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Práticas Psicomotoras

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Práticas

Psicomotoras

Prof. Jefferson Campos Lopes

Indaial – 2022
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2022

Elaboração:
Prof. Jefferson Campos Lopes

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

L864p
Lopes, Jefferson Campos
Práticas psicomotoras. / Jefferson Campos Lopes – Indaial:
UNIASSELVI, 2022.
146 p.; il.
ISBN 978-85-515-0509-0
ISBN Digital 978-85-515-0505-2
1. Psicomotricidade. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da
Vinci.
CDD 612.67

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Práticas Psicomotoras! O
movimento é a primeira manifestação na vida do ser humano. Desde a vida intrauterina,
realizamos movimentos com o nosso corpo, no qual vão se estruturando e sendo
exercidas enormes influências no comportamento.

Durante a evolução da humanidade, o corpo humano, pela forma e movimento,


é investigado, estudado e analisado desde a Antiguidade. As diversas relações advindas
do corpo em movimento e a procura pelos sentidos e significados desse corpo perpassam
séculos, e se constituem como objetos de estudo de muitos filósofos e pesquisadores.

Parte do estudo do desenvolvimento humano advém da relação do corpo em


movimento e do campo de desenvolvimento, passando para as ferramentas de ação,
as categorias psicomotoras, até a aplicabilidade, no solo e no meio aquático, incluindo
diferentes intervenções, desde a escola e os meios educacionais até os terapêuticos.

Na Unidade 1, teremos a satisfação de aprender o conceito e as definições de


psicomotricidade, a evolução histórica e as intervenções psicomotoras no bebê. Através
da cronologia da psicomotricidade, analisaremos os efeitos dela para o desenvolvimento
do ser humano, dos aspectos cognitivos, físicos e sociais da criança.

Na Unidade 2, abordaremos as intervenções psicomotoras na infância,


a importância de desenvolver a psicomotricidade nessa fase, na qual o corpo da criança cresce
e o cérebro também. Ainda, as diferenças do que são o crescimento e o desenvolvimento nas
fases de vida do ser humano. A psicomotricidade será apresentada através do movimento
que desenvolve no indivíduo, analisada pelos movimentos fundamentais.

Na Unidade 3, finalizaremos com as intervenções psicomotoras na adolescência.


É uma fase dinâmica e complexa, merecedora de atenção especial para a evolução do
ser humano, uma vez que essa etapa do desenvolvimento define padrões biológicos e
de comportamentos que devem se manifestar durante o resto da vida do indivíduo.

Portanto, esperamos que os materiais, aqui, selecionados, com os respectivos


conteúdos, estimulem a sua leitura e o seu aprendizado, incluindo a formação profissional.

Boa leitura e bons estudos!

Prof. Jefferson Campos Lopes


GIO
Você lembra dos UNIs?

Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas


vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará
você a entender melhor o que são essas informações
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que
complementam o assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os


acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo
o espaço da página – o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular,
tablet ou computador.

Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo


layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade,
possa continuar os seus estudos com um material atualizado
e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - PSICOTRICIDADE E INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NO BEBÊ.................. 1

TÓPICO 1 - PSICOTRICIDADE E INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NO BEBÊ.....................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 CONCEITOS..........................................................................................................................4
3 BREVE HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE.......................................................................6
4 DESENVOLVIMENTOS MOTOR, COGNITIVO E AFETIVO DE 0 A 3 ANOS ..........................8
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 21

TÓPICO 2 - REFLEXOS PRIMITIVOS E POSTURAIS DO BEBÊ........................................... 23


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 23
2 REFLEXOS PRIMITIVOS E POSTURAIS............................................................................ 23
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 32
3 RELAÇÃO ENTRE REFLEXOS E ESTEREÓTIPOS RÍTMICOS NO BEBÊ........................... 34
4 AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS/ESTEREÓTIPOS NO BEBÊ............................................... 36
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 40

TÓPICO 3 - INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS DE 0 A 3 ANOS.......................................... 41


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 41
2 INTERVENÇÕES PARA BEBÊS DE 0 A 3 ANOS................................................................. 41
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 46
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................47

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 48

UNIDADE 2 — INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NA INFÂNCIA......................................... 51

TÓPICO 1 — CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA INFÂNCIA.................................... 53


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 53
2 CARACTERÍSTICAS DOS DESENVOLVIMENTOS COGNITIVO, AFETIVO E MOTOR
DA CRIANÇA...................................................................................................................... 55
2.1 SENSÓRIO-MOTOR...............................................................................................................................55
2.2 PRÉ-OPERATÓRIO...............................................................................................................................55
2.3 OPERATÓRIO CONCRETO..................................................................................................................55
2.4 OPERATÓRIO FORMAL........................................................................................................................56
3 TAMANHO FÍSICO E MATURAÇÃO BIOLÓGICA............................................................... 64
4 EXERCÍCIO FÍSICO, LESÃO E DESENVOLVIMENTO MOTOR NA INFÂNCIA.................... 66
RESUMO DO TÓPICO 1..........................................................................................................73
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................74

TÓPICO 2 - DESENVOLVIMENTO DO MOVIMENTO FUNDAMENTAL...................................75


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................75
2 HABILIDADE DE MANIPULAÇÃO......................................................................................76
3 HABILIDADE DE LOCOMOÇÃO.......................................................................................... 77
4 HABILIDADES DE ESTABILIDADE....................................................................................79
RESUMO DO TÓPICO 2.......................................................................................................... 81
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 82

TÓPICO 3 - INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NA INFÂNCIA............................................ 83


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 83
2 TREINAMENTO DE FORÇA E DE RESISTÊNCIA, PARA MENINOS E MENINAS,
NA PRÉ-PUBERDADE E PSICOMOTRICIDADE................................................................ 83
3 INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NA INFÂNCIA............................................................ 85
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 89
RESUMO DO TÓPICO 3.......................................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 92

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 93

UNIDADE 3 — INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NA ADOLESCÊNCIA..............................95

TÓPICO 1 — CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCÊNCIA..........................97


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................97
2 CRESCIMENTO NA ADOLESCÊNCIA, PUBERDADE E MATURAÇÃO BIOLÓGICA ...........97
3 FATORES HORMONAIS ASSOCIADOS À PUBERDADE...................................................100
4 MATURAÇÃO ÓSSEA, MOVIMENTO E EXERCÍCIO.........................................................102
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................103
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 104

TÓPICO 2 - MOVIMENTO ESPECIALIZADO........................................................................105


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................105
2 HABILIDADES DE MOVIMENTOS ESPECIALIZADOS.....................................................105
3 APTIDÃO FÍSICA, ADOLESCÊNCIA E PSICOMOTRICIDADE..........................................107
4 EMOÇÃO, COGNIÇÃO E MOVIMENTO MOTOR.................................................................108
RESUMO DO TÓPICO 2.........................................................................................................111
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 112

TÓPICO 3 - INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS.................................................................. 113


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 113
2 APRENDIZAGEM DO MOVIMENTO ESPECIALIZADO..................................................... 113
3 MUDANÇAS NA APTIDÃO FÍSICA NA ADOLESCÊNCIA E PSICOMOTRICIDADE............117
4 COMPORTAMENTO MOTOR............................................................................................. 118
5 INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NA ADOLESCÊNCIA................................................123
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................ 137
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................ 141
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................142

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................143
UNIDADE 1 -

PSICOTRICIDADE
E INTERVENÇÕES
PSICOMOTORAS NO BEBÊ
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender as definições de psicomotricidade e a evolução cronológica dela na


humanidade;

• conhecer os principais autores que abarcam esse tema;

• analisar as características do desenvolvimento motor nos bebês;

• estudar as noções do desenvolvimento psicomotor nessa faixa etária.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – PSICOTRICIDADE E INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NO BEBÊ


TÓPICO 2 – REFLEXOS PRIMITIVOS E POSTURAIS DO BEBÊ
TÓPICO 3 – INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS DE 0 A 3 ANOS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

Acesse o
QR Code abaixo:

2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
PSICOTRICIDADE E INTERVENÇÕES
PSICOMOTORAS NO BEBÊ

1 INTRODUÇÃO
No tempo dos nossos pais ou avós, a vida das crianças era nas calçadas,
nas praças, nos muitos terrenos da cidade, nos sítios e nas fazendas do
interior. As brincadeiras eram simples, porém, muito divertidas. Existiam
brincadeiras de meninos e brincadeiras de meninas. Tinham, também,
as brincadeiras para ambos os sexos. As brincadeiras de meninos
estimulavam competições e atividades físicas, enquanto as brincadeiras
das meninas eram, geralmente, relacionadas à vida doméstica e às
relações afetivas. Essas mesmas brincadeiras fazem parte do patrimônio
lúdico-cultural, traduzindo valores, costumes, formas de pensamento e
aprendizagem. Assim, os jogos e as brincadeiras podem ser capazes de
fornecer, à criança, a possibilidade de ser um sujeito ativo, construtor
do próprio conhecimento, alcançando progressivos graus de autonomia
diante das estimulações do ambiente.
Hoje, vivemos, em novos tempos, a marca da industrialização, belíssimos
na forma, iguais entre si e impostos à criança pelos meios de comunicação
de massa. Tempos de globalização, quebra da singularidade do sujeito.
Assim, a subjetivação da criança se faz em outro cenário. As brincadeiras
de fundo de quintal foram substituídas e reduzidas a um quarto, a uma
tela de televisor, aos computadores, à tecnologia avançada, e, quando
não é reduzida por esses motivos, a liberdade deles é tolhida pela violência
instalada na maioria dos grandes centros urbanos. A relação da criança
não é mais com outra criança, mas com a imagem virtual. Com isso, as
emoções se perdem nesses circuitos eletrônicos, e a criança passa a
ter, como melhores companhias, a máquina e as imagens virtuais. Os
sentimentos e as relações interpessoais se tornaram frios, atualmente.
Basta observarmos, com mais carinho, os sites de relacionamentos,
nos quais os cumprimentos de parabéns, para um amigo que esteja
aniversariando, são feitos por esse veículo tecnológico. Nem um simples
telefonema é realizado. Diante disso, escola e família precisam se dar
conta de que, por meio do lúdico, as crianças têm chances de crescer e
de se adaptar ao mundo coletivo (MACHADO; NUNES, 2011, p. 1).

Podemos observar que, nos dias de hoje, vivemos com certas dificuldades de
experimentar e vivenciar o movimento. Assim, os jogos, os brinquedos, o brincar, as
cirandas, as rodas, as cantigas sempre tiveram um papel muito importante na vida
das crianças, dos adolescentes e dos adultos, e estão presentes na história e nas
construções cultural e social de um povo, desde as mais remotas civilizações.

É necessário ter em mente que o ser humano, através do próprio corpo, desenvolve
o processo educativo, pois, nele, estão armazenadas as características de vida. Clama por
ser concreta, atendendo às necessidades da própria realidade. Essa questão, por sua vez,
deve fomentar o trabalho educativo do professor de Educação Física para além da simples
tarefa da ação motora, com a elevação da prática para uma abordagem educadora.

3
FIGURA 1 – CRIANÇA VITRUVIANA

FONTE: <https://bit.ly/37lvJYR>. Acesso em: 24 out. 2021.

A figura anterior é uma relação ao famoso Homem Vitruviano, uma obra do


grande artista Leonardo Da Vinci. Representado, agora, por um menino, mostra a relação
de harmonia e de proporção do corpo humano.

2 CONCEITOS
É uma ciência que tem, como objetivo, o estudo do homem através do corpo dele
em movimento em relação aos mundos externo e interno e às possibilidades de perceber,
atuar, agir com o outro, com objetos e consigo mesmo. Portanto, é um termo empregado
para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências
vividas pelo sujeito, cuja ação é resultante da individualidade e da sociabilização.

Assim, para a psicomotricidade, temos uma visão de intenção, a qual é expressa


através de emoções que são desenvolvidas e estimuladas com movimentos, melhorados
com o uso das nossas capacidades cognitivas e socioafetivas.

É uma ciência relacionada ao processo de maturação: o corpo é a origem das


aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas, o que chamamos de desenvolvimento psicomotor.

Apresentaremos, a seguir, várias definições do termo psicomotricidade, para


que tenhamos uma ampla possibilidade de reflexão.

Para Fonseca (2008, p. 1), a psicomotricidade pode ser conceituada,


resumidamente, como “o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as
influências, recíprocas e sistêmicas, entre o psiquismo e a motricidade”.

4
Já Le Boulch (1987) afirma que a finalidade da educação psicomotora não
é a aquisição de habilidades gestuais. Entretanto, o trabalho psicomotor, como
o conhecemos, gera uma melhor aptidão para a aprendizagem, com respeito ao
desenvolvimento da criança.

Diante da evolução do termo, Falcão e Barreto (2009) relatam que ele passou
por uma nova definição, não mais voltada a um plano motor, mas a um corpo em
movimento, deixando de ser tratado como uma reeducação para ser compreendido
como uma terapia psicomotora, com um enfoque “global” do corpo do sujeito.

FIGURA 2 – POSSÍVEL DEFINIÇÃO DE PSICOMOTRICIDADE

FONTE: <https://bit.ly/3xf95MG>. Acesso em: 24 out. 2021.

Seguem alguns outros autores que falam do tema.

QUADRO 1 – PRINCIPAIS TEÓRICOS - PSICOMOTRICIDADE

Autores Definições
Aprofunda-se nos processos do desenvolvimento cognitivo, conside-
rando a adaptação. Para ele, a criança age e se ordena, primeiramente,
Jean Piaget
em função dos fatores biológicos, os quais dão origem e provocam os
primeiros mecanismos que encaminham as interações constitutivas
dos processos psicológicos.
Destaca o papel da emoção no primórdio do desenvolvimento humano
Henry Wallon
e considera que, no desenvolvimento infantil, não se separa o aspecto
cognitivo do afetivo.
Menciona que todas as experiências da criança são vividas corporal-
Pierre Vayer mente. Tais experiências acrescentam valores sociais que o meio dá ao
corpo e a cada parte dele. Esse corpo é investido de significações, de
sentimentos e de valores muito particulares e pessoais.
Cita que a educação psicomotora deve ser considerada uma educação
de base desde o início da escolarização da criança, ou seja, desde
Jean Le
o período pré-escolar. Tal educação permite que a criança tome
Boulch
consciência do próprio corpo, da lateralidade; aprenda a se situar
no espaço, a dominar o próprio tempo; e a adquirir, habilmente, a
coordenação, os gestos e os movimentos.

5
Determina que favorecer um desenvolvimento harmonioso da criança é dar,
Bernard
a ela, as oportunidades de existir, de se tornar uma pessoa única; é oferecer
Aucouturier
condições propícias para se comunicar, se expressar, criar e pensar.
Demonstra que a reeducação psicomotora tem, como objetivo, seguir,
Edouard
em todas as crianças, a organização das funções do sistema nervoso
Guilmain
à medida que acontece a maturação.
Alcança um novo campo conceitual quando passa a olhar, além do
Esteban corpo orgânico e expressivo, para esse corpo receptáculo, olhado,
Levin tocado, falado, marcado e inscrito por outro corpo na linguagem, por
estar inserido em um discurso.
Júlián de Ensina que a criança evolui por meio da própria imagem corporal, fazendo
Ajuriaguerra uma correlação com esse corpo e o objeto, em busca de um equilíbrio.
Dalila M. Preocupa-se com o processo de aquisição da alfabetização e divide a
Costallat atividade psicomotora em funcional e relacional.
Argumenta que o corpo é a essência de todos os aspectos, por meio
André
da atividade motora, com dimensões fisiológica, psicológica, funcional
Lapiérre
e anatômica, sem ignorar o conteúdo psíquico.
FONTE: Adaptado de Alves (2016)

3 BREVE HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE


Ao longo da história, surgiram diferentes concepções relacionadas ao conceito
de psicomotricidade, especificamente, a partir do século XIX, quando ele apareceu
pela primeira vez, cujos estudos prosseguiram até a atualidade. No entanto, para as
compreensão e definição, faz-se necessário conhecer a origem.

O corpo humano sempre foi valorizado, desde a Antiguidade, através do culto


e da valorização excessiva do esplendor físico, com a cultivação de músculos bem
desenvolvidos, considerados sinal de masculinidade. O percurso histórico desse corpo
discursivo e simbólico está marcado pelas diferentes concepções que o homem vai
construindo ao longo da história (LEVIN, 2003).

A palavra corpo provém, por um lado, do sânscrito garbhas, que significa embrião,
e, por outro lado, do grego karpós, de fruto, semente, envoltura. Por último, do latim corpus,
em relação ao tecido de membros, à envoltura da alma, ao embrião do espírito (LEVIN, 2003).

A cultura do corpo tem origem nas grandes cidades gregas. O homem grego
sabia dar, a ele, um lugar de eleição, nos estádios ou nos lugares de culto, no mármore
ou nas cores. Para Platão, o primeiro elemento da educação do espírito e do corpo
está em alimentá-lo e mexê-lo a cada momento, e já afirmava haver uma separação
distinta entre corpo e alma, colocando esse corpo, apenas, como lugar de transição da
existência, no mundo, de uma alma imortal.

6
De acordo com Lorenzon (1995), Dupré, influenciado pelos estudos da psicanálise,
formula, em 1906, o termo psicomotricidade, e começa a caminhar nas delimitações
dessa área. Em 1909, esse estudioso começou a chamar atenção dos próprios alunos
no que diz respeito ao desequilíbrio motor, observando que havia uma relação entre as
anomalias psicológicas e as motrizes.

Assim, Wallon (1941-2007) entendeu a motricidade como uma das origens da vida
intelectual. Defendeu o movimento como o caminho para a comunicação do psiquismo
com o corpo, e, assim, caracterizou-o como um dos elementos fundamentais da educação.

Outro grande autor renomado, Piaget (1967-2002), também, identificou a importância


do desenvolvimento motor para a aquisição das estruturas cognitivas, principalmente,
antes da aquisição da linguagem. O autor desenvolveu uma corrente teórica que define
o conhecimento como uma construção realizada pelo sujeito, através de uma interação
com o meio. Essa construção está pautada em ações que marcam uma série de degraus
sucessivos e hierárquicos, nomeados, por Piaget, como estágios de desenvolvimento.

De acordo com Bueno (1998), Ajuriaguerra e Diatkine provocaram uma profunda


mudança na história moderna da psicomotricidade, por volta dos anos 50 do século passado,
ao desenvolver as primeiras técnicas reeducativas vinculadas aos distúrbios motores.
Após esses estudos, Ajuriaguerra (1980) definiu os grandes eixos da psicomotricidade
dos tempos modernos: coordenações estático-dinâmica e óculo-manual; organizações
espacial e temporal da gestualidade instrumental; estrutura do esquema corporal; e
afirmação da lateralidade e do domínio tônico. Assim, entendeu que, pela motricidade, a
criança descobre o mundo dos objetos e se desenvolve cognitivamente.

QUADRO 2 – LINHA CRONOLÓGICA DA EVOLUÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE

SÉC.XIX – COMEÇO DO ESTUDO


• 1850 – NASCE O TERMO PSICOMOTO.
• 1870 – HITZIG/ FRISTSCH – FAZ O MAPEAMENTO DO CERÉBRO POR ÁREAS PSICOMOTORAS.
• 1901 – TISSÉ – AFIRMA QUE A EDUCAÇÃO FÍSICA NÃO CONTEMPLA, APENAS,
EXERCÍCIOS MUSCULARES, MAS, TAMBÉM, PSICOMOTORES.
• 1909 – DUPRÉ – DEFENDE A INDEPENDÊNCIA DA DEBILIDADE MOTORA.
• 1925 – WALLON – RELACIONA O MOVIMENTO COM A AFETO, A EMOÇÃO, O MEIO
AMBIENTE E OS HÁBITOS DO INDIVÍDUO.
• 1935 – GUILMAN – DESENVOLVE O EXAME PSICOMOTOR.
• 1970 – DIFERENTES AUTORES DEFINEM O PSICOMOTOR.
• 1980 – EM PORTUGAL, SURGE A FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA.
• 1995 – FONSECA – CONCEITUA E ATUALIZA O QUE É PSICOMOTRICIDADE.
• 1996 – PRIMEIRO CONGRESSO EUROPEU DE PSICOMOTRICIDADE.
FONTE: O autor

7
DICA
Quer saber mais um pouco a respeito da psicomotricidade? Então,
recomendamos a leitura da obra a seguir, um clássico do tema:

FONSECA, V. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese. 3. ed. Rio


de Janeiro: Wak Ed., 2009.

No livro, o autor aborda as tendências filogenéticas, ontogenéticas,


disontogenéticas e retrogenéticas da psicomotricidade, e mostra, com
detalhes, a relação entre a motricidade e o psiquismo ao longo da vida.
Partindo de uma visão antropológica, o autor demonstra como se deu
a evolução do homem, primeiramente, pela conquista da postura e
da marcha bípedes, depois, para manter o domínio da natureza pela
fabricação e pelo uso de ferramentas. Por fim, o ser humano chegou ao uso
da linguagem articulada, até os adventos da grafomotricidade, da arte e da
escrita, que ilustram a importância da motricidade como fator fundamental
das evoluções cultural e científica do ser humano.

4 DESENVOLVIMENTOS MOTOR, COGNITIVO E AFETIVO


DE 0 A 3 ANOS
Antes de mais nada, é fundamental destacar a importância dos estudos e das
pesquisas acerca do desenvolvimento infantil, uma vez que negligenciar essa tarefa
pode impactar, negativamente, no crescimento da criança. Afinal, a partir dos estudos,
os pesquisadores identificam dificuldades e transtornos comuns em diferentes estágios
da infância, e, então, formulam tratamentos e metodologias que driblem tais problemas.
Assim, podemos chamar, de Desenvolvimento Infantil (DI), a parte fundamental do
desenvolvimento humano, destacando-se que, nos primeiros anos, é moldada a
arquitetura cerebral, a partir da interação entre a herança genética e as influências do
meio em que a criança vive (MUSTARD, 2009).

O desenvolvimento humano é um processo longo e gradual, com mudanças,


e envolve, de forma integrada, o crescimento, a maturação, as experiências e as
adaptações ao meio. Entendendo que o ser é biopsicossocial, o desenvolvimento se dá
nos aspectos físico, ou motor; afetivo; social, ou relacional; e cognitivo.

Para um melhor entendimento das fases do desenvolvimento humano,


demonstraremos os períodos evolutivos, lembrando que esses períodos não devem ser
considerados fechados, pois cada pessoa é um ser único, e o desenvolvimento dela
depende da relação de equilíbrio de cada fase.

8
FIGURA 3 – FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

FONTE: <https://bit.ly/3xhVhkv>. Acesso em: 3 out. 2021.

DICA
Caro acadêmico, para aprofundar os seus conhecimentos a respeito do
desenvolvimento humano, sugerimos a leitura da obra Desenvolvimento
Humano, das autoras Diane E. Papalia e Ruth D. Feldman, 12ª edição, de
2013, que apresentam os aspectos dos desenvolvimentos físico, cognitivo e
psicossocial, de forma didática e ilustrada. As principais novidades da edição
são: seção de como a tecnologia afeta a aprendizagem; nova cobertura que
envolve a neurociência; informações descobertas que abarcam as mães no
mercado de trabalho; cobertura atualizada das amizades, ao ser incluído o
efeito do Facebook; e dados atualizados das teorias do porquê as pessoas
envelhecem, até quando e por quanto tempo a vida pode ser estendida.

Seguem alguns aspectos do desenvolvimento humano no globo. São divididos


em quatro:

• Aspecto físico-motor: é a consideração do crescimento orgânico, da maturação


neurofisiológica, da capacidade de manipulação de objetos e do exercício do próprio
corpo. Exemplo: A criança que consegue procurar um brinquedo debaixo da cama
por já estar apta a coordenar os movimentos das pernas, pés, tronco, braços e mãos.
• Aspecto intelectual: É a capacidade de pensar, de raciocinar. Exemplo: A criança
que, para alcançar um pacote de bolachas em cima do armário, usa um banquinho,
ou seja, como percebe que a própria altura não é suficiente para alcançá-las, planeja
essa ação através do uso de uma ferramenta. Assim, consegue obter êxito.

9
• Aspecto afetivo-emocional: é o modo particular de cada indivíduo de integrar as
próprias experiências, é o sentir. Exemplo: O medo da criança frente ao comentário
de uma professora a respeito do desempenho dela em uma atividade; a alegria de
receber um presente.
• Aspecto social: É a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem
outras pessoas. Exemplo: Na sala de aula, é fácil observar que algumas crianças
procuram outras para a realização de tarefas, enquanto muitas permanecem sozinhas.

O desenvolvimento infantil se inicia, ainda, na vida uterina, com o crescimento


físico, a maturação neurológica, a construção de habilidades relacionadas ao
comportamento e as esferas cognitiva, afetiva e social. A primeira infância, que abrange
a idade de zero a cinco anos, é a fase na qual a criança se encontra mais receptiva aos
estímulos vindos do ambiente, e o desenvolvimento das habilidades motoras ocorre
muito rapidamente. Nesse período, principalmente, no primeiro ano de vida, os primeiros
marcos motores aparecem com o controle da cabeça, o rolar, o arrastar, engatinhar, o
sentar e o marchar, no fim do primeiro ano.

Em função desse processo, a primeira infância (fase que compreende desde


o nascimento até os cinco anos) é um relevante período da vida, por ser o princípio da
exploração no meio em que a criança está inserida, e quando há uma grande plasticidade
neuronal, isto é, alta adaptabilidade cerebral.

A plasticidade é o que permite o aprendizado de novas habilidades, como


engatinhar, andar, falar, marcos do desenvolvimento infantil.

Apesar da neuroplasticidade estar presente ao longo de toda a vida (o que permite


o aprendizado de novas habilidade em qualquer idade), é mais latente na infância, se há,
ainda mais, exposição a um ambiente com estímulos sensório-motores positivos. Um
exemplo disso é que, provavelmente, você já deve ter percebido que crianças pequenas
aprendem, tão rapidamente, a usar o celular, que parecem ter nascido prontas para o
uso dessa tecnologia.

A criança começa a organizar o próprio mundo a partir do corpo, como afirma


Fonseca (2010, p. 157):

[...] O corpo é, em suma, o personagem central e privilegiado sobre


o qual terá que recair todo o estudo sobre a criança, uma vez que
está implicado em todas as atividades, quer sejam escolares ou não.
O corpo é a própria atividade da criança, e, a criança, um corpo em
atividade. O corpo é uma unidade psicossomática, logo, psicomotora;
a ação, um movimento do pensamento; e, o movimento, um
pensamento em ação.

Podemos notar, a partir da ação corporal, que a criança começa a compreensão


do mundo que a cerca, situando-se no tempo e no espaço. Para a criança ser incluída
no processo educacional, as professoras que trabalham na educação Infantil devem

10
assumir novos olhares sobre todos os corpos, e atuar como mediadoras do processo,
não enaltecer tanto crianças com dificuldades, mas valorizar as possibilidades que cada
corpo tem para se expressar.

NOTA
Diferenças entre crescimento, desenvolvimento e maturação.

Crescimento: é um processo, de caráter concreto e mensurável, que


compreende a formação, o aumento da massa e a renovação dos tecidos,
sendo, a infância, a fase na qual se inicia o aumento global do organismo.

Desenvolvimento: é toda ação, ou efeito, relacionado com o processo


de crescimento, evolução de um objeto, pessoa ou situação em uma
determinada condição.

Maturação: é direcionado às transformações que capacitam o organismo


a alçar novos níveis de funcionamento. Com a maturação, a cada dia que
passa, estamos mais preparados para executar novas tarefas.

11
FIGURA 4 – IMPORTÂNCIA DOS ESTÍMULOS MOTORES NA PRIMEIRA INFÃNCIA

FONTE: <https://bit.ly/3rdRMYx>. Acesso em: 24 out. 2021.

Seguem as principais abordagens e as teorias para uma melhor busca para esse tema:

12
FIGURA 5 – ABORDAGENS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

FONTE: <https://bit.ly/3JlRTHN>. Acesso em: 9 out. 2021.

Destacam-se os aspectos mais característicos dos desenvolvimentos físico,


cognitivo e afetivo social na faixa etária de 0 a 3 anos.

QUADRO 3 – INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA DE 0 A 3 ANOS

IDADE INDICADOR
Postura-característica do bebê em supino: membros flexionados (hipertonia fisioló-
gica); cabeça oscilante, comumente, mais lateralizada; e mãos fechadas. Os mem-
bros inferiores ficam mais livres, os quais alternam movimentos de flexão e extensão,
porém, com as pernas, geralmente, fletidas sobre o abdômen. O tronco apresenta
uma característica mais hipotônica, com a ausência dos equilíbrios cervical e de tro-
no. Apresenta movimentos amplos, variados e estereotipados, com forte influência
1° mês
de reflexos primitivos. Abre e fecha os braços em resposta ao estímulo, movimento
que pode estar influenciado pelo Reflexo de Moro. Em prono: o peso do corpo se
encontra na cabeça e no tronco superior, em função da elevação da pelve, decorren-
te da flexão de membros inferiores. Isso dificulta a ampla mobilidade dos membros
superiores. Pode levantar a cabeça momentaneamente, e, sempre, lateralizada, sem
o alcance da linha média (ajeita a cabeça para poder respirar).
Em supino: uma postura mais assimétrica, influenciada pela resposta ao Re-
flexo Tônico Cervical Assimétrico (extensão dos membros superior e inferior
do lado para o qual a face está voltada, e flexão dos membros contralaterais).
Acompanha, visualmente, os objetos, ou a face humana, com movimentos de
2° mês
cabeça, geralmente, até a linha média. Prono: mais elevação da cabeça, apro-
ximadamente, 45°, mas não a mantém erguida. Os membros inferiores ficam,
um pouco mais, estendidos, porém, ainda, em flexão. Colocado na posição
sentada, mantém a cabeça elevada intermitentemente.

13
No fim do terceiro mês, espera-se a aquisição do equilíbrio cervical. Supino: melhor
controle cervical. Consegue manter a cabeça na linha média. Acompanha objetos
visualmente, com movimentos de rotação da cabeça para ambos os lados (mais de
180º). Os movimentos dos olhos e da cabeça já são, muitas vezes, simultâneos e co-
3° mês
ordenados. Prono: possibilidade de descarga do peso nos antebraços, com melhora
da estabilidade escapular, ao elevar a parte superior do tronco e a cabeça (em 90°) na
linha média. Puxado para se sentar: apresenta um leve atraso da cabeça. Colocado
na posição sentada: mantém a cabeça erguida, podendo, ainda, ocorrer oscilações.
Movimentos alternados, facilmente, dos membros, entre a extensão e a flexão.
Postura mais simétrica. Une as mãos na linha média, e mantém a cabeça
mais centralizada. Os olhos são mais ativos e a atenção visual contribui para
o aumento da estabilidade da cabeça e garante a correta orientação dela no
espaço. Supino: alcance dos joelhos e rolamento para decúbito lateral, com
uma forte percepção corporal. Ao ouvir ruídos, o bebê para de se mover e
4° mês
vira para a fonte sonora. Prono: apoio das mãos mantido com o cotovelo
estendido. Estende-se contra a gravidade, e deixa, apenas, o abdômen no
apoio. Tendência a cair para os lados, rolando, acidentalmente, para supino.
Inicia-se a reação de Landau. Gosta de ser colocado na posição sentada,
mantendo a cabeça ereta, mas instável quando o tronco oscila. O tronco
permanece menos tempo fletido.
Supino: elevação dos pés à boca e do quadril. Pode se arrastar em supino,
empurrando o corpo para trás (interesse no alcance do objeto). Inicia o rolar
para prono, ainda, sem muita rotação do tronco. Prono: deslocamento lateral
do peso sobre os antebraços, para o alcance dos brinquedos. Rola para
5° mês
supino, tenta “nadar” no chão, é capaz de pivotear (girar sob o próprio eixo) e
de manter os membros superiores estendidos. Puxado para se sentar: eleva a
cabeça do apoio. Colocado na posição sentada: a cabeça não oscila; começa
a se sentar com apoio e mantém o tronco ereto.
A criança, ao fim do sexto mês, já com domínio sobre os movimentos rotacionais. De-
nota-se controle sobre as transferências de decúbito, como rolar. Supino: rolamento
para prono, levantamento da cabeça espontaneamente. Prono: suporte do peso nas
mãos, com a liberação do apoio de uma delas para o alcance de objetos. Apresenta
uma reação de equilíbrio nessa posição, começando em supino. Inicia o arrastar. Pu-
6° mês
xado para se sentar: auxilia no movimento, elevando a cabeça do apoio e tracionan-
do membros superiores. Colocado na posição sentada: é capaz de se manter nessa
postura com apoio, por um longo tempo, ainda, com cifose lombar. Apoia as mãos
na frente do corpo pela reação de proteção para frente. Ainda, não tem total controle
do próprio deslocamento de peso nessa postura, e não apresenta reações laterais.
Nesse período, desenvolvimento adequado das musculaturas do tronco e da pelve,
com uma ótima estabilidade na postura sentada. Com isso, a retificação do tronco
fica mais evidente. Supino: reações de equilíbrio presentes (iniciação na posição
7° mês
sentada) e elevação da cabeça como se fosse sentar. Prono: Cabeça elevada, com
apoio no abdômen e nas mãos, com a possibilidade de giro ou de arrastamento.
Brinca em decúbito lateral. Adquire o equilíbrio do tronco. Senta-se sem apoio.

14
Com o domínio das rotações, experimentação, pelo bebê, de várias posturas
diferentes, como o sentar em anel, o sentar de lado (sidesitting), o sentar com
as pernas estendidas (longsitting) e o sentar entre os calcanhares (sentar-se
8° mês em “w”). Todas essas possibilidades permitem a transferência para a postura de
gatas, ajoelhado e vice-versa. Supino: geralmente, rolamento ou puxamento
para o sentar. Prono: posição quadrúpede (ou de gatas), com transferência de
prono para sentado e vice-versa. Sentado: tem um bom equilíbrio do tronco.
Uma vez na postura de gatas, experimentação, pela criança, das transferências
de peso, com o balance para frente, para trás e para os lados. Com isso,
vai desenvolvendo o equilíbrio e a força muscular para iniciar o engatinhar.
Inicialmente, desenvolve o engatinhar com o tronco em bloco, e, depois, de
9° mês maneira dissociada, ou seja, com movimentos laterais do tronco. Apresenta
uma reação de equilíbrio na posição sentada (inicia quadrúpede), com um
melhor controle do tronco (realiza movimentos de rotação). Engatinha e realiza
transferências de sentado para a posição de gatas e vice-versa. Começa a
assumir a posição de joelhos e fica de pé com apoio.
Transferência, ao fim do 10° mês, pela criança, de sentado para gatas, para
joelhos, semiajoelhado e tracionado para de pé. Engatinha ou se desloca
através da posição “tipo urso”, com apoio nas mãos e nos pés, mantendo
10° mês
joelhos estendidos. Sentado, apresenta uma extensão protetora para trás e
roda em círculos. Inicia a marcha lateral com apoio nos móveis, e é capaz de
caminhar quando segurado pelas mãos.
Desenvolvimento, pela criança, da postura ortostática. A criança realiza a marcha
lateral e já é capaz de liberar o apoio de uma das mãos. Posteriormente, realiza a
11° mês marcha para frente, empurrando um apoio móvel (como cadeira ou banquinho).
O caminhar para frente, ao redor dos móveis, enquanto se apoia com uma mão, é
um precursor natural da marcha para frente, com o auxílio da mão de um adulto.
Oportunidade de elevação da criança. Estende, ativamente, os membros
inferiores e se transfere da posição ortostática para sentado, ao dissociar os
movimentos dos membros inferiores. Inicia o ficar de pé sem apoio, primeiros
passos independentes. Na fase inicial da marcha independente, a criança
assume uma base alargada de apoio nos pés, com a abdução dos braços
12° mês
e a fixação do tronco superior. Apresenta passos curtos e acelerados, com
cadência aumentada, em função do déficit de equilíbrio. A literatura aponta
que a ocorrência da marcha sem apoio, antes dos 12 meses, ou até os 18
meses, pode ser considerada dentro da faixa de normalidade, no caso de uma
criança nascida a termo e sem sinais de comprometimento neurológico.
Ganho gradativo de equilíbrio. Reduz a base de suporte durante a marcha.
12 a 18 Após o 15º mês, a criança mantém o ritmo de aquisições motoras, porém, com
meses foco no refino das habilidades motoras grossas e manipulativas. Sobe e desce
escadas engatinhando, ou apoiada pelas mãos. Ajoelha-se só.

15
Melhora do equilíbrio e desempenho de marcha. Realiza o choque de calcanhar
18 a 24 no início do apoio, diminui a cadência e aumenta a velocidade. Fica sentada
meses sozinha em uma cadeira. Sobe e desce escadas, segurando-se no corrimão.
Começa a saltar sobre os dois pés.
24 a 30 Observação do correr e do bater em uma bola, sem a perda de equilíbrio. Tenta
meses se equilibrar em um só pé.
Desenvolvimento do subir escadas, com a alternação dos movimentos de
30 a 36 membros inferiores. Coloca um pé, de cada vez, no degrau, apenas, para
meses subir. Consegue se manter em pé sobre uma única perna. Salta no mesmo
local com ambos os pés. Anda de triciclo.
FONTE: O autor

FIGURA 6 – MARCOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR

FONTE: <https://bit.ly/3xj6OQN>. Acesso em: 9 out. 2021.

A cognição significa processar informações, com as finalidades de perceber,


integrar, compreender e responder, adequadamente, aos estímulos do ambiente, levando
o indivíduo a pensar, a avaliar e a cumprir uma tarefa, ou uma atividade social. Para
processar, é necessário o envolvimento de várias regiões cerebrais, as quais são sede de
determinadas funções que, em conjunto, expressam uma habilidade específica. Essas
regiões devem estar íntegras, maduras, de acordo com a idade, e se interconectar,
adequadamente, para que haja uma boa resposta do cérebro aos estímulos do ambiente.
Por extensão, observam-se a concretização da aprendizagem e a evolução adaptativa
para novas aprendizagens.

16
A cognição se refere a um conjunto de habilidades cerebrais/mentais
necessárias para a obtenção de conhecimento sobre o mundo. Tais habilidades
envolvem pensamento, raciocínio, abstração, linguagem, memória, atenção, criatividade,
capacidade de resolução de problemas, dentre outras funções.

Segue um quadro que abarcará o desenvolvimento cognitivo.

QUADRO 4 – INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA DE 0 A 3 ANOS

IDADE INDICADOR
Atenta-se à face humana/Reage a sons fortes com sustos e se aquieta
Um mês
ao som da voz humana.
Fixa o olhar na face humana/Mantém a atenção ao ouvir essa voz/ Segue
Dois meses
uma pessoa, ou um objeto, com os olhos, na linha média.
Fixa o olhar em objetos/Sorri a todos que se aproximam sorrindo/
Três meses
Descobre as mãos.
Demonstra excitação quando o cuidador brinca com ela/Descobre os pés/É
Quatro
muito curiosa, observa tudo com muita atenção/Explora os brinquedos,
meses
ocasionalmente, levando-os à boca/Segue, visualmente, o objeto que cai.

Cinco Aumenta a atenção e já passa mais tempo em uma mesma atividade/Olha


meses e pega o tudo que está ao alcance, levando-o à boca propositalmente.
Explora os objetos de modo variado/Demonstra interesse por diversos
Seis a nove
brinquedos/Usa o corpo para atingir objetivos e contemplar a própria
meses
curiosidade.
Nove a 12 Vê um objeto desaparecer e o procura, mesmo escondido/Executa gestos
meses a partir de modelos/Entende solicitações simples associadas a gestos.
Executa gestos a pedido e sem modelo/Busca um objeto escondido,
12 a 18 certo de que ele está em algum lugar/Gosta de jogos de ação e de reação/
meses Aponta para objetos desejados/Explora os brinquedos de modo amplo,
descobrindo os atributos e as funções deles.
Nomeia as partes do corpo e os objetos/Realiza uma brincadeira simbólica
18 a 24
simples/Estuda os efeitos produzidos pelas próprias atividades/Puxa
meses
objetos por um fio/Faz encaixes por tentativa e erro.
Conhece conceitos básicos/Segue instruções, envolvendo dois
24 a 30
conceitos/Rabisca, espontaneamente/Presta atenção à história/
meses
Realiza encaixes de formas/Brinca com outras crianças.
Reconhece diversas cores/Entende instruções com até três conceitos/Conta
30 a 36
histórias e relata eventos ocorridos/Apresenta um jogo simbólico, imitando
meses
papéis sociais/Demonstra interesse em brincar com outras crianças.
FONTE: O autor

17
FIGURA 7 – FASES DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, SEGUNDO PIAGET

FONTE: <https://bit.ly/3ryvTUb>. Acesso em: 9 out. 2021.

Cada vez mais, tem sido reconhecida a importância da inteligência emocional


(BISQUERRA, 2012), incluindo a capacidade de se conhecer, de saber ouvir, de se colocar
no lugar do outro, de se solidarizar, de conviver, enfim, de viver melhor.

Quanto aos indicadores afetivos sociais, nessa fase, as crianças vão se


conscientizando a respeito dos próprios sentimentos e dos sentimentos dos outros, e
começam a controlar melhor as emoções em situações sociais. O crescimento emocional
se expressa a partir do autocontrole de emoções negativas. Sabem analisar as emoções
que as deixam tristes, bravas ou amedrontadas, e, inicialmente, podem reagir a elas de
formas inadequadas (agressivas, ou tentam não as reconhecer), mas, com a ajuda de um
adulto, podem aprender alternativas mais adaptativas de identificá-las e de expressá-las.

Os ambientes familiar e escolar são fundamentais para o desenvolvimento do


controle da emoção e da autoestima (sentimentos positivos em relação a possibilidades,
confiança em si mesmo, facilidade de aceitação de desafios). Felizmente, as crianças
retraídas e isoladas estão, atualmente, recebendo mais atenção por parte dos adultos
significativos (BISQUERA, 2012).

O desenvolvimento de comportamentos pró-sociais (aqueles que promovem


interações sociais que oportunizam a aprendizagem de outros comportamentos) ajudam
as crianças a se tornarem mais empáticas em situações sociais, livres de emoções
negativas e competentes para enfrentar os problemas de maneira mais construtiva.
Trabalhar, em sala de aula, com estratégias de encenação de situações do cotidiano, e
que, também, envolvam a troca de papéis, auxilia na compreensão do problema a partir
do ponto de vista do outro. É um passo decisivo para o desenvolvimento da empatia.

18
Relacionar-se com pares da mesma idade cronológica é um excelente
aprendizado de comportamentos pró-sociais. Adquirem-se senso de identidade e
habilidades de liderança, de comunicação, de cooperação e de papéis, além de regras.
É o início do afastamento dos pais, já que o grupo de amigos abre novas perspectivas
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).

19
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O estudo da psicomotricidade permite compreender a forma como a criança toma


consciência do próprio corpo e das possibilidades de se expressar por meio dele.

• A psicomotricidade é a ciência que tem, como objetivo de estudo, o homem, por


meio do próprio corpo em movimento e em relação aos mundos interno e externo,
incluindo as possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro, com os objetos
e consigo mesmo.

• O termo psicomotricidade tornou-se, primeiramente, conhecido na França.

• O movimento é a primeira manifestação da vida do ser humano, pois, desde a vida


intrauterina, realizam-se movimentos com o corpo, no qual vão se estruturando e
se exercendo enormes influências no comportamento.

• O desenvolvimento humano é um processo que ocorre a níveis físico, mental e


afetivo, desde o nascimento até a morte.

• As fases do desenvolvimento cognitivo são sensório-motor, pré-operatório,


operatório concreto e operatório formal.

• Os estímulos, para o desenvolvimento humano, são: motor, afetivo e cognitivo.

• As fases do desenvolvimento infantil estão divididas em: 1 infância (nascimento


até três anos) e 2 infância (dos três aos seis anos).

20
AUTOATIVIDADE
1 Você aprendeu várias definições do que é a psicomotricidade, assim, explique, com as
suas palavras, o que ela pode ser.

2 Como podemos adquirir a cognição? Dê dois exemplos.

3 Segundo Piaget, em que fase do desenvolvimento cognitivo que a criança constrói e


percebe o mundo através de experiências? Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Sensório-motor.
b) ( ) Pré-operatório.
c) ( ) Operatório concreto.
d) ( ) Operatório formal.

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22
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
REFLEXOS PRIMITIVOS E POSTURAIS DO BEBÊ

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste tópico, a nossa intenção é conduzir você para conhecer
os movimentos que são executados pelos bebês. Para isso, é imprescindível que você
conheça cada ação que poderá ser executada.

O reflexo é um esquema motor que engloba um estímulo específico, o qual gera


uma resposta específica. O esquema anatômico é denominado de arco reflexo, composto
por um receptor, o neurônio (motor aferente), o neurônio motor eferente e o músculo
efetor. Os reflexos primitivos estão presentes no desenvolvimento motor normal de todas
as crianças, e produzem, como resultado, um conjunto de respostas para cada estímulo.
Esses reflexos são ações motoras automáticas precursoras dos movimentos voluntários.

A maior parte dos movimentos do recém-nascido é representada por reflexos primiti-


vos, os quais vão desaparecendo durante os seis primeiros meses de vida, quando estruturas
neurológicas, hierarquicamente, mais recentes (corticais), amadurecem e se tornam funcio-
nais (VILANOVA, 1998). Dentre os reflexos, destacam-se: sucção, moro, preensão palmar, pre-
ensão plantar, Galant, marcha, Reflexo Tônico-Cervical Assimétrico (RTCA) e anfíbio.

2 REFLEXOS PRIMITIVOS E POSTURAIS


Gallahue e Ozmun (2003) classificaram os reflexos como primitivos e posturais.
Os reflexos primitivos estão, intimamente, associados à obtenção de alimento e à
proteção do bebê, aparecendo, primeiramente, na vida fetal, e persistindo durante todo
o primeiro ano de vida. Já os reflexos posturais fazem lembrar movimentos voluntários
posteriores, pois fornecem, automaticamente, a manutenção de uma posição ereta,
para um indivíduo, em um ambiente, sendo encontrados em todos os bebês normais
nos primeiros meses pós-natais, e, em alguns casos, persistir no primeiro ano. Os tipos
mais comuns de reflexos humanos são:

• Reflexo de Moro: É uma reação corporal maciça que tem a particularidade de


induzir uma brusca extensão da cabeça, alterando a relação dela com o tronco.
Consiste na extensão, na abdução e na elevação de ambos os membros superiores,
seguidas do retorno à habitual atitude flexora em adução. Foi descrito, por André
Thomas, como “reflexo de braços em cruz”.

23
FIGURA 8 – REFLEXO MORO

FONTE: <https://bit.ly/3jgQd7N>. Acesso em: 9 out. 2021.

Sempre, é desencadeada após uma reação brusca, que pode ser considerada
uma reação defensiva que tende a uma melhor adequação do corpo no espaço, assim
que se altere o equilíbrio em uma posição determinada.

• Reflexo Tônico-Cervical Assimétrico (RTCA): Trata-se de um reflexo postural


desencadeado por mudanças na posição da cabeça em relação ao tronco. É de
grande importância para o desenvolvimento do conhecimento corporal e da
situação dele no espaço.

FIGURA 9 – REFLEXO RTCA

FONTE: <https://bit.ly/3LOj4fP>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reflexo de Landau: Resulta de uma complexa interação de reações labirínticas


e tônico-cervicais. Para observá-lo, deve-se manter a criança suspensa
horizontalmente, com o dorso para cima, posição na qual a cabeça da criança se
eleva espontaneamente, em dorsiflexão, impulsionada por reflexos de retificação
cefálica, de origem labiríntica. Tal atitude determina que o tronco e os quatro

24
membros se estendam, dando, ao eixo do corpo, a disposição de um arco tenso
côncavo para cima. Com isso, quando se flexiona, passivamente, a cabeça, a
criança, imediatamente, flexiona o tronco e os membros (CORIAT, 2001).

FIGURA 10 – REFLEXO DE LANDAU

FONTE: <https://soumamae.com.br/o-que-e-o-reflexo-de-landau/>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reflexo de conexão entre as mãos e a boca: Consiste, e descrito, também, por


Coriat (2001), na rotação da cabeça para a linha média, acompanhada da abertura
da boca, como resposta à pressão exercida, pelos polegares do observador, sobre
as palmas das mãos do lactente.

FIGURA 11 – REFLEXO DE CONEXÃO ENTRE MÃOS E BOCA

FONTE: <http://glo.bo/38BYmlf>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reflexo corneano: Determina, a estimulação suave da córnea, a contração ativa


do músculo orbicular das pálpebras.

25
FIGURA 12 – REFLEXO CORNEANO

FONTE: <https://bit.ly/37qiSoi>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reflexos orais: Têm a finalidade de possibilitar o ato de se alimentar. Compreendem


os reflexos de busca, sucção e deglutição. Consistem, também, na orientação seletiva
dos lábios e da cabeça para o local onde se aplica a estimulação, denominados, por
André-Thomas (CORIAT, 2001), de “reflexos dos quatro pontos colaterais”.

FIGURA 13 – REFLEXOS ORAIS

FONTE: <https://bit.ly/3ujRz8b>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reflexos cutâneos abdominais: Consistem na contração brusca dos músculos


da parede abdominal, como resposta a estímulos superficiais.

• Reflexo de Galant (encurvamento do tronco): Está presente desde o nascimento


e desaparece no decorrer do segundo mês de vida. Esse reflexo é testado com a
criança em prono, deslizando-se um objeto pontiagudo da região do ilíaco até a
última costela, próximo às vértebras lombares. Como resposta, ocorre uma flexão
lateral do tronco, com o desenvolvimento da capacidade de extensão dele. A resposta
a esse estímulo passa a ser extensão e flexão lateral do tronco. A persistência gera a
dificuldade de desenvolver a transferência lateral de peso.

26
FIGURA 14 – REFLEXO DE GALANT

FONTE: <https://bit.ly/3LOKIcS>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Defesa plantar: É o típico reflexo de automatismo medular, que desaparece no


sexto mês. Para obtê-lo, estimula-se a planta do pé em decúbito dorsal e a resposta
é a retirada em tríplice flexão.

• Reflexo de preensão plantar: Pode estar presente desde o nascimento, até o


terceiro trimestre, desaparecendo com um ano de vida.

FIGURA 15 – REFLEXO DE PREENSÃO PLANTAR

FONTE: <http://soumae.net/reflexo-plantar/>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reflexo de preensão palmar: Ao tocar a superfície interna da mão, esta se fecha e


permanece fechada enquanto dura o estímulo. Pode-se puxar a criança para cima,
mantendo-se, entretanto, as articulações dos cotovelos, ligeiramente, fletidas. Se
esse reflexo dura mais tempo, desfaz-se da posição através da abertura da mão
(ausência de reações de equilíbrio), e é reforçado, fisiologicamente, pela sucção.

27
FIGURA 16 – REFLEXO DE PREENSÃO PALMAR

FONTE: <https://bit.ly/3NWr54p>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reflexo de marcha: É testado, esse reflexo, ao se segurar o bebê pelas axilas, com
os pés em uma superfície de apoio, inclinando-a para frente. Com o estímulo, o
bebê “anda”, realizando uma flexão alternada dos membros inferiores. Esse reflexo
apresenta uma faixa de normalidade do nascimento até o quarto mês.

FIGURA 17 – REFLEXO DE MARCHA

FONTE: <https://bit.ly/37wFmEg>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Suporte positivo: É considerado normal desde o nascimento até o segundo ou


terceiro mês de vida. Esse reflexo é testado ao se segurar o bebê de pé sobre uma
superfície de apoio, e realizar ligeiros “quikes” para cima e para baixo. Com isso, ele
realiza o suporte em extensão digitígrado, uma resposta em padrão extensor total.
Os resquícios dessa resposta são comuns até, aproximadamente, sete meses.

28
FIGURA 18 – SUPORTE POSITIVO

FONTE: <http://glo.bo/3NUdLgX>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reflexo Tônico Cervical Simétrico (RTCS): Demonstra dependência entre as


posturas da cabeça e dos ombros e pode ser testado com o bebê em prono, sobre
a perna do examinador, com membros superiores e inferiores livres. A extensão da
cabeça produz uma extensão dos membros superiores e a flexão dos inferiores.
Essa flexão provoca outra, também, de membros superiores, com a extensão
dos inferiores. Pode ser observado do segundo ao quarto mês de vida do bebê,
e a persistência pode dificultar a permanência na postura de gatas, o engatinhar
em padrão cruzado e proporcionar o engatinhar sem a dissociação de cinturas
(escapular e pélvica), gerando o engatinhar em bloco.

FIGURA 19 – RTCS

FONTE: <https://bit.ly/3jgR607>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reflexo Tônico Labiríntico (RTL): Pode ser testado na postura prona ou supina.
Com a criança em supino, sobre as mãos do examinador, busca-se observar a
presença do aumento da atividade extensora, fletindo-se os membros superiores
e inferiores e se observando a resistência a esses movimentos e à flexão passiva

29
da cabeça. Na postura supina, analisa-se o aumento da atividade flexora, com a
análise da resistência às extensões da cabeça e dos membros. Caso o reflexo esteja
presente com hipertonia, será, sempre, patológico.

FIGURA 20 – REFLEXO TÔNICO LABIRÍNTICO

FONTE: <https://bit.ly/3uYIW1U>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reação cervical de endireitamento: Pode ser testada com o bebê em supino.


É preciso segurá-lo, delicadamente, pelo occipital, e rodar a cabeça dele para o
lado. O restante do corpo se move, reflexivamente, na mesma posição da cabeça:
primeiramente, os quadris e as pernas se alinham, seguidos pelo tronco. Com a
faixa de normalidade do quarto ao sexto mês de vida, é a única reação que deve
desaparecer, dando lugar à reação corpo sobre corpo.

FIGURA 21 – REAÇÃO CERVICAL DE ENDIREITAMENTO

FONTE: <https://bit.ly/38GAUDz>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Reação corpo sobre corpo: Tem início a partir do sexto mês de vida. Essa reação é
testada da mesma forma que a anterior, porém, com o bebê com alguma dissociação
das cinturas escapular e pélvica.

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• Reação labiríntica e óptica de retificação: São testadas, ambas as reações,
nas posturas prona, supina e decúbito lateral, com a criança suspensa na postura
desejada e com olhos vendados. Na reação labiríntica, a partir do estímulo dos canais
semicirculares, ela busca, com a própria maturação, a verticalização da cabeça. Na
reação óptica, ela é orientada por algum objeto de interesse. Em ambas, a faixa de
normalidade é a partir do primeiro mês, em prono; e, aproximadamente, entre o
quinto e o sexto mês, em supino e decúbito lateral.
• Reação de anfíbio: É testada, essa reação, com a criança na postura prona, ao
se levantar um lado da cintura pélvica. Como resposta, há as flexões do tronco e
do membro inferior do mesmo lado. Essa reação permite o desenvolvimento do
arrastar, além do engatinhar, normal a partir do sexto mês.
• Reações protetoras: São movimentos protetores dos membros na direção da força
que se desloca, como reação a uma súbita força deslocadora ou quando o equilíbrio
não pode mais ser mantido. Pode ser testada nas posturas prona, prona para os
lados, supina e sentada. Na postura prona, o bebê é posicionado com os braços
para frente, ao responder com o apoio das mãos e a elevação da cabeça. A reação
normal é a partir do terceiro mês. Em supino, o normal se torna o sexto mês, com o
posicionamento da criança sobre o rolo e o deslocamento dela para um dos lados.
Como resposta ao estímulo, ela demonstra o apoio do membro superior do lado do
deslocamento e tenta manter a verticalização da cabeça. Com a criança sentada, o
examinador a desloca anterior, posterior e lateralmente. A resposta, normal do sexto
ao nono mês, será, sempre, o apoio dos braços, incluindo as mãos espalmadas, as
quais protegem o corpo e livram a face a partir da verticalização da cabeça.
• Reação de equilíbrio: É testada da mesma forma que a reação anterior. Nessa,
busca-se observar a procura da criança pela verticalização e pelo aumento da base,
através do afastamento. A faixa de normalidade é do sétimo ao décimo oitavo mês
nas posturas prona, supina, sentada, gatas, de joelhos e de pé.

Como podemos verificar, o processo de integração de reflexos primitivos é


abrangente. Ocorre, mais especificamente, no mesencéfalo; no tronco cerebral; na estrutura
subcortical, responsável pelo controle das necessidades vitais etc., tão importantes de
serem, paulatinamente, descobertos. Assim, o bebê, também, explora o movimento, a partir
de uma tentativa de proteção, e cria as próprias rotinas, como o sono e a alimentação.

NOTA
Quer saber mais um pouco a respeito de como estimular o cérebro do seu bebê?
Então, recomendamos a leitura da obra a seguir, com várias atividades para desenvolver
facilmente. É repleta de ideias divertidas, direcionadas ao período crítico, que vai d o
nascimento aos 12 meses. Toda brincadeira tem informações da última palavra da
pesquisa cerebral e uma discussão da forma através da qual a atividade em pauta
promove a capacidade do cérebro do bebê.

SILBERG, J. 125 brincadeiras para estimular o cérebro de seu bebê. São Paulo:
Editora Aquariana, 2013.

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LEITURA
COMPLEMENTAR
Possibilidade de testes a serem realizados sobre reflexos primitivos

AACD São Paulo

1- REFLEXO PRIMITIVO DE APOIO - (0 a 02 meses)


• posição de teste: Criança suspensa, verticalmente, pelo examinador.
• estímulo: Apoio da planta dos pés na superfície da mesa.
• Resposta: Aumento do tônus extensor dos membros inferiores, com a extensão do
joelho e do quadril.

2- REFLEXO DE MARCHA - (0 a 02 meses)


• posição de teste: Criança suspensa pelo examinador, apoiada na superfície da mesa.
• estímulo: Inclinação anterior do tronco.
• Resposta: Passos curtos e ritmados, sem a extensão do joelho e do quadril (falsa corrida).

3- REFLEXO DE COLOCAÇÃO DAS PERNAS (0 a 02 meses)


• posição de teste: Criança suspensa, verticalmente, pelo examinador.
• estímulo: Toque do dorso do pé da criança na borda da mesa.
• Resposta: Tríplice flexão do membro inferior e colocação do pé sobre a superfície.
Realização, pela criança, do movimento “subir degraus”.

4- REFLEXO DE BUSCA (0 a 02 meses)


• posição de teste: Qualquer (exceto em decúbito ventral).
• estímulo: Leve toque nas comissuras labiais ou no centro do lábio superior ou inferior.
• Resposta: língua, lábios e cabeça movidos em direção ao estímulo.

5- REFLEXO DE SUCÇÃO (0 a 5 meses)


• posição de teste: Qualquer (exceto em decúbito ventral).
• estímulo: Introdução do dedo do examinador entre os lábios do bebê.
• Resposta: Reação de sucção.

6- REFLEXO DE PREENSÃO PALMAR (0 a 3 - 4 meses)


• posição de teste: Qualquer.
• estímulo: Contato do dedo do examinador com a palma da mão do bebê.
• Resposta: Flexão, em massa, dos dedos, até a retirada do estímulo.

7- REFLEXO DE PREENSÃO PLANTAR (0 a 10 - 11 meses)


• posição de teste: Qualquer (exceto em posição ortostática).

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• estímulo: Contato do dedo do examinador com o sulco metatarso falângico.
• Resposta: Flexão plantar dos artelhos.

8- REFLEXO DE EXTENSÃO CRUZADA (0 a 02 meses)


• posição de teste: Criança em decúbito dorsal, com a cabeça na linha média.
• estímulo: Estímulo doloroso na planta do pé.
• resposta: Flexão da perna estimulada e extensão cruzada da contralateral.

9- REFLEXO DE MORO (0 a 6 meses)


• posição de teste 1: Examinador com a criança sentada.
• estímulo 1: Cabeça caída em extensão.
• posição de teste 2: Criança em decúbito dorsal.
• estímulo 2: levantamento, rapidamente, da pélvis; tapinhas no abdômen, ou puxar o lençol.
• Resposta para 1 e 2:
• 1ª fase: Abdução dos membros superiores, com abdução e extensão dos dedos.
• 2ª fase: Adução dos membros superiores (reação do abraço).

10- REAÇÃO DE GALANT (0 a 2 meses)


• posição de teste: Criança em decúbito ventral.
• estímulo: Leve toque, com a ponta de um lápis, na região paravertebral dorsal,
entre a l2a e a crista ilíaca.
• Resposta: Encurvamento do tronco, com concavidade para o lado estimulado.

11- REAÇÃO CERVICAL DE RETIFICAÇÃO (0 a 6 meses)


• posição de teste: Criança em decúbito dorsal, com braços e pernas estendidas.
• estímulo: Rotação ativa ou passiva da cabeça.
• Resposta: Rotação, “em bloco”, do tronco.

12- REFLEXO TÔNICO CERVICAL SIMÉTRICO (0 a 4 meses)


• posição de teste: criança em decúbito ventral, ligeiramente, suspensa pelo abdômen.
• estímulo: flexão, ou extensão, passiva, ou ativa, da cabeça.
• Resposta: para flexão: flexão dos membros superiores e extensão dos inferiores;
para extensão: extensão dos membros superiores e flexão dos inferiores.

13- REFLEXO TÔNICO CERVICAL ASSIMÉTRICO (0 a 4 meses)


• posição de teste: Criança em decúbito dorsal, com a cabeça na linha média, os
braços e as pernas estendidos.
• estímulo: Rotação da cabeça (90 graus).
• Resposta: Extensão das extremidades faciais e flexão das extremidades occipitais.

14- REFLEXO TÔNICO LABIRÍNTICO (0 a 4 meses)


• posição de teste 1: Criança em decúbito dorsal.
• posição de teste 2: Criança em decúbito ventral.
• estímulo: Própria postura.

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• estímulo: Própria postura.
• Resposta: Aumento do tônus extensor.
• Resposta: Aumento do tônus flexor.

15- REFLEXO DE LANDAU


• posição de teste: Criança em suspensão ventral
• estímulo 1: Extensão passiva, ou ativa, da cabeça.
• Resposta: Desencadeamento do tônus extensor, com extensão do tronco, do
quadril e dos membros superiores e inferiores.
• estímulo 2: Flexão passiva, ou ativa, da cabeça.
• Resposta: Flexão do tronco, do quadril e dos membros superiores e inferiores.

16- REFLEXO DE COLOCAÇÃO DAS MÃOS


• posição de teste: Criança suspensa, verticalmente, pelo examinador.
• estímulo: Toque do dorso da mão da criança na borda da mesa.
• Resposta: Flexão do punho e colocação da mão sobre a mesa

FONTE: <file:///C:/Users/Jefersom/Downloads/reflexos%20primitivos%20(1).pdf>. Acesso em: 6 out. 2021.

3 RELAÇÃO ENTRE REFLEXOS E ESTEREÓTIPOS RÍTMICOS


NO BEBÊ
Esses comportamentos são, no geral, movimentos ritmados da cabeça, das
mãos ou do corpo, sem uma óbvia função adaptativa. Os movimentos podem cessar,
ou, mesmo, não ser desencadeados, em resposta a um esforço do sujeito nesse sentido.

Os movimentos estereotipados podem ocorrer várias vezes ao dia, durante,


apenas, alguns segundos, minutos ou mais tempo. Os comportamentos variam,
consoante o contexto (ocorrem, mais frequentemente, quando o sujeito está
concentrado, excitado, ansioso, cansado ou aborrecido). O Critério A requer que
esses movimentos sejam, aparentemente, sem causa. Contudo, alguns movimentos
estereotipados servem para controlar outros.

A estereotipia é caracterizada por movimentos repetitivos que, aparentemente,


não têm função adaptativa (BERKSON; DAVENPORT, 1962). Movimentos estereotipados
são, assim, denominados, por ocorrer com grande frequência, repetidamente e com
pouca variação. Ocorrem por serem movimentos de autoestimulação, ou, também,
chamados de autorreguladores. A motivação advém pelas buscas de sensações, de
bem-estar ou pela tendência às repetições, sendo que a ocorrência da estereotipia tem
sido associada a déficits de aprendizagem e sociais durante o desenvolvimento.

As estereotipias, segundo Cantavella et al. (1992), podem ser classificadas em


cinco grupos:

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• estereotipias do desenvolvimento normal;
• movimentos parasitas estereotipados;
• comportamentos sociais estereotipados;
• estereotipias em forma de tiques;
• hábito motor, "Blindisms''.

As estereotipias do desenvolvimento, normalmente, são tipos de comportamentos


que podem aparecer em crianças com desenvolvimento normal, quando estão
mudando de fase de desenvolvimento e aprendendo novos comportamentos. São um
estado de imaturidade biológica, ou psíquica, antes da maturação, e podem, ou devem,
desaparecer ao longo do desenvolvimento (CANTAVELLA et al., 1992).

Os movimentos parasitas estereotipados são descargas motoras em um corpo


parado, como movimentos de pernas, movimentação rápida da cabeça, vocalizações
repetidas ao realizar tarefas. Devido a um alto grau de ansiedade em uma determinada
situação, uma criança cega tende a obter controle da ansiedade por meio desses
movimentos repetitivos bruscos (CANTAVELLA et al., 1992).

Comportamentos sociais estereotipados se referem a movimentos repetitivos com as


formas motora, facial e vocal. Em crianças com deficiência visual, ocorrem com muita frequência,
devido a situações de contato social e em um novo ambiente e à carência de informações
visuais, diferindo dos movimentos parasitas estereotipados. Por serem expressões com rigidez,
invariáveis e constantes, estes ocorrem, com frequência, com a transição da situação atual para
a próxima, como em trocas ambientais ou de atividades (CANTAVELLA et al., 1992).

Tiques são movimentos involuntários e bruscos, rápidos, repetitivos, estereotipados,


rígidos em forma, e ocorrem de maneira irregular, como movimentos bruscos de braços e
cabeça, piscadas, movimento das sobrancelhas, assovios e lambidas (TOLOSA; CANELAS,
1969). De maneira geral, as estereotipias tendem a cessar quando a pessoa se distrai ou se
envolve em alguma atividade. Um tique pode ser a expressão de um conflito emocional ou
o resultado de uma doença neurológica, como a síndrome de Tourette.

Estereotipias de hábito motor ("Blindisms"), ou ceguismos, ocorrem, mais


comumente, em pessoas com deficiência visual grave, quando são submetidas a um
elevado grau de controle, de cuidado, ou de exigência ambiental e atividades intensas,
podendo, então, aparecer esses movimentos estereotipados, ou parasitas, denominados
de Blindisms. Enfatiza-se uma forte ocorrência no espaço ocular, com movimentos de
compressão dos olhos ou circulares, como se fosse necessário coçá-los, com o intuito,
na maioria dos casos, de busca de fleches de luz (CANTAVELLA et al., 1992).

A relação entre os reflexos e os estereotipados rítmicos, em bebês, deve ser


analisada onde todos os bebês têm um controle limitado dos próprios corpos, mas,
para compensar essa falta de controle, eles nascem com um conjunto de mecanismos
de sobrevivência que os protege contra possíveis perigos. Por esse motivo, embora

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um pequeno seja muito dependente dos pais, ele não é, completamente, indefeso.
Chamamos esses movimentos de reflexos primitivos. Dessa forma, temos que
estar atentos a esses movimentos repetidos em situações, os quais podem vir a ser
comportamentos inadequados, os quais ocorrem com frequência, repetidamente e com
pouca variação. Quando esses movimentos são executados pela criança, causam danos
físicos, são denominados de autolesões, ou comportamentos autolesivos.

4 AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS/ESTEREÓTIPOS NO BEBÊ


A avaliação deve poder contribuir ativamente, de modo a incentivar essa
criança a aprender e a se desenvolver. Dessa forma, a avaliação, ao invés de se centrar
nas limitações da criança, direciona-se para o atendimento das necessidades dela,
no sentido de tornar essa avaliação promotora da aprendizagem, em uma perspectiva
inclusiva, em vez de ameaçadora e excludente.

Avaliar é observar, além de intervir constantemente, (re) planejando a ação


educativa, em busca de (re) significá-la, de forma apropriada, às necessidades de cada
criança e do grupo como um todo. A avaliação, no contexto da educação infantil, precisa
ser mediadora do desenvolvimento da criança. Para isso, é importante buscar várias formas
de registro, as quais servem, como suporte, para a elaboração do parecer do trabalho
realizado, contemplando os avanços, as expectativas, as mudanças e as descobertas.

Apresentaremos, a seguir, alguns testes de avaliação. Esses testes e escalas


de desenvolvimento facilitam e auxiliam a triagem, o diagnóstico, o planejamento e a
progressão do tratamento, caso alguma anormalidade seja detectada.

1. Teste de Gesell

O teste de Gesell é um teste de referência que envolve a avaliação direta e a


observação da qualidade e da integração de comportamentos. Pode ser aplicado em
crianças de quatro semanas até 36 meses de idade cronológica. As categorias de análise
dessa escala se referem às seguintes áreas: comportamento adaptativo (organização
e adaptação sensório-motora, cognição); comportamento motor grosseiro e delicado
(sustentação da cabeça, sentar-se, engatinhar, andar, manipular objetos com as mãos);
comportamento de linguagem (expressiva ou receptiva); comportamento pessoal-
social (relação com o meio-ambiente).

2. Escala de Desenvolvimento Infantil de Bayley

Os principais aspectos avaliados por cada subescala são: subescala mental


(funcionamento das capacidades sensoriais e perceptivas); subescala motora
(motricidade fina e ampla) e subescala comportamental (avaliação qualitativa da
interação da criança com objetos e pessoas).

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3. Teste de Denver

O teste pode ser aplicado por vários profissionais da saúde, em crianças de


zero a seis anos, classificando-o, dicotomicamente, em risco ou normal. É composto
por 125 itens distribuídos na avaliação de quatro áreas distintas do desenvolvimento
neuropsicomotor: motricidade ampla, motricidade fina-adaptativa, comportamento
pessoal-social e linguagem (SOUZA et al., 2008).

4. Teste de Triagem Sobre o Desenvolvimento de Milani Comparetti

Esse exame de triagem avalia o desenvolvimento motor desde o nascimento até


24 meses. Pode ser administrado de quatro a oito minutos. Observam-se comportamentos
espontâneos (controle postural e padrões de movimentos ativos) e respostas evocadas
(reflexos primitivos, reações de endireitamento e equilíbrio). Portanto, o desenvolvimento
motor é avaliado com base na correlação entre as aquisições funcionais motoras da
criança e as estruturas reflexas.

5. Inventário Portage Operacionalizado

O objetivo do IPO é a elaboração de uma proposta de intervenção no ambiente


natural de crianças, a partir da detecção do atraso no desenvolvimento, por meio de
um treinamento específico dado aos pais, visando à aceleração do desempenho dessas
crianças durante a idade da pré-escola (BLUMA et al., 1976).

6. Avaliação Neurológica de Bebês Prematuros e a Termo

Pode ser aplicado em crianças de zero a 12 meses, pois os criadores não possuem
dados de acompanhamento por um tempo de mais de um ano. O teste é composto por
nove itens de neurocomportamento (capacidade do bebê de se habituar a estímulos
luminosos e sonoros repetidos, movimentos espontâneos do corpo, reação defensiva,
observação de movimentos oculares anormais, orientações auditiva e visual e atenção
aos estímulos visuais e auditivos), 15 itens que avaliam o tônus muscular e seis deles
que verificam os reflexos primitivos e profundos. Durante a aplicação do teste, também,
são acompanhadas as seis categorias do estado comportamental.

7. Avaliação Neurológica do Recém-nascido e do Bebê

O exame deve ser feito no terceiro dia de vida e no fim da primeira semana, em caso
de anormalidades. A faixa etária avaliada é de zero a 12 meses. A avaliação inclui exame do
crânio, avaliação do tônus, reflexos primários e observação da postura e do movimento.
Os marcos do desenvolvimento e as habilidades funcionais não são avaliados. A criança é
classificada como normal, anormal ou suspeita. Por fim, quando a anormalidade é detectada,
pode ser designada como leve, moderada ou grave (SEME-CIGLENNEKI, 2003).

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8. Test of Infant Motor Performance (TIMP)

A avaliação é composta por 27 itens pontuados, com base na observação de


uma atividade espontânea do bebê presente, ou ausente, e mais 25 itens eliciados,
avaliados pelo examinador, de acordo com um formato padronizado, em uma escala de
cinco ou seis pontos, que descrevem comportamentos específicos a serem notados,
variando de menos maduro a com uma resposta completa. Os itens do teste enfatizam
o desenvolvimento do controle da cabeça e do tronco, o uso de técnicas de manuseio
para emissão precoce do controle postural e a observação de comportamentos emitidos
espontaneamente, sem que haja alguma estimulação do observador.

9. Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS)

Os 58 itens avaliam os padrões motores e as posturas, usando-se três critérios:


alinhamento postural, movimentos antigravitacionais e superfície de contato. As
subescalas são determinadas por cada postura: prona, supina, sentada e em pé. A
pontuação é anotada como passou/falhou. Ao fim, os pontos, de cada postura, são
somados em uma pontuação total de itens observados.

Como podemos observar, existem três tipos básicos de instrumentos de avaliação:


exames neurológicos e de neurocomportamento, que têm sido criados para avaliar a inte-
gridade do bebê; instrumentos abrangentes, os quais determinam o grau de desenvolvi-
mento de crianças em relação a vários domínios de motores; e instrumentos neuromotores,
que analisam habilidades motoras amplas ou finas, visando a uma área funcional.

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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O reflexo é uma reação corporal automática à estimulação. Comportamentos refle-


xos ou respondentes são interações estímulo-resposta (ambiente-sujeito) incondi-
cionadas, inatas; relativamente, estereotipadas e fixas.

• O ato reflexo é o mais rápido mecanismo de estímulo e resposta do sistema nervoso.


Ocorre quando reagimos, de maneira instantânea e involuntária, a estímulos
ambientais.

• Os reflexos primitivos são originados do sistema nervoso central, presentes em


crianças novas, especialmente, em bebês.

• Os principais tipos de reflexo primitivos são: Moro, tônico cervical, palmar, plantar,
cutâneo plantar, marcha reflexa, sucção, Galant e Landau.

• A avaliação é um importante componente de observação e de análise do


desenvolvimento do bebê para, caso haja algum indício, possam ser aplicados os
devidos procedimentos para a correção dele.

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AUTOATIVIDADE
1 Comente, com as suas palavras, o que são reflexos.

2 Descreva algum exemplo de reflexo primitivo.

3 Os movimentos dos recém-nascidos são representados por reflexos e reações


primitivas. A ausência desses reflexos, em idades nas quais deveriam estar
presentes, ou a persistência deles, quando desnecessária, pode indicar um atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor, sendo, de grande importância, a detecção disso,
pelo fisioterapeuta, na prática clínica. Assim, quanto ao reflexo de preensão palmar,
que consiste no fechamento da mão após qualquer estímulo na palma ou na face
palmar dos dedos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Esse reflexo está presente entre o sétimo e o nono mês de vida.


b) ( ) O reflexo se observa no decorrer do quarto mês, com o desaparecimento no sexto
mês de vida.
c) ( ) A manifestação desse reflexo se inicia no décimo mês, com a ausência no décimo
segundo mês de vida.
d) ( ) Esse reflexo ocorre, predominantemente, no primeiro mês de vida, com a
diminuição e a ausência no decorrer do terceiro e do quarto meses.

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UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS DE 0 A 3 ANOS

1 INTRODUÇÃO
Para entender melhor a ideia do que é uma intervenção, precisamos saber que
a direção é encontrar, além de atuar sobre a causa “do problema”, procurando, sempre,
manter, essa intervenção, a mais interessante e lúdica possível, de acordo com os
interesses da criança. As causas, para uma “descoordenação motora” que se observa,
podem ser diversas, e, até mesmo, múltiplas.

A intervenção psicomotora compreende uma mediatização a partir da qual o


terapeuta pretende estudar e compensar condutas inadequadas e inadaptadas em
diversas situações, geralmente, ligadas a problemas de desenvolvimento e de maturação
psicomotora, de aprendizagem, de comportamento ou de âmbito psicoafetivo.

Formiga, Pedrazzani e Tudela (2010) citam as principais metas de um programa


de intervenção precoce:

• Maximizar o potencial de cada criança inserida no programa, por meio da estimulação


em nível ambulatorial e no ambiente natural, estabelecendo o tipo, o ritmo e a
velocidade dos estímulos, e designando, na medida do possível, um perfil de reação.
• Potencializar a contribuição dos pais ou dos responsáveis, de modo que eles interajam
com a criança, a fim de estabelecer uma mutualidade precoce pela comunicação e
pelo afeto, prevenindo o advento de patologias emocionais e cinestésicas.
• Promover um ambiente favorável para o desempenho de atividades que são
necessárias para o desenvolvimento da criança.
• Oferecer orientações aos pais e à comunidade quanto às possibilidades de
acompanhamento, desde o período neonatal até a fase escolar.
• Promover um modelo de atuação multiprofissional e interdisciplinar.
• Disseminar informações, incentivando e auxiliando a criação de novos programas
de estimulação precoce.

2 INTERVENÇÕES PARA BEBÊS DE 0 A 3 ANOS


A estimulação das funções motoras deve ocorrer por meio da abordagem
proprioceptiva, visando proporcionar a sensação de onde se localizam partes do próprio
corpo no espaço, com uma diversidade de experiências sensitivas/sensoriais e a promoção
de praxias do sistema sensório-motor oral e do próprio toque. Quanto à motricidade, devem
ser trabalhados e reforçados movimentos diversos, que favoreçam a adequação de tônus e
força muscular. Esse é um trabalho que gera a consciência do próprio corpo e a inibição de

41
movimentos estereotipados. Formiga, Pedrazzani e Tudela (2010) destacam a importância
do contato físico da criança com o terapeuta e com as pessoas que a circundam, incluindo
brinquedos e brincadeiras, o que proporciona apoio afetivo, segurança e equilíbrio dos quais
necessita para crescer em harmonia com o meio em que vive.

Para fins didáticos, dividiremos as propostas de atividade de estimulação motora


pela sequência dos principais marcos do desenvolvimento:

• Estimulação da linha média: A postura em supino é ideal para esse estímulo.


Podemos usar brinquedos coloridos e luminosos para atrair a atenção do bebê,
incentivando-o a manter a cabeça na linha média. Se ele não consegue ativamente,
pode ser auxiliado pelo terapeuta. Nessa mesma posição, já com a cabeça
posicionada, estimule a preensão bimanual na linha média. Enquanto o bebê
percebe o objeto, ajude-o a alcançá-lo, apoiando os cotovelos dele e direcionando
as mãozinhas. Para que a informação seja bem recebida e assimilada pelo SNC,
é possível acentuar a descarga de peso na região cervical e no tronco superior,
elevando a pelve do bebê e aproximando os membros inferiores dos superiores. Esse
movimento, também, fortalece a musculatura abdominal, alonga a musculatura
cervical e permite o alcance dos pés pelas mãos, conforme mostrado a seguir:

FIGURA 22 – ESTÍMULO À EXPLORAÇÃO DA LINHA MÉDIA

FONTE: <https://bit.ly/3v4pjWbm>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Estimulação do controle cervical: Pode-se promover essa estimulação em


supino e, até mesmo, em decúbito lateral. Entretanto, na postura em prono, há um
melhor controle da simetria corporal e é possível utilizar a gravidade como fator de
estimulação. Consegue-se colocar um rolo de tecido, ou espuma, embaixo das axilas,
com os braços à frente dele, para auxiliar no deslocamento do peso corporal e no
movimento de extensão cervical. É importante utilizar objetos coloridos, ruidosos ou
luminosos para atrair a atenção do bebê, o que favorece o seguimento visual e a
elevação da cabeça. O rolo deve ser de uma altura que permita o apoio dos cotovelos.

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FIGURA 23 – ESTÍMULO À EXPLORAÇÃO PARA CONTROLE CERVICAL

FONTE: <https://bit.ly/3vaSAPg>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Estimulação do Rolar: Na postura supina, pode-se incentivar o rolar através da fixa-


ção visual em um objeto, ou, mesmo, no rosto do terapeuta, ou estimulador. No início,
talvez, seja necessário auxílio para atingir a postura, assim, para isso, o terapeuta está
apto a apoiar os ombros ou a pelve do bebê, ajudando-o na impulsão do movimento.
Provavelmente, é necessário ajudá-lo para a liberação do braço no rolar de supino
para prono, e vice-versa. Essa atividade, também, promove estímulos vestibulares
e labirínticos, o que auxilia na aquisição das reações labirínticas e na retificação. Em
crianças que já desenvolvam essa reação, podemos utilizá-la como auxiliar da esti-
mulação do rolar. Realizar essa atividade no colo do terapeuta, ou estimulador, tam-
bém, torna-se muito eficaz, e, muitas vezes, mais confortável e acolhedor para o bebê.

FIGURA 24 – ESTÍMULO À EXPLORAÇÃO DO RODAR

FONTE: <https://bit.ly/3xcr6v2>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Estimulação do ortostatismo estático e do andar: Com a criança apoiada em


um móvel ou em uma outra pessoa, pode-se promover o desequilíbrio para frente,
para trás e para os lados, estimulando as estratégias de equilíbrio do tornozelo e do
quadril. É possível incentivar a marcha lateral, com apoio, e progredir para a marcha

43
para frente, também, com suporte, seja empurrando uma cadeira, um banco, ou,
mesmo, um andador infantil. Ao estimular a marcha com o apoio de uma ou de ambas
as mãos do estimulador, é necessário estar atento para não incentivar a extensão dos
ombros da criança (manter os braços para cima), pois essa posição altera a descarga
de peso e, com isso, dificulta a aquisição do equilíbrio de pé, seja estático ou dinâmico.
O melhor ponto de apoio, para a estimulação da marcha, é pelo quadril.

FIGURA 25 – ESTÍMULO À EXPLORAÇÃO DO ANDAR

FONTE: <https://bit.ly/3uoyvFC>. Acesso em: 9 out. 2021.

• Estimulando a exploração do ambiente: O bebê, também, precisa ser incentivado


a engatinhar embaixo das cadeiras da sala ou da cozinha, com a intenção de buscar
um objeto e, com isso, desenvolver uma variedade de sensações e de movimentos,
como abaixar a cabeça para passar por baixo, movimentar os membros dentro das
amplitudes permitidas etc. Esses deslocamentos auxiliam no desenvolvimento das
noções espaciais, como “em cima”, “embaixo”, “dentro” e “fora”.

FIGURA 26 – ESTÍMULO À EXPLORAÇÃO DO AMBIENTE

FONTE: <https://bit.ly/38DZlRZ>. Acesso em: 9 out. 2021.

44
• Estimulação da função manual: A estimulação da função manual acontece
associada à quase totalidade de experiências sensório-motoras vivenciadas pelo
bebê no cotidiano.

FIGURA 27 – ESTÍMULO À EXPLORAÇÃO MANUAL

FONTE: <https://bit.ly/3un88Ab>. Acesso em: 24 out. 2021.

45
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A intervenção psicomotora se baseia em uma visão holística do indivíduo e integra


as funções cognitivas, socioeconômicas, simbólicas, psicolinguísticas e motoras, a
fim de promover as capacidades de ser e de agir em um contexto psicossocial.

• A intervenção psicomotora visa vivenciar o corpo não só pela promoção de uma


melhor funcionalidade (melhora da qualidade de vida), mas, também, explorar as
funções tônico-afetiva e cognitiva dele, reconhecendo, em si, o espaço, o tempo, a
comunicação, os afetos e a relação com os outros.

• A abordagem proprioceptiva é um método que se baseia nos princípios da estimu-


lação máxima do aparelho neuromuscular, com o auxílio de padrões de movimentos
diagonais e a aplicação de estímulos sensoriais, como os auditivos, visuais, cutâne-
os e proprioceptivos.

• Os principais marcos do desenvolvimento são: estimulações da linha média, do


controle cervical, do Rolar, do ortostatismo estático e do andar, com a exploração
do ambiente e da função manual.

46
AUTOATIVIDADE
1 Comente, com as suas palavras, o que é uma intervenção psicomotora.

2 Quais são os outros estímulos para a promoção da intervenção psicomotora?

3 Identifique, somente, a alternativa errada em relação aos principais estímulos dos


marcos do desenvolvimento da criança.

a) ( ) Estimulação da linha média.


b) ( ) Estimulação do Rolar
c) ( ) Estimulação da função manual.
d) ( ) Estimulação pedagógica.

47
REFERÊNCIAS
AJURIAGUERRA, J. de. Manual de psiquiatria infantil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1980.

ALVES, F. A infância e a psicomotricidade: a pedagogia do corpo e do movimento. Rio


de Janeiro: Editora Wak, 2016.

BERKSON, G.; DAVENPORT, R. K. Stereotyped movements of mental defectives: I. Initial


survey. American Journal of Mental Deficiency, v. 66, n. 1, p. 849-852, 1962.

BISQUERRA, R. Como educar las emociones: la inteligencia emocional en la infancia y


la adolescencia. Barcelona: Hospital Sant Joan de Déu, 2012.

BLUMA, S. et al. The Portage guide to early educational (revised edition). Portage,
Wisconsin: Cooperative Educacional Service Agency 12, 1976.

BUENO, J. M. Psicomotricidade: teoria e prática. São Paulo: Editora Lovise, 1998.

CANTAVELLA, F. et al. Introducción al estúdio de las estereotipias en el nino ciego.


Barcelona: Masson; ONCE, 1992. 140p.

CORIAT, L. F. Maturação psicomotora: no primeiro ano de vida da criança. São


Paulo: Centauro, 2001.

FALCÃO, H. T.; BARRETO, M. A. M. Breve histórico da psicomotricidade. Revista Ensino,


Saúde e Ambiente, Niterói, v. 2, n. 2, p. 84-96, 2009.

FONSECA, V. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2010.

FONSECA, V. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.

FORMIGA, C. K. M. R.; PEDRAZZANI, E. S.; TUDELA, E. Intervenção precoce com bebês


de risco. Rio de Janeiro: Atheneu, 2010.

GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor. 2. ed.


São Paulo: Phorte, 2003.

LE BOULCH, J. Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar. Porto Alegre:


Artes Médicas, 1987.

LEVIN, E. A clínica psicomotora: o corpo na linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003.

48
LORENZON, A. M. M. D. Psicomotricidade: teoria e prática. Porto Alegre: Edições EST, 1995.

MACHADO, J. R. M.; NUNES, M. V. S. 245 jogos lúdicos: para brincar como nossos pais
brincavam. Rio de Janeiro: Walk Editora, 2011.

MUSTARD, J. F. Early human development – Equity from the start – Latin America. Rev
Latino Am Cienc Soc Niñez, v. 7, n. 2, p. 639-680, 2009.

PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre:


Artmed, 2006.

SEME-CIGLENEEKI, P. Predictive value of assessment of general movements for neurological


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SOUZA, S. C. et al. Desenvolvimento de pré-escolares na educação infantil em Cuiabá,


Mato Grosso, Brasil. Cad Saúde Pública, v. 24, n. 8, 1917-1926, 2008.

TOLOSA, A. P. M.; CANELAS, H. M. Propedêutica neurológica: temas essenciais. São


Paulo: Fundo Editorial Procienx, 1969. 519p.

VILANOVA, L. C. P. Aspectos neurológicos do desenvolvimento do comportamento da


criança. Rev Neurocienc, v. 6, n. 1, p. 106-110, 1998.

49
50
UNIDADE 2 —

INTERVENÇÕES
PSICOMOTORAS NA INFÂNCIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• ter a compreensão das definições de crescimento e de desenvolvimento;

• conhecer os principais autores;

• entender as características do desenvolvimento motor fundamental;

• analisar as noções do desenvolvimento psicomotor na infância.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA INFÂNCIA


TÓPICO 2 – DESENVOLVIMENTO DO MOVIMENTO FUNDAMENTAL
TÓPICO 3 – INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NA INFÂNCIA

CHAMADA
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A TRILHA DA
UNIDADE 2!

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52
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA
INFÂNCIA

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, apresentaremos dois sistemas muito importantes do corpo e que
estão relacionados à aprendizagem psicomotora: o desenvolvimento e o crescimento
humanos. Isso mesmo, neste tópico, você irá conhecê-los melhor. Não temos a
pretensão de nos aprofundar, mas apresentar aquilo que é importante para você.

Por conta da existência de uma forte interação entre o crescimento e o


desenvolvimento, muitas vezes, ambos os conceitos vêm sendo empregados de forma
indiscriminada, com o mesmo significado. Todavia, referem-se a processos que, embora
indissociáveis, e cuja ocorrência isolada é impossível, são fenômenos diferentes que,
sempre, demonstram uma correspondência direta entre si.

As pessoas dizem que as duas palavras abarcam a mesma situação, mas o


crescimento corresponde ao processo resultante da multiplicação e da diferenciação
celulares, o qual determina alterações progressivas nas dimensões do corpo inteiro
ou de partes e segmentos específicos, em relação ao fator tempo, do nascimento à
idade adulta. Em contrapartida, o desenvolvimento se caracteriza pela sequência de
modificações evolutivas, em órgãos e sistemas do organismo humano, que induzem ao
aperfeiçoamento de funções complexas.

Desse modo, o crescimento se refere, essencialmente, às transfor-


mações quantitativas, enquanto o desenvolvimento engloba, simul-
taneamente, tanto as transformações quantitativas quanto as quali-
tativas, e é resultante de aspectos associados ao próprio processo de
crescimento físico, à maturação biológica e às experiências vivencia-
das no atributo considerado: desempenhos motor, emocional, social
e cognitivo (ROCHE; SUN, 2003, p. 7).

53
FIGURA 1 – CRESCIMENTO.

FONTE: <https://bit.ly/3JhCsQQ>. Acesso em: 10 out. 2021.

Assim, podemos entender que o crescimento, de modo geral, é considerado o


aumento do tamanho corporal, que cessa com o término do aumento da altura.

De acordo com Caetano, Silveira e Gobbi (2005), o desenvolvimento motor é


um processo de alterações no nível de funcionamento de um indivíduo, assim, uma
grande capacidade de controlar movimentos é adquirida ao longo do tempo, através da
interação das exigências da tarefa, da biologia do indivíduo e do ambiente.

É importante salientar que o desenvolvimento sofre a influência contínua de


fatores intrínsecos e extrínsecos, os quais provocam variações de um indivíduo para o
outro, e que tornam, único, o curso do desenvolvimento de cada criança.

Os fatores intrínsecos determinam as características físicas da criança, a cor dos


olhos e outros atributos, geneticamente, determinados. Os fatores extrínsecos começam
a atuar desde a concepção, estando, diretamente, relacionados com o ambiente da vida
intrauterina, proporcionado pela mãe, por meio das condições de saúde e de nutrição
dela. Além disso, mãe e feto sofrem os efeitos do ambiente que os circunda.

NOTA
Você já parou para pensar que existem outros termos que podem nos confundir? Assim, apresenta-
remos, a seguir, alguns deles, para a sua compreensão:

Aprendizagem motora se refere aos ganhos, relativamente, permanentes, de habilidades motoras,


associados à prática ou à experiência (SCHMIDT; LEE, 2005).

Controle motor é o estudo dos aspectos neurais, físicos e comportamentais do movimento (SCHMIDT;
LEE, 2005).

Maturação fisiológica é um avanço qualitativo na constituição biológica e pode se referir à


célula, ao órgão ou ao avanço do sistema em composição bioquímica, em vez de, somente,
ao tamanho (TEEPLE, 1978).

Envelhecimento é o processo que ocorre com a passagem de tempo, levando à perda da adapta-
bilidade ou da função total, e, eventualmente, à morte (SPIRDUSO; FRANCIS; MACRAE, 2005).

54
2 CARACTERÍSTICAS DOS DESENVOLVIMENTOS
COGNITIVO, AFETIVO E MOTOR DA CRIANÇA
A cognição faz parte do nosso sistema cerebral. Ela define possibilidades de
como apreendemos, armazenamos e aplicamos conhecimentos. Referimo-nos, à
cognição, como a capacidade de adquirir informações.

Esse termo, também, reflete a nossa capacidade de resolução de problemas, o uso


das linguagens e o raciocínio lógico-matemático. Como o nome indica, o desenvolvimento
cognitivo consiste no modo através do qual a nossa cognição evolui durante a vida.

Piaget divide o desenvolvimento das crianças em quatro fases, sendo que a


última delas começa por volta dos 11 anos. Veja um resumo de cada uma das partes,
conforme Papalia, Olds e Feldman (2006).

2.1 SENSÓRIO-MOTOR
Trata-se da primeira fase do desenvolvimento cognitivo, e corresponde, mais ou
menos, aos dois primeiros anos de vida da criança. Nesse período, o bebê percebe o mundo
pelos órgãos sensoriais. Aquilo que existe, para ele, é o que pode ser visto ou tocado. É por
isso que a criança chora, por exemplo, quando a mãe sai do campo de visão dele.

Nessa etapa, a criança começa a desenvolver ações, com objetivos práticos,


como chorar quando sente fome ou sono.

2.2 PRÉ-OPERATÓRIO
A fase pré-operatória começa com o surgimento da linguagem, logo que a
criança aprende a articular palavras com sentido e a associá-las a pessoas ou a objetos.
Geralmente, dura dos dois aos sete anos.

Uma das principais características dessa fase é o egocentrismo (a criança


deseja tudo para si e, ainda, não sabe se colocar no lugar do outro).

Nesse período, é normal ter problemas para brincar com coleguinhas, entrar em
conflito com irmãos e querer comprar tudo o que vê.

2.3 OPERATÓRIO CONCRETO


Dos sete aos 11 anos, a criança passa a entender o mundo e próprio lugar nele.

55
Nesse período, costuma marcar presença a famosa fase dos porquês, pois a
criança busca saber de onde vêm as coisas e como elas funcionam.

Também, nessa etapa, os pequenos começam a fazer associações, percebendo


que toda ação gera uma reação. Trata-se de um bom momento para reforçar que
comportamentos negativos trazem más consequências.

2.4 OPERATÓRIO FORMAL


O período operatório formal consiste no último estágio do desenvolvimento
cognitivo infantil, segundo Piaget. Ele começa por volta dos 11 anos e termina quando se
chega à fase adulta. Nesse momento, desenvolvem-se as capacidades mais complexas,
como o pensamento lógico-dedutivo e a capacidade de abstração.

A criança compreende conceitos subjetivos e não precisa mais basear os


próprios pensamentos em objetos palpáveis. Ela consegue elaborar hipóteses e associar
uma informação a outra para criar um conhecimento novo.

FIGURA 2 – ESTÁGIO COGNITIVO - PIAGET

FONTE: <https://bit.ly/35UdFor>. Acesso em: 24 abr. 2021.


56
Segundo Michelon et al. (2020), o desempenho motor é considerado um bom
indicador para avaliar o desenvolvimento infantil, por expressar não só a integridade dos
sistemas nervoso e motor, mas, também, aspectos afetivos, cognitivos e de interação social.

O desenvolvimento motor, na infância, caracteriza-se pela aquisição de um


amplo espectro de habilidades motoras, o que possibilita, à criança, um amplo domínio
do próprio corpo, de diferentes posturas (estáticas e dinâmicas). Ainda, locomover-
se pelo meio ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar) e manipular objetos e
instrumentos diversos (receber uma bola, arremessar uma pedra, chutar, escrever).

Todo ser humano nasce para se movimentar, evoluir e se tornar autónomo como
tal. A aprendizagem motora é contínua e gradual, ganhando competência e controle, ao se
superarem os desafios de um mundo em constante evolução (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

Gallahue e Ozmun (2005) e Filho e Manoel (2002) mencionam que o


desenvolvimento motor se manifesta a partir de três categorias de comportamento
motor: os movimentos de locomoção; manipulativos, ou de controle de objetos; e
de controle postural, ou estabilizadores. Gallahue e Ozmun (2005) caracterizam, em
seguida, cada um deles.

Os movimentos básicos locomotores se caracterizam pela mudança de posição


do corpo, relativamente, a um ponto fixo, como andar, correr, saltar. Os manipulativos são
demonstrados pela realização ou pela resseção de objetos, como lançar, chutar, receber,
e pelo uso da mão e do pulso para a prática de habilidades de motricidade fina, como
cortar ou costurar. Os estabilizadores são aqueles que envolvem estabilidade, ou seja, que
visam manter o equilíbrio em relação à força gravítica, como rodopiar, virar, inclinar-se etc.
Existe, ainda, um grande conjunto de movimentos que resulta da combinação dos três
tipos, estabilizadores, locomotores e manipulativos, a exemplo de saltar à corda.

Conforme Gallahue e Ozmun (2005), através de uma ampulheta, demonstram


as fases do desenvolvimento motor e os respetivos estágios de desenvolvimento.

57
FIGURA 3 – AMPULHETA DE GALLAHUE

FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/641551909411120514/>. Acesso em: 24 abr. 2021.

Assim, de acordo com os referidos autores, o processo de desenvolvimento


motor se divide em quatro fases de movimentos: reflexos, rudimentares, fundamentais
e especializados, sendo que cada uma delas será, resumidamente, descrita seguida.

Na base da pirâmide, encontra-se a fase dos movimentos reflexos, que são


movimentos involuntários, provocados por estímulos, como a luz, o som ou o toque.
Essa fase se subdivide em dois estágios: o estágio de codificação de informações, que
se inicia, ainda, dentro do útero, e que termina por volta dos quatro meses de idade; e o
estágio de decodificação de informações, que se inicia, aproximadamente, nos quatro
meses de idade e finda perto do primeiro ano de vida. No estágio de codificação, os
reflexos são o meio através do qual o bebé procura proteção, alimento e informação. No
de decodificação, esses reflexos vão sendo, progressivamente, inibidos, e a atividade
sensório-motora passa à motora-perceptiva.

Após a fase dos movimentos reflexos, surge a movimentos rudimentares, na


qual é assegurada a transição entre os movimentos involuntários e o aparecimento de
padrões de movimentos fundamentais. Estes são os primeiros movimentos voluntários

58
do bebê, com o aparecimento sequencial previsível e, a maturação, determinante.
Ainda, os fatores biológicos, ambientais e de tarefa podem influir. Denota-se uma
grande progressão do comportamento motor no sentido de aquisição de padrões que
apresentam, contudo, níveis muito diversificados.

Os movimentos rudimentares incluem movimentos estabilizadores (controle


da cabeça, pescoço e tronco; sentar-se, manter-se em pé), locomotores (rastejar,
engatinhar) e manipulativos (alcançar, segurar, largar). Essa fase se divide em dois
estágios: o de inibição de reflexos, que se inicia desde o nascimento e vai até o primeiro
ano de vida e o de pré-controle, que ocorre entre o primeiro e segundo ano. O estágio
de inibição reflexa se caracteriza, como o nome indica, pela inibição progressiva dos
reflexos, até que sejam substituídos por movimentos voluntários, mesmo que, ainda,
descontrolados. O estágio de pré-controle é caracterizado pela aprendizagem do
equilíbrio, da manipulação de objetos e da locomoção pelo espaço envolvente. Essa
fase é, também, marcada pelos rápidos desenvolvimentos cognitivo e motor, que, em
parte, podem se dever ao processo maturacional.

Ocorre, posteriormente, a fase dos movimentos fundamentais, que corresponde


ao período de exploração do corpo. As crianças reagem a diversos estímulos, e de forma
mais controlada e precisa, por isso, os movimentos estabilizadores, locomotores e
manipulativos são, individualmente, aprimorados, e, só depois, combinados.

Os movimentos estabilizadores englobam movimentos de equilíbrio dinâmico,


como caminhar em diferentes trajetórias, ou realizar um rolamento para a frente; de
equilíbrio estático, como se colocar, manter-se ou se equilibrar com um pé, e posturas
que abranjam inclinações e rotações.

Os movimentos locomotores englobam habilidades, como corridas, saltos,


galopes, dentre outras, e, por fim, os manipulativos abarcam o lançar, o receber, o
rebater, o pontapear etc.

A última fase corresponde à dos movimentos especializados, que resultam da


combinação das habilidades motoras, fundamentais para diversos desempenhos motores do
dia a dia, de lazer, ou, ainda, a nível desportivo. Os movimentos estabilizadores, locomotores
e manipulativos vão sendo aperfeiçoados, de acordo com a exigência das situações.

Essa fase se divide em três estágios: o estágio transitório, que decorre


entre os sete e os 10 anos de idade, caracteriza-se pela utilização das habilidades
motoras fundamentais em atividades de lazer e desportivas, agora, mais precisas
e controladas. Nesse período, a criança explora várias combinações de habilidades
motoras fundamentais que devem se traduzir em ações motoras inerentes aos demais
desportos. O estágio de aplicação, que se inicia por volta dos onze, e termina pelos treze
anos de idade, e que é caracterizado pelo crescente desenvolvimento cognitivo, aliado
a uma experiência motora, permite, à criança, tomar decisões quanto à própria prática

59
desportiva. O estágio de utilização permanente começa por volta dos catorze anos e se
prolonga ao longo da vida. É considerado o culminar do processo de desenvolvimento
motor, uma fase na qual as crianças utilizam todo o reportório motor, adquirido nos
estágios e fases anteriores, nas atividades desportivas que realizam no decorrer da vida.

Podemos entender que a afetividade engloba as capacidades de afetar e de


ser afetado pelos mundos externo e interno, por meio de sensações, as quais podem
ser agradáveis ou desagradáveis. A dimensão afetiva faz parte do processo evolutivo
humano e tem um papel marcante para o desenvolvimento integral dele.

Etimologicamente, a palavra afeto tem origem latina, affectus, que significa


estado psíquico, ou moral (bom ou mau); afeição, disposição de alma, estado físico,
sentimento, vontade. Historicamente, esse termo tem sido abordado desde a Grécia
antiga. Entre os filósofos, postulava-se a dicotomia entre razão e emoção.

FIGURA 4 – AFETIVIDADE

FONTE: <https://bit.ly/3DV8qRJ>. Acesso em: 24 abr. 2021.

O verbete afetividade é definido da seguinte forma: Conjunto de fenômenos


psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções; sentimentos e paixões,
acompanhados, sempre, da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação,
de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza.

A afetividade tem um papel determinante no processo de aprendizagem do ser


humano, pois está presente em todas as áreas da vida, influenciando, eminentemente, o
crescimento cognitivo. Ela potencializa o ser humano a revelar os próprios sentimentos
em relação a outros seres e objetos.

Segundo Almeida (1999, p. 42), “a afetividade tem um papel imprescindível


no processo de desenvolvimento da personalidade da criança, que se manifesta,
primeiramente, no comportamento, e, posteriormente, na expressão”.

O afeto é uma parte inerente da interação humana, e se desenvolve em


uma relação com a família, com as pessoas e dentro da escola. O grande desafio é,
entretanto, trazê-lo para ações conscientes. Para isso, é importante entender que

60
essa prática afetiva não é, necessariamente, dar carinho, mas, também, dar atenção a
quem o aluno é, ao que o afeta, de forma a auxiliar o aprendizado dele. Na prática, isso
significa, literalmente, prestar atenção na intenção por trás de cada atitude, percebendo
se as práticas estão auxiliando na construção do caminho educativo, com variação em
cada etapa (ALMEIDA, 1999). Essa relação é permeada através de um contrato afetivo,
de forma que o docente, ainda, seja uma figura de autoridade e de referência.

Podemos caracterizar o ensino da afetividade, para crianças, através de duas


diretrizes:

1. Os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil (RCNEI) definem


esse nível de ensino, contemplando a alimentação, a limpeza e o lazer (brincar). O
papel de EDUCAR, sempre, respeita o caráter lúdico das atividades, com ênfase no
desenvolvimento integral da criança (BRASIL, 1998). Os RCNEI (BRASIL, 1998) são
propostos para serem trabalhados com as crianças em seis eixos: Movimento, Música,
Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. Deve-
se desenvolver, nas crianças, algumas capacidades, como: ampliar relações sociais
pela interação com outras crianças e adultos; conhecer o próprio corpo; brincar e se
expressar das mais variadas formas; e utilizar diferentes linguagens para se comunicar.
2. Os campos de experiência da BNCC são as esferas de desenvolvimento que devem
ser trabalhadas durante a Educação Infantil.

Seguem os campos de experiência.

O eu, o outro e o nós

É um campo que consiste no início da busca pelas identidades pessoal e coletiva.


Nessa etapa, o professor precisa focar na função social da escola, favorecer o bom
convívio com diferenças e disseminar o entendimento das consequências negativas
dos preconceitos e das discriminações.

Exemplos de aplicação:

• bebês (0 a 1,5 ano): favorecer a autoconsciência corporal com atividades, como se


virar sozinho, brincar diante do espelho, e assim por diante;
• crianças bem pequenas (de 1,5 ano até 3 anos e 11 meses): aplicar a rotatividade de
brinquedos para que aprendam a ter solidariedade com o outro; propor atividades
de imitação e de aprendizado de características físicas;
• crianças pequenas (de 4 a 5 anos e 11 meses): ouvir histórias de costumes culturais
de diferentes povos, jogos em equipe e registro de memórias, a fim de estimular a
apropriação da própria história.

61
• Corpo, gestos e movimentos

Aqui, o professor deve estimular a criança a ter consciência do papel da música no


desenvolvimento humano, do próprio corpo e das possibilidades de movimento, para
uma vida mais saudável. Assim, o campo aborda atividades e brincadeiras que integram
corpo, emoções e linguagens.

Exemplos de aplicação:

• bebês: promover situações que estimulem o contato com outras crianças, animais
e adultos, para que possam observar movimentos corporais; estimular a autonomia,
como usar brinquedos com as próprias mãos e levar a colher à boca;
• crianças bem pequenas: aplicar atividades que ajudem a explicar conceitos, como
velocidade, intensidade, em cima/embaixo, perto/longe etc. e propor brincadeiras
que envolvam subir, escalar, pular e se equilibrar;
• crianças pequenas: brincar de imitar robôs, zumbis e outros personagens
imaginários, para que exercitem a inteligência corporal; frequentar aulas de dança,
mímica, teatro, esportes etc.

• Traços, sons, cores e formas

Esse é o campo de experiência que se refere às manifestações artísticas.


Os professores da Educação Infantil precisam trazer, para a sala de aula, diversas
expressões do mundo das artes, como a música, a pintura e a dança. Assim, ajudam os
pequenos a desenvolverem os sensos estético e crítico, além da liberdade de criação.

Exemplos de aplicação:

• bebês: brincar de bater palmas; acompanhar a música, batendo em um objeto;


possibilitar que o bebê investigue objetos, como lápis, carvão, papel e outros;
• crianças bem pequenas: criar sons com objetos diversos e instrumentos musicais;
explorar a argila e a massa de modelar, para descobrir texturas e formas; e conhecer
brincadeiras cantadas e músicas;
• crianças pequenas: explicar a diferença entre sons graves e agudos, fortes e fracos,
curtos e longos; e aplicar atividades de construção de brinquedos, inspirados no
artesanato local etc.

• Escuta, fala, pensamento e imaginação

Os professores devem ter a consciência de que, na escola, as crianças têm


contato com as estruturas linguísticas mais complexas. Por isso, devem ter essa
aproximação, para criar familiaridade com a oralidade e a escrita, por meio da contação
de histórias e das letras.

62
Exemplos de aplicação:

• bebês: mostrar canções, cujas letras se associam a movimentos; apresentar


parlendas e pequenas histórias;
• crianças bem pequenas: praticar a contação de histórias; produzir teatros de
fantoches; criar peças teatrais curtas; e propor que recontem narrativas simples;
• crianças pequenas: manter um projeto de leitura; mostrar as letras do alfabeto;
propor a encenação de histórias; e criar pequenos poemas.

• Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

O último campo de experiência tem relação com os mundos físico e sociocultural.


A partir das brincadeiras, as crianças aprendem a manipular objetos físicos e a explorar
o entorno delas, além de terem noção da pluralidade sociocultural existente.

Exemplos de aplicação:

• bebês: mostrar materiais que proporcionem diferentes experiências sensoriais,


como lanternas (luminosidade), cubos de gelo (temperatura), gelatina (consistência),
grãos de arroz (textura);
• crianças bem pequenas: ensinar a respeito da areia, terra, água e demais elementos;
promover a consciência espacial, com brincadeiras de empilhar objetos, do maior
para o menor, e vice-versa; classificar brinquedos por cor etc.;
• crianças pequenas: explorar materiais, como argila, ou massa de modelar,
para criar diversas figuras tridimensionais; observar transformações naturais,
como o crescimento de plantas em uma horta; estabelecer noções de distância,
comprimento e massa etc.

FIGURA 5 – DIVISÃO DAS FAIXAS ETÁRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

FONTE: <https://sae.digital/bncc-na-educacao-infantil/>. Acesso em: 24 abr. 2021.

63
DICA
Quer saber um pouco mais a respeito da BNCC? Então, recomendamos a leitura
do artigo intitulado dele O que são os Campos de Experiência da Educação Infantil,
de Rita Trevisan. Propõe-se uma nova organização curricular e se coloca a criança
como centro do processo educativo: https://bit.ly/37x76ID.

3 TAMANHO FÍSICO E MATURAÇÃO BIOLÓGICA


Ao falamos de tamanho físico, estamos nos referindo ao crescimento, que
corresponde ao processo resultante da multiplicação e da diferenciação celular, o
que determina alterações progressivas nas dimensões do corpo inteiro ou de partes e
segmentos específicos, em relação ao fator tempo, do nascimento à idade adulta.

Segundo Marcondes et al. (2002, p. 2),

os fatores que influenciam o crescimento do ser humano podem ser


divididos em fatores intrínsecos, aqueles relacionados ao sistema
neuroendócrino e à energia hereditária, e fatores extrínsecos,
aqueles relacionados ao ambiente, como a alimentação; as condições
socioeconômicas, geofísicas e de urbanização; e a relação mãe-filho.

O tamanho físico é avaliado pela aquisição de peso e de altura apropriados e


pelo aumento de todos os órgãos (exceto o tecido linfático, que diminui de tamanho). O
crescimento, do nascimento à adolescência, ocorre em duas fases distintas:

• Fase 1 (do nascimento até a idade de um a dois anos): essa fase é de crescimento
rápido, embora a taxa de crescimento diminua nesse período.
• Fase 2 (por volta dos dois anos até o início da puberdade): nessa fase, ocorre o
crescimento, com aumentos anuais, relativamente, constantes.

FIGURA 6 – ACOMPANHAMENTO DO TAMANHO FÍSICO

FONTE: <http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=553>. Acesso em: 15 abr. 2021.

64
A maturação se refere às transformações que capacitam o organismo a alçar
novos níveis de funcionamento. Com a maturação, a cada dia que passa, estamos mais
preparados para executar novas tarefas. Assim, direciona-se ao tempo e ao controle
temporal do progresso pelo estado biológico maduro.

A maturação diz respeito ao momento e à evolução para o desenvolvimento de


vários sistemas, em direção ao estado biológico maduro e às alterações qualitativas, as
quais capacitam o indivíduo a progredir para níveis mais altos de atividade. Com isso, o
processo de maturação tem foco no avanço, ou nos indicadores, para se alcançar esse
estado, incluindo as decorrências individuais.

Segundo Malina, Bouchard e Bar-Or (2004), as medidas de maturação variam,


de acordo com o sistema biológico considerado. Geralmente, os indicadores mais
utilizados são as maturações esquelética, sexual e somática.

A maturação esquelética é um procedimento de verificação do progresso


esquelético a partir dos raios-X da mão e do punho. Tem sido, mais comumente,
utilizado, pelos pesquisadores, para determinarem a idade biológica. Os ossos da mão
e do punho fornecem as bases para a avaliação, uma vez que essa região anatômica
permite a observação das alterações que ocorrem desde o período neonatal até o fim da
fase de crescimento estatural.

FIGURA 7 – MATURAÇÃO ESQUELÉTICA

FONTE: <https://bit.ly/3LPHW6Z>. Acesso em: 15 abr. 2021.

65
A maturação sexual se baseia na idade de aparecimento e de evolução das
características sexuais primárias e secundárias. As características sexuais primárias
são aquelas, diretamente, envolvidas com a reprodução, com o desenvolvimento dos
ovários, do útero e da vulva, nas meninas, e dos testículos, da próstata e da produção
de esperma, nos meninos.

As características sexuais secundárias são as ligadas ao dimorfismo sexual


externo, isto é, ao desenvolvimento dos seios, do pênis, dos pelos faciais e dos pelos
pubianos e à modificação da voz.

A maturação somática é utilizada para avaliar o desenvolvimento biológico,


utilizando-se, para isso, a análise do PVC em estatura, que pode ser obtido por uma fórmula,
a qual conta com medidas antropométricas de peso, estatura e altura troncocefálica.

FIGURA 8 – MATURAÇÃO SOMÁTICA

FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/427560558350010995/>. Acesso em: 24 abr. 2021.

4 EXERCÍCIO FÍSICO, LESÃO E DESENVOLVIMENTO MOTOR


NA INFÂNCIA
O termo exercício, que deriva do latim exercitĭu, é usado para designar a ação e
o resultado de se exercitar ou exercitar: praticar algo, ou usar uma faculdade mental, ou
um setor do corpo, repetidamente, para estimular uma atividade. A ideia de físico, por
sua vez, pode se referir ao corporal, ou corpóreo. Assim, o exercício físico é a atividade
realizada para preservar ou otimizar a condição física. Geralmente, é uma série de
movimentos que se repete periodicamente.

66
Os exercícios físicos podem ser definidos como qualquer movimento que
envolve um gasto energético de curta (anaeróbico) ou longa (aeróbico) duração, com
a finalidade de melhoria das capacidades físicas. Os exercícios aeróbicos são aqueles
que utilizam o oxigênio como fonte de energia para as contrações musculares, sendo
de intensidade leve ou moderada. Já os anaeróbicos são aqueles de intensidade mais
elevada, os quais necessitam de um esforço intenso, no entanto, de curta duração,
promovendo a formação do ácido láctico.

FIGURA 9 – EXERCÍCIO FÍSICO

FONTE: <https://bit.ly/37pzDzX>. Acesso em: 16 abr. 2021.

Entendemos que as crianças podem e devem fazer exercícios físicos. Essa prática
regular melhora o desenvolvimento dos ossos e dos músculos desde cedo, além de favorecer
a manutenção de um peso saudável ao longo da vida, fortalecer o sistema imunológico e
evitar que elas desenvolvam problemas de saúde decorrentes do sedentarismo.

Nas primeiras idades da infância, a preocupação deve ser direcionada à prática


de atividades físicas, como andar, correr, dançar, pular, subir e descer escadas, ou seja, de
atividades que tiram o nosso corpo do estado de repouso e favorecem o gasto de energia.

Seguem atividades físicas que podem ser realizadas:

Até os 6 anos

Quanto mais naturais são os movimentos dos seus filhos nessa fase, melhor. Por essa
razão, vale a pena visitar parques, permitir que as crianças andem de bicicleta (inicialmente,
com rodinhas), deixar que elas brinquem ao ar livre e adaptar os móveis de casa nesse sentido.
O gasto de energia vem das brincadeiras, como pular corda, correr e brincar de pega-pega,
pois as atividades físicas, na infância, adquirem um caráter bem lúdico.

67
Dos 6 aos 12 anos

A partir dos 6 anos, as habilidades motoras passam a ganhar o amadurecimento


necessário para a prática de exercícios físicos. Levar as crianças, que estão nessa fase,
para circuitos de corrida, também, é uma ótima escolha. A prática regular de corrida
melhora a capacidade cardiorrespiratória, mantém um nível adequado de colesterol,
aumenta o condicionamento físico, dentre outros benefícios. No entanto, vale lembrar
que a atividade deve ser feita de forma leve.

A partir dos 12 anos

As crianças desenvolvem força, equilíbrio e flexibilidade a partir dos 12 anos.


Deve-se priorizar as habilidades motoras do corpo, e não o ganho de massa muscular.

No uso cotidiano, na área médica, a lesão é um termo que congrega todas as


modificações anormais de um tecido biológico. Ela pode se tratar de um simples corte,
queimadura ou ferida. Ainda, igualmente, resultar da ação de um agente patogênico, ou
de um problema metabólico, fisiológico ou imunológico. Em todos os casos, a lesão diz
respeito a um dano provocado aos tecidos corporais do paciente.

Uma lesão é definida como uma lesão corporal de nível orgânico, resultante de
uma exposição aguda à energia (mecânica, térmica, elétrica, química ou radiológica)
em quantidades que excedam o limite de tolerância fisiológica. Em alguns casos
(por exemplo, afogamento, estrangulamento, congelamento), o dano resulta de uma
insuficiência de um órgão vital (BAKER, 1984).

Uma lesão ocorre quando o corpo é exposto a uma energia maior do que a
capacidade para absorvê-la. Essa energia pode se encontrar de várias formas, como
mecânica, térmica, elétrica e química.

A seguir, apresentaremos, de forma resumida, um pouco mais de cada uma:

• Energia mecânica, também, chamada de energia cinética, está associada ao


movimento. É a forma que, mais frequentemente, associa-se às lesões, e que é
ligada a uma variedade de tipos de lesões, incluindo quedas, acidentes de trânsito e
obstruções das vias aéreas (entalar-se entre as grades do berço, engasgar-se com
alimentos e pequenos objetos e se sufocar com travesseiros e bichos de pelúcia).

• A energia térmica está associada à temperatura, alta ou baixa. Ela inclui chamas
abertas, superfícies e líquidos. Fogo e chamas são as causas líderes de lesões
térmicas. Queimaduras são as lesões mais comuns.

• A energia elétrica está associada à eletricidade, a fiações e tomadas. Perigos comuns


incluem circuitos sobrecarregados, como a utilização de fios desgastados ou que
passam sob tapetes sujeitos a danos, como em áreas de alta movimentação. Esses
perigos podem levar ao choque elétrico e a queimaduras.

68
• A energia química é encontrada nas substâncias químicas, nos estados líquido,
sólido ou gasoso. Estão incluídos medicamentos, produtos de limpeza, cáusticos e
ácidos e metais pesados (como chumbo, pesticidas e outros). A lesão mais comum
é o envenenamento por ingestão de alguma substância química.

Como podemos verificar, lesões fazem parte do contexto humano, seja um


adulto ou uma criança, entretanto, os riscos são maiores nas crianças, pois elas estão
descobrindo, experimentando e aprendendo os riscos a serem evitados.

Fatores de riscos de lesões, em crianças de zero a quatro anos, incluem:

Falta de habilidade para entender e reconhecer perigos.


Coordenação, ainda, a se desenvolver.
Tendência de imitar o comportamento do adulto.
Habilidade limitada para reagir de maneira rápida e correta.

Agora, seguem fatores de riscos de lesões em crianças maiores:

Realização de tarefas de adultos.


Interesse a ter pelo perigo.
Interesse por correr riscos.
Tendência a desafiar uns aos outros para agir perigosamente.
Mais tempo livre sem ser supervisionado por um adulto.

As medidas tomadas, para a prevenção de lesões, são chamadas de intervenções.


Essas intervenções podem ser implantadas em qualquer momento da lesão – desde
preveni-la (prevenção primária) a reduzir a severidade dela (prevenção secundária).
Ainda, tratar a lesão de maneira medicamentosa (prevenção terciária).

Prevenção Primária: prevenir uma lesão ao se retirar o perigo ou torná-lo


inacessível, assim, a lesão não ocorre. Exemplos: eliminar pequenas partes de brinquedos
de bebês e trancar os venenos e estocá-los em um local alto, fora do alcance das crianças.

Prevenção Secundária: reduzir a severidade do ocorrido, assim, ocorre a experiência


da lesão. No entanto, reduzir, ou eliminar o perigo potencial, limita a severidade. Exemplos:
utilizar pijamas antichama, capacetes de bicicletas e cintos de segurança.

Prevenção Terciária: curar a lesão instalada. Um tratamento médico efetivo


melhora o ocorrido. Exemplos: uma criança lesada ser tratada no local, com socorro
imediato, e, depois, receber atendimento médico e reabilitação apropriados.

O desenvolvimento motor é considerado

como um processo sequencial, contínuo e relacionado à idade


cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade
de habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e
desorganizados para a execução de habilidades motoras, altamente,
organizadas e complexas (HAYWOOD; GETCHELL, 2004, p. 23).

69
Assim, o movimento humano pode ser entendido de diversas formas, como um
meio de se locomover para apanhar algum objeto, mas, de forma geral, está relacionado
à qualidade de vida, assim, com poucas limitações, melhor será. Dessa forma, o
movimento é presente em quase todas as atividades humanas, seja em atividades
domésticas, no trabalho, em um treinamento ou no lazer.

As crianças realizam, naturalmente, muitas atividades motoras na infância,


como correr, pular, saltar, arremessar, dentre outras, sendo, essas habilidades motoras,
fundamentais. Conhecidos como marcos motores, os desenvolvimentos motores,
na primeira infância, possuem alguns estágios, conforme a idade e o mês em que se
encontra a criança. Assim, seguem algumas atividades que podem ser realizadas na
faixa etária do primeiro mês de vida até os 6 anos, com ou sem ajuda de um adulto:

FIGURA 10 – BOLA NO CESTO

FONTE: <https://bit.ly/3v1aHag>. Acesso em: 20 abr. 2021.

FIGURA 11 – CIRCUITO

FONTE: <https://bit.ly/3NZB5dh>. Acesso em: 24 abr. 2021.

70
FIGURA 12 – AMARELINHA

FONTE: <https://www.wemystic.com.br/brincadeiras-infantis-origem-mistica/>. Acesso em: 20 abr. 2021.

FIGURA 13 – ENCAIXES DE OBJETOS

FONTE: <https://bit.ly/38vYQcpl>. Acesso em: 20 abr. 2021.

FIGURA 14 – EQUILÍBRIO

FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=01v_EminygY>. Acesso em: 20 abr. 2021.

71
FIGURA 15 – SALTANDO

FONTE: <https://bit.ly/3KoxFyh>. Acesso em: 20 abr. 2021.

DICA
Quer saber mais a respeito do desenvolvimento motor em crianças? Então, recomendamos a
leitura da obra que segue, a qual expõe o amplo espectro multidisciplinar que, necessariamente,
permeia o exercício do cuidar de crianças que nascem e se desenvolvem no século XXI.

FONTE: <https://amzn.to/3rezRB7>. Acesso em: 24 abr. 2021.

72
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O crescimento corresponde ao processo resultante da multiplicação e da


diferenciação celulares, o que determina alterações progressivas nas dimensões do
corpo inteiro ou de partes e segmentos específicos, em relação ao fator tempo, do
nascimento à idade adulta.

• O desenvolvimento é a capacidade que o indivíduo vai adquirindo de realizar funções


cada vez mais complexas.

• As fases do desenvolvimento, segundo Piaget, são: estágios sensório-motor; pré-


operacional, ou simbólico; operatório concreto; e operatório formal.

• A chamada Ampulheta do Desenvolvimento Motor, ou Ampulheta da Vida, de


Gallahue e Ozmun, tem, como objetivo, ilustrar as fases de desenvolvimento que
adquirimos ao longo da vida, até a morte. Esse desenvolvimento se divide em quatro
fases sequenciadas, e tem, como referência, o avanço da idade cronológica.

• São cinco eixos de experiência, na BNNC, da educação infantil.

• A divisão das faixas etárias, na educação infantil, é a seguinte: bebês, crianças bem
pequenas e crianças pequenas.

• O tamanho físico está ligado a um processo dinâmico que apresenta, visualmente,


o aumento do tamanho corporal.

• A maturação é o desenvolvimento do organismo.

• Os tipos de maturação são esquelética, sexual e somática.

• O exercício físico é uma atividade que, também, aumenta o gasto energético, porém,
com caráter planejado e estruturado, como tempo, distância ou ritmo determinado.

• A lesão é um termo utilizado para descrever qualquer dano, ou mudança, no tecido


de um organismo vivo.

• O desenvolvimento motor pode ser identificado com um processo de mudança do


comportamento, relacionado com a idade, de postura e de movimento da criança.

73
AUTOATIVIDADE
1 Comente, com as suas palavras, qual é a diferença entre desenvolvimento e
crescimento.

2 O que se desenvolve no estágio operatório de Piaget?

3 O que se adquire, na fase motora reflexiva, que está dentro da ampulheta de Gallahue?

a) ( ) Decodificação da informação.
b) ( ) Codificação da linguagem.
c) ( ) Codificação motora.
d) ( ) Codificação pedagógica.

74
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
DESENVOLVIMENTO DO MOVIMENTO
FUNDAMENTAL

1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento motor é um componente do desenvolvimento geral do
ser humano. É, comumente, definido como as alterações do comportamento motor
através do ciclo da vida.

É importante salientar que o desenvolvimento, nesse contexto, refere-se a


alterações motoras progressivas, isto é, o ser humano apresenta uma melhoria linear na
performance motora e isso acontece toda vez que se torna necessário o aprimoramento
de tais habilidades, mas, com o passar dos anos, ou seja, com o processo de
envelhecimento, essa performance se deteriora na velhice.

Compreender como adquirimos o controle motor e a coordenação dos


movimentos é fundamental para entendermos como vivemos. Quando compreendemos
o processo de desenvolvimento de um indivíduo típico, assimilamos orientações
fundamentais importantes para a eficácia do ensino e da aprendizagem.

As instruções, com base no desenvolvimento, envolvem experiências de


aprendizado que são, não apenas, adequadas à idade, mas, também, apropriadas e
divertidas, em termos de desenvolvimento. O fornecimento de instruções é um aspecto
importante do processo ensino-aprendizado.

Para podermos entender melhor os movimentos fundamentais, adotaremos


uma nomenclatura que se faz necessária para as aplicações conceitual e técnica, a qual
se reflete com os nomes de padrões motores e habilidade motora.

O desenvolvimento dos padrões fundamentais de movimento, como andar,


correr, saltar e arremessar, segue uma sequência de estágios, representando níveis
graduais de proficiência, isto é, de controle motor. Esses padrões constituem a primeira
forma de ação voluntária para o controle de movimentos, e podem ser definidos como
o conjunto de características básicas de sequência e de organização de movimentos
dentro de uma relação espaço-temporal.

O domínio dos padrões motores fundamentais é essencial para o desenvolvimen-


to motor. Essas habilidades devem compor o repertório motor da criança e servem, como
base, para o desenvolvimento de muitas especializadas, momento em que as habilidades
motoras fundamentais são refinadas e combinadas para a realização de movimentos com-
plexos, em atividades do cotidiano ou esportivas (AKBARI et al., 2009; EATHER et al., 2018).

75
A habilidade motora pode ser entendida como um ato, ou tarefa, e quase todo
ato motor, ou movimento, pode ser considerado uma habilidade. São movimentos que
devem ser aprendidos, a fim de serem executados corretamente.

As habilidades motoras fundamentais são compostas por habilidades de


locomoção (correr, saltar, rolar), de estabilidade (equilibrar-se sobre uma perna ou sobre
uma barra de equilíbrio) e de manipulação (arremessar, chutar, pegar) (GALLAHUE;
OZMUN; GOODWAY, 2013; RUDD et al., 2015). Também, são influenciadas por fatores do
indivíduo, do ambiente e da tarefa. Servem, como base, para o domínio de movimentos
complexos que combinem essas habilidades citadas (AKBARI et al., 2009; EATHER et al.,
2018). O domínio das habilidades motoras fundamentais é essencial para realização de
tarefas cotidianas, como caminhar até o outro lado da rua, equilibrar-se sobre uma perna
para alcançar um objeto, ou pegar uma caixa (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).

NOTA
Para entender melhor, devemos nos lembrar das fases dos movimentos
fundamentais, definidos em três estágios: inicial, elementar e maduro.

Estágio Inicial: são as primeiras tentativas da criança em relação a uma habilidade


fundamental. Estão, nesse nível, as crianças com dois anos de idade.

Estágio Elementar: envolve um forte controle e uma melhor coordenação rítmica


dos movimentos fundamentais. As crianças de três a quatro anos estão nesse nível
de aprendizagem. Percebe-se que muitas crianças e adultos não passam desse
estágio em muitos padrões de movimento.

Estágio Maduro: verifica-se a existência de desempenhos, mecanicamente,


eficientes, coordenados e controlados. Os dados disponíveis sugerem que as
crianças podem, e devem, atingir esse estágio aos cinco ou seis anos de idade.

2 HABILIDADE DE MANIPULAÇÃO
As habilidades de manipulação de objetos são caracterizadas pela força que é
entregue a um dado objeto. Essas habilidades são essenciais para a interação intencional
e controle de objetos do nosso meio (GALLAHUE; DONNELLY, 2008).

Assim, a habilidade manipulativa é o processo de usar a mão para ajustar


um objeto, de forma a posicioná-lo, de maneira mais efetiva, na mão, para uso,
posicionamento ou soltura.

Uma boa preparação de ensino das habilidades manipulativas requer conhecê-


las e agrupá-las para desenvolver atividades, assim, a seguir, sugeriremos exercícios
e atividades simples e tradicionais que são excelentes para desenvolver a habilidade

76
de manipulação. Esses exercícios de controle facilitam o desenvolvimento a partir da
repetição, ampliando, ou diminuindo, espaços e ritmos.

• Atividades com diferentes tamanhos e formas de bolas: podem ser balões, murchas,
menores do que as oficiais, saquinhos de feijão ou de areia, dentre outras;
• Rolar a bola pelo corpo.
• Controlar a bola com os pés e os joelhos.
• Passar a bola entre as pernas.
• Arremessar a bola para o alto e pegá-la.
• Arremessar uma bola contra uma parede.
• Em duplas, jogar a bola de um para o outro com as duas mãos.
• Em duplas, jogar a bola de um para o outro, alternando as mãos e a altura da jogada.
• O professor, à frente, jogar a bola para o aluno em diferentes alturas e distâncias.
• Jogar a bola para cima, bater palmas e pegar.
• Jogar uma bola de um para o outro em duplas, trios, quartetos.
• Quicar diferentes tamanhos de bola em um determinado espaço.
• Passar uma bola de um para o outro com um dos pés. Primeiramente, com o
dominante, depois, com o outro.
• Praticar o exercício anterior em círculo.
• Passar uma bola de um para o outro com um dos pés. Primeiramente, com o
dominante, depois, com o outro.
• Praticar o exercício anterior em círculo.
• Colocar a música dos Escravos de Jó com materiais.
• Jogar bola ao túnel.
• Entre cones, quicar a bola.
• Entre cones, andar; ir rolando a bola com um dos pés, e, depois, com o outro, sem pressa.
• Com a rede de voleibol entre duas equipes de alunos, jogar a bola de um para o
outro, e aleatoriamente.
• Praticar o mesmo exercício anterior, variando a altura e a força a partir das quais a
bola é jogada.
• Utilizando uma bola grande, atirar com os pés separados, e, depois, juntos, contra a
parede, utilizando a mão direita, ou esquerda, para atirar.
• Utilizando uma bola pequena, ou um saco de areia, jogar para o outro companheiro,
com diferentes posições corporais.
• Desenvolver o atirar com o braço levantado (a mão acima dos ombros), com força,
suave, rápido, no alvo.
• Agarrar, chutar e quicar bolas pequenas e grandes, em diversas posições, com os
lados direito e esquerdo do corpo.

3 HABILIDADE DE LOCOMOÇÃO
Habilidades locomotoras são relacionadas aos movimentos corporais que geram
um movimento geral do corpo através do espaço.

77
São aquelas a partir das quais o corpo é transportado em uma direção vertical
ou horizontal, de um ponto para o outro. Atividades, como andar, correr e saltar, são
consideradas movimentos locomotores fundamentais.

Para Gallahue e Donnelly (2008), os movimentos locomotores permitem a projeção


do corpo de um ponto a outro do espaço. Através da conquista de movimentos, como rastejar,
escorregar, caminhar, correr, saltar, e tantos outros, o indivíduo estabelece relações com o
ambiente, em busca de objetivos. Assim, seguem algumas atividades de locomoção, como:

FIGURA 16 – CRIANÇAS SALTANDO ENTRE BAMBOLÊS

FONTE: <https://bit.ly/372KdNm>. Acesso em: 24 abr. 2021.

FIGURA 17 – CRIANÇAS ANDANDO POR OBSTÁCULOS

FONTE: <https://bit.ly/3KrGHun>. Acesso em: 20 abr. 2021.

78
FIGURA 18 – SALTANDO OBSTÁCULOS

FONTE: <htttp://www.colegiologosofico.com.br/noticias/48318/turmas-do-infantil-praticam-corrida-com-
-obstaculos-nas-aulas-de-educacao-fisica>. Acesso em: 20 abr. 2021.

4 HABILIDADES DE ESTABILIDADE
As habilidades de estabilização são aquelas que possibilitam, ao indivíduo,
recuperar e manter o equilíbrio, como apoios e rolamentos.

Para Gallahue e Ozmun (2005), a estabilidade se refere à habilidade de manter o


equilíbrio em relação à força da gravidade, mesmo que a natureza da aplicação da força
possa ser alterada ou que partes do corpo possam ser colocadas em posições pouco
comuns. Portanto, ela está presente desde as mais simples atividades do nosso dia a
dia até tarefas de grande complexidade.

Quando se fala de estabilidade, no sentido literal, imagina-se estável, ou bem


equilibrado, contudo, com relação à habilidade motora, vai muito além disso. A habilidade
envolve o equilíbrio em toda a esfera de alcance, como o estático, o dinâmico e o
recuperado. O estático é o equilíbrio sem movimento; o dinâmico, com movimentação, e, o
recuperado, reestabelecido depois de uma súbita perda. Assim, a partir dessas afirmações,
pode-se constatar que, realmente, dentro das outras habilidades, as manipulativas e as
locomotoras, sempre, há a presença da estabilidade, tornando os movimentos interligados.

Seguem algumas atividades estabilizadoras:

FIGURA 19 – SALTANDO COM UM PÉ SÓ

FONTE: <https://morumbisul.com.br/brinquedos-e-brincadeiras/>. Acesso em: 20 abr. 2021.


79
FIGURA 20 – EQUILÍBRIO EM UM PÉ SÓ

FONTE: <https://bit.ly/3vbbsxA>. Acesso em: 20 abr. 2021.

FIGURA 21 – ESTRELINHA

FONTE: <https://bit.ly/379My9g>. Acesso em: 20 abr. 2021.

80
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O desenvolvimento motor é o termo designado para o processo de mudança no


comportamento, na postura e no movimento de um indivíduo ao longo da vida.

• A habilidade motora é qualquer tarefa, simples ou complexa, que, por intermédio


da exercitação, pode passar a ser efetuada com um elevado grau de qualidade,
podendo chegar à automatização.

• As habilidades motoras fundamentais são: locomotoras (correr e saltar),


estabilizadoras (equilibrar e rolar) e manipuladoras (arremessar, receber, chutar,
rebater e quicar).

• As habilidades manipulativas envolvem movimentos finos e grossos. A manipulação


motora fina se refere às atividades que enfatizam o controle, a precisão e a exatidão dos
movimentos, e a grossa envolve movimentos de dar ou receber as forças de objetos.

• A locomoção abarca as capacidades de projetar o corpo no espaço e de alterar


a posição relativa dele frente aos pontos fixos da superfície, o que caracteriza as
habilidades motoras locomotivas.

• Têm o direcionamento, as habilidades motoras estabilizadoras, aos movimentos


que envolvem um aspecto de estabilidade, ou seja, manter em equilíbrio a relação
indivíduo e força da gravidade.

81
AUTOATIVIDADE
1 Comente, com as suas palavras, a diferença entre desenvolvimento e habilidade
motora.

2 Quais são as habilidades motoras fundamentais? Identifique uma ação para cada
uma delas.

3 Existe a possibilidade de realizar duas habilidades motoras fundamentais ao mesmo


tempo? Na ação de pular amarelinha, quais seriam elas?

a) ( ) Estabilização e locomoção.
b) ( ) Estabilização e manipulação.
c) ( ) Manipulação e fundamental.
d) ( ) Locomoção e manipulação.

82
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NA INFÂNCIA

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, apresentaremos algumas atividades a serem desenvolvidas,
pela criança, no brincar, dentro do contexto dela, pois, através do movimento,
inclui-se a interação do neuromotor e das funções psicológicas, contribuindo para o
desenvolvimento neuropsicomotor da criança. Dessa forma, podemos, também, verificar
que o treino de força e a resistência são importantes no processo psicomotor. Por fim,
as avaliações são de suma importância em todas as etapas do desenvolvimento infantil.

2 TREINAMENTO DE FORÇA E DE RESISTÊNCIA,


PARA MENINOS E MENINAS, NA PRÉ-PUBERDADE E
PSICOMOTRICIDADE
O treino de força é aquele que exige muito dos músculos, ou seja, no momento
da execução, o indivíduo necessita do maior número de fibras musculares possível para
vencer a resistência oferecida pelo próprio corpo.

Pode ser feito por qualquer pessoa, desde que haja o acompanhamento de
um profissional qualificado. Além de melhorar a força, o treino ajuda no equilíbrio, na
coordenação motora, na agilidade etc.

O treinamento de força (TF), também, conhecido como musculação, é uma


forma específica de condicionamento físico. Pratica-se de inúmeras maneiras e se
difere em modelos e métodos de treinamento (TIBANA; PRESTES, 2013).

O treinamento de força melhora a coordenação, o equilíbrio, potência, força e


resistência. Além disso, esse processo é indicado para diversos públicos e idades, que
variam desde crianças a adolescentes, adultos e idosos, com necessidades especiais ou
não, e, até mesmo, com patologias (CAMPOS, 2000).

83
FIGURA 22 – TREINAMENTO DE FORÇA

FONTE: <https://bit.ly/3Kwqjco>. Acesso em: 20 abr. 2021.

A resistência consiste na capacidade de manter o fôlego mesmo quando se está


fazendo um grande esforço físico. Assim, o treino serve para aumentar essa capacidade
durante a prática dos mais diversos esportes. Sem esse treino, o rendimento do trabalho
cai, pois o cansaço domina o corpo mais cedo.

A resistência motora é o componente da capacidade funcional que permite


realizar movimentos, durante um determinado intervalo de tempo, sem perdas
significativas de qualidade da execução, assim, prolonga-se o tempo de execução até
o surgimento dos sintomas, dos sinais de fadiga. A resistência pode ser dividida em
anaeróbia alática, anaeróbia lática e aeróbia.

FIGURA 23 – RESISTÊNCIA

FONTE: <https://bit.ly/3Jn5f6D>. Acesso em: 20 abr. 2021.

Conforme Fontoura (2003), a força muscular é um dos componentes da aptidão


física, e ela se faz importante em todas as faixas etárias, no nosso caso, em crianças
e adolescente pré-púberes. Necessitam desenvolver condicionamento cardiovascular,
flexibilidade e habilidades motoras, além da força (FLECK; KRAEMER, 1999).

84
3 INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NA INFÂNCIA
Apresentaremos algumas atividades de força e de resistência que podem ser
realizadas com crianças e pré-adolescentes, as quais favorecem a intervenção psicomotora.

Para iniciar, é de grande valia que se procure um médico, o qual realiza todos
os exames necessários para que seja considerado apto para essa prática. Em seguida,
um profissional competente, pois um professor que tenha conhecimento da prescrição
correta dos exercícios pode fazer a diferença.

Durante a realização dos exercícios, ele deve estar próximo, ao corrigir, orientar e
dar o devido suporte para a criança. Realizar um aquecimento lúdico, fazer as correções
posturais e aplicar as cargas e as repetições adequadas fazem parte de um treinamento
saudável. Um local adequado, com equipamentos que, realmente, possam ser utilizados
em benefício, também, é de grande valia. A criança que pratica musculação necessita não
só da orientação do professor, a respeito dos benefícios do que ela está fazendo, mas,
também, que os treinos sejam atraentes e cativantes. Para isso, um local alegre, arejado e
limpo contribui para uma evolução melhor. Os equipamentos devem estar em condições
de uso e não oferecer riscos de lesões. Ainda, adequados às estaturas das crianças.

Ao prescrever os exercícios para as crianças e os pré-adolescentes, deve-se observar


que, para as flexões e as extensões, os movimentos devem ser realizados com total amplitude,
lentos e equilibrados. As repetições precisam ficar entre 15 e 20, por serem mais importantes
do que a carga, propriamente, dita, a qual deve ser pequena. É preciso se atentar, também,
ao exercitar alguns grupos musculares, para que sejam exercitados, ainda, os antagônicos,
assim, ocorre o equilíbrio muscular. Os treinamentos necessitam de uma frequência de duas
a três vezes por semana, com um tempo, por treino, de 20 a 30 minutos, sendo que, para
os adolescentes, esse tempo pode ser um pouco maior. Por fim, é importante que haja, pelo
menos, um dia de descanso, entre os treinos, para a perfeita recuperação muscular.

Seguem algumas atividades de força e de resistência para crianças e pré-


adolescentes, as quais contribuem para a psicomotricidade e são muito divertidas.

85
FIGURA 24 – CARRINHO DE MÃO

FONTE: <https://bit.ly/3DU96H6>. Acesso em: 20 abr. 2021.

FIGURA 25 – SUSPENSÃO EM PRANCHA ESTENDIDA

FONTE: <https://bit.ly/3jkngYQ>. Acesso em: 20 abr. 2021.

FIGURA 26 – CABO DE GUERRA.

FONTE: <https://bit.ly/35SPIh4>. Acesso em: 20 abr. 2021.

86
FIGURA 27 – TÉCNICA DE ELEVAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3DZah8n>. Acesso em: 20 abr. 2021.

FIGURA 28 – PIQUE NO LUGAR

FONTE: <https://bit.ly/3O3WeD9>. Acesso em: 20 abr. 2021.

FIGURA 29 – ELEVAÇÃO LATERAL COM RESISTÊNCIA DAS PERNAS

FONTE: <https://bit.ly/38HlZsG>. Acesso em: 20 abr. 2021.

87
FIGURA 30 – RESISTÊNCIA EM DUPLA

FONTE: <https://bit.ly/3DZah8n>. Acesso em: 20 abr. 2021.

FIGURA 31 – ABDOMINAL

FONTE: <http://previva.com.br/atividade-fisica-faixa-etaria/>. Acesso em: 20 abr. 2021.

88
LEITURA
COMPLEMENTAR
Avaliações dos estágios de desenvolvimento motor na infância

O desenvolvimento motor é o processo de mudança de comportamento


relacionado à idade, de postura e de movimento da criança. É uma fase com alterações
complexas e interligadas, na qual participam todos os aspectos de crescimento e de
maturação dos aparelhos e dos sistemas do organismo. O desenvolvimento motor não
depende, apenas, da maturação do sistema nervoso, mas, também, da biologia, do
comportamento e do ambiente.

Uma das melhores formas de avaliar é através da escala motora para crianças
“EDM”, um instrumento singular capaz de analisar o desempenho motor nas seis
diferentes áreas que enfocam os elementos básicos da motricidade humana: motricidade
fina, coordenação global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e temporal.
Rosa Neto (2002) afirma que é uma escala de fácil manejo para o examinador. No
geral, as provas são muito estimulantes, a partir das quais a criança colabora durante o
transcurso do exame, ao estabelecer uma confiança e empatia perante o examinador, o
que proporciona uma forte confiabilidade dos resultados.

A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) é um instrumento, elaborado por


Rosa Neto (2002), com o intuito de fazer uma avaliação psicomotora das crianças,
através de um conjunto de provas diferentes e com grau de dificuldade crescente, com
o objetivo de mensurar o desenvolvimento motor delas.

Esse teste permite avaliar o nível de desenvolvimento motor ao considerar êxitos


e fracassos, mediante a idade cronológica, as idades motoras e os quocientes motores. A
avaliação é dividida em sete áreas: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema
corporal, organização espacial e temporal, além da lateralidade (mão, olhos e pés).

A administração da bateria de testes é individual, iniciada pela idade cronológica


da criança. Quando o êxito é obtido, avançava-se para as tarefas relativas às idades
seguintes, até que um erro seja detectado. Quando a criança não obtém êxito na primeira
tentativa, o examinador recorre às tarefas pertinentes às idades anteriores, até a obtenção
de sucesso por ela. Os dados são tabulados por Idade Cronológica (IC), em meses, e pelas
respectivas idades motoras (IM), em cada tarefa, cujo resultado é provido com base nas
tabelas normativas, indicadas pelo autor. A Idade Motora Geral (IMG) é obtida a partir da
razão entre a soma das idades motoras e o número de tarefas realizadas.

89
FIGURA 32 – AVALIAÇÃO MOTORA EDM

FONTE: <https://bit.ly/3joeucf>. Acesso em: 20 abr. 2021.

DICA
Quer saber mais um pouco a respeito do treinamento de força para crianças? Um método
que pode ser, especialmente, benéfico para elas, é o emprego de exercícios com o peso
corporal. Essas atividades podem desenvolver a aptidão muscular, aumentar a coordenação
e o equilíbrio dos músculos e melhorar o desenvolvimento dos tecidos moles. Assim, o livro
a seguir introduzirá o leitor ao emprego de exercícios com o peso corporal, compatíveis
à idade, com informações valiosas da área de fisiologia do exercício, relacionada ao
desenvolvimento e ao planejamento de um programa.

REA, M. Treinamento de força para crianças. 1. ed. São Paulo: Phorte, 2000.

90
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O treino de força é o máximo de força que um músculo, ou grupo muscular, pode


produzir, a partir de um padrão específico de movimento, realizado em determinada
velocidade.

• O treino de resistência é a capacidade de trabalhar a resistência, a força dos


músculos por longos períodos de tempo, isto é, suportar a carga por mais tempo ao
resistir a mais repetições de determinado exercício.

• A força é um componente essencial do desempenho motor, visto que certo nível de


força muscular é necessário para executar uma tarefa.

• A força muscular é fundamental, também, como capacidade motora para a realização


de tarefas diárias, e um elemento essencial para a evolução nos conteúdos próprios
da atividade física.

• O treino de força mais adequado, para crianças, parece ser o que utiliza o peso
corporal, visto que, durante a infância, deve-se desenvolver, de maneira geral, e
abrangente, o sistema locomotor, ao ser utilizado o ímpeto natural de movimento.

• Durante o início da puberdade, observam-se grandes ganhos de força muscular,


visto que, nessa fase, ocorre um aumento significativo da massa muscular, devido à
liberação de hormônios sexuais e do hormônio do crescimento.

91
AUTOATIVIDADE
1 Comente, com as suas palavras, a diferença entre os treinos de força e de resistência.

2 Cite duas atividades que podemos fazer, com crianças e adolescentes, de treino de
força.

3 Segundo vários autores, qual é a melhor avaliação psicomotora a ser feita com
crianças e adolescentes?

a) ( ) Escala de Desenvolvimento Motor (EDM).


b) ( ) Escala de Idade Cronológica (IC).
c) ( ) Escala de Idade Motora (IM).
d) ( ) Teste de Denver.

92
REFERÊNCIAS
AKBARI, H. et al. The effect of traditional games in fundamental motor skill development
in 7–9-year-old boys. Iranian Journal of Pediatrics, v. 19, n. 2, p. 123-129, 2009.

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GALLAHUE D. L.; DONNELLY, F. C. Uma visão geral da educação física


desenvolvimentista para todas as crianças. 4. ed. São Paulo: Phorte Editora, 2008.

GALLAHUE, D.; OZMUN, J. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebés,


crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2005.

GALLAHUE, D.; OZMUN, J.; GOODWAY, J. Compreendendo o desenvolvimento motor:


bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

93
HAYWWOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3. ed.
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MALINA, R. M.; BOUCHARD, C.; BAR-OR, O. Growth, maturation, and physical


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PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre:
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literatura. Revista Brasileira de Cardiologia, v. 26, n. 1, p. 66-76, 2013.

94
UNIDADE 3 —

INTERVENÇÕES
PSICOMOTORAS NA
ADOLESCÊNCIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• ter a compreensão das transformações biológicas e psicossociais;

• estudar o conhecimento e a percepção corporais;

• entender as características do desenvolvimento motor fundamental;

• analisar as noções do desenvolvimento psicomotor na adolescência.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCÊNCIA


TÓPICO 2 – MOVIMENTO ESPECIALIZADO
TÓPICO 3 – INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS

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um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

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A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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96
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA
ADOLESCÊNCIA

1 INTRODUÇÃO
Ao chegarem na adolescência, os jovens crescem das mais variadas formas,
com os desenvolvimentos do físico, do cognitivo e do pessoal.

Aqui, direcionaremos a nossa aprendizagem às mudanças físicas, as quais ocorrem


fora e dentro do corpo, o que acontece através de um processo, chamado de puberdade.

Apesar dos principais marcos do desenvolvimento físico, na adolescência, estarem


presentes em todos, o tempo varia muito, tanto entre os sexos quanto dentro deles. Alguns
adolescentes exibem sinais físicos de maturidade mais cedo do que os pares deles.

A adolescência é definida como um período biopsicossocial que compreende,


segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (1965), a segunda década de vida, ou seja,
dos 10 aos 20 anos. Esse, também, é o critério adotado pelo Ministério da Saúde, do Brasil,
e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA), o período vai dos 12 aos 18 anos. Em geral, a adolescência se
inicia com as mudanças corporais, decorrentes da puberdade, e termina com as inserções
social, profissional e econômica na sociedade adulta (FORMIGLI; COSTA; PORTO, 2000).

As mudanças e as continuidades que o adolescente vivencia, nesse processo de


desenvolvimento, têm relação com essa fase específica (mudanças físicas e cognitivas)
e com as modificações que ocorrem na sociedade da qual participa.

2 CRESCIMENTO NA ADOLESCÊNCIA, PUBERDADE E


MATURAÇÃO BIOLÓGICA
Atualmente, a adolescência é tida como um período, extremamente, relevante dentro
dos processos de crescimento e de desenvolvimento, quando as transformações físicas-
biológicas da puberdade se associam àquelas dos âmbitos psico-sociocultural e econômico.

A puberdade é caracterizada pelas mudanças biológicas que se manifestam


na adolescência, as quais representam, para o ser humano, o início da capacidade
reprodutiva. A puberdade não é, portanto, sinônimo de adolescência, mas uma parte
dela. Constitui-se por um período, relativamente, curto, de cerca de dois a quatro anos

97
de duração, no qual ocorrem todas as modificações físicas desse momento de transição,
da infância para a idade adulta. Essas transformações somáticas têm caráter universal,
ou seja, representam um fenômeno comum a todos os indivíduos nessa fase da vida.

Podemos considerar que a puberdade é caracterizada, fundamentalmente,


pelos seguintes eventos:

• Crescimento esquelético linear.


• Alteração da forma e da composição.
• Desenvolvimento dos órgãos e dos sistemas.
• Desenvolvimento das gônadas e dos caracteres sexuais.

O crescimento esquelético ocorre de forma não linear, com velocidades


variáveis, de acordo com a fase de vida considerada, e suscetível a influências externas,
como oferta alimentar e aspectos psicossociais e ambientais, incluindo a ação hormonal
predominante (TANNER, 1981).

Para termos um controle observacional, foi criado, pela OMS, um padrão de


análise internacional. Meninas e meninos são avaliados através de um padrão de cálculo
entre a idade da criança e as variáveis, como peso, altura e perímetro da cabeça.

A observação da curva de velocidade de crescimento permite a identificação de


três momentos fundamentais do crescimento humano, conforme:

• Fase 1 (lactância): Fase de crescimento rápido, porém, desacelerado. A velocidade


de crescimento, no primeiro ano de vida, é a mais rápida da vida extrauterina, cerca
de 25 cm/ano, reduzindo-se, drasticamente, nos dois primeiros anos.

• Fase 2 (Infância, propriamente, dita): Fase de crescimento lento, mais estável


e constante. São comuns, nos consultórios pediátricos, queixas familiares do tipo
“meu filho não cresce”, por ser um momento de pouca velocidade de crescimento,
particularmente, quando comparado à fase pregressa. A velocidade média varia de
4 a 6 cm/ano, e é chamada de infantil, ou pré-puberal, pois, somente, modifica-se
na fase seguinte.

• Fase 3 (Puberdade): Novamente, fase de crescimento rápido, com aceleração e


posterior desaceleração, até, finalmente, haver o término do processo de crescimento.
Período de intenso crescimento esquelético, a adolescência é considerada uma fase
de grande vulnerabilidade ao desenvolvimento humano, cuja suscetibilidade aos
agravos externos pode ocasionar prejuízos irreparáveis à estatura final do indivíduo.
Portanto, o adolescente merece um enfoque preventivo de saúde e uma atenção
diagnóstica especial em relação à apresentação de doenças crônicas, transtornos
alimentares e distúrbios nutricionais.

98
Em alguns momentos, pode ocorrer o que chamamos de estirão puberal,
o crescimento acerelado em ambos os sexos. O maior incômodo são as dores que
ocorrem, principalmente, nas pernas, atrás dos joelhos e na panturrilha. Podem atingir,
também, os membros superiores.

A partir das alterações na forma e na composição, são estabelecidas as distintas


formas corporais masculinas e femininas, fenômeno denominado de dimorfismo sexual,
resultante dos desenvolvimentos esquelético, muscular e do tecido adiposo. O depósito de
gordura, nas meninas, ocorre, principalmente, nas regiões das mamas e dos quadris, e confere
um aspecto característico do corpo feminino. Nos homens, o crescimento do diâmetro
biacromial (entre ombros), o que confere uma relação biacromial/bi-ilíaco elevada, associado
ao desenvolvimento muscular na região da cintura escapular, define a forma masculina.

Com exceção do tecido linfoide, que apresenta involução progressiva a partir da


adolescência, e do tecido nervoso (praticamente, com todo o crescimento já estabelecido),
todos os órgãos e sistemas se desenvolvem durante a puberdade, sobretudo, os
sistemas cardiocirculatório e respiratório. O aumento da capacidade física, observado
nessa fase, é mais marcante no sexo masculino, e é originado do desenvolvimento do
sistema cardiorrespiratório, das alterações hematológicas (aumento da eritropoiese) e
do aumento da massa muscular, da força e da resistência física.

Já com relação aos desenvolvimentos das gônadas e dos caracteres sexuais,


um conjunto de modificações é desencadeado e regulado por um complexo mecanismo
neuroendócrino, além da influência de fatores hereditários durante os eventos puberais,
sobretudo, no tocante à variabilidade de tais fenômenos e à magnitude, a exemplo das
características de pilosidade, tamanho das mamas e idade de ocorrência da primeira
menstruação (menarca).

A primeira manifestação puberal, nas meninas, é o desenvolvimento do broto, ou


botão mamário, fenômeno denominado de telarca. No sexo masculino, o início clínico da
puberdade é marcado pelo aumento do volume testicular, ao atingir quatro centímetros
cúbicos (mililitros), o que é, raramente, percebido pelo próprio adolescente.

A maturação biológica é um processo que leva ao amadurecimento completo


dos tecidos, dos sistemas e das funções do ser humano.

É definida como um processo sucessivo de alterações estruturais e funcionais


que finalizam na idade adulta (FORJAZ; PRISTA; CARDOSO JUNIOR, 2009; MALINA;
BOUCHARD; BAR-OR, 2004).

O processo de maturação biológica apresenta algumas formas de mensuração e/


ou classificação, por meio de diferentes indicadores, dentre os quais é possível destacar
os sexuais secundários, ósseos e somáticos (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004).

99
• Indicador sexual secundário: Utiliza os seguintes elementos para a obtenção
de tal classificação: a) pilosidade púbica; b) características genitais, exclusivas do
gênero masculino; e c) características de mamas, exclusivas do gênero feminino
(MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004; TANNER, 1981).

• Indicador ósseo: Dá-se, a verificação da ossificação, por meio de imagens de


raios-X. Para isso, existem diversos protocolos e regiões específicas, como coluna
cervical, mãos, punhos, tornozelos e pés, contudo, as áreas das mãos e dos punhos
têm sido utilizadas, com frequência e acurácia, em relação às demais. Dos protocolos
que utilizam mãos e punhos, os mais aplicados são: Greulich-Pyle (GREULICH; PYLE,
1959), TannerWhitehouse I, II e III (TANNER; WHITEHOUSE; HEALY, 1962; TANNER et
al., 1975) e Fels (ROCHE; CHUMLEA; THISSEN, 1988).

• Indicador somático: Consiste na mensuração de variáveis antropométricas, como


estatura total, estatura tronco-encefálica, comprimento de membros inferiores e
massa corporal total. A partir de mensurações, os valores são aplicados em uma
equação, a qual entrega valores decimais relativos a tantos anos em que o indivíduo
já se encontra com o momento de ocorrência do Pico de Velocidade do Crescimento
(PVC) (GOMEZ-CAMPOS et al., 2013; JACKOWSKI et al., 2012).

Os conhecimentos de crescimento, puberdade e maturação são os alicerces


básicos de atenção às transformações e à saúde dos adolescentes. Caso ocorram
queixas e dúvidas que envolvam esses assuntos, devemos procurar ajuda especializada
para obter orientação a respeito do que fazer.

3 FATORES HORMONAIS ASSOCIADOS À PUBERDADE


Podemos entender os hormônios como substâncias químicas mensageiras,
produzidas pelas glândulas. Cada hormônio produzido pelo corpo humano tem funções
específicas, seja regular o crescimento, a vida sexual, o desenvolvimento e o equilíbrio
interno. Assim, são muito importantes para as atividades biológicas do corpo.

Os hormônios são substâncias “responsáveis pela integração das atividades


de sistemas e subsistemas orgânicos”. Alteram a função celular em resposta à variação
do meio externo, induzem a manutenção do trabalho celular e modificam os níveis de
atividade de tecidos e de órgãos, mantendo a constância de composição do meio interno.

Durante a puberdade, elevam-se as secreções de três hormônios: os esteroides se-


xuais, o de crescimento (GH, Growth Hormone) e o IGF-1. A sequência de intervenção de cada
um deles, para a aceleração estatural, não é bem esclarecida. Há uma amplitude dos picos
de GH e da quantidade total de GH secretado, sem modificação de frequência desses picos.

Os hormônios sexuais são substâncias produzidas nas gônadas: testosterona


nos testículos (em indivíduos do gênero masculino) e progesterona e estrógeno nos
ovários (em indivíduos do gênero feminino).

100
O GH, também, conhecido como somatotropina, ou hormônio somatotrópico, é
o mais abundante, secretado pela adenohipófise (BAUMANN, 1991). Dois genes principais
estão relacionados à síntese do hormônio do crescimento: o gene normal do GH (GH-N, ou
GH-1, Growth Hormone-Normal Gene), expresso na hipófise; e o gene variante do GH (GH-V,
ou GH-2, Growth Hormone-Variant Gene), presente na placenta e detectável na circulação,
somente, durante a gravidez, ou lactação (BAUMANN, 1991; STROBL; THOMAS, 1994).

Os IGFs (IGF-I e IGF-II) podem ser produzidos na maioria dos órgãos e tecidos do
organismo. No ovário, o IGF-I possui origem nas células da granulosa, e tem, como principal
função, estimular o desenvolvimento folicular nas fases pré-antral e antral (ARMSTRONG;
BENOIT, 1996), tendo em vista a grande importância do GH e do IGF-I na fisiologia da reprodução.

FIGURA 1 – SINAIS DE MUDANÇAS CORPORAIS EM MENINOS E MENINAS

FONTE: <http://cienciasecognicao.org/neuroteen/?p=489>. Acesso em: 15 dez. 2021.

São muitas as diferenças, na composição corporal, entre ambos os sexos. O


ganho de peso dos meninos é consequência do crescimento da massa muscular deles,
enquanto, nas meninas, o maior responsável é o aumento do tecido adiposo.

A diferença essencial, entre os sexos, consiste no fato de que as meninas têm


uma taxa de deposição de gordura, sempre, maior do que a dos meninos, e, mesmo
com a diminuição do ritmo de acréscimo, continuam ganhando gordura, embora mais
lentamente. Os meninos chegam a perder tecido adiposo. Isso explica por que os
garotos se tornam, aparentemente, mais magros nessa fase, e, elas, mais gordinhas,
principalmente, após passarem pelo PVC, na época da menarca (CHIPKEVITCH, 1995).

101
4 MATURAÇÃO ÓSSEA, MOVIMENTO E EXERCÍCIO
A maturação óssea é a maneira através da qual acompanhamos a maturidade
esquelética, quando as cartilagens de crescimento se transformam em ossos. De maneira
generalizada, acontece, nos meninos, perto dos 16 anos, e, nas meninas, aos 14.

A maturação óssea é a metamorfose dos esqueletos cartilaginoso e membranoso


do feto até a fase adulta.

Várias áreas do esqueleto têm sido utilizadas para estimar a maturação esquelética,
como o pé, o tornozelo, o quadril, o cotovelo, a mão, o punho e as vértebras cervicais. As
radiografias da mão e do punho têm sido, frequentemente, utilizadas, devido à grande
quantidade de ossos e de epífises, que sofrem mudanças em diferentes tempos e
velocidades, localizados em uma área não muito extensa (TAVANO; FREITAS; LOPES, 1982).

Dentre os métodos desenvolvidos para estimar o grau de maturação do indivíduo


em radiografias de mão e de punho, destaca-se o “método de Grave e Brown” (GRAVE;
BROWN, 1976), o qual analisa 14 eventos de ossificação observados antes, durante e
após o pico de velocidade do crescimento puberal. Esse método, inclusive, é usado,
por alguns autores, para o estudo de outras formas, para a determinação da maturação
esquelética, como padrão-ouro, a partir da idade óssea do paciente.

Para uma correta estimativa do estágio de maturação óssea, uma boa qualidade
radiográfica é imprescindível. Existem inovações tecnológicas que foram desenvolvidas
a fim de melhorar a qualidade da imagem, dentre elas, o uso de imagens digitais.
Elas oferecem vantagens sobre o método tradicional, como a aplicação de uma dose
baixa de radiação ao paciente; a facilidade de arquivamento das imagens; a aplicação
de ferramentas de software, como brilho, contraste e mensuração; e a possibilidade
de transmissão via internet. Todos esses aspectos, associados, têm levado a uma
assimilação dos sistemas digitais.

102
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A adolescência é definida como um período biopsicossocial que compreende,


segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (1965), a segunda década de vida,
ou seja, dos 10 aos 20 anos.

• A puberdade é caracterizada pelas mudanças biológicas que se manifestam na


adolescência, e representa, para o ser humano, o início da capacidade reprodutiva.

• São características, da puberdade, os seguintes eventos: crescimento esquelético


linear, alteração da forma e da composição, e desenvolvimento dos órgãos, dos
sistemas, das gônadas e dos caracteres sexuais.

• A curva da velocidade de crescimento é a forma adotada como padrão observacional


do crescimento humano.

• A maturação biológica é um processo que leva ao amadurecimento completo dos


tecidos, dos sistemas e das funções do ser humano.

• Os hormônios são substâncias responsáveis pelas integrações das atividades de


sistemas e de subsistemas orgânicos.

• A maturação óssea é a metamorfose dos esqueletos cartilaginoso e membranoso


do feto até a fase adulta.

103
AUTOATIVIDADE
1 Comente, com as suas palavras, o que é a adolescência.

2 O que acontece na fase 3 dos indicadores da curva de velocidade de crescimento?

3 Os hormônios são substâncias químicas mensageiras produzidas pelas glândulas,


assim, quais são as mudanças observadas no adolescente do sexo masculino?
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Ombros mais largos.


b) ( ) Corpo com quadril maior.
c) ( ) Aparecimento do broto mamário.
d) ( ) Menarca.

104
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
MOVIMENTO ESPECIALIZADO

1 INTRODUÇÃO
A partir de agora, quando falarmos de movimentos especializados, estaremos
fazendo uma relação entre os movimentos maduros e refinados e os complexos e
específicos, que podem ser adaptados para as exigências específicas de vários tipos de
atividades presentes no cotidiano.

Para Gallahue (2005), a fase de desenvolvimento das habilidades motoras


especializadas apresenta três estágios:

(1) Estágio de transição (estágio de aprender a treinar): Esse estágio é caracterizado


pelas primeiras tentativas do indivíduo de refinar e de associar habilidades de movimento
maduro. Nesse estágio de transição, ou de aprender a treinar, futuros atletas aprendem
como treinar para obter excelentes habilidade e performance. Para a maioria das crianças
de 8 a 12 anos, esse é um período crítico, durante o qual as habilidades de movimento
fundamental maduro são refinadas e aplicadas aos esportes e aos jogos da cultura.

(2) Estágio de aplicação (estágio de treinar a treinar): Esse estágio faz o


indivíduo se tornar mais consciente dos próprios dotes e limitações físicas pessoais, e,
assim, dirige o foco para determinados tipos de esportes em ambientes competitivos e
recreacionais. A ênfase está em aprimorar a proficiência.

(3) Estágio de aplicação ao longo da vida (estágio de treinar para competir/


participar): Esse estágio proporciona, aos indivíduos, geralmente, reduzirem o alcance
de buscas atléticas pela escolha de algumas atividades para se engajar, regularmente,
em situações competitivas, recreativas ou do dia a dia.

Vale salientar que esses movimentos precisam ser aprendidos e vivenciados


até a aprendizagem dos fundamentais. Caso não ocorra esse processo, com certeza,
existem lacunas para a continuidade, agora, com os movimentos especializados.

2 HABILIDADES DE MOVIMENTOS ESPECIALIZADOS


Após a criança atingir um estágio maduro em um determinado padrão de
movimento fundamental, pouca mudança ocorre na “forma” daquela tarefa de
movimento durante a fase de movimento especializado. O aprimoramento do padrão e
as variações de estilo na forma ocorrem à medida que uma forte habilidade (precisão,
acurácia, coordenação e controle motor) é alcançada, mas o padrão básico permanece

105
inalterado. Contudo, melhoras significativas na performance, baseadas na competência
física, podem ser observadas de um ano para o outro. À medida que o adolescente
aprimora a força muscular, a resistência, o tempo de reação, a velocidade de movimento,
a coordenação, e assim por diante, podemos esperar melhores escores de performance.

Reconhecer as condições que podem limitar, ou aprimorar, o desenvolvimento


constitui a chave para o ensino bem-sucedido na fase de habilidade de movimento
especializado.

Uma vez identificadas tais condições para cada indivíduo, o ensino se torna
mais uma questão de reduzir o constrangimento (condições limitantes) e maximizar as
affordances (condições aprimoradas) do que, simplesmente, enfatizar, mecanicamente,
a execução “correta” da habilidade.

Podemos identificar esses movimentos através de esquemas unidimensionais,


com a classificação das habilidades de movimento junto a uma única dimensão. Ainda,
ganharam popularidade ao longo dos anos, a saber:

(1) aspectos musculares;


(2) aspectos temporais;
(3) aspectos do meio ambiente;
(4) aspectos funcionais.

Na grande maioria dos aspectos musculares, são envolvidos grandes grupos, e,


lógico, em algumas situações, a coordenação motora fina. A maior parte das habilidades
esportivas é classificada como movimentos de coordenação motora grossa, com
exceção, talvez, do tiro ao alvo, do arco e flecha, e alguns outros.

Com base nos aspectos temporais, o movimento, também, pode ser classificado
como discreto, em série ou contínuo. Um movimento discreto apresenta início e fim
definidos. O arremesso, o salto, o chute e o toque em uma bola são exemplos. Um
movimento em série envolve a performance de um movimento simples e discreto,
repetido diversas vezes, em uma sucessão rápida. O saltito rítmico, o drible do basquete
e a rebatida da bola de futebol americano, ou voleibol, demonstram ser tarefas típicas.
Por fim, um movimento contínuo abrange os movimentos repetidos durante um
determinado tempo. A corrida, a natação e o ciclismo marcam presença.

Quanto aos aspectos ambientais, são considerados tarefas motoras abertas ou fe-
chadas. Uma tarefa motora aberta é aquela realizada em um ambiente no qual as condições,
constantemente, mudam. Essas condições mutáveis exigem que o indivíduo faça ajustes ou
modificações no padrão de movimento, para se adaptar às demandas da situação. Por exemplo,
a criança que participa de um jogo típico de pega-pega, que exige corrida e movimentos súbitos
em diversas direções, nunca, utiliza, exatamente, os mesmos padrões de movimento durante o
jogo. Uma tarefa motora fechada se trata de uma habilidade motora realizada em um ambiente
estável, ou previsível, onde aquele que a executa determina quando iniciará a ação.

106
Por último, o aspecto funcional se relaciona à intenção, sempre, de direcionar
o movimento. O transporte do corpo ganha, justamente, uma funcionalidade, a de ir
até o local desejado.

3 APTIDÃO FÍSICA, ADOLESCÊNCIA E PSICOMOTRICIDADE


A aptidão física é a capacidade de realizar as atividades cotidianas com
tranquilidade e menor esforço. Está relacionada à saúde e à prática de atividades físicas
em vários momentos, pois precisamos de muitas, das qualidades físicas, para executar
diferentes tarefas do dia a dia (BARBANTI, 1990). Para algo simples, como pegar um item
que cai, é necessário um mínimo de flexibilidade para poder abaixar e pegar, assim, cada
vez mais, vemos pessoas com essa dificuldade, por não praticarem atividades físicas.

É possível tratar da aptidão física de duas maneiras, relacionada à prática


desportiva e à saúde. A ligada à saúde se refere à condição física nas capacidades que
são, profundamente, relacionadas, principalmente, à qualidade de vida das pessoas,
como a flexibilidade, a resistência aeróbia, a força e a composição corporal. Já a
direcionada ao desempenho desportivo é associada, além das capacidades citadas, à
agilidade, à velocidade, ao equilíbrio postural e à coordenação motora.

FIGURA 2 – COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA

FONTE: <https://bit.ly/3upQgEF>. Acesso em: 20 dez. 2021.

Abordaremos mais alguns conceitos ligados à aptidão física, relacionada às


habilidades, pois faremos uma relação com a adolescência, que, nesta fase, está ligada,
diretamente, a essas habilidades. Ainda, os componentes da aptidão física, direcionados
à saúde, são, também, importantes.

Segundo Pezzetta et al. (2003), em conformidade com o American College of


Sports Medicine (1998), os componentes que englobam a AFRS compreendem os fatores
motores (flexibilidade e força/resistência muscular localizada), funcionais (aptidão
cardiorrespiratória), morfológicos (composição corporal), físicos e comportamentais.

107
Flexibilidade é a propriedade intrínseca dos tecidos sintéticos que
determinam a amplitude de movimento atingido, sem causar danos em uma ou
mais articulações (CHANDLER; BROWN, 2009). De acordo com Glaner (2003), a
flexibilidade é influenciada por fatores, como nível de atividade física, tipo de
atividade, sexo e idade. Pessoas que mantêm ou melhoram a força e a flexibilidade
estão mais aptas para as atividades diárias, sendo menos passíveis de desenvolver
dor lombar e de apresentar algum tipo de deficiência física, especialmente, com o
avanço da idade (PATE et al., 1995 apud PEZZETTA et al., 2003).

Glaner (2003) define força/resistência muscular como a capacidade, ou


de um grupo de músculos, de suportar contrações repetidas por um determinado
período de tempo. O fortalecimento da musculatura e a manutenção de índices de
força e de resistência podem ajudar a reduzir os casos de entorse, além de auxiliar
na prevenção de problemas de postura.

A função cardiorrespiratória, também, conhecida como capacidade


aerodinâmica, é definida como a capacidade do organismo em se adaptar a um
exercício físico moderado, participando de grandes grupos por períodos de tempo,
relativamente, longos (PITANGA, 2004).

A composição corporal é a quantificação dos principais componentes


presentes na estrutura do corpo humano (PETROSKI, 2009). Siri (1961) e Brozek et al.
(1963 apud GLANER, 2003) definem a composição corporal como a quantificação
do corpo humano em massa gorda e massa corporal magra.

Como podemos observar, a aptidão física é importante no contexto da


adolescência, pois ela ajuda no desenvolvimento dos elementos da psicomotricidade.
Ainda, identificamos fatores relacionados à saúde e às habilidades motoras
fundamentais e especializadas, necessárias para a realização de diversas tarefas.
É fato que a aptidão física, ligada à psicomotricidade, é uma condição que traz
diferenças significativas quando incorporadas às atividades, ou tarefas.

4 EMOÇÃO, COGNIÇÃO E MOVIMENTO MOTOR


A definição de emoção pode parecer ser óbvia e simples, uma vez que esse
termo é utilizado, no cotidiano, com frequência.

Nesse sentido, conforme Atkinson, Atkinson, Smith, Bem e Nolen-Hoeksema


(2002), Davis e Lang (2003), Frijda (2008), Gazzaniga e Heatherton (2005) e Levenson
(1999), a emoção poderia ser definida como uma condição complexa e momentânea que
surge em experiências de caráter afetivo, provocando alterações em várias áreas dos
funcionamentos psicológico e fisiológico, preparando o indivíduo para a ação.

108
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), as emoções são expressões de
afeto acompanhadas de reações intensas e breves do organismo, em resposta a um
acontecimento inesperado, ou, às vezes, muito aguardado, fantasiado.

Scherer (2005) aponta a existência de cinco componentes para que haja um


estado emocional: cognição, sintomas físicos (componentes neurológicos), motivação,
expressão motora e experiência subjetiva ou sentimento.

O componente cognitivo avalia os objetos e os eventos que se manifestam no mundo


externo. O neurofisiológico surge para a regulação do organismo. O motivacional prepara e
direciona ações. O motor manifesta a reação e a intenção correspondente. Por fim, o subjetivo
monitora o estado do organismo frente à interação dele com os eventos e os objetos.

Compreender a emoção significa saber como ela pode influenciar, diretamente,


no nosso comportamento, por isso, saber reconhecer as próprias emoções é o primeiro
passo na caminhada para o autoconhecimento, ligado, diretamente, ao corpo, pois quando
estamos nos sentindo mal, além de demonstramos visualmente, o corpo, também, sente.

Quando falamos da cognição, podemos estar falando de um ato, ou processo,


que nos dá conhecimento, ou informação, para o uso diário.

Para Piaget (1983), a cognição humana é uma forma de adaptação biológica,


assim, o conhecimento é construído, aos poucos, a partir do desenvolvimento
das estruturas cognitivas, as quais se organizam, de acordo com os estágios de
desenvolvimento da inteligência.

O conhecimento é construído durante as interações entre os indivíduos em


sociedade, desencadeando o aprendizado.

Existe uma abordagem de processamento da informação, da pesquisa e


da compreensão textual, conceituada como uma atividade cognitiva, a qual envolve
percepção, memória, inferência e dedução. A compreensão do texto ocorre a partir
do conhecimento de mundo e da familiaridade com os diversos tipos de textos, o que
requerer as consciências semântica e pragmática de leitores mais proficientes.

Segundo Macedo (2004), a aquisição do conhecimento depende de uma


interpretação, e, esta, de um ato de vontade. Assim, nessa perspectiva, o homem
integra as próprias percepções, constituindo uma propriedade inerente, a qual decorre
do poder cognitivo e da competência interpretativa dele, do próprio conhecer.

109
FIGURA 3 – RELAÇÃO ENTRE EMOÇÃO, COGNIÇÃO E MOVIMENTO MOTOR

FONTE: <https://bit.ly/37z2IJh>. Acesso em: 20 dez. 2021.

Assim, no momento em que sabemos administrar as nossas emoções, e, com isso,


aprender e conhecer mais, teremos condições de adquirir a melhor visão a ser desenvolvida
ao nosso redor, através da ação, pelo movimento, nas mais diversas situações.

110
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Movimentos especializados são uma relação entre os movimentos maduros e


refinados e os complexos e específicos, os quais podem ser adaptados para as
determinadas exigências.

• Existem três estágios que estão envolvidos nos movimentos especializados: de


transição, de aplicação e de aplicação ao longo da vida.

• A aptidão física é a capacidade de realizar atividades cotidianas com tranquilidade


e pouco esforço. Está relacionada à saúde e à prática de atividades físicas em
vários momentos, pois precisamos de muitas, das qualidades físicas, para executar
diferentes tarefas.

• A emoção é uma condição complexa e momentânea que surge a partir de


experiências de caráter afetivo, o que provoca alterações em várias áreas dos
funcionamentos psicológico e fisiológico, preparando o indivíduo para a ação.

• A cognição é um ato, ou processo, que nos dá conhecimento, ou informação, para


o uso diário.

111
AUTOATIVIDADE
1 Comente, com as suas palavras, o que é uma tarefa aberta.

2 Quais são os cinco componentes para um estado emocional?

3 Qual é o componente que faz parte dos elementos da habilidade da aptidão física?
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Agilidade.
b) ( ) Flexibilidade.
c) ( ) Força muscular.
d) ( ) Aptidão cardiorrespiratória.

112
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS

1 INTRODUÇÃO
No último tópico, apresentaremos as intervenções psicomotoras na adolescência
quanto ao aprendizado do movimento especializado, às mudanças de aptidão física, ao
comportamento motor e a atividades de realização.

É importante lembrar que a fase da adolescência é marcada por muitas


transformações corporais, emocionais, além das crises de identidade e de
relacionamentos, em geral.

A adolescência é um período da vida, comumente, conhecido não só como um


momento repleto de tribulações, desafios e mudanças, mas, também, muitas vezes,
como uma fase de rebeldia e de descontentamento, inclusive, com a imagem corporal.

Do ponto de vista cronológico, a adolescência é estabelecida pela


Organização Mundial da Saúde (OMS), marcando a idade de dez a
quatorze anos como a pré-adolescência, e, de quinze a dezenove anos, a
adolescência, propriamente, dita. Já na espera legal, no Brasil, o Estatuto
da Criança e do Adolescente (Lei Federal 8.069, de 1990) considera a
pessoa entre doze e dezoito anos de idade como adolescente (BRASIL,
2002 apud BRAGA; MOLINA; FIGUEIREDO, 2010, p. 88).

Através das intervenções psicomotoras, nessa fase, há um aumento da consciência


e da percepção corporais. Assim, o indivíduo tem mais capacidade para interpretar as
reações do próprio corpo e potencializar as funções executivas e de atenção própria.

2 APRENDIZAGEM DO MOVIMENTO ESPECIALIZADO


Como sabemos, a grande maioria das crianças, quando apresenta um processo
de aprendizado realizado, e correto, está chegando a um estágio maduro de um
determinado padrão de movimento fundamental. Pouca mudança ocorre na forma da
tarefa de movimento durante a fase de movimento especializado. O aprimoramento
do padrão e as variações de estilo na forma ocorrem à medida que uma determinada
habilidade (precisão, acurácia, coordenação e controle motor) é alcançada, mas o
padrão básico permanece inalterado. Contudo, melhoras significativas na performance,
baseadas na competência física, podem ser observadas de um ano para o outro. À
medida que o adolescente aprimora a força muscular, a resistência, o tempo de reação,
a velocidade de movimento, a coordenação, e assim por diante, podemos esperar
melhores escores de performance.

113
A fase especializada do desenvolvimento motor é resultado da fase de
movimentos fundamentais. Na fase especializada, o movimento se torna uma
ferramenta que se aplica a muitas atividades motoras complexas, presentes na vida
diária, na recreação e nos objetivos esportivos. Esse é um período em que as habilidades
estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são, progressivamente,
refinadas, combinadas e elaboradas, para uso, em situações, crescentemente, exigentes.
Os movimentos fundamentais de saltar com um pé só e pular, por exemplo, podem,
agora, ser aplicados em atividades, como pular corda, para o desempenho em danças
folclóricas, no salto triplo na pista, e em competições (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

Nessa fase, há três estágios que podem ser desenvolvidos. O acesso a esses
estágios depende de fatores afetivos, cognitivos e neuromusculares, presentes no
indivíduo. Fatores específicos, no movimento e na biologia, assim como as condições
do meio ambiente, estimulam o movimento de um estágio para outro.

• Estágio transitório

Apesar de estarmos falando de adolescentes, em algum período, nos 7 ou 8


anos de idade, as crianças, geralmente, entram em um estágio de habilidades motoras
transitório (GALLAHUE; DONELLY, 2008). No período transitório, o indivíduo começa
a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais para o desenvolvimento de
habilidades especializadas no esporte e em ambientes recreacionais. Caminhar em
uma ponte de cordas, pular corda e jogar bola são exemplos de habilidades transitórias
comuns. Essas habilidades motoras transitórias contêm os mesmos elementos do
que os movimentos fundamentais, mas com forma, precisão e controle mais latentes.
Portanto, o estágio transitório é um período agitado para os pais e para os professores,
incluindo as crianças. Estas se acham, ativamente, envolvidas na descoberta e na
combinação de numerosos padrões motores, e, frequentemente, ficam exultantes com
a rápida expansão das próprias habilidades motoras. O objetivo de pais, de professores e
de treinadores, nesse estágio, deve ser o de ajudar as crianças a aumentarem o controle
motor e a competência motora em inúmeras atividades.

Deve-se tomar cuidado para que a criança não restrinja o envolvimento dela com
certas atividades, especializando-se em algumas. Um enfoque restrito das habilidades,
nesse estágio, provavelmente, provoca efeitos indesejáveis nos últimos dois estágios da
fase de movimentos especializados.

114
FIGURA 4 – ESTÁGIO TRANSITÓRIO

FONTE: <https://bit.ly/3E4gf84>. Acesso em: 27 out. 2021.

• Estágio de aplicação

Jovens atletas, do ensino fundamental em diante, que passaram, com sucesso,


o estágio anterior, de desenvolvimento da habilidade motora, estão, agora, no estágio
de aplicação, ou de treinar a treinar.

Durante o estágio de aplicação, o indivíduo se torna mais consciente dos dotes


e das limitações físicas pessoais que possui, e, assim, dirige o foco para determinados
tipos de esportes, em ambientes competitivos e recreacionais (GALLAHUE, 2005). A
ênfase está em aprimorar a proficiência. A prática é o objetivo-chave para desenvolver
graus mais elevados de habilidade.

Os padrões de movimento, característicos do iniciante, durante a fase de


transição, ajustar-se-ão. As habilidades mais complexas são refinadas e aplicadas em
esportes oficiais e atividades recreacionais, indicados para lazer e para competição.

Os indivíduos, nesse estágio, entram em um período de maturação biológica,


que permite, a eles, beneficiarem-se de rotinas de treinamento mais intensas, a fim
de aumentar a força muscular e a resistência, incluindo a resistência aeróbica. É um
estágio no qual as habilidades necessárias e as táticas exigidas de diversos esportes
são consolidadas e as tentativas de domínio são intensificadas. Consequentemente,
é, especialmente, importante, nessa fase, que a atividade seja adequada ao indivíduo,
de maneira que os interesses, as habilidades e o potencial, para o sucesso, sejam
merecedores de uma cuidadosa consideração.

115
FIGURA 5 – ESTÁGIO DE APLICAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3vbOqpZ>. Acesso em: 27 out. 2021.

• Estágio de aplicação ao longo da vida

No estágio de aplicação ao longo da vida, treinar para competir/participar,


conforme Gallahue (2005), os indivíduos, geralmente, reduzem o alcance das próprias
buscas atléticas pela escolha de algumas atividades, para se engajar, regularmente, em
situações competitivas, recreativas ou do dia a dia. Forte especialização e refinamento de
habilidades ocorrem nesse estágio de treinar para competir e de treinar para participar.
Maximizar a performance é o objetivo-chave desse estágio. Das habilidades esportivas
dominadas, a ênfase é colocada nas ótimas preparações física, psicológica e tática.
As atividades, ao longo da vida, são selecionadas com base nos interesses pessoais,
habilidades, ambições, disponibilidade de instalações e equipamentos e experiências
anteriores. As oportunidades de participar são, frequentemente, limitadas nesse estágio,
devido às crescentes responsabilidades e compromissos.

FIGURA 6 – ESTÁGIO DE APLICAÇÃO AO LONGO DA VIDA

FONTE: <https://pxhere.com/pt/photo/593878>. Acesso em: 27 out. 2021.

116
3 MUDANÇAS NA APTIDÃO FÍSICA NA ADOLESCÊNCIA E
PSICOMOTRICIDADE
A aptidão física é descrita como a capacidade de executar atividades físicas
com energia e vigor, sem excesso de fadiga, e como a demonstração de qualidades e
de capacidades físicas que conduzam ao baixo risco de desenvolvimento de doenças e
incapacidades funcionais.

A aptidão física tem sido descrita de muitas maneiras. Centers for Disease Control
and Prevention (CDC) padronizaram, em 1985, a definição: um conjunto de atributos, ou
de características, que as pessoas possuem, ou adquirem, e que se relaciona com a
capacidade de realizar uma atividade física (ACMS, 2011).

Vale lembrar que já vimos, na unidade anterior, que a aptidão física é composta por
dois conceitos: aptidão geral, estado de saúde e bem-estar; e aptidão específica, tarefas
baseadas na capacidade de atingir aspectos específicos no esporte ou na ocupação.

É muito importante que se pratique atividade física na infância, ao criar hábitos


positivos e proporcionar uma boa aptidão física durante a adolescência e a vida adulta.
Como já citado, a aptidão física ajuda na melhoria de hábitos, e traz, com a prática de
exercícios, um benefício para a vida toda, e a prevenção de doenças graves.

Nos últimos 20 anos, com os avanços tecnológicos, é notável o aumento do


sedentarismo em adolescentes, pelo fato de passarem boa parte do dia em frente a
computadores, celulares e televisores. Isso pode ocasionar um atraso nas capacidades
motoras, por falta de uma atividade física regular, o que gera insucesso ao desempenhar
habilidades motoras específicas (SILVA, 2014).

Bons níveis de aptidão física, na adolescência, estão associados a bons


indicadores de saúde, como: baixos níveis de colesterol e de triglicerídeos, pressão
arterial e sensibilidade à insulina equilibradas, prevalência mínima de lombalgias, desvios
posturais, desempenho acadêmico satisfatório e poucos riscos de obesidade.

Na adolescência, ainda, ocorrem transformações sociais, e a falta de confiança


física, no quesito imagem corporal, traz situações de dificuldade.
O desempenho motor sofre variações em função de fatores, os quais são
associados à passagem do tempo, como maturação, crescimento e degenerescência.

A imagem corporal é a figuração do próprio corpo, formada e estruturada na mente


do indivíduo, ou seja, é a maneira através da qual o corpo se apresenta para si próprio. É
o conjunto de sensações sinestésicas construídas pelos sentidos (audição, visão, tato,
paladar), oriundas de experiências vivenciadas pelo indivíduo. Assim, o referido cria um
referencial do corpo que tem, para o próprio corpo e para o outro, para o objeto elaborado.

117
Essa imagem corporal tem sido descrita como a capacidade de representação
mental do próprio corpo, pertinente a cada indivíduo, assim, são envoltos aspectos
relacionados à estrutura (como tamanho, dimensões) e à aparência (forma, aspecto),
dentre vários outros componentes psicológicos e físicos.

Ao pensarmos no papel da psicomotricidade, é importante que essa reflexão, que


abarca as possibilidades de ela auxiliar, na adolescência, a imagem corporal, seja lançada,
pelo fato de que se tem muito cuidado com a infância e com a melhor idade, ficando
um abismo entre essas duas fases da vida, representado pela adolescência. Também,
cabe voltarmos a nossa atenção para essa fase do desenvolvimento, a qual se reporta
nosso estudo. Caso essas alterações, consideradas normais, não sejam, suficientemente,
entendidas pelos agentes (educativos, familiares, sociais), os quais rodeiam os cotidianos
do pré-adolescente e do adolescente, podem surgir alterações na personalidade do
jovem, o que compromete todo o trajeto de vida dele (HENRIQUES, 2009).

Assim, compreendemos que a imagem corporal adolescente é instável e berço


de respostas às emoções, às mensagens do meio social, às sensações fisiológicas,
proprioceptivas e musculares, e que é mais vulnerável nesse período da vida, pois,
dentre outras buscas e esclarecimentos, procura definir a personalidade. De acordo com
Capisano (1990), esta é um combustível da imagem corporal, pois ambas conservam
uma relação íntima específica.

FIGURA 7 – IMAGEM CORPORAL

FONTE: <https://bit.ly/3utY2xh>. Acesso em: 27 out. 2021.

4 COMPORTAMENTO MOTOR
Do ponto de vista biológico, o desenvolvimento motor é o resultado da maturação
dos tecidos nervosos, do aumento de tamanho e de complexidade do sistema nervoso
central, além do crescimento dos ossos e dos músculos durante toda a trajetória, que
vai desde o nascimento até o fim da vida.

118
A área de Comportamento Motor (CM) é composta por três campos de investigação:
Aprendizagem Motora (AM), Controle Motor (CM) e Desenvolvimento Motor (DM). Ainda, congre-
ga, atualmente, pesquisadores de diferentes formações e atuações profissionais (TANI, 2005).

O desenvolvimento motor pode ser definido como um processo de mudanças


no nível de funcionamento de um indivíduo, o qual desenvolve uma forte capacidade de
controlar movimentos que são adquiridos.

Conforme Peres, Serrano e Cunha (2009), os estudos, na área do comportamento


motor, são influenciados por três fatores: o indivíduo, o ambiente e a tarefa. Podem ser
potenciais limitadores do desenvolvimento de novas aprendizagens.

Conforme Magill (2000, p. 1),

o desenvolvimento motor consiste na área de conhecimento que


estuda as mudanças que ocorrem, internamente, no indivíduo,
deduzidas de uma ampliação, relativamente, permanente do
desempenho motor dele, como resultado de práticas físicas. Partindo
desse princípio, o desenvolvimento motor possui relação com a idade,
mas não depende dela, além de que, para que o desenvolvimento
aconteça, a aprendizagem necessita ocorrer.

O desenvolvimento motor, na fase da adolescência, está compreendido entre 10


a 20 anos, com o aprimoramento dos movimentos especializados.

Ao falarmos de avaliar e de medir o movimento, usamos o termo desempenho


motor, que nada mais é que a capacidade de medir uma habilidade motora.

Vale lembrar que diferentes autores, como Gallahue e Ozmun (2005) e Haywood e
Getchel (2004), sugeriram fases e estágios de desenvolvimento motor com descrições similares.
Uma dessas propostas foi sugerida por Gallahue e Ozmun (2005). Observe as seguintes fases:

• fase motora reflexa: inicia-se na vida intrauterina e vai até os quatro primeiros meses,
após o nascimento. Essa fase se caracteriza pela presença de movimentos involuntários,
que são a base para o desenvolvimento motor, por meio dos quais ocorrem os primeiros
contatos do indivíduo com o meio ambiente. Por sua vez, os reflexos se subdividem
em primitivos e posturais: os primeiros são responsáveis por determinadas atividades,
como alimentação, reunião de informações e reações defensivas; por outro lado, os
outros servem como mecanismos de estabilização, de locomoção e de manipulação.
• fase dos movimentos rudimentares: vai do nascimento até os dois primeiros
anos de vida. Nessa fase, aparecem os primeiros movimentos voluntários, que,
apesar de imperfeitos e descontrolados, são de suma importância para a aquisição
de mais complexos.
• fase dos movimentos fundamentais: prolonga-se dos dois aos sete anos de
idade. Esses movimentos são consequência dos rudimentares. Nessa fase, as
crianças formam e exploram as próprias capacidades motoras. Assim, os movimentos
fundamentais são básicos para qualquer outra combinação de movimentos.

119
• fase dos movimentos especializados: marca presença dos 7 aos 14 anos.
Nesse período, a criança/adolescente começa a refinar as próprias habilidades
fundamentais e passa a combiná-las para a execução de inúmeras atividades,
sejam cotidianas ou de lazer.

O desenvolvimento motor é o termo designado para os processos de mudança


de comportamento, postura e movimento de um indivíduo ao longo da vida. Esses
processos sofrem influência de um conjunto de características genéticas, relacionadas
à predisposição para o movimento e às experiências de cada um.

FIGURA 8 – EXEMPLO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR

FONTE: <https://bit.ly/3KzrFTq>. Acesso em: 27 out. 2021.

O controle motor consiste na integração de vários sistemas do corpo. Pode-se


fazer uma analogia, como um computador, no qual há o hardware, que é a estrutura
física dele, em comparação à estrutura corporal que pertence ao ser humano, ao sistema
muscular. O software interpreta todas as ações e os comandos enviados aos programas
utilizados, o que corresponde ao nosso sistema nervoso central, além do periférico.

Esse controle motor é um processo que visa maximizar um estímulo inicial, ou


adquirido, ao torná-lo um aprendizado. A integração da neurociência demonstra que
o SNC é adaptável, não somente, durante o desenvolvimento, mas, também, por toda
vida. Ainda, pode ser melhorado, com o enriquecimento do estudo da neuroplasticidade,
para a evolução do controle motor, que é estimulado por influências ambientais e
comportamentais (UMP-HRED, 2004). Assim, o controle motor se desenvolve a partir
de um conjunto complexo de processos neurais, físicos e comportamentais, os quais
governam a postura e o movimento.

Durante muito tempo, acreditou-se que a lesão cerebral seria permanente, com
pouco reparo e recuperação, o que limita o controle motor, porém, nos dias de hoje, é
possível verificar a influência do processo plástico para a reabilitação desse controle no
indivíduo (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).

120
FIGURA 9 – EXEMPLO DE CONTROLE MOTOR

FONTE: <http://www.institutomood.com.br/treinamento-fisico/pilates/>. Acesso em: 27 out. 2021.

A aprendizagem motora humana consiste em uma série de processos internos


que determinam a capacidade do indivíduo de executar uma tarefa motora, em associação
a práticas e experiências prévias. Esses processos estão, intrinsecamente, ligados
ao controle motor, pois, a todo momento, estamos nos deslocando, e os movimentos
representam a principal forma de interação entre os seres humanos e o ambiente.

Assim, a aprendizagem motora é o melhoramento gradativo de um indivíduo


ao desempenhar um certo comportamento motor, que é analisado através da prática
(OLIVEIRA, 2010).

Com isso, desenvolvemos a habilidade motora, uma ação que exige movimentos
voluntários do corpo e/ou dos membros para atingir um objetivo (MAGILL, 2000). Para
Gallahue e Ozmun (2005), é um padrão de movimento fundamental realizado com
precisão, exatidão e controle.

Agora, apresentaremos os estágios que fazem parte da aprendizagem motora,


que servem como uma forma de evolução do aprendizado (PELLEGRINI, 2000):

• Inexperiente (novato): o aprendiz realiza movimentos descoordenados, sem muita


eficiência e fluência. O aluno verbaliza a tarefa, mas não se detém a detalhes do
movimento.
• Intermediário: os movimentos desnecessários não mais aparecem após várias
tentativas. O padrão motor se torna mais estabilizado, e, as ações, mais coordenadas.
• Avançado: os movimentos são mais eficientes, com pouco gasto energético, e o
executante passa a saber como alcançar a meta da atividade proposta.

Esses estágios possibilitam identificarmos, pelo aprendizado, algumas


características, como a indicação sequencial dos movimentos pelas mudanças de
tarefas, que, com o tempo, tornam-se permanentes.

121
Segundo Magill (2000), através do modelo unidimensional, as habilidades
motoras podem ser classificadas como grossas, finas, discretas, seriadas, contínuas,
fechadas ou abertas. Observe:

• Habilidades motoras grossas: utilizam grandes grupos musculares para produzir


ações e requerem pouca precisão quando comparadas às habilidades motoras
finas. Exemplos: caminhar, pular, arremessar.
• Habilidades motoras finas: utilizam grupos musculares menores, mais
especificamente, aqueles envolvidos na coordenação óculo-manual, e requerem
uma alta precisão. Exemplos: desenhar, costurar, abotoar.
• Habilidades motoras discretas: apresentam pontos iniciais e finais bem definidos.
Exemplos: chutar uma bola, apertar um botão.
• Habilidades motoras seriadas: entregam a execução ordenada de diversos
movimentos discretos em uma série, ou sequência. Exemplo: quicar uma bola de
basquetebol.
• Habilidades motoras contínuas: são constituídas por movimentos repetitivos.
Exemplo: caminhar, nadar, pedalar.
• Habilidades motoras fechadas: são realizadas em um ambiente estável, sem
alteração durante a realização da habilidade. Exemplos: praticar tiro ao arco e
arremesso livre de basquetebol.
• Habilidades motoras abertas: são desempenhadas em um ambiente não estável,
onde o contexto, ou o objeto, varia, durante a realização. Exemplos: defender uma
bola, trecking, rebater uma bola de tênis.

FIGURA 10 – EXEMPLO DE APRENDIZAGEM MOTORA

FONTE: <https://bit.ly/37aBN6L>. Acesso em: 27 out. 2021.

122
DICA
Leia GO, T. Comportamento motor - Conceitos, estudos e aplicações. 1.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

5 INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NA ADOLESCÊNCIA


A partir de agora, você encontrará informações de intervenções oriundas dos
elementos psicomotores, para adolescentes de 10 a 20 anos. Antes de começar, é
importante ressaltar, aos jovens, o porquê de fazer alguma atividade física:

• Promove o desenvolvimento humano e o bem-estar, ao ajudar a desfrutar de uma


vida plena e com qualidade.
• Melhora as habilidades de socialização.
• Desenvolve as habilidades motoras, como correr, saltar e arremessar.
• Estipula a adoção de uma vida saudável, como a melhora da alimentação e a
diminuição do tempo destinado a um comportamento sedentário (como em frente
ao celular, computador, tablet, videogame e televisão).
• Eleva a saúde do coração e a condição física.
• Auxilia no controle do peso adequado e na diminuição do risco de obesidade.
• Proporciona bom humor e reduz a sensação de estresse e os sintomas de ansiedade
e de depressão.
• Entrega um desempenho escolar satisfatório.

Lembre-se, também, que podemos fazer atividade de várias formas, como:

• No seu tempo livre: antes, ou depois, das atividades na escola, reserve um tempo para
fazer alguma atividade física com os amigos, com a família ou sozinho, aquilo de que você
gosta. Você pode caminhar; correr; empinar pipa; dançar; nadar; pedalar; surfar; jogar
futebol, vôlei, basquete, bocha, tênis, peteca, frescobol; fazer ginástica, ou artes marciais;
ou participar de brincadeiras e jogos, como esconde-esconde, pega-pega, queimada/
baleado/carimba/caçador, pular corda, saltar com elástico, jogar taco/bete etc.
• No seu deslocamento: sempre que possível, faça deslocamentos a pé ou de
bicicleta, de skate, de patins ou de patinete (sem motor), por exemplo. Você pode
fazer esses deslocamentos nas idas e voltas para a escola, para o estágio, para o
mercado, para as casas de amigos, para a Unidade Básica de Saúde e para o polo do
Programa Academia da Saúde. Procure fazer isso com os pais ou responsáveis, ou
com amigos e colegas, para que seja mais seguro e agradável.
• Na escola: ainda, tornar o dia a dia, na escola, mais ativo, também, é uma forma
de atividade física. Participe, ativamente, das aulas de educação física. Se você
tem dificuldade em alguma atividade, converse com o professor para que ele possa

123
ajudar. Se a escola oferece atividades físicas extracurriculares, aquelas oferecidas
no contraturno escolar, antes, ou depois, das aulas, inscreva-se em alguma.
Aproveite o tempo do recreio, ou do intervalo, para brincar com amigos, envolver-se
em atividades que abarquem o movimento.
• Locais especializados: Tipo academias, centros de treinamento, projetos sociais
que desenvolvam quaisquer tipos de esporte, com orientação de um profissional de
educação física.

Os princípios básicos da psicomotricidade estão relacionados aos elementos


psicomotores. Esses elementos, apresentados a seguir, auxiliam no desenvolvimento
da aprendizagem, no processo pedagógico de ensino de movimento, incorporados na
cultura corporal do movimento:

• Esquema corporal: Está ligado, diretamente, à criança, dessa forma, ela é capaz
de simbolizar o próprio corpo, interiorizar a imagem dele, e, assim, contribuir para
que consiga se diferenciar do mundo que a rodeia. Conforme Fonseca (1995)
complementa, é influenciado pela linguagem e pelas interações sociais, portanto,
não integra, apenas, informações corporais, mas, também, afetos e conceitos.
• Imagem corporal: Para Pfeifer e Anhão (2009), refere-se às percepções, aos
pensamentos e aos sentimentos que englobam o próprio corpo e as experiências,
trazendo essa noção de corpo através das vivências ao longo da vida.
• Tônus: É a atividade postural dos músculos que se fixa nas articulações em
algumas posições determinadas, assim, são solidárias umas com as outras. Em
conjunto, compõem a atitude. Indica o tono muscular, tem um papel fundamental
no desenvolvimento motor, e garante atitudes, postura, mímicas e emoções, das
quais emergem todas as atividades motoras humanas (FONSECA, 1995).
• Organização espaço-temporal: Possui relação com o meio no qual o ser humano
vive. Após a criança aprender a andar, tem as capacidades de adquirir noções de
espaço-tempo e de perceber a distância, as direções e forma de se relacionar com o
meio através do próprio corpo. Outra maneira, também, conhecida, a orientação, ou
percepção espacial, para Gallardo (1997), tem relação com as posições, as texturas,
as formas e os tamanhos de objetos e de coisas do ambiente. Relaciona-se com a
informação da visão, ao fornecer um ponto de referência do ambiente em relação
ao corpo, horizontal ou vertical. Ainda, destacam-se as formas, como quadrado,
redondo; o tamanho, incluindo grande, pequeno etc., com noções de localização.
• Ritmo: É o desenvolvimento espaço-temporal que determina a tipologia rítmica
de cada indivíduo. O corpo, bem situado, é um templo do movimento ritmado,
sem se esquecer, também, de que existem influências da lateralidade sobre essas
perspectivas. O indivíduo se movimenta, age, sente e reage de maneiras diferentes,
e os objetivos se renovam a cada instante, com mudanças dinâmicas, assim, as
reações oriundas dessas mudanças e o recrutamento de várias partes do corpo estão
relacionados à imagem corporal, fazendo com que a autoimagem não se torne estado
ideal ou estática, pelo simples fato de esta ser submetida a mudanças rítmicas.

124
• Coordenação global ou motricidade ampla: É o conjunto de funções unidas
para a representação de atividades globais e mais amplas que se dão por meio de
uma atuação harmônica e econômica do sistema nervoso central dos músculos,
nervos e sentidos, para a execução de um movimento (FONSECA, 1995). A função
da praxia está vinculada às relações culturais, psicológicas, simbólicas, afetivas,
dentre outras, e pode ser dividida em diferentes funções, como: global, que é a
ação de movimentos, sem ter consciência deles; analítica, quando se dão os inícios
da análise e da interpretação dos movimentos pela criança; e sintética, ao conseguir
coordenar um conjunto global de atos.

De acordo Fonseca (1995, s.p.), a praxia global é composta por cinco subfatores:

• Coordenação oculomanual: são movimentos manuais agregados à


visão. Requer as noções de distância e de precisão para o lançamento.
• Coordenação oculopedal: é a coordenação dos pés, associada
à visão.
• Dismetria: é quando não se consegue executar atividades que
exigem as funções visoespacial e visocinestésica frente a uma
determinada distância, a fim de atingir um alvo.
• Dissociação: é a capacidade de locomover diferentes partes do
corpo, de maneiras diferentes, para realizar determinada atividade,
ou seja, é a independência motora de vários segmentos corporais.
• Praxia Fina: é considerada a capacidade de controlar os
pequenos músculos para a execução de atividades refinadas,
como: escrita, recorte, encaixe, colagem, dentre outras. A mão
é o órgão responsável por essa praxia, assim, caso haja a perda
de funções, o organismo se estrutura em busca de outro órgão,
a fim de corresponder a tais atividades.

• Motricidade fina: A coordenação motora fina se refere aos movimentos dos


pequenos músculos do corpo, salienta Gallardo (1997). São movimentos que
necessitam ser aprendidos e controlados por um nível superior do sistema nervoso
central, e, para a execução, são necessárias concentração, precisão e atenção. É
uma coordenação segmentar a partir da qual são utilizadas as mãos para a realização
de tarefas complexas, por meio do movimento e dos pequenos grupos musculares,
como a manuseio de um lápis, da cola, dentre outras atividades desenvolvidas pela
coordenação dos dedos (falanges distais). Os atos realizados pelas habilidades
motoras finas são, simplesmente, escrever, desenhar, encaixar brinquedos, pintar,
pegar pequenos objetos com as pontas dos dedos, tocar piano, digitar etc. A criança,
quando não tem essa coordenação bem desenvolvida, pode estar apta a enfrentar
dificuldades futuras, assim, tem grande importância, a estimulação, já na infância.
• Lateralidade: A lateralidade é relacionada à predominância de um hemisfério cerebral
sobre o outro. Quando ocorre a dominância do hemisfério esquerdo sobre o direito,
indica-se o indivíduo destro; já do hemisfério direito sobre o esquerdo, o canhoto, ou
sinistro. Quando não existe um predomínio claro e são usados, discretamente, os dois
lados, o ambidestro marca presença (ALVES, 2012). Ao ser legítimo afirmar que haja
cooperação dos lados dos dois hemisférios para a formação da inteligência, Alves

125
(2012, p. 72) define “a lateralidade como a apreensão das ideias de direita e esquerda,
ao dizer que esse conhecimento deve ser automatizado o mais cedo possível e
enfatizar que a automatização da lateralização é necessária e indispensável”.

A lateralidade é examinada a partir dos órgãos pares, como pés, mãos, olhos
e ouvidos, e por meio de gestos do dia a dia. Não devemos definir a lateralidade como,
apenas, os conhecimentos esquerda e direita, mas, sim, toda a percepção do eixo
corporal (ALVES, 2012).

• Equilíbrio: Influencia na execução de tarefas motoras, como observa Gallardo


(1997). Requer atenção ao controle do corpo, ao transporte de objetos e à postura,
com relação com superfícies de apoio, forma através da qual o peso do corpo é
distribuído e gravidade, entendido como um estado psicoemocional. O equilíbrio,
ainda, é apontado, por Vieira (2009), como um estado particular em que o indivíduo
fica imóvel ou lança o próprio corpo, ao utilizar a gravidade ou resistir a ela,
considerando um estado individual pelo qual a pessoa pode manter um gesto, ou
atividade, sendo fundamental para uma coordenação motora geral.

A equilibração pode ser estática ou dinâmica. Alves (2012) as define como:


equilíbrio estático: movimentos não locomotores, como ficar em pé, apenas, com a
ponta dos pés, tocando o solo; e equilíbrio dinâmico: movimentos locomotores, como
andar em marcha normal sobre uma linha delimitada.

Ao entendermos que o processo educacional e a aprendizagem caminham


juntos, determina-se que um sujeito possui um corpo e movimentos que precisam ser
trabalhados desde a infância até a adolescência. Caso não seja feito isso, podem ser
identificados problemas, dificuldades para o desenvolvimento motor no cotidiano.

FIGURA 11 – TIRAR FOTOS PARA ACOMPANHAR O EFEITO DO PRÓPRIO CORPO - ESQUEMA CORPORAL

FONTE: <http://glo.bo/3NYI0Do>. Acesso em: 9 dez. 2021.

126
A utilização de fotos, de antes e depois, traz, ao adolescente, uma possibilidade
de visualização do próprio corpo, as quais mostram, assim, a evolução dele. Um meio
muito simples são as famosas selfies, que podem ser tiradas de qualquer celular, ou
máquina fotográfica. Sugerimos, para a prática, fotografar, mesmo que você não esteja
fazendo uma atividade física constante. Marque momentos da sua vida para eternizar
lembranças e transformações.

FIGURA 12 – TIRAR FOTOS DE PESSOAS FAZENDO ATIVIDADE FÍSICA PARA RECONHECER ALGUMA
MUDANÇA CORPORAL - ESQUEMA CORPORAL

FONTE: <https://news.gympass.com/atividades-fisicas-ao-ar-livre/>. Acesso em: 9 dez. 2021.

A realização de atividades físicas, ou exercícios físicos, em locais ao ar livre, ou


em academias, serve como motivação do progresso do desenvolvimento, ao adquirir uma
melhor qualidade de vida, músculos mais definidos ou uma performance satisfatória. Serve,
também, para que possamos visualizar o movimento realizado, com destaque à correção
dele, ou melhoria. Sugerimos, para a prática, ao realizar essas fotos sozinho, ou com o auxílio
de pessoas, encontrar o melhor momento. Se possível, faça filmagens ao lado de pessoas.

FIGURA 13 – FAZER SELFIES PARA RECONHECER TRAÇOS FAMILIARES - IMAGEM CORPORAL

FONTE: <https://veganapati.pt/examples-family-traits-inherited>. Acesso em: 9 dez. 2021.

127
As selfies são uma forma que, atualmente, a tecnologia concede-nos, para que
possamos acompanhar momentos, locais e situações vivenciados. Sugerimos, para a
prática, realizar esse procedimento de forma alegre, sozinho ou com pessoas ao lado.

FIGURA 14 – IMITAR GRANDES ATLETAS DO ESPORTE - IMAGEM CORPORAL

FONTE: <http://glo.bo/3JIh73r>. Acesso em: 9 dez. 2021.

Além de ser estimulante você conseguir uma foto com uma grande estrela do
esporte, ou da beleza, tem o objetivo de registrar alguma marca famosa. Sugerimos,
para a prática, também, não só ter registros com pessoas ilustres, mas incluir o seu
professor, por exemplo, e pessoas que estejam fazendo uma atividade física.

FIGURA 15 – REALIZAR DISPUTAS DE BRAÇO DE FERRO (TÔNUS)

FONTE: <https://globoplay.globo.com/v/2502325/>. Acesso em: 9 dez. 2021.

Ao realizarmos disputas de braço de ferro, estamos trabalhando vários músculos,


em especial, o bíceps e o tríceps, para a execução do movimento. Sugerimos, para a prática,
buscar uma orientação de pessoas que já praticam esse tipo de atividade física, pois
existem várias técnicas em jogo, além da possibilidade de participação em competições.

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FIGURA 16 – TREINAMENTO PARA BARRA FÍSICA

FONTE: <https://aprovataf.com.br/treinamento-para-a-barra-fixa/>. Acesso em: 9 dez. 2021.

No momento de se segurar em uma barra fixa, realizam-se movimentos


isométricos, que são aqueles que promovem uma contração muscular, sem que haja a
realização de movimentos, ou seja, fica-se parado por um tempo determinado, na mesma
posição, durante a execução da atividade. Os principais benefícios desse tipo de exercício
são os ganhos de força e de hipertrofia, sem exigir demais das articulações. Sugerimos,
para a prática, a execução, de forma progressiva. Comece bem próximo do chão, e, com
o tempo, realize a barra completa, que exige força, sustentação e técnicas específicas.

FIGURA 17 – SALTO EM DISTÂNCIA

FONTE: <https://www.todoestudo.com.br/educacao-fisica/salto-em-distancia>. Acesso em: 9 dez. 2021.

A realização do salto em distância traz uma noção da relação entre a corrida e o salto
realizado no movimento. Feito de forma lúdica, serve como uma brincadeira que envolve a
disputa de quem vai mais longe, a ser feita em locais que não precisam de um material específico.
Quando realizado de forma intencional, visa desenvolver o atletismo, que é um dos esportes
mais completos a serem executados na fase da adolescência. As técnicas compreendem a
preparação; o impulso; o deslocamento, ou flutuação; e a queda. Sugerimos, para a prática,
realizar em locais que não causem quedas, as quais possam gerar lesões. Assim, alguns pontos
poderiam ser adaptados, como: uso de colchão; na praia, ou lugar adaptado com areia.

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FIGURA 18 – REALIZAR MOVIMENTO DE CORTADA - ORGANIZAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL

FONTE: <https://blog.futfanatics.com.br/esportes/como-escolher-bola-de-volei>. Acesso em: 9 dez. 2021.

O jogo, ou a atividade de praticar voleibol, tem, como função, a exploração de diversos


movimentos corporais, além de ser uma forma recreativa entre amigos, ou competitiva. No
caso da figura anterior, a cortada exige a ação de rebater a bola através de um movimento
específico, o qual trabalha com noções de tempo e de espaço para obter êxito. Sugerimos,
para a prática, o uso inicial com bolões de gás, assim, pode-se chegar a uma noção de
tempo para acompanhar a bola durante a trajetória dela. Depois, passa-se para uma bola
de plástico, a fim de ser jogada, de um ponto, por uma pessoa. Esse sujeito realiza o salto no
meio, a fim de colocar a tentativa de cortada em prática. Por fim, joga-se com a bola oficial.
Assim, diante da possibilidade de conhecer mais o voleibol, realiza-se o movimento correto.

FIGURA 19 – REALIZAR TIPOS DE DANÇA (RITMO)

FONTE: <https://www.1zoom.me/pt/wallpaper/570825/z5008/3840x2400>. Acesso em: 9 dez. 2021.

Na dança, que é a sucessão de várias formas de ritmos musicais, são emitidos sons
de instrumentos musicais, e realizados movimentos coreografados, ou não. Sugerimos,
para a prática, começar a partir de ações simples, como: ouvir a música que você mais
gosta várias vezes, ver filmagens que retratam como se pode executar o ritmo da música,
chamar um amigo que sabe vários ritmos ou entrar em uma escola específica para tal.

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FIGURA 20 – TOCAR INSTRUMENTOS MUSICAIS - RITMO

FONTE: <https://bit.ly/3jphYuO>. Acesso em: 9 dez. 2021.

Tocar qualquer instrumento musical proporciona uma sensação de prazer e


libera hormônios relacionados à felicidade. Esse processo, na grande maioria das vezes,
começa de forma particular, com tentativas de erros e acertos. Ao prosseguir, busca-se
uma escola, ou um profissional, para a melhoria das técnicas. Sugerimos, para a prática,
de forma bem simples, um farto material, de qualidade e gratuito, postado nas redes,
mas partimos do princípio de que a escolha do instrumento é fundamental. O êxito
advém da dedicação e da persistência, e, com a ajuda de pessoas que já tocam, ou
professores, alcança-se a evolução de forma mais rápida.

FIGURA 21 – PULAR CORDA - COORDENAÇÃO GLOBAL

FONTE: <https://www.tuasaude.com/pular-corda-emagrece/>. Acesso em: 9 dez. 2021.

Pular corda é uma brincadeira de criança, a qual trabalha a coordenação de


membros inferiores e superiores para a execução. Envolve a coordenação e o controle
dos movimentos dos braços e das pernas em relação à trajetória da corda, e estes
dependem da organização das informações que o organismo capta, referentes ao
caminho da corda e da frequência de batida dela. Pode-se realizar essa atividade de
forma particular ou em grupos. Em alguns esportes, como no boxe, é essencial o trabalho
executado por elas. Sugerimos, para a prática, a compra de uma corda de cinzal, na qual
são dados nós nas pontas, com uma medida para a execução do giro completo. Com o
tempo, consegue-se realizar movimentos de longa duração e mais complexos.

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FIGURA 22 – JOGO DE REBATIDA - COORDENAÇÃO GLOBAL

FONTE: <https://bit.ly/3rgT3Os>. Acesso em: 9 dez. 2021.

O jogo de rebatida tem, como objetivo, a realização de um movimento de


ataque sobre um objeto, ou, como chamamos, de casinha, para que seja derrubada. A
defesa rebate a bola arremessada, e, por meio desse ato, marcam-se pontos para uma
posterior vitória. O trabalho é realizado em conjunto, com os membros superiores, para
os movimentos de ataque e de defesa, ao atirar a bola e defender a casinha, incluindo a
corrida, de um lado para o outro, com os membros inferiores. Sugerimos, para a prática,
locais abertos, ou fechados. É necessária uma bolinha de borracha, além de dois objetos
que simbolizam a casinha e dois tacos de madeira. Por fim, é preciso estipular um
número de pontos e saber as regras básicas.

FIGURA 23 – FAZER DESENHOS - COORDENAÇÃO FINA

FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=cklsdjKLCUg>. Acesso em: 9 dez. 2021.

O desenho faz parte de um processo de representação, ou criação de formas,


Pode ser feito com caneta, lápis, carvão ou canetas hidrocores.

A coordenação motora fina envolve a ativação de musculaturas pequenas,


como as das mãos ou dos pés. O desenvolvimento dela permite que a pessoa possa
fazer movimentos mais precisos e delicados.

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Sugerimos, para a prática, ser realizado, de forma natural, no início, assim, a pessoa
escolhe o que quer desenhar e como deve ficar o resultado. Ainda, entregar desenhos
prontos para serem pintados, para, depois, passar para desenhos mais complexos e com
um grau de dificuldade maior.

FIGURA 24 – CONSTRUÇÃO DE ROBÓTICA - COORDENAÇÃO FINA

FONTE: <https://findes.com.br/news/sesirobotica/>. Acesso em: 9 dez. 2021.

A robótica é o ramo da ciência que é responsável pela tecnologia existente em


máquinas, computadores, softwares, sistemas com controles mecânico e automático.
Talvez, são mais conhecidos para a produção de robôs. Já são utilizados, em grande
escala, nas indústrias e em atividades com um alto grau de periculosidade.

Além de desenvolver a coordenação fina, para a construção detalhada de


peças, proporciona a cognição para um alto nível de desenvolvimento de conhecimento
e de informação. Os aprendizados de eletrônica básica e de microcontroladores são
essenciais, através de cursos, livros ou internet. Sugerimos, para a prática, peças de
lego, para a confecção de pequenos experimentos.

FIGURA 25 – ESCRITA COM DOMINÂNCIA DIFERENTE - LATERALIDADE

FONTE: <https://bit.ly/3LWqr4W>. Acesso em: 9 dez. 2021.

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A ação de usar um dos lados do corpo se chama dominância, razão pela qual a
lateralidade é uma predisposição, através de mãos, pés e olhos. Pode ser destra (lado
direito), canhota (lado esquerdo) e ambidestra (lados direto e esquerdo).

O uso da escrita é uma das formas de desenvolver a lateralidade, pois o aluno


apresenta o aspecto relevante nos processos de ensino escolar e da vida. Para o
desenvolvimento da lateralidade, auxiliam-se os hemisférios direto e esquerdo do
cérebro, a fim de serem preparados para realizar operações muito precisas e complexas,
o que possibilita a execução de funções, como a elaboração de praxias, a fala, a escrita
e o pensamento cognitivo.

Sugerimos, para a prática, a escrita de poemas e de diários de vida, das mais


diversas formas. Destacar os dois principais tipos de escrita, o baseado em ideogramas,
que representa conceitos, e o em grafemas, com a percepção de sons ou de grupos de
sons. Um tipo de escrita baseado em grafemas é a alfabética.

FIGURA 26 – JOGOS DE GAMIFICAÇÃO - LATERALIDADE

FONTE: <https://bit.ly/3utyW1s>. Acesso em: 9 dez. 2021.

A gamificação é o manejo de técnicas de design de jogos digitais (avatares,


desafios, rankings e prêmios), com o objetivo de engajamento dos participantes. Na
educação, vem sendo utilizada para o envolvimento dos alunos em aula e para trazer de
volta o foco nas atividades.

Sugerimos, para a prática, o uso dos comandos feitos pelas mãos, ou dedos,
os quais desenvolvem a dominância e a lateralidade, seja nos notebooks, nos
computadores ou em um gamepad. Também, conhecido como joypad, é um tipo de
controlador de jogo para videogames, segurado com as duas mãos, normalmente, os
dois polegares, para acionar os botões.

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FIGURA 27 – PRATICAR SLACKLINE - EQUILÍBRIO

FONTE: <https://www.flickr.com/photos/proctoracademy/8660269607>. Acesso em: 9 dez. 2021.

O slackline é uma atividade física executada em uma fita estreita e flexível, de


nylon ou de poliéster, presa em dois pontos fixos, assim, são realizados movimentos em
cima dela, estáticos ou dinâmicos. Para a prática, são necessários dois pontos fixos, como
estruturas, rochas ou árvores. Pode ser praticado individualmente e/ou em grupos.

Para a execução da atividade, é necessário um trabalho que integre equilíbrio e


concentração, principalmente, no início. Sugerimos, para a prática, um local que tenha
proteção contra eventuais quedas no chão, como areia, grama e colchões, além da
fixação em lugares seguros. Por fim, pode-se ter a ajuda de uma pessoa, a qual auxilia
na ida e na vinda pela fita.

FIGURA 28 – PARKOUR - EQUILÍBRIO

FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=uqOWoeJ7bpo>. Acesso em: 9 dez. 2021.

135
O parkour é um jeito diferente de atividade. O percurso envolve se deslocar de um
ponto para o outro, de forma rápida e direta, sem desviar dos obstáculos que aparecerem.
Eles devem ser transpostos com manobras que abarcam saltos, escaladas e nenhum
equipamento, apenas, o próprio corpo. O espaço ideal, para a prática, é a paisagem urbana.

O trabalho envolve equilíbrio, pois, em determinadas execuções dos movimentos,


há a perda dele, então, realiza-se a contração necessária para se manter fixo. Sugerimos,
para a prática, saber fazer saltos, rolamentos, pulos e volteios. O início pode ser praticado
em muros baixos, com obstáculos de ferro e conhecimento do local.

136
LEITURA
COMPLEMENTAR
Crescimento e Desenvolvimento Puberais

Evelyn Eisenstein
Karla Coelho
(Principais)

Características das puberdades masculina e feminina

A adolescência é uma fase dinâmica e complexa, merecedora de atenção


especial no sistema de saúde, uma vez que essa etapa do desenvolvimento define
padrões biológicos e de comportamentos que se manifestarão durante o resto da vida
do indivíduo. A adolescência diz respeito à passagem da infância para a idade adulta,
enquanto a puberdade se refere às alterações biológicas, as quais possibilitam o
completo crescimento, o desenvolvimento e a maturação do indivíduo, o que assegura
as capacidades de reprodução e de preservação da espécie.

A puberdade se inicia após a reativação dos neurônios hipotalâmicos


basomediais, os quais secretam o hormônio liberador de gonadotrofinas. A secreção
deste gera a liberação pulsátil dos hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante
(FSH) pela glândula hipófise. Isso ocorre, inicialmente, durante o sono, e, mais tarde,
estabelece-se em ciclo circadiano (BERHAMAN; VAUGHAN, 1990).

O crescimento e o desenvolvimento são eventos, geneticamente, programados,


da concepção ao amadurecimento completo, porém, fatores inerentes ao próprio
indivíduo e outros, representados por circunstâncias ambientais, podem provocar
modificações nesse processo. Fatores climáticos, socioeconômicos, hormonais,
psicossociais, e, sobretudo, nutricionais, são algumas das possíveis causas de
modificação do crescimento e do desenvolvimento (SAITO, 1989).

Devido à grande variabilidade quanto ao início, duração e progressão das


mudanças puberais, a idade cronológica, nem sempre, está de acordo com a idade
biológica. Essa última reflete melhor o progresso do organismo em direção à maturidade.
Por isso, diversos parâmetros de crescimento e desenvolvimento são analisados,
através de medidas de peso, altura, idade óssea, dentre outras (DAMANTE et al., 1983).
Essa separação, entre as idades cronológica e biológica, depende de fatores que levam
a um desenvolvimento, nem sempre, harmônico. É o que chamamos de assincronia de
maturação (EISENSTEIN; SOUZA, 1993).

137
Puberdade

A puberdade, considerada uma etapa inicial, ou biológica, da adolescência,


caracteriza-se pela ocorrência de dois tipos de mudanças no sistema reprodutivo sexual.
Em primeiro lugar, as características sexuais primárias, que, nas meninas, referem-se
às alterações dos ovários, do útero e da vagina; e, nos meninos, testículos, próstata e
glândulas seminais, experimentam marcantes mudanças estruturais. Em segundo lugar,
acontece o desenvolvimento das características sexuais secundárias: nas meninas, o
aumento das mamas e o aparecimento dos pelos pubianos e axilares; nos meninos, o
aumento da genitália, do pênis, dos testículos, da bolsa escrotal, além do aparecimento
dos pelos pubianos, axilares, faciais e da mudança do timbre da voz. Paralelamente, à
maturação sexual, são observadas outras mudanças biológicas, como as alterações
no tamanho, na forma, nas dimensões, na composição corporal (quantidade de massa
muscular e tecido adiposo) e na velocidade de crescimento, que é o chamado estirão
puberal. Esse processo, marcado por alterações de diversas funções orgânicas, constitui o
que se denomina de processo de maturação corporal, que ocorre, simultaneamente, com
as transformações comportamentais e psicossociais, o que representa a adolescência.

Principais características da puberdade

1. Crescimento: aceleração da velocidade de crescimento em altura e peso, ou


estirão puberal (eixos GH e IGF-I). 2. Mudanças das características sexuais secundárias
e maturação sexual: Eixo hipotalâmico-gonadotrópico-gonadal. Gonadarca: aumento
de mamas, útero e ovários nas meninas; e aumento da genitália, pênis e testículos nos
meninos, devido à elevação dos esteroides sexuais, estrogênios nas meninas e androgênios
nos meninos. Adrenarca: surgimento de pelos pubianos, axilares e faciais, devido ao
aumento dos androgênios produzidos pelas suprarrenais, e, em maior quantidade, nos
meninos. Esses fenômenos são interdependentes e mantêm uma associação temporal
entre si. 3. Mudanças de composição corporal: aumento da massa gordurosa nas meninas
e da massa muscular nos meninos, além da proporção corporal entre os gêneros. 4.
Outras mudanças corporais: voz, pressão arterial, maturação óssea, áreas cardíaca e
respiratória, várias enzimas relacionadas às atividades osteoblásticas e do crescimento,
hematócrito, hemoglobina, dentre outras. O surgimento da puberdade, em crianças
normais, é determinado, basicamente, por fatores genéticos, quando se controlam
os fatores socioeconômicos e o meio ambiente. O desenvolvimento dos caracteres
sexuais é mais tardio nas classes de baixo nível socioeconômico (COLLI, 1984a; 1984b). É
comum adolescentes de diferentes grupos etários se encontrarem no mesmo estágio de
desenvolvimento. Daí, a necessidade de utilização de critérios de maturidade fisiológica
para o acompanhamento do desenvolvimento infanto-puberal (ZERWES; SIMÕES, 1993).

Puberdade feminina

O primeiro sinal da puberdade da menina consiste no aparecimento do broto


mamário (esse momento é chamado de telarca), e pode se iniciar de modo unilateral,
com uma assimetria mamária temporária. Geralmente, seis meses, após a telarca,

138
ocorre a pubarca, ou adrenarca (surgimento dos pelos pubianos). A menarca (primeira
menstruação), fato marcante da puberdade feminina, ocorre, em média, aos 12 anos e
seis meses, no Brasil, podendo variar de nove a 15 anos. A puberdade feminina envolve
toda uma transformação dos órgãos sexuais. O útero, por exemplo, também cresce,
para aconchegar o feto durante a futura gravidez. A composição dos tecidos sofre uma
mudança profunda, especialmente, com a deposição do tecido adiposo nos quadris
e no abdômen. Alterações no esqueleto, como o alargamento da bacia, completam o
quadro da formação do contorno feminino característico.

Puberdade masculina

No sexo masculino, o início da puberdade se evidencia pelo aumento do volume


dos testículos, o que ocorre, em média, aos 10 anos e 9 meses, mas pode variar de
nove a 14 anos. Em seguida, aparecem os pelos pubianos, em torno dos 11 anos e 9
meses, com o aumento do pênis. Ao mesmo tempo, ou logo após o surgimento dos
pelos, o pênis começa a aumentar de tamanho e espessura, e a glande se desenvolve.
O processo culmina na maturação sexual completa, isto é, na primeira ejaculação
com sêmen (a semenarca), que ocorre por volta dos 14 a 15 anos de idade. Antes, por
volta dos 13 a 14 anos, é comum a polução noturna, ou ejaculação durante o sono. O
aparecimento dos pelos axilares e faciais se dá mais tarde, em média, aos 12,9 e 14,5
anos, respectivamente. O volume testicular pode ser avaliado por palpação comparativa,
com o orquidômetro de Prader (conjunto-padrão de 12 elipsoides), considerando-se
que, se o volume encontrado for maior que 3 ml, ou um comprimento maior que 2,5
cm, indica que o indivíduo iniciou a puberdade, enquanto volumes de 12 ml, ou mais,
são considerados adultos (Figura 3). Volume testicular = comprimento + largura em cm.

Maturação sexual

A classificação mais utilizada, para avaliarmos a maturação sexual, é a proposta


por Tanner, desde 1962, que considera as etapas de desenvolvimento, de um a cinco,
para mamas, em meninas. Quanto à genitália, nos meninos, a classificação, também,
varia, de um a cinco (TANNER, 1962). Para ambos os sexos, a presença de pelos pubianos
é classificada de um (sem pelos, ou pré-puberal) a cinco (pelos supra púbicos, com a
formação do triângulo). A classificação de seis é pós-puberal, e normal na maioria dos
adolescentes, com o aumento dos pelos pubianos nas regiões inguinais, face interna
das coxas e região infra umbilical, principalmente, no sexo masculino.

A avaliação da maturação sexual pode ser realizada durante o exame físico,


ou através de pranchas ilustrativas, assim, o adolescente identifica o estágio de
desenvolvimento dos próprios caracteres sexuais secundários (Anexos A e B).
A autoavaliação é uma alternativa já reconhecida em estudos brasileiros (SAITO,
1990; MATSUDO; MATSUDO, 1991), pois mostra uma boa correlação (r=0,80) entre a
autoavaliação e aquela realizada por um profissional especializado.

139
Vários fatores interferem na maturação sexual, alguns endógenos, ou genéticos,
e outros exógenos, ou ambientais, como nível socioeconômico, hábitos alimentares e
grau de atividade física. A resultante dessas influências determina a época de surgimento
da maturação sexual e das variações individuais dela, além das características de uma
determinada população (MARCONDES, 1982).

O intervalo de tempo, entre o início da puberdade e o estágio adulto, varia muito, e


em ambos os sexos. Estima-se, em três anos, o período médio de desenvolvimento, desde o
estágio dois ao cinco, de genitais e pelos pubianos (MARSHALL; TANNER, 1970; TARANGER,
1976; LEE, 1980). No caso das meninas, é de três a quatro anos o período médio entre os
estágios iniciais de desenvolvimento das mamas (M2) e dos pelos pubianos (P2) e o estágio
adulto (MARSHALL; TANNER, 1970; BILLEWICZ; THOMSON; FELLOWS, 1983; MATOS, 1992). A
composição corporal do adolescente oscila em função da maturação sexual.

A idade da menarca representa o início da desaceleração do crescimento, a qual


ocorre no fim do estirão puberal, com um grande acúmulo de tecido adiposo. Para os
meninos, o pico de crescimento coincide com a fase adiantada de desenvolvimento dos
genitais e pilosidade pubiana, momento em que, também, ocorre o desenvolvimento
acentuado das massas magra e muscular (SAITO, 1993). A Organização Mundial da
Saúde (OMS) recomenda, para estudos de rastreamento populacional, a utilização de
dois eventos de maturação para cada sexo: um inicial, como marcador do estirão de
crescimento, e outro indicando que a velocidade máxima de crescimento já ocorreu.
Para o sexo feminino, o marcador inicial do estirão de crescimento é a presença do broto
mamário (estágio M2 de mamas), e, para indicar que a velocidade máxima já ocorreu, a
menarca. Para os meninos, o marcador inicial é o aumento da genitália (estágio G3), e,
como velocidade máxima, o estágio quatro, ou cinco, de genitália, ou a mudança da voz
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1995).

FONTE: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_adolescente_competencias_habilidades.pdf>.
Acesso em: 24 dez. 2021.

140
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O movimento especializado é a junção dos movimentos maduros e refinados para as


exigências específicas de uma atividade recreativa, do dia a dia, e, principalmente,
de uma prática desportiva.

• Existem três estágios na fase de desenvolvimento humano: transitório, de aplicação


e de aplicação longa.

• A aptidão física é descrita como a capacidade de executar atividades físicas com


energia e vigor, sem excesso de fadiga, e como a demonstração de qualidades e de
capacidades físicas.

• A imagem corporal é a figuração do próprio corpo, formada e estruturada na mente


do indivíduo, ou seja, é a maneira através da qual o corpo se apresenta para si próprio.

• O desenvolvimento motor é o resultado da maturação dos tecidos nervosos, do


aumento de tamanho e da complexidade do sistema nervoso central, além do
crescimento dos ossos e dos músculos, que vai desde o nascimento até o fim da vida.

• O controle motor consiste na integração de vários sistemas do corpo. Podemos


fazer uma analogia. Em um computador, por exemplo, existe o hardware, que é
a estrutura física, em comparação à estrutura corporal que possuímos, como o
sistema muscular.

• Os elementos básicos da psicomotricidade são esquema e imagem corporais,


tônus, organização espaço-temporal, ritmo, coordenação global, motricidade fina,
lateralidade e equilíbrio.

141
AUTOATIVIDADE
1 Explique, com as suas palavras, o que é o desenvolvimento motor.

2 Cite três estágios que podem ser praticados na fase do desenvolvimento.

3 Qual das alternativas, a seguir, não faz parte dos elementos básicos da
psicomotricidade?

a) ( ) Imagem corporal.
b) ( ) Lateralidade.
c) ( ) Flexibilidade.
d) ( ) Tônus.

142
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