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Figuras de Linguagem

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FIGURAS DE LINGUAGEM

A estilística constitui um poderoso artifício destinado à exploração de sentidos


que as palavras podem apresentar, ou seja, é a parte da gramática que trata das
estratégias artísticas/criativas usadas na língua. E uma dessas estratégias é a
figura de linguagem que iremos estudar a partir de agora. Vejamos os principais
casos:
COMPARAÇÃO OU SÍMILE
Consiste numa comparação explícita, com a presença do elemento
comparativo: como, tal qual, igual a, feito, que nem, etc.
Exemplo:
A aluna é como uma flor.
METÁFORA
Consiste numa comparação implícita, numa relação de similaridade, entre
duas palavras ou expressões.
Exemplo:
A aluna é uma flor.
CATACRESE
É um tipo de metáfora que se cristalizou na cultura popular, caracterizada pela
falta de um termo adequado a um ser ou por ignorância, desconhecimento da
comunidade linguística sobre um termo exato.
Exemplos:
Dei uma pancada no pé da mesa.
Feri o céu da boca.
Veja a batata da minha perna.
METONÍMIA
Consiste no emprego de uma palavra no lugar de outra, havendo entre ambas
uma relação de afinidade, semelhança. Há vários tipos de metonímia. Vamos aos
mais cobrados:
a) a parte no lugar do todo.
Exemplo:
Ele tem quinhentas cabeças de gado na fazenda.
b) o conteúdo no lugar do continente, e vice-versa.
Exemplos:
Passe-me a farinha.
Vinho! Eu aceito um copo.

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FIGURAS DE LINGUAGEM

c) o autor no lugar da obra.


Exemplo:
Gostaria de ter um Picasso (um quadro) em casa.
d) a causa no lugar do efeito, e vice-versa.
Exemplo:
Vivo do suor (trabalho) do meu rosto. (efeito no lugar da causa)
e) lugar de origem no lugar do produto.
Exemplo:
Quero degustar um porto. (Um vinho originário do Porto)
f) o proprietário no lugar da propriedade.
Exemplo:
Vamos almoçar no Manuel hoje.
g) o concreto no lugar do abstrato.
Exemplo:
Use a cabeça para faze este cálculo. (Cabeça no lugar de raciocínio).
Observação: Tradicionalmente, se separava a sinédoque da metonímia, mas a
relação entre ambas sempre foi tão próxima que, atualmente, não cabe mais
dissociar uma da outra.
PERÍFRASE
Consiste no uso de maior quantidade de palavras para exprimir o que poderia
ser dito com menos palavras, havendo uma identificação por causa de suas
características.
Exemplos:
O poeta dos escravos escreveu poemas condoreiros. (Castro Alves)
A terra dos faraós é ainda um lugar misterioso. (Egito)
O rei dos animais é até mais respeitado pelos homens. (leão)
Observação: A tendência, meu aluno, é que Perífrase e Antonomásia sejam
consideradas expressões sinônimas, mas ainda há quem defenda uma leve
diferença entre elas: a antonomásia seria a perífrase de nomes próprios.
Exemplo:
A rainha dos baixinhos continua fazendo sucesso. (Xuxa)
Esta faltando água na Terra da Garoa. (São Paulo)
SINESTESIA

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FIGURAS DE LINGUAGEM

Ocorre quando há uma combinação de diversas impressões sensoriais


(visuais, auditivas, olfativas, gustativas e táteis) entre si, e também entre as
referidas sensações e sentimentos.
Exemplos:
Sua voz aveludada (audição, tato) me tornou um de seus fãs.
Senti um toque doce. (tato, paladar)
ELIPSE
É a omissão de um termo ou de uma expressão facilmente subentendida.
Exemplo:
O Planalto vive cheio. → O Palácio do Planalto.
Observação: Zeugma é uma forma de elipse que consiste na supressão, em
orações subsequentes, de um termo (em geral, um verbo) expresso anteriormente.
Exemplo:
Eu falei alto; você, baixo.
Sendo assim, podemos afirmar que a diferença entre essas duas figuras é que
a elipse é a omissão de um termo sem referência no texto; já o zeugma é a
omissão de um termo ocorrido anteriormente no texto.
PLEONASMO
Trata da repetição de significação de vocábulo ou de termos oracionais, ou
seja, pode restringir-se à ideia, ou invadir o campo sintático.
Exemplo:
Sonhei um sonho lindo. → Pleonasmo ideológico, pois não há repetição da
função sintática.
A mulher da minha vida, eu a vi hoje. → Pleonasmo sintático.
Observação: Quando o pleonasmo não tem valor estilístico a construção é
chamada de pleonasmo vicioso ou redundância: entrar para dentro, sair para fora,
subir para cima, descer para baixo, etc. Nesse caso não é uma figura de linguagem,
e sim um vício de linguagem.
ANACOLUTO
É a quebra da estrutura lógico-sintática, ficando um termo sem função
sintática na frase; normalmente no início dela, como um tópico.
Exemplo:
“O homem, chamar-lhe mito não passa de anacoluto.” (Carlos Drummond de
Andrade)
HIPÉRBATO
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FIGURAS DE LINGUAGEM

Consiste na inversão da ordem normal dos membros de uma frase.


Exemplo:
Chegou o aluno. (o sujeito está posposto)
Observação: Não confunda anáfora, figura de linguagem, com anáfora,
processo de coesão. Nesta, um vocábulo tem o papel de retomar outro já
mencionado.
ASSÍNDETO
Omissão do conectivo coordenativo, que liga orações coordenadas.
Exemplos:
Acordei, comi, saí, trabalhei, voltei, dormi.
POLISSÍNDETO
Repetição do conectivo coordenativo, que liga termos ou orações
coordenadas.
Exemplo:
Ela não era assim, tão frágil, e boba, e inocente, e fácil.
ANÁFORA
Repetição de vocábulo ou expressão no início de cada verso ou frase.
Exemplo:
“Era uma estrela tão alta! / Era uma estrela tão fria! / Era uma estrela sozinha /
Luzindo no fim do dia.” (Manoel Bandeira)
Observação: Não confunda anáfora, figura de linguagem, com anáfora,
processo de coesão. Nesta, um vocábulo tem o papel de retomar outro já
mencionado.
ANTÍTESE
É o contraste entre duas palavras (antônimas), expressões ou pensamentos,
provocando uma relação de oposição.
Exemplo:
Você me foi infiel, mas eu não, fui sempre fiel.
PARADOXO (OXIMORO)
Ocorre quando duas ideias se excluem. Elas são apresentadas
simultaneamente, ou seja, ocorrendo ao mesmo tempo dentro do mesmo
contexto, gerando uma contradição real ou aparente.
Exemplo:
Amor é ferida que se dói e não se sente.
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FIGURAS DE LINGUAGEM

HÍPERBOLE
Ideia que denota exagero, com intuito emocional, ou mera ênfase.
Exemplo:
Já falei mil vezes para você calar a boca!
EUFEMISMO
Suavização de uma ideia negativa.
Exemplo:
Agora ele foi para o andar de cima.
GRADAÇÃO
Enumeração que denota crescimento ou diminuição.
Exemplo:
Estava pobre, quebrado, miserável.
Ganhou emprego, dinheiro, estabilidade, promoções, felicidade.
PROSOPOPEIA OU PERSONIFICAÇÃO
Atribuição de características humanas a seres não humanos, sejam eles
animados ou inanimados.
Exemplo:
“A Bomba atômica é triste, Coisa mais triste não há / Quando cai, cai sem
vontade.” (Vinícius de Moraes)
IRONIA
Consiste em declarar o oposto do que realmente se pensa ou do que é, com
tom debochado, jocoso, cômico normalmente.
Exemplo:
Que motorista excelente você, quase me atropelou.
HIPÁLAGE
Em geral, consiste na transferência de estado de espírito de uma pessoa (ou
grupo de pessoas) para algo a ela relacionado.
Exemplo:
Naquela triste manhã, os alunos recebiam os boletins cheios de notas
vermelhas.
LÍTOTES
Consiste na qualificação por meio da negação do contrário.
Exemplo:

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FIGURAS DE LINGUAGEM

Aquele rapaz não é nada bobo. (Ele é esperto)


ALITERAÇÃO
Repetição sistemática de uma determinada consoante. Neste predominam
fonemas consonantais.
Exemplo:
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
ASSONÂNCIA
Consiste na repetição de fonemas para sugerir acusticamente uma ideia
presente no texto. Neste predominam fonemas vocálicos.
Exemplo:
“Juro que não acreditei / Eu te estranhei / Me debrucei / Sobre o teu corpo e
duvidei” (Chico Buarque)
PARANOMÁSIA
Também chamada de paronomásia, é a aproximação de palavras de um texto
pela sua semelhança na forma ou na pronúncia (parônimos).
Exemplo:
Vou retificar o que você falou a fim de ratificar o que eu falei.
ONOMATOPEIA
Consiste no uso de palavras que imitam sons em geral.
Exemplo:
“Havia uma velhinha / Que andava aborrecida / Pois dava a sua vida / Para
falar com alguém. / E estava sempre em casa / A boa velhinha, / Resmungando
sozinha: / Nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...” (Cecília Meireles)

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