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Atividade I - Octe

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO


DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
DISCIPLINA: ORGANIZAÇÃO E COORDENAÇÃO DO TRABALHO EDUCATIVO
PROFESSORA: EFIGÊNIA ALVES NERES

ALUNO: TIAGO RODRIGUES SOUSA SANTOS


CURSO: PEDAGOGIA
DATA: 18/10/2024

ATIVIDADE I

Questões:

1. Com base nos estudos dos Textos: “Trabalho Coletivo na Escola” de


Myrtes Alonso e “Questões sobre a Organização do Trabalho na Escola”
de Selma Garrido Pimenta, discorra o seu entendimento acerca da ideia de
que os sistemas de ensino existem como instrumentos que garantem a
continuidade da ação educativa sistematizada e de que, por isso, todas as
suas ações têm como meta possibilitar que as escolas cumpram suas
finalidades. Para isso utilize os seguintes tópicos para construir sua
discussão:

1. Finalidade da Educação Escolar – formar o novo cidadão;


2. Trabalho Coletivo na Escola;
3. Construção do Projeto Político Pedagógico;
4. Dificuldades e Entraves da organização escolar.

O texto deve ser crítico e autoral, seguir as normatizações da ABNT e gramaticais.


Respostas:

A partir das reflexões de Myrtes Alonso em “Trabalho Coletivo na Escola” e Selma


Garrido Pimenta em “Questões sobre a Organização do Trabalho na Escola”, é
possível questionar a ideia de que os sistemas educacionais atuam como
garantidores da continuidade da ação educativa sistematizada e que todas as suas
ações visam assegurar o cumprimento das finalidades das escolas. A análise
desses textos revela um cenário complexo, no qual vários desafios podem afastar a
educação de sua missão principal. Para aprofundar esse debate, serão utilizados os
tópicos a seguir.
1- Finalidade da Educação Escolar – Formação do Novo Cidadão
A pressão por resultados imediatos, como o desempenho em exames padronizados,
também compromete a educação em seu papel de formação de cidadãos críticos. O
foco em resultados quantitativos simplifica a experiência educacional, deixando de
lado questões éticas, sociais e políticas que deveriam ser centrais no processo de
formação. Dessa forma, o sistema de ensino muitas vezes não se alinha com a meta
de formar cidadãos plenos, pois suas prioridades estão em desacordo com essa
missão.
2- Trabalho Coletivo na Escola
O trabalho coletivo, conforme sugerido por Alonso, é um elemento essencial para
que a escola cumpra sua função educativa. Ele promove a troca de conhecimentos,
práticas pedagógicas inclusivas e a criação de um ambiente de aprendizagem mais
colaborativo. No entanto, na prática escolar, esse ideal está longe de ser uma
realidade. A hierarquização, a burocratização e a sobrecarga de trabalho dos
docentes dificultam a implementação eficaz do trabalho coletivo.
Essas barreiras criam um ambiente escolar fragmentado, onde as decisões são
tomadas de maneira isolada por gestores ou professores, sem espaço para a
reflexão conjunta. Além disso, há resistências culturais à colaboração, tanto dentro
das escolas quanto no sistema educacional, o que dificulta a construção de uma
educação mais integrada e centrada no desenvolvimento dos alunos. A falta de
condições adequadas para que o trabalho coletivo se desenvolva impede que as
escolas alcancem plenamente suas finalidades educativas.
3- Construção do Projeto Político Pedagógico (PPP)
O Projeto Político Pedagógico (PPP) é uma das principais ferramentas para orientar
as ações educativas da escola. Pimenta ressalta que o PPP deve ser fruto de um
processo coletivo e democrático, com a participação de professores, alunos, pais e
toda a comunidade escolar. Entretanto, na prática, o PPP muitas vezes é tratado
como um documento formal que pouco reflete a vivência diária das escolas.
O PPP deveria servir para alinhar as práticas escolares com os princípios de uma
educação voltada para a cidadania. Porém, sua construção enfrenta obstáculos,
como o baixo engajamento da comunidade e a falta de preparo dos educadores para
contribuir criticamente. A burocratização e a escassez de tempo e recursos também
prejudicam seu potencial transformador, reduzindo o PPP a uma exigência
burocrática em vez de um instrumento efetivo de mudança.
4- Dificuldades e Entraves da Organização Escolar
Tanto Alonso quanto Pimenta destacam as dificuldades e entraves que afetam
diretamente a organização escolar e sua capacidade de cumprir suas finalidades. A
estrutura do sistema educacional, muitas vezes, não oferece as condições
necessárias para um trabalho pedagógico de qualidade. A escassez de recursos
materiais e humanos, o excesso de burocracia e a sobrecarga de tarefas
administrativas impactam negativamente o trabalho docente e a organização como
um todo.
A desvalorização do professor é outro entrave significativo, manifestada por baixos
salários, falta de formação continuada e condições de trabalho inadequadas. Essa
precarização desmotiva os educadores, que acabam não tendo o suporte necessário
para inovar e melhorar suas práticas pedagógicas. A centralização das decisões
escolares também limita a eficácia das ações educativas, já que impede a
participação democrática e o desenvolvimento de um trabalho coletivo.
5- Conclusão
Embora os sistemas educacionais sejam concebidos como instrumentos que
garantem a continuidade da educação organizada, os textos de Myrtes Alonso e
Selma Garrido Pimenta mostram que há uma grande distância entre essa
concepção ideal e a realidade escolar. Dificuldades estruturais, a ausência de
condições para o trabalho coletivo e a burocratização dos processos pedagógicos
comprometem as finalidades da educação escolar, especialmente a formação de
cidadãos críticos e conscientes. Para que as escolas possam de fato cumprir sua
missão, é necessário reavaliar o modelo organizacional, priorizando o trabalho
coletivo e a participação democrática na elaboração dos projetos pedagógicos.
Os textos "Trabalho Coletivo na Escola", de Myrtes Alonso, e "Questões sobre a
Organização do Trabalho na Escola", de Selma Garrido Pimenta, oferecem uma
análise detalhada sobre o papel dos sistemas de ensino como responsáveis por
assegurar a continuidade da educação sistematizada. De acordo com essas autoras,
os sistemas de ensino deveriam garantir que todas as ações das escolas fossem
direcionadas ao cumprimento de suas finalidades educacionais, em especial a
formação de cidadãos críticos, conscientes e atuantes. Entretanto, a realidade
educacional, marcada por obstáculos estruturais e organizacionais, demonstra uma
grande disparidade entre esse ideal e o que ocorre na prática.

A educação escolar, em sua essência, tem como principal objetivo a formação do


"novo cidadão", ou seja, preparar indivíduos para exercerem plenamente sua
cidadania em uma sociedade democrática. Segundo Alonso e Pimenta, essa
formação transcende o simples acúmulo de informações, abrangendo o
desenvolvimento de competências críticas, sociais e éticas, essenciais para a
participação ativa na sociedade. No entanto, o sistema educacional frequentemente
se afasta desse propósito ao dar prioridade ao cumprimento de metas quantitativas
e ao desempenho em avaliações padronizadas. Essa ênfase desvia o foco da escola
de seu potencial para promover uma educação transformadora, que forme cidadãos
críticos e conscientes de seu papel social, refletindo uma tendência de submissão às
exigências de um mercado de trabalho cada vez mais técnico e desumanizado.

O trabalho coletivo na escola, conforme abordado por Myrtes Alonso, é fundamental


para que a instituição atinja suas metas educativas. A colaboração entre
professores, gestores e outros membros da comunidade escolar cria um ambiente
favorável à troca de saberes e à construção de práticas pedagógicas que atendam
às necessidades dos alunos. No entanto, na prática, muitas escolas enfrentam
grandes desafios para efetivar esse trabalho coletivo. A sobrecarga de atividades
docentes, a falta de tempo para planejamento colaborativo e barreiras culturais
internas impedem que a cooperação se concretize de forma plena. Assim, embora o
discurso sobre a importância do trabalho coletivo esteja presente, sua
implementação na rotina escolar é limitada, prejudicando a educação integrada e o
desenvolvimento pleno dos estudantes.
Outro ponto relevante discutido nos textos é a construção do Projeto Político
Pedagógico (PPP). O PPP deveria representar a identidade da escola e seu
compromisso com a formação cidadã, articulando as ações pedagógicas com as
demandas da comunidade escolar. Selma Garrido Pimenta defende que o PPP deve
ser elaborado de maneira democrática e participativa, com o envolvimento de todos
os membros da comunidade escolar. No entanto, na realidade, essa construção
muitas vezes ocorre de forma burocrática e superficial, sem a participação efetiva
dos atores envolvidos. Em muitos casos, o PPP é tratado apenas como uma
exigência legal, perdendo seu potencial transformador. Essa desconexão entre a
teoria e a prática compromete a coerência das ações educativas e a capacidade da
escola de se tornar um verdadeiro espaço democrático de formação cidadã.

Além disso, a organização escolar enfrenta diversas dificuldades que limitam a


concretização de suas finalidades. Alonso e Pimenta apontam a precariedade das
condições de trabalho dos professores, a carência de recursos materiais e humanos,
e a burocracia excessiva como fatores que afetam diretamente a qualidade da
educação. A falta de formação continuada e a desvalorização do trabalho docente
geram práticas pedagógicas muitas vezes mecânicas e desmotivadas. Esses
problemas estruturais, somados à falta de autonomia das escolas para tomarem
decisões que atendam às suas especificidades, criam um ambiente educacional
incapaz de responder adequadamente às demandas de uma sociedade em
constante transformação.

Dessa forma, ainda que os sistemas de ensino sejam idealizados como instrumentos
que garantem a continuidade da educação organizada e asseguram que as escolas
cumpram suas finalidades, as análises de Alonso e Pimenta revelam um cenário
repleto de contradições e desafios. A realidade escolar, caracterizada por
dificuldades estruturais, a falta de valorização do trabalho coletivo e a burocratização
dos processos pedagógicos, impede que as finalidades educacionais, especialmente
a formação de cidadãos críticos e participativos, sejam plenamente atingidas. Para
que a escola possa, de fato, cumprir seu papel social, é necessário repensar os
modelos de organização, privilegiando o trabalho coletivo, a construção democrática
do PPP e a superação dos obstáculos que limitam a prática pedagógica. Somente
dessa maneira será possível desenvolver uma educação que vá além da mera
transmissão de conhecimento, formando cidadãos capazes de transformar a
sociedade em que estão inseridos.

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