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Artigo 1 - Valoração Dos Recursos Naturais

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VALORAÇÃO AMBIENTAL: UMA ABORDAGEM TEÓRICA DOS MÉTODOS E

TÉCNICAS APLICADAS

Adualdo Rodrigues da Silva (1), Pedro Luiz Teixeira de Camargo (2)


(1)
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental - Instituto
Federal de Minas Gerais (IFMG) - Campus Bambuí. (2) Professor orientador - IFMG - Campus Ouro
Preto

RESUMO

A valoração ambiental desempenha um papel crucial ao atribuir valor monetário aos recursos
naturais e serviços ecossistêmicos, considerando aspectos econômicos, culturais, éticos e o
bem-estar do ser humano. Os diferentes métodos de valoração ambiental fornecem informações
relevantes para os tomadores de decisão, auxiliando na análise e na gestão dos recursos naturais
e no alcance do desenvolvimento sustentável. Este estudo visa contribuir para consolidação de
uma abordagem cientificamente embasada que considere os aspectos econômicos e os impactos
ambientais, promovendo a harmonia entre o desenvolvimento socioeconômico e a preservação
do meio ambiente. Desse modo, será possível alcançar o desenvolvimento sustentável,
promovendo a harmonia entre a preservação dos recursos naturais e o progresso
socioeconômico em benefício das gerações presentes e futuras.
Palavras-chave: Meio ambiente. Economia. Desenvolvimento.

1 INTRODUÇÃO

A sustentabilidade é uma interação entre aspectos socioeconômicos e ambientais, sendo


amplamente discutido em escala global, do qual busca conciliar as necessidades
socioeconômicas com a preservação dos recursos naturais. (SACHS, 2002). O objetivo da
sustentabilidade é promover a harmonia entre a sociedade e o meio ambiente, considerando
suas interdependências e todas as suas dimensões (RAMOS, 2006). Nesse contexto, a valoração
ambiental desempenha um papel fundamental ao atribuir um valor econômico aos serviços
ecossistêmicos, ressaltando sua relevância para a sociedade e fomentando práticas de
conservação. É importante compreender que esses serviços constituem externalidades positivas
que devem ser consideradas pela economia (ALTMANN, 2012). Diversas abordagens e
metodologias são utilizadas para avaliar monetariamente os impactos no meio ambiente,
considerando outros bens e serviços existentes na economia (MATOS et al., 2010).
É importante destacar a importância de definir quais recursos serão conservados ou
valorados, a fim de que o método utilizado atinja os objetivos pretendidos. Isso ocorre porque

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cada ecossistema possui suas próprias condições e características específicas (CAMARGO,
2018).
A literatura ressalta a importância da utilização de técnicas robustas de valoração
econômica para a avaliação dos recursos ambientais e tomada de decisões informadas
(NIJKAMP; VINDIGNI, 1995). Com base nessas considerações, este trabalho tem como
objetivo investigar a valoração ambiental por meio de métodos específicos, analisando
diferentes abordagens para avaliar os recursos naturais e serviços ecossistêmicos.

2 REULTADO E DISCUSSÃO

Este estudo utiliza uma abordagem de pesquisa bibliográfica para coleta dados em
fontes secundárias. A pesquisa bibliográfica consiste em examinar referências teóricas
previamente analisadas e publicadas em diversos formatos, como livros, artigos científicos e
páginas da web, de acordo com Fonseca (2002). Com o objetivo de fundamentar de forma
científica o estudo sobre os métodos de valoração ambiental e sua aplicabilidade, foram
conduzidas pesquisas em diversas publicações de autores que trataram do assunto.
A valoração ambiental tem se mostrado uma ferramenta útil na compreensão da
contribuição econômica dos ecossistemas para a sociedade e no direcionamento das decisões
de gestão ambiental e políticas públicas. Silva e Lima (2004) destacam que essa abordagem
busca atribuir valor econômico aos bens, recursos e serviços ambientais, com o objetivo de
conciliar desenvolvimento sustentável por meio da preservação e conservação desses recursos.
Os estudos da economia ambiental evidenciam que a valoração dos recursos naturais
vai além de estabelecer um preço que represente seu valor econômico. Ela engloba a soma de
todos os benefícios e serviços que esses recursos fornecem, sendo considerada um ativo
mensurável (FREEMAN III et al., 1993).
A valoração ambiental é um campo de estudo que procura atribuir valores econômicos
aos recursos naturais e serviços ambientais, visando conciliar desenvolvimento sustentável por
meio da manutenção, preservação e conservação desses recursos (COSTANZA et al., 1997).
Os métodos de valoração ambiental podem ser classificados em duas categorias: os de
uso direto e os de uso indireto. Os métodos diretos, segundo a ABNT (NBR 4653-2006),
utilizam o uso de mercados de bens e serviços substitutos ou complementares, bem como

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mercados hipotéticos, para medir as mudanças no bem-estar decorrentes da demanda dos
indivíduos pela qualidade ambiental. O Valor de Uso Direto (VUD) refere-se aos custos ou
benefícios obtidos por meio do uso direto dos recursos naturais, como a contaminação da água
decorrente do seu uso direto.
O Valor de Uso Indireto (VUI) está relacionado aos benefícios indiretos dos serviços
prestados pelo ambiente, ou seja, as funções ecológicas do recurso ambiental. O Valor de Opção
(VO) representa a disposição de um indivíduo em pagar pela opção de utilizar ou não utilizar
um recurso natural no futuro. Por fim, o Valor de Existência ou Valor de Não Uso (VE) refere-
se ao valor atribuído ao simples conhecimento da existência de um recurso natural, mesmo que
nunca tenha sido visto ou utilizado.
Para identificar o Valor Econômico Total (VET) dos recursos naturais, é necessário
realizar o somatório dos seguintes componentes: Valor de Uso Direto (VUD), Valor de Uso
Indireto (VUI), Valor de Opção (VOP) e Valor de Existência) proposto por Mota (2000) na
Equação (1).
VET = VU + VUI + VO + VE (1)

O método da valoração contingente busca estimar o valor que as pessoas estariam


dispostas a pagar pelo uso ou não uso de uma tecnologia que promova a conservação dos
recursos ambientais (LESSER, 1997). O custo de reposição refere-se ao valor necessário para
recuperar um recurso natural degradado.

O método de valoração do preço hedônico se baseia na consideração dos atributos de


um bem privado, que pode variar de acordo com variáveis ambientais, tais como a qualidade
do ar, a existência de nascentes ou a proximidade a um sítio natural (MOTTA,1997).
Em essência, o custo de viagem representa o custo de visitar o espaço natural, quanto
mais distante do local de visitação, menos visitas são esperadas, já que o custo de viagem
aumenta (ORTIZ, 2001). Além disso, existem o custo de controle ou prevenção, relacionado
aos gastos para reduzir ou evitar danos ambientais, como o tratamento de efluentes, e o custo
de mitigação ou reposição, que representa os custos de recuperação de um ambiente danificado,
como um corpo d’água poluído. A análise de custo-benefício é um método amplamente
utilizado, avaliando os benefícios sociais e os custos econômicos associados à preservação e
degradação de recursos naturais.

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O valor de existência, representa o valor atribuído a um recurso ambiental do qual não
está associado ao uso atual ou futuro (PEIXOTO, 2002), mas deriva de uma posição moral,
cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de existência de outras espécies ou riquezas
naturais.
Diante da complexidade dos desafios ambientais que enfrentamos atualmente, a
recomendação é utilizar uma combinação adequada de métodos de valoração ambiental,
adaptando-os de acordo com a natureza dos recursos e os objetivos da análise. Essa abordagem
multifacetada permitirá uma visão mais completa e embasada, auxiliando na tomada de
decisões informadas e no desenvolvimento de políticas públicas eficientes para a conservação
dos recursos naturais e a promoção da sustentabilidade.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A valoração econômica dos recursos naturais é uma ferramenta importante para a


operacionalização da sustentabilidade e o desenvolvimento de políticas ambientais efetivas,
permitindo a comparação de valores entre diferentes alternativas de uso dos recursos.
Considerando os diversos métodos de valoração ambiental apresentados, cada um deles traz
contribuições únicas para a análise e gestão dos recursos naturais. A escolha do método de
valoração adequado depende das características específicas de cada caso e da revisão de estudos
anteriores relevantes. Ao promover a compreensão do valor econômico dos recursos naturais,
essa abordagem fornece informações valiosas para a tomada de decisões informadas e a
formulação de políticas públicas eficientes, contribuindo para a busca pela sustentabilidade e a
preservação do meio ambiente.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA E NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 14653-6: Avaliações


de Bens – parte 6 – Recursos Naturais e Ambientais. Rio de Janeiro: ABNT. 2006, p. 16.

CAMARGO, P. L.T. Valor ambiental da Cachoeira da Serrinha, Mariana-MG, -1. ed.-


Curitiba: Appris, 2018, p. 128.

COSTANZA, R., DE GROOT, R., FARBEr, S., GRASSO, M., HANNON, B., RASKIN, R.
G. The value of the world's ecosystem services and natural capital. Nature, n. 387, 1997, p.
253-260.

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FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UECE, Apostila, 2002, p.
65-75.

FREEMAN III, A. M.; Herriges, J. A.; Kling, C. L. The measurement of environmental


and resource values. Washington: Resource for the future, 1993, p. 437.

ALTMANN, A. Considerações sobre o conceito e a natureza jurídica do sistema de


Pagamento por Serviços Ambientais. In: I Jornada Latino-Americana de Direito e Meio
Ambiente. Florianópolis/SC, 2012

LESSER, J. A.; DODDS, D.E.; ZERBE, R. O. Environmental economics and policy.


Addison-Wesley Educational Inc. 1997, p. 751.

MAIA. G.; ROMEIRO A. Validade e confiabilidade do método de custo de viagem: um


estudo aplicado ao Parque Nacional da Serra Geral. Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade, USP – Ribeirão Preto: Rev. Economia. Aplicada. 12 (1)
-FEACRP, 2008.

MATOS, A.; RIBEIRO, I.; FERNANDES, A.; CABO, P. Análise crítica dos métodos de
valoração econômica dos bens e recursos ambientais. VIII Colóquio Ibérico de Estúdios
Rurales, Universidade da Extremadura., Cáceres, 2010.

MOTA, J. A. O Valor da Natureza: economia e política dos recursos naturais. Rio de


Janeiro: Garamond, 2001, p. 200
MOTTA, R. S. Manual para valoração econômica de recursos ambientais. Brasília:
IPEA/MMA/PNUD/CNPq, 1997, p. 254.

NIJKAMP, P.; VINDIGNI, G. Multicriteria evaluation in environmental planning and


management: A review of the literature. Environmental Impact Assessment Review, 15(2),
1995, p. 89-125.

ORTIZ, R. A. Estimando o valor ambiental do Parque Nacional do Iguaçu: uma aplicação do


método custo de viagem. Texto para discussão. IPEA, Rio de Janeiro, 2001.
PEIXOTO, S. L. Modelo de valoração econômica dos impactos ambientais em Unidades de
Conservação, Brasília: IBAMA 2002, p. 66.

RAMOS, M. N., Educação Sustentável. São Paulo: Altana, 2006, p. 160.

SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. 2ºEd.: Rio de Janeiro: Garamond.,


2002, 96p.

SILVA, R. G.; LIMA, J. E. Valoração Contingente do Parque “Chico Mendes”: uma


Aplicação Probabilística do Método Referendum com Bidding Games. Revista de Economia
e Sociologia. Rural. Brasília, vol.42, n4, 2004, p.685-708.

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