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Greenwashing - Entenda o Que É e Como Identificar A Prática - ESG - Valor Econômico

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ESG

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Greenwashing: entenda o que é e como


identificar a prática
Saiba como identificar os sinais comuns dessa prática de “maquiagem verde”, que se
esconde por trás de um belo – e ambientalmente aceito – discurso e faz pouco pelo
meio ambiente na prática

Por Lara Madeira, Para o Prática ESG — São Paulo


30/12/2022 13h58 · Atualizado 30/12/2022
Com a popularização das práticas de ambientais, sociais e de governança
corporativa (ESG), aumentou o número de empresas que tentam adequar seus
processos para torná-los ambientalmente sustentáveis. Existe pressão popular não
só para que as empresas preservem o planeta, mas também para servirem de
exemplo para outras instituições.

Segundo pesquisa global divulgada ano passado pelas empresas Dentsu


International e a Microsoft Advertising, 91% das pessoas querem que as marcas
demonstrem explicitamente que estão fazendo escolhas positivas sobre o meio
ambiente. Além disso, 59% dos consumidores em todo o mundo pretendem
começar a boicotar marcas que não agem contra as mudanças climáticas. Para
fazer a pesquisa participaram mais de 24.000 pessoas de 19 países e os principais
resultados estão resumidos no relatório “The Rise of Sustainable Media”.

LEIA TAMBÉM:

· Por que empresas ainda praticam greenwashing?

Influenciadas por essa geração de consumidores, muitas companhias já perceberam


que também podem se beneficiar da publicidade gerada a partir da divulgação de
práticas ambientais. Contudo, assim como nem sempre o que reluz é ouro, muitas
dessas companhias não estão aplicando na prática tudo que comunicam ao público.
Só porque uma empresa adota uma imagem de cuidado com o meio ambiente não
significa que ela tenha um interesse legítimo em ser ecologicamente correta.
Quando existe essa diferença entre discurso e prática, o que a companhia está
fazendo pode ser intitulado de greenwashing.

O que é o Greenwashing?

O greenwashing é um termo em inglês composto pelas palavras “green” (verde, em


referência ao meio ambiente) e “washing” (lavagem, relacionado ao banho ou
roupagem usada). Também é um termo frequentemente traduzido ao português
como “lavagem verde” ou “maquiagem verde”. Ele acontece quando são feitas
alegações infundadas ou exageradas de que um investimento é ecológico. Pode ser
praticado por indústrias públicas ou privadas, organizações não governamentais,
empresas e governos.

Ou seja, é uma tentativa de capitalizar a crescente demanda por produtos e serviços


ambientalmente corretos, e se aproveitar da tendência do ambientalismo
responsável.

LEIA TAMBÉM:

· O que são ODS da ONU, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da


Agenda 2030?

· Entenda o que é ESG e por que a sigla é importante para as empresas

· O que é o mercado de carbono e como ele funciona?

Uma das maneiras de convencer os clientes de que uma empresa está fazendo
escolhas ambientais positivas é usando palavras-chave ecologicamente corretas
para persuadi-lo, como por exemplo, dizendo que o produto é mais natural,
saudável ou livre de toxinas do que os concorrentes.

Esse processo é feito para atrair os consumidores dispostos a pagar mais por
produtos e marcas mais saudáveis, seguras e ambientalmente conscientes. De
acordo com a pesquisa “Global Consumer Pulse” da Accenture Strategy, 83% dos
consumidores brasileiros preferem comprar de empresas que defendem propósitos
alinhados aos seus valores de vida do que de marcas neutras. Esses dados indicam
que as marcas comprometidas com causas têm mais chance de atrair consumidores
e influenciar decisões de compra.

Além disso, como já é um requisito exigido por muitos investidores e instituições


financeiras para fazer investimentos ou liberar recursos, também pode ser uma
estratégia para captar dinheiro – às vezes, a condições até melhores.

De onde veio o termo greenwashing?

Tudo começou com uma toalha. O termo “greenwashing” foi originalmente utilizado
pelo ambientalista Jay Westerveld, em um ensaio de 1986, no qual ele afirmava que
a indústria hoteleira promovia falsamente a reutilização de toalhas como parte de
uma estratégia ambiental mais ampla.

Westerveld percebeu que o movimento era uma maneira, disfarçada, de persuadir


os hóspedes a economizarem água das lavagens de toalha para que os custos com
lavanderia diminuíssem. Jay rotulou esse tipo de ato lucrativo, mas pouco intencional
em pró da preservação dos recursos naturais, como "lavagem verde".

Assim, greenwashing é a prática de uma empresa parecer estar tomando ações


ecologicamente corretas para ajudar o planeta, mas, na verdade, não está fazendo
muita coisa de concreto e significativa para a sustentabilidade. E o pior: em alguns
casos, só olhando para sua planilha financeira.

É uma prática que tem sido vista em diversas situações nos últimos anos. Em janeiro
de 2021, a Comissão Europeia analisou 500 sites e concluiu que em 42% dos
casos as alegações eram exageradas, falsas ou enganosas e poderiam se
qualificar como práticas comerciais desleais sob as regras da União Europeia (EU) e
do Reino Unido. O resultado apontou para o greenwashing em escala industrial.

Como identificar e evitar o greenwashing

1. Afirmações falsas ou linguagem vaga

Anúncios feitos sem qualquer evidência científica, dados ou explicação facilmente


acessíveis para apoiar a sua alegação podem ser sinais de greenwashing. Os
produtos genuinamente “verdes” sustentam suas alegações com fatos e dados.

São as declarações vagas e gerais, como “consciente”, “ecologicamente correto”,


“sustentável”, que querem transmitir aos consumidores uma impressão de que um
produto não tem impacto negativo no meio ambiente – quando, a realidade é
diferente.

Outra prática bem comum é divulgar os ingredientes de um produto como


"naturais", "orgânicos" ou "ecologicamente corretos", quando apenas alguns dos
ingredientes se enquadram nessa categoria.

2. Imagens da natureza ou chavões 'verdes'

Frases como "eco", "sustentável" e "verde" são comumente usadas por empresas
para fazer o negócio parecer ambientalmente consciente - mas raramente
pertencem a qualquer padrão científico.

Outra tática comum é utilizar fotos da natureza para, de alguma forma, evocar a
compatibilidade ambiental. Isso também pode ser uma forma de greenwashing
quando não for apoiado por afirmações específicas baseadas em dados.

No mercado de investimentos, autoridades dos EUA estão apertando o cerco para


desclassificar fundos de investimentos que tinham o “ESG”, ou o “Green” ou outra
menção a sustentabilidade do nome e não tinham políticas de aplicação de recursos
condizentes com os produtos financeiros sustentáveis ou critérios realmente ESG
para investimentos em ações. Alguns bancos, como o Deutsche Bank e o Goldman
Sachs foram reprimidos.

LEIA TAMBÉM:

Cerco ao greenwashing de fundos envolve regras e transparência

No Brasil, a associação do setor financeiro Anbima criou uma série de parâmetros


para fundos que quiserem usar o ESG ou Verde, ou Green no nome e/ou se
classificar entre os investimentos, de fato, sustentáveis.
3. Ocultar informações

Uma empresa pode alegar ser ecologicamente correta, mas não considerar as
emissões da cadeia de suprimentos de suas fábricas (o chamado Escopo 3 no
protocolo GHG de emissões poluentes) para fazer parte de um produto, por
exemplo.

Ou, ainda, algumas empresas que comercializam produtos ambientalmente


benéficos e omitem informações sobre o impacto de seus outros produtos.

4. O produto e sua embalagem são recicláveis?


O rótulo "reciclável" em alguns itens de plástico pode ser usado para produtos que
não são fáceis de reciclar. Lanchonetes, cafeterias, bares e restaurantes oferecerem
produtos de papel revestidos internamente com uma camada de plástico (para
tornar impermeável), por exemplo, é uma forma de greenwashing, porque esses
produtos não são realmente recicláveis. É muito difícil separar esses materiais e o
destino provável para eles é o aterro sanitário ou a incineração.

Ainda em rótulos, algumas informações até são verdadeiras, mas são irrelevantes.
Por exemplo, um produto que não contém Clorofluorcarbonetos (CFC), não faz nada
além da obrigação, já que o uso do componente foi proibido há anos.

5 - Desconfie de alguns tipos de discurso.


Um discurso muito comum de quem pratica greenwashing é o da opção “menos
pior”. O produto vem como uma alternativa a outro, mas muitas vezes não são feitas
comparações justas e significativas.

Outra tática muito utilizada para distorcer a realidade é quando a empresa tenta
transferir a responsabilidade para o seu consumidor (por exemplo, sugerir que o
consumidor use menos energia ou recicle os produtos com mais responsabilidade).

Casos famosos de greenwashing


Existem muitos casos de empresas de renome que foram consideradas como
praticantes de greenwashing em algum determinado momento ou situação
específica. Veja alguns:

O McDonald's abandonou seus canudos de plástico em todos os restaurantes do


Reino Unido, dizendo fazer parte de um grande esforço para ser “mais verde”. Mas
logo foi criticado porque a espessura de seus novos canudos de papel dificultava
reciclá-los e, a maioria acabava no lixo comum. A empresa que fabrica os canudos
disse que eles são “100% recicláveis”, mas que precisa haver melhores instalações
para que isso seja feito corretamente. Ou seja, a troca não teve o efeito esperado.

Em 2018, a Nestlé divulgou um comunicado dizendo ter “ambições” de que suas


embalagens fossem 100% recicláveis ou reutilizáveis até 2025. No entanto, grupos
ambientalistas e críticos apontaram que a empresa não havia divulgado metas
claras, um cronograma para acompanhar suas ambições ou esforços adicionais para
ajudar a facilitar a reciclagem pelos consumidores.

Também em 2018, a Starbucks, com a intenção de tornar sua imagem mais verde,
baniu todos os canudos de plástico de uso único e lançou uma tampa sem
canudo. O problema é que a nova tampa continha mais plástico do que a antiga
tampa e o canudo juntos.

A Volkswagen protagonizou um dos maiores escândalos do setor automotivo,


quando, em 2015, veio à tona que seus carros foram vendidos com uma
modificação de software nos motores a diesel, que detectava quando eles estavam
sendo testados e alterava o desempenho do motor a fim de melhorar os resultados
dos testes ambientais. A Volkswagen admitiu trapacear nos testes de emissões e
teve que recolher e corrigir mais de 11 milhões de veículos. O caso ficou conhecido
como Dieselgate e outras montadoras, posteriormente foram alvo de investigações
similares.
— Foto: Arte: Valor

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