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Herculano Pires Diante Da Revista Espírita-eBook

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Herculano Pires

diante da Revista Espírita


(Versão 4)

“A Revista Espírita é, de certa forma, um


curso de aplicações com numerosos
exemplos e explanações sobre a parte teórica
e a parte experimental.” (ALLAN KARDEC)

Paulo Neto
Copyright 2024 by
Paulo da Silva Neto Sobrinho (Paulo Neto)
Belo Horizonte, MG.

Capa:
https://www.fundacaoherculanopires.org.br/images/
biografiaherculano.jpg

Revisão:
Hugo Alvarenga Novaes
Paulo Cesar Pfaltzgraff Ferreira

Diagramação:
Paulo Neto
site: https://paulosnetos.net
e-mail: paulosnetos@gmail.com

Belo Horizonte, março/2024.

2
Índice
Prefácio............................................................................. 4
Introdução......................................................................... 9
As menções mais importantes à Revista Espírita............12
Herculano Pires diante da Revista Espírita......................36
Conclusão........................................................................51
Referências bibliográficas...............................................53
Dados biográficos do autor.............................................56

3
Prefácio

Recebi com muita satisfação esta nova


pesquisa do amigo Paulo Neto que agora se
transforma em mais um novo Ebook. Sem dúvida
alguma, para conhecermos o ESPIRITISMO em sua
totalidade, temos necessariamente que estudar
todas as obras de ALLAN KARDEC, incluindo os 12
volumes da Revista Espírita.

Particularmente para mim, a certeza de


estudar a Revista Espírita está “no sangue”, pois, até
meus quase 16 anos convivi com meu Avô Miguel
Grisolia (1927–1988), pude acompanhar ainda que
sucintamente seu trabalho e total desprendimento
dos 50 aos 64 anos, chegava cedo ao trabalho, cerca
de 2 horas antes, para que antes do expediente,
pudesse trabalhar no índice alfabético remissivo da
Revista Espírita, ele entendia ser tão importante o
conteúdo, contudo, tinha dificuldade em retornar ao
estudo anteriormente feito, por falta de um índice
remissivo.

4
Miguel conheceu o Espiritismo através de
Herculano Pires, que costumava fazer reuniões
espíritas na garagem de sua residência na Rua Dr.
Bacelar, bairro de Vila Clementino em São Paulo,
meu avô assistiu e gravou várias de suas palestras
em fita cassete. Essas fitas ainda as tenho, há mais
de 20 anos, emprestei-as ao Sr. Molina, e a
FUNDAÇÃO HERCULANO PIRES, fez cópias das
mesmas, tenho a impressão, não uma certeza, de
que o trecho desta pesquisa que cita comentários da
Palestra do Professor Herculano Pires, tenha sido
fruto desta permuta de acervo e da transcrição de
uma dessas palestras.

Ainda sobre meu avô Miguel, vi-o muitas vezes,


datilografando freneticamente, apagando os erros de
datilografia, com tinta branca, borracha azul e
vermelha, materiais hoje que nossos jovens só
conhecem por foto, ele dormia pouco e acordava
muito cedo, tudo isso para que a Editora Edicel,
pudesse publicar o 13º Volume de índice alfabético
remissivo.

O mais impressionante, é que quando Miguel


estava estudando e ao mesmo tempo, elaborando o

5
índice remissivo da Revista, que em absoluto não foi
um trabalho encomendado, surgiu de fato, de uma
necessidade pessoal de suas pesquisas, ao atingir o
último artigo de dezembro de 1868, Allan Kardec
escreveu o seguinte:

“Propúnhamos publicar com o último


número deste ano, um índice geral alfabético de
todos os assuntos tratados, quer na Revista,
quer em outras obras, de maneira a facilitar as
buscas. Mas, esse trabalho, muito mais
considerável do que supúnhamos, para ser
completo, não pôde ser terminado em tempo
hábil. Publicá-lo-emos com um dos nossos
próximos números.”

Miguel, costumava dizer e tinha um quadro em


seu escritório de trabalho: “KARDEC CODIFICOU O
ESPIRITISMO, TEMOS QUE CODIFICAR KARDEC”,
por fim, após mais de 10 anos de pesquisa e
elaboração, o 13º Volume da Revista Espírita, Índice
Geral Remissivo, foi publicado pela Editora EDICEL
(Editora Cultural Espírita) em maio de 1985

Passados, mais de 168 anos da primeira edição


do primeiro volume de Janeiro de 1858 da Revista
Espírita, ela é ainda uma “grande desconhecida”, em

6
virtude, de a grande maioria dos Centros Espíritas,
não manterem cursos de estudo da Revista Espírita,
e de muito pouco a mencionarem.

Por isso, todo e qualquer movimento que


fomente o estudo da Revista Espírita de Allan
Kardec, será sempre louvável, nela encontraremos
dezenas de estudos que solidificarão ainda mais os
conteúdos que estudamos nas obras da Codificação.

Foi deveras importante a Revista Espírita, isto


podemos constatar, no Livro O CÉU E O INFERNO,
pois 48,48% (32) das Comunicações do Livro foram
publicadas na Revista Espírita antes do Lançamento
do livro, detalhes no quadro abaixo.

7
É Indispensável o estudo da Revista Espírita e
do pensamento do Codificador contido nela, por isso
Paulo Neto, te agradeço, por lembrar-nos e deixar
“acesa a chama” do Estudo da Revista Espírita, no
resumo que nos trouxe das palavras de Allan
Kardec e do Professor Herculano Pires, vida-longa
a ti e as vossas excelentes pesquisas, abraços.

Luciano Grisolia Minozzo

Diretor Administrativo

www.ccdpe.org.br

17/03/2024

Obs.: Grifos em negrito do original.

8
Introdução

“Mas é incontestável que todos os dias


descobrimos fatos que nos obrigam a
modificar nossas velhas opiniões e, até
mesmo, a ter uma visão oposta das
ideias reinantes.” (GABRIEL DELANNE)

Ao nos referimos à
Revista Espírita (1)
vimos, por inúmeras
vezes, confrades, alguns
até com um certo olhar
de desdém, se
manifestarem contra a
sua utilização como
fonte de referência. A maioria deles serve-se do
“fatal argumento” de que Allan Kardec (1804-1869)
disse ser ela apenas “um terreno de ensaio”, daí
entendem que nada dela pode ou deve ser levado à
conta de ensinamento espírita.

O fato bem interessante é que muitos deles,

9
por exemplo, citam dois artigos da Revista Espírita
1859: a) “Quadro da vida espírita”, publicado no mês
de abril (2) e b) “Mobiliário de além-túmulo”, no mês
de agosto (3), como apoio aos argumentos favoráveis
a certos temas que desenvolvem, porém, jamais se
dão conta de que o teor desses artigos não será
encontrado em nenhuma outra obra da Codificação
senão na própria Revista Espírita, justamente a obra
que, para eles, “não tem nenhum valor doutrinário”.

Acreditamos que seria


interessante citarmos uma fala de
Gabriel Delanne (1857-1926),
constante da obra A Evolução
Anímica, para dela descartar a
nota:

O ensino dos Espíritos foi, como sabemos,


coordenado com superioridade de vistas
marcante e lógica irrefragável, por Allan Kardec
(3). Filósofo profundo, ele expôs metodicamente
uma série de problemas relativos à existência de
Deus, da alma, da constituição do Universo. Deu
solução clara e racional à maior parte dessas
questões difíceis, tendo o cuidado de forrar-se de
raciocínios metafísicos. Daí, o tomarmo-lo por guia
neste sucinto resumo.

10
_____
(3) “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O
Céu e o Inferno”, “O Evangelho segundo o
Espiritismo”, “A Gênese” e, sobretudo, as revistas
que versam estudos altamente interessantes
sobre os mais variados temas. (4)

Observe, caro leitor, que, após citar cinco das


obras fundamentais, onde constam o ensino dos
Espíritos, Gabriel Delanne usa o advérbio
“sobretudo” para se referir à Revistas Espíritas,
explicando que nelas Allan Kardec inseria “estudos
altamente interessantes sobre os mais variados
temas”.

11
As menções mais importantes à
Revista Espírita

“[…] o que caracteriza o livre pensador é


que ele pensa por si mesmo e não pelos
outros, em outras palavras, que sua
opinião lhe pertence particularmente.”
(ALLAN KARDEC)

É necessário evidenciarmos o que de mais


importante o Codificador falou a respeito dela, mas
que, infelizmente, no movimento espírita tupiniquim,
são poucos os que conhecem a sua posição:

1º) Revista Espírita 1858, mês de julho,


artigo “Espíritos impostores – o falso Padre
Ambroise”:

Um dos escolhos que apresentam as


comunicações espíritas é o dos Espíritos
impostores, que podem induzir em erro sob sua
identidade, e que, ao abrigo de um nome
respeitável, procuram passar seus grosseiros
absurdos. Em muitas ocasiões, explicamos sobre

12
esse perigo, que deixa de sê-lo para quem escrute,
ao mesmo tempo, a forma e o fundo da linguagem
dos seres invisíveis com os quais se comunicam.
Não podemos repetir aqui o que dissemos a
esse respeito: leia-se, atentamente, nessa
Revista, em O Livro dos Espíritos e em nossa
Instrução Prática, ver-se-á que nada é mais fácil
que premunir-se contra semelhantes fraudes, por
pouco que nisso se coloque de boa vontade. […].
(5) (Nas transcrições e no texto normal todos os
grifos em negrito são nossos. Quando ocorrer de
não ser, avisaremos.)

2º) Revista Espírita 1858, mês de setembro,


artigo “Platão: doutrina de escolha das provas”:

Compreender-se-á, facilmente, que esse relato


não é senão um quadro imaginado para conduzir à
ideia principal: a imortalidade da alma, a sucessão
das existências, a escolha dessas existências por
efeito do livre-arbítrio, enfim, as consequências
felizes ou infelizes da escolha, frequentemente
imprudente, proposições que se encontram, todas,
em O Livro dos Espíritos, e que vêm confirmar os
numerosos fatos citados nesta Revista. (6)

3º) Revista Espírita 1858, mês de novembro,


artigo “Polêmica Espírita”:

13
Aí está o que chamamos uma polêmica útil, e o
será sempre quando ocorrer entre duas pessoas
sérias, que se respeitarem bastante para não se
afastarem das conveniências. Pode-se pensar
diferentemente, e, com isso, não se estimar
menos. Que procuramos nós todos, em definitivo,
nessa questão tão palpitante e tão fecunda do
Espiritismo? Esclarecer-nos; nós, primeiramente,
procuramos a luz, de qualquer parte que ela venha,
e, se emitimos a nossa maneira de ver, isso não é
senão uma opinião individual que não pretendemos
impor a ninguém; nós a entregamos à discussão, e
estamos prontos para renunciá-la, se nos for
demonstrado que estamos em erro. Essa
polêmica, nós a fazemos todos os dias em
nossa Revista, pelas respostas ou refutações
coletivas que tivemos ocasião de fazer a propósito
de tal ou tal artigo, e aqueles que nos dão a honra
de nos escreverem, ali encontram sempre a
resposta ao que nos perguntam, quando não nos é
possível dá-la individualmente por escrito, o que o
tempo material nem sempre nos permite. Suas
perguntas e suas objeções são igualmente
assuntos de estudos, que aproveitamos para
nós mesmos, e os quais ficamos felizes em
fazer nossos leitores aproveitarem, tratando-os
à medida que as circunstâncias trazem os fatos
que possam ter relação com eles. Igualmente nos
alegramos em dar verbalmente explicações que
podem nos ser pedidas pelas pessoas que nos
honram com a sua visita, e nessas conferências,
marcadas por uma benevolência recíproca, nos
esclarecemos mutuamente. (7)

14
4º) Revista Espírita 1859, mês de maio,
artigo “Cenas da vida particular Espírita”, parágrafo
inicial:

Em nosso número anterior, apresentamos o


quadro da vida Espírita como conjunto; seguimos
os Espíritos desde o instante em que deixaram seu
corpo terrestre, e rapidamente esboçamos suas
ocupações. Hoje nos propomos mostrá-los em
ação, reunindo num mesmo quadro diversas cenas
íntimas que nossas comunicações nos
testemunharam. As numerosas conversas
familiares de além-túmulo publicadas nesta
Revista já puderam dar uma ideia da situação
dos Espíritos segundo o grau do seu
adiantamento, mas aqui há um caráter especial de
atividade que nos fez conhecer, melhor ainda, o
papel que desempenham junto a nós, e com o
nosso desconhecimento. O objeto de estudo, do
qual narraremos as peripécias, se ofereceu
espontaneamente; apresenta tanto maior interesse
porque tem, por herói principal, não um desses
Espíritos superiores que habitam mundos
desconhecidos, mas um daqueles que, por sua
própria natureza, estão ainda presos à nossa Terra,
um contemporâneo que nos deu provas manifestas
de sua identidade. A ação se passa entre nós, e
cada um de nós nela desempenha seu papel. (8)

5º) Revista Espírita 1859, mês de outubro,


artigo “Os médiuns inertes”:

15
Em resumo, nós persistimos, de acordo nisso
com a Sociedade Espírita, em considerar as
pessoas como os verdadeiros médiuns, que
podem ser ativos ou passivos, segundo a sua
natureza e a sua aptidão; chamamos, querendo-
se, os instrumentos de médiuns inertes, é uma
distinção talvez útil, mas se estaria em erro
atribuindo-lhe o papel e as propriedades de seres
animados nas comunicações inteligentes; dizemos
inteligentes, porque é necessário ainda fazer a
distinção de certas manifestações espontâneas
puramente físicas. É um assunto que temos
tratado amplamente na Revista. (9) (itálico do
original)

6º) Revista Espírita 1860, mês de maio,


artigo “Fato de pneumatografia ou escrita direta”

A produção simultânea de sinais em caracteres


de cores diferentes é um fato extremamente
curioso, mas que não é mais sobrenatural que
todos os outros. Pode-se disso dar-se conta
lendo a teoria da escrita direta na Revista
Espírita do mês de agosto de 1859, páginas 197
e 205; com a explicação, o maravilhoso
desapareceu para dar lugar a um simples
fenômeno que tem sua razão de ser nas leis gerais
da Natureza, e no que se poderia chamar a
fisiologia dos Espíritos. (10)

7º) Revista Espírita 1860, mês de agosto,

16
artigo “O trapeiro da rua dos Noyers”

Nota. – A explicação dada pelo Espírito à


pergunta 13 está perfeitamente conforme com a
ideia, que nos foi dada, há já muito tempo, por
outros Espíritos, sobre a maneira que agem para
operar o movimento e a translação de mesas e
outros objetos inertes. Quando se dá conta desta
teoria, o fenômeno parece muito simples;
compreende-se que ele resulta de uma lei da
Natureza, e que não é maravilhoso senão pelo
mesmo título que todos os efeitos dos quais não se
conhece a causa. Esta teoria acha-se
completamente desenvolvida nos números da
Revista de maio e junho de 1858. (11)

8º) Revista Espírita 1860, mês de setembro,


artigo “História do maravilhoso e do sobrenatural”:

Seu julgamento está pronunciado: a crença nas


mesas girantes é um descaminho. Como o Sr.
Figuier é um homem positivo, deve-se pensar que,
antes de publicar o seu livro, tudo viu, tudo
estudou, tudo aprofundou, em uma palavra, que
fala com conhecimento de causa. Se o fora de
outro modo, cairia no erro dos Srs. Schiff e Jobert
(de Lamballe) com a sua teoria do músculo
estalante. (Ver a Revista do mês de junho de
1859.) E, todavia, é do nosso conhecimento que,
há um mês apenas, ele assistiu a uma sessão
onde provou que é estranho aos princípios mais

17
elementares do Espiritismo. Dir-se-á
suficientemente esclarecido porque assistiu a uma
sessão? Certamente não duvidamos de sua
perspicácia, mas. […]. (12)

9º) Em O Livro dos Médiuns, capítulo “III –


Do Método”, no item 35, podemos ler:

35. Aos que quiserem essas noções


preliminares, pela leitura das nossas obras,
aconselhamos que as leiam nesta ordem:
1ª O Que é o Espiritismo – Esta brochura, de
uma centena de páginas somente, é uma
exposição sumária dos princípios da Doutrina
Espírita, uma visão geral que permite ao leitor
abranger o conjunto dentro de um quadro restrito.
Em poucas palavras ele percebe o seu objetivo e
pode julgar o seu alcance. Além disso, aí se
encontram respostas às principais questões ou
objeções que os novatos costumam fazer. Esta
primeira leitura, que consome muito pouco tempo,
é uma introdução que facilita um estudo mais
aprofundado.
2ª O Livro dos Espíritos – Contém a doutrina
completa, tal como a ditaram os próprios Espíritos,
com toda a sua filosofia e todas as suas
consequências morais. É a revelação do destino do
homem, a iniciação no conhecimento da natureza
dos Espíritos e nos mistérios da vida de além-
túmulo. Quem o lê compreende que o Espiritismo
tem um fim sério, que não constitui frívolo

18
passatempo.
3ª O Livro dos Médiuns – Destina-se a guiar
os que queiram entregar-se à prática das
manifestações, dando-lhes o conhecimento dos
meios mais apropriados para se comunicarem com
os Espíritos. É um guia, tanto para os médiuns
como para os evocadores, e o complemento de O
livro dos espíritos.
4ª Revista Espírita – Variada coletânea de
fatos, de explicações teóricas e de trechos
isolados, que completam o que se encontra nas
duas obras precedentes, e que representam, de
certo modo, a sua aplicação. Sua leitura pode ser
feita ao mesmo tempo que a daquelas obras,
porém será mais proveitosa e, sobretudo, mais
inteligível, se for feita depois de O Livro dos
Espíritos. (13)

Ora, se Allan Kardec recomenda a leitura da


Revista Espírita, cujo teor afirma completar o que se
encontra em O Livro dos Espíritos e O Livro dos
Médiuns, para se ter “noções preliminares” da
Doutrina Espírita, não faz sentido algum nós aqui, a
quase cinco lustros decorridos no Século XXI,
querermos desprestigiá-la.

Após essa orientação sobre a ordem de leitura,


o Codificador faz o seguinte comentário:

19
Isto pelo que nos diz respeito. Os que desejem
conhecer tudo de uma ciência devem ler
necessariamente tudo o que se ache escrito
sobre a matéria, ou, pelo menos, as coisas
principais, não se limitando a um único autor.
Devem mesmo ler os prós e os contras, as críticas
como as apologias, iniciar-se nos diferentes
sistemas, a fim de poderem julgar por comparação.
Sob esse aspecto, não preconizamos, nem
criticamos obra alguma, pois não queremos
influenciar, de nenhum modo, a opinião que dela se
possa formar. Trazendo nossa pedra ao edifício,
colocamo-nos nas fileiras. Não nos cabe ser juiz e
parte e não alimentamos a ridícula pretensão de
ser o único distribuidor da luz. Compete ao leitor
separar o bom do mau, o verdadeiro do falso. (14)

Excelente a colocação de Allan Kardec quanto


ao não nos limitarmos a ler um único autor. Sim, é
preciso utilizarmos uma lista bem ampla, incluindo
nela obras de críticos. Isso fica bem demonstrado
quando, em abril de 1869, ele publica a obra
Catálogo Racional: Obras Para se Formar Uma
Biblioteca Espírita, relacionando todas as obras que
publicou, entre elas, obviamente, a Revista Espírita e
inúmeras outras cunho espiritualista e até mesmo de
detratores que todo profitente do Espiritismo deveria
ter em sua biblioteca. Inclusive, incluiu também os

20
romances.

O destaque é que a Revista Espírita foi inserida


no item I onde constam as “Obras fundamentais
da Doutrina Espírita” (15)

Vamos aproveitar desse momento para


também citar José Herculano Pires (1914-1979) que,
conforme registrado no capítulo “Iniciação espírita”
do livro No Limiar do Amanhã: Lições de
Espiritismo com Herculano Pires (programa pela
Rádio Mulher de São Paulo, de 1970 a 1974),

21
explicando a um ouvinte como se deve “iniciar no
Espiritismo”. Após citar as cinco obras que resume a
Doutrina dos Espíritos – O Livro dos Espíritos, O Livro
dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O
Céu e o Inferno e A Gênese – disse-lhe:

[…] Mas nem assim deve pensar que já leu


tudo. Esses livros fundamentais são, por assim
dizer, as pedras do alicerce doutrinário. É preciso
prosseguir. Há muito que ler, muito que estudar.
Como exemplo, podemos citar os livros de
Léon Denis, Ernesto Bozzano, Alexandre
Aksakof, Gabriel Delanne e tantos outros
companheiros de Allan Kardec, que
trabalharam ao seu lado, ou que vieram,
posteriormente, enriquecendo o Espiritismo
com suas pesquisas, seus trabalhos, seus
estudos. […]. (16)

Como mais à frente, citaremos novamente


essa obra, aqui recortamos parte do trecho para
focar somente a orientação de Herculano Pires
quanto à necessidade de lermos outras obras, como
exemplo ele mencionou o nome de quatro dos
designados “autores espíritas clássicos”, alguns
totalmente desconhecidos no movimento espírita
“made in Brazil”.

22
10º) Herculano Pires agregou os livros a) O
Espiritismo Em Sua Mais Simples Expressão, b) O
Que é o Espiritismo e c) Instruções Práticas Sobre as
Manifestações Espíritas, em Introdução ao
Espiritismo: Livro de Introdução à Teoria e
Prática da Doutrina (2009), do qual tomaremos do
final do tópico “Terceiro diálogo – o padre” do
capítulo “I – Pequenas conferências espíritas”, do
livro O Que é o Espiritismo, os seguintes
parágrafos, que foram inseridos por Allan Kardec a
partir da 4ª edição, publicada em 1863,
provavelmente no último trimestre:

a) Capítulo “I – Pequenas conferências


espíritas, terceiro diálogo – o padre”

A Revista Espírita é, de certa forma, um


curso de aplicações com numerosos exemplos
e explanações sobre a parte teórica e a parte
experimental. (17)

[…] A primeira é que é estranho que essa


faculdade, até agora excepcional e tida como caso
patológico, tenha de repente se tornado tão
comum; a segunda é que é preciso uma vontade
muito forte de mistificar para fazer estalar seu
músculo durante duas ou três horas seguidas,
quando isso só provoca dor e fadiga; a terceira é

23
poder entender como esse músculo transpõe as
portas e as muralhas nas quais os golpes são
ouvidos; a quarta, enfim, é que esse músculo
embusteiro deve ter uma propriedade excepcional
de mover uma pesada mesa, levantá-la, abri-la,
fechá-la. mantê-la suspensa sem ponto de apoio e
quebrá-la ao deixá-la cair. Duvidamos um pouco
que esse músculo tenha tantas virtudes. (Revista
Espírita, junho 1859, página 141, “O músculo
estalante”.) (18)

Com este último ponto de vista, ele responde às


aspirações do homem no que se refere ao futuro,
sobre bases positivas e racionais, e por isso ele
convém ao espírito positivista do século; é isto que
o senhor compreenderá quando se tiver dado ao
trabalho de estudá-lo. (O Livro dos Médiuns, cap. II
– Revista Espírita, dezembro de 1861, página 393
e janeiro de 1862, página 21 – ver em seguida,
cap. II) (19)

b) Capítulo “II – Noções elementares do


Espiritismo”

São vários tópicos, porém para ser mais objetivo


citaremos o item e as obras que Allan Kardec
recomenda a leitura:

27. (Revista Espírita, 1858: “O Espírito batedor


de Bergzabern”, p. 125, 153, 184. – id. “O Espírito
batedor de Dibbelsdorf”, p. 219. – Id. 1860: “O
padeiro de Dieppe”, p. 76. – Id. “O fabricante de
São Petersburgo”, p. 115. – Id. “O trapeiro da rua
des Noyers”, p. 236)

24
74. (O Livro dos Médiuns, nº 279 – Revista
Espírita, fevereiro, março e junho de 1864, “A
jovem obsedada de Marmande”)

91. (O Livro dos Médiuns, cap. XXVIII:


“Charlatanismo e malabarismo, médiuns
interesseiros, nº 304 – Revista Espírita, 1862,
página 52)

96. (O Livro dos Médiuns, cap. XXIV:


“Identidade dos Espíritos” – Revista Espírita,
1862, página 82: “Caso de identidade”)

99. (O Livro dos Médiuns, cap. XXVII:


“Contradições e mistificações”. – Revista Espírita,
1864, p. 99: “Autoridade da Doutrina Espírita” – O
Evangelho Segundo o Espiritismo, Introdução.,
página VI)

c) Cap. III – Solução de alguns problemas pela


Doutrina Espírita

105. (O Livro dos Espíritos, nº 55 – Revista


Espírita, 1858, página 65: “Pluralidade dos
mundos”, por Flammarion.)

107. (Revista Espírita, 1858, p. 67, 108, 223. –


Id., 1860, p. 318 e 320 – “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, cap. III.)

115. (O Livro dos Espíritos, nº 166 a 222. –


Revista Espírita, abril de 1862, páginas 97-106)

123. (Revista Espírita, 1861, p. 270: “A pena de


talião”)

128. (Revista Espírita, 1861, p. 76: “A cabeça

25
de Garibaldi”. – Id., 1862, p. 97: “Frenologia
espiritualista e espírita”)

135. (Revista Espírita, 1860, página 173: “O


Espírito de um idiota”. – Id., 1861, p. 311: “Os
estúpidos”)

137. (O Livro dos Espíritos: “Emancipação da


alma”, “sono, sonhos, sonambulismo, vista dupla,
letargia” etc., nº 400 e seguintes. – O Livro dos
Médiuns: “Evocação das pessoas vivas”, nº 284. –
Revista Espírita, 1860, página 111: “O Espírito de
um lado e o corpo do outro”. – Id.; 1860, página 81:
“Estudo sobre o Espírito de pessoas vivas”)

143. Nota: (O Livro dos Espíritos, nº 776 e


seguintes. – Revista Espírita, 1862, página 1:
“Doutrina dos anjos decaídos”. – Id., 1862, p. 197:
“Perfectibilidade da raça negra”) (20)

145. (Revista Espírita, setembro de 1859,


Morte de um espírita; Idem, outubro de 1860, O
despertar do Espírito; Idem, maio de 1862,
Exéquias do Sr. Sanson; Idem, junho de 1862, Sr.
Sanson.)

149. (O Livro dos Espíritos, nº 165. – Revista


Espírita, 1858, página 166: “O suicida de la
Samaritaine”. – Id., 1858, página 326: “Um Espírito
no funeral de seu corpo”. – Id., 1859, página 184:
“O zuavo de Magenta”. – Id., 1859, página 319:
“Um Espírito que não acredita que está morto” –
Id., 1863, página 97: “François-Simon Louvet”)

151. (Revista Espírita, 1860, página 202: “Os


amigos não nos esquecem no outro mundo”. II –
Id., 1862, p. 132.”)

26
154. Nota: (Revista Espírita, 1858, página 17:
“Mãe, estou aqui!”)

156. (Revista Espírita, 1858, página 81: “A


rainha de Ude” – Id., 1858, página 145: “O Espírito
e os herdeiros”. – Id., 1858, página 186: “O tambor
de Beresina”. – Id., 1859, página 344: “Um velho
carreteiro”. – Id., 1860, página 325: “Progresso dos
Espíritos”. – Id., 1861, página 126: “Progresso de
um Espírito perverso”)

160. (O Livro dos Espíritos, nº 237:


“Percepções, sensações e sofrimentos dos
Espíritos”. – Id., livro 4º: “Esperanças e
consolações; sofrimentos e prazeres futuros. –
Revista Espírita, 1858, página 79: “O assassino
Lemaire”. – Id., 1858, página 166: “O suicida de la
Samaritaine”. – Id., 1858, página 331: “Sensações
dos Espíritos”. – Id., 1859, página 275: “O pai
Crépin”. – Id., 1860, página 61: “Estelle Régnier”.
– Id., 1860, página 247: “O suicida da rua
Quincampoix”. – Id., 1860, página 316: “O castigo”.
– Id., 1860, página 325: “Entrada de um culpado no
mundo dos Espíritos”. – Id., 1860, página 384:
“Castigo do egoísta”. – Id., 1861, página 53: “O
suicídio de um ateu”. – Id., 1861, página 270: “A
pena do Talião”)

161. (O Livro dos Espíritos, nº 664. – Revista


Espírita, 1859, página 315: “Efeitos da prece”)

162. (O Livro dos Espíritos, nº 558: “Ocupações


e missões dos Espíritos”. – Revista Espírita, 1860,
páginas 321 e 322: “Os Espíritos puros: morada
dos bem-aventurados”. – Id., 1861, página 179:
“Senhora Gourdon”) (21) (itálico do original)

27
11º) Na Revista Espírita 1864, temos:

a) Mês de fevereiro, do artigo “Manifestações


de Poitiers”, transcrevemos o seguinte trecho:

[…] porque é preciso guardar-se de colocar à


conta dos Espíritos todas as coisas que não se
compreende. É preciso também desconfiar das
manobras dos inimigos do Espiritismo, e das
armadilhas que podem estender para torná-lo ao
ridículo pela grande credulidade de seus adeptos.
Vemos com prazer que os Espíritas de Poitiers,
seguindo nisso os conselhos contidos em O Livro
dos Médiuns, e as advertências que demos na
Revista, se mantêm, até nova ordem, sobre uma
prudente reserva; se for uma manifestação, ela
será provada pela ausência de toda causa
material; se for uma fraude, os autores terão
contribuído, sem o querer, como o fizeram tantas
vezes, para despertar a atenção dos indiferentes, e
provocar o estudo do Espiritismo. Quando fatos
análogos se multiplicarem de diversos lados, assim
como isso está anunciado, e que procurarem
inutilmente sua causa neste mundo, será preciso
muito convir que ela está num outro. Em toda
circunstância, os Espíritas provam sua sabedoria e
sua moderação; é a melhor resposta a dar aos
seus adversários. (22)

Se Allan Kardec faz referências as advertências


que deu na Revista Espírita, entendemos que

28
somente nela é que se encontrará aquilo que ele
chama a atenção do leitor.

b) Mês de junho, do artigo “Relato completo da


cura da jovem obsedada de Marmande”, destacamos
o primeiro parágrafo:

O Sr. Dombre, de Marmande, nos transmitiu o


relatório circunstanciado dessa cura da qual já
conversamos com nossos leitores; os detalhes
que ele encerra são do mais alto interesse no
duplo ponto de vista dos fatos e da instrução. É
tudo, ao mesmo tempo, como se verá, um
curso de ensino teórico e prático, um guia para
os casos análogos, e uma fonte fecunda de
observações para o estudo do mundo invisível
em geral, em suas relações com o mundo
visível. (23)

Embora aqui Allan Kardec não tenha


diretamente feito referência a Revista Espírita, para
nós fica óbvio que a publicação nela do “relato da
cura da jovem obsedada” é, como ele faz questão de
ressaltar, um “curso de ensino teórico e prático e um
guia para os casos análogos”. Portanto, é algo que só
será encontrado na Revista Espírita, fato que se
evidência a sua importância doutrinária. Tanto isso é

29
verdade, que em O Que é o Espiritismo, no capítulo
“II – Noções elementares de Espiritismo”, tópico
“Escolhos da mediunidade”, no item 74 o Codificador
recomendará a leitura do item 279 de O Livro dos
Médiuns bem como o caso da jovem obsediada de
Marmande, publicado na Revista Espírita 1864, nos
meses de fevereiro, março e junho. (24)

c) Mês de novembro, artigo “Periodicidade da


Revista Espírita – Suas relações com os outros jornais
especiais”, transcrevemos o seguinte trecho:

O desejo de ver a Revista aparecer duas vezes


por mês ou todas as semanas, mesmo à custa do
aumento da assinatura, já nos foi manifestado
várias vezes. Somos muito sensível a esse
testemunho de simpatia, mas é impossível, pelo
menos até nova ordem, mudar o nosso modo de
publicidade. O primeiro motivo está na
multiplicidade dos trabalhos resultantes de nossa
posição, cuja extensão é difícil imaginar. Estamos
rigorosamente com a verdade, dizendo não haver
para nós um só dia de repouso absoluto e que, a
despeito de toda a nossa atividade, é-nos
materialmente impossível bastar a tudo.
Duplicando ou quadruplicando nossa publicação
mensal, compreendemos que a maioria dos
assinantes teria tempo de lê-la; contudo, para nós,
isto seria em prejuízo dos trabalhos mais
importantes, que nos resta fazer.

30
O segundo motivo está na natureza mesma de
nossa Revista, que não é propriamente um
jornal, mas o complemento e o
desenvolvimento de nossas obras doutrinárias.
Nela a forma periódica permite-nos introduzir mais
variedade que num livro e aproveitar as
atualidades. Aí vêm agrupar-se, conforme as
circunstâncias e a oportunidade, os fatos mais
interessantes, as refutações, as instruções dos
Espíritos; nela se desenham as diferentes fases
do progresso da ciência espírita; enfim, nela vêm
ensaiar-se, sob forma dubitativa, as teorias
novas, que só podem ser aceitas depois de
haverem recebido a sanção do controle
universal. (25)

Temos aqui a visão que o Codificador tinha da


Revista Espírita “é o complemento e o
desenvolvimento das nossas obras doutrinárias” e
“nela vem ensaiar-se […] as teorias novas que só
podem ser aceitas depois de haverem recebido a
sanção do controle universal”.

12º) Na Introdução de A Gênese, publicada


em janeiro de 1868, temos o seguinte e oportuno
esclarecimento do Codificador:

Aliás, os leitores assíduos da Revista Espírita


já devem ter notado, sem dúvida sob a forma de

31
esboços, a maioria das ideias desenvolvidas
aqui nesta obra, conforme o fizemos com relação
às anteriores. Muitas vezes a Revista representa,
para nós, um terreno de ensaio, destinado a
sondar a opinião dos homens e dos Espíritos
sobre alguns princípios, antes de os admitir
como parte constitutiva da Doutrina. (26)

O que observamos foi que Allan Kardec disse


“muitas vezes a Revista representa um terreno de
ensaio” não que “todas as vezes”, eis o pequeno e
importantíssimo detalhe que pode mudar tudo.

A todo estudioso do Espiritismo é fato


incontestável que muita coisa da Revista Espírita foi
mesmo parar nas outras obras da Codificação,
incluindo até temas que foram ampliados por Allan
Kardec em alguma delas, conforme deixou isso bem
claro. Conseguimos identificar pelo menos dois casos
que fizemos questão de os registrar no artigo
“Novidades que não foram acrescentadas às obras
básicas” (27), do qual transcrevemos:

1º) Revista Espírita 1862, mês dezembro:

[…] Embora tenhamos já tratado desse assunto


em O Livro dos Médiuns, no capítulo da

32
obsessão, e em vários artigos desta Revista, a
isso acrescentaremos algumas considerações
novas que tornarão a coisa mais fácil de ser
concebida. (28)

2º) Revista Espírita 1868, mês de junho:

O fenômeno da fotografia do pensamento se


ligando ao das criações fluídicas, descrito em
nosso livro da Gênese, no capítulo dos fluidos,
para maior clareza reproduzimos a passagem
desse capítulo, onde esse assunto é tratado, e
o completamos com novas observações. (29)

Nessas duas situações, o Codificador


acrescenta algo que não disse em O Livro dos
Médiuns e em A Gênese, ou seja, somente
encontraremos as novas observações nesses artigos
publicados na Revista Espírita, fato esse que vem,
objetivamente, comprovar a real necessidade de
estudá-la.

Ademais, em vários temas desenvolvidos nas


obras da Codificação os leitores atentos perceberão
que Allan Kardec fez referência à Revista Espírita,
orientando ao leitor ir nessa fonte em busca de
maiores detalhes para que possam ampliar seu

33
conhecimento.

Por exemplo, em O Livro dos Médiuns,


podemos encontrar:

a) No item 88, ao tratar dos Espíritos que


provocam ruídos, barulhos e perturbações:

A Revista Espírita contempla a narração de


muitos fatos autênticos deste gênero, entre
outros a história do Espírito batedor de
Bergzabern, cujas diabruras duraram mais de oito
anos (números de maio, junho e julho de 1858); a
de Dibbelsdorf (agosto de 1858); a do padeiro das
Grandes-Ventes, perto de Dieppe (março de 1860);
a da Rua des Noyers, em Paris (agosto de 1860); a
do Espírito de Castelnaudary, sob o título de
História de um danado (fevereiro de1860); a do
fabricante de São Petersburgo (abril de 1860) e
muitas outras. (30)

b) Item 284, com explicações a respeito da


evocação de pessoas vivas: “Veja-se, na Revista
Espírita de 1860, muitos exemplos notáveis de
evocação de pessoas vivas. (31)

13º) Do artigo “Constituição transitória do


Espiritismo”, item VI – Obras fundamentais da
Doutrina, publicado na Revista Espírita 1868, mês
de dezembro, transcrevemos:

34
A Revista foi, até hoje, e não podia ser senão
uma obra pessoal, tendo em vista que faz parte de
nossas obras doutrinárias, tudo em servindo de
anais ao Espiritismo. É lá que todos os princípios
novos são elaborados e colocados em estudo.
Era, pois, necessário que ela conservasse o seu
caráter individual para a fundação da unidade. (32)

Nessa fala, o Codificador confirma o que


acabamos de dizer, deixando de forma bem clara
que a Revista Espírita deve ser considerada como
“obra doutrinária”, porquanto, ela é (na verdade,
era) o local onde “todos os princípios novos são
elaborados e colocados para estudo”.

35
Herculano Pires diante da Revista
Espírita

“Seja um pensador livre e não aceite


tudo o que ouve como verdade. Seja
crítico e avalie aquilo em que acredita.”
(ARISTÓTELES)

São várias fontes que usaremos que,


seguramente, contêm informações que se
completam de tal forma que teremos uma percepção
bem clara do pensamento de Herculano Pires. Na
medida do possível, vamos listá-las por ordem
cronológica.

Em O Espírito e o Tempo (1964), IV Parte – A


prática mediúnica, capítulo “I – Pesquisa científica da
mediunidade”, lemos:

2. SESSÕES DOUTRINARIAS – A prática


espírita não dispensa a constante orientação
doutrinária dos que desejam realizá-la com
eficácia e proveito. As sessões de estudo e

36
debates são obrigatórias em todas as instituições.
Aparentemente elas não são mediúnicas, mas na
realidade o são, pois é fácil constatar-se que em
todas elas os espíritos orientadores estão
presentes, auxiliando na orientação dos trabalhos,
e às vezes até mesmo se manifestam para algum
esclarecimento ou advertência. O estudo e os
debates devem cingir-se às obras da
Codificação. Substituir as obras fundamentais
por outras, psicografadas ou não, é um
inconveniente que se deve evitar. Seria o mesmo
que, num curso de especialização em Pedagogia,
passar-se a ler e discutir assuntos de Mecânica, a
pretexto de variar os temas. O aprendizado
doutrinário requer unidade e sequência, para que
se possa alcançar uma visão global da Doutrina.
Todas as obras de Kardec devem constar
desses trabalhos, desde os livros iniciáticos,
passando pela Codificação propriamente dita,
até aos volumes da Revista Espírita. Precisamos
nos convencer desta realidade que nem todos
alcançam: Espiritismo é Kardec. Porque foi ele o
estruturador da Doutrina, permanentemente
assistido pelo Espírito da Verdade. Todos os
demais livros espíritas, mediúnicos ou não, são
subsidiários. […]. (33)

De Introdução à Filosofia Espírita (1965),


parte “II – Filosofia e Espiritismo”, capítulo “2. O que
é Espiritismo?”, ressaltamos este parágrafo:

37
O “Livro dos Espíritos” nos oferece a súmula do
trabalho gigantesco de Kardec. Mas se quisermos
conhecer esse trabalho em profundidade temos
de ler toda a bibliografia kardeciana: os cinco
volumes da codificação doutrinária, os volumes
subsidiários e mais os doze volumes da Revista
Espírita, que nos oferecem o registro minucioso
das pesquisas realizadas na Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas. E precisamos nos
interessar também pelos trabalhos posteriores
de Camille Flammarion, de Gabriel Delanne, de
Ernesto Bozzano, de Léon Denis (que foi o
continuador e o consolidador do trabalho de
Kardec). (34)

No Limiar do Amanhã: Lições de


Espiritismo com Herculano Pires (Entre 1970 a
1974), encontramos esta orientação a um dos
ouvintes do programa:

Nestes dois livros [O Céu e o Inferno e A


Gênese] o nosso amigo completará a leitura total
da Codificação, duas das cinco obras fundamentais
da Doutrina Espírita [O Livro dos Espíritos, O Livro
dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo ,
O Céu e o Inferno e A Gênese]. Mas nem assim
deve pensar que já leu tudo. Esses livros
fundamentais são, por assim dizer, as pedras
do alicerce doutrinário. É preciso prosseguir.
Há muito que ler, muito que estudar. Como
exemplo, podemos citar os livros de Léon Denis,

38
Ernesto Bozzano, Alexandre Aksakof, Gabriel
Delanne e tantos outros companheiros de Allan
Kardec, que trabalharam ao seu lado, ou que
vieram, posteriormente, enriquecendo o
Espiritismo com suas pesquisas, seus
trabalhos, seus estudos. É necessário lembrar
também que existe a Revista Espírita, de Allan
Kardec. São nada menos que 12 volumes, com
cerca de 400 páginas cada um, mas é uma
coleção indispensável ao bom conhecimento
da Doutrina Espírita. Isto o nosso ouvinte pode
observar na própria leitura das obras básicas,
onde constantemente há indicações de Allan
Kardec, pedindo ao leitor que procure o
esclarecimento ou a continuidade de um
determinado assunto nesse ou naquele número
da Revista Espírita.
A Revista Espírita, de Allan Kardec, já existe,
felizmente, no Brasil, editada em português em 12
volumes. Posteriormente a Kardec, a Revista
continuou sendo publicada. Mas o que nos
interessa, sob o ponto de vista doutrinário, é a
coleção referente à época do Codificador (1858
a 1869), porque não traz somente o seu
pensamento, mas também os fatos que ele
observou, as pesquisas que fez durante cerca
de 12 anos, na Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas.
Constam nesses 12 volumes da Revista os
relatos das pesquisas, as comunicações
importantes por ele recebidas e os seus
estudos, desenvolvendo aspectos do
Espiritismo que ele, naturalmente, não pôde

39
desenvolver nas Obras Básicas, que tinham o
fim de estruturar a doutrina, mas não entrar em
minúcias, em pormenores, que viriam depois e que
são importantes para o seu conhecimento mais
profundo. (35)

O escritor Wilson Garcia, tomando das várias


respostas e considerações de Herculano Pires no
programa Limiar do Amanhã, organizando quatro
volumes. Reveremos o que registrou em No Limiar
do Amanhã: Um Desafio no Espaço – Editoriais /
J. Herculano Pires (2023), no tópico “Revista
Espírita e pureza da Doutrina”:

Vamos conferir hoje o prêmio de uma coleção


da Revista Espírita (36), de Allan Kardec, doze
volumes encadernados em percalina verde e com
gravação a ouro ao ouvinte que responde certo
nossa pergunta feita no último programa de abril,
mês do livro espírita. Será premiada a primeira
resposta certa que chegou às mãos da comissão
selecionadora.
A coleção da Revista Espírita, inteiramente
redigida por Kardec, é obra de leitura obrigatória
para todos os que se dizem espíritas e
particularmente para os expositores da
Doutrina. A Revista Espírita, mais do que lida,
precisa ser estudada pelos dirigentes de
grupos, diretores de trabalhos mediúnicos,

40
professores de cursos doutrinários e,
particularmente, pelos oradores e
conferencistas espíritas. O desinteresse pela
Revista Espírita é prova de falta de formação
cultural e, portanto, de falta de compreensão
doutrinária. Espiritismo é cultura, e a Revista
Espírita é a maior fonte de enriquecimento cultural
no campo doutrinário.
É um absurdo, e até mesmo uma vergonha, que
só agora tenhamos a coleção da Revista Espírita
em nossa língua no país em que o espiritismo se
aclimatou melhor em todo o mundo. As obras
completas de Allan Kardec não se constituem
de apenas seis ou dez volumes, como muita
gente o supõe. Constitui-se de vinte volumes
de quatrocentas páginas em média cada um.
Não conhece espiritismo quem não conhece
esses vinte volumes. Kardec afirma a todo
momento nos seus livros que o conhecimento do
espiritismo não é fácil, depende de estudos
prolongados e sérios, acompanhados de práticas
mediúnicas muito bem controladas. Precisamos
fazer com que espíritas e não espíritas
compreendam bem isto. Sem estudo apurado e
meditado de toda a obra de Kardec, ninguém
pode dizer-se conhecedor do Espiritismo.
Até agora o Espiritismo foi para o Brasil o que a
Lua foi para a Terra: um mundo conhecido apenas
por uma face. A face oculta do Espiritismo que
somente alguns privilegiados conheciam está
agora ao alcance de todos. É a coleção da
Revista Espírita que guarda muitas surpresas
para muitos pretensos doutores em

41
Espiritismo. Por isso vamos nos empenhar junto à
editora Edicel, a única editora que lançou a Revista
em português, para repetirmos ainda neste ano a
façanha de nova distribuição de coleções da
Revista aos nossos ouvintes. Ainda neste ano, se
Deus quiser, voltaremos a distribuir a coleção da
Revista Espírita aos que derem respostas certas às
nossas perguntas doutrinárias. (37)

Uma Visão Geral da Estrutura da Doutrina


Espírita (Palestra) (Em 1972, o casal – Herculano
Pires e D. Maria Virgínia – deu início às Palestras na
Garagem, que eram semanais e dirigidas por
Herculano.)

Então, as pesquisas de Kardec, a gente pode


ver, principalmente no final do livro O Céu e o
Inferno, e ver de maneira completa na Revista
Espírita. A Revista Espírita, em seus doze
volumes da Revista Espírita, ali a gente vai
encontrando as várias investigações feitas por
Kardec, tudo publicado integralmente ali, com
as manifestações dos espíritos, as respostas
dadas a Kardec sobre as suas perguntas.
Mostrando como o espírito se sente no mundo
espiritual, como inclusive o espírito de pessoas
vivas, que foi uma pesquisa muito importante de
Kardec. Espírito de pessoas vivas, durante o sono,
quando estão dormindo, se retiram e passam a
viver no espaço. Então como esse espírito se sente

42
no espaço, o espírito da pessoa viva, quais são as
sensações que ele tem, tudo isto foi pesquisado
intensivamente por Kardec, durante doze anos de
pesquisas. Então, aí nós temos a Ciência
Espírita. E O Livro dos Médiuns é o livro
fundamental dessa ciência. (38)

Em A Pedra e o Joio (1973), capítulo “A


questão metodológica”, encontramos:

Até agora, o Espiritismo só foi conhecido no


Brasil através dos cinco volumes da Codificação.
Só agora dispomos da coleção da “Revista
Espírita” do tempo de Kardec, tão importante
que ele mesmo a incluiu no rol das leituras
necessárias para o bom conhecimento da
doutrina, como vemos em “O Livro dos Médiuns”.
Ninguém, entre nós, conhece Kardec em
profundidade. Homens de cultura, considerados
como grandes conhecedores da doutrina,
publicaram trabalhos que provam a superficialidade
espantosa desse conhecimento. Se leram e
estudaram, não aprenderam, não assimilaram. (39)
(sublinhado é negritado no original)

Da obra Evolução Espiritual do Homem


(Uma Perspectiva da Doutrina Espírita) (1977),
capítulo “Importância das manifestações
mediúnicas”, destacamos:

43
Esse mesmo ambiente carregado de ameaças
excitava ainda mais a curiosidade popular,
podendo desencadear represálias de parte dos
poderes eclesiásticos, ainda muito vigilantes. A
serenidade com que Kardec enfrentou esse
ambiente pode ser apreciada na Revista Espírita,
obra indispensável ao estudo da doutrina e que
já temos em nossa língua, em seus doze volumes
redigidos pelo mestre, na tradução do saudoso
Julio Abreu Filho. (40)

Em Na Hora do Testemunho (1978), capítulo


“Antes do cantar do galo”, tópico “Vaidades das
vaidades”, Herculano Pires, orienta-nos esclarecendo
que:

[…] Precisamos de estudar Kardec


intensamente, de assimilar os ensinos das obras
básicas, de mergulhar nas páginas de ouro da
“Revista Espírita”, não apenas lendo-as, mas
meditando-as, aprofundando-as, redescobrindo
nelas todo o tesouro de experiências,
exemplos, ensinos e moralidade que Kardec
nos deixou. Mas antes de mais nada precisamos
de humildade para entrar no Templo da Verdade
sem a fátua arrogância de pigmeus que se julgam
gigantes. [...]. (41)

Transcrevemos de Mediunidade (Vida e

44
Comunicação): Conceituação da Mediunidade e
Análise Geral dos seus Problemas Atuais
(jul/1978), os seguintes trechos:

a) Capítulo “III – Mediunidade dinâmica”


[…] A consciência subliminar, que equivale ao
inconsciente, destina-se a funcionar normalmente
na vida futura, ou seja, no plano espiritual. Kardec
observou tudo isso com rigor, através de
pesquisas incessantes, nas comunicações
mediúnicas de espíritos encarnados, como se
pode ver nos relatos de suas pesquisas
publicados na Revista Espírita. Os próprios
espíritos recém-desencarnados referem-se sempre
às dificuldades que enfrentam para adaptar-se às
condições do mundo espiritual. […]. (42)

b) Capítulo “X – Relações mediúnicas”


[…] No caso dos obsessores e mistificadores
pode ser para experimentar a firmeza do médium,
por atração de seus pensamentos vaidosos ou
maldosos; por motivo de ódios antigos;
perseguição por motivos doutrinários, de parte de
adeptos de seitas contrárias à doutrina; vingança
relacionada com problemas do passado; desejo de
arrastar o médium a outros caminhos espirituais,
afastando-o do Espiritismo e assim por diante. O
Livro dos Médiuns esclarece bem este assunto, a
que nos referimos indicando a variedade de
motivações. É necessária a leitura do livro
Obsessão de Kardec, e pesquisas na coleção da
Revista Espírita. Todos esses casos podem ser

45
prevenidos pelo médium através de um
comportamento regular na vida, dedicando-se aos
estudos doutrinários sistemáticos para mais ampla
compreensão das funções mediúnicas. As relações
regulares e permanentes com os espíritos
orientadores, no interesse de bem servir a todos os
espíritos necessitados, de qualquer ordem, e
particularmente a frequência às sessões, com
inteira disposição de atender a todos os espíritos
que dele se aproximarem. […]. (43)

Em O Centro Espírita (1980), capítulo “O


centro e a comunidade”, temos:

O conhecimento dos problemas mediúnicos


exige estudo incessante das obras básicas de
Allan Kardec, particularmente estudos
permanentes do Livro dos Médiuns e leitura
metódica da Revista Espírita de Kardec, em que
os leitores encontram, além de numerosas
instruções, relatos de fatos e observações de
pesquisas que muito ajudam no trato de problemas
atuais. Sem estudo constante da Doutrina não se
faz Espiritismo, cria-se apenas uma rotina de
trabalhos práticos que dão a ilusão de eficiência.
Estudo e pesquisa, observação constante dos
fatos, análise das mensagens recebidas,
observação dos médiuns, exigência de educação
mediúnica, com advertências constantes para que
os médiuns aprendam a se controlarem, não se
deixando levar pelos impulsos recebidos das
entidades comunicantes – esse é o preço de

46
trabalhos mediúnicos eficazes. […]. (44)

De O Homem Novo (1989), capítulo “Brasil: o


primeiro país a traduzir os 12 volumes da ‘Revista
Espírita’”, destacamos:

Nada prova melhor a asserção de que o


Espiritismo avança “apesar dos homens” do que
este aparecimento tardio da “Revista Espírita” no
Brasil. Obra fundamental, escrita página a
página pelo Codificador, os doze volumes
dormiram longos anos nas estantes de uns
poucos estudiosos. Muitos problemas discutidos
na imprensa, nas reuniões de estudos, nos
congressos, lá estavam resolvidos. Mas, os
espíritas ignoravam isso e ainda hoje
continuam ignorando. Chegou-se mesmo a
afirmar que os cinco livros do chamado
“Pentateuco Kardeciano” eram o único repositório
dos ensinos do Espírito da Verdade. Mas, a
verdade era outra e a prova está hoje nas mãos de
todos os que se interessaram por ela.
No capítulo terceiro da primeira parte de “O
Livro dos Médiuns”, Kardec declara: “Aos que
quiserem adquirir os conhecimentos preliminares
(da doutrina), pela leitura dos nossos livros,
aconselhamos a seguinte ordem: 1) O que é o
Espiritismo, 2) O Livro dos Espíritos, 3) O Livro dos
Médiuns, 4) A Revista Espírita.” Ainda não haviam
aparecido O Evangelho Segundo o Espiritismo, O
Céu e o Inferno e A Gênese, mas a Revista

47
Espírita já era recomendada como
indispensável. E a verdade é que esses livros iam
sair das suas páginas. A Revista era a fonte em
que borbulhavam as águas da III Revelação. (45)

Indicações de Kardec
Aliás, todo estudioso da Codificação sabe
que Kardec indica, frequentemente, nos seus
livros, a consulta à Revista Espírita. Problemas
que não podiam ser esclarecidos amplamente nos
livros, que deviam sujeitar-se a limites de espaço,
estão expostos com todas as minúcias na Revista.
Impossível, pois, absolutamente impossível, um
conhecimento aprofundado do Espiritismo sem a
consulta a essa obra. E dizer que somente agora
ela aparece em português e que a maioria dos
confrades ainda pergunta se haverá necessidade
de lê-la! (46)

Laboratório Espírita
Os relatórios das sessões da Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, sob a direção de
Kardec, orientadas pelo Espírito de São Luís,
mostram-nos o critério científico dos trabalhos. A
publicação [na Revista Espírita] por extenso dos
diálogos de Kardec com os espíritos comunicantes
revela que a sala de sessões era um verdadeiro
laboratório espírita, em que os instrumentos de
pesquisa não eram mecânicos, mas mediúnicos. O
interrogatório dos espíritos seguia um método
científico, pacientemente elaborado e habilmente
aplicado. Mas a ciência espírita não é materialista,
e por isso vemos também os elementos da religião,

48
como o recolhimento, a prece e a fé, servindo de
ingredientes do processo científico.
O problema das curas mediúnicas foi
amplamente estudado por médicos espíritas. Há o
caso da srta. Desiré Godu, médium curadora,
observado pelo médico Mohrery, em sua clínica.
Esse médico enviava seus relatórios a Kardec, que
os estudava, analisava e os submetia à apreciação
dos Espíritos Protetores dos trabalhos. Os
problemas do magnetismo animal e do
magnetismo espiritual, as primeiras aceitações do
magnetismo pelas ciências oficiais, na forma de
hipnotismo, todas essas questões e outras
muitas fazem dos volumes da Revista Espírita
verdadeiros repositórios de estudos valiosos,
que não podemos ignorar. As pesquisas atuais
da Parapsicologia ficam muito aquém das
pesquisas profundas e amplas que a Revista nos
apresenta, oferecendo uma base sólida e
inabalável ao Espiritismo. (47)

Na obra O Mistério do Bem e do Mal (1989),


lemos:

O caso do Sr. Sanson pode ser lido no início da


segunda parte do livro O Céu e o Inferno, de Allan
Kardec, uma das obras fundamentais da doutrina
espírita. Mas, aconselharíamos o leitor a
consultar também o livro do prof. Ernesto
Bozzano: Comunicações Mediúnicas Entre Vivos,
recentemente publicado na Coleção Científica

49
Edicel, na tradução do prof. Klors Werneck. Verá o
leitor que não só os mortos recentes se
comunicam, mas também as pessoas vivas. Na
coleção da Revista Espírita, também já
publicada em português, podem ser apreciadas
as pesquisas de Kardec a respeito, que marcam
um dos episódios científicos mais importantes
do Espiritismo. (48)

Desculpe-nos a extensão das citações, mas foi


extremamente necessário, para que não paire
nenhuma dúvida quanto ao real pensamento de
Herculano Pires sobre a importância doutrinária da
Revista Espírita.

Entendemos que ao designar a Revista Espírita


de laboratório espírita, o nobre jornalista Herculano
Pires procura ressaltar a sua importância para o
desenvolvimento dos princípios do Espiritismo, uma
vez que, dependendo do ramo de atividade de uma
indústria, o laboratório é o carro-chefe de sua planta.

50
Conclusão

“Como quereis chegar à verdade


interpretando tudo segundo as vossas
ideias estreitas, que considerais
grandes ideias?” (ALLAN KARDEC)

Essa sempre foi uma temática que


pensávamos em pesquisar, mas outras prioridades
foram surgindo. Nossa intenção, não poderia deixar
de ser outra senão a de contribuir para um maior
conhecimento doutrinário da parte dos que ainda se
dignaram ler toda a literatura produzida por Allan
Kardec, em especial a Revista Espírita, uma vez que
via de regra não se orientava o estudo dos seus doze
volumes, dado ao que se pensava que o conteúdo
deles seriam de pouco ou nenhum valor doutrinário.

Dessa forma, com as colocações claras e


objetivas de Allan Kardec e do jornalista Herculano
Pires não nos estenderemos mais, finalizando esse
ebook desejando a você, caro leitor, um bom
proveito.

51
Pedimos-lhe o favor de nos informar caso
perceba que nesse ebook tenha alguma coisa
imprópria, pois como sempre dizemos “não quero ser
o dono da verdade, mas quem divulga a verdade.”

52
Referências bibliográficas

CARNEIRO, A. (org) No Limiar do Amanhã: Lições de


Espiritismo com Herculano Pires. São Paulo:
Camille Flammarion, 2001.
GARCIA, W. (org) No Limiar do Amanhã: Um Desafio
no Espaço – Editoriais / J. Herculano Pires. São
Paulo: Paideia, 2023.
DELANNE, G. A Evolução Anímica. Rio de Janeiro: FEB,
1989.
KARDEC, A. A Gênese. Brasília: FEB, 2013.
KARDEC, A. Catálogo Racional: Obras Para se Fundar
Uma Biblioteca Espírita. São Paulo: Madras: USE,
2004.
KARDEC, A. O Livro dos Médiuns. Brasília: FEB, 2013.
KARDEC, A. Revista Espírita 1858. Araras (SP): IDE,
2001.
KARDEC, A. Revista Espírita 1859. Araras (SP): IDE,
1993.
KARDEC, A. Revista Espírita 1864. Araras (SP): IDE,
1993.
KARDEC, A. Revista Espírita 1864. Brasília: FEB, 2008.
KARDEC, A. Revista Espírita 1868. Araras (SP): IDE,
1993.

53
PIRES, J. H. (org) Introdução ao Espiritismo: Livro de
Introdução à Teoria e Prática da Doutrina. São
Paulo: Paideia, 2009.
PIRES, J. H. A Pedra e o Joio. São Paulo: Edições Cairbar,
1975.
PIRES, J. H. Evolução Espiritual do Homem (Uma
Perspectiva da Doutrina Espírita). São Paulo:
Paideia, 2005.
PIRES, J. H. Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo:
Paideia, 1983.
PIRES, J. H. Mediunidade (Vida e Comunicação):
Conceituação da Mediunidade e Análise Geral
dos Seus Problemas Atuais. São Paulo: Edicel,
1987.
PIRES, J. H. Na Hora do Testemunho. São Paulo: Paideia,
1978.
PIRES, J. H. O Centro Espírita. (PDF) São Paulo: Paideia,
2000.
PIRES, J. H. O Espírito e o Tempo. São Paulo: Paideia,
2003.
PIRES, J. H. O Homem Novo. São Bernardo do Campo
(SP): Correio Fraterno, 1989.
PIRES, J. H. O Mistério do Bem e do Mal. São Bernardo
do Campo (SP): Correio Fraterno, 1992.

Internet:

54
ALLAN KARDEC.ONLINE, Cataloque Raisonné, disponível
em:
https://www.allankardec.online/uploads/pdf/200199315
0608c16c59a6489.05621072.pdf. Acesso em: 18 mar.
2024.
FEB – Nota Explicativa em razão do TAC, disponível em:
https://paulosnetos.net/article/feb-nota-explicativa-em-
razao-do-tac. Acesso em: 10 nov. 2024.
FUNDAÇÃO MARIA VIRGÍNIA E J. HERCULANO PIRES, Uma
Visão Geral da Estrutura da Doutrina Espírita
(palestra), disponível em:
https://fundacaoherculanopires.org.br/o-que-fazemos/a
cervo-j-herculano-pires/120-palestras-na-garagem/
556-transcri%C3%A7%C3%A3o-da-palestra-1.html.
Acesso em: 28 fev. 2024.
REVISTA ESPÍRITA, Coleção 1858-1869, disponível em:
https://scontent.fplu41-1.fna.fbcdn.net/v/t1.6435-
9/142892650_2755556494686232_805186122537539
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1.fna&oh=00_AfAA-0vjGV4KG_CginbXnAdMGeo199XD3
4OJ3inR4JtT1Q&oe=661F778F. Acesso em: 18 mar.
2024.
SILVA NETO SOBRINHO, P. Novidades que não foram
acrescentadas às obras básicas, disponível em:
https://paulosnetos.net/article/novidades-que-nao-
foram-acrescentadas-as-obras-basicas. Acesso em: 02a
ago. 2024.

55
Dados biográficos do autor

Paulo da Silva Neto Sobrinho é


natural de Guanhães, MG. Formado em
Ciências Contábeis e Administração de
Empresas pela Universidade Católica
(PUC-MG). Aposentou-se como Fiscal de
Tributos pela Secretaria de Estado da
Fazenda de Minas Gerais. Ingressou no
movimento Espírita em Julho/87.
Participa do GAE – Grupo de Apologética Espírita
(https://apologiaespirita.com.br/), desde o ano de 2004,
quando de sua fundação.
Escreveu vários artigos e ebooks que estão publicados
em seu site Paulo Neto (https://paulosnetos.net) e em
outros sites Espíritas na Web, entre eles, EVOC
(https://www.oconsolador.com.br/editora/ordem_autor.htm).
Livros publicados por Editoras:
a) impressos: 1) A Bíblia à Moda da Casa; 2) Alma
dos Animais: Estágio Anterior da Alma Humana?; 3)
Espiritismo, Princípios, Práticas e Provas; 4) Os Espíritos
Comunicam-se na Igreja Católica; 5) As Colônias
Espirituais e a Codificação; 6) Kardec & Chico: 2
Missionários. Vol. I; 7) Espiritismo e Aborto; e 8) Chico
Xavier: Uma Alma Feminina.
b) digitais: 1) Kardec & Chico: 2 Missionários. Vol. II,
2) Kardec & Chico: 2 Missionários. Vol. III; 3) Racismo em

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Kardec?; 4) Espírito de Verdade, Quem Seria Ele?; 5) A
Reencarnação Tá na Bíblia; 6) Manifestações de Espírito
de Pessoa Viva (Em Que Condições Elas Acontecem); 7)
Homossexualidade, Kardec Já Falava Sobre Isso; 8) Os
Nomes dos Títulos dos Evangelhos Designam os Seus
Autores?; 9) Apocalipse: Autoria, Advento e a
Identificação da Besta; 10) Chico Xavier e Francisco de
Assis Seriam o Mesmo Espírito?; 11) A Mulher na Bíblia;
12) Todos Nós Somos Médiuns?; 13) Os Seres do Invisível
e as Provas Ainda Recusadas Pelos Cientistas; 14) O
Perispírito e as Polêmicas a Seu Respeito; 15) O Fim dos
Tempos Está Próximo?; 16) Obsessão, Processo de Cura
de Casos Graves; 17) Umbral, Há Base Doutrinária Para
Sustentá-lo?; 18) A Aura e os Chakras no Espiritismo; 19)
Os Quatro Evangelhos, Obra Publicada por Roustaing,
Seria a Revelação da Revelação?; 20) Espiritismo:
Religião Sem Dúvida; 21) Allan Kardec e Suas
Reencarnações; 22) Médiuns São Somente os Que
Sentem a Influência dos Espíritos?; 23) EQM: Prova da
Sobrevivência da Alma; 24) A Perturbação Durante a Vida
Intrauterina; 25) Os Animais: Percepções, Manifestações e
Evolução; 26) Reencarnação e as Pesquisas Científicas;
27) Reuniões de Desobsessão (Momento de Acolher
Espíritos em Desarmonia); 28) Haveria Fetos Sem
Espírito?; 29) Trindade: O Mistério Imposto Por Um Leigo e
Anuído Pelos Teólogos; e 30) Herculano Pires Diante da
Revista Espírita.

Belo Horizonte, MG.


e-mail: paulosnetos@gmail.com

57
1 REVISTA ESPÍRITA, Coleção 1858-1859, disponível em:
https://scontent.fplu41-1.fna.fbcdn.net/v/t1.6435-
9/142892650_2755556494686232_80518612253753905
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1.fna&oh=00_AfAA-0vjGV4KG_CginbXnAdMGeo199XD34
OJ3inR4JtT1Q&oe=661F778F
2 KARDEC, Revista Espírita 1859, p. 85-93.
3 KARDEC, Revista Espírita 1859, p. 197-206.
4 DELANNE, A Evolução Anímica, p. 15.
5 KARDEC, Revista Espírita 1858, p. 192-193.
6 KARDEC, Revista Espírita 1858, p. 244.
7 KARDEC, Revista Espírita 1858, p. 294.
8 KARDEC, Revista Espírita 1859, p. 113.
9 KARDEC, Revista Espírita 1859, p. 266.
10 KARDEC, Revista Espírita 1860, p. 157.
11 KARDEC, Revista Espírita 1860, p. 239.
12 KARDEC, Revista Espírita 1860, p. 276.
13 KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 40-41.
14 KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 41.
15 ALLAN KARDEC.ONLINE, Cataloque Raisonné, disponível
em:
https://www.allankardec.online/uploads/pdf/20019931506
08c16c59a6489.05621072.pdf
16 CARNEIRO, No Limiar do Amanhã: Lições de Espiritismo
com Herculano Pires, p. 114-115.
17 PIRES, Introdução ao Espiritismo: Livro de Introdução à
Teoria e Prática da Doutrina, p. 203.
18 PIRES, Introdução ao Espiritismo: Livro de Introdução à
Teoria e Prática da Doutrina, p. 84.

58
19 PIRES, Introdução ao Espiritismo: Livro de Introdução à
Teoria e Prática da Doutrina, p. 103.
20 Quanto à expressão “raça negra”, ver FEB – Nota
Explicativa em razão do TAC, disponível em:
https://paulosnetos.net/article/feb-nota-explicativa-em-
razao-do-tac
21 PIRES, Introdução ao Espiritismo: Livro de Introdução à
Teoria e Prática da Doutrina, O Que é o Espiritismo, p.
216-307, passim.
22 KARDEC, Revista Espírita 1864, p. 48.
23 KARDEC, Revista Espírita 1864, p. 168.
24 KARDEC, O Que é o Espiritismo, p. 177.
25 KARDEC, Revista Espírita 1864, FEB, p. 469-470.
26 KARDEC, A Gênese, p. 11-12.
27 SILVA NETO SOBRINHO, Novidades que não foram
acrescentadas às obras básicas, disponível em:
https://paulosnetos.net/article/novidades-que-nao-foram-
acrescentadas-as-obras-basicas
28 KARDEC, Revista Espírita 1862, p. 353.
29 KARDEC, Revista Espírita 1868, p. 167.
30 KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 90.
31 KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 319.
32 KARDEC, Revista Espírita 1868, p. 386.
33 PIRES, O Espírito e o Tempo, p. 190.
34 PIRES, Introdução à Filosofia Espírita, p. 10.
35 CARNEIRO, No Limiar do Amanhã: Lições de Espiritismo
com Herculano Pires, p. 114-115.
36 Nota da transcrição: Allan Kardec, Revista Espírita.
Tradução de Júlio Abreu Filho, tradução de poesias e
notas J. Herculano Pires. São Paulo, 1964 (Coleção 12
volumes).

59
37 GARCIA, No Limiar do Amanhã: Um Desafio no Espaço –
Editoriais / J. Herculano Pires, P. 44-46.
38 FUNDAÇÃO MARIA VIRGÍNIA E J. HERCULANO PIRES, Uma
Visão Geral da Estrutura da Doutrina Espírita (palestra),
disponível em: https://fundacaoherculanopires.org.br/o-
que-fazemos/acervo-j-herculano-pires/120-palestras-na-
garagem/556-transcri%C3%A7%C3%A3o-da-
palestra-1.html
39 PIRES, A Pedra e o Joio, p. 16.
40 PIRES, Evolução Espiritual do Homem (Uma Perspectiva
da Doutrina Espírita), p. 64.
41 PIRES, Na Hora do Testemunho, p. 19.
42 PIRES, Mediunidade (Vida e Comunicação): Conceituação
da Mediunidade e Análise Geral dos Seus Problemas
Atuais, p. 26.
43 PIRES, Mediunidade (Vida e Comunicação): Conceituação
da Mediunidade e Análise Geral dos Seus Problemas
Atuais, p. 87.
44 PIRES, O Centro Espírita, p. 26.
45 PIRES, O Homem Novo, p. 71.
46 PIRES, O Homem Novo, p. 72.
47 PIRES, O Homem Novo, p. 73.
48 PIRES, O Mistério do Bem e do Mal, p. 64.

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