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Adega #197 03mar22

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| ANO XV - NO 197 - € 4,00

Côte-Rôtie
A colina dos grandes
vinhos do Rhône
Vinhos &
Comida de boteco

10 regiões
produtoras inusitadas

Vinho,
moda e arte
Donnafugata e
Dolce & Gabbanna
O marketplace oficial da Revista ADEGA

Os melhores vinhos das melhores


importadoras em um único lugar

Centenas de vinhos, todos com pontuação


dos principais críticos do mundo

E você participa do ADEGA Rewards,


o 1º programa de fidelidade de vinhos do Brasil

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AdegaOnline.com.br
Editorial

Arte
Desde a antiguidade, o homem tenta definir que serve e o que se pode comprar com ela”.
o que é arte. Filósofos já a ligaram à estética, Então, quando nos deparamos com um
à busca pelo belo, pela verdade etc. E esse projeto como o da parceria da Donnafugata
conceito volúvel passou por diversas visões e e a marca Dolce & Gabbana, não há como
revisões segundo a filosofia de cada época. Mas, não pensar nessa junção de conceitos, com a
entre tantas definições, aqui talvez tenhamos arte dando voz ao vinho e vice-versa. E neste
predileção por uma de alguém que promoveu a caso podemos dizer que seria “voz” no estrito
arte de maneira sublime, Dostoiévski. senso da palavra, pois, Josè Rallo, herdeira
Ele começa: “A arte é uma necessidade para da vinícola siciliana, tem um belo projeto que
a humanidade tanto quanto comer e beber”. une vinho e música (curiosamente com foco
Sendo assim, nós, do mundo do vinho, passamos em MPB, uma de suas paixões), trazendo uma
a vislumbrar esse conceito de maneira ainda nova e saborosa perspectiva sensorial.
Rótulos de
Donnafugata mais ampla, ligando a arte aos atos de comer Vamos retomar com outro autor
rementem à cultura e beber. E não só isso, quem sabe trazendo o russo, Tolstoi: “A arte é uma atividade
siciliana conceito de representação de arte para dentro da humana, consistindo em que uma pessoa
cultura (talvez da garrafa, inclusive) do vinho. conscientemente, por certos sinais externos,
E para isso recorremos novamente ao transmite a outros sentimentos que
autor russo, que continua seu raciocínio: “A experimentou, e outras pessoas são afetadas
necessidade da beleza e das criações que a por esses sentimentos e os revivem em si
encarnam [ou seja, a arte] é inseparável da mesmas”. Troque arte pelo vinho e veja se
humanidade e sem ela o homem talvez não a frase também não faz completo sentido.
queira viver na terra. O homem tem sede Acreditamos que sim.
de beleza, encontra e aceita a beleza sem
quaisquer condições, mas apenas como ela é, Saúde,
simplesmente porque é beleza; e ele se curva
diante dela com reverência, sem perguntar para Christian Burgos e Arnaldo Grizzo

COLABORADORES CIRCULAÇÃO
André de Fraia, André Mendes, Christiane Miguez,
Felipe Granata Kosikowski, Guilherme Velloso, Mauricio Leme e R.Scola Marketing Editorial
João Paulo Gentille (texto)
ASSINATURAS
PUBLICIDADE assinaturas@innereditora.com.br
DIREÇÃO publicidade@innereditora.com.br
+55 (11) 3876-8200
PUBLISHER +55 (11) 3876-8200 – ramal 11
Christian Burgos - christian@innereditora.com.br Distribuição nacional por Correios - EMPRESA BRASILEIRA
REPRESENTANTES COMERCIAIS DE CORREIOS E TELÉGRAFOS.
DIRETORA DE OPERAÇÕES Auxi Paschoal - auxi.paschoal@gmail.com
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br Renato Andrade - randrade2712@gmail.com
ASSESSORIA JURÍDICA
Renato Scolamieri - renato@rscola.com.br
REDAÇÃO Sônia Machado - sonia@vistamontes.com.br Machado Rodante Advocacia - www.machadorodante.com.br
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Arnaldo Grizzo - a.grizzo@revistaadega.com.br MARKETING IMPRESSÃO
COORDENADOR
Grass Indústria Gráfica
DIRETOR DE ARTE Vinícius Araújo - vinicius@innereditora.com.br
Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br
AUXILIAR DE ARTE Revista ADEGA é uma publicação mensal da INNER Editora Ltda.
EDITOR DE VINHO Rafael Maron
Eduardo Milan - eduardo.milan@revistaadega.com.br
A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões, ideias e concei-
INTERNATIONAL SALES
EDITOR CONTRIBUINTE Estados Unidos tos emitidos nos textos publicados e assinados na revista ADEGA,
Luiz Gastão Bolonhez Inner Publishing - sales@innerpublishing.net por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

FINANCEIRO
financeiro@innereditora.com.br www.revistaadega.com.br
Aprecie com moderação

Vale dos Vinhedos - Bento Gonçalves @casavalduga www.casavalduga.com.br


Sumário
54 94
74
DOC
Grands
Côte-Rôtie, a Domaines
denominação mais
Lista ao norte do Rhône A lenda do Jura,
Pierre Overnoy
10 regiões
produtoras
inusitadas

44
Harmonização
64 10 vinhos para pratos
típicos de boteco
Escola do vinho
Como evoluir seu paladar
para o vinho?

12
Entrevista

94
Josè Rallo e a parceria entre

103
Donnafugata e Dolce &

84
Gabbana
Curiosidades
Cave
Uma fórmula para
Escola do vinho prever os preços Uma seleção de vinhos
Diferenças entre as de Bordeaux? avaliados pela nossa equipe
seleções clonal e massal

e mais...

08 24 42 70 113
Cartas Mundovino Uvas Mercado Clube ADEGA
Mensagens dos nossos Notícias sobre Gewürztraminer, fatos Análise do mercado de Confira as novidades do
leitores com sugestões, acontecimentos gerais do sobre a variedade vinhos da Borgonha e sua mês do nosso clube de
elogios, reclamações etc. mundo do vinho “apimentada” explosão de preços vinhos
Cartas

unificação italiana. Explorarem esse amigo voltou da Espanha e trouxe


mundo com mais detalhes. alguns vinhos de lá. Eu não conheço
REVISTA ADEGA - ANO XV - N O 196 - 2022

| ANO XV - NO 196 - R$ 22,00 – € 4,00

Grevrey-Chambertin
Os Grand Cru mais
Giuliano Fragoso a região e acho que nunca tinha
tomado um vinho de lá antes. Ele
potentes da Borgonha

Os diferentes tipos de
Vinho do Porto

10 vinhos abriu um Mencía, muito bom. Aí,


Harmonização
para pratos
leves e saladas

O mercado
depois de ler a matéria, vi que é uma
de vinhos em 2021

Resveratrol
Eu gosto muito de vinho e região que anda “na moda”. Onde
O composto
“mágico” do vinho
tenho paixão pelos vinhos de consigo encontrar vinhos de Bierzo
Esporão
Private Selection
em novos rumos sobremesa. São meus favoritos. no Brasil?
Lucas Saldanha
Como recuperar
o paladar
pós-Covid
Fico esperando o fim da refeição
O papel da
barrica para abrir uma garrafa de algo
WWW.REVISTAADEGA.COM.BR

docinho. Mas eu nem sempre Caro Lucas, confira os vinhos de


Vega-Sicilia acerto nas combinações. Já vi Bierzo que ADEGA já avaliou no site
Obsessão pela que chocolate, por exemplo, não MelhorVinho.com.br. Lá você verá os
qualidade
fica muito bom com os brancos importadores que os trazem para o
e também nem sempre dá certo Brasil e poderá adquirir se quiser.
com os tintos. Alguns vinhos são
Indígenas muito “melados” e ficam amargos
Queria dizer que senti falta de demais junto com a sobremesa. Se Porto
algumas uvas indígenas de alguns possível, gostaria de um pequeno Muito legal a explicação sobre
lugares na lista que vocês fizeram guia para poder apreciar melhor os diferentes estilos de Vinho do
na edição 195. Na Sicília mesmo, esses vinhos que tanto amo, junto Porto na edição 196. Eu sequer
que vocês citam a Nero d’Avola, há com alguns doces. conhecia alguns e não sabia direito
diversas outras, como a Catarrato, Tânia Galvez as diferenças entre eles. Gosto de
Grillo, Frappato etc. Aliás, a Itália Porto por influência do meu avô,
é pródiga em uvas nativas e podia que sempre tinha um na adega em
ter uma matéria só falando delas. Bierzo casa e sempre estava bebendo uma
Fica a dica. O mesmo vale para Eu vi na edição 190 que vocês tacinha. Toda vez que tomo, lembro
Portugal. Provamos tantos vinhos fizeram uma matéria sobre dele. Agora vou explorar mais estilos
portugueses por aqui, mas damos Bierzo e fiquei bastante curioso, e tentar apreciar as diferenças.
pouca atenção às uvas de lá. Vale a especialmente depois que um Wilson Nogueira
pena um estudo mais aprofundado
sobre diversas delas e também as
regiões onde se destacam. Mas,
enfim, são apenas sugestões.
Espero que possam ampliar o tema,
pois ele é bastante longo.
Carla Miguel

Barbaresco
Muito bom saber mais sobre os
vinhos de Barbaresco, mas gostaria
de ver um artigo também com os
Crus de Barolo, que eu acho até
mais interessantes do que os da
região vizinha (pelo menos na
minha opinião, sou fã de Barolo).
Barolo tem uma história muito
rica, que se liga até a história da

8 | Revista ADEGA - Ed.197


V EGA S ICILIA
O MELHOR VINHO DA ESPANHA

É difícil apontar qual é o melhor produtor de vinhos da França ou da Itália.


A Espanha, por sua vez, tem um produtor que é uma verdadeira unanimidade: Vega Sicilia!
Os vinhos com a assinatura de Vega Sicilia não são apenas os melhores vinhos espanhóis,
estão indiscutivelmente entre os melhores e mais celebrados de todo o mundo.

Os melhores vinhos da Espanha você encontra na Mistral

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ADEGA
Responde

Vinho
tem glúten?
“Talvez eu esteja sendo
ingênuo, pois a informação
geralmente está no rótulo, mas
é possível um vinho ter glúten?”,
questiona Gilmar Lima

O GLÚTEN É UMA PROTEÍNA


encontrada basicamente no trigo,
centeio e cevada. Pessoas com
doença celíaca ou intolerância ao
glúten devem evitar o consumo.
Tanto que as leis de rotulagem
brasileiras obrigam todos os
alimentos a conter a informação se
possuem ou não glúten. Mas se o
vinho é basicamente feito de uvas, é
obvio que ele não tem glúten, certo?
Sim, mas ainda assim pode
haver formas raras de uma
possível “contaminação”. Embora
os ingredientes básicos usados
para elaborar vinho sejam isentos
de glúten, a contaminação pode
ocorrer durante alguns processos.
Um deles é a colagem, que remove
elementos indesejados, como O vinho pode ser guardado em vários e, não à toa, a maioria quase absoluta
proteínas, compostos vegetais e tipos de recipientes. Uma prática dos vinhos é rotulada como “livre de
leveduras, para garantir que o vinho antiga e menos comum atualmente glúten”. Na dúvida, caso não haja essa
fique límpido. Clara de ovo, proteína é armazená-lo em barris de carvalho informação, é melhor consultar o site
de leite e proteína de peixe são com topos selados com uma pequena da vinícola ou entrar em contato com
agentes clarificantes comuns que quantidade de pasta de trigo – que o produtor para questionar.
não contêm glúten. Mas há agentes contém glúten. Ainda assim, o risco
de colagem veganos, como argila de contaminação existiria, mas seria
bentonita e o próprio glúten, que bastante baixo.
pode ser usado para colagem, mas é Enfim, como esses métodos envie suas dúvidas
algo bastante raro. citados acima são extremamente para redacao@
revistaadega.com.br
Outra etapa em que pode haver raros atualmente, a chance de
contaminação é o envelhecimento. contaminação por glúten é baixíssima

10 | Revista ADEGA - Ed.197


Vinhos emocionantes
e deliciosos, ligados à terra
onde são elaborados.

Pelas mãos do aclamado Frascisco Baettig, os vinhos são elaborados de forma artesanal com
intervenção mínima para alcançar a máxima expressão do terroir. As uvas são colhidas no
momento certo, fermentadas com leveduras selvagens, e usando o carvalho com moderação.
Tudo para produzir vinhos com a mais alta qualidade e a maior expressão de Viñedos Los Suizos,
na cidade de Traiguén, no Chile. O V I N H O C E RTO E M Q UA LQ U E R M O M E N TO.

worldwine.com.br FAC E B O O K .CO M / WO R L DW I N E B R A S I L - I N STAG R A M .CO M / WO R L DW I N E DISTRIBUIDORA OFICIAL


ENTRE VISTA
JOSÈ R ALLO

MPB combina
com vinho na Sicília
Josè Rallo, da Donnafugata, mostra como a arte
e o vinho criam uma conexão perfeita

por Arnaldo Grizzo, Eduardo Milan e Christian Burgos

QUANDO FALAMOS DE Donnafugata.


harmonização de vinhos, uma das Formada em economia, Josè
premissas costuma ser combinar na verdade parece ter herdado
coisas do mesmo “terroir”. É por muito mais o lado artístico da mãe,
isso que falamos de Borgonha com Gabriella, a pessoa por trás das
boeuf bourguignon, por exemplo. referências literárias e também dos
Mas e se fôssemos casar vinhos rótulos chamativos da vinícola.
com músicas? Pense nos vinhos Foi Gabriella quem comissionou o
sicilianos... se seguirmos a lógica do artista-amigo Stefano Vitale para
“terroir”, provavelmente diríamos criar o design de Donnafugata, nome
que a combinação seria com uma inspirado no romance ll Gattopardo
“canzonetta” siciliana, talvez na voz (O Leopardo) de Giuseppe Tomasi di
de Rosa Balistreri, ícone da música Lampedusa.
da ilha situada na ponta da bota. Enquanto o irmão Antonio cuida
Mas e se alguém lhe propuser mais diretamente dos vinhos, Josè
degustar alguns dos mais célebres transparece o espírito da vinícola.
vinhos sicilianos acompanhado Quando nos anos 1980 encontrou
de hits da MPB na voz de Tom com seu marido Vincenzo Favara,
Jobim, Vinícius de Moraes, Chico percussionista de uma banda, seu
Buarque, Caetano Veloso etc.? lado musical também aflorou – ela
Soaria estranho? Não para Josè havia estudado “bel canto” por
(Giuseppina) Rallo, que juntamente alguns anos e cantado em coral. Ele
com seu irmão, Antonio, está à frente a incentivou a se tornar solista e a
da mais famosa vinícola siciliana, a apresentou ao mundo do jazz, mas

12 | Revista ADEGA - Ed.197


O design, com Poderia contar um pouco da um grande perigo para a qualidade
essas cores, é a história de Donnafugata? do vinho. Então, usar temperaturas
É uma vinícola familiar na Sicília. frias para fermentação foi perfeito
mensagem do que Minha família começou no negócio para produzir vinhos refinados e

realmente está de vinhos em 1851. Eu sou a quinta


geração. Meu pai, Giacomo, e
frescos, aromáticos e com longa
vida.
dentro da garrafa, minha mãe, Gabriella, fundaram
Quais foram as mudanças
o caráter do vinho”
um novo negócio nos anos
1980 e eles decidiram chamá-lo propostas por seu pai e sua mãe?
Donnafugata. Então, eles mudaram A primeira revolução foi realmente
um pouco a rota e a história da atuar na vinha. Na Sicília,
tradição da família, porque tanto podíamos produzir grandes
especialmente à MPB. Anos depois, minha mãe quanto meu pai são quantidades. Minha mãe, que
Josè, percebendo as similaridades, muito criativos e entenderam que foi realmente uma pioneira da
transportou sua paixão pela música Sicília era a terra perfeita para viticultura siciliana, entendeu,
para dentro do mundo do vinho e fazer um novo estilo de vinho, mais logo no início, que era muito
criou o projeto “Vinho e Música”, em frutado, mais fresco, mais moderno, importante reduzir a produção por
2002. Desde então, não só gravou CDs para um novo estilo de vida, um planta, concentrar nas grandes
como fez performances ao vivo em novo estilo de consumo. uvas, no caráter do terroir. Claro
diversas ocasiões, como na Acrópole que, no momento em que você
de Atenas, por exemplo. Qual foi a inspiração para essas reduz a produção por planta, os
Recentemente, Donnafugata fez mudanças? custos das uvas sobem. Então
parceria com a Dolce & Gabbana, uma Meu pai estava na Califórnia você deve alcançar uma qualidade
das marcas de moda mais cults do e aprendeu sobre a tecnologia muito alta para poder pagar por
planeta, e vem produzindo rótulos aplicada à vinificação. Este foi o isso. É importante entender isso.
cada vez mais exclusivos para um primeiro “milagre” que ele fez. O A segunda revolução foi feita na
público que entende que a cultura do sol é perfeito para o crescimento vinícola, usando a tecnologia.
vinho transcende a taça e toca a alma, com uvas bem maduras, muito Então estávamos refrigerando as
especialmente quando combinada aromáticas, mas a alta temperatura uvas antes da prensagem, durante
com outros elementos etéreos. durante o período de fermentação é a fermentação, e isso foi capaz

14 | Revista ADEGA - Ed.197


“Meus pais sempre dizem que você
não tem qualidade real se não for
capaz de comunicar qualidade”

de fazer uma fermentação mais meus pais sempre dizem que você é a mensagem do que realmente
longa. Isso significa uma extração não tem qualidade real se não for está dentro da garrafa, o caráter do
mais longa de aromas. E a terceira capaz de comunicar qualidade. vinho e o caráter da terra de onde
revolução foi o armazenamento Então eles estavam focando na vem esse vinho.
dessas garrafas, colocando-as sob comunicação, relacionamento com
temperatura controlada e também as pessoas, jornalistas, vendedores Em um primeiro momento, a
aumentando o período que o vinho etc. Minha mãe decidiu mudar o expansão foi por meio das castas
fica na garrafa, porque queremos estilo dos rótulos e criou aqueles internacionais, mas agora há
trazer para o mercado rótulos rótulos artísticos que encontram um foco maior nas variedades
que já estão em um estágio muito em nossas garrafas hoje. Em nossa nativas. Por quê?
interessante, bastante perfeito. filosofia isso é parte da qualidade, Meus pais entenderam que, nos
Esse tempo na garrafa é um da maneira como comunicamos ao anos 1980, falar sobre Nero d’Avola,
momento muito importante para a consumidor o que está dentro da Catarratto, era muito difícil, quase
construção de qualidade. Por fim, garrafa. O design, com essas cores, impossível. Então eles decidiram

Revista ADEGA - Ed.197 | 15


Como meu começar com as variedades
internacionais para dizer:
Foi uma estratégia que realmente
funcionou bem.
irmão e eu “podemos produzir Cabernet ou
Chardonnay muito interessantes, Conte um pouco como aconteceu
nos sentimos e você pode comparar esses vinhos a parceria com Dolce & Gabbana.
com pais que com os melhores do mundo”. A
ideia era ter uma comparação
É uma parceria muito desafiadora,
porque eles são muito sérios
fizeram tantas entre a produção da Sicília e a e querem o máximo em cada

revoluções em produção de outras regiões do


mundo. Depois de colocarmos
detalhe. Não sei explicar, mas é
sempre olhar para cima e fazer
suas vidas? Você a base de nossa reputação neste algo mais. Durante os últimos 10
tipo de vinho, poderíamos voltar anos, eles têm cooperado com
pode imaginar, às nossas raízes e falar sobre a outras marcas sicilianas para

é uma vida Nero d’Avola, Catarratto, Grillo,


Zibibbo, Nerello Mascalese... Nós
mostrar as características sicilianas
ao redor do planeta. [Domenico
muito difícil temos talvez 60 variedades de uvas Dolce – que junto com Stefano
nativas diferentes. Este é realmente Gabbana criou a marca – cresceu
[risos]” o nosso futuro. Podemos trazer na Sicília]. Com Donnafugata, eles
surpresas para os próximos 20, 30, começaram há cerca de cinco anos,
40 anos produzindo com nossas comprando alguns vinhos para
uvas nativas. Foi importante para desfiles, bares temáticos ou então
a Sicília criar a reputação por para festas de Stefano e Domenico.
meio do Chardonnay, do Cabernet Então, pouco a pouco, eles foram
Sauvignon, e depois voltar às raízes. propondo algo mais importante.

16 | Revista ADEGA - Ed.197


Donnafugata tem nome inspirado no
romance ll Gattopardo (O Leopardo)
de Giuseppe Tomasi di Lampedusa

E na minha mente eu pensava: uma honra para nós, mas também coleção de quatro vinhos, que estão
“O que vocês estão fazendo? Por estávamos um pouco assustados, tendo muito sucesso. E também há
que estão propondo essas coisas?” pois eles queriam algo muito novo. algo esperando nas adegas – que
Então quando vieram nos pedir não posso dizer, mas haverá uma
apoio definitivo para uma parceria O que pediram? surpresa nos próximos anos.
de produção, eu disse: “Eles nos Eles queriam um vinho rosé, que
testaram nos últimos quatro ou era incomum, algo nunca provado, Quais as motivações para os
cinco anos. Eles testaram nossa nunca visto. Felizmente havíamos vinhos?
vinícola, nossa filosofia, nossa recuperado uma antiga casta que Para sermos exclusivos nessa
cultura, nossa capacidade de servir, ninguém cultiva hoje em dia, que produção para Dolce & Gabbana,
de ser perfeitos, de dar atenção aos se chama Nocera. E fizemos uma focamos no Etna. É um terroir de
detalhes. Avaliaram todos os nossos mistura entre Nocera e Nerello produção muito pequena, que
pontos críticos, só então decidiram Mascalese cultivada no Etna. Então representa apenas 1% dos vinhedos
propor uma parceria”. E ficamos começamos com Rosa e depois sicilianos. É um lugar especial
muito felizes porque foi, claro, continuamos. Agora temos uma por causa do solo vulcânico, um

Revista ADEGA - Ed.197 | 17


Parceria entre Donnafugata e
Dolce & Gabbana consolidou-
se após alguns anos de
sondagens

rótulos com a identidade deles, mas


a realidade é que foi um casamento.
Compartilhamos as cores, que são
as cores da Sicília. Sinto que há
realmente algo alinhado que coloca
tudo junto e isso também mostra
o respeito de Dolce & Gabbana por
Donnafugata, nossa identidade,
nossa história. É uma parceria
realmente interessante.

De onde vem essa relação de


Donnafugata com a arte?
O amor pela arte está no meu
sangue e também no da minha
mãe. Temos uma grande paixão
por todas as formas de arte. Minha
mãe adora cores. Ela começou
pintando nossas casas com muitas
cores diferentes. Cada quarto
tem uma cor. Ela é uma mulher
brilhante e acredita que a arte é a
melhor maneira de se comunicar
com o coração das pessoas. Por
isso, foi a ideia dela o logotipo de
Donnafugata com aquela mulher
com o cabelo ao vento. O nome vem
da literatura, que significa mulher
vulcão ativo com 3.300 metros. um esforço especial, porque fugitiva. Em 1994, ela decidiu pelo
Os vinhedos estão em terraços, selecionamos também as bagas primeiro rótulo artístico, o La Fuga
então é uma viticultura heroica, de com uma máquina, descartando as Chardonnay, pois pensou que o
muito trabalho. É uma viticultura que não estão maduras o suficiente Chardonnay da Sicília deveria ter
de montanha, mas de frente para ou sobremaduras. Não usamos um rótulo diferente. Ela conheceu
o Mediterrâneo, então, tem um barricas novas, pois são vinhos mais Stefano Vitale e disse: “Stefano,
clima continental, mas um pouco delicados. E então passam por um você está apaixonado pela Sicília.
ameno, não tão severo como norte longo envelhecimento em garrafa. Está apaixonado por Donnafugata.
da Europa. E difere do resto da Você sabe o que é a mulher fugitiva?
Sicília não apenas pela altitude Quem desenhou os rótulos? Sou eu, Gabriella. Estou fugindo da
e clima, mas também toda a Desde o primeiro dia, eles minha vida. Eu era professora de
chuva, porque lá chove muito. disseram: “Vocês são bons em fazer inglês, e agora sou uma produtora
Tudo é diferente. O solo vulcânico vinho. Então façam o vinho, e nós de vinhos. Estou fugindo o tempo
confere uma mineralidade muito vestimos”. Eles criaram alguns todo. Eu estou sempre indo em
especial aos vinhos, que são muito rótulos incríveis. Cada parte do frente. Então, por favor, desenhe
verticais, têm uma ótima acidez, rótulo é diferente. Eu estava um a cara dessa mulher”. Ele então
mas são largos. Eles são feitos das pouco ansiosa sobre combinar fez algo especial, mas o primeiro
melhores parcelas e ainda fazemos nossa identidade em termos de trabalho artístico foi um escândalo.

18 | Revista ADEGA - Ed.197


Para a parceria com Dolce
& Gabbana, Donnafugata se
concentrou nos vinhos do Etna

Por quê? Esta foi a minha revolução. Conheci


Tivemos clientes ligando para a um homem “do palco” que tocava
vinícola para dizer que estavam percussão numa banda com essas Foi importante
com raiva. Eles não entendiam que músicas, Tom Jobim, Vinícius de
tipo de rótulo tínhamos colocado Moraes... Era 1987. Apaixonei-me para a
em nosso vinho. Eles queriam nos
devolver a garrafa. Foi um escândalo.
por esse homem e ele me deu todo
o seu know-how em termos de
Sicília criar
Mas tínhamos certeza da mensagem música brasileira. Toda semana a reputação
por meio do
para o consumidor, para as pessoas me mandava uma mensagem
que amam a arte. Dissemos: “Sejam com músicas brasileiras. E porque
pacientes, ofereçam essas garrafas
ao consumidor. E então vamos
eu estava apaixonada, estava
aprendendo de cor todas essas
Chardonnay,
discutir.” E foi um grande sucesso. canções. Então, em três meses, do Cabernet, e
Minha mãe e meu pai sempre foram
revolucionários. Eles sempre fizeram
eu tinha um ótimo repertório,
conhecia centenas de músicas.
depois voltar
algo que nunca foi feito antes. Então, Então, decidimos nos casar, voltei às raízes. Nós
diante disso, eu e meu irmão, como para a Sicília, e comecei a trabalhar
nos sentimos com pais que fizeram com meus pais. Mas decidimos temos talvez 60
tantas revoluções em suas vidas? Você
pode imaginar, é uma vida muito
organizar uma banda – e eu tinha
que cantar. Para mim era algo novo,
variedades de
difícil. Isso eu posso dizer [risos]. porque tinha o hábito de cantar uvas nativas.
E a sua relação com a música
em um coral, mas ser uma solista e
cantar português? E meu pai estava
Este é o nosso
e em especial com a música bravo comigo. Ele disse: “Não, você futuro”
brasileira, de onde vem? faz parte de uma vinícola, que é o

Revista ADEGA - Ed.197 | 19


O vinho através
da música, duas
linguagens que
podem ir direto
ao coração das
pessoas”

negócio da família. Você não pode


cantar. Não pode subir no palco”.
Eu disse: “Você não precisa se
preocupar. É só uma brincadeira,
só por diversão. Não vou mudar
minha vida”. Começamos assim e
depois de alguns anos, entendi que
tinha que fazer outra revolução. E HARMONIZAÇÃO MUSICAL
isso estava fazendo o casamento
entre a música, que eu amava, e o Cuordilava Dolce&Gabbana & Donnafugata –
Tem mais samba, por Chico Buarque
vinho que também amava. Entendi
que existem alguns vinhos que Floramundi Cerasuolo di Vittoria –
podem ser perfeitamente descritos Cigano, por Djavan
por uma música. E esse foi o
exercício que começamos a fazer. Isolano Dolce&Gabbana & Donnafugata –
As pessoas que estavam ouvindo o Se todos fossem iguais a você, por Tom Jobim
show com a taça nas mãos ficaram e Vinícius de Moraes
tão surpresas, tão felizes, então,
La Fuga Chardonnay –
pensei que era uma ótima maneira
Hora da razão, por Caetano Veloso
de dar algo mais à experiência
do vinho, fazer uma experiência Mille e una Notte –
multissensorial – o vinho através Pelas tabelas, por Chico Buarque
da música, duas linguagens que
podem ir direto ao coração das Ben Ryè Passito di Pantelleria –
pessoas. Branquinha, por Caetano Veloso

Rosa Dolce&Gabbana & Donnafugata –


Você tem uma música A rosa, de Chico Buarque
para cada vinho?
Sim, podemos enviar algumas Tancredi Dolce&Gabbana & Donnafugata –
sugestões. [Confira as sugestões de Stone washed (BlueDreams), por Joyce Moreno
Josè Rallo no box ao lado].

20 | Revista ADEGA - Ed.197


VINHOS AVALIADOS

AD CUORDILAVA DOLCE & AD ROSA DOLCE &


94 GABBANA 2017 92 GABBANA 2020
Donnafugata, Sicília, Itália (World Donnafugata, Sicília, Itália
Wine R$ 1.200). Tinto elaborado (World Wine R$ 560). Rosado
exclusivamente a partir de uvas composto a partir de Nerello
Nerello Mascalese cultivadas em Mascalese e Nocera, sem
solos vulcânicos na região do Etna, passagem por madeira. Tenso
com estágio de 14 meses em barris e vibrante, esbanja frutas
de carvalho francês. Austero nos vermelhas e brancas de perfil
aromas e nos sabores, mostra notas mais fresco escoltadas por
terrosas, de ervas, de flores e de notas florais e de ervas, que
especiarias envolvendo sua fruta aparecem tanto no nariz
lembrando ameixas e cerejas, com quanto na boca. Fluido e
sua acidez elétrica e seus taninos muito preciso, tem acidez
firmes e de grãos finos conferindo pulsante, textura firme e final
fluidez ao conjunto. Muito nítido vertical, com toques cítricos,
e preciso, tem final longo e salinos e de morangos. Álcool
persistente, com toques intrigantes 12%. EM
de sangue e de iodo. Paciência com
ele na taça ou na garrafa, pois ainda
está jovem e tem tudo para ficar
ainda melhor nos próximos 10 anos.
Álcool 14%. EM

AD ISOLANO DOLCE & AD TANCREDI DOLCE &


93 GABBANA 2019 93 GABBANA EDIZIONE
Donnafugata, Sicília, Itália LIMITATA 2016
(World Wine R$ 560). Donnafugata, Sicília, Itália
Esse branco é elaborado (World Wine R$ 1.102). Corte
exclusivamente a partir de tinto composto de Cabernet
uvas Carricante cultivadas na Sauvignon, Nero d’Avola, Tannat
região do Etna, com estágio de e outras castas da região,
10 meses parte em tanques de com estágio de 12 meses em
aço inox, parte em barris usados barricas de carvalho francês
de carvalho francês. Complexo e mais 20 meses em garrafa.
nos aromas mostra notas Apresenta frutas negras
florais, de ervas maceradas e de maduras, empireumático,
especiarias doces envolvendo especiarias, balsâmico e ervas
sua fruta branca e de caroço secas. Estruturado e elegante,
madura, tudo sustentado por impressiona pelos taninos
sustentado por acidez vibrante firmes e de ótima textura,
e textura firme e cremosa. além de acidez vibrante e final
Tem final cheio e persistente, persistente e carnudo, com
com toques salinos, cítricos notas de ameixas escuras, de
e de frutos secos. Um ótimo alcaçuz e de chá preto. Álcool
exemplar de brancos de solos 14%. AM
vulcânicos. Álcool 12,5%. EM

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Grãos selecionados desde o produtor, torrefação
cuidadosa, embalagens diferenciadas e muitas
opções de preparo são a realidade do que
é o café do Grupo 3 corações

O
aroma do café está entre os que pode não fazer.
mais atraentes do mundo e sua Quem aprecia café
capacidade de evocar memórias precisa saber que existe uma
- uma preguiçosa manhã de domingo, importante certificação que está nas
o bate-papo na casa de um amigo - embalagens, a da SCA, Specialty
encanta a todos. Para nós brasileiros Coffee Association (Associação
o café é tão familiar e presente que é de Cafés Especiais e seu braço
tratado no diminutivo. Niguém recusa brasileiro, a BSCA). É uma
o convite para um cafezinho! Mas é organização sem fins lucrativos
exatamente por ser tão ‘de casa’ que que congrega de produtores
a maioria de nós raramente prestava a baristas e oferece
muita atenção ao café. Felizmente, as treinamentos, pesquisa,
empresas do segmento estão atentas e o banco de dados da área e
trabalho delas fez com que a diversidade uma avaliação certificada
e qualidade dos cafés tenha crescido nos de cafés especiais com
últimos anos, encantando consumidores. rígidos critérios e pontuação
O grupo 3corações, com origem na para diversos parâmetros,
cidade de São Miguel, Rio Grande do como aroma, sabor e acidez.
Norte, é hoje a maior indústria de café Um café especial é, pela
do Brasil, comercializando 39 marcas definição da BSCA (Associação
no país. Mas ser líder não permite Brasileira de Cafés Especiais),
que ninguém durma sobre as sacas, composto por grãos isentos de impurezas
muito ao contrário: café dá energia e defeitos que possuem atributos
para buscar novidades e é assim que, sensoriais diferenciados. Estes atributos, está espalhado por uma dezena de
na empresa que começou em 1959, a que incluem bebida limpa e doce, corpo e estados. Quatro deles já possuem
linha de cafés especiais cresce todo acidez equilibrados, qualificam a bebida certificação do INPI (Instituto
ano, com novidades que vão desde acima dos 80 pontos na análise sensorial Nacional de Propriedade Industrial)
grãos colhidos em microlotes de (que vai até 100). Além da qualidade, os com as Indicações de Procedência (IP)
terra, cultivadas com excelência e cafés especiais devem ter rastreabilidade Alta Mogiana e Região de Pinhal em
cuidado, até projetos com criações de certificada e respeitar critérios de São Paulo, Oeste da Bahia e a Norte
chefs de cozinha e com mulheres do sustentabilidade ambiental, econômica e Pioneiro do Paraná. O estado de
agronegócio cafeeiro. Entre projetos e social em todas as etapas de produção Minas Gerais tem duas Denominações
pesquisas, nas nove fábricas do grupo, Nas embalagens dos cafés especiais de Origem: Mantiqueira de Minas e
mais de 7.000 funcionários levam da 3corações, os selos de garantia da Cerrado Mineiro. “O Grupo 3corações
extremamente a sério a ‘hora do café’. SCA e/ou da BSCA estão logo na trabalha próximo de milhares de
frente ou na lateral das embalagens, produtores e adquire cafés de norte
 com a pontuação que o café obteve. a sul do Brasil”, explica Carolina
 Barreto, especialista em cafés do
Nós brasileiros nem sempre lemos   Grupo. Ela conta que são feitas
os rótulos como deveríamos e isso  pesquisas de grãos, avaliando os mais
nos ajudaria a termos informações A origem do café importa muito, adequados para cada torra e tipo de
importantes sobre o que consumir, ainda mais num país como o nosso, extração.”Buscamos e adquirimos
tanto o que nos faz bem quanto o maior produtor mundial e cujo cultivo o café de produtores e regiões

22 | Revista ADEGA - Ed.197


vencedoras em concursos de qualidade foto e uma pequena parte da história propriedade”, diz Carolina Barreto.
de grãos”, afirma ela. dessa mulher está estampada em cada Para quem aprecia o café escuro
Para muita gente, o café de casa é o embalagem. “Quando lançamos o como a noite ou claro como um
moído e coado (nos tradicionais filtros Concurso, esperávamos uma centena amanhecer, perfumado como um
de pano ou de papel) ou o espresso, de participantes. Hoje são mil florada ou intenso como o perfume dos
consumido em padarias, restaurantes e produtoras inscritas. É um trabalho grãos de torra escura há, com certeza,
bares. Mas essa realidade tão familiar que nos enche de orgulho e incentiva um café para seu estilo no Grupo
vem mudando a passos largos e a busca da excelência em cada 3corações.
expressos.
É cada vez mais comum ter em
casa e no escritório, máquinas de
café com cápsulas, que oferecem
muitas opções de bebidas de alta
qualidade. Esse método de extração
é, segundo a especialista Carolina,
o mais controlado possível: “Na
cápsula, todos os parâmetros são
pesados para garantir uma extração
perfeita, enquanto a máquina
mantém a temperatura correta”,
conta. No Grupo 3corações a
máquina multibebidas (denominada
“TRES”) vem de uma parceria com a
empresa italiana Caffitaly e os cafés
encapsulados são desenvolvidos para
agradar diversos paladares e alguns
até com uma ‘assinatura’ especial. É
o caso da cápsula criada pelo chef
Alex Atala, um ID Coffee - café
com uma identidade diferenciada.
Entre as várias linhas de produtos, a
Rituais tem cafés especiais de variadas
procedências nacionais e estrangeiras,
além de orgânico e os diferenciados
Microlotes e Florada.
O aconchego que o café traz
faz com que muita gente sinta falta
do cafezinho coado. Para isso uma
inovação, de mãos dadas com a
tradição, vem conquistando xícara
após xícara, é o ‘Drip Coffee’, ou
simplesmente, café coado em doses
individuais. Num envelope fica uma
bolsa com alças que é apoiada na
xícara, permitindo que você prepare
seu café preferido onde quiser.   
Nessa linha há um produto com  
uma proposta que alia alta qualidade  
e prestígio para quem produz: o
Florada, um concurso anual onde
 
mulheres que cultivam café inscrevem   
seus grãos, que são selecionados   
e os melhores são comprados pela
3corações, cujo lucro da venda volta
para a produtora. Além disso, uma

Revista ADEGA - Ed.197 | 23


Mundovino EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Bom senso europeu


Parlamento Europeu rejeita advertências de saúde nos rótulos dos vinhos

A indústria do vinho na Europa viveu dias de tensão no ao lado do tabaco, má nutrição, alto índice de massa corporal,
começo de 2022. Não, não era uma nova praga, tampouco um estilo de vida sedentário e poluição ambiental. A alegação
lockdown ou um bloqueio econômico de algum país. Havia a foi baseada em um estudo de 2016 publicado no Cancer
expectativa de ser votado um relatório que iria, entre outras Epidemiol, que afirmou que, em toda a Europa, cerca de 10%
coisas, propor que o vinho fosse tratado como o cigarro nas de todos os casos de câncer em homens e 3% em mulheres
leis de rotulagem e, consequentemente, pudesse perder apoio podem ser atribuídos ao consumo de álcool.
na promoção da bebida pelas leis de incentivo europeias. Os deputados, contudo, apoiaram uma alteração no relatório
No dia 15 de fevereiro, porém, a recomendação para apontar que apoiava a distinção fundamental entre consumo e abuso
nas garrafas de vinho advertências de saúde tal como nos “nocivo” de álcool. “O texto adotado agora faz a diferenciação
rótulos de cigarro – como parte de uma nova estratégia fundamental entre consumo prejudicial e consumo
de prevenção do câncer – foi rejeitada pelo Parlamento moderado”, disse Ignacio Sánchez Recarte, secretário-geral
Europeu, em favor de mensagens que promovam o consumo do órgão europeu da indústria vinícola. Também se votou
moderado. contra a imposição de advertências sanitárias semelhantes às
Membros do parlamento apoiaram alterações a uma série apresentadas nos cigarros, a favor de mensagens de incentivo
de recomendações apresentadas pelo Comitê Especial ao consumo moderado e responsável.
para Combater o Câncer (BECA), que incluiu a proposta de “Conseguimos nos livrar da recomendação sem sentido
advertências sanitárias nos rótulos de vinhos e bebidas. O de colocar advertências sanitárias nas garrafas de vinho,
relatório do BECA, “Fortalecimento da Europa na luta contra como fazemos com os maços de cigarros. Estamos pedindo
o câncer”, inclui várias medidas destinadas a reduzir o uso sistemas de rotulagem mais transparentes para bebidas
nocivo de álcool em pelo menos 10% até 2025. Ele foi assinado alcoólicas, que forneçam aos consumidores informações
pela oncologista e política francesa Véronique Trillet-Lenoir sobre o consumo moderado e responsável. A suposição de
e faz parte de um processo mais amplo destinado a combater que não há ‘nível seguro’ foi enganosa e simplista, pois não
todos os fatores de risco do câncer, melhorar o tratamento considera os padrões de consumo e outros fatores de estilo
e aumentar a cooperação e o financiamento de pesquisas de vida; felizmente, os deputados do Parlamento Europeu
relevantes em toda a União Europeia. concordaram em alterar esta referência”, disseram os
O relatório original definiu qualquer forma de consumo de deputados italianos Paolo de Castro, Herbert Dorfmann e
álcool como fator de risco para cânceres e doenças crônicas, Pina Picierno, em comunicado conjunto.

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Vigor
Vendemmia d’Artista de Ornellaia 2019 ganhou arte de dupla sueca
garrafas double magnums, 10 a “beleza oculta” da terra e o “segredo”
imperiais e um salmanazar dentro do solo que ninguém pensa.
vendidas para arrecadar fundos Hans disse que eles queriam mostrar
para a Fundação Solomon R. a “capacidade da natureza” com seus
Guggenheim, que planeja expandir poderes regenerativos e parte disso
sua iniciativa “Mind’s Eye” – um é o processo de metamorfose – a
programa que capacita deficientes transformação de uma forma imatura
visuais a experimentar a arte física e para uma forma adulta. O tema da
virtualmente através de workshops metamorfose é representado nos
inovadores e ferramentas de rótulos das garrafas de 750 ml e 3 l
aprendizagem. como um dedo que marca a terra.
Os artistas suecos Nathalie Djurberg Durante um evento virtual transmitido Esculturas exclusivas nos formatos 6 l
e Hans Berg foram comissionados on-line da propriedade em Bolgheri, e 9 l destacam “a beleza oculta na qual
pelos curadores de arte da vinícola a personalidade do vinho Ornellaia raramente pensamos”.
Ornellaia para desenvolver os da safra 2019 foi revelada como “Il Ornellaia 2019 será lançado no
rótulos da famosa série Vendemmia Vigore” (vigor). O diretor da vinícola, mercado em 1º de abril de 2022. Cada
d’Artista. Introduzida pela primeira Axel Heinz, explicou que a safra 2019 caixa de seis garrafas terá uma garrafa
vez com a safra de 2006, a série visa teve um dos verões mais quentes com um rótulo da série Vendemmia
contratar diferentes artistas a cada dos últimos anos, descrevendo-a d’Artista. O restante das garrafas de
ano para capturar o caráter da safra como “brutal”. Ele disse que o vinho edição limitada será vendido pela
em esculturas e rótulos de edição “é intenso, é rico, é poderoso” e a Sotheby’s entre 5 e 19 de outubro de
limitada que são vendidos em eventos palavra “vigor” foi escolhida para 2022. Entre os artistas selecionados
de caridade. refletir a “força, poder e capacidade de para a série já houve um brasileiro,
Esta 14ª edição Ornellaia transformação” da safra. Ernesto Neto, que desenhou os rótulos
Vendemmia d’Artista terá 100 Nathalie observou que sua arte revela da safra 2014.

Novo Vega
Fim do suspense, Vega Sicilia vai investir em brancos de Rías Baixas

Os boatos estavam corretos. O grupo Tempos Vega em Crecente, perto da fronteira com Portugal, onde a
Sicilia vai investir 20 milhões de euros em um projeto empresa vai construir a nova vinícola, chamada Deiva.
de vinhos brancos na região de Rías Baixas. O anúncio “O estranho é que foi mantido em segredo, porque
encerrou meses de especulação sobre onde exatamente compramos vinhas naquela região há quatro ou cinco
a empresa faria seus primeiros vinhos brancos anos. Para mim, Albariño é o grande branco espanhol,
espanhóis (eles já elaboram vinhos brancos, mas do sem contar Jerez, o que é algo único e irrepetível
projeto Oremus, em Tokay, Hungria). no mundo. É uma grande variedade que precisa ser
Uma nova vinícola, a sexta do grupo, será construída melhorada e esse é o projeto que temos: fazer 300.000
e 24 hectares de vinhedos foram comprados até o boas garrafas,
momento. Vega Sicilia confirmou que a produção e para isso é
será inicialmente composta por dois brancos: Deiva, preciso ter um
um Crianza (com dois anos de idade); e Arnela, um bom vinhedo,
premium (envelhecido por três anos). Ambos os vinhos que não é fácil
devem ser lançados em 2025. O objetivo é fazer 300 de encontrar ou
mil garrafas por ano, principalmente focadas na casta comprar”, diz
branca Albariño. Pablo Álvarez,
As vinhas ficam em várias zonas de Rías Baixas, dono de Veja
incluindo Condado de Tea, ao redor do rio Minho e Sicilia.

26 | Revista ADEGA - Ed.197


Patrimônio
Grupo de viticultores busca reconhecimento para vinhas não enxertadas
Chkhaidze da principal vinícola apenas vinho, cada garrafa contém
georgiana, Askaneli; Thibault Liger- muita espiritualidade e cultura que
Belair (Borgonha); Chartogne-Taillet faz parte da humanidade há 8.000
(Champanhe); Feudi di San Gregorio anos... é por isso que precisamos
(Campania); Vida Peter (Hungria); do reconhecimento da UNESCO”,
Joh. Jos. Prüm (Alemanha); completou.
Dominio de Es (Espanha); Artemis “Pasquale Forte, que faz vinho em Val
Karamolegos (Grécia); St. Jodern encontrou pelo menos 100 hectares
Kellerei (Suíça); e Filipa Pato de videiras que se acredita terem sido
(Portugal), entre outros. propagadas a partir das mesmas vinhas
“Inicialmente, pensamos em organizar que os cristãos trouxeram para a Terra
encontros regulares para vinícolas Santa quando foram perseguidos por
que trabalham com videiras não Diocleciano. Estas vinhas são muitas
enxertadas de variedades indígenas, vezes desenraizadas, muitas vezes
onde os vinicultores pudessem provar simplesmente porque são consideradas
os vinhos uns dos outros e trocar não rentáveis. Se conseguirmos
ideias. Realizamos a primeira reunião protegê-las pela UNESCO, não será
em janeiro de 2020, pouco antes da mais possível desenraizá-las e esse
pandemia, e tivemos pessoas da patrimônio da humanidade será
França, Espanha, Itália, Alemanha, preservado”, diz Polidoro.
Grécia e Suíça”, disse Polidoro, cujo Um comitê científico está atualmente
projeto Contrada Contro, em Marche, trabalhando ao lado de Francs de
envolve vinhas de Malvasia Bianca di Pied para criar um relatório para
Candia não enxertadas. a indicação da UNESCO. Pasquet
Um grupo de viticultores europeus
Em junho de 2021, o grupo foi acredita que o processo levará alguns
liderados pelo controverso Loïc
oficialmente formado no Principado anos. Enquanto isso, os viticultores
Pasquet (do vinho Liber Pater) uniu-
de Mônaco, sob o patrocínio do também planejam desenvolver
se para defender as videiras não
príncipe Albert II. “Para alcançar um programa de certificação para
enxertadas e buscar reconhecimento
o reconhecimento da UNESCO, ajudar os consumidores a identificar
da UNESCO. O grupo Francs
precisamos ter muitas pessoas vinhos feitos com uvas de videiras
de Pied (pé franco) consiste em
influentes a bordo”, disse Pasquet, não enxertadas. “Nosso comitê
uma associação de vignerons
explicando por que o grupo buscou científico ficará encarregado de
que trabalham com vinhedos
apoio de figuras proeminentes certificar as garrafas, da mesma forma
não enxertados plantados com
como o próprio príncipe Albert que a Demeter faz para os vinhos
variedades nativas.
II de Mônaco, o presidente da biodinâmicos, com um logotipo que
A lista inclui o próprio Loïc Pasquet, Geórgia Salomé Zourabichvili e ficará visível no rótulo”, disse Polidoro.
presidente do grupo, assim como o o empresário italiano Pasquale O grupo Francs de Pied deve realizar
vice-presidente Egon Müller (Mosel), Forte. “As vinhas não enxertadas sua primeira reunião oficial do
e o secretário Andrea Polidoro de representam um patrimônio único conselho em março e a certificação
Cupano (Montalcino) e Contrada que é tão antigo como o vinho e de “vinhas não enxertadas” deve ser
Contro (Marche); bem como Gocha temos de o preservar. Vinho não é revelada em setembro deste ano.

28 | Revista ADEGA - Ed.197


Publieditorial

Mionetto lança
no Brasil a sua
versão Prosecco
Rosé DOC


A espera acabou. A Mionetto, marca do Grupo Henkell
Freixenet, após o relançamento do Prosecco DOC, em de-
zembro, amplia o seu portfólio no Brasil com a chegada do O Mionetto Rosé atende a uma série de normas firmadas
Mionetto Prosecco Rosé DOC. pela Denominação de Origem Controlada (DOC) do
O frescor marcante de Mionetto é intensificado pela Prosecco. Até 2020, pelas regras estabelecidas pelo
longa maturação que dura em torno de 60 dias, dife-
Consórcio, só era permitida a produção de prosecco
rente dos 30 dias necessários para o desenvolvimento
do prosecco branco, proporcionando à nova bebida um branco. A ideia de investir em rosé começou a ser
aroma de mel e crosta de pão. trabalhada com mais força em 2018. Dois anos depois,
O resultado dessa combinação garante ao prosecco um a proposta de alteração das normas foi acatada por
produto premium e de alta qualidade com caráter delicado
unanimidade junto ao Comitê Nacional de Vinhos do
e moderno. Mionetto Prosecco Rosé DOC harmoniza com
Ministério da Agricultura italiano e começamos
peixes como salmão e atum, crus ou selados, espaguete de
frutos do mar e risoto de camarão com limão siciliano, por a produzir o Prosecco Rosé”.
exemplo. É uma ótima pedida para apreciar sozinho ou em
um brinde despojado com os amigos. Além do sabor ini- O mercado para bebida é tão promissor que o Consorzio Tutela Prosecco
- DOC está prevendo que a produção total seja de “até 30 milhões de garrafas
cação vegana garantida pela V-Label, um registro interna- por ano”. “O mercado do prosecco está crescendo muito e acreditamos que
o Brasil acompanhará o resto do mundo. Para isso, estamos investindo em
ingredientes derivados de animais. Mionetto e ampliando a sua distribuição e portfólio no país”, falou Ruiz.

O CEO do Grupo Henkell Freixenet no Brasil, Fabiano O Mionetto Prosecco Rosé DOC estará à venda no e-commerce da Henkell
Ruiz, explicou o motivo da denominação DOC do produto: Freixenet, www.freixenet.com.br.

@mionettobr
Selados pelo governo
Sicília terá rótulos cunhados pelo governo para ajudar na rastreabilidade
A DOC Sicília, nascida em 2011, quer garantir a origem e rastreabilidade
de seus vinhos, e, para isso, vai introduzir rótulos obrigatórios emitidos pelo
governo em todas as suas garrafas. “Isto representa uma inovação importante
que garante a rastreabilidade de todas as fases de vida das nossas garrafas”,
disse Antonio Rallo, presidente do conselho de administração do Consorzio di
Tutela Vini Doc Sicília.
O rótulo governamental, obrigatório apenas para os vinhos DOCG (na Sicília,
aplica-se apenas ao Cerasuolo di Vittoria) é um importante marcador e
identificador das denominações italianas mais importantes, pois cada rótulo
mostra um código alfanumérico único que acompanha todo o processo de
produção, desde vinha até o engarrafamento.
O crescimento da venda dos vinhos DOC Sicília em todo o mundo aumentou significativamente o risco de
falsificação e o uso indevido da denominação em mercados estrangeiros. “Se, por um lado, o crescimento contínuo
dos vinhos DOC Sicília vendidos na Europa e no mundo recompensa o trabalho das vinícolas da ilha, por outro lado,
exige o reforço da supervisão. A introdução dos rótulos protege, assim, consumidores e produtores que respeitam as
regras das marcas DOC Sicília”, acrescentou Rallo. A medida entrou em vigor em 1º de janeiro de 2022.

Alternativa para os jovens


Geração Z parece estar de olho nos vinhos para sua
carteira de investimentos
Uma pesquisa com 2.000 investidores no Reino Index e CEO de sua plataforma LiveTrade, disse: “Para
Unido encontrou ligações entre a Geração Z – de pessoas aqueles preocupados com o que 2022 pode trazer para
nascidas, em média, entre a segunda metade dos anos seus investimentos, a clara preservação do capital do
1990 até o início do ano 2010 – e o investimento em vinho durante a pandemia e seu desempenho superior
vinhos finos. Quase metade de todos os entrevistados (de em 2021 (+19% versus +14% para ações do Reino Unido) é
várias gerações) disseram ter investido nos chamados claramente muito encorajador”.
ativos “alternativos”, como vinho fino, uísque, arte ou
criptomoeda, mas essa proporção subiu para 62% entre os
menores de 25 anos.
Encomendada pela Bordeaux Index e conduzida pela
agência de pesquisa de mercado 3Gem, a pesquisa sugere
que os investidores mais jovens “estão se voltando para
o vinho fino” como forma de aumentar seus ganhos. Dos
entrevistados com menos de 25 anos que investem em
vinho, quase três quartos gastam até £ 20.000 por ano em
garrafas, segundo a pesquisa. Cerca de 7% disseram que
gastam entre £ 50.000 e £ 500.000 por ano.
Embora nada seja garantido em termos de retorno, 55%
dos entrevistados da Geração Z disseram acreditar que o
investimento em vinho oferece estabilidade a longo prazo
dentro de um portfólio amplo. Além disso, 39% de todos
os entrevistados – de todas as faixas etárias – disseram
que escolheram o vinho devido ao seu ponto de entrada
relativamente acessível, em comparação com outros ativos
alternativos.
Matthew O’Connell, chefe de investimentos da Bordeaux

30 | Revista ADEGA - Ed.197


SUA BEBIDA GELADA POR MUITO MAIS TEMPO!

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temperatura de vinhos e espumantes por até 2 horas.
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Uma nova DAC
Região de Wagram da Áustria passa a ser denominação de origem protegida
Wagram se tornou o décimo sétimo ser monovarietais e devem apresentar variedades de uvas da região, Grüner
DAC (Districtus Austriae Controllatus) o nome de uma das 27 comunas Veltliner, Roter Veltliner e Riesling.
da Áustria. O anúncio veio depois das permitidas. Independentemente da categoria,
conquistas recentes por parte de Wachau No topo da pirâmide, Riedenweine é o DAC decreta que todos os vinhos
e Ruster Ausbruch em 2020, e Carnutum feito com frutas de um único vinhedo brancos devem ser secos e não
em outubro de 2019. oficialmente aprovado. A categoria apresentar sabores dominantes de
Juntamente com o status de DAC, permite o uso apenas das principais carvalho.
Wagram está adotando um esquema
de qualidade piramidal semelhante ao
seguido por outras regiões vinícolas
Espumantes
austríacas, consistindo em três Juntamente com a nova denominação de origem protegida, as
categorias: Gebietswein (vinho regional), alterações dos regulamentos vitivinícolas da Áustria também afetaram o
Ortswein (village) e Riedenwein (vinhedo vinho espumante do país (Sekt) e a região de Kremstal.
único). Para garantir que as origens austríacas sejam claramente comunicadas,
Treze uvas podem ser usadas para fazer os rótulos dos vinhos espumantes do país com denominação de origem
(Sekt g.U.) devem agora mostrar os termos Sekt Austria, Sekt Austria
vinhos de nível Gebietswein: Chardonnay,
Reserve ou Sekt Austria Große Reserve. “Ao empregar a designação
Frühroter Veltliner, Grauer Burgunder, ‘Sekt Austria’ para vinhos espumantes de origem totalmente austríaca,
Grüner Veltliner, Gelber Muskateller, estamos criando uma posição e um perfil claros para esses vinhos
Roter Veltliner, Sauvignon Blanc, premium, que vêm em três classes”, explicou Chris Yorke, CEO do
Traminer, Weißburgunder, Riesling, conselho de marketing de vinhos austríaco.
Espera-se que todos os Sekt sejam feitos com uvas de origem
Blauburgunder, St. Laurent e Zweigelt.
austríaca, de um único estado federal no caso de Sekt Austria e Sekt
Os vinhos podem ser monovarietais, Austria Reserve, e de uma única vila ou vinhedo para a categoria Große
misturas ou Gemischter Satz (field Reserve. Além disso, Reserve e Große Reserve só podem ser feitos
blends). pelo método tradicional, com um período mínimo de maturação sobre
Apenas sete variedades podem produzir as borras entre 18 e 36 meses respectivamente.
Ortswein: Chardonnay, Grüner Veltliner, Enquanto isso, a região de Kremstal ganhou nove origens Ortswein
(vilas) legalmente definidas: Krems, Stein, Rohrendorf, Gedersdorf,
Roter Veltliner, Weißburgunder, Riesling,
Stratzing, Senftenberg, Furth, Höbenbach e Krustetten.
Blauburgunder e Zweigelt. Eles devem

32 | Revista ADEGA - Ed.197


Vinhos e estrelas
Naples Winter Wine Festival 2022 bate recorde

Um leilão ao vivo de experiências Blumenthal (duas estrelas Michelin) della Sala. Os convidados também
exclusivas, envolvendo refeições em e acesso ao Royal Ascot, com assentos receberão estojos contendo três
restaurantes com estrelas Michelin, em um box privado da proprietária double magnums de Tignanello das
vinhos raros e acesso a propriedades da Jackson Family Wines, Barbara safras 2011, 2015 e 2017, além de três
famosas, ajudou o evento de caridade Banke – dentro do Royal Enclosure. Os magnums de Guado al Tasso 2012,
Naples Winter Wine Festival a hóspedes também receberão quatro 2014 e 2018.
arrecadar mais de US$ 23 milhões. garrafas de nove litros da linha de A NCEF disse que o lote mais alto
Realizado no resort de golfe Ritz- vinhos Lokoya da safra de 2018 – uma deste ano foi nomeado “uma refeição
Carlton, na Flórida, o evento é de cada região: Diamond Mountain de um milhão de dólares: tudo para as
realizado pela Naples Children & District, Howell Mountain, Mount crianças”, que viu 40 casais gastarem
Education Foundation (NCEF). Os Veeder e Spring Mountain. US$ 25.000 cada para participar
organizadores disseram que a quantia Outro lote, “nos passos da família da “refeição” programada para
levantada este ano foi recorde. Antinori”, foi vendido por US$ ocorrer em Bleu Provence, Naples,
Entre os principais lotes do leilão ao 580.000 e “dobrado por US$ 1,16 em novembro. Cerca de 20 chefs
vivo deste ano estava “um dia nas milhão”. Ele incluiu uma viagem de famosos, 20 viticultores de renome
corridas”, que foi vendido por US$ seis noites à Itália para dois casais, mundial e 17 Master Sommeliers
750.000 – e “dobrado por US$ 1,5 incluindo duas noites na Tenuta ajudarão a preparar “jantares íntimos
milhão”, segundo a NCEF. O pacote Tignanello, jantar na Osteria di e requintados” para os convidados -
ofereceu a três casais uma viagem de Passignano (uma estrela Michelin), inclusive nas casas dos curadores do
seis noites, incluindo uma estadia uma visita de helicóptero a Guado festival e em locais em Naples.
de duas noites no hotel Mandarin al Tasso em Bolgheri, na costa da Fundado em 2001, o Naples Winter
Oriental em Knightsbridge, em Toscana, e um passeio de helicóptero Wine Festival arrecadou quase US$
Londres, compras privadas na Harrods, até a Úmbria, além de passeio, 245 milhões para crianças em situação
um jantar no Dinner by Heston degustação e jantar no Castello de risco desde o seu início.

34 | Revista ADEGA - Ed.197


Chianti também quer Gran Selezione
Denominação Chianti vai adicionar nova categoria, similar à de Chianti Classico

do lançamento, mostrar sua área específica. Também


maior porcentagem indica uma vontade de lutar por um
de Sangiovese, nível de qualidade ainda mais alto,
menores porque os regulamentos para subzonas
rendimentos por são mais rigorosos do que os da
hectare, uvas denominação básica”, disse Busi.
exclusivamente Localizada na parte noroeste da
cultivadas em DOCG Chianti, a área de Terre di
propriedades e Vinci tem altitudes moderadas, com
álcool mínimo média de cerca de 150 metros acima
mais alto. Além do nível do mar, com declives suaves
disso, assim como e brisas temperadas do Mediterrâneo.
os novos UGAs de Há também uma configuração de solo
Chianti Classico se que combina calcário com camadas
aplicam apenas a de argila e abundantes depósitos de
Gran Selezione, é fósseis marinhos.
provável que o novo “Esta combinação tem potencial
Chianti DOCG Gran para produzir vinhos de terroir
Selezione se aplique que combinam tensão e vivacidade
apenas às subzonas com riqueza, corpo e taninos finos,
Poucos anos atrás, o consórcio da área da grande Chianti – incluindo demonstrando frescor, finesse,
de Chianti Classico criou uma nova a novíssima Terre di Vinci. persistência e um elemento salino
categoria para seus vinhos. Os Gran saboroso”, diz o enólogo Alberto
Selezione surgiram para ser o topo Nova região Antonini, que faz parte de um
da pirâmide qualitativa. Agora, os Sim, entre as modificações propostas pequeno grupo de produtores que
produtores da DOC Chianti (que é está o acréscimo de uma oitava subzona formou uma associação para criar a
mais abrangente que Chianti Classico) que se juntaria a Colli Fiorentini, Colli subzona na área de Vinci.
também querem criar algo semelhante. Senesi, Rùfina, Colli Aretini, Colline Assim que a subzona Terre di
Giovanni Busi, presidente do Consórcio Pisane, Montalbano e Montespertoli Vinci for aprovada, será enviada
Vino Chianti, afirmou que há um pacote (esta última adicionada em 1997). às autoridades da União Europeia
de modificações propostas enviadas ao A nova região Terre di Vinci será para ratificação final. Este é um
Ministro da Agricultura. Entre elas um composta por quatro municípios da procedimento demorado, mas está
pedido para adicionar uma categoria província de Florença: Vinci (local de prestes a acontecer – possivelmente
Gran Selezione às regras de Chianti nascimento e infância de Leonardo até a tempo da safra de 2022. Como os
DOCG. Ele indicou que a categoria Vino da Vinci), Ceretto Guidi, Fucecchio e vinhos de subzona geralmente exigem
Chianti Gran Selezione, que ocupa o topo Capraia e Limite. um período de maturação mais longo
da pirâmide de qualidade, seria muito “Este é um desenvolvimento positivo antes do lançamento, mesmo que a
semelhante à usada por Chianti Classico para a área de Terre di Vinci e, de fato, aprovação oficial leve um ano ou dois,
e iniciada em 2014. para todo o Chianti. O desejo de criar a nova categoria de subzona ainda
Ou seja, espera-se que os vinhos uma subzona demonstra uma forte poderá ser aplicada retroativamente
tenham maturação prolongada antes iniciativa por parte dos produtores de ao Chianti Terre di Vinci 2022.

36 | Revista ADEGA - Ed.197


19 vinhos nota 100
de Robert Parker e mais
de duzentos rótulos acima
de 90 pontos.

Markus Molitor busca a máxima expressão do terroir, com a mínima intervenção, tendo como
lema “80% inclinação, 90% Riesling e 100% paixão”. Em 2013 recebeu sua primeira nota 100 de
Robert Parker e desde então, 19 rótulos de Molitor alcançaram a nota máxima e mais de 200 de
seus vinhos possuem mais de 90 pontos na Wine Advocate. Um símbolo de Mosel.
O V I N H O C E RTO E M Q UA LQ U E R M O M E N TO.

worldwine.com.br FAC E B O O K .CO M / WO R L DW I N E B R A S I L - I N STAG R A M .CO M / WO R L DW I N E DISTRIBUIDORA OFICIAL


Renovada
Denominação de Origem Islas Canarias atualizou seus estatutos

existentes regiam apenas os vinhos de importantes, mas é a introdução


determinadas áreas e ilhas. da produção cruzada entre as
A DO Islas Canarias se tornou ilhas que realmente beneficiará os
bastante importante, pois permite viticultores. Anteriormente, aqueles
uma indicação de “subzona” para as com vinhedos em ilhas mais distantes
ilhas de Tenerife e Fuerteventura, tinham dificuldades em encontrar
dando-lhes uma identidade renovada. lugares para vender suas uvas se não
Além disso, também estabeleceu quisessem ou não pudessem abrir uma
um nível “Vino de Municipio” para vinícola própria. Isso foi um grande
mostrar vinhos produzidos em uma problema, pois eles costumavam
única cidade ou vila. arrancar videiras para plantar abacates
“Estávamos trabalhando nos vários ou outras culturas e, portanto,
aspectos do novo pliego há um ano inúmeros hectares de vinhedos foram
A Denominação de Origem Islas e meio antes de sua introdução. perdidos dessa maneira. Mas agora
Canarias adotou um “pliego de Foi muito importante fazer essas podemos fazer vinhos a partir dessas
condiciones” (estatutos) que traz mudanças e permitir mais flexibilidade uvas em qualquer lugar das ilhas,
uma nova dimensão para os vinhos dentro da DO. Precisávamos que se mantendo seu ponto de origem das
dessas ilhas espanholas. Criada em tornasse uma base para a identidade do ilhas, em nível DO, e dar um novo valor
2012, a DO Islas Canárias cobre todo vinho nas ilhas”, disse Aarón Alonso, às nossas vinhas patrimoniais e, assim,
o território das oito ilhas localizadas membro da equipe técnica da DO Islas protegê-las do desaparecimento”,
ao longo da costa ocidental da África. Canarias. aponta Francisco Borja de Mesa,
Até então, as 10 denominações “Todas essas mudanças são muito diretor da Bodega el Lomo.

Shafer vendida
Empresa coreana comprou uma das vinícolas mais tradicionais do Napa
A Shinsegae Property comprou a equipe, vai ver uma continuação confiança nesta nova equipe. Seu
vinícola Shafer Vineyards, localizada de tudo o que adora. Pode haver foco e o objetivo de longo prazo na
em Stags Leap, por US$ 250 milhões. algumas coisas novas no caminho Shafer estão muito alinhados – é
Doug Shafer, presidente da Shafer que eu acho que você vai amar e tudo questão de qualidade. Vinhas
Vineyards, fez o anúncio da compra abraçar também”, disse. de qualidade, vinhos de qualidade,
no dia 16 de fevereiro. A Shinsegae John e Betty Shafer foram pioneiros atendimento de qualidade ao cliente.
Property é uma empresa de marcas no distrito de Stags Leap quando Shafer continua em boas mãos e
de luxo com sede em Seul, detentora compraram uma propriedade com se meus pais pudessem estar aqui
de lojas de departamento, shopping vinhas velhas e mal cuidadas em neste momento, sei que, sem dúvida,
centers, resorts de golfe, hotéis etc. 1972, transformando-a em uma das concordariam”, disse Shafer.
Ela adquiriu a vinícola por meio de vinícolas mais celebradas do Napa.
sua subsidiária americana Starfield Hoje, seus cerca de 90 hectares
Properties. O enólogo da Shafer, Elias de vinhedos estão espalhados por
Fernandez, e a equipe principal de quatro fazendas (duas em Stags Leap
enologia continuarão na vinícola em District, uma em Oak Knoll District e
um futuro próximo. Doug Shafer, uma em Carneros). A vinícola produz
que também permanecerá, disse cerca de 33.000 caixas por ano.
em comunicado que espera que a Shinsegae Property é um dos
venda lhe permita mais tempo para maiores grupos de varejo da Coreia.
explorar projetos e se concentrar nas “Foi um prazer conhecer a equipe
coisas que o fizeram se apaixonar deles e estou muito empolgado
pelo negócio de vinhos. “Para quem com este novo capítulo para nossos
é fã dos nossos vinhos e da nossa vinhedos e vinícolas. Tenho muita

38 | Revista ADEGA - Ed.197


Bag premium
Tablas Creek lançou o primeiro bag-in-box “premium”
Pesquisas mostram que há um aumento geralmente não acontece. De acordo com a
constante no volume de vendas de vinhos EPA, apenas cerca de 31% do vidro é reciclado.
envasados em bag-in-box no mundo, mas E a maior parte disso é triturada e usada para
também mostra que os valores médios materiais de estrada. Sempre que você compra
costumam ser baixos, por volta de US$ 20 uma garrafa de vidro, geralmente significa
(para caixas de 3 litros). Mas um bag-in-box que é uma garrafa novinha em folha”, disse o
de 3 litros de vinho de US$ 95 venderia? gerente geral de Tablas Creek, Jason Haas.
Essa foi a aposta da vinícola Tablas Creek no Ele aponta que o formato bag-in-box
começo deste ano ao lançar seu rosé Patelin. economiza “40% de sua pegada total de
“Eu fiz uma autoavaliação de nossa pegada carbono e 86% de sua pegada de embalagem”.
de carbono. Uma das coisas que sempre salta Uma garrafa de Tablas Creek Patelin Rosé
à vista é o tamanho da embalagem. Mais da é vendida por US$ 28, então US$ 95 é mais
metade da pegada [de carbono] de um vinho barato do que quatro garrafas, que custariam
da Califórnia é a garrafa de vidro. O fato de as US$ 112. Tablas Creek fez 324 bags de Patelin
garrafas precisarem ser moldadas em altas Rosé 2021 e também 3300 caixas do mesmo
temperaturas e enviadas para você de longe vinho em garrafas. E, mesmo vendendo
significa que muita energia foi usada antes que somente de forma direta ao consumidor em
a garrafa chegue à sua adega. O bom do vidro seu site, todas as bags foram vendidas em C

é que você pode reciclá-lo. O ruim é que isso aproximadamente 4 horas.


M

CM

MY

O novo hit de The Chicks


CY

CMY

As estrelas da música country lançaram uma linha de vinhos K

inspirada no último álbum


O grupo The Chicks, composto pela depois, estamos finalmente muito
vocalista Natalie Maines e as irmãs Martie orgulhosos em oferecer nossos Gaslighter
Maguire e Emily Strayer – estrelas da Rosé, Sauvignon Blanc, Pinot Noir e
música country 13 vezes vencedoras do Cabernet para nossas famílias, amigos,
Grammy –,decidiu lançar uma linha de fãs e amantes de vinho exigentes!”, disse
vinhos inspirada no álbum lançado em Maguire em um comunicado.
2020, intitulado Gaslighter. Os vinhos são elaborados e engarrafados
A Gaslighter Wine Co., elaborado com a na vinícola em Sonoma, com uvas de
ajuda da família Gundlach Bundschu, vinhedos de propriedade da Bundschu,
de Sonoma, estreou com um Pinot bem como de outros. “Desde os primeiros
Noir Rosé 2021 da Califórnia, um Pinot dias deste projeto, minha família está
Noir e um Sauvignon Blanc de Sonoma animada em trabalhar com The Chicks.
e um Cabernet Sauvignon de Howell Sua visão clara para a marca, juntamente
Mountain. “Natalie, Emily e eu sempre com sua criatividade, padrões de qualidade
gostamos de um bom vinho. Através de e abordagem da vinificação refletem de
relacionamentos próximos com alguns perto nossos próprios valores. The Chicks
amigos de Sonoma, nos foi oferecida fizeram parte de cada passo conosco, desde
a chance de fazer uma parceria com a as decisões de fornecimento até o estilo
família Gundlach Bundschu. Muitas do vinho e, finalmente, determinando os
amostras de vinhos e designs de garrafas blends finais”, disse Katie Bundschu.

40 | Revista ADEGA - Ed.197


UVAS

Especiarias?
Curiosidades sobre a variedade branca
aromática Gewürztraminer
por Arnaldo Grizzo

O nome é complicado de falar – diz-se algo como produzindo vinhos bastante aromáticos e sendo usada
“guevurstraminer” –, mas essa é uma das uvas brancas ainda nos clássicos vinhos de colheita tardia. Conheça
mais famosas da Alsácia e também da Alemanha, algumas curiosidades sobre a Gewürztraminer.

Especiarias
Savagnin O aroma distinto da
Gewürztraminer, assim como Gewürztraminer é muitas
outras cepas, na verdade são vezes referido como
variações clonais da Savagnin. O “especiado” porque Gewürz
perfil de DNA revela que ela tem a significa “especiaria”,
mesma impressão digital genética, e não porque seja uma
com exceção de algumas reminiscência de qualquer
pequenas diferenças genéticas tempero em particular.
clonais, e que corresponde à
mesma variedade.

Aromática
Gewürztraminer é
tida uma mutação Rosado
aromática de Gewürztraminer
Savagnin Rose. tornou-se a variante
mais plantada de
Traminer (Savagnin
Blanc). As uvas, durante a
Alemã? colheita, geralmente tomam
A primeira ocorrência do nome tons rosados, que se traduz
Gewürztraminer apareceu na em vinhos dourados muito
Alemanha com Johann Metzger profundos, às vezes com um leve
em 1827, e a menção sugere que tom acobreado.
a mutação ocorreu na região do
Rheingau.

Vinhos Avaliados
AD ADOBE RESERVA AD CASA VALDUGA AD FAMILLE HUGEL
90 GEWÜRZTRAMINER 90 TERROIR 92 CLASSIC
2020 GEWÜRZTRAMINER 2021 GEWÜRZTRAMINER
Emiliana, Rapel, Chile (La Pastina Casa Valduga, Serra do Sudeste, 2016
R$ 99). Branco certificado Brasil (R$ 88). Branco elaborado Hugel, Alsácia, França
orgânico elaborado exclusivamente exclusivamente a partir de (World Wine R$ 299). Branco
a partir de Gewürztraminer, sem Gewürztraminer, sem passagem por 100% Gewürztraminer.
passagem por madeira. De boa madeira. Sempre consistente, mostra Esbanja tipicidade e
tipicidade, mostra notas florais, de típicas nota florais e de especiarias intensidade aromática,
ervas e de especiarias picantes permeando sua fruta branca e com notas de lichia,
envolvendo sua fruta branca e de caroço, que se confirma na frutas cítricas, florais e de
de caroço madura. No palato, boca, tudo equilibrado por gostosa especiarias. Tem acidez
tem boa acidez, textura firme e acidez e textura cremosa. Tem final bem equilibrada ao delicado
cremosa e final agradável, que cativante, com toques de lichias e dulçor, deliciosa textura e
pede a companhia de comidas de pimenta branca, que pedem a final elegante e sedutor,
orientais e/ou picantes. Álcool companhia de pratos da culinária com toques de toranja e
13%. EM oriental. Álcool 13%. EM de pimenta branca. Álcool
13%. AM

42 | Revista ADEGA - Ed.197


DESCUBRA OS MELHORES SABORES PARA COZINHAR E TEMPERAR

1
POR 00%
TUG
UÊS
HARMON IZ AÇÃO

COMIDA
DE BOTECO
Dá, sim, para pensar em vinho ao lado
dos tradicionais petiscos de bares

por Arnaldo Grizzo

FIM DE TARDE, HORA DO happy hour, (Jerez é um clássico, mas os estilos podem
encontrar a turma no bar para beber algo variar). O mesmo vale para os bares de Paris,
enquanto come e joga conversa fora. Mas Roma, Lisboa e tantas outras cidades. Ou
esse “beber algo” precisa ser somente seja, há sim muito espaço para o vinho,
cerveja, chope ou caipirinha como estamos independentemente do tipo de comida.
acostumados aqui no Brasil? Alguns dirão Obviamente que, na maioria dos casos,
que as opções são estas devido ao nosso clima não vamos optar por tintos encorpados, mas
ou então devido ao tipo de comida (quase por vinhos, sejam espumantes, brancos,
sempre gordurosa) e que, por isso, o vinho rosés ou tintos, mais leves, perfeitos não
não caberia. Desculpe, mas melhor rever seus somente para acompanhar a comida, mas
conceitos. também para “sustentar” a conversa. Algo
Aqui não temos enraizada a cultura fresco, que se bebe fácil, quase sem pensar,
do vinho, mas passe um fim de tarde pelas apenas para desfrutar do humor do dia e dos
tabernas de Barcelona, por exemplo, e veja sabores dos petiscos. Sendo assim, fizemos
o que as pessoas estão bebendo junto com uma seleção de algumas iguarias típicas de
suas “tapas”. Entre seus “tragos”, muitos botecos brasileiros e sugerimos vinhos para
certamente estarão desfrutando de um vinho acompanhar.

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Coxinha
Onipresente, a coxinha é o quitute mais famoso dos
bares e padarias do Brasil. A origem é incerta, há lendas
sobre o preparo ter sido feito na época do império
brasileiro, mas independentemente de onde veio, o que
importa é seu status atual, que beira o cult. Além das
tradicionais coxinhas de frango, há uma infinidade de
novos recheios de acordo com o gosto dos fregueses
e também, é claro, dos chefs que as preparam. Nem é
preciso dizer que essa massa frita vai ficar melhor se
acompanhada de um belo espumante. Seja eclético,
você pode experimentar a lado de um leve Prosecco,
mas também de um Brut nacional, ou ainda um
Cava, quem sabe um Crémant, talvez um Sekt
(espumante alemão). As opções são variadas.

AD HENKELL TROCKEN
89 DRY-SEC LIMITED EDITION
Henkell, Rheingau, Alemanha (Freixenet R$ 70).
Espumante branco elaborado pelo método Charmat
(6 meses de maturação), composto majoritariamente
a partir de Chardonnay. No mesmo estilo fácil de
beber e de agradar dos espumantes da marca,
mostra frutas brancas e de caroço maduras
seguidas de notas florais e de padaria, que
aparecem tanto no nariz quanto na boca. Leve,
descompromissado e refrescante, tem boa acidez,
textura cremosa e final com toques cítricos e de
maçãs. Álcool 11,5%. EM

Torresmo
Impossível resistir, não é mesmo? Só de ver aquela
pele crocante, geralmente com um pouco de carne
e gordura do porco, já dá para sentir água na boca.
Torresmo (ou chicharrón como chamam os espanhóis)
é uma tradição que remonta aos tempos da colonização
e escravidão, e é uma iguaria que se alastrou por
aqui. Ele vem ganhando variações e novos preparos
ultimamente, mas sua essência ainda é o toucinho
frito. Espumante? Sim, mas aqui podemos partir para
brancos também, muito frescos, especialmente
os sem madeira, talvez um Chardonnay. Se você
quiser um tinto, pode acompanhar com um leve
Gamay ou ainda um fresco e saboroso Chianti.

AD PACHECO PEREDA
89 CHARDONNAY 2020
Pacheco Pereda, Mendoza, Argentina
(Winebrands R$ 74). Branco 100% Chardonnay,
sem passagem por madeira. Mostra nariz intenso
e de boa tipicidade, com aromas de frutas
tropicais e brancas, florais e de ervas. Tem bom
volume de boca, textura cremosa, acidez afiada
e persistência média, com toques cítricos e de
abacaxi. Álcool 13,5%. AM

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Frango à passarinho
Prato típico dos bares brasileiros, o frango cortado em
pequenos pedaços e frito – e por isso conhecido como
frango à passarinho –, é também um quitute bem
gorduroso, de sabor intenso, especialmente devido
às peles que são fritas junto com a carne. Há quem
acrescente alho e outros temperos, como maionese ou
molho tártaro para acompanhar. Toda essa untuosidade
(que fica inclusive nos dedos das mãos) vai clamar por
um branco de extremo frescor e leveza. Vamos pensar
obviamente em Riesling ou ainda em Pinot Gris, mas
não podemos nos esquecer dos saborosos Chenin
Blanc, geralmente com seus toques cítricos.

AD FAMILLE BOUGRIER
91 CONFIDENCES CHENIN BLANC 2019
Famille Bougrier, Loire, França (World Wine R$ 228).
Branco elaborado exclusivamente a partir de Chenin
Blanc, sem passagem por madeira, mas mantido
em contato com as borras finas por alguns meses.
Cativante e de boa tipicidade, mostra frutas de
caroço escoltadas por notas florais e de ervas
frescas, que aparecem tanto no nariz quanto na
boca. Num estilo mais vertical e refinado, chama
atenção pela textura firme e tensa, pela acidez
vibrante e pelo final persistente, com toques
salinos e cítricos. Álcool 12,5%. EM

Calabresa acebolada
Outra “especialidade” dos botecos brasileiros,
a calabresa frita com cebolas é um dos
acompanhamentos mais pedidos no happy hour
pelo país. Um prato simples e geralmente para ser
compartilhado, saboreando a linguiça com pão
ou ainda vinagrete, ou ao natural. Pode-se optar
por espumantes, com certeza, mas a pungência
da calabresa vai abrir possibilidades para tintos
(um pouco de tanino para equilibrar) como um
Malbec, ou ainda um Tempranillo, quem sabe
um Cabernet Franc. A pegada gastronômica
(combinação de acidez e taninos) de um
Chianti também deve fazer um belo par.

AD SANTAPIETRA
89 CHIANTI RISERVA 2016
Castellani, Toscana, Itália (La Pastina R$ 136).
Tinto composto de 85% Sangiovese, 10%
Canaiolo e 5% Cabernet Sauvignon, com
estágio de 24 meses em botti de carvalho
do leste europeu. Mostra ameixas e cerejas
maduras acompanhadas de notas florais, de
ervas e de especiarias doces, que aparecem
tanto no nariz quanto na boca. Tem taninos
firmes e granulados e acidez refrescante, que
trazem sustentação ao aporte de madeira e a
sua fruta madura. Álcool 12,5%. EM

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Bolinho de arroz
Há quem diga que a origem do bolinho de arroz
seja japonesa, outros afirmam ser italiana. Mas
independentemente de onde surgiu esse petisco,
a verdade é que ele faz sucesso tanto nos bares
quanto em casa (quem não pega as sobras de
arroz da semana e não faz um bolinho?). Não tem
muito segredo, basta juntar o arroz com farinha
e queijo (salsinha também) e fritar. Há quem
coloque recheios, quem desfrute junto com
molhos variados... Mas uma boa companhia para
os bolinhos de arroz podem ser alguns brancos
mais herbáceos, tais como um Sauvignon Blanc,
um Viognier ou ainda um Trebbiano.

AD GARZÓN ESTATE
90 VIOGNIER DE CORTE 2020
Bodega Garzón, Maldonado, Uruguai (World
Wine R$ 118). Corte branco composto de 90%
Viognier e 10% Chardonnay, com estágio
de 3 a 6 meses em contato com as borras
em tanques de aço inoxidável. Franco e
fragrante, apresenta frutas de caroço
e cítricas maduras, floral e ervas, que
se confirmam no palato. Tem acidez
vibrante, deliciosa textura e final fresco e
agradável, com toques de toranja e de flor
de limoeiro. Álcool 13,5%. AM

Dadinho de tapioca
Esse prato nasceu em São Paulo. É uma das criações
mais emblemáticas do chef Rodrigo Oliveira, um
fenômeno da cozinha com seu restaurante Mocotó.
Seus dadinhos de tapioca hoje são mundialmente
copiados. Crocante por fora, macio por dentro e
com o sabor inconfundível do queijo de coalho.
Os dadinhos fazem uma gostosa combinação com
alguns brancos clássicos como os Vinhos Verdes,
com sua refrescância a toda prova. Mas também
casariam com um aromático Torrontés. Por fim,
ouse no melhor estilo espanhol e vá com um
Jerez.

AD PEQUENOS REBENTOS
92 LOUREIRO 2020
Márcio Lopes, Minho, Portugal (Belle Cave R$ 180).
Branco elaborado exclusivamente a partir de uvas
Loureiro, cultivadas na sub-região de Lima, com
fermentação e posterior estágio de 6 meses em
barricas borgonhesas usadas. Tenso e vibrante,
impressiona pelo volume de boca, pela textura
cremosa e pela acidez elétrica, que envolvem
sua fruta branca e de caroço madura, conferindo
profundidade ao vinho. Muito gostoso de beber,
tem final com toques de limão siciliano. Álcool
12,5%. EM

48 | Revista ADEGA - Ed.197


Pastéis
Não tem uma feira livre no Brasil que, ao meio
dia, não fique lotada de gente ao redor das
barracas de pastéis. E haja sabor de recheio
diferente. Da carne ao cará, do queijo ao angu. A
lista é quase infinita. Mas, enfim, não tem quem
não se delicie com um pastelzinho, seja ele na
feira ou no boteco. E para acompanhar, em vez
do caldo de cana (talvez não seja mesmo a melhor
harmonização), vamos de espumantes – melhor
se for brasileiro e, quem sabe, um rosé. Também
pode-se optar por um leve Alvarinho ou ainda
um refrescante Grüner Veltliner, ou algum
branco de mesmo estilo.

AD CHANDON ROSÉ BRUT


89 Chandon, Serra Gaúcha, Brasil (R$
106). Espumante rosé brut elaborado pelo
método Charmat a partir de 40% Pinot
Noir, 40% Chardonnay e 20% Riesling
Itálico. Mostra notas terrosas, de ervas
secas e de especiarias envolvendo
sua fruta vermelha de perfil mais
maduro e de maior sensação de dulçor,
com sua ótima acidez e sua textura
firme e cremosa trazendo equilíbrio
ao conjunto. Tem final agradável e
cativante, com toques cítricos e de
morangos. Álcool 11,8%. EM

Bolovo
Seria essa uma invenção brasileira? Talvez não.
O bolovo parece ser uma versão do “Scotch
Egg”, ou “Ovo à Escocesa”, um salgado típico
da Grã-Bretanha. Ele é feito com um ovo cozido
coberto por carne moída, empanado e frito. É
um petisco quase tão comum quanto os fish and
chips nos bares ingleses. Aqui no Brasil também
é um dos queridinhos. Essa mistura de carne
com ovo não é das harmonizações mais fáceis,
mas pode ser equilibrada pela acidez de um
espumante, assim como um rosé de bastante
presença, sem deixar de lado o frescor. Por
último, se o ovo não tiver gema mole, dá até
para arriscar tintos leves.

AD CRIOS ROSÉ OF MALBEC 2021


89 Susana Balbo, Mendoza, Argentina (Cantu
R$ 80). Rosado elaborado exclusivamente a partir
de uvas Malbec, sem passagem por madeira.
Refrescante e gostoso de beber, mostra notas
florais e de ervas envolvendo sua fruta vermelha e
branca de perfil mais fresco, que aparece tanto no
nariz quanto na boca. De corpo médio, tem acidez
vibrante, textura cremosa e final atrativo, com
toques cítricos e salinos. Álcool 13%. EM

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Batata frita
Frituras. Não tem quem não se renda a elas.
Batatas, polentas, mandiocas fritas estão em
todos os cardápios de botecos e fazem sucesso,
independentemente de receitas mais ou menos
elaboradas, e acompanhamentos etc. Aquela
crocância, contrastando com o interior macio, é
irresistível. Para acompanhar com vinho, a escolha
óbvia seriam os espumantes. Mas não somente
os secos. Aqui você pode desfrutar, sem receios,
daquele Moscatel, por exemplo. Mas se prefere
manter a “crocância”, vá com um típico Vinho
Verde. Outra boa alternativa de aporte de
acidez é um Sauvignon Blanc sem passagem
por madeira.

AD CALA REY VERDEJO


89 SAUVIGNON BLANC 2020
Finca Fella, Castilla-La Mancha, Espanha
(Casa Flora/Porto a Porto R$ 54). Corte
branco composto por uvas Verdejo e
Sauvignon Blanc, sem passagem por madeira.
Exibe frutas brancas e cítricas maduras,
ervas e florais, que se confirmam no palato.
Tem acidez afiada, gostosa textura e final
médio/longo e refrescante, com toques de
toranja e de flor de limoeiro. Álcool 12%. AM

Picanha na chapa
Uma moda que pegou. A carne frita sobre uma chapa
quente, direto na mesa, também virou um must dos
cardápios de todos os bares pelo país. O conceito todo
é muito simples: jogar a carne sobre a chapa de ferro
quente e esperar assar. Apesar de a picanha ser o corte
mais pedido, pode-se variar com outros, como filé
mignon, fraldinha, ancho etc. E como estamos quase
diante de um churrasco, por que não harmonizar com
um suntuoso tinto? Malbec é a primeira variedade
que vem à mente, mas tente outras também
refrescantes como Cinsault ou ainda um blend no
melhor estilo bordalês.

AD CATENA ALTA MALBEC 2017


93 Catena Zapata, Mendoza, Argentina (Mistral R$
490). Tinto elaborado exclusivamente a partir de um
blend de uvas Malbec advindas de Luján de Cuyo e
do Vale do Uco, fermentadas 40% em cachos inteiros
sem leveduras exógenas, com estágio de 18 meses em
barricas novas e usadas de carvalho francês. Fluido e
gostoso de beber, chama atenção pela textura fina e
firme de seus taninos e pela refrescante acidez, que
trazem sustentação a sua fruta vermelha e negra nítida
e vibrante. Tem final cheio e persistente, com toques
especiados, de violetas e de ameixas. Álcool 13,5%. EM

50 | Revista ADEGA - Ed.197


Casquinha de siri
Diz-se que esse é um prato tipicamente
brasileiro apesar de as origens serem
bastante incertas. A casquinha de siri é
basicamente a carne refogada do siri em
combinação com outros ingredientes
para formar uma espécie de massa
extremamente delicada e saborosa. O prato
leva esse nome porque é servido dentro
da carapaça do siri. E nada melhor do que
apreciar essa iguaria à beira mar provando
um Alvarinho, por exemplo. Outros vinhos
com tons salinos como Riesling ou Chenin
podem fazer pares extraordinários com essa
receita.

AD LAGO RANCO RIESLING 2019


92 Casa Silva, Osorno, Chile (Vinhos
do Mundo R$ 330). Branco composto
exclusivamente a partir de uvas Riesling,
cultivadas no Vale de Osorno, na Patagônia
chilena. Franco e de boa complexidade, mostra
aromas de frutas brancas e cítricas de perfil
mais maduro, florais, de ervas e químicos, que
se confirmam no palato. Tem bom volume de
boca, vigorosa acidez, textura cremosa e final
longo, com toques salinos e de limão siciliano.
Álcool 11,5%. AM

Escondidinho
Diz-se que a receita “original” é feita com um purê
de mandioca, que “esconde” um refogado de carne
seca, e é gratinado com manteiga de garrafa e
queijo coalho. Mas a verdade é que o escondidinho
já possui uma infinidade de variações e recheios.
Caso você opte por um que “esconde” algum tipo de
carne, aproveite para acompanhar com tintos leves.
Uma boa opção de harmonização para o recheio de
carne seca com pimentão seria um Carménère, por
exemplo, que vai casar tanto nos sabores quanto
nos aromas. Mas invista ainda em Merlot ou
quem sabe em um Barbera.

AD MARQUÉS DE CASA CONCHA


92 CARMÉNÈRE 2019
Concha y Toro, Peumo, Chile (VCT R$ 160).
Tinto elaborado exclusivamente a partir de
Carménère, com estágio de 18 meses em
barricas de carvalho francês. Mesmo num
ano mais quente em Cachapoal, como foi
o de 2019, mostra notas florais e de ervas
envolvendo sua fruta vermelha e negra
madura no ponto certo, tudo sustentado
por refrescante acidez e taninos firmes e de
boa textura. Tem final persistente, fluido e
gostoso de beber, com toques terrosos e de
ameixas. Álcool 14%. EM

Revista ADEGA - Ed.197 | 51


Bruschetta
Esse “antipasto” italiano se popularizou no Brasil
e é encontrado como aperitivo em milhares de
bares e restaurantes devido à facilidade com que é
preparado (era uma comida camponesa) e também
pela variedade de “toppings” que essa fatia de
pão tostada pode receber. Há quem diga que as
bruschettas originais são de tomate. Outros dizem
que são apenas com azeite e azeitona. Outros
acrescentam queijos. Outros, embutidos. Diante
de tantas opções, e caso você peça um mix, opte
pelo ecletismo de um espumante, talvez um belo
Champagne. Outra pedida bem eclética é um rosé.
Entre os brancos, pode ir para os italianos com
Pinot Grigio e Roero, por exemplo.

AD BARONS DE
93 ROTHSCHILD EXTRA BRUT
Barons de Rothschild, Champagne, França (Edega R$
645). Espumante branco extra brut composto de uvas
60% Chardonnay e 40% Pinot Noir advindas somente
de vinhedos premier e grand cru, mantido por, pelo
menos, 3 anos em contato com as leveduras. Mostra
harmonia entre cremosidade, frescor e fruta, com
as notas tostadas e de especiarias doces aportando
complexidade ao conjunto. Gostoso de beber, tem
acidez vibrante, ótima textura e final profundo e
cheio, com toques salinos, cítricos e de frutos secos.
Álcool 12%. EM

Provolone a milanesa
O queijo é de origem italiana, mas a ideia de empanar e
fritar talvez não tenha vindo da Itália. De qualquer forma,
esse é outro petisco que “pegou” nos botecos brasileiros. A
receita é simples, basta cortar e empanar o queijo, e depois
fritar. Há quem use outros queijos sem ser o provolone,
mas não tem problema. A crosta crocante e o recheio
derretido trazem à imaginação algo efervescente, um
lindo espumante, não é mesmo? Mas você também pode
aproveitar a gordura do queijo para combinar com alguns
tintos bem leves e frescos. Experimente um Pinot
Noir ou qualquer outra casta que tenha um corpo não
tão intenso e privilegie a acidez frutada.

AD TRAPI DEL BUENO HAND


92 MADE PINOT NOIR 2018
Trapi del Bueno, Osorno, Chile (Domno R$ 200). Tinto
elaborado exclusivamente a partir de uvas Pinot Noir
cultivadas em solos de origem vulcânica, com estágio
de 14 meses em barricas usadas de carvalho. Esbanja
frutas vermelhas frescas e crocantes, como cerejas
e groselhas, seguidas de notas florais, especiadas e
de ervas secas, que se confirmam na boca. Austero e
vertical, chama atenção pelos taninos firmes e tensos,
pela pulsante acidez e pelo final persistente, com
toques terrosos e de especiarias doces. Álcool 12,5%.
EM

52 | Revista ADEGA - Ed.197


Isca de peixe
Boteco à beira mar sempre vai ter uma porção de peixe
ou frutos do mar fritos. Há ainda os que investem nas
influências portuguesas e apresentem um irresistível
bolinho de bacalhau. Mas, enfim, todas essas “fritadas”
com peixes pedem vinhos de grande refrescância, com
toques cítricos e salinos de preferência. Experimente
algo da região dos Vinhos Verdes, mas não se prenda ao
local, pois há diversos brancos portugueses com esse
tipo de caráter fresco, do Douro ao Alentejo. Para quem
aprecia a influência espanhola, vale um Albariño
ou ainda um Jerez.

ESPORÃO COLHEITA BRANCO 2020


AD Esporão, Alentejo, Portugal (Qualimpor
91 R$ 119). Branco composto de Antão Vaz e
Viosinho, fermentadas em tulipas de cimento e
lá mantido por 4 meses em contato com suas
lias. Entre as melhores, senão a melhor safra
desse vinho até o momento, esbanja frutas
brancas e de caroço maduras seguidas de
notas florais, de ervas e de especiarias doces,
que se confirmam no palato, tudo sustentado
e equilibrado por ótima acidez, textura firme
e cremosa e final médio/longo, com toques
salinos, de pêssegos e de limão siciliano.
Álcool. 13,5%. EM
Gazzaro - Anúncio Revista Adega .pdf 1 09/02/2022 14:57
DOC

Nas encostas
íngremes
A denominação de Côte-Rôtie, a mais ao norte do
Rhône, também é uma das mais célebres

por Arnaldo Grizzo

54 | Revista ADEGA - Ed.197


Revista ADEGA - Ed.197 | 55
DIZ-SE QUE OS VINHOS DA estreitas, são plantadas em socalcos com
Os primeiros
CÔTE-RÔTIE, a mais setentrional apenas algumas dezenas de vinhas. Certas documentos escritos
das denominações do Vale do Rhône, já parcelas exigem que os viticultores carreguem sobre Ampuis e a Côte-
eram famosos na antiguidade. Autores sua colheita por quase um quilômetro, através Rôtie propriamente
antigos como Plínio, o Velho, e Plutarco, já de trilhas de cabras. datam do século VI
conheceriam as bebidas locais como “vinho Foi por isso que, durante a I Guerra
de Vienne” – em referência à cidade mais ano Mundial, boa parte foi abandonada por falta de
norte e uma das mais importantes da região mão-de-obra. Em 1960, restavam apenas cerca
do vale do Rhône, na França. de 60 hectares em produção. Mas, nos anos
Mas os primeiros documentos escritos 1980, houve um renascimento, especialmente
sobre Ampuis e a Côte-Rôtie propriamente após os vinhos caírem no gosto do influente
datam do século VI. O vinho era apreciado crítico Robert Parker.
pelas cortes da Inglaterra, Rússia, Prússia e Em 1996, o sindicato dos viticultores
França obviamente. No entanto, nunca foi uma da Côte-Rôtie criou a “Centurie de Probus”
viticultura fácil. Na margem direita do Rhône, (devido aos cerca de cem viticultores que
os vinhedos de Côte-Rôtie estão cultivados trabalham nas vinhas), dedicada à promoção
em encostas extremamente inclinadas, às dos vinhos locais. O nome é de inspiração
vezes com mais de 60 graus. As fileiras, muito galo-romana e lembra que Probus, imperador

Revista ADEGA - Ed.197 | 57


Solos de xistos de mica
decompostos
Gnaisse em cristais grossos

Solos de xistos de mica


lepitiníticos Gnaisse cordierita
Solos de xistos de mica e
silicatos de alumínio

Gnaisse em
mica branca
Aluvionais

Composição dos solos


(xistos de mica e romano, conseguiu reunir várias tribos “Lyonnais”: os invernos são amenos, os
gnaisses) diz muito sobre
gaulesas em torno de um desejo comum: a verões quentes e as chuvas relativamente
a região e o estilo de
vinhos com base em paixão pela Côte-Rôtie e o desenvolvimento do regulares. A denominação tem exposição
Syrah da Côte Rôtie vinhedo. majoritariamente sul. Assim, as encostas
Vale apontar que Côte-Rôtie é o único cru são relativamente protegidas do vento frio
tinto (e somente tintos podem ser produzidos) do norte e expostas ao vento quente do sul.
das denominações do norte de Côtes du Rhône Este vento tem um efeito de secagem, que
que pode combinar a casta branca Viognier ajuda a proteger a vinha contra as doenças e
(até 20%) com Syrah. São as duas únicas acelera o processo de amadurecimento.
variedades permitidas. Apesar disso, a cepa A denominação Côte-Rôtie situa-se
branca costuma ser muito pouco utilizada. sobre rochas metamórficas. Ao norte, há
solos de cor castanha sobre um leito de
Três comunas xistos de Mica e, ao sul, solos de cor mais
Os vinhedos de Côte-Rôtie (cujo nome pode amarelada sobre um leito de gnaisse e
ser traduzido por “colina assada”) estão migmatitos. O leito rochoso tem muitas
localizados nas encostas da margem direita fraturas que permitem que as raízes das
do rio Rhône (Ródano) e abrangem três videiras extraiam água e seus nutrientes.
comunas: Saint-Cyr-sur-Rhône, Ampuis e Os vinhedos se localizam no extremo
Tupin-Semons. As vinhas ficam entre 180 oriental do maciço central. Este maciço
e 325 metros acima do nível do mar e há 73 formou-se durante a orogenia hercínica,
lieux-dits. há aproximadamente 300 a 350 milhões de
A Côte-Rôtie se beneficia de um clima dito anos. As principais rochas são as formações

58 | Revista ADEGA - Ed.197


Os vinhedos de
Côte-Rôtie estão
cultivados em encostas
extremamente
inclinadas, às vezes
com mais de 60 graus

cristalinas, ou seja, rochas magmático- Loiras e morenas


plutônicas (granitos) e rochas metamórficas As encostas de Côte-Rôtie geralmente são Confira vinhos
(xistos, gnaisses, migmatitos). Após a conhecidas como “Côte Brune” (encosta da Côte-Rôtie
formação do maciço central, o vale foi morena) e “Côte Blonde” (encosta loira). Diz-se avaliados por
ADEGA
formado pelo colapso ao longo de grandes que Lord Maugiron, dono da Côte-Rôtie no
falhas de tendência Norte-Sul. século XVI, dividiu sua propriedade entre
Esquematicamente, quase todas as suas duas filhas para que elas conseguissem
videiras da AOC Côte-Rôtie são plantadas um bom marido. Uma tinha cabelos dourados
em rochas metamórficas: Xistos de mica como os campos de trigo e a outra tinha
nos setores de Saint-Cyr-sur-le-Rhône, cabelos castanho-escuros.
norte e centro de Ampuis; Leucognaisse nos A diferença entre a Côte Brune e a Côte
setores sul de Ampuis e nos setores norte e Blonde deve-se à origem geológica do leito
central de Tupin; e migmatitas no setor sul rochoso. Ao sul da denominação, as parcelas
de Tupin. de Côte Blonde repousam sobre um substrato

Revista ADEGA - Ed.197 | 59


Apenas vinhos tintos
podem ser produzidos,
com Syrah, mas composto principalmente de gnaisse. A composto por mica-xisto. Quando estas rochas
Côte Rôtie é a única erosão criou solos siliciosos, de cor clara, se degradam, formam solos menos siliciosos,
denominação do norte muitas vezes com aumento da calcificação com maior teor de argila, mais ricos em ferro e
que permite o uso de
Viognier devido ao revestimento de loess do platô. de cor escura. Nas encostas da Côte Brune ou
Na Côte Blonde, e em locais semelhantes, o áreas semelhantes, há mais argila e, portanto,
solo argiloso ou “arzel” que resulta da erosão maior estabilidade. A encosta é esculpida em
deste substrato é extremamente quebradiço e terraços estreitos, ou “chaillées”, formando
instável. Eles não podem ser cultivados sem uma espécie de escada que segura as vinhas
serem mantidos no lugar por uma série de em seus degraus relativamente planos. Mas
paredes de pedra seca conhecidas localmente a composição química dessas rochas todas é
como “cheys”. bastante semelhante. E, por fim, as parcelas
A norte da denominação, as parcelas da plantadas encontram-se mais frequentemente
Côte Brune situam-se sobre um substrato na Côte Blonde do que na Côte Brune.

60 | Revista ADEGA - Ed.197


As encostas de Côte-Rôtie geralmente são conhecidas como “Côte Brune” (encosta morena) e
“Côte Blonde” (encosta loira), cujas diferenças dependem da origem geológica dos solos
“Centurie de Probus”
é a associação de Os vinhos empireumáticas e tostadas (fumaça, tabaco,
produtores que se Marcados pela forte presença da Syrah (apesar café, cacau). Costumam ser bastante tânicos e
dedica à promoção dos de poder acrescentar Viognier, a maioria frutados quando jovens e, por isso, diz-se que
vinhos locais
tende a ser 100% Syrah), os vinhos de Côte- merecem anos de adega.
Rôtie geralmente são bastante profundos, Muito da fama da denominação deve-se
apresentam nariz complexo e elegante, que ao trabalho de Guigal, produtor que chamou a
pode variar de frutas vermelhas (framboesa, atenção de Robert Parker, e criou os famosos
cereja, morango) a frutas negras (groselha, vinhos “La-La-La”, ou seja, seus La Mouline,
mirtilo, amora) passando por notas florais La Landonne e La Turque. Outros produtores
(violeta) e especiadas (pimenta, canela, de renome da Côte Rôtie são Vidal-Fleury,
alcaçuz), mas também tons amadeirados Ogier, Rostaing, Gilles Barge, Bernard Burgaud,
(baunilha, torrada, etc.), às vezes com Clusel-Roch, Levet, Jamet, Jean-Michel
herbáceos, couro e bacon, ou ainda notas Stéphan etc.

62 | Revista ADEGA - Ed.197


O universo dos vinhos e outras
bebidas é infinito e há muito para
desvendar e conhecer, especialmente
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Revista ADEGA - Ed.197 | 63


ESCOL A
DO VI N HO

Questão
de gosto
Como ajudar alguém a adquirir gosto pelo
vinho e evoluir seu paladar?

por Arnaldo Grizzo

NÓS, DE ADEGA, que vivemos o mundo ter todo aquele ritual de abrir uma garrafa,
do vinho no dia a dia, já nos deparamos compartilhar a bebida, num ambiente
com as mais diversas situações e romântico. Mas ele insiste na cerveja. Você
questionamentos dos nossos leitores. Uma se decepciona e acaba pedindo apenas uma
de nossas missões certamente é divulgar taça. Como fazer com que ele possa gostar
a cultura do vinho e ajudar as pessoas de vinho para que vocês partilhem esses
a descobrir esse universo maravilhoso momentos juntos?
e extremamente eclético. Sendo assim, Em outra situação, sua esposa bebe
não é incomum recebermos relatos de vinho, mas só gosta de “vinho suave”, ou
parentes, amigos e leitores pedindo ajuda; seja, “docinho”. Então, quando abre uma
ou para apresentar o vinho de uma forma garrafa de um rótulo seco, ela dá apenas
a conquistar o paladar de alguém que se uma “bicadinha” e você se vê obrigado a
mostra pouco afeito a essa bebida, ou então consumir todo o resto da bebida sozinho.
encontrar uma maneira de fazer com que Ela só acompanha verdadeiramente quando
aqueles que já foram introduzidos possam você abre um Vinho do Porto ou algo do
ir além do “vinho suave”, por exemplo, a gênero. Como fazer com que ela desenvolva
entender que as possibilidades são quase um paladar “mais maduro” para o vinho e
infinitas, assim como o prazer por elas possa apreciar algo além do “suave”?
proporcionado. As situações similares são inúmeras,
Às vezes, você tem um namorado portanto, vamos começar do básico e
“bebedor de cerveja,” mas quer degustar um depois ir aprimorando o nosso paladar.
vinho no restaurante, junto com ele. Ou seja, Confira as dicas.

64 | Revista ADEGA - Ed.197


1 Estratégias
para começar
Quer introduzir alguém no mundo do vinho?
Comece por algo “fácil”. Pode-se entender
“fácil” por diferentes perspectivas. Uma delas
seria algo não tão seco, tendendo mais para
o doce, especialmente para quem tem um
paladar pouco apurado ou ainda, no pior dos
cenários, infantilizado. Se o cenário é esse,
vale começar não pelos vinhos suaves, mas
pelos doces mesmo, tipo tintos fortificados
ou brancos doces, ou ainda espumantes
Moscatel, por exemplo. Evite extremos de
doçura, contudo. Outra alternativa pode ser
começar com drinques que levam vinho,
como sangria e clericot, por exemplo.
Se perceber que o caso não requer algo
realmente doce, mas com uma sensação
2 Jogue na defesa em
um primeiro momento
Se você já entrou no mundo do vinho, mas
adocicada, há diversas alternativas, com ainda está tateando as alternativas, evite riscos
tintos bem frutados e alcoólicos (o álcool desnecessários no começo. Você não precisa
geralmente ajuda a passar uma sensação investir muito. Mas isso não quer dizer, contudo,
“doce”) e ainda com um pouco de açúcar que deve procurar somente vinhos baratos.
residual. O mesmo raciocínio vale para Vinhos extremamente baratos e de qualidade
o caso dos brancos. Aqui, pode-se tanto duvidosa podem, na verdade, fazer com que você
optar por vinhos que tenham mais açúcar perca completamente o gosto pelo vinho devido
residual quanto alguns que são secos, mas, às experiências ruins. Ninguém volta a provar
aromaticamente apresentam certa “doçura”, algo ruim, não é mesmo? Procure por dicas de
como os Torrontés, por exemplo. Uma boa especialistas (ADEGA faz isso diuturnamente) para
estratégia com brancos seria pegar uma escala desfrutar de um bom vinho a um preço que você
de vinhos alemães com diferentes graus de considere razoável.
dulçor. Boa parte deles tende a equilibrar bem Se encontrar uma garrafa que lhe agrade, tente
esse dulçor com acidez, o que, futuramente, “estudá-la”. Descubra qual o produtor, o país, a
ajudará na evolução do paladar para vinhos região, as uvas de que é feito. Busque então rótulos
mais secos. similares. Pode ser do mesmo produtor (geralmente
Por outro lado, se a questão ao redor eles têm um estilo que é mantido em vinhos numa
do vinho não se centra necessariamente mesma faixa de preço), da mesma região ou da
no dulçor, opte por apresentar vinhos mesma variedade (de repente você pode descobrir
descomplicados em um primeiro momento. que Pinot Noir é uma uva cujos vinhos, na maioria
Evite excessos de fruta, madeira ou taninos. das vezes, lhe agradam).
Escolha algo leve, “vinhos de sede”, que se Nesse momento, busque similaridades para,
bebem facilmente, quase um suco, com boa primeiramente, compreender a relação do seu
acidez, frutado, corpo paladar com o vinho. E evite
Uma seleção sutil. E outra dica é Uma seleção extremos. Talvez não seja o
de vinhos para de vinhos até
aproveitar momentos para momento ainda para “descobrir”
o dia a dia R$ 100
casar vinho com comida. vinhos laranja, por exemplo, ou
Desde que bem pensada a variedades pouco convencionais,
harmonização, desfrutar ou estilos de vinificação
de um vinho se torna mais heterodoxos, ou vinhos de
fácil do que simplesmente idade mais avançada (você
tentar sorver o líquido provavelmente vai apreciar,
sem qualquer companhia. mas talvez não agora). Jogue na
defesa.

66 | Revista ADEGA - Ed.197


3 Aprenda a degustar
Já que no começo a ideia é mesma forma, um vinho muito Perceba então esses aromas
encontrar o seu gosto, ajustar o gelado pode parecer muito e sabores, atente-se a eles para,
vinho ao seu paladar ou vice-versa, adstringente, insosso, amargo. quando for abrir a próxima garrafa,
você deve aprender a degustar. Cada estilo de vinho tem uma faixa ver se encontra similaridades. A
Há alguns rituais que muitas de temperatura em que melhor se partir do momento em que começar
pessoas podem achar que não revela (confira box). a descobrir essas similaridades, vai
são importantes, mas, sim, fazem Em seguida, você precisa começar a entender os estilos de
diferença. O primeiro deles talvez aprender a cheirar o vinho. Não vinho de que gosta.
seja usar uma taça (se possível deve ficar rodando a taça longa Outra dica é degustar ao
adequada) para o vinho e não e indefinidamente no nariz, mas lado de quem já aprecia vinho
um mero copo de vidro, ou, pior sim tentar captar os principais e conhece sobre a bebida. Não
ainda, de plástico. Mas faz isso aromas, tentar decodificá-los, estamos falando daquele seu
diferença? Sim, a experiência entendê-los e até questioná-los cunhado falastrão,
muda completamente. Numa taça se necessário (de onde vem esse mas de pessoas que Veja quais as
adequada, os aromas e sabores se cheiro de grama cortada? Ou essa realmente estudaram temperaturas
mostram de uma forma totalmente nota de baunilha?). Mas não se o vinho, tais como ideias e como
diferente, tornando-se muito mais preocupe em nomeá-los (você não sommeliers. Para alcançá-las
ricos. Então, não é uma “frescura”. precisa saber que tem cheiro de isso, inscreva-se
Outro ponto fundamental pitaya, por exemplo). De qualquer em degustações
é tentar degustar o vinho em forma, os aromas são os principais guiadas ou faça
sua temperatura ideal. Uma precursores dos sabores que vamos cursos rápidos em
bebida quente demais pode sentir na boca, então, quanto mais instituições sérias
ser desagradável, exalar álcool, conseguimos apreciá-los, melhor como ABS e WSET,
parecer pesada em boca. Da vamos desfrutar do vinho. por exemplo.

4 Aprecie a cultura do vinho


No vinho, celebração? Um espumante. Um encontro
há muito a dois? Um tinto leve. Um momento de
mais do que reflexão? Um fortificado ou um blend mais
a bebida complexo. Uma tarde na piscina? Um rosé
em si. E sutil.
quando você No entanto, o líquido dentro da garrafa
compreende sempre carrega uma história, uma cultura
isso, milenar. Cada rótulo conta uma história
certamente e, definitivamente, quanto mais nos
começa a identificamos com ela, mais desfrutamos.
apreciar mais. Sim, Sendo assim, procure conhecer essas
há momentos em que histórias. Quando mais conhecimento, mais
queremos apenas sorver saboroso fica o vinho. Como o vinho foi
algo saboroso, desfrutar do momento, elaborado? Quem o fez? Por quê? Quando?
sem pensar em nada. O vinho serve para Onde? Quais uvas usou? Quase sempre há
isso também. Aliás, talvez melhor do que algo novo e curioso para aprender sobre
qualquer outra bebida, pois há tantas o universo do vinho a partir de um único
variáveis que, a depender do momento, rótulo. Então, se você captar tudo isso, vai
você pode escolher o mais adequado. Uma valorizar ainda mais a bebida.

Revista ADEGA - Ed.197 | 67


5 Exercite as harmonizações
Diz-se que o vinho foi segundo diversas recomendações médicas, ele vai
feito para ser bebido favorecer a melhor apreciação da bebida. Junto
à mesa. Pois ele com o prato certo (uma carne grelhada talvez),
geralmente fica um vinho muito tânico pode ser mais facilmente
mesmo muito apreciado do que se estivesse sendo bebido sem
melhor quando acompanhamento. Experimente, confira dicas
na companhia de harmonização (ADEGA
da comida tem seções sobre o tema Confira
certa. Sendo mensalmente) tanto para dicas de
harmonização
assim, faça evitar situações desagradáveis
brincadeiras de como para criar sinergias que
harmonização podem proporcionar momentos
e sempre tente mágicos. O pareamento entre
beber uma taça com vinho e comida definitivamente
as refeições. Além de vai ajudar quem ainda está
ser um hábito saudável, tomando gosto pela bebida.

6 Experimente os clássicos
Se você já está familiarizado com o vinho, já sabe do que gosta,
está começando a pisar “fora da caixa”, uma boa maneira de
ampliar seu repertório sem muitos receios é apostar nos
clássicos. Um produtor só se torna renomado no mundo
porque produz grandes vinhos, certo? Alguns dirão,
mas e o marketing? Se a base da fama fosse somente
o marketing, em pouco tempo a “carapaça ruiria”,
pois se alguém não entrega qualidade, está fadado
a ser relegado, especialmente em um mundo tão
concorrido quanto o do vinho, em que há milhares
de rótulos sendo produzidos ano a ano. Ou seja, se
um rótulo se tornou um cult provavelmente é porque
tem algo de especial. Ninguém duvida da excelência
de um Château Margaux, por exemplo. Por mais que
uma safra tenha sido ruim, a vinícola não vai engarrafar
um vinho que não atenda a seus altíssimos padrões
de qualidade. Então, mesmo em um ano fraco, ele vai
engarrafar uma bebida de excelência. E o mesmo pensamento
vale para as diferentes linhas de um produtor consagrado.
Ele certamente não colocará sua fama
Por que provar em jogo ao lançar um rótulo de baixa Produtores consagrados
os clássicos? qualidade para supostamente desovar a podem ser uma boa
aposta quando se está
produção ou atender a algum critério de começando
preço. Os grandes definitivamente não se
curvam a isso. Portanto, em suas buscas,
não se esqueça dos clássicos. Aposte
neles, pois raramente se decepcionará.

68 | Revista ADEGA - Ed.197


7 Comece a ousar
Acredita que já tem um paladar minimamente vou gostar...” Não precisa. Comece a
bem estabelecido para o vinho. Já sabe do que frequentar feiras de vinho. Vá até
gosta e do por que gosta? Já sabe identificar lojas que ofereçam degustação
o que gosta? Então está na hora de abrir de alguns rótulos. Na
o leque. Comece com pequenas ousadias. próxima viagem, caso esteja
Se sua preferência é por tintos leves, dê em uma região produtora,
um passo além e, de vez em quando, prove visite uma vinícola e faça
alguns teoricamente mais encorpados, com um tour com degustação.
passagem mais importante por madeira Monte uma confraria com
etc. E vá fazendo ajustes. Se você gosta de seus amigos e peça para
alguma uva em particular, pesquise quais que cada um traga um
podem elaborar vinhos vinho de estilo diferente.
Alternativas com características Pesquise, procure fontes
de vinhos para semelhantes (confira confiáveis, veja as avaliações de
quatro varietais box). especialistas (no site Melhorvinho.
clássicos Depois, experimente com.br você tem acesso a milhares de
coisas diferentes. “Mas vinhos avaliados por nossa equipe) e confira
não quero gastar meu se as descrições batem com o que você
dinheiro à toa em acredita apreciar. Enfim, prove o máximo que
garrafas de que não puder.
M ERCADO

Se soubesse
o que sei hoje
O fenômeno da explosão
de preços da Borgonha

por Christian Burgos, com dados de www.liv-ex.com

Muitas pessoas falam que caros com o tempo. tema eram vinhos colecionáveis
gostariam de voltar a ser jovens Estas conclusões ficam mais e para investimento. Borgonha,
com a experiência de vida que fáceis quando avaliamos os dados algumas regiões da Itália e Porto
têm hoje. Nós também. E vamos de nossos amigos da Liv-ex, uma vinham atrás, ou bem atrás.
além, não só a experiência, como mistura de painel da Bloomberg Mas, no ano passado, uma
a informação. Numa viagem no com bolsa de valores de grandes coisa fora do comum aconteceu.
tempo, poderíamos voltar com os vinhos. A própria experiência Borgonha passou Bordeaux
números vitoriosos de um sorteio como consumidor nos permite como a região mais negociada
da Mega-Sena. Nossa vantagem é ver que houve um processo na Liv-ex, compreendendo
que, analisando o que aconteceu generalizado de valorização 28,8% de mercado frente a 25,7%
com alguns vinhos, podemos de grandes ícones do mundo, de Bordeaux. Alguns fatores
projetar o futuro; e nesse sobretudo de regiões consagradas colaboram para isso: o aumento
momento não estou falando de do Velho Mundo e da Califórnia. da demanda global, a qualidade e
vinhos que ficam melhores com Desde sempre, Bordeaux foi a a oscilação na oferta.
o tempo, mas dos que ficam mais região mais importante quando o
A safra 2020
A mais recente safra apresentada,
a qualidade da safra 2020 foi muito
elogiada. Jancis Robinson ressalta
que, desde 2015, não há uma safra
que favorecesse tanto tintos e
quanto brancos como esta. Entre os
players da indústria, há consenso
de que os ícones brancos são
estrelas e compras mais certeiras
nesta safra. Nos tintos, brilham
os de regiões com maior retenção
de água no solo, como Pommard,
e dos produtores que manejaram
bem o momento de colheita. Estes
Pinot Noirs conseguiram equilíbrio
combinando mais álcool e mais
acidez.
Essa qualidade por si só já
geraria uma pressão nos preços,
mas o fator crucial encontramos
em seguida.

70 | Revista ADEGA - Ed.197


Borgonha passou Bordeaux como a região mais negociada na Liv-ex,
compreendendo 28,8% de mercado frente a 25,7% de Bordeaux

Produtividade ficarem sem vinho se dependerem abastecer sua adega com grandes
Segundo os dados do BIVB – apenas de 2021, sobretudo quando Borgonhas no passado. Mas o “de
Bureau Interprofessionel des Vins falamos de brancos. volta ao futuro” desta história
de Bourgogne –, a produção de O bom senso nos levaria a crer também está em aprender o que
vinhos de 2018 a 2021 teve um que a subida de preços ajustaria acontece quando o mundo descobre
movimento como o de um serrote. a demanda e que safras com boa e enlouquece pelos vinhos de uma
Comparando com a média da produção mais a frente colaborariam região com capacidade limitada de
produção de 2010 a 2019, 2018 teve para esse efeito. Isso pode até ser produção e descobrir qual será a
produção 26,4% superior, 2019 foi verdade quando falamos dos vinhos próxima Borgonha.
14,6% abaixo, 2020 foi 8,3% acima mais “básicos” da Borgonha, mas, Hoje eu continuaria apostando
da média e, por fim, 2021 teve uma nos ícones, estamos vivendo o que a em Borgonha e Bordeaux para
queda assustadora de 37,5%. Liv-ex está chamando de “paradoxo investimento, mas rechearia
Com isso, a boa produção da Borgonha”, em que quanto minha adega com os melhores
com muito boa qualidade de mais caro estão os vinhos, maior o vinhos do Jura como uma
2020 é insuficiente, pois vem número de pessoas lutando por eles. alternativa para quando bater
após uma safra menor, como foi Por isso, felicito quem consegue aquela sede de um super
a de 2019, e muitos produtores comprar estes grandes vinhos hoje Borgonha. Mas isso é um longo
estão segurando a oferta para não e quem teve a visão (ou sorte) de tema para outra conversa.

72 | Revista ADEGA - Ed.197


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Revista ADEGA - Ed.197 | 73
74 | Revista ADEGA - Ed.197
LISTA
LUGARES I NCOMUNS

Inusitados
Conheça 10 locais pouco comuns
onde se produzem vinhos

por Arnaldo Grizzo

VINHO É UMA CULTURA milenar conquistam novas regiões. Se antes


que permeia toda a humanidade. era impensável produzir uvas no
Após a domesticação e cultivo da deserto, por exemplo, viticultores
videira, cujas origens provavelmente de Israel e também do Chile,
começaram ao redor do Cáucaso e especialmente do Atacama, provam
Oriente Médio, essa planta acabou que não. Não há espaço para
por se espalhar por todo o planeta. vinhos de latitudes extremas no
Há sim locais onde as vinhas se norte e no sul do planeta? Ingleses
adaptaram e se adaptam melhor, e também argentinos, com seus
mas a verdade é que essa variedade vinhos patagônicos, mostram que
de trepadeira tem uma morfologia é possível produzir grandes rótulos
privilegiada, capaz de sobreviver em nesses locais.
diversos ambientes, muitas vezes Ou seja, com tanta tecnologia e
suportando adversidades que outras tantos recursos, além de milhares
plantas não aguentam. de estudos obviamente, hoje não
Apesar de a Europa ter levado se pode duvidar de que possam
ao ápice o gênero vitis vinífera – ou surgir bons vinhos de regiões que,
seja, a espécie que produz os vinhos à primeira vista, podem parecer
chamados de finos –, está por todo completamente inusitadas. Sendo
o globo. Seja com colonizadores, assim, ADEGA listou algumas regiões
seja com uvas nativas, a videira e países bastante incomuns, mas que
e o vinho conquistaram e ainda têm elaborado vinhos. Confira.

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Myanmar
Quando se pensa em uma região produtora de vinhos, certamente ninguém
sequer vai citar algum país do sudeste asiático. Mas alguns deles têm pro-
duzido. Um dos mais improváveis é Myanmar, ou Burma. Ali, a história
do vinho é recente. Um dos pioneiros no local foi a Myanmar 1st Vineyard
Estate, que começou a plantar as primeiras vinhas importadas da Europa em
Loikaw, capital do estado de Kayah, em 1998. O vinho de estreia, contudo,
só surgiu em 2004 – um blend de Syrah, Dornfelder (uma variedade tinta
alemã) e Tempranillo. Mais tarde também surgiu a vinícola Red Mountain
Estate, que produziu seus primeiros rótulos em 2006 em Taung Chay.

76 | Revista ADEGA - Ed.197


Himalaia
A vitivinicultura na China vem se desenvolvendo nos últimos anos com produtores tra-
dicionais de outros países apostando em algumas regiões. O local mais curioso, contudo,
seja o projeto Ao Yun, do grupo LVMH – dono de marcas como Veuve Clicquot, Che-
val Blanc, Yquem etc. Após quatro anos de busca, eles pararam no norte da província
de Yunnan. Situada às margens do rio Mekong, a região fica no sopé do Himalaia, não
muito longe da lendária cidade de Shangri-La. Os vinhedos cultivados com Cabernet
Sauvignon e outras cepas francesas estão nas aldeias de Adong, Xidang, Sinong e Shuori,
no sopé da montanha sagrada Meili, e variam em altitude de 2.200 a 2.600 metros. A
primeira safra ocorreu em 2013. Ao Yun significa “voar acima das nuvens”, uma referên-
cia às nuvens que cobrem os cumes das cadeias montanhosas ao redor.

Revista ADEGA - Ed.197 | 77


Havaí
O conjunto de ilhas do Pacífico pertencentes aos Estados Unidos é famoso por produzir
vinhos a partir de frutas que não uvas, mas outras como abacaxi, por exemplo. Contudo,
também há vinícolas “tradicionais” por lá, que produzem vinhos com castas interna-
cionais, assim como também algumas cepas diferentes como a Symphony Grape (um
cruzamento entre Grenache Gris e Muscat de Alexandria) ou ainda a Carnelian (criada
pela Universidade da Califórnia na década de 1970, do cruzamento de Grenache com um
cruzamento de Carignan e Cabernet Sauvignon). Entre os produtores mais antigos estão a
MauiWine, de 1974, e a Volcano Winery, de 1986. Junto com Pinots, Grenaches, Chenins,
eles fazem infusões, como vinhos de macadâmia etc. Ainda assim, é uma vitivinicultura
curiosa, vivendo literalmente na base um vulcão.

78 | Revista ADEGA - Ed.197


Paris
Que há vinhedos por toda a França, isso todos já sabemos. Mas você sabia que existem
vinhas plantadas dentro da cidade de Paris? Acredita-se que, ao todo, existam cerca de
10 vinhedos “urbanos” na capital francesa. Alguns pequenos terrenos, de propriedade
da cidade de Paris, estão nas colinas de Montmartre, escondidos nas margens do Sena
e também em alguns dos parques mais famosos da cidade. Vale lembrar que, século
XVII, Paris era um centro vitivinícola também, mas, com o tempo, a pressão imobiliária
afastou a agricultura. Entre os vinhedos, há um de propriedade privada, La Vigne de
Paris-Bagatelle – um hotel construído em 1926 localizado na fronteira do parque Bois
de Boulogne – que oferece degustações de vinhos, visitas guiadas e cursos de enologia.

Revista ADEGA - Ed.197 | 79


Noruega Escócia
A vinícola Lerkekåsa Vineyard diz ter o Não é de hoje que os ingleses vêm investindo na
vinhedo mais setentrional do mundo, que vitivinicultura. Aliás, a ilha é uma das apostas de
estaria localizado na cidade de Telemark, diversos produtores tradicionais (especialmente
na Noruega. Lerkekåsa foi fundada por Joar as casas de Champagne) que têm buscado um
Sættem e Wenche Hvattum em 2007. As clima mais ameno para produzir e, quem sabe,
primeiras vinhas foram plantadas no ano ter uma nova fonte de uvas para o futuro – caso
seguinte em um terreno onde se cultivava o aquecimento global complique as coisas em
maçãs (a região é a capital da maçã na Norue- sua região. Empreendimentos no sul da Ingla-
ga) e legumes. O vinhedo fica de frente para o terra são já bastante comuns, mas na Escócia, o
lago de Norsjø. Eles produzem vinhos com a país mais ao norte da ilha, ainda são raros. Um
uva americana Valiant e com outras também dos que investiu na área foi o chef Christopher
pouco conhecidas como Rondo, Kuzminski e Trotter, que criou o Château Largo, então a
Golubok, a alemã Solaris e a russa Hasansky. primeira vinícola comercial escocesa. Ele come-
Assim como a maioria dos países nórdicos, çou a plantar em 2012 com as pouco conhecidas
faz-se ainda muitos vinhos com infusão de variedades Solaris e Siegerrebe. As primeiras
frutas silvestres, ou “vinhos” apenas de frutas, safras, contudo, não foram muito boas, como ele
como amoras, mirtilos etc. Uma das atrações mesmo admite. Depois de algum tempo, ele ar-
da Lerkekåsa é a estadia dentro de um barril rancou suas 200 parreiras. Há outras tentativas,
de vinho transformado em quarto. mas hoje não há notícia de vinícolas comerciais
produzindo na Escócia.

80 | Revista ADEGA - Ed.197


Taiti Etiópia
Vinhos da Polinésia Francesa, no meio do Pouco se pensa no vinho africano a não ser na
Oceano Pacífico? Pois é, a colonização francesa África do Sul. Mas há produção em alguns paí-
deixou marcas na ilha tropical, mas as primeiras ses do norte do continente, como na Etiópia. Lá,
vinhas só surgiam nos anos 1990. Os vinhos a vinícola mais antiga tem mais de 80 anos. Em
feitos lá são vinificados a partir de uvas cul- 1936, uma família grega iniciou a primeira vi-
tivadas no atol de Rangiroa, que faz parte do nícola em Lideta, Adis Abeba, seguida por uma
arquipélago de Tuamotu. Dominique Auroy é família italiana que estabeleceu sua vinícola em
o único enólogo do Taiti e criou a vinícola Vin Mekanisa. Os dois empreendimentos foram na-
de Tahiti em 1994, com as primeiras safras no cionalizados em 1974 e reagrupados como uma
ano 2000. Lá ele produz brancos e rosés com entidade denominada Awash Wine. Hoje, a
Moscato de Hamburgo e Carignan. São duas empresa tem cerca de 200 hectares de vinhedos
safras por ano, em maio e dezembro, com 6 na região de Oromia, Zona Arsi, Merti wereda,
hectares de produção em um local que se pode no Vale do Rift ao longo do rio Awash, a 180
dizer “paradisíaco”. A viticultura é tão incomum km de Adis Abeba, muito próximo da linha do
que parte do trabalho de transporte precisa ser Equador e a uma altitude de 1.600 metros. Lá se
feito por barco. produz Chenin Blanc, Petite Sirah, Grenache,
Sangiovese, Shiraz, Dodoma, Cabernet Sau-
vignon, Merlot, Ruby Cabernet e Muscat. Mais
recentemente, o grupo Castel, de Bordeaux,
também lançou uma vinícola na Etiópia.

Revista ADEGA - Ed.197 | 81


Ilhas Canárias Malibu
O arquipélago das Ilhas Canárias é uma Vinho na Califórnia não é novidade. Mas e
comunidade autônoma da Espanha no se você desenvolvesse uma vinícola na área
norte do Oceano Atlântico. Está localizado de Malibu, com suas praias concorridas?
a 110 km da costa oeste de Marrocos. O Pois é, a região costeira tem até sua própria
vinho aqui não é novidade, pois já se co- AVA, a Malibu Newton Canyon. São pou-
mercializada desde a época das navegações cas vinícolas no local, a mais antiga (com
e seu Malmsey já foi popular na Inglaterra, vinhedos plantados em 1987) e talvez mais
Holanda e Alemanha antes de cair no es- charmosa seja a Rosenthal, a apenas seis
quecimento. O inusitado da produção local quilômetros do Oceano Pacífico. As varie-
é que ela se concentra em solos vulcânicos, dades cultivadas na propriedade incluem
especialmente na ilha de Lanzarote, local da Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc,
primeira vinícola, a Bodega El Grifo, funda- Merlot, Petit Verdot, Viognier e Chardon-
da em 1775. Os vinhedos geralmente estão nay. Para melhorar, a sala de degustações
em curiosos terraços cercados por pedras, da vinícola está localizada em frente à praia
em altitudes que variam de 500 a 1000 em Malibu, com uma vista impressionante.
metros. Uma vasta gama de uvas indígenas Só para se ter ideia, nomes como Robert
é cultivada, como a Listan Blanco (Palomi- Redford, Mel Gibson, Barbra Streisand, Ri-
no), Malvasia, Marmajuelo, Listan Negro e chard Gere, Sally Field e Whoopi Goldberg
Tintilla, por exemplo. já tiveram ou ainda têm casa por lá.

82 | Revista ADEGA - Ed.197


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ESCOL A
DO VI N HO

Seleções
O que é e quais as diferenças entre as seleções
clonais e massais em um vinhedo?

por Arnaldo Grizzo

VOCÊ TALVEZ JÁ TENHA OUVIDO vantagem de arrancar uma parcela


algum viticultor falando que faz uma inteira é que isso oferece ao produtor
seleção massal, ou então uma seleção novas oportunidades em termos de
clonal, para a reposição das parras introdução de novos porta-enxertos
que morrem no decorrer do tempo em resistentes a doenças, novos clones de
seus vinhedos. Sim, as plantas, com uma determinada variedade ou mesmo
o tempo, morrem. Algumas podem trazer uma variedade completamente
viver por muitos e muito anos, mas nova para o vinhedo. Por outro lado,
se diz que o ciclo de uma videira é de a desvantagem é que, ao fazer isso,
25 a 30 anos normalmente. Depois o produtor está voluntariamente
disso, geralmente há um declínio de reconhecendo que uma parte do
produção importante e nem sempre vinhedo não trará nenhuma receita
os produtores estão dispostos a até que essa nova parcela de videiras
manter vinhas cujos rendimentos amadureça e possa começar a
são exageradamente baixos ou ainda produzir uvas capazes de fazer vinho.
que podem estar sendo afetadas por Normalmente, esse processo leva cerca
doenças. Há casos raros, no entanto, de três a cinco anos.
de vinhas seculares, mas estas Outra tática usada é o
também estão sujeitas a esvaecer. “interplantio”. Ele não é tão
Sendo assim, a decisão de drástico economicamente. Como
replantar é sempre muito bem o nome sugere, novas videiras são
pensada, pois simplesmente introduzidas nas linhas existentes,
arrancar todas as videiras de um plantando-as entre as parras já
vinhedo e começar um novo talvez estabelecidas. Uma das principais
não seja viável. Isso significa ficar desvantagens do interplantio gira em
anos sem produção (o que seria torno da competição entre as videiras,
economicamente inviável para a pois as mais jovens podem lutar
maioria dos produtores) e também por nutrientes, luz solar e recursos
pode-se perder a complexidade hídricos com as mais antigas.
alcançada com a idade das parras. É preciso replantar? Sim, mas
Sendo assim, existem duas como? As seleções massal e clonal
maneiras básicas de fazer essa são as principais práticas usadas
renovação. A primeira é mais drástica pelos viticultores para propagar
e envolve a remoção de parcelas novas videiras. Ambas se destinam
inteiras do vinhedo de uma só a melhorar uma variedade de
vez, deixando outras intocadas. A videira selecionando as melhores

Revista ADEGA - Ed.197 | 85


vinhedo. Mesmo com seleção meticulosa
e cuidados contra doenças, a mutação e
disseminação de vírus ainda são possíveis;
assim, a seleção clonal costuma ser um
processo contínuo.

Seleção massal
A seleção clonal se tornou popular nas
décadas de 1960 e 1970, mas hoje muitos
vinhedos estão mudando seus métodos de
plantio de volta para a seleção dita massal.
Nela, replicam-se parras que são, na maioria
das vezes, retiradas de vinhas velhas e que
demonstraram qualidade e resistência às
doenças ao longo de muitos anos, o que
também garante que as novas plantas
mantenham a identidade da área da vinha,
do solo, da região; o terroir.
Os viticultores selecionam aquelas
videiras que acreditam ser superiores,
A seleção clonal com boa maturação dos frutos, menos
foi demonstrada
e eliminando as que são propensas a propensas a doenças e bom rendimento. As
pela primeira vez
na Alemanha em doenças ou então não se mostraram que apresentam qualidades negativas ou
1926. Ela é realizada adequadas com o tempo. O que é cada uma sofreram mutações são marcadas para não
selecionando apenas dessa seleções? serem selecionadas para propagação e, em
uma planta (tida como alguns casos, removidas da vinha. O ideal é
superior dentro de
um vinhedo) e criando Seleção clonal que essa seleção ocorra várias vezes ao longo
clones em um viveiro A seleção clonal foi demonstrada pela da safra, pois certos sintomas de doença
primeira vez na Alemanha em 1926. Ela estão presentes em diferentes épocas do ano
é realizada selecionando apenas uma e a maturação e amadurecimento dos frutos
planta (tida como superior dentro de um são vistos mais próximos da colheita.
vinhedo) e criando clones em um viveiro. Para garantir os benefícios da seleção
Os defensores da seleção clonal acreditam massal, apenas as mudas superiores
que este método é a melhor forma de são selecionadas, escolhidas mantendo
combater as doenças, proporcionando registros de crescimento e desenvolvimento
aos viticultores melhores rendimentos e da videira rotineiramente ao longo de uma
melhores videiras. temporada de crescimento e, muitas vezes,
O processo de seleção clonal é ao longo de décadas de monitoramento.
demorado e custoso. Para fazer seleções
confiáveis são usados vários anos Diferenças
de registros, seguidos por ensaios Os defensores da seleção clonal afirmam
comparativos de muitos clones diferentes que o método melhora o rendimento dos
de uma variedade. Depois de esperar três vinhedos, garante a qualidade, combate
anos pela primeira colheita, cinco a 10 doenças e permite que os viticultores
anos adicionais são gastos monitorando cultivem uvas com certas qualidades e
os rendimentos e a maturação dos frutos. rendimento. Os defensores da seleção
Muitas vezes é feito um vinho teste para massal atestam que a prática oferece frutas
avaliar a veracidade do tipo varietal e sua de maior qualidade, cria vinhos com mais
qualidade na bebida. caráter, que refletem o terroir e com o
Devido a esse processo demorado, os benefício adicional de resistência a doenças
clones selecionados não são liberados até catastróficas devido à diversidade genética
15 anos ou mais após a seleção inicial no mantida no vinhedo.

86 | Revista ADEGA - Ed.197


Há quem sugira que a seleção clonal de indivíduos para
é parcialmente responsável pela morte propagação. Nesse
dos vinhedos (devido à pouca diversidade caso, a diferença
clonal). Mas não há estudos que confirmem entre as duas
essa tese. A seleção massal é utilizada pelos abordagens está
viticultores com o objetivo de conservar o principalmente
patrimônio vitícola de uma “vinha velha”. no número de
Ela consiste em identificar as plantas mais indivíduos que
valiosas nas parcelas, amostrar e propagar apresentam o
os rebentos da videira e depois replantá-los. comportamento
Mas se nenhum teste sanitário for realizado, desejado que
essa abordagem pode ser arriscada no que passará a ser
diz respeito à transmissão das doenças. propagado, e tende a ser anulado se a Na seleção massal replicam-
A seleção clonal, por sua vez, inclui um seleção sucessiva aumentar o número se parras que são, na
conjunto de avaliações agronômicas de clones. Vale lembrar que indivíduos maioria das vezes, retiradas
de vinhas velhas e que
acompanhadas de testes sanitários que propagados por seleção massal também são, demonstraram qualidade e
garantem que o material esteja livre das originalmente, clones de linhagens pré- resistência às doenças ao
principais viroses. selecionadas. longo de muitos anos
Por outro lado, há iniciativas rigorosas
de seleção massal usando testes sanitários O resultado nos vinhos
e observação de cepas ao longo de vários Um vinho feito de uma seleção clonal,
anos antes da seleção de um certo número mesmo em diferentes terroirs, teria as

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O que é
um clone?
Segundo a Organização
da Vinha e do Vinho, um
clone é a descendência
vegetativa que se
conforma a uma estirpe
escolhida pela sua
identidade indiscutível,
características
fenotípicas e estado
de saúde. Nas plantas,
qualquer propagação
vegetativa, seja por
alporquia, estaquia
ou enxertia, resulta na
produção de indivíduos
estritamente idênticos
do ponto de vista
genético, ou seja,
clones.

Qual o
mesmas características? É difícil pensar estacas cuidadosamente escolhidas melhor clone?
nisso como um método de “unificar” de vinhas velhas. Para perpetuar a Hoje, para se ter uma
características, pois os vinhedos diversidade original, consideramos ideia, existem cerca de
1.000 clones diferentes
geralmente são plantados com clones apenas parcelas plantadas há mais de
de Pinot Noir no mundo,
mistos. Em regiões do Velho Mundo 50 anos”, diz Jean Michel Cazes, do embora nem todos
é mais comum ter vários clones Château Lynch-Bages, defensor da sejam comercialmente
disponíveis de uma cepa, ao passo seleção massal. relevantes. De acordo
que algumas regiões do Novo Mundo No Oregon, a Ponzi Vineyards diz com o Catálogo de
podem sim ter apenas alguns de uma manter um sistema mesclado: “Um Vinhas Cultivadas
na França, 47 clones
mesma variedade. Em um exemplo híbrido de seleção clonal e seleção de Pinot Noir estão
extremo, todas as plantações comerciais massal, onde mais de 25 clones de disponíveis para uso
de Sauvignon Blanc da Nova Zelândia Pinot Noir, selecionados para um local comercial na França;
até 1990 eram do clone 1 dos Estados específico, são misturados e plantados alguns também estão
Unidos. aleatoriamente em uma única parcela. disponíveis fora do país.
No entanto, nenhum
Os críticos da seleção clonal dizem Esta técnica evoluiu ao longo de duas
clone parece ser o
que a seleção massal produz vinhos gerações com quatro décadas de melhor e a resposta
mais característicos do que os de um avaliação e experiência trabalhando para tudo. Um clone
único clone. “Hoje, a maioria dos com muitos clones diferentes. Ponzi adaptado para produzir
plantios ainda é feita com essa técnica, Vineyards agora tem videiras plantadas tintos na Borgonha,
utilizando clones fornecidos por viveiro. com seleção massal-clonal. Cada clone por exemplo, não vai
dar bons resultados
Como resultado, acreditamos que, a tem uma personalidade. Quando muitos nos espumantes de
longo prazo, uma vinha perde a sua são combinados em uma única parcela, Champagne. De fato,
identidade. Para evitar essa situação, a multiplicidade de características traz são tão variadas as
decidimos agir antes que fosse tarde naturalmente complexidade e dimensão expressões e usos
demais no Médoc. A seleção massal aos vinhos. Ao plantar esses clones dos vários clones
que é difícil para os
envolve a escolha de várias videiras aleatoriamente, como flores silvestres,
vinicultores definirem
excelentes do vinhedo e, em seguida, a abandona-se ainda mais a questão do qual eles acreditam ser
propagação de novas videiras a partir clone e se concentra totalmente no o melhor e por quê.
desse broto. A seleção massal é realizada terroir de um local”, aponta a enóloga
através de seleções de campo, tomando Luiza Ponzi.

88 | Revista ADEGA - Ed.197


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CURIOSI DADES

A fórmula
mágica?
Um modelo matemático pode prever a
evolução dos vinhos e seus preços? Um
economista diz que sim

por Arnaldo Grizzo

ORLEY CLARK ASHENFELTER Mas como fazer isso sem provar


é um professor de economia os vinhos? Na época, não seria
da prestigiada universidade de melhor “ouvir” o que os críticos
Princeton, Estados Unidos. Mas como Robert Parker estavam falando,
também é um amante de vinhos. Nos acompanhar suas notas e previsões?
anos 1980, percebendo que precisava Para ele, isso não era suficiente e,
compreender melhor os preços dos confiando nas estatísticas, decidiu
seus vinhos preferidos (Bordeaux) verificar os padrões e criar uma
para que coubessem dentro de seu fórmula. Sendo assim, passou a
orçamento, ele resolveu colocar a estudar a relação entre o clima
matemática a seu favor para tentar durante a estação de crescimento das
prever o valor futuro e saber em quais uvas e a qualidade do vinho que elas
rótulos realmente apostar. produzem.
“Como os vinhos de Bordeaux
têm um sabor melhor quando mais Análises
velhos, há um incentivo óbvio Ashenfelter começou então a juntar
para armazená-los até atingirem a dados. Em um primeiro momento,
maioridade. Como resultado, existe ao analisar dados de seis importantes
um mercado ativo para vinhos mais châteaux (Lafite, Latour, Cheval
jovens e mais velhos. Mas não é Blanc, Cos d’Estournel, Montrose
tão óbvio saber quão bom será um e Pichon Lalande) sobre os valores
vinho quando amadurecer. Essa iniciais de suas garrafas das safras da
ambiguidade deixa espaço para década de 1960 e depois em leilões
especulação e, como resultado, o nos anos 1990, concluiu que “boas
preço do vinho em sua juventude safras produzem bons vinhos em
muitas vezes não corresponde ao todos os vinhedos e os melhores
preço quando amadurece. Sendo vinhos são produzidos nos melhores
assim, meu objetivo é estudar como vinhedos em todas as safras” [seria
o preço dos vinhos maduros pode o dilema Tostines aplicado ao
ser previsto a partir dos dados vinho?]. “Uma análise estatística
disponíveis quando as uvas são mais avançada revela que apenas
colhidas, e depois explorar o efeito as informações sobre o château e
que isso tem nos preços iniciais a safra explicam mais de 90% da
e finais desses vinhos”, escreveu variação dos preços. Em suma, não
Ashenfelter. há muito espaço para outros fatores

90 | Revista ADEGA - Ed.197


Orley Clark Ashenfelter é professor da
universidade de Princeton
Ashenfelter comprou
vinhedo em Nova desempenharem um papel muito conjunto de circunstâncias que
Jersey e faz vinhos em importante na determinação de ocorre naturalmente (ou pelo
parceria com a Cedar preços”, apontou. menos é externo ao nosso controle)
Rose. Ele diz querer
fazer um vinho no estilo Em sua análise, o economista e exibe alternância suficiente nas
de Bordeaux atestou, obviamente, que “quanto variáveis que estão sendo testadas
mais velho um vinho, maior é o para que seus verdadeiros efeitos
seu valor”, mas havia variações possam ser extraídos. O caso do
“nos preços médios entre safras clima em Bordeaux apresenta um
que não são explicados”. Segundo experimento natural “muito bom”,
ele, contudo, a análise dos efeitos pois difere bastante de ano para ano
da idade por si só produz um e a qualidade das uvas é registrada
modelo que explica apenas pouco o suficiente (através dos preços dos
mais de 20% da variação do preço vinhos) para medir os verdadeiros
médio das safras de vinho de efeitos do clima na qualidade.
Bordeaux, sugerindo que o clima Em sua análise, Ashenfelter
é um determinante extremamente criou um modelo que inclui quatro
importante da qualidade de variáveis, a idade da colheita, a
uma safra e o preço do vinho na temperatura média ao longo da
maturidade. estação de crescimento (abril-
setembro), a quantidade de chuva
Clima em setembro e agosto, e a quantidade
Então, ele se focou no clima. Apesar de chuva nos meses anteriores à
de saber que “o efeito do clima na vindima (outubro-março). Para
qualidade e no preço do vinho deveria ele, isso explicaria cerca de 80% da
ser testado com um experimento variação do preço médio das safras
controlado em laboratório, mas isso de Bordeaux.
obviamente não é viável, pois não há
como controlar o clima na França”, A fórmula e o experimento
ele teve que confiar nos chamados Depois de algum tempo, toda
“experimentos naturais”. a sua análise resultou em uma
Um experimento natural é um fórmula:

Qualidade do vinho = 12,145 / (0,00117 * chuva de inverno)


+ (0,0614 * Temperatura média da Estação de Crescimento)
— (0,00386 * chuva da Colheita)

92 | Revista ADEGA - Ed.197


“Por que os compradores
ignoraram a evidência de que
o clima durante a estação
vitivinícola é um determinante
fundamental e facilmente
mensurável da qualidade dos
vinhos maduros?”

Na época, a maioria, vinhos’ apostando contra a casa”, não causam problemas – eles
obviamente, zombou de escreveu a revista Forbes em simplesmente compram os vinhos
Ashenfelter. Parker chegou a 2014. Ainda assim, sua fórmula com base em fundamentos, e
dizer que a fórmula era “ridícula segue sendo questionada. depois bebem os vinhos que
e absurda” e que “odiaria ser não valorizam e vendem os que
convidado à casa dele para beber Fora da curva valorizam. Os investidores em
vinho”. Mas outros matemáticos, Como ele explica, por exemplo, vinho, infelizmente, não têm a
como o prêmio Nobel Daniel safras como 1982, que são metade mais agradável dessas
Kahneman, acharam a proposta um fenômeno até hoje? “Foi duas opções”, relata.
interessante. “A fórmula de um ano quente, embora não Por fim, Ashenfelter
Ashenfelter é extremamente especialmente seco, e os vinhos questiona: “Por que os
precisa. A correlação entre suas devem ser bons. No entanto, o compradores ignoraram a
previsões e os preços está acima que aconteceu com esses vinhos evidência de que o clima durante
de 0,90”, disse na época. Ou seja, é bastante notável, com seus a estação vitivinícola é um
a fórmula funciona 90% das preços praticamente ganhando determinante fundamental
vezes. vida própria. Hoje, os vinhos desta e facilmente mensurável da
“Com base em dois testes safra custam o dobro e o triplo das qualidade dos vinhos maduros?”.
informais, decidi em 1991 prever safras superiores de 1989 e 1990, Mas o professor parece não se
que as safras de 1989 e 1990 em e não há indicação de que haverá importar com o que os outros
Bordeaux provavelmente seriam alguma correção. Isso sugere que pensam ou deixam de pensar.
excelentes. Muitos críticos de o mercado de leilões pode ter Ele criou uma associação de
vinho não concordaram com essa evoluído para incluir duas classes economistas do vinho – a
previsão na época. Nos anos que de compradores, aqueles que American Association of Wine
se seguiram, os pensamentos compram pelo vinho e aqueles Economics, da qual é presidente
mudaram; e agora há um acordo que simplesmente procuram um – e decidiu produzir seus próprios
praticamente unânime de que símbolo de status. Os vendedores rótulos ao comprar vinhedos em
1989 e 1990 são duas das safras da safra de 1982 são os primeiros, Nova Jersey. Ele estudou o clima
mais notáveis dos últimos 50 enquanto os compradores são e concluiu que poderia reproduzir
anos”, conta Ashenfelter. os últimos. O fenômeno da safra os vinhos de estilo Bordeaux por
Apesar de ridicularizado de 1982 traz sérios problemas lá. Atualmente, ele vende suas
por alguns, ele fez as previsões para quem gostaria de investir uvas para a vinícola Cedar Rose,
e um grupo 600 investidores em vinho, mas não o consumir. que fez uma cuvée chamada
apostaram em sua fórmula. Como prever que uma safra se Ashenfelter Vineyards, um
“Ele riu por último porque tornará um símbolo de status? Cabernet Sauvignon que custa
ganhou muito dinheiro para Para aqueles que consomem seus US$ 35 na safra 2019. Quanto ele
seus investidores em ‘futuros de vinhos, anomalias como 1982 valerá no futuro?

Revista ADEGA - Ed.197 | 93


Emmanuel Houillon é quem agora
administra o legado de Pierre Overnoy

94 | Revista ADEGA - Ed.197


GR AN DS DOMAI N ES
PI ERRE OVERNOY

O vinho
segundo Pierre
Da pouco prestigiada região do Jura surgiu
a lenda de Pierre Overnoy

por Arnaldo Grizzo

PUPILLIN É UMA MINÚSCULA sua vida em que seus anseios Beaune, onde aprendeu sobre
comuna do departamento do Jura, estavam mais ligados ao descanso. a enologia moderna. Depois
quase na divisa da França com a Homem do campo, sua “carreira” de aplicar as técnicas, achou
Suíça. Para a maioria dos enófilos, começou quando o pai, dono de estranho que seus vinhos não
esse é apenas mais um vilarejo de uma fazenda em Pupillin, delegou fossem tão bons quantos os de
uma região pouco falada do vinho parte dos vinhedos (cerca de 2,5 seu pai ou irmão; afinal eram
francês. Contudo, para alguns hectares) para Pierre em 1968. as mesmas uvas. “Ele tinha ido
poucos enófilos, o lugar é como Durante anos, ele trabalhou quase para escola de enologia para
uma Meca dos vinhos naturais. E incógnito, numa região pouco fazer vinhos melhores que os
isso graças a uma pessoa: Pierre falada. Sua jornada parecia fadada da família, mas acabou sendo
Overnoy. Um nome de tanta a ser a típica vida camponesa, mas o contrário!”, conta Emmanuel
grandeza que, diz-se, não é dito, no começo dos anos 2000, Pierre Houillon, que hoje administra a
mas sussurrado nas salas de se tornou uma lenda, com vinhos propriedade.
degustação, tamanho o respeito e que hoje são preciosidades, com as Em meados dos anos 70, Pierre
deferência por seu trabalho. poucas garrafas sendo disputadas conheceu Jacques Neauport e
Curiosamente, a despeito acirradamente. Jules Chauvet, dois nomes que se
de sua fama, Pierre, hoje com tornariam famosos pela defesa dos
85 anos e já aposentado, sempre Sem químicos ou enxofre vinhos com mínima intervenção
achou ruim a “veneração”. “Sou Uma parte da explicação de e sem enxofre. Dessa forma,
contra o culto da pessoa. Toda sua reputação foi sua visão da ele acabou sendo um pioneiro
vez que houve um culto à pessoa, agricultura desde o início. Antes dos chamados vinhos naturais.
em qualquer país, isso levou a mesmo de gerir os vinhedos, ele Tanto que, em 1984, vinificou o
desastres. Então, por que esse tipo havia percebido que herbicidas seu primeiro vinho sem enxofre.
de fama, de mito sobre mim? Não químicos poderiam ter um papel Um dos objetivos de Pierre era
sei, porque não há razão”, disse nocivo nos solos a longo prazo. regressar ao sabor dos vinhos da
uma vez em um evento em que Consciente do potencial de seus época de seu avô.
estava sendo homenageado. terroirs, ele foi atrás de métodos
Ele sempre foi pouco afeito delicados para extrair o melhor de Um “filho espiritual”
à fama, que nunca perseguiu suas uvas, numa busca constante No outono de 1990, o jovem
e, na verdade, acabou vindo de de vinhos puros. Emmanuel Houillon foi trabalhar
forma repentina, numa fase de Ele decidiu estudar em com Pierre – ele já era um

Revista ADEGA - Ed.197 | 95


tinha se tornado um “filho espiritual”.
A partir daí, Emmanuel e sua esposa
Anne assumiram o comando dos
cerca de 6 hectares com plantações de
variedades como Ploussard (ou Poulsard),
Chardonnay, Savagnin e um pouco de
Trousseau. “Pierre ainda é completamente
parte integrante do dia a dia da minha
família. Ele ainda está aqui, ele ainda é
um vigneron, mas agora sua nova paixão
é assar pão! Ele está sempre lá para provar
os vinhos comigo, para dar conselhos ou
ajudar”, conta.

A fama
Na época, o nome Pierre Overnoy ainda
não causava a comoção que existe hoje.
Pierre Overnoy colocou conhecido da família Overnoy, pois seu “Por muito tempo, esses vinhos foram
a minúscula vila de
Pupillin no mapa da pai comprava vinhos de Pierre e as família incompreendidos”, aponta Emmanuel.
vitivinicultura mundial acabaram se tornando amigas. Assim, Mesmo quando começaram a ser
ele passava duas semanas na escola, em exportados, suas garrafas eram consumidas
Beaune, e duas nas vinhas de Pupillin. basicamente por “connoisseurs”. Com
“Disseram-nos que os vinhos sem adição o passar dos anos, todavia, tudo se
de enxofre eram impossíveis de fazer, que transformou e os vinhos se tornaram
invariavelmente se transformariam em cults. E não somente pelo fato de serem
vinagre. Então fazer as pessoas aceitarem expoentes da vinificação dita como natural.
que é possível fazer – e ainda hoje Pierre sempre prezou por entregar um
algumas pessoas ainda não acreditam – produto “pronto”. Sendo assim, ele mantém
isso foi algo que me marcou. Era 1990: seus vinhos guardados o quanto acha
as pessoas tratavam Pierre como um necessário e, quando lança no mercado, nem
extraterrestre!”, conta Emmanuel. sempre as safras têm ordem cronológica,
Após sete anos de estudos, Pierre mas sim aleatória a depender da evolução
o efetivou. “Fui assalariado até 2001, da bebida naquela safra. Outra curiosidade
quando assumi a propriedade”, diz. é que, muitas vezes, a mesma safra pode
Naquele ano, Pierre decidiu se aposentar. ser engarrafada e lançada em diferentes
Sem filhos, deixou o comando da períodos, pois os vinhos podem ter
propriedade nas mãos do garoto que evoluído de formas distintas em diferentes

Alternativas ao enxofre
Um dos pontos centrais da filosofia tem todos os elementos necessários os anos, mas isso significa que, em
de Pierre Overnoy está no uso do para envelhecer. Se você quer fazer algumas safras, precisará ser paciente.
enxofre, um conservante muito usado um vinho que vai envelhecer por muito Ser meticuloso com as uvas que está
na vitivinicultura. Para Emmanuel tempo, há muitas maneiras de fazê-lo: colhendo é a coisa mais importante.
Houillon, o enxofre pode, em alguns pode deixá-lo em suas borras por um Especialmente para os tintos, se
casos, ser benéfico para a viticultura longo tempo, engarrafá-los anos antes você não está escolhendo o que está
e vinificação. “O problema é que o do lançamento...” Como evitar brett, colhendo, nem vale a pena tentar.
uso de enxofre se tornou padronizado oxidação e acidez volátil sem enxofre? Outro detalhe importante: não deixar
e, em muitos casos, tira a vida do “Existem diretrizes importantes a serem as uvas ultrapassarem a maturidade.
vinho”. Mas alguns perguntariam: seguidas se você não quiser que seu A melhor fruta é aquela colhida
e o envelhecimento? “Diria que os vinho sofra com esses problemas. exatamente na hora certa. Se estiver
vinhos ‘vivos’ geralmente envelhecem Você não pode simplesmente fazer pouco madura, muito madura ou se
melhor, porque quando um vinho não o que quiser, como quiser. Você você deixar descansar por alguns dias,
é filtrado e não é clarificado, você pode fazer vinho sem enxofre todos perderá um pouco de sua pureza.”

96 | Revista ADEGA - Ed.197


recipientes. Tanto que, desde 2018, Houillon
começou a adicionar a data de engarrafamento
como o número do lote de seus rótulos.
Outro ponto interessante é que todos os
vinhos possuem o mesmo design no rótulo. A
única diferença é a cor da cera no topo de cada
garrafa: branco para Chardonnay, amarelo
para Savagnin, vermelho para Ploussard.
Existe uma mítica cera verde que é usada para
o blend de Chardonnay/Savagnin raríssimas
vezes lançado. Há ainda os clássicos Vin Jaune
e Vin de Liqueur, além do Savagnin Ouillé
(estilo de vinho feito sem oxidação).
Tudo isso e também todos os mitos ao
redor da figura de Pierre Overnoy fazem com
que seus vinhos alcancem preços equivalentes
aos mais célebres e raros de regiões muito
mais conhecidas da França. A procura é
tanta que, encontrar uma única garrafa é
uma missão bastante complicada, pois, entre
outras coisas, não há planos para aumentar
os vinhedos e tampouco a produção. E assim
Overnoy vai transcendendo o Jura, os “vinhos
naturais”, a história.
ARQUITE TUR A

Château
americano
Biltmore Estate, propriedade da poderosa
família Vanderbilt, abriga, entre outras
coisas, uma vinícola

por Arnaldo Grizzo

OS ESTADOS UNIDOS viviam uma verão” por lá. Foi assim que surgiu a ideia
época de expansão e pujança econômica da mansão Biltmore.
impressionante. A era dourada, no fim Vanderbilt nomeou sua propriedade
do século XIX, foi um período fértil para como Biltmore, combinando De Bilt (local
diversos americanos, especialmente para a de origem de seus ancestrais na Holanda)
família Vanderbilt. O “Comodoro” Cornelius com more (mōr, anglo-saxão para
Vanderbilt tinha em suas mãos um império, “charco”, uma terra aberta e ondulada).
forjado em transporte marítimo e ferroviário, Ele comprou cerca de 700 parcelas de
muito graças à rápida ampliação da malha terra, incluindo mais de 50 fazendas. Em
logística do país naquele período. Diz-se que uma área gigantesca, planejou não apenas
ele era o homem mais rico da América, e uma casa, mas uma série de estruturas em
provavelmente do mundo, na época. um projeto monumental, com influência
Sua fortuna e seus negócios foram sendo francesa.
transmitidos para seus herdeiros até chegar
a seu neto George Washington Vanderbilt II. Um Château
A família já ostentava propriedades enormes Vanderbilt contratou Richard Morris
e suntuosas em diversos locais da costa leste, Hunt, o mais famoso arquiteto da “Gilded
mas principalmente mansões na famosa Age” americana. A inspiração foram
Quinta Avenida em Nova York. Mas George, os castelos renascentistas franceses.
após visitar a região de Asheville na Carolina Vanderbilt e Hunt visitaram vários no
do Norte, pensou em construir uma “casa de início de 1889, incluindo o Château de

98 | Revista ADEGA - Ed.197


Para o projeto, Vanderbilt contratou
Richard Morris Hunt, o mais famoso
arquiteto da “Gilded Age” americana
Blois, Chenonceau e Chambord na salientes que se conectam à torre torres poligonais correspondentes
França e a Waddesdon Manor na de entrada: uma loggia aberta no centro estão conectadas à torre
Inglaterra. do lado esquerdo e uma arcada poligonal sul por uma loggia aberta
Para viabilizar um projeto com janelas à direita, que abriga que abre os cômodos principais da
tão grandioso (são mais de 16 mil o Jardim de Inverno. A torre de casa para as vistas das montanhas
metros quadrados – considerada entrada contém uma série de Blue Ridge à distância. A loggia
a maior propriedade privada dos janelas com ombreiras decoradas. é decorada com azulejos de
Estados Unidos), uma marcenaria A escada é uma das características terracota em padrão de espinha
e uma olaria foram construídas mais proeminentes da fachada de peixe. O sistema de abóbada e
no local. Um ramal ferroviário leste, com sua balaustrada sinuosa arco de cerâmica autoportante foi
foi feito para trazer materiais de três andares, decorada com amplamente usado dentro e fora de
para o canteiro de obras. A estátuas esculpidas de São Luís e Biltmore e foi patenteado por Rafael
construção ocupou cerca de 1.000 Joana d’Arc pelo escultor austríaco Guastavino, um arquiteto espanhol
trabalhadores e 60 pedreiros. Karl Bitter. que supervisionou pessoalmente a
Hunt planejou a casa em calcário Um caramanchão é anexado instalação.
de Indiana com quatro andares à casa e é acessado a partir da O telhado é pontuado por 16
voltada para o leste, com uma biblioteca (uma de suas joias), chaminés e coberto com telhas de
fachada de mais de 110 metros localizada no piso térreo. Na ardósia que foram afixadas uma a
para se encaixar na topografia das extremidade norte, há os estábulos, uma. Na cumeeira, o telhado foi
colinas. a cocheira e o pátio para proteger gravado com as iniciais de George
A fachada tem duas alas a casa e os jardins do vento. Duas Vanderbilt e motivos do brasão

100 | Revista ADEGA - Ed.197


de sua família. Colecionador, científica, criação de linhagens viníferas era realmente possível
Vanderbilt trouxe da Europa de animais e silvicultura. no oeste da Carolina do Norte,
milhares de móveis para sua casa Seu objetivo era administrar eles trabalharam com novos
recém-construída, incluindo Biltmore como uma propriedade métodos e tecnologia de cultivo.
tapeçarias, gravuras, lençóis e autossustentável. Contudo, ele Em 1977, Cecil viajou para a
objetos decorativos, datados faleceu aos 51 anos, em 1914. Foi França para persuadir o enólogo
do século XV ao final do século somente com seu neto, William Philippe Jourdain a supervisionar
XIX. Ele abriu sua opulenta Cecil que a propriedade passou o desenvolvimento dos vinhos
propriedade na véspera de Natal a ter vinhedos. Ele plantou as de Biltmore. Iniciou-se então a
de 1895 para familiares e amigos. primeiras vinhas em 1971. A construção de uma nova vinícola,
São impressionantes 250 quartos partir de uma colheita de uvas em 1985, no que tinha sido a leiteria
na casa, incluindo 35 dormitórios híbridas franco-americanas, a da propriedade. Cecil disse que
para família e convidados, 43 safra inaugural foi engarrafada no esse foi “o evento mais histórico
banheiros, 65 lareiras e três Conservatório da propriedade. desde que meu avô abriu sua
cozinhas. Insatisfeito com os propriedade para sua família no
resultados, Cecil procurou dia de Natal, noventa anos antes”.
Agricultura e vinícola o conselho de especialistas Desde então, Biltmore vem sendo
Vanderbilt tinha muito interesse em vinho da Universidade da um dos expoentes do vinho na
em horticultura e agrociência, Califórnia em Davis. Embora região da Carolina do Norte e uma
tanto que supervisionou os pesquisadores não tivessem das vinícolas mais visitadas dos
experimentos em agricultura certeza de que o cultivo de Estados Unidos.

Revista ADEGA - Ed.197 | 101


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na parte superior da garrafa. normalmente ao servir. para cima. A rolha voltará
Pressione para baixo Pressione e solte o gatilho ao seu estado original e sua
para que a agulha atravesse para servir o vinho. Retorne garrafa pode voltar à
a rolha. a garrafa à posição vertical sua adega.
para parar de servir.
CAVE CADERNO DE AVALIAÇÃO DE ADEGA

Avaliações por
Editor de vinho:
Eduardo Milan (EM)

André Mendes (AM)


Christian Burgos (CB),
Christiane Miguez (CM),
Felipe Granata Kosikovski (FGK),
Guilherme Velloso (GV),
João Paulo Gentille (JPG),
Juliana Trombeta Reis (JTR)
e Mauricio Leme (MSL) BEST BUY
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ESPECIAIS
lançamentos e
raridades
e, portanto, não
às cegas.

Tabela de avaliação
Apoio: Classificação Pontos
Extraordinário 95 a 100
Excelente 91 a 94
Ótimo 89 a 90
Muito Bom 87 a 88
Bom 85 a 86
Regular 82 a 84
Fraco abaixo de 82

Espumantes Brancos Rosés Tintos Doces


p. 104 p. 104 p. 105 p. 105 p. 111

Revista ADEGA - Ed.197 | 103


do exclusivamente a partir de
ESPUMANTES Chardonnay, sem passagem por
madeira. Mostra aromas de pêssegos
e de abacaxi fresco permeados por

AD
notas florais e de ervas frescas, que se
CASA VALDUGA confirmam no palato. De médio corpo Blanc sem passagem por madeira. De

90 130 BRUT e gostoso de beber, tem textura


cremosa, ótima acidez, bom volume
boa tipicidade, mostra notas florais e
de ervas frescas envolvendo toda sua
de boca e final também médio, com fruta tropical e cítrica, que aparece
toques salinos, cítricos e de frutos tanto no nariz quanto na boca. Leve e
secos. Álcool 13%. EM cativante, tem ótima acidez, gostosa
textura e final agradável, com toques
salinos e cítricos. Álcool 12%. EM
Casa Valduga, Vale dos Vinhedos, AD DUAS QUINTAS
Brasil (R$ 127). Espumante branco brut
elaborado pelo método tradicional a 91 BRANCO 2018
AD
89
partir de Chardonnay (8% do volume
ORUBE BLANCO 2018
total da variedade fermenta e estagia 12
meses em carvalho) e Pinot Noir, com
pelo menos 36 meses de contato com as
leveduras. Uma tiragem de perfil de
maior madurez de fruta e de maior Adriano Ramos Pinto, Douro, Portugal
sensação de dulçor, com sua acidez (Épice R$ 239). Composto a partir de
vibrante e sua textura firme e cremosa Arinto, Rabigato e Viosinho, com Bodegas Solar Viejo, Rioja, Espanha
aportando equilíbrio ao conjunto. Tem passagem de 10% do vinho em (Freixenet R$ 130). Em um estilo mais
final complexo e cativante, com toques carvalho. O resultado é um branco maduro, mostra frutas brancas,
especiados, terrosos, de frutos secos e fresco e vibrante, com ótima acidez e especiarias doces e toques florais,
de fermento. Álcool 12,5%. EM textura firme e cremosa, que equili- que se repetem no palato. Gostoso de
bram sua fruta branca e de caroço beber, tem textura cremosa, acidez
madura. Tem final longo e cheio, com refrescante e final suculento e cheio.
BRANCOS toques de maçãs, de pêssegos e de Álcool 12,5%. AM
ervas, que convidam a uma segunda
taça. Tem 13% de álcool. EM

AD DOMAINE LAROCHE AD QUINTA DA NEVE

90
LA CHEVALIÈRE
CHARDONNAY 2019 AD GARZÓN SINGLE 90 ALVARINHO

92
VINEYARD SAUVIGNON Quinta da Neve, São Joaquim, Brasil
BLANC 2019 (R$ 143). Elaborado com uvas
Alvarinho, é um blend das safras
2019 e 2020. Exibe um perfil madu-
ro, com notas de frutas brancas e de
caroço e florais, que se confirmam
Domaine Laroche, Languedoc-Rous- no palato. Equilibrado, tem acidez
sillon, França (World Wine R$ 160). Bodega Garzón, Maldonado, Uruguai vibrante, deliciosa textura e final
Branco elaborado exclusivamente a (World Wine R$ 337). Branco elabora- agradável e refrescante, com toques
partir de Chardonnay, sem passagem do exclusivamente a partir de cítricos. Tem 14% de álcool. AM
por madeira. De boa tipicidade, Sauvignon Blanc, sem passagem por
mostra frutas brancas e de caroço madeira, mas mantido com suas
seguidas de notas florais e de ervas. borras em tanques de concreto AD TERRE DI SAN VINCENZO

89
No palato, tem textura firme e durante sete meses. Essa é a primeira LA NAVE PINOT GRIGIO
cremosa, refrescante acidez e final safra desse vinho, que mostra frutas 2018
persistente, com toques florais e brancas e cítricas envoltas por
salinos, que pedem mais um gole. vibrante acidez, textura firme e
Álcool 13%. EM cremosa e final suculento e persisten-
te, com toques salinos e de limão tahi-
ti. Por ser fluido e gostoso de beber,
AD
DOMAINE LES não se engane com ele, pois é Torrevento, Puglia, Itália (La Pastina
CHENEVIÈRES
91
profundo, preciso e cheio de cama- R$ 94). Branco elaborado exclusiva-
MACON-VILLAGES das. Álcool 13%. EM mente a partir de Pinot Grigio, sem
CHARDONNAY 2018 passagem por madeira. De boa

AD
tipicidade, mostra frutas brancas e
HEMISFERIO RESERVA de caroço seguidas de notas florais e

89
SAUVIGNON de ervas frescas, que se confirmam
BLANC 2019 no palato. Vibrante e fácil de agradar,
Torres, Casablanca, Chile (Qualim- tem boa acidez, textura cremosa e
Georges Duboeuf, Borgonha, França por R$ 80). Branco elaborado exclusi- final médio/longo, com toques
(World Wine R$ 166). Branco elabora- vamente a partir de Sauvignon cítricos e de maçãs. Álcool 12%. EM

104 | Revista ADEGA - Ed.197


ROSÉS TINTOS

AD AMITIÉ COLHEITA DE
AD ALANDES
89
PRIMAVERA ROSÉ
TEMPRANILLO 2020 90 EL TURCO 2020
Amitié, Vale do São Alandes, Mendoza, Argentina (Portus
Francisco, Brasil (R$ 73). Cale R$ 129). Tinto elaborado exclusiva-
Rosado elaborado a partir mente a partir de uvas Malbec, com
de Tempranillo, sem fermentação espontânea (sem adição de
passagem por madeira. leveduras) e estágio de 10 meses em
Fresco e fácil de agradar e de barricas de carvalho francês. Sempre
beber, mostra notas florais e consistente e de ótima tipicidade,
de ervas envolvendo sua fruta mostras ameixas e amoras acompanha-
branca e vermelha madura, com das de notas de violetas e de especiarias
sua ótima acidez e sua textura doces, que aparecem tanto nos aromas
firme trazendo sustentação ao quanto nos sabores, tudo sustentado por
conjunto. Tem final agradável, acidez na medida e taninos de boa
com toques cítricos, de textura. Tem final carnudo e cativante,
morangos e de groselhas. Álcool que pede a companhia de carnes
11,5%. EM vermelhas na brasa. Álcool 14,5%. EM

AD C'EST LA VIE SYRAH AD


88 GRENACHE ROSÉ 2019
91
ALIOTTO 2016

Albert Bichot, Languedoc-Rous- Tenuta Podernovo, Toscana, Itália


sillon, França (Winebrands R$ (Decanter R$ 180). Tinto composto a
128). Corte rosado composto de partir de 60% Sangiovese e 40% Cabernet
Syrah e Grenache, sem passagem Sauvignon, Merlot e outras uvas locais,
por madeira. Mostra fruta de boa com estágio de 12 meses em barricas de
qualidade tanto no nariz quanto carvalho francês. Fluido, sedutor e muito
na boca, além de notas florais e gostoso de beber, mostra frutas verme-
de ervas. Fresco e equilibrado, lhas seguidas de notas florais, de ervas, de
tem deliciosa textura, acidez tabaco e de especiarias, tudo sustentado
pronunciada e final médio e por acidez vibrante e taninos tensos e
agradável, com toques cítricos e finos. De perfil gastronômico, tem final
de morangos. Álcool 12,5%. AM persistente, com toques terrosos e de
cerejas. Álcool 13%. EM

AD CONO SUR BICICLETA AD ANDELUNA RAÍCES

88 PINOT NOIR ROSÉ 2020


87
CABERNET SAUVIGNON
2019

Cono Sur, Bío Bío, Chile (La Andeluna, Mendoza, Argentina (World refreshing wines que
Pastina R$ 69). Rosado elaborado Wine R$ 86). Tinto elaborado exclusiva-
exclusivamente a partir de Pinot
Noir, sem passagem por madei-
mente a partir de uvas Cabernet
Sauvignon, cultivadas em Tupungato,
combinam com cada
ra, mas com estágio de seis
meses em tanques de aço inox.
no vale do Uco, sem passagem por
madeira. Mostra perfil de frutas
instante da vida
Mostra morangos e frutas maduras e em compota, lembrando
brancas escoltadas por notas ameixas, tudo envolto por acidez na
florais e de ervas. Fresco e leve, medida e taninos de boa textura que
tem boa acidez, textura agradá- trazem certo equilíbrio e fluidez ao
vel e final médio, com toques vinho. Despretensioso, de boa tipicida-
cítricos e de peras. Álcool 13%. de e fácil de agradar. Álcool 14%. EM
EM VEGANO, CRUELTY FREE, SUSTENTÁVEL
veroni.com.br
AD ATTILIO & MOCHI
doces envolvendo sua fruta vermelha.
Mas é na boca que merece atenção, com
92 CABERNET FRANC 2019 sua refrescante acidez e seus taninos
firmes e granulados trazendo fluidez e
tensão ao vinho, mesmo num ano mais
ensolarado como o de 2015. Refinado e sivamente a partir de uvas Malbec
profundo, tem final cativante, com advindas dos vinhedos Angelica
toques terrosos, de rosas e de cerejas. (somente uvas desengaçadas) e Nicasia
Está ótimo agora, mas tem tudo para (somente cachos inteiros), cofermenta-
Attilio & Mochi, Casablanca, Chile ficar ainda melhor nos próximos 20 das e estagiadas durante 18 meses em
(Edega R$ 260). Tinto elaborado anos. Álcool 14%. EM barris de carvalho francês. Mais uma
exclusivamente a partir de uvas ótima edição desse tinto. Amável e
Cabernet Franc cultivadas no vale de delicioso de beber, mostra muita nitidez
Casablanca, com estágio de 13 meses AD CASAS DEL BOSQUE LA de fruta e profundidade, tudo envolto e
em barricas novas e usadas de carvalho
francês. Esbanja notas de tabaco, de 94 TRAMPA 2018 sustentado por taninos aveludados e
firmes, ótima acidez e final longo e
ervas e de especiarias picantes envol- suculento, com toques de cassis, de
vendo toda sua vermelha e negra de amoras e de giz, que convidam a uma
perfil mais fresco, tudo apoiado por segunda taça. Álcool 14%. EM
vibrante acidez e taninos de ótima

AD
textura. Fluido e muito gostoso de
beber, tem final com toques de amoras. Casas del Bosque, Casablanca, Chile CHIKIYAM RESERVA
Álcool 13,5%. EM (Domno R$ 760). Tinto composto a
partir de 80% Syrah, 15% Malbec e 5% 89 RED BLEND 2019

AD
Pinot Noir, com estágio de 18 meses Andes Growers, Mendoza,
AURORA RESERVA em barricas de carvalho francês, Argentina (My Winery R$ 90).

88 MERLOT 2020 sendo 60% novas. Surpreende pelo


perfil tenso e vibrante de sua fruta,
Tinto composto a partir de 60%
Malbec e 40% Petit Verdot, com
lembrando ameixas e amoras, tudo estágio de 20% do vinho durante
sustentado por taninos granulados e cinco meses em barricas de
de ótima textura, acidez vibrante e carvalho. Suculento, tem acidez
final fluido, persistente e vertical, refrescante e taninos firmes e
com toques florais, de ervas e de granulados que envolvem sua fruta
Aurora, Serra Gaúcha, Brasil (R$ 50). especiarias doces. Álcool 14%. EM lembrando ameixas e amoras.
Tinto elaborado exclusivamente a partir Tem final médio/longo, que pede

AD
de uvas Merlot, com estágio de seis a companhia de carnes vermelhas
meses em barricas de carvalho. Mais
CASA VALDUGA grelhadas. Álcool 14,1%. EM

90
uma boa safra desse consistente vinho,
TERROIR EXCLUSIVO
SYRAH VIOGNIER 2020
AD
chama atenção pela qualidade de fruta
vermelha e negra e pela acidez refres- CIEN MONTAÑAS
cante, que envolvem todo conjunto.
Mostra ameixas acompanhadas de 93 ALBARÍN NEGRO 2018

notas florais, de ervas e de especiarias Bodega Vidas, Astúrias, Espanha


doces, tudo sustentado por taninos (4U.Wine R$ 490). Tinto elabo-
firmes. Tem final agradável e com Casa Valduga, Encruzilhada do Sul, rado exclusivamente a partir de
toques da passagem pela madeira, que Brasil (R$ 117). Tinto composto a par- uvas Albarín Negro advindas de
pedem a companhia de pizzas cobertas tir de 86% Syrah e 14% Viognier, com vinhedos de mais de 80 anos, cul-
por embutidos. Álcool 13%. EM estágio de oito meses em barricas tivados em solos ricos em ardósia,
de carvalho francês. Grata surpresa, na DOP Cangas, nas Astúrias, com
mostra frutas vermelhas e negras de fermentação espontânea e estágio
AD CAMIGLIANO perfil mais fresco, seguidas de notas de 10 meses em barricas usadas

93
BRUNELLO DI florais, de ervas e de especiarias de carvalho francês. Austero e
MONTALCINO 2015 picantes, que se confirmam na boca. exótico nos aromas e nos sabores,
Fluido, cativante e gostoso de beber, impressiona pela acidez vibrante
tem acidez na medida, taninos firmes e pelos taninos tensos, granulados
e finos e final suculento, com toques e de ótima textura, que envolvem
cítricos e de ameixas, que pedem a sua fruta negra de perfil fresco,
companhia de embutidos em geral. seguida de notas de ervas, de
Camigliano, Toscana, Itália (Casa Flora/ Álcool 13%. EM especiarias e de azeitonas pretas.
Porto a Porto R$ 605). Tinto elaborado Tem final cheio e persistente, com
exclusivamente a partir de Sangiovese, toques terrosos, salinos e de amei-
com estágio de 24 meses em botti de AD CATENA ZAPATA xas. Gastronômico e intrigante,

95
carvalho francês e do leste europeu, de MALBEC ARGENTINO pede sempre mais um gole, como
30 e 60 hectolitros. Muito bem feito e de 2018 um convite sedutor para desven-
ótima tipicidade, mostra notas florais, Catena Zapata, Mendoza, Argentina dar todos seus nuances e suas
balsâmicas, de ervas e de especiarias (Mistral R$ 1139). Tinto elaborado exclu camadas. Álcool 13%. EM

106 | Revista ADEGA - Ed.197


vinícola, não possui safra e é compos-
AD to por 33% Montepulciano, 30%

91
DIEZ ALMENDROS 2018 Primitivo, 25% Sangiovese, 7%
Negroamaro e 5% Malvasia Nera,
advindas da Puglia e de Abruzzo, com

PIRCAS,
estágio de 13 meses em barris de
carvalho. Sedutor, mostra notas
florais, de ervas secas e de especiarias

UM
doces envolvendo sua fruta negra
Vega Clara, Ribera del Duero, Espa- madura e em compota, tudo sustenta-
nha (Belle Cave R$ 285). Tinto do por boa acidez e taninos finos e
elaborado majoritariamente a partir firmes. Belo exemplo de tinto

ÍCONE
de Tempranillo, acrescido de pequena maduro, potente, mas refinado e
parte de outra casta mantida em equilibrado. Para os queijos curados.
segredo pela vinícola. O vinho estagia Álcool 14,5%. EM
12 meses em barricas de carvalho.
100% CABERNET SAUVIGNON
AD
Franco nos aromas, mostra ameixas e
amoras envoltos por notas florais, de FREI JOÃO COLHEITA
ervas e de especiarias doces. Tenso,
vibrante e cheio de fruta, tem ótima 90 TINTO 2015

acidez, taninos firmes e de grãos finos


e final carnudo e longo, com toques
terrosos, de canela e de baunilha.
Ainda está jovem e tem tudo para
ficar ainda melhor nos próximos
cinco anos. Álcool 14,5%. EM Caves São João, Bairrada, Portugal
(Vinci R$ 150). Tinto composto a

AD
partir de Baga, Tinta Roriz, Touriga
Nacional, Syrah e Merlot, com es-

93
EPU 2017 tágio em tanques de aço inox e em
cimento. No melhor estilo velho
escola, mostra notas terrosas, de
ervas, de especiarias e de tabaco
envolvendo sua fruta vermelha
madura e em compota, com sua
acidez refrescante e seus taninos
Almaviva, Maipo, Chile (VCT R$ 662). arenosos trazendo sustentação e
Tinto composto a partir de 83% equilíbrio ao conjunto. Gastronô-
Cabernet Sauvignon, 11% Carménère, mico por natureza, pede a compa-
3,5% Cabernet Franc e 2,5% Merlot, nhia de paleta de cordeiro ao forno.
com estágio de 12 meses em barricas de Álcool 13%. EM
carvalho francês. Apesar de uma safra

AD
mais quente, que se reflete no perfil de
fruta mais madura, tem acidez vibrante
FUTUROSSO

92
e taninos firmes que trazem sustenta-
MONFERRATO
ção ao conjunto. As notas de mentol, de
ROSSO 2017
eucalipto, de ervas e de especiarias
doces envolvem sua fruta lembrando
ameixas e cassis. Redondo, cheio e
persistente, tem final cativante, com
toques de grafite. Sedoso, amável e
refinado, perde em tensão se compara- Marchesi Incisa della Rocchetta,
do ao Epu 2016, mas ganha em finesse e Piemonte, Itália (Winebrands R$
polidez. Álcool 14,5%. EM 214). Tinto composto de Barbera,
Merlot e Pinot Nero, sem passagem
por madeira. Sedutor nos aromas,
AD FANTINI EDIZIONE mostra notas florais, de ervas e de

93 CINQUE AUTOCTONI 19 especiarias doces envolvendo sua


fruta, lembrando groselhas e
amoras, tudo equilibrado por
gostosa acidez, taninos de ótima
textura e final persistente e
agradável, com toques terrosos, de
tabaco e de cerejas. Para as carnes
Farnese, Abruzzo e Puglia, Itália ensopadas ao molho de cogume-
(World Wine R$ 464). Tinto ícone da los. Álcool 14%. EM
AD persistente e agradável, com toques
de ameixas, de amoras e de violetas.
boa tipicidade, com acidez refres-
cante, taninos macios e final médio,
91
HEY MALBEC 2019
Seguramente, a melhor versão desse com notas de cerejas e de hibisco.
vinho até o momento. Álcool 13%. EM Álcool 13,5%. AM

AD MARQUÉS DE CASA AD NOVAS GRAN RESERVA


92 90
CONCHA CARMÉNÈRE
CARMÉNÈRE 2018
Riccitelli Wines, Mendoza, Argentina 2018
(Winebrands R$ 158). 100% Malbec,
com estágio de parte do vinho em
tanques de concreto (70%) e o restante
em barricas usadas de carvalho
francês. Apresenta frutas vermelhas
frescas (lembrando cerejas e ameixas), Concha y Toro, Peumo, Chile Emiliana, Colchagua, Chile (La Pastina
balsâmico, floral, especiarias doces e (VCT R$ 160). Tinto elaborado R$ 128). Tinto certificado orgânico
ervas, que se repetem no palato. Tenso exclusivamente a partir de Car- composto a partir de 90% Carménère e
e vibrante, tem acidez afiada, taninos ménère, com estágio de 18 meses em 10% Cabernet Sauvignon, com estágio
finos e de ótima textura e final longo e barricas de carvalho francês. Chama de 10 meses, sendo 35% em barricas de
saboroso. Álcool 14%. AM atenção pela qualidade de fruta carvalho francês, 15% em tanques de
vermelha de perfil mais fresco, pela aço inoxidável e 8% em foudres de

AD
vibrante acidez e pelos taninos carvalho. Cativante nos aromas e nos
LATITUD 33o tensos, tudo envolto por notas sabores, mostra ameixas maduras

88 MALBEC 2018 florais, especiadas e de e ameixas,


convidando a uma segunda taça.
seguidas de típicas notas de ervas e de
especiarias picantes, que aparecem
Álcool 14,5%. EM tanto no nariz quanto na boca. Fluido
e gostoso de beber, tem acidez na
medida, taninos aveludados e final
AD MONTES OUTER LIMITS suculento, com toques florais e de

Terrazas de los Andes, Mendoza, 92 PINOT NOIR 2018 amoras. Álcool 14,5%. EM

AD
Argentina (Moët Hennessy Brasil R$
70). Tinto elaborado exclusivamente
PACHECO PEREDA

89
a partir de Malbec, com breve estágio
SELECCIÓN ROBLE
em carvalho. Frutado e fácil de
MALBEC 2019
agradar, mostra notas florais, de
ervas e de especiarias doces Montes, Zapallar, Chile (Mistral R$
envolvendo sua fruta lembrando 359). Tinto elaborado exclusiva-
ameixas, com seus taninos mente a partir de uvas Pinot Noir
aveludados e sua boa acidez trazendo cultivadas em Zapallar, com estágio
certo equilíbrio ao conjunto. Para os de 12 meses em barricas de carvalho Pacheco Pereda, Mendoza, Argentina
embutidos em geral. Álcool 14%. EM francês, sendo 30% novas. Chama (Winebrands R$ 96). Tinto 100%
atenção pelo perfil de fruta verme- Malbec, com estágio de quatro meses
lha mais fresca, com acidez brilhan- em barricas de carvalho francês e
AD te, taninos de textura firme, cremosa americano. Num perfil de maior

93
LOF SYRAH 2018 e de grãos finos e final com toques concentração e madurez de fruta, tem
terrosos, salinos e de cerejas. Álcool boa acidez e taninos firmes, que
Lof, Maipo, Chile (Setwines R$ 199). 14%. EM trazem certo equilíbrio ao conjunto.
Projeto pessoal do reputado enólogo Suculento, tem final cheio, com

AD
chileno Germán Lyon (Pérez Cruz), toques terrosos, de violetas e de
esse tinto é elaborado exclusivamente NORTON BARREL SELECT ameixas. Para as carnes vermelhas
a partir de uvas Syrah, fermentadas
sem adição de leveduras, sendo 88 PINOT NOIR 2018 mais gordurosas. Álcool 13,5%. EM

metade em cachos inteiros, com


estágio de 24 meses em barricas AD
95
usadas de carvalho francês. Mostra PANGEA 2016
frutas vermelhas e negras de perfil
mais fresco seguidas de notas de ervas
e de especiarias, que aparecem tanto Norton, Mendoza, Argentina
no nariz quanto na boca. Fluido e (Winebrands R$ 134). 100% Pinot
gostoso de beber, impressiona pela Noir, com estágio de 50% do vinho
estrutura e profundidade que tem, durante 12 meses em barricas (1º e 2º
provavelmente pelo uso dos engaços usos) de carvalho francês. Em um
na fermentação. Tem taninos firmes e estilo mais maduro, exibe frutas Ventisquero, Colchagua, Chile (Cantu
finos, vibrante acidez, que conferem vermelhas, floral, especiarias e R$ 606). Tinto elaborado exclusiva-
sustentação ao conjunto. Seu final é ervas. No palato, é equilibrado e de mente a partir de Syrah, com estágio de

108 | Revista ADEGA - Ed.197


22 meses em barricas de carvalho
francês, sendo 50% novas. Essa segura- AD PEQUENO PINTOR
mente é a melhor versão de Pangea até o
momento. Influenciado por um ano mais 90 TINTO 2018
frio como o de 2016, mostra ameixa e
cassis nítidos e frescos acompanhados de
notas florais, defumadas, de ervas e de
especiarias picantes. Estruturado e
preciso, tem ótima acidez, taninos
finíssimos e firmes e final profundo, Monte do Pintor, Alentejo, Portu-
persistente e refinado, com deliciosos gal (Adega Alentejana R$ 122).
toques de groselhas e de framboesas. Tinto composto majoritaria-
Fluido, preciso e muito gostoso de beber, mente a partir de Trincadeira e
está ótimo agora, mas tem tudo para ficar Aragonez, acrescido de Alicante
ainda melhor nos próximos 10 anos. Bouschet, com estágio de seis
Álcool 14,5%. EM meses em barricas de carvalho
francês. Carnudo e sedutor,
tem taninos de boa textura e
AD PAPÀ CELSO DOLCETTO refrescante acidez, que trazem

93
DI DOGLIANI SUPERIORE sustentação a sua fruta lembran-
2019 do ameixas, seguidas de notas
de ervas e de especiarias doces.
Tem final cheio e persistente,
com toques terrosos e de amo-
ras. Álcool 14%. EM

AD
Marziano Abbona, Piemonte, Itália
(Mistral R$ 400). Tinto elaborado
PINONE BRUNELLO DI

94
exclusivamente a partir de uvas
MONTALCINO RISERVA
Dolcetto, advindas do vinhedos
2012
antigos plantados em Bricco di Do- Pinino, Toscana, Itália (Élevage
riolo, sem passagem por madeira. R$ 1.125). Tinto elaborado exclu-
De ótima tipicidade, esbanja frutas sivamente a partir de Sangio-
vermelhas e negras seguidas de vese, com estágio de 36 meses
notas florais, de ervas e de especia- em tonéis de carvalho do leste
rias doces, com sua vibrante acidez europeu. Mostra cativantes no-
e seus taninos firmes e aveludados tas florais, de ervas, de especia-
trazendo fluidez ao vinho e sus- rias e de tabaco envolvendo sua
tentação ao conjunto. Tem final fruta, lembrando amoras, cerejas
cativante e persistente, com toques e groselhas, tudo sustentado
terrosos, de ameixas e de cerejas. por refrescante acidez e taninos
Álcool 14%. EM finos e firmes. Tem final cheio
e profundo, com toques terro-

AD
sos, balsâmicos e de cedro. Está
PÉ DO ESPORÃO ótima agora, mas tem tudo para

88 TINTO 2020 ficar ainda melhor nos próximos


20 anos. Álcool 13,5%. EM

AD POÇAS VALE DE
92 CAVALOS TINTO 2019
Esporão, Alentejo, Portugal (Qualim-
por R$ 55). Tinto composto de
Moreto, Castelão e Trincadeira, sem
passagem por madeira. Despreten-
sioso e cativante, mostra frutas
vermelhas e negras maduras Poças, Douro, Portugal (Cantu
seguidas de notas florais e de R$ 209). Tinto composto a partir
especiarias doces, que aparecem de 55% Touriga Nacional, 20%
tanto no nariz quanto na boca, tudo Touriga Franca, 15% Tinta Roriz
sustentado por acidez refrescante, e 10% Tinta Barroca, com estágio
taninos macios e de boa textura e de oito meses em barris de
final com toques de violetas e de carvalho francês de 300 litros.
ameixas, que pedem uma segunda Mais uma ótima edição desse
taça. Álcool 13%. EM vinho, dessa vez privilegiando o
perfil mais fresco de fruta, com fruta, que lembra ameixas e madeira. Sempre consistente, essa
taninos tensos e vibrante amoras, tudo equilibrado por é mais uma boa edição desse tinto
acidez, que trazem fluidez e taninos de boa textura, acidez na versátil e de perfil gastronômico,
profundidade ao vinho. Tem medida e final suculento, que que tem acidez refrescante e
final longo, com toques florais, convida a uma segunda taça. Álcool taninos firmes envolvendo sua
de ervas e de amoras, que 13%. EM fruta lembrando ameixas. Tem final
convidam a uma segunda taça. com toques terrosos, florais e de
Atenção com ele. Aqui menos é especiarias doces, que pede a
muito mais. Álcool 13,5%. EM AD companhia de carnes vermelhas

89
RELVA PINOT NOIR 2020 ensopadas. Álcool 13,2%. EM

AD
AD
Sanabria, Monte Belo do Sul, Brasil

90
PRIMAL MALBEC 2019 (R$ 135). Em um estilo mais
SALADINI PILASTRI

92
maduro, apresenta boa intensidade
ROSSO PICENO
Primal, Mendoza, Argentina (Boca de fruta, tanto no nariz quanto no
SUPERIORE 2018
a Boca R$ 180). Complexo e intenso, palato, seguido por notas florais, de
mostra notas de frutas vermelhas especiarias e de ervas secas. Tem
de perfil mais fresco, empireumá- acidez pronunciada, taninos firmes
ticas, de especiarias, florais e de e de boa textura e final médio/
ervas, que se confirmam no palato. longo, com toques de framboesas e
Gostoso de beber, surpreende pelo de hibisco. Álcool 11,7%. AM Saladini Pilastri, Marche, Itália
equilíbrio do conjunto, com acidez (Mistral R$ 216). Tinto orgânico
vibrante e taninos macios e de composto a partir de uvas 70%
ótima textura, além de final longo e AD RIVETTO LANGHE Sangiovese e 30% Montepulciano,
saboroso, com toques de ameixas e
de grafite. Álcool 13,5%. AM 92 NEBBIOLO 2018 advindas de vinhedos localizados na
zona de Monteprandone, com estágio
de 12 meses em tonneaux de carvalho.
De perfil gastronômico, mostra frutas
AD QUINTA DE ALCUBE vermelhas e negras maduras no ponto

88 TINTO 2020 certo, acompanhadas de notas florais,


de ervas e de especiarias doces, tudo
Quinta de Alcube, Península de sustentado por acidez refrescante e
Setúbal, Portugal (Alma Lusitana Rivetto, Piemonte, Itália (Cantu R$ taninos firmes e de grãos finos. Tem
R$ 99). Tinto composto a partir 402). Tinto composto a partir de final persistente e cativante, com
de Castelão e Trincadeira. Mostra uvas 97% Nebbiolo e 3% Barbera, toques terrosos e de cerejas, que
frutas vermelhas e negras de perfil com fermentação espontânea pedem a companhia de embutidos
mais maduro seguidas de notas e estágio em botti de carvalho. em geral. Álcool 13%. EM
terrosas e de especiarias doces, que Fresco, cativante e gostoso de

AD
se confirmam no palato. Tem boa beber, mostra frutas vermelhas
acidez e taninos firmes, que trazem acompanhadas de notas florais, SALTON PARADOXO
equilíbrio ao conjunto e pedem a
companhia de embutidos. Álcool
de ervas e de especiarias, que
aparecem tanto no nariz quanto 90 CORTE 2019

14%. EM na boca. De perfil gastronômico,


tem ótima acidez, taninos de grãos
finos e final suculento, com toques
AD QUINTA DE BONS- terrosos e de cerejas. Álcool 14%.

89 VENTOS TINTO 2019 EM


Salton, Campanha Gaúcha, Brasil

AD
(R$ 70). Tinto composto a partir
ROCA MALBEC de Cabernet Sauvignon, Merlot e

88 MERLOT 2021 Tannat, com estágio de 12 meses


em barricas de carvalho francês e
americano. Fresco, estruturado e
Casa Santos Lima, Lisboa, Portugal gostoso de beber, impressiona pela
(Cantu R$ 79). Tinto composto a qualidade de fruta vermelha e negra
partir de 65% Castelão (Periquita), madura no ponto certo acompa-
20% Camarate, 10% Tinta Miúda e nhada de notas florais, de ervas e de
5% Touriga Nacional, com estágio Alfredo Roca, Mendoza, Argentina especiarias doces. Tem corpo médio,
de 60% do vinho durante quatro (Casa Flora/Porto a Porto R$ 50). acidez refrescante e final também
meses em barricas de carvalho. Tinto elaborado a partir de uvas médio, com toques terrosos e de
Sempre muito consistente, mostra 50% Malbec e 50% Merlot ameixas, que convidam a mais um
notas florais, de ervas e de cultivadas na zona de San Rafael, gole, de preferência na companhia
especiarias doces envolvendo sua em Mendoza, sem passagem por de embutidos. Álcool 13%. EM

110 | Revista ADEGA - Ed.197


Alexandria. Exuberante nos
AD SANGRE DE TORO aromas e nos sabores, mostra

89
SELECCIÓN ESPECIAL notas florais, de ervas e de
RESERVA 2015 especiarias doces envolvendo
sua fruta madura e em compota,
tudo equilibrado por ótima
acidez e textura cremosa. Para
os doces a base de frutas secas.

Torres, Catalunha, Espanha (Pão de


Álcool 17%. EM
SUA EMPRESA CONECTADA
Açúcar R$ 120). Tinto composto a
partir de Garnacha, Cariñena e Syrah, AD VIÑA 25 PEDRO COM SEU PÚBLICO.
com estágio de 12 meses em barricas
92 XIMÉNEZ
E SUA COMUNICAÇÃO,
de carvalho americano. Um
verdadeiro clássico, no melhor estilo
velha escola. Mostra frutas vermelhas
maduras e ao licor seguidas de notas
florais, de ervas e de especiarias COM O SEU TEMPO.
doces, que se confirmam na boca.
Tem taninos firmes e finos, acidez Caballero, Jerez, Espanha (Vinci
refrescante e final médio/longo, com
toques terrosos e de cerejas. Álcool
R$ 292). Branco fortificado doce
elaborado exclusivamente a partir
Há 11 anos, a Orantes.C desenvolve
14%. EM de Pedro Ximenez, com estágio de
12 anos em carvalho americano de comunicação estratégica eficiente
acordo com o tradicional sistema
AD TOMERO RESERVA de soleras. Untuoso, mostra notas para clientes dos segmentos
92 MALBEC 2017 florais, de ervas e de frutos secos
permeando sua fruta madura e em de enogastronomia, gastronomia,
compota lembrando ameixas e
figos, tudo equilibrado por acidez
refrescante. Tem final cheio,
alimentos e bebidas.
cremoso e sedutor, com toques de
melado, cacau e de especiarias Um trabalho conectado com o seu
Bodega Vistalba, Mendoza, doces. Álcool 17%. EM14%. EM
Argentina (Domno R$ 193). Tinto tempo, na construção de imagem
elaborado exclusivamente a
partir de uvas Malbec advindas junto a imprensa, influenciadores,
AD
da Finca Los Alamos, no vale do
Uco, com estágio de 15 meses em WEINRIEDER EISWEIN
colaboradores e consumidores.
barricas novas de carvalho francês.
Num estilo de frutas vermelhas 94 GRÜNER VELTLINER 2014

e negras de perfil mais maduro,


acompanhadas de notas especiadas,
florais, salinas e de ervas. Tem
taninos firmes, acidez refrescante e
final médio/longo e agradável, com
toques de ameixas e de amoras. Weinrieder, Niederösterreich,
Muito fluido e gostoso de beber. Áustria (World Wine R$ 490).
Álcool 14,5%. EM Branco doce elaborado a partir de
uvas Grüner Veltliner congeladas
nas videiras antes da colheita, sem
DOCES passagem por madeira. Mostra
frutas brancas e de caroço maduras
e em compota acompanhadas de
notas florais, vegetais e de
AD VENÂNCIO DA COSTA especiarias brancas. Mas, é na boca

91
LIMA MOSCATEL DE que merece atenção, com sua
SETÚBAL 2017 textura firme e sua acidez elétrica e
Venâncio da Costa Lima, pulsante, que trazem equilíbrio a
Península de Setúbal, Portugal toda sua doçura e conferem fluidez
(Doc Wine R$ 170). Branco ao vinho. Tem final persistente e
fortificado doce elaborado a profundo, com toques cítricos e
partir de Moscatel de salinos. Álcool 10,5%. EM

Entre em contato e saiba mais em


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SAÚDE

Combustível
Quem se exercita mais
também bebe mais?

UM ESTUDO PUBLICADO na revista Medicine & Os resultados mostraram que os mais aptos eram
Science in Sports & Exercise, liderado por Kerem Shuval, do mais propensos a beber. As mulheres na categoria
centro de pesquisa Cooper Institute, com sede em Dallas, de condicionamento moderado foram 1,58 vezes
descobriu que pessoas que se exercitam mais tendem a mais propensas a beber moderada ou pesadamente
beber mais também. Ele e sua equipe entrevistaram cerca de em comparação com suas contrapartes de baixo
40 mil participantes que se inscreveram no Cooper Center condicionamento, e aquelas classificadas como de alto
Longitudinal Study (pacientes de 20 a 86 anos que visitaram condicionamento foram 2,14 vezes mais propensas a
a clínica para exames médicos preventivos entre 1988 e beber moderada ou pesadamente. Os homens na categoria
2019). A idade média do estudo foi de 45,9 anos e cerca de de condicionamento moderado tiveram 1,42 vezes
dois terços eram homens. mais chances de se enquadrar nos grupos de consumo
A aptidão cardiorrespiratória foi medida com um moderado ou pesado de álcool, e os homens de alto
teste em esteira – os participantes correm em uma esteira condicionamento físico foram 1,63 vezes mais propensos
enquanto uma máquina mede quanto oxigênio consomem. a beber moderada ou pesadamente em comparação com o
Com base na velocidade e na nota final, os pesquisadores grupo de baixo condicionamento.
calcularam o equivalente metabólico máximo dos Apesar de suas maiores chances de beber mais, os
participantes (a quantidade de oxigênio que seus corpos homens classificados como de maior aptidão eram menos
precisam durante o repouso). Os indivíduos foram propensos a sofrer de problemas de dependência de
divididos em grupos de baixa, moderada e alta aptidão. álcool. Entre os bebedores pesados do sexo masculino,
O consumo de álcool foi medido por meio de um os indivíduos com baixo condicionamento físico tiveram
questionário, com foco em quantas doses por semana os 45,7% de chance de dependência de álcool, enquanto os
participantes consumiam (a dose foi definida como 150 ml de indivíduos com condicionamento moderado tiveram uma
vinho). Os pesquisadores separaram os participantes em três chance de 41,7% e os indivíduos com condicionamento
grupos: consumo leve, consumo moderado e consumo pesado. físico alto tiveram uma chance de 34,9%.

112 | Revista ADEGA - Ed.197


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objetivos deste clube. E dentro deste contexto, um dos mais Ganhe a assinatura da
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com você a edição da revista ADEGA. Além disso, até hoje
ano) e os guias de vinho
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Outro benefício único é termos acesso a vinhos que pouca gente terá e degustações guiadas.
e isso só ocorre porque sabemos das novidades, degustamos antes e
conseguimos alocações especiais para este clube. Como aconteceu • ADEGA REWARDS
om o super Cuordilava Dolce & Gabbana 2017, cuja história você leu Ganhe um upgrade para a
nesta edição. Degustamos o vinho antes de todos em uma entrevista categoria mais alta do nosso
com a fascinante Josè Rallo. Assim, eu e Eduardo decidimos,
programa de fidelidade e
na hora, que tínhamos que tentar uma alocação para o clube. E
pontue dobrado.
conseguimos!

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Parceria entre a reputada vinícola Blend de Cabernet Franc e Malbec,
siciliana Donnafugata e a grife cofermentados em barris de
Dolce & Gabbana, esse tinto é carvalho (30% de cachos inteiros),
elaborado a partir de uvas Nerello com posterior estágio de 7 meses em
Mascalese cultivadas em solos foudres.
vulcânicos na região do Etna.

GRAN ENEMIGO SINGLE


CUORDILAVA DOLCE & VINEYARD GUALTALLARY
GABBANA 2017 2014
Donnafugata, Sicília, Itália El Enemigo, Mendoza, Argentina
(World Wine R$ 1.200). (Mistral R$ 828).
Um vinho de ossos firmes, que tem
Mostra notas terrosas, de ervas, de
vibrante acidez envolvendo toda sua
flores e de especiarias envolvendo
fruta vermelha e negra de perfil mais
sua fruta lembrando ameixas e
fresco. Estruturado e muito gostoso
cerejas. EM
de beber. EM

Música Alejandro e Adrianna


Josè Rallo, uma das proprietárias da vinícola Fundada em 2007, a vinícola El Enemigo é o projeto pessoal de
Donnafugata, também é solista, fã de MPB, e inclusive Alejandro Vigil, enólogo chefe da Catena Zapata, e de Adrianna
já gravou dois álbuns ao vivo, um deles contando com Catena, filha mais nova de Nicolás Catena.
a colaboração de dois nomes famosos do Jazz, Eliot
Zigmund e Bill Morning.

Duas garrafas R$2000/mês + frete


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95% Tempranillo e 5% Graciano,
advindas de vinhedos de mais de 50 História
anos, com estágio de 24 meses em A Quinta Nova Nossa Senhora do
barricas usadas de carvalho, sendo Carmo tem mais de 250 anos e está
50% francês e 50% russo e mais 12 localizada no vale do rio Douro, bem
meses em garrafa. no coração da região de Cima Corgo.

AGNVS DE AUTOR QUINTA NOVA DE NOSSA


RESERVA 2015 SENHORA DO CARMO
Bodegas Valdelana, Rioja,
TERROIR BLEND RESERVA
Espanha (Edega R$ 435).
2017
Paciência com ele na taça para
Quinta Nova de Nossa Senhora do
que mostre todos os seus nuances
Carmo, Douro, Portugal
de aromas e de sabores. Tem final
(World Wine R$ 336).
carnudo, com toques terrosos, de
Bem feito no estilo de maior
especiarias e de tabaco. EM
concentração de fruta e de opulência
da casa, tem acidez refrescante e
taninos firmes e cheios de tensão. EM

Rioja Cortiça
A vinícola carrega uma tradição familiar de 14 gerações Desde 1999 a vinícola é gerida pela família Amorim,
produzindo vinhos em Elciego, na região de Rioja ligados à indústria do vinho desde 1870 - inicialmente na
Alavessa, ao norte da Espanha. produção de rolhas de cortiça para as caves de Vinho do
Porto em Vila Nova de Gaia.

Duas garrafas R$750/mês + frete


AD AD
93 Natural 93
Todos os vinhos de Jérôme Arnoux
são fermentados de forma natural
(sem leveduras adicionadas), sem Sicilianas
filtragem e com mínima utilização Blend de Carricante, Catarratto,
de SO2. Grecanico e Minnella, sem passagem
por madeira.

JÉRÔME ARNOUX
NUANCE 2018
Jérôme Arnoux, Jura, França TENUTA DELLE TERRE NERE
(World Wine R$ 410). ETNA BIANCO 2019
No palato, impressiona pela textura Tenuta delle Terre Nere, Sicília,
cremosa, sustentada por acidez Itália (Mistral R$ 397).
vibrante e final com notas de Fresco e muito gostoso de beber,
abacaxis, de camomila e de frutos mostra frutas cítricas e brancas
secos. AM acompanhadas de notas florais e de
ervas. EM

Blend
Etna
Corte branco composto de 80% Chardonnay e 20%
A Tenuta delle Terre Nere conta com uma área de cerca
Savagnin, com estágio de 24 meses em foudres e barricas
de 21 hectares na região do Etna, dos quais 15 estão
de carvalho (sob véu de flor).
plantados com vinhedos.

Duas garrafas R$750/mês + frete


PLATINUM GRAN GOLD
PLUS

O novo Chile
De Martino é fundamental para entender os AD
vinhos do Chile da atualidade, particularmente 92
por ter tomado em 2011 a decisão de deixar de
lado "padronizadores" na elaboração, como
madeira nova, sobremadurez e leveduras
adicionadas.

DE MARTINO LEGADO GRAN RESERVA


CABERNET SAUVIGNON 2019
De Martino, Maipo, Chile (Winebrands R$ 224). AD Susana
Um ótimo exemplo do estilo fresco da casa, chama 92 Fundada em 1999, a vinícola antes chamada
de Dominio del Plata, é fruto da perseverança
atenção pela qualidade das frutas vermelhas e negras
seguidas de notas florais, de ervas e de especiarias. e do talento de Susana Balbo, primeira
EM mulher argentina graduada em enologia, em
1981.

Parcelas
A propriedade possui 85 BENMARCO CABERNET
hectares de vinhedos, SAUVIGNON 2019
Susana Balbo, Mendoza, Argentina
AD classificados em 41 parcelas
(Cantu R$ 165).
92 distintas, destacando-se
Chama atenção pela ótima tipicidade varietal.
duas parcelas centenárias,
uma composta por 2,5 e Mostra frutas lembrando amoras e cassis
outra por 4,5 hectares. acompanhadas de notas herbáceas e de
especiarias picantes. EM
QUINTA NOVA DE NOSSA SENHORA
DO CARMO UNOAKED 2019
Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo,
Douro, Portugal (World Wine R$ 194).
Prova de que ótimos vinhos também podem
ser elaborados sem a passagem por carvalho.
Aqui menos é muito mais. EM

Sociedade AD
Uco A Adega Cooperativa de Silgueiros iniciou
91
100% uvas Malbec advindas da Finca Los Alamos,
AD suas atividades em 1964, dois anos após sua
no vale do Uco, com estágio de 15 meses em barricas
92 fundação (1962), e atualmente possui cerca de
2.000 sócios.
novas de carvalho francês.

TOMERO RESERVA MALBEC 2017 MORGADO DE SILGUEIROS


Bodega Vistalba, Mendoza, Argentina TOURIGA NACIONAL 2017
(Domno R$ 194). Adega de Silgueiros, Dão, Portugal
Tem taninos firmes, acidez refrescante e final (La Pastina R$ 194).
médio/longo e agradável, com toques de ameixas De perfil gastronômico, tem acidez vibrante,
e de amoras. EM taninos firmes e de fina textura e final
persistente e agradável, com toques terrosos,
de tabaco e de cassis. EM

Três garrafas R$600/mês + frete Duas garrafas


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GRAN GOLD GOLD
PLUS

Do Alentejo AD
Blend de Alicante Bouschet, Touriga Nacional, 91
Syrah e Cabernet Sauvignon, com estágio de
4 meses em barris de 400 litros de carvalho
francês.

HERDADE SÃO MIGUEL COLHEITA


SELECCIONADA TINTO 2019
Casa Relvas, Alentejo, Portugal (Cantu R$ 120).
Espontânea
Fluido e cativante, tem acidez na medida, taninos
de ótima textura e final suculento e persistente, AD 100% Malbec com fermentação

convidando a uma segunda taça. EM 92 espontânea utilizando grande parte de


cachos inteiros e posterior estágio em
tanques de concreto.

Referência
THIS IS NOT ANOTHER
Fundada em 1970,
LOVELY MALBEC 2020
a Mas de Daumas
Riccitelli Wines, Mendoza, Argentina
Gassac, é um dos
(Winebrands R$ 119).
AD melhores produtores
91 do Languedoc. Os
Tem acidez vibrante e taninos de ótima
textura, que envolvem sua fruta vermelha
vinhos Moulin de Gassac
e negra de perfil mais fresco. Longo, com
foram criados no início dos
toques de ervas, de amoras e de especiarias.
anos 1990 por Aimé Guibert.
EM

MOULIN DE GASSAC
GHILHEM ROUGE 2018
Mas de Daumas Gassac, Languedoc-
Roussillon, França (Mistral R$ 142).
Versátil e de perfil gastronômico, mostra Rio
frutas vermelhas e negras escoltadas por notas O nome Ribera del Duero foi
florais, de ervas e de especiarias picantes. EM dado por conta do Douro,
importante rio que fica
próximo dessa região, reputada
pelos excepcionais tintos que
Os Montepulcianos produz, como o mítico Vega AD
Montepulciano é uma uva tradicional na região
AD
Sicilia. 90
de Abruzzo, muito diferente do Vino Nobile de
Montepulciano, nesse caso uma região da Toscana, 90
que costuma elaborar tintos a partir de Sangiovese. NUESTRO SERIE LIMITADA
8 MESES 2019
BORGOTORRE MONTEPULCIANO Premium Fincas, Ribera del Duero,
D'ABRUZZO 2019 Espanha (Casa Flora/ Porto a Porto $ 131).
Castellani, Abruzzo, Itália (La Pastina R$ 94). Um Ribera suculento, com notas de frutas
Destaca-se pela nitidez de sua fruta, seguida por vermelhas maduras, balsâmicas, de
notas florais, de ervas e terrosas. Gastronômico e especiarias doces e de tabaco. AM
gostoso de beber. AM

Três garrafas R$350/mês + frete Duas garrafas R$250/mês + frete


GOLD SILVER
PLUS

Campanha AD
Blend Cabernet Sauvignon, 90
Merlot e Tannat, com
estágio de 12 meses em David
barricas de carvalho francês David Bonomi,
e americano. atual enólogo-

SALTON PARADOXO CORTE 2019


AD chefe da Norton,

Salton, Campanha Gaúcha, Brasil (R$ 70). 90 é considerado


um dos melhores
Fresco e gostoso de beber, impressiona pela em atividade na
qualidade de fruta vermelha e negra madura no Argentina.
ponto certo acompanhada de notas florais, de
ervas e de especiarias doces. EM

DALTON RED BLEND


Norton, Mendoza, Argentina
Sinônimos (Winebrands R$ 49).
AD A Tempranillo possui vários nomes. Em Ribera Encanta pela pureza de sua fruta, lembrando
89 del Duero é conhecida por Tinta del País, já no cereja e framboesa, e pelo seu frescor, tudo
Alentejo, em Portugal, é chamada de Aragonez bem integrado às notas florais e de ervas. AM
(ou Aragonês), enquanto no Douro de Tinta
Roriz.

ALLEGRANZA TEMPRANILLO 2018


Hammeken Cellars, Tierra de Castilla, Espanha
(Domno R$ 137).
Opulento, tem boa acidez e taninos firmes,
que trazem certo equilíbrio ao seu perfil de
maior madurez. Para as carnes vermelhas mais
gordurosas. EM

Pizza
Siciliana Versátil, é
A Nero d’Avola é uva companhia perfeita AD
mais importante e a mais para pizzas que levem 90
plantada da Sicília e seu AD embutidos.
nome é uma referência a cor 89
escura, quase negra, de sua
casca.
DE MARTINO
CABERNET SAUVIGNON 2019
BAGLIO RE NERO D'AVOLA 2018 De Martino, Maipo, Chile
Cusumano, Sicília, Itália (World Wine R$ 89). (Winebrands R$ 101).
Gastronômico, mostra frutas vermelhas De boa tipicidade, mostra notas de ervas e
seguidas de notas terrosas, de couro e de de especiarias picantes envolvendo sua fruta
especiarias doces, que se confirmam na boca. lembrando ameixas. EM
Para as massas ao molho tipo ragu. EM

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SILVER BRANCO

AD AD
Variedade
A Negroamaro, muito cultivada na Puglia, costuma 89 Gewürz 90
dar tintos de cor escura, de grande estrutura, Branco certificado orgânico elaborado exclusivamente
complexidade aromática e de grande vocação a partir de Gewürztraminer, sem passagem por
gastronômica. madeira.

TORNICOLA ROSSO 2020 ADOBE RESERVA


Famiglia Rocca, Puglia, Itália
GEWÜRZTRAMINER 2020
(Belle Cave R$ 73). Emiliana, Rapel, Chile (La Pastina R$ 99).
Mostra ameixas e groselhas acompanhadas de Tem boa acidez, textura firme e cremosa e final
notas florais, terrosas e de ervas, que aparecem agradável, que pede a companhia de comidas
tanto no nariz quanto na boca. EM orientais e/ou picantes. EM

Encontrada!
A Carménère foi
redescoberta em 1994, no
AD
88 Chile, pelo ampelógrafo
AD
francês Jean-Michel
Boursiquot, onde era, até
90
Berço
então, confundida com a A vinícola está localizada na província de
Merlot. Pontevedra, a apenas alguns quilômetros da
costa atlântica, no coração do Vale do Salnés,
CHILANO CARMÉNÈRE 2021 berço da Albariño.
Ventisquero, Vale Central, Chile (Cantu R$ 38).
De boa tipicidade, mostra notas de ervas e VIONTA ALBARIÑO 2019
de especiarias picantes envolvendo sua fruta Bodegas Vionta, Rías Baixas, Espanha
lembrando ameixas. EM (Freixenet R$ 120).
Encantador e intenso, exibe frutas de caroço e
cítricas, além de notas florais e de ervas, que se
confirmam no palato. AM

AD Peixes
Carne
88 Refrescante e versátil, pode ser servido como AD
Como o próprio nome diz, esse é um vinho pensado
aperitivo ou na companhia de pescados brancos. 89
para escoltar carnes grelhadas. Prove e comprove.

DE LOS CERROS SELECCIÓN


THE GRILL MASTER
CHARDONNAY 2019
FAN CLUBE MALBEC 2021
Belhara Estate, Mendoza, Argentina
Andean Vineyards, Mendoza, Argentina
(Winebrands R$ 69).
(Cantu R$ 40).
Mostra notas florais e de ervas envolvendo
Tem acidez que pede por comida e taninos de
sua fruta tropical, que lembra abacaxi. De boa
boa textura, que envolvem sua fruta lembrando
tipicidade, tem acidez refrescante, textura
ameixas e amoras. EM
cremosa e final agradável. EM

Três
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QUEM DISSE?

Eu esqueço o nome do lugar; eu esqueço


o nome da garota; mas o vinho... era
Chambertin”
Hilaire Belloc, escritor

“Tenho observado que, não raro,


enquanto conversam à cabeceia
da mesa acerca da beleza de
“Fazer vinho não é um trabalho fácil. Requer uma tapeçaria ou do sabor do
paixão e muita humildade. Implica também Malvasia, bons ditos se perdem
uma relação especial com o tempo. Você do outro lado”
tem que ser como o artesão que, com muita Michel de Montaigne, escritor
paciência e passo a passo, cria um trabalho
destinado a durar”
Anônimo

“Eu sugeriria meditação


para acalmá-lo, mas isso
levaria tempo. O vinho tem
um efeito mais rápido...”
Mystqx Skye, poeta

“O vinho que realmente bebemos


é o nosso próprio sangue.
Nossos corpos fermentam nesses barris.
Damos tudo por uma taça desta.
Nós damos nossas mentes por um gole.”
Rumi, poeta

122 | Revista ADEGA - Ed.197


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