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Glove Save Teagan Hunter

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SINOPSE

Já me disseram que sou o goleiro mais mal-humorado da liga, e pode ser o caso,
mas quem se importa quando também estou arrasando nesta temporada? O
Carolina Comets está atualmente quebrando recordes e pretendo mantê-lo
assim.
Isso signi ca que a última coisa de que preciso é de distrações, mas minha mãe
não recebeu este memorando. Ela vai se casar e, depois do asco que causei em
seu último casamento, sou obrigada a levar uma acompanhante.
Isso seria fácil, exceto por uma coisinha: eu não namoro.
Então, por que a única pessoa que quero levar é uma mãe solo que não me
suporta?
Nós somos uma combinação horrível, e não faz sentido que eu esteja interessado
nela. Mas quanto mais tempo passamos juntos, mais começo a perceber que este
pode ser um jogo que não posso vencer.
GLOVE SAVE é uma comédia romântica de hóquei independente. Há um
goleiro mal-humorado que gosta de discutir com uma criança de dez anos,
uma mãe solo, muitas respostas divertidas e várias cenas QUENTES!
Para quem precisa ouvir...
Você é forte.
Você é digna.
Você é su ciente.
TABELA DE CONTEÚDOS
Sinopse
Tabela de Conteúdos
Aviso — bwc
Aviso de Conteúdo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
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21
22
23
Epílogo
Epílogo Bônus
Cena bônus
Agradecimentos
AVISO — BWC
Essa presente tradução é de autoria de um grupo de tradução. Nosso grupo não
possui ns lucrativos, sendo este um trabalho voluntário e não remunerado.
Traduzimos livros com o objetivo de possibilizar a leitura para aqueles que não
sabem ler em inglês.
Para preservar a nossa identidade e manter o funcionamento dos grupos de
tradução, pedimos que:
• Não publique abertamente sobre essa tradução em quaisquer redes
sociais (por exemplo: não responda a um tuíte dizendo que tem esse
livro traduzido);
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• Se necessário, nja que leu em inglês;
• Não poste – em nenhuma rede social – capturas de tela ou trechos
dessa tradução.
Em caso de descumprimento dessas regras, você será banido desse grupo.
Caso esse livro tenha seus direitos adquiridos por uma editora brasileira,
iremos excluí-lo do nosso acervo.
Em caso de denúncias, fecharemos o canal permanentemente.
Aceitamos críticas e sugestões, contanto que estas sejam feitas de forma
construtiva e sem desrespeitar o trabalho da nossa equipe.
AVISO DE CONTEÚDO
Este livro contém algumas cenas que podem deixar alguns leitores
desconfortáveis, incluindo um homem que não aceita um não como resposta e
menção a abusos passados.
Nenhuma dessas cenas acontecem entre os protagonistas.
1
Greer
— Estou te dizendo, babaca, foi o que eu z. Tentei enganá-lo, mas ele é bom
demais.
— Bem, então você não o enganou direito. Se você for convincente o
su ciente, ele vai cair. Pergunte ao goleiro, ele te dirá.
Moe e Larry – não, esqueça isso. Isso me tornaria o Curly, e nós não somos
os Três Patetas.
Tweedledee e Tweedledum – muito melhor – cam quietos e isso me faz
erguer os olhos da minha cerveja, a mesma que tenho bebido na última hora. A
bebida âmbar turva está quente, e meu estômago está revirando só de pensar em
tentar terminá-la.
Bem, é isso ou o buraco que começou a se formar no minuto em que
desliguei o telefone com minha mãe.
Meu estômago revira mais uma vez só de pensar na ligação.
Sim. É isso.
— Bem, Sr. Goleiro Fodão? Alguma contribuição? — Fitz, o atacante do
Carolina Comets, pergunta impaciente.
— Fitz está certo, Hayes. Você tem que ngir melhor. Deixei passar alguns
gols fáceis por boas jogadas falsas.
Fitz joga o punho no ar e solta um grito alto. É desagradável o su ciente para
atrair olhares, algo que eu realmente não quero toda essa atenção esta noite,
então eu abaixo meu boné.
— Cala a boca — eu assobio com uma carranca.
— O quê? — Ele dá de ombros, olhando ao redor. — Ninguém está
prestando atenção em nós. Além disso, é o Slapshots, eles sabem que é melhor
não mexer com a gente aqui.
Isso geralmente é verdade. Este lugar é um paraíso para os Comets, mas às
vezes há noites em que as pessoas não se importam que seja nossa noite de folga e
querem nos perseguir.
Normalmente não bebo durante a temporada, mas não consegui dizer não
quando Fitz e Hayes me convidaram para sair. Acabamos de sair de uma
sequência de oito vitórias consecutivas em que garanti não um, mas dois
shootouts1.
É fevereiro e estamos arrasando. Eu me sinto imparável para caralho agora, e
eu não quero deixar esse sentimento evaporar ainda, especialmente não agora
quando estamos indo em direção a uma sequência de seis jogos ganhos em casa.
Nós acabamos com tudo no gelo em casa.
— Vamos lá, cara. Se anime. — Hayes me dá um tapinha no ombro. —
Estamos muito bem agora, então divirta-se e pare de fazer cara feia para todo
mundo.
Eu olho para a mão de Hayes, que ainda está sobre mim, e essa carranca se
aprofunda. Eu o encaro com uma sobrancelha levantada de um jeito que diz:
Você realmente está me tocando agora?
Ele levanta as duas mãos no ar em sinal de rendição.
— D-Desculpe — ele murmura.
Eu aceno uma vez, deixando isso passar. Não gosto muito que quem me
tocando assim, mas ele é o novato, então não espero que ele saiba disso.
Não consigo esquecer a ligação que tive com minha mãe pouco antes de
entrarmos no bar, aquela que estragou toda a minha noite.
Ela vai se casar.
De novo.
Ou devo dizer de novo, de novo, de novo. É o quarto casamento dela e nem
sei quantos "relacionamentos sérios".
Eu quero car feliz por ela. Eu realmente quero, mas é difícil quando sei que
este terminará com o mesmo rancor que todos os outros.
— O que há com você, Greer? Você parece mais mal-humorado do que o
normal e acabou de assustar o novato.
Eu olho para cima para ver que seu assento está, de fato, agora vazio.
Oops.
— Apenas cansado — digo a ele.
Os olhos de Fitz se estreitam e co irritado com a intensidade com que ele
está me encarando. Ele sabe que estou mentindo.
— Essa carranca extra tem algo a ver com aquele telefonema misterioso que
você atendeu antes de entrarmos?
Eu suspiro, então bebo o resto da minha cerveja, por que não? Eu já estou
miserável para caralho. Posso muito bem ir ladeira abaixo neste momento.
Eu me encolho quando o líquido quente desliza pela minha garganta. Eu sei
que algumas pessoas adoram beber cervejas quentes, mas eu não sou esse tipo de
pessoa. Eu quero gelada, tão gelada que você sente que precisa usar luvas para
virar a garrafa. A frieza combina com meu coração morto e sombrio, e eu gosto
disso.
— Vou levar isso como um sim — diz Fitz.
Eu concordo.
— Era minha mãe.
— Oh? Eu amo tanto conversar com a minha mãe. — Ele olha ao redor,
então aponta para mim. — Não diga a ninguém que eu disse isso ou soei tão
empolgado. — Ele limpa a garganta e empurra os ombros para trás.
Eu tento esconder meu sorriso com o quão durão ele está tentando parecer.
— Eu também amo conversar com a minha mãe — digo a ele, e ele relaxa
com minhas palavras. — Ela vai se casar.
— Casar? Isso é incrível! Parabéns a ela.
Eu zombo, e Fitz não perde isso.
— Uh-oh. Você não gosta do cara ou algo assim?
— Não faço ideia. Eu não o conheci.
David parece um cara legal pelas poucas vezes que eu disse olá no FaceTime,
mas Archie, Harry e Kenneth também eram, e nenhum desses relacionamentos
durou. Além disso, aprendi há muito tempo a não me apegar a quem minha mãe
namora porque a probabilidade de durar é pequena.
— Ela parece feliz com isso?
— Ela está em êxtase. — E essa é a verdade. O problema é que ela está sempre
feliz com o casamento. É toda a parte de fazer um relacionamento funcionar que
ela não gosta muito.
— Então qual é o problema?
— Não é o primeiro casamento dela. — Longe disso. — O último... eu não
me comportei muito bem.
— Você dormiu com uma dama de honra, não foi?
Eu estremeço.
— Três.
— Huh?
— Eu dormi com três delas.
Os olhos de Fitz se arregalam.
— Ao mesmo tempo?
— Não! Bem, mais ou menos. Duas delas, sim. A terceira, não. Eu dormi
com ela no segundo casamento da minha mãe. Ela não cou feliz quando se
deparou com o ménage e causou uma cena.
A boca de Fitz está aberta neste momento, e não posso dizer que o culpo.
Fiquei chocado, também, quando a porta do armário de casacos se abriu e eu
tinha dois pares de lábios em volta do meu pau. Eu estava prestes a gozar quando
Maggie – ou era Mary? Não consigo me lembrar – começou a gritar e afastou
meu orgasmo.
— Então, este é o terceiro casamento da sua mãe? Talvez a terceira vez dê
sorte para todos vocês?
— Quarto — eu o corrijo.
— Quarto... — Fitz engole uma, duas vezes. — Bem, tudo certo também. Às
vezes as coisas não dão certo.
Meus lábios se contraem com o quão diplomático ele está sendo agora,
escolhendo suas palavras com cuidado para não ofender minha mãe ou a mim.
— Além disso, talvez não durma com damas de honra e estrague o grande dia
da sua mãe desta vez?
— Aí está o meu problema… ela quer que eu leve uma acompanhante para o
casamento. Acho que ela pensa que isso vai me impedir de dormir com alguém
do salão de beleza dela, que eu presumo que será quem estará na sua festa de
casamento.
— Uma acompanhante? Caramba.
É um fato bem conhecido para todos no time que eu não tenho
relacionamentos. Ponto nal. Nunca.
É por isso que, por mais que goste dos meus companheiros de time, não saio
mais com eles. Wright e Rhodes estão casados, Lowell tem uma lha – passo
longe dessa merda – e agora até Miller encontrou alguém para amar seu eu
idiota. Ter que ver todos eles envolvidos em suas merdas de amor? É, não,
obrigado, porra.
É por isso que tenho saído tanto com o Fitz ultimamente. Ele é solteiro,
portanto, não está en ando toda aquela merda de felicidade e coração nos olhos
na minha garganta. Eu juro que posso sentir meu esôfago inchando só de pensar
em ter que assistir todos os olhares de cachorrinho que aqueles caras parecem ter.
É irritante. O que diabos há de tão bom no amor, a nal? Tudo o que faz é
derrubá-lo, quebrá-lo e levá-lo à miséria. Eu vou passar isso.
— É só um encontro, certo? Não é como se fosse você quem vai se casar.
Eu engasgo e Fitz ri, me dando um tapa nas costas.
— Não seja tão dramático. Tenho certeza de que não é tão ruim assim.
— Você acha que casamento não é tão ruim assim? — Ele está bêbado? Eu
estou bêbado?
Fitz dá de ombros.
— Sim. Quero dizer, inferno, olhe para os outros caras. Eles parecem
bastante felizes.
— Assim como minha mãe durante seu primeiro casamento. Ah, e seu
segundo e terceiro. Meu pai teve lhos com várias mulheres com quem teve
relacionamentos de longo prazo. Ele me ligou na semana passada para me
informar que ele e a mamãe do seu último bebê vão "passar um tempo
separados". É esse o tipo de felicidade que você quer?
Fitz faz uma careta.
— Talvez não.
— Isso foi o que eu pensei. — Levo o copo aos lábios, mas co desapontado
ao ver que está vazio. Fitz falando sobre casamento deixou um gosto tão ruim na
minha boca que de alguma forma eu esqueci tudo sobre a minha horrível cerveja
quente.
Deslizo o copo vazio pelo balcão. Do outro lado do bar, o barman inclina a
cabeça em uma pergunta silenciosa: Outro?
Eu sinalizo que terminei, imaginando que é melhor desistir enquanto estou
ganhando. Esta noite, claramente, já acabou.
— Ok, então você não está correndo para andar até o altar. Eu entendo, mas
um encontro não vai te matar, especialmente se for pela sua mãe. Você sabe
quantos encontros horríveis eu tive pela minha mãe? Você cará bem por uma
noite.
— Então você é um lho melhor do que eu. Não vou levar uma
acompanhante.
— Tem medo de não conseguir encontrar uma?
Eu estreito meus olhos, não gostando do sorriso arrogante que assumiu seu
rosto. Ele está tentando me atrair para dizer algo, e merda, está funcionando.
Eu odeio que esteja funcionando.
— Posso muito bem encontrar uma acompanhante.
p
— É claro que você pode — diz Hayes, deslizando de volta para seu
banquinho vazio. — Você foi a primeira estrela da NHL na semana passada –
você pode escolher as mulheres que quiser. Inferno, aposto que há pelo menos
dez moças aqui esta noite apenas esperando que você as convide para ir para casa
com você. — Ele inclina a cabeça para o outro lado do bar. — Incluindo aquelas
gatinhas ali.
— Não as chame de gatinhas. Você soa como o Miller — Fitz diz a ele antes
que eu possa.
— Gatinhas, mulheres – tanto faz. Quando estava pegando minha bebida, as
ouvi falando sobre nós. Elas estão de nitivamente interessadas. Poderia ser uma
noite divertida. — Hayes balança as sobrancelhas para cima e para baixo.
Eu deslizo meus olhos em direção ao grupo ao qual ele está se referindo.
Algumas horas rolando nos lençóis não parece tão ruim. Pode ser exatamente o
que eu preciso para mudar esta noite agora amarga.
Há quatro mulheres sentadas em uma mesa redonda. Uma delas é uma loira
que está olhando para cá, seus cílios tremulando enquanto ela toma um gole de
sua bebida, que parece ser mais açúcar do que álcool.
Quando faço contato visual com ela, outra joga a cabeça para trás. Ela dá um
tapa no ombro da outra mulher ao lado dela, que também está rindo. Parece
forçado e falso, especialmente com o jeito que ambas cam olhando para cá
como se estivessem esperando que prestássemos atenção nelas.
Finalmente, há a mulher de cabelo escuro que está parcialmente escondida e
não está olhando por cima do ombro para dar uma olhada. Na verdade, ela tem
um cotovelo apoiado na mesa e está girando o canudo na bebida. Ela parece
entediada, como se quisesse estar em outro lugar agora.
Eu quero ir até lá e perguntar a ela onde ca esse lugar.
— Eu deveria ir falar com elas? Eu deveria ir falar com elas, certo? — Hayes
pergunta, já se empurrando para fora do banco.
Sou rápido em estender a mão e agarrar a parte de trás de sua camisa,
arrastando-o de volta para baixo.
— Deixe-as em paz, Hayes. — Empurro seu ombro para baixo com força,
deixando-o saber que não estou brincando.
— Por que você estraga toda a diversão?
— Porque duas das mulheres têm alianças nos dedos. Se você quer fazer
manchetes, faça-as no gelo, não fora dele.
— Ah, merda. — Hayes engole em seco. — Eu não vi isso.
y g
— Eu vi.
— Sim, isso é porque você é alérgico a compromisso, então você presta
atenção extra a essa merda — comenta Fitz.
Eu não discuto porque ele está certo.
— Devemos ir de qualquer maneira. — O atacante se levanta de seu
banquinho. — O treinador Heller disse que o treino não é obrigatório, mas ele
fez aquela coisa com a sobrancelha, o que signi ca que ele gostaria de nos ver lá
de qualquer maneira.
Hayes grunhe.
— Mas..., Mas... Gatinhas!
— Não as chame de gatinhas, Miller Jr. — Fitz balança a cabeça, puxando o
jovem jogador pelo braço. — Você vem, Greer?
— Sim. Eu vou ao banheiro. Encontro vocês lá na frente.
— Beleza. — Ele conduz Hayes para longe das pobres mulheres inocentes e
em direção à porta.
Eu rio para mim mesmo quando vejo seu beicinho. Malditos novatos, cara.
Enquanto atravesso o bar em direção ao banheiro, não posso evitar de deixar
meus olhos vagarem para a mesa de mulheres que Hayes apontou. Elas são
gostosas, eu darei esse crédito a ele; e me enterrar entre um par de pernas soa
melhor do que me afogar em álcool.
Mas... eu deveria ir. É a coisa responsável a fazer. Estamos em um momento
bom agora, e eu não quero arriscar isso cando fora de casa até tarde ou bebendo
demais ou por alguma boceta aleatória.
Esta temporada é sobre não ter nenhuma distração.
Temos uma Taça em jogo e pretendo torná-la minha.
2
Stevie
No minuto em que a ta cou rosa, me dizendo que eu estava grávida aos
dezenove anos durante meu primeiro ano de faculdade, aceitei o fato de que a
parte divertida e festeira da minha vida havia acabado. Ir a boates, bares e
namorar não estava mais nos planos para mim. Eu tinha uma lha para criar e
Macie viria em primeiro lugar, não importava o quê.
Acho que o que eu não planejei foi que aquela criança crescesse tão rápido
ou que ela quisesse passar mais tempo com a tia e não com a mãe. Desde quando
ela se tornou tão independente aos dez anos?
Então, quando Bianca Macbeth, uma mãe da escola da minha lha, ligou
para me convidar para uma noite de garotas, não tive nenhum motivo para dizer
não. Na verdade, parecia divertido. Uma noite fora com outras mães tomando
alguns drinques? Claro que sim! Era exatamente o que eu precisava.
Agora que estou aqui, sentada em um bar cercada por mulheres com quem
eu deveria gostar de sair, estou infeliz e preferiria estar sentada em casa no meu
sofá, com a minha lha e assistindo a um lme da Disney. Bem, provavelmente
seria um jogo de hóquei em vez de um lme, já que ela é obcecada pelo esporte.
Odeio dizer isso, mas... estou entediada.
Não estou interessada na mesma bebida que estive bebendo nos últimos
trinta minutos ou na música que está tocando nos alto-falantes. Inferno, a única
coisa que realmente me interessa agora é a TV acima da cabeça de Bianca que
está passando uma reprise do jogo do Carolina Comets da noite passada. Eu
culpo Macie por isso, visto que nunca me interessei por hóquei até que ela cou
obcecada. Agora, porém, não consigo escapar disso. Até minha irmã mais nova,
Scout, está envolvida com hóquei, já que ela está namorando um jogador do
nosso time local. Minha vida agora está mais ligada ao esporte do que jamais
pensei ser possível.
É provavelmente por isso que não tenho nenhum interesse na conversa entre
Bianca e as outras mães agora. Elas estão falando há dez minutos sobre os três
jogadores do Comets sentados do outro lado do bar, mas não estou tão
impressionada quanto elas.
Eu nem vou entrar no fato de que elas não deveriam estar batendo os cílios e
empurrando os peitos para cima como estão, considerando que duas delas são
casadas e uma está em um relacionamento de longo prazo. Isso é problema delas,
não meu.
Além disso, eu não quero estragar as coisas com as únicas mães legais o
su ciente que me convidaram para sair. Seria um eufemismo dizer que tem sido
uma luta para fazer amigas que são mães. Os grupos já estão formados e os
boatos sobre meu casamento fracassado já se espalharam. É difícil consertar a
imagem que todos parecem ter de mim.
— Sério, ele é tão gostoso. Eu quero tanto lamber sua mandíbula. Eu... Oh
Deus! Ele está olhando para cá! — Bianca sibila, passando os dedos pelas pontas
do cabelo.
— Nunca na minha vida eu pensaria que um cara sem um dente da frente
seria tão fofo, mas, meu Deus, Fitzgerald me faz desmaiar.
Não posso deixar de sorrir com o comentário de Denise, outra mãe, porque
Fitzgerald é fofo, especialmente quando ele mostra os dentes. Ele também é o
cara mais doce de todos os tempos. Quieto e educado, adoro quando ele para no
food truck de donuts da minha irmã.
Mas eu não digo isso a elas. Não tenho interesse em anunciar que estou
familiarizada com os jogadores que elas estão bajulando. Não há nenhuma
atenção em mim agora, e eu gostaria de manter assim.
As meninas continuam rindo e olhando para os jogadores de hóquei. Um
deles deve se levantar porque os olhos de Bianca o acompanham pelo bar, e eu
juro que ela lambe os lábios. Eu quero rir, mas eu não faço.
Se ao menos elas vissem o lado dos jogadores que eu vejo. Eles são como todo
mundo e não vale a pena car nervosa por causa deles. Alguns são doces – como
Smith, Miller e Fitzgerald – e alguns são totalmente idiotas, como Greer, o
goleiro mal-humorado que nunca, nunca é legal, nem mesmo com Macie.
— Então, Stevie, eu ouvi um boato... — Eu gemo interiormente quando
Bianca vira seu sorriso ultra-branco para mim. — Sua irmã está realmente
namorando um jogador do Comets?
Droga. Tanto para manter essa parte da minha vida escondida.
g p p
— Ela está. Grady Miller.
— Miller?! — Denise abana o rosto. — Deus, esse homem é tão gostoso. Ele
me faz formigar em todos os lugares certos.
Ouvi-la falar sobre o namorado da minha irmã assim me deixa
desconfortável. Não sei como Scout lida com essas coisas todos os dias, e sei que
ela lida com isso porque vejo suas contas nas redes sociais. Tantas pessoas
acusando-a de ter um contrato de publicação apenas por causa de seu "namorado
famoso jogador de hóquei", é besteira. Se eles pudessem ter visto o que eu vi ao
longo dos anos. Ela passou por algumas coisas difíceis. Eu sei o quanto ela
trabalhou pelo que tem, então os comentários me irritam, assim como os de
Denise.
— Como ela o conheceu mesmo?
— Bem, ela é dona do Scout's Sweets. É...
— Esse é o food truck lindinho de donuts, certo? — Bianca me interrompe.
Eu forço um sorriso.
— Sim, é esse mesmo. Vários dos jogadores do time passam por lá com
frequência.
Às vezes, com muita frequência, se você me perguntar. Especialmente Greer.
Eu poderia passar o resto da minha vida sem nunca mais vê-lo, e ainda seria
muito cedo.
Ele é possivelmente o homem mais lindo que eu já vi? Sim.
Isso apaga o idiota gigante que ele é? Nem um pouco.
— E Fitzgerald?
— Hum? — Eu pergunto.
— Fitzgerald sempre passa por lá? Porque se for assim, talvez eu precise fazer
uma parada por lá.
— Kerry! Não pergunte isso. Não é da nossa conta — Bianca repreende, mas
seus olhos se desviam para mim de qualquer maneira, como se ela estivesse
esperando que eu dissesse que está tudo bem e revelasse todos os segredos dos
jogadores.
Eu não vou fazer isso.
— Na verdade, eu...
— Olá, senhoras — diz uma voz profunda, silenciando a mim e ao resto do
grupo.
Eu me viro para encontrar um estranho parado no nal da mesa, um copo de
algo marrom em sua mão. Ele é alto, com cabelos loiros profundos e bochechas
g p
rosadas. O cheiro de álcool exala dele, e tenho certeza de que não vem do copo. É
ele.
Eu olho para as outras mulheres, e nenhuma parece incomodada por ele
interromper nossa noite. Na verdade, Denise se senta mais ereta e Bianca sorri
para ele como se mal pudesse esperar para afundar suas garras nele. Kerry
também parece interessada.
— Oi — diz Bianca sem fôlego.
— Vocês, senhoras, querem alguma companhia?
Antes que qualquer uma de nós possa responder – porque eu certamente
diria não – ele se senta.
Bem perto de mim.
Eu deslizo para longe dele o mais sutilmente que posso.
Ele sorri para mim, e eu reúno o menor dos sorrisos para dar de volta. Há
algo nele que eu não gosto, algo que me deixa no limite que eu não consigo
identi car. As outras garotas não parecem se importar com ele, sorrindo e
ertando. Talvez esteja tudo na minha cabeça.
Uma mão aparece no meu campo de visão e eu pulo de surpresa.
— Ei, calma aí, doçura. Só queria dizer oi.
Eu olho para cima para encontrar o cara sorrindo para mim. Presumo que é
para ser fofo, sedutor ou algo dessa natureza. Não é. Está me deixando
extremamente desconfortável.
Eu me afasto dele para mais longe. Ele percebe isso.
Na verdade, ele ri e se inclina para mim.
— Se fazendo de difícil, hein? Está tudo bem. Eu gosto de uma boa
perseguição. — Ele pisca, e eu quero vomitar. — Eu sou Kyle.
Isso me atinge.
Michael.
Ele me lembra do meu ex-marido. Seu cabelo perfeitamente penteado, sua
camisa de colarinho estúpida, aquela horrível calça cáqui – até mesmo o
vermelho que está manchando suas bochechas é uma reminiscência do meu ex,
que amava uma garrafa de uísque mais do que jamais amou Macie ou eu.
Michael era um bêbado e um idiota. Esse cara está me dando exatamente
essas vibrações, e eu realmente quero estar em qualquer outro lugar. Minhas
mãos estão úmidas e o ritmo do meu coração acelera.
Eu desejo estar em casa. Eu desejo estar em casa. Eu desejo estar em casa.
Merda. Eu não bati meus calcanhares juntos.
j
— Eu vou usar o banheiro. Com licença.
Eu empurro para fora da minha cadeira e me afasto da mesa mais rápido do
que nunca na minha vida. Atravesso o bar e chego ao corredor. Nunca pensei
que veria um banheiro de bar como um santuário, mas o ar que sopra de volta
em meus pulmões no momento em que abro a porta faz com que pareça um.
Pressionando minhas costas contra ela, uma vez que está fechada, tomo uma
respiração após a outra.
Não tenho certeza de quanto tempo se passa até que minha respiração
nalmente se equilibra um pouco, mas quando meu coração acelerado
nalmente se acalma, a vergonha toma conta de mim. Não me sinto assim desde
a noite em que nalmente larguei o meu ex. Eu o odiava na época, e o odeio
ainda mais agora. Eu odeio que ele tenha um efeito duradouro sobre mim.
Eu não quero que ele tenha isso. Eu sou mais forte do que isso, mais forte do
que ele.
Me afastando da porta, eu me dou uma sacudida enquanto me dirijo para o
cubículo. Eu realmente não precisava fazer xixi, mas agora que estou aqui, vou
aproveitar.
Eu tomo meu tempo, dobrando o papel higiênico com precisão em vez de
amassá-lo. Lavo minhas mãos três vezes, fazendo tudo o que posso para
prolongar meu tempo aqui, para não ter que passar mais um segundo à mesa
com o estranho intrusivo que me lembra tanto meu ex que me dá arrepios.
Quando esgotei todas as opções, respiro fundo e abro a porta.
Estou a dois passos dentro do corredor quando me arrependo da minha
decisão.
Uma sombra escura cai sobre mim, e eu nem preciso olhar para cima para
saber quem é. Eu posso sentir o cheiro dele.
— Aí está você, doçura. Pensei que você tivesse fugido de mim.
Em um instante, ele está no meu espaço pessoal, me pressionando contra a
parede e tentando colocar as mãos na minha cintura.
— Não me toque.
Eu odeio como pareço sem fôlego, odeio o medo que está subindo pela
minha espinha. O mesmo medo me congelou no lugar em vez de correr.
— Oh, vamos lá. Você não está falando sério. — Tenho certeza de que ele
acha que está sendo charmoso, mas não está. — Eu adoraria levar você para casa
esta noite.
— Não.
Ele ri, estendendo a mão para mim novamente, e faço tudo o que posso para
bloquear seu toque. Como ninguém está vendo isso? Por que ninguém está
ajudando?
— Pare, por favor.
Outra risada que faz meu estômago revirar.
— Eu disse não.
Eu aperto meus olhos fechados quando ele se inclina, virando minha cabeça,
então se ele me beijar, pelo menos não será na minha boca. Eu quero vomitar. Eu
quero gritar. Eu quero correr.
Mas nenhuma dessas coisas acontece. Em vez disso, uma lufada de ar frio me
atinge, e a respiração retorna aos meus pulmões rapidamente. Há alguns
grunhidos e alguém falando, alguns palavrões lançados ao redor.
Juro que não me importo com quem é meu salvador; vou dar a ele um
grande beijo.
Quando nalmente abro os olhos, me odeio por ter feito essa promessa,
porque sei exatamente para quem estou olhando, e beijá-lo é a última coisa que
quero fazer.
Greer.
3
Greer
— Não me toque.
A voz atravessa a porta do banheiro. Eles devem estar falando bem alto
porque o Slapshots não é um lugar tranquilo.
— Não.
Que diabos...
— Pare, por favor.
Abro a porta. Há um homem parado no corredor escuro, e parece que ele
tem alguém encostado na parede.
— Eu disse não.
É uma voz baixa, uma voz assustada, e não há um único átomo em meu
corpo que hesite em entrar em ação. Eu agarro o idiota pela parte de trás de sua
camisa, puxando-o para longe da mulher que claramente não o quer em seu
espaço e o empurrando contra a parede, meu antebraço em sua garganta.
— Ei! Que porra é essa?!
Eu empurro para perto dele um pouco mais forte.
— Ela disse não, seu cuzão.
— Isso não é da sua conta. — O babaca tenta me empurrar para longe dele,
mas não adianta. Sou maior e mais forte, e parece que bebi uns oito drinques a
menos que ele.
— Idiotas se aproveitando de mulheres é da minha conta.
— C-cai fora. — Ele tenta lutar comigo de novo, e eu fortaleço meu aperto
até que ele engasga com uma tosse.
Eu tenho uma satisfação doentia com isso, mas eu não dou a mínima. Ainda
bem que ele não consegue respirar. Tenho certeza de que a mulher que ele estava
incomodando sentia o mesmo com ele na cara dela.
— V-v-ai se f-foder. — Ele mal consegue pronunciar as palavras.
— Você está machucando-o — diz uma voz suave ao meu lado.
— Que bom.
Observar o vermelho aumentar em suas bochechas e o medo crescer em seus
olhos me deixa feliz. Foda-se esse cara. Foda-se ele por dar em cima de uma
mulher que claramente não está interessada, e foda-se ele por tentar tocá-la
quando não foi convidado. Ele merece sentir o mesmo medo que ela sentiu.
Eu mal registro alguém me tocando. É um toque macio, leve e emplumado.
— Greer.
A única palavra me tira do meu estupor, e eu olho para a mulher que acabei
de resgatar desse idiota. Ela está de pé ao meu lado agora, e levo dois segundos
para perceber quem ela é.
— Greer — ela diz novamente. — Solta ele.
O apelo suave em sua voz me faz liberar meu aperto no idiota. Ele me
empurra de novo, mas eu não me mexo.
— Quando uma mulher diz não, ela quer dizer não. Você entendeu? — Ele
não responde, e eu o sacudo. — Você entendeu, idiota?
Ele cospe outra tosse, seu suprimento de ar voltando lentamente.
— E-eu entendi.
— Bom. Agora, você vai sair deste bar e nem mesmo olhar para outra
mulher. Ficou claro?
Ele acena com a cabeça várias vezes, seu rosto se contorcendo de dor pela
pressão contra sua garganta. Dou-lhe um último empurrão, só para garantir, e
depois o solto. Seus joelhos se dobram e ele quase caí no chão antes de se segurar
na parede, tropeçando pelo corredor e voltando para a luz do bar.
Eu o encaro, certi cando-me de que ele saia conforme as instruções. Com o
número de pessoas e cadeiras em que ele esbarra, eu me pergunto se ele ainda está
com os olhos abertos.
Meus punhos, que estão cerrados ao lado do corpo desde que o soltei,
relaxam um pouco.
— Você poderia tê-lo machucado de verdade.
Eu me viro para a mulher parada no corredor. Seus braços estão cruzados e
seus lábios estão torcidos em uma carranca desapontada.
— Esse meio que era o plano, algo que eu planejava aproveitar, mas você me
impediu.
— Porque você poderia tê-lo machucado de verdade.
— Seu ponto?
— Sua carreira. Ou você se esqueceu da sequência de oito jogos em que está
atualmente?
Um sorriso surge em meus lábios, e eu cruzo meus braços para combinar
com sua postura.
— Você tem me assistido, hein?
Ela revira os olhos, os que eu sei são de um azul profundo.
— Nem mesmo um pouco.
— Então como você sabe que estamos em uma sequência?
— Hum, por que eu moro aqui e as pessoas falam? Por alguma razão, você
tem fãs.
— Tenho fãs porque sou um ótimo goleiro.
— Você é arrogante.
— Eu sou bom.
Ela parece querer discutir isso, mas não o faz. Em vez disso, ela deixa cair os
braços e gira nos calcanhares, marchando de volta pelo bar.
Eu a sigo.
Ela me guia – e digo isso nos termos mais vagos – para a mesa exata para a
qual Hayes estava apontando antes. Então esta é a misteriosa mulher de cabelos
escuros.
— Stevie! — A loira diz quando paramos. — Estávamos prestes a ir procurá-
la.
Ela está mentindo, e é doloroso como isso é óbvio. Aposto que nem
perceberam que Stevie sumiu, o que signi ca que não faziam ideia de que ela
estava a dois segundos de ser agredida.
Os olhos da mulher pousam em mim e se arregalam.
— Oh. Não sabia que você estava... ocupada. — Ela sorri, depois bate os
cílios. — Olá, sou a Bianca. Prazer em conhecê-lo.
Eu não respondo porque não é bom conhecê-la. Talvez se ela se importasse
com sua amiga e não tivesse mentido descaradamente para ela, eu ngiria ser
legal, mas não agora. Não depois que Stevie passou pelo que ela passou.
Stevie não perde a minha falta de educação, olhando para mim antes de virar
um doce sorriso para suas amigas.
— Desculpe. Eu quei... presa em uma coisa. — Seu sorriso vacila e, se suas
amigas percebem, não indicam. — Era minha lha, então preciso ir.
— Ah, tão cedo? — Bianca empurra o lábio para fora. — Que chato.
— Tão chato — outra mulher ecoa, embora ela não esteja olhando para
Stevie. Seus olhos estão em mim enquanto ela enrola uma mecha de cabelo em
torno de seus dedos... um dos quais tem uma aliança de casamento.
Viu? Casamento não signi ca merda nenhuma.
— Vou acompanhá-la — digo a Stevie.
Seus olhos se estreitam, me dizendo que ela quer discutir comigo mais uma
vez, mas a maneira como seus olhos voam para suas amigas diz que ela não quer
causar uma cena.
— Obrigada.
A palavra sai forçada, e não posso deixar de sorrir.
Stevie desliza o casaco sobre os braços, puxando o cabelo debaixo da jaqueta.
Um aroma de algo frutado atinge meu nariz. Não consigo identi car o cheiro,
mas seja o que for, não o odeio.
— Obrigada novamente por me convidar para sair — Stevie diz para a loira.
— Claro. Você terá que sair conosco novamente algum dia. — Seus olhos
deslizam para os meus, depois de volta para Stevie. — Em breve.
Tradução da moça: quero todos os detalhes.
Pena que não haverá detalhes suculentos. Stevie me odeia e, de qualquer
maneira, não estou interessado.
— Oh, seu cachorrão. — Hayes descansa a mão no meu ombro, sussurrando
para que só eu possa ouvir. — E você disse que deveríamos car longe. — Ele
sorri. — Senhoras, prazer em conhecê-las.
Olho para Fitz, que dá de ombros.
— Estávamos nos perguntando onde você estava. Ele veio aqui, então pensei
em segui-lo.
— Lembre-me de dizer a Lowell que você é uma péssima babá.
— P t. Minhas sobrinhas me amam.
— Sim, isso é claro porque você não ca de olho nelas e as deixa fazer o que
quiserem.
— Então, senhoras, como está indo a noite? — Hayes pergunta, aumentando
o charme.
— Está muito melhor agora — a loira responde, jogando o cabelo para trás
do ombro. — Eu sou Bianca — ela diz a ele naquela mesma voz sensual que ela
tentou usar comigo. Desta vez, funciona. Hayes morde a isca como se não
comesse há dias.
Jesus. Elas são tão óbvias que é doloroso.
q
Volto minha atenção para Stevie, mas ela não está lá. Eu olho para a esquerda
e olho para a direita.
Ela se foi.
— A morena? — Fitz pergunta.
— Você a viu?
Ele aponta o polegar em direção à porta.
— Ela foi embora.
— Merda — murmuro. — Eu tenho que...
— Ir — Fitz termina para mim. — Eu cuido de Hayes.
Eu quero dizer a ele que dado o fato de que ele o deixou simplesmente voltar
aqui, eu duvido disso, mas não digo. Eu me dirijo para a porta, estourando por
ela em cerca de dois segundos. Examino a rua à minha esquerda, depois olho para
a direita e a vejo a apenas alguns metros da calçada.
Ela está contra a luz do poste, seu próprio telefone iluminando seu rosto
enquanto ela percorre o que quer que esteja na tela. Seus longos cílios escuros
lançavam uma sombra contra sua bochecha. Sua jaqueta pode ser fofa e
volumosa e não favorecer sua gura, mas seus jeans com certeza fazem,
ajustando-se a ela como uma segunda pele.
Seu cabelo escuro está cobrindo parte de seu rosto, mas mesmo daqui, posso
ver a solitária lágrima escorrendo por sua bochecha, posso ouvi-la fungar.
Dou um passo em direção a ela, e sua cabeça vira para mim ao som dos meus
sapatos contra o concreto. Ela imediatamente dá um passo para trás na direção
da luz, mas percebo como ela relaxa quando vê que sou só eu.
— O que você quer.
Realmente não sai como uma pergunta. É mais como se ela estivesse
aborrecida por eu a ter seguido.
— Eu... — Mas nada sai.
O que eu quero? Por que eu a segui até aqui?
Ela ergue as sobrancelhas com impaciência.
— Então?
— Eu queria ver se você estava bem.
Ela joga a cabeça para trás em surpresa, e posso atestar que o sentimento é
mútuo.
Minha declaração é honesta, no entanto. Eu quero ver se ela está bem.
— Oh. — A palavra é silenciosa, mas eu a ouço mesmo assim. — Estou bem.
Seu queixo treme e outra lágrima escorre por sua bochecha.
q g p
Eu dou mais um passo em direção a ela.
— Tem certeza?
— Estou bem. — Ela passa o dedo no rosto, joga os ombros para trás e se
sacode, erguendo o queixo. — Estou bem.
Desta vez, as palavras saem mais fortes. É quase como se ela acreditasse que
quanto mais forte ou mais ela as diga, mais verdadeiras elas se tornam.
— Ok.
— Ok — ela ecoa. Outra fungada.
— Você precisa de uma carona para casa?
— Eu chamei um Uber. Estará aqui em dez minutos.
— Vou car com você, então.
— Você realmente não precisa.
— Também estou esperando meu Uber.
Isso é uma mentira. Não pedi um carro, embora precise. Não estou bêbado e
não bebi muito, mas não quero arriscar nada.
— Então, você conhecia aquele cara?
Ela balança a cabeça.
— Não.
— Bom. — E é bom. Não gosto da ideia de ela se associar a alguém assim.
— Ele estava bêbado.
Agora sou eu que estou surpreso.
— Seu ponto?
— Só estou dizendo... Ele estava bêbado.
— Isso não é desculpa para assediar alguém.
— Eu sei disso.
— Sabe? Porque não parece.
Ela olha furiosamente para mim.
— Eu sei disso. Só estou dizendo que talvez ele não fosse tão... atrevido se não
estivesse bêbado.
Eu bufo.
— Certo. Eu duvido disso. O cara me deu calafrios.
Balanço a cabeça, irritado por ela estar defendendo-o, mas também não
tentando culpá-la. Ela provavelmente está em choque, provavelmente tentando
racionalizar o que acabou de acontecer. Eu não preciso car em cima dela agora.
— Eu não assisto você, sabe.
— Hum?
— Antes, você disse que eu devia estar te assistindo. Só estou dizendo que
não.
— Você já disse isso.
— E eu estou reiterando isso. Eu não assisto você. Minha lha assiste.
— Merdinha magricela com aparelho, certo?
Outro clarão.
— O nome dela é Macie. Ela é obcecada pelos Comets.
— Ela tem bom gosto, então.
— Ela não gosta de você.
Agora é a minha vez de encarar.
— É mesmo?
— Ela chama você de O Bobão.
Aperto os lábios para que ela não veja meu sorriso porque, honestamente, é
um bom nome para mim. Eu sou um bobão às vezes. Todo mundo diz isso.
— Ela parece...
— Cuidado, Greer. Ela tem dez anos e eu vou arrancar seus olhos.
Balanço-me sobre os calcanhares, impressionado com sua tenacidade.
— Eu ia dizer que ela parece ter um pouco de fogo dentro dela.
Stevie solta uma leve risada, um sorriso curvando seus lábios.
— Você poderia dizer isso.
— Quem é o jogador favorito dela?
— Acho que esta semana é Miller.
— Miller? Sério?
Ela levanta um ombro.
— Ele faz a tia dela feliz.
Reviro os olhos porque é claro que tem a ver com amor e toda aquela merda
de relacionamento sentimental.
— Miller é um idiota.
— Ele realmente é às vezes. Ele me perguntou ontem se ganso e gansa eram
dois animais diferentes.
— Ele não fez isso.
— Ah, ele fez. Nunca senti tanta vergonha alheia na minha vida. — Ela
balança a cabeça com um sorriso. — Mas ele é doce também, e ele ama muito
minha irmã.
Um gemido involuntário me deixa, e Stevie não perde.
— Para o que foi isso?
q
— Amor.
— Como?
— Amor. — Eu levanto meu boné, passando a mão pelo meu cabelo antes
de colocá-lo de volta. — É um monte de merda. A ideia de esperar para encontrar
a pessoa certa é repugnante.
— Ah. — Ela acena com a cabeça. — Isso faz sentido agora.
— O que faz sentido?
— Bem... — Ela acena com a mão em minha direção. — Você.
— O que isso signi ca?
— Signi ca tudo. A carranca que nunca sai do seu rosto e a maneira como
você trata as pessoas, como se estivesse desinteressado e mantendo-as à distância
– a falta de amor em sua vida explica isso muito bem.
— Eu tenho amor na minha vida.
— Quem? Porque, da última vez que veri quei, você é solteiro e nunca foi
casado.
— Sabe, isso soa muito como se você tivesse pesquisado sobre mim.
Stevie bufa.
— Eu não pesquisei.
É mentira. Nós dois sabemos disso.
Só quero saber por quê: por que ela pesquisou sobre mim e por que está
mentindo.
Esqueça isso – provavelmente sei por que ela está mentindo. Ela sabe que
nunca vou deixá-la esquecer.
— Tenho amor na minha vida — insisto novamente, embora não saiba o
porquê. Stevie não é ninguém para mim. Não preciso convencê-la de que não
estou perdendo nada por não estar em um relacionamento.
Já tenho que convencer minha mãe disso, não preciso adicionar mais
ninguém à lista. Ela é o su ciente para lidar, obrigado.
— Tenho certeza que sim. — Suas palavras são exatamente o oposto do olhar
em seu rosto. Ela não acredita em mim.
Tudo bem, porque eu também não acredito em mim.
Eu tenho amor na minha vida? Se você contar o fato de que meus pais me
amam, claro. Fora isso... bem, não, não realmente. Eu gosto dos meus
companheiros de time e os considero amigos, mas eu os amo? Eu acho que não.
Então, tudo bem, talvez eu não tenha um amor de verdade na minha vida.
Mas eu estou bem.
Estou bem... certo?
Um carro estaciona no meio- o e Stevie se aproxima dele.
— Espere! — Eu chamo, assustando nós dois.
— O quê? — Ela pergunta, olhando para mim com as sobrancelhas
franzidas.
— Você nem sabe se esse é o seu Uber.
Ela levanta os olhos para o céu.
— É o meu.
— Mas eu pedi um também. — Isso é uma mentira. — Pode ser o meu.
— Não é. É meu.
— Quem disse?
— Hum, o aplicativo? — O sarcasmo escorre de suas palavras enquanto ela
segura o telefone na minha direção, e dou uma olhada rápida nas informações,
depois veri co o carro à nossa frente.
É o dela.
Com um gemido, ela balança a cabeça.
— Eu nem sei por que estou te mostrando isso. Estou indo agora.
— Você pode esperar um segundo?
Um suspiro alto cai de seus lábios.
— O quê.
Ela está claramente irritada comigo. Eu também estaria. Honestamente, nem
sei por que quero que ela espere; eu apenas quero.
— Você tem certeza de que está bem?
Ela olha para mim por um momento com a cabeça inclinada para o lado
como se estivesse me estudando. Não gosto de estar sob escrutínio.
— É a segunda vez que você me pergunta isso. Por que você se importa
tanto?
— Porque eu não sou um monstro sem coração.
Ela bufa uma risada.
— Claro que não. — Sua mão pousa na maçaneta da porta traseira. — Posso
ir agora?
— Sim, vá. — Eu aceno minha mão em direção ao carro. — De nada, a
propósito.
Uma pausa.
Uma volta lenta em minha direção.
Um olhar aquecido.
q
— Como é?
— Eu disse, de nada. Por resgatar você.
Stevie zomba, então abre a porta antes de me encarar com uma última cara
feia. Tenho certeza de que vou carregar as marcas de queimadura a partir de
amanhã.
— Boa noite, bobão.
Antes que eu possa registrar o que ela acabou de dizer, ela sobe na parte de
trás do carro, que imediatamente se afasta do meio- o, e ela desaparece na rua.
Eu co lá como um idiota, olhando para ela por muitos minutos, tentando
descobrir por que não me sinto exatamente bem agora.
— Uau.
Eu giro em meus calcanhares para encontrar Fitzgerald balançando a cabeça
para mim.
— O quê?
— Ela está certa, você realmente é um bobão.
Desta vez... acho que posso concordar.
4
Stevie
— Espere, espere, espere. Ele disse o quê?
— De nada por resgatar você. — Eu balanço minha cabeça. — Quem diabos
ele pensa que é?
Eu jogo a massa que estou trabalhando nos últimos quarenta minutos no
balcão, irritada por ela não estar fazendo o que eu quero. Tenho certeza de que a
maior parte disso é minha culpa. Estou distraída. Não consigo parar de pensar na
noite passada ou nas palavras de despedida de Greer. Elas estão me irritando
desde que entrei no Uber, e meu pobre motorista teve que me ouvir reclamar
durante toda a viagem. Tenho certeza de que verei a resposta cármica a isso em
algum momento e carei presa a um motorista que não para de falar.
Mas eu estava irritada.
Eu estou irritada. O comentário de Greer foi tão... ele.
— Um babaca — diz Rosie, a confeiteira-chefe do food truck de donuts da
minha irmã, Scout's Sweets. — Um completo e total idiota também. Por que
diabos ele diria isso?
— Porque ele é o pior. Eu o odeio.
— Eu também o odeio.
— Você odeia?
— Claro que sim. Solidariedade! — Rosie diz, erguendo o punho no ar. —
Estou aqui por você.
Eu rio.
— Obrigada. Eu aprecio isso. — Espio minha irmã, que está parada na
traseira do food truck, com um donut na mão. — Alguma solidariedade de sua
parte?
Ela dá outra mordida em seu donut – um Bolo de Palha, meu favorito –
então mastiga e engole.
— Mais ou menos.
Dou um passo para trás porque estou genuinamente surpresa com o
comentário de Scout.
— Mais ou menos?
— Greer é de nitivamente um idiota..., mas ele interveio quando você
precisou de ajuda. Não posso culpá-lo por isso. Você é minha irmã e amarei
qualquer um que a mantenha segura.
Ela está certa. Eu sei que ela está.
E embora eu esteja super grata por Greer ter tirado aquele babaca de cima de
mim, e eu sei que devo isso a ele, isso não muda o fato de que ele foi tão... Greer
sobre a coisa toda. Arrogância irradiava dele, e eu queria limpar o sorriso
presunçoso de seu rosto com a palma da minha mão.
Tenho certeza de que, no fundo, Greer é um cara legal – a nal, ele me ajudou
–, mas às vezes, não importa quantas boas ações alguém faça, isso não apaga sua
babaquice.
— Eu ainda não gosto dele — murmuro.
— Estou surpresa. Você normalmente é a Srta. Raio de Sol que ama e dá uma
chance a todos. Por que não Greer?
— Você o conheceu? — Eu contesto.
Ela tem um ponto, no entanto. Mesmo com meu passado duvidoso com
meu ex, ainda amo e con o nas pessoas. Eu sou amigável. Eu gosto de conversar.
Mas há algo sobre Greer... Ele me faz sentir algo que não consigo descrever,
provavelmente porque não é nada que eu já tenha experimentado antes.
— Ele é gostoso — Rosie comenta, passando as mãos pela massa à sua frente
como se ela não tivesse acabado de jogar uma bomba.
— O quê?!
Rosie dá de ombros com minha explosão.
— Ele é. Aquele maxilar dele é... uau. É uma pena que esteja sempre coberto
por sua máscara de goleiro.
Suas palavras me lembram de Bianca na noite passada e o quanto ela queria
lamber o maxilar de Greer. São duas mulheres obcecadas por ele. É tão bom
assim? Eu nunca notei antes.
— Oh, por favor. Sim, você notou.
Droga. Eu disse isso em voz alta?
— Não tem como você não ter percebido. — Scout apoia Rosie. — Tenho
certeza de que é mais a ado do que seus patins.
— Você já não tem um jogador de hóquei gostoso para babar em cima?
j j g q g p
Um olhar sonhador cruza seu rosto e Scout suspira.
— Eu tenho. Mas meu jogador de hóquei gostoso concorda comigo.
— Que Greer é gostoso?
— Sim. — Ela acena com a cabeça. — Eu o z classi car todos os seus
companheiros de time uma noite quando estávamos entediados.
— E? — Rosie pergunta, deixando sua massa de lado, totalmente envolvida
na conversa agora.
— Greer estava no topo. Então Rhodes porque sua cicatriz o deixa mais
atraente. Fitz por causa do seu dente que está faltando, Lowell porque ele é papai
– embora agora que estou pensando nisso, não tenho certeza se ele quis dizer
papai ou Papai. Wright estava no nal dos cinco primeiros. — Ela balança a
cabeça. — Espere, isso não está certo. Se eu zesse um com os cinco primeiros de
verdade, ele próprio viria atrás de Fitz. Discutimos por trinta minutos se ele
poderia ou não estar em sua lista. Eu venci.
Ela sorri, claramente orgulhosa de si mesma.
— Ele colocou Greer antes de Fitz? — Rosie parece atordoada. — Ele é
louco?
— Eu não acho. Também estou muito honrado. Terei que agradecê-lo por
isso.
Um arrepio percorre minha espinha.
Eu conheço essa voz.
Eu me viro com relutância. Eu não quero vê-lo. Não agora, ou nunca mais.
— Oh Deus. Ele vai me matar por dizer isso a você. — Scout engole
audivelmente.
— Por favor, Miller adora o chão em que você pisa — Rosie diz a ela. — Ele é
tão completamente obcecado que quase faz eu sentir vontade de vomitar, e isso
quer dizer alguma coisa, porque eu adoro um bom romance.
Scout suspira, então diz algo para Rosie, mas eu não entendo. Estou muito
absorta na competição de olhares em que fui amarrada com Greer. Ele está
olhando para mim com olhos verdes que me lembram um dia de verão. Ele não
está sorrindo, nem franzindo a testa. Ele está... observando.
Eu odeio isso.
Quase como se ele pudesse ler meus pensamentos, um pequeno sorriso surge
nos cantos de seus lábios, erguendo-os em um sorriso presunçoso.
Eu odeio isso ainda mais.
— Stevie. — Sua voz é profunda, um timbre baixo que não tem como soar
tão bem quanto parece.
— Greer.
Seus lábios estúpidos puxam para cima, de alguma forma tornando seu
sorriso já presunçoso ainda mais presunçoso.
— O que você está fazendo aqui?
— Vim pegar um donut.
Eu levanto uma sobrancelha.
— Desde quando?
— Desde sempre. É sábado.
— E o seu ponto é?
— Venho aqui todos os sábados que posso.
Agora ambas as minhas sobrancelhas sobem. Ele vem?
— Você geralmente não está aqui.
Isso é verdade, mas como ele sabe disso?
As manhãs de sábado são normalmente reservadas para Macie, mas como ela
cou com Scout e Miller ontem à noite, pensei em ajudar Rosie por algumas
horas. O negócio de food truck de donuts da Scout aumentou desde que a
notícia de seu namoro com Miller se espalhou. Os clientes estão chegando aqui
mais rápido do que nunca, na esperança de dar uma olhada em um dos jogadores
do Comets. Tenho certeza de que se Greer tivesse chegado apenas uma hora
antes, quando a la estava chegando ao estacionamento, ele teria sido perseguido
incessantemente por autógrafos como Miller. Ele levou Macie, e eles estão
escondidos no McDonald's do outro lado da rua.
— Estou ajudando.
Não digo a ele que provavelmente estarei aqui com mais frequência de agora
em diante. O escritório de advocacia em que trabalho está se fundindo com
outro escritório e não precisa de duas recepcionistas. Estou ciente de que
provavelmente serei eu no olho da rua.
— Então, você vai me ajudar?
— Como?
Ele aponta para a prateleira de donuts atrás de mim.
— Donuts. Quero fazer um pedido.
— Estamos fechados.
Ele dá uma risada no momento em que Scout solta um guincho.
— Stevie! — Ela adverte.
— O quê? Eu estou trabalhando hoje, não você. Estamos fechados.
— Stevie! — Minha irmã diz novamente, me empurrando para fora do
caminho e colando no rosto seu melhor sorriso de atendimento ao cliente. —
Ignore-a, Greer. O que eu posso pegar para você?
— Já estou fazendo — diz Rosie, já empacotando algo.
— Como você sabe o pedido dele?
Ela encolhe os ombros, colocando a caixa no balcão, então se move em
direção ao café gelado.
— Ele vem muito aqui.
— Ele não vem!
— Venho sim — diz o homem em questão.
— Bem, você não pode. Não mais.
Ele levanta uma sobrancelha perfeitamente arqueada, e momentaneamente
me pergunto se ele as depila e modela para car assim.
— Eu não.
— O quê?
— Minhas sobrancelhas. Eu não as depilo ou modelo, seja lá o que isso
signi que.
Merda. Tenho que parar de dizer o que estou pensando em voz alta,
especialmente com Greer aqui. A última coisa que preciso é pensar algo positivo
sobre ele e dizer isso sem querer. Eu não quero que ele tenha nenhuma ideia
sobre eu gostar dele.
Eu tremo só de pensar. Gostar de Greer? Por favor. Isso nunca vai acontecer.
— Aqui está. — Rosie desliza um café gelado em sua direção. O conteúdo do
copo é pálido, como se estivesse cheio de leite e adoçante.
Ele en a um canudo na bebida e toma um gole saudável quase
instantaneamente. Ele exala alto, estalando os lábios da maneira mais irritante.
— É perfeito, Rosie. Obrigado.
A maneira como ele diz... é tão... legal. Tão diferente de Greer.
— É por conta da casa também — Scout diz a ele, apontando o dedo na
minha direção. — Por causa dela.
Outro sorriso.
— Bem, obrigado, Stevie. Não foi tão difícil de dizer, foi?
Eu estreito meus olhos.
— Você pode ir agora.
Minha irmã grita meu nome pela terceira vez.
g p
— Stevie! Você não pode trabalhar aqui se for maldosa com os clientes.
— Eu não sou. Só com Greer.
Scout deixa cair a cabeça em suas mãos.
— Bom Deus.
— Está tudo bem, Scout — ele diz magnanimamente. — Eu não me
importo. Eu aguento.
— Bem, eu me importo. Você foi tão legal com ela ontem à noite, ajudando-
a. Ela talvez devesse ser um pouco mais amigável — Scout diz com os dentes
cerrados, os olhos estreitados para mim em advertência.
— Falando sobre mim, hein?
Deus, eu quero pular este balcão e limpar o olhar arrogante de seu rosto.
— Vá embora, Greer.
— Não até que você diga.
— Dizer o que?
— Obrigada, Greer.
Eu bufo.
— Sem chance.
— Vamos. Não seja assim. Achei que tínhamos uma conexão ontem à noite.
— A única conexão que faremos é a palma da minha mão com o seu rosto.
— Tudo bem. Eu gosto duro. — Ele balança as sobrancelhas para cima e
para baixo, e eu odeio tanto isso.
A única coisa que odeio mais é o puxão que sinto entre minhas pernas ao
pensar em algo violento e sexual com ele.
— Isso é algo que você também gosta? — Ele pergunta, inclinando-se mais
perto. Eu quero ir embora, quero fazer qualquer coisa para colocar um espaço
entre nós, especialmente quando seus olhos verdes estão me perfurando do jeito
que eles estão – como se ele estivesse totalmente investido na minha resposta –
mas eu não posso. Isso daria a ele a ideia de que está me afetando, e pre ro que
ele não saiba disso.
Então, eu não me mexo. Eu não respondo a ele. A única coisa que faço é
engolir o caroço que de repente se forma na minha garganta.
— Interessante — ele murmura, sem perder isso.
— Vai embora.
Ele solta uma risada baixa e sinistra.
— Diga.
— Não vai acontecer, Greer.
— Por que não? Com medo de ter que reconhecer que te ajudei e você me
deve?
Eu curvo meus lábios em desgosto com a palavra.
— Não te devo nada.
— Claro que sim, e pretendo cobrar por isso.
— Pela décima vez esta manhã, vai embora.
— Eu irei, mas só porque tenho um lugar para estar. — Ele levanta sua
bebida na direção de Rosie. — Obrigado — ele diz, me dando um olhar aguçado.
— Vejo vocês, senhoras, mais tarde. Steve.
— Babaca.
Ele ri, então gira sobre os calcanhares e caminha de volta pelo
estacionamento com muita arrogância em sua caminhada. É desagradável o quão
con ante ele é. É quase tão irritante quanto a forma como sua camisa de mangas
compridas se ajusta às costas, mostrando o corpo que ele esconde sob seu
equipamento de proteção.
Mas não me importo com isso porque não me importo com Greer. Eu
mergulho minhas mãos de volta na massa, amassando, tentando canalizar toda a
minha frustração para moldar donuts. Eu bato a pilha de massa várias vezes,
moldando e remodelando o mesmo donut. Estou tão irritada que nem consigo
fazer um maldito Long John.
— Ugh — eu gemo, jogando a massa de lado. — Ele é tão... tão...
— Insanamente gostoso?
— Rosie! — Eu olho para ela. — Pensei que você fosse do meu time. O que
aconteceu com a solidariedade?
— Oh, certo. — Ela endireita as costas. — Eca. Ele é tão nojento. O pior.
É o pior trabalho de atuação que já testemunhei. Nem uma única palavra
que sai de seus lábios é crível.
— Praticamente posso ouvir todos os pensamentos sujos passando pela sua
cabeça agora.
— Não. — Ela acena com a mão. — O único com quem estou fantasiando é
Fitz. — Ela solta um suspiro sonhador, e é meio engraçado como ela está louca
por ele e como ele está alheio a isso.
Scout aponta para sua confeiteira-chefe.
— Eu estou com ela. Bem, não toda a coisa de fantasiar sobre Fitz, mas a
parte de Greer ser gostoso. Porque ele é.
— Ele é... bom de olhar.
Minha irmãzinha me dá um olhar que diz que sabe que estou falando merda.
Eu ignoro.
Greer é bonito? Sim, claro que ele é, mas eu me importo? Nem um pouco.
Ele é um idiota em um bom dia. Ele é mal-humorado e se acha melhor do que
todo mundo. Eu não acho isso nada gostoso.
— Mãe!
Agora isso eu me importo.
Eu me viro para o estacionamento bem a tempo de ver uma Macie animada
correndo em minha direção.
— Mãe! — Ela chama novamente quando ela está mais perto. — Você não
vai acreditar no que aconteceu!
— E aí? — Eu me inclino contra o balcão, observando enquanto ela derrapa
até parar antes do food truck, quase alta o su ciente para alcançar o balcão.
— Tio Grady — meu coração derrete um pouco quando ela diz isso —,
pagou o almoço de todos, depois levamos um pouco de comida para Eddie.
Depois disso, ele me levou à loja e me deixou escolher treze coisas. Qualquer coisa
que eu quisesse.
Minhas sobrancelhas sobem na última parte.
— Treze?
Eu deslizo meus olhos na direção de Miller, sem surpresa ao encontrá-lo
sorrindo sem remorso.
— O quê? — Ele ergue os ombros largos. — É o meu número da sorte.
— Uh-huh — eu digo, voltando-me para minha lha, que está praticamente
pulando de tanta emoção. — O que ele deixou você pegar?
— Bem, eu peguei doces. Tipo, muitos doces, porque ele disse que se eu
pegasse um pouco do mesmo tipo de coisa, não contava como mais de uma
coisa.
Claro que ele disse isso.
— Quanto é muito?
— Menos que o Halloween.
— Essa é uma unidade de medida terrível — resmunga Rosie, e eu concordo.
— Além disso, peguei um pijama do Homem-Aranha, dois livros novos, um
DVD sobre quando os Comets venceram a Copa, um novo taco de goleiro e
muito mais.
— Isso soa como...
— A melhor coisa de todas? Eu sei! — Ela bate palmas. — Eu estou tão feliz!
Ele disse que era um presente de Natal atrasado.
Quero destacar que Miller já deu a ela um incrível presente de Natal –
ingressos para vários jogos dos Comets, incluindo o de amanhã –, mas não faço,
não quando ela está tão animada quanto está. Eu também deveria dizer a Macie
para talvez não se acostumar a ser mimada assim, mas não posso arruiná-la agora.
— Isso foi muito legal da parte dele. Você agradeceu a ele?
— A mãe dela não consegue dizer isso, então por que ela deveria?
Eu olho para Rosie, que rapidamente volta sua atenção para a massa que ela
abandonou, assobiando como se ela não tivesse acabado de dizer o que disse.
— Dã, mãe. Eu até disse a ele treze vezes. — Ela revira os olhos, e antes que eu
possa gritar com ela por isso, ela sai correndo, indo em direção à mesa de
piquenique onde Miller colocou sua sacola de guloseimas.
Scout ri, e eu viro meu olhar para ela.
Ela levanta as mãos no ar.
— Ei, eu não disse nada.
— Sim, mas você está pensando.
— Só estou dizendo... Você deve a ele.
— Não devo nada a ele.
Isso não é verdade. Eu sei que não é verdade. Eu deveria agradecê-lo. Que
tipo de exemplo estou dando para minha lha se não consigo nem agradecer a
alguém por fazer algo tão grande por mim? É só... é Greer. Eu não quero dar a ele
essa satisfação.
Sem mencionar que estou envergonhada por haver algo pelo qual tenho que
agradecê-lo. O que aconteceu ontem à noite... Achei que tinha acabado de me
sentir tão impotente, pensei que tinha acabado de me sentir assim. Não quero
que Greer, de todas as pessoas, saiba que preciso ser resgatada.
A mão de Scout pousa no meu ombro.
— Não te torna fraca precisar de ajuda — ela diz suavemente, como se ela
soubesse exatamente para onde minha mente foi.
Com um suspiro, eu digo:
— Tudo bem. Eu vou fazer isso.
— Bom. — Scout sorri com orgulho.
— Por que sinto que perdi alguma coisa? — Miller pergunta, seus olhos
saltando entre sua namorada e eu.
Scout acena com a mão.
— Não é nada.
É algo, no entanto. Eu sei disso, e Scout também. Prometi a mim mesma há
oito anos que nunca mais caria em dívida com alguém.
Parece que pode ser hora de quebrar essa promessa.
5
Greer
Os dias de jogo são meus dias favoritos de todos os tempos. A empolgação que
passa por mim desde o momento em que abro os olhos é diferente de qualquer
outra brisa. Quero dizer, na verdade nunca quei chapado, mas acho que é
melhor. Tem que ser. Estou sendo pago para jogar hóquei – o quão do caralho
incrível é isso? Como algo poderia melhorar?
Não pode. É impossível.
— Você realmente não deveria franzir a testa assim. Seu rosto vai car
paralisado.
Eu olho para o idiota que acabou de cair no banco ao meu lado.
— Vá embora, Hayes.
— O quê? Só estou dizendo, continue carrancudo, e você está ferrado. Você
vai car tão enrugado quanto o treinador antes mesmo dos trinta.
— Enrugado ou não, ainda serei um jogador de hóquei melhor do que você.
Ele zomba.
— Por favor. Nos seus sonhos.
— Por que você está aqui?
— Uh, por que nós temos um jogo?
— Quero dizer aqui, falando comigo. Você sabe...
— Você odeia falar antes de um jogo. — Ele revira os olhos. — Eu sei. Eu
apenas pensei...
— Ah, veja, aí está seu primeiro erro, novato – pensar.
Ele olha para mim.
— Os caras estão certos. Você é um idiota.
Eu sorrio, usando aquele distintivo com orgulho.
— Obrigado. — Deixo meu sorriso desaparecer. — Agora, cai fora. Eu
preciso me preparar.
O garoto se afasta, deixando-me sozinho, como eu gosto.
Cada cara tem sua própria rotina pré-jogo, e ignorar o mundo é a minha.
Não gosto de falar com as pessoas, nem mesmo com meus companheiros. Não
quero música, televisão ou qualquer tipo de distração. A única coisa que quero
fazer é sentar aqui e apenas ser.
Isso me ajuda a entrar no espaço mental certo. É o que me ajudou a vencer
oito jogos consecutivos e é o que vai nos ajudar a levantar a Taça nesta
temporada. Eu posso sentir isso em meus ossos. Eu de nitivamente não vou
deixar a porra do novato me atrapalhar.
Não esta noite.
Eu deixo meus olhos caírem fechados enquanto eu descanso minhas costas
contra o meu cubículo. Os sons muito familiares na sala me inundam, e eu
respiro devagar e profundamente. É como meditação, só que tem uns dez outros
caras aqui, cheira como um vestiário nojento, e eles não têm ideia de como calar a
boca.
Mas eu amo isto. Tudo faz parte de jogar o melhor jogo que já existiu.
Alguém se senta ao meu lado e eu sei em um instante quem é.
— Você tem que parar de ser cruel com o novato. Ele vai pensar que você não
gosta dele.
— Eu não gosto dele. Ou de você, aliás.
— Isso é uma mentira.
— Realmente não é, Miller. Por favor, cai fora.
Ele ri, então dá um tapa na minha coxa.
— E perder uma oportunidade de te irritar? Sem chance.
Eu escancaro meus olhos, lançando um olhar acalorado em sua direção.
— Por que você está me incomodando?
— Porque eu gosto de fazer isso.
— Como Scout não te sufoca com um travesseiro?
— Porque eu sou muito bom com a minha língua. — Ele coloca tal língua
para fora, lambendo o ar.
É irritante... assim como ele. Quero que ele vá embora e acho que sei
exatamente como fazer isso acontecer.
— Ouvi um boato...
Suas sobrancelhas se erguem.
— Sobre mim? — Ele esfrega as mãos. — Espero que seja emocionante.
— Eu acho que é. — Eu coloco minhas mãos em volta da minha boca. — Ei,
Wright!
g
O defensor levanta a cabeça do outro lado da sala.
— E aí?
Há uma hesitação em sua voz, e eu entendo. Quando digo que não costumo
falar com ninguém antes de um jogo, não é exagero. Gosto do silêncio, da
solidão, porque quero vencer, e é por isso que levar Miller para longe, muito
longe de mim, é tão importante.
— Você sabia que Miller fez uma lista classi cando todos os caras do time
por quem é o mais gostoso e você é o número cinco?
— Cinco?!
— Oh, merda — Miller murmura, encolhendo-se enquanto Wright se
levanta de seu cubículo, vindo em nossa direção.
— O que diabos você quer dizer com cinco, Miller? Eu sou muito mais
gostoso que os outros caras!
— Ei! Eu me ofendo muito com isso — Lowell entra na conversa.
Aponto para o capitão.
— Ele disse que você é gostoso porque é um papai.
— Como um papai ou um Papai? — Ele balança as sobrancelhas para cima e
para baixo.
Todos nós olhamos para Miller em busca da resposta. Ele não responde. Ele
não pode. Ele está muito ocupado prendendo a respiração e fechando os olhos
com força, ngindo que não existe agora.
— Ele de nitivamente quis dizer Papai. É, Miller. Só para constar, gostaria
de car de fora desta lista.
— Muito tarde para isso. Você é o número dois.
— Dois? — Rhodes rosna, soando como se não quisesse ser deixado de fora.
— Então quem é o número um?
— Esse seria eu. — Eu sorrio com orgulho. — Eu sou o número um, depois
Rhodes, Fitz, Lowell, Wright.
— Fitz está antes de mim? — A boca de Lowell se abre em choque. — Por
que diabos?
— Por causa do dente faltando. — Miller dá de ombros. — É fofo.
Fitz sorri, en ando a língua pelo buraco.
— Eu sabia que isso me daria alguns pontos.
— Miller está certo — diz Surkov, outro atacante. — Meu marido e eu
também zemos uma lista. Basta trocar Lowell por Wright e ca perfeito.
— O quê! — Lowell explode ao mesmo tempo em que Wright grita:
q p p q g g
— Rá! Chupa!
— Ainda sou mais gostoso que vocês dois. — Rhodes sorri, muito orgulhoso
de si mesmo.
— Por que você está sorrindo? — eu digo a ele. — Eu sou o número um.
— Sim, a dor número um na minha bunda.
— Ele tomou o meu lugar? — Miller pressiona a mão no peito e projeta o
lábio inferior. — Estou magoado. De verdade.
— Você é um idiota. De verdade — Rhodes zomba.
— Não. Você me ama.
— Eu realmente, realmente não.
— Mentiras! — Miller diz, levantando-se do banco para seguir o defensor,
que agora está se retirando da sala. Ele olha de volta para mim, então espia ao
redor antes de colocar a mão no canto da boca. — Além disso, seu vibrador está
ligado — ele sussurra.
O que...
— Você acabou de dizer o que eu acho que você disse?
— Ei, sem julgamento! — Ele ergue as mãos. — Mas talvez desligue para não
queimar a bateria?
— Que porra você está falando? Eu...
— Aí está de novo.
Estou prestes a dizer a ele que ele é um completo idiota, mas desta vez, eu
ouço.
— Esse não é meu vibrador – que eu nem tenho – é meu telefone.
— Claro. Certo.
— Miller... — Eu rosno, e isso é tudo o que preciso para ele se afastar, para
irritar outra pessoa.
Pego meu telefone na sacola, surpreso por ter esquecido completamente de
desligá-lo. Estou a dois segundos de fazê-lo, mas ele vibra novamente.
É minha mãe.
Eu deveria ignorar. Eu sei que deveria. Tenho um jogo para focar. Estou
pronto para levar nossa sequência de vitórias para nove.
Mas se ela me ligou tantas vezes, algo deve estar errado, certo?
Deslizo o dedo pelo botão verde.
— Mãe?
— Oh, graças a Deus! Você nalmente atendeu!
A maneira como ela fala as palavras em completo pânico me faz sentar para a
frente, agora em alerta máximo.
— O que está errado? Está tudo bem?
— Não! Nada está bem. A empresa de bolos que eu queria contratar diz que
eles estão reservados para o m de semana, e eu queria o bolo de três camadas de
baunilha e framboesa. É o que eu tive quando me casei com Archie, e quero de
novo, sem falar que minha costureira está sendo uma dor de cabeça para acertar.
Estamos reduzidos a apenas um mês. Preciso que as coisas sejam feitas, Jacob.
Meu queixo cai.
— Você me ligou para falar sobre o casamento?
— Claro que sim. — Ela bufa. — Preciso saber o nome da sua
acompanhante para os cartões de lugares.
— Por quê?
— Porque eu preciso saber quem vai se sentar ao seu lado! Estou tentando
fazer isso direito.
Ela queria fazer seu outro casamento "direito" também. E o anterior a esse. É
óbvio o quão bem esses eventos acabaram.
— Bem? — Minha mãe pergunta quando eu não respondo.
— Ainda não tenho um encontro, Loretta.
Ela suspira.
— Você não vai me distrair com isso.
Eu rio porque ela me conhece tão bem. Se eu quiser mudar de assunto, eu a
chamo pelo primeiro nome. Ela odeia quando eu faço isso e sempre sai pela
tangente sobre como eu não deveria chamá-la de nada além de mãe.
Acho que já usei essa estratégia muitas vezes e ela percebeu.
— E o que quer dizer com você ainda não tem um encontro? Temos um mês
até o casamento. Um mês!
— Oh, sério? Eu não tinha escutado. — Reviro os olhos, embora ela não
possa me ver, e isso é uma coisa boa também, porque isso de nitivamente me
renderia um tapa na nuca.
— Não revire os olhos para mim, Jacob Greer.
Como diabos ela...
— Sentido de mãe — ela responde, como se isso explicasse tudo. — Por
favor, deixe-me saber o nome do seu par até sexta-feira, ou você está fora da lista
de convidados.
— Como é?
— Você me ouviu, lho.
— E você está falando sério?
Ela hesita por um momento.
— Eu estou falando sério.
— Mas eu sou seu cara de honra.
Parece tradição neste momento. Embora minha mãe tenha muitos amigos –
ser cabeleireira signi ca que ela é uma pessoa sociável –, sempre fui o único a
car ao lado dela. Recuso-me a deixar que este casamento seja diferente.
— Eu vou ter um encontro na sexta-feira.
— Você promete?
— Eu prometo, Loretta.
— Jacob. — Ela suspira. — Você tem sorte de ser meu lho favorito. Você
sabe disso, certo?
— Eu sou seu único lho, mãe.
— Que você saiba. Seu pai, por outro lado, é obcecado por procriar, então
quem sabe se você é o favorito dele ou não.
Eu rio porque ela não está errada. Meus pais nunca se casaram – um choque
para os dois – mas ainda assim tiveram vários outros relacionamentos de longo
prazo. Enquanto minha mãe prefere casar com seus parceiros, meu pai gosta de
ter lhos com as dele. Minha mãe pode estar entrando em seu quarto casamento,
mas meu pai a venceu – ele está no lho número seis.
— Lucas está arrasando nos pontos nesta temporada. Ele é provavelmente o
favorito.
Meu meio-irmão também joga hóquei. Ele é um atacante do St. Louis, e eu
adoro jogar contra ele porque, por mais que ele tente, não consegue me vencer.
— Não seja assim, Jacob. Seu pai ama todos os lhos igualmente.
Eu tenho que dar crédito à minha mãe. Não importa quantas vezes meu pai
mudou com uma mulher diferente ou uma família diferente, ela nunca disse
uma palavra ruim sobre ele. Na verdade, é o contrário – ela o elogia por ser um
pai tão bom e não está errada. Ele nos dá atenção e sempre quer garantir que
nenhum de nós se sinta excluído, o que eu não sinto. Eu sei que meu pai está
orgulhoso de mim. Também sei que ele é um grande fã de competição e, embora
os Comets estejam em uma boa fase agora, meu irmão marcou quatro pontos há
dois jogos. Ele é de nitivamente o favorito do pai no momento.
— Oh! — Minha mãe exclama. — Seu jogo! Você está jogando esta noite.
Por que estou incomodando você? Oh Deus, eu sou a pior mãe de todas.
q p
— Você não está. Você só está animada com o casamento.
Ela suspira melancolicamente.
— Eu realmente estou. Isso é bobo? Eu z isso tantas vezes. Eu já deveria ter
superado.
— Não, mãe. Não é bobo.
— Eu só... Eu o amo tanto. Ele me faz feliz. Eu realmente sinto que esse
poderia ser o certo, sabe?
Este é o mesmo discurso que ela me deu várias vezes ao longo dos anos, então
é um pouco difícil reunir o mesmo entusiasmo que ela tem. Estou feliz por
minha mãe estar feliz, mas não estou muito animado com o inevitável desgosto
que se seguirá quando este casamento fracassar como os outros. É difícil assistir
de novo e de novo.
Eu espero que este seja realmente o certo? Claro, mas tenho muita esperança
de que seja? Bem, não. Tenho certeza de que isso me torna um lho horrível para
alguns, mas para mim é apenas ser realista. Quando você cresce vendo isso
acontecer constantemente, a esperança é algo que sai voando pela janela
rapidamente.
— Estou feliz, mãe.
Outro suspiro suave.
— Sinto muito por não ter sido capaz de encontrar o certo antes. Não foi
justo pedir para você crescer com tantos homens entrando e saindo da sua vida.
Não digo nada porque não tenho certeza do que dizer. Não é grande coisa?
Aprendi a me manter distante de todos? Eu não acredito no amor de forma
nenhuma?
Eu não posso partir o coração dela assim.
— Oh meu Deus! Eu sou uma mãe terrível. Aqui estou eu incomodando
você com todas essas coisas quando você tem um jogo hoje à noite.
Isso mesmo, traga de volta para o hóquei. Mantenha os sentimentos e merda
fora disso.
— Está tudo bem, mas eu realmente deveria ir. Temos que fazer
aquecimentos em breve.
— É claro, é claro. Obrigada por reservar um tempo para sua velha mãe. Vá
chutar alguns traseiros, lho.
— Vou tentar. Amo você.
— Mas nunca tanto quanto eu te amo.
Eu sorrio. É a mesma coisa que ela sempre me disse, e sempre me traz aquele
mesmo carinho, não importa quantas vezes eu ouça.
— Sexta-feira — diz ela mais uma vez como um lembrete.
— Sexta-feira — eu ecoo.
Aperto o botão vermelho e relaxo no meu cubículo.
Ainda bem que não teria nenhuma distração antes do jogo.

———
— Não faço ideia de como tiramos isso de nossas bundas, mas vamos levar os
dois pontos. Oito da manhã, no gelo, amanhã.
É tudo o que o treinador Heller diz antes de sair da sala. Ele está
desapontado, e eu não o culpo.
Também estou desapontado, especialmente comigo mesmo. Joguei como
um merda. Meu foco se foi completamente, o que resultou em eu deixar passar
gols malfeitos. Claro, ganhamos dois pontos e, sim, pode ter sido divertido para
os torcedores assistir às idas e vindas, mas foi uma atuação terrível de todo o
clube.
— Porra, aquilo foi péssimo. — O capitão do nosso time afunda ao meu
lado. — Tipo realmente, realmente péssimo.
— A culpa foi minha.
— Não é verdade — Rhodes me diz. — Isso foi minha culpa.
— Eu deixei tantos discos pularem sobre minha lâmina. — Wright balança a
cabeça. — Joguei como um merda total.
— Eu fui incrível. Fiz dois gols e uma assistência — diz Miller, claramente
orgulhoso de si mesmo. Ele deveria estar, ele jogou bem.
— Parem com a porra da festa de pena — uma voz alta ressoa pela sala.
Todas as cabeças na sala se voltam para Smith, que está parado com as mãos
nos quadris, parecendo um pai pronto para dizer aos lhos que não está bravo,
apenas desapontado.
— Vocês todos poderiam ter sido melhores.
— Eu...
— Não marcou em duas redes praticamente vazias. — Smith interrompe
Miller, que estava prestes a se dar um tapinha nas costas novamente. — Cada um
de vocês patinou devagar. Vocês não terminaram suas veri cações e bateram
contra as tábuas como se fosse seu primeiro maldito jogo. Vocês foram horríveis,
puro e simples, mas não é a primeira vez e não será a última. Peguem os dois
pontos e superem, porra. Preparem-se porque temos outro jogo na terça-feira
contra a melhor defesa da liga. Precisamos dos pontos mais do que eles, então o
que quer que tenha feito vocês jogarem como merda esta noite, resolvam e
deixem no maldito vestiário da próxima vez.
Ele gira nos calcanhares e desaparece porta afora.
— Droga, sinto falta de jogar com aquele velho rabugento — comenta
Miller.
O resto de nós ca quieto porque sabemos que ele está certo. Foi um esforço
do time – ou a falta dele – esta noite. Nós apenas temos que resolver isso.
Eu especialmente.
Mãe: Desculpe sobre o jogo. Não posso deixar de pensar que pode ter sido
meu telefonema que te desconcertou.

Eu zombo. Não posso dizer que seja de nitivamente culpa da minha mãe,
mas ela não ajudou.
Mãe: Mas, por favor, lembre-se... sexta-feira.

Mãe: Te amo!

Com um grunhido, jogo meu telefone de volta no cubículo, o mesmo


sentimento de pavor que encheu meu estômago antes do jogo me atinge
novamente. Eu tenho que resolver essa coisa de encontro.
Amanhã. Irei consertar isso amanhã.
6
Stevie
— Ughhhh.
Eu tento ao máximo não revirar os olhos para minha lha de dez anos. Ela
tem suspirado sem parar desde o m do shootout na noite passada.
Os Comets, que têm feito um trabalho incrível, tiveram di culdades contra o
time que está em último lugar na liga e estiveram muito perto de perder. Ela está
convencida de que eles vão perder toda a temporada e perder os playo s agora.
Tenho tentado dizer a ela que é apenas um jogo, um desempenho ruim, mas ela
não acredita.
Daí o oitavo suspiro da manhã – e são apenas sete da manhã.
— Macie, você está me matando.
— Bem, estamos quites, então, porque os Comets estão me matando, mãe.
— Outro suspiro, outra jogada dramática de sua cabeça.
Quando ela cou tão teatral?
— Mas eles ganharam, não é?
Ela me lança um olhar incrédulo.
— Sim, mas eles deveriam ter jogado... bem, melhor! — Ela levanta as mãos
no ar. É fofo e um pouco engraçado, mas também um pouco irritante.
— Ok, bem, eles irão no próximo jogo. Vai car tudo bem.
— Bem? Bem? Precisa ser melhor do que bem! Quero vê-los ganhar a Copa
de novo!
Ela se joga de volta no banco, com a cabeça apoiada na mochila. Eu tenho
que sair para levá-la para a escola em cerca de dez minutos, e aposto que vou
conseguir pelo menos mais três suspiros antes disso.
Eu tento acalmá-la.
— Todo mundo quer vê-los vencer novamente, e eles vão.
Ela bufa e eu rio, voltando minha atenção para a cafeteira que estou
enchendo. Quero ter certeza de que o food truck está preparado para Rosie
enquanto estou lutando contra a la de desembarque da escola.
— Todo mundo, né? Isso signi ca você?
Macie salta do banco no mesmo minuto em que quase derrubo a cafeteira.
De onde diabos ele veio?
Eu espreito para encontrar Greer caminhando em direção ao food truck. Ele
está perto, me dando nenhum tempo para esconder ou ngir que não o vejo, e eu
realmente não quero vê-lo. Nas duas últimas vezes em que o encontrei, não foi
agradável, e com minha lha sendo atrevida, não tenho certeza se estou a m de
lidar com isso hoje.
— Você!
Falando na minha filha...
Macie pula da mesa de piquenique, com o dedo apontado diretamente para
Greer, que para no meio do caminho.
— Isso é tudo culpa sua!
Suas sobrancelhas sobem.
— O que exatamente é minha culpa?
— Aquele jogo!
Eu posso ver os ombros de Greer murcharem daqui. Ah, então ele está
chateado por eles terem saído com dois pontos também.
— Vocês mal jogaram por vinte minutos. Foi lamentável.
— Macie!
Greer levanta a mão para mim, sua atenção ainda em minha lha, que agora
está a apenas um palmo de distância dele, seu pequeno dedo ainda apontado
para ele e uma carranca que poderia rivalizar com a dele em seu rosto.
— O que poderíamos ter feito melhor?
— Tudo! — Ela joga as mãos para o ar. — Literalmente tudo. O passe, a
patinação, a defesa do gol. — Essa última palavra é pontuada com um olhar que
provavelmente faria qualquer outro homem adulto tremer.
Não Greer, no entanto. Ele apenas olha para ela, olhos a ados e sérios
enquanto ela continua repassando o que eles poderiam melhorar. Ele a está
ouvindo.
Tipo, realmente a ouvindo.
É estranho. Não tenho certeza se já vi Greer tão sério sobre alguma coisa, e
isso quer dizer algo, porque ele está sempre sério.
Ela deixa que o jogador pro ssional de hóquei saiba que se o time passar o
disco apenas um pouco mais rápido, eles acertarão o taco todas as vezes. Se eles
p p p
não cassem presos em sua própria zona por tanto tempo, poderiam fazer turnos
mais curtos, permitindo que patinassem com mais força e rapidez e vencessem o
outro time na posse do disco ou nas batalhas de tacos. Se eles não tivessem
continuado jogando o disco para a direita do goleiro e, em vez disso, ido para a
esquerda, eles poderiam ter aproveitado o fato de ser seu lado fraco e marcado na
parte superior sem suar a camisa.
Admito que não tenho ideia do que ela está falando, mas Greer claramente
sabe, porque ele acena com a cabeça quando ela termina de contar tudo isso.
Então, nalmente, ele diz:
— Então você acha que o esquerdo é o lado fraco?
— Sim! E é seu também, especialmente se eles estiverem mirando logo acima
dos protetores. Você deixa muito espaço aberto. Um disco pode entrar lá assim.
— Ela estala os dedos na última palavra para dar ênfase.
Greer acena com a cabeça novamente.
— Eu acho que você está certa.
Os olhos de Macie se iluminam.
— Eu estou? — Ela limpa a garganta, estufando o peito. — Quero dizer, eu
estou. Eu estou certa. Então diminua o espaço lá fora.
Há uma leve contração nos lábios de Greer, mas passa tão rápido quanto
apareceu.
— Devidamente anotado.
Suas sobrancelhas se franzem, claramente sem entender o que ele disse, mas
ele já está se afastando dela e indo para o food truck antes que ela possa
perguntar. Ele se aproxima da janela, o irritante sorriso arrogante que eu odeio
em seus lábios.
— Steve.
Eu o retribuo com um olhar vazio.
— Greer.
— Boa criança que você tem.
Levanto uma sobrancelha, desa ando-o a dizer qualquer coisa remotamente
horrível sobre minha lha.
Ele não diz.
— O que você quer?
— Um pouco de hospitalidade seria bom.
— Droga, isso está em falta.
— Acho que vou ter que me contentar com um café gelado, então.
q q g
Viro-me para fazer sua bebida, irritada comigo mesma por ter lembrado de
seu pedido do outro dia.
— Sabe, sua lha com certeza tem muito a dizer sobre meu desempenho.
— Ela é uma grande louca por hóquei — digo a ele enquanto despejo o café
no copo para viagem.
— Eu posso dizer. Ela sempre vai aos jogos?
— Às vezes, sempre que tenho uma folga. Miller conseguiu alguns ingressos
para ela.
— Você vai ter que me dizer quando. Talvez possamos colocar o goleiro
reserva na rede para receber sua crítica e colocá-lo em uma boa sequência de
vitórias também.
— Não parecia que você estava vencendo muito na noite passada —
comento, deslizando sua bebida nalizada à sua frente.
Sua carranca perpétua se aprofunda.
— A técnica Heller Jr. ali está certa. Eu joguei como um merda.
— Por quê?
A palavra sai da minha boca antes que eu possa impedir. Eu realmente não
me importo porque Greer teve uma noite ruim... Me importo?
Ele solta um longo suspiro, longo o su ciente para rivalizar com os que
Macie soltou durante toda a manhã.
— Um telefonema que deu errado.
— Você atendeu um telefonema antes do jogo?
Ele inclina a cabeça como se estivesse se perguntando por que o estou
questionando sobre isso.
Eu dou de ombros.
— Miller tem rotinas pré-jogo que ele comentou com Macie antes. Eu sei
que alguns jogadores são rigorosos em não terem seus telefones ligados antes dos
jogos.
Ele acena com a cabeça uma vez.
— Normalmente não ca, mas acho que não abaixei o volume totalmente.
Vibrou, então atendi.
— Alguém importante?
— Minha mãe.
— Filhinho da mamãe? — Eu não posso evitar o sorriso que desliza em meu
rosto.
Ele estreita os olhos.
— Não.
— Claro.
— Eu não sou — ele insiste, e eu amo como isso está claramente o irritando.
— Ela vai se casar.
— Oh. Bem, parabéns a ela. Espero que dure mais do que meu casamento.
Ele bufa.
— Duvido. Ela está determinada a ter uma vida como a de Elizabeth-Taylor.
Eu inclino minha cabeça, sem saber o que ele quer dizer.
— É o quarto dela.
— Oh. — Só me casei uma vez e foi breve, mas essa experiência foi tão
terrível que não tenho certeza se conseguiria tê-la novamente, muito menos
quatro vezes.
— Sim. — Ele passa a mão pelo cabelo escuro, a leve ondulação se achatando
por apenas um momento antes de voltar à sua desordem normal. — Estou meio
que em apuros com isso.
— Com o casamento? É durante a temporada ou algo assim?
— Sim, mas esse não é o problema. Ela mora aqui e o planejou para quando
eu estivesse em casa. É outra coisa, uma coisa que...
Ele para, um olhar sombrio cruzando seu rosto.
— Tão ruim assim?
— Uma acompanhante.
— Huh?
Ele olha para mim.
— Ela quer que eu leve uma acompanhante para o casamento.
— Isso é tudo?
Ele me dá um olhar incrédulo.
— O que você quer dizer com isso é tudo? Eu não namoro.
— Nunca?
Ele balança a cabeça.
— Nunca.
— Isso é... surpreendente.
— Como assim?
— Não sei. — Eu dou de ombros. — Você é um jogador de hóquei – todos
vocês não deveriam estar balançando suas partes de homem por aí e saindo com
mulheres que andam pelo rinque?
— Partes de homem?
Eu olho para minha lha, que está sentada longe o su ciente já que ela não
deveria ouvir esta conversa, mas eu não con o nela mesmo assim. Muitas vezes
pensei que estava sendo sorrateira com uma conversa, apenas para ela ter ouvido
cada palavra, inclusive quando eu falei que o Papai Noel não era real. Foi uma
bagunça, e não quero arriscar isso de novo.
— Não, eu não estou balançando minhas partes de homem por toda parte ou
dormindo com alguém. Aprendi minha lição, muito obrigado.
Interessante...
— Então, sem namoro? — Eu pergunto.
— Sem namoro. Exceto por isso, aparentemente. — Ele geme, deixando cair
a cabeça nas mãos.
Reviro os olhos. Ele é tão ruim quanto Macie com os dramas.
— Não é tão ruim. É apenas um encontro.
— Um encontro é sempre mais do que apenas um encontro. É uma
expectativa.
— De?
— Tudo! — Sua voz sai alta e estridente, algo que nunca ouvi dele. — Ela vai
querer ores e portas abertas para ela, um jantar caro. Então ela vai querer que eu
a acompanhe até a porta dela no nal da noite. Ela vai querer um beijo e um
telefonema. É tudo com o que não quero lidar – tudo com o qual não tenho
tempo para lidar.
— Oh nãooo creio, você precisa ser um cavalheiro. Que horror para você.
— É mesmo. Você não iria querer nada disso porque você é você.
Eu quero me ofender com isso, mas ele está certo. Eu não iria querer nada
disso, especialmente não com ele.
Greer passa a mão pelo cabelo, deixando-o mais bagunçado do que já está.
Ele olha ao redor do terreno baldio. Se ele tivesse chegado apenas dez minutos
antes, este lugar estaria lotado, mas todos já estão a caminho do escritório,
deixando apenas Macie e nós.
Ele toma alguns goles de seu café, então me encara novamente.
— Você está sendo legal comigo hoje. Não me disse para ir embora uma vez.
Por quê?
— Estou? — Preciso de algo para ocupar minhas mãos, qualquer coisa, então
pego o pano mais próximo e começo a limpar o balcão que está completamente
impecável. — Eu não tinha notado.
Isso é uma mentira. Eu de nitivamente notei. Greer e eu nunca conversamos
tanto antes, pelo menos não sem um insulto.
— Espere... esta é a sua maneira de me agradecer? Sendo legal comigo?
Ok, então talvez inconscientemente, é isso que estou fazendo.
Mas também, Greer me intriga. Ele é sempre tão... desagradável de se estar
por perto. Eu quero saber por quê. Além disso, ele quase quebrou o coração da
minha menina ontem à noite, e estou ansiosa para descobrir o que o está
incomodando, então talvez isso não afete mais seu jogo.
— Eu acho que sim.
— Posso pensar em uma maneira melhor de você me agradecer.
Eu recuo, curvando meus lábios para cima.
— Isso nunca vai acontecer.
— O quê? Você acha que eu quero dizer... — Ele se inclina para mais perto.
— Sexo? — Ele joga a cabeça para trás, rindo e me fazendo querer estender a mão
por cima do balcão e dar um tapa nele. — Não. De nitivamente não. Mas estou
lisonjeado que esse foi o pensamento que sua mente teve.
Não? O que diabos ele quer dizer definitivamente não? Eu também não
quero dormir com ele, mas definitivamente não? E disse tão severamente?
Dane-se ele.
Eu olho furiosa para ele e seu estúpido rosto sorridente.
— Você pode ir agora, Greer.
— Mas você não ouviu minha proposta.
— E eu realmente não quero.
— Ah, mas acho que quer sim. — Ele aponta para minha lha, que voltou a
se deitar no banco da mesa de piquenique, com o rosto en ado em algum livro
de hóquei. — Isso vai bene ciá-la.
— Como?
— Ingressos gratuitos para jogos.
— Miller já chegou antes de você. Além disso, somos perfeitamente capazes
de comprar os nossos, mas obrigada por insinuar que não posso pagar por eles.
— Eu não estava... — Ele balança a cabeça. — Deixa para lá. Mas se os
ingressos gratuitos estão fora de questão, que tal camisetas?
— Suas? — Agora é minha vez de rir. — Ela não iria querer. Con e em mim.
— Ela me odeia tanto assim?
Eu levanto meus ombros.
— Acho que ela tem bom gosto.
q g
— Ok, tudo bem, não minhas. Outras camisas.
— Posso comprar as camisetas dela.
Ele geme.
— Você está realmente me matando aqui.
— Eu estou? Porque você está oferecendo um monte de coisas, mas não me
dizendo o que quer em troca.
— Um encontro.
Paro de esfregar o balcão já limpo e levanto meus olhos para ele.
— Como é?
— Seja meu encontro para o casamento.
— Não me faça vomitar.
— Seja meu encontro para o casamento — ele repete.
Puta merda. Ele está falando sério. Ele está falando muito sério.
— Não. Absolutamente não.
— Por que não? — Se eu não o conhecesse melhor, diria que ele está
ofendido por eu não ter caído a seus pés.
— Bem, para começar, eu nem gosto de você.
— Isso é injusto.
— É mesmo? Você não é exatamente o cara mais legal de todos.
— Eu salvei você.
Esse é o lembrete que eu não queria.
— Sabe, não conta como um gesto legal se tudo o que você for fazer é jogar
na minha cara.
— Isso é justo — diz ele, sua concessão me surpreendendo. — Mas você me
deve.
— Eu não te devo. Já agradeci.
— Exceto que você não fez. Você foi legal comigo, o que não é a mesma coisa.
Droga. Ele me tem lá.
— Que tal isso: se você for meu encontro, não vou fazer você dizer obrigada.
— Que tal isso: não vou dizer obrigada porque não pedi sua ajuda. Não
preciso que você ou qualquer outra pessoa intervenha e me resgate como uma
princesa indefesa.
Ele levanta as mãos, o gelo em seu copo agora meio vazio balançando.
— Tudo bem. Acalme-se, Kelly Clarkson.
Eu levanto minhas sobrancelhas, não impressionada por sua referência.
— Mais uma vez, vá embora, Greer.
— Eu vou treiná-la.
— Huh?
Ele acena com a cabeça para Macie, que ainda está completamente envolvida
em seu livro.
— Eu a treinarei. Ela é uma viciada em hóquei, certo? Estou assumindo que
você a inscreveu na liga juvenil. Eu a treinarei.
— Você tem tempo para isso?
— Não.
— Então eu...
— Vou arranjar tempo.
— Greer...
— Steve... — Ele diz no mesmo tom, e eu quero gritar com ele por me
chamar de Steve. Apenas Scout pode fazer isso, e ela também não deveria. Esse
apelido era reservado para meu pai, que faleceu há alguns anos. Ela tem sorte de
eu gostar dela.
Macie se mexe na mesa, e eu arrasto meu olhar de volta para minha lha, que
não sabe que estou tendo uma conversa que pode mudar toda a sua vida.
Não a inscrevi na liga juvenil. Ela mencionou que queria jogar, mas sei que
hóquei não é barato. Também não tenho certeza se teria tempo para levá-la aos
jogos. Eu sou apenas uma pessoa.
Mas se Greer está se oferecendo, signi ca que ela receberá treinamento de um
pro ssional, algo que ela provavelmente precisa desde que tem dez anos e já está
atrasada em relação às outras crianças que jogam há anos. Ela teria um verdadeiro
especialista para ensiná-la, algo que eu nunca poderia pagar. Ela iria adorar,
mesmo que fosse Greer.
Eu seria uma tola em deixar passar esta oportunidade para minha lha,
especialmente quando isso vai me custar apenas uma noite da minha vida. Qual
é o pior que poderia acontecer? Eu ganho bebidas grátis e danço sozinha? Eu
posso lidar com isso.
— Vamos — diz Greer. — Estou desesperado aqui.
— Uau. Que maneira boa de fazer uma garota se sentir especial.
— Se eu fosse você, consideraria um elogio que pre ro passar minha noite
com você do que com uma mulher com quem eu de nitivamente iria para a
cama depois.
Imagens de Greer e eu enrolados em lençóis de seda – ele é rico, então
presumo que sejam de seda – invadem minha mente. Pior, entre minhas pernas...
p q j p
Eu me dou uma sacudida, recusando-me a deixar continuar por mais tempo.
É Greer, pelo amor de Deus. Não estou nem um pouco interessada nele. É só
porque não estou com ninguém há muito tempo. Isso é tudo.
— Ok, se isso está acontecendo – e eu ainda não disse sim – precisamos de
regras, e essa é a número um. Eu não vou dormir com você.
— Por que você tem que falar assim? — Ele pergunta.
— Como se fosse a coisa mais nojenta que eu poderia imaginar? — Ele
concorda. — Porque é.
Ele agarra o peito, dando um passo cambaleante para trás. Seus pés
arrastando pelo cascalho fazem Macie levantar a cabeça, seus olhos se estreitando
em nós como se ela estivesse tentando descobrir o que está acontecendo. Só dura
um segundo antes que seu nariz seja enterrado de volta em seu livro.
— Essa é a coisa mais maldosa que você já me disse, e isso é dizer alguma
coisa.
— Con e em mim, Greer, eu mordi muito a minha língua perto de você. Eu
tenho um monte de coisas ruins que eu poderia dizer.
— Por favor. — Ele dá um passo de volta para o balcão. — Diga-me o que eu
z para fazer você me odiar tanto.
— Para começar, você é cruel com a minha lha.
— Ela é má comigo.
— Você está chateado porque uma criança de dez anos cricrilou você?
— Estou feliz que você saiba o que é cricrilar. Você vai ser uma ótima mãe de
hóquei.
— Uma mãe de hóquei? Por que você é uma mãe de hóquei?
Greer e eu nos assustamos com a súbita intrusão que é Macie. Eu nem a vi
levantar.
— Mãe? — Ela pergunta impaciente quando nenhum de nós responde. —
Por que você é uma mãe de hóquei?
Ela olha entre mim e o goleiro da NHL, seus olhos mais brilhantes do que eu
já vi antes, e isso inclui este último Natal, quando Miller a surpreendeu com
todos aqueles ingressos.
— Ela vai inscrever você para jogar hóquei.
— Você vai?! — A vozinha de Macie sobe cerca de duas oitavas, e seus pés
saem do chão enquanto ela salta para cima e para baixo várias vezes.
— E eu vou treinar você.
O salto para imediatamente quando ela olha para Greer, com as sobrancelhas
franzidas.
— Você vai?
— Bem, merda, não soe tão animada com isso.
— Você não pode dizer merda. Você pode dizer bobão, mas não pode dizer
merda.
— Você acabou de dizer merda duas vezes — Greer aponta.
Seus olhos se arregalam quando ela olha para mim, com medo de que ela
esteja prestes a se meter em problemas.
— Deixe-a em paz, Greer.
— Sim, me deixe em paz, Greer — Macie diz a ele, cruzando os braços,
parecendo muito orgulhosa de si mesma.
— Está prestes a ser treinador Greer para você.
Então, porque ele é um adulto, ele mostra a língua para ela.
Balanço a cabeça com suas travessuras.
— Fico feliz em ver que esse relacionamento teve um ótimo começo.
— Isso quer dizer que é um sim? — Greer olha para mim com olhos
esperançosos. Eu nunca o vi parecer tão desesperado antes. Eu quero dizer não
para irritá-lo.
— Sim, isso signi ca que você está realmente me inscrevendo para jogar
hóquei, mãe?
Droga. Não consigo dizer não a Macie quando ela parece ainda mais
desesperada por um sim do que Greer.
Eu tenho tempo para hóquei? Bem, com meu outro trabalho provavelmente
me demitindo em breve, sim... pelo menos até eu encontrar outra coisa.
Talvez economizemos por alguns meses. Talvez reduzamos outras atividades,
comamos menos fora – não que façamos isso com frequência agora, mas ainda
assim. O hóquei é importante para Macie e Macie é importante para mim. Eu
quero que ela seja feliz. Eu quero que ela consiga tudo o que ela quer na vida.
Eu posso fazer isso por ela.
É apenas um encontro com Greer. Eu posso sobreviver a isso... certo?
Com um suspiro, eu digo:
— Sim. A resposta é sim.
— Sim! — Macie joga as mãos para o alto, pulando para cima e para baixo
sem parar. — Vou jogar hóquei!
Greer a observa e, se eu não estou enganada, seus lábios se contraem,
claramente se divertindo com a felicidade dela. Ele acena com a cabeça para ela
enquanto ela se pula para longe – literalmente – e diz:
— O entusiasmo dela? Isso é o que está acontecendo dentro de mim.
— Você é a pessoa mais mal-humorada que já conheci, então duvido muito
que tenha cado tão animado em toda a sua vida.
— Primeiro, você conheceu Smith, e ele é muito mais mal-humorado do que
eu. Segundo, eu também já quei muito animado.
— Me diga quando.
— Eu consegui ingressos para ver O Senhor dos Anéis à meia-noite uma vez. A
melhor noite da minha vida.
— Incluindo quando você perdeu a virgindade no mês passado?
— Ei, eu não sou o Miller.
— Você tem razão. Ele é mais bonito.
Seus olhos se estreitam, mas não é o seu habitual olhar amuado. Em vez disso,
é... outra coisa.
Antes que eu possa especular mais, ele muda de assunto.
— Então, um encontro... nós dois.
Eu suspiro com o lembrete. Por um breve segundo, esqueci minha parte no
trato.
— Infelizmente.
Um sorriso puxa seus lábios como se ele estivesse gostando da minha dor.
— Você vai se divertir.
— Eu duvido disso.
Ele bate no balcão duas vezes.
— Entrarei em contato, Steve.
— Oh, que alegria.
Outro sorriso.
Ele se vira e segue para o estacionamento, mas não antes de acenar para
Macie, que ainda está dançando um pouco.
— Arrume seu equipamento. Você vai precisar.
— Ok.
— E um bom equipamento — ele diz para ela por cima do ombro enquanto
se dirige para o estacionamento.
Macie, acostumada com idiotas implicando com ela, abre um grande sorriso
para ele.
p
— São as cores dos Comets, mas um outro jogo como aquele de ontem à
noite e vou trocá-las!
Juro que ouço a risada de Greer.
Em que diabos eu me meti?
7
Greer & Stevie
Greer: Quando você estará disponível?

Stevie: Quem é?

Greer: Sua pessoa favorita em todo o planeta.

Stevie: Greer?

Greer: Eu sabia que você gostava de mim.

Stevie: Eu realmente, realmente não gosto.

Greer: Continue dizendo isso a si mesma, Steve.

Stevie: Stevie. S-T-E-V-I-E! Não é tão difícil.

Stevie: Mais uma vez, o que você quer?

Greer: Marcar uma data.

Stevie: Nós já marcamos.

Greer: Não a data do NOSSO encontro. Quero dizer uma data para a
primeira sessão de treinamento.

Greer: Estou lisonjeado por você estar tão animada com nosso encontro.
Não consegue parar de pensar sobre, não é ?

Stevie: Não consigo parar de pensar no que tenho certeza de que será o
momento mais embaraçoso da minha vida? Sim.

Greer: Você acha que dizer às pessoas que você está namorando comigo
é embaraçoso?

Stevie: Sim.

Stevie: Agora pare de ser irritante e vá direto ao ponto da conversa.

Greer: Ooooh. Alguém está irritada.


Greer: Eu meio que gosto de ver você ficar nervosa, especialmente por
minha causa.

Stevie: Greer...

Greer: Tudo bem.

Greer: Temos treino amanhã de manhã. Se vocês duas quiserem ir e ver as


coisas, podemos fazer um teste depois.

Stevie: Um teste? Achei que isso fazia parte do acordo. Você ensina Macie,
e eu serei sua acompanhante.

Stevie: Sem teste.

Greer: E se não formos compatíveis? E se ela me morder?

Stevie: Ela tem dez anos. Ela não vai te morder.

Greer: Eu mordia as pessoas quando tinha dez anos.

Stevie: Por que isso não me surpreende?

Stevie: Ela não vai te morder. Eu prometo.

Greer: Não tenho tanta certeza se acredito em você. Você nem gosta de
mim. Você provavelmente quer que eu seja mordido.

Stevie: Eu nunca disse que não gostava de você.

Greer: Sim, você disse. Várias vezes.

Stevie: Tudo bem, eu não gosto de você.

Stevie: Mas eu não estou mentindo. Ela não vai te morder. Ela não morde
ninguém há seis meses ou algo assim.

Greer: Uau. Estou TÃO feliz por poder testar sua sobriedade de mordidas
dessa forma.

Stevie: Para ser justa, aquele garoto a mordeu primeiro.

Greer: Sua filha parece assustadora.

Stevie: Ela pode ser.

Stevie: Mas ela não vai te morder.

Greer: Promessas, promessas.


Stevie: Quanto tempo preciso reservar?

Greer: Pelo menos duas horas.

Stevie: Espere, estamos vendo vocês treinarem também?

Greer: Sim.

Stevie: Por quê?

Greer: Pode ser bom para ela ver um treino profissional antes de entrar no
gelo.

Stevie: Ah. Isso faz sentido.

Greer: Estamos combinados, então?

Stevie: Só mais uma coisa...

Stevie: Como você conseguiu esse número?

Greer: Eu tenho meus jeitos.

Stevie: Miller?

Greer: Talvez.

Greer: Por quê?

Stevie: Só precisava saber o tamanho que devo cavar a cova.

Greer: Sua filha me assusta, mas você me assusta mais.

Stevie: Ótimo.

———
Stevie: Que tipo de equipamento devo levar?

Greer: Bem, os patins são obrigatórios.

Stevie: Mais alguma coisa?

Greer: Não. Vamos começar apenas com patins. Temos alguns tacos e
discos com os quais ela pode jogar no rinque de treino.

Greer: Eu realmente só quero ter uma ideia de onde ela está.

Stevie: Ela está em zero.


Greer: O que significa que?

Stevie: Ela, uh, nunca jogou antes.

Greer: Nunca?

Stevie: Não.

Stevie: Bem, ela jogou usando patins de rodinhas, mas não no gelo.

Greer: Oh Deus.

Stevie: Uma surpresa?

Greer: Sim, grande surpresa.

Greer: Isso vai dar muito trabalho.

Stevie: Ela está disposta a aprender.

Stevie: Ela está praticando desde ontem.

Stevie: Eu também fui chamada na sala do diretor ontem porque ela


entrou em um empurra-empurra com um garoto que não acreditou que
ela iria treinar com você.

Stevie: “Que ótimo, mãe! Minha primeira ida para o banco! Goleiros não
vão para o banco!”

Stevie: Isso é o que ela me disse ontem.

Greer: Ela está certa. Outra pessoa leva o peso da punição por nós.

Greer: Confie em mim, porém, é tão ruim quanto sentar lá você mesmo.

Stevie: Goleiros não se metem em problemas?

Greer: Ah, nós nos metemos.

Greer: Existem alguns goleiros idiotas por aí. Eles fazem umas merdas
estúpidas.

Greer: Nós levamos falta, mas não temos que cumpri-las. Alguém que
estava no gelo quando cometemos a falta que a cumpre, então não
apenas seu treinador está puto com você, mas seus companheiros
também. É uma merda.

Stevie: Você já teve problemas?

Greer: Muitas vezes.


Stevie: Pelo quê?

Greer: Derrubar outro jogador. Bater o taco em outro. Pegar pesado com
aquele filho da puta do Colter. Até me deu uma má conduta no jogo uma
vez quando comecei na liga.

Greer: Ainda não participei de uma briga de goleiros, embora esteja na


minha lista de desejos.

Stevie: Jogadores de hóquei são tão estranhos.

Greer: E os goleiros são ainda mais estranhos. Somos de uma raça


diferente.

Stevie: E pensar que minha filha quer ser uma.

Greer: Ela tem o fogo, com certeza.

Greer: Basta trazer os patins. Eu cuido do resto.

Stevie: Aye, aye, capitão.

Greer: EU NÃO OUVI DIREITO!

Stevie: O quê?

Greer: Ah. Achei que estávamos fazendo a música do Bob Esponja. Deixa
para lá.

Stevie: Ooooooooh.

Greer: VIVE NUM ABACAXI E MORA NO MAR?

Stevie: Ainda não estamos fazendo isso.

Greer: Certo.

Greer: Até amanhã.

Stevie: Infelizmente.

———
Stevie: A que horas devemos estar lá?

Greer: Você só pode estar brincando comigo.

Stevie: O quê?
Greer: São 5 da manhã, porra.

Stevie: São 5:15, obrigada.

Stevie: E bom dia.

Stevie: A que horas devemos estar lá?

Greer: Você sempre acorda tão cedo?

Stevie: Basicamente. Às vezes, quando estou me sentindo atrevida, durmo


até às 5h30, mas isso é uma raridade.

Greer: Eu te odeio.

Stevie: Ei, essa é a minha fala!

Stevie: Então... Que horas?

Greer: 9h.

Greer: Vou atrasar um pouco, mas encontro você no gelo em quinze


minutos.

Stevie: Tem que ver suas groupies primeiro?

Greer: Maria patins.

Stevie: O que tem a Maria?

Greer: É assim que as groupies de hóquei são chamadas. Maria patins.

Stevie: Ah. Elas parecem tão fofas.

Greer: Elas realmente não são.

Stevie: Uh-oh. Má experiência?

Greer: Claro que não. Não sou estúpido o suficiente para ser arrastado por
essa tempestade de merda. Eu tive algumas grudentas, porém, e isso foi
terrível o suficiente.

Stevie: Ah, isso mesmo. Você é anti-amor.

Greer: Quem disse que eu era anti-amor?

Stevie: Você disse. E cito: “É um monte de merda”.

Greer: É realmente muito cedo para isso.


Stevie: Volte a dormir, alteza.

Greer: Alteza? O que eu sou, um rei?

Stevie: Apenas do inferno.

Greer: Ora, Steve, não fique toda doce comigo. Vou começar a pensar
que você gosta de mim ou algo assim.

Stevie: Isso nunca vai acontecer.

Stevie: E pela milionésima vez, é STEVIE.

Greer: Até você começar a ser mais legal comigo, será Steve.

Stevie: Isso é maldade.

Greer: E você também é, então acho que estamos quites.

Stevie: Estou revirando os olhos com muita força para o homem adulto que
vi ser um idiota várias vezes me chamando de má.

Greer: Você começou.

Stevie: Você tem cinco anos?

Greer: Não. Você apenas traz para fora o pior de mim.

Stevie: Adorável.

Stevie: Volte a dormir, Greer. Preciso que descanse para poder ensinar
minha filha.

Greer: Eu já estou acordado agora. Posso muito bem começar meu dia.

Stevie: De nada. E quem sabe, talvez você goste de acordar cedo. É


revigorante começar o dia cedo.

Greer: Não quando ainda está escuro lá fora, não mesmo.

Stevie: Você é terrivelmente dramático.

Greer: Você vai se acostumar com isso.

Stevie: Ah, eu já estou acostumada. Olá, tenho uma filha de dez anos,
lembra?

Greer: Ela não vai ser dramática no gelo, vai?

Stevie: Não tenho certeza. Mas se ela for, o problema é seu.


Greer: Não sorria para isso!

Stevie: Desculpe. Não posso falar. Coisas para fazer.

Greer: Mulher malvada.

Stevie: *sorrindo*
8
Greer
— Tudo bem. Percebi durante o último jogo que você estava tendo di culdades
com seu lado de bloqueio, então quero focar nisso hoje. — Bill, meu treinador
de goleiros, bate seu taco no gelo algumas vezes antes de patinar para trás e jogar
discos em mim sem avisar.
Eu erro.
Eu realmente não deveria errar isso. Eu deveria estar atento. Eu deveria vê-lo,
deveria saber que está vindo, mas ele ainda passa voando por mim e vai para a
rede.
Posso ouvir a buzina do gol tocando na minha cabeça. Ver a luz vermelha
acesa, mostrando que o outro time marcou. Visualizar todas as nossas esperanças
e sonhos de conseguir vencer a Copa voar pela janela.
— Não faça isso, Greer. Não se culpe por perder um disco.
— Mas um disco é tudo o que é preciso — eu argumento de volta, irritado
comigo mesmo, irritado por ele perceber que eu já estou pensando
negativamente.
— Sim, isso de nitivamente pode ser verdade, mas não é o m do mundo.
— Pode ser o m da minha carreira — murmuro, grato pela minha máscara
que felizmente bloqueia minhas palavras. Bill me mataria se ouvisse isso, e eu não
o culpo.
Eu não deveria deixar isso me incomodar. Não vou bloquear e salvar tudo.
Há apenas alguns dias que me incomoda mais do que outros.
Não posso deixar de me perguntar se hoje é porque há dois pares de olhos
nas arquibancadas me observando. Eu nem preciso olhar para cima para saber
que ela está olhando, porque eu posso sentir… Stevie está olhando para mim com
tanta intensidade agora. Macie também.
Estou acostumado com espectadores vindo e assistindo durante os treinos.
Acontece o tempo todo, mas desta vez... parece diferente com elas aqui. Tenho
certeza de que é só porque estou treinando Macie depois disso e quero causar
uma boa impressão, para que ela não me morda, obviamente.
Sim, deve ser isso. É por isso que estou tão agitado. Eu só preciso tirá-las da
minha cabeça, só isso.
Eu respiro fundo, depois de novo. Eu aceno para dizer a Bill que estou
pronto, então me preparo enquanto ele patina mais longe. Ele puxa o taco para
trás e lança.
Ele vira as mãos na última fração de segundo, e o disco vai para onde eu não
esperava.
Eu faço o bloqueio.
— Bom! — Ele chama. — De novo!
Ele se prepara e lança.
Eu bloqueio.
De novo.
Eu bloqueio.
De novo.
Eu perco.
— Porra! — Eu patino para fora do meu gol e patino um pouco no gelo,
murmurando para mim mesmo. — Vamos lá, cara. Não que com raiva por
perder um. Está tudo bem. Você está bem. Não deixe essa merda entrar na sua
cabeça. Você já viu isso acontecer muitas vezes com muitos bons goleiros. Eles
deixam entrar alguns gols fracos e, de repente, estão em uma fase ruim. Você
consegue, porra.
Bato no peito com a luva e respiro fundo algumas vezes. Eu patino de volta
para a rede, planto meus patins onde eu quero e me agacho, pronto para
defender.
Bill dispara dez lances na minha direção.
Eu bloqueio todos eles.
Continuamos, desta vez com meus companheiros entrando na confusão,
atirando disco após disco em minha direção. Eles aumentam a quantidade, me
sufocando e lutando pelo disco. Deixo entrar mais alguns gols, mas já não me
incomodam como antes. Estou mais calmo e mais controlado. Me sinto
con ante e pronto.
Não estou dizendo que talvez Stevie estivesse certa sobre acordar cedo, mas
não há como estar acordado e ter mais da metade da minha lista de tarefas riscada
antes de bater no gelo é apenas uma coincidência. Não sinto que haja nada me
g p q j
incomodando no fundo da minha mente e isso está me permitindo recentralizar
rapidamente.
Talvez a mulher má estivesse certa.
Um apito soa, tirando-me de dentro da minha cabeça e voltando ao treino.
— Rapazes!
Todo o time patina até o meio do gelo onde está o treinador Heller. Alguns
de nós se ajoelham enquanto outros se levantam, mas todos temos nossos olhos
xos em nosso treinador. Ele não é o maior dos caras, mas com certeza sabe como
comandar um lugar. Quando soube que estava assinando com os Comets, a
primeira coisa que z foi acessar o YouTube e procurar meu novo treinador.
Ele é uma besta do caralho. Provavelmente um dos melhores valentões que a
liga já viu. Mais minutos de faltas do que eu jamais poderia sonhar. Quando ele
estava realmente no gelo, ele ajudou em algumas jogadas também. Tudo em
torno de um jogador sólido.
Agora, ele é um ótimo treinador.
— Estamos bem na classi cação, e estamos em casa, onde sabemos que
jogamos bem, mas tudo isso não é motivo para tirar o pé do acelerador. Podemos
ter saído com dois pontos, mas nosso último jogo foi desleixado. Hoje parecemos
melhores, mas sempre há espaço para melhorias, e é isso que precisamos fazer –
continuar melhorando. Queremos preencher os pontos. Precisamos aumentar
nossos pontos. Então queremos ir para os playo s nos sentindo bem, nos
sentindo prontos. Então deem tudo de si, rapazes. Nada nesta liga é fácil e
nenhuma liderança é segura, nem mesmo a nossa.
Ele olha nos olhos de cada um de nós, acena com a cabeça uma vez e sai
patinando. O treino acabou por hoje.
— Tenho algumas coisas rápidas para resolver, então vocês estão livres — diz
o assistente técnico. — O treino amanhã de manhã é opcional. Eu preciso que
vocês...
Ele continua por alguns minutos sobre o que precisamos trabalhar, quem
precisa ver o médico do time, quem precisa bater os pesos. Assim que ele termina
seu discurso, estamos liberados.
— Ei, estamos pensando em ir até o Madhouse para comer. Você está
dentro? — Miller pergunta. — Scout está escrevendo hoje, então eu quero car
longe do caminho dela.
— Sair em público com você? Estou bem.
— Ei, já estivemos juntos em público antes.
j j p
— O food truck de donuts da sua namorada não conta.
— Conta sim — ele murmura.
— Além disso, estou ocupado.
— Fazendo o quê? Olhar feio para a parede?
— Ei, se a parede merece, ela merece.
Ele parece genuinamente confuso, então reviro os olhos.
— Eu tenho planos.
Eu olho para a área que está se esvaziando lentamente. Existem alguns
errantes – sempre há – que estão tentando conseguir fotos, discos e tacos. Então,
sentadas no fundo da arquibancada estão Stevie e Macie. A criança parece que
está prestes a voar para fora de seu assento, suas perninhas saltando para cima e
para baixo com entusiasmo.
Juro que vejo Stevie dizer a ela: “Ainda não.”
— Espere... Elas não estão aqui por mim?
— Não.
— Que diabos, senhoras? — Miller grita, jogando as mãos para o ar,
aparentemente não se importando que ele pareça um completo idiota.
Stevie exagera um encolher de ombros e, em seguida, Miller sacode o punho
para ela. Ela ri, e é uma risada genuína.
Não tenho certeza se já vi uma risada genuína dela, mas tenho certeza de que
não gosto que seja Miller fazendo-a rir assim.
— Você não tem um lugar para estar? — Eu digo a ele, mas até eu ouço isso
sair mais como um rosnado.
Se ele percebe, não demonstra. Ele apenas sorri para mim com aquele sorriso
detestável, cheio de dentes, com energia de golden retriever que ele sempre exibe,
e ri.
— Ah, não pareça tão triste por eu estar deixando você.
— Con e em mim, não estou.
— O que você está fazendo com elas de qualquer maneira?
— Treinamento.
Seus olhos se arregalam.
— Você está treinando uma criança? Mas você odeia crianças.
— Eu não odeio crianças — murmuro. — Eu particularmente não gosto
delas.
— Isso é odiá-las.
— Não totalmente.
— Mas Macie é uma boa criança. Não há necessidade de odiá-la.
— Vou ter que me lembrar disso.
Ele dá um passo em minha direção, seus olhos nunca deixando os meus.
— Certi que-se de fazer isso, porque elas são boas pessoas, Macie e Stevie.
Umas das minhas favoritas, na verdade. Eu gosto delas muito mais do que gosto
de outras pessoas.
É uma ameaça. Um pouco velada, mas a mensagem é a mesma: se eu
machucar Stevie ou Macie, Miller vai me machucar.
— Você me entende? — Ele pergunta.
Eu concordo.
— Eu entendo.
— Bom. — E assim, seu sorriso perfeito volta ao lugar enquanto ele coloca
distância entre nós mais uma vez. Sua mão pousa no meu ombro. — Vejo você
amanhã, cara.
Então ele sai patinando, alcançando Hayes. Os dois riem durante todo o
caminho para fora do gelo.
Normalmente não vejo esse lado de Miller – na verdade, acho que nunca vi –
e isso meio que me faz respeitar mais o cara. É o que eu faria se tivesse alguém
com quem me importasse.
Eu olho para as arquibancadas onde Stevie e Macie estão sentadas, mas elas
não estão mais lá. Em vez disso, elas estão descendo em direção ao gelo.
Eu dou a elas um aceno para chamar sua atenção. Stevie inclina a cabeça para
mim e eu aponto para o vestiário e levanto minha mão.
Cinco minutos, murmuro.
Ela acena com a cabeça, então levanta os patins em sua mão. Não são de uma
boa qualidade, mas servem por enquanto. Talvez se hoje correr bem e eu não for
mordido, eu compre um par melhor para Macie.
Eu vou para o vestiário, tirando algumas das minhas roupas no caminho para
lá. Algumas pessoas tentam me impedir no meio do caminho, principalmente
Hayes e Fitz, mas eu os ignoro, tentando me recompor para que eu possa
terminar esta sessão de treinamento o mais rápido possível.
Depois de me trocar, borrifo um pouco de colônia em mim, encobrindo o
fedor e me sentindo como se estivesse no ensino médio novamente.
Pelo menos não é Axe, digo a mim mesmo.
Faço questão de avisar George, o gerente do rinque, que vou usar o gelo um
pouco. Ele está perfeitamente bem com isso, não que eu pensei que ele não
p p q p q
estaria.
Macie e Stevie estão sentadas ao lado do túnel quando saio.
— Oh meu Deus — Macie sai correndo. — Eu estou tããão animada. — Ela
bate palmas e tenta pular para cima e para baixo, mas ela cambaleia. Stevie
estende a mão para ela ao mesmo tempo em que ela se segura nas tábuas.
Seria quase cômico se não fosse preocupante.
— Você nunca andou de patins, hein?
Macie ca instantaneamente na defensiva, cruzando os braços sobre o peito e
erguendo o queixo.
— Eu já andei sim.
— Mesmo? Porque sua mãe diz que não.
— Mãe! — Macie grita, seu queixo caindo. — Eu já andei em patins de
rodinhas!
— Con e em mim, menina, é parecido, mas não é a mesma coisa. O gelo é
escorregadio.
— Bem, dã. — Os olhos de Macie rolam para a parte de trás de sua cabeça. —
Eu sei disso.
— Ei, eu estive neste jogo toda a minha vida, e às vezes os jogadores ainda
parecem esquecer que é um jogo jogado no gelo enquanto usam sapatos muito,
muito a ados.
— Não vou esquecer, meu Deus.
— Hum. Tenho certeza de que não.
Cruzo os braços sobre o peito e olho para a roupa dela. É um pouco demais
com a enorme jaqueta, mas vou deixá-la decidir se deve usá-la ou não.
Eu dou uma olhada em seus patins, então caio de joelhos.
— O que você está fazendo?
— Consertando seus patins. — Eu dou um tapinha na minha perna. —
Aqui em cima.
— Mas... eles são a ados. Você acabou de dizer isso.
— Apenas con e em mim, sim, menina?
Ela bufa, mas faz o que eu peço e cuidadosamente coloca o pé na minha coxa.
Eu a agarro, puxando-a para mais perto de mim.
— Estou usando equipamento de proteção sob minhas calças. Ajuda a
proteger contra as lâminas — explico enquanto ajusto seus patins. — É algo que
todo jogador de hóquei usa. No começo é um pouco estranho, mas você se
acostuma rápido.
p
Eu olho para cima para ter certeza de que ela está ouvindo, e ela acena com a
cabeça várias vezes. Seus olhos estão arregalados e ela parece assustada.
Provavelmente apenas nervosismo, tenho certeza.
Eu olho para a mãe dela, que está pairando sobre nós, observando cada
pequena interação. Ela me lança um pequeno sorriso igualmente trêmulo, e sinto
um soco no estômago que não esperava quando vejo. Quase parece que não
gosto que elas estejam com medo ou nervosas. Eu... Eu quero blindá-las desses
sentimentos, protegê-las. Eu quero...
Uau. Que porra?
Não faço ideia de onde isso veio, mas não sou eu.
Balanço levemente a cabeça e continuo apertando os patins nos pés de Macie.
Quando termino, coloco-a de pé e me levanto.
— Como eles estão?
— Bem. Melhores — Ela olha para sua mãe, uma pequena carranca puxando
seus lábios. — Desculpe.
Stevie sorri, seus olhos enrugando nos cantos enquanto ela olha para sua
lha.
— Não se desculpe, boba. Esta é uma experiência de aprendizado para nós
duas. — Ela olha para mim, seu sorriso desaparece no segundo em que nossos
olhos se encontram. — Para nós três.
Faça dessa minha segunda ameaça não tão velada da manhã, e ainda nem são
dez horas.
— Certo, Greer?
— Alguém te chama pelo seu nome verdadeiro? — Macie pergunta antes
que eu possa responder a sua mãe com algo espertinho.
— Meu nome verdadeiro? Greer é meu nome verdadeiro.
— Não é o seu primeiro nome. Seu primeiro nome é Jacob, nome completo
Jacob Lee Greer. Você nasceu em Saskatoon, Canadá. Você começou a jogar
hóquei quando tinha cinco anos. Você costumava ser atacante, mas abandonou
isso quando tinha a minha idade. Você...
Eu levanto minha mão para cima, parando-a.
— Tenho certeza de que conheço minha própria história de vida na
Wikipedia, mas obrigado.
Ela revira os lábios, um tom vermelho rastejando em suas bochechas.
— Você está pronta para entrar no gelo?
Seus olhos deslizam em direção ao rinque, e há um engasgo em sua respiração
enquanto ela olha para ele. Ela está nervosa.
Não quero que ela que nervosa. Eu preciso que ela esteja o oposto disso se
este for ser um dia de sucesso.
— Ou você pode se sentar no banco como uma grande covarde.
— Greer! — Stevie grita, avançando na frente de sua lha, quase como se
estivesse protegendo a criança de mim.
Macie, para minha alegria, passa por sua mãe e levanta o queixo mais uma
vez.
— Estou pronta para chutar seu bundão.
Stevie não repreende a lha por xingar. Ela está muito ocupada parecendo
orgulhosa.
Francamente, eu também estou.
— Vamos.
Eu saio, sem esperar que Macie me acompanhe. Ela dá alguns passos antes de
encontrar o equilíbrio – todas as quase quedas pontuadas pelos suspiros de
Stevie –, mas nalmente ela chega à borda.
— Está pronta? — Eu pergunto a ela mais uma vez.
Ela acena com a cabeça.
— Vamos fazer isso.
Estendo minha mão, puxando-a para o gelo sem outra palavra.
— Uau! Ohmeudeusohmeudeusmeudeus! — Ela grita enquanto eu a reboco
de costas, mas seus gritos de medo rapidamente se tornam melhores enquanto
ela uiva de tanto rir e seu rosto congela em um sorriso.
Não me lembro da última vez que tive que puxar alguém pelo gelo. Talvez
quando eu tinha dezesseis anos com um dos meus pseudo-irmãos? É tempo
su ciente para ter esquecido como é divertido ver alguém se apaixonar pela
mesma coisa que eu amo.
E foi exatamente isso que acabei de testemunhar. Ela adora isso aqui. Este
gelo... é a casa dela. Ela pertence a ele.
— Está frio! — Ela me chama enquanto eu a puxo. — Isso é bom.
— Sim? Você quer tentar por conta própria?
Sua cabeça balança para cima e para baixo freneticamente.
— Por favor!
— Tudo bem — eu digo, diminuindo a velocidade e patinando mais perto
da parede. — Vou soltar devagar. Se car com medo, estou aqui. A parede
p g q p
também está aqui. No momento, vamos car aqui para que você possa se
equilibrar.
— Ok — diz ela, olhando para os pés.
— Não olhe para os seus pés. Olhe para mim. Olhar para os seus pés vai
deixá-la ainda mais nervosa.
— Não estou nervosa.
Essas podem ser as palavras que saem de sua boca, mas a di culdade em sua
respiração e suas mãos trêmulas nas minhas dizem exatamente o oposto.
— Sabe — digo a ela —, a primeira vez que pisei no gelo, quei apavorado. É
escorregadio para caramba, então quem não caria com medo? Mas eu andei ao
longo da parede e levei trinta minutos completos para contornar o rinque. E era
um rinque infantil, nada grande como este.
— Como você superou isso? — Ela pergunta, nem mesmo percebendo que
no tempo que eu estava falando, eu estava lentamente soltando suas mãos.
— Treino. Eu andei apoiado na parede por dois dias inteiros antes de
nalmente me convencer a simplesmente soltar e tentar por conta própria. —
Dou um passo para trás, cruzando os braços sobre o peito. — Acho que você já
está se saindo melhor do que eu nesse aspecto.
Ela leva quase dez segundos para perceber que eu a soltei e ela está de pé
sozinha.
No segundo que a atinge, ela começa a balançar, e eu me preparo para pegá-
la.
Mas a queda não vem. Ela está fazendo isso.
— Estou fazendo isso! — Ela grita, ecoando meu pensamento. — Cacete! —
Ela aperta a mão sobre a boca, os olhos arregalados. — Não diga à minha mãe
que eu disse cacete. Ela não gosta dessa palavra.
— Mas ela deixa você dizer bundão?
— Não, ela me deixa dizer bobão. Totalmente diferente.
Eu rio.
— Certo. Erro meu. — Eu olho para os pés dela, tentando não rir de como
ela está de pé, os dedos dos pés dobrados e apontados um para o outro. — Como
você está se sentindo?
— Um pouco vacilante.
— Isso é esperado. Mas isso — eu chuto seus pés para fora levemente —, vai
ajudar.
— Ohmeudeus pare! Eu vou... — Suas palavras são interrompidas quando
ela percebe que estou certo. Ela está muito mais estável agora. — Uau. Isso é
muito melhor.
— Sim? — Ela acena com a cabeça. — Bom. Agora, vamos tentar nos mover.
— Mover?!
— Bem, sim. Você tem que se mover para jogar hóquei.
— Certo, certo. Vamos.
Eu a instruo sobre como mover os pés para uma patinação ideal; na maioria
das vezes, ela se sai muito bem. Há alguns momentos em que ela ca insegura e
assustada, mas ela os supera rapidamente. Eu a ensino a maneira correta de cair e
a ajudo quando ela precisa se levantar.
Demora cerca de quinze minutos antes que ela consiga patinar mais de seis
metros sozinha, mas ela está conseguindo, e eu estava certo – ela foi feita para o
gelo. É exatamente aqui que ela pertence.
— Você está amando? — Eu pergunto, patinando lentamente – pelo menos
é lento para mim – ao lado dela.
— Muito. Eu quero fazer isso para sempre.
Eu não posso deixar de sorrir com isso.
— Eu conheço o sentimento.
— Podemos ir mais rápido?
— Você está pronta para isso?
Ela acena com a cabeça.
— Sim.
— Tudo bem, mas lembre-se, estou aqui se você começar a sentir que está
caindo. Prepare-se da maneira certa e você cará bem.
— Entendi.
Ela ganha velocidade, patinando cada vez mais rápido com o passar dos
segundos.
Eu vejo no momento em que acontece. Ela começa a ir muito rápido com
muito pouco controle.
Então, acontece.
E eu ouço o grito.
9
Stevie
Já tive alguns momentos assustadores na minha vida, como quando engravidei
de um cara por quem não estava apaixonada e percebi que ele teria que estar na
minha vida para sempre dali em diante. Casar com o mesmo cara porque era “a
coisa certa”. Na primeira vez que meu ex bebeu demais. Na outra noite no bar,
quando aquele idiota me encurralou.
Mas este momento aqui? É o pior de todos.
Macie é uma pilha amassada de pele e ossos, e eu estou sentada na
arquibancada perplexa e incapaz de me mover.
O som dos patins de Greer contra o gelo é o que me tira da minha névoa e me
faz correr escada abaixo e para a superfície escorregadia. Eu não estou com o
calçado certo, então não co surpresa quando caio de bunda no chão. A dor
atravessa meu traseiro, mas não me importo. Eu preciso chegar à minha lha. É a
única coisa que importa agora.
Eu rastejo pelo gelo, minhas mãos congeladas e meus joelhos provavelmente
machucados. Greer a tem embalada em seus braços. Ele está falando com ela,
mas não consigo entender.
Tudo o que vejo é um aceno de cabeça. Ela está se movendo.
Graças a Deus ela está se movendo.
— Macie! Macie! Macie! — Eu repito, estendendo a mão para ela.
Seus braços voam para cima, circulando em volta do meu pescoço e me
abraçando com força.
Eu a agarro, segurando-a mais perto do que nunca, balançando-a para frente
e para trás.
— Você está bem. Você está bem.
— Mãe... — Ela diz fracamente, e pela primeira vez desde que a vi cair,
lágrimas começaram a escorrer de meus olhos.
Eu tento ao máximo não deixar escapar o soluço que parece estar preso em
meu peito apertado. Eu não quero assustá-la. Não quero que ela saiba que nunca
estive tão apavorada em toda a minha vida.
— Você está bem? Alguma coisa está quebrada?
Ela balança a cabeça.
— Dói, mas...
— Onde? — Eu a afasto, passando minhas mãos sobre seu rosto e sua cabeça.
— Onde dói?
Eu continuo pressionando todo o corpo dela, procurando por qualquer
coisa que possa estar fora do lugar.
— Só... dolorido. Em todo lugar — ela diz, mas eu continuo checando.
Ela não está vendo nada. Eu não estou vendo nada.
— Precisamos ir a um médico.
— Stevie. — Uma mão pesada pousa em meu ombro e levo um segundo para
lembrar que não estamos sozinhas.
Greer.
— Médico — eu digo a ele.
— Posso pedir ao médico do time para examiná-la, mas ela está bem.
— Eu quero ter certeza.
Ele aperta os lábios, provavelmente sufocando sua necessidade de me dizer
que ela está bem, então acena com a cabeça.
— Ok. — Ele se levanta do gelo, se abaixa e pega Macie com zero esforço.
— Ei! — Ela reclama quando ele a pega nos braços.
— Quieta — ele argumenta de volta. — Sua mãe disse, e como você não me
mordeu hoje, estou de nitivamente com mais medo dela.
— Por que eu iria te morder?
Ele não responde a ela. Em vez disso, ele estende a mão para mim.
— Vamos.
Eu deslizo minha palma contra a dele, deixando-o me puxar para cima, o que
ele faz sem esforço. Nossa, quão pesado esse cara treina?
Não. Não pense nisso agora. Pense na sua filha.
Ele avança devagar enquanto atravessamos o rinque.
— Eu consigo patinar — Macie protesta.
— Tenho certeza de que você consegue — diz Greer.
— Eu quero que você seja examinada primeiro — eu digo a ela.
Ela revira os olhos.
Em qualquer outro momento, eu a repreenderia, mas não agora. Não
quando ela parece tão pequena e frágil nos braços de Greer.
Quando nalmente saímos do gelo, descemos um túnel acarpetado e viramos
à direita. Há todo tipo de equipamento espalhado: capacetes, tacos, pilhas de
discos. Fotos e placas se alinham nas paredes enquanto caminhamos pelo
corredor, gritos vindos de todas as direções e música alta tocando enquanto
passamos pelo que parece ser uma academia. De nitivamente parece uma
atmosfera esportiva.
Entramos em um escritório e co surpresa ao ver alguém em cima da mesa
no meio da sala.
— Colin!
Ele ergue os olhos do que quer que o médico esteja fazendo em sua perna e
sorri.
— Ah, oi. O que está acontecendo? — Ele olha para Macie nos braços de
Greer. — Está tudo bem?
Ele está perguntando a Greer, não a mim.
— Ela está bem, mas a mãe está preocupada.
— Estou preocupada porque ela é minha lha.
— Oh, eu estou ciente. Vocês são farinha do mesmo maldito saco — Greer
murmura, arrastando a dita lha ao redor.
— Aprendendo a patinar? — Colin pergunta a Macie.
— Sim, e estou bem. — Ela estende a palavra, completamente irritada
comigo.
Eu entendo. Ela pode estar bem..., mas também pode não estar bem e
simplesmente não querer dizer nada. É meu dever como mãe dela fazer um
check-up, mesmo que seja contra a vontade dela.
— Onde posso colocá-la, doutor?
O médico aperta os lábios, ergue as sobrancelhas e aponta para a outra mesa
desocupada.
— Ali está bom. — Ele olha para Collin. — Vou levar apenas um momento.
Collin, que também parece estar a dois segundos de rir, diz:
— Tudo bem. Sem pressa. Estou evitando Harper de qualquer forma.
— Pelo quê? — Greer pergunta enquanto coloca Macie para baixo. — Eu
pensei que vocês dois estavam estupidamente apaixonados.
— Ah, nós estamos. Completamente estúpidos apaixonados, mas ela quer
que eu modele este novo design em que ela está trabalhando, e é doloroso. Como
q g q
os atores fazem isso, cando cobertos de maquiagem, próteses e qualquer outra
coisa por horas e horas... Eu não entendo. Pre ro ser jogado nas tábuas por
Milan Lucic todos os dias do que car sentado com aquela merda.
— Cara, Lucic é uma fera.
— Exatamente o meu ponto — diz Collin.
O médico para na frente de Macie, olhando para ela.
— Dói em algum lugar?
— Apenas meu ego.
— Oh, você de nitivamente possui o que é preciso para ser uma jogadora de
hóquei. — Ele ri, então aponta para as pernas dela. — Posso?
Ela acena com a cabeça, e o médico passa os próximos cinco minutos
examinando cada parte de seu corpo, veri cando inchaços, hematomas e
qualquer outra coisa que eu possa imaginar.
— Você não bateu a cabeça, certo?
— Não.
— Você é sortuda. — O médico franze a testa para Greer. — Embora da
próxima vez, talvez use um capacete?
Greer empalidece, sua mão indo para o estômago como se estivesse prestes a
vomitar. É a mesma coisa que sinto ao ver minha lha deitada na cama fria e
estéril.
— Sim. Da próxima vez — ele murmura.
— Próxima vez? — Sai em um guincho, e até eu ouço o pânico em minha
própria voz. Todos os olhos na sala estão em mim, incluindo Macie, cujos olhos
azuis parecem ter o dobro do tamanho normal.
— Bem. — O médico bate palmas. — Tudo me parece bem. Você pode estar
um pouco dolorida amanhã – especialmente esse ego – mas tudo parece bem.
Perfeitamente saudável.
— Sério? — Eu pergunto.
O médico assente.
— Sério.
Eu tomo minha primeira respiração real em minutos e solto uma expiração
lenta e constante de alívio.
Ela está bem. Ela vai ficar bem.
Eu olho para Macie, que está olhando para mim com olhos preocupados.
— Eu avisei — ela diz desa adoramente, embora a mordida que suas palavras
geralmente carregam esteja faltando.
g g j
— Sim, você avisou — eu digo baixinho. Pego uma mecha do cabelo dela, da
mesma cor que o meu, passando-a entre os dedos enquanto deixo meu coração se
acalmar. — Você está bem.
Não estou dizendo isso a ela, estou dizendo isso para mim.
Ela está bem. Ela vai ficar bem.
Se eu continuar repetindo, então é verdade.
— Posso voltar lá para fora agora?
Meu coração começa a martelar em meu peito novamente, e eu a vejo toda
amassada no gelo. O pânico que corre através de mim é diferente de qualquer
outra coisa. Eu odeio isso. Eu odeio tanto que eu quero gritar.
Mas antes que eu possa, Greer se aproxima.
— Acho que devemos encerrar o dia.
— Mas...
— Ei, a vida não é só sobre você, menina. Eu tenho minhas próprias merdas
para cuidar.
Quero gritar com ele por xingar na frente da minha lha, mas não consigo.
Estou muito feliz por ela estar bem.
— Tudo bem — Macie murmura. Então ela olha para mim. — Podemos ir,
então?
— Sim. E vamos comprar sorvete a caminho de casa.
— Ok. — Eu nunca a ouvi car menos entusiasmada com sorvete antes. —
Vou colocar meus sapatos de volta.
Eu aceno enquanto ela pula da mesa.
— Estarei logo atrás de você.
Ela sai da sala e segue pelo corredor. Eu a observo até que ela desapareça na
esquina em direção ao gelo.
Ela não vai entrar nele. Eu a conheço bem o su ciente para saber que ela não
vai se arriscar a se meter em problemas assim.
— Você está bem?
Eu giro de volta para encontrar Greer olhando para mim. Colin também. O
médico não está prestando atenção.
— Estou bem — digo a Greer.
Ele inclina a cabeça para o lado, seus lábios torcidos enquanto me estuda.
Depois do que pareceram horas sob seu olhar quente, ele endireita a cabeça e
acena.
— Ok.
Então ele passa por mim e sai pela porta sem dizer mais nada.
— Acho que ele quis dizer é que sente muito por Macie ter se machucado —
diz Collin.
Solto um meio bufo, meio riso.
— Tenho certeza de que não foi isso que ele quis dizer.
— Pelo que vale, eu vou falar com ele.
— Obrigada, Collin. De verdade. — Abro um sorriso para ele e aceno para o
médico.
Eu sabia que tudo isso com Greer era um erro, e hoje realmente provou que
eu estava certa.
Agora eu só tenho que descobrir o que vou fazer a seguir.

———
— Então ela parou? — Scout pergunta baixinho.
Olho para minha lha, que está sentada em sua mesa de piquenique favorita
depois de um longo e cansativo dia na escola. Ela voltou a en ar o nariz no
mesmo livro de hóquei de antes, só que desta vez parece muito menos animada
para lê-lo.
— Ela parou.
Esta manhã, enquanto ela se sentava em sua banqueta favorita tomando seu
café da manhã favorito – wa es com manteiga de amendoim – ela anunciou que
não queria mais jogar hóquei.
Partiu meu coração novamente ver seus ombros caírem e seu queixo balançar
quando ela disse isso. Perguntei se ela tinha certeza e ela assentiu. Eu não ia mais
insistir no assunto, então z o que faço todas as manhãs: levei-a para a escola com
o SportsCenter tocando no rádio, dei-lhe um beijo de despedida e fui trabalhar.
Ela não disse uma palavra desde que a busquei.
— Isso é apenas... triste. Ela ama muito o jogo.
— Ela ainda vai assistir — digo a Scout. — Mas não vai jogar.
Scout franze a testa.
— Não é a mesma coisa, tenho certeza.
— Provavelmente não, mas é o que ela disse que quer.
— Ainda não consigo acreditar que ela caiu.
— Oh cara, Scout. Foi terrível. Eu nunca estive tão assustada. Eu não sei
como você assiste Miller jogar sabendo que é o seu coração lá fora no gelo assim.
Ela dá de ombros, seu macacão favorito escorregando um pouco de seus
ombros. Ela o puxa de volta.
— Nem sempre é fácil, mas é preciso lembrar que eles adoram o jogo. É o
que os faz felizes. É o que os move. Eles precisam disso.
— Sim... — Eu lancei um último olhar para Macie assim que meu telefone
vibrou no meu bolso.
Eu o puxo para fora e meus lábios se franzem quando vejo o que está na tela.
Rei do Inferno: Você está me evitando?

— Você está bem? — Scout pergunta.


— É Greer. Ele está preocupado que eu o esteja evitando porque não
respondi a ele sobre a próxima sessão de treinamento de Macie.
— Você ainda não contou a ele?
Eu balanço minha cabeça.
— Não. Ela apenas me disse esta manhã que não quer jogar de novo. Eu não
tive a chance de entrar em contato com ele.
— Ainda é tão estranho ver vocês dois se dando bem.
— Eu não iria tão longe — eu digo.
— Não? Quero dizer, ele está treinando sua lha. Isso é se dar bem.
— Estava… ele estava treinando a minha lha. Então agora não temos
motivos para sermos legais.
Eu: Ela não quer mais jogar.

Rei do Inferno: Sério?

Eu: Sim. Desculpe ter desperdiçado seu tempo.

Rei do Inferno: SÉRIO?!

Eu: Ainda serei seu encontro se é isso que te preocupa.

— Eu não dou a mínima para o encontro.


Eu pulo e meu telefone sai voando da minha mão, caindo no chão do food
truck com um barulho alto.
— Bem, eu dou a mínima, mas também tenho outras preocupações.
Pego meu telefone, imediatamente irritada porque meu pior medo se tornou
realidade – está quebrado.
— Ótimo — murmuro, levantando-me, apenas para me deparar com Greer
de pé do outro lado do balcão. — Você estava me mandando mensagem do
estacionamento?
— Sim.
— Por quê? Isso é assustador.
— Eu queria saber por que você estava me evitando.
— Eu não estou.
Ele ergue as sobrancelhas escuras e pesadas como se dissesse: Sério? Eu chamo
isso de besteira.
Sim, eu chamo de besteira também. Eu o estava evitando totalmente.
— Ei, Greer — diz Scout.
— Senhora Miller — ele responde, e minha irmã ri como uma garotinha.
É irritante, mas principalmente porque Greer é irritante.
— O que você quer? — pergunto ao goleiro, esperando que, o que quer que
seja, eu possa pegar para ele e fazê-lo ir embora mais rápido.
— Não estou aqui pela comida. Tenho um jogo esta noite.
— Então por que você está aqui?
— Porque... — Ele olha por cima do ombro para Macie, que está se
esforçando muito para ngir que está realmente lendo o livro em suas mãos e
não está ouvindo nossa conversa.
Nota para mim mesma: minha filha daria uma péssima atriz.
Greer se aproxima do food truck e pergunta baixinho:
— Por que ela não quer jogar de novo? Por causa da queda?
Eu concordo.
— Eu acho que sim.
— Grande merda.
— Greer! — Eu sibilo para ele. — Ela tem dez anos. Deixe-a em paz.
— Bem, só estou dizendo. Isso é uma merda. Eu sei que ela quer jogar.
— Ela está com medo.
Ele estreita os olhos, me dando aquele mesmo olhar irritante e duro que ele
me deu ontem, aquele que me fez contorcer e querer estar em qualquer lugar,
menos sob seu olhar.
— Posso falar com ela?
— Por quê?
q
— Porque sim.
Eu suspiro, sem humor para lidar com sua porcaria.
— Fique à vontade, mas ela não está muito falante hoje.
— Hum. — É tudo o que ele diz antes de se afastar, indo direto para a mesa
onde Macie está sentada.
Observá-lo tentando dobrar suas longas pernas é quase cômico, mas o olhar
em seu rosto é tudo menos isso. Ele parece sério, ainda mais sério do que Greer
costuma ser, e isso quer dizer alguma coisa.
— O que está acontecendo? — Scout pergunta, acenando para eles.
— Ele queria falar com ela.
— Por quê?
Eu dou de ombros.
— Seu palpite é tão bom quanto o meu.
— Ambos estão usando a mesma carranca. É adorável — diz Scout.
Ela está certa. Ambos estão franzindo a testa e se revezando para lançar
olhares rápidos em nossa direção. É claro que eles estão falando de mim. Ou de
nós.
Seja o que for, é silencioso e nenhum deles está revelando muito de nada.
Está levando tudo o que tenho em mim para car enraizada no lindo food truck
azul bebê e não sair e exigir fazer parte da conversa.
Depois do que pareceram horas, Greer nalmente se afasta da mesa e volta
para o food truck.
— É você — diz ele em voz baixa.
— Como é?
— A razão pela qual ela não quer mais jogar… é você.
— O quê?
— Shh! — diz Greer. — Diminua seu tom de voz. — Ele espia por cima do
ombro para ver se Macie está olhando. Naturalmente, ela está. Ele manda um
aceno para ela, então olha furioso para mim. — Que maneira de manter isso
causal e não suspeito de forma alguma.
— Ei, você estava falando de mim primeiro.
— Sim, porque sua lha tem medo de con ar em você, porque ela não quer
que você vá toda mãe para cima dela.
— Toda mãe?
Ele dá de ombros.
— Foi assim que ela chamou.
q
— Isso é...
— Provavelmente correto — diz Scout, juntando-se à conversa.
Eu viro minha cabeça na direção dela.
— Que diabos isso signi ca?
— Desculpe. — Minha irmã mais nova estremece. — Mas é verdade. Aposto
que sua reação à queda foi pior do que Macie realmente batendo no gelo. Ela
provavelmente não quer assustá-la novamente. Então, embora ela ame o jogo, ela
está dizendo que não quer jogar para não a aborrecer.
Greer aponta o dedo para ela.
— Bingo.
— O quê? Isso é...
Minhas palavras desaparecem quando olho para minha lha. Ela está nos
observando, seu lábio inferior entre os dentes, uma expressão de preocupação
estampada em seu rosto. É o mesmo olhar que ela me deu no consultório do
médico ontem, quando ele terminou de examiná-la. Ela não estava com medo
porque ela caiu. Ela estava com medo porque achava que não ia conseguir mais
jogar.
— Verdade — eu termino. — Isso é verdade.
Greer suspira.
— Você precisa dizer a ela que está tudo bem jogar.
— Mas como?
— Eu não sou uma mãe, então não posso responder isso para você. Olha —
ele diz, pegando uma caneta do copo no balcão, então um guardanapo. Ele
rabisca algo e empurra para mim. — Eu tenho que ir para a arena, mas pegue
isso.
— O que é? — Eu pergunto, pegando o guardanapo e olhando para ele. —
Um número de telefone?
— Sim. — Ele concorda. — Ligue para esse número. Peça conselhos. Ela vai
dar a você.
— De quem é?
— De alguém com muita experiência em passar pelo que você está passando
agora.
Olho para o número que ele rabiscou.
— Ok...
— Ligue — ele instrui, sua voz severa. Ele manda um aceno para Scout. —
Senhora Miller.
Minha irmã ri de novo, mas eu nem consigo car irritada desta vez. Estou
muito encantada pelo misterioso número de telefone.
— Até mais tarde, menina — ouço Greer dizer a Macie quando ele passa por
ela.
Ela o observa atravessar o estacionamento até o carro, o tempo todo com um
olhar de anseio xo em seus olhos. Ela quer muito jogar hóquei com ele, e eu
quero que ela seja feliz... e que segura.
Macie ca sentada observando o estacionamento, sem se mover até que eu
diga a ela que é hora de ir. Ela não diz nada na volta de carro para casa ou quando
chegamos ao nosso apartamento. Ela não fala durante o jantar nem tenta ligar o
jogo na televisão, que eu sei que ela sabe que está passando porque ela é Macie,
adora hóquei e tem a programação do Comets memorizada.
Quando ela vai para a cama sem perguntar qual é o placar, sei que ela está
realmente chateada. Beijo sua testa, coloco-a para dormir e, em seguida, vou até a
cozinha, onde me sirvo uma taça de vinho antes de sair para o nosso pequeno
pátio.
Com uma respiração rme, digito o número da melhor maneira possível na
tela quebrada e coloco o telefone no ouvido. Toca duas vezes antes de alguém
atender.
— Olá? — Uma voz feminina suave vem da linha.
— Um… Oi. — Deixo escapar um longo suspiro. — Isso vai soar estranho,
mas Greer me deu seu número. Veja, minha lha quer aprender a jogar hóquei, e
ele concordou em treiná-la. Ontem, porém, em seu primeiro dia, ela caiu. Eu
surtei, e agora minha lha não quer jogar. Ele disse que você pode ter algum
conselho.
A mulher ri.
— Certo, tudo bem, então. Qual é o seu nome, querida?
— Stevie.
— Nicks?
— A primeira e única.
Ela ri.
— Olha, Stevie, eu estive no mesmo barco que você. Lembro-me da primeira
vez que Jacob caiu no gelo. Eu tive um ataque enorme e z eles pararem de
praticar enquanto eu chamava uma ambulância para ele. Ele estava bem, é claro,
apenas um pouco ralado, mas me assustou pra caralho. Nós, mães, nunca
queremos ver nossos bebês sofrendo, sabe? — Ela suspira. — Ele me disse depois
q p p
que nunca mais queria jogar hóquei. A princípio, quei aliviada. Adorei a ideia
de meu lho não se machucar. Mas então percebi que ele não queria jogar
porque eu o assustava, não o jogo. Ele amou. Ele pertencia àquele gelo.
Signi cava tudo para ele. Meu surto o machucou mais do que cair.
— O que você fez?
— Eu levei seu traseiro magricela para o próximo treino e o z jogar.
Eu rio.
— Não consigo imaginá-lo magricela.
Greer está tão grande agora, superando facilmente 1,90m. Ele ainda é magro,
mas se a maneira como suas camisas se agarram a ele é algo para se basear, é tudo
músculos.
— Oh, con e em mim, querida. Ele era. Um merdinha respondão também,
embora ainda não tenha superado isso.
Ela solta outra risada ofegante e, por algum motivo, consigo imaginá-la
sentada do lado de fora como eu, mas em vez de uma taça de vinho em sua mão,
é um cigarro. Ela é uma versão mais velha de Greer, toda de cabelos escuros e
olhos brilhantes, só que em vez de franzir a testa para o mundo inteiro, ela sorri
constantemente.
A imagem me faz rir.
— Para que foi isso? — Ela pergunta, não perdendo.
— Desculpe. Só estava pensando no seu lho.
— Você gosta dele?
— Como?
— Meu lho. Presumo que sim, já que você está ligando para a mãe dele.
— Oh. Hum, eu sou a acompanhante dele para o seu casamento. Parabéns,
aliás. Eu estou realmente esperando pelo dia. — Eu sinceramente espero que ela
não tenha aquela coisa estranha de mães que eu sei quando estão mentindo para
mim.
— Ah, obrigada, docinho. Tenho certeza de que meu lho não está muito
feliz em participar de mais um casamento meu.
— Isso não é verdade. Ele está muito animado.
Ela solta outra risada estridente.
— Você não precisa mentir para ele, mas eu aprecio isso. Me faz gostar mais
de você. Você disse que tem uma lha? Estou surpresa que você esteja
namorando meu lho, então. Ele não gosta muito de crianças.
Quero corrigi-la e dizer que de nitivamente não estou namorando o lho
dela, mas deixo para lá por enquanto.
— Ele é ótimo com Macie. — Tomo um gole do meu vinho para engolir a
mentira.
Tudo bem, então não é uma mentira completa. Eles parecem estar se dando
melhor agora do que antes. Eles têm um relacionamento estranho, mas se isso
signi ca que ela não está chamando-o de O Bobão a cada cinco minutos, eu
aceito.
— Bem, estou contente. Talvez ele esteja crescendo um pouco, se
estabelecendo em vez de ser tão teimoso sobre o amor. Embora eu tenha certeza
de que sou a culpada por isso. — Ela ri, mas não há doçura nisso como antes. Em
vez disso, é pura tristeza. Eu quero alcançar através do telefone e abraçá-la. —
En m, chega de falar de mim. Estamos falando de você e sua menina. Diga-me o
que aconteceu.
Então eu digo. Eu descrevo a queda que Macie levou e como meu coração
subiu na minha garganta e realmente ainda não saiu de lá. Como Macie está se
arrastando pelos lugares, se sentindo deprimida e como me sinto impotente em
relação a tudo.
Quando termino, a mulher suspira.
— Oh, Stevie, querida. Vai car tudo bem. Sou mãe de hóquei há muito
tempo. É difícil. Eu sei disso, mas temos que deixar nossos lhos descobrirem
suas coisas, sabe? Se ela quer isso – e parece que ela quer – você tem que deixá-la
ter. Ela vai car bem. Os goleiros usam muitos equipamentos, sabe.
Um peso que está lentamente se acomodando em meus ombros começa a se
levantar conforme suas palavras são absorvidas. Ela está certa. Eu sei que ela está.
— Eu tenho que deixá-la fazer isso.
— Você tem, e eu tenho plena fé em você e nela. Se meu lho está disposto a
abrir mão de seu tempo livre para ajudá-la, deve ver algo nela.
Eu não quero estourar sua bolha e dizer a ela que a única razão pela qual ele
concordou em treinar Macie foi porque eu seria seu par, então eu não vou.
— Sim, ele deve.
— Bem, escute, querida, eu já vou indo. Nós, senhoras mais velhas,
precisamos de todo o sono de beleza possível, e tenho certeza de que você ainda
tem muito em que pensar esta noite.
— Obrigada por tirar um tempo para falar comigo... Bem, caramba. Eu nem
perguntei seu nome.
p g
— É Loretta.
— Lynn? — Eu provoco.
— A primeira e única. — Ela me dá outra daquelas risadas que estou
realmente começando a amar. — Boa noite, querida.
— Boa noite, Loretta.
Desligo o telefone, coloco-o sobre a barriga, levo a taça de vinho aos lábios e
tomo o último gole. Olho para a lua enquanto faço exatamente o que Loretta
disse que eu faria: co preocupada. Re ito sobre cada palavra da nossa conversa,
depois repasso a queda de Macie.
Vai ser difícil deixar minha única bebê fazer algo que quase garante que ela
voltará para casa machucada ou quebrada.
Mas... eu sei o que tenho que fazer.
Eu: Eu quero que ela jogue.

Eu: Me liga amanhã?

Rei do Inferno: Pode deixar.


10
Greer
— Tem certeza de que isso vai funcionar?
Eu suspiro.
— Essa é a quinta vez que você me pergunta quando eu é quem deveria estar
perguntando isso a você. Ela é sua lha.
— Sim, mas vocês dois têm algum tipo de vínculo de hóquei ou algo assim.
Ela tem razão nisso. Claro, Macie é uma garota de dez anos com a atitude de
uma garota de dezesseis, mas em algum nível, eu a entendo. Não tenho muita
certeza do que isso diz sobre mim, mas não quero entrar nisso agora.
— Se ela ver que você está empolgada com isso, ela aceitará.
— Você acha?
Eu belisco a ponta do meu nariz, tentando o meu melhor para engolir outro
suspiro.
— Sim.
Estamos parados aqui há dez minutos, e esta é a terceira vez que temos esta
mesma conversa. Stevie está nervosa de uma forma que eu nunca vi antes.
Mas... Eu entendo. Depois de ver Macie cair como ela fez, havia até uma
parte de mim que não queria que ela jogasse. Fiquei surpreso quando estávamos
no escritório do Doutor e aquele sentimento me atingiu. Nunca mais queria ver
aquela criança naquela situação.
E não me re ro a qualquer criança – me re ro a ela. Eu não queria que
Macie se machucasse. Eu realmente, realmente não queria.
Eu me senti péssimo ao vê-la cair, mas encarei isso como um jogador de
hóquei. Foi um tombo suave em comparação com alguns que já vi, então não
quei muito preocupado. Mas vê-la deitada naquela cama com Stevie parecendo
prestes a vomitar? Eu odiei pra caralho.
Então eu fui embora. Eu me afastei.
Só que eu não conseguia parar de pensar nisso. Eu precisava ter certeza de
que ela estava bem, assim como precisava ter certeza de que ela não desistiria do
jogo por causa de uma queda feia. Estava muito claro o quanto ela adora estar no
gelo para que eu deixasse isso acontecer.
Estou feliz por ter ido ver Stevie, e estou muito feliz por ter dado a ela o
número da minha mãe. Tudo o que ela disse funcionou porque aqui estamos,
prontos para pegar Macie na escola e levá-la para sua segunda sessão de
treinamento.
— Seu carro é tão exagerado.
Eu olho para Stevie, que está olhando feio para o meu veículo.
— Seja legal com meu carro, caramba.
— Ou o quê? Você vai franzir a testa para mim um pouco mais?
— Sim.
Ela revira os olhos, mas não antes de eu ver seus lábios se curvarem nos
cantos.
Ela é uma implicante. Não consigo me lembrar da última vez que quei tão
irritado com alguém, mas ainda não consegui car longe. É desconcertante, e se
eu nunca mais me sentir assim, ainda será muito cedo.
— Quanto tempo mais? — pergunto, veri cando a hora em meu relógio
totalmente caro demais.
Não gasto meu dinheiro com muitas coisas porque sei que essa carreira não
vai durar para sempre, mas depois de assinar meu contrato de extensão com os
Comets, o relógio e o carro foram presentes para mim.
— Cerca de cinco min...
Suas palavras são interrompidas por um bocejo, e eu olho para ela com raiva.
— Pare com isso.
— O quê? — Ela dá de ombros. — Se alguém não tivesse me acordado com
um telefonema às cinco da manhã, talvez eu não estivesse bocejando.
— Qual é a sensação de ser acordada?
— Você poderia ter ignorado minha mensagem, você sabe.
— Certo. — Eu bufo. — Como se você fosse me deixar.
— Verdade. — Ela sorri, e é um sorriso maligno. — Tem certeza de que ela
vai...
— Stevie, eu juro — eu digo, me afastando do meu carro com um rompante
—, se você me perguntar mais uma vez se ela vai concordar com isso, eu vou...
Ela se encolhe.
Stevie se encolhe, e é o su ciente para me fazer tropeçar para trás,
completamente pego de surpresa por isso. Quando cai a cha do porquê ela se
encolheu, o mesmo acontece com a raiva. Estou puto, com tanta raiva que não
consigo ver direito. Não para ela, porém, estou irritado com o que essa encolhida
acabou de implicar.
— O que foi isso?
— O quê?
— Por que diabos... — Eu cerro os dentes, mastigando as palavras que tão
desesperadamente querem sair da minha boca. — Por que você encolheu?
Alguém... — Engulo em seco. — Alguém bateu em você?
Ela balança a cabeça.
— Não foi nada.
Eu fervo com sua indiferença, com sua ânsia de deixar isso de lado.
— Isso é algo sim, Stevie. Quem fez isso com você?
Ela levanta o queixo, encontrando meu olhar aquecido.
— Não é da sua conta, Greer.
Pode não ser da minha conta, mas eu quero que seja.
— Quem.
Não uma pergunta. Uma exigência.
— O meu ex. Ele me agarrava... deixava hematomas. Me prendia contra a
parede e gritava na minha cara. Mas bater em mim... Foi só uma vez. — Ela
apressa as palavras rapidamente, como se por ter acontecido apenas uma vez, de
alguma forma, tornasse tudo bem.
— Uma vez é o su ciente para eu matar o homem — eu digo, passando por
ela.
Não tenho ideia de para onde estou indo, nem ideia do que estou fazendo. Só
sei que preciso fazer algo. Porque me sinto protetor pra caralho sobre ela e sua
lha está além de mim, mas estou tão bravo agora. Eu...
— Jacob.
É a primeira vez que ela diz meu nome, e paro no meio do caminho quando
sai de seus lábios.
Eu não o uso. Nunca usei, nem mesmo quando era mais jovem. No
momento em que soube que queria ser jogador de hóquei, insisti em ser
chamado de Greer. Minha mãe é a única pessoa que me chama de Jacob.
Eu me viro para Stevie. Ela está olhando para mim com apreensão em seus
olhos.
— Onde você está indo? — Ela pergunta baixinho.
— Cometer um assassinato.
Ela solta uma risada suave.
— Pare. Por favor. — Ela acena para que eu volte para ela, e eu
relutantemente me arrasto para o lado dela, sentando-me. — Você nem sabe o
nome dele.
— Eu teria descoberto.
Ela sorri.
— Não duvido disso.
Ficamos sentados em silêncio por um momento. É desconfortável de uma
forma que só ter essa conversa pode ser desconfortável.
Eu odeio isso por ela. Eu odeio isso para Macie.
Oh, merda...
— Macie...
— Nunca — Stevie responde à minha pergunta não feita. — Nunca.
Obrigado, porra. Eu deixo cair minha cabeça em minhas mãos, esfregando
meu rosto, tentando me livrar do conhecimento que eu nunca quis saber.
Eu corro uma mão inquieta pelo meu cabelo, então digo:
— Eu não estava... Eu não estava com raiva de você, e eu não estava indo para
cima de você. Me desculpe se isso...
— Eu sei — diz ela, mas não tenho certeza se ela sabe.
Se ela soubesse, saberia que uma vez peguei o segundo marido de minha mãe
enrolando a mão em seu pescoço e me descontrolei. Eu quebrei minha mão
brigando com o babaca e tive que perder uma boa parte de hóquei, mas valeu a
pena, e eu faria tudo de novo.
— Nunca — eu prometo a ela.
— Eu acredito em você. Só que... Eu me assusto facilmente às vezes. Você
parecia irritado e fez aquela coisa que ele sempre fazia quando estava irritado. —
Ela me imita apertando o nariz. — Era uma espécie de mania dele. E então você
tinha os punhos cerrados. Assim. — Ela acena com a cabeça em direção aos meus
punhos.
E sim, eles estão cerrados, mas desta vez, é porque estou puto pra caralho
com o cara que se atreveu a colocar a mão nela. Ele precisa estar morto, assim
como qualquer outro lho da puta que ouse tocar em uma mulher.
Eu me afasto do meu carro novamente, desta vez deixando minhas mãos
caírem para os lados em uma posição relaxada. Stevie não vacila, e eu sou grato
p p ç g
por isso.
Eu co na frente dela, colocando minha mão sob seu queixo e levantando-o.
Não me surpreendo ao ver seu olhar azul brilhando, mas não signi ca que eu
goste.
— Sinto muito. — Não tiro os olhos dela. — Obrigado. Por me contar,
quero dizer.
Ela acena com a cabeça.
— Obrigada... por ouvir.
— O que foi isso? — Eu coloco minha mão em volta da minha orelha. —
Não tenho certeza se ouvi você.
— Ugh. — Stevie joga a cabeça para trás com um gemido, empurrando meu
peito de brincadeira. — Você é o pior.
— Não, não foi isso que você disse. Era outra coisa. Parecia outra palavra.
— Vai se...
Eu aperto minha mão sobre sua boca antes que ela possa terminar sua frase.
— Cuidado — eu aviso. — Estamos em propriedade escolar, sabia?
Ela olha para mim, e eu posso sentir sua carranca sob a palma da minha mão.
— Agora, vou tirar minha mão, e você vai dizer a palavra que me deve muito,
entendeu?
Ela levanta os olhos azuis para o céu, mas acena com a cabeça.
— Boa garota.
É sutil, mas há uma faísca em seus olhos quando digo isso.
Interessante.
Eu guardo essa informação – para quê, eu não sei – então lentamente
removo minha mão de sua boca. Quando ela não está mais silenciada, eu a
encaro, esperando que ela diga algo... qualquer coisa. Não sei quanto tempo
passa antes de nalmente ver sua boca se mexer.
— Obrigada.
É baixo, quase inaudível, mas ainda é a coisa mais doce que já ouvi.
— De nada.
Assim que as palavras saem de meus lábios, o sinal toca. Cinco segundos
depois, as crianças começam a sair do prédio.
Eu me afasto de Stevie, tentando ignorar o quanto sinto falta de seu calor no
segundo que faço. Eu retomo meu lugar ao lado dela contra o meu carro, então
espero.
Várias crianças param e olham para nós, principalmente meu carro. Algumas
cam boquiabertas comigo, provavelmente me reconhecendo de suas televisões.
Uma grita um "CACETE" então prontamente se mete em problemas por
dizer cacete.
As mães dão uma olhada dupla e riem. Os pais parecem com ciúmes.
Por m, ouço:
— Mãe? Greer? — O passo de Macie diminui, sua boca ca aberta ao nos
ver. — O que vocês estão fazendo aqui? De quem é esse carro?
— É meu. Quer dirigir?
— Claro que sim!
— Greer! — Stevie me repreende, e eu odeio meu sobrenome pela primeira
vez em muito tempo. — Ela tem dez anos.
— Ah, merda. Certo.
— Você não pode dizer merda — Macie aponta.
— Certo. Erro meu.
A criança sorri, exibindo seu aparelho ortodôntico verde-claro e azul-
marinho. Fico feliz em ver que ainda são as cores dos Comets.
— O que você está fazendo aqui? — Ela pergunta, olhando em volta para as
crianças que estão olhando para ela. À nossa direita, um grupo de meninos mais
ou menos da idade de Macie está sussurrando por trás das mãos. Eu gostaria de
saber qual merdinha entrou na disputa de empurrões com ela para que eu
pudesse esmurrá-lo, mas então eu me lembro que eles são crianças e isso
provavelmente não cairia bem.
— Hóquei — digo a ela.
— Huh?
— Você tem treino.
A euforia toma conta de seu rosto, mas passa tão rápido quanto veio quando
ela desliza os olhos para a mãe.
— Eu, uh, não posso.
Stevie dá um passo à frente.
— Sim, você pode. Eu quero que você jogue.
O queixo de Macie cai novamente, sua cabeça inclinada para o lado.
— Eu... eu posso? Você quer?
A mãe dela acena com a cabeça.
— Sim, eu quero. E é melhor nos apressarmos se vamos treinar e tomar
sorvete antes de dormir.
— O quê? Você está brincando? EU VOU JOGAR HÓQUEI! — Ela joga as
mãos para o alto, girando em círculos, sua pequena mochila girando junto com
ela.
Ela para abruptamente, então marcha até o grupo de meninos e diz:
— Chupa! — Ela corre para o carro, mas não antes de mostrar a língua para
eles.
Eles a olham feio, mas no segundo em que me pegam os encarando com
adagas ainda mais a adas em meus olhos, eles se endireitam e fogem.
Que bom. Merdinhas.
— Vamos — digo a Macie. — Você pode ir na frente comigo. Sua mãe vai
nos seguir.
— Eu posso andar no carro divertido, não na minivan?
— Não é uma minivan… é um SUV!
— A mesma coisa boba, mãe — Macie resmunga, abrindo a porta.
— Sim — eu digo a Stevie enquanto entro no carro. — A mesma coisa boba,
mãe.
Parece que ela quer lançar algumas palavras não tão legais para mim agora,
mas quando ela dá uma olhada ao redor e vê que ainda estamos sendo
observados por quase todo mundo, ela se abstém.
— Vejo você no rinque. E, Greer?
— Hum? — Eu pergunto a ela enquanto abro minha própria porta.
— Dirija com cuidado. Você tem uma carga preciosa nesse carro.
— Sim, eu sei. Meu equipamento está na parte de trás.
— Greer! Eu...
Mas não ouço o resto. Entro e ligo o motor, dando algumas boas rotações
para abafar os gritos dela.
Eu olho para Macie, toda a velada e sorrindo brilhantemente.
— Aposto cinco dólares que nós chegamos antes dela.
Seu sorriso se alarga.
— Fechado.

———
— De novo!
Macie cai de joelhos e, em seguida, manobra-se de volta para seus pés.
— De novo!
Ela faz isso mais uma vez.
— De novo!
— Ugh! Sério? — Suas mãos vão para os quadris e ela franze os lábios como
se tivesse acabado de comer algo azedo.
— Sim, sério. — Eu bato em seu capacete. — Como estão os novos patins?
— Bons.
— Melhores do que aqueles outros?
Ela acena com a cabeça várias vezes.
— Muito melhores. Obrigada de novo.
— Sim, sim — eu digo, afastando-a antes que ela possa agarrar minhas pernas
em um abraço como fez antes. — De novo.
Ela geme, mas cai de joelhos, depois sobe nos patins. Ela parece
absolutamente ridícula com a roupa de goleiro que praticamente a está
engolindo, mas ela está entendendo rapidamente.
Passamos pelo exercício mais duas vezes antes de seguir para fazer a mesma
coisa, mas desta vez segurando o taco. Ela tem um pouco de di culdade na
quarta vez, mas avança. Fazemos uma pausa para beber água quando chegamos a
cinco, e ela patina até o banco com facilidade, como se não fosse apenas sua
quarta vez no gelo. Estamos patinando juntos há uma semana e fazemos as
mesmas coisas em todos os treinos: exercícios de cair e levantar, exercícios
segurando o taco e patinar. O tempo todo, Stevie ca sentada no banco e lê ou
trabalha em seu laptop.
— Oh meu Deus — ela murmura, inclinando sua garrafa verde de esguicho
para trás e espremendo água em sua boca. Ela erra, espirrando no rosto e
soltando um grito alto quando atinge seus olhos em vez de sua língua, mas ela
rapidamente se recupera como se nada tivesse acontecido e toma um gole.
Tentei avisá-la de que ela não estava pronta para a verdadeira garrafa de
goleiro, mas ela não quis ouvir. Ela insistia em ter sua própria garrafa de
esguicho.
Depois de dar alguns goles longos de água, ela atinge o gelo novamente,
patinando em círculos lentos, ainda sentindo a superfície. Eu estava certo sobre
ela – ela tem fogo. Ela é inteligente, presta atenção e não tem medo de fazer
perguntas. Quando ela está com di culdade, ela segue em frente e enfrenta.
Quando ela está indo bem, ela se esforça para fazer ainda melhor. Ela tem toda
aquela garra de hóquei que a torna uma grande jogadora, e ela tem apenas dez
q g q q g j g p
anos. Aposto que ela terá uma longa carreira jogando se estiver disposta a
trabalhar.
— Como ela está indo? — Stevie se aproxima de mim no momento em que
jogo água na boca.
— Bem — eu digo, arrastando as costas da minha mão em meus lábios. —
Ela tem um talento natural, mas mesmo os naturais precisam trabalhar em suas
habilidades.
O rosto de Stevie se ilumina.
— É?
Eu concordo.
— Sim.
— Bom. — Ela balança os ombros com felicidade. — Honestamente, ela está
tão apaixonada pelo jogo nos últimos anos que eu estava com medo de que ela
construísse essa experiência em sua cabeça, e não fosse o que ela esperava, e ela
odiaria e perderia o interesse. Foi o que eu z quando disse que queria aprender
balé. Desisti depois de um ano.
— Todo aquele trabalho e você desistiu?
— Bem, sim. — Ela dá de ombros. — Tivemos algumas coisas de família
acontecendo, então foi difícil.
— Está tudo bem agora?
Stevie solta um suspiro triste.
— Sim e não. Meu pai faleceu há alguns anos de câncer, então essa parte não
é boa, mas meu outro pai está encontrando uma maneira de seguir em frente,
então acho que isso é bom. Ele está se curando. Ele está se redescobrindo. É...
bom.
— Sinto muito pelo seu pai. Nunca perdi um pai, então não consigo
imaginar como isso é difícil.
— Não é divertido, com certeza. Eu estava prestes a perguntar algo idiota
como Seus pais ainda são casados? Então lembrei que sou sua acompanhante no
casamento de sua mãe.
— Quarto casamento — corrijo.
— Isso te incomoda? Loretta tendo se casado tantas vezes?
— Sim, mas provavelmente não da maneira que muitas pessoas pensam que
isso me incomodaria. Estou incomodado com isso porque signi ca que ela
continua dando todas as melhores partes de si mesma para idiotas que não a
merecem. Eu quero que ela seja feliz mais do que tudo, mas a que custo, sabe?
Ela tentou tantas vezes. O que é preciso para fazer durar?
— A pessoa certa. Acredite em mim quando digo que é muito difícil de
encontrar.
Minha mandíbula aperta com a menção de seu casamento fracassado e do ex
que a maltratou.
— Eu ainda poderia matá-lo, você sabe.
Stevie sorri para mim.
— Eu aprecio isso, mas não é necessário.
— Macie o conhece?
Ela balança a cabeça.
— Não. Ela tinha apenas dois anos quando fomos embora. Ela pergunta
sobre ele às vezes, mas é melhor que ele não esteja em nossas vidas. Nós
pensamos assim, e ele também. Ele nem tentou entrar em contato desde o nosso
divórcio, e eu estou perfeitamente bem com isso. Para começar, ele não queria
Macie.
Meu sangue ferve. Como ele poderia afastar qualquer uma dessas garotas?
Quero dizer, não que eu esteja bravo com isso, dado o que sei sobre ele, mas
ainda assim.
— Ele parece um cretino.
— Ele é. — Ela balança a cabeça como se estivesse afastando todos os
pensamentos dele. — De qualquer forma, e quanto ao seu pai? Ele se casou de
novo?
Eu rio.
— Oh, sim.
— Uh-oh. Problemas com a madrasta?
— Não. Ele só se casou com uma delas, depois se divorciou dela logo depois
que ela teve seu segundo lho. As outras ele nunca se casou.
— Mas ele...
— Teve lhos com elas. Eu tenho seis irmãos.
Os olhos de Stevie se arregalam.
— Isso é...
— Eu sei — eu digo a ela, entendendo que ela está sem palavras como muitas
pessoas cam quando eu conto. — Pelo menos, ele é um pai muito bom. Um
marido de merda com certeza, mas ele é um pai presente.
— Bem, isso é alguma coisa, eu acho. Por quanto tempo ele foi casado com
sua mãe?
— Esse é o verdadeiro choque. — Eu sorrio. — Eles nunca se casaram.
— Espere, ambos foram casados e têm lhos, mas nunca casaram um com o
outro?
— Não. Minha mãe se tornou uma noiva em série e meu pai se tornou um
pai em série. Combinação feita no céu, se você me perguntar. — Eu dou de
ombros. — Ah, bem. Pelo menos me dá uma melhor compreensão do amor. É
um...
— Monte de merda?
— Bingo.
Eu pisco para ela, e ela revira os olhos.
— Não seja esse cara, Greer.
— Que cara?
— O cara que desiste do amor antes mesmo de tê-lo por que tem medo de se
machucar.
Eu zombo.
— Não é isso.
Não é.
Pelo menos, não acho que seja isso.
Merda. Esse é o meu problema?
Eu balanço minha cabeça. Não, definitivamente NÃO.
— Que tal pararmos com a análise psicológica e voltarmos ao hóquei?
— Oh, que bom, Greer mal-humorado está de volta. — Outro revirar de
olhos.
— Eu não sou mal-humorado. Estou focado.
— Claro. — Ela dá um tapinha no meu ombro. — Tudo o que você precisar
dizer a si mesmo.
Ela puxa o telefone do bolso e vejo que a tela está completamente quebrada.
Estou surpreso que ela possa fazer qualquer coisa nele, está tão rachado.
— O que aconteceu? — Eu pergunto, acenando em direção a ele.
— Deixei cair no food truck na semana passada. — Hum. — Quanto tempo
mais isso vai durar? — Ela pergunta.
Eu tento não deixar minha irritação em sua linha de questionamento
aparecer. Ela tem feito isso em todos os treinos, tentando apressar as coisas.
— Você quer que ela jogue hóquei ou não?
q q j g q
— Sim, mas também quero que ela faça o dever de casa e vá para a cama em
um horário decente. Eu também preciso alimentá-la com jantar, você sabe.
— Eu pago o jantar.
Sua boca se abre de surpresa.
— O quê?
— Jantar… eu pago.
Não sei por que digo isso. Ainda não as levei para jantar, mas também não
estou pronto para ir para casa. Estou cansado, mas também agitado. Eu preciso
de distração, ou tudo o que vou fazer é repassar como deixei entrar aquele gol na
noite passada. Passou por cima da minha luva, e eu nunca errei no meu lado da
luva, especialmente uma jogada fácil como aquela.
— Greer, não — argumenta Stevie.
— Bem, que pena. Eu vou pagar, então escolha um lugar. — Aponto para o
gelo. — Vamos fazer mais alguns exercícios e depois iremos.
Ela me chama, mas njo que não a ouço, pisando no gelo e correndo a toda
velocidade para alcançar Macie. Repassamos mais algumas coisas, praticamos
suas paradas e partidas e eu mostro a ela como segurar o taco corretamente.
— Tudo bem — eu digo a ela logo depois das cinco horas. — Acho que
acabamos o dia.
— Sério? Só isso?
Eu rio.
— Sim, só isso. Mas faremos de novo em alguns dias.
— Alguns dias? Eu tenho que esperar dias?!
— Bem, não para patinar, mas para fazer outras coisas, sim. — Eu aponto um
dedo para o meu peito. — Jogador pro ssional de hóquei, lembra?
— Alguém gosta de se gabar. — Ela patina passando por mim, bufando. —
Mãe! Estou com fome!
— Bem, que bom. Vamos sair hoje à noite.
— Sério? Para onde?!
Stevie pula alegremente nos calcanhares.
— É uma surpresa.
Por que eu não gosto do som disso?
11
Stevie
Se você tivesse me dito algumas semanas atrás que eu estaria sentada para jantar
com o goleiro dos Carolina Comets, eu teria rido por vários motivos.
Um, de jeito nenhum eu sairia com jogadores de hóquei. Isso é coisa da
minha irmã, não minha.
Dois, se eu estivesse com um jogador, certamente não seria aquele que me
deixa basicamente louca.
Mas aqui estamos.
— Sabe, quando eu disse que você poderia escolher o lugar, quis dizer que
você poderia escolher qualquer lugar.
— Eu sei. E eu escolhi.
— Sim, mas... — Greer torce os lábios em desgosto. — Esse?
Eu dou de ombros.
— É o favorito de Macie, e pare de agir como se você fosse melhor do que
todo mundo.
— Eu sou melhor do que todo mundo, e aquela menina precisa de um
paladar melhor.
— Ei! Meu paladar é ótimo! — A mencionada menina argumenta.
— Você ao menos sabe o que isso signi ca? — Greer pergunta a ela, com as
sobrancelhas levantadas.
— Dã. Claro que eu sei. — Ela bufa, mas não elabora. Em vez disso, ela passa
por ele até o balcão e levanta a cabeça. — Oi. Eu quero um Mc Lanche Feliz com
nuggets, por favor. Batatas fritas, molho barbecue e uma Coca-Cola grande para
a bebida.
Eu intervenho nisso.
— Faça disso um Sprite, por favor. — A última coisa de que ela precisa é se
encher de cafeína.
— Vocês pegam suas próprias bebidas. — O garoto aperta alguns botões na
tela, sem olhar para cima. — O que mais?
— Vou querer dez nuggets, batata frita pequena, água e um milkshake de
chocolate — digo a ele.
— Algum molho de acompanhamento?
— Hum. Pode ser bu alo.
— Claro. Algo mais? — O funcionário pergunta, nalmente olhando para
cima e diretamente para Greer. Seus olhos se estreitam por apenas um momento
antes de desviar o olhar.
Greer puxa o chapéu dos Comets para baixo e vai até o balcão.
— Vou querer dois Big Macs com molho extra, dez nuggets, uma batata frita
grande e uma Coca Diet.
— Algum molho de acompanhamento? — O garoto pergunta na mesma voz
monótona que estava usando.
— Ketchup.
— Ai, credo! — Macie e eu dizemos ao mesmo tempo.
Greer nos lança um olhar furioso.
— Eu não julguei o pedido de vocês. Cuidem das suas vidas. — Ele se volta
para o garoto. — Adicione uma torta de maçã a isso também, sim?
— Claro. Seu total é...
Ele recita nossa conta nal, e Greer bate seu cartão na tela com um suspiro
enquanto Macie e eu pegamos nossos copos. Nós vamos até o refrigerante, e eu
tenho que parar Macie quando ela tenta pegar a Coca-Cola. Ela franze a testa
quando a faço jogar fora e encher de novo com Sprite.
Encho meu copo de água e tomo um gole. Posso sentir os olhos de Greer em
mim.
— Sim? — Eu pergunto, quando eu o encontro olhando para mim em
descrença.
— Você realmente acabou de colocar água no seu copo de água?
— Um, sim?
Ele balança a cabeça.
— Você é uma seguidora de regras.
— É um copo de água. É para isso que serve – água.
— Sim, mas ninguém coloca água lá dentro. As pessoas no balcão nem
esperam que você coloque água lá dentro.
Eu dou de ombros.
— Eu queria água.
— Algo está deixando você com mais sede esta tarde? — Ele balança as
sobrancelhas para cima e para baixo.
Eu reviro os olhos com a implicância de que eu poderia ter sede dele.
— Não, mas agora que você mencionou, meu estômago está meio
embrulhado.
— O que há de errado, mãe? — Macie pergunta, completamente alheia à
segunda conversa que Greer e eu estamos tendo agora.
Nós, adultos, compartilhamos um sorriso secreto enquanto nos dirigimos
para o fundo da lanchonete e encontramos uma mesa.
Não perco a maneira como as pessoas se mexem para olhar para Greer. Tenho
certeza de que mesmo que ele não fosse um jogador da NHL, ele chamaria a
atenção apenas com sua altura e físico. Tenho certeza de que ser gostoso a ponto
de derrubar calcinhas também não machuca.
Entramos na cabine, Macie escolhe se sentar ao lado de Greer em vez do meu,
então esperamos. Eles esperam pela comida enquanto eu espero que o
constrangimento se instale.
Exceto que nunca vem. Não me sinto estranha sentada aqui com Greer e
Macie. Parece... normal.
Observo enquanto eles conversam animadamente sobre o próximo jogo
contra o St. Louis. Macie diz que ele precisa manter os olhos em um
determinado jogador, e Greer ri.
— Ah, não se preocupe. Ele nunca marcou contra mim.
O queixo de Macie cai.
— Nunca?
— Não. Eu o conheço muito bem.
— Como?
— Ele é meu irmão.
— CALA A BOCA!
— Macie! Não diga às pessoas para calarem a boca.
— Desculpe, mãe. — Ela afunda em seu assento. — Desculpe. Mas... — Ela
olha para Greer. — Você está falando sério?
— Sim. Ele é cerca de seis anos mais novo que eu.
— Isto é tão legal. Como é ter um irmão? Eu quero um algum dia.
Minha cabeça se inclina para trás porque esta é a primeira vez que Macie diz
algo sobre querer um irmão.
g q
— É bom. Não crescemos na mesma casa, mas ainda somos bons amigos.
— Isso é tão legal — diz Macie.
— É muito legal — concorda Greer. — Ele é um bom jogador.
— Você viu o gol dele contra o Tampa? Foi uma loucura! Aposto que você
não poderia ter bloqueado.
Eles discutem se Greer poderia ou não ter impedido o disco de cruzar a linha,
mas tudo em que consigo pensar é no que Macie disse.
Eu quero outro lho? Estaria mentindo se dissesse que não pensei nisso.
Aposto que seria incrível ver Macie no papel de irmã mais velha. Eu sei que me
diverti sendo uma.
Mas então começo a pensar em quanta diferença de idade haveria entre
Macie e ele. Como, em apenas oito anos, Macie estará na faculdade e eu terei
tempo livre novamente. Eu quero ter outro lho e desistir disso de novo?
Talvez se eu encontrasse o cara certo e o momento certo, mas tenho certeza
de que, com o estado ruim da minha vida amorosa atualmente, levará anos até
que isso aconteça.
— Pedido número 12. — Duas pessoas aparecem na ponta da mesa
segurando as bandejas, e abrimos espaço para elas colocarem tudo. Os dois
desaparecem sem dizer uma palavra, e eu divido a comida. Macie mergulha
direto em seus nuggets, abrindo seu molho barbecue e mergulhando um após o
outro.
— Devagar, Mace — eu digo a ela.
Ela coloca a mão sobre a boca, balançando a cabeça.
— Ok.
Ela mastiga um pouco mais devagar e me sinto menos preocupada com a
possibilidade de ela engasgar, voltando minha atenção para a comida. Eu espalho
cuidadosamente cada nugget, abro meu pote de molho e despejo um pouco em
cada pedaço de carne. Pego algumas batatas fritas e coloco na boca. É quando
noto Greer olhando para mim.
— O quê? — Eu pergunto depois de engolir.
— Que diabos é isso? — Ele acena em direção à minha bandeja.
— Meu jantar?
— Sim, eu posso ver isso, mas por que você derramou o molho nos nuggets?
— É estranho, não é? — Macie diz, ainda en ando batatas fritas na boca. —
Ela sempre faz isso.
— Cuide da sua vida, Macie. — Então eu olho para Greer. — Você também.
Não foi isso que você disse antes? Sem julgamentos.
— Isso merece julgamento.
— Concordo.
Pego uma batata frita e jogo na minha lha por isso.
— Ei! — Ela grita antes de pegar a batata frita e colocá-la na boca.
Greer balança a cabeça quando pego um nugget coberto de molho e dou
uma mordida.
— Vergonhoso.
— O quê? Quero uma distribuição uniforme do molho. Não é estranho. É...
é... ciência!
— Tenho certeza de que isso é um monte de me...
Eu estreito meus olhos, cortando seu quase xingamento.
— Mexerica. Isso é um monte de mexerica.
— Haha. Mexerica. — Macie ri como uma maníaca, o que faz Greer rir
também.
É a minha vez de balançar a cabeça para eles.
E ele teve a coragem de chamar Macie e eu de farinha do mesmo saco. Esses
dois têm mais em comum do que ele pensa.
Eu gostaria de poder dizer que comemos nosso jantar sem mais incidentes de
arremesso de batatas fritas, mas isso seria mentira. Greer joga um punhado em
Macie quando ela rouba um de seus nuggets porque "não suporta a ideia do
nugget passar por abuso de ketchup".
Greer esvazia nossas bandejas na lata de lixo enquanto vestimos nossos
casacos.
— Vocês meninas estão prontas? — Ele pergunta, colocando sua própria
jaqueta e puxando o boné para baixo.
Só que é inútil.
— Hum, ei, senhor? — diz uma vozinha.
Todos nós olhamos para baixo e encontramos uma criança que
provavelmente não tem mais de seis anos segurando uma caneta e um pedaço de
papel que parece um recibo. Eu olho para cima para ver um jovem casal
sorridente observando seu lho olhar para Greer com admiração. Ambos
parecem um pouco chocados também.
Greer não hesita em cair de joelhos, o sorriso mais largo e brilhante que eu já
vi dele se estendendo em seu rosto.
— Ei, carinha. Como você está?
— Você é... — O garotinho engole, o pedaço de papel tremendo em suas
mãos. — Você é o Sr. Greer? O goleiro?
— Com certeza sou, amigo. Qual o seu nome?
— Jonathan.
— Não brinca! Esse é o nome do meu pai.
— Sério? — Os olhos do menino brilham. — Isto é tão legal.
— Realmente é. — Greer acena com a cabeça para o papel que agora está
amassado na mão do garoto. — Você quer que eu assine isso para você?
Jonathan assente.
— Por favor.
— Que tal eu fazer uma coisa melhor para você, hein? — Ele tira o boné da
cabeça e en a a mão no bolso do casaco, tirando um marcador prateado. — Você
pode car com este boné.
— Uau!
O garoto – junto comigo – assiste maravilhado enquanto Greer rabisca seu
nome e o número 29 na nota, e meu coração derrete quando ele coloca o boné
na cabecinha do garoto. É tão grande que imediatamente cai sobre seus olhos,
fazendo-o rir.
— O que você diz, Jonathan? — Sua mãe pergunta.
— Obrigado, obrigado, obrigado! — Ele joga os braços em volta do pescoço
de Greer, e leva um minuto para o goleiro mal-humorado perceber o que
aconteceu, mas ele aperta o menino de volta, dando-lhe um tapinha gentil na
cabeça.
— Sem problemas. — Greer recua. — Apenas certi que-se de que quando
estiver assistindo nosso jogo amanhã à noite, você estará torcendo por nós.
Entendido?
Jonathan assente.
— Sim, senhor!
Ele corre para seus pais, que agradecem a Greer enquanto ele se levanta, e ele
acena para eles, murmurando um Sem problema antes de se virar para Macie e
para mim.
— Prontas, senhoras?
Ele diz isso tão casualmente como se não tivesse dado a esse garoto um
momento que ele vai lembrar para sempre no meio de um McDonald's.
— Estamos prontas — digo, conduzindo Macie à nossa frente, mas sem
conseguir tirar os olhos de Greer.
— O quê? — Ele pergunta, os olhos caindo em fendas.
— Nada — murmuro.
Mas não foi nada. Foi de nitivamente algo, e eu senti isso em algum lugar
que nunca esperaria, especialmente quando se trata de Greer.
Meu coração.

———
— Não foi legal que tivemos que andar no carro bobo quando temos um carro
perfeitamente incrível que poderíamos ter usado.
— Acho que um passeio na máquina da morte é o su ciente por agora —
digo a Macie, fazendo contato visual com ela pelo espelho retrovisor.
Ela murmura alguma coisa, mas não entendo, o que provavelmente é bom
para ela.
— Sabe, eu poderia ter trazido meu Viper ACR laranja. Agora aquele é uma
máquina da morte.
— Você não tem um, mas dois carros esportivos?
— Três.
— Três?! — Meus olhos se arregalam com esta notícia, e então eu balanço
minha cabeça. — Malditos ricos, cara.
Aqui estou eu, mal andando no mesmo carro que dirigia no ensino médio, e
ele tem três carros.
Ele ri.
— Ei, eu trabalho duro pelo meu dinheiro, você sabe.
— Você joga um jogo.
— Um jogo em que trabalho duro. Você tem ideia de quantos jogadores
jogam com hematomas e ossos quebrados?
— Eles fazem isso?
— Claro que sim. Pergunte a Miller sobre a vez em que ele marcou duas
vezes em Pittsburgh e, em seguida, teve seu ombro reajustado após o jogo porque
estava deslocado desde o segundo período.
Eu deslizo meus olhos em direção a ele.
— Sem chance.
Ele concorda.
— Sim, tem chance.
— É verdade, mãe. Todos eles fazem isso. Eles até divulgaram uma lista de
lesões no nal dos playo s. É uma loucura. — Macie se inclina para a frente,
segurando meu assento e o de Greer. — Mas não se preocupe, isso não vai
acontecer comigo. Não vou me machucar, sou a goleira.
Não sou estúpida o su ciente para pensar que isso é verdade. Já vi jogos
su cientes nos últimos anos para testemunhar o goleiro ser atingido algumas
vezes. Caramba, eu até vi uma vez onde um teve que ser ajudado a sair do gelo
em uma maca. É um esporte perigoso e ainda não consigo acreditar que a estou
deixando praticar.
— Loretta me contou sobre sua primeira queda, sabe.
— Oh, cara. — Greer ri. — Ela estava tão brava que os fez parar o treino. Ela
disse a você que tentou fazer isso de novo durante o meu primeiro jogo, quando
alguém esbarrou em mim?
— Ela não disse.
— Ela tem fogo, aquela mulher. — O amor em sua voz é tão claro. Eu quero
provocá-lo por ser um lhinho da mamãe, mas é difícil quando ele é tão sincero
sobre ela.
— Ela foi muito legal. Não tenho certeza do que aconteceu com você.
— Ei! Eu sou legal. Acabei de dar meu boné para aquele garoto.
Eu sorrio porque ele acabou de dar seu boné para aquela criança, e pode ter
sido meu momento favorito que tive com Greer nas duas semanas que passamos
juntos.
— Legal não é a palavra que eu usaria para descrever você.
Ele faz um barulho evasivo quando entramos no estacionamento da arena de
treino dos Comets. Não sei quanto Greer está pagando para usarmos este espaço
e, embora saiba que deveria perguntar sobre quando devo estar preparada para
pagá-lo de volta, ainda não tenho isso em mim.
Eu soube há duas noites que meu tempo no escritório de advocacia está
chegando ao m. Eles vão car com uma secretária no nal do mês, o que
signi ca que preciso encontrar um novo emprego em tempo integral se Scout
não tiver uso para mim no food truck.
Eu dirijo para uma vaga de estacionamento um pouco abaixo do carro
esportivo chique de Greer. Não tenho ideia do qual seja porque não sei nada
sobre carros, mas parece que é rápido.
p q p
— Eu poderia te dar uma carona nele, sabe — ele diz quando me pega
olhando.
— Qual é?
— É um ZR1.
— Que é...
— Corvette.
— Ah. Achei que parecia familiar. Durante anos, meu pai teve um calendário
de carros muito desatualizado na garagem.
— Quer dar uma volta? — Ele ergue as sobrancelhas e, por uma fração de
segundo, juro que ele não está falando de dar uma volta no carro.
Eu me dou uma sacudida porque de jeito nenhum ele quis dizer isso...
Certo?
Não. Outra sacudida.
— Acho que isso é um não — diz ele, abrindo a porta do carro. — Até mais
tarde, menina.
— Tchau, Greer! — Ela diz alegremente.
Ele acena para mim, então desaparece, fechando a porta suavemente atrás de
si.
Eu o observo ir, observo como seu casaco se estende sobre seus ombros
largos. A maneira como ele anda com autoridade como se fosse o chefe e todo
mundo soubesse disso. A forma como chama a atenção, mesmo quando
ninguém está olhando.
— Onde você está indo, mãe?
— Huh?
— Sua porta está aberta.
Eu olho para baixo, e ela está certa, minha porta está aberta. O que eu estou
fazendo?
— Eu volto já.
— Ok, mas se apresse. Quero assistir um pouco do jogo do Minnesota antes
de dormir.
Só posso acenar com a cabeça enquanto saio correndo do carro, perseguindo
Greer. Ele deve me ouvir porque ele gira em seus calcanhares, suas sobrancelhas
levantadas em pergunta quando eu derrapo até parar na frente dele.
Estamos parados a apenas trinta centímetros de distância, olhando um para o
outro no meio de um estacionamento escuro e quase vazio.
— Stevie? — Greer nalmente pergunta. — O que você está fazendo?
p g q
O que eu estou fazendo? Eu enlouqueci. Essa é a única explicação que tenho.
— Sim! — Eu deixo escapar.
— Sim?
— Uma volta.
Suas sobrancelhas se erguem mais alto.
— Uma volta?
Eu concordo.
— Sim. Uma volta... no seu carro — acrescento rapidamente. — Eu acho
que eu gostaria disso.
Um sorriso preguiçoso surge em seus lábios.
— Eu acho que eu gostaria disso também.
— Sim? — Ele concorda. — Bom.
Como joguei todos os pensamentos inteligentes pela janela, co na ponta
dos pés e pressiono meus lábios em sua bochecha com a barba por fazer. Eu os
deixo demorar, deixo a sensação dos pelos a ados de sua bochecha roçar meus
lábios e a maneira como ele cheira a algo picante e quente me toma.
Nós dois sabemos que a quantidade de tempo que passo com meus lábios
nele é inapropriada.
Mas nós dois deixamos isso acontecer de qualquer maneira.
Quando nalmente afasto meus lábios, dou um passo para trás, apenas para
encontrá-lo olhando para mim com um olhar que nunca vi nele antes.
— Boa noite, Jacob.
Juro que ouço murmurar Mulher malvada enquanto volto para o carro.
— Por que você está sorrindo? — Macie pergunta quando volto para dentro.
— Nada, bebê. Nada.
É uma mentira porque é de nitivamente alguma coisa. Eu só não tenho
certeza do que é ainda.
12
Greer & Stevie
Stevie: Macie não está lidando bem com isso.

Greer: Eu também.

Greer: Não acredito que perdemos, porra.

Stevie: Quero dizer, a sequência tinha que terminar em algum momento,


certo?

Greer: Sim, mas não assim. Não em um shootout contra o Arizona.

Stevie: Sinto muito.

Greer: É, eu também.

Greer: Ela está mudando as cores do aparelho?

Stevie: Ela já está no telefone.

Stevie: Brincadeira. Ela não se moveu de seu lugar no sofá desde que a
buzina tocou.

Greer: Se isso a faz se sentir melhor, ainda estou sentado no vestiário.

Greer: Não estou pronto para sair e enfrentar a imprensa.

Stevie: Deve ser difícil falar com eles depois de uma derrota.

Greer: É o pior.

Greer: Merda. Eu tenho que ir. O treinador está gritando comigo para
entrar no ônibus.

Greer: Diga a Macie que sinto muito.

Stevie: Eu vou.
———
Greer: Estou perdoado?

Stevie: Depois da vitória esta noite? Sim, acredito que sim.

Stevie: Ela já está fazendo planos para tomar o mesmo café da manhã,
almoço e jantar e vestir a camisa dela para o jogo em duas noites.

Stevie: Jogadores de hóquei são estranhamente supersticiosos.

Greer: É uma maldição que todos carregamos.

Stevie: Qual é a sua superstição estranha?

Greer: Manteiga de amendoim e torrada com banana.

Stevie: O quê?

Greer: Tenho que comer manteiga de amendoim e torrada com banana


na manhã de um jogo.

Stevie: Isso é tão...

Greer: Estranho?

Stevie: Velho. Meu avô costumava comer isso.

Stevie: Você é um velho em um corpo gostoso, não é?

Greer: Você acha que meu corpo é gostoso?

Stevie: Você sabe que é atraente. Não se faça de estúpido.

Greer: Verdade. Mas é bom ouvir de vez em quando.

Stevie: Por favor. Como se as mulheres não te dissessem isso o tempo todo.

Greer: Sim, mas ainda gosto de ouvir.

Stevie: Não vou ficar puxando seu saco.

Greer: Já está ficando pervertida comigo? Tudo bem. Eu posso entrar nisso.

Stevie: Adeus, Greer.

Greer: Fracote.

Stevie: Eu?
Greer: Sim. Você sai bem quando a conversa fica boa.

Stevie: Estou “saindo” porque tenho uma filha para cuidar.

Greer: Que conveniente.

Stevie: *ri no modo mãe*

Greer: Diga àquela merdinha magricela que eu disse que é melhor ela
estar trabalhando em sua resistência, como eu falei.

Stevie: Eu já a levei para a pista hoje para ela correr.

Greer: Você correu com ela?

Stevie: Ah, sim. Percorri dezesseis quilômetros rapidinho. Nada demais.

Greer: É assim que começo minha manhã.

Stevie: Você está brincando.

Greer: Não estou.

Stevie: Essa pode ser a coisa mais nojenta que você já me disse.

Greer: O quê? Correr é bom para você!

Stevie: Sim, e comer couve também, mas de jeito nenhum vou fazer isso.

Greer: Eu gosto de couve...

Stevie: Claro que gosta.

Stevie: Eu realmente tenho que ir. Eu tenho que colocar Macie para dormir.

Stevie: Mas não diga a ela que eu te disse isso. Ela me mataria se soubesse
que você sabe que a mamãe dela ainda a coloca na cama.

Greer: Meus lábios estão selados.

Greer: Boa noite, Steve.

———
Stevie: Conte-me sobre este casamento.

Greer: Bem, quando duas pessoas se “amam”, elas se casam.


Stevie: Greer.

Greer: Steve.

Stevie: Eu quis dizer, o que devo vestir?

Greer: Acho que eles preferem roupas.

Greer: Bem, a maioria das pessoas prefere. Provavelmente haverá alguns


velhos pervertidos que votariam de outra forma, no entanto.

Stevie: Estou falando sério!

Greer: Tudo bem. Acho que também não me importaria de ver isso.

Stevie: GREER

Greer: STEVE

Stevie: Me ajude. Por favor.

Greer: Já cuidei disso.

Stevie: O que diabos isso significa?

Greer: Isso significa que eu cuidei disso.

Stevie: Sim. TÃO útil.

Greer: Eu tento ser.

Stevie: Eu ia dizer algo maldoso sobre você perder esta noite, mas então
me lembrei que teria que lidar com o beicinho da minha filha, então VAI
TIME.

Greer: Mulher esperta.

———
Stevie: Macie está me incomodando sobre seu próximo treino. Alguma
ideia?

Greer: Estamos voando de volta hoje à noite depois do jogo. Tenho merda
para fazer amanhã e temos o casamento no sábado. Tenho treino no
domingo e jogo na segunda. Partimos para uma viagem na terça-feira,
então...

Stevie: Ela vai odiar essa não resposta, mas vou contar a ela.
Greer: Ei, ser treinada por um jogador da NHL tem suas vantagens. Mas
também tem suas desvantagens.

Stevie: Eu sei, eu sei. Macie também é muito grata. Não há como eu pagar
um treinamento como este, então isso realmente significa o mundo.

Greer: Não fique toda chorona e emocionada comigo agora.

Stevie: Chorona? Emocionada? Só estou agradecendo!

Greer: E é estranho.

Greer: Volte a me odiar.

Stevie: Eu gostaria de poder.

Greer: O que isso quer dizer?

Greer: Steve?

Greer: Ugh. Retiro a coisa de chorona e emocionada.

Greer: STEVIE?

Greer: Talvez você tenha dormido. Boa noite.


13
Greer
— O que diabos você está fazendo aqui?
Eu saio do meu carro, andando casualmente em direção à mulher que está
atualmente atirando punhais com os olhos em minha direção enquanto segura
uma caixa branca gigante que está transbordando de coisas.
— Aqui, deixe-me pegar isso — eu digo, pegando-a antes que ela tenha a
chance de protestar. Minha mãe caria tão orgulhosa de mim neste momento,
sendo um cavalheiro. — O que é tudo isso?
— Não vou responder até que você me diga o que está fazendo aqui
primeiro. — Ela olha ao redor do estacionamento quase vazio. — Como você
sabia que eu trabalhava aqui?
Eu levanto um ombro.
— Eu perguntei por aí.
— Então você pegou informações com Miller novamente?
Eu não respondo porque a última coisa que estou tentando fazer é colocar
Miller em apuros por me dar informações sobre Stevie, especialmente quando
ele não sabe o que estou fazendo quando pergunto a ele sobre ela. Ele é tão
alheio às vezes e dá a informação livremente. É cômico.
— Achei que você tinha dito que tinha coisas para fazer hoje — diz Stevie.
— Eu disse que tinha merda para fazer hoje, e é isso.
— Você tinha que me perseguir no trabalho? — Ela cruza os braços sobre o
peito, olhando para mim. Ela parece irritada, ainda mais do que o normal.
— Não. Estou aqui para dar aquela volta que você pediu.
Eu não perco o jeito que suas bochechas cam rosadas com minhas palavras
ou a leve di culdade em sua respiração. Ela estende a mão e joga seu longo cabelo
escuro sobre o ombro.
— Oh — ela murmura, suspirando baixinho. — Hoje parece um dia ruim
para isso.
— Por quê? — Eu balanço sua caixa, olhando para baixo para encontrar
alguns porta-retratos, alguns lápis e porta-lápis, várias pilhas de papéis e... isso é
um telefone com fio? Não vejo um desses há anos. — Tem alguma coisa a ver com
isso?
Ela solta outro longo suspiro.
— Sim. Eu, uh, eu perdi meu emprego.
— Merda, Steve. Sinto muito. — Não é à toa que ela está chateada. Ela tem
que cuidar de Macie, e isso é um golpe para ela.
Ela acena com a mão.
— Está bem. Eu sabia que estava chegando. Bem, era para chegar na próxima
semana, mas aqui estou, desempregada hoje.
— O que aconteceu?
— Eles estão fundindo empresas e não precisam de duas secretárias. Acho
que minhas habilidades não eram boas e eles escolheram outra pessoa.
Só então, a porta atrás dela é aberta, e uma mulher com cabelo ruivo curto sai
vestindo uma saia que tenho certeza de que mostraria tudo o que ela tem a
oferecer se ela se inclinasse. Suas pernas são longas e toni cadas, seus saltos
amarelos brilhantes chamam a atenção. Ela está vestindo uma blusa branca que
mostra seu sutiã vermelho brilhante por baixo. Ela quase parece uma
personagem sexy de desenho animado ou algo assim.
— Você precisa de alguma ajuda com isso, Srta. Thomas? — Mas ela não está
olhando para Stevie quando pergunta. Em vez disso, seus olhos estão xos em
mim, com aquele mesmo sorriso que diz "peguei você encarando" que vi uma ou
outra vez puxando para cima um lado de sua boca.
A morena na minha frente bufa.
— Não, Becky, estou bem.
— Tudo bem — diz a ruiva, nem uma vez tirando os olhos de mim.
Ela não faz nenhum movimento para voltar para dentro, o que irrita ainda
mais Stevie. Ela não precisa dizer nada para eu saber; é óbvio em sua postura
protetora e na maneira como seus punhos estão agora cerrados ao lado do corpo.
Os olhos de Stevie começam a se encher de lágrimas, e eu odeio isso. Eu odeio
tanto isso, mais do que jamais odiei qualquer coisa antes, e já perdi alguns jogos
bem disputados e fui eliminado dos playo s algumas vezes. Mas isso? Ver Stevie
tão chateada? É muito pior.
Eu largo sua caixa, não me importando com os itens dentro, prometendo
substituí-los se algo estiver quebrado.
g q
— O que você...
Eu a beijo.
Eu a beijo, porra.
Ela leva um segundo para entender o que está acontecendo, mas então ela
está me beijando de volta.
Stevie está me beijando de volta.
Seus lábios são macios e exíveis. Ela tem gosto de balas de caramelo e parece
o céu pressionada contra mim. Eu agarro sua cintura, segurando-a para mim,
inclinando minha cabeça para que eu possa provar melhor. Eu corro minha
língua ao longo da abertura de seus lábios, e ela facilmente se abre para mim. Eu
engulo o suspiro que a deixa, puxando-a para mais perto porque não consigo ter
o su ciente dela.
Eu quero mais. Eu preciso de mais.
Alguém limpa a garganta e é o su ciente para tirar Stevie do momento. Ela se
afasta de mim, os olhos agora vidrados de desejo em vez de lágrimas. Seu peito
sobe e desce, seu vestido é uma bagunça por causa das minhas mãos puxando-a.
Seus lábios estão inchados e suas bochechas estão manchadas de vermelho.
Ela está linda pra caralho, e isso me faz querer beijá-la novamente.
— Você pode ir agora, Srta. Thomas.
Stevie puxa seu vestido, endireitando o tecido desalinhado, então pega sua
caixa e passa por mim.
Eu olho a outra mulher bem nos olhos e pisco.
Então eu corro atrás de Stevie. Passo correndo por ela, abrindo o porta-malas
do meu ZR1 e pegando a caixa de suas mãos no último momento. Eu tento
capturar seus olhos para ter uma ideia do que ela está pensando, mas ela não olha
para mim. Ela apenas olha para o chão enquanto se vira e se dirige para a porta
do passageiro.
Um suspiro suave deixa seus lábios quando ela a abre.
— Greer...
Finalmente, seus olhos azuis como o céu de verão encontram os meus, e
naquele momento eu não tenho certeza se já vi algo mais bonito.
— O que você fez?
Eu chego ao redor dela no carro, recuperando a caixa branca.
— O seu quebrou.
— Eu sei, mas...
— Sem mas. O seu quebrou por minha causa, então eu o troquei. — Eu
empurro a caixa do iPhone na direção dela. — Não é o mesmo modelo que você
tinha, mas acho que você vai gostar muito desse upgrade.
— Jacob... — Ela sussurra, maravilhada com o dispositivo. — Eu não posso
aceitar isso. É demais.
— Se você acha que isso é muito, você realmente vai odiar o vestido que
mandei para o seu apartamento hoje.
Seu olhar vira para o meu, um pouco daquele fogo que ela está tão cheia
rastejando para fora em seus olhos.
— O quê? Que vestido?
— Eu só estava brincando sobre você ir nua ao casamento. — Eu me inclino
até meus lábios roçarem sua orelha. — Embora eu não estivesse brincando sobre
eu gostar da ideia de ver você desse jeito.
Quando ela se afasta, suas bochechas estão mais brilhantes do que eu já vi.
— Vamos. — Coloco a mão em seu quadril e a empurro em direção ao carro.
— Entre. Temos planos.
— Nós temos? Onde estamos indo?
— É uma surpresa.
— Eu odeio surpresas.
Eu rio.
— Você não vai odiar esta. Entre.
Desta vez, ela não discute. Ela desliza para dentro do carro, ainda olhando
para o novo telefone em suas mãos. Ela não olha para cima até que eu suba no
assento ao lado dela.
— Você gostou? — pergunto, ligando o motor.
— Isso é um mês de aluguel para mim, você sabia?
— É?
Ela acena com a cabeça.
— Sim. Eu... — Ela fecha os olhos com força e engole em seco, seus dedos
correndo pelas bordas da caixa. Quando ela os abre, ela olha para mim no
momento em que uma única lágrima desce por sua bochecha. Leva tudo em
mim para não me inclinar e limpá-la. — Obrigada, Jacob — ela diz baixinho. —
Por tudo.
Ela não se refere apenas ao telefone, ao vestido ou às aulas.
Ela quer dizer o bar também.
— De nada, Stevie. Por tudo.
Outra engolida. Um aceno de cabeça.
Ela pigarreia e olha para o telefone.
— Você pode ter que me ajudar a con gurar isso.
— Eu acho que posso lidar com isso. Mas primeiro... diversão.
Acelero o motor algumas vezes e ela ri.
É o som mais doce que já ouvi.

———
— Você não pode estar falando sério. — Stevie olha para o espaço diante de nós.
— Não estou vestida adequadamente para isso.
— Ei, não é minha culpa que você usou um vestido para trabalhar hoje.
— Você viu a competição que eu tinha. Tive que tentar tudo o que era
possível.
Eu odeio que ela sentiu que precisava mostrar um pouco de pele para salvar
seu emprego, mas não acho que ela gostaria de uma palestra sobre isso agora,
então eu digo:
— Tenho algumas coisas extras na minha bolsa que você pode vestir.
— Isso não vai caber em mim.
— Podemos fazer funcionar. — Eu me arrasto até a mochila que joguei no
banco e abro o zíper, procuro até encontrar algo adequado, então estendo para
ela. — Aqui. Isso deve funcionar.
Ela torce os lábios para as roupas, mas as aceita de qualquer maneira.
— Isto é ridículo.
— Claro, mas vai ser divertido. Vou ensinar você e sua lha a patinar.
— Exceto que ela estava pronta para isso. Eu não estou.
— Você vai se sair bem.
— Você não vai me deixar cair como fez com ela, vai?
Meu coração cai no meu estômago.
— Eu não...
— Estou brincando, Greer. Eu sei que não foi sua culpa.
Estou irritado por ter voltado a ser chamado de Greer, mas não digo nada.
— Se serve de consolo, acho que nunca me senti tão mal na minha vida,
inclusive quando fui para o Mundial de Juniores e perdi a medalha de ouro na
prorrogação e todo o Canadá cou puto comigo.
— Uau. Que comparação, minha lha, com o seu jogo de hóquei.
— Ei! O Mundial de Juniores é uma grande coisa.
— Sim, e minha lha também.
— Certo. — Eu limpo minha garganta. — Sinto muito.
— Eu sei. Pude ver como você estava chateado. Não tão chateado quanto eu,
obviamente.
— Não. Acho que a única pessoa que superou você foi minha mãe quando
ela surtou por minha causa.
— Seja legal com sua mãe, Greer. Ela ama você.
— Claro, Claro… Uau! O que você está fazendo?
Ela para de se mover, seu vestido na metade de seu corpo, deixando sua
metade inferior em nada além de sua calcinha e saltos vermelhos que eu aposto
que cariam muito bem enrolados na minha cintura.
— Uh, trocando de roupa?
— Aqui?
Ela dá de ombros.
— Não tem ninguém aqui. O quê? Você nunca viu uma mulher de roupas
íntimas antes? — Ela engasga. — Oh meu Deus, nunca foi Miller… você era o
virgem o tempo todo!
Eu olho para ela.
— Até parece.
— Os anos 90 ligaram – eles querem a sua garota do Valley de volta.
Eu envio a ela outro olhar, tentando o meu melhor para manter meus olhos
treinados em seu rosto e não em seu corpo enquanto ela tira o resto do vestido. É
difícil, então eu estou apenas observando-a. Ela é linda pra caralho, mesmo com
seu sutiã azul bebê incompatível com a calcinha preta rendada.
— Dia de lavar as roupas? — pergunto para me distrair.
— Não. Eu simplesmente não sou chique o su ciente para combinar.
Também não me importo – não estou tentando impressionar ninguém.
— Bom.
Ela faz uma pausa por um momento, os olhos focados em mim e na palavra
muito possessiva que acabou de sair da minha boca. Se ela tem algo a dizer, ela
guarda para si mesma. Ela apenas tira os saltos, pega a calça da pilha de roupas
que eu dei a ela e a veste.
Confesso que co triste quando ela passa a camisa pela cabeça e a deixa cair.
É muito longa nela, mas ela resolve isso, puxando o prendedor de cabelo de seu
g p p
pulso e apertando a camisa em um comprimento usável.
Eu jogo para ela um par de meias, e ela as coloca, então se senta.
— Você pode me ajudar? — Ela pergunta, batendo os cílios e apontando
para os patins.
É sutil, mas ouço a mudança em sua respiração quando caio de joelhos na
frente dela. Eu nem tenho uma frase engraçadinha para provocá-la, já que ela está
claramente gostando disso. Estou muito ocupado tentando acalmar meu pau
porque algo em mim ama demais essa cena.
Visões de Stevie nua, abrindo as pernas para o meu ataque não ajudam em
nada meu pau dolorido em meu jeans, e eu gostaria que estivéssemos em
qualquer outro lugar agora para que eu pudesse realizá-las. O que eu não daria
para deslizar minha língua ao longo de sua boceta para que eu pudesse ouvi-la
gritar meu nome.
— Greer.
Eu levanto minha cabeça.
— Eu acho que eles estão apertados o su ciente.
Olho para baixo e, sim, os patins dela estão calçados e amarrados. Ela está
pronta para ir.
Eu me levanto, ajustando meu pau o mais discretamente que posso, então me
sento ao lado dela e calço meus próprios patins.
— Está pronta? — pergunto uma vez que amarrei tudo.
— Eu acho que sim. — Ela cambaleia um pouco enquanto se levanta.
— Você parece ridícula. — Ela parece. Mas também vê-la com minhas
roupas... Eu gosto demais.
— Um ridículo bom?
— Claro. — Eu agarro sua mão para rmá-la, então a levo para o gelo. —
Tudo bem. Vamos devagar no começo, ok? Vou segurar você assim como z com
Macie.
— Parece bom — ela diz, andando no gelo parecendo Bambi, atrapalhada em
todo lugar.
— Sua lha é muito melhor nisso do que você.
— Sim, eu acho que sim. — Ela olha para os pés enquanto eu a puxo.
Nós patinamos assim por vários minutos antes de eu perguntar:
— Você acha que está pronta para tentar sozinha?
Ela mordisca o lábio inferior, olhando para mim com olhos cautelosos.
— Eu acho que sim.
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— Tudo bem. Soltando em um... dois... três.
Eu a solto, pronto para estender a mão e pegá-la, porque espero que ela
desmorone.
Mas ela não faz. Não, ela sai a toda velocidade, deslizando pelo gelo como a
porra de uma pro ssional.
— O que...
Eu observo com admiração enquanto ela patina com facilidade, movendo os
pés perfeitamente, patinando de costas e até mesmo girando em círculos. Eu co
lá com os braços cruzados sobre o peito, olhando para ela.
— Você me enganou.
Ela sorri do outro lado, levantando o ombro.
— Talvez.
— Onde você aprendeu a patinar assim?
— Lowell.
Eu inclino minha cabeça para trás.
— Lowell, como o meu capitão Lowell?
Ela acena com a cabeça, dando outro giro e acrescentando um pequeno salto
desta vez.
— Sim. Fizemos o ensino médio juntos e frequentemente íamos ao rinque de
patinação. Nós íamos depois da escola e fazíamos as coisas.
Eu paro, meus punhos cerrados ao meu lado.
— Coisas como...
Ela revira os olhos.
— Como as coisas de patinar. Nada sexual. Nós não gostávamos um do
outro assim. Bem, exceto por aquela vez.
Ela mostra a língua, patinando para trás ainda mais longe de mim.
Eu a persigo, determinado a fazê-la pagar por sua piada nada engraçada. A
ideia de Stevie e Lowell juntos me deixa furioso. Eu sei que ele está loucamente
apaixonado por Hollis e não há chance de nada acontecer, mas eu odeio o
pensamento do mesmo jeito.
Sei que não tenho por que odiá-lo, o que me irrita ainda mais enquanto caço
Stevie.
Eu sou muito mais rápido do que ela e poderia pegá-la facilmente, mas estou
gostando muito do nosso jogo de gato e rato para deixá-lo terminar tão cedo.
Quando vejo que ela está perdendo o fôlego, eu a ataco.
Bem, não de verdade, mas eu a empurro contra as tábuas, prendendo-a, e ela
suga o ar.
— Essa não foi uma piada muito engraçada. — Eu agarro sua cintura com
uma mão enquanto a ajudo a car de pé.
— Ah, isso é muito ruim. Eu iria usá-la no meu próximo show de stand-up.
— Você faz stand-up? Terá que me avisar quando e onde. Vou me certi car
de levar tomates.
— Ninguém mais joga tomates, Greer.
— Que pena. Algumas pessoas realmente precisam levar um bom tomate na
cabeça.
Ela ri e perde o equilíbrio, soltando um gritinho quando começa a escorregar
e estende a mão para mim, suas mãos se curvando ao redor do meu bíceps. É
uma posição familiar – ela pressionada contra mim e quase sem fôlego. É a
mesma em que estávamos há apenas uma hora, quando a beijei.
Não dissemos uma palavra sobre isso, nem mesmo no caminho para o
rinque. Ela passou esse tempo conversando com Macie ao telefone enquanto
Scout a levava para a casa de Miller para uma festa do pijama. Sei que ela estará
sozinha esta noite, e esse é o tipo de informação que pode me causar problemas.
Muitos problemas.
É exatamente o tipo de problema em que quero me meter... O tipo de
problema em que quero me meter com ela. Mas se vamos fazer isso, preciso saber
que estamos na mesma página.
— Steve.
— Greer — ela responde, nem mesmo querendo me repreender por usar seu
apelido. Seu foco está inteiramente na minha boca, nunca vacilando.
— Não posso te oferecer amor.
Minhas palavras a tiram de sua névoa, e seus olhos deslizam para os meus.
Ela engole uma vez. Duas vezes.
— Eu não acredito nisso — eu digo.
— Eu sei disso — ela sussurra.
— Então, isso é...
— É diversão — diz ela.
— Diversão?
— Sim. Isso é o que deveríamos estar tendo, certo?
Eu seguro seu olhar com o meu. Se eu olhar além do calor que está
queimando em seus olhos, posso ver outra coisa, algo que não tenho certeza se
q p g q
estou pronto para ver. Há um sentimento no fundo da minha mente que me diz
que algo está errado, que diz que algo não está certo sobre isso e que eu deveria ir
embora. Tivemos um beijo. Não tem que levar a algo mais.
Mas não tenho certeza se posso ir embora. Não agora, não quando eu sei o
gosto dela. Não quando eu sei o quão perfeitamente ela se encaixa em mim,
como sempre deveria ser.
Não posso ir embora, embora devesse, porque sei que não vou conseguir dar
a ela o que ela inevitavelmente vai querer.
É estupido. É perigoso.
Saber todas essas coisas? Não muda nada.
Sinto-me acenar com a cabeça e me ouço dizer:
— Sim... Diversão.
Sua língua sai para molhar os lábios.
— Ok.
— Ok.
Nós olhamos um para o outro por vários momentos, e não tenho certeza se
algum de nós sequer piscou durante esse tempo. Quero ter certeza de que ela
entende o que estou dizendo. Eu não posso amá-la. Não é quem eu sou. Isso, o
que está acontecendo entre nós, é puramente físico. É divertido.
Quando ela não faz objeções, quando não vejo nenhuma dúvida, pergunto:
— Posso beijar você agora?
— Ah, você está perguntando? Porque antes, você não foi um cavalheiro.
Você apenas...
Eu não a deixo terminar essa frase. Eu bato meus lábios nos dela, roubando
seu comentário espertinho e sua respiração.
Desta vez ela não hesita em me beijar de volta. Ela me dá tudo o que tem nela
enquanto joga os braços em volta do meu pescoço e me puxa para mais perto.
Ainda não é o su ciente.
Eu a puxo para cima e para os meus braços, adorando quando ela engancha
as pernas em volta da minha cintura como se fosse exatamente onde elas
pertencem. É uma má ideia segurá-la e beijá-la assim no gelo, mas caramba, sou
um jogador pro ssional de hóquei que vive no gelo. Eu posso lidar com isso,
especialmente por ela.
Ela solta um gemido suave, pressionando contra mim quando coloco minhas
mãos em sua bunda. É só para que eu possa segurá-la melhor, digo a mim mesmo.
É uma mentira, no entanto. Não consigo resistir a tocá-la, não posso negar como
é boa a sensação dela sob minhas mãos exploradoras.
Este momento... é mágico pra caralho. Não consigo imaginar um lugar onde
preferiria estar, uma pessoa com quem preferiria estar.
Ela. Ela. Ela.
É tudo que eu quero.
Tudo que eu preciso.
Não tenho ideia de quanto tempo nossas línguas se acariciam enquanto
tocamos um ao outro, mas é tempo su ciente para ela começar a tremer em
meus braços. Sinto falta do toque dela no segundo em que nalmente me
convenço a me afastar.
— Que tal isso para ser um cavalheiro? — Eu pergunto, colocando-a apoiada
de volta em suas pernas.
Ela balança um pouco, algo que eu realmente amo pra caralho, e sorri para
mim.
— Você pode ser o cavalheiro mais cavalheiresco que conheço.
— É mesmo?
Ela acena com a cabeça.
— M-mesmo.
Eu quero empurrá-la contra as tábuas e beijá-la novamente, mas ela está
tremendo bem na minha frente, e eu quero protegê-la disso ainda mais.
— Vamos. — Eu a agarro e a puxo de volta pelo gelo.
— Para onde vamos agora?
— Minha casa.
— Greer. — Ela puxa minha mão até eu parar. — Eu não posso
simplesmente ir para casa com você.
— Por que não?
— Hum, porque eu tenho uma lha.
— Ela vai passar o m de semana com a sua irmã.
Eu sei por que Miller estava animado com a noite no spa que ele planejou
para todos eles, algo sobre o qual eu impiedosamente o provoquei antes.
— Eu sei, mas... — Sua língua sai para molhar os lábios. — Não posso. Eu
gostaria de ir para minha casa.
Se eu dissesse que essas palavras não doeram como um disco nas bolas, estaria
mentindo.
— Ok. Eu posso te levar para casa.
p p
Eu me viro para continuar, mas ela me puxa novamente.
— O quê? — pergunto, me virando, tentando mascarar a dor que
de nitivamente estou sentindo, mas não tenho o direito de sentir.
— Venha comigo.
— O quê?
— Para casa — diz ela. — Venha para casa comigo.
14
Stevie
Este último mês da minha vida foi o mais insano.
Primeiro, a noite no bar com as outras mães – as mesmas que ainda não
ligaram para me convidar para sair de novo. Então Greer aparecendo no food
truck e me convencendo a ser seu encontro. Ele treinando Macie. Eu perdendo
meu emprego. Greer me beijando.
E agora, ele está no meu apartamento.
Nada disso foi como eu pensei que este mês iria acontecer, mas aqui estamos
nós.
Aqui estamos nós, entrando em meu apartamento, os olhos de Greer
observando o espaço ao seu redor. Tenho certeza de que não é muito para ele,
mas é o lar de Macie, Scout e eu.
— Isso é legal — diz ele, tirando a jaqueta. — Isso é...
— Um desastre absoluto? Eu sei, mas você terá que não reparar a bagunça.
Eu tenho uma lha de dez anos.
Greer dobra sua jaqueta – uma que eu tenho certeza de que custou tanto
quanto meu aluguel – sobre o braço e ergue as sobrancelhas escuras.
— Eu ia dizer aconchegante. É aconchegante. Muito mais vivido do que meu
apartamento.
— Vivido é uma boa maneira de dizer bagunçado.
— Não. É uma boa maneira de dizer que meu apartamento é frio e hostil.
Aqui não é. — Seus olhos se movem pela sala, ainda examinando cada parte. —
Eu não passo muito tempo em casa, especialmente durante a temporada, então
parece um pouco sem graça. A sua me lembra a minha casa de infância… com
vida.
— Sua mãe ainda mora lá?
— Não. Ela mora aqui, na verdade.
— Sério?
— Sim. — Ele concorda. — Eu a trouxe para cá alguns anos atrás, após seu
terceiro divórcio. Ela estava em uma situação difícil e imaginei que uma
mudança poderia fazer bem a ela. Agora seu negócio está prosperando e ela vai se
casar. Então estamos todos felizes, eu acho.
— Sim, você parece positivamente feliz quando fala sobre o quarto
casamento de sua mãe. — Reviro os olhos para que ele saiba que estou sendo
uma espertinha completa. Pego seu casaco, penduro-o em um dos ganchos vazios
perto da porta e tiro os saltos. Eu pareço ridícula agora, ainda usando as roupas
de Greer e meus saltos altos, mas não tive vontade de me trocar de novo depois
de patinar.
Ele grunhe.
— Desculpe. É apenas...
— Você não acredita no amor. Eu sei.
Um braço envolve minha cintura e sou puxada contra ele antes mesmo de
saber o que está acontecendo. Ele me gira, pressionando minhas costas contra a
porta e me prendendo. Estou sem fôlego quando olho para ele, meu peito
arfando, quase roçando nele porque ele está tão perto.
— Steve — ele sussurra, sua mão deslizando do meu lado até minha cintura,
seus dedos se curvando em minha pele, me marcando como dele.
— Greer. — Eu sorrio, apesar dos meus melhores esforços para não o fazer.
Eu odeio ser chamada de Steve, mas o jeito que isso sai da boca dele... bem, isso
me faz odiar um pouco menos.
— Diga meu outro nome.
— Huh?
— Meu primeiro nome. — Seu aperto em mim aumenta. — Diga.
— Jacob.
Ele inspira profundamente, e um milissegundo depois, sua boca bate contra
a minha. Não tenho ideia de quem alcança o outro primeiro, mas não importa
agora que estamos fundidos, puxando um ao outro como maníacos.
Suas mãos deslizam sob minha camisa – ou melhor, sua camisa – e as minhas
agarram as bordas da camiseta que o abraça como uma segunda pele. Ele
estremece quando minhas mãos colidem com sua pele nua, e eu quase queimo
quando a ponta de seu polegar contorna o meu sutiã. Suas mãos são de alguma
forma macias e ásperas ao mesmo tempo em que ele me segura como se tivesse
medo de que eu fosse desaparecer a qualquer momento.
Não há nada neste mundo que seja melhor do que ter as mãos dele em mim.
Não mesmo.
Não tenho certeza de quanto tempo nos agarramos como adolescentes
contra a porta, mas é tempo su ciente para eu precisar de mais.
— Jacob.
Ele se afasta, dando uma última mordida em meus lábios.
— Sim?
— Nós podemos...
Não consigo nem terminar a frase antes que ele me arraste pelo minúsculo
apartamento até o sofá. Ele se joga nele, me puxando para seu colo e de volta para
outro beijo.
Eu rio de sua urgência.
— Pare de rir — ele diz, não achando isso tão engraçado quanto eu.
— Bem, eu não posso evitar. Você está praticamente me atacando, me
jogando para os lados como um homem selvagem ou algo assim.
— Isso é porque eu não consigo ter o su ciente. — Ele se inclina para a
frente, pressionando os lábios na minha garganta. — Faz muito tempo.
— Desde a última vez que você me beijou? Ou desde a última vez que você
beijou alguém?
Ele se afasta, seus olhos se estreitando.
— Essa é sua maneira de me perguntar se estou saindo com alguém?
Droga. É?
Eu levanto um ombro.
— Eu acho que é.
— Não, Stevie. Não estou saindo com mais ninguém. Na verdade, não saio
com ninguém há meses.
— Meses? — Eu guincho.
— Sim.
— Anos.
— Anos?
Concordo com a cabeça, olhando para o meu colo e onde estamos
conectados, sem perder o quão bem parecemos nos encaixar.
— Eu não estive com ninguém em anos. Não desde...
Ele inspira profundamente com esta informação.
— Ninguém?
Eu balanço minha cabeça.
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— Nem mesmo um beijo.
— Porra, Stevie. Se eu soubesse disso...
Ele se inclina para frente, uma mão segurando minha cintura, a outra
deslizando em meu cabelo. Seu polegar acaricia minha bochecha enquanto ele
olha nos meus olhos como nunca antes.
— Eu teria te beijado assim.
Ele pressiona sua boca na minha. É um beijo suave, tão diferente dos outros
que já tivemos, lânguido e doce. Não há nada apressado quando ele abre meus
lábios e desliza sua língua para dentro. Pode ser o lado mais gentil de Greer que já
experimentei e, de alguma forma, me deixa tão quente quanto a versão mais
áspera.
Um gemido involuntário me deixa no momento em que ele se afasta porque
eu já sinto falta dele. Ele não perde isso.
Seu peito ressoa com uma risada.
— Melhor?
— Tão bom quanto — eu digo a ele, porque é verdade.
— Hum. Acho que vou ter que fazer de novo, então.
E ele faz, só que desta vez, seus toques gentis não duram. Eles se transformam
rapidamente nos mesmos movimentos ásperos, não ltrados e impacientes de
antes, quando ele me puxa, precisando de mais.
Eu preciso de mais também.
Eu quebro o beijo, alcançando a bainha da minha camisa e puxando o tecido
sobre a minha cabeça. Eu a deixo cair no chão em algum lugar atrás de mim
enquanto alcanço minhas costas e solto meu sutiã. Sento-me em seu colo com
nada além de uma calça que nem é minha enquanto olho para Greer e seus olhos
verdes famintos.
Ao contrário de antes no rinque, ele não tenta ngir que não está olhando
para mim. Desta vez, ele está fazendo isso completamente descaradamente. Ele
me observa, os olhos rastreando cada centímetro de mim, dos meus olhos aos
meus seios que não são tão empinados quanto antes, as estrias fracas na minha
barriga da minha gravidez e a pele ácida que tenho lá também. Seus olhos se
demoram na pequena cicatriz da minha cesariana, então ele os arrasta de volta
para o meu rosto e começa tudo de novo.
Sinto que devo fazer algo como me cobrir ou car tímida ou envergonhada
com meu corpo, mas não consigo encontrar isso em mim, não quando ele está
olhando para mim como se eu fosse a mulher mais linda que ele já viu.
p q j
Ele me quer, e eu o quero também.
Ele estende um único dedo e eu estremeço quando a ponta do dedo se
conecta com meu mamilo já duro. Ele traça a pele enrugada repetidamente, e é
irritante porque parece tão bom e não o su ciente ao mesmo tempo.
Eu me contorço contra ele.
— Greer, eu...
Minhas queixas rapidamente se transformam em um suspiro quando sua
boca se fecha em torno do mesmo mamilo que ele estava atormentando, e meus
olhos se fecham de prazer.
No momento em que eles fecham, eu o ouço.
— Olhos em mim, Stevie.
Sua voz é áspera e profunda, e eu quero tanto obedecer a seu pedido, mas é
difícil. Ter sua boca em mim é muito bom.
Eu os abro, observando-o enquanto ele beija meus dois seios, chupando e
mordiscando-os apenas para passar a língua sobre a leve ardência que ele deixa
para trás. Ele faz isso de novo e de novo até que eu juro que estou prestes a gozar
apenas com isso.
Então, sem aviso, ele me solta.
— Não! — Eu grito, estendendo a mão para ele.
Ele ri sombriamente, agarrando minhas mãos e interrompendo meus
movimentos.
— Se você continuar se contorcendo como está, vou explodir no meu jeans, e
isso seria triste porque pre ro gozar nessa sua garganta linda.
Minha boca saliva com suas palavras.
— Ah — ele diz. — Você gosta dessa ideia, hein?
Eu concordo.
— De joelhos, então.
Eu me arrasto para fora de seu colo, caindo no chão na frente dele. Ele abre as
pernas, e eu aprecio a dor nos meus joelhos enquanto me aproximo dele.
— Coloque meu pau para fora — ele instrui.
Nunca estive tão feliz em obedecer a alguém como neste momento.
Alcanço seu cinto, deslizo o couro caro pela vela e abro o fecho. Eu abro o
botão, em seguida, arrasto o zíper de sua calça jeans para baixo. Ele se levanta
apenas o su ciente para que eu puxe suas calças para baixo enquanto ele tira a
camisa.
Ele se senta diante de mim, com as calças pela metade, sem camisa. Ele parece
um rei em seu trono e estou feliz por ser sua serva.
— Tire — ele instrui novamente, sua voz mais rouca do que antes.
Eu obedeço, en ando a mão na cueca preta e puxando seu pênis inchado.
Engulo em seco ao vê-lo. Ele envolve a mão em torno de si mesmo, acariciando
lentamente. Eu não poderia desviar o olhar, mesmo se tentasse.
— Você quer me provar, não é?
Concordo com a cabeça, incapaz de tirar os olhos dele.
— Faça isso. Coloque-me na sua boca.
Não perco mais um segundo, deslizando minha língua contra seu eixo da
base à ponta. Um rosnado profundo sai de sua garganta, e é como música para
meus ouvidos, me estimulando. Eu fecho minha boca sobre a cabeça de seu
pênis, circulando minha língua na parte inferior, prestando atenção especial ao
frênulo.
Ele cantarola de prazer enquanto eu engulo mais dele, deixando minha boca
destreinada se ajustar ao seu tamanho antes de tomar mais. Ele me deixa ir no
meu próprio ritmo, mas sei que ele está se segurando. Eu sei que ele precisa de
mais.
Eu preciso de mais também.
Pego sua mão e a levo à minha cabeça, olhando para ele. Seus olhos estão
vidrados e cheios de luxúria, mas ele entende o que eu quero.
— Tem certeza? — Ele pergunta. — Porque não tenho tanta certeza de que
posso ser gentil, Stevie. Na verdade, não quero ser gentil. Você entende?
Eu concordo.
Eu sinto no momento em que ele se solta. Seus dedos se fecham em torno de
um punhado do meu cabelo, e ele entra em mim, en ando seu pau na minha
garganta. Eu engasgo com a intrusão, o que o estimula ainda mais, e ele empurra
para dentro de mim novamente. Lágrimas brotam em meus olhos, algumas
derramando quase instantaneamente. Não consigo respirar, mas nunca me senti
tão viva antes.
Eu sinto que deveria odiar isso, ser usada assim, mas percebo que
simplesmente não me importo. É muito bom, muito certo tê-lo na minha boca.
Seu aperto na minha cabeça aumenta, sua outra mão descendo para limpar as
lágrimas que agora estão escorrendo pelo meu rosto enquanto ele continua
empurrando. Eu engulo em torno dele, e ele emite um som gutural.
— Caralhooo — ele geme. — Você me toma tão bem, Stevie. Juro que sua
boca foi feita para o meu pau.
Eu aceno porque eu juro também.
Ele se dirige à minha boca repetidamente, seu corpo cando mais rígido a
cada movimento, sua respiração cando cada vez mais nítida enquanto a minha
ca cada vez mais fraca.
— Eu tenho que gozar — ele murmura.
Ele tenta se afastar, mas eu me recuso, cravando minhas unhas em suas coxas
para interromper seus movimentos.
Eu mereço isso. Eu mereço tudo dele.
Ele empurra para dentro de mim mais duas vezes, e é quando eu sinto o calor
de seu esperma batendo no fundo da minha garganta. Eu engulo tudo o que ele
tem para me dar enquanto seus golpes diminuem enquanto ele desce de sua
viagem.
Quando ele está totalmente esgotado, eu o deixo deslizar para fora da minha
boca, então descanso minha cabeça em sua coxa, sugando o ar pelo que parece ser
a primeira vez em horas enquanto Greer acaricia minha cabeça e tenta estabilizar
sua própria respiração.
Como é que eu nem gozei e me sinto exausta como se tivesse acabado de
correr uma maratona? Tudo no meu corpo dói e não tenho certeza se
conseguirei me mover novamente.
— Eu deveria ir.
Suas palavras são como um balde de água gelada.
Elas são su cientes para me fazer levantar a cabeça e olhar para ele.
— Ir?
Ele concorda.
— Sim. Tenho treino amanhã de manhã.
— Oh.
É uma coisa estúpida de se dizer. Eu sei que é, mas é tudo que consigo reunir.
Acabei de deixá-lo foder minha boca e ele tem que ir porque tem treino de
manhã? Eu...
Bem, estou irritada.
E magoada.
E eu mencionei irritada?
Eu co de pé, tentando ignorar a dor nos joelhos quando os estico. Tenho
certeza de que terei hematomas amanhã. Se você tivesse me perguntado sobre
q p g
eles apenas vinte segundos atrás, eu teria dito que valeram a pena, mas agora,
olhando para Greer enquanto ele puxa o jeans para cima e a vela as calças como
se nada tivesse acontecido, não acho que seja o caso de forma nenhuma.
Dou um passo para trás quando ele se levanta do sofá, cruzando os braços
sobre o peito para cobrir meus seios nus, porque ainda estou praticamente nua
quando ele puxa a camisa de volta.
— Ei — diz ele suavemente, seus dedos deslizando sob meu queixo e
puxando-o para encontrar seus olhos. — Estamos bem?
Eu aceno porque agora, é tudo que posso fazer.
— Ok. Vejo você amanhã às quatro.
Minhas sobrancelhas se juntam.
— Quatro?
— O casamento. Eu sou o cara de honra, então precisamos chegar cedo.
— Oh. O casamento. Certo.
Uma carranca puxa seus lábios, mas se foi tão rápido quanto apareceu. Ele
gentilmente beija meus lábios, então me dá um sorriso.
— Boa noite, Steve.
— Noite — murmuro.
Sem olhar para trás, ele sai do meu apartamento.
Não me lembro da última vez que me senti tão mal. Estou feliz que Macie
não está voltando para casa esta noite; não há razão para ela me ver chateada
assim.
Vou até a cozinha e tomo um copo d'água, depois digo que se dane e pego
uma garrafa de vinho. Desenrosco a tampa enquanto caminho pelo corredor até
o meu quarto, parando bruscamente na porta quando meus olhos pousam na
caixa em cima da minha cama.
Quero perguntar a Greer como ele conseguiu colocar isso aqui dentro, mas
então me lembro que ele não está aqui. Ele se foi. Ele me usou, e agora ele se foi.
Eu empurro a caixa para fora da cama e rastejo para debaixo dos lençóis,
ainda vestindo suas calças e ainda segurando meu vinho. Eu fecho meus olhos,
afastando todos os pensamentos sobre o que acabou de acontecer.
Não faço ideia de quanto tempo levo para adormecer. Tudo o que sei é que é
a pior noite de descanso que já tive.
15
Greer
Estou atrasado.
Eu odeio pra caralho me atrasar, e realmente odeio me atrasar quando
envolve uma mulher bonita.
— Escute, tudo o que estou dizendo é que talvez as coisas tivessem sido
diferentes se JC fosse aquele cuja carreira decolou e não Justin, sabe? Ele era
claramente o membro mais talentoso da banda, mas não, nós tivemos um
menino de cabelo de macarrão estampado em toda a capa do Teen Bop por anos.
— Puta merda. — Aperto o nariz entre o indicador e o polegar, uma dor de
cabeça se instalando entre meus olhos. — Por que estamos falando sobre isso de
novo, Miller?
— Porque eu estava comprando pizzas para as meninas e vi Justin na capa de
uma revista com um artigo sobre sua vida perfeita com sua esposa perfeita, e isso
trouxe alguns sentimentos antigos.
— Então você ligou para mim? Para conversar sobre NSYNC? — Esfrego o
mesmo ponto novamente, o latejar voltando.
— Bem, não. Liguei para você para dizer que é melhor você cuidar bem de
Stevie esta noite, mas vi a revista e me distraí.
— Você me ligou sobre Stevie? Para quê? Me ameaçar se eu não cuidar dela?
— Yep. — Ele estala o P, mexendo o telefone, e eu observo enquanto ele pega
um saco de batatas e abre ali mesmo no corredor. — Eu sei onde você trabalha.
Eu sei onde você mora. E também conheço todos os pontos fracos do seu
equipamento. Então, se você a machucar, juro por Deus que vou fazer parecer
nada mais do que um acidente estranho de hóquei quando eu cortar sua
garganta.
— Jesus, Miller.
É bem o visual que ele pintou, um que posso ver com muita clareza. Essa não
é a parte mais assustadora, no entanto. É como ele me diz tudo isso – com um
sorriso no rosto e sinceridade nos olhos. Miller quer dizer o que ele diz, e isso me
faz respeitá-lo.
Também me irrita.
— Eu não pretendo machucar Stevie.
— Ah, eu sei que não. — Seu sorriso brilhante quase me cega mesmo através
da tela do telefone. — Você age como um grande rabugento durão, mas no
fundo, você é um molenga. Eu ainda tenho que deixar você saber como vai ser,
no entanto. Stevie vai ser minha cunhada um dia, então considere isso meu dever
fraternal.
— Seu aviso foi ouvido. — Reviro os olhos, mas ele não se importa. — Posso
ir agora? Eu meio que tenho um casamento para ir e estou prestes a bater na
porta do meu par.
Eu olho para o 23 C na porta, esperando como o inferno que Stevie não
possa ouvir essa conversa do outro lado dela. Normalmente, eu não atenderia a
ligação de Miller, mas ele nunca me envia solicitações de bate-papo por vídeo,
então quei preocupado que algo estivesse errado com Macie.
Não. Acontece que ele só queria conversar sobre boybands e me ameaçar.
— Você pode ir. Por favor, diga a Stevie que eu disse que ela está linda.
— Você nem a viu. — Eu nem a vi, mas com base no vestido que comprei
para ela, não tenho dúvidas de que ela está incrível.
— Sim, mas ela está sempre bonita. Quero dizer, Scout é mais bonita, mas
ainda assim.
Eu realmente quero responder com algo estúpido sobre Stevie ser a mais
bonita, mas isso seria super colegial da minha parte, e eu não tenho tempo de
qualquer maneira.
— Boa noite, Miller.
— Boa noite, Greer. E lembre-se...
— Sim, Sim. Patins na garganta, grande acidente. Eu entendi.
Ele sorri.
— Bom menino.
Aperto o botão vermelho antes que ele possa dizer qualquer outra coisa que
me deixe maluco e deslizo meu telefone no bolso. Com uma respiração
constante, eu bato meus dedos contra a porta. Há um arrastar suave do outro
lado antes de ser aberta, e minha respiração é roubada de meus pulmões.
— Uau.
É tudo que consigo pensar em dizer quando percebo a mulher na minha
frente.
Eu estava certo em escolher o vestido que eu escolhi. O azul combina
perfeitamente com seus olhos, e a cintura é lisonjeira de todas as maneiras certas.
Seus seios – aqueles que eu sei que têm um gosto doce para caralho – estão
empurrados para cima, e ela está mostrando apenas decote o su ciente para fazer
meu pau doer dentro da calça, mas não o su ciente para me deixar
envergonhado. O material suave e macio balança contra suas pernas, parando
pouco antes de atingir seus joelhos, que ainda estão vermelhos por causa das
atividades da noite anterior. Eu seria um mentiroso se dissesse que não amei a
visão.
— Eu totalmente me sinto bem vestida demais — diz Stevie.
— Besteira — eu digo a ela, nalmente tirando meus olhos de seu corpo. Seu
cabelo escuro está preso em um coque. Há duas tranças, uma de cada lado da
cabeça, e um par de brincos – que combinam perfeitamente com o colar que
escolhi para ela – pendurados em suas orelhas. — Você está linda.
Suas bochechas cam rosadas, algo que eu normalmente acharia fofo, mas
algo parece errado. Ela parece errada.
— Tudo certo? — pergunto a ela.
Ela dá um breve aceno de cabeça.
— Tudo bem.
Exceto que parece que nada está bem. Assim que estou prestes a pedir que ela
explique, meu telefone toca mais uma vez. Desta vez, conheço o toque. Tiro-o do
bolso e nem me preocupo em olhar o nome na tela quando aperto o botão verde.
— Mãe?
— Jacob! Onde você está? Você deveria estar aqui há dez minutos.
— Se acalme. Estamos a caminho.
— Garoto. — Ela faz um barulho de tsc. — Eu juro, se você não fosse tão
grande, eu o dobraria sobre meus joelhos e bateria em sua bunda por me dizer
para me acalmar no dia do meu casamento.
Eu sorrio.
— Você nunca me bateu.
— Bem, não me faça começar agora. Apenas chegue aqui. Eu preciso do meu
cara de honra.
— Estamos saindo agora. Amo você.
— Mas nunca tanto quanto eu te amo. Dirija com cuidado — ela solta
rapidamente antes de encerrar a ligação.
Eu deslizo meu telefone de volta no meu bolso.
— Está tudo bem com sua mãe? — Stevie pergunta, seu lábio inferior entre
os dentes.
— Oh, sim. Apenas seu nervosismo pré-casamento habitual. Ela faz isso toda
vez. Estamos bem.
Stevie me dá um pequeno sorriso, e não é nada como os sorrisos que ela me
deu antes. Na verdade, isso me lembra muito os primeiros sorrisos que ela me
dava – forçados e falsos. Quero falar mais sobre isso, mas realmente estamos
cando sem tempo, então estendo minha mão para ela.
— Pronta?
Ela acena com a cabeça e, em vez de colocar a mão na minha, ela passa por
mim como se eu nem estivesse lá.
Entre minha mãe e Stevie, tenho a sensação de que vai ser uma longa noite.

———
— Eu agora os declaro marido e mulher! Você pode beijar a noiva!
David envolve seus braços em volta da minha mãe e a inclina para trás,
beijando-a com mais força do que eu gostaria de ver minha mãe sendo beijada.
Todos explodem em vivas, e coloco meu melhor sorriso e bato palmas também.
Ela conseguiu. Ela se casou com seu quarto marido. Este tem que durar, não
é?
Eles fazem sua grande saída e a festa nupcial segue o exemplo. Eu pego o
olhar de Stevie na saída e não perco quando ela passa os dedos sobre o rosto,
enxugando as lágrimas.
Mulheres e casamentos, cara. Elas sempre choram.
Eu não acho que nada poderia superar os soluços de David durante seus
votos, no entanto. Ele realmente ama minha mãe, o que é ótimo. Desejo o
melhor a ele.
Tiramos algumas fotos – o porquê minha mãe precisa de mais fotos do
casamento está além de mim – então somos liberados para a hora do coquetel.
Aluguei o hotel mais chique que a cidade tem para oferecer como presente de
casamento para minha mãe. Ela não sabe que também consegui passagens para
uma viagem de três semanas à Irlanda para a lua de mel deles. Eles partem
amanhã, e vou deixar David ser a pessoa a dar a notícia a ela mais tarde.
Sou parado nada menos que cinco vezes enquanto atravesso o saguão de
recepção em busca de Stevie. Se eu conheço minha mãe, ela nos colocou na mesa
da frente, que é onde espero encontrar minha acompanhante. Depois de apertar
a mão de outro dos clientes favoritos da minha mãe, uma pausa na multidão me
permite saber que estou certo.
Paro por um momento para admirá-la enquanto ela toca o canudo em seu
coquetel, com a outra mão sob o queixo. Ela parece triste, mas bonita. A vontade
de tomá-la em meus braços e girá-la pela pista de dança para que todos possam
ver que ela é minha, é forte.
Mas eu não faço. Em vez disso, deslizo para a cadeira ao lado dela,
assustando-a quando ela raspa no chão.
— Desculpe — murmuro, pressionando um beijo em sua bochecha.
Ela endurece debaixo de mim por um momento antes de relaxar.
— Você está bem? — Eu pergunto a ela pelo que parece ser a milionésima vez
esta noite.
Ela está quieta desde que apareci em seu apartamento. Ela nem fez nenhum
comentário sobre o sinal vermelho que eu de nitivamente ultrapassei no
caminho até aqui. Algo a está incomodando, mas não tenho certeza do quê.
— Mhmm — ela responde, levando a bebida aos lábios. Ela dá um longo
gole, depois outro. E mais um até que seu copo esteja vazio. Ela empurra a
cadeira para trás. — Vou buscar um re l.
Eu me levanto, pronto para persegui-la.
— Stevie, espere. Eu...
— Aí está você! — Minha mãe grita, abrindo caminho no meio da multidão.
— Meu menino!
Em toda a sua glória, minha mãe desliza pelo chão, seu vestido creme se
arrastando atrás dela. Penso em todos os vestidos em que a vi, este é o meu
favorito. Ela está linda com seu cabelo grisalho preso em um coque e sua
maquiagem toda feita. Ela não parece ter passado dos trinta, quando na verdade
está apenas dois meses antes dos cinquenta.
— Ei, mãe.
Ela pressiona um beijo na minha bochecha, sem dúvida deixando para trás
uma mancha de batom e olha para Stevie.
— É ela?
Eu concordo.
— Mãe, este é Stevie. Stevie, conheça minha mãe, Loretta.
— A famosa Stevie Nicks! — Mamãe bate palmas. — Estou tão honrada em
conhecê-la.
— Você está honrada em me conhecer? — Stevie sorri. — Estou conhecendo
Loretta Lynn – sou eu quem está honrada.
Elas riem e se abraçam como se fossem velhas amigas, e estou incrivelmente
curioso para saber por que elas estão chamando uma à outra de nomes que
de nitivamente pertencem a musicistas famosas.
— É tão maravilhoso nalmente conhecê-la — Stevie diz a ela. — Eu ouvi
tanto sobre você de Greer.
— Só coisas boas, eu espero. — Mamãe pisca, depois me cutuca. — Estou
realmente tão feliz que você veio. Quando este me disse que estava trazendo
realmente uma acompanhante, quase caí da cadeira do salão. Ele sempre causa
confusão em casamentos, e quei aliviada por ele ter alguém para mantê-lo na
linha. — Minha mãe olha Stevie de cima a baixo. — Eu não tinha ideia de que
você seria tão linda assim, no entanto.
Stevie cora.
— Obrigada. Você está deslumbrante.
— Oh, pare com isso. — Minha mãe a dispensa, mas sei que ela adora o
elogio. — Como você está, querida? Como sua lha está se adaptando ao
hóquei?
— Ela adora. Greer tem sido um treinador fantástico.
É a coisa mais gentil que Stevie me disse a noite toda, e gostaria que minha
mãe casse por perto para que eu pudesse ouvir mais elogios.
— Bom. Estou tão feliz. — Mamãe aperta as mãos de Stevie. — Você tem
meu número, então se precisar de outra conversa motivadora, estou a apenas
uma ligação de distância.
— Obrigada, Loretta.
— É melhor eu voltar para que possamos fazer nossa grande entrada. Eu só
tinha que vir dizer olá para você primeiro.
Mamãe dá um tapinha em sua bochecha e depois vira para mim. Eu me
abaixo para que ela possa envolver seus braços em volta de mim.
— Você realmente está linda, mãe — digo a ela, apertando-a com força.
— Eu sei que estou. — Eu rio quando ela se afasta, colocando as mãos no
meu rosto. — Cuide dela. — Ela ergue as sobrancelhas. — Você me entende?
g
Eu concordo.
— Eu te entendo.
— Bom. Te amo, baby.
— Não tanto quanto eu te amo.
— Ei, essa é a minha fala! — Ela pisca antes de deslizar para a multidão.
Eu me viro para Stevie, mas ela se foi. Atravesso os grupos de convidados,
esperando não ser parado um milhão de vezes antes de chegar ao bar. Estou com
sorte porque nem uma única alma me detém, mas essa euforia desaparece
quando vejo a cena na minha frente.
Stevie está conversando com um cara.
Um cara que está se inclinando para perto enquanto ela joga a cabeça para
trás rindo.
Um cara que está a cerca de dois segundos de ser jogado por cima do bar e ter
uma garrafa quebrada na cabeça.
Eu marcho em direção a eles, deslizando logo atrás de Stevie, sem deixar
nenhum espaço entre nós. Sua bunda se encaixa perfeitamente no meu pau e, se
não estou enganado, ela pressiona de volta contra mim.
— Stevie — eu digo em seu ouvido.
— Greer — ela murmura de volta. Ela não desvia o olhar do cara morto, mas
ela relaxa contra mim, e o cara não perde.
— Desculpe. Não sabia que vocês estavam juntos.
— Bem, nós estamos — eu digo a ele. — Você pode ir agora.
Ele levanta as mãos e se afasta.
Stevie gira no momento em que ele se foi, seus olhos bebê azul cheio de fogo.
— Isso foi tão grosseiro, Greer.
— Pare de me chamar assim.
— Você prefere que eu te chame de cuzão, então?
— Qual é o seu problema?
Ela bufa, cruzando os braços sobre o peito.
— Nada.
Estou prestes a chamar atenção para a sua merda quando o DJ aparece nos
alto-falantes.
— Todos poderiam, por favor, ir para seus lugares para que possamos
apresentar os recém-casados?
Stevie passa por mim, voltando para a mesa. Eu gostaria que qualquer um,
menos minha mãe, estivesse se casando agora, para que eu pudesse arrastar Stevie
g p q p
para algum armário de casacos e exigir que ela me contasse o que há de errado,
mas não posso fazer isso com minha mãe.
Em vez disso, sigo meu encontro e deslizo para a cadeira ao lado dela. Nós
batemos palmas e comemoramos quando minha mãe e David são apresentados,
e eu juro que pego Stevie enxugando outra lágrima quando eles dançam pela
primeira vez. Sentamo-nos durante os discursos – minha mãe me poupa de fazer
um – e o jantar, sem falar um com o outro.
Não é até o DJ anunciar que os membros da festa de casamento devem
iniciar a noite na pista que nós olhamos um para o outro.
Eu me levanto e estendo minha mão para a minha acompanhante. Ela olha
para ela por um momento, claramente pensando em me deixar comendo poeira,
mas eventualmente ela desliza a palma da mão contra a minha.
Eu a puxo contra mim quando a música começa a tocar, saboreando a
sensação dela pressionada contra mim. Ela pode estar chateada comigo, mas eu
não me importo. Não posso deixar de tocá-la agora, não quando ela está tão
linda quanto está, fazendo biquinho e tudo.
— Você sabe, todos neste lugar podem ver que você está chateada comigo —
eu digo suavemente. Ela grunhe. — Eu só queria que você me dissesse o que eu
z de errado para que eu pudesse consertar.
Ela se afasta, olhando para mim com as sobrancelhas levantadas.
— Você está falando sério agora?
— Sim, estou falando sério. Não entendo o que está acontecendo.
— Droga, Greer.
— Pare de me chamar assim.
— Não.
Cerro os dentes, minha paciência diminuindo a cada segundo.
— O que eu z?
Ela tenta se afastar e correr, mas eu não deixo. Na verdade, eu a puxo ainda
mais para perto.
— Sem correr. Fale comigo.
— Você foi embora!
Agora é minha vez de recuar.
— O quê?
— Noite passada. Você simplesmente foi embora, depois de...
— Depois que meu pau estava na sua boca?
Suas bochechas escurecem.
— S-sim. Eu pensei... — Ela exala uma respiração rme. — Eu pensei que
estava bem no começo, bem com você indo embora e eu me sentindo usada, mas
então eu não estava. Eu não estava bem com isso. Eu ainda não estou bem com
isso.
— Stevie, eu...
— Não, Greer. — Ela balança a cabeça, empurrando para fora dos meus
braços e se afastando de mim. Eu olho ao redor. Estamos de nitivamente sendo
observados por quase todos na sala, incluindo minha mãe, que está com as
sobrancelhas levantadas em uma pergunta silenciosa.
Eu agarro o pulso de Stevie, puxando-a para fora da pista de dança para ir a
algum lugar mais privado, onde é melhor para ter esta conversa. No momento
em que estamos sozinhos, ela se solta do meu aperto, seus braços subindo para
cobrir o peito. Seus ombros estão curvados e ela parece triste... quebrada.
Eu odeio isso, e odeio ainda mais ter causado isso.
— Eu não sou aquela garota. Você não pode simplesmente esperar que eu
faça... aquilo e que bem. Isso não é quem eu sou.
— Eu sei disso. — Eu dou um passo hesitante em direção a ela.
Ela se afasta.
— É mesmo? Porque você apenas foi embora.
— Eu sei — eu digo, aproximando-me novamente. Ela recua mais uma vez.
— Mas...
— Sem mas, Greer. Eu...
— Caramba, Stevie, eu não podia car!
Seus olhos se arregalam com a minha explosão, mas eles rapidamente se
transformam em fendas.
— Sério? Essa é a sua grande desculpa? Você não podia ficar? Por que não?
— Porque se eu tivesse cado, não teria conseguido me controlar. — Eu
espreito em direção a ela.
Ela dá um passo para trás para cada passo que eu dou para frente até que ela
bate na parede. Ela está presa. Ela não tem para onde ir. Eu me inclino até que
meus olhos estejam xos nos dela.
— Eu teria fodido você, Stevie, e você não estava pronta para isso.
Seus olhos estão maiores do que eu já vi quando ela pisca para mim com
surpresa.
— Eu não podia car. Já faz muito tempo para você, e você merecia mais do
que eu poderia ter lhe dado ontem à noite. Você merece o que eu quero lhe dar
q p q q
hoje à noite.
— Hoje... a noite?
Eu concordo.
— Reservei um quarto para nós aqui.
— Você reservou?
— Sim, e pretendo fazer muito, muito bom uso dele e do tempo que temos
juntos.
Ela engole.
— Oh.
Estendo a mão, passando a ponta do meu polegar ao longo de sua bochecha.
— Sinto muito por ter simplesmente ido embora. Eu deveria ter dito algo.
Eu deveria ter... — Eu balanço minha cabeça. — Eu não sou bom com essas
coisas, Stevie. Eu não faço isso. Eu não...
— Se diverte?
Minhas sobrancelhas enrugam com suas palavras. Foi o que dissemos no
rinque ontem e, assim como naquela vez, parece errado. Não é a palavra que
quero usar para descrever essa coisa entre nós, mas é tudo que tenho.
— Sim.
— Ah — ela diz novamente. — Ok.
— Ok?
Ela acena com a cabeça.
— Ok. Me desculpe por ter cado chateada. Isso foi estúpido, eu só...
— Não. Não se desculpe. Eu sou o idiota – você estava certa em car
chateada. Eu deveria ter explicado melhor as coisas, mas não o z, e sinto muito
por isso.
A verdade é que ontem à noite, ver Stevie de joelhos para mim... despertou
algo dentro de mim. Não sei o quê, mas algo parecia diferente. Já estive na
mesma posição antes com uma linda mulher de joelhos, mas nada disso parecia
familiar.
Foi especial. Ela era especial. Eu sabia que se iríamos mais longe, eu tinha
que fazer algo que ela se lembraria.
Então, eu fui embora, e z os preparativos para esta noite e planejei todas as
coisas que eu quero fazer com ela... Se ela me deixar, é claro.
— Você quer voltar para o casamento?
Ela balança a cabeça.
— Não.
— Você quer ir para casa?
— Não.
— Então o que quer?
Ela levanta os olhos, seus longos cílios projetando sombras em suas
bochechas. Sua língua sai para molhar os lábios, e ela suga uma respiração. Solta
uma expiração profunda.
— Eu gostaria de ver aquele quarto agora, por favor.
16
Stevie
Os olhos de Greer brilham com calor por minhas palavras.
Palavras que nem acredito que acabei de falar, não depois da noite passada.
Ainda estou chateada com ele, mas também entendo. Eu literalmente disse a ele
que fazia anos que não fazia sexo, e a última pessoa com quem estive havia
abusado de mim. Ele queria tornar tudo especial para mim, e não posso culpá-lo
por isso.
Ele en a a mão no bolso do terno e tira um cartão-chave, segurando-o na
minha direção.
— É a suíte no último andar. Vá.
— Sozinha?
— Sim. Tenho que explicar para minha mãe que estou indo embora.
Oh Deus. Eu nem tinha pensado nisso.
— O que você vai dizer a ela?
— Que você está com dor de cabeça e estou levando você lá para cima para se
deitar. Estarei lá em cinco minutos.
Eu aceno, pegando o cartão. Percebo então que minhas mãos estão
tremendo.
Eu estou nervosa. Não sei por que estou nervosa. É Greer, e eu con o nele.
Mas suponho que isso não apague o fato de que não faço sexo há quase uma
década, e parece que estou fazendo isso pela primeira vez de novo.
Prendo a respiração para me rmar, depois passo por Greer. Estou a alguns
passos de distância quando ele chama meu nome.
— Sim? — Eu me viro para olhar para ele.
— Eu quero você nua, de joelhos, esperando por mim.
Engulo em seco e corro em direção aos elevadores. Meus joelhos tremem
quando pressiono o botão para o último andar, segurando o cartão até que a
máquina falante grita comigo que preciso de um cartão-chave para acesso.
Puta merda, puta merda, puta merda.
Eu estou fazendo isto.
Eu vou fazer sexo com Greer.
Se ontem à noite é algo para se basear, vou fazer sexo quente e violento com
Greer – e mal posso esperar.
O elevador parece levar dias para chegar ao último andar, mas, quando chega,
me joga em um pequeno corredor com uma porta no nal dele. É uma porta
grande. Uma porta escura. Uma porta agourenta. Uma porta que, uma vez
aberta, não conseguirei fechar.
Estou pronta para isso?
Sim.
Eu deslizo a chave na abertura e empurro para dentro do quarto. Está escuro,
as luzes baixas, lançando um brilho suave e nebuloso. Música suave toca de um
alto-falante em algum lugar, criando uma atmosfera mais romântica. Há um
balde de gelo na mesinha de centro. Dentro há uma garrafa de champanhe –
provavelmente algo caro – e duas taças ao lado. Tem uma bandeja de bombons
que não resisto. Eu coloco um na minha boca e sorrio quando percebo que é o
meu favorito – caramelo.
Resisto à vontade de pegar outro, sabendo que devo estar cando sem
tempo. Eu veri co meu telefone.
Dois minutos.
Deixo escapar um guincho. Oh deus, oh deus, oh deus.
Eu tento manter o foco e não me xar em quão forte minhas mãos tremem
quando eu alcanço atrás de mim e puxo o zíper do meu vestido. Eu faço o meu
melhor para regular minha respiração enquanto deixo o material deslizar pelas
minhas pernas, e quando abro meu sutiã e tiro minha calcinha, ignoro como
meus joelhos batem um no outro. Dobro minhas roupas e as coloco
delicadamente na namoradeira, depois tiro a última peça que estou usando –
meus saltos.
Não acredito que estou fazendo isso. De jeito nenhum eu estou fazendo isso. Sou
Stevie Thomas, divorciada e mãe de uma menina de dez anos. Não sou o tipo de
garota que fica com um jogador de hóquei gostoso, e realmente não sou o tipo de
garota que gosta de sexo com fetiches.
Mas nada disso importa quando meus joelhos batem no chão e ouço o
barulho do elevador.
É isso.
A porta do quarto se abre com um clique suave. Os sapatos sociais de Greer
batem no chão na entrada com estalos agudos.
Então, ele está lá. Ele está parado diante de mim, seus olhos verdes me
absorvendo enquanto eu o encaro.
Estou molhada, de uma forma vergonhosa, mas não consigo evitar. Há algo
tão quente no jeito que ele está olhando para mim, como se ele estivesse
orgulhoso de mim. Eu quero deixá-lo orgulhoso.
— Você é linda — ele murmura, entrando mais no quarto. Ele tira a jaqueta,
colocando-a nas costas de uma cadeira, depois puxa a gola da camisa. Ele
desabotoa os dois primeiros botões, depois passa para as mangas, desabotoando-
as e dobrando-as até seus antebraços.
Acho que ele nunca pareceu melhor do que neste momento.
Ele espreita em minha direção, suas mãos indo para o cinto. Isso parece
familiar, mas estou esperando ansiosamente como se fosse a primeira vez.
— Tire meu pau para fora, Stevie.
Como ontem à noite, eu desfaço sua vela e empurro suas calças e cuecas
boxer para baixo de suas pernas. Seu pênis salta livre, e eu o alcanço, o desejo de
ter minha boca cheia dele é forte. Eu posso ter me sentido péssima ontem à noite
depois que ele saiu, mas isso não apaga o quão bom foi o momento. Minha boca
enche d'água só de pensar nisso de novo.
— Não — diz ele, parando meus esforços. — Abra.
Eu afrouxo minha mandíbula e ele coloca seu pênis dentro da minha boca. O
peso dele é grande, e eu adoro isso. Um pouco de pré-gozo vaza na minha língua,
e leva tudo em mim para não reagir e lambê-lo.
— Vou gozar pela sua garganta como z antes. Depois, vou enterrar meu
rosto entre suas pernas até que você esteja gritando meu nome, mas você não vai
gozar, não até que eu diga que você pode. Então, quando eu tiver a minha dose
de você, vou te foder. Só então você pode gozar. Entendeu?
Eu concordo.
— Boa garota. — Ele estende a mão com dois dedos, passando-os ao longo da
minha mandíbula. — Agora, relaxe.
Lentamente, ele desliza seu pênis em minha boca, arrastando-o para frente e
para trás contra minha língua centímetro por centímetro tedioso. Ele leva seu
tempo provocando e brincando comigo. Eu odeio e amo do mesmo jeito.
No momento em que seu pau atinge o fundo da minha garganta, minha
mandíbula está cansada e meus joelhos estão me matando, mas eu não me
j
importo. Tê-lo dentro de mim assim é como voltar para casa.
— Tão bom — ele murmura, observando enquanto eu engulo em torno de
seu pau. — Você está pronta?
Eu concordo.
E ele se solta.
Assim como na noite passada, ele me fode sem um pingo de gentileza, e assim
como na noite passada, estou no paraíso. Ele está me usando de novo, mas desta
vez eu sei o que vem depois, e dou as boas-vindas. Aperto minhas coxas
enquanto ele abre caminho com minha boca, e ele não perde o movimento.
— Você quer se tocar, não é? — Ele pergunta quando eu mal consigo
respirar em volta dele. Não tem como meu rímel não estar escorrendo pelo meu
rosto, de jeito nenhum minha sombra não está uma bagunça, mas eu não me
importo.
Ele está certo, no entanto. Minha boceta está latejando, e eu quero me tocar
muito agora. Nunca senti uma dor assim antes.
— Faça isso — ele instrui, lendo minha mente. — Toque sua boceta.
Minha mão vai entre minhas pernas e suspiro de alívio no segundo em que
meus dedos roçam meu clitóris. Ele deve sentir o mesmo porque, segundos
depois, ele está se esvaziando na minha garganta.
Ao contrário da noite passada, não consigo manter tudo dentro e um pouco
vaza. Greer se abaixa e limpa a sujeira, en ando o polegar encharcado de esperma
na minha boca, silenciosamente me instruindo a chupá-lo.
Eu faço isso com alegria.
— Estou tão orgulhoso de você — ele murmura, e uma onda de prazer me
atinge com seu elogio.
Então estou sendo puxada para os meus pés. Minhas pernas estão dormentes
por ter cado tanto tempo ajoelhada, mas isso não é um problema para Greer.
Ele me arrasta para a namoradeira, tirando as roupas que eu cuidadosamente
dobrei e as joga no chão. Ele me coloca no assento e, desta vez, é ele quem cai de
joelhos.
Ele ainda está vestindo suas roupas sociais, o que não acho justo, mas não
posso reclamar, principalmente quando ele coloca as mãos nas minhas pernas e
abre minhas coxas.
Não há preâmbulo, nem provocações como antes. Ele está lá em um instante,
sua língua na minha boceta enquanto ele me lambe e chupa como um homem
faminto.
Não ouso fechar os olhos, não querendo perder um momento. Não é como
se ele fosse me deixar de qualquer maneira. Eu me lembro da regra.
Ele suga meu clitóris em sua boca, e nunca estive tão perto de um orgasmo
tão rápido. Eu gemo, dividida entre querer tanto gozar e querer agradá-lo ao
mesmo tempo. Minhas pernas tremem enquanto tento me segurar, e Greer ri.
Ele ri.
Ele diminui seus esforços, e meu orgasmo iminente desaparece, mas Greer
não está satisfeito com isso. Ele se banqueteia em mim, levando-me à beira
novamente, então recua. Ele faz isso mais duas vezes até que eu possa sentir o
suor escorrendo pelas minhas costas, e minhas pernas tremerem em torno de sua
cabeça enquanto tento evitar a onda que tão desesperadamente quer me atingir.
— Você quer que eu pare? — Ele pergunta, os olhos brilhando como se fosse
ele quem estivesse se excitando com isso.
Eu quero acenar com a cabeça, mas de alguma forma sai como uma negação.
Não tem como eu continuar. Se sua língua me tocar de novo, estou perdida, mas
não quero parar. Não quero decepcioná-lo. Eu quero ser boa para ele.
Ele solta outra risada sombria, em seguida, beija meu corpo, prestando
atenção extra às marcas no meu estômago, e ele se reveza beijando cada um dos
meus seios antes de plantar seus lábios sobre os meus. Eu provavelmente deveria
estar enojada por beijá-lo depois que ele passou tanto tempo entre minhas
pernas, mas não estou. Eu gosto do meu gosto em seus lábios.
Ele beija minha boca, depois meu nariz, minha bochecha, até minha orelha,
onde faz a promessa mais doce que já ouvi.
— Vou te foder agora, Stevie.
Um gemido sai da minha garganta.
— Você quer isso? — Ele se afasta, passando um dedo sobre minha bochecha
enquanto olha nos meus olhos. — Você quer ver o quão bem você toma meu
pau?
Eu concordo.
— Diga.
Eu deslizo minha língua sobre meus lábios.
— Por favor, Greer. Eu quero seu pau.
— Boa garota — ele murmura. Então ele se afasta, estendendo a mão para
mim. — Vem.
Deixo que ele me puxe para cima e depois me conduza para o quarto, suas
mãos correndo pelo meu corpo o tempo todo. Ele me gira quando chego à cama,
p p p g q g
capturando minha boca com a dele e me beijando com força su ciente para
deixar um hematoma.
Estou sem fôlego quando ele nalmente para, me dando um leve empurrão
para o colchão. Eu caio para trás, observando enquanto ele desabotoa a camisa e
depois a tira dos ombros. Ele tira a camiseta, o cinto. Ele tira a calça e a cueca
boxer pelas pernas, chutando-as para o lado.
Finalmente, ele está nu diante de mim, e caramba, é uma visão que valeu a
pena esperar. Ele é magro, mas cheio de músculos. Seus ombros são largos, seu
abdômen de nido, suas coxas sólidas como rocha.
Ele é lindo.
Ele ri.
— Obrigado.
— Oh merda, eu disse isso em voz alta, não foi?
— Você disse.
Eu coro, e ele não perde isso.
— Não que envergonhada, Stevie. Eu trabalho duro para ter esse corpo.
Estou feliz que você goste. Eu também gosto do seu. — Ele coloca um joelho na
cama, sua mão envolvendo meu tornozelo enquanto ele arrasta os olhos sobre
mim. — Você é linda.
— Pare — murmuro, começando a me sentir tímida, o que é ridículo,
considerando tudo o que aconteceu esta noite.
— Estou falando sério. Você é deslumbrante e eu quero adorar seu corpo
adequadamente, se você me deixar.
— Oh, sim?
Um sorriso sinistro surge em seus lábios.
— Não esta noite, no entanto. Hoje, eu vou te foder com força.
Sem aviso, ele sobe na cama, agarrando minhas pernas e me puxando para
ele. Ele se encaixa entre minhas coxas como se estivesse exatamente onde ele
pertence.
Ele corre o nariz ao longo do meu pescoço, pressionando beijos na minha
garganta.
— Você tem um cheiro incrível. Como balas de caramelo.
— Sempre tenho na bolsa. Elas são as minhas favoritas.
— Elas são as minhas favoritas agora também.
Ele beija meu pescoço novamente, e eu rio, mas rapidamente se transforma
em um suspiro quando sinto seu pau pressionar contra a parte de mim que não
p q p p p q
vê ação há muito tempo. Ele parece estranho e familiar ao mesmo tempo,
deslizando ao longo da minha boceta, provocando minha entrada.
— Eu preciso...
— O que, Steve? O que você precisa?
Eu agarro seu rosto, puxando-o para o meu. Eu o olho bem nos olhos e digo:
— Me fode, Greer. Por favor.
Ele não perde um momento, entrando fundo. Eu solto um grito alto, a dor
de não ter sido fodida por tanto tempo fazendo doer, mas a dor se foi em
segundos, substituída por nada além de prazer quando Greer balança dentro de
mim.
— Puta merda — ele xinga enquanto se enterra até não ter mais nada para
dar. — Você é... — Ele bufa uma respiração difícil. — Incrível. Você se sente
incrível pra caralho.
Eu sinto incrível? Ele sente incrível. Eu não acho que nada poderia car
melhor do que este momento.
Lentamente, ele balança em mim, e eu menti – este momento é melhor. Seu
pau se arrasta em cada ponto certo, e eu já posso me sentir chegando perto do
orgasmo que esteve fora de alcance a noite toda.
— Mais — eu digo a ele.
Ele rosna sua aprovação, e antes que eu perceba, sou virada de bruços e
arrastada para car de joelhos, onde Greer entra em mim novamente ao mesmo
tempo em que sua mão desce na minha bunda. Dói, mas eu dou as boas-vindas.
Ele me golpeia de novo, e quase co envergonhada com o gemido que me escapa.
— A marca da minha mão ca bem em você. Talvez um dia você me deixe
espancar você direito.
Arrepios sobem na minha pele com o pensamento de Greer me dobrando
sobre seu joelho e bater em minha bunda.
Com uma mão amassando a marca vermelha que ele acabou de fazer e a
outra segurando meu cabelo em um aperto forte que beira a dor, Greer se dobra,
estocando em mim enquanto beija minha nuca. Sua boca é um contraste tão
nítido com o que suas mãos e seu pênis estão fazendo, e eu gosto de todos eles
igualmente.
— De quem é essa boceta, Stevie?
Um arrepio percorre minha espinha com suas palavras.
— Sua.
— De quem? — Ele rosna em meu ouvido novamente.
q
— Sua!
— Isso mesmo. Minha, minha, minha. — Cada palavra é pronunciada com
um impulso forte enquanto sua mão se move do meu cabelo para a minha
garganta. Ele pressiona levemente cada lado do meu esôfago, testando as águas,
mas estou bem. Eu con o nele. Eu con o nisso.
Ele não cede enquanto bate em mim com tanta força que não há como eu
não sentir isso amanhã. Estou feliz porque quero senti-lo amanhã. Eu quero
sentir isso sempre. Eu quero este momento gravado em meu cérebro, em meu
corpo. Eu quero ser arruinada por ele... se já não estiver.
Aperto meus olhos com força enquanto ele me penetra, meu orgasmo tão,
tão perto, mas fora de alcance.
É quando eu sinto. Algo quente desliza pelas minhas costas e entra na minha
bunda. É a saliva dele; eu sei que é. Algo quente e pesado pressiona contra o
buraco que não foi explorado antes, e as estocadas de Greer diminuem quando
ele percebe que quei tensa.
— Relaxe — diz ele suavemente, e eu faço. — Essa é a minha garota — ele
murmura enquanto pressiona o polegar em mim, massageando minha garganta
ao mesmo tempo.
É desconfortável no começo, mas eu não odeio. Eu o sinto cuspir novamente,
seu polegar empurrando mais fundo.
— Deus, mal posso esperar para foder você aqui — diz ele, aumentando o
ritmo de seus movimentos. — Sua bunda vai se esticar em volta do meu pau de
um jeito tão lindo.
Eu gemo com o pensamento. Não é algo que eu quis antes, mas com Greer,
parece o paraíso.
— Oh, você gosta disso, hein? — Eu concordo. — Da próxima vez, virei
preparado, e essa bunda vai ser minha.
— Sua — eu ecoo.
— Você quer gozar? — Ele pergunta, ainda deslizando o polegar para dentro
e para fora da minha bunda com suas estocadas.
— Por favor — eu imploro, meu corpo literalmente tremendo com a
necessidade de uma liberação.
— Coloque a mão na sua boceta, linda, e goze para mim como a boa garota
que você é.
Eu deslizo meus dedos entre minhas pernas, e preciso de dois toques no meu
clitóris antes do orgasmo me alcançar. Onda após onda me atinge, cada uma
g ç p g
enunciada pelos golpes de Greer.
— Tão perfeita — ele geme. — Tão… perfeita… pra caralho.
Ele para, esvaziando-se em mim, e nesse momento percebo o que acabou de
acontecer.
Não usamos preservativo.
— Merda — ele murmura como se tivesse acabado de perceber também. —
Stevie, eu...
Eu balanço minha cabeça.
— Tudo bem. Estou tomando anticoncepcional.
— Eu faço teste todo mês — diz ele.
— Eu con o em você.
Ele suspira, segurando meus quadris enquanto sai de mim. Eu posso senti-lo
vazando entre minhas coxas enquanto ele me vira, e eu aprecio a bagunça que
zemos.
Greer desliza para fora da cama, e eu o ouço sair do quarto enquanto eu co
lá, tentando recuperar o fôlego. Estou exausta. Acho que a última vez que me
senti tão cansada foi quando estava deitada na cama do hospital depois de dar à
luz a Macie.
Eu pulo com a intrusão repentina entre minhas pernas.
— Desculpe — ele murmura, arrastando uma toalha molhada sobre mim,
limpando tudo o que acabamos de fazer.
Ele a joga de lado, então sobe na cama ao meu lado, puxando-me para ele até
que eu esteja praticamente em cima dele. Seu batimento cardíaco é errático sob
meu ouvido, batendo em tempo recorde, e é a melodia mais doce que já ouvi, me
embalando no sono.
— Durma, Stevie — ele sussurra, roçando um beijo na minha testa. —
Durma.
É a noite mais relaxante que tive em anos.
17
Greer
Estou sozinho quando acordo. Eu sei disso antes mesmo de estender a mão para
encontrar o lugar ao meu lado vazio e frio.
Eu sonhei sobre o que aconteceu ontem à noite?
Eu rolo, e a dor no meu corpo me diz que não tem como ter sido um sonho.
Eu dormi com Stevie. Não só dormi com ela, como foi o melhor sexo que já
tive na vida.
Ouço um barulho vindo de algum lugar do quarto, e então ouço o chuveiro
sendo ligado.
Ela ainda está aqui.
Não sei por que estou tão aliviado com isso. Se fosse qualquer outra pessoa
em qualquer outra noite, seria eu quem escaparia.
Tiro o lençol de cima de mim, saio da cama e vou até o banheiro. A porta está
entreaberta e eu espio lá dentro. Graças a Deus pelas portas de vidro do chuveiro,
porque me dá a visão perfeita enquanto Stevie está sob o jato de água, a cabeça
jogada para trás enquanto a água cai em cascata sobre seu corpo.
Porra, ela é tão linda. Eu não sei como quei tanto tempo longe,
especialmente agora, sabendo o quão bem o corpo dela responde a mim.
Eu estava com medo de que ela me dissesse para cair fora quando eu disse a
ela que a queria de joelhos para mim, com medo de que ela me dissesse para me
ferrar quando neguei seu orgasmo após orgasmo. Eu tinha certeza de que ela
correria quando eu disse que queria espancá-la com algo que não fosse a minha
mão ou ela fugiria quando eu disse que queria foder a bunda dela, mas ela não
fez nenhuma dessas coisas. Ela acolheu tudo.
Eu empurro a porta, e seus olhos se abrem.
— Greer. — Ela diz meu nome suavemente como uma oração.
Entro mais no banheiro, levantando o assento do vaso sanitário.
— O que você está fazendo?
Eu a espio por cima do meu ombro.
— Dando uma mijada.
— Eu estou tomando banho.
— Eu posso ver isso. Eu estou mijando.
— Mas estou tomando banho.
— E eu ainda estou mijando, porra.
— Você não pode estar aqui — ela argumenta. — Estou tomando banho!
Suspiro, terminando, fechando a tampa e dando descarga.
— Eu estava com a minha língua na sua boceta ontem à noite, Stevie — digo
a ela enquanto lavo minhas mãos. — Você montou meu pau como uma vaqueira
cavalga um touro no rodeio. Tenho certeza de que ver você no chuveiro não é
grande coisa.
Suas bochechas coram.
— Aquilo foi... diferente.
Cruzo os braços sobre o peito e me inclino contra o batente da porta.
— É mesmo?
Ela acena com a cabeça.
— Sim. Aquilo foi... no calor do momento.
— Hum.
— Ugh! — Ela geme. — Por que eu dormi com você?
— Eu não ouvi você reclamando sobre isso ontem à noite. Na verdade,
parecia muito com um elogio. Não, espere, era eu fazendo todos os elogios e você
gozando apenas com as minhas palavras.
— Eu te odeio.
Eu sorrio.
— Mentirosa.
— Eu estava bêbada.
— Você estava totalmente sóbria.
— Foi um erro de tarde da noite, como comer um pote de sorvete à meia-
noite.
— Tenho certeza de que foi muito mais satisfatório do que um pote de
sorvete.
Ela olha furiosamente para mim.
— Odeio. Você.
Eu me afasto da parede e caminho em sua direção, pronto para puni-la por
suas palavras.
p
— O que você está fazendo? — Ela grita quando eu abro a porta do
chuveiro.
— Ficando irritado com o tempo que você está demorando porque eu tenho
treino.
— Em duas horas! — Ela joga de volta quando eu fecho a porta.
— Verdade. Mas também tenho planos para você.
— Greer, eu...
Seus protestos fracos são silenciados quando inclino minha boca sobre a
dela, pressionando-a contra a parede enquanto a água espirra contra minhas
costas. Nossas línguas se entrelaçam por tanto tempo que a água começa a
esfriar, mas não me importo, e parece que Stevie também não.
Não quando ela envolve as pernas em volta da minha cintura, e certamente
não quando eu deslizo meu pau para dentro dela.
Não quando eu lentamente me empurro dentro dela, e não quando eu
desenho círculos sobre seu clitóris, fazendo-a desmoronar ao meu redor, apenas
para eu seguir logo depois.
Eu a beijo através de seus tremores secundários, não querendo deixar esse
momento passar tão rápido. É diferente da noite passada. Mais suave. Mais
devagar. No entanto, ainda é de alguma forma tão bom quanto.
— Melhor que sorvete? — Eu pergunto quando nalmente arrasto minha
boca da dela.
— S-sim. — Ela estremece. — Desculpe — diz ela por entre os dentes
batendo. — Estou com frio.
Estendo a mão, desligando a água, então a carrego para fora do chuveiro.
Não me preocupo em pegar as toalhas de nenhum de nós – vou levá-la de volta
para a cama.
— Você nem tomou banho.
— Eu me enxaguei — digo a ela, puxando o cobertor sobre nós. Seus olhos já
estão se fechando.
— Treino — ela murmura.
— Eu sei.
— Macie.
— Vou garantir que ela esteja bem — eu prometo.
Ela volta a dormir e eu co ali sentado, observando-a por um tempo. É
tempo su ciente para o meu telefone zumbir contra a mesa de cabeceira, me
dizendo que preciso levantar e sair para o treino.
q p p
Fazendo o meu melhor para não a acordar, saio da cama e visto as roupas que
arrumei para hoje. Pego também a escova de dentes e a pasta extras que trouxe,
junto com as roupas para Stevie. Eu não tinha certeza se ela gostaria de passar a
noite, mas vim preparado para o caso.
Ela não move um músculo durante todo o tempo em que ando pelo quarto,
me preparando para sair. Eu olho para o relógio. Eu não quero deixá-la, mas eu
realmente preciso ir.
Pego uma caneta na cômoda, escrevo um bilhete, dou um beijo em sua testa e
saio pela porta. Eu puxo meu telefone até meu ouvido assim que estou no
elevador, puxando minha bolsa de noite mais acima do meu ombro.
— E aí?
— Diga ao treinador que vou me atrasar alguns minutos.
— Não brinca? — Miller diz do outro lado da linha. — Você nunca se atrasa
para o treino.
— Sim, bem, esta manhã começou lenta.
— Ele não vai gostar.
— Eu sei. Mas diga a ele.
— Tudo bem, eu vou.
— Obrigado.
— Claro.
Estou prestes a desligar quando me lembro.
— Miller!
— Hum?
— Como está Macie?
Ele faz uma pausa, então eu o ouço rir.
— Ela está bem, pai. Nós nos divertimos muito ontem à noite.
— Eu não... — Eu belisco meu nariz, balançando a cabeça. — Que seja.
Apenas diga ao treinador. Tchau, Miller.
Ele cacareja de rir quando eu termino a ligação.
— Filho da mãe — murmuro para ninguém.
Não sou o pai da criança e também não estou tentando agir como tal. Só
estou fazendo um favor para Stevie, veri cando a lha dela. Eu não me importo
se ela está bem ou não.
Ok, tudo bem, eu me importo – mas e daí? Nós nos aproximamos desde que
comecei a treiná-la. Isso é tudo. Nada mais.
Continuo dizendo isso a mim mesmo enquanto as portas se abrem para o
saguão do hotel. Vou até o balcão da frente, avisando que podem adicionar mais
um dia ao meu cartão e que minha convidada irá embora assim que estiver
pronta.
— Claro, Sr. Greer. Qualquer coisa que você precisar — diz o recepcionista.
— Podemos ajudar com suas malas?
— Não. Apenas traga meu carro, por favor.
— Imediatamente, senhor. — O funcionário desaparece na sala dos fundos.
Levanto minha bolsa mais para cima no ombro e vou até a porta da frente
para esperar do lado de fora.
— Jacob!
Eu paro assim que estou prestes a sair.
— Você realmente achou que poderia simplesmente fugir esta manhã sem se
despedir de sua mãe?
— Desculpa, mãe — murmuro, virando-me para encontrá-la correndo pelo
saguão. Ela está vestindo veludo da cabeça aos pés na forma de um macacão de
corrida. Aposto cem dólares que a parte de trás da jaqueta dela diz Noiva e o
pobre David – que está usando uma roupa combinando – tem Noivo nas costas
dele.
Ele é um homem melhor do que eu, porque de jeito nenhum eu seria pego
usando algo assim, nem mesmo por Stevie.
Uau. De onde veio isso? Estou olhando para os recém-casados e
automaticamente penso em Stevie.
Eu afasto os pensamentos. Só estou cansado da noite passada e acordei cedo.
Deve ser isso.
— Como está Stevie? — Minha mãe para na minha frente enquanto David
tenta alcançá-la. Ela é baixa, mas cara, ela pode andar rápido. Tenho certeza de
que as quatro bolsas que o marido dela pendurou nos ombros não estão fazendo
nenhum favor a ele no departamento de velocidade, no entanto. — Espero que a
dor de cabeça dela esteja melhor.
— Ela está se sentindo muito melhor.
— Ah, que bom. Eu realmente gostei dela, sabe. Eu gostaria de ter passado
mais tempo com ela, mas o pouco que passei, ela foi adorável. Ela parece uma
velha amiga ou algo assim.
— Ela era apenas a minha acompanhante, mãe.
As palavras têm um gosto amargo quando saem da minha boca,
principalmente porque não parecem verdadeiras.
— Talvez, mas uma mãe pode esperar mais, você sabe.
— Claro. — Eu dou a ela um sorriso tenso. — Espere, vocês dois não
precisam ir ao aeroporto para o seu voo?
— Você quer dizer o voo que reservou para a viagem que comprou para
mim? — Seus olhos se estreitam. — Isso é muito para gastar comigo, Jacob. Você
já fez o su ciente.
— Eu poderia gastar um milhão de dólares com você, e ainda assim nem
chegaria perto do quanto eu te amo.
Ela suspira, acariciando minha bochecha.
— Ah, Jacob. Um dia você vai fazer alguém muito feliz com as palavras doces
que saem da sua boca.
O rosto de Stevie pisca em minha mente, sua expressão quando eu disse a ela
que queria adorá-la gozando de novo e de novo.
Porra. Por que estou pensando mais uma vez?
— É melhor irmos andando — minha mãe diz, me puxando de volta ao
presente. — Tenho certeza de que a segurança será um problema.
— Eu tenho treino para ir de qualquer maneira. — Eu pressiono um beijo na
bochecha da minha mãe. — Divirta-se em sua viagem. Não faça nada muito
selvagem e mantenha suas mãos longe dos homens irlandeses.
— Com aquele sotaque? Não tem jeito. Vou escolher meu quinto marido
antes de partirmos.
— Mãe...
Ela bate em mim.
— Eu estou brincando. Eu tenho David agora e estou loucamente
apaixonada por ele.
— Bom. Estou feliz por você, sabia?
Ela sorri.
— Estou feliz por mim também.
— Eu te amo.
— Mas nunca tanto quanto eu te amo.
Dou um último beijo nela, depois aceno para David e saio no momento em
que o manobrista traz meu ZR1. Eu deslizo para trás do volante e acelero para
tentar chegar ao treino a tempo.
Só penso em Stevie por nove e meio minutos dos dez que levo para chegar lá.
p p q p g
———
Não tenho certeza se me lembro da última vez que quei tão ansioso para que o
treino acabasse.
Eu amo estar no gelo. Jogar hóquei signi ca tudo para mim. O treino é uma
das minhas coisas favoritas porque signi ca que posso trabalhar para melhorar
no jogo e sempre quero melhorar. Eu quero ser o melhor, e você só faz isso
praticando.
Mas hoje... Hoje eu quero pra caralho que isso acabe logo.
— Treino opcional amanhã de manhã, rapazes. Wright e Fitz, o Doutor quer
ver vocês — o treinador diz antes de patinar para fora do gelo.
Finalmente acabou. Estamos dispensados.
Eu patino com pressa.
— Porra, cara. Qual é a pressa? — Hayes pergunta, me alcançando no túnel.
— Sem pressa — eu digo.
É uma mentira, no entanto. Sou sempre o último a sair do gelo, mas não
hoje.
— Uh-huh. Claramente.
Eu ignoro o novato, indo para o vestiário, já tirando meu equipamento.
— Como foi o casamento da sua mãe? — Lowell pergunta. — Bom?
— Sim. Ela está toda casada e vai para a Irlanda em lua de mel.
— Irlanda para uma lua de mel? Com aqueles sotaques? — Miller balança a
cabeça. — O marido dela é um homem corajoso.
Concordo, mas não pelo motivo a que ele se refere.
Eu tiro meu equipamento o mais rápido que posso, sem parecer que estou
com pressa. A última coisa que quero é mais perguntas lançadas em meu
caminho. Tomo um banho rápido, pego minha bolsa e corro para o carro.
Se alguém percebe que estou me afastando, não diz nada. Também sou grato
porque tudo o que quero é chegar até Stevie. Quero falar com ela e ver como ela
se sente depois de tudo.
Quando entro no estacionamento do Scout's Sweets, está lotado. Há uma
la de pelo menos dez pessoas, e posso ver Stevie andando para todos os lados
com Rosie. Macie está sentada em uma das mesas de piquenique, com a cabeça
en ada em um livro como sempre.
Não tenho certeza de quanto tempo co ali sentado observando-as como um
esquisito, mas realmente não quero sair quando ainda há tantas pessoas
aparecendo. Talvez tenha sido uma má ideia vir aqui. Talvez eu devesse ir
embora.
Estou prestes a ir embora quando há uma batida na minha janela.
— O que...
Eu olho para cima para ver um Fitz sorridente e desdentado. Ele acena, e eu
abro a porta. Ele mal pula para fora do caminho.
— O quê.
Não é realmente uma pergunta. Estou irritado por ele estar me
incomodando. Estou mais irritado, porém, que ele me pegou sentado aqui como
um esquisito.
— Por que você está apenas sentado em seu carro?
Aponto para a la caótica.
— Você quer lidar com aquela merda?
Ele dá de ombros.
— Não é tão ruim. Já vi piores.
Eu bufo. Eu esqueci que ele é uma pessoa sociável e aceita perfeitamente bem
em car na la e ser incomodado pelos fãs.
Não estou com disposição para isso, mas ele já me tirou do carro, então posso
muito bem ir. Eu abro a porta e pego um boné, puxando-o para baixo,
esperando e rezando que ajude a manter as pessoas afastadas.
— Greer!
Bem, lá se vai esse plano.
— Ei, menina — digo a Macie, sentando-me à mesa com ela enquanto Fitz se
senta ao meu lado. — O que você está lendo aí?
Ela segura o livro.
— Esse Time Está Arruinando A Minha Vida (Mas Eu O Amo) por Steve
"Dangle" Glynn. A propósito, é assim que me sinto sobre os Comets.
Fitz ri.
— Anotado.
Estou acostumado com ela falando merda, então eu a ignoro.
— Você se divertiu com Scout neste m de semana?
— Sim. Miller me deixou pintar as unhas dos pés dele.
Fitz faz uma careta.
— Você tocou os pés de Miller? Eca.
p
Macie ri.
— Eu toquei, mas eu os deixei mais bonitos. — Ela olha para mim. —
Mamãe disse que vocês se divertiram no casamento. Você dançou com ela? Ela
adora dançar. Imagino que sim, porque ela estava sorrindo muito quando me
buscou na casa da tia Scout.
Gosto da ideia de que fui eu quem fez Stevie sorrir tanto.
— Nós dançamos — digo a Macie, mas meus olhos estão em outro lugar.
Stevie está olhando para mim do food truck, um sorriso malicioso puxando
seus lábios. É possível que ela tenha cado ainda mais bonita nas poucas horas
que camos separados?
— Vou pegar um café — anuncio para a mesa, levantando-me e indo para o
food truck.
— Eu quero um também — Fitz grita atrás de mim.
Eu levanto minha mão em reconhecimento, continuando minha rota.
Contorno a la, sem me importar com as poucas pessoas que protestam. Eu não
paro até que eu esteja do lado do food truck. Então, eu espero.
Observo enquanto Stevie se movimenta, servindo café e donuts com um
sorriso no rosto. A cada minuto ou dois, seus olhos deslizam para mim, e aquele
mesmo sorriso conhecedor curva seus lábios. Quando restam apenas algumas
pessoas na la, ela coloca a mão nas costas e abre o avental.
— Estou tirando meus dez minutos de intervalo, Rosie.
A confeiteira arqueia as sobrancelhas algumas vezes.
— Divirta-se.
Stevie dá uma olhada em Macie, que está envolvida em uma competição de
futebol de papel com Fitz, então me encontra no nal do food truck.
— Oi — ela diz bem devagar... timidamente.
Agarro a mão dela e a puxo para trás, empurrando-a contra o metal azul
brilhante e prendendo-a.
— Oi. — Eu sorrio para ela. — Como está o seu dia até agora?
— Você sabe, não tão ruim. Acordei meio cedo, tomei um banho, depois me
arrastei de volta para a cama e dormi em uma grande e confortável cama de hotel,
onde não fui incomodada por ninguém pelas próximas duas horas. Foi legal.
— Legal, hein?
Ela sorri.
— Eu diria que mais do que legal. — Ela ca na ponta dos pés e dá um beijo
suave em meus lábios. — Eu diria que foi espetacular.
q p
— Espetacular, é? Deve ter sido um banho e tanto.
Ela ri, e eu amo como ela está sedutora agora. Eu gostaria mais do que
qualquer coisa que estivéssemos sozinhos para que eu pudesse deslizar minhas
mãos sob sua bunda, puxá-la em meus braços e depois carregá-la para uma
daquelas mesas de piquenique e comê-la de almoço.
Mas, infelizmente, não estamos. Estamos cercados de pessoas, incluindo a
lha dela.
— Então... — Ela começa, arrastando a palavra. — Noite passada.
— Espetacular?
Ela acena com a cabeça.
— E então um pouco mais. Eu... Pode ter sido a melhor diversão que já tive.
A palavra revira minhas entranhas, deixando uma sensação amarga de que
não gosto.
— Foi a melhor que já tive também.
— Sério? Eu não estava... enferrujada? Já faz um tempo, sabe como é.
Eu coloco meus lábios em seu ouvido.
— Eu diria que com base na forma como você engoliu minha porra, não há
nada enferrujado em você.
Quando me afasto, suas bochechas estão vermelhas.
— Você não pode dizer coisas assim para mim agora, Greer. Não é justo.
Justo? Ela quer falar de justo? Sou eu quem está parado aqui com meu pau
pressionado contra o meu zíper.
Eu me aproximo dela, deixando-a sentir o que apenas estar perto dela está
fazendo comigo.
— Então você quer dizer que eu não posso te dizer como eu estava agora
mesmo fantasiando sobre te jogar em uma mesa e abrir suas pernas para dar uma
olhada nessa sua linda boceta rosada? — Ela solta um suspiro suave, seus olhos
brilhando com fogo com as minhas palavras. — Como, se estivéssemos sozinhos,
eu enterraria meu pau dentro de você por horas? Como eu quero tanto, tanto
correr minha língua sobre cada centímetro do seu corpo até que você esteja
implorando para eu parar, só para que eu possa começar tudo de novo? Não
podemos falar sobre nada disso?
Seus lábios se abrem, suas respirações são a adas enquanto ela olha para mim
como se estivesse debatendo sobre tudo o que acabei de dizer.
— Você é malvado.
Eu rio.
— Oh, baby. Você ainda não me viu ser malvado.
Eu capturo seus lábios com os meus, beijando-a forte e rápido porque sei que
podemos ser interrompidos a qualquer momento e não quero perder mais um
segundo sem tocá-la.
— Mãe?
Stevie empurra meu peito, arrancando sua boca da minha e deslizando para
fora de meus braços. Ela arruma a camisa, puxando-a para baixo, então passa a
mão pelo cabelo no momento em que Macie vira a esquina.
— Aí está você — diz ela, mal lançando um olhar em minha direção. —
Rosie disse que está sem creme e precisa que você vá buscar um pouco.
— Sim — diz Stevie, correndo em direção a sua lha. — Eu posso fazer isso.
— Ela não me dá um olhar para trás enquanto desaparece no food truck.
Macie, por outro lado, não consegue tirar os olhos de mim. Eles são astutos
como se ela soubesse que eu estava beijando a mãe dela, mas se ela suspeita de
alguma coisa, ela não diz.
Tudo o que ela pergunta é:
— Quando é nosso próximo treino?
Nunca quei tão aliviado em falar sobre hóquei antes.
— Não tenho certeza, menina. Temos uma viagem.
— Eu sei, mas esperava que pudéssemos praticar pelo menos uma vez antes
disso.
— Talvez eu não tenha tempo. Sinto muito.
Ela acena com a cabeça.
— Tudo bem. Talvez possamos fazer um treino extra ou algo assim quando
você voltar? Finalmente posso usar todo o equipamento desta vez.
Eu rio porque ela está no meu pé sobre usar todo o equipamento de goleiro
na última semana.
— É um bom plano.
— Macie! — Stevie grita, contornando a traseira do food truck. — Estou
indo para a loja. Você vai car ou ir comigo? — Seus olhos deslizam em minha
direção quando ela diz isso, e eu sei que é uma pergunta para mim também.
— Posso car aqui com Greer — diz a menina.
— Tenho certeza de que ele tem muitas outras coisas para fazer hoje.
— Eu não tenho — eu digo, mesmo que seja uma mentira. Tenho coisas para
fazer em casa e coisas para arrumar para que minhas ajudantes possam passar por
lá enquanto eu estiver fora, mas não digo isso a elas. — Ela pode car comigo.
q g p g
As sobrancelhas de Stevie se erguem.
— Tem certeza?
Eu concordo.
— Tenho certeza. Vamos, Macie. Vamos ver quantos canudos Fitz consegue
colocar no buraco do dente que falta.
— Sim! — Macie balança os braços para cima e para baixo, correndo para a
frente do food truck.
Sigo atrás dela, parando ao lado de Stevie, que está me olhando surpresa.
— O quê? — Eu pergunto.
Ela balança a cabeça.
— Nada. — Então, depois de uma rápida olhada ao redor, ela ca na ponta
dos pés e dá um beijo rápido em meus lábios. — Eu volto já.
Eu co lá sorrindo como um idiota enquanto ela se afasta, desejando como
um louco que ela voltasse.
— Greer, vamos! Ele já colocou dois! — Macie chama. — Você está
perdendo!
Eu rio.
— Estou indo!
Acho que vou passar o meu dia aqui.
18
Greer & Stevie
Greer: Sabe, eu sempre pensei que Miller era o pior cara para se sentar do
lado em um avião, mas estou realmente começando a pensar que é
Lowell.

Stevie: Por que isso?

Greer: Eu vi nada menos que cinquenta fotos da filha dele hoje.


CINQUENTA!

Greer: Eu juro que todas as fotos pareciam exatamente iguais também. A


garota estava usando molho de espaguete como barba em todas elas.

Stevie: É uma coisa de pais. Totalmente normal.

Greer: Certo, mas por quê *eu* tenho que ser submetido a essa tortura?

Stevie: Porque ele está orgulhoso da sua bebê.

Greer: Bebês – nojento.

Stevie: Você realmente odeia crianças, hein?

Greer: Não. Eu gosto muito de Macie, mas outras crianças? Não, obrigado.

Stevie: Acho que isso significa que você não quer ter nenhuma sua?

Stevie: Não que eu esteja pedindo para você me engravidar ou algo


assim. Quero dizer, só fizemos sexo duas vezes.

Greer: Uma vez é tudo o que é preciso, pelo que ouvi.

Stevie: Isso é verdade.

Stevie: Mas eu não estou. Só para ficar claro.

Greer: Calma. Eu sei o que você estava perguntando.

Greer: Honestamente, nunca me vi sendo pai. Só acho que não é para


mim.
Greer: Você quer mais filhos?

Stevie: Às vezes, mas às vezes também não. Talvez se eu encontrar a


pessoa certa, eu irei.

Stevie: Greer?

Stevie: Acho que você adormeceu depois do longo voo.

Stevie: Bons sonhos, Greer.

———
Stevie: Aquela última defesa foi incrível!

Greer: Eu nunca deveria ter que ter feito ela. Foi uma jogada desleixada
da nossa parte.

Stevie: Isso é o que Macie disse, mas isso não torna menos incrível.

Stevie: Você desapareceu ontem. Está tudo bem?

Greer: Sim, desculpe. Eu fiquei ocupado.

Stevie: Ah.

Stevie: Bem, foi um ótimo jogo.

Greer: Obrigado.

Greer: Steve?

Stevie: Sim?

Greer: Eu não estava ocupado. Só não gostei da ideia de você com outra
pessoa.

———
Stevie: ELA CONSEGUIU O PAPEL PRINCIPAL!

Greer: Hã?

Stevie: Macie! Ela conseguiu o papel principal na peça de arrecadação


de fundos da primavera, que é em abril.
Stevie: Quero dizer, não é uma peça de verdade, apenas um pequeno
musical que as crianças montam para arrecadar dinheiro para uma
viagem escolar no final do ano, mas há algumas cenas com falas, e Macie
é a personagem principal.

Greer: Bem, caramba. Que bom para ela.

Stevie: Estou tão orgulhosa dela.

Stevie: Ela disse que seria bom praticar sua fala em público para as
entrevistas pós-jogo. Eu não posso acreditar o quanto ela cresceu. É difícil
pensar que eu tinha apenas dezenove anos quando descobri que estava
grávida dela.

Greer: Essa era a idade que você tinha quando se casou?

Stevie: Sim. Nós fugimos para casar quando eu estava grávida de cinco
meses “pelos motivos certos”.

Stevie: Eu me arrependi quase instantaneamente.

Greer: Quanto tempo você ficou casada?

Stevie: Dois anos muito longos.

Greer: Qual era mesmo o nome dele?

Stevie: Ha-ha. Boa tentativa.

Greer: Droga.

Stevie: Você não pode jogar hóquei na prisão, sabia?

Greer: Deve haver uma prisão lá fora com um time de hóquei.

Stevie: Sim, porque eles vão dar armas afiadas para assassinos.

Greer: Bom ponto.

Greer: Mas valeria a pena. Não jogar, quero dizer.

Stevie: Foi há muito tempo.

Greer: Não diminui o meu desejo de matá-lo.

Stevie: Estou deletando essas mensagens, só por precaução.

Greer: Boa escolha, porque um dia descobrirei o nome dele.

Stevie: Prometo levar muitos cigarros para você quando for visitá-lo.
Greer: Boa garota.

Greer: Seja honesta... Você acabou de apertar as coxas?

Stevie: Vá para a cama, Greer.

Greer: Tudo bem, tudo bem.

Greer: Mas estou levando isso como um sim.

Stevie: Anotado.

———
Greer: Quando eu digo que estou pronto para essa viagem acabar...

Stevie: Sinto muito por vocês terem perdido. É uma merda.

Greer: É sim.

Greer: Eu queria estar aí.

Stevie: Eu também.

Greer: Sério? Quanto?

Stevie: Muito, muito. Macie sente sua falta.

Greer: Apenas Macie, hein?

Stevie: Sim. Definitivamente mais ninguém.

Greer: Nem você?

Stevie: Não. Eu sou uma mulher forte e independente.

Greer: Eu sei que você é. E foda também.

Stevie: É mesmo?

Greer: Totalmente excitante.

Greer: Bem, para ser honesto, praticamente tudo sobre você me excita.

Stevie: Tudo?

Greer: Sim.

Stevie: E se eu disser que raspo os dedos dos pés?


Greer: O que você é, um hobbit?

Stevie: Sim, você me pegou. Eu sou uma pequena criatura da floresta.

Greer: Hobbits não são criaturas da floresta. Eles vivem nas encostas das
colinas no Belo Condado, não na floresta.

Stevie: Desculpe, desculpe. Eu não queria entender errado sua


terminologia nerd.

Greer: Não é nerd. É um clássico.

Stevie: Certo. Claro. Qualquer coisa que você precise dizer a si mesmo.

Greer: Digo a mim mesmo que é um clássico porque é.

Stevie: Hummm.

Greer: Espere até eu chegar em casa, Steve. Você vai pagar por isso.

Stevie: Com beijos?

Greer: Com palmadas.

Stevie: Promessas, promessas.


19
Stevie
Não vejo Greer há mais de uma semana, e isso está lentamente me deixando
louca.
Não apenas porque Macie não para de perguntar quando ele poderá treinar
com ela, mas porque eu menti antes – eu sinto falta dele.
Bastante.
Provavelmente muito mais do que deveria, para ser honesta. Passamos tanto
tempo juntos entre as aulas de Macie e ele passou tanto no food truck no último
mês que é estranho ter ele longe.
E talvez eu queira repetir nosso tempo no hotel também. Juro que ainda
posso sentir suas mãos em volta da minha garganta e o peso dele entre as minhas
pernas. Não havia como aquela noite ser su ciente.
— Com o que você está sonhando acordada? — Rosie pergunta enquanto
estende um pouco de massa.
— Huh? Não estou sonhando acordada.
— Não? Então por que você misturou os granulados vermelhos com os
pretos?
— Eu não. Eu... Merda! — Eu rapidamente paro de servir, tentando pegar o
máximo que posso antes que mais vermelhos caiam na vasilha preta. —
Desculpa.
Ela dá de ombros.
— Nada demais. Vamos usá-los de qualquer maneira. Podemos fazer buracos
de donuts com eles ou algo assim. Eles serão nosso lote de “oops”.
Eu sei que está tudo bem, mas ainda é frustrante. Eu tenho ajudado no food
truck desde que Scout montou este lugar, mas não é minha coisa favorita. Scout
e Rosie que pertencem à cozinha, não eu. Isso não é o que eu deveria fazer.
Certo, trabalhar no escritório de advocacia também não era o que eu queria
fazer, mas era melhor do que isso. Aqui, eu sou apenas uma bagunça, um ponto
comprovado por misturar os granulados.
— É o Greer, não é?
— Quem é Greer? — pergunto, fechando a tampa dos granulados vermelhos
para não os derrubar acidentalmente ou algo assim – o que já z duas vezes desde
que comecei a trabalhar aqui em tempo integral. Depois que o escritório de
advocacia me dispensou, implorei a Scout por mais horas, e ela cou feliz em me
dar. Não tenho certeza se quero car aqui por muito tempo, mas é melhor do
que nada enquanto isso.
— É com quem você está sonhando acordada, não é?
Meu rosto parece estar pegando fogo quando paro de fechar a tampa e
lentamente olho para Rosie.
— Não faço ideia do que você está falando.
Ela sorri.
— Mentirosa.
— Não é mentira — eu minto, me concentrando nos confeitos. — Eu só
estava...
— Sonhando acordada com Greer e todo aquele sexo quente que vocês dois
tiveram no casamento?
Eu me viro, minha boca entreaberta.
— Como você sabe disso?
— Bem, eu não o cialmente sabia até agora. — Ela pisca. — Mas eu
reconheço um olhar de acabei de transar quando vejo um, e você de nitivamente
estava com aquele olhar na manhã seguinte ao casamento.
— Eu... Nós... Oh, que se dane. Nós transamos.
— Aha! — Ela aponta para mim. — Eu sabia! — Ela deixa de lado a massa
que está trabalhando para fazer donuts torcidos com açúcar e canela e me dá
toda a sua atenção. — Conte-me tudo.
Então eu conto.
Bem, nem tudo. Deixo de fora as coisas pervertidas, mas compartilho o
su ciente para ela entender.
— Então você está dizendo que ele é tão gostoso na cama quanto você
esperaria?
Eu concordo.
— Tão gostoso.
— Ahh! — Ela bate palmas, saltando sobre os calcanhares. — Eu estou tão
feliz por você! E totalmente com ciúmes, por sinal. Eu realmente poderia fazer
p p p
sexo quente com um deus do hóquei. — Ela se abana, sem dúvida pensando em
Fitz, por quem ela está apaixonada desde que ele foi trocado de Vancouver.
— Você acha que todo mundo sabe? — Eu pergunto, mordendo meu lábio.
— Você quer dizer, se eu acho que sua irmã sabe? Não, provavelmente não.
Ela não tem aparecido muito ultimamente, por estar trabalhando em seu livro,
então ela não tem visto vocês dois juntos. Mas no momento em que ela ver,
tenho certeza de que ela perceberá. — A boca de Rosie torce. — Por que você
não contou a ela?
Eu levanto um ombro.
— Eu não tenho certeza. Eu não contei a ninguém. Talvez porque seja
apenas algo casual e divertido. Não preciso envolver mais ninguém nisso, sabe?
Ela acena com a cabeça lentamente, mas é aquele tipo de aceno que as pessoas
fazem quando têm algo a dizer, mas não querem dizer por medo de te irritar. Eu
deveria perguntar a Rosie o que ela está pensando, mas não pergunto por que
não quero car irritada. Quero manter esse bom humor que tenho.
Greer chega em casa hoje à noite, o que signi ca que devo vê-lo amanhã. Isso
é tudo que eu quero focar agora.
Meu telefone vibra contra a mesa e olho para a tela. Hum. Tiro as luvas e
aperto o botão verde, levando o telefone ao ouvido.
— Olá?
— Stevie! — A voz alta de Bianca ecoa na linha. — Como você está?
— Estou indo bem, Bianca. Como vai você?
Não falo com ela desde a noite no bar, não só porque estive ocupada, mas
porque ela não ligou. Você pensaria que quando alguém vai embora tão de
repente como eu z, as pessoas com quem você saiu ligariam para checar, mas
nenhuma delas ligou. Isso realmente consolidou o fato de que, embora possamos
ter algo em comum, como nossos lhos indo para a mesma escola, não seremos
amigas tão cedo.
— Ah, você sabe, o de sempre – correndo por aí como uma galinha com a
cabeça decepada, levando as crianças para os lugares. — Ela ri alto; soa tão falso e
forçado que me deixa enjoada. — Estou ligando para falar algo com você. Você
tem um momento?
Olho para o estacionamento vazio. Devemos ter uma boa meia hora antes de
haver qualquer cliente ao meio-dia.
— Claro. O que está acontecendo?
— Bem, você sabe como as crianças estão fazendo a arrecadação de fundos,
certo?
— Claro. Macie tem o papel principal.
— Oh. Isso é adorável. — Não parece que ela acha isso adorável. — Ok, eu
queria saber se, já que você conhece todos aqueles caras, você poderia levar
alguns dos Comets?
— Oh, hum, eu não sou...
— Eu ouvi sobre você aparecer na escola com Greer. Todas as crianças ainda
estão falando sobre isso, e acho que ele seria uma ótima escolha. Ele poderia
realmente atrair muitos pais, e talvez eles gastem mais algum dinheiro.
Eu não tinha percebido que Greer aparecendo lá ainda era um assunto tão
quente. Claro, as crianças caram comentando sobre isso por alguns dias depois
– inferno, até mesmo Macie não conseguia parar de falar sobre – mas isso foi
semanas atrás. Certamente há algo mais para eles falarem agora, sem mencionar
que eu realmente não me sinto à vontade para pedir favores como esse a Greer.
Ele já fez muito por Macie e por mim. Não posso pedir mais a ele.
— Bianca, eu...
— Esta arrecadação de fundos é tão importante. É para as crianças, sabe?
Ugh. Ela tinha que jogar isso na minha cara, não é?
Quero dizer, não há mal nenhum em perguntar, certo? Pelas crianças e tudo.
— Eu posso perguntar a ele.
— Oh, maravilhoso! Isso é tão bom.
— Não tenho certeza se ele vai dizer sim.
— Absurdo. Tenho certeza de que ele adoraria ajudar as crianças também.
Reviro os olhos porque ela realmente não conhece Greer.
— Bem, escute, eu tenho que correr. Obrigada por fazer isso. Nós, mães
ocupadas do conselho de pais e mestres, realmente apreciamos isso.
Eu tento não reagir ao comentário sutil sobre eu não participar de nenhuma
atividade escolar e forçar a alegria em minha voz.
— Claro.
— Tchauzinho!
A linha ca muda e prometo a mim mesmo ignorar as ligações dela no
futuro.
— Tudo certo? — Rosie pergunta quando solto um longo suspiro e esfrego
minhas têmporas.
— Sim. Apenas política parental.
p p p
Ela torce o nariz.
— Fico longe disso.
Eu rio.
— Bem que queria. — Eu aponto atrás dela. — Você pode me passar aquele
glacê rosa?
Ela o entrega e eu me afasto, colocando luvas novas e começando a encher o
saco de confeiteiro de que ela vai precisar daqui a pouco. Trabalhamos um pouco
em silêncio, eu recarregando a estação de decoração e ela torcendo a massa.
Depois de provavelmente trinta minutos, é ela quem quebra o silêncio.
— Se isso vale de alguma coisa, acho que você e Greer juntos é bom. Ele é um
cara diferente com você, um cara melhor. Vocês podem ser realmente incríveis
um para o outro.
Eu tento muito não pensar em nós juntos porque dissemos que era algo
divertido e só isso.
Mas se eu realmente me permitisse pensar sobre isso... Acredito que ela
poderia estar certa.

———
Passei duas horas tentando adormecer, mas simplesmente não está acontecendo.
Tentei ler, tentei assistir TV. Inferno, eu até z todas as poses de ioga que
conheço. Quero dizer, claro, eram apenas duas, mas deveria ter ajudado, certo?
De qualquer forma, nada está funcionando. Estou bem acordada e acho que
sei por quê.
A casa de Greer. Ele voltou. Bem aqui na Carolina do Norte, e ele está a
apenas alguns quilômetros de distância.
Eu quero tanto vê-lo, mas não posso. Tenho que esperar até amanhã... Ou
talvez até no dia seguinte, não sei. Não zemos nenhum plano, algo que está me
matando também, não que eu vá admitir isso para ele ou algo assim. É apenas...
Ting!
Que diabos?
Paro de me mexer na cama e prendo a respiração, esperando para ver se algum
outro ruído aparece.
Nada. Deve ter sido um vizinho ou os velhos canos do prédio fazendo
barulho.
Eu soco meu travesseiro pela vigésima vez esta noite, então caio de volta no
colchão. Fecho os olhos e tento me convencer de que é hora de dormir.
Ting!
Meus olhos se abrem. É o mesmo barulho de antes, o mesmo ting agudo.
Sento-me, ouvindo atentamente. Macie está acordada? Isso não é provável –
a criança dorme e apaga totalmente.
Eu espero. Nada.
Ting!
Eu olho para a minha direita.
A janela.
Eu rastejo para fora da cama e caminho na ponta dos pés até ela, meu coração
martelando no meu peito. Estamos no terceiro andar, então não tem como ter
alguém lá, mas isso não signi ca que eu não tenha medo de olhar.
Ting!
Deixo escapar um grito alto, batendo minha mão sobre minha boca.
— Porra! — É uma palavra, mas é o su ciente para eu reconhecer o timbre
profundo.
Abro a cortina e olho para baixo, meu coração martelando no peito por um
motivo totalmente diferente.
Greer.
Eu corro para a mesa de cabeceira e pego meu telefone, indo para minhas
chamadas recentes e passando o nome dele. Mal toca antes de ouvi-lo atender.
— Eu assustei você? — Ele sussurra, embora eu não saiba o porquê. É ele que
está do lado de fora jogando pedras nas janelas. Não é como se ele estivesse
tentando car quieto.
— Sim. O que você está fazendo?
— Jogando pedras na sua janela.
— Eu sei disso, mas por quê?
— Porque sim.
— Por que, por que sim?
— Porque estou em casa.
— Você está em casa.
Ele limpa a garganta.
— Posso subir? Não consigo dormir.
— Te encontro na porta.
— Eu ia bater, mas não queria acordar Macie. Por isso também não liguei. Eu
não tinha certeza se você estava com o volume ligado. Eu sei que ela tem aula
amanhã.
— Aquela garota poderia dormir durante um furacão — digo a ele enquanto
saio do meu quarto em direção à porta da frente. — Na verdade, ela já fez isso
antes.
— Impressionante. — Eu posso ouvi-lo subindo as escadas.
— Isso ela é. — Eu olho pelo buraco na porta, observando e esperando que
ele apareça. — Então, quantas vezes você jogou na janela errada?
— Duas vezes. Você sabia que seu vizinho dorme nu? Ele apara a grama, sabe.
Tipo, completamente.
— Isso é muito mais do que eu jamais quis saber sobre o Sr. Henry.
— É mais do que eu queria saber sobre ele também.
Eu rio, mas é interrompido quando o vejo caminhando pelo corredor. Abro
a porta, sem me importar se estou de camisola e se pode haver mais alguém
rondando por aí.
Greer para a cerca de 15 metros de distância, seus olhos percorrem meu
corpo, estreitando-se apenas um pouco quando ele vê o que estou vestindo.
— Você está praticamente nua.
— Eu não estou. Estou de camisola.
— Uma camisola rosa, de seda e colada. Posso ver seus mamilos daqui.
— Está frio aqui fora.
— Ou você está feliz em me ver.
— Está frio aqui fora — eu argumento, embora nós dois saibamos que é
inútil. É ele, e nós dois sabemos disso.
O ponto é comprovado ainda mais quando todo o meu corpo começa a
cantarolar enquanto ele me olha da cabeça aos pés. Perco o fôlego só pelo jeito
que ele está olhando para mim, como se eu fosse algo para comer e ele não se
alimentasse há dias.
— O que você está fazendo? — pergunto, meu peito arfando.
— Tentando decidir se devo rasgar sua camisola para fora de você ou ser um
cavalheiro.
— Bem, considerando que paguei um bom dinheiro por ela, eu voto na
última opção.
— Mas a primeira é muito mais divertida.
Eu aperto minhas coxas juntas com o pensamento dele literalmente rasgando
minha camisola do meu corpo. Ele não perde isso.
— Diga-me uma coisa, Steve...
— Sim?
— Você sentiu minha falta?
Muito. Tanto que quase dói. Muito mais do que estou pronta para admitir, e
mais do que ele está pronto para ouvir, tenho certeza.
Então eu não digo nada. Eu apenas aceno.
— Diga — ele instrui.
— Eu senti sua falta, Greer.
Mesmo daqui, posso ver como seus olhos escurecem com minhas palavras e,
antes que eu perceba, ele fechou a distância entre nós e sua boca está na minha.
Ele passa as mãos pelo meu cabelo enquanto inclina minha cabeça, beijando-me
rudemente como se nunca fosse ter o su ciente. Não tenho ideia do que
aconteceu com meu telefone ou com o dele; tudo o que sei é como é bom estar
de volta em seus braços, e é muito, muito bom.
Não tenho certeza de quanto tempo camos ali nos beijando, mas já passou
da hora apropriada. Quando ele nalmente afasta seus lábios dos meus, eles
parecem inchados, e eu sinto falta dele de novo.
— Oi — ele sussurra contra a minha boca.
— Oi.
— Posso entrar?
— Sim.
Ele fecha a porta atrás de si, a mão ainda na minha cintura. É onde ela ca
enquanto ele me guia pelo apartamento como se já tivesse estado aqui mil vezes
antes. Ele não para até que estejamos escondidos no meu quarto, a porta se
fechando suavemente atrás de nós.
— Como você sabe qual quarto é o meu? — Eu pergunto enquanto ele tira o
paletó.
A princípio não percebi que ele ainda estava usando suas roupas elegantes.
Isso deve signi car que ele veio direto do avião.
Eu gosto que ele tenha vindo direto do avião.
— Bem, uma porta está fechada e a outra diz: Quarto da Macie, É Melhor
Ficar Longe, então eu me arrisquei.
Eu rio.
— Boas habilidades de detetive.
— Sou como um Sherlock.
Ele coloca seu casaco na pequena cadeira que tenho em minha penteadeira,
então examina o quarto.
Eu tento ver o espaço através de seus olhos, mas tudo o que consigo ver é
bagunça. Além do tapete de yoga no meio do chão, tenho uma pilha de roupas
que preciso dobrar em uma cesta no canto, e três pares de sapatos estão na frente
do armário, em vez de dentro dele. Há fotos minhas e de Macie na minha
cômoda e alguns dos meus desenhos favoritos que ela fez colados no meu
espelho.
Fora isso, não tem muito. É simples, pequeno e nada de especial.
— Isto é exatamente como imaginei que seu quarto seria.
— Sério? — pergunto. — Tão pequeno?
— Tão aconchegante.
— Aí está essa palavra de novo.
— O quê? Minha casa é fria e mal habitada. Parece que alguém realmente
dorme aqui.
— Alguém realmente dorme aqui.
Seus olhos caem no tapete de yoga e eu rio.
— Tudo bem, tudo bem. Você me pegou. Eu não conseguia dormir, então
estava tentando um pouco de yoga.
— Como foi?
— Bem, eu caí de cara no chão duas vezes e ainda estou acordada.
— Duas vezes, hein? — Ele espreita em minha direção.
— Uh-huh.
— Você se machucou? — Ele passa os olhos sobre mim novamente. —
Alguma parte que eu deveria veri car?
Eu rolo meus lábios juntos, escondendo o sorriso que está ameaçando
aparecer.
— Talvez.
— Mostre-me.
Não tenho certeza do que deu em mim, nenhuma pista de onde a verdadeira
Stevie foi. A verdadeira eu, aquela que é apenas uma mãe solteira que trabalha
incansavelmente para criar um bom lar para sua lha? Bem, ela nunca caria na
frente de um homem com olhos famintos, levantaria a camisola e apontaria para
sua boceta.
— Aqui.
q
Seus olhos deslizam para o lugar entre minhas pernas.
— É mesmo?
— Sim. Acho... Acho que precisa de um beijo.
— Hmm — diz ele. — Acho que tenho um remédio para isso.
— Você tem?
Ele concorda.
— Mas você vai ter que car muito, muito quieta. Você pode ser uma boa
garota e fazer isso?
Prendo meu lábio inferior entre os dentes e aceno com a cabeça.
— Bom. Na cama.
Eu faço o que ele manda, e ele segue atrás de mim, agarrando meus quadris e
me virando quando me movo devagar demais para ele. Solto um grito alto e ele
tapa minha boca com a mão.
— Shh! Você disse que caria quieta. Sem barulho, entendeu? — Eu balanço
minha cabeça para cima e para baixo. — Ótimo.
Ele lentamente puxa sua mão, substituindo-a por seus lábios. Ele me beija até
que eu esteja me contorcendo embaixo dele, implorando por qualquer tipo de
fricção que eu possa conseguir.
Ele ri sombriamente.
— Alguém está ansiosa.
— Eu disse a você… eu senti sua falta.
— Você sentiu falta do meu pau — ele comenta, beijando meu pescoço e
meu peito. Ele suga um mamilo duro em sua boca através da minha camisola de
seda, e eu suspiro de alívio. Ele faz o mesmo com meu outro seio antes de descer
pelo meu estômago, e não para até que está empurrando minha camisola para
cima e pressionando beijos no meu monte. Ele esfrega o nariz contra mim,
inspirando-me com um rosnado.
Não deveria ser quente. Eu não deveria car excitada com isso. Mas eu estou.
— Deus, eu senti uma falta do caralho dessa boceta. Essa boceta também
sentiu minha falta?
Concordo com a cabeça, com medo de fazer barulho.
— Você pode me responder, Stevie.
— Sim — eu sussurro. — Sim.
Ele cantarola sua aprovação, as vibrações balançando através de mim.
— Vou lamber sua boceta agora. Vou comer você até que esteja apertando
minha língua, e você não vai fazer nenhum barulho. Você entendeu?
g
Eu aceno novamente.
— Bom.
Então, ele cumpre sua palavra.
Ele en a a língua na minha boceta já molhada, lambendo e chupando como
se nunca fosse conseguir o su ciente. Ele abre minhas pernas, envolvendo
minhas coxas ao redor de sua cabeça como se fossem seu acessório favorito, e
mergulha sua língua dentro de mim. Quase solto um grito quando ele suga meu
clitóris em sua boca, mas mordo meu lábio bem a tempo.
É difícil car quieta, especialmente quando é tão bom, mas eu co. Na
verdade, eu não dou um único pio enquanto meu orgasmo corre através de mim,
deixando meus tremores e pernas trêmulas falarem por si.
Quando o último dos meus tremores secundários dispara através de mim,
Greer me dá uma última lambida antes de pressionar um beijo suave no meu
clitóris e sentar-se de joelhos enquanto eu trabalho para recuperar o fôlego. Seu
rosto está brilhante com a minha liberação, seu cabelo uma bagunça por causa
das minhas mãos, e de alguma forma, ele ainda parece incrível.
— Você está bem? — Ele pergunta, a arrogância vazando de cada palavra.
Eu aceno, e ele ri.
Ele rasteja sobre mim, pressionando seus lábios nos meus em um breve beijo.
— Você foi tão boa.
Eu me derreto com suas palavras e alcanço a vela de sua calça, mas ele agarra
minhas mãos, me impedindo. Eu olho para ele, as sobrancelhas franzidas.
— Não essa noite.
Meu lábio inferior se projeta para frente.
— Mas...
— Con e em mim, isso foi tão bom quanto qualquer orgasmo que você
poderia me dar.
— Tem certeza?
— Tenho certeza. — Ele pressiona um beijo na minha cabeça. — Banheiro?
Eu aponto para a cômoda.
— Do outro lado do corredor.
Ele sai da cama e desaparece do quarto. Eu arrumo minha camisola enquanto
ele está fora, passando minhas mãos pelo meu cabelo.
Quando ele retorna, ele apaga a luz do quarto. A lua brilha através das
cortinas transparentes, e eu observo enquanto ele tira a camisa e a calça,
dobrando-as bem e colocando na cadeira junto com o paletó. Ele pega o telefone,
j p pg
apertando alguns botões na tela antes de atravessar o quarto e puxar o cobertor
para trás, deslizando ao meu lado.
Ele abre os braços, convidando-me a me aconchegar ao seu lado, e eu aceito o
convite. Eu descanso minha cabeça em seu peito, deixando meus dedos
dançarem por seu punhado de pelos no peito. Deixo-os percorrerem seu
abdômen e descer, descer, descer, direto para o cós de sua cueca.
Ele pega minha mão, me parando.
— Não.
— Mas...
— Durma.
Eu suspiro, apenas um pouco chateada por não poder retribuir.
— Sim, senhor.
A ardência surge do nada, sua mão aterrissando com força contra minha
bunda.
— Não provoque, Stevie. Durma. — Ele beija minha cabeça. — Boa noite.
— Boa noite, Jacob.
Pela primeira vez esta noite, não tenho problemas em adormecer.
20
Greer
— Ouvi dizer que você está treinando uma criança — diz Hayes, entrando na
baia ao meu lado. Não é nem o seu lugar habitual, mas ele não parece se
importar.
— Sim — eu respondo, tirando minha camisa encharcada de água.
O treino foi brutal hoje. O treinador Heller nos fez treinar por quase uma
hora depois de nossa derrota na noite passada. Ele quer que voltemos para onde
estávamos, sem fazer merda, para que possamos voltar à estrada com uma vitória
em nosso currículo.
— Como isso está indo?
— Bem, ela está de pé no gelo, então acho que tudo bem.
— Goleira, certo? — Ele pergunta.
— Sim, mas ela parece interessada em todas as posições, então pode não
durar.
Hayes acena com a cabeça, removendo seu próprio equipamento.
— É a garota do food truck de donuts, certo?
— O quê?
— A criança que você está treinando – ela pertence à garota do food truck de
donuts, certo?
— Stevie.
— Essa é a criança?
Eu balanço minha cabeça.
— Não, essa é a mãe. Macie é a criança.
— Certo. — Hayes acena com a cabeça novamente. — A mesma do bar, sim?
Meus olhos se estreitam enquanto co agitado com sua linha de
questionamento.
— Sim.
— Hum.
Eu paro de remover meu equipamento e me sento, olhando para ele. Ele leva
um segundo para perceber que estou olhando em sua direção.
— O quê? — Ele pergunta, mas eu vejo o lábio do lho da puta contrair.
— Não venha com o quê para cima de mim. Por que diabos você está
perguntando?
— Eu só estou curioso.
— Por quê?
— Huh?
Eu cerro minha mandíbula.
— Por que você está perguntando?
— Você tem passado muito tempo com ela, só isso.
— Porque estou ajudando a lha dela.
— Certo, e você a ajudou, não foi? Naquela noite, quero dizer.
Isso mesmo; ele estava lá. Achei que ele não estava prestando atenção, mas
acho que me enganei.
— Sim. Ela foi ao casamento da minha mãe comigo.
Suas sobrancelhas avermelhadas se erguem.
— Hum.
É o segundo hum da conversa, e estou o cialmente farto.
— Apenas diga o que quer que você vá dizer.
Ele ergue as mãos.
— Nada, cara. É apenas interessante.
— Como assim?
— Bem, para começar, você odeia pessoas e crianças.
— Ugh. — Eu gemo. — Eu não odeio crianças, porra. Por que todo mundo
diz isso?
— Porque você literalmente fugiu quando Lowell tentou te entregar a dele, e
ela é a bebê mais fofa que já vi.
— Ela estava chorando. Eu não gosto de bebês chorando.
— Ela não estava chorando. Ela estava sendo fofa como sempre.
— Sim, com ranho escorrendo pelo nariz. — Eu estremeço. — Não, porra,
obrigado.
Os outros caras começam a se amontoar no vestuário, alguns deles tirando
suas próprias roupas, alguns apenas sentados lá tentando recuperar o fôlego.
— Sobre o que estamos conversando? — Miller pergunta, passando uma
toalha na nuca.
— Greer está treinando uma criança.
— Não brinca? — Rhodes pergunta, suas próprias sobrancelhas levantadas.
— Você odeia crianças — Lowell entra na conversa. — Você literalmente
fugiu da minha. Realmente rude, considerando que Freddie é a criança mais fofa
que eu já vi.
— Viu? — Hayes diz, batendo seu ombro contra o meu.
Eu o empurro para longe e ele ri.
— Quem você está treinando? — Nosso capitão pergunta.
— Sobrinha da Scout — responde Miller. — Ela tem dez anos e adora
hóquei. Eu sou o jogador favorito dela. — Ele sorri com orgulho.
— Tenho certeza que depois de deixá-la sentar ao volante do meu ZR1 e de
dar aulas de hóquei grátis para ela, eu sou o favorito dela — digo a ele, feliz por
estourar sua bolha.
Ele me mostra o dedo do meio e eu njo pegá-lo, beijá-lo e mandá-lo de volta
para ele.
— Então está tudo bem depois da queda dela? — Wright pergunta.
— Espere, você sabia sobre isso e não me contou? — Rhodes olha para seu
colega defensor como se ele tivesse chutado seu cachorro ou algo assim.
— Desculpa. Eu não sabia que você se importaria. Eu... Espera, Rhodes,
espera. — Wright sai do banco, perseguindo seu melhor amigo como se fosse um
namorado que acabou de se meter em encrenca.
Todos riem, balançando a cabeça para eles, totalmente acostumados com os
melhores amigos e seus dramas.
— Você não tem, tipo, nenhum tempo livre? — Lowell pergunta, entrando
no modo de capitão completo. — Quero dizer, estamos em uma boa posição
agora e a pós-temporada começa em breve, mas este é o momento em que
precisamos estar mais focados.
— Estou cuidando disso.
— Tem certeza?
Eu suspiro.
— Sim, pai. Estou bem. Isso não afetará meu jogo.
Ele concorda.
— Bom. Não precisamos de distrações este ano.
— Você tem duas distrações em casa – aquela criança e sua mulher. Eu não
posso ter ninguém?
Ele inclina a cabeça.
ç
— É isso que elas são para você? Sua mulher e sua criança?
— Podemos não as chamar de mulheres? Parece um pouco misógino — Fitz
murmura.
— Scout adora quando eu a chamo de mulher — comenta Miller, com um
sorriso bobo no rosto.
— Greer?
— O quê? — Eu mordo.
— É isso que elas são para você? — Hayes pergunta pensativo.
— Não. Mas mesmo que fossem, quem se importa?
Isso faz alguns levantarem as sobrancelhas, e não me passa despercebido.
É irritante. Não é da conta deles se estou passando um tempo com Stevie e
Macie. Todos eles também têm suas próprias vidas. Eu posso ter a minha. Além
disso, elas não estão atrapalhando meu jogo, e isso é o que importa, certo? Eu
ainda estou jogando e ainda estou ganhando. Quem se importa se estou me
divertindo no meu tempo livre?
Sinto cãibras no estômago e esfrego-o, tentando me livrar da dor repentina.
— Elas não são ninguém para mim — eu declaro, afastando a dor. — Apenas
uma amiga e sua lha. É isso.
— Hum.
Isso vem de Fitz desta vez.
Eu mostro o dedo para ele, quase tão irritado com ele quanto estou com
Hayes e todas as suas perguntas estúpidas. Ele apenas dá de ombros.
— Elas não signi cam nada — eu insisto, mas a a rmação não é tão forte
quanto deveria ser.
Desta vez, ninguém diz nada, e tenho a sensação de que também não
acreditam em mim.

———
Se você tivesse me dito há um mês que eu estaria disposto a ir para algum evento
bene cente em uma escola, eu teria rido na sua cara.
É verdade o que todo mundo diz – eu realmente não gosto de crianças. Na
maioria das vezes, elas são barulhentas, desagradáveis e me deixam louco. Mas
quando Stevie perguntou se eu consideraria passar por lá para ajudá-los a
arrecadar dinheiro para sua excursão anual, não pude dizer não.
Então, aqui estou eu, em uma maldita escola, cercado por merdinhas de nariz
empinado.
A verdade, porém, é que não as odeio inteiramente. Na verdade, elas são
meio... fofas. Elas estão todas cheias de perguntas e seus olhos estão arregalados
de admiração.
Estamos parados no meio do corredor enquanto pais e professores circulam,
olhando para todas as mesas espalhadas, cada uma cheia de cestas e outras coisas
para leilão. As crianças vão cantar algumas músicas e nos contar fatos sobre a
viagem noturna ao aquário que desejam fazer, e devemos dar lances em tudo
depois para arrecadar dinheiro para a viagem e a experiência do toque ao tanque.
O que ninguém sabe é que já z um cheque para a escola para cobrir tudo,
então qualquer dinheiro que sobrar vai para uma experiência especial onde eles
podem alimentar um tubarão.
— Conte para nós sobre quando você fez aquela defesa contra Connor
McDavid, Greer.
— Peguei o disco no ar.
— Uau! — Três delas dizem em uníssono, e nunca me senti tão legal.
— Que legal — diz um garotinho com óculos enormes com lentes de garrafa.
— Quero ser igual a você quando crescer.
— Você não pode – eu vou ser igual a ele quando crescer — Macie diz, com o
peito estufado. — Serei a próxima ótima goleira dos Comets.
— Você é uma garota! — Outro garoto diz, com o nariz todo torcido. —
Garotas não podem jogar hóquei!
— Ei. — Eu aponto o dedo para o merdinha. — Meninas podem jogar
hóquei o quanto quiserem. Na verdade, conheço algumas jogadoras de hóquei
incríveis. Diabos, algumas são melhores goleiras do que eu. Então não diga a ela
que ela não pode fazer algo, entendeu?
O garoto balança a cabeça freneticamente, com os olhos arregalados de
medo.
Alguém puxa minha camisa e eu me viro para encontrar um garotinho com
uma gravata fora do centro olhando para mim. Ele entorta um dedo, e eu me
curvo para ouvi-lo.
— Você disse diabos — ele sussurra.
— Desculpe — eu sussurro de volta. — Eu quis dizer raios.
— Eu não vou contar — ele promete.
Faço tudo o que posso para acenar com a cabeça solenemente e não rir.
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— Obrigado. Eu agradeço. — Eu me levanto, en ando as mãos nos bolsos
enquanto as crianças continuam a fazer perguntas para mim.
— Como é jogar com o Fera? Ele é realmente tão mau quanto parece?
— Você conheceu a Garota do Cartaz?
— Você é amigo do Fitzgerald?
— Foi difícil mudar do Canadá para os Estados Unidos?
— Greer!
A última voz é a que mais se destaca para mim, e giro nos calcanhares para ver
Stevie correndo pelo corredor, um homem mais velho não muito atrás dela.
— Ei — eu digo quando ela se aproxima.
Ela observa a cena ao meu redor, todas as crianças olhando para mim como
um deus, e ela sorri.
— Se divertindo?
— Como nunca — eu respondo, mas não tem o mesmo sarcasmo que
costuma ter. — Onde você esteve?
O telefone dela tocou cerca de dez minutos atrás, e ela me deixou para me
defender sozinho.
— Greer — diz ela, acenando para o homem atrás dela —, este é meu pai,
Cli . Pai, este é Jacob Greer.
Puta merda. O pai dela está aqui.
Eu não sabia que o conheceria. Quero dizer, claro, ela conheceu minha mãe,
mas isso foi diferente. Era o casamento dela.
Stevie pigarreia, trazendo-me de volta ao momento, e percebo que seu pai
está estendendo a mão para mim.
— Desculpe — eu digo, nalmente sacudindo-a. — Prazer em conhecê-lo,
Cli .
Seus olhos se estreitam ao mesmo tempo em que ele aperta minha mão.
— Eu não sabia que Stevie estava saindo com alguém.
— Ah, não, pai. Não estamos namorando. Ele só está aqui para apoiar Macie.
Ele está treinando-a.
— É mesmo? — diz o pai dela, e posso dizer que ele não acredita em uma
palavra que ela disse sobre não estarmos namorando.
Também não tenho certeza se acredito nisso porque, por mais que eu odeie
admitir, o que estamos fazendo está começando a parecer um namoro. Tenho
pensado nisso com frequência desde o outro dia quando os caras estavam me
dando merda no vestiário. Estou passando muito tempo com Stevie e Macie;
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praticamente todo momento que não estou no rinque, estou com elas. Ou
estamos trabalhando na defesa de Macie como goleira, sempre indo jantar
depois, ou estou encontrando desculpas para parar no food truck – para não
mencionar todas as noites em que estive em casa, me esgueirei até a casa de Stevie
tarde da noite, depois que Macie vai para a cama. Trocamos mensagens de texto
ou conversamos por chamada de vídeo todos os dias quando estou fora, e ela é
tudo em que consigo pensar sempre que chega a hora de ir para casa.
Ainda estamos apenas rotulando isso como diversão, mas... E se não for
mais? E se isso for outra coisa? Algo mais? Algo... real?
Eu me dou uma sacudida, trazendo minha atenção de volta para o homem
que ainda está olhando para mim com olhos incertos. Tenho certeza de que ele
está se perguntando por que sua lha está mentindo para ele por minha causa.
Eu sei que se os papéis fossem invertidos e minha lha me dissesse que não estava
namorando alguém quando não parecia ser o caso, eu teria muitas perguntas,
como: Por que você está enrolando minha filha? Ela não é boa o suficiente para
você sossegar? Você está usando-a?
Aposto mil dólares que é o que está passando pela cabeça dele agora. A
mesma sensação amarga de antes se instala em meu estômago, mas eu a engulo
porque agora não é a hora de lidar com isso.
— Sua neta está indo muito bem — digo ao homem de cabelos grisalhos,
forçando um sorriso. — Ela é natural no gelo. Tenho certeza de que, com mais
algum treinamento, depois que ela jogar em alguns jogos, ela começará a ser
goleira em pouco tempo.
Pela primeira vez desde que ele andou até aqui, ele sorri.
— Isso é bom. Fico feliz em ouvir isso. Meu falecido marido caria
emocionado. Ele amava hóquei. — Ele olha para a lha com olhos tristes. —
Estou chateado por ele não poder vê-la no gelo.
— Eu também, pai. — Stevie dá um tapinha em seu ombro. — Nós
provavelmente deveríamos entrar lá e pegar nossos lugares. A peça vai começar
em breve. — Ela olha para as crianças. — Crianças, entrem. Tenho certeza de que
seus professores estão se perguntando onde diabos vocês estão.
Ela as enxota e elas desaparecem com relutância, todas olhando para mim,
algumas até acenando.
— Devemos entrar também. Depois de você, pai.
Stevie deixa seu pai nos conduzir até o pequeno auditório, e nós o seguimos
de perto.
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— Sabe... — Eu descanso minha mão na parte inferior de suas costas,
deixando meus lábios perto de sua orelha. — Você não pode dizer diabos na
frente das crianças.
— É mesmo? — Ela pergunta enquanto nos sentamos.
— Sim. Está vendo aquele com a gravata torta? — Aponto para o palco onde
as crianças estão se alinhando nas plataformas e ela acena com a cabeça. — Eu
tive problemas com ele mais cedo.
Ela junta os lábios, abafando uma risada.
— Ele gritou com você?
— Não. Apenas me deu uma conversa severa. Eu estava tremendo igual vara
verde.
Ela ri, e eu amo o som disso. Rapidamente se tornou minha coisa favorita
que ela faz.
Algumas pessoas se viram para olhar para nós; as luzes estão apagadas e o
show está claramente prestes a começar. Eu não me importo, no entanto. Eu
poderia vê-la rir o dia todo.
— Shh! — Eu digo a ela. — O show está começando.
Ela nge fechar os lábios e jogar a chave fora, mas ainda está sorrindo.
Com o canto do olho, vejo o pai dela olhando para mim por cima da cabeça
dela. Ele olha entre eu e Stevie, um sorriso lento curvando seus lábios. Oh, ele
de nitivamente não está acreditando na fala de apenas amigos que ela o
alimentou.
E também não tenho certeza se estou acreditando mais.

———
— Você foi ótima, lha! — Stevie diz, envolvendo a lha em um abraço e dando
um beijo alto e estalado em sua bochecha após o show.
— Eca, nojento, mãe! — Ela se contorce para fora do aperto de sua mãe e
limpa o beijo. — Não me envergonhe.
— Você me deixa te beijar todas as noites antes de dormir.
— Mãe! — Seus olhos se arregalam. — Oh meu Deus! Não na frente do... —
Macie desliza os olhos na minha direção.
Eu dou de ombros.
— Minha mãe ainda me beija.
— Sério?
Eu concordo.
— Sim, e eu deixo porque um dia ela não estará mais aqui, e eu vou querer
aqueles beijos embaraçosos mais do que tudo.
— Oh. — Macie olha para a mãe. — Tudo bem, você pode me beijar, mas
não quando você está usando aquele batom nojento que eu juro que nunca vou
usar.
Eu rio, sabendo que muitas vezes na minha vida eu andei por aí com uma
mancha de batom na minha bochecha, tudo graças à minha mãe.
— Podemos ir? Estou com fome.
— Claro — diz Stevie. — Você quer passar no McDonald's a caminho de
casa?
— O quê? Não! É quinta-feira. É noite de macarrão com queijo!
— Noite de macarrão com queijo? — Eu pergunto.
— Toda quinta-feira — diz Macie. — E eu faço.
— Sério? Eu amo macarrão com queijo.
— Você deveria vir. Mãe, Greer pode vir para o jantar? Vovô também?
— Claro que irei — diz Cli , sorrindo para a neta. Ele olha para mim. —
Greer?
Eu olho para Stevie, sem saber se ela quer que eu me intrometa em sua noite
com sua família, mas ela não parece estar dando nenhuma indicação de que quer
que eu diga não.
— Claro. Por que não?
Stevie agarra os ombros de Macie.
— Vem. Vamos indo.
Paramos algumas vezes ao sair da escola, e faço o possível para cumprimentar
cada criança com um sorriso, mas também me apresso porque sei que Macie está
morrendo por comida.
— Posso ir para casa com Greer? — Ela pergunta quando chegamos ao
estacionamento. — Eu fui a estrela do show, então deveria poder andar no carro
legal e não na minivan boba.
— É um SUV! — Stevie argumenta, embora Macie não dê atenção a ela, já
pulando em direção ao meu ZR1, que estou feliz por ter dirigido em vez do
Viper.
— Caramba. — Cli assobia. — É um bom carro. Eu amo Corvettes.
— Foi o que Stevie disse. Quer uma carona?
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— O quê? Não! Eu falei primeiro, vovô! — Macie grita.
Cli ri.
— Talvez na próxima vez.
Eu sigo atrás de Stevie e seu pai, garantindo que dirijo no limite de velocidade
e nem um quilômetro a mais com a carga preciosa ao meu lado.
— Você se saiu bem esta noite — digo a Macie quando entramos em seu
complexo de apartamentos. — Até eu quei animado em ir ao aquário.
— Eu também. Eu amo animais. Se eu já não tivesse planos de jogar hóquei,
faria algo com animais quando crescesse, talvez ser uma bióloga marinha ou algo
assim.
— Eu já sabia que queria jogar hóquei quando tinha a sua idade também,
mas pensei em ser veterinário por um tempo.
— Você tem algum animal?
Eu balanço minha cabeça.
— Não. Estar na estrada torna tudo muito difícil, já que não tenho ninguém
para cuidar dele em minha casa.
— Nós podemos — diz ela. — Minha mãe e mim podemos passar por lá e
cuidar dele para você.
Ela diz isso tão inocentemente como se não tivesse ideia do peso que suas
palavras carregam, e suponho que ela não tenha. Ela não percebe que suas
palavras deixaram meus pulmões sem fôlego só de pensar nelas no meu
apartamento, imagens delas brincando com cachorrinhos e abrindo presentes na
manhã de Natal passando como um lme na minha cabeça.
E, para minha total surpresa, não parece nada ruim ou assustador.
— Mãe e eu — corrijo enquanto desligo o motor. — Chegamos.
Ela está fora do carro antes mesmo que eu possa dizer as palavras, correndo
para sua mãe.
— Nossa, alguém está animada para comer macarrão com queijo — Stevie
comenta enquanto Macie sobe as escadas correndo, seu avô logo atrás dela. Ela se
aproxima de mim, com as mãos en adas nos bolsos de trás. — Você realmente
não tem que car para o jantar, sabe. Tenho certeza de que você tem muitas
outras coisas acontecendo.
— Você quer que eu que?
Ela olha para mim, seus olhos azuis brilhantes tão lindos como sempre.
— Eu quero.
— Então eu vou car, Stevie.
Ela sorri.
— Bom. Venha, então. É melhor entrarmos antes que ela tente colocar milho
na massa de novo.
— Milho? — Eu torço meu nariz, seguindo-a escada acima.
— Oh, sim. Ficamos realmente selvagens na casa Thomas às quintas-feiras.
— Em que diabos eu me meti com vocês, garotas?
Stevie olha para mim por cima do ombro.
— Raios. — Ela pisca, correndo para fora do meu alcance antes que eu possa
dar um tapa em sua bunda.
— Você vai pagar por isso mais tarde — eu grito, me arrastando atrás dela.
— Esse é o plano!
Balanço a cabeça, seguindo-a para dentro.
Em que diabos eu me meti?
21
Stevie
— Vamos! Vamos! Vamos perder os aquecimentos! — Macie agarra minha mão,
puxando-me da loja do time em direção ao gelo.
Eu a deixo me arrastar, sabendo muito bem que estamos bem em relação ao
horário, e ela está apenas animada com outro jogo de hóquei. Estamos usando o
último dos ingressos de Miller hoje à noite e, como não tenho certeza de quando
poderemos ir a outro jogo, certi quei-me de parar na loja dos Comets para uma
extravagância. Eu realmente não deveria estar comprando coisas tão caras agora
com a minha situação de trabalho, mas não pude evitar. Vou lidar com o meu
cartão de crédito mais tarde.
Nós fazemos nosso caminho para nossos assentos incríveis, caindo neles.
Bem, eu sento, Macie está de pé, com os olhos arregalados enquanto olha para o
gelo maravilhada como se o estivesse vendo pela primeira vez. Espero que ela
nunca perca essa alegria com o hóquei.
— Vista sua camisa, mãe. Eles estão prestes a sair do túnel.
— Tudo bem, tudo bem. — Eu vasculho a sacola com a logo dos Comets e
pego minha nova compra. Era muito caro, mas Macie insistiu que eu a
comprasse para representar seu novo jogador favorito.
E tudo bem, eu também queria. Quero mostrar a ele que estou aqui para ele
tanto quanto estou aqui para Macie.
— Vamos! Vamos para o vidro!
Ela sai correndo pelo corredor e eu coloco a camisa sobre a cabeça, seguindo
atrás dela. Assim que pressionamos nossos narizes contra o vidro frio, a música
aumenta e os caras vêm correndo para o gelo, o goleiro liderando o pelotão.
Ele patina pela metade do rinque, dando algumas voltas e acertando os discos
na rede a cada passagem. Ele para na frente de seu banco e agarra aquela familiar
garrafa verde, esguichando água em sua boca para cuspi-la de volta. Ele faz isso
quatro vezes, depois muda para outra garrafa para começar tudo de novo. Essa
deve ser uma de suas superstições.
Ele dá mais duas voltas antes de parar na frente de seu banco novamente e
cair de joelhos. Ele chuta os pés para os lados, movendo-os para frente e para trás
como se fosse um sapo. Ele está a apenas alguns centímetros de suas regiões
inferiores tocar o gelo, e nunca vi ninguém tão exível pessoalmente antes. A
maneira como ele é capaz de se mover assim é uma loucura. Ele faz isso várias
vezes, projetando os pés para cima antes de cair novamente, alongando-se de
maneiras que não deveriam ser possíveis. É estranhamente satisfatório de assistir.
— Louco, certo?
Eu olho para encontrar a esposa de Wright, Harper, de pé ao meu lado. Ao
lado dela estão Ryan e sua irmã, Hollis, que está segurando sua lha contra o
vidro para que ela possa ver seu pai patinar.
— Eu não sabia que todas vocês estariam aqui esta noite! — Aperto meus
braços ao redor de Harper.
— Sim, decidimos de última hora. Às vezes é difícil juntar todas nós aqui e,
quando nossos horários se alinham, dizemos que se dane. — Ela me abraça de
volta, então belisca minha camisa. — Camisa legal.
Minhas bochechas esquentam.
— Obrigada. Macie insistiu.
— Uh-huh. Tenho certeza. — Harper pisca, e eu sei que o vermelho em
minhas bochechas se aprofunda. — Onde está Scout?
— Ela está em um prazo. Sem Emilia esta noite também?
— Não. Aquela pirralha está trabalhando como sempre — Hollis responde
por sua melhor amiga. — Rude, se você me perguntar.
Eu rio. Tenho certeza de que ela está ocupada tentando manter a mídia do
programa funcionando. O namorado dela, Smith, costumava jogar no time, mas
agora que se aposentou, trabalha como treinador de vídeo. Tenho certeza de que
ele está por aqui em algum lugar também.
— Eu seriamente não sei como ele faz isso. Parece que dói.
Sigo os olhos de Ryan até Greer, que agora está na frente do gol, se
alongando mais uma vez.
— Aposto que é útil, no entanto — Hollis comenta, balançando as
sobrancelhas.
Eu não digo nada, sorrindo para mim mesma com meu segredinho de que
isso é útil.
O time atira discos em Greer, e ele bloqueia todos os tiros que surgem em sua
direção. Ele parece bem lá fora, forte e rme.
— Vai ser uma boa noite — Macie comenta, seus olhos não deixando ele
também. — Ele parece concentrado.
Ele realmente parece, e é por isso que co surpresa quando ele levanta do
gelo e patina direto para nós, chegando ao lado de Lowell, que está fazendo
caretas para a lha e beijando o vidro.
Não consigo ver sua boca, mas não há como confundir o brilho de alegria
nos olhos de Greer quando ele olha para mim. Eu sorrio para ele, e seus olhos
mergulham para minha camisa. Eu me viro, mostrando a ele seu número nas
costas. Quando me viro de volta, o olhar em seu rosto é algo totalmente diferente
de alegria – é luxúria. Luxúria pura e não ltrada. Ele gosta de me ver usando o
número 29 e, caramba, eu gosto de usá-lo.
Ele bate três vezes com o taco no vidro, e não tenho dúvidas de que é sua
maneira de dizer: Mal posso esperar para tirar isso de você mais tarde.
Eu aperto minhas coxas juntas, pensando no que está reservado para mim.
Ele sai esta noite para outra curta viagem de dois jogos, e esta será a última vez
que o verei antes que ele vá. São apenas quatro dias, mas já sei que vai parecer
uma vida inteira.
Greer olha para Macie, ergue um disco e ela acena com entusiasmo. Ele o joga
sobre o vidro para ela, e ela o pega, pulando para cima e para baixo enquanto ele
patina para longe.
— Uau. Nunca vi Greer ser legal com uma criança antes.
— Nem eu — diz Ryan, repetindo Harper.
— Ele literalmente fugiu de Freddie — diz Hollis, segurando sua bebê. A
garotinha gordinha parece tão adorável com seus fones de ouvido e o número de
seu pai em sua camisa. — Como você pode fugir de algo tão fofo?
Eu rio.
— Vocês deveriam tê-lo visto na arrecadação de fundos da escola. As crianças
estavam em cima dele e ele estava devorando a atenção.
— Ele foi a um evento de arrecadação de fundos de escola? — Harper
pergunta. — Greer?
— Sim. Ele até nanciou toda a viagem para a qual elas estavam tentando
arrecadar dinheiro.
As meninas trocam um olhar, que eu não perco, mas ninguém diz nada.
Rhodes e Wright patinam até nós, cada um dizendo oi para suas esposas e
jogando um disco para Macie antes de partir. O aquecimento chega ao m e
Macie pula de volta para seu assento com três discos nas mãos e um sorriso
enorme no rosto. Nós a seguimos, tomando nossos lugares e nos preparando
para uma noite de hóquei.
— Então — diz Harper, e apenas o tom de sua voz me deixa no limite. —
Alguém mais está triste que os caras estão indo em uma viagem? Quero dizer, é
curta, mas cara, vou sentir falta de Collin. — Ela suspira com saudade.
— Eu odeio quando Adrian vai embora. — Ryan faz um biquinho. — Isso
faz aquela nossa casa grande parecer mais vazia, sabe?
— Oooh! Devíamos fazer uma noite de garotas, uma grande festa do pijama
ou algo assim. Todas nós, mais Emilia e Scout. Macie pode ir também. Vai ser
divertido — Hollis sugere.
— E Greer.
Todas olham para minha lha, cujo foco está na sacola de guloseimas que
comprei para ela na loja do time, sem nem perceber que estamos olhando para
ela.
— Greer? — Harper pergunta.
— Sim — diz Macie. — Ele passa a noite na nossa casa o tempo todo. Talvez
ele possa ir à festa do pijama também. Ele as ama.
Meu coração parece que está prestes a explodir no meu peito e, apesar do frio
vindo do gelo, meu rosto está mais quente do que nunca.
— Ele nunca ca para o café da manhã, o que me deixa triste. Minha mãe faz
rabanadas muito boas, e acho que ele também adoraria se casse.
Eu posso sentir os olhares das outras mulheres queimando o lado da minha
cabeça, mas não é onde minha atenção está. Está na minha lha.
— Macie, como você sabe que Greer passa a noite lá em casa?
Oh, Deus. Ela não nos ouviu, ouviu? Não deixei cicatrizes na minha filha para
sempre, certo?
— Eu só sei.
— Macie.
Ela nalmente tira o rosto da sacola, olhando para mim.
— O quê?
— Como você sabe que Greer passa a noite em casa?
— Eu só sei. — Ela levanta os ombros. — Eu vi a jaqueta dele na porta. Uma
vez, seu boné estava no balcão. E porque você ca tão feliz de manhã. É o mesmo
p q
tipo de felicidade que você sente quando passamos um tempo com ele.
Ela diz isso com naturalidade, como se fosse a resposta mais óbvia do mundo,
como se ela não estivesse explodindo a minha mente agora.
— Eu não deveria saber? — Ela pergunta, com as sobrancelhas franzidas.
— Não, você pode saber.
— Oh. Ok. Bom, porque eu gosto dele. Quero dizer, não gostei no começo
porque ele era um bobão, mas agora ele não é tão ruim.
Eu sorrio para ela.
— Não, ele não é ruim de forma alguma.
Ela volta a vasculhar a sacola e eu me recosto na cadeira, completamente
atordoada. Quando ele deixou a jaqueta na porta? Quando o boné dele cou
exposto para ela ver? E estou realmente mais feliz com Greer por perto?
Sim.
Estou mais feliz com Greer, mais feliz do que nunca, e também não é apenas
o sexo. É ele. Claro, ele é mal-humorado às vezes, mas também é doce. Ele ama
sua mãe e a trata como uma rainha, e faz o mesmo com Macie, até tolerando suas
estranhas noites de macarrão com queijo.
E também há a maneira como ele me trata, como se eu fosse a única pessoa
que importa em um lugar.
Eu gosto dele. Bastante. E eu gosto de passar tempo com ele.
— Bem — Harper sussurra, inclinando-se para mim. — Isso foi... algo.
Eu dou a ela um sorriso fraco.
— Sim, foi.
— Vocês dois estão juntos?
— Mais ou menos? Quero dizer...
Seus olhos se iluminam.
— Oh.
— Sim. Tem sido... incrível.
— Eeeek! — Ela emite um som agudo. — Isso é... Oh, estou tão feliz por
você. E por ele. Já era hora de ele encontrar alguém.
— Estamos mantendo isso casual — digo a ela enquanto meus olhos se
voltam para Hollis e Ryan, que estão ouvindo atentamente nossa conversa
silenciosa.
— Isso é o que Collin e eu dissemos também, mas olhe para nós agora. — Ela
mostra sua aliança de casamento. — Estamos longe de ser casuais.
— Sim, mas Greer não acredita no amor.
Harper solta uma risada.
— Oh, querida, eu também não acreditava. Mas quando você encontra a
pessoa certa, coisas estranhas acontecem.
— Sim, elas realmente acontecem — Ryan entra na conversa, e eu sei que ela
está falando por experiência própria depois de se casar com Rhodes em uma
noite de bebedeira em Las Vegas e depois continuar casada com ele.
— Acredite em mim — diz Hollis —, às vezes as coisas não acontecem do
jeito que você planeja, mas acabam sendo realmente incríveis de qualquer
maneira. — Ela pressiona um beijo na cabeça da lha, a lha que ela não
planejava ter, especialmente não com Lowell, mas teve mesmo assim.
— Se for pra ser, vai dar certo. — Harper aperta minha mão.
Eu dou a ela um pequeno sorriso assim que as luzes diminuem, e o locutor
começa a ler a escalação inicial. Volto minha atenção para o gelo, mas é um
esforço infrutífero. Só consigo pensar em Greer.
Estou sendo tola por jogar este jogo com ele?
Ele foi honesto desde o início sobre seu desdém pelo amor. Ele não acredita
nisso, e não sou estúpida o su ciente para pensar que eu vou ser a pessoa a fazê-lo
mudar de ideia, sem mencionar que tenho uma lha e ele não gosta de crianças.
Ele pode ter se dado bem com elas na arrecadação de fundos, mas isso é
totalmente diferente de assumir o papel de pai.
Sou louca por continuar fazendo isso, sabendo que estou me apegando a ele?
Sabendo que Macie também está se apegando?
Sim.
Eu engulo com a verdade por trás dessa resposta. É perigoso, completamente
imprudente, para Macie e para mim. Eu deveria estar protegendo-a do inevitável
desgosto que virá quando Greer decidir que somos demais para ele.
— Olha! — Macie chama, apontando para o gelo. — Ali está ele!
Greer patina para fora, apontando seu taco direto para nós. Algumas cabeças
se voltam em nossa direção e tento não morrer sob seus olhares curiosos.
O disco é lançado e o jogo está em andamento. O primeiro período é quase
monótono, nenhum dos times marca, mas há muitos empurrões perto da rede, e
até Greer se envolve. Macie vai com Ryan para comprar lanches durante o
intervalo e volta com os braços carregados de pretzels, nachos e uma raspadinha.
— Ryan! — Eu sibilo para ela.
— O quê? — Ela dá de ombros, seus lindos cachos loiros balançando com o
movimento. — É uma noite especial.
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Balanço a cabeça, rindo da facilidade com que Ryan foi enganada e comprou
para Macie tudo o que chamou sua atenção.
O segundo período começa com um estrondo – literalmente. Rhodes acerta
o disco na trave, o som ecoando pela arena.
— FERAAAAA! — Macie grita com uma voz profunda, fazendo todos ao
nosso redor rirem.
Eu a puxo de volta para sua cadeira segurando sua camisa.
— Você está se divertindo demais — eu digo a ela, batendo em seu nariz.
Um suspiro coletivo se espalha pela multidão, e as pessoas cam de pé, com
as mãos sobre a boca enquanto um silêncio abafado cai sobre a arena.
— O que está acontecendo? — murmuro, levantando-me.
Macie engasga, apontando para o gelo.
— Mãe! Ele está ferido!
Ela está na ponta dos pés, tentando através das pessoas que estão à nossa
frente. É a mesma coisa que estou fazendo, e estou tendo di culdades tanto
quanto ela.
— Quem? Quem está ferido?
— Greer!
No momento em que ela diz o nome dele, a multidão à nossa frente se
separa, e eu o vejo caído no gelo, imóvel. Tudo em meu corpo está em alerta
máximo enquanto o vejo deitado ali, um jogador do outro time em cima dele.
O jogador é arrastado por Rhodes, que o põe de pé e o joga contra os vidros.
Os dois começam a brigar e todo mundo enlouquece ao nosso redor, mas não
estou ligando para isso. Só consigo me concentrar em Greer, que ainda está
caído.
Miller ajuda um treinador a chegar ao gelo, patinando com ele até a rede para
atender Greer. Ele cai de joelhos, conversando com o goleiro imóvel. Vejo Greer
acenar com a cabeça e o treinador franze a testa.
Rhodes e o outro jogador são separados, e Wright patina para bater na cabeça
de seu parceiro de defesa enquanto ele se dirige para a área de penalidade. Lowell
também está lá, ajudando a tirar Greer da rede. Miller o agarra do outro lado e
eles o colocam de pé. Todos comemoram, felizes em vê-lo sair por conta própria.
Ele desaparece no túnel, e meu coração ainda está na minha garganta quando eu
caio de volta no meu assento.
— Ele está bem, mãe?
— Eu não sei.
— Mas ele se levantou. Isso signi ca que ele tem que estar bem, certo?
— Eu não sei, Macie.
Quero tranquilizá-la, quero dizer que tudo vai car bem e que Greer está
saindo para cumprir o protocolo e logo estará de volta ao banco, mas não o faço.
Não consigo tirar os olhos do túnel que ele desceu. Ele está lá atrás, ferido e
provavelmente assustado. Eu gostaria de estar com ele.
— Você pode — diz Harper.
— Huh? — Eu pergunto a ela.
— Você pode ir lá. Eu já z isso antes com Collin. Vamos. Eu te levo. — Ela
agarra minha mão, me puxando do meu lugar.
— Mãe! — Macie me chama.
— Eu já volto — digo a ela.
Ryan agarra seu ombro.
— Greer é durão. Ele vai car bem. Vamos assistir ao jogo.
Os olhos preocupados de Macie me seguem enquanto sigo atrás de Harper
subindo as escadas, mas ela nalmente volta sua atenção para o gelo.
Harper me conduz pela arena, parando apenas quando ela se aproxima de
algumas pessoas de aparência muito o cial. Ela sussurra algo para elas, e elas
acenam com a cabeça.
— Claro — diz a mulher mais velha. — Por aqui, Sra. Wright.
Somos escoltadas por uma porta e entregues a outro funcionário da arena,
depois conduzidas por alguns corredores diferentes. Não tenho ideia de onde
estamos, mas posso dizer que estamos entrando mais a fundo no prédio porque
está cando mais silencioso à medida que avançamos.
Paramos em frente a uma porta e já sei que é onde Greer está. Eu posso
sentir.
— Vou esperar aqui fora — diz Harper, uma mão suave nas minhas costas
me empurrando em direção a sala.
Eu tomo uma respiração calmante, então empurro a porta aberta.
— Com licença, nós estamos...
— Está tudo bem, Doutor.
Ele abaixa a cabeça.
— Vou dar a vocês dois um momento.
Meus olhos se voltam para Greer e quase quebro ao vê-lo. Ele parece tão
derrotado sentado sob as luzes brilhantes.
Eu corro em direção a ele, jogando meus braços ao seu redor. Ele estremece
no momento em que toco seu ombro direito.
— Desculpa — murmuro, recuando. — Você está bem?
— Não.
Sua voz é rouca. Severa.
— O que... — Eu engulo o nó na minha garganta, então passo minha língua
sobre meus lábios. — O que aconteceu?
Sua mandíbula está apertada, e eu ouço a cama ranger enquanto ele aperta a
borda.
— Aquele lho da puta passou por cima de mim.
— Eu...
Alguns instrumentos diferentes voam pela sala. Acontece tão rápido que
nem percebo que foi Greer quem os jogou, até que olho para ele, com as narinas
dilatadas e a respiração pesada. Já vi esse olhar enlouquecido antes, e acho que o
odeio ainda mais agora do que naquela época.
— Ele simplesmente veio para cima de mim, nem tentou parar e ir por outro
caminho. Correu direto em mim, porra.
Sua voz ca mais alta a cada palavra, seu peito arfando, seus olhos verdes
geralmente brilhantes cando mais escuros a cada segundo.
— Por que ele...
— Porque ele é um idiota do caralho! — Greer grita, e eu me encolho com a
explosão. Ele está tão imerso em sua raiva que acho que não percebe. — Meu
maldito ombro teve que ser reajustado, e estou afastado por pelo menos duas
semanas. Duas malditas semanas!
Ele pontua cada palavra com um ranger de dentes. Ele está chateado, e eu
entendo o porquê, mas não torna mais fácil vê-lo assim, tão descontrolado com
suas emoções, tão zangado. É difícil de assistir porque me lembra muito de tudo
que deixei para trás, há todos aqueles anos.
— Por que você está aqui? — Ele late.
Eu odeio que ele esteja me fazendo essa pergunta como se eu não tivesse o
direito de saber que ele está bem depois de tudo entre nós. É como uma facada
no meu estômago, porque tudo o que faz é solidi car que essa coisa entre nós
realmente não signi ca nada.
Eu sou apenas a garota com quem ele está transando, e é isso.
Eu pisco as lágrimas ameaçando surgir e limpo minha garganta.
— Eu queria ter certeza de que você está bem. Macie estava...
q q
— Eu não estou bem — ele interrompe, com tanta ira em sua voz. — Meu
maldito ombro está doendo como um lho da puta. Estou sentado aqui com
você e não no gelo como gostaria.
Não sei o que dizer a ele, não quando ele está assim, então não digo nada. Eu
apenas co lá, olhando para ele enquanto ele encara o chão, seus ombros
subindo e descendo em rápida sucessão enquanto ele suga uma respiração após a
outra.
Odeio vê-lo assim, não apenas por causa do meu passado, mas porque não
quero que ele se machuque. Não quero que a temporada dele seja prejudicada,
especialmente quando ele está indo tão bem. Ele vive para o hóquei e quero que
ele tenha isso por muito tempo.
Eu co lá por um tempo, provavelmente mais do que deveria, considerando
como ele falou comigo desde que entrei, mas não consigo me mexer. O médico
volta para a sala, atraindo nossa atenção.
— Eu preciso veri cá-lo um pouco mais — diz ele, uma clara dispensa de
mim.
— Eu irei embora.
— Espere.
Eu me viro para Greer, lentamente levantando meus olhos para ele, com
medo do que vou ver, com medo do que ele vai dizer.
— Stevie, eu...
Ele para, sem dizer mais nada, e eu não espero que ele reúna as palavras. Eu
giro nos calcanhares e saio pela porta, mal conseguindo conter as lágrimas que
ameaçam derramar assim que cruzo a soleira.
— Ei! — Harper grita, correndo para me alcançar enquanto eu ando
rapidamente pelo corredor. — Ele está bem?
Eu concordo.
— Ele vai car bem.
— Ei... — Ela agarra meu pulso, me puxando para uma parada. — O que
está errado?
— É o ombro dele.
— Não. — Ela balança a cabeça. — Quero dizer com você. Você está bem?
É uma pergunta tão simples, que não deveria ter nenhum efeito sobre mim,
mas tem. É tudo o que é preciso para a represa se romper e as lágrimas rolarem
pelo meu rosto.
— Oh, Stevie — Harper cantarola, puxando-me em seus braços. — Tudo
bem. Ficará tudo bem.
— Ele nem me queria lá.
— Shh. — Ela esfrega minhas costas. — Ele queria. Ele está apenas chateado.
Dê tempo a ele para se acalmar. Vai car tudo bem.
Pela primeira vez em muito tempo, realmente não parece que vai car tudo
bem.
22
Greer
Eu fodi com tudo.
Eu sei que sim. Eu soube no momento em que ela saiu do consultório do
médico. Ela estava magoada, e fui eu quem a machucou.
Eu não estava incomodado com ela – nunca com ela, mas lidei com isso
como se estivesse. Eu a tratei como merda, assim como o ex dela fez. Ela não
merecia isso antes e de nitivamente não merece agora.
— Ei — diz Miller, sentando-se ao meu lado. — Eu ouvi a notícia. Você está
bem?
Concordo com a cabeça, embora não esteja nada bem, não apenas por causa
da lesão que ainda me irrita muito. Não estou bem porque machuquei Stevie.
Preciso consertar isso, mas vamos viajar hoje à noite porque temos um jogo
amanhã. Não tenho tempo para consertar.
Os caras andam pelo vestiário com cara de mau humor, e não posso dizer que
os culpo depois que acabamos perdendo. É sempre difícil pegar a estrada depois
de uma derrota, e esta noite é ainda pior sabendo que estarei fora.
Claro, estamos em uma boa posição na classi cação, mas não é só isso. É
sobre perder o ímpeto e o espírito de equipe. Isso não é apenas um golpe para
mim. É um golpe para eles também.
— Se aquele maldito bandeirinha não tivesse me tirado de cima dele, juro
que teria en ado a cara dele naquele vidro — promete Rhodes. — Filho da puta.
Ele sabia o que estava fazendo.
Estou com raiva do cara que me atropelou, mas às vezes uma jogada dá
errado. Eu tenho que acreditar que foi o que aconteceu esta noite e não foi
malicioso. É a única coisa que me mantém neste banco e não indo atrás daquele
cara.
O treinador Heller irrompe na sala, fazendo contato visual comigo primeiro.
Sua mandíbula aperta quando ele vê meu ombro em uma tipóia. Ele está tão
irritado com isso quanto eu.
— Tomem banho — diz ele para todos. — Conversaremos amanhã de
manhã.
Então ele se foi novamente.
Alguns caras me dão tapinhas na cabeça enquanto passam, indo para os
chuveiros. Todos se movem ao meu redor, tirando suas roupas e se preparando
para pegar o ônibus.
Tomo meu próprio banho rápido o melhor que posso, dado o estado do meu
ombro, então coloco minha bolsa em uma pilha com todas as outras antes de ir
para o ônibus. Sou um dos primeiros a entrar e encontro meu assento favorito na
parte de trás, sento na almofada e descanso minha cabeça contra a janela
enquanto espero que todos cheguem.
Não preciso de cirurgia, apenas descanso. Essa é a melhor parte dessa
situação. O médico acha que posso estar pronto para voltar em menos de duas
semanas, mas ele não quer que eu tenha muitas esperanças por precaução.
Poderia ter sido pior, digo a mim mesmo. Poderia ter sido durante os playoffs.
Eu fecho meus olhos, instantaneamente atingido pela memória da expressão
de Stevie quando joguei aqueles instrumentos. Ela parecia apavorada, e eu soube
naquele momento que estava errado, mas não consegui parar. A raiva tomou
conta, e eu estava perdido nela.
Eu preciso consertar isso. Preciso garantir que ela saiba que sou um idiota e
que não estava bravo com ela.
Meu telefone vibra contra a minha perna, e eu o pego, esperando como o
inferno que seja Stevie para que eu possa me desculpar, mas minhas esperanças
são frustradas quando eu olho para a tela.
— Alô?
— Alô? ALÔ?! Isso é tudo que consigo? — A voz estridente da minha mãe
soa em meu ouvido.
Eu suspiro, indo esfregar minha têmpora, então lembrando que não posso.
Estou preso na maldita tipoia.
— Ei, mãe.
— Ei?! — Minha cabeça lateja com o volume da voz dela. — Eu juro, Jacob,
eu vou gritar com você.
— Você bateria em um homem quebrado?
Ela engasga.
— Oh Deus… o que está quebrado?
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— Bem, tecnicamente nada, mas estou com uma tipóia.
— Oh, querido. — Ela suspira. — O que está acontecendo?
— Ombro.
— Cirurgia?
— Não.
— Tempo?
— Mínimo de duas semanas.
Ela exala lentamente.
— Graças a Deus. Isso poderia ter sido...
— Muito pior, eu sei.
Ela ca quieta por um momento, provavelmente precisando de um segundo
para aceitar o fato de que me machuquei mais uma vez em minha carreira e ela
teve que ver isso na televisão.
Meus companheiros de time começam a se amontoar no ônibus, alguns deles
acenando para mim enquanto se sentam.
— Como Stevie está lidando com isso? — Minha mãe pergunta.
— O que você quer dizer?
Ela ri.
— Não brinque comigo, garoto. Sou sua mãe, sei quando algo está
acontecendo e cou muito óbvio para mim e para todos no meu casamento que
você e Stevie estão apaixonados um pelo outro.
É a minha vez de rir.
— Não estamos apaixonados, mãe. Eu não acredito no amor.
Ela faz um som de tsc.
— Não seja assim, Jacob.
— Por que não? Não é como se eu tivesse visto isso dar muito certo na minha
vida. — Eu sei que minhas palavras a machucam no momento em que as deixo
cair de meus lábios. — Merda. Desculpa, mãe. Isso não foi justo com você.
— Você está certo, não foi, mas acho que não foi justo para você me ver
falhar em encontrar minha pessoa tantas vezes. É por isso que você não acredita
no amor, não é? Por minha causa?
Engulo em seco.
— Quero dizer...
Ela solta um longo suspiro.
— Sinto muito, Jacob. Lamento que você tenha testemunhado meu desgosto
repetidas vezes, mas esta vida é muito longa para ser tão solitária. Eu não podia
p g p p
parar de tentar só porque não deu certo algumas vezes.
— Quatro vezes, mãe. Quatro.
— Não preciso de um lembrete dos meus relacionamentos fracassados, lho.
Eu limpo minha garganta.
— Desculpe.
— Eu também. Me desculpe por ter feito você se sentir assim sobre o amor.
Lamento que você sinta que não pode tê-lo só porque eu não consegui fazê-lo
funcionar. Não deveria ser assim. Não é justo com você e não é justo com Stevie.
— Mãe... — Eu gemo. — Eu disse a você, não estamos apaixonados.
Ela ri.
— Seu pobre, pobre garoto delirante.
Minhas sobrancelhas se juntam, irritado com suas palavras.
— Estou te dizendo, eu...
— E eu estou dizendo que você está errado. Se você simplesmente deixasse de
lado suas crenças tolas e realmente ouvisse seu coração, descobriria que está
errado. Você a ama.
— Eu... — Mas minhas palavras de negação morrem na minha língua.
Minha mãe está certa? Eu amo Stevie? Eu gosto de passar tempo com ela
mais do que praticamente qualquer outra coisa. Se não estou no rinque, quero
estar perto dela e, caramba, também gosto da lha dela. Macie é engraçada,
inteligente e com uma montanha de ânimo.
Mas amor?
Eu não tenho certeza.
— Faça-me um favor, Jacob. Feche seus olhos.
— O quê?
— Você pode ouvir sua mãe por um segundo de sua vida?
Eu rio.
— Tudo bem. Estou fechando os olhos. — Eu faço, me arrastando para
baixo em meu assento mais.
— Agora, quero que você se imagine levantando a Taça Stanley sobre sua
cabeça. Você está feliz. Você acabou de ganhar o troféu de sua vida e mal pode
esperar para comemorar. Depois de patinar com a Taça, quem é a próxima pessoa
que você quer ver?
— Provavelmente Miller. Ele quem é o mais provável de marcar o gol da
vitória, não que eu vá dizer isso a ele.
— Jacob... — Ela parece tão cansada quanto eu quando o motorista do
ônibus fecha a porta e começamos a andar. — Por favor.
Eu quero revirar os olhos, mas ela provavelmente saberia. Em vez disso, me
mexo na cadeira e aperto os olhos com mais força, imaginando a imagem que ela
acabou de pintar.
Eu vejo, eu segurando a Taça. Essa parte é fácil de conjurar – é algo com que
sonho desde criança. Eu me vejo patinando com uma longa barba desgrenhada,
gritando com meus companheiros de time com alegria. Vejo que Wright está
sorrindo e, merda, até Rhodes tem um sorriso no rosto. Miller está de joelhos
propondo casamento a Scout, e Fitz está parado ao lado de uma loira. Lowell está
segurando Freddie em um braço e Hollis no outro.
Então, a multidão se separa e eu a vejo.
Steve.
Ela está de pé no gelo com Macie ao lado dela, a criança pulando em seus
calcanhares com entusiasmo, esticando o pescoço tentando me encontrar no mar
de camisas dos Comets. Elas estão lá para mim porque elas são as minhas garotas.
Meus olhos se abrem e eu me sento.
Puta merda. Elas são as minhas garotas.
— Jacob? — Minha mãe diz baixinho em meu ouvido.
— Elas são as minhas garotas.
Eu juro que posso ouvi-la sorrir.
— Sim, elas são.
— É ela, mãe. São elas.
— Eu sei, lho. Eu sei que é.
— Eu... Como? Quando diabos isso aconteceu?
— Bem, acho que a dor de cabeça de Stevie realmente cimentou isso.
Ela ri e, desta vez, reviro os olhos. Não havia como enganá-la com essa
desculpa, hein?
— Então, agora você percebeu. O que você vai fazer sobre isso?
— Vou consertar.
— Consertar? O que há para consertar?
Eu gemo.
— Eu meio que... quei irritado mais cedo. Não com Stevie. Era meu braço,
mas eu... Merda, mãe. Eu errei. Fiquei bravo e deixei que ela visse. Descontei nela
e ela não merecia.
— Você está certo, ela não merecia. — Ela bufa. — Eu criei você melhor do
que isso.
— Eu sei, eu sei.
— É melhor você acertar as coisas com ela e logo. Não há razão para deixá-la
sentada pensando que fez algo errado quando você é apenas um bobão.
Eu sorrio com seu xingamento porque isso me lembra de Macie.
— Eu sei. Eu vou consertar.
— Bom. Se você tiver sorte, ela vai te perdoar. Mas se ela não o zer, lembre-
me de enviar ores a ela como um pedido de desculpas por criar um idiota.
Inferno, eu mesmo vou mandar ores para ela. Ela deveria recebê-las de
qualquer maneira depois de lidar comigo.
— Ouça, David e eu estamos voltando para casa. Estávamos fora quando
recebi a noti cação, mas quero que você me ligue amanhã de manhã, ok?
— Eu posso fazer isso.
— Bom. E, Jacob?
— Sim?
— Conserte isso com Stevie, depois diga àquela garota que você a ama.
— Eu vou. Te amo, mãe.
— Mas nunca tanto quanto eu te amo.
A linha ca muda e eu encosto em meu assento, sentindo-me exausto em
tantos níveis – física e emocionalmente.
Eu amo Stevie.
Eu amo Stevie.
Eu amo Stevie. A mulher que não queria nada comigo na primeira vez que a
vi. A mulher que deixa a lha me chamar de bobão. A mulher que é inteligente,
gentil, linda e perfeita em todos os sentidos.
Eu a amo.
E eu preciso contar a ela.
Agora.
— Pare o ônibus!
Todas as cabeças se voltam para mim quando me levanto do meu assento,
correndo para a frente.
— Pare o ônibus — repito para o motorista.
— Greer, o que diabos você está fazendo? — Treinador Heller diz,
levantando-se.
— Preciso parar o ônibus.
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Suas sobrancelhas se juntam.
— Para quê, lho?
— Eu estou apaixonado.
Essas mesmas sobrancelhas se erguem.
— Ok.
— Estou muito, muito apaixonado, e preciso contar a ela.
— Você precisa descer do ônibus porque precisa dizer a uma mulher que a
ama? — Sua mão pousa no meu ombro. — Você está bem? Você me diria se
estivesse tendo problemas, certo?
Eu afasto seu toque.
— O único problema que tenho é que preciso parar esse ônibus. Preciso falar
com Stevie.
— Stevie?
— A irmã de Scout, treinador — diz Miller, levantando-se, seus olhos
perfurando-me. — Você a ama?
Eu concordo.
— Eu amo.
Ele me observa, procurando algum sinal de engano, tenho certeza, mas não
há sinal porque não estou mentindo.
Eu amo Stevie Thomas, e quero dizer a ela antes que seja tarde demais.
— Por favor, treinador — eu digo, me aproximando dele. — Eu errei esta
noite, e preciso dizer a ela que a amo, e não posso dizer isso pela primeira vez pelo
telefone. Eu tenho que consertar isso antes de partirmos... Antes que seja tarde
demais.
— Greer, eu...
— Pare o ônibus, treinador — diz Wright, levantando-se também.
— Pare o ônibus — ecoa Rhodes.
Lowell ca de pé.
— Estou com eles.
— Eu também — Fitz concorda, também se levantando.
Vários outros jogadores se levantam de seus assentos, mostrando seu apoio.
Com as mãos nos quadris, o treinador olha em volta, observando quase todas
as pessoas em pé.
— Certamente você não pode manter o ônibus andando se estivermos todos
de pé, certo? — Miller olha para Heller. — Pare o ônibus, treinador.
— Seus garotos malditos ... — Ele murmura. Ele passa a mão pelo rosto,
esfregando várias vezes antes de xar seus olhos duros em mim novamente. —
Você sabe que isso signi ca que você não pode viajar, certo? Isso pode signi car
consequências como perder mais jogos.
Eu aceno uma vez.
— Eu sei.
— E você tem certeza?
— O hóquei signi ca muito para mim. Este time signi ca muito para mim e
quero nos ver vencer. Mas ela... elas... Elas signi cam tudo, treinador. Tudo.
Ele suspira, abaixando a cabeça, balançando-a. Juro que ele murmura algo
sobre como todos nós somos idiotas, mas não entendo direito.
O que eu pego é ele dizendo claramente ao motorista:
— Pare o ônibus.

———
Eu estou na frente da familiar porta escura, olhando para ela como um idiota.
Eu preciso bater, eu sei disso, mas não posso, por que o que devo dizer a ela?
Começo com desculpas ou apenas deixo escapar que a amo? E se ela não me
amar de volta? E se ela me mandar sumir e bater a porta na minha cara? O que
diabos eu vou fazer então? Eu espero? Eu desisto? Tento convencê-la a me dar
outra chance ou apenas respeito seus desejos?
Não tenho ideia porque nunca z isso antes.
Basta bater, Greer. Basta bater na maldita porta.
Com uma respiração rme, levanto minha mão, pronto para bater.
Aqui vamos nós.
Eu balanço meu pulso para frente, mas não há som porque minha mão
nunca se conecta com a porta. É aberta antes mesmo que eu possa bater.
— Você tem muita coragem de mostrar sua cara aqui.
Eu olho para baixo e quase dou um passo para trás quando vejo o olhar no
rosto de Macie. Ela está me olhando com mais força do que nunca, seus
bracinhos cruzados e seus lábios franzidos com desgosto.
— O que você quer, bobão?
— Ei, menina — eu digo suavemente.
Seus olhos se apertam.
Certo. Ok.
— É, uh, sua mãe está aqui? — Eu pergunto, olhando para o apartamento.
Não vejo Stevie em nenhum lugar ou mesmo um sinal de vida além dela.
— Não — Macie responde, e eu tenho vontade de dizer a ela que ela nunca
deve contar a alguém que seus pais não estão em casa, mas eu tenho um forte
pressentimento de que ela não está sendo honesta comigo agora.
— Você sabe onde ela está?
— Não. Mesmo se eu soubesse, eu não contaria a você.
Seus olhos voam para o meu ombro apenas brevemente. Há uma pitada de
tristeza em seu olhar, mas ela desaparece tão rapidamente quanto surge,
substituída por ira.
— Você está com raiva de mim?
Ela bufa.
— Claro que estou. Você fez minha mãe chorar.
— Stevie chorou?
— Sim. Quando ela voltou de vê-lo, ela estava chorando. Ela me deixou car
até o nal do jogo, mas eu nem aproveitei, e não só porque vocês perderam.
Eu brevemente me pergunto se isso signi ca que ela vai mudar as cores do
aparelho, mas agora não é a hora de perguntar.
— Eu não sabia que ela estava chorando.
— Bem, ela estava.
Seu pequeno queixo balança como se ela estivesse prestes a chorar só de
pensar nisso. Eu não quero que ela chore. Eu nunca quero que ela chore. Eu
quero que essa menina tenha tudo de bom no mundo, e vou colocar minha vida
em risco para que isso aconteça.
— Sinto muito, Macie. Verdadeiramente. Eu não queria fazê-la chorar. Eu
fui...
— Um bobão? — Ela fornece prestativamente.
Meus lábios se contorcem com sua tenacidade.
— Sim, eu fui um bobão.
Ela levanta um pouco o queixo e seus ombros caem ligeiramente como se ela
estivesse começando a mudar de posição.
— Sua mãe realmente não está aqui?
— Não.
— Quem está aqui com você, então?
— Tia Scout. Ela está no banheiro.
— Bom. Isso é bom. — Eu concordo. — Você pode me dizer onde está sua
mãe?
Seus olhos caem em fendas novamente.
— Não.
— Macie, por favor. Eu só quero falar com ela. Eu quero pedir desculpas.
Seus braços caem para os lados, e ela aperta o lábio inferior entre os dentes,
contemplando o que acabei de dizer.
Ela faz isso por vários momentos antes de dizer:
— Você realmente quer se desculpar com ela?
— Sim. Eu realmente, realmente quero.
— Por quê? — Ela pergunta.
— Porque eu a machuquei.
— Por que mais?
— Eu... — Eu expiro bruscamente, passando minha língua sobre meus lábios
repentinamente secos. — Eu a amo. Eu amo você. Vocês garotas... Vocês
signi cam tudo para mim. Eu quero que sua mãe saiba disso também.
Minhas palavras diminuem seu olhar duro, a raiva desaparecendo
lentamente. Ficamos ali, eu esperando que ela diga alguma coisa, ela apenas
olhando para mim.
Então, depois de um minuto sólido e silencioso, ela suspira.
— Ela está no Slapshots.
— O bar?
Macie assente.
— Ela está com Harper e Ryan.
— Ok, ok. Isso é bom. Obrigado. — Eu giro nos calcanhares, voltando para
as escadas.
Estou prestes a alcançá-las quando ouço uma vozinha.
— Ei, Greer?
Eu paro, olhando por cima do meu ombro.
— Sim, menina?
— Eu também te amo.
23
Stevie
Quando Harper sugeriu que fôssemos ao Slapshots depois do jogo, quis dizer
não a ela. Eu tinha Macie comigo e precisava voltar para casa. Foi uma noite
longa, e tudo que eu queria fazer era me enrolar na minha cama e dormir.
Mas aqui estou eu de qualquer maneira, sentada em uma mesa alta com
Harper e Ryan. Macie está em casa com Scout, que prometeu colocá-la direto na
cama, e Hollis foi para casa com a bebê Freddie.
Eu toco o canudo na minha tequila. Eu não sabia o que pedir e disse a
primeira coisa que me veio à mente. A parte engraçada é que odeio tequila, mas
acho que combina com a noite que tive.
Não consigo parar de pensar em Greer e na maneira como ele jogou aqueles
instrumentos pela sala, não consigo parar de imaginar a expressão de raiva em seu
rosto enquanto ele gritava sobre o braço. Ele estava machucado, e eu entendo
isso, mas ele estar machucado não signi ca que ele tenha um passe livre para me
machucar também. Eu não vou aguentar mais isso, de ninguém, mesmo que eu
esteja loucamente apaixonada por ele.
E eu estou apaixonada por Greer. Tão profundamente apaixonada por ele.
Acho que já faz algumas semanas, mas estava com muito medo de admitir isso
para mim mesma até esta noite. Vê-lo deitado no gelo e imóvel... bem, foi
aterrorizante. A única outra pessoa que deixa meu coração na garganta desse jeito
é Macie.
Eu soube então que Greer signi cava para mim o mesmo que ela. Eu
conhecia meu coração... Ele bate por ele também.
Só espero que seja o su ciente.
— Ei — Harper diz, batendo seu ombro contra o meu. — Você deveria estar
bebendo sua tequila, não brincando com ela.
— Eu odeio tequila — digo a ela.
— Amém — diz Ryan, estremecendo. — Só leva a decisões ruins.
— Não tenho certeza se você pode dizer isso quando está loucamente
apaixonada por sua última "decisão ruim" — Harper diz a ela.
— Verdade. — Ryan ri. — Melhor decisão ruim da minha vida, mesmo
quando ele me deixa louca, o que ele costuma fazer.
— Vocês dois são opostos completos, mas funcionam. A Bela da sua Fera.
Um olhar sonhador cruza o rosto de Ryan.
— Sim. Funcionamos. — Ela geme. — Ugh, por que eles têm que ir esta
noite? Por que eles não podem voar amanhã?
— Aclimatação — diz Harper. — Jogar no Colorado é uma destruição aos
seus pulmões.
— Eu sei, eu sei. Ainda é uma merda.
— Amém.
Elas batem suas bebidas juntas, cada uma delas tomando um gole. Quero
participar, mas não encontro energia. Talvez seja porque elas estão falando sobre
maridos, e eu estou aqui com um coração que está se partindo lentamente.
Talvez seja porque estou cansada da longa semana no food truck.
Ou talvez seja porque eu gostaria de nunca ter descido até aquela maldita sala
e visto a bagunça que Greer estava.
Eu não tenho ideia. Tudo o que sei é que não deveria estar aqui agora.
— Acho que vou embora — anuncio.
Ambas franzem a testa para mim.
— Tem certeza? — Ryan pergunta. — Podemos conseguir algo diferente de
tequila.
— Sim. Que tal uísque?
Eu enrugo meu nariz, balançando a cabeça.
— Não, eu estou bem. Eu deveria voltar para Macie.
— Ok. — Ryan bufa. — Nós provavelmente deveríamos ir também.
— Não, não. Não vão por minha causa. — Eu mantenho minhas mãos para
cima. — Fiquem. Divirtam-se.
— Se eu car, tudo o que vou fazer é beber mais e ligar bêbada para o meu
marido, que vai car muito zangado por eu ter saído sem ele — diz Ryan. Ela
inclina a cabeça. — Embora, isso não soe tão ruim assim. Eu adoro deixá-lo
irritado quando ele está muito longe para fazer qualquer coisa a respeito.
Harper ri.
— Você é tão má com ele.
Sua melhor amiga dá de ombros.
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— Ele é tão fácil de mexer. Todos os mal-humorados são. Stevie sabe tudo
sobre isso, no entanto. Greer é o mais mal-humorado de todos.
Só de ouvir o nome dele, meu coração dói. Como é possível estar magoada,
brava e com saudades de alguém ao mesmo tempo?
Harper me lança um olhar, seus lábios franzindo.
— Talvez todas devêssemos ir...
— Tudo bem. Certo. — Ryan pula do banquinho, seus dedos voando sobre
a tela do telefone. — Eu vou correr para o banheiro primeiro. Acabei de chamar
um Uber. É um Honda prateado, ruivo bonito dirigindo.
— Eu vou com você — diz Harper.
— Eu não preciso ir. Estarei lá fora.
Ambas acenam com a cabeça, indo em direção à parte de trás do bar de
esportes enquanto eu passo minha bolsa transversal sobre minha cabeça e vou
para a porta sem terminar minha bebida.
O ar frio batendo no meu rosto é o su ciente para me deixar sóbria
instantaneamente, não que eu tenha bebido muito de qualquer maneira. Fecho
os olhos, deixando o ar fresco me banhar.
— Que dia — murmuro.
— Nem me fale.
Solto um grito alto, cambaleando para trás com a súbita intrusão. Quero
dizer, estou no meio da calçada, então não estou exatamente esperando car
sozinha, mas não achei que houvesse mais alguém aqui fora.
Especialmente não ele.
Eu me viro para a direita para encontrar Greer encostado na parede, e meus
olhos vão direto para a tipóia que está segurando seu braço no lugar. Meu
coração dói por ele e sua lesão, mas tanto quanto dói por ele, dói por causa dele.
Cruzo os braços sobre o peito. Não porque estou com frio, mas porque
estou com medo. Estou com medo de ter meu coração partido e quero protegê-
lo o máximo possível.
— O que você está fazendo aqui? Você deveria estar em um avião.
— Eu não estou.
— Eu posso ver isso.
Ele se afasta da parede, dando um passo em minha direção.
Eu dou um para trás.
Ele percebe isso, revirando os lábios, franzindo as sobrancelhas escuras
enquanto seus olhos caem para o chão à sua frente.
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Ficamos ali em silêncio por vários minutos, tempo su ciente para a porta do
Slapshots se abrir novamente.
— Oh — eu ouço Harper dizer.
— O quê? É... Oh — Ryan ecoa.
Elas dão um passo para cada lado de mim, quase como se estivessem me
protegendo.
— Tudo certo? — Harper pergunta.
— Sim, estamos todos bem aqui? — Ryan acrescenta.
Elas estão me perguntando, não a Greer. Nós todos sabemos isso.
O Uber que Ryan chamou para no meio- o, esperando por nós.
— Esse é o nosso carro — diz ela.
— Mas podemos conseguir outro se precisarmos — Harper oferece.
— Vão — eu digo a elas, meus olhos ainda em Greer, que parece ter visto dias
melhores. — Estou bem.
— Você tem certeza? — Isso vem de Harper.
Eu concordo.
— Tenho certeza.
Ela me dá um abraço de lado, Ryan aperta meu braço e então as duas
rastejam para dentro do Uber, suas cabeças juntas enquanto sussurram, sem
dúvida sobre nós.
O carro sai, deixando apenas eu e Greer na calçada. Há tantas perguntas
passando pela minha cabeça, tantas coisas que quero dizer a ele, mas não sei por
onde começar, e não sei se alguma delas ainda vale a pena ser dita.
Não importa, porém, porque ele é o primeiro a falar.
— Eu passei na sua casa.
— Você passou?
Ele concorda.
— Macie atendeu a porta. — Droga. Ela deveria estar na cama. — Achei
que ela já estaria na cama agora, já que geralmente está, mas não estava.
— Scout deve ter deixado ela car acordada até mais tarde.
— Sim. Deve ter. — Ele balança a cabeça, então dá mais um passo em minha
direção. — Nós, uh, tivemos uma conversa.
— Sobre?
— Uma coisa importante.
— O que é tão importante que não poderia esperar até você voltar da sua
viagem?
g
Eu sei que não há como ele não enfrentar consequências por perder o
ônibus, então seja o que for, tem que ser grande.
— Eu só tinha algumas coisas que precisava dizer a ela.
Ele dá mais um passo para mais perto, aquele cheiro familiar de seu sabonete
lavando sobre mim. Eu quero fechar meus olhos e respirar ele, mas não posso,
não quando ele está olhando para mim como se estivesse... Como se eu fosse dele
e ele fosse meu.
— Como o quê, Greer? — Eu pergunto baixinho.
Ele exala uma respiração trêmula enquanto dá outro passo. Ele está tão perto
agora que posso sentir o calor saindo de seu corpo. Envolvendo-me como um
casaco quente numa noite fria de inverno.
— Como eu sinto muito por fazer a mãe dela chorar.
Eu fecho meus olhos com suas palavras, afastando as lágrimas que brotam.
Eu realmente não quero chorar de novo.
Seus dedos encontram seu caminho sob meu queixo, inclinando-o para ele.
— Que eu sinto muito por ser um bobão completo e total.
Isso me faz sorrir.
— E que estou loucamente e completamente apaixonado por você.
Meus olhos se abrem junto com minha boca.
Ele acabou de...
— Eu acabei de dizer que estou apaixonado por você? — Ele balança a
cabeça, fechando minha boca suavemente. — Sim, eu z. — Ele se aproxima
ainda mais, e desta vez posso senti-lo pressionado contra mim. — Eu te amo,
Steve.
Separo meus lábios, mas ele balança a cabeça.
— Eu amo você e Macie também. Vocês são as minhas pessoas. Vocês são
aquela coisa que estava faltando, aquela coisa que eu tenho esperado. É você, e é
ela.
Não consigo nem processar o que estou ouvindo agora.
Greer me ama? O Sr. Não Acredito no Amor me ama? E minha lha?
Como?
— Greer, eu...
— Eu não terminei, ok?
Concordo com a cabeça, engolindo o caroço que se formou na minha
garganta.
— Eu fodi tudo esta noite. Foi uma merda enorme. Tipo realmente,
realmente fodi tudo. Eu não... — Ele balança a cabeça. — Eu não pensei. Eu
apenas agi. Eu estava irritado por causa do meu ombro, por perder tantos jogos
quando estávamos indo tão bem. Hóquei é vida para mim, sabe? A ideia de
perdê-lo me apavora. Quando me deparei com esse medo esta noite, reagi como
um completo idiota. Eu não deveria ter gritado, eu realmente não deveria ter
jogado nada, e eu realmente, realmente não deveria ter deixado você sair daquela
sala deixando você pensar por um único segundo que eu não queria você lá. Eu
sempre quero você lá, Stevie. Hóquei? Pode ter sido meu tudo uma vez, mas
agora... Agora é você. Você é meu tudo. Você e Macie. — Ele afunda os dentes em
seu lábio inferior. — Se você ainda me quiser, quero dizer.
Minha cabeça está girando, tantos pensamentos passando por ela que nem
sei por onde começar, então digo a primeira coisa que me vem à mente.
— Estou brava com você.
Greer suspira, abaixando a cabeça.
— Eu sei.
— Tipo muito, muito brava. Eu já passei por isso antes. Já estive com um
cara com raiva que descontava em mim e não vou car com alguém assim de
novo.
— Eu entendo. Eu...
— Mas eu sei que você não é realmente esse cara, Greer. Eu sei que não é
você. Você não é ele e nunca será ele. Eu sei disso porque conheço a pessoa que
você realmente é.
Ele engole.
— Mas...
— Sem mas. — Eu balanço minha cabeça. — Eu não tenho nenhum.
Ele fecha os olhos, o alívio se acomodando em seus ombros.
E eu não tenho. Eu não tenho mais nada exceto...
— Eu te amo.
Seus olhos se abrem.
— Você...
— Eu te amo. Na verdade, estou louca e completamente apaixonada por
você, Jacob.
— Sério?
Eu concordo.
— Sério.
Então sua boca está na minha, e ele está me beijando como nunca antes. É
diferente porque nunca nos beijamos sabendo que estamos apaixonados um pelo
outro.
Não sei quanto tempo seus lábios dançam contra os meus ou quanto tempo
camos ali, mas quando nalmente nos separamos, tudo parece diferente.
— Sinto muito, Stevie. — Ele deixa sua testa cair na minha. — Sinto tanto.
Eu juro, isso nunca mais vai acontecer.
— Eu sei — eu digo a ele. — Eu sei que não vai porque você sabe que não
vou tolerar isso.
— Bom. Nunca deixe que eu ou qualquer outra pessoa te trate assim de
novo.
Não vou, prometo a mim mesma.
— Acho que devo ter amado você na primeira vez que a vi — diz Greer. —
Ou talvez quando Macie me chamou de bobão pela primeira vez.
Eu ri.
— Ela é geniosa.
— Isso ela é. Eu quei com muito medo quando ela abriu aquela porta esta
noite. Eu tinha certeza de que ela ia me chutar no saco.
— Você teria merecido.
Ele ri.
— Sim. Sim, eu teria. — Ele pressiona outro beijo rápido em meus lábios. —
Diga de novo. Por favor.
— Eu te amo.
— Não. Diga tudo de novo.
— Eu te amo, Jacob.
Ele suspira.
— Não tenho certeza se algum dia vou me acostumar com isso.
— Vou dizer a você todos os dias, se isso ajudar.
— Toda manhã?
— E noite.
— Pelos próximos oitenta anos. — Outro beijo. — Porque é por quanto
tempo pretendo amar você, Stevie. Até que o último suspiro em meus pulmões e
mais um pouco.
— Vamos lá, Greer. Não que todo chorão e emocionado comigo agora.
Ele ri.
— Não posso evitar. Eu sou um homem apaixonado.
p p
— Estranho.
— Tão estranho. — Outro beijo. — E tão, tão certo.
EPÍLOGO
Greer
— Eu sabia — murmuro, observando meu pau desaparecer na bunda de Stevie.
— Você me toma tão bem, baby. Sua bunda parece tão bonita esticada ao meu
redor.
Ela choraminga de prazer quando eu empurro dentro dela, e o som é música
para a porra dos meus ouvidos.
Eu amo nada mais do que os sons que ela faz durante o sexo.
— Jacob... — Ela geme meu nome. — Tão bom.
Estamos trabalhando para chegar a este momento há meses. Ela tem sido
uma boa garota, usando plugs e me deixando esticá-la com língua e dedos.
Agora, ela nalmente está tomando meu pau, e é tão incrível quanto eu
suspeitava que seria.
— Deus, eu amo como você sente — digo a ela, acariciando suas bochechas,
observando enquanto desapareço dentro dela.
Ela solta outro gemido satisfeito, empurrando para trás e implorando por
mais.
— Você quer mais?
Ela acena com a cabeça.
— P-por favor.
Eu dou um tapa forte em sua bunda, fazendo com que todo o seu corpo
estremeça de prazer.
Eu faço isso de novo.
Pausa.
Tapa!
Pausa.
Tapa!
Sua bunda está vermelha e quente e parece deliciosa pra caralho expondo a
marca da minha mão.
— Diga de novo.
— Por favor.
— Por favor, o quê?
— Por favor, me fode, Jacob.
Eu me inclino para frente, segurando sua garganta com a mão e aplicando a
quantidade de pressão que eu sei que a deixa louca e realmente a solta.
Ela geme debaixo de mim enquanto eu entro nela. Os sons que estamos
fazendo são carnais e crus, e eu amo cada minuto disso.
— Porra, baby. Você me toma tão bem.
— Sua — ela murmura. — Toda sua.
Eu estoco nela uma, duas, três vezes mais, e meu orgasmo corre através de
mim. Eu saio bem a tempo, cobrindo suas costas, amando o jeito que ela parece
coberta com meu esperma.
Minha.
Eu a viro de costas, sem me importar com a bagunça em meus lençóis, e me
acomodo em meu lugar favorito – entre suas pernas. Ela suspira quando minha
língua toca sua boceta já encharcada.
Eu lambo, chupo e me banqueteio com ela até que suas pernas estejam presas
juntas em volta da minha cabeça, e eu tenho que erguê-las sicamente enquanto
ela se recupera. Arrepios a percorrem enquanto rastejo de volta para cima de seu
corpo, batendo minha boca na dela.
Eu amo que ela nunca se importa quando eu a beijo depois de a ter chupado.
Eu amo que ela me deixa usá-la como eu quiser na cama, nunca reclamando
disso.
Mas, acima de tudo, amo o jeito que ela me ama – louca e intensamente.
Eu a levanto da minha cama com facilidade, a carrego para o banheiro e, em
seguida, direto para o chuveiro. Eu aciono a água quente, tão feliz que a água
nunca demora muito para esquentar. Eu a puxo para baixo da água quando está
pronta, deixando-a cair sobre nós.
Eu agarro sua bucha, esguicho sabonete nela, então entrego para ela. Eu faço
o mesmo com a minha, arrastando a bucha sobre o meu corpo rapidamente
antes de jogá-la de lado para lidar com isso mais tarde. Minha atenção está apenas
na imagem à minha frente. É tão estúpido e bobo amar vê-la tomar banho, mas é
o meu momento favorito. Adoro ver os riachos de água escorrendo por seu
corpo. Amo os suspiros suaves que saem de seus lábios quando a água quente
atinge um ponto extra dolorido. Eu poderia observá-la para sempre e nunca me
cansar.
Eu estou feliz. Mais feliz do que nunca em toda a minha vida. Nem importa
que os Comets tenham sofrido mais uma eliminação no primeiro turno. Ainda
estou bravo com isso, claro, mas sei que as coisas vão car bem.
Eu tenho Stevie e tenho Macie. É tudo que eu preciso. Elas são tudo que eu
preciso.
Sempre que não estava no gelo, passei quase todos os momentos grudado a
elas nos últimos oito meses. Se não estou levando Macie para as funções
escolares, estou levando-a para o treino de hóquei enquanto Stevie frequenta
cursos noturnos na faculdade local. Se não estou levando Stevie para uma noite
romântica na cidade, então estamos todos enrolados no sofá, assistindo a um
lme e começando uma guerra de travesseiros.
Nunca direi isso aos caras, mas esse time que Stevie e eu construímos? Eu
amo isso mais do que os Comets.
E se alguma vez chegasse a isso, eu escolheria Stevie em vez de hóquei
qualquer dia.
Eu a quero. Não apenas agora, quando ela está nua na minha frente. Eu a
quero todos os dias, nos altos e baixos. Eu quero tudo e muito mais.
— Venha morar comigo.
Ela para de se lavar e sua boca se abre, seus olhos se arregalando. Ela não diz
nada, e minhas palavras pairam entre nós como uma espessa nuvem de incerteza.
Por m, quebro o silêncio.
— Meu pedido é realmente tão surpreendente?
Ela solta uma risada alta.
— Sim!
— O quê? Por quê? Estamos juntos há oito meses. Eu... Eu pensei que
poderíamos estar na mesma página com isso.
— Greer. Você acabou de foder minha bunda, espalhou seu esperma nas
minhas costas, depois me chupou por dez minutos, e a primeira coisa que você
me disse foi: venha morar comigo?
— Oh. — Eu rio. — Tudo bem. Acho que meu timing não foi o melhor.
— Não. Não, realmente não foi.
Eu pressiono um beijo rápido em seu nariz.
— Estou falando sério. Quero que vocês, meninas, venham morar comigo.
Ela aperta os dentes no lábio inferior, mastigando-o.
p g
— Você quer?
— Claro que eu quero. Eu te amo. Eu amo a Macie. Devíamos viver juntos.
— É um grande passo, Greer. É... — Ela para, mordiscando fortemente seu
lábio ainda.
Eu capturo sua boca, beijando o local que ela estava mordendo.
— Se você não quiser ou não se sentir pronta, diga não, e eu prometo ouvir.
Não quero pressioná-la se não é isso que você quer.
— É o que eu quero — ela me diz.
— É a Macie? Porque eu realmente pensei que nosso relacionamento estava
melhorando. Ela gosta de mim agora... Eu acho.
Stevie ri, depois pendura a bucha na parede.
— Você está brincando comigo? Ela ama você. Às vezes penso que mais do
que a mim.
— Não. Não é possível.
Ela sorri.
— Verdade.
— Então...
— Então... — Ela suspira. — Aqui?
— Huh?
— Você quer que nos mudemos para cá?
— Bem, sim. Sem ofensa, mas consigo colocar três do seu apartamento só na
minha cozinha e sala. Além disso, tenho piso aquecido aqui, e você adora isso.
— Não me ofendo porque isso é verdade, e eu amo o piso aquecido do
banheiro, mas... Você já pensou em se mudar para outro lugar?
— Quero dizer, eu meio que jogo hóquei aqui, então...
Ela ri.
— Eu quis dizer, tipo, talvez se mudar de um apartamento.
— Stevie Thomas, você está propondo que compremos uma casa juntos?
Suas bochechas cam rosadas e ela me dá um aceno lento.
— Sim. Quero dizer, se você estiver pronto para isso, é claro.
— É um grande passo, Stevie. É...
Ela me empurra quando percebe que estou brincando com ela, mas eu agarro
suas mãos, deslizando-as acima de sua cabeça e entrelaçando meus dedos com os
dela enquanto pressiono suas costas contra o azulejo frio. Ela estremece, e tenho
quase certeza de que não é só por causa do azulejo.
— Você é mau. — Ela faz beicinho.
— Mas você me ama.
— Muito.
— Bom, porque eu realmente não quero comprar uma casa com alguém que
não me ama.
— Isso signi ca...
— Sim, quero comprar uma casa com você, Stevie.
— Eu bateria palmas agora, mas alguém está me mantendo como refém.
— Como se você não gostasse — eu digo, rolando meus quadris contra os
dela. Um suspiro suave a deixa quando meu pau roça seu clitóris. — Você adora
quando eu assumo o controle.
— Tanto — ela murmura.
Eu planto meus lábios em seu pescoço, beijando e chupando a pele enquanto
continuo a esfregar contra ela. Eu amo os sons que a deixam quando a levo à
beira do orgasmo.
Ainda mais, eu amo o grunhido que ela deixa quando eu me afasto quando
penso que ela está prestes a gozar.
Eu rio sombriamente.
— Malvado.
— E orgulhoso disso.
— Você vai ser tão malvado assim quando morarmos juntos?
— Você está brincando? Eu vou ser ainda mais malvado.
Ela rosna e eu rio, arrastando meu pau contra sua boceta molhada mais uma
vez.
— Você vai ter que aprender a car quieta, sabe.
— Ei, acho que provei que posso car quieta.
— Claro. Agora. Mas o que acontece quando sou mais cruel... mais rude.
Você poderá car quieta então?
— Acho que teremos que ver, não é?
— Ou – e ouça-me aqui – podemos construir um pequeno e bonito quarto à
prova de som, e posso usá-lo para fazer qualquer coisa que eu quiser com você.
Sua pele se in ama quando um arrepio a percorre.
Eu sorrio.
— Você gosta dessa ideia?
Ela acena com a cabeça.
— Muito. Vamos precisar de uma banheira de hidromassagem também.
— Uma banheira de hidromassagem?
g
— Sim, eu sempre quis fazer sexo em uma banheira de hidromassagem.
Eu rio.
— Tudo bem. Vamos conseguir uma banheira de hidromassagem para você.
— E...
— Steve?
— Sim? — Ela murmura, tão perdida em mim esfregando contra ela que
nem percebe que acabei de chamá-la de Steve.
— Você prefere que apenas construamos uma casa?
Seus olhos se abrem.
— Você é louco?
— Possivelmente. Mas se construirmos, podemos conseguir tudo o que
queremos.
— Mas seus contratos... O que acontece se você se mudar? Eu...
— Então vamos descobrir isso mais tarde.
— Vamos car juntos se você mudar de time?
— Você quer que quemos juntos se eu mudar de time?
— Eu... — Ela passa a língua sobre o lábio inferior. — Vai te assustar se eu
disser que sim?
— Sem chance. Na verdade, quero que você diga sim.
— Você quer?
— Claro que eu quero. Caso você ainda não tenha percebido, Stevie, eu sou
meio louco por você.
— É mesmo?
— Isso mesmo. Estou loucamente e completamente apaixonado por você.
Ela suspira.
— Bom. Porque eu sou meio louca por você também.
— É?
— Louca e completamente, Jacob.
Então eu a beijo, e não paro até que nós dois estejamos tremendo sob a água
fria.
Depois disso, começo tudo de novo.
Se eu nunca ganhar outro jogo de hóquei, carei bem.
Eu já joguei o melhor jogo de todos... e ganhei.
EPÍLOGO BÔNUS
Stevie
Nunca na minha vida pensei que estaria onde estou agora, de pé em um palco e
pronta para receber meu diploma.
Quando Greer sugeriu que eu voltasse para a escola, pensei que ele estava
louco. Eu tinha um emprego, uma lha e uma vida. Não tinha tempo de voltar à
escola para descobrir o que queria fazer. Mas ele prometeu que ajudaria e
cuidaria de tudo que eu não pudesse. E de alguma forma, mesmo com sua
agenda maluca, ele conseguiu.
Não tenho a menor dúvida de que ele é a razão de eu estar atravessando este
palco agora.
— Parabéns — diz o reitor, apertando minha mão.
— Obrigada — murmuro, já sentindo minhas bochechas esquentarem com
toda a atenção.
Greer e Macie gritam do outro lado do auditório, mas nem são os mais altos.
São todos os outros jogadores dos Comets fazendo barulho que realmente se
destacam para mim.
Além de Smith e Emilia, desde que deixaram os Comets no ano passado,
todo mundo está aqui fazendo uma grande confusão, incluindo meu pai e seu
noivo, Ernest, Loretta e David, e nunca me senti tão amada ou apoiada em
minha vida.
É fantástica, esta pequena família que parecemos ter construído aqui. Tenho
pessoas com quem posso contar e amigos que sei que levarei para a vida toda.
Greer assinou outro contrato há alguns meses, o que signi ca que vamos
car. Eu também estou grata. Macie está fazendo progressos incríveis com seu
time de hóquei, e sei que ela não quer deixá-las para trás. E egoisticamente, não
queria deixar a linda casa que construímos, na qual ainda não acredito que
moramos.
Chegamos tão longe desde que Greer me pediu para ser sua acompanhante, e
estou com medo de que um dia eu acorde e seja apenas um sonho muito, muito
bom.
Eu não quero isso. Eu quero isto para sempre.
Eu quero Greer para sempre.
Eu faço meu caminho de volta para o meu lugar, assistindo o nal da
cerimônia com uma impaciência que eu nunca senti antes. Eu quero tanto correr
para as pessoas que mais importam na minha vida e pular todos esses discursos
que ouvi mil vezes antes.
Quando nalmente termina, fazemos a coisa típica da formatura e jogamos
nossos capelos para o ar, então estamos livres.
Não perco um único segundo e corro para encontrar Macie e Greer em nosso
ponto de encontro designado.
Eu desacelero quando os vejo, observando a vista à minha frente: Macie e
Greer, juntos e rindo de alguma coisa, cada um deles segurando um buquê
gigante de ores.
Eles parecem muito à vontade juntos, uma grande diferença desde as
primeiras interações juntos. Macie não o chama mais de O Bobão. Em vez disso,
ela o chama de Jacob.
Não contei isso a Greer, mas na semana passada ela me perguntou se ele seria
o pai dela e, se ele se tornar o pai dela, se ela poderia chamá-lo assim.
Chorei por meia hora depois.
A pergunta dela foi tão doce e inocente, principalmente porque ela não tem
ideia de como Greer se sente em relação a casamento. Eu quero me casar de
novo? Se for Greer pedindo, então sim. Num piscar de olhos. Mas sei que a ideia
de casamento não é algo que o deixa muito animado, e respeito isso.
— Mãe! — Macie corre pelo corredor, com os braços estendidos enquanto
vem em minha direção.
Eu me agacho bem a tempo de pegá-la em meus braços, abraçando-a com
força. Ela está cando tão grande, e logo sei que ela não vai me deixar abraçá-la
assim em público, então vou absorver tudo enquanto posso.
— Estou tão orgulhosa de você! — Ela diz, e as lágrimas saltam dos meus
olhos em um instante. — Você conseguiu!
— Eu consegui. Eu consegui.
Ela se afasta.
— Greer disse que você conseguiria. Ele disse que mesmo quando você
pensou que não conseguiria, ele acreditou o su ciente para que vocês dois
pudessem fazê-lo.
Eu olho para o homem que serpenteou pelo corredor em nossa direção. Ele
está sorrindo brilhantemente para mim.
Eu me levanto e mal co de pé antes que ele jogue seus braços em volta de
mim, me arrastando para seu calor. Eu suspiro quando seu cheiro familiar me
absorve e caio nele.
— Você é incrível, Stevie.
— Só porque eu sei que tenho você lá para me ajudar quando eu cair.
— Por favor — diz ele, afastando-se para segurar meu rosto em suas mãos. —
Você era incrível muito antes de eu te conhecer.
Quando ele diz isso, me faz acreditar que é verdade.
Eu dou a ele um pequeno sorriso, que é coberto quando seus lábios tocam os
meus.
É um beijo suave. Casto também. Mas isso não impede Macie de reclamar.
— Vocês vão se beijar o dia todo ou vamos tomar sorvete?
Eu rio, me afastando de Greer.
— Sorvete.
— Sim! — Ela joga os punhos no ar. — Vou até deixar você andar no banco
da frente do carro divertido.
— Então, onde você vai?
— Podemos levá-la — minha irmã diz enquanto se aproxima. Ela abre bem
os braços. — Steve...
Eu caio em seu abraço, abraçando-a com força.
— Parabéns, irmã mais velha.
— Obrigada. — Eu a aperto com força antes de soltá-la. — Você é a melhor
irmã mais nova, você sabe disso, certo?
— Eu sei. — Ela dá de ombros e pisca para mim.
Sou passada para todos, abraçando todos.
Quando terminamos, estou uma bagunça chorosa, me sentindo uma idiota.
— Isso é culpa sua, sabe — digo a Greer.
— Como assim?
— Você me deu esta grande família, e eles me zeram chorar, então a culpa é
sua.
— Bem, não seque seus olhos ainda. Tenho outra coisa que pode fazer você
chorar.
Eu inclino minha cabeça, sobrancelhas juntas.
— Ok...
— Você quer se casar?
Suas palavras me fazem cambalear para trás.
— Como é?
— Eu estava me perguntando se você queria se casar.
Eu olho em volta para o grupo que nos rodeia. Todos os olhos estão sobre
nós agora, e não tenho certeza do que diabos está acontecendo. Por que ele está
me perguntando isso aqui? Agora?
— Com... você? Ou apenas em geral?
— Bem, eu preferiria que fosse comigo, mas acho que em geral está bom
também.
— Você está... — Eu não consigo nem pronunciar as palavras. Elas estão
presas na minha garganta como se eu tivesse engolido uma pedra.
— Eu estou.
— Greer...
— Steve...
Ele ri levemente, embora não seja sua risada habitual. É um pouco pomposa
e baixa. Percebo pela primeira vez que Greer está nervoso. Ele nunca ca nervoso.
O que signi ca...
— Estou pedindo para você se casar comigo, Stevie.
— Ela provavelmente não entendeu por que você está parado aí como um
idiota — Miller diz, fazendo todos rirem.
Greer suspira, então se ajoelha.
— Stevie Thomas, eu te amo mais do que tudo neste mundo.
Macie engasga.
— Mais do que hóquei?
— Mais do que hóquei — con rma Greer.
— Mais do que eu?
— Merda.
Ele pigarreia, então olha de volta para mim.
— Stevie Thomas, eu amo você e Macie mais do que tudo neste mundo. —
Eu sorrio com sua correção. — Sei que já fui contra casamento no passado, mas é
porque não percebi o que estava perdendo. Você. Macie também — ele diz,
p q p q p
olhando para a menina em questão. Ela faz um joinha com seu polegar. — Mas
agora que sei o que poderia ter, eu quero mais. Eu quero você. Vocês duas. Para
sempre. Quero ser seu marido e quero ser o pai da Macie.
Alguém engasga e outra pessoa funga, mas não tenho ideia de quem faz o
som. Meu único foco é Greer.
Eu não posso acreditar que isso está acontecendo. Não acredito que isso está
acontecendo agora, com todos os meus amigos e familiares ao meu redor.
Não posso acreditar que esse homem... Esse homem incrível e maravilhoso...
quer se casar comigo.
— Você ainda pode ser meu pai, mesmo que ela diga não — Macie sussurra
em uma voz que não é tão baixa, e suas palavras derretem meu coração.
— Não.
— Não? — diz Greer.
— Não? — Macie ecoa.
— Quero dizer, não, isso não é necessário.
— Então, você está dizendo... — Greer para.
— Sim! — Eu grito, não me importando que estejamos no meio de um
corredor lotado. — Sim, sim, sim!
— Você está falando sério? Não sei dizer.
— Sim — eu digo mais calmamente desta vez.
— De verdade?
— Por favor, não me faça dizer de novo.
Greer se levanta, então envolve seus braços em volta de mim, batendo sua
boca contra a minha sem hesitar.
Esse beijo é muito diferente do anterior. Não é tão suave ou tão casto. Em vez
disso, é cheio de amor e a garantia da eternidade.
Quando ele nalmente afasta seus lábios dos meus, ele trilha seus beijos da
minha bochecha até minha orelha.
— Eu pretendo fazer você dizer sim a cada maldita chance que eu tiver.
Eu estremeço com a promessa.
— O anel dela, o anel dela!
Greer dá um passo para o lado, e co chocada para caramba quando vejo
Macie estendendo a palma da mão para mim, um lindo anel de ouro no centro.
— Você sabia? — Eu pergunto a ela.
Ela acena com a cabeça.
— Sim. Ele pediu minha permissão na semana passada.
p p p
— Então é por isso que você estava se perguntando se poderia chamá-lo de
pai?
Macie acena com a cabeça, seus olhos vagando de mim para Greer, que está
olhando para ela com lágrimas nos olhos.
— É isso que você quer? — Ele pergunta baixinho, e ela acena com a cabeça
novamente. — Sim. Sim, você pode me chamar assim.
Greer cai de joelhos e puxa Macie para um abraço. Ela o segura com a mesma
força, e meu coração pula na garganta enquanto os vejo juntos. É tudo que eu
sempre quis para ela com o cara que eu nunca esperei.
Este pode ser apenas o meu momento favorito de todos os tempos.
Quando eles nalmente se separam, não deixo de perceber Greer limpando
seus olhos ou a vermelhidão nos olhos de Macie.
Ambos fungam e olham para qualquer lugar menos um para o outro.
Greer agarra minha mão e desliza o anel em meu dedo.
— É um encaixe perfeito — murmuro.
— Eu sou bom assim.
Ele pisca para mim e eu reviro os olhos.
— Você é irritante — eu digo a ele.
— Eu sei. Mas agora vou te irritar para sempre. — Ele pressiona um beijo
suave em meus lábios. — Eu te amo, Stevie.
— Eu te amo mais, Greer.
— E eu amo vocês dois. Agora podemos, por favor, ir tomar sorvete?
Todos rimos da impaciência de Macie.
Enquanto saímos da escola, todo o grande grupo de nós, tudo o que consigo
pensar é: é isso. Isto é para sempre.
Eu nunca vou tomar nada disso como garantido.
CENA BÔNUS
Stevie
— De quem é essa boceta?
— Sua.
— Diga de novo.
— É sua.
— O que é meu?
— Minha boceta. Minha boceta é sua.
— Você está certa pra caralho que é, esposa.
Esposa.
Eu suspiro quando a última palavra sai dos seus lábios, então de novo
quando ele entrelaça seus dedos com os meus, seu polegar traçando sobre o anel
em meu dedo.
Eu estou casada pela segunda vez, mas casada pela primeira vez com alguém
que eu realmente amo.
E eu amo Greer. Tanto.
Não apenas porque atualmente ele está me fodendo com tanta força que vejo
estrelas, mas por causa do quanto ele é incrível de todas as formas.
Nós estamos casados há apenas duas semanas, mas ele é um incrível marido e
até o melhor pai para Macie.
Eu não posso imaginar como a vida poderia car melhor que isso.
— É mesmo? — Ele diz, e eu percebo que acabei de falar aquelas últimas
palavras em voz alta. — Apenas espere até eu foder sua bunda apertada com um
daqueles brinquedos que nós compramos enquanto eu enterro meu pau dentro
dessa boceta mais tarde, esta noite.
Oh Deus.
Eu tremo com a antecipação disso.
Greer desliza suas mãos entre nós, seus dedos encontrando meu clitóris. Ele
esfrega círculos curtos enquanto me fode, e não demora muito para eu entrar em
combustão em volta dele.
— Puta merda — ele murmura enquanto me segue até o esquecimento.
Ele captura minha boca, me beijando forte e áspero, me prometendo que há
mais por vir. Eu odeio quando ele desliza para fora de mim e rola para o lado,
tentando recuperar o fôlego enquanto descanso minha cabeça sobre seu peito.
Estamos no último dia da nossa lua de mel e enquanto eu não quero deixar a
Grécia ainda, eu quero voltar para a Carolina do Norte e ver minha lha. Nós
nunca camos separadas por tanto tempo, e eu estou morrendo de saudades
dela.
— Eu mal posso esperar para voltar para casa — ele diz silenciosamente
depois diversos momentos que camos deitados lá.
— Eu estava pensando a mesma coisa.
— Sinto falta da Macie.
— Eu sinto mais.
Ele ri.
— Sim, provavelmente. Ela me chamou de bobão no casamento, então eu
tenho alguns problemas com ela.
— Ela disse com carinho. — Eu corro meus dedos através dos pêlos macios
sobre seu peito. — Ela também te chamou de pai.
Eu não perco a falha na respiração dele.
— Sim. Ela me chamou.
Eu sento um pouco para cima, querendo olhar para ele.
— Isso te assusta?
— Seria loucura se eu disser não?
— De forma nenhuma.
— Então, não. Não me assusta. Eu pensei que poderia, mas não. Parece...
— Certo?
— Sim. — Ele acena com a cabeça. — Tão certo.
Eu suspiro, então descanso minha cabeça contra ele.
— Eu sei o que você quer dizer.
— Nós vamos ter uma vida muito boa juntos, Steve.
— Mas não será uma longa vida juntos se você continuar me chamando de
Steve.
— O quê? Você ama esse apelido.
— Eu realmente não amo.
— Você gostaria de escolher um novo? Que tal Bunda Fo nha? Ou
Coelhinha Aconchegante? — Ele estala os dedos juntos. — Já sei, Pãozinho do
Amor.
— Quer saber? Acho que Steve está bom.
— Não. É muito chato agora. Eu acho que Pãozinho do Amor soa bem.
— Eu vou jogar você da sacada, Greer.
Ele ri.
— Não, você não vai.
— Eu vou sim. Jogo você rapidinho.
— Mas se você me jogar da varanda... — Ele arrasta sua mão pelas minhas
costas, não parando até ele esteja segurando minha bunda em um aperto forte.
— Quem vai foder essa linda, linda bunda sua, Pãozinho do Amor?
— Eu odeio você.
— Você não me odeia — ele diz, rolando sobre mim até eu car de costas
novamente, e ele se encaixar entre minhas pernas. — Você me ama. Você até
prometeu fazer isso para sempre.
— Eu estava bêbada.
— Mentirosa. — Ele pressiona um beijo suave em minha mandíbula. —
Você estava sóbria.
— Eu fui drogada.
Outro beijo, desta vez mais perto dos meus lábios.
— Como se eu tivesse que drogá-la. Você era uma participante voluntária.
— Bem, então eu...
— Está falando merda.
Então ele me beija e é o mesmo beijo desesperado que ele sempre me dá. A
mesma paixão, calor e tão cheio de promessas que eu mal posso esperar para ele
mantê-las.
Ele me beija como se eu fosse dele, e isso é o que eu sou.
— Diga — ele comanda, como se pudesse ler a minha mente.
— Eu sou sua — eu sussurro contra seus lábios.
— Sim, sim você é... Steve.
AGRADECIMENTOS
Este livro não seria possível sem o apoio dessas pessoas incríveis:
Meu fuzileiro naval, que é minha rocha. Eu te amo no estilo Naley: Sempre e
para sempre.
Laurie. Sinto muito por soletrar seu nome de registro errado. Me perdoa?
Minha incrível equipe de edição que está sempre lá para fazer a mágica
acontecer para mim.
Todos os blogueiros, Bookstagrammers e BookTokers que continuam
aparecendo e me apoiando. Isso signi ca tudo. Dizer obrigada realmente não é
su ciente.
Meus Tidbits no Facebook. Vocês são o meu lugar feliz.
VOCÊ. Obrigada por dar uma chance a este livro. Eu realmente espero que
você tenha amado.
Com amor e gratidão inabalável,
Teagan
Notas
[←1]
É um termo usado para indicar que um time não sofreu pontos ou gols.

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