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DM SoaresAntonio 2015 MEM

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Determinação da tenacidade à fratura de

adesivos estruturais em modo misto pelo


ensaio Single-Leg Bending

ANTÓNIO PEDRO OLIVEIRA AMORIM LEITE SOARES


Junho de 2015
Determinação da tenacidade à fratura de adesivos
estruturais em modo misto pelo ensaio Single-Leg
Bending

António Pedro Oliveira Amorim Leite Soares

Dissertação submetida para a obtenção do grau de Mestre em


Engenharia Mecânica

Instituto Superior de Engenharia do Porto

Departamento de Engenharia Mecânica

24 de julho de 2015
Relatório da Unidade Curricular de Dissertação/Projeto/Estágio do 2º ano do Mestrado em
Engenharia Mecânica

Candidato: António Pedro Oliveira Amorim Leite Soares, 1091423@isep.ipp.pt

Orientação Científica: Raul Duarte Salgueiral Gomes Campilho, rds@isep.ipp.pt

Coorientação Científica: Francisco José Gomes da Silva, fgs@isep.ipp.pt

Mestrado em Engenharia Mecânica

Departamento de Engenharia Mecânica

Instituto Superior de Engenharia do Porto

24 de julho de 2015
Dedico este trabalho aos meus Pais e família que sempre me apoiaram
AGRADECIMENTOS

Agradecimentos
Desejo agradecer a todas as individualidades e instituição que possibilitaram a realização da presente
dissertação, nomeadamente:

Ao Professor Doutor Raul Duarte Salgueiral Gomes Campilho, pelo apoio prestado durante todo este
processo e sempre que solicitada ajuda pela minha parte.

Ao Professor Doutor Francisco Gomes da Silva pela disponibilização de material necessário à


realização da etapa experimental e tempo despendido no auxílio da elaboração do trabalho.

Ao ISEP por conceder as suas instalações para a realização das etapas práticas integrantes a este
trabalho.

vii
RESUMO

Resumo
A utilização de juntas adesivas em aplicações industriais tem vindo a aumentar, em detrimento dos
métodos tradicionais tais como a soldadura, brasagem e ligações aparafusadas e rebitadas. Este facto
deve-se às vantagens que estas oferecem, como o facto de serem mais leves, comportarem-se bem
sob cargas cíclicas ou de fadiga, a ligação de materiais diferentes e menores concentrações de
tensões. Para aumentar a confiança no projeto de estruturas adesivas, é importante conseguir prever
com precisão a sua resistência mecânica e respetivas propriedades de fratura (taxa crítica de
libertação de energia de deformação à tração, GIC, e corte, GIIC). Estas propriedades estão diretamente
relacionadas com a Mecânica da Fratura e são estimadas através de uma análise energética. Para este
efeito, distinguem-se três tipos de modelos: modelos que necessitam da medição do comprimento de
fenda durante a propagação do dano, modelos que utilizam um comprimento de fenda equivalente e
métodos baseados no integral J. Como na maioria dos casos as solicitações ocorrem em modo misto
(combinação de tração com corte), é de grande importância a perceção da fratura nesta condições,
nomeadamente das taxas de libertação de energia relativamente a diferentes critérios ou envelopes
de fratura. Esta comparação permite, por exemplo, averiguar qual o melhor critério energético de
rotura a utilizar em modelos numéricos baseados em Modelos de Dano Coesivo.

Neste trabalho é realizado um estudo experimental utilizando o ensaio Single-Leg Bending (SLB)
em provetes colados com três tipos de adesivos, de forma a estudar e comparar as suas propriedades
de fratura. Para tal, são aplicados alguns modelos de redução da taxa de libertação de energia de
deformação à tração, GI, e corte, GII, enquadrados nos modelos que necessitam da medição do
comprimento de fenda e nos modelos que utilizam um comprimento de fenda equivalente. Numa
fase posterior, procedeu-se à análise e comparação dos resultados adquiridos durante a fase
experimental de GI e GII de cada adesivo. A discussão de resultados foi também feita através da
análise dos valores obtidos em diversos envelopes de fratura, no sentido de averiguar qual o critério
de rotura mais adequado a considerar para cada adesivo.

Foi obtida uma concordância bastante boa entre métodos de determinação de GI e GII, com exceção
do adesivo mais dúctil, para o qual o método baseado no comprimento de fenda equivalente
apresentou resultados ligeiramente superiores.

Palavras-Chave

Single-Leg Bending, ligação adesiva, adesivo estrutural, mecânica da fratura, tenacidade à fratura,
envelope de fratura.

ix
ABSTRACT

Abstract
The industrial applications of bonded joints have been increasing, instead of more traditional
methods like welding, brazing, and bolted and riveted connections. This is due to the advantages
offered by bonded joints, opposed to the other joining methods, such as less weight, better behavior
under cyclical or fatigue loads, enabling joining different materials and smaller stress concentrations.
In order to increase the confidence in the design of adhesive structures, it is important to accurately
predict their strength and respective fracture properties (critical strain energy release rate in tension,
GIC, and shear, GIIC). These properties are directly related with Fracture Mechanics and are estimated
by an energetic analysis. Three types of data reduction models are available: models that require the
measurement of crack length, models that use an equivalent crack length and models based on the J
integral. Since bonded joints are typically loaded in mixed-mode (combination of tensile and shear
loads), it is highly important the perception of the fracture behavior under these conditions, namely
the strain energy release rates with respect to different criteria or fracture envelopes. This comparison
allows, for example, the investigation of the most suited energetic criterion to use in numeric models
based on cohesive damage models.

This work consists of an experimental study using Single-Leg Bending (SLB) tests in specimens
bonded by three kinds of adhesives, to compare their fracture properties. With this purpose, different
models are applied to obtain strain energy release rate in tension, GI, and shear, GII, either requiring
the measurement of the crack length or based on the use of an equivalent crack length. Afterwards,
a comparison of the obtained GI and GII results of each adhesive is performed. The results were also
plotted against several fracture envelopes to understand which is the most adequate criterion to be
used for each adhesive.

A very good agreement was found between GI and GII estimation methods, apart from the most
ductile adhesive, for which the method based on the equivalent crack presented slightly higher
results.

Keywords

Single-Leg Bending, adhesive joint, structural adhesive, fracture mechanics, fracture toughness,
fracture envelope.

xi
ÍNDICE

Índice
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................ VII

RESUMO ....................................................................................................................................................... IX

ABSTRACT ................................................................................................................................................... XI

ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................................ XV

ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................................. XIX

NOMENCLATURA ................................................................................................................................... XXI

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................................... 1


1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................................................ 2
1.3 ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO ......................................................................................................... 2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................................. 5

2.1 LIGAÇÕES ADESIVAS ......................................................................................................................... 5


2.1.1 Caraterização das juntas adesivas .............................................................................................. 6
2.1.2 Esforços e modos de rotura em juntas adesivas .......................................................................... 9
2.1.3 Configurações possíveis de junta .............................................................................................. 16
2.2 ADESIVOS ....................................................................................................................................... 19
2.2.1 Caraterização dos adesivos estruturais..................................................................................... 21
2.2.1.1 Epóxidos........................................................................................................................................... 21
2.2.1.1.1 Epóxidos híbridos ........................................................................................................................ 22
2.2.1.2 Fenólicos .......................................................................................................................................... 23
2.2.1.2.1 Fenólicos híbridos ....................................................................................................................... 23
2.2.1.3 Formaldeído ..................................................................................................................................... 24
2.2.1.4 Poliaromáticos de alta temperatura................................................................................................... 24
2.2.1.5 Poliuretanos ...................................................................................................................................... 25
2.2.1.6 Anaeróbicos ..................................................................................................................................... 25
2.2.1.7 Cianoacrilatos................................................................................................................................... 25
2.2.1.8 Acrílicos modificados ...................................................................................................................... 26
2.2.1.9 Poliésteres ........................................................................................................................................ 26
2.3 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA TENACIDADE À FRATURA ......................................................... 26
2.3.1 Modo I ....................................................................................................................................... 27
2.3.2 Modo II ...................................................................................................................................... 29
2.3.3 Modo misto I + II ...................................................................................................................... 30
2.4 ENSAIO SINGLE-LEG BENDING (SLB) ............................................................................................ 33
2.4.1 Caraterização do ensaio ............................................................................................................ 33

xiii
ÍNDICE

2.4.2 Métodos para determinação da tenacidade à fratura ................................................................ 34


2.4.2.1 Métodos que requerem a medição do comprimento de fenda ........................................................... 34
2.4.2.1.1 Szekrényes e Uj (modelo 1) ......................................................................................................... 34
2.4.2.1.2 Ye Zhu (modelo 2) ...................................................................................................................... 37
2.4.2.1.3 W. S. Kim (modelo 3) ................................................................................................................. 38
2.4.2.1.4 da Silva et al. (modelo 4) ............................................................................................................. 40
2.4.2.1.5 Szekrényes e Uj (modelo 5) ......................................................................................................... 40
2.4.2.2 Métodos baseados num comprimento de fenda equivalente ............................................................. 44
2.4.2.2.1 CBBM (modelo 6) ....................................................................................................................... 44
2.4.2.3 Método baseado no integral J ........................................................................................................... 45

3 DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................................... 51

3.1 MATERIAIS ...................................................................................................................................... 51


3.1.1 Substratos ................................................................................................................................... 51
3.1.2 Adesivos ..................................................................................................................................... 52
3.1.2.1 Adesivo Araldite® AV138 ................................................................................................................ 52
3.1.2.2 Adesivo Araldite® 2015 .................................................................................................................... 53
3.1.2.3 Adesivo SikaForce® 7752................................................................................................................. 55
3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ..................................................................................................... 57
3.2.1 Geometria das juntas ................................................................................................................. 57
3.2.1.1 Otimização numérica da geometria .................................................................................................. 57
3.2.1.2 Geometria final ................................................................................................................................. 58
3.2.2 Processo de fabrico .................................................................................................................... 59
3.2.3 Preparação para ensaio ............................................................................................................. 63
3.2.4 Procedimento de ensaio ............................................................................................................. 66
3.3 RESULTADOS ................................................................................................................................... 68
3.3.1 Adesivo Araldite® AV138 ........................................................................................................... 68
3.3.2 Adesivo Araldite® 2015 .............................................................................................................. 70
3.3.3 Adesivo SikaForce® 7752 ........................................................................................................... 71
3.4 DETERMINAÇÃO DA TENACIDADE À FRATURA ................................................................................. 73
3.4.1 Adesivo Araldite® AV138 ........................................................................................................... 73
3.4.2 Adesivo Araldite® 2015 .............................................................................................................. 79
3.4.3 Adesivo SikaForce® 7752 ........................................................................................................... 86
3.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS........................................................................................... 93

4 CONCLUSÕES ..................................................................................................................................... 99

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................... 101

xiv
ÍNDICE DE FIGURAS

Índice de Figuras
Figura 1 – Áreas de estudo envolvidas na ciência da adesão ............................................................. 5
Figura 2 – Algumas aplicações de juntas adesivas, (a) – estrutura sandwich, (b) – raquete de ténis e
(c) – ligação de painéis em helicóptero [3] ................................................................................ 7
Figura 3 – Constituintes de uma junta adesiva [6] ............................................................................. 8
Figura 4 - Distribuição das tensões de corte ao longo do comprimento de sobreposição para juntas
com adesivos rígidos e flexíveis [8] ........................................................................................... 9
Figura 5 - Distribuição das tensões de corte ao longo do comprimento de sobreposição com diferentes
espessuras de adesivo [8] ......................................................................................................... 10
Figura 6 – Distribuição de tensões numa junta adesiva à compressão [9] ....................................... 10
Figura 7 - Esforços a que as juntas adesivas podem estar sujeitas [10] ........................................... 10
Figura 8 - Junta sob esforço de tração [11] ...................................................................................... 11
Figura 9 - Junta sob esforço de compressão ..................................................................................... 11
Figura 10 - Junta sob esforço de corte [11] ...................................................................................... 12
Figura 11 - Deflexão transversa da junta de sobreposição simples [13] .......................................... 12
Figura 12 - Deformação plástica da junta devido às concentrações de tensões [8].......................... 13
Figura 13 - Junta sob esforço de clivagem [11] ............................................................................... 13
Figura 14 – Junta sob esforço de arrancamento [11]........................................................................ 14
Figura 15 – Comparação entre o comportamento de um adesivo rígido e de um adesivo dúctil ao
arrancamento ............................................................................................................................ 14
Figura 16 - Modos de rotura de juntas adesivas [15] ....................................................................... 15
Figura 17 – Exemplo de rotura mista numa junta de sobreposição simples [4] ............................... 15
Figura 18 - Tipos de juntas adesivas mais comuns [8]..................................................................... 17
Figura 19 – Distribuição das tensões numa junta topo a topo sob carga axial e não axial [9] ......... 18
Figura 20 – Possíveis geometrias de juntas tubulares [8] ................................................................ 19
Figura 21 - Diferentes modos de propagação de uma fenda [22]..................................................... 27
Figura 22 - Representação esquemática do ensaio DCB [23] .......................................................... 28
Figura 23 - Representação esquemática do ensaio TDCB [2].......................................................... 28
Figura 24 – Representação esquemática do ensaio ENF [26] .......................................................... 29
Figura 25 – Zona de processo de fratura [9] .................................................................................... 30
Figura 26 – Representação esquemática do ensaio MMF ou SLB [2] ............................................. 30
Figura 27 – Representação esquemática do ensaio ADCB [2]......................................................... 31
Figura 28 - Representação esquemática do ensaio CMM [29]......................................................... 31
Figura 29 – Representação esquemática do ensaio MMB [30] ........................................................ 32

xv
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 30 – Representação esquemática do ensaio SLB [27] .......................................................... 33


Figura 31 – Esquema de corpo livre de um provete em modo de carregamento misto [27] ............ 35
Figura 32 – Esquema representativo dos esforços e comportamento elástico do provete [34] ........ 41
Figura 33 – Diagrama esquemático da aplicação do integral J ........................................................ 45
Figura 34 – Aplicação do Integral J no ensaio SLB [46] ................................................................. 46
Figura 35 - Adesivo epóxido Araldite® AV138/HV998 .................................................................. 52
Figura 36 - Curvas -ε de provetes maciços do adesivo Araldite® AV138 [12] .............................. 53
Figura 37 - Adesivo epóxido Araldite® 2015 ................................................................................... 54
Figura 38 - Curvas -ε de provetes maciços do adesivo Araldite® 2015 [12] ................................. 54
Figura 39 - Adesivo SikaForce® 7752 .............................................................................................. 55
Figura 40 - Curvas -ε de provetes maciços do adesivo SikaForce® 7752 [52] .............................. 56
Figura 41 - Geometria do provete de ensaio SLB ............................................................................ 58
Figura 42 - Aplicação de calor numa camada de pré-impregnado através de pistola de ar quente .. 60
Figura 43 - Prensa de pratos quentes utilizada para a cura das placas de compósito ....................... 60
Figura 44 - Ciclo térmico aplicado às placas de compósito ............................................................. 61
Figura 45 – Fase de lixagem e limpeza dos substratos ..................................................................... 61
Figura 46 – Posicionamento dos espaçadores, calço e grampos, durante a aplicação de pressão nos
provetes .................................................................................................................................... 63
Figura 47 – Exemplo de provete após cura, com excesso de adesivo na zona de ligação ............... 63
Figura 48 – Aspeto do provete após remoção manual do adesivo em excesso com um alicate ....... 64
Figura 49 – Mó utilizada na fase final de remoção de excesso de adesivo ...................................... 64
Figura 50 – Aspeto final de um provete apto para ensaio ................................................................ 65
Figura 51- Curva P-δ de um ensaio .................................................................................................. 66
Figura 52 – Provete preparado para ensaio: posicionamento no sistema de apoio e sistema de
aquisição de imagem ................................................................................................................ 67
Figura 53 – Fotografia durante o decorrer de um ensaio, em que o provete sai fora dos limites da
imagem capturada .................................................................................................................... 67
Figura 54 - Curvas P-δ relativas aos 7 provetes testados com adesivo Araldite® AV138 ............... 69
Figura 55 - Curvas P-δ relativas aos 7 provetes testados com o adesivo Araldite® 2015 ................ 71
Figura 56 - Curvas P-δ relativas aos 7 provetes testados com o adesivo SikaForce® 7752 ............. 72
Figura 57 – Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #2
colado com o adesivo Araldite® AV138 .................................................................................. 75
Figura 58 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #2
colado com o adesivo Araldite® AV138 .................................................................................. 76
Figura 59 - Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #3
colado com o adesivo Araldite® AV138 .................................................................................. 77

xvi
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 60 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #3
colado com o adesivo Araldite® AV138 .................................................................................. 78
Figura 61 – Valores médios e desvios padrão de GI e GII calculados através dos valores de patamar
dos ensaios validados relativos ao adesivo Araldite® AV138 .................................................. 79
Figura 62 - Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #3
colado com o adesivo Araldite® 2015 ...................................................................................... 82
Figura 63 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #3
colado com o adesivo Araldite® 2015 ...................................................................................... 82
Figura 64 - Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #4
colado com o adesivo Araldite® 2015 ...................................................................................... 83
Figura 65 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #4
colado com o adesivo Araldite® 2015 ...................................................................................... 84
Figura 66 - Valores médios e desvios padrão de GI e GII calculados através dos valores de patamar
dos ensaios validados relativos ao adesivo Araldite® 2015...................................................... 85
Figura 67 - Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #2
colado com o adesivo SikaForce® 7752 ................................................................................... 88
Figura 68 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #2
colado com o adesivo SikaForce® 7752 ................................................................................... 89
Figura 69 - Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #5
colado com o adesivo SikaForce® 7752 ................................................................................... 90
Figura 70 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete #5
colado com o adesivo SikaForce® 7752 ................................................................................... 91
Figura 71 - Valores médios e desvios padrão de GI e GII calculados através dos valores de patamar
dos ensaios validados relativos ao adesivo SikaForce® 7752 .................................................. 92
Figura 72 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 1 (a) e 2 (b) considerando os ensaios válidos do adesivo
Araldite® AV138 ...................................................................................................................... 94
Figura 73 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 3 (a) e 4 (b) considerando os ensaios válidos do adesivo
Araldite® AV138 ...................................................................................................................... 95
Figura 74 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 5 (a) e 6 (b) considerando os ensaios válidos do adesivo
Araldite® AV138 ...................................................................................................................... 95
Figura 75 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 1 (a) e 2 (b) considerando os ensaios válidos do adesivo
Araldite® 2015 .......................................................................................................................... 96
Figura 76 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 3 (a) e 4 (b) considerando os ensaios válidos do adesivo
Araldite® 2015 .......................................................................................................................... 96
Figura 77 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 5 (a) e 6 (b) considerando os ensaios válidos do adesivo
Araldite® 2015 .......................................................................................................................... 96

xvii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 78 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 1 (a) e 2 (b) considerando os ensaios válidos do adesivo
SikaForce® 7752 ....................................................................................................................... 97
Figura 79 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 3 (a) e 4 (b) considerando os ensaios válidos do adesivo
SikaForce® 7752 ....................................................................................................................... 97
Figura 80 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 5 (a) e 6 (b) considerando os ensaios válidos do adesivo
SikaForce® 7752 ....................................................................................................................... 98

xviii
ÍNDICE DE TABELAS

Índice de Tabelas
Tabela 1 - Principais vantagens e desvantagens das juntas adesivas [5] ............................................ 6
Tabela 2 – Propriedades elásticas ortotrópicas do compósito reforçado com fibras de carbono, com
as fibras alinhadas unidireccionalmente na direção x [20]. ...................................................... 51
Tabela 3 - Propriedades elásticas e plásticas do adesivo Araldite® AV138 [12, 50] ....................... 53
Tabela 4 - Propriedades mecânicas do adesivo Araldite® 2015 [12] ............................................... 55
Tabela 5 - Propriedades mecânicas do adesivo SikaForce® 7752 .................................................... 56
Tabela 6 – Tensões máximas de von Mises [MPa] para diferentes geometrias das juntas adesivas 57
Tabela 7 - Valores de a0 [mm] medidos para cada provete .............................................................. 65
Tabela 8 – Valores de carga máxima e deslocamento associado à carga máxima obtidos para cada
ensaio realizado com o adesivo Araldite® AV138 ................................................................... 68
Tabela 9 - Valores de carga máxima e deslocamento associado à carga máxima obtidos para cada
ensaio realizado com o adesivo Araldite® 2015 ....................................................................... 70
Tabela 10 - Valores de carga máxima e deslocamento associado à carga máxima obtidos para cada
ensaio realizado com o adesivo SikaForce® 7752 .................................................................... 71
Tabela 11 – Valores médios e desvios padrão de GI [N/mm], obtidos com os ensaios realizados ao
adesivo Araldite® AV138, utilizando os 6 modelos de cálculo................................................ 74
Tabela 12 - Valores médios e desvios padrão de GII [N/mm], obtidos com os ensaios realizados ao
adesivo Araldite® AV138, utilizando os 6 modelos de cálculo................................................ 74
Tabela 13 - Valores médios e desvios padrão de GI, obtidos com os ensaios realizados ao adesivo
Araldite® 2015 utilizando os 6 modelos de cálculo.................................................................. 80
Tabela 14 - Valores médios e desvios padrão de GII, obtidos com os ensaios realizados ao adesivo
Araldite® 2015 utilizando os 6 modelos de cálculo.................................................................. 81
Tabela 15 - Valores médios e desvios padrão de GI, obtidos com os ensaios realizados ao adesivo
SikaForce® 7752 utilizando os 6 modelos de cálculo .............................................................. 86
Tabela 16 - Valores médios e desvios padrão de GII, obtidos com os ensaios realizados ao adesivo
SikaForce® 7752 utilizando os 6 modelos de cálculo .............................................................. 87
Tabela 17 – Proporções de modo entre modelos considerados ........................................................ 93
Tabela 17 – Parâmetros utilizados para os critérios de avaliação [30, 37]....................................... 94
Tabela 18 – Valores de GIC e GIIC dos diferentes adesivos analisados [12, 50, 52] .......................... 94

xix
NOMENCLATURA

Nomenclatura
Carateres Romanos

– Vetor de tração analisado no método integral J

– Vetor normal analisado no método integral J

– Vetor de deslocamento na direção analisado no método integral J

a – Comprimento de fenda

a.C. – Antes de Cristo

a0 – Comprimento de fenda inicial

a1, a2 – Parâmetros referentes ao modelo 3

a55,1, a55,2, d11,1, d11,2 – Parâmetros referentes ao modelo 1

ACBBM – Parâmetro referente ao modelo 6

ae – Comprimento de fenda equivalente

Ai – Rigidez axial relativa ao substrato i

B – Largura do provete

c – Fator de distanciamento relacionado ao ensaio MMB

C – Flexibilidade

C0 – Valor de patamar da Flexibilidade

C0corr – Flexibilidade corrigida inicial

Ccorr – Flexibilidade corrigida

CEB – Flexibilidade obtida pela teoria de Euler-Bernoulli

CTIM – Flexibilidade obtida pela teoria de Timoshenko

xxi
NOMENCLATURA

Cwp1, Cwp2, fSH2, fSV, fW1, GSV, GSH1, GSH2 – Parâmetros referentes ao modelo 5

D – Rigidez à flexão associada à secção ligada

Di – Rigidez à flexão do substrato i

E – Módulo de Elasticidade

E33 – Módulo de Elasticidade na direção da largura do provete

Ef – Módulo corrigido à flexão

Ei – Módulo de Elasticidade do substrato i

Ex – Módulo de Elasticidade na direção do eixo x

Ey – Módulo de Elasticidade na direção do eixo y

Ez – Módulo de Elasticidade na direção do eixo z

fT, fW2, MI, MII – Parâmetros referentes aos modelos 1 e 5

G – Taxa de libertação de energia de deformação

G11 – Módulo de Corte

G11xy – Módulo de Corte no plano xy

G11xz – Módulo de Corte no plano xz

G11yz – Módulo de Corte no plano yz

GC – Taxa crítica de libertação de energia/tenacidade à fratura

Gi – Taxa de libertação de energia do substrato i

GI – Taxa de libertação de energia em modo I

GI/II – Taxa de libertação de energia em modo misto I+II

GIC – Taxa crítica de libertação de energia em modo I

GII – Taxa de libertação de energia em modo II

GIIC – Taxa crítica de libertação de energia em modo II

xxii
NOMENCLATURA

GIIIC – Taxa crítica de libertação de energia em modo III

Gint – Fator térmico e mecânico relativo à taxa de libertação de energia

Gmec – Fator mecânico relativo à taxa de libertação de energia

GT – Fator referente às tensões internas na análise da taxa de libertação de energia

h – Espessura do substrato

hi – Espessura do substrato i

ht – Espessura total do provete

I – Momento de inércia estático

JI – Taxa de libertação de energia em modo I segundo o método baseado no integral J

JI/II – Taxa de libertação de energia em modo misto I+II segundo o método baseado no integral J

JII – Taxa de libertação de energia em modo II segundo o método baseado no integral J

k – Fator de correção de corte

L – Comprimento caraterístico do provete

m – Constante relativa ao ensaio TDCB

M – Momento fletor

Mi – Momentos de torção aplicados no substrato i

P – Carga aplicada

Pi – Resultante das forças aplicadas no substrato i

Q – Força de corte analisada no método integral J

Qi – Força de corte aplicada no substrato i

QT – Resultante das forças de corte exercidas sobre a junta adesiva

R – Relação entre módulos de elasticidade dos dois substratos que compõem o provete

s – Comprimento do caminho escolhido no método integral J

xxiii
NOMENCLATURA

W – Densidade de energia (analisada no método integral J)

w – Espessura do adesivo (analisada no método integral J)

w0 – Separação normal entre dois aderentes na frente da fenda (analisada no método integral J)

Carateres Gregos

α, φ – Parâmetros referentes aos modelos 1 e 5

αCBBM, βCBBM e γCBBM – Parâmetros referentes ao modelo 6

β, α1 – Parâmetros referentes ao modelo 3

γf – Deformação de rotura ao corte

δ – Deslocamento verificado durante um ensaio

δJ – Deslocamento tangencial entre substratos, referente à análise do método baseado no integral J

δJ0 – Deslocamento tangencial inicial entre substratos, referente à análise do método baseado no
integral J

ΔT – Diferença de temperatura

ε – Deformação

εf – Deformação de rotura à tração

ϴp – Rotação relativa entre os dois substratos na linha de aplicação de carga, referente à análise do
método baseado no integral J

λ – Relação entre espessuras dos dois substratos que compõem o provete

ξ1, ξ2 – Parâmetros relacionados com a análise do método baseado no integral J

σ – Tensão normal

σf – Tensão de rotura à tração

σVM – Tensão de von Mises

xxiv
NOMENCLATURA

σy – Tensão de cedência à tração

υ – Coeficiente de Poisson

υxy – Coeficiente de Poisson no plano xy

υxz – Coeficiente de Poisson no plano xz

υyz – Coeficiente de Poisson no plano yz

ϕ – Proporção de modos entre GI e GII

ϕ1, ω – Parâmetros referentes ao modelo 5

φEF e λEF – Parâmetros dos critérios de avaliação utilizados na análise dos envelopes de fratura

Г – Percurso referente ao método baseado no integral J

– Tensão de corte

f – Tensão de rotura ao corte

y – Tensão de cedência ao corte

Abreviaturas

4ENF – Four-Point End-Notched Flexure

ADCB – Asymmetric Double-Cantilever Beam

ASTM – American Society for Testing and Materials

CBBM – Compliance-Based Beam Method

CMM – Compact Mixed-Mode

DCB – Double-Cantilever Beam

EB – Euler-Bernoulli

ELS – End Loaded Split

xxv
NOMENCLATURA

ENF – End-Notched Flexure

ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto

MMB – Mixed-Mode Bending

MMF – Mixed-Mode Flexure

SLB – Single-Leg Bending

SV – Saint-Venant

TDCB – Tapered Double-Cantilever Beam

TIM – Timoshenko

ZPF – Zona de Processo de Fratura

xxvi
INTRODUÇÃO

1 Introdução

1.1 Contextualização

Atualmente, as juntas adesivas desempenham um papel muito importante na sua vasta gama de
aplicações, apresentando diversas vantagens relativamente a outros processos de união. Com o
objetivo de permitir a utilização das juntas adesivas em estruturas, torna-se necessário conhecer as
propriedades mecânicas e de fratura relevantes de cada adesivo e comportamento perante o aderente
em causa. De acordo com a finalidade concebida a uma determinada junta, as solicitações a que esta
poderá estar sujeita podem variar, juntamente com o seu desempenho, que depende da sua resistência
aos esforços suportados. Existem diversos tipos de ensaios, necessariamente destrutivos, que
permitem analisar a reação das juntas adesivas aos diversos modos de carregamento a que poderão
ser sujeitos, e estudar as suas propriedades de fratura. O estudo destas propriedades é de elevada
importância porque este permite obter as bases para a previsão da resistência das juntas adesivas.
Uma junta adesiva pode estar sujeita a tensões de tração ou de corte, encontrando-se na maior parte
das vezes sujeita a ambas simultaneamente, criando-se assim um modo de carregamento misto. Como
tal, torna-se necessário o estudo das propriedades dos adesivos tendo em conta este modo misto. De
facto, existem métodos numéricos como os modelos de dano coesivo associados a uma análise de
Elementos Finitos para os quais é de primordial importância o conhecimento de parâmetros como a
taxa crítica de libertação de energia em tração (GIC) e corte (GIIC). Para além deste facto, devido ao
modo misto de carregamento anteriormente referido, é necessária a utilização de um critério de
fratura que promova a propagação do dano nestas condições. Existem diversos critérios para este
efeito e, como tal, é de extrema importância o conhecimento do critério mais adequado para cada
tipo de adesivo. Neste âmbito, os ensaios de fratura em modo misto são uma ajuda imprescindível
na medida em que permitem situar a rotura observada no envelope de fratura e assim selecionar o
critério mais adequado.

1
INTRODUÇÃO

1.2 Objetivos

O principal objetivo desta dissertação é a análise da taxa de libertação de energia (propriedade


relacionada com a mecânica da fratura, relativa à capacidade de um material resistir à propagação de
uma fenda provocada por esforços externos), sobre efeitos de tração (modo I) e de corte (modo II),
pelo ensaio de provetes Single-Leg Bending (SLB) em juntas adesivas, com substratos de matriz
polimérica reforçada com fibra de carbono, colados através de três tipos distintos de adesivo (frágil,
moderadamente dúctil e dúctil). Para tal foram fabricados 21 provetes, 7 por cada tipo de adesivo. O
ensaio SLB permite caraterizar a taxa de libertação de energia dos diferentes tipos de adesivo sobre
dois modos de carregamento, modo I (GI) e modo II (GII). Para avaliar tais parâmetros podem ser
utilizados três tipos de métodos: métodos que requerem a medição do comprimento de fenda (a) ao
longo do ensaio, métodos que usam um comprimento de fenda equivalente (ae) (como o Compliance-
Based Beam Method, CBBM) e através do integral J. Os modelos que requerem a medição contínua
do valor de a apresentam a desvantagem de necessitarem dessa medição, associada a possíveis erros
de medição. Já os modelos que utilizam ae não requerem a medição deste parâmetro, sendo assim
mais fiáveis do que os anteriormente mencionados. O método de redução baseado no integral J não
se encontra enquadrado no âmbito desta dissertação e, como tal, não será utilizado na fase de
processamento de resultados, sendo apenas descrito na revisão bibliográfica. Através dos resultados
obtidos pelos ensaios realizados, são criadas curvas P-δ que servem de base à análise dos resultados
a efetuar. Após obtidas e analisadas as curvas P-δ, é definida a amostra de ensaios a incluir numa
posterior análise (excluindo os ensaios de resultado anómalo). Esta consiste na comparação das
curvas-R obtidas pela aplicação de 6 modelos matemáticos de cálculo da taxa de libertação de energia
nos modos de carregamento introduzidos pelo ensaio, e respetiva comparação dos valores médios e
respetivos desvios padrão obtidos por cada modelo. É feita uma discussão de resultados que consiste
na comparação de valores médios de GI e GII obtidos por cada ensaio. A apresentação destes
resultados é feita através da utilização do envelope de fratura, que permite situar os valores de GI e
GII obtidos relativamente aos de modo puro (GIC e GIIC, respetivamente).

1.3 Organização do relatório

A presente dissertação encontra-se estruturada da seguinte forma:

Capítulo 1: Neste Capítulo estão descritas a contextualização, os objetivos e o modo de organização


deste trabalho.

Capítulo 2: Nesta Secção é apresentada informação, inicialmente de uma forma global, relativa ao
estado de arte das ligações adesivas, sua caraterização e propriedades a ter em conta, esforços e

2
INTRODUÇÃO

modos de rotura a que estão normalmente associadas, configurações das juntas adesivas mais usuais,
caraterização e classificação dos tipos de adesivos estruturais com maior utilização e os diversos
ensaios utilizados com o intuito de obter as propriedades de fratura (GI, GII e GI/II) das juntas adesivas.
De um modo mais particular, é analisado o ensaio em estudo nesta dissertação (SLB) quanto à sua
caraterização e aos métodos de determinação de GI e GII.

Capítulo 3: São apresentados e discutidos neste Capítulo todos os passos envolventes na


caraterização à fratura das juntas adesivas ensaiadas, desde os procedimentos levados a cabo na
produção dos provetes a ensaiar e definição das respetivas geometrias de junta e do ensaio SLB, até
aos resultados obtidos através dos 6 modelos de redução de GI e GII a analisar. São também discutidos
em detalhe os resultados obtidos e tiradas as ilações consideradas pertinentes.

Capítulo 4: São apresentadas nesta Secção as conclusões retiradas neste trabalho e perspetivas de
possíveis trabalhos futuros na área.

3
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Ligações adesivas

Os adesivos são materiais desde há muito usados na natureza, por exemplo na construção de ninhos
de pássaros, colmeias de abelhas e até mesmo em teias de aranha. Estes são de origem natural e
podem ser criados tanto por plantas, como no caso da goma-arábica, ou pelos próprios seres-vivos
que os utilizam em seu benefício. O homem apercebeu-se de que poderia tirar proveito deste tipo de
materiais e começou a usá-los no seu dia-a-dia, havendo registos do seu uso desde quinze séculos
a.C. no Egito [1]. Com o passar do tempo, criando-se novas necessidades, tornou-se relevante a
evolução das ligações adesivas. Sendo assim, nos anos 40, nasceram os primeiros adesivos sintéticos
poliméricos, que permitiram melhorar as propriedades dos adesivos naturais e aumentar a sua gama
de aplicabilidade.

Figura 1 – Áreas de estudo envolvidas na ciência da adesão

5
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

No entanto, estes adesivos ainda apresentavam bastantes limitações, tais como serem frágeis e
fraturarem com facilidade. Após alguns avanços científicos e tecnológicos, ainda nessa época, com
a introdução de polímeros com boa tenacidade na composição química dos adesivos, foi possível
criar com sucesso ligações adesivas em materiais como madeiras e metais [2]. Desde então,
procurou-se sempre melhorar as caraterísticas mecânicas dos adesivos já existentes de forma a
poderem ser considerados como substitutos de outras formas de união. Para tal ser possível, é
necessário compreender a ciência da adesão, responsável por garantir a qualidade de uma união. Esta
ciência é bastante complexa e complementa-se através de diversas áreas de estudo científicas (Figura
1).

2.1.1 Caraterização das juntas adesivas

Uma junta adesiva é obtida pela ligação de pelo menos duas superfícies de materiais sólidos através
da propriedade de adesão de um determinado adesivo ligante, que confere ao conjunto uma
resistência minimamente aceitável sobre certas condições [3]. As juntas adesivas podem substituir,
em certas aplicações, outros métodos de ligação mais tradicionais, como a soldadura e a fixação por
parafusos, que danificam a estrutura que estão a ligar, provocando zonas mais frágeis sujeitas a altas
concentrações de tensões e podendo danificar tratamentos de proteção que tenham sido efetuados
[4]. Em relação aos outros métodos de ligação, as juntas adesivas geralmente apresentam um menor
peso global, preços acessíveis e em alguns casos conseguem acompanhar ou até melhorar a
resistência da junta. A Tabela 1 resume as principais vantagens e desvantagens das juntas adesivas.

Tabela 1 - Principais vantagens e desvantagens das juntas adesivas [5]

Vantagens Desvantagens

- Melhor eficiência na transferência - Baixa resistência para cargas de arrancamento


de carga
- A preparação da área de aplicação do adesivo é crítica
- Melhor acabamento para a resistência da junta

- Melhor vedação - Não é desmontável

- Melhor resistência à fadiga - Os ensaios não destrutivos não são eficientes para
garantir a qualidade da junta
- Melhor eficiência aerodinâmica
- Capacidade limitada de resistência a altas temperaturas

6
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Devido às vantagens que podem ser conseguidas através deste método de ligação, as juntas adesivas
são bastante utilizadas (Figura 2) na indústria aeronáutica, petrolífera, construção civil e
equipamentos desportivos [5].

a) b)

c)

Figura 2 – Algumas aplicações de juntas adesivas, (a) – estrutura sandwich, (b) – raquete de ténis e
(c) – ligação de painéis em helicóptero [3]

A adesão é um fenómeno físico-químico inerente a dois ou mais materiais, que atua nas imediações
da sua zona de contacto (interface) e que garante a qualidade da união entre eles (Figura 3). O sucesso
da adesão depende das propriedades dos materiais envolvidos em determinada união, do estado das
superfícies a ligar e das caraterísticas do meio envolvente.

7
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 3 – Constituintes de uma junta adesiva [6]

Existem várias teorias que são usadas para explicar a adesão. Na realidade, todas elas estão
interligadas, porque existem várias razões para se dar este fenómeno. Assim, estas teorias
complementam-se. As mais conhecidas são a teoria da absorção, teoria da difusão, teoria elétrica,
teoria mecânica, teoria da polaridade e a teoria da camada limite [7].

Quando se pretende criar uma ligação adesiva é necessário seguir o seguinte procedimento [2]:

1º - Seleção do adesivo, tendo em conta a finalidade da junta adesiva. Os parâmetros que vão afetar
esta escolha são a temperatura de funcionamento, tipos e magnitude dos esforços a que a junta será
sujeita, meio ambiente em que a junta será aplicada e método de aplicação do adesivo.

2º - Projeto da junta, consiste em definir a geometria da junta, dimensionando os seus parâmetros


geométricos para que as tensões a que esta será sujeita não ultrapassem os valores limite admissíveis
do adesivo selecionado, tendo em conta os diferentes esforços que se poderão desenvolver na junta.

3º - Preparação superficial, necessária para garantir uma junta com uma adesão mais forte entre o
adesivo e os substratos a unir, o que reduz o risco de haver rotura adesiva e melhora assim a
resistência da junta. Pode ser feita de várias formas e em diversas etapas, dependendo do tipo de
adesivo e substratos.

4º - Fabrico da junta, abrange a aplicação de adesivo nos substratos a unir e todos os processos
envolvidos durante a cura do adesivo, para conferir à junta as propriedades desejadas, como ciclos
térmicos e aplicação de pressão.

8
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5º - Controlo do processo, a fase final onde são executados uma sequência de ensaios, destrutivos e
não destrutivos, para garantir que a ligação apresenta a curto e longo prazo caraterísticas satisfatórias
consoante a sua finalidade. Os métodos de previsão da resistência das juntas servem como ajuda na
fase inicial de planeamento, mas não são suficientes, porque são calculados para situações perfeitas
que não podem ser garantidas na realidade. De facto, podem ocorrer na prática defeitos de fabrico
que não são contemplados nos modelos de previsão.

2.1.2 Esforços e modos de rotura em juntas adesivas

Os esforços exercidos numa junta adesiva vão depender do local onde a força está a ser aplicada, da
sua direção, sentido e configuração estrutural da própria junta. Normalmente, ao longo de uma junta,
a distribuição de esforços não é uniforme, havendo sempre zonas mais propícias às concentrações de
tensões. Estas concentrações de tensões ocorrem em zonas de descontinuidade geométrica e nas
extremidades da camada de adesivo, como se pode verificar na Figura 4 [2]. Normalmente, as
concentrações de tensões limitam a resistência das juntas.

Figura 4 - Distribuição das tensões de corte ao longo do comprimento de sobreposição para juntas
com adesivos rígidos e flexíveis [8]

Estas concentrações de tensões podem ser suavizadas utilizando um adesivo mais flexível (Figura
4), ou mesmo aumentando a sua espessura (Figura 5). Existem quatro modos de carregamento
fundamentais no estudo das ligações adesivas: tração, corte, clivagem e arrancamento. Quando se
fala em modos de carregamento também se pode falar na compressão (Figura 6), uma vez que um
adesivo pode também estar sujeito a este tipo de carregamento. Porém, a sua análise não é tão
significativa comparativamente aos outros modos, porque não é função principal de um adesivo
suportar apenas este tipo de carregamento. De facto, se uma junta adesiva estivesse sujeita à
compressão pura, a sua tensão de rotura seria de tal modo elevada, que se tornava dispensável a sua
análise [2].

9
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 5 - Distribuição das tensões de corte ao longo do comprimento de sobreposição com


diferentes espessuras de adesivo [8]

Figura 6 – Distribuição de tensões numa junta adesiva à compressão [9]

A Figura 7 ilustra os esforços que são averiguados neste capítulo.

Figura 7 - Esforços a que as juntas adesivas podem estar sujeitas [10]

10
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 Tração

A tração pura de uma junta adesiva dá-se quando as forças aplicadas na junta têm a direção
perpendicular ao plano da junta no sentido da separação dos substratos (Figura 8), resultando numa
distribuição de tensões uniforme. Para a realização de ensaios à tração, é necessário ter atenção
especial ao paralelismo entre substratos (mais propriamente nas zonas ligadas). Apesar da
simplicidade do ensaio, na prática torna-se difícil garantir este paralelismo de forma rigorosa e,
consequentemente, uma espessura de adesivo igual em todo o seu comprimento. Quando é projetado
este tipo de juntas, normalmente recorre-se a guias para garantir um carregamento puramente axial e
a substratos suficientemente rígidos para não deformarem quando aplicada a carga, o que permite
manter a distribuição uniforme de tensões [2].

Figura 8 - Junta sob esforço de tração [11]

 Compressão

A compressão de uma junta adesiva dá-se nas mesmas condições que a tração, diferenciando apenas
o sentido das forças aplicadas, neste caso, do exterior para o interior da junta (Figura 9). Apesar de
haver a necessidade de garantir os mesmos parâmetros que no ensaio à tração (paralelismo e
distribuição uniforme da tensão), este ensaio é mais fácil de realizar, visto serem necessárias apenas
duas superfícies paralelas que apliquem o esforço de compressão sobre a superfície dos substratos,
comprimindo o adesivo [2].

Figura 9 - Junta sob esforço de compressão

11
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 Corte

O corte puro surge quando forças que atuam no plano do adesivo criam movimentos de deslizamento
paralelo entre substratos (Figura 10) e é o tipo de carregamento preferencial para juntas adesivas. De
facto, no corte, uma grande porção do adesivo é solicitada, o que ajuda à transmissão de esforços
mais elevados [12]. Devido a esta caraterística, as juntas mais utilizadas são as projetadas para resistir
ao corte, sendo entre elas a junta de sobreposição simples a mais comum devido à simplicidade no
seu fabrico [2].

Figura 10 - Junta sob esforço de corte [11]

Porém, na realidade, é quase impossível de garantir corte puro numa junta adesiva já que se observa
a deflexão transversa da junta (Figura 11) devido à assimetria do carregamento, o que provoca o
aparecimento de esforços de arrancamento. Por outro lado, a distribuição das tensões de corte tende
a não ser uniforme, o que se vai fazendo notar ainda mais com o aumento dos esforços aplicados na
junta. Como referido anteriormente, as descontinuidades geométricas (no caso da junta de
sobreposição simples, os extremos da camada de adesivo) tendem a apresentar maiores tensões. É
através dos pontos onde existem tensões mais elevadas (picos de tensão) que são projetadas as juntas
adesivas (Figura 12) [2].

Figura 11 - Deflexão transversa da junta de sobreposição simples [13]

12
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 12 - Deformação plástica da junta devido às concentrações de tensões [8]

 Clivagem

As tensões de clivagem ocorrem quando, numa junta rígida, são aplicados esforços na extremidade
da junta que tendem a separar os substratos em sentidos opostos (Figura 13). Quando uma junta está
sujeita a este tipo de esforço, a sua resistência é bastante reduzida porque as tensões de clivagem
desenvolvidas concentram-se numa área pequena [2].

Figura 13 - Junta sob esforço de clivagem [11]

 Arrancamento

O arrancamento dá-se de forma semelhante à clivagem, a única diferença é que, neste caso, um ou
ambos os substratos são flexíveis, o que vai estabelecer um maior ângulo de separação entre
substratos (Figura 14).

13
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 14 – Junta sob esforço de arrancamento [11]

Figura 15 – Comparação entre o comportamento de um adesivo rígido e de um adesivo dúctil ao


arrancamento

Como consequência, os adesivos sujeitos a este tipo de carregamento têm uma menor resistência do
que os carregados sob clivagem, já que no arrancamento a área onde a tensão se encontra distribuída
é consideravelmente menor. Os adesivos mais rígidos e frágeis são mais sensíveis a este esforço,
comparativamente aos adesivos mais dúcteis (Figura 15), que conseguem ter uma melhor distribuição
de tensões. Essa diferença de resistência ao arrancamento pode chegar até às 22 vezes [2].

Quando o limite da resistência de uma determinada junta é alcançado, independentemente dos


esforços aplicados, a rotura pode ocorrer de diversas formas, das quais se destacam as representadas
na Figura 16. Existem dois termos bastante importantes para ter em consideração nesta análise, rotura
coesiva, que se refere à quebra de uma certa estrutura constituída por um tipo de material, e rotura
adesiva, que se refere à rotura numa zona superficial onde são ligados dois tipos de materiais [9, 14].

A rotura coesiva no adesivo dá-se quando existe uma quebra da junta apenas pelo interior do adesivo,
sem contacto com as superfícies do aderente. Este tipo de rotura é indicativo que a preparação das
superfícies dos aderentes foi bem sucedida, isto porque a interface entre o adesivo e os aderentes se
manteve intacta, e também que o adesivo selecionado foi indicado para o material de substrato (caso

14
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

tenha cumprido os objetivos em termos de resistência), porque a sua molhabilidade com a superfície
foi suficiente para se dar este tipo de rotura.

Figura 16 - Modos de rotura de juntas adesivas [15]

A rotura adesiva, ao contrário da anteriormente referida, dá-se quando o adesivo descola do substrato,
na zona de interface (Figura 3). Este tipo de rotura pode acontecer devido à má preparação superficial,
má seleção do adesivo ou mesmo até a um processo de cura que não o adequado.

A rotura coesiva no aderente acontece quando o material dos substratos cede antes do próprio adesivo
ou da sua adesão aos substratos. As causas para o aparecimento deste tipo de rotura podem ser: a
fraca resistência do material do substrato relativamente ao esforço aplicado (em comparação com o
adesivo), a existência de algum defeito na constituição do aderente que ponha em causa a sua
resistência, ou caso a geometria da junta seja desfavorável à uniformização de tensões em certas
zonas do substrato.

Figura 17 – Exemplo de rotura mista numa junta de sobreposição simples [4]

15
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Existe ainda a rotura mista, que consiste na combinação entre rotura adesiva e rotura coesiva no
adesivo (Figura 17). Este tipo de rotura é bastante usual e as causas que levam ao seu aparecimento
podem ser a preparação superficial não uniforme, processo de cura não adequado e concentrações de
tensões em determinadas zonas.

Para além dos anteriores modos de rotura, caso um ou ambos os substratos sejam laminados
compósitos, pode-se dar ainda uma rotura interlaminar ou intralaminar do substrato de material
compósito [16]. Esta rotura pode ocorrer devido a alguma falha no processo de fabrico do substrato,
ou apenas pelo adesivo selecionado para a junta ser mais resistente do que a resistência do próprio
compósito.

2.1.3 Configurações possíveis de junta

Consoante o(s) tipo(s) de esforço(s) a que as juntas poderão estar sujeitas e as possibilidades de
aplicação, as juntas adesivas podem apresentar diversas configurações que permitam obter uma
melhor eficiência para um dado caso em concreto. As mais comuns são as juntas de sobreposição
simples e dupla, juntas com chanfro e juntas em degrau. Devido à facilidade de processamento, as
juntas de sobreposição simples são as mais usadas, embora também apresentem algumas limitações
em relação às restantes [2]. A Figura 18 mostra algumas geometrias de juntas adesivas mais usadas.

Junta de sobreposição simples: Como referido anteriormente, é o tipo de junta mais usual, devido
ao seu fácil fabrico e, estando o adesivo a trabalhar maioritariamente ao corte, resiste assim a maiores
esforços relativamente a outros tipos de junta. Porém, é necessária atenção à aplicação descentrada
da carga, que provoca a flexão dos substratos (Figura 11), originando o aparecimento de tensões de
arrancamento assinaláveis que provocam a diminuição da resistência da junta [13].

Junta de sobreposição dupla: Este tipo de junta foi projetada com o objetivo principal de contornar
o problema de flexão existente na junta de sobreposição simples. Devido à utilização de 3 substratos,
neste caso, a tensão de um dos lados da junta é dividida por 2 substratos, duplicando também a área
em que o adesivo se encontra aplicado, o que provoca um aumento da resistência de junta [17].
Apesar das vantagens referidas, este tipo de junta apresenta algumas complicações relativamente à
junta de sobreposição simples, como a necessidade de mais tempo no seu fabrico e o facto de ocupar
mais espaço e ter uma configuração geométrica diferente, o que por vezes torna inviável a sua
aplicação.

Junta de chanfro exterior: Como concluído anteriormente, as zonas de descontinuidade geométrica


estão associadas a picos de tensão, como no caso da junta de sobreposição simples, em que o adesivo
nas extremidades dos substratos se encontra sob este efeito. Atenuando as descontinuidades nessas

16
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

zonas dos substratos, a distribuição de tensões ao longo do adesivo torna-se mais uniforme [8]. O seu
formato é globalmente semelhante ao de uma junta de sobreposição simples. No entanto, é necessária
a maquinagem dos substratos nas extremidades da sobreposição.

Figura 18 - Tipos de juntas adesivas mais comuns [8]

Junta de chanfro interior: É um tipo de junta que apresenta uma geometria semelhante à junta topo
a topo (que será descrita seguidamente), porém, a área de união entre substratos dá-se com um certo
declive. Esta alternativa geométrica é utilizada para aumentar a resistência da junta adesiva,

17
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

impedindo que esteja sob influência de um carregamento puro de tração (que é o caso da junta topo
a topo) [18]. Devido à inclinação do plano de junta são criadas também tensões de corte, mais
toleráveis pelo adesivo. O fabrico deste tipo de junta é mais dispendioso devido à implementação
dos declives nos substratos, causando transtornos financeiros e podendo até ser impraticável devido
à extensão necessária para a execução da ligação.

Junta em degrau: Semelhante à junta de chanfro interior, no sentido em que os degraus são criados
para aumentar a área com adesivo e garantir que este não trabalhe apenas à tração. Há que referir que
a geometria deste tipo de juntas está sempre associada a custos de maquinagem que poderão ser
cruciais para uma tomada de decisão [19].

Junta com cobre-junta, simples e dupla: Normalmente, as juntas com cobre-junta simples
apresentam uma maior resistência que as juntas de sobreposição simples devido à presença de um
terceiro elemento que fortalece a união [20]. Não obstante, apresentam o mesmo problema
relativamente à flexão. A junta com cobre-junta dupla é utilizada na tentativa de atenuar esse efeito,
diminuindo o momento fletor verificado na junta simples, à semelhança da junta de sobreposição
dupla.

Figura 19 – Distribuição das tensões numa junta topo a topo sob carga axial e não axial [9]

Junta topo a topo: É o tipo de junta adesiva de fabricação mais simples, embora a resistência seja
reduzida devido à área de ligação reduzida e concentrações de tensões de arrancamento nas periferias

18
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

[8]. Caso existam esforços de flexão aplicados neste tipo de junta, esta fica sujeita à clivagem,
comprometendo ainda mais a sua resistência (Figura 19).

Junta tubular: São usadas quando existe a necessidade de se unirem tubos, independentemente do
formato da sua secção, podendo assim variar bastante as condições geométricas associadas a este
tipo de junta. É importante garantir a concentricidade entre os tubos, para evitar que se verifiquem
esforços de clivagem na sua união (como na junta topo a topo) [21]. Para tubagens com diferentes
diâmetros, o adesivo é aplicado na distância disponível entre os dois aderentes. Já para tubagens com
os mesmos diâmetros, normalmente são criados chanfros nas zonas dos substratos em contacto com
o adesivo para reforçar a adesão e evitar esforços de clivagem (Figura 20).

Figura 20 – Possíveis geometrias de juntas tubulares [8]

2.2 Adesivos

Existem diversos critérios de agrupamento de adesivos, podendo ser divididos em: origem, família,
modo de apresentação, tipos de aderentes mais apropriados, processo de endurecimento, resistência,
comportamento perante solicitações, tempo de cura e preço [10].

19
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A origem dos adesivos depende dos processos que foram necessários para a sua criação, podendo
ser divida em: naturais, semi-sintéticos e sintéticos.

Outro tipo de classificação resulta da sua composição química, existindo três famílias que
distinguem os adesivos neste aspeto: resinas termoplásticas, resinas termoendurecíveis e
elastómeros.

O modo de apresentação é relativo ao estado em que o componente ou componentes do adesivo são


comercializados: podem ser adquiridos sobre a forma de líquido, gel, películas, adesivos em barra
ou em pó (podendo o mesmo adesivo ser adquirido sobre diversas formas).

Existem adesivos que conferem uma melhor ligação a determinados tipos de substratos do que a
outros, podendo essa condição depender do diferencial da tensão superficial (a adesão de uma junta
adesiva é tanto melhor quanto menor for a tensão superficial do adesivo relativamente à superfície
[8]), das reações químicas que poderão surgir no contacto entre ambas as superfícies e da consistência
estrutural que o adesivo irá proporcionar à junta. A classificação quanto ao tipo de aderentes a ligar
é relativa ao tipo de material ou materiais para os quais um determinado adesivo é recomendado,
podendo-se destacar adesivos para madeiras, metais, plásticos, cerâmicos e vidros.

Segundo o processo de endurecimento, os adesivos estruturais podem ser classificados como:


adesivos que endurecem por reação química, devido à evaporação de um solvente ou arrefecimento
a partir do estado líquido.

Outra classificação possível é segundo a resistência, sendo a partir desta definidas as alternativas de
adesivos que possam garantir as condições de funcionamento desejadas. A resistência de um adesivo
corresponde à sua capacidade de suportar determinados esforços mecânicos, como também o seu
comportamento quando sujeito a condições impostas pelo meio envolvente (na presença de óleos,
humidade, solventes, temperaturas variadas, etc.).

Para além da quantificação aos diversos tipos de esforços mecânicos máximos a que um adesivo
poderá resistir, existe outra forma em que estes poderão ser classificados, envolvendo a sua
resistência e composição química, que é o seu comportamento perante solicitações, podendo neste
campo os adesivos ser caraterizados como rígidos ou dúcteis, em função dos modos de fratura
verificados.

A classificação quanto ao tempo de cura e preço de um determinado adesivo deve efetuar-se de


forma qualitativa, porque ambos os parâmetros são suscetíveis de variações significativas sob
determinadas circunstâncias. O fornecedor ao qual o adesivo foi adquirido, os endurecedores e/ou
aceleradores usados e as condições a que uma junta está sujeita durante o estágio de cura, são alguns

20
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

fatores que influenciam igualmente estes dois parâmetros. O modo de classificação do preço é feito
utilizando os termos barato ou caro e, quanto ao tempo de cura, poderá variar entre alguns segundos
até dias.

2.2.1 Caraterização dos adesivos estruturais

Os adesivos estruturais fazem parte de uma fração dos adesivos que apresenta como caraterística o
elevado desempenho mecânico. São considerados adesivos estruturais os adesivos com elevada
resistência mecânica (tensão de rotura ao corte superior a 6,9 MPa [6]), o que lhes permite servir
como substitutos de outros materiais de ligação, como parafusos ou soldadura, em aplicações
permanentes. As ligações formadas por estes adesivos conseguem superar as ligações mecânicas em
diversos aspetos, tais como: melhor distribuição de tensões, aumento da rigidez de estruturas, boa
relação resistência/peso, melhor aparência, gama alargada de tipos de materiais a unir, entre outros.
Porém, também têm algumas desvantagens como: cuidado para garantir que o adesivo trabalhe
maioritariamente ao corte e evitar tensões localizadas, cuidada preparação superficial, reduzida
resistência à temperatura e humidade, entre outras [2, 4]. De seguida, são apresentados os tipos de
adesivos estruturais mais utilizados, apresentando e comparando algumas das suas caraterísticas. Os
adesivos estruturais podem ser subdivididos em grupos, de acordo com certas particularidades que
lhes são caraterísticas, sendo os grupos mais conhecidos [2] os que se apresentam de seguida.

2.2.1.1 Epóxidos

São a família dos termoendurecíveis mais versátil em termos de aplicabilidade devido à sua boa
adesão a vários tipos de materiais, o que não se verifica tão satisfatoriamente em polímeros e
elastómeros devido à sua baixa molhabilidade. Têm excelente resistência à tração, ao corte, à fluência
e quando sujeitos ao contacto com óleo, humidade e vários solventes. Contudo, a sua resistência não
é tão boa quando sujeitos ao arrancamento. A sua capacidade de penetração é elevada, alargando o
seu uso ao preenchimento de cavidades. Os adesivos epóxidos podem curar à temperatura ambiente
necessitando entre 18 a 72 horas, podendo os tempos de cura ser encurtados pelo aumento da
temperatura. Os epóxidos podem ser fornecidos comercialmente em líquido, pasta, película ou sob a
forma sólida, e ser constituídos por um ou dois componentes. As duas partes correspondem à resina
epóxida e ao endurecedor, sendo que também podem ser vendidas ambas incorporadas, tornando-se
apenas uma parte. Neste caso a cura realiza-se através da aplicação de calor, dependendo a
temperatura necessária do tipo de epóxido e endurecedor. Os adesivos que curam a temperaturas
mais altas terão uma temperatura de serviço superior, assim como maior resistência ao corte e ao
meio ambiente. Contudo, apresentam menor tenacidade e resistência ao arrancamento.

21
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Estes adesivos têm uma grande aplicação na indústria automóvel e aeronáutica. Muitas vezes são
adicionados aditivos para a melhoria de certas caraterísticas (como a tixotropia, resistência coesiva,
ductilidade, resistência ao impacto, entre outras) ou mesmo cargas para diminuir o custo. Por outro
lado, o próprio tipo de endurecedor condiciona algumas caraterísticas do adesivo, tais como a
resistência coesiva, dureza e durabilidade.

2.2.1.1.1 Epóxidos híbridos

Muitas vezes, para aprimorar certas propriedades, são misturadas às resinas epóxidas outros tipos de
polímeros, formando epóxidos híbridos. Dentro desta gama de epóxidos modificados, os mais
comuns são os adesivos epóxido-fenólico, epóxido-nylon, epóxido-polisulfeto e epóxidos
modificados com resinas elastoméricas.

Os adesivos epóxido-fenólicos são utilizados para melhorar a resistência à alta temperatura dos
epóxidos, e podem ser empregues em serviço permanente até aos 175 ºC ou intermitente até aos 260
ºC. Para além da boa resistência térmica, também apresentam uma boa resistência ao meio ambiente
e um bom escoamento. Todavia, a sua resistência ao impacto e arrancamento são baixas devido à
elevada rigidez, e também não têm boa resistência a choques térmicos. São muito utilizados na
indústria aeronáutica e servem para ligar diversos tipos de materiais como metais, vidros, cerâmicos
e compósitos.

Os adesivos epóxido-nylons foram os primeiros adesivos estruturais criados para suportarem


elevados esforços de corte e de arrancamento. Porém, têm uma baixa resistência à temperatura
(temperatura de serviço até 80 ºC) e não são recomendados para utilização em ambientes adversos,
devido principalmente à presença do nylon. São usados para colar folhas de alumínio e estruturas em
sandwich na indústria aeronáutica.

Os adesivos epóxido-polisulfitos têm uma excelente flexibilidade, resistência química, ao


arrancamento, a baixas temperaturas e aderem bem a diferentes tipos de substrato. Porém,
apresentam baixa resistência ao corte e a altas temperaturas, tendo uma temperatura de serviço
máxima semelhante aos epóxido-nylon. São geralmente fornecidos em forma de pasta de duas partes,
e curam à temperatura ambiente. A sua boa resistência a esforços de flexão permite a utilização em
aplicações que requerem elevada deformação. São usados para colar betão, vedantes, entre outras
aplicações.

22
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.2.1.2 Fenólicos

Estes adesivos resultam da condensação de fenol e formaldeído, apresentando boa resistência ao


calor, boa estabilidade dimensional, boa durabilidade e são resistentes à água a elevadas
temperaturas. Mantêm a sua capacidade de transmissão de esforços a baixas temperaturas e são
relativamente baratos. No entanto, os adesivos fenólicos apresentam uma ligação frágil com
tendência a estilhaçar, podendo-se melhorar certas caraterísticas através da adição de elastómeros.
Geralmente, o adesivo é aplicado como uma solução em água, álcool ou acetona, e a sua cura é feita
através da aplicação de pressão a 140 ºC durante vários minutos. Estes adesivos também se
encontram disponíveis na forma de pó, caso em que devem ser dissolvidos em água. São
industrialmente aplicados em calços de travão, discos abrasivos, lixas e moldes de fundição.

2.2.1.2.1 Fenólicos híbridos

Estes adesivos são formados através da adição de outros géneros poliméricos, como borrachas
sintéticas ou termoplásticos, às resinas fenólicas, que lhes conferem maior flexibilidade. Os
principais tipos são:

Nitrilo-fenólicos

Adesivos criados através da associação de resinas fenólicas com 50% de borracha de nitrilo. Podem
apresentar resistências ao corte até 35 MPa e excelentes propriedades de arrancamento e fadiga,
quando aplicados em metais. A adição de borracha de nitrilo melhora a resistência ao impacto e a
resistência a temperaturas mais elevadas (sendo necessária uma maior temperatura para obter a cura),
comparativamente aos fenólicos puros. São geralmente disponibilizados sob a forma de soluções de
solvente ou películas, e utilizados na indústria aeronáutica, eletrónica, do calçado e mobiliário.

Vinilo-fenólicos

Estes adesivos são formados pela combinação de resina fenólica com formal de polivinilo ou com
resinas butiral de polivinilo. Apresentam excelentes propriedades de resistência ao corte e
arrancamento como os nitrilo-fenólicos, melhor resistência ao impacto e a agentes químicos. No
entanto, a sua temperatura de serviço é inferior, a rondar os 95 °C, devido à perda de rigidez a partir
de tal temperatura. São fornecidos como soluções de solvente e como películas. São adesivos
usualmente utilizados em metais, borrachas e plásticos.

Neopreno-fenólicos

Entre os adesivos fenólicos modificados, este é o que apresenta menor resistência ao corte e uma
temperatura de serviço também baixa, comparável ao vinilo-fenólico. Porém, apresenta alta

23
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

resistência à fluência, a condições ambientais adversas e tem um excelente comportamento à fadiga


e ao impacto. É normalmente disponibilizado em soluções de solvente e em película, e a sua gama
de aplicações é elevada.

2.2.1.3 Formaldeído

Existem principalmente dois tipos de adesivos de formaldeído: formaldeído de resorcinol e


formaldeído de fenol-resorcinol. As resinas resorcinol podem ser aplicadas em juntas de diversos
materiais, embora não tenham boa aderência nos metais, têm uma gama de temperatura de serviço
bastante ampla (-185 a 175 °C), sendo também resistentes a água a ferver, óleo, solventes e fungos,
e curam à temperatura ambiente. Contudo, as resinas resorcinol são mais caras do que as resinas
fenólicas, sendo usualmente misturadas a estas para diminuir custos, formando assim fenol-
resorcinol. Comercialmente, os dois tipos de formaldeído encontram-se disponíveis em dois
componentes, sendo que uma parte é formaldeído (em pó), que é o agente responsável pela cura, e
outra parte resorcinol (em forma líquida) com ou sem adição de resinas fenólicas. A cura destes
adesivos é alcançada entre 8 a 12 horas à temperatura ambiente. Porém, se esta for feita a uma
temperatura mais elevada, obtém-se uma maior durabilidade.

Ainda dentro dos formaldeídos existe a melamina-formaldeído, termoendurecível incolor usado


principalmente para colar madeiras. Este adesivo resulta da condensação de melamina e formaldeído,
sendo normalmente fornecido sob a forma de pó, ao qual é adicionado um endurecedor na altura da
aplicação. Para atingir a cura, este adesivo necessita de uma temperatura de 90 ºC. Devido ao elevado
preço destas resinas, é costume misturar-se com ureia-formaldeído, que para além de baixar o custo,
também baixa a temperatura de cura. Todavia, a resistência mecânica, à humidade e a temperatura
de serviço máxima (sendo esta de 60 ºC para as resinas ureia-formaldeído), vão diminuir.

2.2.1.4 Poliaromáticos de alta temperatura

As resinas poliaromáticas são conhecidas pelo seu ótimo comportamento a altas temperaturas,
fazendo parte desta família as poliimidas, bismaleimidas, resinas de polibenzimidazol, entre outras.
Duas grandes desvantagens destas resinas são o seu elevado custo e a dificuldade do seu
processamento, que causa com frequência defeitos intrínsecos difíceis de evitar, como por exemplo
vazios e bolhas resultantes da condensação durante o período de cura. Normalmente são fornecidas
em películas integradas ou soluções de solvente, são necessárias altas pressões e temperaturas entre
os 290 e os 340 ºC para a sua cura (recorrendo-se a ciclos térmicos e de pressão para tal) e são usadas
com frequência na indústria aeronáutica.

24
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.2.1.5 Poliuretanos

Estes adesivos podem apresentar-se em estado sólido ou dissolvidos num solvente de uma ou duas
partes, e a sua cura pode-se dar à temperatura ambiente ou a altas temperaturas. Os poliuretanos são
bastante flexíveis, apresentam boa resistência, tanto ao corte como ao arrancamento, aderem bem a
diversos tipos de substratos devido à sua boa molhabilidade, formando ligações com boa tenacidade,
têm boa resistência a temperaturas baixas e a meios químicos. No entanto, estes adesivos podem
degradar-se facilmente quando expostos a elevados graus de humidade. A sua temperatura de serviço
máxima não é muito elevada (aproximadamente 150 ºC). São utilizados para ligar películas, folhas
metálicas, elastómeros e outros tipos de materiais, devido às suas boas caraterísticas de flexibilidade
e molhabilidade.

2.2.1.6 Anaeróbicos

São designados adesivos anaeróbicos devido ao seu processo de cura se dar através da privação de
oxigénio da resina, sendo todos eles baseados no monómero acrilato. Podem ser aplicados numa
enorme variedade de materiais e tipos de superfícies diferentes, havendo apenas a necessidade de ter
algumas precauções quando aplicados em superfícies inativas. Garantem uma ligação tenaz quando
aplicados na maioria dos substratos metálicos. São fornecidos como componente único, de fácil
aplicação, curam rapidamente à temperatura ambiente (entre alguns minutos até horas, dependendo
da natureza das superfícies a colar, bem como o tipo de preparação superficial, podendo o uso de
primários e/ou calor acelerar o processo) e o seu preço é relativamente baixo, quando aplicados em
grandes áreas. São utilizados normalmente para maquinaria, aplicações estruturais como blocante de
ligações aparafusadas e até como vedante para preenchimento de porosidades devido à sua grande
capacidade de penetração.

2.2.1.7 Cianoacrilatos

Estes adesivos são fornecidos em líquido ou gel de apenas um componente que curam em poucos
segundos à temperatura ambiente, apresentam uma excelente resistência ao corte, mas uma baixa
resistência ao calor e, quando comparados com os anaeróbicos com tempos de cura semelhantes, têm
maior rigidez mas são menos resistentes à humidade. São geralmente caros e a sua gama de
temperatura de serviço não é muito alargada, variando entre -30 e 80 ºC. Existem dois tipos principais
de base cianoacrilato, os de etilo e os de metilo, sendo que os de metilo são mais resistentes ao
impacto quando aplicados em materiais rígidos. Já os de etilo são mais utilizados em borrachas e
superfícies plásticas.

25
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.2.1.8 Acrílicos modificados

Estes adesivos são termoendurecíveis fornecidos em duas partes, podendo ser aplicados em diversas
superfícies. O seu tempo de cura é curto, a maioria apresenta uma boa resistência mecânica e ao meio
ambiente e a sua temperatura de serviço vai normalmente dos -40 até aos 120 ºC. Devido à facilidade
de adaptação a vários tipos de superfícies e alta resistência, a sua variedade de aplicações é bastante
alargada.

2.2.1.9 Poliésteres

Os poliésteres existentes podem apresentar uma grande variedade de propriedades, o que possibilita
um uso alargado destas resinas em várias aplicações, para além do facto de serem relativamente
baratos. Podem dividir-se em dois grandes grupos: os não saturados (termoendurecíveis), fornecidos
em dois componentes, de cura rápida à temperatura ambiente após aplicação de um catalisador e,
dependendo do tipo de poliéster, podem ser muito rígidos ou flexíveis, variando também bastante a
sua resistência ao corte; e os saturados (termoplásticos), que têm uma elevada resistência ao
arrancamento e são transparentes. Os poliésteres não saturados são utilizados em vários tipos de
reparações, tanto de componentes automóveis, como para cimento para pisos. Os poliésteres
saturados, devido à sua transparência, podem ser aplicados em equipamento ótico, e também usados
para o processo de ligação de componentes em painéis elétricos.

2.3 Ensaios para determinação da tenacidade à fratura

A tenacidade à fratura, ou taxa crítica de libertação de energia de um material, carateriza a sua


resistência ao crescimento de uma fenda. A partir do momento em que a solicitação aplicada leva a
taxa de libertação de energia a atingir um valor crítico (dado pela taxa crítica de libertação de energia,
GC), dá-se a propagação da fenda.

A propagação da fenda pode ocorrer por diversos modos de carregamento, sendo os mais estudados
o modo I (sob a ação de uma força trativa) e modo II (por corte, sob a ação de um par de forças
perpendiculares à frente da fenda). Na realidade, é normal a presença simultânea de tensões normais
e de corte numa junta adesiva, originando uma solicitação de modo misto I+II. Para além destes dois
modos, existe o modo III (Figura 21), que consiste num modo de corte sob a ação de um par de forças
paralelas à frente da fenda. Através destes três modos de carregamento poderão ser criados modos
mistos, de todas as alternativas possíveis, dependendo da direção da(s) força(s) aplicada(s)
relativamente à frente da fenda. Para cada modo de carregamento está associada uma taxa crítica de
libertação de energia, GIC, GIIC ou GIIIC [2].

26
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 21 - Diferentes modos de propagação de uma fenda [22]

2.3.1 Modo I

Para a medição de GIC é recorrente utilizar-se o ensaio Double-Cantilever Beam (DCB) que origina
uma fratura em modo I. Para tal, é necessário definir a extensão do provete que não terá adesivo,
compreendida ao longo de a0. A propagação da fenda tem lugar desde a0 até à outra extremidade do
adesivo, sendo o seu crescimento induzido através de forças com direção perpendicular ao provete,
exercidas na extremidade do provete (Figura 22). A velocidade da solicitação está normalmente
compreendida entre 0,5 e 3 mm/min. Os valores a registar são os da carga aplicada (P), deslocamento
(δ) e comprimento da fenda (a) [2]. GIC é obtido utilizando a equação de Irwin-Kies da seguinte
forma

P 2 dC
G IC = , (1)
2B da

em que B representa a largura do provete e C=δ/P a flexibilidade. Através da expressão (1) é obtida
a seguinte, relativa a GIC para o ensaio DCB

6 P 2  2a 2 h2 
G IC  3 2 
 , (2)
h B  E 5G11 

em que h é a altura dos substratos, G11 o módulo de corte dos substratos no plano xy; e E o módulo
de elasticidade longitudinal dos substratos.

27
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 22 - Representação esquemática do ensaio DCB [23]

Também pode ser usado o ensaio Tapered Double-Cantilever Beam (TDCB, Figura 23) para a
determinação de GIC, que apresenta como vantagem, em relação ao método anterior, o facto de não
ser necessária a medição dos valores de a para o método de tratamento de dados convencional. Este
é um aspeto relevante, pois estes valores estão sempre sujeitos a erros de leitura com alguma
influência no resultado final, sendo normalmente obtidos através de registos fotográficos da face
lateral do provete, que permitem a determinação de a. A expressão de GIC é obtida pela norma ASTM
D3433-99

4 P2 m
GIC  , (3)
E B2

em que m é uma constante que relaciona h com a da seguinte forma

1 3 a2
m  3 . (4)
h h

É de extrema importância a utilização da relação geométrica patente na expressão (4), de forma a


possibilitar a aferição de resultados com a exatidão pretendida.

Figura 23 - Representação esquemática do ensaio TDCB [2]

28
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3.2 Modo II

Existe uma norma para caraterização à fratura de adesivos em modo II, apesar de não ser consensual
(Japanese Industrial Standard K 7086 de Março de 1993). Os ensaios mais utilizados baseiam-se em
ensaios realizados em materiais compósitos, sendo alguns deles o End-Notched Flexure (ENF), End-
Loaded Split (ELS) e Four-Point End-Notched Flexure (4ENF). O ensaio mais utilizado é o ENF
(Figura 24), pela sua simplicidade de fabrico e de ensaio relativamente aos outros. Os outros ensaios
apresentam algumas limitações: o ELS demonstra algumas dificuldades na obtenção de GIIC e é
bastante sensível quanto às condições de aperto [24], assim como o 4ENF, que requer um dispositivo
de ensaio mais sofisticado e apresenta alguns problemas relacionados com a influência do atrito na
região da pré-fenda [25].

Figura 24 – Representação esquemática do ensaio ENF [26]

A taxa crítica de libertação de energia em modo II (GIIC) para o ensaio ENF, proveniente da equação
de Irwin-Kies (1), é dada pela seguinte relação matemática

9 P2 a2
GIIC  . (5)
16 E B 2 h3

Este método de redução apresenta a desvantagem da necessidade de medição de a durante a sua


propagação. Devido à presença de uma solicitação de corte, a fenda cresce em deslizamento e sem
abertura, o que faz com que a perceção de a se torne mais complicada. Para além deste facto, existe
outro fenómeno que dificulta ainda mais esta ação, nomeadamente a existência de uma zona de
processo de fratura (ZPF, Figura 25), que consiste na presença de uma área (não desprezável e mais
acentuada em adesivos dúcteis) de material danificado por processos inelásticos, à frente da fenda,
que dificulta a exatidão na medição de a.

29
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 25 – Zona de processo de fratura [9]

Para contornar este problema, foi desenvolvido um método de análise (CBBM) que é baseado em ae.
Através do método CBBM, é obtida a seguinte equação relativa à taxa crítica de libertação de energia
em modo II (GIIC) para o ensaio ENF

9 P2  Ccorr 3 2  Ccorr  33


GIIC   a0    1 L  , (6)
16 Ef B 2 h 3  C0corr 3  C0corr  

em que Ef é o módulo corrigido à flexão; Ccorr a flexibilidade corrigida; C0corr a flexibilidade corrigida
inicial; e L metade do comprimento do provete entre apoios.

2.3.3 Modo misto I + II

Na generalidade das juntas adesivas, observa-se a existência em simultâneo de mais do que um modo
de carregamento (normalmente I e II). Desta forma, existe a necessidade de se averiguar o
comportamento da junta neste modo misto. Existem diversos ensaios para o estudo da propagação
de dano em modo misto, sendo um dos mais usados o ensaio Mixed-Mode Flexure (MMF - Figura
26), que também pode ser chamado Single-Leg Bending (SLB), e que origina modo I e modo II
durante a propagação da fenda [27]. Este ensaio é muito semelhante ao ENF, embora o substrato
inferior apenas esteja apoiado numa das extremidades, encontrando-se o outro apoio sob o substrato
superior, mais saliente nessa extremidade do que o inferior.

Figura 26 – Representação esquemática do ensaio MMF ou SLB [2]

30
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Um dos ensaios alternativos ao anterior é o ensaio Asymmetric DCB (ADCB - Figura 27) [28]. Este
ensaio é semelhante ao DCB, embora com espessuras diferentes dos substratos, que provoca o
aparecimento também do modo de corte. Outra alternativa é a utilização de substratos com materiais
de rigidez distinta.

Figura 27 – Representação esquemática do ensaio ADCB [2]

Dependendo das geometrias dos provetes e da orientação da solicitação, a proporção dos modos I e
II obtida nestes ensaios pode ser bastante variável. O ensaio Compact Mixed-Mode (CMM) foi criado
com o objetivo de estudar essa variação de combinações.

Figura 28 - Representação esquemática do ensaio CMM [29]

Como se pode observar na Figura 28, o provete CMM poderá ser testado em modo I puro, modo II
puro e modo misto I+II, sendo a proporção entre modos (ϕ) dependente da orientação da solicitação
a exercer sobre o provete. A proporção de modos pode ser obtida pela seguinte expressão [30]

31
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

GII
  tan 1 . (7)
GI

Existe um ensaio que se encontra normalizado para a caraterização à fratura interlaminar de


compósitos em modo misto, o ensaio Mixed-Mode Bending (MMB, Figura 29). Este ensaio parte da
combinação de outros dois, o DCB para o modo I de abertura puro e o ENF para o modo II de corte
puro, sendo o provete geometricamente igual aos ensaios referidos. A diferença deste ensaio para os
anteriormente mencionados reside no modo como a solicitação é aplicada.

Figura 29 – Representação esquemática do ensaio MMB [30]

Ao longo deste ensaio, para a maioria das configurações geométricas, a relação entre modos (abertura
e corte) mantém-se praticamente constante durante a propagação da fenda (exceto algumas variações
iniciais). A distância c (posição do ponto de carregamento) vai definir o rácio entre os dois modos,
estando também as solicitações de cada modo relacionadas com c da seguinte forma

3c  L
PI  P (8)
4L
e

cL
PII  P, (9)
L

correspondendo PI à solicitação gerada pelo ensaio em modo I de abertura, PII à solicitação gerada
em modo II de corte e L o comprimento entre os dois pontos de contacto do braço de solicitação com
o provete. As taxas de libertação de energia dos modos I (GI) e II (GII) para o ensaio MMB, baseadas
na teoria das vigas, são então dadas pelas seguintes relações matemáticas

32
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3a 2 P 2 (3c - L ) 2
GI  (10)
4 EB 2 h 3 L2

9 a 2 P 2 (c + L ) 2
G II  . (11)
1 6 EB 2 h 3 L2

Chaves [31] desenvolveu um dispositivo de teste à fratura de juntas adesivas para modo I, modo II e
modo misto I+II que permite obter o envelope de fratura completo sem necessidade de medição do
comprimento de fenda.

2.4 Ensaio Single-Leg Bending (SLB)

Neste capítulo são abordados os princípios do ensaio SLB e os respetivos métodos de obtenção de
GI e GII, incluindo as técnicas que necessitam da medição de a, as que usam ae e o método baseado
no integral J.

2.4.1 Caraterização do ensaio

O ensaio SLB, aplicado a juntas adesivas, baseia-se na aplicação de uma força a meio vão de um
provete formado por dois substratos paralelos colados com um determinado adesivo, onde o substrato
superior é mais comprido que o inferior. Desta forma, na extremidade onde se encontra localizada a
pré-fenda, o apoio é apenas realizado pelo substrato superior.

Figura 30 – Representação esquemática do ensaio SLB [27]

A pré-fenda é criada ainda na fase de preparação dos provetes e é essencial para uma propagação de
fenda mais controlada. O comprimento desde a pré-fenda (inclusive) até ao apoio mais próximo é
denominado por a0. Quando a fenda começa a propagar, a distância do apoio à posição atual da fenda

33
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

é denominada por a. O ensaio é dado por terminado quando a fenda atingir a proximidade do punção
de solicitação. A partir da zona em que o punção atua, existem também esforços de compressão
(provocados pelo punção de solicitação que esmaga o adesivo entre os substratos), que
impossibilitam a medição correta dos valores de GI e GII. O esquema deste ensaio pode ser observado
na Figura 30.

Relativamente à geometria dos provetes associados ao ensaio SLB, esta pode apresentar algumas
variações. Pode variar a espessura dos substratos (podendo até mesmo um dos substratos ter
espessura superior) e do adesivo, assim como o comprimento e largura dos substratos. Mesmo
existindo a possibilidade na decisão dimensional de certos parâmetros geométricos como os
mencionados anteriormente, existem algumas regras que devem ser respeitadas, como a relação entre
a0/L, que deverá ser de aproximadamente 70/100 e não inferior, para garantir uma área de estudo
suficiente que permita obter resultados concretos e para evitar a propagação instável da fenda [23].
Esta regra vai também restringir o comprimento relativo entre substratos.

Através deste ensaio, a extremidade da fenda é solicitada numa combinação de modos I e II, que
permite a obtenção de GI e GII para um dado rácio de modos. É um ensaio expedito que não requer
componentes fora do vulgar para a sua realização, nem exige medidas sofisticadas no processamento
dos provetes. Contudo, os métodos de determinação da taxa de libertação de energia que requerem a
medição de a necessitam de uma câmara com resolução suficientemente boa para possibilitar a leitura
do comprimento da fenda. Estes métodos também estão associados às complicações referidas
anteriormente, quanto à perceção da localização e comprimento real da fenda.

2.4.2 Métodos para determinação da tenacidade à fratura

Neste capítulo são expostos os métodos ou modelos usados para a determinação da taxa de libertação
de energia para o ensaio SLB em ambos os modos (I e II). São analisados cinco modelos que
requerem a medição de a, um modelo que utiliza ae (CBBM) e o método baseado no integral J.

2.4.2.1 Métodos que requerem a medição do comprimento de fenda

2.4.2.1.1 Szekrényes e Uj (modelo 1)

Szekrényes e Uj [27] usaram a teoria linear das vigas que incorpora o corte transversal e os efeitos
de uma base elástica para deduzir as taxas de libertação de energia dos modos I e II para o ensaio
SLB. Inicialmente, a taxa de libertação de energia pode ser expressa através da expressão de Irwin-
Kies (1), sendo C obtido com base no trabalho de Ozdil et al. [32] através da derivação de uma
equação usada para um provete do tipo ENF, usando a teoria das vigas de Timoshenko

34
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 2 L3 d11,2  a 3 (d11,1  d11,2 ) 2 La55,2  a ( a55,1  a55,2 ) 


C  , (12)
 12 4k 

onde k é o fator de correção de corte, assumindo o valor 5/6. Mais informações sobre desta dedução
podem ser encontradas em [27].

Figura 31 – Esquema de corpo livre de um provete em modo de carregamento misto [27]

Através das relações anteriores, são obtidas as taxas de libertação de energia para os diferentes modos

21P12 a 2 3 P1 P2 a 2 P1 ( P1  P2 ) P1 ( P1  P2 ) a 2
GI     fw2 (13)
4 B 2 h 3 E 4 B 2 h 3 E 4 B 2 hkG11 4 Bh 3 E

21P2 2 a 2 3 P1 P2 a 2 P2 ( P2  P1 ) P2 ( P2  P1 ) a 2
GII     fw2 , (14)
4 B 2 h 3 E 4 B 2 h 3 E 4 B 2 hkG11 4 Bh 3 E

em que P1 e P2 (Figura 31) são as resultantes das forças aplicadas nos substratos de cima e de baixo,
respetivamente, forças essas deduzidas através da teoria das vigas, e em que fw2 é obtido através da
seguinte expressão

1 1
  2  
 h   E  4   h   E  2 
fw2  5, 42      2, 45     , (15)
 a   E33   a   E33 

onde E33 representa o módulo de elasticidade na direção da largura do provete. Somando as equações
(13) e (14) obtém-se

35
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

21( M 12  M 22 )  6 M 1 M 2  ( M 1  M 2 ) 2 ( f T  fw2 )
G I / II  , (16)
4 B 2 h3 E

onde M1 e M2 são os momentos de torção equivalentes que atuam no substrato superior e inferior,
respetivamente, da junta adesiva durante o ensaio de modo misto (Figura 31) e

2
1 E h
fT    . (17)
k G11  a 

De acordo com Ducept et al. [33] o momento de torção equivalente pode ser decomposto como

M 1 = M I + M II (18)

M 2   Μ I  Μ II . (19)

Substituindo na equação (16), resulta

9M I M II (1   
GI/II  , (20)
B 2 h3 E

podendo ser encontradas mais informações sobre estas deduções na referência [27]. Para anular este
termo, usa-se α = -1 e então obtêm-se os componentes I e II

M I2 (12  f T  fw2 )
GI  (21)
B 2 h3 E

9M II2
GII  . (22)
B 2 h3 E

Rearranjando as equações (18) e (19) obtêm-se

M1  M 2
MI  (23)
2

M1  M 2
M II  . (24)
2

36
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para a aplicação destas fórmulas aos provetes SLB, os momentos de torção utilizados consideram-se
M1=0 e M2=Pa/2. Utilizando as equações (21) e (22) obtêm-se as seguintes taxas de libertação de
energia

12 P 2 a 2 P2
G ISLB   
16 EB 2 h 3 16 kG11 B 2 h
 1
  2  
1 (25)
P 2a2   h   E  4   h   E  2  
 5, 42     2, 45    
16 EB 2 h 3   a   E 33   a   E 33  
 

9P2 a2
GIISLB  . (26)
16 EB 2 h3

2.4.2.1.2 Ye Zhu (modelo 2)

Outro método de aquisição da taxa de libertação de energia dos modos I e II para o ensaio SLB foi
analisado por Ye Zhu [34], utilizando o trabalho realizado por Szekrényes e Uj [35], onde foram
aplicadas as teorias das vigas de Euler-Bernoulli e Timoshenko em conjunção com a análise de
Winkler-Pasternak, a análise do efeito Saint-Venant no início da fenda e a análise da deformação da
fenda por corte, onde foi deduzida a seguinte equação de C

 1
2 
7 a 3  2 L3 a  2L a3   
h  E  2
 h   E 
C SLB    0,98      0, 43     
8Bh3 E 8 BhkG11 8 Bh3 E   a   E33   a   E33  
 
, (27)
1
 1
2
1
3
3

1 3a 2  E  2
a3   h  E 4  h   E 2  h   E 4 
    5,07      8,58      2,08    
 4 Bh 2 E  E33  8 Bh3 E   a   E33   a   E33   a   E33  
 

que foi utilizada para se obterem as equações de GI e GII para o método SLB

 1
2
1 1
2 
2
12 P a 2

1  0,85  h  E  4
h E   2 
h E 2   h   E 
GISLB       0,71    0,32     0,1   
16 EB 2 h3   a   E33   a   E33   a   E33   a   E33  
 
(28)

37
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 1
2 
9P2 a2   h   E  2
 h   E 
GIISLB   1  0, 22      0,048     . (29)
16 EB 2 h3   a   E33   a   E33  
 

2.4.2.1.3 W. S. Kim (modelo 3)

Kim et al. [36] utilizaram a teoria das vigas para proceder ao cálculo dos valores da taxa de libertação
de energia para os modos I e II para o ensaio SLB. Este modelo é aplicado num provete constituído
por substratos de diferentes materiais e espessuras. Para tal, existiu a necessidade de se criarem
parâmetros (equações (30) e (31)) inerentes a cada substrato e respetivo valor equivalente da ligação

D1  E1 I1 , (30)

D2  E2 I 2 (31)

D   E I eff . (32)

(EI)eff é a rigidez à flexão da secção ligada. O índice 1 está associado ao substrato superior e o 2 ao
substrato inferior, por exemplo D1 – rigidez à flexão do substrato superior, E1 – módulo de
elasticidade do substrato superior e I1 – o momento de inércia estático do substrato superior, que é
calculado através da seguinte relação

Bh 3
I . (33)
12

A equação (33) refere-se à secção total do provete, ao invés da secção de apenas um substrato. Para
se proceder ao cálculo das expressões de GI e GII para o ensaio SLB, foi utilizada a expressão de
Irwin-Kies (1). Em vez de ser usada a teoria das vigas para derivar C=f(a), foi utilizada uma
determinação experimental que tem em consideração o efeito de corte e flexão nas proximidades da
fenda. C e a foram normalizados como E1BC e a/h1, respetivamente, e a forma usual de C=f(a), que
é C=k(a+Δa)3, foi apresentada como

1
a
 1  E1 ΒC ) 3   , (34)
h1

onde α1 e β são constantes que devem ser determinadas experimentalmente. Com esta forma de
normalização, C pode ser obtido independentemente da espessura do substrato superior (h1), que vai

38
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ser usada para controlar a proporção entre modos I e II. Deste modo, e utilizando as equações (1) e
(34), a taxa crítica da libertação de energia pode ser apresentada como

2
3 P
2
 E1 BC  3
GC    . (35)
2h1  B  1 E1

Quando materiais dissimilares são unidos através de temperatura, são criadas tensões internas que
afetam a taxa de libertação de energia (efeito contabilizado por GT)

G = Gmec + GT + Gint , (36)

onde Gint é um termo que resulta das interações térmicas e mecânicas e Gmec corresponde à expressão
(35). Baseando-se na teoria das vigas e na mecânica da fratura elástica linear, Nairn [37] calculou os
seguintes termos

1 E1h112 T 2  R 3 )
GT  (37)
2 1  R    (6   (4  R )))

3Pa1T  R 2 (1   ))
Gint  , (38)
Bh1 (1  R    (6   (4  R ))))

onde ΔT é a diferença de temperatura, Δα1=a1+a2, R=E1/E2 e λ=h1/h2, sendo h2 a espessura do


substrato inferior. A taxa de libertação de energia total (em modo misto) do ensaio SLB é dada por
GI/II=GI+GII, decompondo GI/II pelos dois modos de carregamento. São então obtidas as seguintes
expressões para cálculo de GI e GII

P2 a2  D22  1 1 
GISLB     (39)
8B   D  D 2  D1 D2  
 1 2 

P2 a2  1 1
GIISLB      . (40)
8 B   D1  D2  D 

39
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.4.2.1.4 da Silva et al. (modelo 4)

No trabalho de da Silva et al. [38] foi utilizada a teoria das vigas proposta por Szekrényes e Uj [35]
para deduzir as expressões de GI e GII para o método SLB (não sendo dados pormenores sobre a
obtenção das mesmas), através das seguintes relações matemáticas

 2
1
2 
12 P 2 a 2  h h  h  E 2  h   E 
GISLB   1  0,55    0,31   0,32      0,1    (41)
16 EB 2 h3  a a  a   G11   a   G11  
 

 1
2 
9P 2 a 2   h   E  2
 h   E 
G SLB
  1  0, 218      0,048     . (42)
16 EB 2 h3   a   G11  
II
 a   G11 
 

2.4.2.1.5 Szekrényes e Uj (modelo 5)

Num outro trabalho de Szekrényes e Uj [35], utilizando expressões que incorporam a teoria do corte
transversal [32], o efeito Saint-Venant [39], o efeito de uma base elástica de Winkler-Pasternak [27,
40], a análise de deformação do início da fenda por corte [41], bem como as teorias das vigas de
Euler-Bernoulli e de Timoshenko, foram também deduzidas expressões de GI e GII para o método
SLB. Através da equação (1) de Irwin-Kies [39], a expressão de C foi obtida através da teoria das
vigas de Timoshenko (TIM) e Euler-Bernoulli (EB) do seguinte modo [27]

7 a 3 + 2 L3 a + 2L
C SLB = CEB
SLB SLB
+ CTIM = 3
+ , (43)
8Bh E 8 BhkG11

reformulando-se a equação (1) da seguinte forma

21P 2 a 2 P2a2
II 
GI/SLB  fT , (44)
16 B 2 h 3 E 16 B 2 h 3 E

onde

2
1 E h
fT    . (45)
k G11  a 

Para se obter o valor de C para ambos os substratos, são usadas as seguintes expressões

40
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

7 a 3  L3 ( L3  a 3 ) P2 a 3 ( P1  P2 )
CWP1    fw1 (46)
2 Bh3 E 2 Bh3 EP1 2 Bh3 EP1

7a 3  L3 ( L3  a 3 ) P1 a 3 ( P1  P2 )
CWP2    fw1 , (47)
2 Bh3 E 2 Bh3 EP2 2 Bh3 EP2

em que CWP1 diz respeito ao substrato superior e CWP2 ao substrato inferior (ver Figura 32).

Figura 32 – Esquema representativo dos esforços e comportamento elástico do provete [35]

Para o cálculo de fw1 é utilizada a seguinte expressão

1 1 3


1   2     1 3  
   h   E  4   h   E  2     h   E  4 
f W1  2.71
1
2
    2.451      1.111   
2
 , (48)
 a   E33   a   E33   a   E33 

onde ϕ1 = 1+ω, sendo ω um parâmetro relacionado com o fundamento de Pasternak, considerado


como constante [40] e igual a 2,5. Para conhecer as taxas de libertação de energia de cada substrato,
são usadas as seguintes expressões

P12 dC1
G1  (49)
2 B da

P22 dC2
G2  , (50)
2 B da

41
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

em que o índice 1 se refere ao substrato superior e o 2 ao inferior. Substituindo as equações (46) e


(47) nas equações (49) e (50), pode-se dizer

21a 2 ( P12  P22 ) 6 P1 P2 a 2 a 2 ( P1  P2 ) 2


GWP1  GWP2    fw2 , (51)
4 B 2 h3 E 4 B 2 h3 E 4 B 2 h3 E

em que

1 1
1   2  
   h   E  4   h   E  2  .
fw2  5.421 2
     2.451     (52)
 a   E33   a   E33 

Considerando a taxa de libertação de energia de Saint-Venant (GSV) [40]

( P1  P2 ) 2 a 2
GSV  fSV , (53)
4 B 2 h3 E

onde

1
 
12  h   E  2 
fSV     . (54)
  a   G11 

Para as taxas de libertação de energia das equações (49) e (50), tem-se que

( P1  P2 ) 2 a 3
GSH1  GSH2  fSH2 , (55)
4 B 2 h3 E

em que

1
  2
 h   E  2  h  E .
fSH2  1.96      0.43     (56)
 a   G11   a   G11 

Tendo em conta os efeitos de Winkler-Pasternak, corte transversal e outros, e equalizando as


equações (51), (53) e (55), é deduzida a seguinte expressão

21( M 12  M 22 )  6 M 1 M 2  ( M 1  M 2 ) 2 ( fw2  fSV )  ( M 1  M 2 ) 2 fSH2


G . (57)
4 B 2 h3 E

Decompondo M1 e M2 da seguinte forma [42]

M 1  M I  M II (58)

42
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

M 2   Μ I  Μ II , (59)

onde φ é considerado igual a 1 devido a uma suposição cinemática e, para anular uma equação
intrínseca ao modelo, à semelhança do que foi feito na equação (20), é considerado α 1. Mais
informações sobre estas deduções podem ser encontradas em [33]. Assim, obtêm-se

M I2 (12  fw2  fT  fSV )


GI  (60)
B2 h3 E

MII2 (9  fSH2 )
GII  . (61)
B2h3E

Rearranjando as equações (58) e (59)

M1  M 2
MI  , (62)
2

M1  M 2
M II  e (63)
2

utilizando as equações (60) e (61) e, considerando os momentos de torção M1=0 e M2=Pa/2, obtêm-
se as fórmulas finais das taxas de libertação de energia

 1
2
1 1
2 
12 P 2 a 2   h   E 4  h   E 2  h  E 2  h   E 
G SLB
  1  0,85     0, 71     0,32     0,1     (64)
16 EB 2 h3   a   G11  
I
 a   E33   a   E33   a   G11 
 

 1
2 
9P a2 2

1  0, 22  h  E  2
 h   E 
GIISLB       0,048     . (65)
16 EB 2 h3   a   G11   a   G11  
 

43
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.4.2.2 Métodos baseados num comprimento de fenda equivalente

2.4.2.2.1 CBBM (modelo 6)

No trabalho de de Moura et al. [43], com base na teoria das vigas de Szekrényes e Uj [27], obtém-se
um método de cálculo de GI e GII para o ensaio SLB que utiliza ae, evitando as complicações
associadas à medição desta variável. Através da teoria das vigas, é deduzida a expressão de C

28a3  (2 L)3 3(a  2 L)


C  . (66)
32 EBh3 20G11 Bh

Utilizando o valor de patamar da flexibilidade obtido experimentalmente (C0) e a0, E torna-se então
Ef do seguinte modo

1
 3(a0  2 L)  28a03  (2 L)3
Ef   C0   . (67)
 20G11 Bh  32 Bh3

Através da expressão (1) de Irwin-Kies, é deduzida a expressão da taxa de libertação de energia em


modo misto I+II pelo método SLB (GSLB)

21P 2 ae2 3P 2
/ II 
GISLB  . (68)
16 Ef B 2 h 3 40 G11 B 2 h

De acordo com Szekrényes e Uj [27], a taxa de libertação de energia em modo misto é decomposta
da seguinte forma pelos dois modos de carregamento

3P 2 ae2 3P 2
GISLB   (69)
4 Ef B 2 h3 40G11 B 2 h

9 P 2 ae2
GIISLB  . (70)
16 Ef B 2 h 3

Para se proceder ao cálculo de ae, é usada a seguinte expressão

 1   2CBBM 
ae    ACBBM   , (71)
 6 CBBM   ACBBM 

em que

44
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

7
CBBM  , (72)
8Ef Bh3

3
CBBM  , (73)
20G1 Bh

1
 

ACBBM


  108 CBBM  12 3
 4  CBBM 3  27 CBBM 2 CBBM  
 2
 3 
 (74)
   CBBM  CBBM 
  

 2L
3
6L
 CBBM  3
 C . (75)
32Ef Bh 20G11Bh

2.4.2.3 Método baseado no integral J

Devido às dificuldades que se verificavam na análise de materiais com plasticidade não desprezável,
em 1968 Rice [44] introduziu o Integral J, que carateriza o modo como a fenda se propaga num
material elástico não-linear, sendo este um parâmetro da mecânica da fratura elasto-plástica. A
expressão genérica do integral J é definida como

  du 
J   Wdy  T   ds  , (76)
Г 
dx 

em que Г é um percurso traçado no sentido anti-horário, utilizando um ponto inicial e um final, não
coincidentes, de tal forma que os dois pontos devem encontrar-se em faces da fenda opostas (ver
Figura 33).

Figura 33 – Diagrama esquemático da aplicação do integral J

45
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O valor de J é independente do caminho escolhido. W é a densidade de energia de deformação num


material elástico, é o vetor de tração ao longo do percurso definido por Г de acordo com a normal
exterior do contorno, é o vetor de deslocamento na direção e s o comprimento do caminho
escolhido. Este método pode ser aplicado em condições de elasticidade não linear e representa uma
extensão do parâmetro energético da taxa de libertação de energia (G) [45]. Para se proceder ao
estudo das taxas de libertação de energia segundo o método baseado no integral J em modo I (JI), em
modo II (JII) e em modo misto (JI/II) de uma junta adesiva pelo ensaio SLB, Shivakumar e Raju [46]
criaram um método de decomposição baseado na separação de tensões e deslocamentos em modo
simétrico e assimétrico. No entanto, este método apresenta algumas lacunas e entretanto foi corrigido
por diversos autores, originando a decomposição que está patente na Figura 34, que mostra como são
traçados os percursos de integração e distribuídos os momentos fletores.

Figura 34 – Aplicação do Integral J no ensaio SLB [47]

De acordo com a Figura 34, verifica-se que um ensaio SLB se assemelha à sobreposição de efeitos
de um ensaio DCB solicitado com momentos de flexão de (P a)/2 com um ensaio ENF. Através
desta análise, utilizando o método global de Williams [42] e as equações (77) – relativa ao provete
DCB e (78) – relativa ao provete ENF, obtidas pela teoria das vigas [48]

12M 2
JI  (77)
B 2 h3 E

9P 2 a2
J II  , (78)
16 B 2 h3 E

46
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

em que M representa o momento fletor, chega-se assim ao resultado da taxa de libertação de energia
pelo método baseado no Integral J para o ensaio SLB, para cada um dos modos

12 P 2 a 2 9P2a2 21P 2 a 2
J ISLB  , J IISLB  SLB
, J I/II  . (79)
16 B 2 h 3 E 16 B 2 h 3 E 16 B 2 h 3 E

Outra formulação distinta para a obtenção do integral J pelo método SLB é apresentada por Ji et al.
[49]. Assume-se que os aderentes apresentam um comportamento elástico linear durante todo o
processo de fratura, ao contrário do adesivo. Considerando uma aplicação de carga contínua durante
a realização do ensaio, a separação coesiva e a deformação plástica podem ser não-lineares. De
acordo com anteriores trabalhos, as leis que descrevem este sistema podem ser descritas como
(Ouyang e Li [50])

 J'''
D2 D1 d w 4 1 
  '  w
(80)
(D1  D2 ) dx4  '''
2  J'

 h1 h   h2 h2 1 1 
 J''   Q1  2 Q2    1  2    , (81)
 2 D1 2 D2   4 D1 4 D2 A1 A2 

em que w é a espessura de adesivo, J é o deslocamento tangencial entre substratos, σ e são as


trações normal e de corte, hi, Ai e Di (i=1,2 - estando o índice 1 associado ao substrato superior e o 2
ao inferior) são a espessura, a rigidez axial e a rigidez à flexão dos substratos, Qi é a força de corte
aplicada no substrato i e ξ1 e ξ2 são dados por

 h1  h2 
2
1 1
1    (82)
A1 A2 4( D1  D 2 )

h12 h2 1 1
2   2   . (83)
4 D1 4 D2 A1 A2

Para casos em que os substratos da junta são similares, D1=D2=D (tornando-se assim D a única
variável associada à rigidez à flexão), h1=h2=h (tornando-se assim h a única variável associada à
espessura unitária dos substratos) e ξ1= ξ2. Assim, para um provete padrão SLB, as equações (80) e
(81) podem ser simplificadas da seguinte forma

47
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

D d 4w
  (w) (84)
2 dx4

h  h2 2
 J''  (Q1  Q2      . (85)
2D  2D A 

Por conveniência de análise, considera-se Q1+Q2=QT, correspondendo QT à resultante das forças de


corte exercidas sobre a junta adesiva. Da associação anterior, a equação (85) é assim reformulada

h  h2 2
 J''  QT     . (86)
2D  2D A 

As equações (84) e (86) são as equações que regem/descrevem os modos I e II, respetivamente.
Derivando estas equações, pode-se obter a componente do integral J relativa ao modo I (JI) (Ouyang
e Li [26])

w0 QT
J I ( w0 )  
0
  w ) dw 
2
P , (87)

onde P é a rotação relativa entre os dois substratos na linha de aplicação de carga e w0 é a separação
normal entre os dois aderentes na frente da fenda. Para um provete SLB onde P=2QT, a componente
do modo I do integral J pode também ser apresentada sob a forma seguinte

w0 P
J I ( w0 )   0
  w ) dw 
4
P . (88)

Para a componente do integral J relativa ao modo II, através de Ouyang e Li [26] obtém-se

2
1  h  2 2 hQT
  QT a  J0
J 0 2 D  2D
J II ( J 0 )     J ) d  J  , (89)
0 2 h2

A 2D

Onde J0 é deslocamento tangencial inicial entre substratos na frente da fenda. Através da teoria do
integral J, as equações da tensão normal σ e da tensão de corte podem ser definidas da seguinte
forma

1 
  P P 
J I ( w0 )  4 
 ( w)   (90)
w0 w0

48
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 1  ha P
2
h P 
    J0 
 2 2D 2  2D 2 
  2 
 2 h 

J II ( J 0 )  A 2D 
 ( J )    . (91)
 J 0  J 0

As expressões (90) e (91) permitem obter as leis coesivas em tração e corte, respetivamente, que
podem ser posteriormente utilizadas para efeitos de previsão de resistência.

49
DESENVOLVIMENTO

3 Desenvolvimento

3.1 Materiais

Neste capítulo são descritos e caraterizados os materiais utilizados nos provetes SLB (substratos e
adesivos).

3.1.1 Substratos

De início, ponderou-se utilizar uma liga de alumínio (6082-T651) para material dos substratos.
Porém, através de uma análise realizada através do software Abaqus®, que conjuga as propriedades
dos materiais envolvidos com as suas dimensões e esforços aplicados, verificou-se que essa escolha
daria problemas a nível do comportamento elasto-plástico do material, para qualquer dimensão de
junta que fosse adotada. Este problema será abordado mais à frente, no subcapítulo referente à
geometria das juntas. Sendo assim, verificou-se a necessidade de escolher um novo material para o
substrato, pelo que se optou por um compósito de matriz polimérica de resina epóxida reforçada com
fibra de carbono, pré-impregnada e unidirecional (SEAL® Texipreg HS 160 RM), por ter melhores
propriedades mecânicas do que a liga de alumínio, e pela disponibilidade imediata de aquisição.

Tabela 2 – Propriedades elásticas ortotrópicas do compósito reforçado com fibras de carbono, com
as fibras alinhadas unidireccionalmente na direção x [20].

Ex=1,09E+05 MPa υ xy=0,342 G11xy=4315 MPa

Ey=8819 MPa υ xz=0,342 G11xz=4315 MPa

Ez=8819 MPa υ yz=0,380 G11yz=3200 MPa

Após efetuados os mesmos testes a que a liga de alumínio foi submetida pelo software, verificaram-
se resultados positivos para qualquer dimensão de junta, no que concerne à ausência de

51
DESENVOLVIMENTO

comportamento plástico para as cargas envolvidas. Foi então decidido que o compósito reforçado
com fibra de carbono seria o material a utilizar para os substratos (Tabela 2).

3.1.2 Adesivos

Este capítulo descreve os três adesivos utilizados neste trabalho. Dos três adesivos selecionados,
todos eles são bi-componente (resina e endurecedor), dois deles epóxidos (Araldite® AV138 e 2015)
e um poliuretano (SikaForce® 7752). Todos estes adesivos são caraterizados pela fácil aplicação
devido à viscosidade relativamente baixa. A forma bi-componente é vantajosa em relação à de
película, na medida em que permite flexibilidade na escolha da espessura da camada adesiva,
incluindo a possibilidade de compensar alguma falta de planeza dos aderentes. Estes adesivos
apresentam uma ductilidade crescente pela ordem apresentada, desde a consideração de um adesivo
frágil até um adesivo bastante dúctil, o que vai permitir a caraterização e modelação dos ensaios em
condições diferentes.

3.1.2.1 Adesivo Araldite® AV138

O Araldite® AV138 (Figura 35), juntamente com o endurecedor HV998, é um adesivo do fabricante
Huntsman Advanced Materials, considerado estrutural de base epóxida, termoendurecível de dois
componentes. É um adesivo que se apresenta na forma de pasta tixotrópica de cura à temperatura
ambiente, com baixa emissão de gases e perdas voláteis, excelente resistência química e resistente a
temperaturas até aos 120 ºC.

Figura 35 - Adesivo epóxido Araldite® AV138/HV998

O Araldite® AV138 com o endurecedor HV998, quando combinado nas proporções corretas,
descreve-se como um adesivo epóxido frágil, mas de elevada resistência, adequado para ligar
materiais de famílias diferentes tais como metais, compósitos e polímeros [12]. A Figura 36 apresenta
curvas típicas de tensão normal - deformação (-ε) de provetes maciços ensaiados à tração, obtidas
experimentalmente no trabalho [12].

52
DESENVOLVIMENTO

50

40

30

 [MPa]
20

10

0
0 0,005 0,01 0,015 0,02

Figura 36 - Curvas -ε de provetes maciços do adesivo Araldite® AV138 [12]

A Tabela 3 indica as propriedades mecânicas elásticas e plásticas mais relevantes do adesivo, obtidas
em trabalhos realizados anteriormente [12, 51].

Tabela 3 - Propriedades elásticas e plásticas do adesivo Araldite® AV138 [12, 51]


Propriedades Araldite® AV138
Módulo de Young/Elasticidade, E [GPa] 4,89±0,81
Coeficiente de Poisson, υ 0,35a
Tensão de cedência à tração, y [MPa] 36,49±2,47
Tensão de rotura à tração, f [MPa] 39,45±3,18
Deformação de rotura à tração, εf [%] 1,21±0,10
Módulo de elasticidade transversal, Gxy [GPa] 1,56±0,01
Tensão de cedência ao corte, τy [MPa] 25,1±0,33
Tensão de rotura ao corte, τf [MPa] 30,2±0,40
Deformação de rotura ao corte, γf [%] 7,8±0,7
Tenacidade à tração, GIC [N/mm] 0,20b
Tenacidade ao corte, GIIC [N/mm] 0,38b
a
valor do fabricante
b
valores estimados na referência [52]

3.1.2.2 Adesivo Araldite® 2015

O Araldite® 2015 (Figura 37) é um adesivo do fabricante Huntsman Advanced Materials considerado
estrutural, de base epóxida, termoendurecível de dois componentes, apresentado na forma de pasta

53
DESENVOLVIMENTO

tixotrópica de cura à temperatura ambiente, com baixa contração e uma alta resistência ao corte e
clivagem, com uma ductilidade moderada.

Figura 37 - Adesivo epóxido Araldite® 2015

A resistência e durabilidade das ligações efetuadas por este adesivo são dependentes de um
tratamento adequado das superfícies a ligar. No mínimo, as superfícies a ligar devem ser limpas com
um bom agente desengordurante tal como acetona, isopropanol (para plásticos) ou outros agentes
desengordurantes, a fim de remover todos os vestígios de contaminações e sujidade. As curvas -ε
dos provetes maciços, ensaiados à tração, são dadas na Figura 38 [12].

30

25

20
 [MPa]

15

10

0
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06

Figura 38 - Curvas -ε de provetes maciços do adesivo Araldite® 2015 [12]

O adesivo Araldite® 2015, quando comparado com o adesivo Araldite® AV138, oferece uma
resistência à tração e corte inferiores. No entanto, o facto de ser um adesivo dúctil possibilita a
redistribuição de tensões nas regiões de concentrações de tensões, tipicamente nas extremidades da
zona de ligação, devido à existência de assimetria da junta e do efeito de deformação diferencial dos

54
DESENVOLVIMENTO

aderentes [12]. A Tabela 4 indica as propriedades mecânicas mais relevantes deste adesivo, obtidas
em trabalhos realizados anteriormente [12].

Tabela 4 - Propriedades mecânicas do adesivo Araldite® 2015 [12]


Propriedades Araldite® 2015
Módulo de Young/Elasticidade, E [GPa] 1,85±0,21
Coeficiente de Poisson, υ 0,33a
Tensão de cedência à tração, y [MPa] 12,63±0,61

Tensão de rotura à tração, f [MPa] 21,63±1,61


Deformação de rotura à tração, εf [%] 4,77±0,15
Módulo de elasticidade transversal, Gxy [GPa] 0,56±0,21
Tensão de cedência ao corte, τy [MPa] 14,6±1,3
Tensão de rotura ao corte, τf [MPa] 17,9±1,8
Deformação de rotura ao corte, γf [%] 43,9±3,4
Tenacidade à tração, GIC [N/mm] 0,43±0,02
Tenacidade ao corte, GIIC [N/mm] 4,70±0,34
a
valor do fabricante

Comparando os valores deste adesivo com o Araldite® AV138, verifica-se que a deformação de
rotura ao corte é quase seis vezes superior. Por outro lado, as tensões de rotura à tração e ao corte do
Araldite® AV138 são praticamente o dobro das do Araldite® 2015.

3.1.2.3 Adesivo SikaForce® 7752

O SikaForce® 7752 L60 (VP) (Figura 39) é um adesivo à base de poliuretano, estrutural tixotrópico
de 2 componentes, formado por uma resina poliol com cargas e endurecedor de base isocianato, com
baixa emissão de gases e perdas voláteis e com boa resistência a altas temperaturas.

Figura 39 - Adesivo SikaForce® 7752

55
DESENVOLVIMENTO

O SikaForce® 7752 é um adesivo que cura à temperatura ambiente, com boa resistência ao
envelhecimento e à exposição química, com grande resistência ao impacto e bastante flexível a baixas
temperaturas. Encontra aplicação na ligação de metais, cerâmicos, madeira e seus derivados. É um
adesivo bastante dúctil, o que pode ser comprovado nos valores de tenacidade obtidos anteriormente
[53]. As curvas -ε dos provetes maciços ensaiados à tração estão apresentadas na Figura 40 [53].

Figura 40 - Curvas -ε de provetes maciços do adesivo SikaForce® 7752 [53]

A Tabela 5 indica os valores mais relevantes das propriedades mecânicas do adesivo, obtidas num
trabalho realizado anteriormente [53].

Tabela 5 - Propriedades mecânicas do adesivo SikaForce® 7752


Propriedades SikaForce® 7752
Módulo de Young/Elasticidade, E [GPa] 0,49±0,09
Coeficiente de Poisson, υ 0,30a
Tensão de cedência à tração, y [MPa] 3,24±0,48

Tensão de rotura à tração, f [MPa] 11,48±0,25


Deformação de rotura à tração, εf [%] 19,18±1,40
Módulo de elasticidade transversal, Gxy [GPa] 0,19±0,01
Tensão de cedência ao corte, τy [MPa] 5,16±1,14
Tensão de rotura ao corte, τf [MPa] 10,17±0,64
Deformação de rotura ao corte, γf [%] 54,82±6,38
Tenacidade à tração, GIC [N/mm] 2,36±0,17
Tenacidade ao corte, GIIC [N/mm] 5,41±0,47
a
valor do fabricante

56
DESENVOLVIMENTO

3.2 Procedimento experimental

Neste capítulo é descrito o procedimento experimental levado a cabo neste trabalho, começando pela
geometria das juntas, seguido dos processos de fabrico, preparação e procedimento dos ensaios.

3.2.1 Geometria das juntas

3.2.1.1 Otimização numérica da geometria

Foi inicialmente efetuado um estudo para seleção da geometria e material dos substratos devido ao
potencial de plastificação dos mesmos durante o ensaio, o que inviabilizaria a validade dos resultados
obtidos. De facto, se os esforços aplicados durante o ensaio provocarem tensões acima do limite
elástico dos substratos, parte da energia proveniente do ensaio vai-se dissipar pelo substrato, o que
afeta a medição de GI e GII. Para a escolha da geometria das juntas foi usado o software Abaqus®,
que conjuga as geometrias e propriedades dos materiais intrínsecos aos provetes com os esforços a
que estarão submetidos durante o ensaio e apresenta resultados potenciais relativamente às tensões
verificadas. Este processo permite uma melhor perceção das solicitações aplicadas aos aderentes dos
provetes SLB com geometrias distintas.

Tabela 6 – Tensões máximas de von Mises [MPa] para diferentes geometrias das juntas adesivas

Dimensões
L = 100 L = 150 L = 75 L = 125
(mm)
a0 = 70 a0 = 70 a0 = 45 a0 = 87,5
Adesivo

Araldite AV138 σVM = 221

σVM = 263
Araldite 2015
σVM = 543

σVM = 276 σVM = 283


SikaForce 7752 σVM = 282 σVM = 280
σVM = 752 σVM = 752

A Tabela 6 apresenta as dimensões iniciais que foram consideradas e o resultado obtido para cada
uma com os diferentes tipos de adesivos e materiais de substrato. σVM é a tensão de von Mises máxima

57
DESENVOLVIMENTO

nos substratos. De referir que, em algumas das geometrias testadas, não se respeitou o rácio de a0/L
de 70/100 referido anteriormente, como recomendado para o ensaio SLB. A vermelho encontram-se
os resultados obtidos nas simulações com substratos de alumínio e a verde os resultados para
compósito reforçado com fibras de carbono.

Uma vez que a liga de alumínio testada (6082-T651) apresenta uma tensão de cedência (σced) de
261,67 ± 7,65 MPa [17] e o compósito reforçado com fibra de carbono de 750 MPa [16], para
qualquer das hipotéticas geometrias consideradas, os substratos de alumínio iriam sofrer deformação
plástica durante os ensaios destrutivos. Por esta razão foi escolhido o compósito reforçado com fibra
de carbono como material para os substratos. Não foram efetuados todos os cálculos referentes às
hipóteses possíveis, sendo apenas necessário garantir que o substrato se mantém no regime elástico
na pior das situações (maior tensão a que possa estar sujeito durante o ensaio). Para tal, inicialmente
foi verificado qual o adesivo que submeteria o provete à maior σVM, no qual o adesivo SikaForce®
7752 se destacou, como demonstra a Tabela 6. Posteriormente, para efeitos de cálculo, apenas foram
consideradas as geometrias de junta que influenciariam de forma mais significativa a tensão máxima
verificada para este adesivo.

3.2.1.2 Geometria final

Tendo já sido definido o material do substrato que teoricamente não manifestará o problema de
plastificação mencionado (compósito), foi decidido optar-se pela última hipótese de dimensão de
junta (L=125 mm e a0=87,5 mm), por apresentar um L superior aos demais (tendo em conta que a
hipótese de L=150 foi sugerida meramente para uma análise virtual, não tendo o molde disponível
de fabrico das placas de compósito dimensões suficientes para produzir tais substratos). As
dimensões das juntas são idênticas para todos os tipos de adesivos e, de acordo com as conclusões
retiradas até ao corrente ponto de situação, as dimensões finais são (em mm) L=125, B=15, h=3 (igual
para os dois substratos), a0=87,5 e ht=7 (Figura 41).

Figura 41 - Geometria do provete de ensaio SLB

58
DESENVOLVIMENTO

Relativamente ao comprimento dos substratos, o superior apresenta 280 mm e o inferior 200 mm.
No caso de a0, esta é uma dimensão que poderá variar ligeiramente entre provetes, dependendo da
propagação manual da fenda na altura de fabrico do provete (a detalhar posteriormente).

3.2.2 Processo de fabrico

O material base dos substratos, como referido anteriormente, é um compósito de matriz epóxida
reforçada com fibras de carbono (SEAL® Texipreg HS 160 RM). Foram fabricados 21 provetes no
total, 7 por cada adesivo. Optou-se por testar um número elevado de provetes para cada adesivo para
prevenir os casos em que os ensaios são considerados inválidos, caso ocorra uma rotura prematura
da junta que não permita uma aquisição de dados suficiente ou mesmo a existência de adversidades
de outra natureza como a disparidade assinalável de resultados adquiridos. Para a obtenção dos
substratos foi necessária a produção de 3 placas de compósito com 3 mm de espessura, para posterior
corte e obtenção dos substratos a usar no fabrico dos provetes SLB. Estas placas foram fabricadas a
partir de um rolo de 0,15 mm de espessura de pré-impregnado do compósito referido. Inicialmente,
foi retirado o rolo do congelador onde se conservava de forma a manter as suas propriedades
inalteráveis. De seguida, foi desenrolado e foram dele cortados pedaços de 300 300 mm2 (dimensões
do molde onde será colocado) com um X-ato em cima de uma mesa de vidro temperado. Após obtidas
as camadas de pré-impregnado suficientes para a produção das placas (20 tiras por placa para
obtenção de uma espessura de 3 mm), é iniciado o empilhamento das 20 camadas a 0º com a ajuda
de uma pistola de ar quente (Figura 42). Neste processo, aplicou-se o calor em 2 camadas para ativar
a resina contida no pré-impregnado, e de seguida juntaram-se as camadas todas na mesma direção
da fibra (0º). Após a deposição de cada camada, com a ajuda de um bloco metálico para fazer pressão
do interior para a periferia, tentava-se eliminar as bolhas de ar contidas no interior das tiras já ligadas.
Esta pressão é feita sobre uma folha de proteção contida na parte exterior de todas as tiras que, após
a ligação às restantes (tiras já empilhadas), era removida para permitir a ligação da próxima tira. Este
processo é repetido para todas as tiras até estarem 20 empilhadas. As últimas folhas de proteção (na
parte de baixo e de cima da placa) não são removidas para servirem de proteção contra as placas do
molde. Após realizado o empilhamento, a placa é colocada num molde constituído por 2 tampas de
alumínio de igual dimensão e uma moldura de aço colocada no interior das tampas, que contornava
a placa em todos os cantos. Como esta moldura tem precisamente 3 mm e são deixadas as folhas de
proteção em cada face da placa, é necessário entre tampa e moldura colocar uns espaçadores de
alumínio de forma a ajustar essa diferença.

59
DESENVOLVIMENTO

Figura 42 - Aplicação de calor numa camada de pré-impregnado através de pistola de ar quente

Estando o molde pronto, este é colocado na prensa de pratos quentes (Figura 43) com uma pressão
de 30 bar, constantemente exercida nas tampas do molde, e realizado o ciclo térmico apresentado na
Figura 44.

Figura 43 - Prensa de pratos quentes utilizada para a cura das placas de compósito

60
DESENVOLVIMENTO

Figura 44 - Ciclo térmico aplicado às placas de compósito

Após o fim do ciclo térmico descrito na Figura 44, a placa é retirada do molde com as propriedades
finais desejadas. São retiradas as folhas de proteção e é cortada a placa, consoante as medidas
desejadas para os substratos. O corte das placas em substratos é efetuado numa máquina de corte
com disco diamantado e pulverização de água, para evitar a suspensão de partículas nocivas. Como
referido anteriormente, as medidas necessárias para os substratos são de 280 15 mm2 para os
superiores e de 200 15 mm2 para os inferiores.

Após o corte das tiras, estas são secas e dá-se início à fase de preparação superficial das superfícies
a ligar para se proceder à colagem. É utilizada uma lixa de grão P60, com o objetivo de limpar a
superfície de sujidades que reduzam a adesão do adesivo à superfície e de aumentar a área de contacto
entre superfícies dos substratos e adesivo, obtendo-se assim uma ligação mais forte (Figura 45). Após
a lixagem, as superfícies são bem limpas com acetona. Esta ação é bastante importante para eliminar
agentes externos na ligação durante o processo de fabrico.

Figura 45 – Fase de lixagem e limpeza dos substratos

61
DESENVOLVIMENTO

Paralelamente ao procedimento anteriormente descrito, são preparados os espaçadores de aço a


utilizar nas extremidades do adesivo durante o processo de cura. Estes servem para definir a altura
de adesivo e, na outra extremidade, também servem para ajudar a criar a pré-fenda por onde terá
início a propagação da mesma. Para preparar o espaçador com lâmina são necessárias 2 chapas de
alumínio, com 0,45 mm de espessura e uma lâmina de 0,1 mm que será posicionada no interior das
chapas, perfazendo a espessura do adesivo desejada. Em primeiro lugar limpam-se todas as
superfícies com acetona. De seguida o conjunto é fixo com um adesivo de cianoacrilato, fazendo-se
sobressair a zona de corte da lâmina numa extremidade, que permitirá a criação da pré-fenda.
Posteriormente, os espaçadores são aquecidos num forno elétrico com o objetivo de elevar a sua
temperatura para então ser aplicado o desmoldante (prática que facilita o processo de adesão). Para
os espaçadores sem lâmina, constituídos apenas por um componente, repetem-se os mesmos
processos de limpeza das superfícies e aplicação do desmoldante. Como estes espaçadores são
constituídos por um só elemento, a sua altura é a correspondente à pretendida, ou seja, 1 mm. O
desmoldante deverá ser aplicado três vezes sobre cada superfície, aguardando até que a superfície
seque para se proceder a uma nova aplicação.

Na fase de aplicação de adesivo, foram utilizadas cadeiras para sustentar as plataformas de madeira
onde são colocados os provetes SLB durante esta etapa, e onde permanecerão de seguida a curar. Foi
colocada uma película de Teflon® protetora nas plataformas em contacto com os provetes para
prevenir, em casos de vazamento de adesivo em excesso, que estes ficassem colados à madeira. De
seguida, colocaram-se os substratos maiores (superiores) dispostos paralelamente (como se pode
verificar na Figura 46) e marcou-se a caneta nas suas laterais a posição que os espaçadores deveriam
ocupar. Após esta fase concluída, foi necessária, como medida preventiva, a fixação dos espaçadores
nos seus locais devidos através da aplicação de pequenas quantidades de cianoacrilato, para evitar
que estes se movessem durante os processos posteriores. Depois, foi aplicado na área desejada o
adesivo respetivo e posicionado o substrato em falta no topo. Usando alguma pressão manual,
escoou-se o excesso de adesivo e foi assegurado o contacto entre espaçadores e substratos, garantindo
assim a espessura de 1 mm de adesivo. Como medida auxiliar ao procedimento anterior, foi também
usada uma régua para garantir uma melhor distribuição de tensões durante a aplicação da pressão e
evitar assim zonas com menor concentração de adesivo. Paralelamente aos processos anteriores, iam
sendo colados os calços na extremidade da pré-fenda.

Após concluídas as etapas anteriores, são colocados grampos (Figura 46) a exercer pressão nos locais
onde se encontram os espaçadores (durante a aplicação destes é necessário ter atenção ao
cumprimento do paralelismo entre substratos). Os grampos são deixados durante o estágio de cura,
para garantir a espessura desejada de adesivo e um correto posicionamento entre substratos.

62
DESENVOLVIMENTO

Figura 46 – Posicionamento dos espaçadores, calço e grampos, durante a aplicação de pressão nos
provetes

3.2.3 Preparação para ensaio

A preparação dos provetes para ensaio deve ser realizada apenas após o adesivo ter adquirido uma
rigidez satisfatória. Para tal, é testado o comportamento do adesivo através da tentativa de remoção
dos bordos do provete, tendo em conta que o tempo de cura indicado pelo fornecedor já está
ultrapassado. Caso o adesivo ainda não tenha rigidez suficiente, é necessário esperar até que este
apresente tal caraterística. No caso desta dissertação, foram dados 3 dias de cura (sendo 48 horas o
período mais longo de cura indicado pelo fornecedor entre os três adesivos) e verificou-se que o
único que ainda não apresentava rigidez suficiente para prosseguir com esta fase era o adesivo
SikaForce® 7752, sendo que foram dados mais 2 dias de cura para este (que se verificou ter sido o
suficiente).

Figura 47 – Exemplo de provete após cura, com excesso de adesivo na zona de ligação

63
DESENVOLVIMENTO

Este processo começa pela remoção dos dois espaçadores nas extremidades da camada de adesivo, o
que foi facilmente conseguido utilizando um alicate e devido à aplicação prévia do desmoldante. No
entanto, alguns espaçadores que se encontravam bloqueados por uma maior quantidade de adesivo
tornaram-se mais difíceis de remover, sendo necessário recorrer a outros métodos como a fixação da
peça em questão num torno. De seguida, é removido o excesso de adesivo (Figura 47) dos bordos
dos provetes. Na fase inicial deste processo é utilizado um alicate para remover a máxima quantidade
de adesivo em excesso que for possível, com cuidado para não danificar nenhuma parte do substrato
nem retirar mais adesivo para além da face lateral dos provetes (na área delimitada pelos substratos).
Após esta fase, o provete apresenta o aspeto da Figura 48.

Figura 48 – Aspeto do provete após remoção manual do adesivo em excesso com um alicate

Como passo final para a remoção do adesivo que ainda se encontra em excesso, é utilizada uma mó
(Figura 49) com uma rugosidade suficientemente pequena, para que seja possível ao operador poder
controlar este processo sem danificar os aderentes de compósito.

Figura 49 – Mó utilizada na fase final de remoção de excesso de adesivo

64
DESENVOLVIMENTO

De seguida, os provetes foram limpos com acetona para remover poeiras provenientes do processo
anterior e registado numa das suas faces o seu tipo de adesivo e número de provete, para melhorar a
organização sequencial dos ensaios. Após a limpeza dos provetes, segue-se a pintura com corretor
da face que irá ser alvo de registo fotográfico durante o ensaio, permitindo assim uma melhor
perceção da localização da fenda na fase de análise fotográfica. Após secagem da tinta de corretor, é
criada uma pré-fenda forçada através de um esforço leve de separação dos substratos na zona onde a
fenda se iniciará (zona interior do provete) e registando a distância dessa pré-fenda até ao apoio
esquerdo. A Tabela 7 resume os valores de a0 medidos para cada provete.

Tabela 7 - Valores de a0 [mm] medidos para cada provete


# provete Araldite® AV138 Araldite® 2015 SikaForce® 7752
1 85,60 88,39 85,98
2 85,83 85,60 88,51
3 84,54 85,40 85,82
4 86,87 84,67 88,61
5 104,36 88,96 87,17
6 86,4 88,52 86,70
7 91,45 86,80 85,30

Em dois dos provetes do adesivo Araldite® AV138, observou-se que o valor de a0 é marcadamente
superior aos restantes, o que está relacionado com a propagação manual da fenda antes do ensaio,
que resultou numa propagação superior à desejada devido à fragilidade do adesivo.

Prossegue-se para a próxima etapa, que consiste na colagem de uma escala em cada substrato do
provete do lado onde será realizado o registo fotográfico.

Figura 50 – Aspeto final de um provete apto para ensaio

65
DESENVOLVIMENTO

É colada uma escala própria em cada aderente (Figura 50). A 10ª unidade de milímetro da escala
deve situar-se o mais próximo possível da frente da pré-fenda, para efeitos de uniformização. Sempre
que são coladas as escalas, há que ter atenção à zona que será avaliada pelo ensaio e a distância a que
a escala se encontra do ponto de apoio esquerdo do provete no ensaio. De facto, esta medida deve
ser registada para cada provete, para numa fase posterior se estimar o valor de a0. Após terminado o
procedimento referido, o provete encontra-se preparado para ensaio.

3.2.4 Procedimento de ensaio

Para a realização dos ensaios foi utilizada uma máquina de ensaios eletromecânica Shimadzu AG-X
100 com uma célula de carga de 100 kN, com ligação a um computador responsável pelo
processamento do ensaio e obtenção dos dados relativos a este, apresentando-os sob a forma de
gráfico força P (N) vs. deslocamento δ (mm) (Figura 51) e com aquisição de dados a uma frequência
de 4 Hz.

Figura 51- Curva P-δ de um ensaio

A realização dos ensaios foi levada a cabo com recurso a um sistema de apoio regulável em 3 pontos,
conforme se exemplifica na Figura 52. Para além destes dois equipamentos, foi utilizado também um
suporte e punção próprios para este tipo de ensaio, os provetes fabricados, uma máquina fotográfica
Canon EOS 70D de 20,2 MPx, um apoio fixo, algumas placas de aço para dar estabilidade e altura
suficiente à câmara para esta poder registar todos os momentos do ensaio, um cronómetro e um
sistema de iluminação para melhorar a visualização do ensaio e qualidade das fotografias (Figura
52).

66
DESENVOLVIMENTO

Figura 52 – Provete preparado para ensaio: posicionamento no sistema de apoio e sistema de


aquisição de imagem

O posicionamento de cada provete consiste no seu alinhamento pelas linhas paralelas marcadas em
ambos os apoios do ensaio, para garantir assim a perpendicularidade da força aplicada com o
comprimento dos provetes. Após o provete estar alinhado, é regulada manualmente a altura do
punção de carregamento, baixando este para perto do provete, onde se iniciará o ensaio, através do
acionamento de um botão giratório contido na máquina de ensaio. Estando estas fases preparadas, a
máquina fotográfica é posicionada para a altura e posição ideal à captura da zona a analisar, e
preparado o cronómetro para se dar início ao ensaio.

Figura 53 – Fotografia durante o decorrer de um ensaio, em que o provete sai fora dos limites da
imagem capturada

Para os provetes colados com adesivo Araldite® AV138 a velocidade de ensaio (velocidade do
punção de solicitação) definida foi de 0,35 mm/min, para os colados com Araldite® 2015 foi de 0,8
mm/min e para os colados com SikaForce® 7752 de 3 mm/min. Foram consideradas velocidades de
ensaios distintas devido à ductilidade marcadamente diferente dos três adesivos, por forma a
conseguir executar cada teste em tempo útil e garantindo o número mínimo de dados necessário para

67
DESENVOLVIMENTO

o tratamento dos resultados obtidos. Apesar desta diferença, considera-se que as velocidades
escolhidas se enquadram na suposição de ensaios quase-estáticos, de tal forma que não haja
influência de efeitos viscoelásticos. Concluída a fase anterior, é iniciado o ensaio através do
computador e ao mesmo tempo iniciado o cronómetro. Durante o ensaio são tiradas fotografias com
um intervalo de 5 segundos. Após se verificar que a fratura atingiu L/2, ou caso se dê rompimento
total do adesivo precocemente, o ensaio dá-se por terminado. Há que ter atenção na mudança de
provetes com diferentes adesivos, já que a câmara pode não acompanhar o ensaio todo, caso a
resistência do adesivo a testar seja demasiado elevada, como aconteceu no caso do primeiro provete
do adesivo SikaForce® 7752 (Figura 53).

3.3 Resultados

Nesta Secção são apresentados, analisados e comparados os dados obtidos pelos ensaios SLB dos 3
tipos de adesivo, nomeadamente no que concerne aos valores de GI e GII.

3.3.1 Adesivo Araldite® AV138

Por cada provete ensaiado foi gerada uma curva P-δ com uma taxa de aquisição de dados de 4 Hz,
sendo testados 7 provetes por cada tipo de adesivo, como referido anteriormente.

Tabela 8 – Valores de carga máxima e deslocamento associado à carga máxima obtidos para cada
ensaio realizado com o adesivo Araldite® AV138
Deslocamento de carga
# provete Carga máxima (N)
máxima (mm)
1 87,98 2,18
2 82,87 2,09
3 79,14 1,81
4 82,16 1,92
5 72,22 2,59
6 83,70 2,02
7 80,28 2,17
Média 81,19 2,11
Desvio
4,86 0,25
padrão

68
DESENVOLVIMENTO

Os valores de carga máxima sustentada em cada ensaio e o deslocamento associado à carga máxima
dos ensaios efetuados com o adesivo Araldite® AV138 estão apresentados na Tabela 8. De acordo
com os resultados obtidos na Tabela 8, pode-se verificar que existe uma boa repetibilidade de
resultados obtidos, embora com um pequeno desvio na carga máxima suportada pelo provete #5, que
apresentou rotura instável a uma carga inferior à carga de início de dano para os restantes provetes.
Quanto ao desvio padrão verificado para os valores de carga máxima (≈6%) e deslocamento (≈12%)
relativamente ao valor médio, podem-se verificar valores reduzidos, coerentes com a consistência
dos resultados obtidos.

Na Figura 54 são apresentadas as curvas P-δ referentes aos 7 ensaios realizados para o adesivo
Araldite® AV138.

90
80
70
60
50
P [N]

40
30
20
10
0
0 1 2 3 4
δ [mm]

#1 #2 #3 #4 #5 #6 #7

Figura 54 - Curvas P-δ relativas aos 7 provetes testados com adesivo Araldite® AV138

Excluindo os provetes #5 e #7, verifica-se que até ser atingida a carga máxima, a rigidez entre a
maioria dos provetes é semelhante. As diferenças de rigidez relativas aos provetes #5 e #7 devem-se
ao elevado valor de a0, embora tal não afete a medição dos valores de GI e GII. Analisando as curvas
P-δ dos provetes #2, #3 e #6, verifica-se que, após registada a carga máxima, os valores de P
decrescem de forma estável, embora com algumas oscilações na propagação. Por outro lado, os
provetes #1, #4, #5 e #7 apresentam uma região inicial de propagação instável de fenda. De uma
forma global, e de acordo com a queda repentina verificada após atingida a carga máxima, pode-se
concluir que este adesivo tem um comportamento de rotura frágil, que resulta numa rápida
propagação da fenda (que torna a medição de a mais complicada). Este tipo de comportamento
indicia uma menor resistência da junta adesiva, comparando com um adesivo de rotura mais
progressiva, sendo esta ainda mais comprometida na presença de defeitos [17].

69
DESENVOLVIMENTO

3.3.2 Adesivo Araldite® 2015

São apresentados na Tabela 9 os valores registados das cargas máximas de cada ensaio aos provetes
colados com o adesivo Araldite® 2015 e o deslocamento associado à respetiva carga máxima.

Tabela 9 - Valores de carga máxima e deslocamento associado à carga máxima obtidos para cada
ensaio realizado com o adesivo Araldite® 2015
Deslocamento de carga
# provete Carga máxima (N)
máxima (mm)
1 202,83 5,38
2 199,48 4,99
3 181,99 4,84
4 200,78 5,41
5 203,37 5,79
6 215,59 6,06
7 226,08 6,60

Média 204,30 5,58

Desvio
13,77 0,62
padrão

Verifica-se um aumento significativo na carga máxima suportada relativamente ao adesivo Araldite®


AV138 em cerca de 3 vezes. A repetibilidade de resultados é semelhante à do adesivo tratado
anteriormente. Apenas os valores do provete #3 se encontram um pouco abaixo dos valores médios,
e os dos provetes #6 e #7 um pouco acima. Pode-se observar um aumento do deslocamento associado
à carga máxima de ≈200% relativamente ao adesivo Araldite® AV138. Relativamente aos valores
médios da carga máxima e deslocamento associado, os valores do desvio padrão situam-se em ≈7%
e ≈11%, respetivamente, comparáveis aos verificados para o adesivo analisado anteriormente.

Na Figura 55 são apresentadas as curvas P-δ obtidas através dos ensaios realizados aos 7 provetes
colados com o adesivo Araldite® 2015. Pode-se observar que os 7 provetes ensaiados apresentam
uma rigidez até à carga máxima muito idêntica entre eles, não se constatando neste caso a queda
repentina verificada no adesivo Araldite® AV138, logo após a carga máxima, o que leva a concluir
que este adesivo apresenta um comportamento de rotura mais dúctil. O provete #3 não apresentou
uma descida de P tão acentuada quanto os restantes durante a zona de propagação de fenda, o que
provavelmente ocorreu devido a algum defeito na junta que propiciou a propagação prematura do
dano. Apesar das curvas P-δ dos provetes #1 e #4 não apresentarem um formato semelhante às do

70
DESENVOLVIMENTO

provete #3, é possível notar que, em todas estas, foi obtida uma propagação de fenda mais estável
(após registada a carga máxima) que as registadas nos restantes provetes, onde se verificam descidas
abruptas de P.

250

200

150
P [N]

100

50

0
0 2 4 6 8 10
δ [mm]

#1 #2 #3 #4 #5 #6 #7

Figura 55 - Curvas P-δ relativas aos 7 provetes testados com o adesivo Araldite® 2015

3.3.3 Adesivo SikaForce® 7752

Os valores de pico da carga sustentada de cada provete colado com o adesivo SikaForce® 7752 e o
seu deslocamento associado estão apresentados na Tabela 10. Analisando os valores da Tabela 10,
pode-se concluir que este adesivo suportou esforços máximos superiores em cerca de 3 vezes aos
esforços verificados nos provetes com adesivo Araldite® 2015. Para condições geométricas idênticas
dos provetes, pode-se concluir que este é o adesivo mais resistente à fratura dos 3 adesivos analisados.
Destacam-se os provetes #1 e #4 pela maior diferença de resultados quanto à carga máxima registada.
Quanto ao deslocamento associado à carga máxima, observa-se um aumento superior a 400%
relativamente ao adesivo Araldite® 2015. A elevada resistência e deslocamentos associados são
indícios de se tratar de um adesivo dúctil. Os valores dos desvios padrão relativamente aos valores
médios de carga máxima e deslocamento associado são ambos de ≈4,5%, valores ligeiramente
inferiores aos verificados nos dois adesivos analisados anteriormente, e que espelham a elevada
consistência e repetibilidade de resultados obtidos.

Tabela 10 - Valores de carga máxima e deslocamento associado à carga máxima obtidos para cada
ensaio realizado com o adesivo SikaForce® 7752

71
DESENVOLVIMENTO

Deslocamento de carga
# provete Carga máxima (N)
máxima (mm)
1 589,89 27,56
2 603,69 27,21
3 613,42 27,89
4 662,85 30,29
5 642,90 28,28
6 657,45 29,98
7 642,19 27,23
Média 630,34 28,35
Desvio
28,06 1,28
padrão

Na Figura 56 são apresentadas as curvas P-δ obtidas pelos ensaios realizados aos 7 provetes colados
com o adesivo SikaForce® 7752.

700
600
500
400
P [N]

300
200
100
0
0 10 20 30 40
δ [mm]

#1 #2 #3 #4 #5 #6 #7

Figura 56 - Curvas P-δ relativas aos 7 provetes testados com o adesivo SikaForce® 7752

Analisando as curvas P-δ da Figura 56, observa-se uma rigidez até à carga máxima quase idêntica
entre os 7 provetes e um comportamento à fratura dúctil, podendo-se notar um amaciamento
progressivo da carga após atingida a carga máxima, antes da rotura abrupta da junta. Neste caso não
é possível concluir que algum dos provetes tenha cedido antes do expectável, devido à forma
semelhante que as curvas P-δ apresentam ao longo do ensaio e à baixa diferença percentual dos
valores obtidos relativos à carga máxima.

72
DESENVOLVIMENTO

3.4 Determinação da tenacidade à fratura

Neste capítulo são expostos, analisados e comparados os valores obtidos para a taxa de libertação de
energia em modo I (GI) e II (GII) dos diversos provetes com os 3 tipos de adesivos, ensaiados pelo
método SLB. Para tal, recorreu-se aos 6 métodos de avaliação mencionados anteriormente, sendo os
5 primeiros relativos a um valor de a medido com base em registos fotográficos e o método 6 relativo
a ae. Os resultados provenientes dos métodos utilizados são inicialmente apresentados sob a forma
de curvas-R, que representam a evolução da taxa de libertação de energia (GI ou GII) em função do
comprimento de fenda (a ou ae). O modelo 6 (CBBM) utiliza ae para reprodução de resultados, pelo
que as curvas-R referentes a este modelo foram ajustadas manualmente no eixo correspondente a esta
medida, de forma a poderem ser comparadas às demais. No decurso da análise, são mencionados os
provetes que foram invalidados e referidas as razões que levaram a tal decisão, não tendo sido os
resultados obtidos através dos provetes eliminados considerados a partir deste ponto da dissertação.

3.4.1 Adesivo Araldite® AV138

Os provetes #4 e #5 não foram considerados por terem cedido demasiado cedo, não permitindo assim
a obtenção de dados suficientes referentes ao comprimento de fenda, que seriam processados e pelos
quais seriam calculados GI e GII. Para além desse facto, o provete #5 apresentava um a0 superior aos
demais, devido a questões relacionadas com o fabrico, o que dificultou ainda mais a medição de GI
e GII. O provete #6 foi invalidado por apresentar resultados não conformes com os restantes provetes,
o que poderia resultar numa influência negativa da análise objetiva. Os três provetes invalidados não
são então considerados nas análises subsequentes.

Os valores médios de GI e GII obtidos pelos diferentes modelos aplicados aos ensaios considerados
válidos do adesivo Araldite® AV138 são apresentados na Tabela 11 e Tabela 12, respetivamente.
Analisando os valores registados na Tabela 11, pode-se observar uma boa consistência de resultados,
apresentando o provete #3 resultados ligeiramente inferiores aos restantes três, diferença pouco
significativa, mas de certo modo previsível, devido à inferioridade constatada da carga máxima deste
provete relativamente aos demais e pelo facto de a0 não apresentar uma variação significativa entre
os provetes analisados. Os desvios padrão apresentam uma baixa diferença percentual relativamente
aos valores da média de GI obtidos por cada modelo (≈7%), o que indica uma boa consistência de
resultados entre os diferentes modelos.

73
DESENVOLVIMENTO

Tabela 11 – Valores médios e desvios padrão de GI [N/mm], obtidos com os ensaios realizados ao
adesivo Araldite® AV138, utilizando os 6 modelos de cálculo
Modelo
1 2 3 4 5 6
Provete #

#1 0,0545 0,0573 0,0531 0,0564 0,0581 0,0513

#2 0,0568 0,0600 0,0552 0,0590 0,0609 0,0569

#3 0,0493 0,0521 0,0479 0,0513 0,0529 0,0486

#7 0,0575 0,0604 0,0560 0,0595 0,0611 0,0541

Média 0,0545 0,0574 0,0531 0,0565 0,0582 0,0527

Desvio padrão 0,0037 0,0038 0,0036 0,0038 0,0038 0,0036

Tabela 12 - Valores médios e desvios padrão de GII [N/mm], obtidos com os ensaios realizados ao
adesivo Araldite® AV138, utilizando os 6 modelos de cálculo
Modelo
1 2 3 4 5 6
Provete #

#1 0,0399 0,0407 0,0448 0,0411 0,0411 0,0383

#2 0,0416 0,0426 0,0468 0,0430 0,0430 0,0426

#3 0,0360 0,0368 0,0404 0,0372 0,0372 0,0363

#7 0,0420 0,0429 0,0472 0,0433 0,0432 0,0405

Média 0,0399 0,0408 0,0448 0,0412 0,0411 0,0394

Desvio padrão 0,0028 0,0028 0,0031 0,0028 0,0028 0,0027

Comparando os valores médios de GII da Tabela 12, verifica-se que os valores associados ao provete
#3 se mantêm inferiores aos restantes provetes, tal como observado para GI. Verifica-se que a
discrepância de valores obtidos para GII, entre provetes, se mantém constante à observada
anteriormente para o modo I. Este facto pode ser comprovado pelos valores dos desvios padrão que,
quando comparados aos valores médios, registam valores idênticos aos obtidos em GI (≈7%).

74
DESENVOLVIMENTO

Quando comparados os valores médios de G do modo I com o modo II, obtidos pela maioria dos
modelos, estes apresentam uma variação de ≈28% (ϕ=40,32º), não considerando o modelo 3 cujos
valores entre os dois modos estão mais próximos (≈16%, ou seja, ϕ=42,51º). Após tratamento de
dados e comparação das curvas-R obtidas para os 4 provetes colados com o adesivo Araldite®
AV138, foram selecionados dois provetes que são representativos dos resultados obtidos nos ensaios
válidos para este adesivo. Para o adesivo Araldite® AV138 foram selecionados os provetes #2 e #3,
cujas curvas-R são apresentadas nas figuras seguintes.

Na Figura 57 são apresentadas as curvas-R de GI obtidas pelos diferentes modelos relativas ao provete
#2 colado com o adesivo Araldite® AV138.

0,08
0,07
0,06
0,05
GI [N/mm]

0,04
0,03
0,02
0,01
0
80 90 100 110 120 130
a ou ae [mm]
modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 57 – Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#2 colado com o adesivo Araldite® AV138

De acordo com a Figura 57, pode-se verificar que as curvas obtidas pelos diferentes modelos que
requerem a medição do valor de a apresentam uma evolução idêntica, embora com magnitudes de
GI ligeiramente diferentes, devido a pequenas diferenças nos fatores típicos de cada método. Quanto
à curva-R gerada pelo modelo 6 (CBBM), é possível notar-se uma forma irregular numa fase inicial,
ocorrência caraterística deste modelo. Contudo, estes valores iniciais, quer no modelo 6 quer nos
outros modelos, são desprezáveis, sendo contabilizados apenas os valores a partir do momento em
que a taxa de libertação de energia apresenta um patamar, indicativo da propagação da fenda.
Comparando as curvas obtidas pelos 5 primeiros modelos com a curva obtida pelo modelo 6, podem-
se observar algumas semelhanças quanto à forma e valor médio de GI (diferença por defeito de ≈2%

75
DESENVOLVIMENTO

do modelo 6 em relação aos restantes, relativa ao valor médio de GI, considerando os valores desde
o início do patamar de GI até à subida abrupta, a partir de ≈115 mm). Devido à consideração da ZPF
por este modelo, a curva do modelo 6 tem uma tendência a estender-se um pouco mais que os
restantes modelos, relativamente ao eixo do comprimento de fenda, o que se irá verificar para todas
as curvas-R obtidas. A existência de um patamar relativo aos valores de GI e GII obtido ao longo do
desenvolvimento da fenda, indicia uma propagação com rácio de modos constante.

As curvas-R de GII relativas ao mesmo provete são apresentadas na Figura 58.

0,07

0,06

0,05

0,04
GII [N/mm]

0,03

0,02

0,01

0
80 90 100 110 120 130
a ou ae [mm]
modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 58 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#2 colado com o adesivo Araldite® AV138

Analisando a Figura 58, podem-se aferir conclusões análogas às retiradas para a Figura 57 quanto à
forma das curvas-R e extensão do modelo 6. Porém, neste caso os valores médios de GII obtidos pelos
diferentes modelos, à exceção do modelo 3, encontram-se mais aproximados (menor variância),
peculiaridade resultante da semelhança ou mesmo igualdade das expressões que os diferentes
modelos utilizam para o cálculo de GII. É de notar que, considerando os modelos com resultados mais
próximos (excluindo os modelos 3 e 6), os valores médios de GII diminuíram em média ≈28%
(ϕ=40,32º) relativamente aos valores de GI. No entanto, isto não se verifica considerando apenas o
modelo 3, cuja formulação matemática é um pouco distinta da generalidade dos restantes modelos,
o que leva à aproximação de resultados entre GI e GII (diferenciando apenas 16%, ou seja, ϕ=42,51º).
Isolando o modelo 6 é possível verificar uma diferença entre valores médios de GI e GII de ≈25%, ou
seja, ϕ=40,89º (que não causa alteração significativa ao valor médio de ≈28%, referente à analise

76
DESENVOLVIMENTO

global), destacando-se este modelo também pelos valores médios de G (em ambos os modos)
inferiores aos dos restantes modelos. A diferença percentual dos valores médios de GII obtidos pelos
modelos que utilizam a relativamente ao modelo que utiliza ae é de ≈2%, idêntico a GI, tendo sido
os valores utilizados para aferir tal resultado retirados no mesmo intervalo de comprimento de fenda.

Na Figura 59 são apresentadas as curvas-R de GI obtidas para o provete #3 colado com o adesivo
Araldite® AV138, através dos diferentes modelos.

0,08
0,07
0,06
0,05
GI [N/mm]

0,04
0,03
0,02
0,01
0
80 90 100 110 120 130
a ou ae [mm]

modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 59 - Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#3 colado com o adesivo Araldite® AV138

Através das curvas-R de GI do provete #3, explícitas na Figura 59, verificam-se certas semelhanças
entre os modelos que requerem a medição de a e o que utiliza ae, já analisadas no provete anterior
(sendo o valor de GI médio obtido pelo modelo 6 agora ≈4% inferior ao valor médio obtido através
dos restantes modelos, considerando apenas a extensão de a na qual se observa um valor de patamar
de GI). Porém, a partir de um dado valor de a, a evolução do modelo 6 toma a forma de patamar,
enquanto nos restantes modelos os valores de GI apresentam valores ligeiramente crescentes com a
progressão do dano. Esta ocorrência deveu-se provavelmente ao comportamento que o provete
apresentou após a carga máxima, comportamento este analisado anteriormente através da sua curva
P-δ (Figura 54) e que, como constatado pelos resultados dos valores médios, não teve influência no
resultado final. Comparando as curvas-R de GI da Figura 59 com as curvas-R de GI do provete
anterior (Figura 57), pode-se constatar uma descida geral (≈9%), que de certo modo se podia prever

77
DESENVOLVIMENTO

devido à diferença de cargas máximas suportadas entre os dois provetes, já que não há uma variação
significativa de a0 entre ambos.

Na Figura 60 apresentam-se as curvas-R de GII obtidas pelos diferentes modelos em relação ao


provete #3 colado com o adesivo Araldite® AV138.

0,06

0,05

0,04
GII [N/mm]

0,03

0,02

0,01

0
80 90 100 110 120 130
a ou ae [mm]

modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 60 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#3 colado com o adesivo Araldite® AV138

Na Figura 60 pode-se verificar uma conjugação de alguns aspetos já mencionados anteriormente,


como a semelhança dos valores de GII entre os modelos que requerem a medição do valor de a,
excluindo o modelo 3, devido às diferenças na expressão matemática inerente ao método; a evolução
crescente, a partir de certo momento do ensaio, dos valores de GII dados pelos modelos que utilizam
a relativamente ao modelo que utiliza ae (já analisada na Figura 59); e a extensão de ae do modelo 6
(CBBM) relativamente aos outros modelos.

A diferença dos valores médios de GII obtidos pelos modelos que requerem a medição de a
comparativamente ao modelo que utiliza ae é de ≈3%, considerando a mesma extensão utilizada
quando analisadas as curvas-R de GI (apenas a zona de patamar). Relativamente aos valores médios
de GII do provete #2 (Figura 58), os valores de GII do provete #3 diminuíram em cerca de ≈10%, à
semelhança da redução de ≈9% verificada em modo I. Comparando os valores médios de GI com os

78
DESENVOLVIMENTO

valores médios de GII obtidos para este provete, verifica-se que a proporção entre modos se mantém
constante relativamente ao provete #2 (analisado anteriormente).

Na Figura 61 são apresentados os valores médios e respetivos desvios padrão de GI e GII (utilizando
os 6 modelos considerados) obtidos através dos provetes validados com o adesivo Araldite® AV138.

0,07
0,06
GI ou GII [N/mm]

0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0
0 1 2 3 4 5 6
modelo

GI GII

Figura 61 – Valores médios e desvios padrão de GI e GII calculados através dos valores de patamar
dos ensaios validados relativos ao adesivo Araldite® AV138

Através da Figura 61 podem-se confirmar certas observações extraídas das análises anteriores, como
a aproximação de valores entre GI e GII do modelo 3 e uma maior conformidade entre os valores de
GII obtidos com recurso aos diferentes modelos, relativamente aos valores de GI. O modelo 6 destaca-
se por apresentar valores ligeiramente por defeito em comparação com os demais (diferença até ≈
4%), como já inferido anteriormente. Numa análise global, pode-se observar uma boa repetibilidade
de resultados entre os diversos modelos, encontrando-se o modelo 3 um pouco à parte da média,
mesmo em relação ao modelo CBBM. Os valores médios dos desvios padrão de ambos os modos
são pouco significativos (≈7% do valor médio de G).

3.4.2 Adesivo Araldite® 2015

Neste caso, apenas o provete #7 foi considerado inválido, devido à discrepância de resultados obtidos
comparativamente aos outros provetes ensaiados com este adesivo, não se considerando assim a
partir daqui os resultados provenientes deste.

Os valores médios e desvios padrão de GI e GII, obtidos através dos diferentes modelos aplicados aos
ensaios validados do adesivo Araldite® 2015, são apresentados na Tabela 13 e Tabela 14,

79
DESENVOLVIMENTO

respetivamente. De acordo com os resultados demonstrados na Tabela 13 podem-se observar valores


médios ligeiramente inferiores para o provete #2, relativamente aos dos restantes provetes. Por
excesso destaca-se o provete #6 que, para além de apresentar os maiores valores médios de GI em
todos os modelos, relativamente aos outros provetes, é o único provete em que o valor médio obtido
pelo modelo 6 ultrapassa grande parte dos restantes modelos. Os valores médios de GI,
comparativamente aos valores médios obtidos no adesivo analisado anteriormente, aumentaram em
cerca de 6,5 vezes, o que se traduz numa tenacidade à tração muito superior do adesivo Araldite®
2015 em relação ao Araldite® AV138. Observa-se um ligeiro aumento percentual do desvio padrão
(em relação ao valor da média), comparativamente à diferença registada no adesivo Araldite®
AV138, sendo neste caso de ≈10% para os modelos que utilizam a e de ≈12% para o modelo CBBM.

Tabela 13 - Valores médios e desvios padrão de GI, obtidos com os ensaios realizados ao adesivo
Araldite® 2015 utilizando os 6 modelos de cálculo
Modelo
1 2 3 4 5 6
Provete #

#1 0,3319 0,3480 0,3240 0,3431 0,3525 0,3224

#2 0,3126 0,3304 0,3037 0,3248 0,3353 0,3067

#3 0,3354 0,3528 0,3267 0,3474 0,3576 0,3319

#4 0,3515 0,3695 0,3426 0,3639 0,3745 0,3441

#5 0,3868 0,4089 0,3756 0,4020 0,4151 0,3688

#6 0,4012 0,4255 0,3889 0,4179 0,4322 0,4276

Média 0,3532 0,3725 0,3436 0,3665 0,3779 0,3502

Desvio padrão 0,0342 0,0372 0,0327 0,0362 0,0380 0,0433

A Tabela 14 mostra que os valores de GII obtidos através dos diferentes modelos para os provetes #2
e #6 mantêm as mesmas caraterísticas referidas em GI (representando os extremos da Tabela 14). A
superioridade de valores do modelo 6 aplicado ao provete #6 (já verificada para GI), mantém-se para
GII, relativamente à maioria dos restantes modelos aplicados ao mesmo provete. Os valores médios
dos desvios padrão em relação à média de GII mantêm-se coerentes quando comparados com os
obtidos em GI, de ≈10% para os modelos que utilizam a e de ≈12% para o modelo que utiliza ae.

80
DESENVOLVIMENTO

Relativamente aos valores médios de GII obtidos por cada modelo, verifica-se um aumento de ≈6,5
vezes em relação ao adesivo Araldite® AV138, superioridade que se manteve idêntica à analisada na
comparação de GI entre os dois adesivos. A variação de valores de G entre os dois modos, obtida
pelos diversos modelos, é de ≈28% (ϕ=40,32º) para este adesivo, onde apenas se exclui o modelo 3,
cuja diferença percentual entre ambos os modos é de apenas 16% (ϕ=42,51º). Esta relação entre
modos mantém-se constante à analisada no adesivo Araldite® AV138.

Tabela 14 - Valores médios e desvios padrão de GII, obtidos com os ensaios realizados ao adesivo
Araldite® 2015 utilizando os 6 modelos de cálculo
Modelo
1 2 3 4 5 6
Provete #

#1 0,2430 0,2480 0,2730 0,2502 0,2503 0,2412

#2 0,2278 0,2334 0,2559 0,2358 0,2358 0,2294

#3 0,2451 0,2505 0,2753 0,2529 0,2529 0,2485

#4 0,2569 0,2626 0,2886 0,2650 0,2651 0,2574

#5 0,2817 0,2887 0,3165 0,2917 0,2918 0,2759

#6 0,2917 0,2993 0,3277 0,3026 0,3027 0,3198

Média 0,2577 0,2638 0,2895 0,2664 0,2664 0,2620

Desvio padrão 0,0245 0,0254 0,0275 0,0258 0,0259 0,0324

Após análise das curvas-R geradas pelos diferentes modelos para os 6 provetes com o adesivo
Araldite® 2015, foram selecionados dois provetes que são representativos dos resultados obtidos
através dos ensaios válidos para este adesivo. Para o adesivo Araldite® 2015 foram selecionados os
provetes #3 e #4, cujas curvas-R são analisadas seguidamente.

Na Figura 62 são apresentadas as curvas-R de GI dos diferentes modelos, para o ensaio realizado ao
provete #3 colado com adesivo Araldite® 2015. Podem-se observar curvas-R com formas bastante
semelhantes entre todos os modelos, embora o modelo 6 apresente uma extensão superior aos
restantes, pelos motivos já apresentados. Relativamente ao adesivo Araldite® AV138, observa-se um
aumento significativo do valor médio de GI (≈6,5 vezes, já analisado na discussão da Tabela 13) e

81
DESENVOLVIMENTO

uma disparidade de valores médios semelhante entre os modelos que usam a e o que usa ae (≈4%).
As curvas-R relativas ao modo II do provete em análise estão apresentadas na Figura 63.

0,45
0,4
0,35
0,3
GI [N/mm]

0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
80 90 100 110 120 130 140
a ou ae [mm]
modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 62 - Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#3 colado com o adesivo Araldite® 2015

0,35

0,3

0,25
GII [N/mm]

0,2

0,15

0,1

0,05

0
80 90 100 110 120 130 140
a ou ae [mm]

modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 63 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#3 colado com o adesivo Araldite® 2015

82
DESENVOLVIMENTO

Analisando a Figura 63 relativa às curvas-R de GII obtidas para o provete em análise, podem-se tirar
conclusões semelhantes às mencionadas para GI do mesmo provete quanto à forma das curvas e
extensão de ae. Estas curvas podem ser também comparadas com as curvas-R de GII da Figura 60
(referentes ao provete #3 com adesivo Araldite® AV138), em que pode ser também verificada a
aproximação dos valores de GII entre a maioria dos modelos (à exceção do modelo 3 e 6), mais notada
neste modo.

Comparando o valor médio de GII obtido pelas curvas-R entre os modelos que utilizam a e os modelos
que utilizam ae, verifica-se uma variação de ≈3%, resultado que está de acordo com os anteriormente
apresentados. A diferença entre os valores de GII deste adesivo relativamente aos valores de GII
obtidos para o adesivo Araldite® AV138 é de ≈6,5 vezes, mantendo-se a diferença de GI calculada
anteriormente durante a análise global de resultados, onde foram comparados os resultados de todos
os provetes.

As curvas-R de GI obtidas pelos diferentes modelos e relativas ao provete #4 com adesivo Araldite®
2015 estão apresentadas na Figura 64.

0,45
0,4
0,35
0,3
GI [N/mm]

0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
80 90 100 110 120 130
a ou ae [mm]
modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 64 - Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#4 colado com o adesivo Araldite® 2015

Comparando as curvas-R de GI apresentadas na Figura 64 com as curvas-R de GI da Figura 62,


referentes ao provete analisado anteriormente com o mesmo adesivo, verifica-se que o
distanciamento do modelo 6 relativamente aos restantes modelos se mantém idêntico durante toda a

83
DESENVOLVIMENTO

fase de propagação da fenda. A diferença de valores de GI entre o modelo 6 e o valor médio dos
restantes modelos encontra-se na ordem dos ≈5%, semelhante à do provete #3 de ≈4%. Os valores
médios de GI obtidos para este provete são superiores em cerca de ≈5% relativamente aos valores
médios de GI obtidos para o provete #3 com o mesmo adesivo, diferença muito pouco significativa,
mas de certo modo previsível, quando analisadas as cargas máximas suportadas, tendo em conta que
o a0 de ambos os provetes apresentava valores muito semelhantes. Para além das semelhanças já
discutidas, poderão outras ser analisadas através da comparação destas curvas-R com as curvas-R até
aqui apresentadas, como a extensão de ae e as semelhanças da forma entre os diferentes modelos de
obtenção de G.

Na Figura 65 encontram-se as curvas-R em modo II relativas ao provete em análise.

0,35

0,3

0,25
GII [N/mm]

0,2

0,15

0,1

0,05

0
80 90 100 110 120 130
a ou ae [mm]
modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 65 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#4 colado com o adesivo Araldite® 2015

Analisando a Figura 65 pode-se observar um comportamento semelhante às curvas-R discutidas


anteriormente, sendo de realçar a forma entre o modelo 6 e os restantes, embora se mantenha a
extensão superior da região de propagação do modelo 6 relativamente aos restantes. Por outro lado,
analisando as curvas-R do modo II até aqui apresentadas, pode-se verificar a consistência de certas
caraterísticas deste modo de carregamento, como a aproximação dos valores de GII entre a maioria
dos modelos, à parte do modelo 3, que se distancia relativamente aos restantes e que tende em
diminuir a proporção entre modos. O valor de patamar inferior do modelo CBBM relativamente aos

84
DESENVOLVIMENTO

modelos que necessitam da medição do valor de a mantém-se, apesar de não ser uma diferença muito
notável (≈4%, e de apenas ≈2% quando excluído o modelo 3 dessa análise).

Comparando os valores médios de GII obtidos por cada modelo entre os 2 provetes analisados para
este adesivo, verifica-se uma diferença média de ≈5%, a mesma diferença percentual constatada para
o modo I. Conclui-se desta observação que a diferença percentual entre modos é mantida (no caso
dos ensaios em modo misto), devido à invariância da proporção de modos (ϕ).

Na Figura 66 são apresentados os valores médios de GI e GII (utilizando os 6 modelos considerados),


obtidos pelos provetes validados com o adesivo Araldite® 2015 e respetivos desvios padrão.

0,5

0,4
GI ou GII [N/mm]

0,3

0,2

0,1

0
0 1 2 3 4 5 6
modelo

GI GII

Figura 66 - Valores médios e desvios padrão de GI e GII calculados através dos valores de patamar
dos ensaios validados relativos ao adesivo Araldite® 2015

Através da análise da Figura 66 observa-se um aumento dos valores dos desvios padrão respeitantes
ao valor da média de G, relativamente aos valores registados para o adesivo Araldite® AV138 (sendo
a agora a diferença percentual de ≈10% para os modelos de a e de ≈12% para o modelo CBBM).
Este aumento leva a que, no modelo 3, com valores de GI e GII mais próximos, haja a sobreposição
de desvios padrão. Apesar desta discrepância, a concordância de resultados obtidos pelos diferentes
modelos é bastante boa. É possível verificar também valores médios de G em ambos os modos
inferiores pelo modelo 6 relativamente aos restantes modelos, diferença essa bastante reduzida mas
notada principalmente no modo I (≈3% para o modo I e ≈2% para o modo II). Para além dos factos
mencionados, a diferença notada entre os dois modos de G do modelo 3 continua a destacar-se por
defeito em relação aos restantes modelos (≈16% em relação aos ≈28%). O valor médio de GI deste
modelo representa um dos valores inferiores (a par do modelo 6), e GII um dos superiores.

85
DESENVOLVIMENTO

3.4.3 Adesivo SikaForce® 7752

O provete #1 do adesivo SikaForce® 7752 foi invalidado porque a posição do sistema de aquisição
de imagem, definida inicialmente, não era a adequada para acompanhar na totalidade a deformação
da junta facultada por este adesivo, o que impossibilitou a medição de a num segmento crucial do
ensaio (como ficou patente na Figura 53). O provete #6 não foi considerado porque os valores de GI
e GII se distanciavam bastante da média de resultados obtidos nos outros provetes com adesivo
SikaForce® 7752. Os resultados obtidos pelos ensaios aos dois provetes invalidados não são
considerados a partir deste ponto.

Os valores médios de GI e GII obtidos através dos diferentes modelos aplicados aos ensaios validados
do adesivo SikaForce® 7752 são apresentados na Tabela 15 e Tabela 16, respetivamente.

Tabela 15 - Valores médios e desvios padrão de GI, obtidos com os ensaios realizados ao adesivo
SikaForce® 7752 utilizando os 6 modelos de cálculo
Modelo
1 2 3 4 5 6
Provete #

#2 4,4949 4,7311 4,3772 4,6577 4,7963 4,8595

#3 4,0218 4,2301 3,9182 4,1655 4,2876 4,5475

#4 4,1542 4,3863 4,0379 4,3140 4,4506 4,5888

#5 4,4795 4,7275 4,3552 4,6503 4,7962 4,9976

#7 4,3932 4,6200 4,2804 4,5496 4,6826 5,0002

Média 4,3087 4,5390 4,1938 4,4674 4,6027 4,7987

Desvio padrão 0,2104 0,2223 0,2046 0,2186 0,2257 0,2185

Analisando os dados da Tabela 15 pode-se verificar que o provete #3 apresenta valores médios de GI
ligeiramente inferiores aos dos restantes provetes, ao contrário dos provetes #2 e #5. Estas diferenças
não são tão percetíveis como nos adesivos analisados anteriormente, como se pode comprovar
através dos baixos valores dos desvios padrão relativamente aos valores da média de ≈5%, que neste
caso são semelhantes para todos os modelos. Relativamente aos valores médios de GI obtidos para o
adesivo Araldite® 2015, verifica-se um aumento superior a 12,2 vezes (≈13,7 vezes quando

86
DESENVOLVIMENTO

comparado o modelo CBBM), podendo-se concluir que o SikaForce® 7752 é o adesivo mais
resistente à fratura em modo I dentro da gama analisada.

É de notar que, para todos os provetes ensaiados com este adesivo, os valores médios de GI estimados
pelo modelo CBBM são superiores em cerca de ≈8% aos valores obtidos por qualquer outro modelo,
relativamente a este modo. Esta diferença, superior à verificada nos adesivos analisados
anteriormente, deve-se possivelmente ao aumento da área afetada pela ZPF (sendo este o adesivo
mais dúctil ensaiado). De facto, é possível que os modelos baseados na medição de a não
contabilizem com precisão a ductilidade deste adesivo.

Tabela 16 - Valores médios e desvios padrão de GII, obtidos com os ensaios realizados ao adesivo
SikaForce® 7752 utilizando os 6 modelos de cálculo
Modelo
1 2 3 4 5 6
Provete #

#2 3,2829 3,3572 3,6881 3,3891 3,3901 3,6386

#3 2,9386 3,0041 3,3013 3,0323 3,0331 3,4057

#4 3,0284 3,1015 3,4022 3,1330 3,1339 3,4350

#5 3,2664 3,3445 3,6696 3,3781 3,3791 3,7417

#7 3,2103 3,2816 3,6065 3,3122 3,3132 3,7436

Média 3,1453 3,2178 3,5335 3,2490 3,2499 3,5929

Desvio padrão 0,1535 0,1571 0,1724 0,1587 0,1588 0,1635

Ao comparar os valores da Tabela 16 com os da Tabela 15, podem-se retirar conclusões idênticas às
inferidas anteriormente para o modo I. As semelhanças com o modo I dizem respeito aos provetes
que apresentam o maior desvio, valores de desvios padrão relativos à média de GII e a superioridade
dos valores de GII obtidos pelo modelo CBBM em relação aos outros modelos. Em relação aos
valores médios de GII do adesivo Araldite® 2015 apresentados na Tabela 14, os valores médios de GII
do adesivo SikaForce® 7752 mantêm o aumento verificado para GI (superior a 12,2 vezes quando
comparados com os modelos que utilizam a e ≈13,7 vezes quando comparados com o modelo de ae).
Para este modo, constata-se uma variação de ≈9% entre os valores médios de GII obtidos pelos
modelos que utilizam a e o modelo de ae, podendo-se aferir as mesmas conclusões referidas
anteriormente para GI.

87
DESENVOLVIMENTO

A diferença percentual entre os valores médios de GI e GII (proporção entre modos) para o adesivo
SikaForce® 7752 é igual às diferenças anteriormente analisadas para os restantes adesivos: ≈16%
(ϕ=42,51º) para o modelo 3, ≈25% (ϕ=40,89º) para o modelo 6 e ≈28% (ϕ=40,32º) para os restantes.
Através deste facto, poderá concluir-se que a proporção entre modos I e II depende apenas das
expressões matemáticas utilizadas por cada modelo, e não das propriedades dos adesivos, partindo
do princípio que todas as condições geométricas são inalteradas. Comparando de forma crítica as
curvas-R obtidas pelos diferentes modelos aplicados aos 5 ensaios válidos com o adesivo SikaForce®
7752, foram selecionados dois provetes que são representativos dos resultados obtidos nos ensaios
deste adesivo. Para o adesivo SikaForce® 7752 foram selecionados os provetes #2 e #5, cujas curvas-
R são analisadas seguidamente.

Na Figura 67 estão representadas as curvas-R de GI referentes ao ensaio realizado ao provete #2 com


adesivo SikaForce® 7752, obtidas através dos diferentes modelos em análise.

4
GI [N/mm]

0
85 90 95 100 105 110 115 120
a ou ae [mm]
modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 67 - Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#2 colado com o adesivo SikaForce® 7752

Pela análise da Figura 67 verifica-se que as curvas-R obtidas pelos vários modelos têm um formato
algo distinto, relativamente às curvas dos adesivos já analisados. De facto, tanto na Figura 67 como
nas seguintes, observa-se um aumento mais gradual de GI ou GII até ao valor correspondente à
propagação da fenda, que por sua vez não apresenta um patamar tão definido, onde não se consegue
tão facilmente, em relação aos outros adesivos, extrair um valor médio. Para este adesivo, as curvas
apresentam valores crescentes de GI ou GII, onde a média dos valores respetivos foi retirada em torno

88
DESENVOLVIMENTO

do valor de pico. Considera-se que este comportamento está relacionado com a ductilidade do
adesivo em causa. Por outro lado, a ausência de um patamar bem definido está relacionada com a
extensão considerável da ZPF, que é afetada pelo cilindro de carregamento e assim induz a medição
de valores crescentes de GI ou GII à medida que a fenda cresce. Comparando os valores médios de
GI obtidos pelo ensaio a este provete, pode-se verificar um aumento muito significativo (≈12,2 vezes,
e ≈13,7 vezes quando comparado apenas o modelo CBBM) em relação ao adesivo Araldite® 2015,
diferença de certo modo esperada em função das cargas máximas registadas.

Quando comparados os valores de GI obtidos por este ensaio, entre os modelos que necessitam da
medição de a e o modelo CBBM, é obtida uma diferença percentual de ≈5%, estando neste caso o
modelo CBBM num patamar superior. Esta variação é oposta à observada para os adesivos analisados
anteriormente, podendo esta diferença de valores estar relacionada com a ductilidade acentuada do
adesivo em análise, o que faz os métodos baseados na medição de a preverem GI por defeito, por não
contabilizarem de forma correta os efeitos da plasticidade [54]. Também existe a possibilidade de,
devido à extensão da zona plástica à frente da fenda deste adesivo, esta ser afetada pelo punção de
carregamento, o que pode induzir valores medidos de GI e GII superiores aos reais.

As curvas-R de GII relativas ao provete #2 colado com o adesivo SikaForce® 7752 e obtidas pelos
diversos modelos, estão apresentadas na Figura 68.

4,5
4
3,5
3
GII [N/mm]

2,5
2
1,5
1
0,5
0
85 90 95 100 105 110 115 120
a ou ae [mm]

modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 68 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#2 colado com o adesivo SikaForce® 7752

89
DESENVOLVIMENTO

Através das curvas-R apresentadas na Figura 68 podem retirar-se conclusões análogas às retiradas
nas curvas dos adesivos anteriormente analisados, apesar da diferença de forma destas quando
comparadas às dos restantes adesivos. De realçar a aproximação das curvas-R em modo II, à exceção
do modelo 3 e 6 (que preveem valores por excesso) e a forma semelhante das curvas-R entre modelos
que utilizam a e o que utiliza ae, com variações pouco acentuadas dos valores em torno do pico, não
sendo esta semelhança tão notável como nos outros adesivos. Os valores médios de GII (à semelhança
de GI) obtidos através do modelo 6 para o provete #2, encontram-se acima (≈6%) da média de valores
obtidos para os restantes modelos.

De acordo com os resultados de GII observados na Figura 68, pode-se observar um decréscimo médio
de 28% relativamente aos valores de GI verificados no mesmo provete (Figura 67), à exceção do
modelo 3, cuja diferença entre GI e GII é de apenas 16%. Esta diferença já foi discutida quando
realizada a análise global e comparados os provetes válidos ensaiados com o adesivo SikaForce®
7752, na Tabela 16.

As curvas-R de GI adquiridas pelos diferentes modelos aplicados para o provete #5 com o adesivo
SikaForce® 7752, estão apresentadas na Figura 69.

4
GI [N/mm]

0
85 90 95 100 105 110 115 120
a ou ae [mm]

modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 69 - Curvas-R relativas a GI, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#5 colado com o adesivo SikaForce® 7752

Analisando as curvas-R da Figura 69, verifica-se um crescimento mais gradual dos valores de GI
obtidos pelos modelos que requerem a medição de a, relativamente às subidas bruscas verificadas

90
DESENVOLVIMENTO

nas curvas-R adquiridas pelos mesmos modelos para o provete #2, já analisado. Ao comparar as
curvas-R do modelo 6 com as curvas do mesmo modelo do provete #2, verifica-se uma forma muito
semelhante, notando-se apenas uma pequena diferença nos valores de pico.

Relativamente aos valores médios de GI registados para o provete #2, analisado anteriormente,
verifica-se um desvio inferior a ≈1% para este provete, sendo esta diferença mais significativa
quando analisado o modelo CBBM (≈3%). A diferença percentual de valores de G obtidos entre os
diferentes provetes válidos é a mais pequena entre os três adesivos analisados, como já foi referido
anteriormente quando analisados os valores dos desvios padrão. Verifica-se um aumento da diferença
dos valores de GI entre o modelo que utiliza ae e os que utilizam a (≈9%), relativamente ao provete
#2, destacando-se também valores por excesso para o modelo CBBM.

Na Figura 70 estão expostas as curvas-R referentes ao modo II, adquiridas pelo ensaio realizado ao
provete #5 com o adesivo SikaForce® 7752.

5
4,5
4
3,5
GII [N/mm]

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
85 90 95 100 105 110 115 120
a ou ae [mm]

modelo 1 modelo 2 modelo 3 modelo 4 modelo 5 modelo 6

Figura 70 - Curvas-R relativas a GII, obtidas utilizando os diversos modelos, referentes ao provete
#5 colado com o adesivo SikaForce® 7752

Através da análise das curvas-R apresentadas na Figura 70 verifica-se a subida gradual dos valores
de GII (já notada em GI do mesmo provete) obtidos pelos diversos modelos. Observam-se também as
mesmas relações entre curvas já constatadas anteriormente relativamente aos diversos modelos e
caraterísticas do modo II.

91
DESENVOLVIMENTO

A diferença percentual dos valores médios de GII obtidos entre os modelos que requerem a medição
de a e o CBBM ronda os ≈10%, sendo ligeiramente superior à registada para GI no mesmo provete.
Esta diferença de valores (em GI e GII) obtida entre os dois métodos distintos de averiguação, é mais
acentuada neste adesivo do que nos restantes. A razão principal para tal ocorrência é possivelmente
a ductilidade acentuada do adesivo SikaForce® 7752, já referida anteriormente. Ao comparar estes
valores com os valores de GII do provete #2, pode-se verificar uma variação semelhante à analisada
nos valores de GI entre estes dois provetes, devido à proporcionalidade constante de modos já
analisada.

Na Figura 71 são apresentados os valores médios de GI e GII (utilizando os 6 modelos considerados)


obtidos pelos provetes validados com adesivo SikaForce® 7752 e respetivos desvios padrão.

6
5
GI ou GII [N/mm]

4
3
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6
modelo

GI GII

Figura 71 - Valores médios e desvios padrão de GI e GII calculados através dos valores de patamar
dos ensaios validados relativos ao adesivo SikaForce® 7752

A Figura 71 mostra uma boa repetibilidade de resultados entre os diferentes modelos. Os desvios
padrão apresentam diferenças percentuais bastante reduzidas em relação ao valor médio, ≈5%, sendo
este o menor valor registado entre os três adesivos analisados, o que se traduz numa maior
consistência de resultados obtidos. Este adesivo destaca-se pela maior diferença de valores médios
de G (em ambos os modos) entre o modelo 6 e os restantes modelos, facto que provém da ductilidade
acentuada do adesivo em causa. A diferença, por excesso, dos resultados do modelo 6 relativamente
aos valores médios de GI dos restantes modelos é de ≈8%, e em relação aos valores médios de GII é
de ≈9%.

92
DESENVOLVIMENTO

Sendo este o último adesivo sob apreciação, poderá concluir-se que, como mencionado na Tabela 16
quando comparados os resultados gerais, a proporção de modos se mantém contante (podendo-se
assim retirar as mesmas ilações para o modelo 3), como apresentado na Tabela 17. Os valores de %
representam a diferença percentual entre valores de GI e GII, normalizada relativamente a GI. As
variações que efetivamente, nos casos analisados, provocaram alterações na proporção de modos,
foram apenas as diferenças das expressões matemáticas associadas a cada modelo. Sabe-se que
através de variações da geometria das juntas, ou por diferentes modos de aplicação do carregamento
na junta, se obtêm também variações de proporção de modo, como nos caso dos ensaios analisados
no ponto 2.3 desta dissertação.

Tabela 17 – Proporções de modo entre modelos considerados


Proporções de modo
% ϕ
Modelo 3 ≈16% ≈43º
Modelo 6 ≈25% ≈41º
Restantes ≈28% ≈40º

3.5 Discussão dos resultados obtidos

Neste capítulo são apresentados os gráficos que relacionam os valores médios de GI vs. GII para cada
modelo e tipo de adesivo. A comparação destas duas grandezas é realizada com o objetivo de
posicionar o ensaio SLB no envelope de fratura de cada adesivo, que permite visualizar o rácio de
modos do ensaio e critério de modo misto mais adequado para a simulação do mesmo em modelos
numéricos de previsão de resistência. De forma a avaliar determinado desempenho, foram
introduzidos cinco critérios sob a forma de curvas e uma reta, representadas no próprio diagrama
onde são comparadas as duas grandezas. Os critérios representam funções de diferentes proporções
de modo a que os valores de GI e GII obtidos pelos ensaios deverão respeitar sobre condições de
propagação da fenda, sendo as funções respetivas a cada critério calculadas a partir da seguinte
expressão base

EF EF
 GI  G 
    II  1, (92)
 GIC   GIIC 

sendo os critérios mais conhecidos na análise do modo misto, o critério linear (φEF=λEF=1) e o
quadrático (φEF=λEF=2) [30]. As variações dos critérios utilizados na análise realizada neste capítulo
são apresentadas na Tabela 18 [30, 38]. GIC e GIIC são valores caraterísticos de cada adesivo, obtidos

93
DESENVOLVIMENTO

em trabalhos anteriores [12, 51, 53] tipicamente por ensaios DCB (GIC) e ENF (GIIC). Na Tabela 19
estão apresentados os valores de GIC e GIIC utilizados.

Tabela 18 – Parâmetros utilizados para os critérios de avaliação [30, 38]


Critério φEF λEF
a 1 1
b 2 2
c 3/2 3/2
d 1/2 1/2
e 1 1/2

Tabela 19 – Valores de GIC e GIIC dos diferentes adesivos analisados [12, 51, 53]
Adesivo GIC (N/mm) GIIC (N/mm)
®
Araldite AV138 0,2 0,38
®
Araldite 2015 0,43 4,7
SikaForce® 7752 2,36 5,41

Os valores apresentados na Tabela 19 irão definir as interseções dos critérios com os eixos,
correspondendo os valores apresentados na tabela aos valores de modo puro. De seguida são
discutidas as figuras onde são apresentados no envelope de fratura os pontos GI vs. GII, obtidos pelos
ensaios válidos realizados a cada adesivo, e aferidos relativamente aos vários critérios à fratura.

Araldite® AV138

São apresentadas a Figura 72, Figura 73 e Figura 74, utilizadas para analisar o envelope de fratura
do adesivo Araldite® AV138, segundo os diversos modelos em análise.

Modelo 1 Modelo 2
0,2 0,2

0,15 0,15
GI

GI

0,1 0,1

0,05 0,05

0 0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0 0,1 0,2 0,3 0,4
GII GII

Ensaios a b c d e Ensaios a b c d e
a) b)

Figura 72 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 1 (a) e 2 (b) considerando os ensaios válidos do
adesivo Araldite® AV138

94
DESENVOLVIMENTO

Modelo 3 Modelo 4

0,2 0,2

0,15 0,15

GI
GI

0,1 0,1

0,05 0,05

0 0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0 0,1 0,2 0,3 0,4
GII GII
Ensaios a b c d e Ensaios a b c d e
a) b)

Figura 73 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 3 (a) e 4 (b) considerando os ensaios válidos do
adesivo Araldite® AV138

Modelo 5 Modelo 6
0,2 0,2

0,15 0,15

0,1 0,1
GI
GI

0,05 0,05

0 0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0 0,1 0,2 0,3 0,4
GII GII
Ensaios a b c d e Ensaios a b c d e
a) b)

Figura 74 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 5 (a) e 6 (b) considerando os ensaios válidos do
adesivo Araldite® AV138

Comparando a Figura 72, Figura 73 e Figura 74, pode-se observar uma dispersão muito reduzida dos
pontos de GI vs. GII de cada ensaio (com variação mínima entre modelos). Porém, é notado um ligeiro
desvio por defeito dos pontos obtidos relativamente ao que seria esperado pela aplicação dos cinco
critérios. A maior proximidade é observada para o critério (d), que se revela o mais adequado para
efeitos de modelação numérica. Conclui-se assim que os valores obtidos para a taxa de libertação de
energia foram inferiores aos valores previstos por qualquer um dos critérios analisados. Para este
caso seria mais apropriado um critério com valores de φEF e λEF inferiores aos do critério (d), que
tivesse em consideração o posicionamento observado dos pontos de GI vs. GII. Considera-se que esta
discrepância relativamente ao posicionamento esperado dos valores de GI vs. GII pode estar
relacionada com condições e geométricas distintas entre a caraterização do adesivo neste trabalho e
os ensaios de modo puro.

Araldite® 2015

De seguida são analisadas a Figura 75, Figura 76 e Figura 77, correspondentes ao envelope de fratura
do adesivo Araldite® 2015, segundo os vários modelos que terão sido aplicados para obter GI vs. GII.

95
DESENVOLVIMENTO

Modelo 1 Modelo 2
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
GI

GI
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
GII GII
Ensaios a b c d e Ensaios a b c d e
a) b)

Figura 75 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 1 (a) e 2 (b) considerando os ensaios válidos do
adesivo Araldite® 2015

Modelo 3 Modelo 4
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
GI
GI

0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 0 1 2 3 4 5
GII GII

Ensaios a b c d e Ensaios a b c d e
a) b)

Figura 76 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 3 (a) e 4 (b) considerando os ensaios válidos do
adesivo Araldite® 2015

Modelo 5 Modelo 6
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
GI

GI

0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
GII GII
Ensaios a b c d e Ensaios a b c d e
a) b)

Figura 77 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 5 (a) e 6 (b) considerando os ensaios válidos do
adesivo Araldite® 2015

É possível observar uma dispersão reduzida entre os pontos de cada ensaio para cada modelo, porém
superior à verificada para o adesivo Araldite® AV138. Esta diferença era expectável em função do
maior desvio padrão dos valores médios obtidos para este adesivo. Comparando os diversos modelos,
observam-se resultados muito conformes, embora com ligeiros desvios na nuvem de pontos
correspondente ao conjunto de ensaios, podendo-se observar também a diminuição de GI num dos
ensaios do modelo 6. Verifica-se também uma elevada aproximação dos pontos de GI vs. GII

96
DESENVOLVIMENTO

relativamente às curvas descritas pelas leis utilizadas para prever o comportamento do adesivo. De
notar que, na maioria dos modelos, a generalidade dos ensaios é melhor descrita pelo critério (e),
sendo que dois dos provetes mais isolados tendem a seguir as leis (b) e (c), ou mesmo a (a) para
determinados modelos. A distância entre os pontos dos ensaios parece manter-se pouco variável com
a alternância dos modelos aplicados, apresentando o modelo 6 uma dispersão ligeiramente superior.
Para efeitos de simulação numérica, o critério de modo misto a considerar para este adesivo deveria
ser o (e), pela maior proximidade dos pontos, em comparação com os outros critérios.

SikaForce® 7752

Neste subcapítulo são discutidas as figuras correspondentes ao envelope de fratura do adesivo


SikaForce® 7752, segundo os modelos considerados.

Modelo 1 Modelo 2
5 5

4 4

3 3
GI
GI

2 2

1 1

0 0
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
GII GII
Ensaios a b c d e Ensaios a b c d e
a) b)

Figura 78 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 1 (a) e 2 (b) considerando os ensaios válidos do
adesivo SikaForce® 7752

Modelo 3 Modelo 4
5 5

4 4

3 3
GI

2
GI

1 1

0 0
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
GII GII
Ensaios a b c d e Ensaios a b c d e
a) b)

Figura 79 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 3 (a) e 4 (b) considerando os ensaios válidos do
adesivo SikaForce® 7752

97
DESENVOLVIMENTO

Modelo 5 Modelo 6
5 6

4 5
4
3
3
GI

GI
2
2
1 1
0 0
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
GII GII
Ensaios a b c d e Ensaios a b c d e
a) b)

Figura 80 - GI vs. GII obtidos pelos modelos 5 (a) e 6 (b) considerando os ensaios válidos do
adesivo SikaForce® 7752

Analisando a Figura 78, Figura 79 e Figura 80, podem-se observar pontos de ensaio (GI vs. GII) muito
distantes da gama de valores previstos pelos critérios considerados, em função dos valores
conhecidos de GIC e GIIC deste adesivo. Através dos valores de GIC e GIIC considerados, seria difícil
definir um critério que conseguisse englobar os resultados obtidos pelos ensaios. Assim sendo, para
efeitos de simulação de comportamento numérico, nenhum dos critérios analisados deveria ser
considerado, devido ao efetivo distanciamento constatado entre as curvas definidas pelos critérios e
os pontos de ensaio obtidos (mesmo sendo do critério (b) a que os pontos se aproximam
mais).Considera-se que esta diferença pode estar relacionada com a utilização de valores de GIC e
GIIC que foram obtidos pelo ensaio de provetes DCB e ENF, respetivamente, com geometria
diferente. Como é sabido que os valores medidos de GIC e GIIC são bastante dependentes da espessura
dos aderentes, é possível que esta diferença esteja na base da utilização de valores de GIC e GIIC que
não são os mais adequados.

Comparando os conjuntos de pontos dos ensaios entre os diferentes modelos, não são verificadas
diferenças notórias, estando apenas os pontos obtidos pelo modelo 6 ligeiramente mais afastados dos
critérios considerados relativamente aos obtidos pelos restantes modelos, o que era previsível tendo
em conta os valores superiores de GI e GII deste modelo relativamente aos restantes. Por outro lado,
é constatada uma boa repetibilidade de resultados para cada método, devido à baixa dispersão
verificada entre pontos dos vários ensaios.

Determinar o envelope de fratura de juntas adesivas é uma tarefa difícil, sendo os valores da
tenacidade à fratura influenciados pelo percurso da fenda e, como tal, estes podem assim não
representar as verdadeiras propriedades do adesivo [38]. Para além desta dificuldade, torna-se
necessária a realização de diferentes tipos de ensaios com rácios de modo distintos para possibilitar
a obtenção de outros pontos, e assim melhor validar o critério de modo misto a utilizar.

98
CONCLUSÕES

4 Conclusões

Nesta dissertação foi apresentado um trabalho experimental que consistiu na caraterização à fratura
em modo misto de três tipos de adesivos (Araldite® AV138, Araldite® 2015 e SikaForce® 7752). Para
este efeito foi utilizado o ensaio SLB.

A parte inicial do trabalho consistiu no fabrico de 21 provetes (7 por cada adesivo) com dimensões
pré-definidas pela análise de tensões efetuada, respeitando as relações geométricas inerentes ao
ensaio SLB. De seguida, através dos ensaios realizados aos provetes, foram criadas e analisadas as
curvas P-δ respetivas. Os resultados gerais obtidos nesta etapa foram bastante satisfatórios,
verificando-se uma boa repetibilidade de resultados, mais acentuada no adesivo SikaForce® 7752 e
menos no adesivo Araldite® AV138. A dispersão de resultados notada nos adesivos menos dúcteis
deve-se à maior probabilidade de ocorrência de propagação instável da fenda ou rutura antecipada
da junta na presença de imperfeições. Após concluída a análise às curvas P-δ dos ensaios realizados,
foram calculados os valores de GI e GII através dos 6 modelos de redução considerados, aplicados
aos resultados adquiridos pelos ensaios. Estes valores foram comparados entre provetes, modelos,
modos e adesivos com o intuito de ser feita uma análise pormenorizada com resultados concretos.
Através dessa análise verificou-se que as proporções de modo se mantêm constantes entre os provetes
analisados pelos três adesivos, sendo de ≈16% (ϕ=42,51º) quando comparados os valores de GI com
GII obtidos pelo modelo 3, ≈25% (ϕ=40,89º) para o modelo 6 e uma média (com dispersão de valores
quase nula) de ≈28% (ϕ=40,32º) para os restantes quatro modelos. Estes quatro modelos apresentam
menor dispersão de resultados entre eles, uma vez que apenas se diferenciam nas parcelas menos
significativas das expressões matemáticas relacionadas a cada modelo. Com o objetivo de alargar as
possibilidades de análise a novas observações, foram discutidas as curvas-R para dois provetes
válidos por adesivo, representativas do comportamento dos valores de G à medida que a propagação
da fenda se desenvolve. Com a análise dos dados provenientes das curvas-R, puderam-se observar
adesivos com valores de patamar de G com o aumento de a (caraterística dos adesivos mais frágeis,
Araldite® AV138 e Araldite® 2015) e valores de G pouco estáveis com o aumento de a (como no
caso do adesivo SikaForce® 7752). Comparadas e discutidas as curvas-R de cada provete, foram
analisados os valores médios e respetivos desvios padrões de GI e GII obtidos para cada adesivo, onde

99
CONCLUSÕES

se verificou um aumento bastante significativo dos valores de G obtidos conforme o aumento da


ductilidade do adesivo (≈6,5 superior para o adesivo Araldite® 2015 relativamente ao adesivo
Araldite® AV138, e de ≈14 superior para o adesivo SikaForce® 7752 relativamente ao adesivo
Araldite® 2015). Por outro lado, os valores dos desvios padrão não seguiram a mesma evolução. No
caso dos desvios padrão analisados (relativamente aos valores médios de G) para cada adesivo,
verificam-se valores mais elevados para o adesivo Araldite® 2015 (de ≈10% para os modelos que
utilizam a e de ≈12% para o modelo CBBM), valores médios para o adesivo Araldite® AV138 (≈7%
para os dois tipos de modelo) e valores inferiores para o adesivo SikaForce® 7752 (≈5%), o que
comprova a reduzida dispersão de resultados. Numa fase final foram analisados os envelopes de
fratura de cada tipo de adesivo, registados para cada modelo e enquadrados com os ensaios válidos.
Através desta análise constatou-se a aproximação ou distanciamento dos pontos de GI vs. GII obtidos
por cada ensaio relativamente aos critérios considerados, definidos por curvas e apresentados no
mesmo diagrama. A seleção do critério mais adequado tem como objetivo a sua utilização em
modelos numéricos onde se pretende prever o comportamento à fratura para um dado rácio de modos.
De acordo com esta análise verificou-se uma elevada consistência dos resultados do adesivo
Araldite® 2015 com o critério (e). No caso do adesivo Araldite® AV138, os resultados não foram tão
conformes, apresentando um distanciamento geral dos critérios analisados, sendo (d) o critério mais
próximo. O distanciamento dos resultados obtidos de cada ensaio com os diversos critérios é ainda
mais acentuado para o adesivo SikaForce® 7752, embora neste caso por excesso.

Com o trabalho realizado conclui-se também que o ensaio SLB é um ensaio expedito para extrair as
propriedades de fratura de juntas adesivas com um rácio de modos fixo, em função da elevada
repetibilidade verificada pelos resultados obtidos em todas as etapas de cálculo e tratamento de
dados.

Como sugestões de trabalhos futuros, apresentam-se as seguintes propostas:

 Realização de ensaios com diferentes rácios de modo misto, com o intuito da obtenção de
forma mais fiável do critério de modo misto mais adequado.
 Realização de ensaios SLB com geometrias diversificadas, com o objetivo de averiguar a
forma como a proporção entre modos é alterada.
 Simulação numérica do ensaio SLB para averiguar a adequabilidade de cada método de
redução de GI e GII, pela tentativa de reprodução dos valores introduzidos nos modelos a
partir das curvas P- dos ensaios numéricos.

100
REFERÊNCIAS

Referências

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