar o grande prémio: a possibilidade de participar
logia, revelando os profissionais incríveis que temos em Portugal.” Curso Avançado de Bartending numa das escolas mais prestigiadas
Trata-se, prossegue, de “uma plataforma que celebra a arte e a do mundo, em Nova Iorque, uma oportunidade única de aprimorar as
criatividade dos bartenders e barmaids do nosso país, dando-lhes o suas habilidades e conquistar reconhecimento internacional. Mistura
merecido reconhecimento e um palco para brilharem, o palco TVI”. Beirão é mais do que uma competição; é uma celebração da arte de
Esta parceria, que abrange ainda a Shine Iberia, visa trazer a todos fazer bebidas e da criatividade dos bartenders portugueses.
Ana Camacho
Cork Supply,
ou como a inovaÇÃo estÁ
ao serviÇo da cortiÇa
@revistadevinhos julho 2024 · 416 / Revista de Vinhos · 55
O NEGÓCIO DO VINHO
Clube de Revistas
RV - Califórnia, 1981. Quer recuar mais de E qual foi a aventura seguinte? investido tanto em investigação. Fomos os
40 anos e contar-nos o início desta história, Antes de sair de Portugal tinha colocado no primeiros a trazer um cromatógrafo específico
hoje concretizada na Cork Supply? mapa, para além dos Estados Unidos, África do para análise do TCA. Antes dessa máquina era
Tinha 25 anos quando fui para a Califórnia. Na Sul e Austrália. Então comecei uma empresa na apenas por análise sensorial. Essa máquina
altura trabalhava em Portugal numa empresa Austrália, de importação e venda de rolhas para ajudou-nos muito. Fomos a primeira empresa
que exportava rolhas e queria começar um o mercado de lá, com uma pequena fábrica de a desenvolver uma rolha natural que eli-
negócio meu. Sei que não o queria fazer na acabamentos. E depois fui também para África minou o ‘gosto’ a rolha, dando uma garantia
Europa porque achava o continente muito tra- do Sul, que era igualmente um desejo. ao cliente final: se houvesse um vinho conta-
dicional. Ninguém dava crédito a uma pessoa — minado, nós compramos o vinho de volta. É o
com 25 anos. Iam logo perguntar quem era o A certa altura surge um desafio global para que chamamos o DS100. Fazemos uma aná-
meu pai e o que fazia. Indo para o Novo Mundo, o setor da cortiça. lise sensorial, com três enólogos que avaliam
as pessoas são diferentes. Confiam mais nas No final da década de 80 começaram a surgir cada rolha. Todos os dias.
nossas capacidades do que no contexto familiar. problemas associados ao ‘gosto’ da rolha. —
Os destinos que tinha em mente eram Estados Decidimos então montar em Portugal, em 1993, Sobre a rolha Legacy. É tido como a rolha
Unidos, Austrália ou África do Sul. Peguei numa um laboratório de controlo de qualidade. Foi mais consistente do mundo. Representa
seta, atirei para o mapa e caiu na Califórnia. Foi a algo inovador na altura e foi uma forma do setor um grande investimento da vossa parte.
minha grande sorte porque em termos de vinho se aperceber dos problemas que existiam e o Fazemos um género de fotografia do interior
foi o mercado que mais se desenvolveu. Novo Mundo já exigia que estivessem resol- da rolha que identifica umas características
— vidos ou em vias de resolução. que, com a ajuda de inteligência artificial,
Como foi quando lá chegou? — permite associar uma determinada imagem a
Foi uma aventura. Mas com 25 anos não ana- E depois do laboratório avançam também uma determinada rolha com boa qualidade. O
lisamos bem os riscos. Cheguei lá com o espí- para a produção em Portugal. Legacy elimina rolhas com excesso de trans-
rito ‘Eu quero fazer e hei-de conseguir’. Aterrei Pensamos que se queríamos continuar no missão de oxigénio e ao mesmo tempo usa o
lá, não conhecia ninguém. No aeroporto liguei negócio tínhamos de estar também na pro- sistema DS100 e o DS100+. É a rolha natural
para um hotel, através de uma cabine telefónica dução. Então avançamos para a compra de mais perfeita que existe no mercado.
e reservei um quarto. Quando me deitei, entrei uma pequena empresa que era um forne- —
em pânico: ‘O que fui fazer?’. Mas consegui cedor nosso. Fizemos uma grande aposta na
adormecer e no dia seguinte estava pronto para inovação e estivemos sempre muito atentos Em 2022 avançaram para a compra de
cumprir o meu objetivo. ao que os nossos clientes tinham para nos duas empresas deste setor, uma portu-
— dizer. guesa e uma francesa.
O que fez para isso? — Historicamente temos crescido organica-
Comecei a visitar as adegas que mais me Uma rolha com defeito é um problema mente. Mas a certa altura, em França, che-
interessavam e importei as minhas primeiras sério. gámos a um ponto em que não estávamos
máquinas. Escolhi as adegas mais pequenas Podemos estar a falar de milhões de rolhas a conseguir crescer para um patamar que
de alta qualidade. Atingi os objetivos que tinha mas é uma rolha por garrafa. E uma garrafa desejávamos. Decidimos então comprar um
estabelecido. No primeiro ano vendi cinco estragada é uma a mais. A cortiça é um pro- importador de rolhas. A Bouchons Abel, que
milhões de rolhas. No segundo ano, 15. E fui duto natural e há variabilidades. Mas há muito tem curiosamente faturações semelhantes
subindo e subindo. A certa altura já procurava que podemos fazer para tornar o produto às nossas, e a Legnokaps, em Portugal. Um
outra aventura [risos]. cada vez mais perfeito. E é por isso que temos investimento de oito milhões de euros.
Jochen Michalski
Como vê o ecossistema empresarial portu- Como se dividem as vossas vendas, entre tudo o que produzimos e ainda compramos
guês? mercado interno e externo? muito no estrangeiro. Consumimos, ou trans-
Para se conhecer bem os diferentes mercados A exportação representa cerca de 97% das formamos, cerca de 75 a 80% da cortiça mun-
é preciso ir lá. Eu fiz isso. Conquistei mercados nossas vendas. O mercado português de vinho dial. Temos de ter mais matéria-prima. É esse
externos estando lá. E só depois é que vim para é pequeno. o nosso grande desafio para o futuro e não
o fabrico em Portugal. Aqui temos produtos — está a ser nada fácil. Depois de plantarmos
ótimos para além da cortiça. Sapatos, moldes, A cortiça hoje em dia tem várias aplicações um sobreiro temos de aguardar 25 anos para
vinhos, vidro. Quando essas empresas vão para além das garrafas. Como olham para a primeira tiragem. Para a segunda temos de
para o exterior, acanham-se. Não acrescentam esses mercados? aguardar mais nove anos. Só aos 41 anos é
o valor merecido ao produto. E é uma pena. Quando eu comecei, em 1975, disseram-me que temos cortiça para rolha. A cortiça das
Só assim poderemos pagar melhores salários, que a rolha representava 75% da faturação do primeiras tiragens não permite fazer rolhas.
crescer e evoluir. Temos de manter o talento negócio da cortiça. O resto era decorativos e Com sistemas de plantação intensivos, com
aqui. pouco mais. Em 2024, e nas últimas estatísticas rega, aceleramos esses tempos. Mas ainda há
— da APCOR (Associação Portuguesa de Cortiça), poucas plantações e é preciso água. Se hoje
E isso estará a mudar agora? 73% são rolhas e o restante é para outros pro- quiséssemos tapar todas as garrafas do mundo
Sim! Vejo empresários jovens, mais destemidos, dutos. Inventaram-se muitos outros produtos não tínhamos rolhas de cortiça suficientes. A
que valorizam o produto. Vão para fora e sabem com cortiça mas sofrem de uma concorrência rosca tem de existir. Podemos não gostar mas
que o que produzem tem qualidade. Não têm muito maior. O rácio mantém-se desde o início não temos cortiça que chegue.
complexos de inferioridade. da minha carreira. —
— — Se tivesse que deixar uma mensagem aos
Como está posicionada a Cork Supply no Quem são os vossos grandes concorrentes? seus parceiros, aos seus concorrentes e ao
mercado? A Amorim está em primeiro lugar. Costumo setor em geral, o que diria?
O nosso objetivo não é sermos o número dizer que depois existe um vácuo porque não Apostem em qualidade e investigação. Mesmo
um. Temos um concorrente muito forte em há ninguém [risos]. Em segundo lugar estamos que pensem que hoje já têm um produto per-
Portugal. Todos sabem quem é [Corticeira nós e depois a M.A. Silva. Temos também um feito. O que hoje fizemos é bom mas amanhã
Amorim]. Eles fazem o seu trabalho e fazem-no concorrente muito forte, a francesa Oeneo, já não chega. Nunca se sintam confortáveis. A
muito bem feito. Não queremos ser uma cópia. que tem uma rolha chamada Diam. São o cortiça tem um grande futuro no vinho. A cor-
Nós temos a nossa própria identidade e o ‘player’ número dois em rolhas no mundo e têm tiça é nossa.
nosso posicionamento não nos permite sermos uma fábrica em Portugal, também.
o número um. Queremos acrescentar valor e — CORK SUPPLY
ter produtos de grande qualidade. Apostamos Como olha para a liderança de Portugal no ESTRADA VAZA DA BORRACHA,
nos clientes de média e alta gama. setor da cortiça? ALTO ESTANQUEIRO - JARDIA, 2870-681 MONTIJO
Portugal tem 50% da cortiça, Espanha tem T.21 440 5725
25%, os países do norte de África cerca de 20% E.INFO@CORKSUPPLY.PT
e Itália uns 4% de matéria-prima. Nós usamos
POMMERY
PUREZA ABSOLUTA.
Para ver e ouvir ENOTURISMO
Clube de Revistas
A história de um casal de nórdicos euro- consumo próprio. Assim, ao longo do ano, um pequeno campo ampelográfico com mais
peus que elege o Algarve como destino à medida que as diferentes espécies vão de 50 castas para estudar a adaptação de
para a sua reforma, se apaixona pela região ficando maduras, podem ser apanhadas dire- cada uma ao terroir de Silves.
e decide começar um projeto de vinhos, tamente de cada árvore, fazendo parte da Charlotte e Beat não estão, no entanto,
já não é tão raro nos dias de hoje. Foi isso experiência de enoturismo proporcionada sozinhos pois há cerca de um ano contam
mesmo que aconteceu com a dinamarquesa pela Quinta dos Sentidos. com André Palma na sua equipa. Original de
Charlotte e o suíço Beat. No centro da propriedade foi está uma Faro, este enólogo já trabalhou em adegas
Mas o caminho que seguiram a partir daí, pequena charca artificial, que com o tempo em diferentes continentes e regiões vitivi-
é que faz da Quinta dos Sentidos um lugar começou naturalmente a gerar vida própria, nícolas de Portugal até que voltou a “casa”.
especial! tanto de plantas como animais. Esta foi uma Nesta quinta encontrou liberdade para dar
Em 2005, compraram a propriedade de das formas encontradas para promover uma asas à sua experiência e criatividade e criar
nove hectares em Silves abandonada há maior biodiversidade na quinta. O coaxar vinhos originais, pouco óbvios no Algarve.
quase 80 anos. Por lá, pouco havia mais do dos sapos que habitam a charca é impossível Tato, Paladar, Olfato e Visão são, como
que algumas oliveiras centenárias, pelo que ignorar, assim como a quantidade de borbo- não podia deixar de ser, o nome das dife-
Beat e Charlotte encontraram ali uma tela letas que paira no ar. rentes referências entre vinho branco, rosé,
quase em branco para poder criar tudo o que Por tudo isto, o nome Quinta dos Sentidos tinto e colheita tardia.
sempre sonharam. Pois muito antes de se encaixa na perfeição: pelos aromas e sabores O vinho não é o único produto que se
encantarem com o vinho ou a vinha, ambos tão variados e exóticos que se pode experien- pode degustar durante uma visita à Quinta
tinham um grande fascínio por fruta e flores! ciar numa visita a este produtor. dos Sentidos. Aproveitando as muitas oli-
Se nos seus países de origem, os desafios Quanto às vinhas, estas nasceram e cres- veiras centenárias, o casal decidiu produzir
da agricultura eram imensos, essencialmente ceram em harmonia com todas as outras seis azeites virgem extra e todos muito dife-
devido ao clima, no Algarve encontraram as frutas. Nos 3,5 hectares encontram-se rentes entre si. Também o mel faz parte do
condições perfeitas para criar um jardim de maioritariamente castas tintas – Touriga portefólio da marca, assim como um Ver
aromas e sabores, vindos dos quatro cantos Nacional, Tinta Caiada, Syrah e Aragonês Jus – sumo de uva verde sem álcool e com
do mundo. Goiaba, manga, dióspiro negro, – mas também brancas como Antão Vaz, alta acidez, usado muito na culinária e até
lima kafir, mãos de Buddha, morangos, Arinto e Petite Ardine, uma das castas suíças mesmo na coqueteleria.
toranja, dezenas de citrinos e mais cerca de mais apreciadas e por isso trazidas direta- Charlotte e Beat vivem na quinta e vivem
100 espécies de fruta diferente, é o que se mente de lá, para o nosso Algarve. a quinta. Fizeram deste cantinho algarvio o
pode encontrar plantado pelos jardins. Estas são as castas usadas atualmente para seu oásis e têm orgulho em partilhá-lo com
Todas as frutas se destinam apenas ao produzir vinho mas na quinta foi plantado todos os amantes de vinho e natureza.
A Quinta dos
Sentidos é um oásis
de flores e frutos no
meio do Algarve onde
o vinho se destaca de
forma muito criativa.
CONTACTOS
QUINTA DOS SENTIDOS
QUINTA DOS SENTIDOS
TUFOS, 8300-050
SILVES – PORTUGAL
E-MAIL: INFO@QDS.PT
TELEFONE: +351 967 130 138
Beat Buchmann
ENOTURISMO
Clube de Revistas
COMO CHEGAR
De Lisboa:
Î O percurso dura perto de duas
horas e trinta minutos
Î Saia da cidade pela A2 Sul e
continue por cerca de 230kms
Î Procure a saída 14 para São
Bartolomeu de Messines
Î Mais meia hora de caminho pela
N124 e EM1152 até chegar à Quinta
dos Sentidos
Do Porto:
Î A viagem leva cerca de 4h40
Î Siga pela A1 Sul até ao Carregado
Î Procure a saída Benavente/
Algarve e continue pela A10, A13 e A2
sucessivamente
Î Saída 14 para São Bartolomeu de
Messines
Î Mais meia hora de caminho pela
N124 e EM1152 até chegar à Quinta
dos Sentidos
SUGESTÕES EXTRA
CASTELO DE SILVES
No topo da colina da cidade, tem o Castelo
de Silves, um excelente exemplo de
arquitetura militar herdada dos árabes. A sua
muralha é feita em taipa e revestida por Grés
de Silves – uma areia vermelha presente
naquela zona do Algarve. Visitar este castelo
é uma imersão na história desta região de
Portugal.
PRAIA DE CARVOEIRO
É verão e está no Algarve, por isso é
impossível fugir aos longos quilómetros de
areal. A praia de Carvoeiro fica apenas a 20
minutos de carro da Quinta dos Sentidos
e, além de ser uma praia muito apetecível,
a sua envolvente mostra muito bem o que
é a arquitetura típica algarvia. Mas não se
esqueça de, nas horas de maior calor, sair do
sol e ir até uma adega refrescar-se com uma
prova de vinhos!
PREÇOS
VISITA AOS JARDINS E ADEGA COM PROVA DE VINHOS,
AZEITES E MEL: A PARTIR DE 20€ P.P.
CASA DE SANTAR
O GRANDE “CHÂTEAUX” DOS VINHOS DO DÃO
DÃO
Clube de Revistas
A Casa de Santar é, podemos dizê-lo, a “peninha no juntamo-nos em plena Vinha dos Amores a mais dois
chapéu” do universo da Global Wines, a joia e a compo- novos elementos da empresa, o CEO Manuel Pinheiro
nente mais aristocrática de um projeto vitivinícola que (rosto da Comissão dos Vinhos Verdes durante mais
ajudou sobremaneira à recuperação do velho fôlego da de duas décadas) e o diretor de enologia Paulo Prior
região do Dão nas últimas três décadas desde os tempos (oriundo da Sogrape, onde desenvolveu profícua ativi-
fundacionais da então designada Dão Sul. Alicerçada em dade).
Carregal do Sal, sob o imenso manto dos vinhos Cabriz, Com a Casa de Santar no fio do horizonte – um impo-
é aqui no concelho de Nelas, todavia, espraiando-se pelas nente edifício brasonado historicamente ligado à pro-
terras nobres de Santar, que a empresa líder de vinhos no dução de vinho cuja fundação remonta a finais do século
Dão tem o seu farol mais emblemático, a sua mais forte XVIII, precisamente nas imediações da adega onde
imagem de marca, apesar de operar noutros domínios, iremos de seguida provar os vinhos –, não é por acaso
seja na Bairrada, Alentejo ou Brasil (através do projeto que estamos ali, naquela encosta de vinhedos singular
Rio Sol no Vale do São Francisco, em Pernambuco). que alberga as melhores uvas de Encruzado e de Touriga
O nosso ponto de encontro é no fausto granítico do Nacional de Santar, a par de um promissor Alfrocheiro –
restaurante do Paço dos Cunhas de Santar, onde mais situado na parte mais alta da vinha – que Paulo Prior irá
tarde voltaremos para um almoço de harmonização, mas explorar na próxima vindima como novidade em busca
o primeiro ponto de reportagem será em plena Vinha dos da identidade própria deste excelso “terroir” também
Amores, a pequena encosta de vinhedos que prolonga a para uma casta tinta fortemente associada ao Dão. “O
mancha de videiras que é paisagem única e contrastante Alfrocheiro será, porventura, uma paixão futura da
na região, ou não fosse esta a maior vinha contínua do Vinha dos Amores e da Casa de Santar”, confirma-nos
Dão – uma região vitivinícola mais conhecida pelo plantio Manuel Pinheiro, atestando simpaticamente a inconfi-
de “vitis vinifera” nas clareiras dos pinhais, em pequenas dência de Paulo Prior.
porções de terreno que sobravam, literalmente, de dife- Acresce, em tempo de alterações climáticas e de aque-
rentes plantios, de outras culturas, de outros modos agrí- cimento global, que o Alfrocheiro pode proporcionar
colas de subsistência. vinhos mais leves, não tão estruturados, nem com taninos
À comitiva que já integrava Catarina Reis Correia, res- tão evidentes e agressivos, mas nem por isso com menor
ponsável pela assessoria de imprensa e comunicação, e capacidade de guarda. Aliás, pelo que percebemos nesta
Nuno Abreu, diretor comercial e de marketing da Global visita à Casa de Santar, é precisamente esse o caminho
Wines (a cumprir escassos seis meses de casa, depois enológico que Paulo Prior está a querer prosseguir com o
de um percurso sólido e reconhecido na Sogevinus) futuro Vinha dos Amores Alfrocheiro.
Vista dali, daquele exato local onde nos encontramos os dias – até ao “Oito Parcelas” ou Vinha dos Amores,
com Manuel Pinheiro e Paulo Prior, no patamar inter- disponibiliza uma gama que justifica poder afirmar-se
médio da Vinha dos Amores, a paisagem é deslumbrante, como o grande “châteaux” dos vinhos do Dão. Penso que
imensa e cativante, numa simbologia do lugar que remete a Casa de Santar deve puxar pela região e fazer a ponte
para vinhos de extrema qualidade. Como sublinha o com todos os vizinhos que temos em redor e que também
CEO da Global Wines, “estamos num local fabuloso do fazem vinha, vinho e enoturismo”.
Dão, porque temos atrás de nós a serra do Caramulo, em No que se refere à filosofia deste projeto, Manuel
frente a serra da Estrela, e mais para o lado o rio Dão, Pinheiro tem um objetivo bem claro e definido: “Para
tendo aqui em frente o Mondego. O Dão está aqui neste nós, a Casa de Santar é a joia do grupo Global Wines e
coração – e Santar está no centro desta região. Não só queremos que ela se assuma com autonomia sob con-
a nossa vinha, mas todas as ótimas quintas que há aqui dução de Paulo Prior na enologia e de Luís Albuquerque
em redor e que representam o melhor que há no Dão. na viticultura”.
Estamos aqui neste vasto território (e basta ver que a Paulo Prior, por seu turno, não regateia o desafio e
Torre, na Serra da Estrela, ainda é geograficamente região diz-nos que “fazer vinho aqui é, essencialmente, respeitar
demarcada do Dão…) protegido do mar pelo Caramulo e as castas e o “terroir”, preservando aquilo que temos de
protegido do interior pela Estrela”. tão diferenciador nestas vinhas, neste enorme e imenso
Depois, é inquestionável que “Santar tem uma per- vinhedo de 103 hectares”, sempre na convicção de que
sonalidade própria”, como sublinha Manuel Pinheiro: “a Casa de Santar tem de passar obrigatoriamente por ser
“Tem uma oferta enoturística fantástica, um centro melhor ainda no dia de amanhã”.
histórico pedonal muitíssimo agradável, tem bons res- Com uma equipa completamente renovada na direção,
taurantes, tem boa hotelaria, tem cada vez mais produ- área comercial e enologia, a Casa de Santar está a encetar
tores a fazerem a oferta de enoturismo e, por tudo isso, um novo ciclo, aprofundando e abrindo novos caminhos
achamos que Santar é um destino turístico de futuro, no percurso encetado pela equipa antecedente, nomea-
uma vila vinhateira para turismo de valor. No nosso caso, damente no relevante papel desempenhado durante
já estamos a colocar em prática esta ligação do vinho ao largos anos pelo experiente enólogo Osvaldo Amado.
turismo, uma aposta que gera valor para o território e Longe vão os tempos em que a Casa de Santar, há
que nos parece muito importante”. Nesse sentido, “em escassos 40 anos, vendia a sua produção de vinho a
breve teremos o hotel Casa do Soito, que resulta da recu- granel, primeiro à Carvalho, Ribeiro & Ferreira e, mais
peração de uma casa histórica da região, que se liga à tarde, à Calém, que então comercializava o vinho sob
Casa de Santar pois está no próprio jardim do Paço dos a marca Conde de Santar. Com efeito, foi apenas em
Cunhas, havendo um percurso pedonal entre o restau- meados da década de 80 que a família nobre da Casa de
rante e o hotel. Trata-se de um investimento que estamos Santar decidiu começar a engarrafar os seus próprios
a fazer com um parceiro luso-francês e que vai dar vinhos, só posteriormente tendo surgido a marca Casa
origem a um hotel de charme com 10 quartos que pro- de Santar por incentivo da distribuidora Vinalda e de José
cura aproximar as famílias do território. Vinho, gastro- Casais. Mas isso é história – que agora cede lugar a uma
nomia e enoturismo – uma trilogia que corresponde ao história renovada.
contributo central que queremos dar para a afirmação
de Santar”. CASA DE SANTAR – PAÇO DOS CUNHAS
Manuel Pinheiro não esconde que o objetivo da Casa LARGO DO PAÇO,28
de Santar é mesmo afirmar-se como o grande “châteaux” 3520-153 SANTAR
dos vinhos do Dão: “Achamos que a Casa de Santar, que T. 232 945 452
tem uma gama de vinhos que vai desde o Colheita – que é E. ENOTURISMO@PACODOSCUNHAS.PT
um vinho muitíssimo agradável, que nos apaixona todos
92 88
Casa de Santar Vinha dos Casa de Santar
Amores Encruzado 2020 Reserva 2022
Dão / Branco / Global Wines Dão / Rosé / Global Wines
Amarelo limão brilhante. Aromas Varietal de Touriga Nacional,
tostados da barrica a envolver suave tonalidade salmão. Aromas
notas de ameixa branca, fruta de frutados muito vivos com notas
polpa amarela, nêspera madura de morango, framboesa e bagos
e um sofisticado apontamento de groselha. Apontamento de
de pinhões. Corpo, untuosidade flores azuis. Vinho harmonioso, na
e frescura envolvente na boca, boca mostra estrutura, amplitude
com acidez de grande nível e e volume, média acidez e
final harmonioso. capacidade para alguns embates
gastronómicos.
Consumo: 2024-2035
Consumo: 2024-2028
30,00€ / 11ºC
15,99€ / 11ºC
—
—
89 86
Casa de Santar
Curtimenta Branco 2023 Casa de Santar 2023
Dão / Branco / Global Wines
Dão / Branco / Global Wines
Branco de lote com base de
Provado com apenas três
Encruzado, tem boa expressão
semanas de garrafa, este lote
aromática com pendor para a
de Encruzado (60%) e Arinto
fruta de caroço, apontamento
(40%) ainda tem uma margem
herbáceo e ligeiro abaunilhado.
considerável de evolução.
Boca competente com alguma
Portador de intensidade
amplitude, frescura assente em
aromática a maçã verde, citrinos
boa acidez e na componente
e nota de maracujá, a sua
cítrica, final limpo e jovial.
carregada tonalidade resulta da
fermentação com as películas. Consumo: 2024-2028
Todavia, na boca surpreende 7,99€ / 11ºC
pelo seu polimento, boa acidez e
imensa frescura.
Consumo: 2024-2035
20,00€ / 11ºC
—
89
Casa de Santar
Reserva 2017
Dão / Tinto / Global Wines
Rubi. Nariz com apontamentos
de amora e bagos de groselha e
mirtilo, algumas notas de floresta
e folha de tabaco a despontar.
Boca de pendor elegante, tem
bons taninos, acidez competente,
agradável travo vegetal e final
prazenteiro.
Consumo: 2024-2032
15,99€ / 16ºC
O imponente torreão que se vislumbra da imensa 400 metros sustentam esse perfil de elegância e mine-
reta que nos conduz até Nelas, sobranceiro à Vinha dos ralidade, nos vinhos de castas tintas e brancas (Touriga
Amores da Casa de Santar, marca a paisagem e assinala a Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro, Tinta Pinheira, Tinto
fronteira para outros domínios vitivinícolas. Símbolo da Cão e Baga nas tintas; Encruzado, Uva Cão, Cerceal,
histórica Quinta da Alameda, adquirida pelos antepas- Bical, Rabo de Ovelha e Arinto nas brancas), num pre-
sados da família Borges da Gama aos Condes de Santar cioso hectare de vinha velha com múltiplas castas e
no dealbar do século XIX, já lá vão quase 200 anos, o ainda no singular meio hectare de Pinot Noir, que aqui
torreão integra também o portefólio de vinhos da casa dá lugar a um vinho rosé muito peculiar, firme e angular,
(Torreão, Parcelas e Quinta da Alameda) e está presente, de acidez vincada e frescura vibrante.
em forma estilizada, em todos os rótulos do projeto con- Nesta visita da Revista de Vinhos à Quinta da
temporâneo da Alameda – um projeto redesenhado há Alameda, somos recebidos por Luís Abrantes e pelo seu
cerca de três anos por Luís Abrantes (um bem-sucedido filho mais velho, Luís Diogo que, apesar dos seus com-
empresário e industrial da área de mobiliário e do design promissos académicos em Aveiro e em Lisboa, mantém
de luxo, dono da empresa Movecho, em Nelas) com a com a Alameda um grau de envolvimento que atesta a
ajuda e cumplicidade do seu amigo e enólogo Anselmo forte matriz familiar deste projeto (Luís Simão, o outro
Mendes. filho de Luís Abrantes, a trabalhar numa multinacional
Com uma história que atravessas três séculos, em em Lisboa, é quem cuida da comunicação e marketing).
terras onde a vinha e o vinho se entrelaçam desde Embora atualmente o apelo da vinha seja primordial,
tempos imemoriais, a Quinta da Alameda (com uma o proprietário da Quinta da Alameda não esconde o seu
área total de 24 hectares, metade dos quais são vinha) é encantamento pelo bosque de quase três hectares que é
hoje o fiel retrato da paixão pelo vinho – e pela Natureza um espaço emblemático da propriedade. Aliás, o bosque
– de Luís Abrantes, seu proprietário desde 2012, onde foi determinante para a aquisição da quinta em 2012,
convivem vinhas centenárias e vinhas novas exemplar- como o próprio nos explica: “O que esteve na base da
mente tratadas com um frondoso bosque onde abundam compra foi o frondoso bosque que esteve abandonado
espécies variadas de fauna e flora, num testemunho vivo durante vários anos, bem como as várias nascentes de
das múltiplas dimensões desta bonita e ancestral quinta. água que a quinta alberga. Aqui temos água por todo o
Há cerca de três anos, quando Luís Abrantes con- lado, o que nos garante o equilíbrio de todo o ecossistema,
vocou os jornalistas da especialidade para apresentar os designadamente no bosque com as nossas plantas autóc-
novos vinhos – e a nova vida – da Quinta da Alameda, tones, sobretudo medronhos, carvalhos e pinheiros, um
já se antevia o perfil de vinhos que a consolidação do espaço verdadeiramente insubstituível pelo qual tenho
projeto veio confirmar, agora com adega própria e sob um carinho muito especial”. Mas a vinha, evidente-
condução enológica de Patrícia Santos (uma das mais mente, é hoje o motor e o coração da Alameda: “Apesar
estimulantes enólogas portuguesas, produtora do vinho do bosque, o que marca a Quinta da Alameda é o seu
Rosa da Mata e fiel discípula de Anselmo Mendes): “terroir”, que nos permite fazer os vinhos que gostamos
vinhos elegantes, de baixa extração, frescos e silvestres, de fazer, vinhos com o mínimo de intervenção possível,
com personalidade vincada, à semelhança dos vinhos tal como os vinhos que se faziam no Dão antigamente,
de que Luís Abrantes é confesso apreciador (e grande embora no presente com recurso às mais recentes tec-
colecionador) que marcam a história, fama e tradição de nologias, o que nos garante a produção de vinhos sem
regiões como o Dão, a Bairrada ou, em paragens mais defeitos, mas marcadamente do Dão, portadores de toda
francesas, a Borgonha. Na Quinta da Alameda, o solo de a elegância que este nosso “terroir” proporciona”.
base granítica, a exposição dos vinhedos e a altitude de
Embora o ex-libris da Alameda seja a sua vinha velha com mais de duas dezenas
de castas em “field blend”, que em parceria com Touriga Nacional faz o lote
topo de gama da casa – o tinto Quinta da Alameda –, uma das novidades que se
anunciam para os próximos tempos é a elaboração experimental de varietais.
Embora o ex-libris da Alameda seja a sua vinha velha uma elegante e funcional adega, o que reforçou o visível
com mais de duas dezenas de castas em “field blend”, entusiasmo que perpassa nas suas palavras quando fala
que em parceria com Touriga Nacional faz o lote topo deste projeto: “É um projeto que me entusiasma imenso,
de gama da casa – o tinto Quinta da Alameda –, uma das um projeto de sonho. Ter a oportunidade de pegar numa
novidades que se anunciam para os próximos tempos é a marca tão importante, de uma quinta que já vai fazer 200
elaboração experimental de varietais, “com a produção de anos, e fazê-la renascer é muito gratificante. E aqui tenho
uma quantidade reduzida de garrafas”, de todas as castas a possibilidade de criar, de fazer experiências, pois é essa
brancas e tintas da propriedade. “Queremos perceber – e a filosofia do produtor. Disponho de todas as ferramentas
sobretudo que as pessoas percebam –, o que este “ter- possíveis para fazer o melhor com as uvas maravilhosas
roir” aporta em cada uma das castas aqui existentes, para da Alameda, que é uma quinta fantástica, com matéria-
vermos e apreciarmos a sua expressão individualmente”, -prima ótima, e uma adega de que gosto muito. Depois
explica-nos Luís Abrantes, cuja principal motivação para temos esta envolvência magnífica, as vinhas e o bosque,
o seu envolvimento no mundo dos vinhos desde há 12 de uma quinta que transmite paz e ajuda à criação, que
anos radica numa frase do seu amigo Anselmo Mendes: nos dá vontade de fazer mais e melhor”.
“É uma frase dele que me acompanha há alguns anos, Sobre os vinhos que elabora com Luís Abrantes, a enó-
segundo o qual nesta atividade temos de ser generosos, loga de Canas de Senhorim não hesita em classificar a
no sentido em que o nosso investimento no presente é “acidez natural” da Quinta da Alameda como a sua prin-
para ser usufruído pelas gerações vindouras, no caso cipal valência: “É essa acidez que aqui encontramos, vin-
da Quinta da Alameda pelos meus filhos. É isso que me dimando também um pouco mais cedo, que nos ajuda a
motiva, a par da filosofia, que aqui praticamos, de que o garantir a elegância ímpar que é a coluna vertebral dos
vinho não é apenas vinho por si só – é também respeito nossos vinhos. Os vinhos da Alameda refletem a própria
pela natureza, pela envolvente ambiental, pelo ecossis- quinta que lhes dá origem – e parece que cheiramos e
tema”. sentimos a água a cair na pedra, os aromas da floresta, a
Ao leme da enologia da Quinta da Alameda, como identidade do sítio”.
já referimos, encontramos Patrícia Santos (natural do
Dão, de Canas de Senhorim, mas formada em Enologia QUINTA DA ALAMEDA
na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), cuja RUA DO PICOTO APARTADO 38
primeira vindima por estas paragens da Alameda foi em 3520-225 VILAR SECO
2020, no ano em que irrompeu a pandemia. Desde o M.968 029 610
ano passado, a enóloga dispõe na Quinta da Alameda de E. GERAL@QUINTADAALAMEDA.COM
93 89
Quinta da Alameda 2020 Quinta da Alameda
Dão / Tinto / Quinta da Parcelas 2021
Alameda Dão / Branco / Quinta da
Bela tonalidade rubi. Grande Alameda
complexidade aromática com Amarelo brilhante. Aromas
imensas “vinhas velhas” no nariz delicados a fruta fresca. Citrinos
– notas de fruta, cacau, vapor de a envolver apontamentos de
café, madeira exótica, bosque, flor de laranjeira, ervas frescas,
cravinho, leves fumados, flores pétalas de rosa, raspa de limão.
azuis. Na boca é de uma grande Na boca tem nervo, presença
“finesse” e pureza. Um grande de citrinos, nota herbácea,
vinho de quinta, um grande vinho salinidade e persistência.
do Dão. Consumo: 2024-2030
Consumo: 2024-2040 12,50€ / 16ºC
35,00€ / 16ºC —
—
91 89
Quinta da Alameda
Quinta da Alameda
Parcelas 2020
Torreão 2020
Dão / Tinto / Quinta da
Dão / Tinto / Quinta da
Alameda
Alameda
Lote de Touriga Nacional,
Rubi. Lote de Touriga Nacional
Alfrocheiro, Jaen e Tinta Roriz
e Alfrocheiro com aromas a apresenta suave tonalidade
fruta preta e azulada, chão de
rubi. Nariz marcado pela fruta
floresta, especiaria delicada, leve silvestre, aromas de bosque e
nota de baunilha. No ataque
muita frescura. Na boca mostra
de boca é sedutor, com taninos tanino fino, textura acetinada,
de fino recorte, suavidade,
elegância e bela acidez.
acidez no ponto e final intenso e
Consumo: 2024-2032
persistente.
12,50€ / 16ºC
Consumo: 2024-2035
—
20,00€ / 16ºC
—
89
90 Quinta da Alameda
Quinta da Alameda Torreão 2022
Torreão 2022 Dão / Branco / Quinta da
Alameda
Regional Terras do Dão / Rosé
Amarelo-ouro brilhante. Discretos
/ Quinta da Alameda
aromas de barrica envolvem
Delicada tonalidade salmão. notas de fruta de pomar com
Complexidade aromática com intensidade cítrica, apontamento
notas de menta, cereja, bagos herbal e raspa de limão.
de groselha e romã. Um rosé Volume, textura envolvente
diferente e sofisticado, varietal e untuosidade em perfeito
de Pinot Noir, com imensa equilíbrio com acidez e frescura
persistência retronasal, que se de citrinos.
identifica pela acidez pungente,
Consumo: 2024-2032
imensa frescura cítrica e forte
mineralidade. 20,00€ / 16ºC
Consumo: 2024-2030
22,50€ / 11ºC
QUINTA DO PERDIGÃO
UMA REFERÊNCIA DA SUB-REGIÃO DE SILGUEIROS
Mal chegamos percebe-se a dimensão familiar da porque nós vivíamos no centro de Viseu. Portanto, foi
Quinta do Perdigão, dez hectares de propriedade com muito natural a nossa integração, quer minha quer dos
oito hectares de vinha no coração de Silgueiros. Na meus irmãos, no mundo da agricultura ao lado da vida
habitação térrea da quinta somos recebidos por Vanessa na cidade. Posso dizer que tive o melhor de dois mundos,
Chrystie, artista plástica e mulher de José Perdigão, que que o gosto pelo vinho, pelo campo e pela agricultura foi
nos franqueia a porta de casa. “O José vem já, deve estar muito natural. É uma herança em vida que me foi pas-
mesmo a chegar, está a terminar um almoço com um sada pelo meu pai e estou-lhe muito grata por isso.”
importador dos Estados Unidos”. Já no interior, vemos E que vinhos são estes? Qual é a matriz e a nota diferen-
uma grande mesa de madeira multifunções onde podem ciadora da Quinta do Perdigão? “Nunca fugindo à classe
fazer-se as refeições do dia-a-dia, mas que serve também que temos aqui no Dão, à elegância do Dão, os nossos
de escritório, seguramente, como se percebe pelo compu- vinhos são extremamente minerais, graças aos solos
tador portátil e pela papelada. No espaço contíguo, sem graníticos e às diversas parcelas em que a mesma casta
divisórias, sentamo-nos numa acolhedora sala de estar amadurece de forma diferente. Se temos uma exposição
para trocar primeiras impressões com Vanessa – nós, diferente, uma altura e uma inclinação diferente, então
ela, o cão e o gato. Estamos no coração administrativo da os vinhos têm de ser diferentes. E acho que os enólogos
Quinta do Perdigão. Mas estamos também na casa onde devem respeitar sempre o perfil dos produtores onde
vivem José Perdigão e Vanessa Chrystie. É inequívoca a estão inseridos. Tenho a sorte de ter um pai que é pro-
dimensão familiar deste projeto que se afirmou, desde há dutor de vinho e que já tinha um perfil definido quando
25 anos, como uma das principais referências do Dão e, entrei para a enologia da Quinta do Perdigão, um pai
em especial, da sub-região de Silgueiros. que sabe muito mais do que eu e que conhece esta vinha
Aliás, a dupla dimensão pessoal e profissional está pre- como ninguém. Portanto, só tinha de respeitar aquilo que
sente, desde a sua génese, na relação entre a artista plás- já era feito e tentar preservar esse legado. A nossa dife-
tica Vanessa Chrystie e o produtor, “vigneron” e também rença… é sermos muito autênticos. Todos os anos é uma
arquiteto José Perdigão. Quando se conheceram, ele ofe- criação, por isso todos os anos temos novidades. Aqui
receu-lhe duas garrafas de rosé da Quinta do Perdigão. não há receitas. Começamos a vindima e vamos desco-
“Mas eu não gosto de rosé”, disse-lhe Vanessa, ao que brindo o que o ano nos pode dar. Podemos falar do nosso
José Perdigão ripostou: “Mas este é diferente”. Algum Encruzado – é um clássico, mas é sempre uma novidade
tempo volvido, num jantar de amigas, Vanessa levou as – de que temos uma parcela em pé franco que tentamos
garrafas de rosé, que foram um sucesso: “Telefonei-lhe, vinificar sempre em separado. Ou do nosso espumante
disse-lhe que ele tinha razão, que afinal este rosé era bom, rosé Touriga Nacional, também em pé franco. Com o rosé
e começámos a namorar seis meses depois. Ofereci-lhe 2022 fomos distinguidos como o melhor espumante por-
um quadro. E com um pormenor desse quadro ele fez o tuguês no Concurso Escanções de Portugal.”
rótulo do rosé 2009. No primeiro Encruzado da Quinta Mafalda deixou de lado a prática da equitação para
do Perdigão, que também foi em 2009, o José [Perdigão] se dedicar ao mundo do vinho a tempo inteiro – “tem
usou o “Amor Perfeito”, um outro trabalho meu”. Até de haver um foco a cem por cento, temos de viver isto
hoje, Vanessa Chrystie é quem desenha os rótulos da como um modo de vida” –, mas a paixão pelos cavalos
Quinta do Perdigão – numa simbiose entre vinhos, pin- está assegurada pela companhia permanente, na Quinta
tura, amor pela terra e família. do Perdigão, de uma égua chamada Vintage. Quanto ao
Nesta equação familiar é Mafalda Perdigão – filha de mais, sublinha a sua imensa sorte “em percorrer este
José Perdigão, licenciada pela UTAD em 2016 – que asse- caminho” ao lado de pessoas que a ensinam todos os
gura a enologia da casa desde há dez anos, ainda estava dias, desde logo a sua família – “é preciso estarmos na
a terminar os estudos em Vila Real, e que beneficiou dos vinha e estarmos na adega, todos nós andamos na vinha,
ensinamentos do pai, dos anos de crescimento na quinta todos nós vindimamos, e depois vimos para a adega ao
e do tempo em que, mais recentemente, trabalhou na final do dia e somos nós que fazemos a vinificação” –,
Cave Lusa e na Quinta D. Sancha: “Quando a quinta foi mas também “uma equipa extraordinária de gente que
comprada pelos meus pais, em 1997, eu ainda era muito está aqui connosco todos os dias, pessoas que vivem as
pequena, não ligava sequer muito à agricultura, até coisas tal e qual como nós”.
Na sala de barricas da Quinta do Perdigão, protegida estava a arriscar nada porque os vinhos do Hotel Palace
da luz solar por uma escuridão profunda, vislumbram-se do Buçaco, até 2005, vinham daqui ao lado, da Quinta
nas paredes distinções diversas que o nosso anfitrião Santos Lima, quer os brancos quer os tintos. Depois o
José Perdigão não se cansa de enfatizar: “Ali está o pri- Celso Lemos acabou por comprar a Quinta dos Barreiros,
meiro vinho que fizemos, o Touriga Nacional 1999, que e fui eu que a batizei como Quinta de Lemos”.
foi considerado o melhor vinho do Dão. Depois voltámos O resto é história – uma história que já leva um quarto
a ganhar em 2002 e 2003. E aquele é o melhor vinho de século – e que radica no otimismo compulsivo de José
de Portugal no Decanter Trophy em 2005, em Londres”. Perdigão e na sua paixão inamovível pelo Dão: “Aqui
Os prémios são muitos e diversificados, pelo que seria temos de aprender com esta natureza superior de mine-
exaustivo enumerá-los, até porque já se cumpriram 25 ralidade e de cor localizada entre quatro montanhas, a
anos desde que José Perdigão fez aqui o seu primeiro Estrela, o Caramulo, a serra da Nave e o Buçaco. E saber
vinho – “e 27 anos do desenho e do levantamento topo- que, no Dão, a vindima seguinte só pode ser “muito boa”
gráfico da quinta”, feito a régua e esquadro como se ou “extraordinária”. E que, no mínimo, os nossos vinhos
impõe na natureza de um arquiteto –, respondendo ao têm de ser “bons” ou “muito bons””.
repto do seu amigo Pedro Vasconcellos e Souza, da Casa E como classificaria o perfil dos vinhos da Quinta do
de Santar: “Quando vim de Lisboa para Viseu, tinha eu Perdigão? “São vinhos de “vigneron”. São vinhos que
40 anos, o Pedro Vasconcellos e Souza, que é um grande refletem as nossas uvas, a nossa alma, a nossa paisagem.
amigo, perante o meu discurso crítico sobre os vinhos O que encontramos aqui é uma simbiose entre a natu-
do Dão e de Santar, àquela época, desafiou-me: Mas reza, a nossa maneira de pensar e o nosso rigor”.
porque é que tu não fazes um vinho? Agarrei a ideia e
apareceu esta quinta à venda. Propus a compra ao Celso QUINTA DO PERDIGÃO
Lemos, da Quinta de Lemos – “uma quinta muito gira, PINDELO DE SILGUEIROS
que fica num anfiteatro em Silgueiros” –, mas ele dis- 3500-543 VISEU
se-me que não gostava, porque ficava num buraco. “Se M.919 565 781 / +351 919 869 620
você não quer, compro-a eu”, disse-lhe, sabendo que não E.QUINTADOPERDIGAO@GMAIL.COM
94 91
Quinta do Perdigão Quinta do Perdigão
Alfrocheiro 2018 Touriga Nacional 2016
Dão / Tinto / Quinta do Dão / Tinto / Quinta do
Perdigão Perdigão
Rubi. Mescla aromática de Rubi aberto, ainda muito vivo.
amoras, mirtilos, cassis, bosque Aromas de cereja, amora, ameixa
e cítrico de bergamota. Grande vermelha e flores violáceas.
profundidade de boca, com Vibrante na boca, cítrico, com
taninos muito bem desenhados, nervo, acidez viva e firmeza de
acidez irrepreensível a dar taninos, um varietal de Touriga
equilíbrio e frescura, final sápido que expressa a mineralidade do
e prolongado. “terroir”.
Consumo: 2024-2035 Consumo: 2024-2035
23,00€ / 16ºC 27,00€ / 16ºC
— —
93 90
Quinta do Perdigão Quinta do Perdigão
Reserva 2013 Encruzado 2023
Dão / Tinto / Quinta do Dão / Branco / Quinta do
Perdigão Perdigão
Lote típico do Dão com base Amarelo-esverdeado. Aromas
de Touriga Nacional (50%) expressivos a fruta de árvore,
complementado com Roriz, panóplia de ervas frescas,
Jaen e Alfrocheiro, apresenta componente cítrica marcante,
tonalidade vermelho- notas de toranja e flor de
acastanhado. O nariz é cativante, sabugueiro. Prova de boca
quase sumptuoso, nas suas a mostrar estrutura, volume
múltiplas notas de fruta, bosque, e untuosidade com frescura
chá preto, cedro e folha de limonada, toque apimentado e
tabaco. Na boca é classe pura, final herbáceo amparado por
envolvente, fresco e profundo, acidez firme. Ainda jovem, mas
de tanino rendilhado e final muito promissor.
persistente. Consumo: 2024-2035
Consumo: 2024-2035 12,00€ / 11ºC
27,00€ / 16ºC —
—
89
92 Noel Perdigão Touriga
Quinta do Perdigão Nacional Pé Franco 2021
Jaen/Mencia 2018 Dão / Espumante / Quinta do
Dão / Tinto / Quinta do Perdigão
Perdigão Tonalidade atijolada de salmão,
Rubi aberto, laivos acastanhados. quase âmbar. Expressão
Complexidade aromática com aromática com notas de
notas de fruta preta e azulada, framboesa, cereja, groselhas e
folha de louro, alcaçuz e leve apontamento cítrico. Na boca é
apontamento de noz-moscada. intenso, cremoso e sápido, com
Ataque fresco e envolvente, acidez marcante e “pérlage”
acetinado, com taninos a envolvente.
despontar no meio de boca – Consumo: 2024-2032
finos, maduros e plenamente 14,00€ / 11ºC
integrados. Um digno exemplar
da casta ibérica Mencia em
feliz adaptação ao “terroir” do
Perdigão.
Consumo: 2024-2035
18,00€ / 16ºC
O já cinquentão Esporão
advoga o devagar mas
não dá sinais de querer
abrandar. Na Tapada da
Ajuda estabeleceu uma
parceria com o Instituto
Superior de Agronomia
e naquela localização
privilegiada de Lisboa
vai fazer nascer um
restaurante, um pub, um
museu, uma loja e outras
valências. Ao mercado
chegam entretanto
novos vinhos e a equipa
de Enologia tem agora
um segmento onde pode
expressar o mais puro
experimentalismo. Afinal,
é de ritmo que falamos…
Clube de Revistas
João Roquette com Mafalda Magalhães, José Luís Moreira da Silva e Lourenço Charters
Boa parte da história dos próximos 30 anos e diretor de área, passando Lourenço Charters a
do Esporão ficará ligada ao Instituto Superior de assumir o Esporão no Alentejo. A enóloga Mafalda
Agronomia (ISA). É essa a duração do protocolo de Magalhães está, desde fevereiro, responsável pelos
parceria estabelecido entre ambos, um sinal de que projetos a Norte – Quinta dos Murças, no Douro
são possíveis pontes efetivas de ligação entre o setor (Covelinhas), e Quinta do Ameal (Ponte de Lima),
empresarial e os estabelecimentos de ensino. nos Vinhos Verdes.
“Muitas vezes as coisas não funcionam entre a aca- No Ameal, adquirido pelo Esporão em plena vin-
demia e as empresas. Mas, tendo a pensar que isso se dima de 2019, têm sido testadas várias microvinifica-
deve à descontinuidade dos projetos. A proximidade ções com a casta Loureiro, acompanhadas de perto
é muito importante e o facto de estarmos dentro de pela Escola Agrária de Ponte de Lima. A ideia é per-
uma universidade permitirá um contacto direto, que ceber a plasticidade da variedade, sendo que um dos
pode ser diferenciador. Temos agora 30 anos para mais curiosos ensaios concretizou-se em seis potes de
construir valor”, realça João Roquette, o presidente cerca de 20 litros. Não há, por enquanto, uma comer-
do Esporão, em declarações à Revista de Vinhos. cialização efetiva dessa experiência.
O “estar dentro” será literalmente isso. O Esporão Na Quinta dos Murças, a recuperação da adega e
vai instalar no ISA os escritórios centrais de Lisboa e, das vinhas e o mapeamento dos solos foi exaustivo.
num edifício de 1.300m2, nascerão ainda um restau- A certificação biológica ficou concluída em 2021 e a
rante, uma esplanada, um pub da Sovina, uma sala de compreensão dos humores de cada quadriculado do
provas, uma cave para vinhos, uma loja e um espaço Douro permanece desafio diário.
museológico que ajudará a ilustrar a evolução do No terroir de sempre do Esporão, o Alentejo, as
vinho em Portugal. A inauguração tem um calendário castas e os diferentes clones de castas são tema recor-
que aponta finais do primeiro trimestre de 2025. rente, cientes da escassez de água e da inclemência
Em jeito de rodapé refira-se que a Sovina, das pri- dos aumentos de temperatura. O campo experi-
meiras cervejas artesanais nacionais e adquirida pelo mental, com 199 variedades plantadas cuidadas por
Esporão em 2018, passa a ficar sediada em Reguengos Amândio Rodrigues, tem sido particularmente útil
de Monsaraz, tal como acontece com os vinhos e os para encaixar diferentes peças num xadrez de sete
azeites alentejanos. tipologias de solo entretanto identificadas.
As novidades foram reveladas durante uma apre- É dada, pelo entremeio, a luz do dia ao puro expe-
sentação de portefólio e novos projetos do Esporão, rimentalismo enológico. A gama chama-se Fio da
concretizada no início de junho no Salão Nobre do Navalha e traduz-se em singelas produções, de 250 a
ISA. Sala cheia, por entre jornalistas, críticos, somme- mil litros, ensaios apenas disponíveis de modo direto
liers e docentes universitários. nas lojas da marca. Primário 2022, um 100% Padeiro
Percorreram-se vinhos da Quinta do Ameal de Basto, é absolutamente tentador…
(Vinhos Verdes), Quinta dos Murças (Douro) e O clima e as mudanças nos hábitos de consumo
Esporão (Alentejo, que também incluiu uma prova mundiais estão no topo das análises do Esporão, que
de azeites), num curioso misto de edições passadas e permanece convicto no caminho bio que tanta des-
estreias absolutas. confiança suscitou.
O desfiar dos vinhos é detalhado nas próximas “Os tempos que temos pela frente serão muitís-
páginas, cabendo nestas linhas mais próximas simo exigentes. O facto de já termos mudado o nosso
algumas considerações importantes de contexto. negócio – a nossa empresa, não a nossa identidade
A (r)evolução operada por João Roquette no – dá-nos a segurança de o continuarmos a fazer. Só
Esporão teve reflexos também na Enologia. José Luis assim crescemos como empresa e equipa”, conclui
Moreira da Silva é o atual administrador de produção João Roquette.
F I O DA Q U I N TA
N AVA L H A DOS MURÇAS
91 91
Fio da Navalha Primário 2022 Ameal Solo Único 2023
Vinho Verde / Tinto / Quinta do Ameal Vinho Verde / Branco / Quinta do Ameal
Rubi aberto. Cheira a vindima, tal é a franqueza Amarelo limão. Notas florais muito primárias,
aromática. Notas de morango, romã e um floral complementos de limão e raspas de laranja. A
bom. Tanino leve e fresco, estrutura dócil, final acidez tem um ataque frontal que logo refresca
muito saboroso e apelativo. Um excelente o conjunto, a estrutura tem boa energia, o final
exemplar do que os Vinhos Verdes podem é bem profundo e revela teimosia. Merece
também fazer em matéria de tintos. acompanhamento no tempo.
Consumo: 2024-2027 Consumo: 2024-2032
20,00 € / 16ºC 15,00 € / 11ºC
— —
89 93
Fio da Navalha no Campo 2022 Ameal Reserva 2022
Regional Alentejano / Branco / Esporão Vinho Verde / Branco / Quinta do Ameal
Dourado, reflexos âmbar. O perfil é “orange”, Amarelo, primeiros reflexos dourados. Notas de
da cor ao nariz. Notas de avelã, pêssego, casca flores secas, amanteigados, pêssego e raspas
de laranja e algum verniz. Leve sensação de de lima. Há uma sensação apimentada e um
tanino, acidez muito presente, texturado e com toque leve de tanino que o valorizam ao primeiro
desdobramento feliz de camadas até final. Um impacto. A acidez é firme, o volume está elegante,
fora da caixa guloso. o final é longevo e nobre. Saberá evoluir.
Consumo: 2024-2028 Consumo: 2024-2034
20,00 € / 11ºC 25,00 € / 11ºC
— —
87 92
Fio da Navalha Curtido 2022 Ameal Loureiro 2003
Douro / Branco / Murças Vinho Verde / Branco / Quinta do Ameal
Dourado, alguns reflexos ambarinos. A matriz é Dourado. Notas de cera de abelha, avelã, casca
deliberadamente oxidativa – notas de noz e de de laranja. O que mais impressiona é a frescura
avelã em primeiro plano. A tensão e a acidez que mantém, exposta através de uma acidez
graníticas garantem o pulsar. O final é firme e musculada e refrescante. O final é profundo e
seco. Leva-nos a estabelecer algum paralelismo de perfil muito mineral. Mostra uma evolução
com o sul de Espanha… surpreendente.
Consumo: 2024-2030 Consumo: 2024-2025
20,00 € / 11ºC
Q U I N TA D O S
E S P O R ÃO
MURÇAS
91 92 90
Quinta dos Murças Margem 2021 Esporão Reserva 2022 Esporão Aragonez 2004
Douro / Tinto / Murças Alentejo / Tinto / Esporão Alentejo / Tinto / Esporão
Rubi escuro. Terroso no nariz, lembra um Rubi. Nariz de cereja vermelha, Granada. Nuances de café, flor
mergulho no solo. Há complementos de bagas pimento, romã e um toque de cedro. seca e muita especiaria. O tanino
silvestres e cedro. O tanino é musculado, o O tanino é poderoso, a estrutura continua a dar luta, mas é a acidez
volume está em contexto, o final expõe uma apresenta-se musculada, o volume que lhe corre em fundo a mantê-lo
acidez que o consegue valorizar. Vive um está bem enquadrado, o final é particularmente desperto. Termina
momento feliz, tendo um perfil distinto. profundo e teimoso. Equilibrado, aguerrido e especiado, a confirmar
Consumo: 2024-2031 conseguirá perdurar. que tem sabido percorrer o tempo.
30,00 € / 16ºC Consumo: 2024-2034 Consumo: 2024-2028
— 20,00 € / 16ºC —
—
90 91
Quinta dos Murças Margem 2018 91 Esporão Trincadeira 1996
Douro / Tinto / Murças Esporão Private Alentejo / Tinto / Esporão
Rubi. Notas de cogumelo, floral silvestre, Selection 2019 Granada. Notas vegetais secas,
caruma e café. O tanino é sólido, o perfil Alentejo / Tinto / Esporão folha de tabaco, algum couro e um
corresponde ao ano quente, o volume é altivo Rubi escuro. O nariz tem uma toque de verniz. A surpresa surge a
e o final projeta-se com teimosia. Revela ainda componente vegetal acentuada, seguir e confirma os pergaminhos
estrada para andar. conjugada com fruto de floresta, da casta – o tanino permanece
Consumo: 2024-2028 como amora. Há complementos de vivaço, a estrutura mantém
fumo, cedro e tabaco. O tanino é fluidez, o final tem profundidade
—
assertivo mas fresco, a acidez em e equilíbrio. Volvidos 28 anos
86 fundo tem nota alta, o final perdura
longos minutos. Caminha bem, em
continua a dar imenso gozo.
Consumo: 2024-2028
Quinta dos Murças Margem 2016 desafio. —
Douro / Tinto / Murças Consumo: 2024-2032
Rubi. Notas florais secas, alguma volátil e piso 65,00 € / 16ºC 85
florestal. O tanino está esculpido pelo tempo, a — Esporão Reserva 1987
estrutura mantém frescura, o volume surge em
Alentejo / Tinto / Esporão
contexto, o final é mais plano. Está a conhecer
o início da caminhada final.
93 Granada muito aberto. Notas de
Consumo: 2024-2025 Esporão Touriga azeitona, couro, carne maturada
— Nacional 2011 e fumo. Tanino ainda fresco e
percetível, estrutura suavizada pelo
Alentejo / Tinto / Esporão
89 Ainda rubi. Mantém o perfil floral
tempo, final já frágil mas que serve
de testemunho de uma história com
Quinta dos Murças Margem 2015 ao primeiro contacto, seguindo 50 anos.
para a fruta vermelha desidratada,
Douro / Tinto / Murças Consumo: 2024-2024
café, fumo e folha de tabaco.
Granada. Notas de flores secas, cereja Concentrado também na prova,
desidratada, mato, azeitona e tinta da china. O de tanino assertivo, revela volume
tanino permanece firme, a estrutura tem uma equilibrado e tem um final muito
solidez à prova de humores, o volume mostra alongado e persistente. De um
concentração, o final é assertivo e apimentado. grande ano, mostra uma evolução
Quase uma década volvida sobre a colheita, impoluta.
revela os sinais do caminho percorrido. Consumo: 2024-2030
Consumo: 2024-2026
A primeira denominação italiana é também a única dedicada a vinhos brancos no seio da Toscana.
Por essa razão, diz-se da Vernaccia di San Gimignano que é uma ilha de brancos num universo de
tintos. Fomos conhecer a região e a casta Vernaccia, documentada desde os anos 900 d.C.
Clube de Revistas
V E R N ACC I A
DI SAN
GIMIGNANO
A ilha branca da Toscana
VERNACCIA DI SAN GIMIGNANO
Clube de Revistas
Conhecida pelas torres que formam o il Moro, o Papa Paulo III Farnese, Cosimo di San Gimignano, permitindo uma presença
casco histórico desta vila medieval (14 torres I; e de estudiosos e intelectuais, escritores e máxima de 15% de outras uvas brancas,
que sobreviveram a um total de 72 que cons- poetas, historiadores e artistas, como Piero desde que não incluídas na categoria de
tituíam a residência de nobres e ricos, tanto de Crescenzi, Dante, Boccaccio, Geoffrey castas aromáticas, como Traminer, Muller
mais altas quanto maior fossem as suas for- Chaucer ou Michelangelo Buonarroti. Thurgau, Moscato Bianco, Malvasia di
tunas), San Gimignano, património mundial Nos séculos XVIII e XIX, fruto do cres- Candia, Malvasia Istriana ou Incrocio Bruni
da Humanidade classificado pela Unesco, é cente domínio anglo-francês da produção e 54. As castas Sauvignon Blanc e Riesling
hoje um dos mais apelativos destinos turís- comércio do vinho e da introdução de novas podem contribuir com um máximo de 10%
ticos de Itália e, bem assim, da Toscana. bebidas, como o chá, o café e o chocolate, (em solo ou lote).
As origens da vila são remotas: diz-se que a produção da Vernaccia di San Gimignano O vinho Riserva deve envelhecer pelo
San Gimignano foi fundada em 63 a.C. pelos diminuía crescentemente, com cultivo resi- menos 11 meses em adega (em inox ou
irmãos Muzio e Silvio, patrícios romanos dual, frequentemente lotada com outras madeira) e pelo menos três meses em gar-
partidários de Catilina que, tendo fugido castas para a produção de “vinho comum”. rafa antes de ser colocado à venda. O rendi-
de Roma depois da conspiração frustrada mento máximo por hectare é de 9.000 kg.
para assassinar Cícero e da morte do seu O renascimento pós-Renascimento A vinificação e o envelhecimento do vinho
mentor na batalha de Pistório, encontraram devem ocorrer dentro da zona de produção.
refúgio em Valdelsa. Aqui, os refugiados O renascimento de Vernaccia di San
construíram dois castelos, a que chamaram Gimignano começou na década de 1930 e Origem incerta, terroir de luxo
Mucchio e Silvia, as bases da futura San foi promovido por Carlo Fregola, o regente
Gimignano. da Cátedra Ambulante de Agricultura em De origem incerta, a introdução da casta
Aliás, tudo nesta localidade respira his- Colle di Val d'Elsa. Convencido do potencial remonta, como vimos, aos séculos XII ou
tória, património e nobreza. Com a queda enológico e da possibilidade de replantação XIII. Porém, estudos genéticos recentes
do Império Romano e o advento da Idade da antiga vinha, este agrónomo começou a apontam para a origem grega ou greco-ro-
Média, San Gimignano floresceu com uma procurá-la vinha por vinha, linha por linha, mana da casta ou, pelo menos, a difusão por
das mais importantes localidades medievais. encontrando-a em quase todos os pontos do estes povos, na linha do padrão de dissemi-
A afirmação da localidade não está disso- município de San Gimignano. Em seguida, nação da bacia do Mediterrâneo no período
ciada do cultivo da vinha e da produção de apelou aos viticultores da região para que clássico.
uma casta especial: a Vernaccia. Em 1200, restituíssem a Vernaccia a uma posição de A vetustez da casta leva-nos a pensar
os registos do Ordinamenti della Gabella del importância nas suas vinhas, como casta numa forte diversidade intravarietal. A pre-
Comune mostram o desenvolvimento do capaz de produzir um vinho “verdadeira- sidente do consórcio, Irina Strozzi, confir-
comércio destes vinhos brancos, apontando mente fino”. ma-nos isso mesmo, dando conta de estudos
“a característica cor amarelo palha pálido, Na década de 1960, a Vernaccia recu- genéticos levados a cabo nos primeiros anos
com tendência para o dourado, o aroma fino perou importância, sendo progressivamente do milénio, que deram origem à seleção de
e sabor seco com final de boca amargo”. Isto replantada em novas vinhas especializadas, 12 clones considerados mais aptos.
pese embora os documentos históricos men- com sistemas de condução adequados – o A etimologia do nome não é clara.
cionem a existência de terras plantadas com famoso ‘cordone speronato’, sistema de Segundo alguns, pode derivar de ‘vernus’,
vinha na “corte de Gemignano” já em 1032, poda curta muito difundido na Toscana e que significa inverno, a apontar para resis-
ao passo que os registos arqueológicos até particularmente adequado para solos secos tência da casta aos rigores invernais; outros
datam a viticultura na área desde a época e medianamente férteis -, muito antes de referem a ligação a vernáculo, termo latino
etrusca – com os sistemas de condução outras zonas da Toscana com forte vocação usado para se referir ao que é de origem
clássicos em ramada e pérgola, tal como na vitivinícola. local, ou autóctone. Subsiste uma hipótese
região dos Vinhos Verdes. Em 1966, foi o primeiro vinho italiano toponímica, avançada por Gallesio em 1839,
Gozando de enorme sucesso interna- a obter o estatuto de Denominazione segundo a qual a designação provém de
cional durante a Idade Média e o período do di Origine Controllata. Já em 1972 foi “Vernazza”, localidade da afamada Cinque
Renascimento (foi até motivo para visita do criado o Consorzio della Vernaccia, mais Terre e do famoso vinho branco comercia-
poeta e embaixador da República Florentina tarde Consorzio della Denominazione lizado pelos genoveses, que constituiria a
Dante Alighieri para a criação de uma Liga San Gimignano, obtendo o estatuto origem de Vernaccia, introduzido em San
Guelfa da Toscana, em audiência que teve Denominazione di Origine Controllata Gimignano no início do século XIII - embora
lugar a 7 de maio de 1300, imortalizada i Garantizata (D.O.C.G.) em 1993 e San existam registos nos arquivos municipais
nos belíssimos frescos que podem ser admi- Gimignano Rosso DOC em 1996. Em 2012, de San Gimignano de alguns pés de videira
rados na Sala Comunale di Dante, na sede do as alterações ao Regulamento de Produção importados da Grécia em 1280, plantados
município), a casta e o vinho entraram num “San Gimignano DOC” vieram regulamentar em Pietrafitta. Esta dualidade sugere a exis-
longo período de declínio, que durou até à a produção dos diferentes tipos de tintos, tência de duas variedades contemporâneas,
segunda metade do século XX. rosé e Vinsanto e Rosato (ver caixa). mas diferentes: uma toscana-ligúria e outra
A partir do século XIV e durante todo De acordo com os regulamentos, as uvas grega. De acordo com outra interpretação
o Renascimento, a Vernaccia di San para a DOCG podem ser apenas cultivadas ampelográfica, diz-se que o nome Vernaccia
Gimignano era presença nas mesas dos no território municipal de San Gimignano, provém de Garnacha (branca) ou Grenache,
ricos comerciantes e dos poderosos da sendo que o vinho deve ser elaborado no vinhas importadas repetidamente para Itália
época, como Lorenzo de Medici, Ludovico mínimo em 85% a partir de uvas Vernaccia pelos espanhóis.
Alessandro Chiti
Tradicionalmente, a produção do vinho temperaturas são típicas da zona climática glória que havia ostentado, San Gimignano,
envolvia a fermentação em contacto com as e variam entre −5°C e +37°C. A precipitação como outras localidades da região – e do
películas, em grandes recipientes de madeira. média anual ronda os 700 mm, com um país – viram-se privadas de grande parte
Mais recentemente, a opção pelo inox e tem- mínimo relativo no verão e dois picos, no da mão de obra, que procurava as zonas
peratura controlada e a utilização de inóculo final do outono e início da primavera, onde mais industriais e as fábricas, em busca de
comercial, sobretudo nos vinhos de entrada, se concentra significativamente num período melhores condições de vida. Por isso, os anos
abriu novas dimensões e possibilidades à de cerca de 80 dias. A zona beneficia de boa 60 e 70, com a explosão da indústria têxtil,
Vernaccia. Não obstante, alguns exemplares, ventilação em todas as épocas do ano, sendo assistiram à quebra qualitativa da viticultura
em curtimenta e ânfora, vieram retornar raros os episódios de nevoeiro. e da qualidade do vinho. É assim que ainda
o vinho às suas origens, quase como que o Irina Strozzi referiu, na abertura da hoje, se compreende o desafio da valorização
fecho de um ciclo que se inaugurou há mais Regina Ribelle Wine Fest, que decorreu da Vernaccia, já que, de acordo com vários
de um milénio. em San Gimignano, que da última colheita produtores que consultamos, o preço médio
O território de produção da DOCG foram colocados no mercado 3.592.700 de venda (na produção) é de 180 euros por
situa-se no município de San Gimignano, que litros de Vernaccia di San Gimignano 100 hl.
se estende por uma área de 13.800 hectares (contra 3.475.300 litros em 2022), alcan- Marialuisa e Letizia (Leti para os amigos)
no noroeste da província de Siena, a uma alti- çando “o melhor resultado entre todas Cesani são, juntamente com o pai, Vincenzo,
tude entre 67 e 629 metros acima do nível as Denominações Toscanas de Origem responsáveis deste produtor que ostenta o
do mar e com uma Superfície Agrícola Útil Controlada e Garantida, com um aumento nome da família. A casa Cesani foi fundada
(SAU) de aproximadamente 5.600 hectares, de mais de 3% de garrafas produzidas” - pelos avós depois da II GM, que vieram da
maioritariamente utilizada como terras ará- 4.790.266 de garrafas de Vernaccia di San região de Marche, no Adriático, para norte.
veis, olivais e vinhas. Gimignano DOCG. O potencial de pro- Hoje, as netas granjeiam 35 hectares, dos
Estas últimas ocupam uma área de cerca dução referente à área plantada com vinha quais 26 são de vinhas (14 de Vernaccia) em
de 2.000 hectares, entre 70 e 500 metros no município é de quase sete milhões de kg várias parcelas espalhadas por dois quilóme-
acima do nível do mar, em solos de origem de uva, equivalente a 4,8 milhões de litros tros de distância, com vastas áreas de bosque,
pliocénica que datam de 6,8 a 1,8 milhões de de vinho. O número de empresas que soli- 4.000 oliveiras para produção de azeite e até
anos e são constituídos por areias amarelas citaram a denominação na colheita de 2023 um hectare de açafrão.
(tufo) e argila, de consistência arenosa ou foi de 101, das quais 80 eram membros do Marialuisa é quem lidera o agroturismo e
mista, muitas vezes estratificadas em argilas consórcio. Letizia é a enóloga da casa. Esta assume-se
mais compactas e profundas. Na última década, “observamos uma apaixonada pela variedade branca Chablis
Além disso, os solos quase não contêm tendência acentuada de redução dos rendi- e pelos Sauvignon Blanc do mundo, desta-
pedras pesadas e muito pouca matéria orgâ- mentos, em grande parte para melhorar a cando ainda as virtudes da Sangiovese nos
nica e, graças à presença do tufo, permitem a qualidade da Vernaccia di San Gimignano Chianti Classico. “A nossa Vernaccia é ela-
penetração profunda das raízes das vinhas. A DOCG em detrimento da quantidade” e, borada 100% em inox, porque cada vez mais
rica presença de tufo, aliada a substratos cal- também, “devido aos fenómenos extremos a acidez é um problema”, refere. O facto de
cários cavernosos, são elementos pedológicos gerados pelas atuais alterações climáticas, estarem localizados na zona mais seca da
que marcam os vinhos resultantes. afetando negativamente a produção”, DOC, Pancole, é compensado com a alti-
Ainda segundo Irina Strozzi, os 2.146 hec- afirmou. tude (400 metros), a presença constante dos
tares de vinha estão subdivididos da seguinte ventos e a exposição norte da maior parte das
forma: 768 hectares para a produção de Vinho de qualidade ou vinho de zona vinhas. As fermentações são longas (cerca de
Vernaccia di San Gimignano D.O.C.G.; 450 conhecida? um mês a 15ºC) e o trabalho com as borras
hectares para a produção dos diversos tipos permite obter um perfil geral mais oxidativo.
de San Gimignano D.O.C., Rosato, Rosso, Visitada anualmente por cerda de três Parte da vinha velha, com cerca de 50 anos,
Vin Santo Occhio di Pernice, Vin Santo, milhões de turistas, atraídos pelos encantos instalada em solos de argila e conduzida em
Sangiovese e outros vinhos estremes pro- desta vila medieval, pela nobreza das suas Double Geneva Curtain, é direcionada para
duzidos a partir de uvas tintas internacio- torres e pelo estatuto de Património Mundial as gamas Clamys e Sanice, onde pretende
nais; aproximadamente 800 hectares para a da Humanidade, cabe colocar a questão: será ressaltar a mineralidade dos solos, em que a
produção de Chianti D.O.C.G., Chianti Colli a Vernaccia de San Gimignano um vinho de salinidade do perfil permite contrabalançar
Senesi D.O.C.G. e Toscana I.G.T. qualidade, ou apenas um vinho exclusivo de a escassez de ácidos – também por isso, os
A área de produção caracteriza-se por uma área mundialmente famosa? vinhos nunca fazem fermentação malolática.
um clima submediterrânico com verões Se bem que, depois da Segunda Guerra A produção anual ronda 120.000 garrafas,
secos e invernos bastante rigorosos. As Mundial, a Vernaccia retomou a aura de das quais 60% correspondem a Vernaccia.
Fornacelle, em San Benedetto, é outro pro- semanas nas películas, para transmitir fres- nomeadamente o stress hídrico e a reduzida
dutor de média dimensão, que alia o turismo cura” ao conjunto. pluviosidade, a isso obrigarão, refere.
à produção de vinhos. Marco Guisti é igual- Por sua vez, Alessandro Chiti, proprietário O Isola Bianca, referência campeã que enal-
mente a terceira geração de proprietários, e enólogo da Podere La Casa Rossa (Podere tece a própria existência da DOC, resulta numa
tendo o avô adquirido estas terras em 1950. vem do vernáculo toscano que significa pro- produção anual de 150 a 160.000 garrafas/
No total, reúne quatro hectares de Vernaccia, priedade), produz vinhos a partir dos 13 ano. A enóloga Irene Leonzio explica que,
outro tanto de Sangiovese e Canaiolo e uma hectares de vinhas biológicas, das quais oito para esta gama em particular, cujos vinhos
“pincelada” de Merlot, tudo em produção bio- correspondem a brancos, entre Vernaccia são elaborados integralmente com Vernaccia,
lógica. As vinhas mais antigas datas dos anos e Malvasia. A produção de 120.000 gar- “não procuram expressão de vinhas, mas
quarenta. rafas/ano desta ‘casa vermelha’ datada do manter um perfil constante”. Na prova ver-
A produção é de 8.000 garrafas de século XIX oscila entre os Vernaccia di San tical que percorreu os anos 2017 a 2022,
Vernaccia, das quais 1.000 são da categoria Gimignano (prova dos anos 2017, 2021 e constatamos um perfil de mineralidade algo
Riserva, a que se juntam 4.500 de tintos e 2022), os Melandre (70% Chardonnay e 30% redutiva nos mais recentes, floral, expressão
500 de Vin Santo, produzido com base nas Malvasia) e Gradaoliva (nome de pedra semi- de acidez cítrica, com alguma nuance amen-
castas Malvasia e Trebbiono, “com um pouco preciosa, um 100% Chardonnay classificado doada. A enóloga assume que “não procuram
de Sangiovese para dar cor”, sublinha. Estes como IGT Toscana). ambientes de redução”, procedendo “a mace-
vinhos possuem, por norma, “180 g./L. de Finalmente, o gigante: Teruzzi. Casa fun- ração pelicular de 20% do mosto durante uma
açúcar, 4,5 g. de acidez total e 16,5% TAV”, dada em 1974,é hoje pertença do grupo Terra noite a 9ºC para conferir corpo ao vinho sem
dada a pacificação das uvas, sendo elaborados Moretti, adquirido à Campari por Vittorio perder frescura” mas, uma vez que se trata de
em ‘caratelli’ de 80 litros, onde permanecem Moretti. Este grupo, que atua ainda nos “uma variedade rica em catequinas”, polifenol
por quatro anos. setores da construção e turismo, detém cerca com forte ação antioxidante, “permitimos uma
Os vinhos ditos entrada de gama da casta de 1.000 hectares de vinhas, espalhados por oxidação inicial do mosto, durante cerca de
resultam em exemplares com grande potencial Franciacorta (250 hectares), Maremma vinte minutos, como estratégia de proteção ao
de envelhecimento, atestados na prova dos Toscana (500 hectares, na quase totalidade longo do tempo”. Irene afirma ainda que, nos
anos 2020 e 2012 do Fornacelle Vernaccia Vermentino), Val di Cornia e Sardenha – últimos anos, o teor de catequinas tem aumen-
di San Gimignano, apesar da fermentação e, claro, 63 hectares de Vernaccia di San tado, o que justifica a cada vez maior necessi-
simples, em inox a temperatura controlada, Gimignano na propriedade de 96 hectares em dade desta intervenção.
sem presença de madeira. Já os da categoria Casale. Vittorio confidencia-nos que o grande Por outro lado, a fermentação dos vinhos,
Riserva sofrem, por norma, “ligeira maceração desafio da denominação é “crescer em valor” - que decorre 100% em inox, é feita separada-
pelicular, de duas a três horas, antes de ser “somos uma DOC com reconhecimento inter- mente, de acordo com as diferentes parcelas
clarificado”. Fermenta a baixas temperaturas nacional, uma ilha de brancos numa região assinaladas, para que se proceda depois ao
por um mês, permanecendo um ano, com as mundialmente famosa e valorizada, a Toscana. lote final, de acordo com o perfil desejado. E
borras, em madeira, mais seis meses em gar- Temos que saber vender em conformidade”, qual é? “Procuramos vinhos que tenham um
rafa antes de lançar para o mercado. Nestes remata. fio condutor na linearidade, preciso na acidez
exemplares provados, dos anos 2018 e 2019, Alessio Gragnoli é agrónomo e responsável (médias de 5,5 g./L.) e elegantes; mesmo nos
ressaltam os tons dourados, o volume de boca pela viticultura da casa, integralmente em vinhos de colheitas mais antigas, parece que
seco, com boa estrutura e um certo amargor modo bio. Nos solos de argila (40%), limo estamos a beber um vinho recente de outro
herbáceo, comuns a vários destes vinhos. (50%) e areia, a vinha, com densidade de produtor”. Aos que os acusam de gerarem
Francesco Galgani, produtor da Capella 5.500 pés por hectare, é plantada em com- vinhos tecnológicos, replica que “são feitos
Sant’Andrea, explica esse amargor pelo facto passos de 0,80 por 2 metros, sendo as entre- para agradar, prazenteiros”, conclui. Nas
comum de, no lote, ser incluída uma pequena linhas alternadamente semeadas com legumi- gamas de vinhos superiores, como Sant’Elena
percentagem (até 10%) de Sauvignon Blanc, nosas, com rotação anual entrelinha. Mais do Riserva ou Terre di Tufi (neste caso, junta
enquanto “casta semi-aromática autorizada”. que selecionar as melhores vinhas, o ideal para 30% de Trebbiano e outras castas aos 50% de
Este produtor, vizinho do gigante Teruzzi, a Vernaccia é “manter o equilíbrio produtivo Vernaccia), nota-se maior expressão de vinha,
tem no seu portefólio a Vernaccia Prima Luce, interanual”, afirma. barrica e tensão mineral.
feito a partir de vinhas instaladas em solos de Hoje, a empresa “trabalha com seis clones Retomando a questão: vinho de qualidade
argila, “que oferecem menos acidez ao vinho”. da casta nas diferentes vinhas”, mas Alessio ou vinho de zona conhecida? Um pouco de
Por essa razão, o vinho é elaborado feito em estima que, “no futuro, reduzirão a dois ou ambos, mas um potencial tremendo.
ânfora, com “recurso a engaço e com três três”. Isto porque os principais problemas,
Giorgio Comotti
OS OUTROS VINHOS
DE SAN GIMIGNANO
Irina Strozzi
AI WEIWEI BRINCA
AOS LEGOS
Nem só de medievalidade e história vive San
Gimignano. É verdade que o turismo é a principal
atividade económica local, mas a dinâmica cultural
tem uma palavra a dizer. Três amigos, Mario Cristiani,
Lorenzo Fiaschi e Maurizio Rigillo, naturais de San
Gimignano, fundaram a Galleria Continua em 1990,
nas instalações de um antigo cinema situado no
centro medieval, tendo expandido, ao longo dos
anos, para outras cidades mundiais, como Beijing,
Les Moulins (arredores de Paris), Habana, Roma, São
Paulo, Paris e Dubai. Na casa-mãe de San Gimignano,
é possível visitar, até 1 de setembro próximo, a expo-
sição Neither Not de Ai Weiwei (o chinês mais por-
tuguês do mundo, já que reside em Montemor o
Novo…). Ocupando toda a área expositiva da galeria,
a instalação destaca um conjunto de novas obras
feitas a partir de peças Lego, bem como outras mais
antigas em porcelana, madeira, mármore, bambu e
outros materiais. Focando-se no autoritarismo e na
crítica política e social, o título da exposição remete
para a abertura de “novas possibilidades de pensa-
mento para além das verdades absolutas e interpre-
tações enviesadas”, num “estado de ambiguidade
que permite ampliar o debate”.
A LINHAGEM DA
GIOCONDA
Agora que o Europeu de futebol está na sua fase final, a Revista de Vinhos decidiu levar a cabo
uma prova temática que confronta uma categoria de vinhos única: os espumantes com estágio
prolongado, pondo frente a frente exemplares nacionais e internacionais. Neste capítulo,
Portugal apresenta-se a um nível qualitativo elevado - apesar de, com algumas exceções, não
estar ainda a par do que se faz noutras paragens, o caminho percorrido é notável…
ESPUMANTES
COM ESTÁGIO PROLONGADO
AO RITMO DE UM EUROPEU
E S P U M A N T E S C O M E S TÁ G I O P R O L O N G A D O
Clube de Revistas
texto Marc Barros / notas de prova Bento Amaral, Guilherme Côrrea, José João Santos, Luís Costa, Marc Barros, Nuno Bico e Tiago Macena / fotos Ricardo Garrido
Já muito foi dito e escrito, incluindo nestas páginas, sobre o É bom de ver que, quanto maior o tempo de estágio, maior
percurso que o vinho espumante leva entre nós. Hoje, Bairrada a complexidade do espumante; existem estudos que com-
e Távora Varosa, representam mais de 70 % do total de espu- provam a degradação das leveduras durante anos após o final
mantes elaborados, cujo total ascende a aproximadamente 12 da segunda fermentação. E os resultados são inequívocos: de
milhões de garrafas. Porém, a tendência para a espumantização acordo com o enólogo Pedro Guedes, na sua obra ‘Fizziologia’,
de vinhos disseminou-se e, na atualidade, fazem-se espumantes neste processo são libertados compostos voláteis como ésteres,
de grande qualidade em todas as regiões nacionais. Mas, quando aldeídos ou lactonas, para além do seu contributo na melhoria
o tema são estágios com mais de 36 meses, a conversa é outra… da espumabilidade, que se torna mais estável e com bolha mais
Assim, a prova temática desta edição incide sobre espumantes fina. Também na prova de boca, o tempo de estágio estimula a
com estágio prolongado - no caso, com mais de 36 meses. A libertação de taumatina, uma proteína 2500 vezes mais doce
legislação em vigor (Portaria n.º 1070/98, de 30 de dezembro) que o açúcar, que estimula outras sensações e permite reduzir a
prevê que os Vinhos Espumantes de Qualidade observem adição de sacaroses na dosage.
determinados períodos de estágio sobre as borras depois da A mousse é um dos principais elementos de prova nesta cate-
segunda fermentação em garrafa nas categorias Reserva (12 a goria de vinhos. Como já aqui referiu Guilherme Corrêa, “os
24 meses sobre as borras), Super Reserva (24 a 36 meses) e grandes espumantes do mundo são sempre cremosos e podem
Velha Reserva ou Grande Reserva (mais de 36 meses). permanecer no palato, com prazer, por muitos segundos, sem
Apesar do peso que a produção e o consumo começam a termos que degluti-los ou cuspi-los por excesso de espuma”. A
ostentar em Portugal, o país ainda não foi capaz de encontrar boa mousse “derrete na boca e lembra-nos apenas, com um sus-
uma designação capaz de representar os vinhos espumantes surro, não com um grito tonitruante, que estamos a beber um
nacionais, ao contrário de outros países ou regiões – sem espumante”. Por isso, “é fundamental que não seja protagonista
referir Champagne, por razões óbvias, pensamos em Cava, e sim coadjuvante para a expressão do terroir, da qualidade das
Prosecco ou Sekt como designativos universalmente aceites uvas e do talento do enólogo”.
que remetem para um tipo de vinho de um determinado país ou
região – vinhos que aqui também avaliamos em amostras cujo Regresso ao Euro
número, apesar de incipiente, permite retirar algumas ilações.
No que concerne à prova propriamente dita, qual Euro do
A importância do estágio futebol, Bento Amaral refere a “surpresa de se verificar alguma
consistência nos espumantes portugueses com estágio mais
O estágio em contacto com a levedura dá-se após cada uma prolongado”, mostrando que “Portugal consegue fazer vinhos
das garrafas (caso estejamos perante o método clássico) ter espumantes que, apesar de ainda não estarem ao nível interna-
sido objeto de fermentação alcoólica individual. Por aqui se vê a cional, não nos envergonham”.
exclusividade do processo e a importância do papel do enólogo O enólogo e pré-Master of Wine Tiago Macena alinhou no
no mesmo. Este envelhecimento, que se dá durante meses, anos mesmo discurso, não deixando de notar que “há espaço para
ou mesmo décadas em cave ‘sûr lattes’, em posição horizontal, melhorar”. Se, por um lado, “foi bom ver que este fenómeno é
para promover o contacto do vinho com o inóculo e obter fer- transversal ao país e não apenas de uma região em particular”,
mentação homogénea, é responsável pelo refinamento e com- são “as regiões mais frescas que acabam por se revelar em
plexidade que os grandes espumantes com estágio prolongado prova com um estilo mais adaptado”. Por outro lado, trata-se de
conseguem obter. “vinhos que têm um posicionamento superior mas são um bom
Estes refletem-se na espumabilidade e bolha, mas também complemento de portefólio para elevar a fasquia”, resumiu.
na obtenção de uma plêiade organolética notável, bem como Na perspectiva de José João Santos, “falta definir o que é o
cremosidade e textura. Não apenas a influência do contacto da perfil do espumante português”, ao que Nuno Bico acrescentou
levedura com o vinho durante o estágio, mas também as trocas que “Portugal ainda não tem a tradição nem um terroir fantás-
gasosas entre o vinho no interior da garrafa e o meio ambiente, tico na produção de espumantes mas, ainda assim, provamos
favorecem esta evolução. bons espumantes”.
O primeiro fenómeno, em termos simples, designa-se por Aludindo à comparação com os vinhos internacionais pre-
autólise das leveduras. Estas morrem após a segunda fermen- sentes na prova, Nuno Bico afirmou que “as casas interna-
tação e, cerca de um ano volvido, principia a sua degradação, cionais, com as francesas à cabeça, sabem que o cliente está
sendo libertados compostos azotados e produzidas macro- disposto a pagar bom preço pelos vinhos e isso reflete-se na
-moléculas que conferem qualidade à espuma (como polissa- produção de qualidade”. Neste capítulo, Bento Amaral deu
cáridos) e complexidade organolética aos vinhos. Só cerca de conta de “grandes diferenças entre espumantes das várias ori-
quatro meses depois da segunda fermentação alcoólica, a popu- gens e, mesmo dentro do Champagne, notou-se muita diversi-
lação de leveduras deixa de ser capaz de eliminar aminácidos, dade no perfil das casas”. Vale aqui a gíria do futebol, segundo
mantendo-se assim o teor de azoto no líquido relativamente a qual o jogo são 11 contra 11 e no final ganha… quem o leitor
estável até entre nove a 12 meses – período a partir do qual decidir.
arranca o processo de autólise.
91 91 91
bolha, mas também levou à longo, final cremoso. TM o final tem excelente projeção
diminuição da sensação de Consumo: 2024-2028 e mais textura. Revela uma
acidez. NB Consumo: 2024- 32,49€ / 8ºC evolução nobre. JJS Consumo:
2029 / 34,99€ / 8ºC 2024-2028
52,00€ / 8ºC
91
91
Ventozelo Espumante
Bruto Natural 2018
Douro / Espumante / Quinta
de Ventozelo
Dourado, mousse abundante,
bolha fina, delgada e
persistente. Belíssima
complexidade aromática,
entre os aromas de pastelaria,
amanteigados, fruto seco
e algum floral seco. Na
boca revela a delicadeza e
cremosidade da mousse, a
acidez é vibrante e precisa,
deixa rasto de panificação, em
final seco. MB Consumo: 2024-
2028 / 32,95€ / 8ºC
92 91 91
Thierry Fournier Millésime Adrian Renoir Le Terroir H. Blin Petit Meslier 2020
Blanc de Blancs 2018 Gran Cru Extra Bruto Champagne / Espumante / H. Blin
Champagne / Espumante / Champagne / Espumante / Adrian Certificado como ‘cepage oublié’.
Thierry Fournier Renoir Aromas de autólise e pão torrado,
A SELEÇÃO DE ESTRANGEIROS
De cor amarelo-palha com uma Tom dourado, ligeiro acobreado. floral e fruta branca. Nuance de giz.
mousse delicadíssima. Dominado por Notas de pastelaria a par de aromas Bom volume, a mousse é delicada e
frutas de pomar, panificação, e um florais, jasmim, fruto vermelho bem integrada, com textura suave.
ligeiro lado lácteo. A elevada acidez delicado, expressão mineral. A Final médio, com boa percepção de
prolonga a sensação do vinho em mousse é finíssima e cremosa; a acidez e rasto de mineralidade. MB
boca. NB acidez é equilibrada e não esconde a Consumo: 2024-2027
Consumo: 2024-2032 secura da mineralidade calcária. MB 69,00€ / 8ºC
57,00€ / 8ºC Consumo: 2024-2028
60,00€ / 8ºC
91 90 90
Pommery Apanage Brut Coller Art Deco Premier Cru Collet Origine Brut
1874 Champagne / Espumante / Cogevi Champagne / Espumante / Cogevi
Champagne / Espumante / Citrino, brilhante. Bolha finíssima, Cor citrina. Notas elegantes de fruta
Vranken-Pommery perlage persistente. Complexidade de pomar, flores brancas frescas,
Tom pálido, bolha finíssima, cordão aromática notável, fruta branca e brioche e fumo. Foi encontrado um
regular. Expressão floral elegante, vermelha, brioche intenso. Boca bom equilíbrio entre a acidez, a bolha
jasmim. Fruto de polpa branca, linear de acidez crocante, excelente suave e a doçura deste Champagne
groselha, nota de pastelaria. Na equilíbrio com os cerca de 8 g./L. bruto. BA Consumo: 2024-2029
boca é suave, equilíbrio notável da dosagem. Longo e texturado. TM 35,80€ / 8ºC
entre a acidez e a estrutura, apesar Consumo: 2024-2028
dos cerca de 10g./açúcar. Mousse 46,50€ / 8ºC
cremosa, delicada. Final longo,
persistente, ao qual regressa o tom
de pastelaria, massapão e nota
curiosa de rebuçado. MB Consumo:
2024-2028
70,00€ / 8ºC
90 88 88
Frank John Riesling Brut 36 Juvé & Camps Reserva Segura Viudas Reserva
2019 de la Familia Gran Reserva Herdad Bruto 2016
Pfälzer / Espumante / Frank John Brut Nature 2018 Cava / Espumante / Freixenet
Dourado, reflexos acobreados. O Cava / Espumante / Juvé & Camps Cor citrina. Notas de pão torrado,
cordão é fino. Notas de fumo e Palha, laivo brilhante. Aromas de levedura, petróleo e pêssego. Fresco,
querosene, fermento e marmelo. feno, resina e fruta branca, a par crescendo na boca com mousse
Mousse equilibrada, acidez salivante, do toque de panificação. Mousse equilibrada e final de fruta de árvore.
final que perdura por longos minutos. cremosa, saboroso, a acidez é GC Consumo: 2024-2024
Merece conversas com conteúdo e equilibrada e o final de bom 26,00€ / 8ºC
vai na mouche com frutos secos. JJS comprimento. MB Consumo: 2024-
Consumo: 2024-2028 2028
32,00€ / 8ºC 19,90€ / 8ºC
N OTA PREÇO NOME DO V INHO / REG IÃO / PROD UTOR NOTA PREÇO N OME DO V INHO / REG IÃO / PR ODU TOR
VINHOS PROVADOS
N OTA PREÇO NOM E DO V INHO / R EG IÃO / PROD UTOR NOTA P RE ÇO NOME DO VINH O / R EGIÃO / PRODUTOR
A nova vida do
Fazem lembrar aquelas pessoas agrestes forma de atrair a atenção para este “delica- Ouriceira Aqua visa o acabamento de gónadas
antes de as conhecermos. Depois de se tessen”. O melhor é colocar na agenda, para (recolher os animais adultos e engordar as
abrirem, são doces e levam-nos por mares comparecer no próximo ano, porque decorre gónadas para que fiquem disponíveis mais
nunca antes navegados. sempre em abril. tempo) e o desenvolvimento da sua qualidade
Delicados mas intensos, os ouriços envol- “Não se trata de mais um festival, mas de um para consumo humano – em termos de valor
vem-nos numa onda de mar em estado puro, projeto com impacto no território e na comu- económico, nutricional e características sen-
refrescante e sensual. São um pequeno nidade, valorizando um ícone gastronómico, soriais –, reproduzindo-os em cativeiro.
grande tesouro e há quem se preocupe em recuperando a tradição, integrando a restau- Correndo risco de extinção, o ouriço tem
valorizá-los. ração local, a cadeia produtiva e a vertente assim uma forma de ser “recuperado na nossa
Na Ericeira, a tradição das chamadas “ouri- científica numa cadeia de valor. A Ericeira mesa, valorizando o consumo e preocupan-
çadas”, em que grupos de amigos e famílias torna-se destino gastronómico também pelo do-nos com a questão da biodiversidade de
andavam a apanhá-los na praia, era sobretudo ouriço. Recupera-se nas nossas mesas, dá-se forma a garantir que não acaba, apostando
comum na Páscoa. Depois caíram algo em ênfase à produção, distribuição e consumo, ao em ‘restockar’, daí a importância da parte
esquecimento. Mas hoje em dia tornaram-se mesmo tempo que se faz pedagogia”, enfatiza científica”, afirma Nuno Nobre. Facto é que de
símbolo endógeno por excelência e atraem Nuno. 17 toneladas se passou para 300 mil quilos de
milhares. Aliás, o nome Ericeira tem a sua raiz De nove restaurantes aderentes em 2015, descargas em lota e o preço por quilo subiu de
etimológica na palavra ouriço (do latim “eri- hoje são 27 os que se associaram ao movi- 1,5 euros para cinco euros.
cius”). mento que visa chamar a atenção para este Apesar do mar picado, degustamos alguns
De sabor agridoce e odor intenso, o seu tesouro gastronómico, com resultados palpá- exemplares de ouriço no restaurante Golfinho
potencial gastronómico é imenso. Envolvente, veis. Azul, um dos aderentes do projeto.
opulento e fresco, o ouriço deve estar vivo A ideia é “olhar para a cadeia de valor de Recentemente remodelado por Ricardo
quando nos preparamos para o consumir pois alimentação, identificar recursos e ícones gas- Ruel, mesmo situado junto ao mar, num cenário
trata-se de uma matéria-prima muito sensível tronómicos, repensando os produtos endó- de cortar a respiração, provamos ouriços ao
e frágil. Isso mesmo denota-se a olho nu, pois genos, sua biodiversidade, as culturas de pro- natural, com mousse de caril verde e ainda
os seus picos movimentam-se. dução das gentes e a economia local”, afirma. açorda de ouriços, mostrando a versatilidade
O produto vem sendo cada vez mais valori- O projeto integra ainda a vertente da do produto, com capacidade de proporcionar
zado, nos últimos anos, existindo mesmo uma investigação científica na valorização deste viagens sensoriais a solo e em composições
semana de festa a ele dedicada. O seu apelo recurso, para a respetiva “restockagem”, com tradicionais ou contemporâneas, sem perder
como “gourmandise” e recurso económico a participação da Faculdade de Ciências da a garra.
foi um dos caminhos para destacar este belo Universidade de Lisboa, Universidade de Évora Um exemplo, entre muitos, de como se tem
petisco. e Escola Superior de Turismo e Tecnologia de dado prestígio aqui a este ícone. “Este é um
Um dos mentores foi Nuno Nobre, con- Peniche, sob o chapéu do Centro de Ciências produto identitário do território português e é
sultor de turismo gastronómico, que orga- do Mar e do Ambiente (MARE), com vista necessário preservar e regular o ecossistema,
niza, há nove anos, com a parceria da Câmara ao cultivo e repovoamento, conhecimento avaliar a parte produtiva, sendo, para além da
Municipal de Mafra, o Festival Internacional das populações selvagens ou avaliação da academia, a Docapesca e o IPMA também par-
do Ouriço do Mar, de que é curador, uma apanha e transmissão de know-how. O projeto ceiros do projeto”.
O convite a chefes de cozinha nacionais criativas e contemporâneas, exibindo a sua uma prática comum.
e estrangeiros foi outra forma de atrair a versatilidade, é sempre um desafio para um Hoje, exigem, muitas das vezes, grande
atenção, partilhando resultados do projeto, cozinheiro. mestria e labor na apanha, obrigando ao mer-
dando-lhe visibilidade prática, nomeada- São cinco pequenos gomos laranja pre- gulho por apneia. O assoreamento, a evolução
mente a colaboração com a escola inter- ciosos que condensam mar e algas, mas cuja da linha de água, tem dificultado a apanha
nacional Cordon Bleu e com as escolas de complexidade pode situar-se entre o doce que noutros tempos se fazia sobretudo com
turismo e hotelaria. e o amargo, com uma leve ponta de acidez, duas ferramentas: o camoeiro e o picheiro, na
O receituário tradicional em torno do ligeiramente fumada, algumas notas de mel maré baixa.
ouriço é quase inexistente, pois são princi- e avelã, algum sangue até. Uma refeição Estamos com Paulo Rodrigues, do restau-
palmente comidos crus, ao natural. Diga-se, memorável, como todas as coisas simples. rante Sul, junto ao mar, mas hoje as ondas
de passagem, que é uma das melhores Estas lamelas, também chamadas de ‘coral’, encrespadas tornam a tarefa do mergulho
maneiras de os saborear, aliás, na sua autên- devido à cor, são a zona reprodutora e é exa- quase impossível.
tica plenitude. Até porque são filtradores tamente a única parte comestível. Há um cheiro intenso de maresia a entrar-
de água, ao contrário dos mexilhões ou Até há alguns anos, eram raros os que os -nos pelas narinas e o embate das vagas
amêijoas, por exemplo. Sobre finas fatias de degustavam, entre nós, pela perda da tra- altas até mete medo. “Só trabalho com peixe
tostas, com algumas gotas de limão ou tem- dição e, talvez, porque o seu aspeto exterior e marisco fresco do dia, mas hoje não vai dar
perados dentro das carapaças, para comer é pouco convidativo a aproximações, pois para apanhar ouriços com esta maré. Há cada
diretamente à colher. tem o corpo cravejado de picos. Não há bela vez menos ouriços e é complicado descobri-los,
Mas podem ser cozidos a vapor ou assados, sem senão. porque por vezes não se consegue ver nada e
o que evita, para os mais sensíveis, a desa- temos de palpar terreno. Torna-se complicado.
gradável sensação de os estar a comer vivos. “Ouriçar” deu lugar ao mergulho por Como é por apneia apanho três ou quatro por
Quando está morto fica com os picos abau- apneia mergulho e por isso é cansativo”, conta.
lados e sem viço. Também as ovas devem Lá ao longe, S. Julião debrua a paisagem
estar granuladas e consistentes. Noutros tempos, pela sua quantidade, costeira rematada pela imponência do Cabo
Há ainda quem se aventure a usá-los em era usual apanhá-los na nossa costa e abri- da Roca numa imensidão de azul e espuma.
risottos, empadas, açordas, tibornas, em “con- -los ali mesmo, nas rochas, depois de beber Preparamo-nos para descer abaixo do nível do
sommés” ou purés, aromatizando molhos, a sua água salgada e, com as mãos, levar mar até onde até há uns anos funcionava um
sopas de peixe e mariscos. as gónadas macias, cor de laranja, à boca. viveiro natural de ouriços em plenas Furnas, o
Tirar partido desta iguaria em versões Povoavam os mantos rochosos e “ouriçar” era único construído em rocha natural na Europa.
Paulo Rodrigues
@revistadevinhos
Clube de Revistas
Ricardo Ruel
Ainda chegaram a ser reabilitados há uns Se optar por cozê-los a vapor, bastam dois rochas e aí se protegem de outros predadores,
anos estes viveiros de mariscos, abando- ou três minutos. Depois de arrefecerem, colo- como o polvo, o peixe-porco ou as estrelas
nados há décadas e outrora dos pescadores ca-se a mão em concha para o acomodar e do mar. Alimentam-se assim não só de algas
locais, de forma a dar corpo a um projeto de com a faca procede-se da mesma forma. O e plâncton como dos próprios minerais, o que
reprodução de ouriços, a “Urchinland”, mas o melhor será depois coar a água da cozedura, lhes configura o sabor tão intenso.
projeto não funcionou devido ao progressivo que fica roxa, e aproveitá-la para um caldo. Apesar de todo o prazer que causam, os
assoreamento. Apanha-se sobretudo de dezembro a abril e ouriços não sabem o que é sexo. Isto porque
A apanha apeada é, assim, cada vez mais depois entram em defeso. Quando são fecun- a fecundação faz-se no exterior, libertando as
rara, mesmo na maré baixa. Mas para isso, deve dados, surge um leite branco ácido que já não fêmeas os óvulos para o mar, ao mesmo tempo
munir-se de um fato de borracha, umas luvas os deixa provar na sua plenitude. que os machos largam o líquido reprodutor. A
anti-corte, um pau com um ferro na ponta em Noutros tempos, faziam parte da alimen- união origina um ovo, seguindo-se uma fase
forma de gancho e uma rede ou camaroeiro. tação, como forma de subsistência. “Era larvar e posterior evolução para uma carapaça
Depois, olho vivo para descobrir as nossas uma forma de colmatar a falta de comida. cravejada de picos. Animais de poucos con-
esferas cravejadas de picos, normalmente dis- Comiam-se crus ou em cima da caruma a que tactos, portanto. Antes e depois. Quanto mais
simuladas entre as algas, locais onde há mais se chegava o fogo”, lembra Paulo. laranja for, indicia ser fêmea e por isso é mais
comunidades. O ouriço nacional não é muito grande mas caro.
Com o gancho tenta-se separar o ouriço tem imenso sabor. Mesmo assim, em Portugal O renascimento do consumo foi impulsio-
da rocha com bastante cuidado para não o é ainda subvalorizado, o que faz com que nado na Ericeira, sobretudo a partir da criação
dilacerar e guarda-se. Mas lembre-se que não o mercado seja muito reduzido e a procura do Festival Internacional do Ouriço-do-Mar,
poderá apanhar mais do que dois quilos. Para pouca, pois trata-se de um produto sazonal. uma iniciativa que deu maior visibilidade ao
os abrir, tanto se pode agarrar com cuidado a Chamam-lhe até “caviar dos pobres”. Mas produto, introduzindo-o como ingrediente nas
casca, cortando-o ao meio com uma faca no supera em sabor uma lagosta. Normalmente, o ementas dos restaurantes locais.
sentido longitudinal, ou com a ponta de uma período em que entra em ovulação, na pré-re- Com este projeto passamos a aproveitar um
tesoura que se enfia no aparelho mastigatório produção, vai de novembro a abril, altura em recurso natural próprio integrando-o numa
(a “Lanterna de Aristóteles”), e cortando late- que as suas ovas começam a atingir a matu- cadeia de valor e, ao mesmo tempo, ajudando
ralmente a carapaça. ridade. na sua reprodução. Um exemplo de como
Depois, retira-se a tampa, extrai-se a parte De várias cores, do púrpura ao violeta róseo podemos tirar partido dos nossos tesouros
negra e retira-se apenas a zona cor de laranja. e lilás, os ouriços fixam-se às paredes das gastronómicos.
Nuno Nobre
PRODUTO
Clube de Revistas
CHICO ELIAS
Sabores singulares em família
MESAS CLÁSSICAS DE PORTUGAL
Clube de Revistas
Já tem a bela idade de 61 anos, mas nem por isso Isabel foi apurando algumas das especialidades
perdeu a aura que o viu nascer, ainda como taberna criadas pela mãe e o atendimento tornou-se mais per-
na cidade dos templários. O Chico Elias, nome de refe- sonalizado. “Cria-se um ambiente familiar, estabelecen-
rência na restauração nacional, abriu as suas portas do-se uma relação familiar com os clientes”, confessa.
a 6 de janeiro de 1963 e, em 1970, transformou-se em Certos pratos foram criados com a ajuda Manuel
restaurante, local de eleição na antiga estrada que liga Guimarães, oriundo de Tomar, amigo da família, como
Tomar a Torres Novas, em Algarvias. as couves à prior, descortinada no convento de Tomar,
Francisco e Isabel Simões, hoje os representantes de a par de um receituário com história, já que a mãe de
um legado histórico onde se pratica a cozinha portu- Francisco e Isabel foi criada na mesma família do gas-
guesa tradicional e, ao mesmo tempo, inovadora, pre- trónomo José Quitério.
servam a alma do lugar que seu avô, Francisco Elias, “Tudo começou por uma taberna onde a minha mãe
inaugurou e onde se celebrava a boa mesa e os petiscos fazia uns petiscos, como a feijoada de caracóis, e os
singulares. Tal como hoje. oficiais milicianos vinham aqui fazer umas patuscadas.
Quem entra sente-se recebido em família, inspirado Depois, foi ganhando fama e passou a restaurante”, con-
pelo forno a lenha e a lareira, a par dos pratos originais ta-nos Francisco.
que se degustam lentamente, à moda antiga. No dia em que visitámos o restaurante para a repor-
Este legado quase histórico é respeitado replicando tagem no Chico Elias, sentimo-nos, de facto, como em
o modo de fazer dos ascendentes Maria do Céu Simões casa de família, degustando os pratos mais emblemá-
e Francisco Simões – que ainda tivemos a honra de ticos numa conversa boa, casando cada iguaria com
conhecer. Pela mão de Maria do Céu surgiram as céle- os vinhos Casal das Freiras, cujo produtor, José Vidal,
bres iguarias como o “bacalhau com carne”, o “coelho na também amigo da casa, nos fez memorável companhia
abóbora”, “cacholada, “pato com migas” ou as “couves à à mesa. Na mesma sintonia, trata-se de uma quinta
prior”, pratos que integram ainda hoje a ementa espe- secular, Family Estate desde 1882, e ainda hoje se
cial. encontra nas mãos do mesmo clã.
Mas para degustar estas vitualhas é sempre neces- Entre a conversa especial, provamos alguns vinhos
sário a reserva antecipada, pelo menos feita com 24h, muito gastronómicos, a exibir o potencial dos solos argi-
até porque tudo é apurado com tempo, em forno a lenha, lo-calcários do inconfundível Bairro ribatejano: o branco
para se abeberarem os velhos sabores que marcam Reserva 2022, um blend de Fernão Pires e Arinto, o tinto
memórias. “Este tipo de pratos não se consegue fazer Reserva 2021, produto das vinhas velhas da quinta com
na hora, por isso é sempre necessário saber antecipa- uma mistura de Castelão, Tinta Carvalha, Trincadeira e
damente quem vem para se comer tudo fresquinho e Preto Martinho, bem como o monovarietal de Castelão
acabado de fazer”, diz-nos Isabel. 2022, feito com Dirk Niepoort, para evocar a Festa dos
Só este pequeno pormenor já traduz uma das princi- Tabuleiros.
pais caraterísticas da nossa culinária pátria, ao sublinhar Um momento enogastronómico inesquecível que
a importância de um personagem poucas vezes men- mostra a magia de certos lugares que continuam a lutar
cionado para conseguir sabor: o tempo. Acrescendo a pela preservação da cozinha portuguesa e, já agora,
este facto, a lenta cocção que o fogo a lenha reproduz, pelos nossos terroirs.
temos sapidez garantida e o “segredo” da nossa cozinha
nacional. CHICO ELIAS
Isabel recebeu esta herança tentando melhorá-la na RUA PRINCIPAL, 70 / 2300-390 TOMAR
cozinha e Francisco na sala, anfitrião notável, criando T.24 931 1067
um ambiente acolhedor que nos faz sentir em casa. HORÁRIO: DOM:19H-22H; SEG:12H-15H/19H-22H;
QUA-SEX:12H-15H/19H-22H.
Um espaço
luminoso, serviço
hospitaleiro e
uma proposta
gastronómica
baseada em
produtos do mar,
com o toque autoral
do chef Hugo
Candeias.
LISBOA
Começou como uma marisqueira moderna, com o nome Lota d’Ávila, peixe e emulsão de soja ou a ceviche de lírio com laranja e amêndoa;
e o marisco, além dos preparos habituais tinha outros tratamentos, “Fire” (fogo) com peixes e mariscos, como gamba da costa, carabi-
assim como na ementa existiam alternativas e propostas mais elabo- neiros, camarão-tigre, raia com molho de manteiga, garoupa com pil pil
radas. Só que, salvo raríssimas exceções, uma marisqueira de cidade, e ovas, e diversos peixes do dia confecionados no carvão e que podem
pelo menos em Lisboa, tem uma fórmula vencedora difícil de superar, ser servidos (tal como os mariscos) com molhos diferentes. Ainda nesta
que anda à volta do produto confeccionado de forma simples - cozido, secção temos alguns pratos de arroz, em formato de paella, também
salteado e grelhado –, sem acompanhamentos e apenas com uma confecionados sobre o fogo. A terceira área é uma de “small bites”
ou outra intrusão cárnica no menu. Um profissional de tarimba como – que se serve igualmente no bar, fora do horário de refeições – ou
Vítor Sobral já tinha tentado atualizar o modelo, com a Cervejaria da seja, de pequenas porções, neste caso, em doses individuais, que
Esquina (que já não existe) e não tinha funcionado. Cientes de que podem ir de um bacalhau em tempura, a uma tiborna de stracciatella
o conceito também não estava a resultar, após a saída do líder da com gamba e papada de porco, um brioche de putilhita e limão ou
cozinha Vasco Lello, os responsáveis do Grupo Paradigma (os mesmos uma sandes de espadarte. Por fim, temos as sobremesas, com meia
do Ofício e parceiros de João Rodrigues no Canalha) convidaram para dúzia de propostas, entre elas a “tarta de queso”, o doce criado no país
assumir o cargo, Hugo Candeias, o chef que paulatinamente colocou o bascoque tornado fenómeno mundial nos últimos anos e que tem na
Ofício no mapa, e com ele adaptaram o conceito e o nome, que passou versão de Hugo Candeias, a melhor que conheço no nosso país.
a denominar-se Lota - Sea & fire.
A nova designação é praticamente auto-explicativa: predominam Um almoço num dia de semana numa “praia” do Saldanha
peixes e mariscos sendo uma boa parte confeccionada no carvão.
No entanto, há igualmente lugar a outros modos de confecção, bem Éramos dois, ao almoço, num dia de semana. Ficámos na sala lumi-
como a um cunho mais autoral no menu, à imagem do que acontece no nosa, ao som de uma playlist diversa (com volume demasiado alto
Ofício. Nesse sentido, a proposta de Hugo Candeias navega com muito - situação prontamente corrigida quando solicitámos) e não fosse a
à-vontade pelo mar de referências culinárias diversas que o influen- indumentária dos vários executivos que preenchiam boa parte das
ciaram, sejam de origem portuguesa, onde viveu boa parte da sua vida, mesas da sala até parecia que estávamos com os pés na areia. Naquele
sejam de influência mexicana (esta mais subtil por aqui) e espanhola, equilíbrio entre o não ficar empanturrado, mas ter matéria suficiente
decorrente da sua experiência como chef nos restaurantes mexicanos para apreciar, solicitámos um prato de cada secção, uns mais substan-
Nino Viejo e Hoja Santa, de Albert Adrià, em Barcleona. ciais, outros mais de petisco e creio que teria chegado, mesmo que o
Já o espaço levou uns retoques na decoração, mas manteve o chef não tivesse enviado uns extras de cortesia.
número de lugares (120) e o mesmo desenho, com esplanada, balcão Cingindo esta critica ao que pedimos, começámos com um tártaro
(logo à entrada), e, após passarmos a cozinha, o espaço principal, que de peixe e emulsão de soja. Nesse dia era atum, da parte do lombo,
nos remete para um ambiente de praia, com um pequeno terraço inte- cortado à faca em pequenos pedaços. Por cima vinha uma emulsão
rior, bar e uma sala muito luminosa e bem decorada. espessa de soja que dava densidade e um toque de umami à proposta,
A carta de comidas foi pensada numa lógica de partilha e divide-se também bem pontuada com um toque de óleo de cebolinho e folhas
em quatro áreas: “Sea” (mar), essencialmente com pequenos pratos de coentros bem como uns telhas fritas, tipo coscorão, como elemento
frios, entre eles alguns crus, como o carpaccio de atum, tártaro de crocante. Em poucas palavras: fresco e guloso.
Certamente que o leitor já pediu um determinado No capítulo das sobremesas é sempre difícil resistir à
prato a pensar numa coisa e quando o mesmo chegou tarte de queijo “basca”, do Hugo Candeias. Como referi
não era nada do que tinha imaginado. Aconteceu-me acima, não conheço igual por cá e está ao nível das
neste almoço com a tempura de bacalhau. Tinha ima- melhores que se comem no país vizinho. E pronto, lá veio
ginado algo parecido com uns nacos do cachaço fritos ela, sem adornos, só com um pouco de flor de sal de lado
num polme, como os que Miguel Castro Silva fazia em (que dispensámos), caramelizada no topo, cremosa no
tempos, no De Castro Elias, perto dali. Ora, não era nada centro e sem derreter em demasia. Só não cometam o
classificação disso. Porém, ao contrário do que muitas vezes acon- mesmo erro que que eu cometi, que foi partilhá-la.
tece, não houve lugar à desilusão. De todo! A proposta Em termos de vinhos a carta do Lota, que conta com
estava mais para pastel de bacalhau, mas com um cerca de 60 referências, procura fugir ao óbvio, ainda
recheio cremoso, como se fosse um soufflé de baca- que não seja propriamente para “geeks”. No fundo, é
17 lhau rico de sabor encapsulado numa massa crocante eclética. Em tipo de estilos, proveniência e referências,
de tempura. Curiosamente, o recheio era feito com as onde cabem grandes e pequenos produtores, nomes
Cozinha partes do cachaço do bacalhau. Divino!
No brioche de puntilhita (lulinhas) e limão, o pão era
conhecidos e vários desconhecidos (provavelmente a
necessitarem aconselhamento para serem vendidos).
fofo, leve e negro (pela adição de tinta de choco na Acompanhámos a refeição com um vinho da Galiza, o
massa) e casava bem com recheio de lula panada de Triay Godello 2022, um branco de fácil agrado, correcto,
17 sabor assertivo, aconchegada com maionese numa fresco – apesar da exuberância aromática –, que foi bem
folha de shiso, com umas raspas de limão em cima. com a variedade dos pratos consumidos.
Sala Ainda assim, para um match perfeito, talvez pudesse ser
repensada a proporção: ou mais lula, ou menos pão.
Em termos de serviço, numa sala meio lotada, o aten-
dimento foi profissional, eficiente e revelou sentido de
O prato seguinte, o arroz negro de choco, chegou-nos hospitalidade, o que é de louvar, tendo em conta que
na própria paella. Ao contrário dos nossos arrozes cal- o intervalo de tempo de um cliente à hora do almoço é
16,5 dosos de tacho, feitos com carolino, o da paella é confe- sempre mais apertado.
cionado com um arroz mais resistente (como o bomba, Em resumo, é bom ter um lugar como o Lota Sea & Fire
Vinhos por exemplo), absorvendo igualmente o caldo, só que numa zona central da cidade, mas fora do circuito turís-
num recipiente mais raso, largo e destapado, ocupando tico. O espaço está muito bem conseguido, o serviço é
pouco mais do que a camada que por vezes fica delicio- agradável e a comida boa e interessante. Não será um
Preço médio com vinho:
samente agarrada ao fundo – o que não foi o caso. Neste restaurante para todos os dias, mas não deixa de ser um
50€; pagou-se por esta prato, o chef do Lota segue mais ou menos os cânones, lugar acessível.
refeição: 122,50€ (2 pax) com o arroz servido no ponto, uma espiral de emulsão
Horário: almoços, terça de pimentos a dar um contraste de sabor e um choco LOTA SEA & FIRE
a sábado domingo, 12.30- inteiro cortado disposto em cima. Saboroso, sem dúvida, AV. DUQUE DE ÁVILA 42B, LISBOA | TELEFONE: 925 906 950
ainda que a necessitar de algo que cortasse o adoci- PREÇO (MÉDIO COM VINHOS): 50€; PAGOU-SE POR ESTA REFEIÇÃO:
15.30h; jantares, terça a
cado dos principais ingredientes, uma vez que quer o 122,50€ (2 PAX)
domingo, 19h-00:30h.
Encerra à segunda. choco, quer o pimento, ou ainda a cebola (do caldo) têm
essa característica.
dzƣƲȯɅȉ٪Ʋ٪¤ƇɍdzƇ٪dzǛɥƲǛȯƇ٪ƤȉǼ٪ȉȷ٪˚dzǕȉȷ
Clube de Revistas
PUB
Alberto Oliveira
O sonho sempre existiu, mas a história da Global Em 2018, começou a atuar no mercado ibérico
– Produtos de Embalagem, começa apenas no através da aquisição de uma empresa na região
ano de 1999. de Catalunha – Global Gamavetro. Mais tarde, em
Celebrou-se a 25 de Junho de 2024, o 25º 2021, reforçou a sua posição com a aquisição de
aniversário que Alberto Oliveira fundou a mais duas pequenas empresas na região de
empresa na garagem de sua casa e iniciou a sua Logronho – Garzón Global e Dysaysa.
atividade como empresário na distribuição de ٪٪ƲȯɅǛ˚ƤƇƫƇ٪ƤȉǼ٪Ƈ٪ǾȉȯǼƇ٪U¯٪ֿؙ־־ׇ٪ƫƲȷƫƲ٪ׂؙ־־׀٪Ƴ٪
embalagens de vidro, especializado nos setores o primeiro distribuidor ibérico com esta distinção.
do vinho, azeites, espirituosos, produtos O percurso de 25 anos caracteriza-se pela aposta
alimentares e cervejas. no talento jovem, sem desvirtuar o conhecimento
Desde então, a preocupação em estabelecer um e a tradição que o setor exige, e pela proximidade
alto nível de qualidade de serviço e lealdade pelos com o cliente, visando estabelecer parcerias a
valores fundamentais, foi o farol que guiou a si e longo prazo.
Ƈȉȷ٪ ȷƲɍȷ٪ ƤȉdzƇƣȉȯƇƫȉȯƲȷؘ٪ UǾȷȬǛȯƇƧƠȉؙ٪ ȉǾ˚ƇǾƧƇؙ٪ ٪٪OȉǬƲؙ٪ȉȷ٪ȷƲɍȷ٪˚dzǕȉȷؙ٪ǾɅȊǾǛȉ٪Ʋ٪ǾƇؙ٪ƤȉǼƲƧƇǼ٪Ƈ٪
Ambição, Rigor e Espírito de equipa, resultando integrar-se no negócio. Licenciados nas áreas de
na sigla ICARE. marketing e design de produto, respetivamente,
Passo a passo, a empresa foi-se estabelecendo dão os seus primeiros passos na empresa com
nas proximidades das principais regiões foco na melhoria do serviço prestado. Em busca
vitivinícolas do país. Em 2006, inaugura a sua sede de revitalizar a empresa, foi desenvolvido uma
em Marco de Canaveses. Em 2008, inicia a sua nova mensagem fundamental “Valor que
operação em Santarém e de seguida surge em perdura”, um novo vídeo corporativo e um novo
Évora, em 2010. website.
Estas unidades estratégicas permitem à Global Alberto, mostra entusiasmo perante o futuro,
abastecer os seus clientes em todo o território dizendo: “Olho em frente com expectativa. Espero
nacional, procurando fazer cumprir com a missão saber sair do ativo com dignidade e deixar um
de superar as necessidades dos clientes com legado familiar. Desejo criar um valor que perdura
produtos e serviços no tempo certo. no tempo.”
Clube de Revistas
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Contactos e Localizações
Fátima, Santarém
Rua da Tapada, n.º 150,
2495-667
Azaruja, Évora
Rua João José Perdigão,
7005-119
www.global-embalagem.pt geral@global-embalagem.pt
Clube de Revistas
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Ferramentas únicas que intensificam a qualidade do seu
vinho durante a FML
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co-inoculação durante FML
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y Intensidade aromática incrementada
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y Sensação em boca intensificada
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y Aromas a frutos secos e pretos, notas de especiarias e
pimenta preta, bem como notas florais intensificadas
y Notas a amora e groselha preta intensificadas
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Bactérias O. Oeni para inoculação sequencial FML
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Aumento de complexidade durante a FML
y Gestão de condições de FML desafiantes em vinhos tintos
y Aumento da segurança e qualidade organolética durante a
FML
DISTRIBUIDOR |
NOVIDADES
Clube de Revistas
texto e notas prova José João Santos, Marc Barros e Manuel Moreira / fotos Arquivo e D.R.
SYMINGTON
FAMILY ESTATES
Os novos Vintage, os vinhos da livraria e um grande 50 anos
O lançamento da gama de
Vinhos do Porto Vintage 2022 da
Symington Family Estates coincidiu
com a última apresentação ‘en
primeur’ de Johnny Symington
como presidente da empresa. A
sessão, que decorreu nas Caves
Graham’s 1890, serviu ainda para
dar a conhecer o conceito “Vintage
Library Releases”, dedicado à
coleção de vintages envelhecidos
nas caves da Symington. E um
magnífico 50 anos.
A prova, que foi conduzida pelo responsável frisou que, no verão, “registamos 170 mm de nota, destacando o comportamento das castas
de enologia, Charles Symington, bem como água no Bomfim, quando seriam de esperar Touriga Nacional e Touriga Franca.
por Harry Symington, membro da quinta 560 mm.”, a que se juntaram temperaturas Com o fenómeno do aumento das tempera-
geração da família, para além do supracitado de 3ºC acima da média, com máximas acima turas médias e a redução de precipitação (tra-
Johnny Symington, serviu igualmente de de 40ºC nalguns dias de julho e um máximo tou-se do quarto ano consecutivo com níveis
pretexto para a análise aprofundada quanto histórico nacional de 47ºC no Pinhão. de precipitação abaixo da média na região),
aos desafios e modelos de adaptação que a “Iniciamos a vindima nas zonas mais frágeis Charles refere o distinto comportamento das
empresa tem seguido no que concerne aos e quentes do Douro Superior a 22 agosto e, a castas: “a Tinta Barroca não está a conseguir
desafios climáticos, abrindo novas perspetivas 29 do mesmo mês, em todas as propriedades sobreviver a estes verões; está a ser substi-
para o futuro do Douro e do Vinho do Porto. da empresa, com algumas Tourigas Nacionais, tuída pelo Alicante Bouschet, numa estratégia
Relativamente ao ano em epígrafe, o enó- Alicante Bouschet, Tinta Amarela, Sousão” e de tentar distribuir o risco pelas castas”. Isto
logo deu conta de uma campanha “fora do por entre os 131 hectares de vinha velha espa- porque “a Alicante tem ciclo curto, amadurece
normal” em termos climáticos, que gerou lhados pelas diversas propriedades. cedo, apresenta muita cor e produz vinhos de
“vinhos de qualidade muito elevada, apesar O ponto de viragem da vindima ocorreu, qualidade em terrenos que não sejam férteis”,
das produções bastante pequenas” mas que, segundo Charles, na primeira semana de referiu.
em simultâneo, “dá-nos muita esperança setembro. “Nos primeiros dias desse mês, Por outro lado, “estamos a apostar mais na
quanto ao futuro das alterações climáticas”. a previsão do tempo mudou, com a anteci- Sousão, sendo que 19% das vinhas na Quinta
O ano começou “frio e seco” em 2021, pação de chuva – nesse momento tomamos da Senhora da Ribeira são já desta casta”. A
com metade da precipitação da que seria de a decisão de parar a vindima”, algo inédito. Touriga Franca “tem sido plantada nos sítios
esperar em dezembro. E se janeiro e fevereiro “Choveu durante dois ou três dias na região, mais inclementes, mais baixos, expostos a
foram secos, março trouxe alguma chuva, mas com o furacão Daniel, e esperamos até 19 sul e junto ao rio; talvez a Alicante possa ter
40 a 90% abaixo do expectável. A partir de de setembro para retomar a vindima com as que ocupar parte desse posicionamento e a
maio, “pouco ou nada choveu”, fator que se equipas da casa”. “O mais extraordinário é Touriga Franca preencher algumas localiza-
manteve até agosto. Aliás, Charles Symington que não foi uma vindima assim tão pequena”, ções da Tinta Barroca”, resume.
Mas, mais do que apenas o desempenho das clássico e floral do Dow’s Quinta Senhora da indicação do ano em que a garrafa foi rea-
castas, o resultado da campanha deveu-se “a Ribeira, cuja produção foi de 1030 caixas, 16% rolhada é também incluída no rótulo. Bons
uma questão de localização de vinhas”, refere. do total da quinta em 2022 e do qual 30% é hábitos que se disseminam…
“A vinha ao alto foi a que sofreu mais, pois comercializado no nosso país. Já quanto ao Neste caso, os lançamentos incluíram Porto
a água escoa e não penetra no solo, razão pela Graham’s Quinta do Tua Vinhas Velhas, as 555 Vintage 2003 das casas Warre’s, Graham’s
qual não estamos a instalar mais vinhas ao caixas representam 8% da produção total da e Dow’s. Harry Symington fez um pequeno
alto nas novas plantações. Temos feito outros propriedade, num perfil mais doce e concen- resumo do ano climático, “quente, que gerou
tipos de enrelvamento para fazer face a essas trado. No que se refere ao Quinta do Vesúvio, vinhos concentrados e ricos”, antecedido de
situações. Mas, uma das grandes vantagens as 1710 caixas totalizam 4% da produção total um 2002 “húmido, bom para compensar um
do Douro é que pode chover na vindima que, da quinta, num perfil mais elegante, sendo que 2023 quente, com um pouco de chuva no
após dois ou três dias, está tudo seco”. metade será libertado em primor. Finalmente, final de agosto”. Nesse ano, recorda, a vin-
o Capela da Quinta do Vesúvio mostra um dima arrancou em meados de setembro. A
Os vinhos da livraria e uma estreia em perfil mais distinto e mineral, sendo que a gama inclui ainda o Quinta do Vesúvio Porto
grande produção de 460 caixas corresponde a 1% Vintage 1995, a primeira vindima de Charles
da produção total daquela propriedade. Nos Symington, que recordou o arranque da
Em relação aos vinhos, Johnny Symington quatro Vintage provados agora, cerca de 50% apanha mais antecipado de sempre à data: 5
destaca que a categoria Vintage inscreve-se da totalidade da produção é libertada no mer- de setembro no Vesúvio. Outros tempos…
entre “os vinhos mais premium que elabo- cado desde já; o restante permanece em stock. Houve ainda tempo para apresentar o novo
ramos”. Do conjunto dos vinhos apresen- A ocasião serviu também para dar a Graham’s Port 50 Years, estreia da marca na
tados ‘en primeur’ em 2024, foram lançados conhecer a gama ‘Library Release’, Vinhos categoria, em 250 garrafas com 13º baumé e
os Vintage da colheita de 2022 da Capela da do Porto Vintage disponibilizados para venda 21% TAV, um vinho cheio, com muita estru-
Quinta do Vesúvio; Quinta do Vesúvio; Dow’s em pequenas quantidades após duas a três tura ainda elegância, harmonioso e complexo.
Quinta Senhora da Ribeira e; Quinta do Tua décadas de envelhecimento nas caves da Entre o lote, destaca-se um primeiro vinho,
Vinhas Velhas, este último em exclusivo para empresa (ainda sem PVP disponível). datado de 1969 (ano de nascimento de Charles
o clube de vinhos Matriarca e caves Graham’s. Os cuidados mantidos ficam demonstrados Symington) que foi posto de lado pelo pai,
Da mesma vindima e na mesma categoria, em pormenores de grande importância, Peter, designado ‘CAS Reserve’. O segundo
para envelhecimento e lançamento futuro, desde logo o facto de os rótulos ostentarem a é formado por um conjunto de vinhos entre
ficaram o Graham’s Quinta dos Malvedos, menção relativa ao envelhecimento em cave, 1970 e 1972, lotados em 1982, dos quais 50%
Dow’s Quinta do Bomfim, Warre’s Quinta da com cuidada monitorização e acompanha- perderam-se para os anjos nos anos sub-
Cavadinha e Cockburn’s Quinta dos Canais. mento, não apenas dos vinhos, mas também sequentes de envelhecimento, resultando
Em relação aos vinhos apresentados, des- das rolhas, sendo cada garrafa analisada e o em notável concentração. ‘Lucky bastards’,
tacam-se (pela ordem da prova), o perfil mais vedante substituído quando necessário – a dizemos nós…
98 96 95 92
Capela da Quinta Dow´s Senhora da Ribeira Quinta do Vesúvio Graham´s Quinta do Tua
do Vesúvio Porto Porto Vintage 2022 Porto Vintage 2022 Vinhas Velhas
Vintage 2022 Vinho do Porto / Fortificado / Vinho do Porto / Fortificado / Porto Vintage 2022
Vinho do Porto / Fortificado / Symingnton Family Estates Symington Family Estates Vinho do Porto / Fortificado /
Symington Family Estates Púrpura. Tentador pelas notas de Púrpura. O floral é delicado, Symington Family Estares
Púrpura. Aromas mentolados flores, secundadas por licor de seguindo-se notas de cereja negra, Púrpura. São as notas balsâmicas
e de bosque, cereja vermelha, cereja, esteva, bergamota, cacau e amora e cedro. O tanino está as mais destacadas. Complementos
bergamota, fumo e erva seca. O café. Tanino polido, aguardente em esculpido em detalhe, a acidez de cacau, groselha e mirtilo. O
tanino é imperial, senhor de uma contexto, músculo estrutural mas dá-lhe um “punch” nervoso, que tanino é “friendly”, a estrutura é
altivez que se perceciona desde o sem nunca beliscar a esquadria lhe permite ter garra até ao final. suave, todo o perfil de prova tem
primeiro instante. Fluido, aguerrido conjunta. O final tem figo e um Termina muitíssimo prolongado e uma abordagem mais imediatista.
e concentrado, tem um potencial equilíbrio muito salutar. O perfil é repleto de subtilezas, a prometer Termina com muito sabor, a
de guarda que merece respeito. de um Vintage contemporâneo. guardar tranquila pelas próximas mostrar-se desde já apelativo.
Entra na vitrina dos grandes Consumo: 2024-2074 décadas. Consumo: 2024-2064
exemplares deste ano. 85,00 € / 16ºC Consumo 2024-2074 145,00 € / 16ºC
Consumo: 2024-2084 — 110,00 € / 16ºC
275,00 € / 16ºC
texto Joana Soutosa, José João Santos, Manuel Moreira, Marc Barros, Rodolfo Tristão / fotos Arquivo e D.R.
António
Saramago
O valor da Sucessão
95 93 92
António Saramago Reserva António Saramago Superior António Saramago 2014
Especial Sucessão 2014 2016 Moscatel Roxo Superior
Península de Setúbal / Tinto / António Península de Setúbal / Tinto / António Península de Setúbal / Fortificado / António
Saramago Vinhos Saramago Vinhos Saramago Vinhos
Cor vermelha intensa. Aroma limpo, Cor intensa, aromas frutados, frutos Cor dourada, âmbar, frutado, fruta
jovem, frutado, frutos vermelhos, pretos. Notas especiadas, madeira bem madura, zeste e compota de laranja, flor
cassis, ameixa, maduros. Alguma integrada. Na boca apresenta-se seco, de tangerina, floral evidente. Nota suave
evolução presente, onde imperam notas taninos presentes, firmes, sumarentos de caramelo e mel. Sabor doce, acidez
fumadas. Encorpado, denso, com muita mas elegantes. Frutado e especiado. suave, cera de madeira, frutado, fruta
identidade. Final longo, rico, intenso. Um Madeira bem integrada, encorpado e cristalizada, floral, flor de sabugueiro
vinho que engradece o reconhecimento final consistente. Vinho que demonstra ligeiro. Denso com estrutura, encorpado
do enólogo Antonio Saramago. Ainda juventude acima da média para a idade. com final apetecível. Ideal para queijos
cheio de vida! RT RT de pasta dura. RT
Consumo: 2024-2034 Consumo: 2024-2034 Consumo: 2024-2040
179,99€ / 16ºC 39,99€ / 16ºC 44,99€ / 14ºC
Carcavelos
O renascer de uma tradição
A propósito da apresentação
dos novos vinhos da Quinta
da Corrieira, decorreu uma
prova inesquecível de vinhos
de Carcavelos que mostra a
riqueza desta denominação
de vinhos fortificados. Pela
prova, esta parece estar a
reganhar novo impulso, não
apenas pela intervenção das
autarquias locais de Oeiras
e Cascais, bem como de ope-
radores privados e enólogos
de renome, como David
Baverstock.
95 93 92 92
Quinta da Bela Vista Mais de Quinta dos Pesos 1995 Quinta da Corrieira 2012 Villa Oeiras Superior 15 anos
75 anos Vinho de Carcavelos / Fortificado / Vinho de Carcavelos / Fortificado / Vinho de Carcavelos / Fortificado /
Vinho de Carcavelos / Fortificado / Howard’s Folly Quinta da Corrieira Município de Oeiras
Quinta da Bela Vista Cor suave, âmbar. Aromas evoluídos, Aspecto límpido, cor dourada, Aromático, frutado e floral, com
Cor dourada, aromas ricos e frutos secos, mel e algum floral. cativante. Aroma limpo, frutado, notas especiadas suaves. Mel a
intensos. Notas de frutos secos, Frutos secos, notas exóticas a frutos secos, melado, notas de relevar-se no nariz e frutos secos.
mel, caramelo, lembrando fruta lembrar caril. Equilibrado. Sabor caramelo suave, toque especiado. Sabor doce, acidez presente, algum
cristalizada. Denso e envolvente, doce, acidez presente, nota salina Madeira suave a envolver o iodo, mel, caramelo, especiado e
especiado, caril e fumado evidente. em destaque. Frutado, especiado. conjunto. Doce, acidez presente, fumado. Encorpado e final longo e
Sabor doce, acidez presente, Encorpado, denso e final muito denso, revelando uma nota floral. apetecível. Escolha acertada para
salinidade evidente. Amêndoa persistente. RT Encorpado e volumoso com final queijos de pasta dura. RT
torrada, mel, caramelo. Encorpado, Consumo: 2024-2034 entusiasmante. Começa a mostrar a Consumo: 2024-2034
final com muita estrutura e frescura 60,00€ / 14ºC sua riqueza. RT 36,00€/ 14ºC
evidente. Um dos grandes exemplos Consumo: 2024-2034
deste tipo de vinho. RT 175,00€ / 14ºC
Consumo: 2024-2034
185,40€ / 14ºC
87
Graça da Pedra Alvarinho 2022
Vinho Verde (Monção e Melgaço) / Branco /
Quinta da Pedra
Dourado. Fruta amarela e citrinos, aromas
de levedura, pão torrado. Seco, corpo médio,
texturado. Acidez alta, larga e contínua, com
notas frutadas e leve especiado no fim de
boca, salivante. MB
Consumo: 2024-2029
12,45€ / 11ºC
Adrian Bridge
@revistadevinhos
NOVIDADES
Clube de Revistas
Myndru
Afirmação e estreia
São já três mil os hectares de terra alentejana do refúgio de Luísa
Amorim e Francisco Rêgo no sopé da Serra do Mendro, uma das linhas
de fronteira entre o Alto e o Baixo Alentejo. Na Herdade Aldeia de
Cima – onde habitam o silêncio, os sobreiros e as azinheiras – escul-
piram-se apenas 12 hectares de vinhas em diferentes locais, as mais
afamadas ao estilo dos patamares do Douro, nas encostas da serra.
Porém, é na área do entorno da adega que está a uva do Myndru
branco 2022, uma estreia.
Roupeiro (45%), Perrum (45%) e Alvarinho (10%), co-fermentados
em ânforas de cocciopesto e lá estagiadas por 16 meses, num ambiente
poroso de gesso e alguma argila. Bastante salgado – diz a enologia de
Jorge Alves (consultor) e António Cavalheiro (residente) ser devido ao
Perrum e ao solo de xisto verde onde assentam os pés de videira – é um
branco elegante, delicado e com perspetiva de boa evolução.
O Myndru tinto 2021 representa a materialização de uma segunda
edição de um vinho inicialmente lançado noutro ano fresco, 2019.
Alfrocheiro (50%), Tinta Grossa (30%) e Baga (20%), fermentadas
em separado e estagiadas nas ânforas de coccipoesto de 1.000 lts.
(70%) e em tinajas de terracota de 150 lts. Os escassos 2.000 exem-
plares significam a confirmação de um vinho que é Alentejo e sentido
de lugar.
Se as primeiras memórias de Luísa Amorim em Aldeia de Cima,
Santana, remetem para a adolescência, os Myndru transmitem reflexão
e maturidade. O tempo, sempre o tempo… Luísa Amorim
96
Herdade Aldeia de Cima Myndru 2021
Regional Alentejano / Tinto / Herdade Aldeia de Cima do Mendro
Rubi aberto, nuances granada. Seduz ao primeiro impacto. Bagas azuis, folha
de morango, resina e mato. Tanino simultaneamente fino e firme, acidez a
correr-lhe na seiva, tenso, longevo e sempre elegante. O final tem folhas
secas. Esta segunda edição confirma-o como dos mais entusiasmantes tintos
da atualidade no Alentejo. JJS
Consumo: 2024-2036
70,00 € / 16ºC
—
92
Herdade Aldeia de Cima Myndru 2022
Regional Alentejano / Branco / Herdade Aldeia de Cima do Mendro
Amarelo palha. Notas finas vegetais, raspas de laranja, nuance de avelã e
perceção salina. O salgado confirma-se logo a seguir. A acidez é persistente,
o corpo está esculpido, a elegância predomina no final. Terá longevidade. JJS
Consumo: 20242034
37,50€ / 11ºCtem camadas e texturas sucessivas até a um final que parece
mastigar-se por minutos. Muito bem conseguido. JJS / Consumo: 2024-2036
/ 53,10 € / 11ºC
Caretos de Podence
originam vinho
Trás-os-Montes
A tradição ancestral dos Caretos de Podence
deu origem a um vinho classificado DOC
Trás-os-Montes. Trata-se do tinto “Caretos de
Podence”, que sai para o mercado numa edição
limitada de 13.333 garrafas, que se tornou
o vinho oficial do Entrudo Chocalheiro dos
Caretos de Podence.
Esta parceria com a Casa José Pedro visa home-
nagear e promover uma tradição que é classi-
ficada desde 2019 como Património Cultural
Imaterial da UNESCO, em que os Caretos
(rapazes vestidos com trajes coloridos e más-
caras de nariz pontiagudo feitas de lata ou
couro e chocalhos à cintura) saem à rua, na
aldeia de Podence, para chocalhar as mulheres.
O packaging retrata uma ilustração criada
especificamente para o efeito, visando replicar
a terra e os “caretos”.
Vinho à torneira?
Conceito de São
Paulo chega a
Portugal
Nascido no Brasil em 2020, Tão Longe, Tão Perto é um pro-
jeto que “simplifica e torna mais sustentável” o consumo,
servindo-o diretamente de… torneiras. De São Paulo para
Vila Nova de Gaia, a marca inaugurou o primeiro espaço em
Portugal, que mantém o conceito “da terra para o copo” e
privilegia “o trabalho de pequenos produtores, a agricultura
familiar e o meio ambiente”.
Das torneiras disponíveis saem seis vinhos (dois tintos,
dois brancos, um rosé e um orange) de quatro produtores
parceiros: Quinta do Javali e Pormenor (Douro), APRT3 -
Wine Creators (Lisboa) e Textura Wines (Dão), projetos
“emergentes, muito focados em práticas sustentáveis, que
resultam em vinhos com baixa intervenção”.
Os tamanhos variam dos 100 ml (3,50 €) a 1 litro (27,00 €)
e há cálices de Vinho do Porto Tawny da Quinta do Javali
(5,00 €) e Reserva White (7,50 €). Existem ainda garrafas
growlers, com capacidade de 500 ml e 1 litro, para poder
levar para casa e voltar a encher.
Para acompanhar os vinhos, o Tão Longe, Tão Perto oferece
ainda uma seleção de queijos e enchidos artesanais, também
eles assinados por pequenos produtores portugueses.
Apetece ir.
Clube de Revistas
Clube de Revistas
PONTUAÇÕES
Regras de avaliação Todos os vinhos que obtiverem uma pontuação igual ou
PROVAS REGULARES
COPOS
80-84 75-79 50-74 Nas provas da Revista de Vinhos, são utilizados os copos
Riedel Wine Cabernet / Merlot.
Boas Compras
Vinhos de melhor relação qualidade/preço, vinhos classifi-
cados a partir de 80 pontos.
painel de provadores
da revista de vinhos
Nuno Guedes Vaz Pires Alexandre Lalas António Lopes Bento Amaral
DIRETOR REVISTA DE VINHOS JORNALISTA E CRÍTICO SOMMELIER ENÓLOGO
DE VINHOS E WINE EDUCATOR E WINE EDUCATOR
ALENTEJO
90 87
91 Monte da Barbosa Rosé Pom-Pom 2023
Reserva 2021 Regional Alentejano / Rosé / Casa
BR Alfrocheiro Oaked
Regional Alentejano / Tinto / Relvas
2022
Alqueva Shore Cativa pela cor, aromas suaves,
Regional Alentejano / Tinto /
Granada denso. Palete de frutos vermelhos, suave floral.
Menir BR
aromas bem composta de Sabor seco, acidez presente,
Cor ligeira, aromas a fruta
fruta vermelha madura bem frutado, elegante e fácil de
vermelha, ameixas, cassis,
casada com café, chocolate e degustar. Final refrescante.
morango. Suave especiado,
alcaçuz. Profundo. Na boca não Ideal para finais de tarde... RT
madeira a envolver, mas subtil.
se esconde e exibe potência Consumo: 2024-2026
Sabor seco, taninos suaves,
e vigor, taninos imensos, mas 12,95€ / 11ºC
frutado e especiado. Bom corpo
firmes e com garra. Final de
e final persistente e fresco. Um
boca demorado e com bons
Alfrocheiro muito interessante,
guloso e fácil de se gostar. RT
anos pela frente. MM Consumo:
2024-2030
86
Consumo: 2024-2029 Quinta da Fonte Souto
45,00€ / 16ºC
19,00€ / 16ºC 2023
Alentejo / Rosé / Symington Family
91 90 Estates
Cor casca de cebola. Notas de
OPO One Point One cereja vermelha, romã e algum
Monte da Barbosa
2022 fumo. Sensação leve de tanino,
Reserva 2020
Regional Alentejano / Branco / bom volume e final certeiro. Um
Regional Alentejano / Tinto / Alqueva Shore rosé de cariz gastronómico. JJS
Alqueva Shore
Amarelo limão. No aroma há Consumo: 2024-2026
Granada. Apesar da notável
uma disputa entre opulência 12,50€ / 11ºC
profundidade, mantém
e finesse. Tangerina e toque
um equilíbrio esplêndido.
Ginja, frutas negras e azuis
exótico. Madeira refinada. BAIRR ADA
Largo, volume assinalável,
esmagadas, mentolados
numa segunda vaga. Tostados
belíssima frescura ácida. Fluído,
longo e persistente. Saberá
86
de qualidade. Boca bem
envelhecer. MM Consumo: Ó21 Baga Baby Grande
construída, cheia e suculenta,
2024-2030 Reserva 2023
de textura complexa. Longo.
40,00€ / 11ºC Bairrada / Tinto / Rui Miguel
Aparenta ter capacidade
Gonçalves de Jesus Ventura
evolução. MM Consumo: 2024-
2030 Rubi violáceo intensidade
45,00€ / 16ºC 89 média. Fruta vermelha fresca,
ligeiro herbal, complexidade
Ouzado Reserva 2022 fumada. Boca tensa de acidez
Regional Alentejano / Branco / vincada e tanino firme e seco.
90 Menir BR Final longo. TM Consumo:
Aromático, barrica, aliado a 2024-2036
Herdade Paço do Conde
nota floral. Sabor seco, acidez 18,00€ / 16ºC
Reserva 2022
suave, frutado, madeira mais
Regional Alentejano / Branco /
suave em conjunto com o floral.
Sociedade Agrícola Encosta do
Guadiana
Amarelo-claro. As impressões
Bom corpo e final persistente.
RT Consumo: 2024-2031
86
a pederneira são imediatas, 10,00€ / 11ºC Ó21 Grande Reserva
seguidas de clementina, erva Arinto 2023
príncipe. Boa estrutura de boca, Bairrada / Branco / Rui Miguel
acidez viva e de qualidade, 87 Gonçalves de Jesus Ventura
Aspecto brilhante, amarelo
frutado no médio palato. MM
Mainova Arinto, esverdeado. Aroma delicado
Consumo: 2024-2030
Verdelho e Antão Vaz com notas citrinas, cresce
15,49€ / 11ºC
2023 com complexidade fumada.
Regional Alentejano / Branco / Boca linear de acidez fresca e
Mainova aguçada, final longo e crocante.
Amarelo limão. Notas de raspas TM Consumo: 2024-2028
de lima, toranja e pêssego. A 18,00€ / 11ºC
acidez é crocante e confere
nervo à matéria. Sumarento,
de estrutura sólida e final
teimoso, convida a pratos de
twist especiado. JJS Consumo:
2024-2030
11,80€ / 11ºC
A principal experiência
09
do vinho em Portugal LISBOA 25 ANOS
11 SUBSCREVA A
REVISTA DE VINHOS
1 ANO 2 ANOS
nov 1 ACESSO 2 ACESSOS
PARA A ESSÊNCIA DO VINHO LISBOA 2024
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GAS 0101
DOURO
85 89
Ó21 (A+C+MG) 2023 Quinta dos Termos Vinha 93
Bairrada / Branco / Rui Miguel das Colmeias Reserva
Vallado Vinha da Granja
Gonçalves de Jesus Ventura 2021
2021
Amarelo palha brilhante. Beira Interior / Tinto / Quinta dos
Termos Douro / Tinto / Quinta do Vallado
Complexidade aromática
com fruta de pomar e subtil Rubi brilhante. Fruta preta Aromático, frutos de bosque,
nota tostada. Boca de acidez madura, grande intensidade e amoras, cassis, em equilíbrio as
marcada e tensa, com final de tosta presente com nuances notas florais. Notas especiadas
boca longo com ligeiro amargor de baunilha. Boca de grande e fumadas da barrica a
final. TM Consumo: 2024-2028 amplitude e tanino firme. Cheio envolver. Seco, taninos
12,00€ / 11ºC e longo. TM Consumo: 2024- intensos, mas envolventes.
2028 Frutado, especiado evidente,
15,00€ / 16ºC com a madeira presente, floral.
Encorpado e volumoso com
BEIR A INTERIOR final prolongado. RT Consumo:
2024-2035
91 88 138,00€ / 16ºC
70/30 2020 Alto da Lousa Reserva
Beira Interior / Tinto / Martin
2021
Boutique Wines Beira Interior / Branco / Quinta
dos Termos
Nariz focado e definido,
groselha, ervas aromáticas e Amarelo palha brilhante. Aroma
alusões florais. Apesar do perfil marcado por citrinos (toranja
de frescura, não esconde boa e limão), com ligeira nota de
madurez. Mostra personalidade, pedra molhada que acrescenta
com simetrias e contrastes dimensão. Boca de acidez viva
deliciosos. Referências minerais e ampla, texturado de final
após tempo de copo. MM longo. TM Consumo: 2024-
Consumo: 2024-2035 2028
18,00€ / 16ºC 9,50€ / 11ºC
91 DÃO
70/30 2021
Beira Interior / Branco / Martin
94
Boutique Wines Dom Bella Cabernet
Amarelo limão. Aroma sem Franc 2015
exuberâncias. Limão, maçã, Terras do Dão / Tinto / Quinta de
ameixa branca e tons florais. Bella Encosta
Na boca tudo é sóbrio, de Tom rubi, brilhante. Aromas
elegância estruturada, acidez a de fruta preta e de bosque,
impor boa cadência. Detalhista alguma resina, verniz. Algo
e com génio na persistência. doce no aroma de boca,
MM Consumo: 2024-2030 mostra boa estrutura, de
18,00€ / 11ºC tanino granulado. A tosta está
plenamente integrada, discreta
e elegante, a terminar com nota
89 de especiaria. MB Consumo:
2024-2034
70/30 2021 65,00€ / 16ºC
Beira Interior / Rosé / Martin
Boutique Wines
Cor pêssego claro. Bela
finura aromática, em registo
delicado, percebem-se a romã,
melancia e pétala de rosa
seca. Mostra-se leve e bem
estruturado. Boa densidade e
acetinado a contrapor a acidez
estimulante. Pronto a beber,
mas disponível para guarda.
MM Consumo: 2024-2035
18,00€ / 11ºC
epal-paletesportugal.pt
G U I A R E V I STA D E V I N H O S
Clube de Revistas
91 89 88
Vallado Tinta Roriz 2021 Ato do Pocinho Reserva Quinta da Terrincha
Douro / Tinto / Quinta do Vallado 2021 2023
Aromas frutados, frutos Douro / Branco / Quinta dos Douro / Branco / Quinta da
vermelhos maduros, floral Termos Terrincha
suave, com notas especiadas. Amarelo palha ligeiro brilhante. Aroma suave, frutado, maçã,
Madeira presente, a enriquecer. Nariz rico, com fruta de caroço lima, notas florais. Barrica subtil.
Sabor seco, taninos presentes, - alperce combinada com nota Seco, acidez presente, floral
secos e estruturados. Frutado e limonada e casca de laranja. e frutado intenso. Madeira a
especiado evidente, encorpado Boca cheia e ampla, com garra envolver, corpo médio e final
e final denso e persistente. RT e tensão, longo. Belo equilíbrio apetecível. RT Consumo: 2024-
Consumo: 2024-2031 de tensão e untuosidade. TM 2029
29,00€ / 16ºC Consumo: 2024-2028 9,95€ / 11ºC
9,50€ / 11ºC
90 88
Borges Gouveio Seleção
89 Terras do Grifo Reserva
Cota 300 2021 DouTua Grande Reserva 2022
2019 Douro / Branco / Rozès
Douro / Branco / Sociedade dos
Vinhos Borges Douro / Tinto / Foz do Tua Boa dimensão aromática, a
Notas florais no primeiro Rubi profundo. Notas de fruta surge em tons cítricos,
ataque, frutos maduros, especiaria a envolver fruta com alguma fruta de polpa
pêssego, ananás. Barrica preta e azulada, bergamota, amarela. A madeira é
integrada. Seco, acidez esteva e urze. Amplo e muito discreta e contribui
presente, frutado e floral, encorpado na boca, com tanino positivamente para a
denso, barrica a equilibrar. maduro, acidez média e textura untuosidade em boca, a par
Encorpado, com final longo. RT sedosa. LC Consumo: 2024- do volume da fruta, tudo
Consumo: 2024-2030 2035 bem equilibrado pela acidez
17,90€ / 11ºC 24,00€ / 16ºC linear. Final saboroso, de boa
persistência. MB Consumo:
2024-2032
90 89 16,00€ / 11ºC
90 88
Quinta Nova 2023
FozTua Reserva 2022
Douro / Rosé / Quinta Nova de
Nossa Senhora do Carmo Douro / Branco / Foz do Tua
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Clube de Revistas
LISBOA
87 85
Vallado 2023 Qalt 650m 2022 93
Douro / Branco / Quinta do Douro / Branco / Quinta Alta
Quinta do Monte d'Oiro
Vallado Amarelo limão. Nariz de erva Reserva 2021
Aromático, floral presente, fresca, damasco e abacaxi.
Regional Lisboa / Tinto / José
frutos de árvore, pêssego, Tem acidez refrescante, tensão Bento dos Santos
damasco. Seco, boa acidez, e nervo estruturais. O final é
Rubi de média intensidade,
fresco, frutado. Equilibrado. sólido e de fácil agrado. Para
quase sanguíneo. Perfil
Final refrescante. RT Consumo: mesas de verão. JJS Consumo:
elegante e vivo nos aromas de
2024-2028 2024-2027
fruta silvestre, ervas aromáticas,
8,50€ / 11ºC 15,20€ / 11ºC leve apontamento de resina
e ervas aromáticas. Bom
volume e estrutura, tanino
86 84 fino, granulado, acidez bem
Portal Tinta Barroca
conseguida, linear. Final longo,
DouTua 2023
2022
em toada de fruta compotada.
Douro / Branco / Foz do Tua MB Consumo: 2024-2038
Douro / Tinto / Quinta do Portal Suave amarelo-esverdeado. 40,00€ / 16ºC
Rubi intenso de fundo violáceo. Aromas que exprimem a
Notas frutadas intensas, extrema juventude do vinho
dominado por fruta preta, com notas de fruta de pomar
nuances de fruta vermelha e flores brancas. Na boca é 92
madura e tosta fumada. Corpo agradável, fresco, herbáceo e Quinta do Monte d'Oiro
médio e acidez fresca, tanino cítrico, servido por acidez firme. Arinto 2021
presente mas domado, bom LC Consumo: 2024-2028 Regional Lisboa / Branco / José
equilíbrio apesar do final 14,00€ / 11ºC Bento dos Santos
quente e moderadamente
Palha dourado. Aromas de
longo. TM Consumo: 2024-
pêssego e citrinos maduros,
2028
26,00€ / 16ºC
84 pera cozida, mel e herbáceo
seco. Apontamento de resina
Terras do Grifo Colheita a elevar o conjunto. Sápido na
2023 prova de boca, boa estrutura,
86 Douro / Branco / Rozès acidez reverberante em
Fruta amarela, com nuance corpo texturado e com certa
Quinta do Pessegueiro
cítrica. Toque de pão torrado. cremosidade. Muito original e
2023
Bom volume, acidez linear, gastronómico. MB Consumo:
Douro / Branco / Quinta do média. Seco, mostra boa textura 2024-2034
Pessegueiro
e final médio, fresco e saboroso. 50,00€ / 11ºC
Amarelo palha brilhante. MB Consumo: 2024-2029
Nariz apelativo a fruta de
8,50€ / 11ºC
pomar, ervas frescas, cítrico
doce e raspa de lima. Alguma 92
untuosidade, apontamento
de salinidade no meio de 82 Quinta do Monte d'Oiro
Tinta Roriz 2021
boca, acidez moderada e final Muros de Vinha 2023 Regional Lisboa / Tinto / José
agradável. LC Consumo: 2024- Bento dos Santos
Douro / Branco / Quinta do Portal
2028
Aspecto límpido, brilhante e Tom cereja, brilhante. Aroma
12,00€ / 11ºC inicialmente contido, abre para
translúcido. Aroma de fruta
branca e limonado, limpo. Boca notas de fruta vermelha, bagas
de acidez fresca e crocante. azuladas, flores brancas. Nota
86 Bom equilíbrio ácido apesar do herbácea seca. Corpo médio,
corpo leve. Final moderado. TM tanino firme, de qualidade,
Quinta do Portal
Consumo: 2024-2026 leve amargor no fim da prova
Moscatel Galego 2023
4,70€ / 11ºC a emprestar vivacidade e
Douro / Branco / Quinta do Portal carácter. MB Consumo: 2024-
Visualmente brilhante, verde 2034
lima. Fruta citrina, laranja e 25,00€ / 16ºC
limão, com boa intensidade e
de pendor floral. Boca fresca
e crocante, vivaz, de corpo
leve. Excelente linearidade e
frescura. TM Consumo: 2024-
2026
10,00€ / 11ºC
T E JO
91 87
Quinta do Monte d'Oiro Colossal Touriga 92
Touriga Nacional 2021 Nacional 2021
Conde Vimioso
Regional Lisboa / Tinto / José Regional Lisboa / Tinto / Casa
Sommelier Edition 2021
Bento dos Santos Santos Lima
Regional Tejo / Tinto / Falua
Cereja, de média intensidade. Púrpura. Alguns florais, no
Boa dimensão aromática, primeiro momento, seguidos de Rubi brilhante. Nariz com
herbáceo no ataque, a fruta grão de café, pimenta, ameixa prevalência dos aromas
emerge com arejamento, e groselha negras. Tanino frutados, muito fresco e limpo,
silvestre e citrino maduro. sólido, amplitude estrutural, com destaque para bagos
Notas discretas de cacau final guerreiro e profundo. de groselha, amoras, cereja
e açúcar torrado. Seco, Certamente combativo à mesa. madura e apontamentos de
estruturado, tanino firme mas JJS Consumo: 2024-2028 bosque. Cativa pela frescura e
gentil, especiarias e tostados 6,99€ / 16ºC sabores cítricos, mais elegante
no aroma de boca. Termina do que pujante, amparado por
com boa persistência e nota boa acidez e firmeza de taninos.
herbácea fresca. MB Consumo: LC Consumo: 2024-2035
2024-2034 87 9,27€ / 16ºC
25,00€ / 16ºC Quinta do Monte d'Oiro
2023
Regional Lisboa / Branco / José 91
89 Bento dos Santos
Palha, brilhante. Aromas
Quinta da Alorna
Quinta do Monte d'Oiro Reserva das Pedras
herbáceos secos no ataque,
2023 Fernão Pires 2018
feno. Ervas aromáticas, como
Regional Lisboa / Rosé / José Regional Tejo / Branco / Quinta da
aneto. Abre para notas de fruto
Bento dos Santos Alorna Vinhos
tropical, elegante e apetecível.
Cor salmão, aromas frutados, Amarelo-dourado. Aromas
Belíssimo volume de boca,
morango, framboesa. Nota oxidativos de pêssego maduro
amplo e profundo, com frescura
floral aliado de frescura que e maçã reineta, apontamento
aromática apoiada na acidez
enriquece o conjunto. Seco, de cera de abelha e raspa de
linear. Final longo, gordo e
boa acidez, frutado, com limão. Textura envolvente na
saboroso. MB Consumo: 2024-
intensidade. Final persistente. boca, acidez firme, frescura e
2029
RT Consumo: 2024-2028 persistência. Termina elegante,
11,00€ / 11ºC
11,00€ / 11ºC com frescos apontamentos
salinos e herbáceos. NGVP
Consumo: 2024-2028
89 86 19,99€ / 11ºC
Valmaduro Syrah 2020
Quinta do Monte d'Oiro Regional Lisboa / Tinto / Casa
2020 Santos Lima 90
Regional Lisboa / Tinto / José Retinto. Notas de floresta
Bento dos Santos Quinta da Lagoalva
e pimento, mirtilo e folha
Grande Reserva Fernão
Rubi, laivo cereja. Aromas seca, café e pimenta. Tanino
Pires 2022
profundos e frescos de cereja, firme, estrutura austera, de
amora e ameixa pretas. Nota Regional Tejo / Branco / Quinta da
volume bem presente e final
Lagoalva de Cima
de chocolate. Seco e suave, prolongado. Exige mesas
especiarias e fruta densa no Aromas profundos de pêssego
condimentadas. JJS Consumo:
aroma de boca, a acidez eleva e alperce, com toques de cera
2024-2028
o conjunto e alonga a prova, de abelha e mel. A madeira
7,99€ / 16ºC
de final persistente e cheio de está bem integrada no paladar
sabor. MB Consumo: 2024- e aroma. Vinho de apelo
2034 instantâneo, mas com potencial
11,00€ / 16ºC 84 de guarda. MM Consumo:
2024-2035
Casa Santos Lima
29,90€ / 11ºC
Chardonnay 2023
Regional Lisboa / Branco / Casa
Santos Lima
Dourado. Notas de restolho,
maçã Golden e perceção
salina. Amanteigado, capta-se
o trabalho com as borras.
A acidez é musculada e o
final certeiro. Vai à mesa sem
preconceitos. JJS Consumo:
2024-2024
4,95€ / 11ºC
A maior
Estrela Local
da Lezíria
do Tejo:
O Lagostim
do Rio
Desculpe,
Chef Rodrigo Castelo.
VINHO DO
88 85 PORTO
Contracena Ânfora Vale de Lobos Sauvignon
Colheita Selecionada
2022
Blanc Reserva 2023 92
Regional Tejo / Branco / Sociedade
Agrícola da Quinta da Ribeirinha Churchill's Quinta da
Regional Tejo / Tinto / Sociedade
Agrícola da Quinta da Ribeirinha Gricha Vintage Port
Amarelo intenso. Nariz
2022
Tom cereja escuro, profundo. expressivo com notas de fruta
Aromas de erva seca, hortelã, de polpa branca, alguma Vinho do Porto / Fortificado /
Churchill's Estates
a fruta surge em toada de tropicalidade, floral e raspa de
compota. Na boca é suave, laranja. Ataque fresco e seco, Retinto, opaco. Aroma profundo
mostra expressão frutada, com herbáceo a despontar e concentrado, rico na fruta
o tanino é macio e a acidez a meio de boca, final com silvestre, damasco, chocolate,
equilibra o conjunto. MB agradável nota amarga. LC opulento sem perder elegância.
Consumo: 2024-2034 Consumo: 2024-2028 Flores brancas, menta/hortelã.
Aromas tostados e fumo.
15,10€ / 16ºC 10,20€ / 11ºC
Na boca expressa um lado
medicinal muito fresco, tanino
surpreendentemente suave
87 84 apesar de firme, belíssima
Vale d' Algares Verdelho Lagoalva 2023 estrutura. Acidez com nervo,
2023 termina seco, longo, com
Regional Tejo / Rosé / Quinta da
Lagoalva de Cima complexidade e muito sabor.
Regional Tejo / Branco / Casa
Agrícola Faia & Filhos Precisa de mais tempo para
Tom rosa pálido. Conjunto
integrar a aguardente, mas está
Amarelo brilhante. Notas de fresco, entre o floral delicado
pronto a dar prazer desde já.
levedura e tostados, fruto seco e as notas de fruta, silvestre e
MB Consumo: 2024-2044
e prunóideas. Apontamento de polpa branca. Corpo leve,
entre o mentol e a resina de acidez vincada, crescente, com 65,00€ / 16ºC
pinheiro, muito direto e fresco. ligeiro amargor e toque de
Bom volume, fruta suculenta rebuçado no fim de prova. MB
em destaque, acidez média, Consumo: 2024-2027 V I NHO V E RDE
em equilíbrio. Termina com 5,49€ / 11ºC
persistência frutada. MB
Consumo: 2024-2029
86
Adega Ponte da Barca
8,00€ / 11ºC 83 Grande Escolha 2023
Vale de Lobos 2023 Vinho Verde / Branco / Barcos
Wines
86 Tejo / Branco / Sociedade Agrícola
da Quinta da Ribeirinha Aroma fresco, toque herbal,
Lagoalva 2023 Amarelo brilhante. Aromas citrinos, lima, limão. Seco,
Regional Tejo / Branco / Quinta da de grande juventude, ainda acidez presente, citrino, fácil de
Lagoalva de Cima em fase de integração, numa beber. RT
Amarelo pálido, límpido. Aromas mescla de fruta tropical, flores Consumo: 2024-2028
de citrinos, tangerina, flor de e ervas aromáticas. Ataque 5,99€ / 11ºC
laranjeira. Nota tropical com de boca fresco e singelo, com
alguma doçura. Bom volume travo herbáceo e cítrico no
de boca, acidez limonada a
amarrar o conjunto, corpo
meio de boca a dar-lhe alguma
persistência. LC Consumo:
86
leve, com rasto mineral. MB 2024-2027 Aveleda Alvarinho 2023
Consumo: 2024-2029 5,40€ / 11ºC Vinho Verde / Branco / Aveleda
5,49 € / 11ºC Verde limão. Notas de líchia
e damasco sob um fundo de
pedra molhada. A untuosidade
85 é o que mais destaca, expressa
em volume convincente e bem
Lagoalva Sauvignon integrado pela acidez. O final
Blanc 2023 tem camadas suplementares de
Regional Tejo / Branco / Quinta da sabor e uma persistência que
Lagoalva de Cima agrada. JJS, NGVP Consumo:
Amarelo de laivo verdeal. 2024-2030
Boa definição aromática, com 6,29€ / 11ºC
notas de citrinos frescos, fruto
amarelo, toque herbáceo.
Algum fumo. Corpo leve, boa
acidez, linear, sem excessos.
Saboroso no final médio, de
boa persistência. MB Consumo:
2024-2029
6,99€ / 11ºC
V INHO S
85 ESTR ANGEIROS 92
Adega Ponte da Barca Pieve Santa Restituta
Loureiro Alvarinho ESPANHA Brunello di Montalcino
Premium 2023 2018
Vinho Verde / Branco / Barcos
Wines
87 Montalcino / Tinto / Gaja
Cereja vermelha madura, sálvia
Fresco, citrino, limão, notas Freixenet Cordon Negro e alecrim, alguma groselha e
herbais a evidenciar-se. Seco, Penedès / Cava / Freixenet romã, em fundo de noz pecan,
acidez presente, frutado, com (Vinicom) tostados e especiarias. Boca de
final refrescante. Escolha Palha muito claro, bolhas estrutura séria, largo, taninos
acertada para marisco! RT médias. Nariz simples, bem calibrados, amplos e
Consumo: 2024-2028 agradável, com notas citrinas com aquele grãozinho típico e
5,00€ / 11ºC e levemente terrosas, autólise acidez sempre veemente. Final
pouco marcada. A espuma é de boca longo. MM Consumo:
muito reativa, acidez alta e final 2024-2035
85 médio. BA Consumo: 2024-
2024
92,00€ / 16ºC
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fumado subtil e essência cítrica Tom amarelo verdeal, persistente. Notas de relva
sob fundo de avelã. Na boca, brilhante, bolha fina. No nariz cortada, maçã verde e limão.
prevalece uma frescura própria predominam notas cítricas, Persistente, de espuma contida,
apesar da evidente estrutura. flores brancas, nuance de mostra boa acidez e equilíbrio
Acidez requintada e traços de pastelaria suave. Boa mousse, geral. É sobretudo refrescante
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com aromas de ervas frescas a
envolver leves notas frutadas.
Cremoso, ataque de boca
seco e acidez firme a dar
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ANDRÉ FERNANDES
No coração do Alentejo, no seio da aldeia histórica de Pias – pelo 1. 1. Algarvio, natural de Vila Real de 6. Depois de uma primeira vindima
menos no que aos vinhos diz respeito -, André Fernandes, de Santo António. em Napa Valley, nos Estados Unidos,