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Peça Quaresma Atd 2

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 11ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE SANTOS, ESTADO DE SÃO PAULO.

Processo nº 1015912-46.2024.8.26.0562

Aline Augusto Maia, já devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe, por
seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem, respeitosamente, perante
Vossa Excelência, com fundamento no art. 1.009 do Código de Processo Civil, interpor

APELAÇÃO

A apelante, inconformada com a r. sentença que julgou procedente a ação, interpõe o


presente recurso de apelação, com pedido de efeito suspensivo. Sustenta, nas razões
anexas, que a decisão recorrida merece ser reformada, porquanto fundamentada em erro
de fato e de direito. Requer, assim, o provimento do recurso, para que seja reformada a
sentença.

Termos em que,

Pede deferimento.

Santos, [data].

[Assinatura do advogado]

[Nome do advogado],

OAB [número da OAB]/SP


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Recorrente: Aline Augusto Maia

Recorrido: Gol Linhas Aéreas S.A.

RAZÕES RECURSAIS

Processo nº. 1015912-46.2024.8.26.0562

Eméritos julgadores,

Nos autos do processo em epígrafe foi prolatada a R. decisão que julgou procedente a
ação, porém esta não merece prosperar e deve ser revista pelas razões, que passa a
expor:
SÍNTESE DA DEMANDA

Aline Augusto Maia e Riccieri Pataro ingressaram com ação indenizatória contra a Gol
Linhas Aéreas S.A., alegando o extravio de bagagem durante um voo. A autora afirma
que a empresa não conseguiu localizar e devolver a bagagem, que continha itens
pessoais de valor, causando-lhe transtornos e prejuízos.

Em sua defesa, a Gol admitiu o extravio temporário da bagagem, mas contestou o valor
dos danos materiais e a existência de dano moral, alegando que a autora não comprovou
detalhadamente o conteúdo da bagagem e que sua responsabilidade é limitada.

O juízo de primeiro grau, no entanto, julgou procedente o pedido, condenando a Gol ao


pagamento de danos materiais e morais. A decisão fundamentou-se na responsabilidade
objetiva da companhia aérea e na aplicação do Código de Defesa do Consumidor, que
prevalece sobre as limitações do Código Brasileiro de Aeronáutica em relações de
consumo.

Tempestividade

A apelante Aline Augusto Maia interpôs seu recurso de apelação dentro do prazo legal
de 15 (quinze) dias úteis, conforme previsto no artigo 1.003, § 5º, do Código de
Processo Civil. A decisão de primeiro grau, objeto do presente recurso, foi publicada em
23 de setembro de 2024, e o recurso foi protocolado em data tempestiva, demonstrando,
assim, o cumprimento do prazo recursal.

Cabimento do Recurso

A presente apelação é cabível, pois impugna a sentença de mérito que julgou procedente
a ação de indenização. A decisão de primeiro grau condenou a Gol Linhas Aéreas S.A.
ao pagamento de indenização, e a apelação busca a manutenção ou modificação dessa
condenação. Nos termos do artigo 1.009 do CPC, a apelação é o recurso adequado
contra sentenças de mérito.

Da Prevalência do Código de Defesa do Consumidor sobre o Código Brasileiro de


Aeronáutica e Da Impossibilidade de Limitação da Indenização pelo Código
Brasileiro de Aeronáutica
A presente controvérsia se enquadra na categoria de relações de consumo, sendo regida
pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). A aplicação do CDC, em detrimento do
Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), encontra amparo no artigo 7º, parágrafo
único, do CDC, que estabelece a prevalência da norma que mais beneficia o
consumidor. A responsabilidade objetiva do fornecedor, prevista no artigo 14 do CDC,
impõe à Gol Linhas Aéreas S.A. o dever de reparar integralmente os danos causados aos
autores. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que a
limitação de indenização prevista no CBA não se aplica a relações de consumo, sendo
inaplicável ao caso em tela

Da Responsabilidade Objetiva da Companhia Aérea

A responsabilidade da Gol Linhas Aéreas S.A. pelo extravio da bagagem é objetiva,


conforme previsto no artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor. A empresa,
enquanto fornecedora de serviços, responde pelos danos causados aos consumidores por
defeitos na prestação dos serviços, independentemente da existência de culpa. No caso
em tela, o extravio da bagagem configura um defeito na prestação do serviço, gerando
danos materiais e morais aos autores. A responsabilidade objetiva, nesse contexto,
impõe à empresa o dever de reparar integralmente os prejuízos sofridos pelos
consumidores, bastando a comprovação do nexo causal entre a conduta da empresa e o
dano experimentado. A jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que o
transportador aéreo responde objetivamente pelos danos causados aos passageiros em
razão do extravio de bagagem

Da Comprovação dos Itens Contidos na Bagagem e Da Fixação dos Danos


Materiais

A autora comprovou os danos materiais sofridos com o extravio da bagagem,


apresentando lista detalhada dos bens perdidos e seus respectivos valores. A
jurisprudência, tanto do Tribunal de Justiça de São Paulo quanto do Superior Tribunal
de Justiça, admite a indenização por danos materiais em casos de extravio de bagagem,
mesmo na ausência de prova documental exaustiva. O valor da indenização fixado na
sentença de primeiro grau, de R$ 1.923,16, mostra-se justo e proporcional ao dano
sofrido, considerando a natureza da viagem e a importância dos bens extraviados. A
fixação da indenização em conformidade com os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade encontra amparo no artigo 6º, inciso VI, do Código de Defesa do
Consumidor, que assegura a efetiva reparação dos danos patrimoniais sofridos pelos
consumidores. Portanto, a decisão de primeiro grau, ao estabelecer a indenização por
danos materiais, deve ser mantida

Da Configuração dos Danos Morais e Da Fixação dos Danos Morais

O extravio da bagagem, além de gerar danos materiais, causou à autora consideráveis


transtornos e abalos emocionais, configurando dano moral in re ipsa. A jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que o extravio de bagagem, por
si só, enseja a indenização por danos morais. A sentença de primeiro grau, ao fixar a
indenização em R$ 14.200,00, observou os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, conforme previsto no artigo 6º, inciso VI, do Código de Defesa do
Consumidor. O valor arbitrado encontra-se em consonância com os parâmetros
jurisprudenciais e reflete adequadamente o sofrimento experimentado pela autora. A
manutenção da decisão de primeiro grau é fundamental para garantir a efetividade da
tutela dos direitos do consumido

Da Correção Monetária e Juros de Mora

A sentença de primeiro grau, ao determinar a correção monetária a partir da data do


evento danoso e a incidência de juros de mora de 1% ao mês desde a citação, agiu em
consonância com os princípios legais e jurisprudenciais. A correção monetária, nesse
caso, visa preservar o poder aquisitivo da indenização, garantindo a justa reparação dos
danos sofridos pelos requerentes. A incidência de juros de mora, por sua vez, encontra
amparo no artigo 406 do Código Civil e no artigo 161, § 1º, do Código Tributário
Nacional, que estabelecem a taxa de 1% ao mês para os casos em que a lei não dispuser
de forma diversa. Dessa forma, a decisão de primeiro grau deve ser mantida.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se a Vossas Excelências:

a) O conhecimento e provimento da presente apelação, por ser tempestiva e cabível,


conforme demonstrado;

b) A manutenção da sentença de primeira instância que condenou a Gol Linhas Aéreas


S.A. ao pagamento de indenização por danos materiais e morais, reconhecendo a
prevalência do Código de Defesa do Consumidor sobre o Código Brasileiro de
Aeronáutica, bem como a impossibilidade de limitação da indenização pelo CBA;

c) A confirmação da responsabilidade objetiva da Gol Linhas Aéreas S.A. pelos danos


causados aos autores, nos termos do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor;

d) A manutenção da fixação dos danos materiais em R$ 1.923,16, conforme


comprovado pela autora Aline Augusto Maia;
e) A manutenção da fixação dos danos morais em R$ 14.200,00, conforme arbitrado na
sentença de primeira instância, observando os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade;

f) A manutenção da correção monetária dos valores devidos a partir da data do evento


danoso e a incidência de juros de mora de 1% ao mês desde a citação, conforme
determinado na sentença de primeira instância e em conformidade com a legislação
vigente.

Nestes termos, pede deferimento.

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