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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA ARTE
FACULDADE DE DANÇA

Disciplina: Antropologia da Dança I


Docente: Profª Drª Giselle Guilhon Antunes Camargo
Discente: Rayssa Sagica Baia

1ª Avaliação

1. Com base no artigo ‘Do Evolucionismo Cultural de Morgan, Tylor e Frazer ao


Nascimento da Antropologia da Dança’, da antropóloga Giselle CAMARGO, e na
‘Apresentação’ do ‘Dossiê: Antropologia da Dança’, elaborada pelas antropólogas
Renata GONÇALVES, e PatríciaOsório, faça um resumo cronológico, com as principais
contribuições para a Antropologia da Dança dos teóricos aqui indicados: Lewis Henry
Morgan, Edward Burnett Tylor, Sir James George Frazer, Franz Boas, Edward Evans-
Pritchard, Radcliffe-Brown, Margaret Mead e Gregory Bateson, Alfred Gell, Marcel
Mauss, Klyde Mitchel e Marshall Sahlins.

A Antropologia da Dança se fundamentou em diversas teorias de antropólogos. Lewis


Henry Morgan, embora não tenha focado na dança, influenciou a percepção dela como
reflexo do progresso cultural, classificando sociedades em estágios de
desenvolvimento. Edward Burnett Tylor, em "Primitive Culture", apresentou uma visão
hierárquica da cultura, considerando a dança essencial para a evolução das
sociedades. Sir James George Frazer, em "O Ramo de Ouro", destacou a dança como uma
prática ritual que conecta as pessoas ao sobrenatural. Franz Boas introduziu o
particularismo histórico, tratando a dança como uma expressão cultural que reflete
contextos sociais.

Alfred Radcliffe-Brown e Edward Evan-Pritchard enfatizaram a dança em rituais como


essenciais para a coesão social e a expressão de crenças. Margaret Mead e Gregory
Bateson exploraram a dança como forma de comunicação cultural, analisando seu papel
em sociedades do Pacífico. Alfred Gell viu a dança como um sistema de comunicação
simbólica que reflete dinâmicas sociais. Marcel Mauss, em "Técnicas do Corpo",
argumentou que o corpo é moldado culturalmente, enquanto Clyde Mitchell estudou as
relações sociais como base para a organização comunitária.

Marshall Sahlins aprofundou a análise das danças rituais, mostrando como elas
refletem estruturas sociais e políticas, além de suas relações com a economia.
Esses estudos contribuíram para uma compreensão mais rica da dança como uma prática
cultural significativa.

2. A partir da leitura da 3ª parte (Os Folcloristas e o Chão: primeira geração) do


artigo ‘Antropologia da Dança no Brasil: passos e compassos de uma caminhada não-
linear’, de Giselle GUILHON e Maria ACSELRAD, aponte as contribuições dos
folcloristas brasileiros que, na perspectiva das autoras, representariam uma
primeira geração, não de antropólogos, mas de pesquisadores “responsáveis por
formular um discurso sistemático sobre a cultura popular, vindo com isso a abrir os
caminhos para se pensar a dança, fora de padrões hegemônicos e integrada a outros
fatores sociais”.

O artigo “Antropologia da Dança no Brasil: passos e compassos de uma caminhada


não-linear”, de Giselle Guilhon e Maria Acselrad, destaca a importância de uma
geração de folcloristas brasileiros que, apesar de não serem antropólogos de
formação, desempenharam um papel fundamental na sistematização do conhecimento
sobre a cultura popular, abrindo espaço para o estudo da dança em sua dimensão
sociocultural. Esses folcloristas representaram uma primeira geração de
pesquisadores que formulou um discurso sistemático sobre as manifestações
populares, desafiando os padrões e articulando a dança com outros fatores sociais.
Entre os principais folcloristas que contribuíram para essa perspectiva estão Mário
de Andrade, Luís da Câmara Cascudo e Edison Carneiro. Essas figuras notáveis
dedicaram-se ao estudo e à documentação das tradições populares brasileiras,
incluindo a dança, e seu trabalho foi essencial para o reconhecimento dessas
manifestações como parte integrante da cultura nacional. Em suas pesquisas, os
folcloristas se concentraram na diversidade cultural do Brasil, valorizando
expressões.
O trabalho desses folcloristas foram pioneiros na medida em que não viam a dança
apenas como uma prática estética ou artística, mas como um fenômeno profundamente
enraizado nas relações sociais, nas dinâmicas de comunidade, nos rituais
religiosos, nas festividades e nas tradições locais. Eles perceberam que a dança
estava interligada a fatores como o trabalho, a religião e as estruturas sociais,
evidenciando que essa prática cultural não poderia ser dissociada de seu contexto.
Ao analisar a dança a partir de uma perspectiva que incluía sua função social e
simbólica, os folcloristas contribuíram para a abertura de novos caminhos de
reflexão sobre a cultura popular no Brasil.
A contribuição desses estudiosos foi crucial para o desenvolvimento de uma
abordagem mais crítica e abrangente da antropologia da dança no Brasil, abrindo
espaço para que se compreendesse a dança como uma expressão cultural plural e
dinâmica. A valorização das tradições populares e a análise de suas manifestações,
realizadas por esses folcloristas, ajudaram a consolidar a ideia de que a cultura
popular, incluindo suas danças, deveria ser estudada não apenas em termos de seu
valor estético, mas também em sua profunda ligação com as identidades culturais e
os processos históricos do país.
E O trabalho desses folcloristas foi essencial para romper com as visões elitistas
que dominavam o cenário cultural da época. Eles ajudaram a incluir as tradições
populares no debate sobre a formação da identidade nacional, dando visibilidade a
manifestações que antes eram marginalizadas. Ao integrar a dança com outros
aspectos da vida social, como o trabalho, a fé e as interações comunitárias, esses
pesquisadores promoveram uma visão mais inclusiva da cultura.

3. Do seu ponto de vista, qual ou quais seriam as maiores contribuições do campo da


Antropologia da Dança para os estudos em/com/sobre/através da dança no âmbito
acadêmico? Aqui você pode discorrer livremente sobre os impactos do pensamento
antropológico da dança sobre a sua forma de fazer, observar e pensar a dança.

Na minha visão, a Antropologia da Dança tem um impacto muito profundo e


transformador no jeito que a gente estuda e entende a dança. É como se a
antropologia trouxesse uma lente que amplia o significado do que é dançar, tirando
a ideia de que dança é só performance ou estética. Ela nos mostra que a dança é, na
verdade, um reflexo da cultura, das crenças, das lutas e das identidades de cada
povo. Esse olhar antropológico ajuda a gente a perceber como cada gesto ou
movimento conta uma história e tem um significado que vai além da técnica.
Acho especialmente importante como a antropologia legitima todos os tipos de dança,
sem hierarquizar. A gente costuma ver certas danças, como o balé ou a dança
moderna, como “mais sérias” ou “mais artísticas”, e isso acaba marginalizando
outras formas de expressão. A antropologia desconstrói isso, mostrando o valor das
danças tradicionais, de rua, rituais e de comunidades que às vezes são vistas como
folclóricas. Com isso, o campo da dança se torna mais inclusivo e diverso, o que,
para mim, é essencial, porque arte e cultura nunca podem ser vistas de forma
limitada.
Outro ponto que acho incrível é o método da antropologia, que convida o pesquisador
a se envolver, a participar e a dançar junto com as pessoas que ele está estudando.
Isso muda tudo, porque não é só olhar e anotar, mas sentir e experimentar o que
está acontecendo. O pesquisador se coloca no contexto e acaba percebendo nuances
que seriam invisíveis de fora. Para mim, esse jeito de se abrir e se deixar
impactar pela experiência é o que enriquece de verdade o entendimento da dança.
Por fim, acho que a maior contribuição da Antropologia da Dança é nos fazer
questionar o que a gente acha que é “dança”. Esse campo nos lembra que a dança é
viva, está sempre mudando, se reinventando e que cada povo tem sua forma única de
dançar. Ela nos ensina a respeitar e valorizar essas múltiplas expressões, e isso,
para mim, traz uma liberdade incrível tanto para o estudo quanto para a prática da
dança. É uma forma de celebrar a diversidade humana e, ao mesmo tempo, entender
que, na dança, a gente encontra algo universal que nos conecta

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