Coração
Coração
Coração
Anatomia Funcional
O coração é um órgão muscular cavitario com forma mais ou menos cônica e encontra-se em posição obliqua. Esta
localizada no mediastino médio, região que divide a caixa torácica localizada entre os dois pulmões, e estende-se da
face posterior do esterno até a coluna vertebral, e da entrada do tórax ate o diafragma. Possui tamanho médio cerca de
12 cm verticalmente e de 8 a 9cm horizontalmente. Seu peso varia de 280 a 340g nos homens e de 230 a 280g nas
mulheres.
° Externamente: Visualmente o coração dividido através dos sulcos. A divisão entre os dois átrios e o ventrículo é
formada pelo sulco coronário por ondem passam os vasos coronários; a divisão entre os dois átrios é chamada sulco
interatrial; e a divisão entre os dois ventrículos é chamada sulco interventricular que pode ser anterior (região
esquerda) e posterior (região direita). O coração é ainda dividido, externamente, de acordo com seus limites em:
-Face Posterior ou Base: é quadrilátera, formada principalmente pelo átrio esquerdo e por uma pequena região
posterior do átrio direito. No átrio esquerdo encontra-se o seio obliquo do pericárdio, que consiste no seio que separa
as veias pulmonares da veia cava superior. Esta separada através do pericárdio, vertebras torácicas, veias pulmonares
direita, esôfago e aorta.
-Ápice: formado pelo ventrículo esquerdo; está dirigido para baixo, para frente e para a esquerda, e encontra-se
coberto pela frente do pulmão esquerdo.
-Face Anterior ou Esternocostal: é formada inteiramente pelo átrio direito, ventrículo direito e pequena região do
ventrículo esquerdo. Esta coberta pelas pleuras e partes anteriores dos pulmões. Esta separada através do pericárdio,
corpo do esterno, músculos intercostais e do 3º ao 6º espaço intercostal.
-Face Inferior ou Diafragmática: Orientada para baixo e para trás, é formada principalmente pelo ventrículo esquerdo,
mas também pelo direito. Repousa sobre o centro tendineo e sobre uma pequena camada muscular esquerda do
diafragma. Está separada da base do coração pelo sulco coronário e é atravessa pelo sulco interventricular posterior.
-Face Esquerda: é dirigida para cima, para trás e para a esquerda; é formada principalmente pelo ventrículo esquerdo
e por uma pequena parte do átrio esquerdo. Esta separada através do pericárdio, nervo frênico esquerdo, pleura
esquerda e hilo.
° Internamente: o coração é constituído por 4 câmaras: átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo direito e ventrículo
esquerdo. Os átrios são separados pelo septo interatrial ou septo atrial e os ventrículos pelo septo interventricular ou
septo ventricular, sendo em sua maior parte mais espesso e muscular, todavia, sua região superior é constituída por
camada delgada chamada. Membranácea do septo interventricular. O coração é dividido em coração direito e coração
esquerdo. O coração direito é formado por um átrio e um ventrículo por onde passa sangue venoso e o coração
esquerdo é formado por um átrio e um ventrículo por onde passa sengue arterial. Os “dois corações” são separados
pelo septo atrioventricular.
-Coração Direito
Átrio direito: câmara mais ou menos quadrilátera que forma a superfície direita do coração (borda direita). Recebe
sangue venoso das veias cavas superior e inferior e do seio coronário. O átrio direito se comunica com o ventrículo
direito através do ostio atrioventricular direito, orifício no qual existe a valva atrioventricular direita, que é
circundado por um anel fibroso.
Valva atrioventricular ou Tricúspide: Serve para impedir o refluxo sanguíneo, do ventrículo para o átrio, no momento
da contração ventricular. Consiste em 3 válvulas mais ou menos triangulares formadas pelo desdobramento do anel
fibroso presente no ostio, e este anel está ligado aos músculos papilares do ventrículos pelas cordas tendineas.
Ventrículo direito: estende-se do fim do átrio direito até próximo ao ápice do coração. É dividido internamente em
duas partes: a entrada através do ostio atrioventricular e a saída através do ostio pulmonar, formando um crista
muscular em ambas, chamada crista supraventricular. Recebe sangue venoso do átrio direito e bombeia para os
pulmões através da artéria pulmonar.
Valva pulmonar: localizada na entrada da artéria pulmonar e se constitui de 3 válvulas semilunares (direita, esquerda,
anterior) originadas do endocárdio com pequenas quantidades de tecido fibroso. Serve para impedir o refluxo
sanguíneo da artéria pulmonar para o ventrículo.
-Coração Esquerdo
Átrio esquerdo: é o menor átrio, porem com parede muscular mais espessa. Recebe sangue arterial das quatro veias
pulmonares. Ele se conecta com o ventrículo esquerdo através do ostio atrioventricular esquerdo, orifício no qual
existe a valva atrioventricular esquerda, que é circundado por um anel fibroso.
Valva atrioventricular esquerda ou Bicúspide ou Mitral: Serve para impedir o refluxo sanguíneo, do ventrículo
esquerdo para o átrio, no momento da contração ventricular. Consiste em 2 válvulas mais ou menos triangulares, de
tamanho desigual, são maiores e mais espessas em relação as cúspides da valva atrioventricular esquerda, formadas
pelo desdobramento do anel fibroso presente no ostio, este anel se liga aos músculos papilares do ventrículo pelas
cordas tendineas, o que facilita o fechamento da valva.
Ventrículo esquerdo: é mais longo, mais cônico e mais espesso. Tem a função de bombear sangue arterial para todo o
corpo através da artéria aorta.
Valva aórtica: Está localizada na entrada da artéria aorta e se constitui de 3 válvulas (direita, esquerda, posterior)
originadas do endocárdio com pequenas quantidades de tecido fibroso. Serve para impedir o refluxo sanguíneo da
artéria aorta para o ventrículo esquerdo. Todavia, é mais longa e mais espessa do que a valva pulmonar. A partir
dessa valva surgem aberturas para as artérias coronárias direita e esquerda, que forma o seio aórtico.
Sistema de Condução
O sistema de condução é formado pelas fibras musculares cardíacas altamente diferenciadas denominadas: fibras
nodais e fibras de purkinje; sendo responsável pelo inicio e manutenção do ritmo cardíaco normal.
-Nodo Sinusal: Estrutura estreita, achatada e elipsoide, situada no átrio direito, a frente da veia cava superior. Quase
não existem filamentos contrateis, sendo mais um filamento auto rítmico (auto excitável). Ele possui alta frequência
de contração rítmica intrínseca, maior do que qualquer outra fibra cardíaca, o que faz com que ele seja o local de
inicio do impulso nervoso. Ele ainda é considerado o “marcapasso” fisiológico, pois as demais fibras irão se contrair
de acordo com a velocidade imposta pelo nodo sinusal. Dele surgem os chamados Feixes de Bachman, que irão
conduzir o impulso para o átrio esquerdo, sendo também constituídos por células auto rítmicas.
-Vias intermodais: Consiste num conjunto de 3 vias: anterior, media e posterior; que irão conduzir o impulso oriundo
do nodo sinusal para o nodo atrioventricular. Todavia, não podem ser consideradas vias especializadas ou de
purkinje.
-Nodo Atrioventricular: Um pouco menor que o nodo sinusal, porém com fibras mais largas e cilíndricas. Situado
também no átrio direito, atrás da valva atrioventricular (tricúspide). Dele se origina o Feixe de His ou Feixe
Atrioventricular que passa entre o septo interventricular e se divide em dois ramos: direito e esquerdo. Esses ramos
descem ate o ápice do coração para os lados direito e esquerdo respectivamente. Esses ramos se ramificaram nas
chamadas fibras de purkinje, que são responsáveis por conduzir o impulso por todo o ventrículo.
Vascularização
A irrigação do coração ocorre principalmente por duas artérias ramos da aorta; artéria coronária direita e artéria
coronária esquerda.
-Artéria coronária direita: originada do seio aórtico anterior, emite ramos que irão suprir o átrio e ventrículo direito.
Ela se ramifica com o objetivo de irrigar o nodo sinusal, o nodo atrioventricular e os demais feixes.
-Artéria coronária esquerda: originada do seio aórtico posterior, emite ramos que irrigam o átrio e o ventrículo
esquerdo. Esse ramos são: artéria descendente anterior esquerda e a artéria circunflexa esquerda.
As duas artérias coronárias direita e esquerda ao chegarem ao ápice do coração se anastosomarão formando a
anastomose coronariana.
A drenagem do coração ocorre pelo seio coronário e sua tributarias, pelas veias anteriores do ventrículo direito e
pelas veias cardíacas mínimas. O seio coronário, ampla canal venoso que drena quase todo o sangue venoso que
passa pelo coração, situa-se no sulco coronário entre o átrio e o ventrículo esquerdo e tem sua abertura localizada no
átrio direito, entre o orifício da veia cava superior e o ostio atrioventricular (desemboca no átrio direito através do
ostio do seio coronário) e suas tributarias ( veia interventricular anterior, veia obliqua do átrio esquerdo, veia
interventricular posterior e veia cardíaca parva) irão drenar quase todo o coração exceto a região anterior do
ventrículo direito e pequenas áreas do átrio e ventrículo esquerdo. As veias anteriores irão drenar a região anterior do
ventrículo direito e não terminam no seio coronário, se abrindo diretamente para o átrio direito. As veias cardíacas
mínimas drenam pequenas regiões do átrio e ventrículo esquerdo.
Inervação
Os nervos são oriundos do plexo cardíaco. A inervação do coração é feita pelo sistema nervoso autônomo: simpático
(toracolombar) e parassimpático (crâniosacral). Estes nervos interagem com os tecidos para exercerem o controle
neural da função cardíaca. As fibras parassimpáticas distribuem-se pelo nervo vago, e dele derivam os nervos
cardíacos parassimpáticos que se acredita inervar o nodo sinusal, nodo atrioventricular e algumas regiões da
musculatura atrial e ventricular, sendo 2 cervicais e 1 torácico. Os simpáticos irão inervar a musculatura ventricular,
regiões atrial e os grandes ramos das artérias coronárias, sendo 3 cervicais e 4 torácicos.
Histologia
O coração é composto por 3 tipos principais de músculos: o musculo atrial, o musculo ventricular e as fibras
especializadas excitatórias e condutorias. Essas fibras são representadas pelo nodo sinusal, nodo atrioventricular e
fibras de purkinje. Com isso, basicamente, o coração é formado por fibras musculares cardíacas e fibras
especializadas (células auto excitáveis).
O coração é formado por 3 túnicas: a interna ou endocárdio, a media ou miocárdio, a externa ou pericárdio. A região
central fibrosa do coração, chamada esqueleto fibroso, serve de apoio para as válvulas cardíacas, além de ser o local
de origem e inserção das células cardíacas.
° Pericárdio: é um saco que contem o coração e as raízes dos grandes vasos, localiza-se da segunda a sexta costela
e da quinta a oitava vertebra. É constituído por dois componentes: o pericárdio fibroso e o pericárdio seroso. O
pericárdio fibroso é a região mais externa do pericárdio formada por tecido conjuntivo denso modelado rico em
colágeno. Ele faz com que o coração fique aderido ao diafragma através dos ligamentos tendineos. O pericárdio
seroso é formado por duas laminas, a lamina parietal a mais externa das laminas que recobre a superfície interna do
pericárdio fibroso. A lamina visceral ou epicárdico a mais interna do pericárdio seroso que se adere intimamente ao
coração. As duas laminas (parietal e visceral) do pericárdio seroso são justapostas mas separadas por um fluido
(cavidade pericárdica) que permite a movimentação do coração.
° Miocárdio: é a região intermediaria mais espessa e consistente das túnicas, e rica em células musculares
cardíacas. Ela se conecta ao endocárdio através da camada subendocardial.
- Células musculares cardíacas: são alongadas, ramificadas e possuem um ou dois núcleos centrais. São formadas por
fibras transversais com sarcomeros longos e unidas por discos intercalares. Esses discos são formados por um
complexo juncional constituído por: zonas de adesão, servem para ancorar os filamentos de actina dos sarcoremos;
desmossomos, unem as células cardíacas para impedir a separação no momento da contração, e as junções
comunicantes tipo gap, que permitem a passagem de íons, propagando o potencial de ação. Elas ainda contem
numerosas mitocôndrias o que reflete o intenso metabolismo aeróbio.
Apresentam grânulos secretores, mais abundantes no átrio esquerdo, que possuem percussores do hormônio
natriurético atrial, que atuam na eliminação de sódio e agua na urina.
-Células especializadas: são células fusiformes acopladas às células musculares cardíacas que possuem papel
importante na geração e propagação do estimulo cardíaco. Elas de conectam entre si e entre outras células através das
junções comunicantes tipo gap. Possuem baixa quantidade de miofibrilas. São constituídas pelo nodo sinusal, nodo
atrioventricular e fibras de purkinje.
° Endocárdio: é mais fina e delicada das túnicas constituída por endotélio que reveste por completo os átrios, os
ventrículos e as válvulas cardíacas. Esta situada na camada subendotelial delgada de tecido conjuntivo frouxo, essa
camada se conecta com o miocárdio através da camada subendocardial.
Obs: A superfície interna dos vasos sanguíneos (artérias, veias e capilares) é revestida por uma única camada de
epitélio pavimentoso, denominada endotélio.
Potencial de Açã o
O potencial de ação varia de acordo com a célula cardíaca. Caso o potencial de ação ocorra nas células musculares
cardíacas ou nas fibras de Purkinje é conhecido como potencial de Resposta Rápida. Caso ele ocorra no nodo sinusal
ou no nodo atrioventricular é conhecido como potencial de Resposta Lenta.
Resposta Rápida
O potencial das células musculares cardíacas e das fibras de Purkinje é semelhante em alguns aspectos com o do
musculo esquelético e neurônios. Incialmente a célula cardíaca esta em repouso com media de -90mv, todavia quando
uma onda de despolarização atinge essas células, inicia-se a abertura dos canais rápidos de sódio, o que permite o
rápido influxo de sódio gerando a despolarização (Fase 0) até que se atinja o limiar de +20mv. Como os canais de
sódio são rápidos eles também se fecham rapidamente (quando alcança o limiar de +20mv) estimulando o processo
de repolarização, que se inicia com o efluxo de potássio, caracterizando o processo de repolarização parcial precoce
(Fase 1). Todavia os canais rápidos de potássio se fecham e os canais lentos de cálcio se abrem totalmente, fazendo
com que o potencial de ação atinja o ESTADO DE PLATÔ (fase 2). Isso faz com que não haja repolarização total e o
potencial de ação de prolongue. O estado de platô termina, assim que os canais de cálcio se fecham e inicia-se o
aumento da permeabilidade aos íons sódio, o que mantem as células despolarizadas; devido a essa despolarização,
ocorre a abertura dos canais lentos de potássio (fase 3), fazendo com que a célula se repolarize totalmente e volte ao
seu estado de repouso (fase 4).
Observações:
-o aumento da permeabilidade aos íons cálcio no estado de platô, ativa a contração muscular através da estimulação
da abertura dos canais de cálcio do reticulo sarcoplasmático;
-a velocidade de propagação do potencial nas fibras de purkinje é maior do que nas células musculares entre si;
-o estado de platô é necessário para prolongar o potencial de ação, e esse prolongamento é necessário para impedir a
tetania (contração fixa) nas células musculares cardíacas.
Resposta Lenta
Corresponde ao potencial de ação gerado nas células do nodo sinusal e atrioventricular. Esse potencial de ação é
diferente do das células musculares e das fibras de purkinje, porque essas células são responsáveis por gerar o
potencial e não somente propaga-lo. Assim, as células auto rítmicas do nodo sinusal e atrioventricular são dotadas de
automatismo. Para entender como o potencial é gerado, é preciso entender que essas células não “repousam”, ou seja,
são instáveis, nunca vão atingir o estado de repouso. Assim, o potencial dessas células, inicialmente, é conhecido
como Potencial de Marcapasso. Quando a célula esta no potencial de marcapasso, ela se encontra em -55mv; canais
especiais dessas células, conhecidos como canais if, irão se abrir permitindo o maior influxo de sódio e baixo efluxo
de potássio. A entrada de cargas positivas irá iniciar o processo de despolarização, todavia essa não será a
despolarização que iniciará o potencial de ação, visto que ela não é suficiente para atingir o limiar. Com esse inicio de
despolarização, inicia-se a abertura de canais de cálcio o que faz com que essa despolarização continue até que se
atinja o limiar para gerar o potencial de ação. Quando o limiar é atingido, mais canais de cálcio são abertos e mais
íons cálcio entram para o interior da célula, deflagrando o potencial de ação. Em seguida, os canais de cálcio se
fecham e os canais lentos de potássio se abrem, iniciando a repolarização celular e a célula volta ao seu estado de
marcapasso.
Eletrofisiologia
O coração é dotado de um sistema especial para gerar impulsos elétricos rítmicos que causam contrações rítmicas no
miocárdio e conduzem esses impulsos rapidamente por todo o coração. A chegada de um potencial de ação em algum
lugar gerara a contração (sístole) da musculatura de forma rítmica e involuntária; e o termino do potencial de ação
gera o relaxamento (diástole) da musculatura.
A comunicação elétrica no coração começa com a geração de um potencial de ação em uma célula auto rítmica, o
nodo sinusal ou sinoatrial. Esse propaga o potencial de ação por todas as células musculares do átrio direito e
esquerdo através dos feixes de Bachman. Ao mesmo tempo, propaga o PA pelas vias internodais que encaminham o
sinal elétrico para o nodo atrioventricular. No nodo atrioventricular, o PA se desloca pelo feixe de His ou feixe
atrioventricular e em seguida, pelos ramos direito e esquerdo que o encaminha para as fibras de purkinje.
- as vias internodais e o nodo atrioventricular existem para conduzir, de forma atrasada, o potencial de ação para os
ventrículos, permitindo que a contração ventricular ocorra somente após a contração atrial;
- a descida das fibras especializadas ate próximo ao ápice do coração e a maior ramificação das fibras de purkinje nas
regiões inferiores dos ventrículos é posição estratégica, pois permite que a contração inicie de baixo para cima o que
impulsiona a entrada do sangue nas artérias;
-o nodo sinusal é considerado o marcapasso fisiológico, pois dele depende a velocidade dos batimentos cardíacos,
pelo fato de seus potenciais de ação estáveis, determinando a frequência cardíaca.
Contração do Músculo Cardíaco
A contração do musculo cardíaco ocorre pelo mesmo tipo de deslizamento dos filamentos proteicos do musculo
esquelético. E só ocorre com a chegada do potencial de ação nas células musculares. Assim como na musculatura
esquelética, a chegada do potencial de ação nas fibras cardíacas faz com que haja despolarização dessas fibras através
da abertura dos canais rápidos de sódio. Com essa despolarização, ocorre a abertura dos canis voltagem dependentes
de cálcio presente na membrana das células cardíacas, permitindo o influxo de cálcio para o interior da célula. Por
conta do aumento desse cálcio adicional na célula cardíaca, ocorre a estimulação da abertura dos canais de cálcio
presentes no reticulo sarcoplasmático. Este cálcio, oriundo do reticulo sarcoplasmático, se liga a troponina permitindo
o inicio do deslizamento da actina sobre a miosina, gerando o movimento de contração muscular. Do mesmo modo
do musculo esquelético, o relaxamento da célula cardíaca ocorre devido a baixa concentração de cálcio no citosol, e
essa baixa concentração é oriunda do transporte de cálcio de volta para o reticulo sarcoplasmático ou para o meio
extracelular. O transporte de cálcio para o reticulo sarcoplasmático é feito pela bomba de cálcio ( Ca² ATP ase) e o
transporte de cálcio para o meio extracelular ocorre por cotransporte de sódio e cálcio ( o íons cálcio saem da célula e
os sódio entram).
-O cálcio do reticulo sarcoplasmático fornece 90% do ions cálcio necessários para a contração muscular;
- sem os ions cálcio adicional do meio extracelular a força de contração miocárdica seria reduzida.
Ciclo Cardíaco
É o conjunto de eventos compreendido entre o inicio de um batimento cardíaco e o próximo batimento cardíaco. Cada
ciclo cardíaco é iniciado pela geração espontânea do potencial de ação no nodo sinusal. Cada ciclo cardíaco é
composto por duas fases: diástole e sístole. Período no qual o coração relaxa e contrai respectivamente.
Duração do ciclo cardíaco: as fases de diástole e sístole compreende a chamada frequência cardíaca, quanto mais
rápida é a frequência cardíaca, menor a duração do ciclo cardíaco.
1.Coração em repouso: diástole atrial e ventricular. Corresponde ao inicio do ciclo cardíaco, no qual, por um
breve período, tanto os átrios como os ventrículos estão relaxados. Nesse momento, os átrios estão se enchendo de
sangue vindo pelas veias, ao mesmo tempo em que os ventrículos estão retornando ao seu estado de relaxamento. Por
conta disso, as valvas atrioventriculares estão abertas, permitindo o fluxo sanguíneo direto dos átrios para os
ventrículos (cerca 80%).
2. Termino do enchimento Ventricular: sístole atrial. Como somente 80% do sangue consegue fluir
diretamente para os tecidos, cerca de 20% fica aprisionado nos átrios, todavia, precisam ser conduzidos para os
ventrículos. Isso ocorrera somente com contração (sístole) atrial, fazendo com que os átrios funcionem simplesmente
como bomba de escora.
-embora a contribuição da sístole atrial seja mínima, ela é necessária para fornecer ao coração segurança quando a
frequência dos batimentos cardíacos aumenta;
-a contração atrial, ao mesmo tempo em que força a passagem do sangue para os ventrículos, faz com que o sangue
retorne para as veias devido a ausência de válvulas, formando o chamado retorno venoso.
3. Inicio da contração ventricular e primeira bulha cardíaca: enquanto ocorre a sístole atrial, uma onda
de despolarização se propaga para o nodo atrioventricular até alcançar o ápice do coração. Isso faz com que ocorra a
sístole ventricular empurrando o sangue do ápice para a base (para cima), fazendo com que as valvas
atrioventriculares se fechem. Esse fechamento gerará vibrações que formam a primeira bulha cardíaca (“‘Lub”).
Ao mesmo tempo, as válvulas semilunares estão fechadas, por conta disso o sangue não consegue fluir, todavia os
ventrículos continuam a se contrair sucessivamente, sem que haja seu esvaziamento, formando a chamada contração
muscular isovolumétrica (isométrica).
4. Contração Ventricular efetiva: período de ejeção. Após sucessivas contrações isovolumétricas, a pressão no
interior dos ventrículos aumenta, atingindo cerca de 80 mmHg. Isso faz com que ocorra a abertura das válvulas
semilunares, permitindo, portanto, a passagem do sangue para as artérias. Esse período de ejeção é dividido em dois
períodos: período de ejeção rápida, no qual ocorre o esvaziamento de cerca de 70% do sangue; e período de ejeção
lenta, no qual ocorre o esvaziamento de cerca de 30% de sangue.
5. Relaxamento ventricular e segunda bulha cardíaca: após a sístole ventricular, inicia-se o relaxamento
dos ventrículos, diástole, devido a uma mudança repentina na pressão. Essa mudança faz com que o sangue comece a
refluir para os ventrículos e isso faz com que as válvulas semilunares, gerando vibrações que formam a segunda bulha
cardíaca (“ Dub”).
Os ventrículos continuam relaxando mesmo que o volume não se altere e a pressão diminua, caracterizando o período
de relaxamento isovolumétrico (isométrico), permitindo que um novo ciclo cardíaco se inicie.
Volume diastólico final: é o volume sanguíneo que enche os ventrículos, aumentando o volume de cada um deles
para 110 ou 120 ml.
Volume de ejeção: volume bombeado durante uma sístole, corresponde a diferença entre VDF e o VSF.
-regulação cardíaca intrínseca: ocorre através do mecanismo de Frank-Starling, que afirma que quanto mais o
miocárdio é distendido durante o enchimento, maior será sua força de contração e maior será a quantidade de sangue
bombeada para a artéria aorta.
-regulação cardíaca extrínseca: pode ocorrer pela ação do sistema nervoso autônomo, concentrações de íons cálcio (o
excesso de íons cálcio induz o coração a produzir contrações espásticas), concentrações de íons potássio ( o excesso
de íons potássio pode fazer com que o coração se distenda e fique flácido, diminuindo a frequência do batimento
cardíaco, pois impede a condução do impulso cardíaco no nodo atrioventricular) e temperatura ( a força de contração
é melhorada por aumentos moderados na temperatura, assim aumentando a temperatura corporal aumenta a
frequência cardíaca, e diminuindo a temperatura, diminui a frequência cardíaca).
O coração é inervado pelos nervos simpáticos e parassimpáticos oriundos do plexo cardíaco. Esses irão controlar a
atividade do nodo sinusal, a força contrátil e os demais fatores mecânicos envolvidos com o coração.
-Parassimpático:
São representados pelos nervos vagos que se distribuem majoritariamente para os nodos sinusal e atrioventricular e
um pouco menos para a musculatura atrial e ventricular. A estimulação parassimpática provoca a liberação de
acetilcolina, que atua aumentando a permeabilidade aos íons potássio e diminuindo aos íons cálcio, gerando um
estado de hiperpolarização. Essa hiperpolarização faz com que o ritmo do nodo sinusal seja diminuído e a
excitabilidade das fibras juncionais do nodo atrioventricular seja reduzida, letificando a condução do impulso
cardíaco. Por conta disso, a estimulação vagal reduz a frequência cardíaca. Todas essas alterações geram, portando,
efeitos neurais de cunho inibitório.
-Simpático
São oriundos da região torácica e cervical e distribuem-se para todas as porções do coração, principalmente para
musculatura ventricular. A estimulação simpática provoca a liberação de norepinefrina e epinefrina, que aumenta o
fluxo de íons cálcio e íons sódio, gerando um estado maior de despolarização. Esse estado causa aumento da
frequência de descargas no nodo sinusal, aumentando a velocidade de condução do impulso cardíaco, bem como a
excitabilidade em todas as porções do coração, isso faz com que haja aumento da força de contração da musculatura
cardíaca. Por conta disso, a estimulação vagal gera aumento da frequência cardíaca duplicando a velocidade de
contração.
Obs: em indivíduos saudáveis e em repouso, os efeitos parassimpáticos sobre a frequência cardíaca predominam em
relação aos efeitos simpáticos (efeitos neurais facilitários).