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Aula 4 Prática de Pesquisa em História

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PRÁTICA DE PESQUISA EM HISTÓRIA

A DERROCADA DOS MACROMODELOS E A


PROPOSTA DO GIRO LINGUÍSTICO

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1 - Reconhecer a crise dos modelos estruturalistas e os seus impactos no campo científico da História.

2 - Identificar as principais proposições analíticas do giro linguístico, que foi um dos modelos interpretativos

surgidos como desdobramento da crise dos estruturalismos.

3 - Analisar alguns estudos historiográficos que dialogaram com o giro linguístico.

Introdução

A partir da década de 1960, ganhou fôlego, dentro das ciências humanas, o interesse pela análise da linguagem

científica. Esse “giro” sobre a linguagem foi um dos principais desdobramentos da crise do otimismo científico e

dos questionamentos aos modelos estruturalistas, como, por exemplo, a antropologia lévi-straussiana, o

marxismo, a sociologia durkheimiana e a História social francesa. Diante da crise desse otimismo científico,

alguns pesquisadores, dialogando diretamente com a tradição dos estudos retóricos, passaram a manifestar

interesse pela construção das interpretações científicas, sem estarem propriamente preocupados com o

problema da verdade e da objetividade cientifica. No campo da ciência histórica, esse debate foi proposto de

forma mais clara pelo livro Meta História, escrito pelo norte-americano Hayden White e publicado pela primeira

vez em 1962. Nesse livro, o autor não reivindica um estatuto científico para História, mas sim destaca a

dimensão narrativa desse conhecimento. Essa proposta provocou bastante discussão e se consolidou, na década

de 1970, como uma das principais tendências de pesquisa no campo historiográfico. O livro A escrita da História,

de Michel de Certeau, publicado em 1982, mostrou que o problema da linguagem estava na agenda dos

historiadores profissionais. O progressivo fortalecimento desse tipo de abordagem fez com que surgisse, dentro

do campo científico da história, o sub campo dos estudos historiográficos, que cada vez mais é frequentado pelos

estudiosos especializados. Por isso, caro aluno, o objetivo dessa quarta aula é apresentar a você os elementos

mais importantes dos estudos historiográficos, visando situá-lo nesse debate, para que, caso necessário, você

dialogue com essa proposta no seu trabalho de conclusão de curso.

1 O esboço do giro linguístico


Há 40 anos, uma primeira crítica do “cientificismo” desvendou na História “objetiva” a sua relação com um lugar,

o do sujeito. Analisando uma “dissolução do objeto”, Raymond Aron, tirou da História o privilégio do qual se

vangloriava, quando pretendia reconstruir a “verdade” daquilo que havia acontecido. (Certeau, 2007, p. 67)

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No século XX, porém, as considerações, em torno dessas questões, se processam em uma atmosfera um pouco

menos autoconfiante e em presença de um receio de que talvez não haja a possibilidade de lhes dar respostas

definitivas. (Hayden, 2008, p. 17)

Tanto Hayden White como Michel de Certeau apontam para o clima de desconfiança que caracterizou o campo

científico da História ao longo do século XX. Cada vez mais, ao longo desse século, os historiadores passaram a se

preocupar com a construção da sua linguagem científica, ampliando, portanto, sua abordagem para além da

pretensão de escrever sobre eventos passados.

Na medida em que a capacidade representacional do conhecimento histórico foi sendo questionada, a escrita da

História* passou a ser cada vez mais problematizada.

*História: Nem de longe, os historiadores desse período alimentavam o otimismo epistemológico dos estudiosos

que, no século XIX, haviam fundado a História como uma ciência especializada e pretensamente capaz de narrar

a verdade daquilo que tinha acontecido no passado.

2 Mudanças no campo científico da História


Algo mudou no campo científico da História e os motivos dessa mudança precisam ser buscados no diálogo do

conhecimento histórico com o mundo.

Se o século XIX, de acordo com alguns especialistas, como, por exemplo, Remo Bondei, foi o momento da

euforia científica e da crença de que todos os problemas da humanidade seriam resolvidos pela capacidade

racional inerente aos homens e de que a História humana estava caminhando em uma estrada de progresso e

prosperidade, o século XX, com as experiências das guerras mundiais e da mobilização da tecnologia científica

para a destruição, frustrou os prognósticos otimistas do século XIX, o que possibilitou o desenvolvimento de

perspectivas céticas em relação à atividade científica.

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Saiba mais
O século XX assistiu ao solapamento da razão e da ciência, fenômeno que tornou problemáticos
todos aqueles discursos que se fundamentavam nelas e tinham pretensão à verdade; todo o
projeto do iluminismo; os vários programas de progresso, reforma e emancipação do homem
que se manifestavam, por exemplo, no humanismo, liberalismo e marxismo foram seriamente
colocados em questão. (Jenkins; 2007, p. 92)

3 Modelos pós-estruturalistas
O campo de produção do conhecimento histórico não ficou indiferente à crise do racionalismo científico

moderno, vista anteriormente, e o desdobramento foi o questionamento dos modelos interpretativos

estruturalistas, que eram hegemônicos nessa área do conhecimento.

Consequentemente, surgiram outras propostas investigativas, que costumamos chamar de “modelos pós-

estruturalistas*”. Essas são as tendências historiográficas contemporâneas e é fundamental que você as

conheça e seja capaz de dialogar com elas no seu trabalho.

* modelos pós-estruturalistas: O giro linguístico, tema dessa aula, é o primeiro desses modelos a ser examinado

na nossa disciplina.

Jürgen Habermas é uma referência fundamental para o exame do giro linguístico, sendo um dos principais

representantes da análise do discurso filosófico da modernidade.

Para esse autor, que é um herdeiro da Escola de Frankfurt, a noção de “interesse” é fundamental para o exame

de qualquer discurso científico.

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Saiba mais
A noção de interesse proposta por Habermas é muito ampla e refere-se aos interesses da
humanidade que precisam ser levados em conta no processo de produção do conhecimento
científico. Nesse sentido, Habermas propõe a seguinte tipologização dos interesses:
. Interesses técnicos.
. Interesses produtivos.
. Interesses emancipatórios ou libertadores.
Ao propor a análise do discurso científico a partir da noção de interesse, Habermas
dessacraliza esse discurso e apresenta a possibilidade de examinar as suas condições de
produção, o que inspirou importantes historiadores, como os já citados Hayden White e Michel
de Certeau, François Hartog, autor de importantes estudos sobre a historiografia grega, e
Frank Ankersmith.

4 Retórica grega
Apesar das discussões do giro linguístico terem se tornado mais presentes, na comunidade dos historiadores

profissionais, na segunda metade do século XX, a proposta de examinar a linguagem científica e filosófica não é

exatamente uma novidade no conhecimento ocidental.

Podemos localizar, em última instância, a matriz dessa discussão na retórica grega.

Um dos aspectos mais importantes do giro linguístico, na historiografia, foi a instrumentalização da retórica para

o exame de textos historiográficos.

Certamente, Aristóteles é a principal referência da retórica* clássica para os debates linguísticos caros à

historiografia contemporânea.

Baseado no exemplo do fracasso de Sócrates, que tentou se posicionar na polis como o único discurso filosófico

legítimo, Aristóteles propôs o uso filosófico da retórica, que até então era identificada como um instrumento

sofista.

*retórica: O horizonte da retórica aristotélica é a ética e o objetivo de estabelecer o consenso entre os cidadãos,

para que seja possível a harmonia coletiva na polis democrática. Ao formular a questão, nesses termos,

Aristóteles critica tanto a concepção substancialista de verdade defendida por Platão como a negação da verdade

defendida pelos sofistas.

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5 Partes fundamentais da retórica
Para Aristóteles, a retórica, tal como deve ser praticada pelo filósofo, é composta de três partes fundamentais:

1. A invenção, marcada pelo uso de silogismos e entimemas.

2. A disposição, comprometida com a organização dos argumentos em um plano narrativo.

3. A elocução, relacionada ao estilo no qual o discurso é falado ou narrado.

Os interesses dessa aula demandam que nos dediquemos ao breve exame da invenção, especificamente das

diferenças entre o entimema e o silogismo.

6 Silogismo e Entimema
Vejamos, agora, o significado de silogismo e entimema.

Silogismo

SIGNIFICADO

Refere-se às verdades necessárias e inquestionáveis que, no limite, dispensam os maiores esforços retóricos já

que a sua constatação é óbvia.

EXEMPLO

A afirmação de que “a chuva é produto de um processo de aquecimento das águas” é um silogismo.

Entimema

SIGNIFICADO

Refere-se às verdades que são prováveis, verossimilhantes, mas que não são óbvias e, por isso, a sua validade

depende do esforço retórico.

EXEMPLO

A afirmação de que “a República Presidencialista é o melhor sistema político para o Brasil” não tem sua validade

garantida a priori, mas precisa ser provada na prática retórica.

O entimema é a grande inspiração retórica do giro linguístico; não se trata aqui, como afirmaram os críticos mais

apressados, de negar a validade da representação histórica ou de afirmar a impossibilidade de construir um

conhecimento a respeito do passado, mas sim de chamar a atenção para a não obviedade das “verdades”

históricas.

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Ao produzir o seu texto, o historiador profissional põe em prática uma série de procedimentos científicos que

têm o objetivo de construir uma trama discursiva e apresentar uma determinada representação de um evento

passado como verdadeira.

É claro que a verdade dessa representação não é uma obviedade, já que o passado pode ser abordado a partir de

múltiplas perspectivas, mas a validade dessa representação será tão maior quanto mais for capaz de convencer o

público, formado tanto pelos leitores como pelos colegas de profissão, da sua verossimilhança.

Nesse processo de convencimento, o historiador utiliza de mecanismos retóricos, como por exemplo, a citação da

documentação analisada e da bibliografia examinada. A proposta do giro linguístico é justamente examinar a

construção dessa representação e analisar os exercícios persuasivos mobilizados pelos historiadores para

conferir sensação de verdade aos seus textos, sem com isso negar a validade heurística da historiografia.

7 A Meta História e o acirramento dos debates


Como já vimos na introdução dessa aula, o livro Meta História, do escritor norte-americano Hayden White,

costuma ser visto como uma espécie de fundação dos debates do giro linguístico entre os historiadores.

Prontamente, as reflexões de White provocaram as manifestações de adeptos e, principalmente detratores,

como, por exemplo, o historiador italiano Carlo Ginzburg, que será examinado com mais cuidado na próxima

aula.

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Logo na introdução do livro, o próprio autor deixa claro qual é a sua proposta:

Este livro é uma história da consciência histórica, na Europa do século XIX, mas também pretende

contribuir para a atual discussão do problema do conhecimento histórico. Como tal, representa não só

uma exposição do desenvolvimento do pensar histórico durante um período específico de sua evolução,

mas também uma teoria geral da estrutura daquele moto de pensamento que é chamado de “histórico”.

(White; 2008, p. 18)

Podemos afirmar então, que o Meta História é um livro que se debruça sobre os textos desenvolvidos por um

grupo de autores* que, no século XIX, se interessaram pelos estudos históricos.

*autores: Hayden White subdivide esses autores em dois grupos:

Os historiadores, entre os quais encontramos Michelet, Ranke, Tocqueville e Burkhardt.

Os filósofos da História, entre os quais encontramos Hegel, Marx, Nietzsche e Croce.

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Meu estudo é, para dizê-lo em uma só palavra, formalista. Não tentarei decidir se a obra de um

determinado historiador é uma descrição melhor, ou mais correta, de um conjunto definido de eventos

ou de um segmento do processo histórico, do que a descrição deles feita por algum outro historiador;

procurarei, de preferência, identificar os componentes estruturais dessas descrições. (White; 2008, p.

19)

O propósito do autor é examinar com cuidado os textos desses autores, buscando compreender a forma

linguística na qual esses escritos foram configurados. O que está em jogo, para White, não é a relação entre a

representação historiográfica e a realidade, mas sim o processo de construção dessa representação.

Diante disso, o autor afirma que existe uma estrutura linguística que prefigura os textos examinados. Ao definir a

História como uma “estrutura verbal na forma de um discurso narrativo em prosa” (p. 11), White não se filia à

tradição racionalista que pensou o conhecimento histórico como uma prática científica. A grande hipótese

apresentada pelo escritor norte-americano consiste na afirmação da existência de um paradigma pré-crítico

como uma estrutura pré-figurativa a toda explicação histórica.

Para o caso dos textos analisados, White afirma que os autores em questão organizaram seus discursos através

de três estratégias:

Explicação por argumentação formal; Explicação por elaboração de enredo; Explicação por implicação ideológica.

Examinar a teoria da linguagem historiográfica desenvolvida por Hayden White não é o objetivo dessa aula.

Pretendemos, tão somente, mostrar o fundamento da proposta desse autor, que definiu o próprio texto

historiográfico como um objeto de investigação.

Como já vimos, as propostas de White tiveram pronta recepção entre os historiadores, provocando tanto

inspiração como críticas. Do lado dos críticos, destacaram-se Carlo Guinzburg, autor que vamos examinar com

cuidado na próxima aula, e o historiador alemão Hermann Paul, que recentemente desenvolveu uma importante

leitura crítica do Meta História.

Para Paul, White hipertrofiou a narrativa em detrimento da experiência vivida e anulou a subjetividade do autor,

ao definir uma estrutura tropológica intrínseca à linguagem.

Sem entrar no mérito sobre a pertinência das considerações de Hayden White, é inegável que o Meta História

abriu um grande debate sobre o texto historiográfico e o ofício do historiador.

Essas questões continuaram a ser exploradas nas décadas seguintes, em especial, no livro A escrita da História,

do historiador francês Michel de Certeau.

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8 A Escrita da História e o fortalecimento de um subcampo
de estudos historiográficos
Na década de 1980, foi publicado, em língua francesa, o Escrita da História, onde Michel de Certeau seguiu os

rastros deixados por Hayden White e também problematizou a escrita da História, sem, contudo, fazê-lo da

mesma forma que o autor do Meta História.

Certeau define a sua proposta nas seguintes palavras:

O que fabrica o historiador quando “faz história”? Para quem trabalha? Que produz? Interrompendo sua

deambulação erudita pelas salas dos arquivos, por um instante ele se desprende do estudo monumental

que o classificará entre seus pares, e, saindo para a rua, ele se pergunta: o que é está profissão? Eu me

interrogo sobre a enigmática relação que mantenho com a sociedade presente e com a morte, através de

mediações de atividades técnicas. (Certeau; 2007, p. 65)

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O autor pretende investigar o processo de construção da historiografia universitária. Por isso, a instituição

universitária, que Certeau* chama de “lugar social”, é um elemento fundamental na análise.

Ao examinar a historiografia institucionalizada na universidade, Michel de Certeau chama atenção para os

limites que se colocam ao trabalho de todo historiador, que jamais está totalmente livre para escrever o que

quiser sobre o que quiser.

As instituições, dentro das quais se desenvolvem as pesquisas, colocam limite que podem ser percebidos na

leitura do texto, ainda que não estejam ali de maneira explícita, mas sim na forma daquilo que o autor chamou de

“não dito”.

Para Michel de Certeau, “é impossível analisar o discurso histórico independentemente da instituição em

função do qual ele se organiza silenciosamente” (Idem, p. 71).

* Certeau: Para Certeau, toda pesquisa historiográfica se articula com um lugar de produção socioeconômico,

político e cultural. Implica um meio de elaboração que circunscrito por determinações próprias: uma profissão

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liberal, um posto de observação ou de ensino, uma categoria de letrados etc. Ela está, pois, submetida a

imposições, ligada a privilégios, enraizada em uma particularidade. É em função deste lugar que se instauram os

métodos, que se delineia uma topografia de interesses, que os documentos e as questões, que lhes serão

propostas, se organizam. (Certeau; 2007, p. 66-67)

Tal é a dupla função do lugar. Ele torna possíveis certas pesquisas em função de conjunturas e problemáticas

comuns. Mas torna outras impossíveis; exclui do discurso aquilo que é sua condição EM um momento dado;

representa o papel de uma censura com relação aos postulados presentes (sociais, econômicos, políticos) na

análise. Sem dúvida, esta combinação entre permissão e interdição é o ponto cego de toda pesquisa histórica e a

razão pela qual ela não é compatível com qualquer coisa. É igualmente sobre esta combinação que age o trabalho

destinado a modificá-la. (Idem, p. 77)

Saiba mais
Com o passar dos anos, a abordagem do giro linguístico foi sofrendo algumas modificações e se
tornou forte o suficiente para ser o fundamento de um sub campo de estudos dentro do campo
disciplina da História; estamos falando aqui do sub campo dos estudos historiográficos, que
está cada vez mais intenso na universidade brasileira.

9 Os estudos historiográficos no Brasil


A proposta dos estudos historiográficos chegou ao Brasil no final dos anos 1980, tendo Manoel Luiz Salgado

Guimarães como um dos seus principais fundadores.

Em 1988, o autor publicou o artigo Nação e civilização nos trópicos, na Revista de Estudos Históricos da

Fundação Getúlio Vargas.

Esse texto, que apresenta parte da pesquisa de doutoramento do autor, aborda a produção historiográfica do

Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o IHGB, que como já vimos na disciplina “Historiografia Brasileira”, foi

o berço dos estudos históricos nacionais.

Ao longo dos últimos anos, a pesquisa historiográfica se fortaleceu bastante no Brasil, formando, inclusive, uma

associação de historiadores especializados nessa temática.

Nesse sentido, caso você tenha o interesse de desenvolver sua pesquisa sobre algum tema historiográfico, é

necessária a leitura e o diálogo com referências apresentadas nessa aula.

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*associação: Trata-se da Sociedade Brasileira de Teoria da História e História da Historiografia, que,

desde 2005, organiza, no campus de Mariana, da Universidade Federal de Ouro Preto, um congresso

dedicado ao assunto.

Saiba mais
Autores como Rebeca Gontijo, Valdei Lopes Araújo, Maria da Glória Oliveira, Temístocles César
Jr. e Durval Muniz de Albuquerque Jr. estão entre os mais importantes representantes dos
estudos historiográficos brasileiros.

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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• A crise dos estruturalismos e a proposta analítica da micro história

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Relacionou o giro linguístico ao colapso do otimismo científico.
• Associou o giro linguístico à tradição dos estudos retóricos.

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