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DUS e DPI Pauliane Vieira

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J Bras Pneumol.

2016;42(2):88-94
http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562015000000266 ARTIGO ORIGINAL

Identificação da diminuição da mobilidade


diafragmática e do espessamento
diafragmático na doença pulmonar
intersticial: utilidade da ultrassonografia
Pauliane Vieira Santana1,2, Elena Prina1, André Luis Pereira Albuquerque1,
Carlos Roberto Ribeiro Carvalho1, Pedro Caruso1,2

1. Divisão de Pneumologia, Instituto do RESUMO


Coração – InCor – Hospital das Clínicas,
Faculdade de Medicina, Universidade Objetivo: Investigar a aplicabilidade da ultrassonografia do diafragma na doença
de São Paulo, São Paulo (SP) Brasil. pulmonar intersticial (DPI). Métodos: Por meio da ultrassonografia, pacientes com DPI e
2. A.C. Camargo Cancer Center, São Paulo voluntários saudáveis (controles) foram comparados quanto à mobilidade diafragmática
(SP) Brasil. durante a respiração profunda e a respiração tranquila, à espessura diafragmática no
Recebido: 21 outubro 2015. nível da capacidade residual funcional (CRF) e da capacidade pulmonar total (CPT) e à
Aprovado: 27 janeiro 2016. fração de espessamento (FE, espessamento diafragmático proporcional da CRF até a
CPT). Foram também avaliadas correlações entre disfunção diafragmática e variáveis de
Apoio financeiro: Este estudo recebeu
função pulmonar. Resultados: Entre os pacientes com DPI (n = 40) e os controles (n =
apoio financeiro da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo 16), a média da mobilidade diafragmática foi comparável durante a respiração tranquila,
(FAPESP; Processo n. 2010/08947-9). A embora tenha sido significativamente menor nos pacientes durante a respiração profunda
entidade financiadora não participou do (4,5 ± 1,7 cm vs. 7,6 ± 1,4 cm; p < 0,01). Os pacientes apresentaram maior espessura
desenho, da implantação ou da análise diafragmática na CRF (p = 0,05), embora tenham também apresentado, devido à menor
do estudo.
espessura diafragmática na C PT, menor FE (p < 0,01). A C VF em porcentagem do previsto
(CVF%) correlacionou-se com a mobilidade diafragmática (r = 0,73; p < 0,01), e um valor
de corte < 60% da CVF% apresentou alta sensibilidade (92%) e especificidade (81%) na
identificação de mobilidade diafragmática reduzida. Conclusões: Com a ultrassonografia,
foi possível demonstrar que a mobilidade diafragmática e a FE estavam mais reduzidas
nos pacientes com DPI do que nos controles saudáveis, apesar da maior espessura
diafragmática na CRF nos pacientes. A mobilidade diafragmática correlacionou-se com a
gravidade funcional da DPI, e um valor de corte < 60% da CVF% mostrou ser altamente
acurado na identificação da disfunção diafragmática por ultrassonografia.
Descritores: Diafragma/ultrassonografia; Doenças pulmonares intersticiais; Músculos
respiratórios; Testes de função respiratória.

INTRODUÇÃO diafragmática, bem como durante o desmame da ven-


tilação mecânica. (12‑19) Em comparação com outros
Doenças pulmonares intersticiais (DPI) constituem um métodos de imagem, a ultrassonografia do diafragma tem
grupo heterogêneo de doenças pulmonares caracterizadas diversas vantagens, tais como a ausência de radiação,
por falta de ar e diminuição do volume pulmonar, das a portabilidade, a imagem em tempo real, e o fato de
trocas gasosas e da tolerância ao exercício, além de pior que se trata de uma técnica não invasiva. Além disso, a
qualidade de vida e menor sobrevida.(1) Embora essas diminuição da mobilidade e da espessura do diafragma
características tenham sido atribuídas ao envolvimento na ultrassonografia é comprovadamente um bom preditor
parenquimatoso, esse conceito foi recentemente desafiado de insucesso do desmame da ventilação mecânica(18) e
em virtude da descoberta de que a função muscular correlaciona-se significativamente com a gravidade da
periférica está prejudicada em pacientes com DPI.(2-4) doença em pacientes com DPOC.(15)
Além disso, foram detectadas fraqueza diafragmática Levantamos a hipótese de que a ultrassonografia de
e fadiga muscular expiratória após o exercício máximo pacientes com DPI revelaria disfunção diafragmática,
em pacientes com DPI.(5-9) As principais hipóteses para caracterizada por menor mobilidade diafragmática e
a disfunção muscular respiratória em pacientes com menos espessamento diafragmático, em comparação
DPI envolvem inflamação sistêmica, desuso, hipóxia, com controles saudáveis de mesma idade e gênero.
desnutrição, uso de corticosteroides e sobrecarga em Levantamos também a hipótese de que essa disfunção
virtude do aumento da retração elástica pulmonar.(6,7,10,11) diafragmática correlacionar-se-ia com a extensão do
A ultrassonografia do diafragma tem sido amplamente envolvimento parenquimatoso, quantificado pela CVF,
aplicada em certas doenças respiratórias crônicas, um índice usado para acompanhar pacientes com DPI e
tais como DPOC, asma, fibrose cística e paralisia determinar seu prognóstico.(20)

Endereço para correspondência:


Pedro Caruso. Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 44, 5º andar, bloco 2, sala 1, CEP 05403-900, São Paulo, SP, Brasil.
Tel./Fax: 55 11 2661-5990. E-mail: pedro.caruso@hc.fm.usp.br

88 © 2016 Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia ISSN 1806-3713


Santana PV, Prina E, Albuquerque ALP, Carvalho CRR, Caruso P

MÉTODOS consecutivas. Foi também avaliada a mobilidade do


diafragma durante um sniff test, a fim de excluir a
Pacientes e controles presença de movimento paradoxal.
Foram recrutados 40 pacientes consecutivos de um A espessura do diafragma foi medida no modo B
ambulatório de DPI em um hospital-escola terciário. com um transdutor linear de 6-13 MHz colocado sobre
O diagnóstico de DPI baseou-se em características a zona de aposição do diafragma, próximo ao ângulo
clínicas e resultados de testes de função pulmonar costofrênico, entre a linha axilar anterior direita e a linha
(TFP), bem como em achados de TC de tórax, lavagem axilar média. A espessura do diafragma foi medida desde
broncoalveolar e, em alguns casos, biópsia pulmonar. a linha hiperecoica mais superficial (linha pleural) até a
Foram excluídos os pacientes que necessitavam de linha hiperecoica mais profunda (linha peritoneal).(25-27)
oxigenoterapia domiciliar, aqueles que apresentavam A espessura do diafragma foi medida em CRF e, em
infecção ativa e aqueles que haviam recebido diagnóstico seguida, em CPT. Novamente, o valor médio de três
de doença neuromuscular com DPI. Foi recrutado um medidas consecutivas foi registrado para cada uma
grupo controle de 16 voluntários saudáveis empare- delas. Calculou-se também a fração de espessamento
lhados com os pacientes por idade, gênero, índice de (FE, espessamento proporcional do diafragma da CRF
massa corporal e tabagismo. O estudo foi aprovado à CPT), definida pela seguinte equação:
pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das FE = [(Emin − Emáx)/Emin] × 100
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
em que Emin é a espessura mínima do diafragma
de São Paulo (Protocolo n. 0835/11), e todos os
(medida em CRF) e Emáx é a espessura máxima do
participantes assinaram um termo de consentimento
diafragma (medida em CPT).
livre e esclarecido.

Medições Análise estatística


Os dados categóricos são apresentados em forma de
Foram registrados dados demográficos, além de
frequência absoluta e relativa. Os dados contínuos são
dados relacionados com comorbidades, uso de corti-
apresentados em forma de média ± desvio-padrão ou
costeroides, terapia imunossupressora, tabagismo e
mediana e intervalo interquartil 25-75%, conforme o
dispneia, quantificada por meio da escala modificada
caso. As variáveis categóricas foram comparadas por
do Medical Research Council (mMRC).(21) Todos os
meio do teste do qui-quadrado ou do teste exato de
pacientes e voluntários foram submetidos a TFP e
Fisher. As variáveis contínuas foram comparadas por
ultrassonografia do diafragma no mesmo dia.
meio do teste t de Student ou do teste de Mann-Whitney,
TFP de acordo com sua distribuição.
Em todos os pacientes e controles, um pneumotacó- Foram usados um modelo linear e um modelo
grafo calibrado (Medical Graphics Corporation, St. Paul, exponencial para correlacionar variáveis de TFP com a
MN, EUA) foi usado para obter as seguintes variáveis: mobilidade diafragmática e a espessura do diafragma.
CVF, VEF1 e capacidade inspiratória. Por meio de um Para identificar a variável de TFP que apresentasse a
pletismógrafo corporal (Elite Dx; Medical Graphics maior correlação com a mobilidade diafragmática ou
Corporation), foram também medidos os volumes a espessura do diafragma, foi usada uma curva ROC,
pulmonares: a capacidade residual funcional (CRF) e a obtendo-se também assim o melhor valor de corte de
capacidade pulmonar total (CPT). Os valores previstos TFP para identificar anormalidades na mobilidade ou
foram os derivados para a população brasileira.(22) no espessamento do diafragma. Valores de mobilidade
ou espessura diafragmática abaixo do intervalo de
Ultrassonografia do diafragma confiança de 95% dos valores obtidos para os controles
Todos os pacientes e controles foram submetidos a caracterizaram disfunção diafragmática.
ultrassonografia do diafragma por meio de um aparelho Para ajustar possíveis fatores de confusão e avaliar
de ultrassom portátil (Nanomaxx; Sonosite, Bothell, fatores de risco de disfunção diafragmática, foi realizada
WA, EUA). Durante o procedimento, os pacientes uma análise de regressão logística. Para evitar supe-
permaneceram recostados, com saturação periférica de rajuste (overfitting) do modelo de regressão logística,
oxigênio ≥ 92% e oxigênio suplementar, se necessário. não foram usados procedimentos do tipo passo a passo
Para a avaliação da mobilidade diafragmática, um (stepwise) e foram selecionadas as variáveis preditoras
transdutor convexo de 2-5 MHz foi colocado sobre a que resultaram em p < 0,20 na análise de regressão
região subcostal anterior entre as linhas hemiclavicular univariada e tiveram relevância clínica. Quatro variáveis
e axilar anterior. O transdutor foi angulado medial independentes (idade, índice de massa corporal, CVF
e anteriormente de modo que o feixe de ultrassom em porcentagem do previsto — CVF% — e VEF1 em
alcançasse o terço posterior do hemidiafragma direito. porcentagem do previsto — VEF1%) foram selecionadas
O ultrassom foi usado no modo B para visualizar o para o modelo de regressão logística. Valores de p ≤
diafragma e, em seguida, no modo M para medir a 0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
amplitude da excursão diafragmática craniocaudal Todas as análises estatísticas foram realizadas com
durante a respiração tranquila e a respiração pro- o programa IBM SPSS Statistics, versão 20.0 (IBM
funda.(23,24) Foi registrado o valor médio de três medidas Corporation, Armonk, NY, EUA).

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Identificação da diminuição da mobilidade diafragmática e do espessamento
diafragmático na doença pulmonar intersticial: utilidade da ultrassonografia

RESULTADOS falta de ar; mais de 60% obteve pontuação ≥ 2 na


escala mMRC (Tabela 1).
Os controles e pacientes foram bem emparelhados por
idade, gênero, índice de massa corporal e tabagismo. Não houve diferença significativa entre os pacientes
Como esperado, os volumes pulmonares foram menores e os controles quanto à mobilidade diafragmática
nos pacientes com DPI do que nos controles (Tabela 1). durante a respiração tranquila. No entanto, durante
As etiologias da DPI foram as seguintes: pneumonia a respiração profunda, a mobilidade diafragmática foi
intersticial usual (n = 6); pneumonia intersticial não menor nos pacientes (Tabela 2). Nenhum dos pacientes
específica (n = 7); pneumonite de hipersensibilidade apresentou movimento paradoxal do diafragma durante
fibrótica (n = 5); pneumonia intersticial descamativa o sniff test.
com células gigantes (n = 1); relacionada com doença A espessura do diafragma em CRF foi significati-
do tecido conjuntivo (n = 9); sarcoidose (n = 2); vamente maior nos pacientes do que nos controles.
pneumoconiose (n = 2); desconhecida (n = 8). A No entanto, a espessura do diafragma em CPT foi
maioria dos pacientes jamais usara corticosteroides. significativamente menor nos pacientes, resultando
No entanto, uma proporção significativa apresentou em menor FE (Tabela 2).

Tabela 1. Características dos voluntários saudáveis (controles) e dos pacientes com doença pulmonar intersticial.a
Característica Controles Pacientes p
(n = 16) (n = 40)
Idade, anos 55 ± 11 55 ± 15 0,81
Gênero masculino, n (%) 8 (50) 23 (57) 0,61
IMC, kg/m2 26,8 ± 3,6 25,6 ± 4,5 0,32
Tabagismo, n (%) 0,99
Nunca fumou 12 (75) 30 (75)
Ex-fumante 4 (25) 10 (25)
Fumante 0 0
CVF, l 3,26 ± 0,73 1,96 ± 0,71 < 0,01
CVF, % do previsto 88 ± 9 57 ± 16 < 0,01
VEF1, l 2,68 ± 0,63 1,67 ± 0,58 < 0,01
VEF1, % do previsto 90 ± 10 62 ± 19 < 0,01
Relação VEF1/CVF 0,82 ± 0,05 0,85 ± 0,06 0,04
CPT, % do previsto 61 ± 12
Uso de corticosteroides, n (%)
Nunca usou - 24 (60)
Usa atualmente - 16 (40)
Prednisona, < 20 mg/dia - 10 (62,5)
Prednisona, ≥ 20 mg/dia - 6 (37,5)
Pontuação na escala mMRC, n (%)
0 (sem dispneia) - 0 (0)
1 (dispneia leve) - 12 (30)
2 (dispneia moderada) - 16 (40)
3 (dispneia grave) - 10 (25)
4 (dispneia muito grave) - 2 (5)
a
Valores expressos em forma de média ± dp, exceto onde indicado. IMC: índice de massa corporal; CPT: capacidade
pulmonar total; e mMRC: modificada do Medical Research Council.

Tabela 2. Mobilidade diafragmática, espessura do diafragma e fração de espessamento (espessamento proporcional do


diafragma da capacidade residual funcional à capacidade pulmonar total) em pacientes com doença pulmonar intersticial
e voluntários saudáveis (controles).a
Variável Controles Pacientes p
(n = 16) (n = 40)
Mobilidade diafragmática
Durante a respiração tranquila (cm) 1,78 ± 0,58 1,80 ± 0,67 0,91
Durante a respiração profunda (cm) 7,62 ± 1,44 4,46 ± 1,73 < 0,01
Espessura do diafragma
Em capacidade residual funcional (cm) 0,17 ± 0,04 0,19 ± 0,03 0,05
Em capacidade pulmonar total (cm) 0,40 ± 0,10 0,32 ± 0,08 < 0,01
Fração de espessamento (%) 131 ± 55 62 ± 32 < 0,01
a
Valores expressos em média ± dp.

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Nenhuma das variáveis de TFP correlacionou-se com desmame da ventilação mecânica.(12-14,17,28) Até onde
a espessura do diafragma em CRF, a espessura do sabemos, houve apenas um estudo anterior em que
diafragma em CPT, a FE ou a mobilidade diafragmática se usou a ultrassonografia para avaliar o diafragma de
durante a respiração tranquila (Tabela 3). No entanto, pacientes com DPI e que mostrou que pacientes com
a mobilidade diafragmática durante a respiração DPI e controles saudáveis apresentaram mobilidade
profunda correlacionou-se com todas as variáveis de diafragmática semelhante.(23) No entanto, a amostra
TFP (Tabela 3). As correlações foram ligeiramente do estudo foi pequena (18 pacientes) e composta
mais fortes quando se usou o ajuste exponencial exclusivamente por pacientes com fibrose pulmonar
do que quando se usou o ajuste linear (Figura 1), e idiopática. Além disso, os autores não avaliaram a
a correlação mais forte foi com a CVF%; pacientes espessura do diafragma.(29)
com menor CVF apresentaram menor mobilidade
diafragmática durante a respiração profunda. Após Existem várias possíveis causas de atrofia diafrag-
ajustes de fatores de confusão (idade, índice de mática em pacientes com DPI, tais como inflamação
massa corporal e VEF1%), a CVF% foi o único fator sistêmica, desuso, hipóxia, desnutrição e miopatia
que se relacionou com a diminuição da mobilidade respiratória secundária ao uso de corticosteroides.(6,7,10,11)
diafragmática durante a respiração profunda (p = Em contraste, a sobrecarga diafragmática resultante
0,01), como mostra a Tabela 4. do aumento da retração elástica pulmonar pode, em
O intervalo de confiança de 95% para a mobilidade virtude do efeito de treinamento, aumentar a massa
diafragmática durante a respiração profunda foi de muscular diafragmática.(30) Os efeitos dessas forças
4,80-10,44 cm, e, portanto, valores abaixo de 4,80 opostas dependem da extensão do envolvimento
cm durante a respiração profunda foram considerados
indicativos de redução da mobilidade diafragmática.
Mobilidade diafragmática durante a respiração profunda (cm)

Um valor de corte de 60% da CVF% mostrou-se o 10,0


mais preciso para identificar a redução da mobilidade
9,0
diafragmática, com sensibilidade de 92%, especificidade
de 81%, valor preditivo positivo de 88% e valor preditivo 8,0
negativo de 87% (Figura 2).
7,0

DISCUSSÃO 6,0

No presente estudo, os pacientes com DPI apresen- 5,0


taram redução da mobilidade diafragmática durante
a respiração profunda e menor FE em comparação 4,0
com os indivíduos do grupo controle. Além disso,
3,0
demonstrou-se que a disfunção diafragmática está
relacionada com a CVF% e que um valor de corte de 2,0 Observada
60% da CVF% é altamente preciso para o diagnóstico Linear
de disfunção diafragmática. 1,0 Exponencial

A padronização de técnicas tornou viável e reprodutível ,0


a medição da mobilidade diafragmática e da espessura 20 40 60 80 100
do diafragma, promovendo o uso da ultrassonografia CVF (% do previsto)
do diafragma em muitas doenças respiratórias, tais Figura 1. Correlação linear e exponencial entre a mobilidade
como a asma, a fibrose cística, a DPOC, a paralisia diafragmática durante a respiração profunda e a CVF em
diafragmática, a insuficiência respiratória aguda e o porcentagem do valor previsto.

Tabela 3. Variáveis de teste de função pulmonar correlacionadas com a mobilidade diafragmática durante a respiração
profunda e com a fração de espessamento (espessamento proporcional do diafragma da capacidade residual funcional
à capacidade pulmonar total).
Variável Mobilidade Fração de Mobilidade Fração de
diafragmática espessamento diafragmática espessamento
durante a durante a
respiração respiração
profunda profunda
Ajuste
Ajuste linear
exponencial
r p r p r p r p
CVF (% do previsto)a 0,72 < 0,01 0,22 0,17 0,73 < 0,01 0,24 0,14
VEF1 (% do previsto)a 0,68 < 0,01 0,23 0,14 0,70 < 0,01 0,22 0,18
CI (% do previsto)b 0,38 0,05 0,17 0,41 0,42 0,03 0,09 0,69
CPT (% do previsto)c 0,50 < 0,01 0,20 0,27 0,53 < 0,01 0,27 0,14
CI: capacidade inspiratória; e CPT: capacidade pulmonar total. an = 40. bn = 25. cn = 31.

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Identificação da diminuição da mobilidade diafragmática e do espessamento
diafragmático na doença pulmonar intersticial: utilidade da ultrassonografia

Tabela 4. Comparação dos pacientes com doença pulmonar intersticial com e sem disfunção diafragmática.
Variável Disfunção p Disfunção p
diafragmática diafragmática
Não Sim
(n = 16) (n = 24) OR (IC95%)
Idade, anos 61 ± 10 52 ± 17 0,04 −0,003 (−0,01 a 0,006) 0,82
Sexo masculino, n (%) 11 (48) 12 (52) 0,32
IMC, kg/m2 27,4 ± 3,4 24,5 ± 4,9 0,04 −0,01 (−0,04 a 0,01) 0,30
CVF, % do previsto 70 ± 12 49 ± 13 < 0,01 −0,03 (−0,06 a −0,01) 0,04
VEF1, % do previsto 76 ± 14 53 ± 16 < 0,01 0,12 (−0,01 a 0,37) 0,34
Uso de corticosteroides, n (%) 6 (37) 11 (46) 0,75
a
Valores expressos em média ± dp, exceto onde indicado.

1,0 diafragmática é debatida e controversa na literatura.


Sensibilidade

Cohen et al.(34) estudaram dez indivíduos normais e


registraram simultaneamente a excursão diafragmática
0,8 (por meio de ultrassonografia no modo M) e o volume
corrente em diferentes volumes inspiratórios. Os
autores constataram que, a 15-87% da capacidade
0,6
inspiratória, houve uma relação linear entre a excursão
diafragmática e o volume corrente.(34) Houston et al.(35)
avaliaram o movimento hemidiafragmático e também
0,4
observaram uma relação linear entre o volume pulmonar
inspiratório e a excursão diafragmática. Outro estudo,
0,2
concebido para validar a ultrassonografia diafragmática
CVF% ASC = 0,89 (0,79-0,99) como alternativa à pletismografia de corpo inteiro,
mostrou que a média da excursão diafragmática
0,0 (durante a respiração tranquila e um fungar máximo)
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
apresentou correlação ruim com todos os volumes
1 − especificidade pulmonares medidos, embora os autores não tenham
investigado a excursão diafragmática durante a
Figura 2. Curva ROC da CVF em porcentagem do valor respiração profunda.(36) Fedullo et al.(37) investigaram
previsto (CVF%) e a ocorrência de redução da mobilidade
o movimento diafragmático após cirurgia de bypass
diafragmática, com a área sob a curva (ASC).
arterial coronariana e não observaram nenhuma relação
parenquimatoso, da duração da doença, do uso de entre a mobilidade diafragmática e a capacidade vital.
drogas, do nível de hipoxemia, do nível de atividade física Semelhante a outros estudos que avaliaram a
e da suscetibilidade individual. Estudos anteriores com espessura do diafragma por meio de ultrassonografia
testes volitivos mostraram função muscular respiratória em outras doenças respiratórias, o presente estudo
inalterada em pacientes com DPI.(31,32) No entanto, dois mostrou que pacientes com DPI apresentaram maior
estudos recentes com testes não volitivos, mas sem espessura diafragmática em CRF do que os controles
ultrassonografia, demonstraram disfunção muscular saudáveis, o que apoia a hipótese de espessamento
respiratória em pacientes com DPI.(5,9) É possível que diafragmático em resposta à sobrecarga dos músculos
esses resultados discrepantes quanto ao impacto da respiratórios.(13,16) No entanto, a maior espessura
DPI na força muscular inspiratória tenham ocorrido diafragmática em CRF resultou em menor FE, o que
em virtude de diferenças entre os estudos quanto à provavelmente indica hipertrofia muscular disfuncional
gravidade da DPI. ou “pseudo-hipertrofia”, como se demonstrou previa-
Em pacientes com DPOC, demonstrou-se que a mente no diafragma de pacientes jovens com distrofia
hiperinsuflação pulmonar desvia o diafragma caudal- muscular de Duchenne.(38) Na DPI, o diafragma parece
mente, impondo-lhe uma desvantagem mecânica.(33) espessar-se ao longo do tempo, mas é incapaz de
Em contraste, a redução do volume pulmonar em aumentar durante a inspiração máxima, ao contrário
pacientes com DPI desaloja o diafragma cranialmente, do padrão fisiológico visto em controles saudáveis.
impondo-lhe uma desvantagem mecânica equivalente, Os resultados do presente estudo demonstram que
embora o faça por meio de uma redução do raio do a ultrassonografia do diafragma é um método viável
diafragma. Além disso, o aumento da retração elástica para avaliar a função diafragmática. A mobilidade
pulmonar prejudica a mobilidade diafragmática durante diafragmática correlaciona-se com o volume pulmonar,
a inspiração. Portanto, não deveria ser surpreendente uma correlação que já foi descrita em outras doenças
que a mobilidade diafragmática esteja reduzida nessas pulmonares, tais como a DPOC.(39) Na prática clínica,
condições de redução dos volumes pulmonares. No a ultrassonografia do diafragma apresenta elevada
entanto, a relação entre o volume pulmonar e a excursão sensibilidade e especificidade para identificar a redução

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Santana PV, Prina E, Albuquerque ALP, Carvalho CRR, Caruso P

da mobilidade diafragmática em pacientes com DPI e diafragmática.(40) Além disso, como nossos resultados
CVF < 60% do valor previsto. mostram não só mobilidade diafragmática reduzida, mas
O presente estudo mostrou que há relação entre a também FE reduzida, podemos concluir que a disfunção
ultrassonografia do diafragma e variáveis de TFP e que diafragmática é comum em pacientes com DPI. Outra
as tendências dos TFP constituem um dos principais limitação é que, embora nosso estudo tenha um poder
determinantes do prognóstico da DPI. Portanto, acre- de 100% para estimar o coeficiente de correlação entre
ditamos que a ultrassonografia possa ser adicionada TFP e mobilidade diafragmática, tem um poder de apenas
ao arsenal de métodos para o acompanhamento cerca de 40% para estimar o coeficiente de correlação
de pacientes com DPI.(20) Além do curso crônico da entre TFP e espessamento diafragmático.
DPI, a identificação de disfunção diafragmática pode Em comparação com controles saudáveis, pacientes
alertar os médicos da necessidade de evitar ou alterar com DPI apresentam mobilidade diafragmática
o uso de drogas que induzem miopatia, tais como reduzida e menor FE. Além disso, o ponto de corte
corticosteroides. de CVF < 60% do valor previsto apresentou alta
A principal limitação de nosso estudo foi não termos precisão e sensibilidade para identificar uma redução
medido a força do diafragma. No entanto, Ueki et al.(27) da mobilidade diafragmática, além de ter apresentado
observaram uma forte correlação entre uma taxa de relação significativa com prejuízo da função pulmonar.
espessamento mais elevada e a força inspiratória em O uso dos resultados da ultrassonografia do diafragma
indivíduos saudáveis. Outro estudo também mostrou como parâmetro de acompanhamento e sua relação
uma forte correlação entre a pressão inspiratória máxima com a força muscular respiratória ainda precisam ser
e a FE em pacientes que se recuperavam de paralisia investigados.

REFERÊNCIAS
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