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26 10 2020-Parnasianismo

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PARNASIANISMO

O CULTO À FORMA E A FÔRMA


(final de 1870 – 1922)
A poesia pós-romântica (1860 – 1920)
No fim da década de 1860 até o movimento modernista de
1922, a poesia brasileira contou com diferentes vertentes.
Dentre elas, destacam-se:
Realista
Filosófica (+
Científica desenvolvida
em Portugal e
(nordeste) sudeste (SP e
RJ)

Poesia Poesia
Socialista Parnasiana
A poesia pós-romântica (1860 – 1920)
• Poesia filosófico-científica: desenvolveu-se
principalmente no nordeste. Os poetas dessa vertente
queriam substituir a imaginação romântica pela verdade
científica, captada pelos sentidos. A temática dos poemas
gira em torno do positivismo, do darwinismo, da seleção
das espécies, da luz elétrica, etc.

• Poesia realista: manifestou-se, mormente, no sudeste


(RJ e SP). Os poetas mostravam uma visão mais sensual
da mulher e do amor, repudiando o ideal de beleza
romântico. Tinha um caráter, às vezes, moralizante.
A poesia pós-romântica (1860 – 1920)
• Poesia socialista: os temas eram, geralmente, ligados à
crença na humanidade, no trabalho, na consciência, no
saber, no progresso, na justiça social. Os poetas
acreditavam na hipótese de um império universal e da
comunhão de toda a humanidade.

Pode-se dizer que a busca pela objetividade, a


preocupação social, a reflexão filosófica, o repúdio à
melancolia, o amor carnal e a crença na razão são
manifestações comuns a vários poetas desse momento, os
quais se opunham à poesia romântica.
A poesia pós-romântica (1860 – 1920)
• ―Síntese científica‖, de Martins Júnior

Século dezenove! O bronze do teu vulto


Há de ser venerado, há de se impor ao culto
Dos pósteros, bem como impõe-se à escuridão
Um relâmpago, um raio, um brilho, uma explosão.
..........
[...] Ó século do labor!
As tuas criações, teus túneis, teu vapor,
Tuas forjas, teu ar, tua eletricidade,
Tua filosofia e tua heroicidade.
PARNASIANISMO
Escola da Literatura Brasileira ou um
Movimento Literário essencialmente
poético, contemporâneo do
Realismo-Naturalismo. Um estilo de
época que se desenvolveu na poesia
a partir de 1850, na França, chegou
ao Brasil a partir de 1880
aproximadamente e conviveu com
movimentos do século XX.

O vocábulo Parnaso está relacionado


à figura mitológica que dá nome a
uma montanha na Grécia, onde,
segundo a lenda, moravam musas e
o deus Apolo e era frequentemente
visitada pelos poetas em busca de
inspiração
Fonte: https://santhatela.com.br/nicolas-poussin/poussin-parnaso /
Romantismo e Parnasianismo
Pálida à luz
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Pálida à luz da lâmpada sombria, Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada, Álvares de Azevedo
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria


Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando


Negros olhos as pálpebras abrindo
Formas nuas no leito resvalando
Romantismo e Parnasianismo
Profissão de fé Da fina transparência dos cristais,
Almas de santa e corpo de alfenim.

Odeio as virgens pálidas, cloróticas,


Prefiro a exuberância dos contornos,
Beleza de missal que o romantismo
As belezas da forma, seus adornos,
Hidrófobo apregoa em peças góticas,
A saúde, a matéria, a vida enfim.
Escritas nuns acessos de histerismo.

Carvalho Júnior
Sofismas de mulher, ilusões óticas,
Raquíticos abortos de lirismo,
Sonhos de carne, compleições
exóticas,
Desfazem-se perante o realismo.

Não servem-me esses vagos ideais


A retomada dos clássicos
O nome ―Parnasianismo‖ foi o título duma coletânea de 37 poetas
franceses que buscavam o culto à forma.

No Brasil, a poesia parnasianista contou com uma produção extensa


que, posteriormente, foi alvo de desprezo pelos poetas modernistas
que buscavam combater os ideais propostos pelos poetas que
cultuavam a forma. Poesia Os sapos de Manuel Bandeira declamada
na Semana de Arte Moderna de 1922
(https://www.culturagenial.com/poema-os-sapos-manuel-bandeira/)

Os principais poetas parnasianos foram: Alberto de Oliveira, Olavo


Bilac, Francisca Júlia da Silva, Raimundo Correia etc. Poder-se-ia
dizer que Bilac foi, sem dúvidas, o que obteve maior destaque, seu
nome é certo em diversos manuais de história literária.
Características principais
Exclusão da sentimentalidade romântica. Porém, como frisa
Afrânio Coutinho (1986, p. 145), em sua História da Literatura,
isso não impediu que os poetas parnasianos se reportassem a
sentimentos e estados subjetivos.

Ataques veementes aos poemas românticos, uma vez que


esses primavam pela subjetividade em detrimento da
objetividade e clareza de linguagem, elementos esses que eram
de suma importância no movimento Parnasiano.

Uso do verso alexandrino do tipo francês, isto é, versos


compostos por doze sílabas poéticas.
Características principais
• Abandono, quase que por completo, do verso branco, ou seja,
versos que não rimam.

• Busca por ideais poéticos desenvolvidos na poesia greco-romana


clássica.

• Apego às formas fixas, grande parte dessas oriundas da antiguidade.


Poder-se-ia dizer que o soneto foi uma das formas mais utilizadas.

• Uso da ordem indireta, isto é, o sujeito geralmente é colocado no final


da frase. Herança essa do latim, posto que era muito comum ao
escrever e versejar nessa língua valer-se de tal recurso.

• Ataque às convenções românticas.


Características principais
• Os versos, segundo os poetas dessa escola, deveriam ser claros e
objetivos. Por isso, a subjetividade exacerbada, marca primordial do
romantismo, foi combatida pelos parnasianos.

• A poesia é considerada fruto do trabalho, do suor, e não mais da


inspiração romântica.

• O elitismo dessa poesia requintada é inegável e rendeu aos


parnasianos críticas das gerações seguintes.

• Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos inertes,


sempre optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada
como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de
Oliveira.
Características principais
Cavalgamento ou encadeamento sintático (enjambement):
Ocorre quando o verso termina quanto à métrica (pois
chegou na décima sílaba), mas não terminou quanto à
ideia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso de
baixo. O verso depende do contexto para ser entendido.
Tática para priorizar a métrica e o conjunto de rimas.
Exemplo:
Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada
e triste e triste e fatigado eu vinha.
Poemas
―A um poeta”, de Olavo Bilac.
Não se mostre na fábrica o suplicio
Longe do estéril turbilhão da rua, Do mestre. E natural, o efeito
Beneditino escreve! No aconchego agrade
Do claustro, na paciência e no Sem lembrar os andaimes do
sossego, edifício:
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e
sua! Porque a Beleza, gêmea da
Verdade
Mas que na forma se disfarce o Arte pura, inimiga do artifício,
emprego É a força e a graça na
Do esforço: e trama viva se simplicidade.
construa
De tal modo, que a imagem fique
nua
Rica mas sóbria, como um templo
grego
Poemas
“Inania verba”, de Olavo Bilac Que, perfume e clarão, refulgia e
voava.
Ah! quem há-de exprimir, alma
impotente e escrava, Quem o molde achará para a
O que a boca não diz, o que a mão expressão de tudo?
não escreve? Ai! quem há-de dizer as ânsias
— Ardes, sangras, pregada à tua infinitas
cruz, e, em breve, Do sonho? e o céu que foge à mão
Olhas, desfeito em lodo, o que te que se levanta?
deslumbrava…
E a ira muda? e o asco mudo? e o
O Pensamento ferve, e é um desespero mudo?
turbilhão de lava: E as palavras de fé que nunca
A Forma, fria e espessa, é um foram ditas?
sepulcro de neve… E as confissões de amor que
E a Palavra pesada abafa a Idéia morrem na garganta?!
leve,
Poemas
“Profissão de fé”, de Olavo A frase; e, enfim,
Bilac No verso de ouro engasta a
rima,
Invejo o ourives quando Como rum rubim.
escrevo: ........................
Imito o amor Quero que a estrofe cristalina,
Com que ele, em ouro, o alto- Dobrada ao jeito
relevo Do ourives, saia da oficina
Faz de uma flor Sem um defeito:
.........................
Por isso, corre, por servir-me, E que o lavor do verso, acaso,
Sobre o papel Por tão subtil,
A pena, como em prata firme Possa o lavor lembrar de um
Corre o cinzel. vaso de Becerril.
.......................
Torce, aprimora, alteia, lima
Poemas
“Musa impassível”, Francisca Ora o vulto marcial de um guerreiro
Júlia de Homero.

Musa! um gesto sequer de dor ou Dá-me o hemistíquio d'ouro, a


de sincero imagem atrativa;
Luto jamais te afeie o cândido A rima cujo som, de uma harmonia
semblante! crebra,
Diante de um Jó, conserva o Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe
mesmo orgulho, e diante limpa e viva;
De um morto, o mesmo olhar e
sobrecenho austero. Versos que lembrem, com seus
bárbaros ruídos,
Em teus olhos não quero a lágrima; Ora o áspero rumor de um calhau
não quero que se quebra,
Em tua boca o suave o idílico Ora o surdo rumor de mármores
descante. partidos.
Celebra ora um fantasma .
angüiforme de Dante;
Poemas
“Musa impassível II”, Francisca cortejo da aurora,
Júlia O áureo plaustro do sol nas
nuvens solavanca.
Ó Musa, cujo olhar de pedra, que
não chora, Transporta-me, de vez, numa
Gela o sorriso ao lábio e as ascensão ardente,
lágrimas estanca! À deliciosa paz dos Olímpicos-
Dá-me que eu vá contigo, em Lares,
liberdade franca, Onde os deuses pagãos vivem
Por esse grande espaço onde o eternamente,
Impassível mora.
E onde, num longo olhar, eu possa
Leva-me longe, ó Musa impassível ver contigo,
e branca! Passarem, através das brumas
Longe, acima do mundo, seculares,
imensidade em fora, Os Poetas e os Heróis do grande
Onde, chamas lançando ao mundo antigo.
FONTES
PEREIRA & PELACHIN, Helena Bonito e Marcia Maisa.
Português na trama do texto. Ensino Médio. Ed. FTD.
TERRA, ERNANI. Português para o Ensino Médio. Vol.
Único. Ed. Scipione. www.google.com.br

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