HABERMAS - A Inclusao Do Outro (1996)
HABERMAS - A Inclusao Do Outro (1996)
HABERMAS - A Inclusao Do Outro (1996)
Relações
Internacionais*
Marco Antonio de Meneses Silva**
CONTEXTO INTERNACIONAL Rio de Janeiro, vol. 27, no 2, julho/dezembro 2005, pp. 249-282.
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Marco Antonio de Meneses Silva
A teoria crítica nas ciências sociais tem uma extensa tradição intelec-
tual, representando, no princípio, uma variação do pensamento mar-
xista do início dos anos 1920, particularmente vinculada à Escola de
Frankfurt. O termo teoria crítica foi usado pela primeira vez em 1937
em um artigo de Max Horkheimer. Entre outros nomes ligados a essa
corrente estão os de Theodore Adorno, Herbert Marcuse e Walter
Benjamin. Em comum, entre outras coisas, todos eles possuíam uma
mesma origem comum no pensamento marxista.
251
Marco Antonio de Meneses Silva
pre serviram de modelo para as demais, por uma razão muito sim-
ples: o mundo social distingue-se do mundo natural em diversos as-
pectos. Cientistas sociais não poderiam ser como seus colegas natu-
rais, no sentido de se considerarem desinteressados e independentes
da sua matéria de estudo porque fazem parte da sociedade que estu-
dam. Repetir os mesmos postulados epistemológicos das ciências
naturais impunha pesados custos sobre as ciências sociais.
253
Marco Antonio de Meneses Silva
A principal crítica que essa linha de raciocínio recebeu veio dos raci-
onalistas, e se fundamenta sobre a acusação de que o conhecimento
científico há que ser imparcial, neutro, não-normativo e puro. Para
eles, Horkheimer estava politizando, ideologizando a produção de
ciência. Defensores do racionalismo como Popper (1958) e Lakatos
(1978) argumentariam que a ciência se desenvolve seguindo critérios
racionais.
Desafios Epistemológicos
da Teoria Crítica em
Relações Internacionais
255
Marco Antonio de Meneses Silva
257
Marco Antonio de Meneses Silva
ceito que usamos para designar uma determinada idéia, passando pe-
los diversos entendimentos que um conceito pode expressar, até che-
garmos à questão mais abrangente que entenderá que nossa(s) onto-
logia(s) é (são) também a representação de nossa visão de mundo.
Cox (1995a) afortunadamente aponta a importância que a historici-
dade exerce sobre essa(s).
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Marco Antonio de Meneses Silva
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Marco Antonio de Meneses Silva
O Pensamento
Neogramsciano nas
Relações Internacionais
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Marco Antonio de Meneses Silva
Análise
273
Marco Antonio de Meneses Silva
Conclusão
275
Marco Antonio de Meneses Silva
Por fim, cabe afirmar que, consoante o nosso entendimento, não esta-
mos diante de abordagens que poderão ser nitidamente classificadas
Notas
277
Marco Antonio de Meneses Silva
Referências
Bibliográficas
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national Relations Theory”, in R. W. Cox e T. Sinclair, Approaches to World
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279
Marco Antonio de Meneses Silva
KEOHANE, Robert (org.). (1986), Neorealism and Its Critics. Nova Iorque,
Columbia University Press.
Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar a tradição da teoria crítica em Rela-
ções Internacionais. Entende-se que haja uma lacuna nos debates teóricos
com a reduzida atenção dedicada a essa tradição no Brasil. O revigora-
mento dos debates teóricos contribui para o enfraquecimento das tradi-
ções teóricas convencionais. O papel da teoria crítica nessa tendência é
primordial. A teoria crítica da Escola de Frankfurt é examinada como pre-
cursora filosófica e metateórica da teoria crítica em Relações Internacio-
nais. Em seguida, as bases epistemológicas dos desafios da teoria crítica
às teorias convencionais são apresentadas, com ênfase especial dedicada
ao trabalho de Robert W. Cox. O pensamento neogramsciano é inspecio-
nado à luz da busca pela transformação social nas relações internacionais.
A vertente da teoria crítica internacional é vista como fonte de inspiração
para muitos autores que trabalham com a emancipação. Examina-se a pro-
dução de Andrew Linklater por representar a busca por transformação das
comunidades políticas por meio da expansão de suas fronteiras morais.
Em seguida, busca-se uma avaliação crítica dos impactos trazidos pela te-
oria crítica ao campo de estudos das Relações Internacionais. Conclui-se
que a teoria crítica tem méritos na guinada das discussões teóricas em dire-
ção a questionamentos ontológicos e epistemológicos, debate esse que
tem caracterizado esse campo de estudo nas últimas décadas, por meio da
exposição das limitações conseqüentes do domínio das teorias convencio-
281
Marco Antonio de Meneses Silva
Abstract
Introdução
CONTEXTO INTERNACIONAL Rio de Janeiro, vol. 27, no 2, julho/dezembro 2005, pp. 411-463.
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Ana Cristina Araújo Alves
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Ana Cristina Araújo Alves
Pós-modernismo,
Pós-estruturalismo,
Responsabilidade,
Subjetividade e Ética
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Ana Cristina Araújo Alves
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Sobre as Modalidades de
Violência e a
Responsabilidade que Elas
Requerem
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Ana Cristina Araújo Alves
Era fato que a FPR e o governo haviam retomado a guerra. Mas a ten-
dência em categorizar automática e exclusivamente toda a violência
como guerra civil derivava da uma compreensão anterior sobre a na-
tureza do conflito ruandês e sobre a contribuição da ONU para sua re-
solução (idem:102-103). Entendia-se que a violência estava relacio-
nada ao impasse no processo de transição, o que poderia causar um
retorno à guerra civil. Os relatórios do secretário-geral descreviam
uma situação em Ruanda em que a dimensão étnica do conflito apa-
recia subordinada ao processo político, e por isso uma solução políti-
ca (no sentido de não militar) para o conflito ruandês era supervalori-
zada. Assim, Ruanda era vista como sendo ao mesmo tempo uma
“guerra civil”, um “conflito étnico” e um “Estado fracassado” (Hil-
len, 2000:179), o que parecia evocar naturalmente as idéias de “pea-
cekeeping” e “consenso” (Barnett, 2002:102-103). A partir dessa
431
Ana Cristina Araújo Alves
Por outro lado, autores como Des Forges (em Des Forges e Kuper-
man, 2000) sustentam que a administração Clinton tomou conheci-
mento do genocídio em 8 (e não 20) de abril, por meio de um relatório
do Departamento de Estado, cujas informações haviam sido obtidas
pelo pessoal da embaixada americana em Ruanda, bem como de
franceses e belgas. Além disso, Des Forges (idem:141) afirma que,
durante as cruciais primeiras semanas, a ONU, sob pressão nor-
te-americana, teria ordenado que os mais de 2 mil peacekeepers em
Ruanda não fizessem nada para deter a matança. Segundo a autora,
433
Ana Cristina Araújo Alves
15
OUA e Tanzânia . Não aproveitar essas fontes de conhecimento
contribuiu para piorar a situação em solo ruandês. Certamente, todos
esses problemas, somados ao interesse limitado no conflito ruandês
por parte das grandes potências e à ausência de planos de contingên-
cia, reforçaram-se mutuamente.
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Ana Cristina Araújo Alves
“Será relembrado que a retomada do conflito civil que se seguiu aos eventos
trágicos de 6 de abril de 1994, e a decorrente violência e massacres, criaram
uma situação que colocou em questão a habilidade da Missão de Assistên-
cia das Nações Unidas para Ruanda (Unamir) de cumprir seu mandato sob a
resolução 872 (1993) do Conselho de Segurança de 5 de outubro de 1993.
[...] A situação em Ruanda permanece altamente instável e insegura, com
violência generalizada. O combate entre as forças do governo ruandês e a
Frente Patriótica Ruandesa (FPR) continua, apesar de tanto as forças do go-
verno quanto a FPR haverem separadamente expressado sua prontidão em
entrar em um cessar-fogo. [...] Milícias armadas e outros elementos desobe-
dientes continuam a operar, não obstante com menos freqüência do que no
começo do conflito, matando e aterrorizando civis inocentes. [...] Obvia-
mente, um acordo de cessar-fogo é o primeiro passo para o estabelecimento
de um ambiente estável e seguro no país, permitindo assim a prestação de
ajuda humanitária organizada, coordenada e segura e a reativação do pro-
cesso de paz de Arusha. Nas condições prevalecentes, contudo, é essencial
que as Nações Unidas considerem quais medidas podem ser tomadas mes-
mo antes que um cessar-fogo seja alcançado” (United Nations, 1994f, pará-
grafos 2-4, ênfase nossa).
E ainda:
441
Ana Cristina Araújo Alves
Por um lado, classificar Ruanda como uma “guerra civil” teve a con-
seqüência de diminuir a “carga” de obrigação moral dos tomadores
de decisão internacionais. Uma vez que a idéia de guerra civil evoca a
noção de que a solução e os resultados dependem quase que absolu-
tamente da vontade das partes, o papel e a responsabilidade dos ato-
res internacionais é diminuído a um status de coadjuvante. Por outro
lado, um foco excessivo no genocídio – utilizado por muitos autores
que discorrem sobre o tema – enfraquece, em vez de fortalecer, o ar-
443
Ana Cristina Araújo Alves
A versão mais popular divulgada pela mídia era aquela que confun-
dia os dois eventos – o genocídio e a fuga de refugiados –, tratando-os
como um momento único: todos aqueles vindos de Ruanda eram ro-
tulados como refugiados (Barnett, 2002:149). Se tantas pessoas ha-
viam fugido em tão horríveis circunstâncias, deviam estar fugindo de
algo ainda mais horrível. Consoante Jones (2001:123-124), evidên-
cias sugerem que o movimento dos refugiados para o Zaire foi ape-
nas em parte uma fuga espontânea da violência em Ruanda. Mais
fundamentalmente, os génocidaires teriam coagido populações in-
ternamente deslocadas a fugirem com eles para o Zaire. Ao ceder Ru-
anda à FPR e conduzir vastas multidões para o exílio, os líderes do
Poder Hútu puderam conservar o controle sobre seus súditos, estabe-
lecer um Estado de “refugiados” em campos mantidos pela ONU e
continuar dizendo que seus piores temores tinham sido justificados
(Gourevitch, 2000:185; Mamdani, 2001:214, 254-455; Barnett,
2002:149). Durante a travessia, os refugiados teriam sido usados
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Ana Cristina Araújo Alves
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Ana Cristina Araújo Alves
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Ana Cristina Araújo Alves
Esses dois exemplos deixam clara a tensão entre o dever moral para
com a humanidade e a manutenção, afirmação e reprodução do siste-
ma de Estados soberanos. Nesse sentido, a neutralidade e a imparcia-
lidade refletem o imperativo de “não causar dano” ou de não interfe-
rir, não em relação à situação em campo, mas principalmente quanto
ao próprio princípio da soberania. Enquanto a nobreza moral do hu-
manitarismo lhe permite ultrapassar as fronteiras da soberania esta-
tal, esta passagem deve ser mais do que consentida. Ela deve sobre-
maneira afirmar a primazia do princípio da “soberania, integridade
territorial e unidade nacional dos Estados”.
constitui enquanto tal, e isso requer antes de tudo tratar da prática po-
lítica de estabilização do significado de “Estado soberano”. Essa es-
tabilização se dá na história por meio das práticas dos teóricos e das
práticas de intervenção política, um instrumento que faz emergir a
própria questão da soberania. Assim, a relação entre a soberania e seu
suposto oposto conceitual – a intervenção – não é de oposição, nega-
ção ou exclusão, mas de co-constituição e afirmação, em constante
processo de dissolvimento uma na outra (Walker, 1993:25).
451
Ana Cristina Araújo Alves
Conclusão
453
Ana Cristina Araújo Alves
Que tipo de violência pode ser tolerado, e até que ponto? Essas per-
guntas nos remetem àquela colocada por Daniel Warner (1996):
quando a responsabilidade é ativada?
Assim, ainda que Ruanda não fosse “uma ameaça genuína à paz e se-
gurança internacionais” (Barnett, 2002:102) e mesmo diante de obri-
gações concorrentes, a conclusão de que “não lhe dizia respeito” não
isentou a ONU de responsabilidade. Mas como comparar Outros
únicos e incomparáveis e julgar entre eles sem contudo acabar com a
universalidade da responsabilidade ética? Essa questão, aparente-
mente sem resposta, significa que a responsabilidade ética requer
uma estratégia utópica: o indecidível, a aporia, a necessidade de ace-
nar para dois imperativos contraditórios com o objetivo de inventar
novos gestos, discursos e práticas.
Notas
455
Ana Cristina Araújo Alves
ções pode ser concebido como uma realidade maior, pertencente ao domínio do
logos, ou como presença pura e indivisível sem necessidade de explicação. O
outro termo de cada par é então definido somente em relação ao primeiro termo,
com uma denotação de inferioridade ou derivação. Ao privilegiar um dos ter-
mos, o procedimento logocêntrico dá efeito a uma hierarquia na qual o outro ter-
mo se torna uma negação, uma manifestação, um efeito, uma disfunção
(Ashley, 1989:261).
13. Estima-se que 250 mil tutsis tenham sido brutalmente assassinados até 21
de abril de 1994 – em apenas quatorze dias desde o início do genocídio (Kuper-
man, 2000:96-98). Em termos comparativos, esse número equivaleria a aproxi-
madamente 2 milhões de pessoas na França, 4 milhões em Bangladesh, 5 mi-
lhões no Brasil e 9 milhões nos Estados Unidos (United Nations, 1994h, 5o pará-
grafo). No período compreendido entre a segunda semana de abril e a terceira
semana de maio, estima-se que 5% a 10% da população ruandesa (que antes do
15. Sobre os papéis desempenhados pela OUA e pela Tanzânia, ver Jones
(2001:74-79).
17. Texto tirado da obra de Derrida, The Other Heading: Reflections on To-
day’s Europe, de 1992.
21. Isso acontece porque a intervenção é a prática política per se que estabiliza
o significado da soberania. Ou seja, intervenção e soberania são as próprias con-
dições de existência uma da outra. Assim, a fronteira entre esses termos é apaga-
457
Ana Cristina Araújo Alves
Referências
Bibliográficas
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Rwanda. New York, Human Rights Watch.
MALKKI, Liisa H. (1995), Purity and Exile: Violence, Memory and National
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459
Ana Cristina Araújo Alves
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461
Ana Cristina Araújo Alves
Resumo
Abstract
463
Os Estados Unidos e
as Relações
Internacionais
Contemporâneas*
Luis Fernando Ayerbe**
CONTEXTO INTERNACIONAL Rio de Janeiro, vol. 27, no 2, julho/dezembro 2005, pp. 331-368.
331
Luis Fernando Ayerbe
333
Luis Fernando Ayerbe
“[...] essa nação tem uma capacidade ainda maior do que teve a Grã-
Bretanha, cem anos atrás, para converter sua hegemonia decrescente em
uma dominação exploradora. Se o sistema vier a entrar em colapso, será so-
bretudo pela resistência norte-americana à adaptação e à conciliação. E, in-
versamente, a adaptação e a conciliação norte-americanas ao crescente po-
der econômico da região do Leste da Ásia é condição essencial para uma
transição não catastrófica para uma nova ordem mundial” (idem:298).
335
Luis Fernando Ayerbe
sem soluções para as imensas maiorias negadas que não têm maneira
de se sustentar e criam, como dizia Marx, as condições da sua auto-
destruição” (Ceceña, 2002:182).
Choque de Civilizações:
Uma Ideologia Nacional
337
Luis Fernando Ayerbe
339
Luis Fernando Ayerbe
341
Luis Fernando Ayerbe
Unilateralismo/Multilatera-
lismo: A “Doutrina Bush”
343
Luis Fernando Ayerbe
345
Luis Fernando Ayerbe
ainda é nossa força política – aquilo que significamos. No mundo todo, mes-
mo em países cujos regimes nos odeiam, o povo admira o nosso sistema [...].
Claro que há diferença de interesses entre países, mas por causa do modo
como definimos nossos interesses existe uma compatibilidade natural de in-
teresses entre os EUA e os outros países” (idem:A25).
O (Novo) Imperialismo
Norte-americano
347
Luis Fernando Ayerbe
349
Luis Fernando Ayerbe
351
Luis Fernando Ayerbe
um contexto de luta contra o terrorismo que torna cada vez mais ne-
cessária a divisão de responsabilidades com sócios confiáveis; 4) ao
superestimar seu próprio poder, o país pode cair na armadilha em que
caíram no passado outros Estados imperiais, o autofechamento, le-
vando os demais países a buscar alternativas que descartem uma do-
minação estadunidense.
353
Luis Fernando Ayerbe
355
Luis Fernando Ayerbe
357
Luis Fernando Ayerbe
Para Kagan (2003), tanto a posição adotada pela Europa quanto a dos
Estados Unidos não vão sofrer alterações substanciais. A não ser que
aconteça uma catástrofe militar ou econômica cujas proporções aba-
lem a continuidade do poder estadunidense, “é razoável presumir
Quadro 1
Balança Comercial dos Estados Unidos com Países e Regiões Selecionados
– 2003 e 2004
País/Região Déficit Comercial dos Estados Unidos
2003 2004
China –124,068.2 –161,938.0
Japão –66,032.4 – 75,562.1
Europa Ocidental –100,320.3 –113,378.8
México –40,648.2 –45,066.5
América do Sul e Central –26,882.8 –37,183.3
Coréia do Sul –13,156.8 –19,755.5
Israel –5,876.5 –5,382.4
Rússia –6,170.7 –8,930.3
Fonte: Elaborado com base no U.S. Census Bureau, Department of Commerce: Country Data
(http://www.census.gov/foreign-trade).
No âmbito dos gastos dos EUA com despesas militares como por-
centagem do Produto Nacional Bruto (PNB), conforme assinala o
próprio Todd (2003), houve uma queda considerável, passando de
7% no fim dos anos 1980 para 5,2% em 1995 e 3% em 1999. No auge
da hegemonia inglesa, entre 1815 e a década de 1870, os gastos esta-
dunidenses com as forças armadas variava entre 2% e 3% do PNB
(Kennedy, 1989).
359
Luis Fernando Ayerbe
O Desafio Conservador
361
Luis Fernando Ayerbe
363
Luis Fernando Ayerbe
Notas
2. O Project for the New American Century, criado em 1997, tem entre os
membros fundadores intelectuais conservadores, como Norman Podhoretz e
Francis Fukuyama, e figuras que têm forte protagonismo na administração de
George W. Bush, como Elliott Abrams, Jeb Bush, Dick Cheney, Paula Dobri-
ansky, Zalmay Khalilzad, Lewis Libby, Donald Rumsfeld e Paul Wolfowitz.
Referências
Bibliográficas
FERGUSON, Niall. (2004), Colossus. The Price of America’s Empire. New York,
The Penguin Press.
365
Luis Fernando Ayerbe
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berry (ed.), America Unrivaled. The Future of Balance of Power. Ithaca, Cornell
University Press.
Resumo
367
Luis Fernando Ayerbe
Abstract
This article analyzes the position of the United States in the post-Cold War
world, considering as a reference the controversies on the extension and
limits of its hegemonic posture, which acquires greater relevance after the
formulation of the “Bush Doctrine”, systematized in the document “The
National Security Strategy of the United States of America”.
Introdução
*Artigo recebido em abril e aceito para publicação em setembro de 2005. Este artigo foi desenvolvido a
partir de um trabalho final preparado para a disciplina de Economia Política, ministrada pelo professor
Luis Manoel Rabello Fernandes. O autor gostaria de agradecer ao professor Luis Fernandes pelo incenti-
vo e apoio recebidos na preparação deste artigo.
** Mestrando em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Univer-
sidade Católica do Rio de Janeiro (IRI/PUC-Rio).
CONTEXTO INTERNACIONAL Rio de Janeiro, vol. 27, no 2, julho/dezembro 2005, pp. 283-329.
283
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Regimes
285
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Refletindo sobre tais críticas, Oran Young (1999) sugere que essa
tensão entre ontologia e epistemologia se faria sentir em diversos ní-
veis, levantando dúvidas quanto à validade epistemológica da sepa-
287
Gustavo Seignemartin de Carvalho
tes dos valores e das teorias, permitindo desta forma sua comparação
e a escolha entre umas e outras.
289
Gustavo Seignemartin de Carvalho
vas dos atores convergem em uma determinada área das relações in-
ternacionais”.
Perspectiva
Não-Autonomista
Realismo
291
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Teorias da Estabilidade
Hegemônica
3
A formulação clássica da teoria da estabilidade hegemônica dentro
da EPI foi apresentada por Charles Kindleberger (s/d) em seu estudo
da Grande Depressão e da instabilidade política e econômica que
atingiu o sistema capitalista na década de 1930. Para o autor
(idem:28),
“[...] o sistema econômico e monetário internacional necessita de liderança,
de um país que esteja preparado, consciente ou inconscientemente, sob um
sistema de regras que tenha internalizado, a determinar padrões de conduta
para outros países, a tentar fazer com que outros o sigam, a arcar com uma
carga desproporcional dos custos do sistema e, em particular, sustentá-lo na
adversidade, recebendo o excesso de matérias-primas nele produzido, man-
tendo um fluxo de capitais para investimento e descontando seus títulos”.
293
Gustavo Seignemartin de Carvalho
295
Gustavo Seignemartin de Carvalho
“[...] obviamente, eles [os Estados] não possuem controle absoluto sobre
este processo. Uma vez que esteja em funcionamento, o próprio sistema in-
ternacional tem uma influência recíproca no comportamento estatal; ele
afeta as maneiras pelas quais indivíduos, grupos e Estados procuram alcan-
çar seus objetivos. O sistema internacional oferece um conjunto de cons-
trangimentos e oportunidades sob os quais grupos e Estados procuram pro-
mover seus interesses” (idem:25).
Teorias Autonomistas
Figura 1
Representação Gráfica da Vertente “Causal”
297
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Regimes
Variáveis Causais
Básicas
Comportamentos e Resultados
Interdependência
Regimes Comportamento estatal
(estrutura)
299
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Internacionalistas Liberais
(Vertente Estrutural)
“[...] um dos avanços mais importantes para nosso entendimento das institu-
ições internacionais veio no começo dos anos 1970, quando uma nova gera-
ção de estudiosos desenvolveu idéias que originaram pesquisas para além
das organizações formais e criaram postos avançados para o estudo mais
amplo das instituições”.
301
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Aplicando a teoria dos jogos à teoria de RI, Stein (1990) procura de-
monstrar as condições em que a cooperação se dá na esfera internaci-
onal e o papel dos regimes em sua facilitação. Fazendo uma breve
análise do debate entre realistas e liberais, o autor (idem:4) conclui
que tanto cooperação quanto conflito são características do sistema
internacional: “as premissas subjacentes ao modelo conflituoso da
política internacional admitem uma grande dose de cooperação e as
premissas do modelo cooperativo também admitem o conflito”. Para
Stein (idem:24), o caráter competitivo das relações internacionais
303
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Figura 4
Representação Gráfica do “Dilema do Prisioneiro”
Prisioneiro B
B1 B2
A1 3,3 1,4*
Prisioneiro A
A2 4,1* 2,2**
Figura 5
Representação Gráfica do Dilema de Aversão Comum Simplificado
Participante B
B1 B2
A1 1,1** 0,0
Participante A
A2 0,0 1,1**
** Resultado de Equilíbrio
305
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Figura 6
Representação Gráfica do Dilema de Aversão Comum
Participante B
B1 B2
A1 2,2 3,4**
Participante A
A2 4,3** 1,1
** Resultado de Equilíbrio
“Cognitivistas”
307
Gustavo Seignemartin de Carvalho
O conceito de regimes fornecido por Young permite que ele seja in-
cluído entre os autores da perspectiva autonomista. Apesar de não
possuírem existência “física”, pode-se dizer que para Young os regi-
mes possuem existência objetiva, ou melhor, autonomia e relevância.
O autor ressalta que regimes são construções sociais, mas isso não
quer dizer que possam ser reduzidos a seus participantes individual-
mente considerados, nem que possuam relevância ou que possam ser
alterados ou criados por simples ato de vontade:
Decompondo Regimes
Normatividade
309
Gustavo Seignemartin de Carvalho
311
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Atores
313
Gustavo Seignemartin de Carvalho
315
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Especificidade da Área de
Interesses
317
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Interdependência Complexa
como Contexto
319
Gustavo Seignemartin de Carvalho
reforçar, ou seja, os efeitos e custos aos quais um dos atores está sujeito
podem reforçar os efeitos nos demais.
321
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Conclusão
323
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Notas
Referências
Bibliográficas
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WEBER, Max. (s/d a), Sobre a Teoria das Ciências Sociais. Editorial Presen-
ça/Livraria Martins Fontes.
WENDT, Alexander. (1992), “Anarchy is What States Make of It: The Social
o
Construction of Power Politics”. International Organization, vol. 46, n 2, pp.
391-425.
Resumo
327
Gustavo Seignemartin de Carvalho
Abstract
relevance. Then it classifies the authors that take part in this debate
according to two distinct perspectives, one that denies (non-autonomists)
and the other that attributes (autonomists) autonomy and relevance to
regimes, briefly analyzing the authors and traditions that are more
significant for this debate, focusing on autonomist authors and on
arguments that back the hypothesis here presented. Finally, the article
proposes an analytic decomposition of regimes into four main elements that
give them autonomy and relevance: normativity, actors, specificity of the
issue area and complex interdependence as context.
329
Parlamentos
Supranacionais na
Europa e na América
Latina: Entre o
Fortalecimento e a
Irrelevância*
Andrés Malamud** e Luís de Sousa***
Introdução
* Agradecemos a Daniel Bach, Helena Carreiras, Anne-Sophie Claeys-Nivet, Olivier Costa, Helge Hve-
em e Laurence Whitehead pelos comentários a versões prévias deste artigo. Luís de Sousa também agra-
dece à Fundação Calouste Gulbenkian por ter financiado parte deste projeto no âmbito do Programa Gul-
benkian de Estímulo à Investigação 2003. Versões anteriores foram apresentadas no Fifth Pan-European
International Relations Conference (SGIR-ECPR), em Aia, Holanda, 9-11 de setembro de 2004; no
XXV Latin American Studies Association Congress (LASA 2004), Las Vegas, Nevada, 7-9 de outubro
de 2004; e no First Global International Studies Conference, World International Studies Committee
(WISC), Estambul, 24-27 de agosto de 2005. Artigo recebido em dezembro de 2004 e aceito para publi-
cação em agosto de 2005.
** Investigador auxiliar no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE) de Lisboa e
professor auxiliar de Ciência Política na Universidade de Buenos Aires.
*** Investigador auxiliar no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE) de Lisboa.
CONTEXTO INTERNACIONAL Rio de Janeiro, vol. 27, no 2, julho/dezembro 2005, pp. 369-409.
369
Andrés Malamud e Luís de Sousa
371
Andrés Malamud e Luís de Sousa
373
(continua)
(continuação)
374
Organização Tratado fundador Objetivos Instituição parlamentar Principais características
Organização do Sem natureza jurídica. Em Militares (defesa e segurança, Assembléia Parlamentar da Papel consultivo e interface entre o
Tratado do Atlântico 1953, o Parlamento controle democrático das OTAN. Conselho da OTAN e os Parlamentos
Norte (OTAN/NATO) norueguês aprovou uma Forças Armadas, diálogo nacionais. Sem poder de decisão.
Resolução que visava a transatlântico sobre políticas Funcionamento não-permanente: duas
criação de uma Assembléia da OTAN). sessões plenárias anuais.
na OTAN. A primeira
Membros designados pelos Parlamentos
Conferência de
nacionais.
Parlamentares teve lugar
Representação proporcional (hierarquia de
Andrés Malamud e Luís de Sousa
em 1955.
Estados).
Organização para a Declaração de Madri, abril Desenvolvimento de Assembléia Parlamentar da Papel consultivo e deliberação coletiva.
Segurança e de 1991. mecanismos de prevenção e OSCE. Sem poder de decisão.
Cooperação na resolução de conflitos. Funcionamento não-permanente: uma
Europa (OSCE) Consolidação da democracia. sessão plenária anual.
Membros nomeados pelos Parlamentos
nacionais.
Representação proporcional (hierarquia de
Estados).
375
Andrés Malamud e Luís de Sousa
Evolução e competências do
Parlamento Europeu
377
Andrés Malamud e Luís de Sousa
O Fortalecimento do
Parlamento Europeu
379
Andrés Malamud** e Luís de Sousa***
Quadro 2
Parlamento Europeu: Cadeiras por Estado-membro e País Candidato*
1999-2004 2004-2007 2007-2009**
Bélgica 25 24 24
Bulgária – 18
Chipre – 6 6
República Checa – 24 24
Dinamarca 16 14 14
Alemanha 99 99 99
Grécia 25 24 24
Espanha 64 54 54
Estônia – 6 6
França 87 78 78
Hungria – 24 24
Irlanda 15 13 13
Itália 87 78 78
Letônia – 9 9
Lituânia – 13 13
Luxemburgo 6 6 6
Malta – 5 5
Países Baixos 31 27 27
Áustria 21 18 18
Polônia – 54 54
Portugal 25 24 24
Romênia – 36
Eslováquia – 14 14
Eslovênia – 7 7
Finlândia 16 14 14
Suécia 22 19 19
Reino Unido 87 78 78
Total 626 732 786
381
Quadro 3
Composição Política do Parlamento Europeu. Número de Mandatos por Grupo Político
Grupo Político Abreviatu- Primeira le- Segunda le- Terceira le- Quarta legis- Quinta legis- Sexta legisla-
ras (em gislatura gislatura gislatura latura latura tura
382
inglês) (1979-1984) (1984-1989) (1989-1994) (1994-1999) (1999-2004) (2004-2009)
Partido Popular Europeu PPE-DE 107 (EPP) 110 (EPP) 121 (PPE) 157 232 267
(Democrata-Cristão) e 64 (ED) 50 (ED) 34 (DE)
Democratas Europeus
União pela Europa UPE – – (34)* –
Partido dos Socialistas Europeus PSE 113 130 180 198 175 201
Partido Europeu dos Liberais, ELDR 40 31 49 43 52 89
Democratas e Reformistas (ALDE)
(desde 2004, Aliança dos Liberais
Andrés Malamud e Luís de Sousa
383
Andrés Malamud e Luís de Sousa
385
Andrés Malamud e Luís de Sousa
387
Andrés Malamud e Luís de Sousa
O Parlamento
Latino-Americano
(Parlatino)
389
Andrés Malamud e Luís de Sousa
O Parlamento
Centro-Americano
(Parlacen)
391
Andrés Malamud e Luís de Sousa
O Parlamento Andino
(Parlandino)
393
Andrés Malamud e Luís de Sousa
A Comissão Parlamentar
Conjunta do Mercosul
(CPCM)
395
Andrés Malamud e Luís de Sousa
397
Andrés Malamud e Luís de Sousa
Conclusões Comparativas
399
Quadro 4
400
Diferenças e Semelhanças entre os Cinco Parlamentos Regionais*
Parlamento Parlamento Parlamento Parlamento CPC do Mercosul
Europeu Latino-Americano Centro-Americano Andino
Representação Eleição direta Sim Não Sim Em transição Não
Representação Proporcional Igualitária para Igualitária para Igualitária para Igualitária para
nacional todos os países todos os países todos os países todos os países
Grupos políticos Permanentes, Não Sim, mas vagos Não Não
fortes
Andrés Malamud e Luís de Sousa
Accountability dos Aos eleitores dos Aos Parlamentos Aos eleitores dos Em transição: dos Aos Parlamentos
deputados círculos nacionais nacionais círculos nacionais Parlamentos para nacionais
os círculos
nacionais
Legislação Aprovação do Sim Não Não Não Não
orçamento
regional
Competências Co-decisão, Não Não Não Não
legislativas consulta
Direito de Sim - Não Não Não
iniciativa
Mecanismo de Diferentes Pluralidade Diferentes maiorias Maioria absoluta Consenso
decisão maiorias
(continua)
* Elaboração própria com base nos tratados internacionais e nos websites dos órgãos parlamentares.
América Latina: Entre o Fortalecimento...
Parlamentos Supranacionais na Europa e na
401
Andrés Malamud e Luís de Sousa
403
Andrés Malamud e Luís de Sousa
Notas
Referências
Bibliográficas
405
Andrés Malamud e Luís de Sousa
HIX, Simon, RAUNIO, Tapio e SCULLY, Roger. (2003), “Fifty Years On: Re-
search on the European Parliament”. Journal of Common Market Studies, vol.
41, nº 2, pp. 191-202.
MCKAY, David. (2001), Designing Europe: Comparative Lessons from the Fe-
deral Experience. Oxford, Oxford University Press.
SCARROW, Susan. (1997), “Political Career Paths and the European Parlia-
ment”. Legislative Studies Quarterly, vol. 22, nº 2, pp. 253-263.
407
Andrés Malamud e Luís de Sousa
Resumo
Parlamentos Supranacionais na
Europa e na América Latina:
Entre o Fortalecimento e a
Irrelevância
Abstract
Virtually no process of regional integration has been safe from the criticism
of allegedly suffering from either democratic deficit, institutional deficit or
both. These deficits, the argument goes, are the consequence of scarce
accountability and the lack of transparency in regional decision-making.
Different regional blocs have attempted in a variety of ways to confront one
or both of these deficits, the most visible of which is the creation and
409
Resenha
Taming the Sovereigns*
Kalevi J. Holsti. Cambridge, Cambridge University Press, 2005, 349 páginas.
Marcelo Valença**
CONTEXTO INTERNACIONAL Rio de Janeiro, vol. 27, no 1, janeiro/junho 2005, pp. 465-478.
465
Resenha
Para atingir seus objetivos, Holsti vai buscar padrões de mudança nas
instituições internacionais o Estado, o território, a soberania, o di-
reito internacional, a diplomacia, o comércio internacional, o coloni-
alismo e a guerra , seja na direção da institucionalização, seja na sua
erosão, comparando a sua relevância na política ao longo dos sécu-
los. A opção por utilizar estes referenciais que ajudam a compor a
sociedade internacional de Hedley Bull (2002) tem como finalida-
de estabelecer parâmetros isentos de comparação, pois as institui-
ções internacionais estariam diretamente ligadas ao contexto históri-
co analisado, assumindo postura crítica perante a política internacio-
nal, fugindo assim de explicações determinísticas. Ademais, estas
resistiriam a grandes eventos, como guerras e crises, tendo mais im-
pacto na vida social do que muitas das inovações tecnológicas obser-
vadas, e assumindo papel central na vida social. Os critérios para per-
ceber as mudanças e transformações seriam baseados nas práticas,
idéias, crenças e normas empreendidas em cada uma destas institui-
ções internacionais, que são analisadas e comparadas historicamente
em um capítulo exclusivamente dedicado ao estudo das mudanças
por elas sofridas.
467
Resenha
2
idéias que influenciariam o comportamento dos agentes (:27) , os
Estados seriam entidades soberanas que apresentariam continuidade
temporal, delimitação territorial, governo centralizado e limites de
separação entre as idéias de público e privado, em uma forma natural
de organização política.
469
Resenha
471
Resenha
473
Resenha
475
Resenha
Notas
1. O Estado é visto como ator porque seria ele quem criaria e manteria as insti-
tuições existentes, enquanto seria uma instituição fundacional porque é parte in-
tegrante e formadora do sistema internacional.
2. Todas as citações foram traduzidas livremente pelo autor deste artigo.
3. O princípio do rebus sic stantibus, segundo Holsti (:151), indica que o acon-
tecimento de eventos ou o surgimento de novas condições que proporcionem al-
terações na forma como o sistema é organizado não pode ser alegado para rei-
vindicar revisão arbitrária e sem o consentimento dos afetados no que diz respeito
às fronteiras já consolidadas. Toda e qualquer modificação nas fronteiras dos
Estados devem incluir, necessariamente, a aceitação dos envolvidos.
4. Esta inovação caracterizaria a continuidade das relações diplomáticas, algo
que não existia anteriormente, como pode ser percebido nas relações existentes,
por exemplo, entre as sociedades clássicas (Tucídides, 1987), que enviavam re-
presentantes apenas quando havia conflito de interesses.
477
Resenha
Referências
Bibliográficas
Maurício Santoro**
CONTEXTO INTERNACIONAL Rio de Janeiro, vol. 27, no 2, julho/dezembro 2005, pp. 493-501.
493
Resenha
Passividade: Camboja e
Iraque
495
Resenha
497
Resenha
nos, mas outra bem diferente é ver pessoas que só desejam acenar
para americanos serem espancadas diante dos nossos olhos. Depois
de ver isso, não se pode virar as costas.” (:297).
A Tragédia de Ruanda
499
Resenha
Notas
501
Resenha
Le Conseil de Sécurité dans
l’après 11 Septembre*
Serge Sur. Paris, LGDJ, 2004, 162 páginas.
CONTEXTO INTERNACIONAL Rio de Janeiro, vol. 27, no 2, julho/dezembro 2005, pp. 479-491.
479
Resenha
481
Resenha
483
Resenha
485
Resenha
3
(2003) consagrará a criação de uma autoridade de ocupação – prin-
cipal responsável pela promoção do bem-estar da população iraquia-
na, assegurando uma administração eficaz do território e contribuin-
do ainda para restabelecer a segurança e a estabilidade, além de criar
condições de reconstrução futura do Iraque – e de um representante
especial do secretário-geral da ONU. Isso evidencia que, no conjunto
dos processos de reconstrução e de reconstituição de uma autoridade
política iraquiana, a atuação do CS não é nem residual, nem subalter-
na, ainda que permaneça, também em matéria de desarmamento, vir-
tual.
487
Resenha
489
Resenha
Notas
491
Autores
Ana Cristina Araújo Alves mestre em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações
Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (IRI/PUC-Rio,2005) e
professora da graduação em Relações Internacionais do IRI/PUC-Rio.
Andrés Malamud PhD em Ciência Política e Ciências Sociais pelo European University Institute,
em Florence. Atualmente, ocupa o cargo de pesquisador-assistente no Centro de Investigação e
Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, em Lisboa. É
também professor assistente de Ciência Política na Universidade de Buenos Aires. Suas áreas de
interesse são política latino-americana e européia, integração regional, partidos políticos e
comparação das instituições democráticas.
Luis Fernando Ayerbe doutor em História pela Universidade de São Paulo(USP)e livre docente pela
Universidade Estadual Paulista(Unesp).Atualmente, é professor do Departamento de Economia da
Unesp, campus de Araraquara,e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da
Unesp,Unicamp e PUC-SP.
Luís de Sousa PhD em Ciência Política e Ciências Sociais pelo European University Institute,
Florence. Atualmente, ocupa o cargos de pesquisador no Programa de Ciência Política no Research
School of Social Sciences of the Australian National University e de pesquisador assistente no
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da
Empresa, em Lisboa.Suas áreas de interesse são política européia, parlamentos regionais, partidos
políticos,corrupção partidária e regulação política.
Marco Antonio de Meneses Silva mestre em Relações Internacionais pela University of Kent at
Canterbury. Atualmente, é professor no Centro Universitário de Brasília e coordenador do curso de
Relações Internacionais.
Maurício Santoro doutorando em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio
de Janeiro (Iuperj), pesquisador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (I B A S
E) e professor da pós-graduação em Relações Internacionais da Universidade Candido Mendes.
Tarcisio Corrêa de Brito mestre em Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Minas
Gerais;mestre em Relações Internacionais pela Faculdade de Direito da Universidade Panthé on-
Assas, Paris; doutorando em Direito Público, com especialidade em Direito Internacional na
Faculdade de Direito da Universidade Panthé on-Assas; e juiz substituto do Trabalho do Tribunal
Regional do Trabalho da Terceira Região desde outubro de 1998.