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Artigo Tereza Garbin PDF

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL– PDE

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GESTÃO

GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA :LIMITES E


POSSIBILIDADES

CASCAVEL
2008

1
GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA:LIMITES E
POSSIBILIDADES
Tereza Garbin1
Janaina Almeida2

“A administração escolar inspirada na cooperação recíproca


entre os homens deve ter como meta a constituição, na escola, de
um novo trabalhador coletivo que, sem os constrangimentos da
gerência capitalista e da parcelarização desumana do trabalho ,
seja uma decorrência do trabalho cooperativo de todos os
envolvidos no processo escolar, guiados por uma “vontade
coletiva”, em direção ao alcance dos objetivos verdadeiramente
educacionais da escola”.(Paro,1986, p. 160)

1
Professora da Rede Estadual de Ensino Paranaense e Região Oeste do Estado.
2
Professora Orientadora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus
de Foz do Iguaçu.
2
Gestão Escolar Democrática na escola pública: limites e possibilidades.
Resumo: A democracia e, consequentemente, a gestão democrática na
educação, não se originam no interior da escola. No entanto, são postos como
campo privilegiado de intervenções política e ideológica e trazem na sua
essência pedagógica a possibilidade de construção de novos paradigmas e
práticas que priorizem a via democrática no espaço escolar e, sociedade. O
processo de gestão democrática constrói-se na correlação das forças políticas
colocando o bem comum em primeiro plano. Discutir Gestão Democrática, os
seus limites e as suas possibilidades é um grande desafio, dado a nossa
própria experiência em democracia representativa. No entanto, sabemos que
há um longo caminho a percorrer, o que exige de nós, professores, uma ação
mais efetiva, ou seja, sair da zona de conforto,da espera do milagre, enfrentar
desafios na busca de uma Gestão que priorize a educação como veículo para
se alcançar uma sociedade mais justa e igualitária.

Palavras-chave: gestão democrática, educação e escola

Abstract: Democracy and therefore the democratic management in education,


does not originate within the school. However, they are privileged positions as
field of operation and bring political and ideological education in essence the
possibility of building new paradigms and practices that prioritize the
democratic path at school and in society. The process of democratic
management is built on the correlation of political forces by placing the common
good first. Discuss Democratic Management, its limits and its possibilities is a
great challenge, because "our own experience in representative democracy.
However, we know that there is a long way to go, which requires of us,
teachers, an action more effective, ie leave the zone of comfort, waiting for the
miracle, face challenges in finding a management that prioritize education as a
vehicle for achieving a more just and equal society.
KEY-WORD: Democratic management, education and school.

Introdução
3
Este artigo é parte da pesquisa bibliográfica feita pelo Programa de
Desenvolvimento Educacional, vinculado à Secretaria de Estado da Educação do
Paraná entre o período de 2007 a 2008.
Tendo como objetivo contribuir para ampliação da discussão, da reflexão
e da ação dos dirigentes escolares, equipe pedagógica, professores e funcionários
que atuam no ensino público paranaense, bem como, à toda comunidade escolar
sobre a problemática da Gestão .
Durante a trajetória de 35 anos no magistério, foi possível observar que o
processo de transformação histórica muito tem influenciado no perfil do gestor
escolar. Considerando que todo processo de mudança deixa marcas, com o
administrador escolar não foi diferente. Os anos 90 deixaram marcas profundas no
sistema educacional brasileiro.
De acordo com a nova LDB/9394/96 configurada neste momento
político enviesado de nuances neoliberais é que se pôde ter uma abertura maior
para a democratização da gestão. Falava-se em gestão participativa e uma nova
visão parecia nascer para o papel do diretor aconteceram alguns avanços que não
se multiplicaram em todas as esferas educacionais, pois apesar da criação de
conselhos e colegiados, muitos eram apenas de fachada e a participação da
comunidade escolar não acontecia, ficando todas as decisões sob a
responsabilidade do diretor .Sabemos que, infelizmente, ainda existem escolas com
dirigentes , trabalhando numa linha autoritária , centralizando as ações e
dificultando as tomadas de decisões de forma coletiva.
Na perspectiva de abrir debates em torno da construção de uma escola
democrática, o governo junto à secretaria de estado, vêm desenvolvendo vários
programas que visam proporcionar aos gestores escolares uma preparação
adequada para melhor direcionarem as ações que envolvem o ambiente escolar,
sem perder de vista a melhoria da qualidade de ensino função precípua da escola.
Sabe-se que, hoje, é possível apontar instituições de ensino que poderiam
ser modelo na construção do caminho para a democratização da escola pública.
São aquelas que buscam, no coletivo, superar desafios e romper com a rotina
burocrática. Longe de desempenhar uma função meramente burocrática, a escola
por meio dos docentes, discentes, funcionários, equipe pedagógica, diretiva, enfim,

4
a toda comunidade escolar cabe estabelecer um relacionamento entre “meios e
fins” para equacionar na escola problemas educacionais e administrativos.
Exercendo o cargo de diretora auxiliar percebemos a necessidade de
aprofundar e estudar sobre o conceito e concepção que permeia a prática da gestão
democrática na escola pública. Cabe ao administrador envolver o grupo que dirige
não só na execução, mas também no planejamento ou programação, e na
avaliação das atividades desenvolvidas.
Segue o depoimento de uma diretora que faz parte do GTR:

“como diretora de uma escola pública há 03 anos,


adquiri experiências de como conviver com todos os
tipos de pessoas e aprendi a exercitar a paciência para
ter um bom relacionamento com todos. No trabalho
pedagógico é possível estar sempre presente,
acompanhando passo a passo, propondo atividades
para a melhoria da aprendizagem.Até o presente
momento, sinto-me parcialmente realizada no trabalho,
pois ainda falta muito, por exemplo, a participação dos
pais , interesse pelo estudo por parte dos educandos,
entre outros. Pretendo trabalhar mais com os pais,
incentivando-os a se fazerem presentes na escola ,
participando ativamente e coletivamente. De positivo
já conseguimos CELEM, sala de recursos, reforma do
prédio, livro didático público, informática e muito
mais... trabalhar na educação é sempre um desafio...
mas sou feliz e acredito naquilo que faço, porque faço
com amor e dedicação.”(Sônia Maria Furlam,
Brasilândia , PR, dez,2007 )”.

Assim como a professora Sônia, conhecemos gestores comprometidos


com uma educação que ofereça ,a quem faz parte da comunidade escolar onde
atuam, um acolhimento carinhoso e concordamos com DALMÁS (op. cit., p. 39)

5
quando ele diz que não pode haver na escola um clima de hostilidade, de
individualismo, de irresponsabilidade e de não envolvimento, pois esses atrapalham
o andamento do planejamento participativo e que invés da construção desse clima
deva existir sim, um ambiente de acolhida, aceitação mútua e interesses de um
pelo outro.
Nossa experiência nos mostra que o respeito, a fraternidade, o direito
de igualdade e o companheirismo são fatores essenciais no desenvolvimento do
trabalho coletivo para ,desta forma, atingirmos a conscientização sobre a
necessidade de mudanças de atitudes que visam a combater ideologias impostas
por grupos dominantes.Seria a maneira de “abrir os olhos “ou seja, não se alienar
diante de situações que merecem ser melhor analisadas.
Sabemos que tudo isso faz parte de um grande desafio diante dos
problemas sociais que vivenciamos e, diante dos quais, muitas vezes, nos sentimos
limitados em frente ao desinteresse e falta de responsabilidade de pessoas que, às
vezes, caminham conosco dentro do nosso ambiente de trabalho. Sentimos-nos
enfraquecidos pelo descaso em relação ao material, estrutura física, número restrito
de pessoal sem contar a cobrança dos nossos superiores.
Por outro lado, vemos oportunidades que não podemos deixar passar e
mesmo diante das dificuldades é preciso ter coragem e ousadia para buscar nossos
objetivos. E através de um trabalho coletivo nos fortalecermos, fazendo das pedras
do nosso caminho degraus que nos ajudarão no alcance das metas finais.
Portanto, diante das experiências vivenciadas e com o apoio que
tivemos dos professores e orientadores do PDE, vemos a nossa frente um horizonte
com mais possibilidades de trabalharmos para que a democratização da escola
pública, principalmente, no que se refere à gestão, passe do faz de conta para uma
nova forma de administração, que rompe com a concepção de organização
burocrática, assumindo a administração compartilhada e integrada totalmente ao
pedagógico com o objetivo final de desenvolver um ensino-aprendizagem que
venha ao encontro das expectativas dos nossos educandos, dando-lhes bases
necessárias para continuarem seus estudos e, conseqüentemente, possam estar
inseridos no contexto sócio político e econômico do nosso país.

6
No desenvolvimento deste trabalho, buscamos estudar autores que
discutem essa problemática como Paro (1993), Freire (1997),Gadotti (1997),
Machado(1999).
De acordo com Anísio Teixeira, segundo LÔBO (1999), democracia é
liberdade de pensar, para produzir a unidade de ação consentida e partilhada. A
democracia só vai se realizar pela Educação quando essa for compreendida como
um processo de aprender a pensar, tornando-se capaz de partilhar a vida em
comum e dar a si e a essa vida comum a sua contribuição necessária e única. Não
é só uma forma de governo, é acima de tudo um modo de vida. Nada deve ser
imposto do alto, mas tudo deve ser resultado do pensamento partilhado de todos os
envolvidos. Faz-se necessário recuperar a escola como espaço democrático pelo
debate, pela discussão, pela competência técnica, pelo currículo, pelos métodos de
ensino e de disciplina, na relação entre alunos, professores e diretores.
Para que estas ações sejam efetivadas na escola, torna-se
imprescindível que se repense as formas administrativas e pedagógicas vivenciadas
até o presente momento, principalmente , quando nos referimos à gestão , pois se
trata de um assunto que representa um importante instrumento de consolidação de
democracia em nível de sociedade, considerando que a escola e a sociedade estão
dialeticamente constituídas. Promover a democratização da gestão escolar significa
estabelecer novas relações entre a escola e o contexto social no qual está inserida.
Repensar a teoria e a prática da gestão educacional no sentido de eliminar os
controles formais e incentivar a autonomia das unidades escolares, via participação
da comunidade, sem, contudo, desconsiderar o papel do Estado na manutenção e
no desenvolvimento das instituições públicas de ensino.

“Se sonhamos com uma sociedade menos agressiva,


menos injusta, menos violenta, mais humana, o nosso
testemunho deve ser o de quem, dizendo não a qualquer
possibilidade em face dos fatos, defende a capacidade do
ser humano em avaliar, de compreender, de escolher, de
decidir e, finalmente, de intervir no mundo.” (FREIRE, P.
1997, p. 58-59 )”.

7
Segundo Paro, o fortalecimento da escola e a conquista da autonomia
político-pedagógica são condições indispensáveis para promover a qualidade da
educação e fundamentalmente, constituem-se em instrumentos de construção de
uma nova cidadania. Assim, a democratização institucional constitui um caminho
para que a prática pedagógica torne-se efetivamente prática social e possa
contribuir para o fortalecimento do processo democrático mais amplo.

“A luta pela democratização da escola situa-se,


assim, no bojo da própria luta pela democratização da
sociedade, que, no limite, coincide com a transformação
social, ou seja, com a revolução enquanto processo
prolongado de transformação estrutural da sociedade
(PARO 1993, p.167)”.

De acordo com o autor citado, o conceito e a prática de gestão


democrática ainda não estão, suficientemente, desenvolvidos nas organizações
educacionais. Tanto o conceito de gestão quanto o de democracia não se
originaram no interior da escola. No entanto, a escola como campo privilegiado de
intervenções política e ideológica traz na sua essência pedagógica a possibilidade
de construção de novos paradigmas e práticas que priorizem a via democrática na
escola e na sociedade. O processo de gestão democrática constrói-se na
correlação das forças políticas colocando o bem comum em primeiro plano.
Pressupõe-se, assim, autonomia para que cada escola possa construir seu projeto
político-pedagógico e estabelecer seu próprio sistema de avaliação.

“O projeto da escola depende, sobretudo da ousadia


de seus agentes, da ousadia de cada escola em
assumir-se com tal, com a cara que tem e que deseja
ter, com seu cotidiano, o seu tempo espaço. Constrói-se
de forma interdisciplinar. (...) o projeto pedagógico pode
ser considerado um momento importante de renovação

8
da escola. Projetar significa "lançar-se para frente",
antever um futuro diferente do presente (GADOTTI,
1997, p.579).

Concordamos com o autor supra citado ,nesse sentido, a escola torna-


se democrática e sua essência pedagógica, traduzida por seu caráter público pelas
novas relações sociais que estabelece pela democratização das decisões e
formação da cidadania. A gestão da escola deve estar pautada no seu projeto
político pedagógico, pois este implica na participação da comunidade escolar na
definição de suas políticas e seus projetos educacionais. A escola não é
democrática só por sua prática administrativa. Ela torna-se democrática por toda a
sua ação pedagógica e essencialmente educativa. Não podemos pensar que a
gestão democrática da escola possa resolver todos os problemas de um
estabelecimento de ensino ou da educação. No entanto, sua implantação é, hoje,
uma exigência da educação que a vê como um dos possíveis caminhos para a
democratização do poder na escola e na própria sociedade. Neste contexto, a
educação é convocada como instrumento de mudança, atribuindo à escola o papel
de estabelecer uma nova hegemonia (GRAMSCI,1978)
Apontando para as análises Gramscinianas o Exercício Democrático
vive de uma ação coletiva; a cultura democrática cria-se com a própria democracia.
Atualmente, os debates acadêmicos e governamentais sobre o sistema escolar e as
políticas educacionais, apontam a organização escolar como objeto final para a
realização e concretização dos objetivos e metas do sistema educacional, visando
proporcionar nestes ambientes educativos, um espaço de formação de cidadania e
saber constituído pelos seus componentes.
Considerando-se que a organização escolar é um trabalho dinâmico, faz-
se necessário que os Educadores desenvolvam competências profissionais básicas
para que possam efetivamente participar da Gestão e Organização da Escola sendo
para isso necessário a compreensão das Políticas Educacionais.
O diretor da Escola pública deve ter conhecimentos básicos sobre o
processo que envolve a gestão democrática, delegando responsabilidades,
promovendo o trabalho em equipe, visando à cooperação multidisciplinar entre os

9
professores, desenvolvendo atitudes investigativas e possibilitando, assim, uma
maior qualificação teórica e prática entre os educadores, capacitando-os para o
exercício da participação democrática, consciente e ativa na implementação do
projeto político-pedagógico, na perspectiva de, com isso, chegar a uma escola
centrada na democratização, feita pela comunidade próxima e pelos quadros da
Organização Escolar.
Quem foi ou é diretor já sabe que o dia- a- dia deste profissional em
educação não é uma tarefa fácil. Desde o momento que chega na escola até o
encerramento das atividades ele, muitas vezes, se perde diante de tantos
compromissos.Suprir as necessidades da escola ,atender alunos,conversar com os
professores ,ouvir reivindicação dos pais,interar-se do trabalho pedagógico sem
contar que o burocrático lhe toma a maior parte do tempo. É comum ouvir diretores
que se sentem cansados e digam que nessa função é preciso “matar um leão por
dia”.Entretanto, há aqueles que já desenvolvem um trabalho diferenciado ,
delegando poderes , dividindo as responsabilidades e promovendo a articulação
com toda a comunidade escolar.Estudam e buscam formação específica.

“ É aí que se pode compreender a importância do


papel do gestor no desenvolvimento das atividades
escolares para que sejam distribuídas de forma
democrática (...) a descentralização é hoje, uma
tendência mundial..Recebe o nome de descentralização,
de desconcentração de autonomia, de auto-gestão,
delegação de poderes, ou seja, passar o poder para a
escola o gestor além de delegar responsabilidades nas
ações, deve estar atento para a efetivação das
mesmas,não perdendo de vista a melhoria da qualidade
de ensino , Machado ( 1999 )”.

Compete a gestão a mobilização de toda comunidade escolar para que


busque resultados através das ações conjuntas as quais devem ser planejadas e
articuladas, pois é por meio delas que se pode observar de forma global os

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problemas que envolvem a escola como um todo. Exercício Democrático vive de
uma ação coletiva; a cultura democrática cria-se com a própria democracia.
Concordamos com Ana Luiza Machado ,(UNESCO,2000), quando ela diz que:

“para efetivação da democracia na gestão pública, o


sistema educacional há que se preocupar com a
formação específica do diretor. Não basta que ele seja
um bom professor, precisa possuir ferramentas
executivas que lhe possibilitem otimizar o uso dos
recursos humanos, materiais, tecnológicos e
financeiros disponíveis. Que lhe permita realizar um
trabalho articulado com a comunidade escolar e gerar
um clima propício ao trabalho coletivo.”

Ainda, segundo a autora citada, outro papel dos gestores de sistema


educacional é o de incentivar a participação social em educação, fazendo com que
outros setores do governo se dediquem, também, à educação, e que a sociedade
civil em geral e a comunidade educacional contribuam para o melhoramento do
setor educacional. Estimular a participação requer abrir-se e cumprir um papel de
animador para que a sociedade como um todo e cada pessoa de maneira
específica, também, possa e sentir-se comprometido com as questões
educacionais. É fazer da educação não só um direito, como também um dever de
cada um. Nesse sentido, é importante que os gestores de sistema educativo
estejam permanentemente prestando contas e informando sobre o que está
acontecendo, argumenta a pesquisadora:
.
“Planejar, em sentido amplo, é um processo que visa a
dar respostas a um problema, através do
estabelecimento de fins e meios que apontem para a
sua superação, para atingir objetivos antes previstos,
pensando e prevendo necessariamente o futuro, mas
sem desconsiderar as condições do presente e as

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experiências do passado, levando-se em conta os
contextos e os pressupostos filosófico, cultural,
econômico e político de quem planeja e de com quem
se planeja”.

Parafraseando Vitor Henrique Paro em seu livro Administração


Escolar, entendemos que é um processo a se realizar a longo prazo porém há a
necessidade de que na prática tomem-se atitudes que venham a modificar
comportamentos, oportunizando às pessoas a participarem de forma efetiva desde
o desenvolvimento num clima amistoso nas relações humanas , que haja o espírito
de cordialidade e ações solidárias no interior da escola, até a luta pelos direitos
humanos de toda ordem no nível da sociedade global.
Saber organizar e gerir a escola pública é um desafio para
Coordenadores pedagógicos orientadores educacionais, professores, e
principalmente para os Diretores, pois são esses os principais interlocutores sociais
da organização escolar, responsáveis pela sensibilização ética dos educadores,
desta forma, comprometê-los com a gestão democrática que é o processo político
através do qual as pessoas na escola discutem, deliberam e planejam, solucionam
problemas e os encaminham, acompanham, controlam e avaliam o conjunto das
ações voltadas ao desenvolvimento da própria escola. Ainda, sobre o assunto
(PARO, 1986, p.160) diz que:

A administração escolar inspirada na cooperação


recíproca entre os homens deve ter como meta a
constituição, na escola, de um novo trabalhador
coletivo que, sem os constrangimentos da gerência
capitalista e da parcelarização desumana do trabalho ,
seja uma decorrência do trabalho cooperativo de todos
os envolvidos no processo escolar, guiados por uma
“vontade coletiva”, em direção ao alcance dos objetivos
verdadeiramente educacionais da escola.

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Este processo, sustentado no diálogo e na alteridade, tem como base a
participação efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar, o respeito a
normas coletivamente construídas para os processos de tomada de decisões e a
garantia de amplo acesso às informações aos sujeitos.Sabe-se que há um longo
caminho a percorrer, no entanto, é preciso agir, sair da zona de conforto, sair da
espera do milagre, enfrentar desafios na busca de uma educação que seja veículo
para se alcançar uma sociedade mais justa e igualitária. Sobre isso, nos referimos a
Paulo Freire, na obra Pedagogia da Esperança :

“Pensar que a esperança sozinha transforma o


mundo e atuar movido por tal ingenuidade é um modo
excelente de tombar na desesperança, no pessimismo,
no fatalismo. Mas, prescindir da esperança na luta para
melhorar o mundo, como se a luta se pudesse reduzir a
atos calculados apenas, à pura cientificidade, é frívola
ilusão. Prescindir da esperança que se funda também
na verdade como na qualidade ética da luta é negar a
ela um dos seus suportes fundamentais. O essencial
como digo mais adiante no corpo desta Pedagogia da
esperança, é que ela, enquanto necessidade ontológica,
precisa de ancorar-se na prática. Enquanto necessidade
ontológica a esperança precisa da prática.

Considerações finais

No decorrer deste breve estudo sobre gestão democrática, quando


aplicamos mais nossos conhecimentos empíricos referentes aos anos de
experiência de sala de aula, ou melhor, em educação pública, podemos fazer
algumas considerações, mas em nenhuma delas trazemos como uma questão
acabada, fonte de algum tipo de orgulho acadêmico, uma vez que a ciência, seja
ela, no sentido da pesquisa pura ou aplicada, necessita, acima de tudo, de uma

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perspectiva crítica. Entendemos que a gestão democrática se tornará possível
quando a comunidade escolar estiver envolvida na compreensão da palavra, em
sua concepção, não apenas conceitual, que vincula - se às teorias crítico reflexivas,
mas também, às vivências dos professores, desde as escolas mais distantes,
aquelas em que os alunos necessitam percorrer quilômetros para ter acesso ao
ensino, ou mesmo, os grandes colégios das cidades-pólo, como Cascavel,
Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Curitiba, entre outras.
Podemos dizer, também, que a gestão democrática não é apenas um
alicerce para conquista da autonomia e da construção de forma coletiva de
administrar, mas também é, fundamentalmente, uma necessidade e, como tal,
deveria ser o objetivo comum de todo o universo escolar.
Ao finalizarmos, citamos CORTELLA (2002), “um amanhã sobre o
qual não possuímos certezas, mas que sabemos possibilidades” é com estas
possibilidades, com os nossos índices reais de educação pública, que devemos
focar o nosso trabalho de educadores.
Neste cenário, foi fundamental a participação deste programa de
desenvolvimento educacional, quando pudemos trocar experiências com nossos
pares, ter acesso a uma bibliografia atualizada e, acima de tudo, perceber que a
pesquisa é um dos grandes horizontes para aprimorar o ensino público.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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________.Educação Como Prática da Liberdade.PAZ E TERRA S/A,1996.
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