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O Laboratório Existencial Da Alma É o Próprio Ser Humano

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O LABORATÓRIO EXISTENCIAL DA ALMA É O PRÓPRIO SER HUMANO

Autor1, (Daniel Leite da Silva)

RESUMO

Os primórdios da psicanálise se relacionam à própria história de Freud. Ele percebe nos


elementos que o rodeiam, uma base teórica sobre o sofrimento mental e espiritual que conduz
à psicanálise. Freud tencionou compreender as linhagens da histeria e entrou em comunicação
com a sexualidade humana, a partir daí, criou o conceito de inconsciente, do qual derivaram
formulações importantes, com destaque às que explicam a constituição do aparelho psíquico
humano. O conceito de psicanálise, tal como a teoria da incompletude, são importantes
conjecturas freudianas, igualmente como a alma é um princípio vital de estudos.
Hermeneuticamente, a analogia das Escrituras é o instrumento que governa nossos
pensamentos, no qual são também o alicerce deste artigo, que através de uma revisão
bibliográfica, visa fornecer substanciação para quem embarca no estudo desta teoria que
revolucionou o pensamento humano no século XX. Objetivando melhorar relacionamentos,
tem-se a necessidade imperiosa de compreender a história do surgimento da psicanálise e seus
principais conceitos que fundamentam o aprendizado complexo da mente, sabendo que, os
passos do homem são dirigidos pelo Senhor Deus, que tem a solução para o ser humano em
qualquer que seja a área da psique. A psicanálise pode ajudar muito no problema da culpa,
identificando-a como neurose, ajudando o indivíduo a minimizar a carga de suas inquietações
existenciais, visto que, na psicanálise ou na psicologia, não existe o último paradigma. Todavia,
O escopo do Evangelho é a sabedoria do amor; seu método é cuidar, socorrer, transformar a
angustiante e inquietante insegurança existencial da alma.

Palavras chaves: Quietude. Alma. Psicanálise. Filosofia. Evangelho.

1
Doutor em Psicanálise - Phoenix Christian Institute - Flórida - USA, Mestre em Teologia - Christian Education
University - Flórida – USA. Pós-Graduação em Psicanálise, Pós-Graduação em Psicoterapia, Pós-Graduação em
Neuropsicopedagogia e Psicanálise Clinica, Pós-Graduação em Terapia Cognitivo Comportamental, Pós-
Graduação em Neuropsicanálise, Pós-Graduação em Retórica e Oratória em Língua Portuguesa, Pós-Graduação
em Programação Neurolinguística (PNL), Pós-Graduação em Teologia e História das Religiões, Pós-Graduação
em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa, Pós-Graduação em Metodologia do Ensino da Filosofia e
Sociologia, Pós-graduação em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito. Graduado em Letras, Língua Portuguesa
e Respectivas Literaturas, Bacharel em Teologia. Formação em Psicanálise Clínica e Integrativa-IEVI, sob Reg.
15.182. Membro da Associação Brasileira de Psicanálise - ABP, sob Reg. 10.303. Membro da Sociedade Brasileira
de Psicanálise e Psicoterapias- SOBRAPPSI, sob Reg. 060. Associado ao Conselho Brasileiro de Psicanálise
Clinica-CBPC, sob Reg. 2022-96. Membro do Conselho Federal de Educadores e Pedagogos (CFEP) sob Reg.19
001 207. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5084734996438291. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3468-8478. E-mail:
soudannypai@gmail.com
A constituição da Psicanálise se pauta com a própria história de Freud, ele entendeu em
elementos à sua volta as bases para teorizar sobre o ser humano e o sofrimento psíquico que
resultaram na psicanálise. No berçário da psicanálise, usava-se a hipnose como seu primeiro
instrumento de avaliação, Freud acreditava que a hipnose era um recurso fundamental para que
pudesse acessar o inconsciente humano; porém, depois de algum tempo, conquanto existisse
como fenômeno humano, fosse ela mais um fenômeno de indução do que propriamente um
feito de regressão a factualidades, concomitantemente a presença do interventor, do
psicanalista ou do terapeuta com a hipnologia na terapia, suscitava do indivíduo esse acesso
reconhecendo a superioridade do indutor, que no caso aqui é o terapeuta, consequentemente,
ele se coloca na condição de submisso psicológico imediato, de modo que, a intenção não
revelada do terapeuta é percebida, transferida, captada, sentida, funcionando como mecanismo
de indução de sugestão dessa pessoa que aceita o processo de hipnose.
Freud alarga duas teorias do aparelho psíquico, a divisão topográfica e a divisão
estrutural da mente. Na primeira teoria do aparelho psíquico ou primeira tópica freudiana, se
divide o psiquismo em inconsciente, pré-consciente e consciente. O inconsciente para Freud
era uma instância psíquica em que o paciente sabe, mas não sabe que sabe. O inconsciente não
segue uma lógica linear, mas atemporal e dialético, onde contrários coexistem. O inconsciente
é estruturado como linguagem, é a fonte de energia do psiquismo humano. O pré-consciente
seria responsável por armazenar as informações que não estão na consciência naquele exato
momento, mas podem ser acessadas sempre que necessário. Há um fluxo constante entre as três
instâncias:
Estar consciente é, em primeiro lugar, um termo puramente descritivo, que repousa na
percepção do caráter mais imediato e certo. A experiência demonstra que um elemento
psíquico (uma ideia, por exemplo) não é, via de regra, consciente por um período de
tempo prolongado. Pelo contrário, um estado de consciência é, caracteristicamente,
muito transitório; uma ideia que é consciente agora não o é mais um momento depois,
embora assim possa tornar-se novamente, em certas condições que são facilmente
ocasionadas. (FREUD, 1996d, p.27 e 28).

Assertivamente a espiritualidade e a religiosidade foram reconhecidas pelo Conselho


Federal de Psicologia e pela Organização Mundial de Saúde como um instrumento variável da
saúde e constituidora da subjetividade humana. A alma precisa ser sensível sem ser frágil, assim
como a sensibilidade da psique não tem que ser sinônimo de fraqueza da alma. As almas mais
poéticas, mais filosóficas, mais psicológicas, mais sensíveis que já passaram pela História
humana foram também as mais fortes, e, paradoxalmente, as mais expostas à dor, ao trauma, e
à percepção como experiência do desconforto. Na Bíblia, o maior exemplo disso são os relatos
escritos nos Salmos, como também foi com os profetas e os apóstolos, os quais, submetidos à
toda sorte de perdas, traumas e privações, tornaram-se, todavia, os seres mais fortes que já se
conheceu ante a face da morte, das perdas, dos traumas, das angústias, dos desprezos, das
rejeições, dos desconfortos e dos anacronismos e casuísmos da existência.
Conscientemente a partir de si mesmo, o apóstolo Paulo encontrou as respostas
existenciais e a natureza humana. Freud, dois mil anos depois pode ser chamado de um
aprendiz. Sim, certamente Freud leu os quatro evangelhos e as cartas do apóstolo Paulo,
principalmente a carta de Romanos, especificamente o capítulo 7, no qual define a estruturação
da teoria psicanalítica da personalidade, que é composta por três elementos da personalidade –
conhecidos como o ID, EGO E SUPEREGO – trabalham juntos para criar comportamentos
humanos complexos. Chega a ser uma questão de obrigação cultural o fato de Freud ter feito
essa leitura bíblica, principalmente do Novo Testamento.
Quem deseja ser um bom Psicólogo ou psicanalista, é imperativo que leia a carta de
Paulo aos Romanos e os evangelhos, pois a não leitura dos mesmos chega a ser de uma
ignorância sem tamanho para aquele que diz ser psicólogo ou psicanalista e não souber de nada
disso. Da mesma forma, é inconcebível que tanto o psicólogo quanto o psicanalista não tenham
feito a leitura dos livros de Søren Aabye Kierkegaard, que trata da filosofia chamando-a de
psicologia, isto muito antes de Freud.
Talvez alguém se pergunte o porquê da citação do apóstolo Paulo, que suscita muitas
interrogações sobre a natureza humana descrita com uma profundidade psicológica tão
contemporânea nesse nível. Doravante, o que ele teve foi uma profunda revelação como poucos,
porque pouca gente foi tão culpada quanto ele, que carregou uma angústia neurótica de culpa,
e porque não dizer uma culpa funcional como torturador, que obrigava àqueles que iam sendo
perseguidos a obrigatoriedade de blasfemarem. Não tem como não imaginar o que ele carregava
dentro de si, por isso ele levava uma angústia culposa extraordinária.
O apóstolo Paulo teve um laboratório existencial e psicológico dentro dele mesmo, algo
incomparável, de uma angústia que ele experimentou durante muitos anos antes de conhecer a
pacificação do Evangelho. Ao analisar o problema, ele, entretanto, conclui sempre com a
responsabilidade pessoal, trazendo uma estrutura reveladora da alma humana, no que se refere
ao ID, EGO E SUPEREGO em Romanos 7: “Desventurado homem que sou...Sou o principal
pecador...O pecado habita em mim...O bem que prefiro, eu não faço...O mal que detesto, este
mesmo eu faço...”. O ID de Freud é descrito por Paulo quando ele diz: “O pecado habita em
mim”, é o inconsciente, é aquilo que é amoral e que explode dentro de nós, por isso dois mil
anos depois Freud dá o nome disso de ID. Já o consciente, Paulo chama de a lei de Cristo em
minha mente, que é o processo lúcido, de escolhas, e a certeza de que o bem era bem e que o
mal era mal, ele chama de a minha mente. De acordo com a Psicanálise, o SUPEREGO faz
parte do aparelho psíquico, de que ainda fazem parte o EGO (eu) e o ID (impulso). O
SUPEREGO era a Lei, que é aquilo que vem de fora — é o acordo coletivo. O SUPEREGO
representa a censura das pulsões que a sociedade e a cultura impõem ao ID, impedindo-o de
satisfazer plenamente os seus instintos e desejos.
No Evangelho o ser humano vai para além do que Freud conseguiu concluir. Ademias,
quem quer ser um psicólogo ou psicanalista relevante, requer humildade em primeiro lugar, que
não chega com respostas prontas, que não tenha a presunção de achar que alma humana cabe
numa receita, num livro ou numa escola psicanalítica ou psicológica. Ter a humildade de
reconhecer essa premissa é o primeiro passo para ser um psicólogo ou psicanalista relevante,
se servindo também das diversas escolas. Sabendo disso é o segundo passo. O terceiro passo é
saber que não existe nada e nem a soma de todas as escolas de psicanálise ou psicologia poderão
trazer a solução que alma humana precisa acima de tudo, que é aquela que somente acontece se
o psicólogo ou psicanalista puderem olhar para o paciente com a capacidade de dizer ao mesmo
que estão perdoados os seus pecados.
É assertivo o uso das ferramentas da psicologia e da psicanálise no que diz respeito a
ajudar a entender, ouvir, discernir, mapear e ver onde as coisas se comunicam, trazendo uma
ajuda àquele que ouve a construir uma arquitetura abstrata do que se ouve, contudo, a
intervenção tem que ser sempre fundada no único poder libertador que é a verdade, pois a pessoa
tem que ser levada à verdade de si mesma, das suas próprias negações, das suas transferências,
das suas irresponsabilidades, e tem que ser levada a encarar a sua autovitimização, autopiedade,
ou seja, a pessoa tem que aprender a ver a sua própria arquitetura construída, porém, não ter
essa arquitetura como nenhuma forma de justificativa que possa lhe proporcionar o
entendimento ou a compreensão das razões para não se ajudar, que são aquelas que se
involucram pela autopiedade. Quando se tem essa consciência, agindo com essa humildade
confiante, com essa paciência convicta em relação às pessoas, não tem como esse profissional
não ajudar uma alma mais do que qualquer outro profissional da Terra, e porque não dizer com
uma rapidez infinitamente maior, com uma eficácia incomparável, é o que se define como
psicologia profunda, que é entender a psicologia do Evangelho.

REFERÊNCIA

_____________. O Ego e o Id. In: ____. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud:
edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, vol. XIX, 1996b p.15 – 82. 1996d.

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