O Que e o Casamento - Sherif Girgis Outros
O Que e o Casamento - Sherif Girgis Outros
O Que e o Casamento - Sherif Girgis Outros
A
C
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Para nossos pais
P
E mcertidezembro de 2018, o Supremo Tribunal Federal () recebeu o
cado MoWBrasil 2018, oferecido pelo Comitê Nacional do
Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco, em razão da
decisão histórica pela qual reconheceu, em 2011, a união homoafetiva
e a garantia dos direitos fundamentais aos homossexuais.1
Mas, calma. Não quemos com uma impressão errada. Este livro não
trata do direito dos homossexuais de contraírem matrimônio. Lendo-o
você terá certeza de que a própria discussão política em torno do
termo “casamento gay” não é razoável. Há coisas mais importantes que
antecedem essa conversa — aliás, as coisas mais importantes do
mundo existem, e elas estão além da política ideológica.
Mais informações
Para resumos de nossos principais argumentos, para respostas a novas perguntas e críticas à
medida que surjam, visite www.whatismarriagebook.com.
A
E ste ensaio nasceu como um artigo antes de se tornar um livro e recebeu grande ajuda em
todas as fases do seu desenvolvimento. Agradecimentos especiais a Stefan McDaniel e John
Finnis pela leitura atenta do artigo e dos rascunhos do livro. Por seus comentários valiosos a
um ou outro, agradecemos também a Ron Belgau, Maggie Gallagher, Germain Grisez, Patrick
Lee, Colin Moran, David Oakley, Matthew O’Brien, Nathaniel Peters, Alex Pruss, Nathaniel
Schlueter e Christopher Tollefsen, cuja prontidão a nos auxiliar não constitui um endosso às
nossas alegações; somos nós os únicos responsáveis por quaisquer erros.
Agradecemos ao Harvard Journal of Law and Public Policy pela edição e publicação de O
que é o casamento? e por nos dar permissão para publicar esta versão ampliada. Algum
material também foi retirado de respostas a críticas que publicamos na revista online Public
Discourse. Finalmente, somos gratos a Roger Kimball, Heather Ohle e à equipe da Encounter
Books pela con ança depositada na promessa deste projeto e pela paciência durante seu
progresso.
T E,
E S
E tu, Juno potente! À cuja autoridade
a lei do matrimônio deve acatamento;
que ensinaste a dar um solene ornamento
ao mais antigo entre os atos de piedade:
e por maior conforto, inspirou a arte
da sábia mulher;
ata este nó dulcíssimo, e que não se solte;
e todas as tuas bênçãos sobre nós derrama;
E tu, gênio feliz! Por cuja mão gentil
o véu e o leito conjugal são protegidos
sem mácula ou deslustre,
que as doces alegrias dos amantes deleitas
sem que se note que tu as tornas me lhores,
até que delas nasça a prole esperada;
manda-nos, logo, o fruto desta mesma noite.
E tu, ó bela Hebe! E tu, livre himeneu!
Fazei que seja assim.
Até que isto se dê, calar-se-ão as preces:
nada se diz no bosque, e emudece o Eco.
Eles completam seus votos fazendo amor, o que gera nova vida;
assim, os lhos dão “cumprimento” aos seus “votos desejosos”. Desta
forma, as “doces alegrias” fugazes da sua união pressagiam a
“felicidade duradoura” de uma “grande prole”. O seu compromisso, tal
como o seu “fruto” vivo, é, portanto, “in nito”. E para ter uma força
in nita que lhe corresponda, o noivo pede a Juno, que faz com que se
cumpram as “leis do matrimônio”, que “ate” o seu casamento —
atando, não coatando, pois o casamento é um vínculo natural ao qual a
sociedade ou a religião só podem dar um “solene ornamento”.
***
***
***
Até agora, você pode estar presumindo que Oscar e Alfred têm um
relacionamento sexual. Mas isso importa? E se eles forem irmãos
solteiros? E se eles forem melhores amigos de faculdade que nunca
deixaram de morar juntos ou que, tendo cado viúvos, voltaram a se
unir? Em tais casos, a maioria concorda que não seriam cônjuges. E,
no entanto, seriam, segundo os argumentos da maioria dos
revisionistas.
Só se forem monogâmicas?
Agora volte ao exemplo de Oscar e Alfred e acrescente Herman ao
quadro. Para ltrar o argumento sobre a união sexual, suponhamos
que os três homens fazem parte de uma tríade romântica, como aquela
recentemente apresentada com simpatia pela New York Magazine.13
Alguma coisa muda? Se um morrer, os outros dois serão coerdeiros. Se
um estiver doente, qualquer um dos outros pode visitar ou tomar
decisões. Se Oscar e Alfred podem ter seu relacionamento romântico
reconhecido, por que não Oscar, Alfred e Herman? Por que não seria
uma discriminação injusta negar o reconhecimento do Estado à
relação de cuidado e afeto mútuos dos três?
Alguns podem objetar que todo mundo sabe disso. Trata-se de algo
que não requer explicação. Mas isto levanta uma questão contra Oscar,
Alfred e Herman, que querem o reconhecimento social e as vantagens
do tipo de relacionamento que pessoalmente consideram mais
grati cante: benefícios econô micos, proteções legais e o levantamento
do estigma sobre eles mesmos e seus lhos.
***
Primeiro, ele une duas pessoas nas suas dimensões mais básicas, nas
suas mentes e corpos; segundo, une-os no que diz respeito à
procriação, à vida familiar e à ampla partilha doméstica; e terceiro,
une-as permanente e exclusivamente.
Isto não quer dizer que os casais inférteis não possam casar.
Consideremos novamente a analogia esportiva: o tipo de cooperação
que transforma um grupo de pessoas em um time de beisebol visa em
grande parte a vitória nos jogos. Os companheiros de equipe
desenvolvem e compartilham suas habilidades atléticas da maneira
mais adequada para vitórias honrosas — por exemplo, com a prática
assídua e o bom espírito esportivo. Mas mesmo quando não ganham
um jogo, tal desenvolvimento e partilha são possíveis e inerentemente
valiosos para os companheiros de equipe.
Por outro lado, a procriação não precisa (mesmo quando pode) ser o
aspecto mais importante de um casamento, nem deve ser o seu único
objetivo. A união integral é valiosa por si só, e como tanto deve ser
tratada. Tratá-la como um mero meio deprecia o amor conjugal. Mas
aqui a analogia se mantém: vencer não precisa ser o único objetivo de
uma equipe e, na verdade, uma concentração exclusiva na vitória pode
arruinar a experiência dos companheiros de equipe, ao diminuir a
camaradagem e o amor pelo jogo.
Nas relações não conjugais, veja-se novamente, é difícil ver por que
tal tipo de compromisso, supondo-se que possa ser especi cado,
deveria ser não apenas desejável mesmo quando não cobrasse um alto
preço (como a estabilidade sempre cobra), mas exigível para quem
quer que desejasse formar tal relacionamento. Isto é con rmado pela
re exão fundamentada, pelos argumentos dos próprios revisionistas,
pelo progresso das propostas políticas recentes e pelas ciências sociais
preliminares (ver capítulos 1 e 4).
***
Além disso, é apenas pelo coito, orientado para o bem de trazer uma
nova vida humana ao mundo, que os cônjuges se unem sicamente.
Uma nova vida, num certo sentido, é um bem humano entre outros,
mas, noutro sentido, transcende e inclui os outros bens humanos.
Tendo consentido na partilha dos atos reprodutivos que os unem
organicamente (como “uma só carne”), os cônjuges cooperam noutras
áreas da vida (intelectual, recreativa etc.) na ampla partilha doméstica,
única maneira adequada de promover o desenvolvimento integral de
novos seres humanos. É claro que eles também cooperam nas tarefas
parentais quando os lhos chegam. As amizades comuns — vínculos
de corações e mentes que se realizam em conversas e diversas
atividades conjuntas — podem ter um escopo mais limitado e variável.
Maggie Gallagher capta esta ideia com o slogan “sexo faz bebês, a
sociedade precisa de bebês e lhos precisam de mãe e pai”. Ela
desenvolve a ideia:
Mesmo agora, esta não é uma a rmação partidária. Assim diz David
Blankenhorn, um democrata liberal:
Por m, uma vez que uma cultura matrimonial forte é boa para os
lhos, para os cônjuges e, de fato, para toda a nossa economia, e
especialmente para os pobres, ela também serve a causa do governo
limitado. Mais obviamente, onde os casamentos nunca se concretizam
ou se desfazem facilmente, cresce a in uência do Estado, que, através
de ações judiciais, para determinar paternidade, direito a visitas,
pensão alimentícia para os lhos e o ex-cônjuge, é chamado a
preencher os vazios e brechas nas casas.
***
Rede nir o casamento civil mudaria o seu signi cado para todos. Os
casais heterossexuais legalmente casados seriam cada vez mais
de nidos pelo que têm em comum com os relacionamentos entre
pessoas do mesmo sexo.
Isto não mudaria apenas as pesquisas de opinião e a carga tributária.
O bem humano do casamento se tornaria menos acessível. Pois você
só pode realizar o casamento escolhendo-o, e para isso você precisa de
pelo menos uma ideia aproximada e intuitiva de sua real essência. Ao
distorcer a visão das pessoas sobre o casamento, a política revisionista
torná-las-ia menos capazes de percorrer este caminho básico para seu
desenvolvimento — tal como um homem confuso sobre as exigências
da amizade terá di culdade em ser amigo.81 As pessoas que formassem
o que o Estado chama de “casamento” iriam cada vez mais estar
formando laços que apenas em certos aspectos se assemelham ao
casamento para valer, assim como uma relação contratual pode se
assemelhar a uma amizade. A visão revisionista distorceria as suas
prioridades, ações e motivações, em prejuízo do verdadeiro
casamento.82 Mas é errado — e contraproducente — ocultar os bens
básicos como meios para atingir ns sociais (ver o capítulo 6).
Pode parecer absurdo prever que dois valores tão apreciados como a
permanência e a exclusividade possam diminuir. Mas todos nós os
valorizamos tão fortemente, em parte, porque a nossa cultura abraçou,
há muito, uma ética que os apoia. Desaparecida esta ética e os
sentimentos relacionados, também desaparecerá o apoio a estas
normas como padrões objetivos em vez de preferências opcionais.
Dito isto, para além dos dados sobre os resultados das crianças
resumidos no capítulo 3, há provas signi cativas de que as mães e os
pais têm diferentes pontos fortes paterno-maternais — que as suas
respectivas ausências obstam o desenvolvimento infantil de diferentes
maneiras. As meninas, por exemplo, são mais propensas a sofrer
abusos sexuais e a engravidar na adolescência e fora do casamento se
crescerem sem a presença do pai.88 Por sua vez, os meninos criados
sem o pai tendem a taxas muito mais altas de comportamento
violento, delinquência e encarceramento.89 Como conclui David
Popenoe, sociólogo da Universidade Rutgers,
Minando a amizade
Frequentemente ouvimos argumentos pró e contra a ideia de que a
rede nição enfraqueceria o casamento e ameaçaria a liberdade
religiosa. Mas ambos os lados deste debate tendem a esquecer que a
prevalência social da visão revisionista di cultaria as coisas para as
pessoas solteiras: conforme o casamento fosse de nido como
simplesmente o mais valioso ou o único tipo de comunhão profunda,
tornar-se-ia mais difícil encontrar intimidade espiritual e emocional
em amizades não conjugais.
A objeção “conservadora”
Vimos que a rede nição do casamento civil afetaria a forma como
conduzimos nossos relacionamentos sexuais, como agimos como pai e
mãe, como tratamos os que pensam diferente e como lidamos com os
nossos amigos. Tais mudanças no pensamento e na ação afetariam os
interesses das pessoas — não apenas os dos lhos, mas também os dos
cônjuges, dos solteiros, dos crentes religiosos de várias tradições, e
outros.
Mas rede nir o casamento civil não seria apenas inútil neste aspecto;
seria contraproducente. Com o tempo, as pessoas tendem a obedecer
menos a quaisquer normas quanto menos essas normas zerem
sentido. Repetindo: se o casamento for entendido como uma união
essencialmente emocional, então as normas conjugais, especialmente a
permanência e a exclusividade, farão menos sentido. Mas seja qual for
a moralidade de desrespeitar estas normas noutras relações, elas
apoiam, nas relações heterossexuais, os interesses que contam e levam
o Estado a reconhecer e apoiar os casamentos.
Repita-se que estas não são palavras nossas, mas sim dos principais
defensores do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Se você
acredita em permanência e exclusividade, mas aceita que o casamento
civil seja rede nido, tome nota.
O caso da infertilidade
Os revisionistas argumentam que os proponentes da visão
matrimonial não podem apresentar uma base de princípios que
permitam reconhecer as uniões de casais inférteis e que não se
aplicariam igualmente às uniões do mesmo sexo.
É claro que isto não seria verdade para casais inférteis que não
pudessem praticar atos conjugais. O professor de Princeton, Stephen
Macedo, e o professor de Direito da Northwestern, Andrew
Koppelman, argumentam que a nossa visão implica que não podem.152
É claro que, sendo as pessoas compostas de corpo e mente, um ato
conjugal entre duas pessoas deve, portanto, combinar o
comportamento correto com a intenção correta. Deve ser uma
verdadeira união física (coito) que sele um certo tipo de união de
mentes e corações. Portanto, a questão é se os casais inférteis podem
ter a intenção e o comportamento corretos para um ato conjugal. A
resposta é: sim, eles podem.
Mesmo assim, você pode temer que quaisquer vantagens obtidas pela
visão matrimonial para muitos são conquistadas a um custo cruel para
uns poucos. Se concordássemos, não apenas lamentaríamos as nossas
conclusões, mas também as retrataríamos. Nenhum bom argumento
começa por desconsiderar os interesses de alguém, nem termina numa
política que faça isso. Mas a visão conjugal não exige tal coisa.
Necessidades práticas
Andrew Sullivan questiona um de nós:
Observe que os benefícios citados não têm nada a ver com o fato de
um relacionamento ser, de fato ou presumivelmente, sexual.
Suponhamos que a legislação conceda estes benefícios agrupados
como uniões civis a dois homens numa parceria sexual. Não deveria
concedê-los também a dois irmãos solteiros comprometidos a
partilhar uma casa? Ambas as ligações difeririam sob muitos aspectos,
mas qual desses aspectos faria com que, no caso de uma delas, as
isenções scais ou os direitos de herança fossem menos adequados?
Ambas envolveriam a partilha de encargos domésticos e a construção
daquele tesouro comum de memórias, simpatias e con ança mútua
que faz de cada um o melhor representante do outro nas emergências,
o seu herdeiro principal na morte, e assim por diante.
Além disso, na medida em que o nosso objetivo é proporcionar às
uniões românticas homossexuais acesso imediato a benefícios
importantes, tal esquema seria mais e ciente. Poderia ser
disponibilizado até mesmo para parceiros do mesmo sexo que não
quisessem comparar as suas uniões a uniões conjugais heterossexuais
— uma assimilação que faz com que alguns parceiros do mesmo sexo
vejam o casamento civil gay como uma “bênção discutível”, se é que
chega a ser uma bênção.162
Dano à dignidade
Todos nós temos mais do que interesses materiais. Sendo iguais em
dignidade, devemos ser vistos como iguais perante a lei e os seres
humanos, nossos semelhantes. Mesmo que os parceiros homossexuais
possam tratar de suas necessidades materiais em estados que possuem
leis conjugais tradicionais, será que essas leis diminuem o seu estatuto
social ao reconhecerem as relações dos outros, mas não as deles?
Não estamos convencidos de que aqueles que são movidos pelo ódio
seriam tocados por mudanças na legislação conjugal. Pensamos que,
para este efeito, a lei constitui um instrumento contundente:
reformulá-la traria os efeitos nocivos não intencionais que discutimos;
e fazê-lo precisamente para assinalar quais indivíduos são normais
poderia marginalizar ainda mais aqueles que, por qualquer razão,
permanecessem solteiros.
***
Talvez a nossa resposta a esta objeção, neste momento, pareça
excessiva. Se as necessidades materiais dos parceiros do mesmo sexo
podem ser satisfeitas, se a sua igual dignidade social pode ser
defendida, se vários dos seus laços podem até gozar de notoriedade
pública, poder-se-ia perguntar: que diferença poderia fazer se as suas
relações fossem reconhecidas legalmente? Que bem esperam
conseguir os defensores da conjugalidade matrimonial ao negarem
exatamente isso?
Isso nos leva ao ponto com o qual começamos este livro. Nosso
argumento não foi sobre a homossexualidade, por mais importante e
controverso que seja esse assunto. Em primeira e última análise, o que
debatemos — o que defendemos — é o casamento.
C
C onsagrar a visão matrimonial violaria a neutralidade moral ou
religiosa? Há um motivo pelo qual deixamos a análise desta
objeção por último. Até agora, como foi prometido na Introdução,
defendemos a defesa ou a restauração da visão conjugal do casamento
e abordamos muitas objeções teóricas e práticas a ela, sem qualquer
apelo à revelação ou à autoridade religiosa. Isto re ete uma diferença
crucial entre o casamento e os dogmas e práticas religiosos: doutrinas
como a Trindade ou a Encarnação, a iluminação do Buda, batismos,
bar mitzvahs, jejum e oração. Ao contrário destas questões, o bem
humano do casamento e a sua relação com o bem comum podem ser
compreendidos, analisados e discutidos sem apelar a qualquer
teologia.
Deutsch continua:
Além disso, esse defeito não é tão grande como pensa o revisionista.
Para os revisionistas, o casamento difere em grau dos outros laços —
sendo o tipo de comunhão mais valioso ou mais profundo — de modo
que aqueles que não se casam apenas contentam-se com algo menor.
Na visão matrimonial, para a qual o casamento é o paradigma de
realização de um tipo de intimidade entre outros, existem vários tipos
básicos de amor, cada um com sua escala característica e formas de
profundidade, presença e cuidado mútuos. Portanto, o grau máximo
da alegria da sociabilidade não é negado aos solteiros.
Acrescente-se que este defeito — visto nas suas verdadeiras
proporções, e rastreado às suas verdadeiras causas — não indica um
novo tipo de di culdade para a visão matrimonial (ou qualquer outra).
Se a psicologia de uma pessoa torna o casamento um ato imprudente
ou impraticável, não é menos ruim que outra pessoa que não consegue
encontrar um companheiro não possa casar-se, ou que um lho único,
ocupado a cuidar da sua mãe doente, não possa casar-se. Todas essas
são pessoas de igual dignidade, para quem o casamento seria uma
verdadeira realização, mas na prática é impossível, sem culpa delas
mesmas.
***
É possível que uma análise tão detalhada da união física nos deixe
dessensibilizados e questionando qual poderia ser o sentido moral de
distinções tão sutis. Pode nos sugerir que rejeitemos não só este
padrão especí co de união física, mas a ideia de que a união física, seja
como for entendida, possa ser importante em si mesma e não apenas
pelos seus efeitos emocionais. Contra isto, argumentamos que o corpo
é uma parte real da pessoa, de modo que estender a unidade de duas
pessoas à sua dimensão física poderia, por si só, ter um signi cado
pessoal e moral; e que nenhuma outra visão pode explicar por que
apenas o sexo pode consumar um casamento.
Mas a mesma reação poderia ter uma causa totalmente diferente —
uma fadiga natural que, sendo comum após qualquer análise
minuciosa, não re etiria nos méritos desta. Todos sabemos, por
exemplo, que o consentimento é fundamental para a moralidade das
interações sexuais. Mas se gastássemos milhares de palavras
en leirando as sutis distinções entre o que conta e o que não conta
como consentimento (e há alguns casos muito difíceis), poderíamos
igualmente car insensíveis e precisando de algo que nos lembrasse —
nos afastando um pouco para uma visão geral, poderíamos dizer —
exatamente o motivo pelo qual o consentimento é importante, para
começar.
2 , Luiz Edson. Elementos críticos do direito de família: curso de direito civil. 1999, p.
35-37.
4 , Ministro Luiz. , 4277, p. 62, grifos meus. Disponível em https://redir.stf.jus.br/
paginadorpub/ paginador.jsp?docTP=AC& docID=628635.
5 Ver Finnis, John M., “Law, Morality, and ‘Sexual Orientation’ [Lei, Moralidade e
“Orientação Sexual”], Notre Dame Law Review. 69 (1994): 1049, 1066; Finnis, John, “Marriage:
A Basic and Exigent Good [Casamento: Um Bem Básico e Exigente], e Monist. 91
(julho/outubro de 2008): 388–406. Veja também Lee, Patrick e George, Robert P., [Body-Self
Dualism in Contemporary Ethics and Politics O dualismo "corpo vs. eu" na Ética e Política
Contemporâneas]. Cambridge e Nova York: Cambridge University Press, 2008, 176–97.
7 Nos , o que equivaleria às nossas segundas instâncias não tem seus tribunais
distribuídos estadualmente, mas em circuitos que englobam certa quantidade de estados — .
8 Ver Oppenheimer, Mark, “A Gay Catholic Voice against Same-Sex Marriage” [Uma voz gay
e católica contra o casamento homossexual], New York Times, 4 de junho de 2010, http://
www.nytimes.com/2010/06/05/us/05beliefs.html. Para as belas e provocativas re exões da
mulher sobre quem esse artigo foi escrito, veja o blog de Eve Tushnet em http://eve-tushnet.
blogspot.com/. Veja também http://www.washingtonpost.com/ opinions/why-i-oppose-
gaymarriage/2012/09/21/1cd0056c-02a2-11e2-91e7-2962c74e7738_story.html?
socialreader_check=0& denied=1. E veja o suave e comovente relato de sua evolução rumo à
visão matrimonial em seu blog Dreadnought: Out of Shadows into Truth, arquivado em
http://johnheard. blogspot.com/.
11 Ver Gallagher, Maggie, “(How) Will Gay Marriage Weaken Marriage as a Social
Institution: A Reply to Andrew Koppelman”, [(Como) o casamento gay enfraquecerá o
casamento como uma instituição social: uma resposta a Andrew Koppelman], University of St.
omas Law Journal. 2, 2004, pp. 33, 51–52.
13 Young, Molly, “He and He and He” [Ele e ele e ele], New York Magazine, 29 de julho de
2012, http://nymag.com/ news/features/sex/2012/benny-morecock-throuple/.
16 Ver “Beyond Same-Sex Marriage: A New Strategic Vision For All Our Families and
Relationships” [Além do casamento homossexual: Uma nova visão estratégica para nossas
famílias e relacionamentos], BeyondMarriage.org, 26 de julho de 2006,
http://beyondmarriage.org/full_statement.html.
17 Bennett, Jessica, “Only You. And You. And You: Polyamory — Relationships with
Multiple, Mutually Consenting Partners — Has a Coming-Out Party”, [Só você. E você. E você:
poliamor — relacionamentos com parceiros múltiplos e mutuamente consentidos — tem uma
festa de revelação], Newsweek, 29 de julho de 2009, http://www.newsweek.com/2009/07/28/
only-you-and-you-and-you.html.
18 “ree-Person Civil Union Sparks Controversy in Brazil” [União civil entre três pessoas
gera controvérsia no Brasil], News, 28 de agosto de 2012,
http://www.bbc.co.uk/news/world-latin-america19402508.
20 “Toronto School District Board Promotes Polygamy, Group Sex to Children [Conselho do
Distrito Escolar de Toronto Promove Poligamia, Sexo em Grupo para Crianças],
http://blazingcatfur.blogspot.com/2012/09/tdsb-promotespolygamy-group-sex-to.html.
21 Brake, Elizabeth, “Minimal Marriage: What Political Liberalism Implies for Marriage
Law” [Casamento mínimo: o que o liberalismo político implica para a lei do casamento],
Ethics. 120, 2010: p. 303.
22 Ver, por exemplo, George, Robert P., “Same-Sex Marriage and John Ruach” [O casamento
homossexual e John Rauch], First ings, 10 de agosto de 2006,
http://www. rstthings.com/onthesquare/2006/08/same-sex-marriage-andjon-rauc, que é uma
resposta a Jonathan Rauch, “Not So Fast, Mr. George” [Calma aí, Sr. George], Independent Gay
Forum, 2 de agosto de 2006, http://igfculturewatch.com/2006/08/02/ not-so-fast-mr-george/.
23 Ver, por exemplo, David Braine, e Human Person: Animal and Spirit. Notre Dame,
Ind.: University of Notre Dame Press, 1994.
26 Não nos baseamos, em nenhum ponto, no “argumento da faculdade pervertida”, que diz
que é errado usar órgãos contra os seus propósitos naturais. Consideramos este argumento
falacioso.
27 Ver, por exemplo, omas Laqueur, Making Sex: Body and Gender from the Greeks to
Freud. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1990, p. 48.
28 Criticando o nosso argumento, Jason Lee Steorts zombou da implicação de que “o valor
de um relacionamento entre duas pessoas apaixonadas [dependeria] da estrutura dos seus
órgãos genitais”. Mas seria o mesmo que ridicularizar a ideia de que a atração de Julieta por
Romeu pudesse depender “da estrutura dos órgãos genitais de Romeu”. Da mesma forma, as
pessoas muitas vezes perguntam com desdém o que poderia haver de tão especial na relação
peniano-vaginal. Mas poder-se-ia perguntar ao revisionista o que há de tão especial nas
ligações reforçadas pelo orgasmo. Corretamente (e injustamente) descrito, qualquer ponto de
vista pode ser ridicularizado. A questão não é se existe uma descrição que obscurece o valor
especial dos atos conjugais, mas se existe uma descrição verdadeira que o destaca. A união
física orgânica e o ato gerador da vida, ambos relacionados ao conceito de união integral,
tornam o valor especial do casamento luminoso, mas aplicam-se apenas ao marido e à mulher.
Ver Jason Lee Steorts, “Two Views of Marriage, and the Falsity of the Choice between em”,
National Review, 7 de fevereiro de 2011, http://www.nationalreview.com/articles/263672/ two-
views-marriage-and-falsity-choice-between-them-jason-lee-steorts. Para uma resposta, veja
Sherif Girgis, “Real Marriage”, National Review, 21 de março de 2011, http://www.
nationalreview.com/articles/263679/real-marriage-sherif-girgis.
29 Para mais informações sobre este ponto losó co, ver Lee e George, Body-Self Dualism
(citado na Introdução, n. 2), pp. 95–115, 176–97.
30 Este ponto, muitas vezes mal compreendido, merece ser esclarecido. Não é que apenas os
verdadeiros cônjuges possam querer, decidir ou conseguir criar os lhos juntos. A questão é
que, mesmo independentemente das decisões e desejos das pessoas, o casamento é o tipo de
vínculo inerentemente preenchido e expandido pelo fato de os cônjuges terem lhos e os
criarem.
31 Uma das de nições do Oxford English Dictionary para “consumação” é “[a] conclusão do
casamento através da relação sexual”; Oxford English Dicionary, 2ª ed. Oxford: Clarendon
Press of Oxford University, 1989, 3:803. O primeiro uso registrado na lei inglesa foi o Ato 2–3
de Eduardo de 1548. , c. 23 § 2: “Sentença para o matrimônio, ordenando a solenização, a
coabitação, a consumação e a tratação como convém ao homem e à mulher”; ibid. Esta lei
apresentava, em inglês, um conjunto de princípios jurídicos há muitos séculos em vigor na
Inglaterra, embora em grande parte em linguagem jurídica em latim. No uso mais moderno, a
“consumação do casamento” ainda é considerada no direito da família como “[o] primeiro ato
sexual pós-bodas entre marido e mulher”. Black’s Law Dictionary, 9ª ed. St. Paul, Minnesota:
West, 2009, p. 359.
32 Ver Kenji Yoshino, “e Best Argument against Gay Marriage: And Why It Fails”, Slate, 13
de dezembro de 2010,
http://www.slate.com/articles/news_and_politics/jurisprudence/2010/12/the
_best_argument_against_gay_marriage.html.
33 É claro que são as nossas convenções de pontuação que fazem com que bater na bola seja
ordenado para a vitória esportiva, enquanto o coito é ordenado para a reprodução por natureza,
por fatos biológicos. Assim, o coito continua a ser uma coordenação voltada para a reprodução,
quaisquer que sejam as crenças dos cônjuges sobre a concepção, mesmo que (digamos) uma
equipe já não pretenda jogar beisebol se novas regras de pontuação tornarem a vitória
impossível. Lembre-se também de que o acasalamento (comportamento) é necessário, e não
su ciente, para um ato conjugal. Por isso, os cônjuges devem escolher este comportamento para
tornar concreta sua união integral — que os faz, por exemplo, não estarem dispostos a procurá-
lo com outras pessoas.
34 Isto não signi ca que o casamento seja, ou deva ser — ou mesmo que possa ser — o tipo
de união mais intensa ou extensa em todos os aspectos; distinguimos essa visão e
argumentamos contra ela, até certo ponto, mais adiante neste capítulo, e com mais detalhes em
Sherif Girgis, “Real Marriage”, National Review, 21 de março de 2011,
http://www.nationalreview. com/articles/263679/real-marriage-sherif-girgis. Além disso, é
verdade que quaisquer duas pessoas, não apenas um homem e uma mulher — aliás, não apenas
dois homens apaixonados, mas dois irmãos, um pai e um lho, e assim por diante — podem
coordenar todas as atividades e partilhar uma casa. Mas visto que sua união não pode ser selada
pelo ato conjugal e não está inerentemente ordenada à vida familiar, ela não exige,
objetivamente, uma partilha doméstica tão ampla. Pessoas em outros vínculos podem optar
pelo mesmo, mas para elas isso não é normativo.
35 No Livro de oração comum (1662), “A forma de solenização do matrimônio”; a frase
citada vem do juramento de delidade (voto) do homem à mulher e da mulher ao homem.
36 Não estamos inferindo que x é uma propriedade do casamento do fato de algo como x ser
uma propriedade da união física. Estamos apontando paralelos e harmonias entre as três
formas pelas quais o casamento é integral (nos seus atos, bens e compromissos distintivos), para
destacar a unidade da visão matrimonial, assim reforçando-a. Por que o casamento é integral
sob estes três aspectos? Porque se os vínculos são fundamentalmente compromissos de buscar
determinados bens seguindo certas normas, então são estas características que conferem aos
diferentes tipos de vínculos o seu caráter e valor distintivos. Assim, mais uma vez, o casamento
é integral em alguns aspectos básicos, não em todos os sentidos. Mas o mesmo se aplica ao
princípio mestre da maioria dos revisionistas: um cônjuge não pode ser o seu “parceiro número
um” em todas as atividades, ou a sua “alma gêmea” em todos os domínios.
37 Sobre a importância da estabilidade na vida das crianças, ver, por exemplo, Shannon E.
Cavanagh, “Family Structure History and Adolescent Adjustment”, Journal of Family Issues. 30
(1 de setembro de 2009): p. 1265, http://j .sagepub.com/content/29/7/944.short. Para um
estudo que mostra a importância da delidade para a estabilidade conjugal, consulte Paul R.
Amato e Stacy J. Rogers, “A Longitudinal Study of Marital Problems and Subsequent Divorce”,
Journal of Marriage and the Family. 59 (agosto de 1997): pp. 612–24, http://
www.jstor.org/stable/353949.
39 David Blankenhorn, e Future of Marriage. 2007; Nova York: Encounter Books, 2009, p.
5. Blankenhorn anunciou recentemente que “chegou a hora de aceitar o casamento gay”. No seu
anúncio, no entanto, ele também a rmou que mantém todas as a rmações e argumentos
apresentados no seu livro — não retratando nada, incluindo o ponto aqui citado.
41 James Q. Wilson, e Marriage Problem: How Our Culture Has Weakened Families.
Nova York: HarperCollins, 2002, p. 41.
42 Douglas W. Allen e Maggie Gallagher, “Does Divorce Law Affect the Divorce Rate? A
Review of Empirical Research, 1995–2006”, Research Brief 1, n. 1 (julho de 2007),
http://www.marriagedebate.com/pdf/ imapp.nofault.divrate.pdf.
45 Para os estudos relevantes, veja Marriage and the Public Good: Ten Principles. Princeton,
nj: e Witherspoon Institute, 2008, pp. 9–19, http://www.winst.org/family_marria
ge_and_democracy/WI_Marriage.pdf. Este relatório, assinado por cerca de setenta acadêmicos,
corrobora a defesa losó ca do casamento com extensas evidências provenientes das ciências
sociais sobre o bem-estar das crianças e dos adultos.
46 Kristin Anderson Moore, Susan M. Jekielek e Carol Emig, “Marriage from a Child’s
Perspective: How Does Family Structure Affect Children, and What Can We Do about It?”,
Child Trends Research Brief (junho de 2002): 1–2, 6, http://www.
childtrends.org/ les/MarriageRB602.pdf.
48 Note-se que para que uma relação seja ordenada à procriação desta forma principiológica
e empiricamente manifestada, a orientação sexual não é um fator impeditivo. A união de
marido e mulher tem esta ligação com os lhos, mesmo que, digamos, o marido também se
sinta atraído por homens. O que é necessário é antes a complementaridade sexual — que falta a
dois homens, mesmo que se sintam atraídos apenas por mulheres. Não são os indivíduos que
são apontados como sendo menos capazes de serem pais afetuosos e responsáveis, ou qualquer
outra coisa. Em vez disso, o que é considerado como tendo uma ligação especial e valiosa com a
educação dos lhos são certos arranjos e os atos que os completam ou concretizam — aos
quais, é verdade, indivíduos podem ser mais ou menos inclinados.
49 Ver Sara McLanahan, Elisabeth Donahue e Ron Haskins, “Introducing the Issue”, e
Future of Children 15. 2005, p. 3; Mary Parke, “Are Married Parents Really Better for Children?:
What Research Says about the Effects of Family Structure on Child Well-Being”, Policy
Brief. N. 3 (maio de 2003); W. Bradford Wilcox, William J. Doherty, Helen Fisher, et al., Why
Marriage Matters: Twenty-Six Conclusions from the Social Sciences, 2ª ed. Nova York: Institute
for American Values, 2005, p. 6.
50 Para uma discussão das ciências sociais sobre a parentalidade entre pessoas do mesmo
sexo e para estudos sobre os arranjos alternativos aqui mencionados, consulte o capítulo 4.
55 Singer v. Hara, 522 P.2d 1187, 1195 (Corte de apelações de Washington, 1974).
56 “Quase todas as decisões da Suprema Corte dos Estados Unidos que declaram o
casamento como um direito fundamental vinculam expressamente o casamento aos direitos
fundamentais de procriação, parto, aborto e criação dos lhos”. Andersen v. King County, 138
P.3d 963, 978 (Washington, 2006). “A família é a unidade básica da nossa sociedade, o centro
dos afetos pessoais que enobrecem e enriquecem a vida humana. Ela canaliza impulsos
biológicos que, de outra forma, poderiam tornar-se socialmente destrutivos; assegura o cuidado
e a educação das crianças num ambiente estável; estabelece a continuidade entre as gerações;
nutre e desenvolve a iniciativa individual que distingue um povo livre. Dado que a família é o
núcleo da nossa sociedade, a lei procura promover e preservar o casamento”. De Burgh v. De
Burgh, 39, 2º da Califórnia 858, 863-64 (1952). A procriação é “[um] dos principais propósitos
do matrimônio”. Maslow v. Maslow, 111 2ª corte de apelações da Califórnia, 237, 241 (1953) “A
procriação de descendentes poderia ser considerada um dos principais propósitos do
casamento.” Poe v. Gerstein, 517 F.2d 787, 796 (5º Cir. 1975).
57 Steven Nock, Marriage in Men’s Lives. Nova York: Oxford University Press, 1998.
58 Obviamente, nada disto pretende sugerir que qualquer casamento seja perfeito ou que os
cônjuges nunca deixem de cumprir os seus votos. Estamos falando aqui em generalidades, à luz
das evidências sociocientí cas acumuladas.
60 W. Bradford Wilcox, citado em H. Brevy Cannon, “New Report: Falling Birth, Marriage
Rates Linked to Global Economic Slowdown”, 3 de outubro de 2011, http://www.virginia.edu/
uvatoday/newsRelease.php?id=16244.
61 Kay S. Hymowitz, Marriage and Caste in America: Separate and Unequal Families in a
Post-Marital Age. Chicago: Ivan R. Dee, 2006. Ver também W. Bradford Wilcox, “e Evolution
of Divorce”, National Affairs. 1, 2009: pp. 81, 88–93.
62 David Popenoe, Disturbing the Nest: Family Change and Decline in Modern Societies.
Nova York: A. de Gruyter, 1988, xiv–xv; Alan Wolfe, Whose Keeper? Social Science and Moral
Obligation. Berkeley: University of California Press, 1989, pp. 132–42.
63 Isabel V. Sawhill, “Families at Risk”, em Setting National Priorities: e 2000 Election and
Beyond, editado por Henry J. Aaron e Robert D. Reischauer. Washington, dc: Brookings
Institution Press, 1999), 97, 108; ver também Marriage and the Public Good (citado acima, n.
8), 15.
64 Benjamin Sca di, e Taxpayer Costs of Divorce and Unwed Childbearing: First-Ever
Estimates for the Nation and for All Fiy States. Nova York: Institute for American Values,
2008, http://www.americanvalues.org/pdfs/COFF.pdf.
66 Ver, por exemplo, David Boaz, “Privatize Marriage: A Simple Solution to the Gay-
Marriage debate”, Slate, 25 de abril de 1997,
http://www.slate.com/articles/brie ng/articles/1997/04/ privatize_marriage.html.
67 Ver, por exemplo, William N. Eskridge, Jr., “A History of Same-Sex Marriage”, Virginia
Law Review. 79, 1993, pp. 1421–22: “Uma história social construtivista enfatiza as maneiras
pelas quais o casamento é ‘construído’ ao longo do tempo, sendo visto, enquanto instituição,
como espelho de relações sociais de poder mais amplas”.
68 Ver ibid., p. 1434: “O casamento não é uma instituição gerada pela natureza e dotada de
certos elementos essenciais. Em vez disso, é uma construção ligada a outras instituições
culturais e sociais, de modo que as fronteiras antiquadas entre a vida pública e a vida privada se
desmancham”.
69 Ver Hernandez v. Robles, 805 NYS2d 354, 377 (Divisão de Apelação de Nova York, 2005)
(Saxe, J., em aparte) (“O casamento civil é uma instituição criada pelo Estado”); e Andersen v.
King County 138 P.3d 963, 1018 (Washington, 2006) (Fairhurst, J., em aparte) (“O casamento
retira sua força da natureza do contrato de casamento civil e o reconhecimento, por parte do
Estado, deste contrato”).
72 Ao contrário de uma união que envolve coito, lhos e compromisso permanente, mas não
(digamos) exclusividade, as parcerias de dois homens ou três mulheres carecem até do que há
de mais básico no casamento. Assim, tais parcerias não podem sequer ser vistas como
participações imperfeitas no bem do casamento; elas sequer são casamentos.
73 Ver John Finnis, “Law, Morality, and ‘Sexual Orientation’”, em Same Sex: Debating the
Ethics, Science, and Culture of Homosexuality, editado por John Corvino, pp. 31–43. Lanham,
Maryland: Rowman e Little eld, 1997. John Finnis, “e Good of Marriage and the Morality of
Sexual Relations: Some Philosophical and Historical Observations”, American Journal of
Jurisprudence. 42, 1998, pp. 97–134. Ambos os ensaios foram reimpressos em Collected Essays
of John Finnis, vol. 3. Oxford e Nova York: Oxford University Press, 2011.
75 A poliginia — segundo a qual um homem pode ter mais do que uma esposa legal —
prejudicaria a igualdade social e política das mulheres. Mas a proposta aqui considerada é o
poliamor: o reconhecimento legal de um grupo (de qualquer distribuição de gênero) como uma
unidade sexual-romântica.
76 Bennett, “Only You. And You. And You” (citado no cap. 1, n. 8).
77 Mark Oppenheimer, “Married, with In delities”, New York Times, 30 de junho de 2011,
http://www.nytimes. com/2011/07/03/magazine/in delity-willkeep-us-together. html?
pagewanted=all.
78 Ver, por exemplo, “A Vermont Court Speaks”, editorial, Boston Globe, 22 de dezembro de
1999: “[O casamento gay] não prejudica o casamento tradicional mais do que a navegação
prejudica a natação”.
79 Mas para obter provas, ver Mary Douglas, How Institutions ink. Nova York: Syracuse
University Press, 1986. Ver também George, Robert P., Making Men Moral: Civil Liberties and
Public Morality. Oxford: Clarendon Press, 1993.
81 Patrick Lee, George, Robert P. e Gerard V. Bradley, “Marriage and Procreation: Avoiding
Bad Arguments”, Public Discourse, 30 de março de 2011,
http://www.thepublicdiscourse.com/2011/03/2637.
82 A proposta revisionista ensinaria que o casamento tem mais a ver com a união
emocional. Mas a união emocional não pode existir por si só. As pessoas realmente se unem ao
compartilhar um bem, mas os sentimentos são realidades inerentemente privadas, que podem
ser simultâneas, mas não realmente compartilhadas. As pessoas unem-se por consentimento,
mas os sentimentos não podem ser fundamentais para um voto, pois não temos controle direto
sobre eles. Por outras palavras, o que a proposta revisionista iria obscurecer — e tornar mais
difícil para vivermos — é o fato de que o casamento é antes de tudo uma questão de vontade e
ação: o consentimento de duas pessoas para cooperar de modos peculiares ao amor conjugal,
especialmente pela união física do tipo possibilitado pela complementaridade sexual-
reprodutiva, e pela partilha doméstica da vida familiar a que tende essa união. O desejo urgente
e o deleite extático, embora muitas vezes sejam motivações importantes, são um valioso
orescimento conjugal: indicativos de saúde e atraentes por si só, mas, na melhor das hipóteses,
sazonais. Os cônjuges não estão menos casados depois de cinquenta anos do que no quinto dia
— ou menos após um longo dia de trabalho do que numa libidinosa manhã de sábado. Com a
inversão de prioridades dos revisionistas, os solteiros que decidem com quem casar podem
basear-se mais em evasivos sinais emocionais de compatibilidade do que em indicadores mais
prosaicos de aptidão para o casamento, como a aptidão para a reprodução. Uma vez casados,
poderão cada vez mais realizar ações conjugais — sexo, cooperação doméstica, e assim por
diante — com o objetivo de manter satisfações individuais (embora recíprocas). Mas se
escolhidas pelas razões erradas, mesmo essas ações semelhantes às do casamento não
construirão realmente um casamento verdadeiro — assim como dar um “presente” pensando
na própria conveniência não construirá uma amizade genuína. Finalmente, tais motivações não
conjugais podem eventualmente mudar as ações. Os cônjuges podem tratar a vida familiar —
que prolonga o casamento de forma única — como menos central: talvez útil, mas talvez um
obstáculo à união emocional já agora vista como a realidade que o casamento representa. E
podem tornar o seu compromisso mais condicionado ao apego romântico, ferindo a união
conjugal nascida da palavra “aceito”. Estas mudanças seriam prejudiciais não apenas pelos seus
efeitos na ordem social. Seriam más em si mesmas, pois impediriam os casais de viver e
construir algo de bom em si: o verdadeiro casamento.
83 Ver também Andrew Cherlin, e Marriage-Go-Round. Nova York: Knopf, 2009, para
uma análise sobre o vínculo entre a ascensão do individualismo expressivo e a revolução do
divórcio.
84 Para pesquisas recentes que mostram que um modelo expressivo de relacionamentos está
associado a um maior risco de divórcio, ver W. Bradford Wilcox e Jeffrey Dew, “Is Love a Flimsy
Foundation? Soulmate versus Institutional Models of Marriage”, Social Science Research. 39,
2010, p. 687, http://www.sciencedirect.com/science?ob=ArticleURL&_ udi=B6WX8506W6K9-
1&_user=709071&_coverDate. Para pesquisas que mostram que as uniões do mesmo sexo
tendem a dispensar a exclusividade sexual mais frequentemente, ver Scott James, “Many
Successful Gay Marriages Share an Open Secret”, New York Times, 28 de janeiro de 2010,
http://www. nytimes.com/2010/01/29/us/29sfmetro.html? ref=us.
87 A necessidade de adoção (e o seu imenso valor), nos casos em que o ideal é impossível na
prática, não é argumento para rede nir o casamento civil, uma estrutura uni cada de
incentivos destinada precisamente a reforçar o ideal — a minimizar a necessidade de
disposições alternativas e casuísticas.
88 Sara McLanahan e Gary Sandefur, Growing Up with a Single Parent: What Hurts, What
Helps. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1994. Bruce J. Ellis, John E. Bates,
Kenneth A. Dodge, et al., “Does Father Absence Place Daughters at Special Risk for Early
Sexual Activity and Teenage Pregnancy?”, Child Development. 74, 2003, pp. 801–21. Wilcox,
Doherty, Fisher, et al., Why Marriage Matters (citado no cap. 3, n. 11). Lorraine Blackman, Obie
Clayton, Norval Glenn, et al., e Consequences of Marriage for African Americans: A
Comprehensive Literature Review. Nova York: Institute for American Values, 2005.
89 Elizabeth Marquardt, Family Structure and Children’s Educational Outcomes. Nova York:
Institute for American Values, 2005. Paul R. Amato, “e Impact of Family Formation Change
on the Cognitive, Social, and Emotional Well-Being of the Next Generation”, e Future of
Children. 15, 2005, pp. 75–96. Cynthia Harper e Sara McLanahan, “Father Absence and Youth
Incarceration”, Journal of Research on Adolescence. 14, 2004, pp. 369–97.
90 David Popenoe, Life without Father: Compelling New Evidence at Fatherhood and
Marriage Are Indispensable for the Good of Children and Society. Nova York: Free Press, 1996,
p. 146.
91 Ibid., p. 197.
92 W. Bradford Wilcox, “Reconcilable Differences: What Social Sciences Show about the
Complementarity of the Sexes and Parenting”, Touchstone. 18, n. 9, novembro de 2005, p. 36.
93 Michael J. Rosenfeld, “Nontraditional Families and Childhood Progress through School”,
Demography. 47, 2010, pp. 755–75, http://www.stanford.edu/ ~mrosenfe/
Rosenfeld_Nontraditional_ Families_ Demography.pdf.
94 Ver, por exemplo, Charlotte J. Patterson, “Children of Lesbian and Gay Parents”, em
Advances in Clinical Child Psychology, vol. 19, editado por omas H. Ollendick e Ronald J.
Prinz, Nova York: Plenum, 1997, pp. 235–82. Fiona Tasker, “Lesbian Mothers, Gay Fathers, and
eir Children: A Review”, Developmental and Behavioral Pediatrics. 26, número 3, 2005, pp.
224–40.
95 Para estudos que utilizam amostragem em bola de neve, ver, por exemplo, Henny M. W.
Bos, Frank van Balen e Dymphna C. van den Boom, “Child Adjustment and Parenting in
Planned Lesbian Parent Families”, American Journal of Orthopsychiatry. 77, 2007, pp. 38–48.
Anne Brewaeys, Ingrid Ponjaert, Eylard V. Van Hall e Susan Golombok, “Donor Insemination:
Child Development and Family Functioning in Lesbian Mother Families”, Human
Reproduction. 12, 1997, pp. 1349–59. Megan Fulcher, Erin L. Sut n e Charlotte J. Patterson,
“Individual Differences in Gender Development: Associations with Parental Sexual
Orientation, Attitudes, and Division of Labor”, Sex Roles. 57, 2008, pp. 330–41. eodora
Sirota, “Adult Attachment Style Dimensions in Women Who Have Gay or Bisexual Fathers”,
Archives of Psychiatric Nursing. 23, n. 4, 2009, pp. 289–97. Katrien Vanfraussen, Ingrid
Ponjaert -Kristoffersen e Anne Brewaeys, “Family Functioning in Lesbian Families Created by
Donor Insemination”, American Journal of Orthopsychiatry. 73, n. 1, 2003, pp. 78–90.
97 Abbie E. Goldberg, Lesbian and Gay Parents and eir Children: Research on the Family
Life Cycle. Washington, dc: apa Books, 2010, pp. 12–13.
98 Ver, por exemplo, Nanette K. Gartrell, Henny mw Bos e Naomi G. Goldberg, “Adolescents
of the u.s. National Longitudinal Lesbian Family Study: Sexual Orientation, Sexual Behavior,
and Sexual Risk Exposure”, Archives of Sexual Behavior. 40, 2011, pp. 1199–1209.
100 Mark Regnerus, “How Different Are the Adult Children of Parents Who Have Same-Sex
Relationships? Findings from the New Family Structures Study”, Social Science Research. 41,
2012, pp. 752–70.
101 Paul Amato, “e Well-Being of Children with Gay and Lesbian Parents”, Social Science
Research. 41, 2012, pp. 771–74.
102 Timothy J. Biblarz e Judith Stacey, “How Does the Gender of Parents Matter?”, Journal of
Marriage and Family. 72, 2010, p. 3. Para outras críticas às amostras nas quais os estudos
disponíveis se basearam, ver Steven L. Nock, “Affidavit of Steven Nock”, Halpern et al. v. Canada
and mcct v. Canada. ON s.c.d.c., 2001, http://marriagelaw.cua.edu/Law/cases/
Canada/ontario/halpern/aff_nock.pdf. Ellen C. Perrin, “Technical Report: Coparent or Second-
Parent Adoption by Same-Sex Partners”, Pediatrics. 109, 2002, pp. 341–44. Richard R. Redding,
“It’s Really about Sex: Same-Sex Marriage, Lesbigay Parenting, and the Psychology of Disgust”,
Duke Journal of Gender Law and Policy. 16, 2008, pp. 127–93.
103 William Meezan e Jonathan Rauch, “Gay Marriage, Same-Sex Parenting, and America’s
Children”, Future of Chil dren. 15, 2005, pp. 97–115.
104 Susan L. Brown, “Family Structure and Child Well-Being: e Signi cance of Parental
Cohabitation”, Journal of Marriage and Family 66, no. 2 (2004): 351–67. Wendy D. Manning,
Pamela J. Smock e Debarun Majumdar, “e Relative Stability of Cohabiting and Marital
Unions for Children”, Population Research and Policy Review. 23, 2004, pp. 135–59.
McLanahan e Sandefur, Growing Up with a Single Parent (citado acima, n. 9).
105 McLanahan e Sandefur Growing Up with a Single Parent (citado acima, n. 9), 1.
106 Por exemplo, o Internal Revenue Service revogou o estatuto de isenção scal da
Universidade Bob Jones devido às suas práticas racialmente discriminatórias, e a Suprema
Corte con rmou esta ação como compatível com os direitos da universidade conforme a
Primeira Emenda.
107 “tv Host Fired over Sean Avery Debate”, .com, 13 de maio de 2011, em
http://sports.espn. go.com/new-york/nhl/news/story?id=6532954.
108 Walden v. Centers for Disease Control, Caso 1:08cv-02278 -jec, Tribunal Distrital dos
, Distrito Norte da Geórgia, 18 de março de 2010, http://
www.telladf.org/UserDocs/WaldenSJorder.pdf
109 Jill P. Capuzzo, “Group Loses Tax Break over Gay Union Issue”, New York Times, 18 de
setembro de 2007, http:// www.nytimes.com/2007/09/18/nyregion/18grove.html?_r= 0.
110 George F. Will, “e Tangled Web of Con icting Rights”, Washington Post, 14 de
setembro de 2012, http:// www.washingtonpost.com/opinions/george-f-will-the-tangled-webof-
con icting-rights/2012/09/14/95b787c2-fddc-11e1-b153218509a954e1_story.html.
111 Marc D. Stern, “Same-Sex Marriage and the Churches”, in Same-Sex Marriage and
Religious Liberty: Emerging Con icts, editado por Douglas Laycock, Anthony Picarello e
Robin Fretwell Wilson, 1–57. Lanham, Maryland: Rowman e Little eld, 2008, pp. 1, 11–14. Esta
coleção de ensaios inclui as opiniões de estudiosos de ambos os lados da questão do casamento
entre pessoas do mesmo sexo concluindo que, quando o casamento é estendido a pares do
mesmo sexo, é inevitável que ocorram con itos com a liberdade religiosa.
112 Maggie Gallagher, “Banned in Boston: e Coming Con ict between Same-Sex
Marriage and Religious Liberty”, e Weekly Standard, 5 de maio de 2006, http://www.
weeklystandard.com/Content/Public/Articles/000/000/012/191kgwgh.asp.
113 Ver, por exemplo, Parker v. Hurley, 514 F.3d 87 (1º Cir. 2008).
114 Becket Fund for Religious Liberty, Same-Sex Marriage and State Anti-Discrimination
Laws. Washington, dc: Becket Fund for Religious Liberty, janeiro de 2009, 2, http://www.
becketfund.org/wpcontent/uploads/2011/04/Same-Sex-Marriage-and-State-
AntiDiscrimination-Laws-With-Appendices.pdf.
115 Monica Hesse, “Opposing Gay Unions with Sanity and a Smile”, Washington Post, 28 de
agosto de 2009.
116 Andrew Alexander, “‘Sanity and a Smile’ and an Outpouring of Rage”, Washington Post,
6 de setembro de 2009.
117 Frank Rich, “e Bigots’ Last Hurrah”, coluna de opinião, New York Times, 19 de abril
de 2009.
118 Ver, por exemplo, Human Rights Campaign, http:// www.hrc.org (autoidenti cando a
organização como uma do tipo 501(c)(4) “que trabalha pela igualdade de direitos de
lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros”); Annie Stockwell, “Stop the Hate: Vote No on 8”,
Advocate.com, 20 de agosto de 2008, http://www.
advocate.com/Arts_and_Entertainment/People/Stop_the_Hate (enquadrando como “luta
contra o ódio” a oposição à Proposição 8 da Califórnia, que estabelece que “apenas o casamento
entre um homem e uma mulher é válido ou reconhecido na Califórnia”).
120 Para mais informações sobre os efeitos de uma cultura sexualizada sobre a amizade, ver
Anthony Esolen, “A Requiem for Friendship: Why Boys Will Not Be Boys and Other
Consequences of the Sexual Revolution”, Touchstone 18 (setembro de 2005): 21,
http://www.touchstonemag.com/archives/article. php?id=18-07-021-f.
122 As leis conjugais tradicionais, pelo contrário, apenas encorajam a adesão às normas em
relacionamentos onde essas normas já têm uma base racional. Ver capítulo 2, sobre
compromisso integral.
123 Ver Gallagher, “(How) Will Gay Marriage Weaken Marriage as a Social Institution”
(citado no cap. 1, n. 3), 62.
126 Andrew Sullivan, “Introduction”, em Same-Sex Marriage: Pro and Con: A Reader,
editado por Andrew Sullivan, 1ª ed. Nova York: Vintage Books, 1997, xvii, xix.
132 Victoria A. Brownworth, “Something Borrowed, Something Blue: Is Marriage Right for
Queers?”, em I Do/I Don’t: Queers on Marriage, editado por Greg Wharton e Ian Philips. San
Francisco: Suspect oughts Press, 2004, pp. 53, 58–59.
133 Ellen Willis, “Can Marriage Be Saved? A Forum”, e Nation, 5 de julho de 2004, p. 16.
134 Michelangelo Signorile, “Bridal Wave”, Out 42 (dezembro-janeiro de 1994), pp. 68, 161.
135 Ibid.
136 “Mexico City Proposes Temporary Marriage Licenses” (citado no cap. 1, n. 10).
137 Julia Zebley, “Utah Polygamy Law Challenged in Federal Lawsuit”, Jurist, 13 de julho de
2011, http://jurist.org/ paperchase/2011/07/utah-polygamylaw-challenged-in-federal-
lawsuit.php.
138 “ree-Person Civil Union Sparks Controversy in Brazil” (citado no cap.1, n. 9).
139 Ver em geral Jonathan Rauch, Gay Marriage: Why It Is Good for Gays, Good for
Straights, and Good for America. Nova York: Henry Holt & Co., 2005.
141 Ibid., p. 3.
142 James, “Many Successful Gay Marriages Share an Open Secret” (citado acima, n. 6).
143 Ibid.
145 Alfred DeMaris, “Distal and Proximal In uences on the Risk of Extramarital Sex: A
Prospective Study of Longer Duration Marriages”, Journal of Sex Research. 46, 2009, p. 597.
147 Popenoe, Life without Father (citado acima, n. 11). Mark Regnerus e Jeremy Uecker,
Premarital Sex in America. Nova York: Oxford University Press, 2011.
148 C. H. Mercer, G. J. Hart, A. M. Johnson e J. A. Cassell, “Behaviourally Bisexual Men as a
Bridge Population for and Sexually Transmitted Infections? Evidence from a National
Probability Survey”, International Journal of and . 20, 2009, pp. 87, 88.
150 Ibid.
151 James, “Many Successful Gay Marriages Share an Open Secret” (citado acima, n. 6).
152 Macedo, “Homosexuality and the Conservative Mind” (citado na “Introdução”, n. 3), pp.
261, 279. Andrew Koppelman, e Gay Rights Question in Contemporary American Law.
Chicago: University of Chicago Press, 2002, pp. 87–88.
153 Andrew Koppelman argumentou que “os órgãos genitais de uma pessoa estéril não são
mais adequados para a geração do que uma arma descarregada é adequada para disparar. Se
alguém me aponta uma arma e puxa o gatilho, apresenta o comportamento que, enquanto
comportamento, é adequado para atirar, mas importa muito se a arma está ou não carregada, e
se quem aperta o gatilho sabe disso”; Koppelman, ibid. A objeção de Koppelman está errada e
deixa escapar um ponto importante. Podemos dizer corretamente que os objetos feitos pelo
homem e os processos arti ciais são ordenados ou direcionados para determinados objetivos
apenas na medida em que os utilizamos para esses objetivos. Isto, por sua vez, pressupõe que os
consideramos capazes de realizar, de fato, esses objetivos. Ou seja, a função dos objetos e
processos feitos pelo homem lhes é imposta pelos seres humanos que os utilizam. Assim, um
pedaço de metal vira faca — artefato cuja função é cortar — somente quando pretendemos
utilizá-lo para cortar. Quando já não é capaz de cortar e já não pretendemos utilizá-lo para
cortar, já não é realmente uma faca. O mesmo não se aplica à união entre os corpos de um
homem e de uma mulher, no entanto, porque os órgãos naturais são o que são,
independentemente da nalidade para a qual pretendemos usá-los e até mesmo de a função que
eles caracteristicamente desempenham poder ser levada a cabo. Assim, no nosso exemplo, um
estômago continua a ser um estômago — um órgão cuja função natural é desempenhar um
determinado papel na digestão — independentemente de pretendermos que seja utilizado dessa
forma e mesmo de a digestão ser concluída com sucesso. Algo análogo acontece com os órgãos
sexuais, no que diz respeito à reprodução.
154 Ver, por exemplo, Eskridge, Jr., “A History of Same-Sex Marriage” (citado no cap.3, n.
29), pp. 1419, 1424.
156 Ibid.
159 Ver Ryan Conrad, ed., Against Equality: Queer Critiques of Gay Marriage. Nova York:
Against Equality Press, 2010. Veja também Douglas Mainwaring, “Why I Oppose Gay
Marriage”, sessão de opiniões do Washington Post, 21 de setembro de 2012,
http://www.washingtonpost.com/opinions/ why-ioppose-gay-marriage/2012/09/21/1cd0056c-
02a2-11e 2-91e72962c74e7738_story.html?socialreader_check=0&denie=1.
160 John Heard, “Relationship Registers: What Does Justice Demand?”, Dreadnought, 11 de
março de 2008, http:// johnheard.blogspot.com/2008/03/dreadtalk-relationship-registers-
what.html.
161 Andrew Sullivan, “Only the Right Kind of Symbolic Sex”, e Daily Dish, 4 de agosto de
2009, http://andrewsullivan.theatlantic.com/the_daily_dish/2009/08/only-theright-kind-of-
symbolic-sex.html.
162 Ver, por exemplo, Katherine M. Franke, “Same-Sex Marriage Is a Mixed Blessing”, New
York Times, 23 de junho de 2011, http://www.nytimes.com/2011/06/24/opinion/24franke.
html.
163 Ryan T. Anderson e Sherif Girgis, “A Real Compromise on the Same-Sex Marriage
Debate: An Invitation to Rauch and Blankenhorn, Public Discourse, 24 de fevereiro de 2009,
http://www.thepublicdiscourse.com/2009/02/84/.
164 Algumas pessoas se perguntam como algo que ocorre naturalmente — e assim,
concluem alguns teístas, algo pretendido por Deus — poderia impedir um bem como o
casamento. Não pretendemos conhecer a origem da atração pelo mesmo sexo, mas
consideramos que, em última análise, ela é irrelevante para este debate. Nisto concordamos
com o defensor da causa gay John Corvino, que admite que “há muitas características
geneticamente in uenciadas que são, no entanto, indesejáveis” — ou, mais modestamente, que
podem impedir um certo bem. John Corvino, “Nature? Nurture? It Doesn’t Matter”,
Independent Gay Forum, 12 de agosto de 2004, http://igfculturewatch. com/2004/08/12/nature-
nurture-it-doesnt-matter/. Certamente, o fato de algo ser natural no sentido de não ser
escolhido não prova nada: preexistentes obrigações especiais para com a família de origem
podem ser naturais neste sentido e, ainda assim, impedir o casamento. Por outro lado, se
descobríssemos (plausivelmente) uma base genética para o desejo masculino de ter
múltiplas(os) parceiras(os), isso não seria um argumento a favor da poligamia; e se
descobríssemos (de forma implausível) que nenhum desejo sexual tem uma base genética, não
teríamos um argumento contra todos os casamentos. Simplesmente não há ligação entre a
origem do desejo pelo mesmo sexo e a possibili dade do casamento entre pessoas do mesmo
sexo.
165 Muitas pessoas atraídas pelo mesmo sexo que não apoiam o reconhecimento legal das
uniões entre pessoas do mesmo sexo exploraram, por si mesmas, o valor especial das amizades
profundas. Veja, por exemplo, John Heard, “Dreadtalk: ‘Holy Sex and Christian Friendship’
John Heard — Life Week 2009 at the University of Sydney — Remarks”, Dreadnoughts, 4 de
maio de 2009, http://johnheard.blogspot.com/2009/ 02/ dreadtalk-holy-sex-
christianfriendship.html. Veja também Eve Tushnet, “Gay and Catholic: What the Church Gets
Right and Wrong about Being Gay”, http://onfaith.washingtonpost.com/ onfaith/guestvoices/
2010/ 10/ gay_and_catholic_what_the_church_ gets_right_and_wrong_ about_being_gay.html,
e, de modo geral, http://eve-tushnet.blogspot.com/.
166 Embora Blankenhorn tenha escrito recentemente que “chegou a hora de aceitar o
casamento gay”, ele reiterou que não retira nada do seu livro, e até rea rmou — e lamentou —
que “o casamento gay tornou-se um fator signi cativo para a contínua desinstitucionalização do
casamento”; David Blankenhorn, “How My View on Gay Marriage Changed”, New York Times,
22 de junho de 2012, http://www.nytimes. com/2012/06/23/opinion/howmy-view-on-gay-
marriagechanged.html?_r=0.
167 Blankenhorn, e Future of Marriage (citado no cap. 3, n. 2), xix. Ver também Jonathan
Rauch, “e Equal Dignity of Homosexual Love”, Independent Gay Forum, 12 de setembro de
2007, http://igfculturewatch.com/2007/09/12/the-equal-dignity-of-homosexuallove/.
168 Partes desta seção apareceram originalmente em Sherif Girgis, Robert P. George e Ryan
T. Anderson, “Marriage: Real Bodily Union”, Public Discourse, 30 de dezembro de 2010,
http://www.thepublicdiscourse.com/2010/12/2277/.
169 Barry Deutsch, “What Is Bodily Union? (A Response to ‘What Is Marriage?’)”, Family
Scholars, 21 de dezembro de 2010, http://familyscholars.org/2010/12/21/what-is-bodily-union-
a-response-towhat-is-marriage/. Todas as citações subsequentes de Deutsch são deste ensaio.
170 Sherif Girgis, Robert P. George e Ryan T. Anderson, “What Is Marriage?”, Harvard
Journal of Law and Public Policy. 34, 2010, pp. 243–87, 254.
171 E quanto à reprodução arti cial? Lembre-se de que baseamos a nossa formulação geral
de união física (“coordenação mútua das partes em direção a um bem biológico do todo”)
numa analogia à união entre os órgãos num organismo individual. Mas a mesma analogia
permite-nos tornar esta formulação mais precisa. A nal, o coração e os pulmões formam um
corpo não apenas por se coordenarem em direção ao bem biológico da vida de um único
organismo, mas por fazer isso da maneira que são biologicamente ordenados a fazer (conforme
expresso pela familiar ideia médico-cientí ca de um sistema biológico que está “funcionando
perfeitamente”). Assim, se um órgão desempenha seu papel característico, mas não de sua
maneira característica (digamos, um objeto semelhante a um coração causa a circulação, mas
apenas emitindo sons que acionam uma máquina capaz de bombear sangue), ele não está tão
verdadeiramente unido aos outros órgãos para formar um todo único. Da mesma forma, duas
pessoas (e geralmente são mais) não são realmente unidas sicamente se cooperarem para
produzir um ser humano por meio de reprodução arti cial — não porque haja algo errado com
a tecnologia médica, mas porque há algo peculiar na união física, e a ação conjunta natural é
parte integrante desse algo. Além disso, não é verdade que gametas extraídos e manipulados em
laboratório sejam partes da pessoa dos pais, de modo que combiná-los não poderia resultar em
uma união física (portanto pessoal) dos pais, como acontece com a coordenação de seus corpos
durante o coito.
173 Levantamos muitos desa os à visão revisionista do casamento. Em desa o aos nossos,
alguns perguntam sobre uniões permanentemente não consumadas — digamos, a de um
homem paraplégico. Poderiam estas contar como uniões integrais e, portanto, casamentos?
Segundo a visão matrimonial, o casamento é certamente incompleto sem consumação. E numa
versão forte desta visão, talvez até mesmo a formação do consentimento conjugal exija a
intenção (e, portanto, a expectativa) de consumação. Nesse caso, o consentimento conjugal
envolve ao menos uma promessa condicional de consumação — digamos, mediante um pedido
razoável. (Neste contexto, os leitores católicos acharão interessante que Tomás de Aquino, que
acreditava que José e Maria eram casados apesar da virgindade perpétua desta última, inferisse
que eles devem ter consentido na consumação, mas com uma condição — qual seja, se Deus
assim quisesse — que eles nunca consideraram cumprida). Nesta versão da visão matrimonial,
o relacionamento do paraplégico não é sequer um casamento incompleto. Ainda assim, uma
boa política matrimonial continuaria a reconhecê-lo. E isso porque investigar a situação real
seria invasivo (quanto ao que é perguntado, não só quanto a como), e reconhecê-lo não negaria
a compreensão pública do casamento como uma união matrimonial. Numa versão mais suave
da visão matrimonial, talvez um casal pudesse assumir o compromisso correto para um
casamento — eles poderiam casar — desde que pudessem, em princípio, consumar o seu
compromisso (assumindo que também fosse vitalício etc.). Talvez o relacionamento do
paraplégico esteja apenas no mesmo espectro que outras uniões heterossexuais: cada uma
poderia ser consumada nas condições normais, como boa saúde e disponibilidade de tempo
para atingir a excitação. Cada versão encontra algum apoio entre os defensores do casamento
tradicional. Seja qual for a mais geralmente plausível, a versão forte apresenta, nesta questão,
implicações contraintuitivas para algumas pessoas. Mas a rmamos que, mesmo com estas
implicações, a visão matrimonial superaria a visão revisionista. Em qualquer questão moral,
uma explicação totalmente consistente irá provavelmente contradizer a visão pública
prevalecente em algum lugar, pois “a” visão predominante é apenas um agregado das intuições
maioritariamente pré-teóricas de muitas pessoas, moldadas por muitos fatores, dos quais
apenas alguns são con áveis. É onde começamos o nosso raciocínio, mas raramente onde
terminamos. No entanto, a visão matrimonial continua a ser a linha coerente que melhor se
ajusta às nossas práticas, experiências e julgamentos sobre como os seres humanos são
constituídos (como unidades mente-corpo) e como bens distintos, como a amizade, são
estruturados. A nal de contas, a visão revisionista não se baseia em princípios — em nenhum
— para distinguir o casamento do companheirismo.
174 Jason Lee Steorts, “Two Views of Marriage, and the Falsity of the Choice between em”,
National Review, 4 de abril de 2011, http://www.nationalreview.com/articles/263672/ two-
views-marriage-and-falsity-choice-between-them-jason-lee-steorts.