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Teorização Indicadores de Saúde

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Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade

no Sistema Único de Saúde

3 INDICADORES DE SAÚDE
Rodrigo
Carolina Abreu de Carvalho
Paola Trindade Garcia

3.1 Padronização de indicadores no SUS

A vigilância da situação de saúde desenvolve ações de


monitoramento contínuo do país/estado/região/município/território por
meio de estudos e análises que traduzam o comportamento dos principais
indicadores de saúde, priorizando questões relevantes e contribuindo para
um planejamento de saúde mais abrangente e adequado (BRASIL , 2010).
Um indicador consiste em uma medida que reflete uma
característica ou aspecto particular, em geral não sujeito a observação
direta (MEDRONHO, 2009). Os indicadores de saúde têm como propósito
principal elucidar a situação de saúde de um indivíduo ou de uma
população.
A qualidade de um indicador depende das propriedades dos
componentes utilizados em sua formulação e da precisão dos sistemas de
informação empregados. O grau de excelência de um indicador deve ser
definido por:

Figura 1 – Variáveis para definição do grau de excelência de um indicador.

Validade Capacidade de medir o que se pretende.

Capacidade de reproduzir os mesmos resultados


Confiabilidade quando aplicado em condições similares.

Fonte: Adaptado de: MEDRONHO, R. A. et al. Epidemiologia. Rio de Janeiro: Atheneu, 2009.

Em geral, a validade de um indicador é determinada por sua


sensibilidade (capacidade de detectar o fenômeno analisado) e

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especificidade (capacidade de detectar somente o fenômeno analisado).
Outros atributos de um indicador são: mensurabilidade (basear-se
em dados disponíveis ou fáceis de conseguir), relevância (responder
a prioridades de saúde), e custo-efetividade (os resultados justificam o
investimento de tempo e recursos) (RIPSA , 2016).

3.2 Indicadores sociais, econômicos e demográficos

Podemos citar, como exemplos de indicadores que se referem


diretamente à saúde de indivíduos ou de populações (ou à sua falta), as
medidas de mortalidade e morbidade, do estado nutricional, demográficas,
de exposição a fatores de risco e de satisfação com o próprio estado
de saúde. As medidas utilizadas para medir o nível de saúde e avaliar a
situação de saúde devem permitir comparações entre populações de
diferentes regiões ou países e, ao mesmo tempo, refletir o resultado dos
determinantes e condicionantes do estado de saúde (LAURENTI et al.,
2005).
Ainda que a obtenção de dados sociais,
demográficos e econômicos não seja uma especificidade
do setor de saúde, são de extrema importância para
avaliar a situação de saúde de uma população e na
previsão de recursos e estratégias para a manutenção
das ações.
Ainda que existam muitas especificidades, tendo por base
os parâmetros sugeridos pela OMS, agrupam os indicadores em três
categorias (LAURENTI et al., 2005).
1. Indicadores que traduzem diretamente a saúde.
2. Indicadores que se referem às condições do meio.
3. Indicadores que medem os recursos materiais e humanos
relacionados às atividades de saúde.

Priscila
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Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade
no Sistema Único de Saúde

No quadro 1 sistematizamos alguns exemplos sobre tais


agrupamentos:
Quadro 1 - Exemplos de agrupamentos.

Razão de mortalidade proporcional,


Indicadores coeficiente geral de mortalidade, esperança
que traduzem de vida ao nascer, coeficiente de mortalidade
diretamente a saúde infantil e coeficiente de mortalidade por
doenças transmissíveis.
Indicadores que se Índice de abastecimento de água, rede de
referem às condições esgotos, contaminações ambientais por
do meio poluentes.
Indicadores que Índices relativos à rede de unidades de saúde
medem os recursos para a atenção básica, profissionais de saúde
materiais e humanos e leitos hospitalares.
Fonte: Adaptado de: LAURENTI, R. et al. Estatísticas de saúde. 2. ed. São Paulo: EPU, 2005.

Em publicação da Organização Pan-Americana de Saúde sobre


indicadores básicos de saúde para o Brasil, produzidos pela Rede
Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA), são utilizados os
seguintes agrupamentos:
• Indicadores demográficos: medem a distribuição de fatores
determinantes da situação de saúde relacionados à dinâmica
populacional na área geográfica referida.
• Indicadores socioeconômicos: medem a distribuição dos
fatores determinantes da situação de saúde relacionados
ao perfil econômico e social da população residente na área
geográfica referida.
• Indicadores de mortalidade: informam a ocorrência e
distribuição das causas de óbito no perfil da mortalidade da
população residente na área geográfica referida.
• Indicadores de morbidade: informam a ocorrência e
distribuição de doenças e agravos à saúde na população
residente na área geográfica referida.

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• Indicadores de fatores de risco/fatores de proteção: medem
os fatores de risco (ex.: tabaco, álcool) e/ou proteção (ex.:
alimentação saudável, atividade física, aleitamento) que
predispõem a doenças e agravos ou protegem das doenças e
agravos.
• Indicadores de recursos: medem a oferta e a demanda de
recursos humanos, físicos e financeiros para atendimento
às necessidades básicas de saúde da população na área
geográfica referida.
• Indicadores de cobertura: medem o grau de utilização dos
meios oferecidos pelo setor público e pelo setor privado
para atender às necessidades de saúde da população na área
geográfica referida.

O IBGE traz uma abordagem estatística de âmbito social e


demográfico a partir de levantamentos com base na coleta de informações
dos domicílios, entre as fontes de dados, sobre uma determinada área.
Nesse tocante, podemos destacar o Censo Demográfico (que se constitui
como núcleo das estatísticas sociodemográficas) e a Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (PNAD), que levanta, anualmente, informações
sobre a habitação, rendimento e mão de obra, associadas a algumas
características demográficas e de educação. Encontram-se, ainda, como
fonte de informações sociodemográficas, as pesquisas fundamentadas em
registros administrativos, como o Registro Civil, a Pesquisa de Assistência
Médico-Sanitária e a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE ,
2016).
Uma publicação extremamente relevante que pode apoiar
os estudos sobre dados sociodemográficos refere-se à Síntese de
Indicadores Sociais (IBGE, 2015), publicada pelo IBGE, que reúne múltiplas
informações sobre a ampla realidade social brasileira, acompanhadas de
comentários que destacam, em cada uma das dimensões temáticas de
análise, algumas das principais características observadas nos diferentes
estratos populacionais.

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Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade
no Sistema Único de Saúde

3.3 Medidas de morbidade


Roberto
A morbidade é um dos importantes indicadores de saúde. É um
termo genérico usado para designar o conjunto de casos de uma dada
doença ou a soma de agravos à saúde que atingem um grupo de indivíduos.
Medir morbidade nem sempre é uma tarefa fácil, pois são muitas as
limitações que contribuem para essa dificuldade, como a subnotificação.
Para fazer essas mensurações, utilizam-se principalmente as medidas
de incidência e prevalência. A incidência representa a frequência com
que surgem novos casos de uma determinada doença em um intervalo
de tempo. Por exemplo, os novos casos diagnosticados por dengue no
município de São Luís (MA) durante o ano de 2015. É, por conseguinte,
uma medida dinâmica. Observe como calcular a incidência:

Número de casos novos em um determinado período


INCIDÊNCIA = _______________________________________________ x CONSTANTE
Número de pessoas expostas ao risco no mesmo período

Por exemplo, para determinar a incidência de meningite no


Maranhão no ano de 2014, será necessário saber o número de casos
de meningite que ocorreram naquele período entre os residentes do
Maranhão e o número de habitantes do estado no mesmo ano (todos os
possíveis expostos à doença). A constante é uma potência com base 10
(100, 1.000, 100.000), pela qual se multiplica o resultado para torná-lo
mais fácil de interpretar, ou seja, para se ter um número inteiro. Para o
exemplo supracitado o cálculo da taxa de incidência será:

177
Casos de meningite no Maranhão em 2014
INCIDÊNCIA = ________________________________________x 100.000 = 6,68/100 mil
2.648.532
Total da população do Maranhão em 2014

49
Ou seja, no ano de 2014, houve 6,68 novos casos diagnosticados
de meningite a cada cem mil habitantes no estado do Maranhão. Como
você pode notar, os casos novos, ou incidentes, são aqueles que não
estavam doentes no início do período de observação (tempo analisado),
mas adoeceram no decorrer desse período.
As taxas de incidência tendem a variar conforme o número de
episódios da doença analisada, o número de pessoas que tiveram um
episódio de uma doença, tempo para diagnosticá-la e a duração da
investigação.

Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer

A prevalência representa a proporção de indivíduos de uma


população que é acometida por uma determinada doença ou agravo em
um determinado momento, sendo análoga a uma fotografia. Ela engloba
tanto os casos novos que ocorreram no período quanto os casos pré-
existentes. É considerada uma medida estática.

Número de casos novos e


pré-existentes em um determinado período
PREVALÊNCIA = ______________________________________________ x CONSTANTE
Número de pessoas
expostas ao risco no mesmo período

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Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade
no Sistema Único de Saúde

Na figura 2 você pode visualizar fatores que influenciam a


prevalência em uma ilustração de Kerr-Pontes, 2003:
Figura 2 - Eventos que influenciam a prevalência de doenças em comunidades abertas.
Doentes Doentes que
novos imigram

Prevalência

Número
de casos

Curas Óbitos

Doentes que emigraram

Fonte: ALMEIDA FILHO, N.; BARRETO, M. L. Epidemiologia & Saúde: fundamentos,


métodos e aplicações. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012.

É importante frisar que as taxas de prevalência apresentarão


comportamento diferente quando estiverem tratando de doenças
crônicas. No geral, haverá variação nessas taxas, por exemplo, a depender
do tempo necessário para o doente se curar, devendo haver cautela
também na análise das condições sem cura. Além disso, influenciam as
taxas de prevalência: novos episódios de uma doença, óbitos, mudança de
localização (doentes que migram e emigram para um determinado local).

AGORA É COM VOCÊ!

Tente determinar a prevalência de hipertensos em sua comunidade


em um determinado ano. Será necessário saber o número de
indivíduos portadores de hipertensão arterial na área e o número
total de habitantes da comunidade coberta. Também será necessária
uma constante com base 10 (100, 1.000, 100.000). Para este caso, o
cálculo da taxa de prevalência será:

51
89
Indivíduos portadores de hipertensão na comunidade
PREVALÊNCIA = __________________________________ x 100 = 2,54/100 habitantes
3500
Total de moradores da
comunidade coberta pela ESF

Portanto, a prevalência de hipertensão arterial na comunidade


coberta pela ESF do exemplo anterior é de 2,54 indivíduos a cada cem
moradores. Diante dessas informações, pode-se afirmar que a prevalência
é útil: na análise da demanda por assistência à saúde e no planejamento
de ações e administração de serviços de saúde.
A prevalência e a incidência estão relacionadas, uma vez que a
prevalência é uma função da incidência mediada pelo tempo de duração
da doença. Veja na Figura 3 como determinados fatores podem influenciar
a incidência de uma doença.

Figura 3 - Eventos que influenciam a prevalência de doenças em comunidades abertas.

Prevalência = Incidência X Duração da doença


• Maior duração da doença; • Menor duração da doença;
• Aumento da incidência; • Diminuição da incidência;
• Aumento da sobrevida, sem • Maior letalidade;
Prevalência

Prevalência

cura; • Imigração de pessoas sadia


• Imigração de casos ou ou emigração de casos;
emigração de pessoas sadias; • Aumento da taxa de cura.
• Melhoria dos recursos
diagnósticos;
• Melhoria do sistema de
informação.
Fonte: ALMEIDA FILHO, N.; BARRETO, M. L. Epidemiologia & Saúde: fundamentos,
métodos e aplicações. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012.

3.4 Medidas de mortalidade Bruna


Outro indicador de saúde tradicional na saúde coletiva é o
coeficiente de mortalidade, determinado de forma genérica pelo número
de óbitos dividido pela população exposta (total da população em
questão). Podem-se destacar as principais medidas de mortalidade no

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Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade
no Sistema Único de Saúde

quadro a seguir:
Quadro 2 - As principais medidas de mortalidade.

Indicador de
Descrição
mortalidade

Número de óbitos totais em todas as faixas etárias,


Coeficiente de
na população residente em determinado espaço
mortalidade geral
geográfico, no ano considerado.

Número de óbitos de menores de 1 ano de idade,


Coeficiente de
por mil nascidos vivos, na população residente em
mortalidade infantil
determinado espaço geográfico, no ano considerado.

Coeficiente de Número de óbitos de 0 a 6 dias de vida completos,


mortalidade neonatal por mil nascidos vivos, na população residente em
precoce determinado espaço geográfico, no ano considerado.

Coeficiente de Número de óbitos de 7 a 27 dias de vida completos,


mortalidade neonatal por mil nascidos vivos, na população residente em
tardia determinado espaço geográfico, no ano considerado.

Número de óbitos de 28 a 364 dias de vida completos,


Coeficiente de
por mil nascidos vivos, na população residente em
mortalidade pós-natal
determinado espaço geográfico, no ano considerado.

Número de óbitos maternos, por 100 mil nascidos


Coeficiente de
vivos de mães residentes em determinado espaço
mortalidade materna
geográfico, no ano considerado.

Coeficientes de Distribuição percentual de óbitos por grupos de causas


mortalidade definidas, na população residente em determinado
específicos espaço geográfico, no ano considerado.

Fonte: RODRIGUES, V. P. et al. Indicadores de saúde. In: PINHO, J.R.O. (Org.). Conceitos e
ferramentas da epidemiologia. São Luís: EDUFMA, 2015.

A seguir descreveremos os conceitos e aplicações de alguns


indicadores de mortalidade, segundo a RIPSA (2008).

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3.4.1 Mortalidade infantil

A taxa de mortalidade infantil é um dos mais sensíveis indicadores


de condições de vida e saúde de uma população. Taxas elevadas de
mortalidade infantil podem refletir condições de baixo desenvolvimento
socioeconômico, precária infraestrutura ambiental, bem como o acesso
e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna e
da população infantil. A maior parte dos óbitos infantis é evitável, pois
por ações efetivas dos serviços de saúde poderia ter sido redutível
(NASCIMENTO et al., 2014).
A mortalidade infantil pode ser classificada da seguinte maneira:
»» ALTA (50 óbitos por mil ou mais nascidos vivos);
»» MODERADA (20 a 49 óbitos por mil ou mais nascidos vivos);
»» BAIXA (menos de 20 óbitos por mil ou mais nascidos vivos).
No Brasil, os óbitos infantis são registrados
no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
Em alguns casos pode haver distorção da medida
de mortalidade infantil, a saber (SANTOS; TEJADA;
EWERLING, 2012):
»» Problemas de registros de óbitos infantis.
»» Registro de óbitos por local de ocorrência e não de residência,
pois existem locais de ocorrência que recebem muitos casos
não residentes, os quais possuem melhores condições de
atendimento, hospitais de referência etc.
»» Erros nos registros de causas de mortes e da idade da criança
na Declaração de Óbitos.

3.4.2 Mortalidade neonatal

A mortalidade neonatal estima o risco de um nascido vivo


morrer até os 27 dias de vida. Reflete, de maneira geral, as condições
socioeconômicas e de saúde da mãe, bem como a inadequada assistência

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Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade
no Sistema Único de Saúde

pré-natal, ao parto e ao recém-nascido. Atualmente, o principal


componente da mortalidade infantil no Brasil é a mortalidade neonatal
precoce (de 0 a 6 dias), sendo que 25% das mortes ocorrem nas primeiras
24h (RIPSA, 2008; LANSKY et al., 2014).

3.4.3 Mortalidade pós-neonatal


Letícia
A taxa de mortalidade pós-neonatal estima o risco de um nascido
vivo morrer dos 28 aos 364 dias de vida. De maneira geral, denota o
desenvolvimento socioeconômico e a infraestrutura ambiental, que
condicionam a desnutrição infantil e as infecções a ela associadas. O
acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde
materno-infantil são também determinantes da mortalidade nesse grupo
etário. Quando a taxa de mortalidade infantil é alta, a mortalidade pós-
neonatal é, frequentemente, o componente mais elevado (RIPSA, 2008).

3.4.4 Mortalidade perinatal

A mortalidade perinatal refere-se ao número de óbitos ocorridos no


período perinatal por mil nascimentos totais na população residente em
determinado espaço geográfico, no ano considerado. O período perinatal
começa em 22 semanas completas (ou 154 dias) de gestação e termina
aos sete dias completos após o nascimento, ou seja, de 0 a 6 dias de vida
(período neonatal precoce). Portanto, os nascimentos totais incluem os
nascidos vivos e os óbitos fetais (RIPSA, 2008). Veja abaixo a fórmula parar
o cálculo da mortalidade perinatal:

Número de óbitos com 22 semanas ou mais de gestação a < 7 dias X Constante


Número de nascidos vivos e natimortos

A taxa de mortalidade perinatal estima o risco de morte de um feto


nascer sem qualquer sinal de vida ou morrer na primeira semana.

55
De maneira geral, reflete a ocorrência de fatores vinculados à
gestação e ao parto, entre eles o peso ao nascer, bem como as condições
de acesso a serviços de saúde e a qualidade da assistência pré-natal, ao
parto e ao recém-nascido.
Veja na figura 4 a correspondência cronológica para cada tipo de
mortalidade infantil comentada anteriormente:
Figura 4 - A correspondência cronológica para cada tipo de mortalidade infantil.
Perinatal

22 semanas Nascimento 7 dias 28 dias 1 ano

Precoce Tardia Pós-Neonatal

Neonatal

Infantil

Fonte: ALMEIDA FILHO, N.; BARRETO, M. L. Epidemiologia & Saúde: fundamentos,


métodos e aplicações. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012.

3.4.5 Mortalidade materna


Jade
A razão de mortalidade materna estima a frequência de óbitos
femininos, ocorridos até 42 dias após o término da gravidez, atribuídos
a causas ligadas à gravidez, ao parto e ao puerpério, em relação ao
total de nascidos vivos. O número de nascidos vivos é adotado como
uma aproximação do total de mulheres grávidas. Esse indicador reflete
a qualidade da atenção à saúde da mulher, dessa forma taxas elevadas
de mortalidade materna estão associadas à insatisfatória prestação de
serviços de saúde a esse grupo, desde o planejamento familiar e assistência
pré-natal, até a assistência ao parto e ao puerpério.

3.4.6 Mortalidade por causas específicas

A mortalidade por causas específicas mede a participação relativa


dos principais grupos de causas de morte no total de óbitos com causa

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Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade
no Sistema Único de Saúde

definida. De modo geral, é influenciado pela participação de fatores que


contribuem para aumentar ou diminuir determinadas causas, alterando a
distribuição proporcional das demais: condições socioeconômicas, perfil
demográfico, infraestrutura de serviços públicos, acesso e qualidade dos
serviços de saúde (RIPSA, 2008).
Veja na figura 5 um gráfico clássico de mortalidade proporcional
por causas específicas:
Figura 5 – Mortalidade Proporcional no Brasil, 1930 – 2009.

100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1930 1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2009
Infecciosas e parasitárias Neoplasias Causas externas
Aparelho circulatório Outras doenças
*Até 1970, os dados referem-se apenas às capitais

Fonte: SILVA JUNIOR, J.B. et al. Doenças e agravos não transmissíveis: bases
epidemiológicas. In: ROUQUAYROL, M.Z.; ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia &
Saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003.

3.5 Outros indicadores


Indy
Além dos indicadores de morbidade e mortalidade, existem
diversos outros indicadores que englobam fatores determinantes da saúde
e devem ser considerados no planejamento, monitoramento e avaliação
da situação de saúde. Veja na figura 6 alguns desses indicadores:

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Figura 6 – Outros indicadores de saúde.

Indicam, por exemplo,


Indicadores relacionados
proporção de nascidos vivos
à nutrição, crescimento e
com baixo peso e proporção de
desenvolvimento:
adultos com obesidade.

Indicam, por exemplo,


Indicadores demográficos: distribuição da população
segundo sexo e idade.

Indicam, por exemplo,


Indicadores socioeconômicos: escolaridade, renda, condições
de moradia.

Indicam, por exemplo,


Indicadores relacionados
qualidade do solo, da água e
à saúde ambiental:
do ar.

Indicam, por exemplo,


número de profissionais da
saúde por mil habitantes e
Indicadores relacionados número de atendimentos em
aos serviços de saúde: especialidades básicas por mil
habitantes, ou o percentual da
população com fluoretação na
água de abastecimento.

Fonte: Adaptado de: RODRIGUES, V. P. et al. Indicadores de saúde. In: PINHO, J.R.O. (Org.).
Conceitos e ferramentas da epidemiologia. São Luís: EDUFMA, 2015.

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Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade
no Sistema Único de Saúde

PARA SABER MAIS!

Para saber mais sobre outros indicadores de saúde você


pode acessar o livro “Indicadores básicos para a saúde no Brasil:
conceitos e aplicações”, publicado em 2008 pela REDE Interagencial
de Informação para a Saúde (RIPSA).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo foram trabalhados os principais aspectos


concernentes à interpretação e utilização dos principais indicadores
de saúde, além de revisar alguns conceitos como os de incidência e
prevalência e como são construídos os indicadores de saúde utilizados
em saúde pública. Destacou-se a importância de conhecer os indicadores,
que, por sua vez, são fundamentais para avaliar as condições de saúde.
Dessa forma, é muito importante você compreender como os indicadores
podem auxiliá-lo em sua prática de trabalho. Conhecer a realidade de
saúde onde você atua é fundamental para o sucesso de suas ações e
analisar esses indicadores é primordial.

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