Paranasianismo Aula
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O parnasianismo é uma estética literária de caráter exclusivamente poético, que reagiu contra
os abusos sentimentais dos românticos. A poesia parnasiana voltada para onde há o ideal da
perfeição estética e a sublimação da "arte pela arte". Teve como sua primeira obra
Fanfarras(1882), de Teófilo Dias. Parnasse (em português, parnaso e daí parnasianismo):
origina-se de Parnassus, região montanhosa da Grécia. Segundo a lenda, ali moravam os poetas.
Alguns críticos chegaram a considerar o parnasianismo uma espécie de realismo na poesia. Tal
aproximação é suspeita as duas correntes apresentam visões de mundo distintas. O autor realista
percebe a crise da ‘síntese burguesa’, já não acredita em nenhum dos valores da classe
dominante e a fustiga social e moralmente. Em compensação o autor parnasiano mantém uma
soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano, isolando-se na "torre de marfim", onde
elabora teorias formalistas de acordo com a inconseqüência e o hedonismo das frações
burguesas vitoriosas.
Contexto Histórico
Características
Arte pela arte: Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale
por si própria. Ela não teria nenhum valor utilitário, nenhum tipo de compromisso. Seria auto-
suficiente. Justificada apenas por sua beleza formal. Qualquer tipo de investigação do social,
referência ao prosaico, interesse pelas coisas comuns a todos os homens seria ‘matéria impura’ a
comprometer o texto. Restabelecem, portanto, um esteticismo de fundo conservador que já
vigorava na decadência romana. A arte passava apenas a ser um jogo frívolo de espíritos
elegantes.
Culto da forma: O resultado imediato dessa visão seria o endeusamento dos processos formais
do poema. A verdade de uma obra residiria em sua beleza. E a beleza seria dada pela elaboração
formal. Essa mitologia da perfeição formal e, simultaneamente, a impotência dos poetas em
alcançá-la de maneira definitiva são o tema do soneto de Olavo Bilac intitulado "Perfeição".
• Metrificação rigorosa
• Rimas ricas
• Preferência pelo soneto
• Objetividade e impassibilidade
• Descritivismo
Em vários poemas, os parnasianos apresentam suas teorias de escrita e sua obsessão pela
"Deusa Forma". "Profissão de Fé", de Olavo Bilac, ilustra essa concepção formalista:
Poetas do Parnasianismo
Olavo Bilac(1865-1918)
Nasceu no Rio de janeiro, numa família de classe média. Estudou Medicina e depois Direito,
sem se formar em nenhum dos cursos. Jornalista, funcionário Público, inspetor escolar, exerceu
constantemente atividade nacionalista, realizando pregações cívicas em todo o país.
Paralelamente, teve certas veleidades boêmias e foi coroado como "Príncipe dos poetas
brasileiros". Obras: Poesia (l888); Tarde (1918). A exemplo de quase todos os parnasianos,
Olavo Bilac escreveu poesias com grande habilidade técnica sobre temas greco-romanos. Se
jamais abandonou sua meticulosa precisão, acabou destruindo aquela impassibilidade, exigida
pela estética parnasiana. Fez numerosas descrições da natureza, ainda dentro do mito da
objetividade absoluta, porém os seus melhores textos estão permeados por conotações
subjetivas, indicando uma herança romântica. Bilac tratou do amor a parti de dois ângulos
distintos: um platônico e outro sensual. A quase totalidade de seus textos amorosos tendem à
celebração dos prazeres corpóreos.
Em alguns poemas, contudo, o erotismo perde essa vulgaridade, adquirindo força e beleza com
em "In extremis". Na hora de uma morte imaginária, o poeta lamenta a perda das coisas
concretas e sensuais da existência. Em um conjunto de sonetos intitulado Via-láctea, Bilac nos
apresenta uma concepção mais espiritualizada das relações amorosas. O mais recitado desses
sonetos acabou ficando conhecido com o nome do livro.
Identificado com o sistema, o autor de Tarde tornou-se um intelectual a serviço dos grupos
dirigentes, oferecendo-lhes composições laudatórias. Olavo Bilac sonegou o Brasil real e
inventou um Brasil de heróis, transformando feroz bandeirante, como Fernão Dias, em apóstolo
da nacionalidade. O caçador de esmeraldas foi uma frustrada tentativa épica:
Além disso, cantou os símbolos pátrios, a mata, as estrelas, a "última flor do Lácio", as crianças,
os soldados, a bandeira, os dias nacionais, etc.
Uma poesia tão morta como os objetos descritos, como vemos no poema Vaso Grego:
Poeta e diplomata brasileiro, foi considerado um dos inovadores da poesia brasileira. Quando
secretário da delegação diplomática brasileira em Portugal, publica aí uma coletânea de seus
livros na obra Poesia(1898). De volta ao Brasil, assume a direção do Ginásio Fluminense de
Petrópolis. Com a saúde bastante abalada, retorna à Europa, vindo a falecer em Paris. Obras
Principais: Primeiros Sonhos(1879) Sinfonias(1883) Versos e Versões(1887) Aleluias(1891)A
exemplo dos demais componentes da tríade, Raimundo Correia foi um consumado artesão do
verso, dominando com perfeição as técnicas de montagem e construção do poema. Tinha como
características pessoais o pessimismo, o predomínio da simulação, percepção aguda da
transitoriedade da ilusão humana, profundo se das virtualidades vocabulares. O gelo
descritivista da escola seria quebrado por uma emoção genuína que humanizava a paisagem.
PARNASIANISMO
O estilo se define, portanto, pelo culto da forma e foi, sobretudo uma renovação poética. Esta
renovação teve sua origem na França. Em l886, foi editada uma antologia, Le Parnasse
Contemporáin, que reunia composições de diversas tendências, com uma linha comum: reagir
contra o romantismo. Seus principais colaboradores, Leconte de Lisle, Theóphile Gautier,
Théodore Banville, José Maria Herédia (de nacionalidade cubana), Baudelaire, Sully
Prudhomme (ganhador do prêmio Nobel em 1901), Verlaine, Mallarmé, obedeciam a uma nova
estética que pregava o principio da Arte pela Arte. Defendiam em última análise, uma arte que
não servisse a nada, nem a difusão qualquer ideologia, nem a ninguém; uma arte voltada para si
mesmo em sumo. O objetivo da "arte pela arte" é o Belo, a criação da beleza pelo uso perfeito
dos recursos artísticos. Neste sentido, levam ao exagero o culto da rima, do ritmo, do
vocabulário, do verso longo. Para o Parnasiano, a poesia deveria ser trabalhada até que
resultasse perfeita.
Victor Hugo já conotava a posição de burilador que o poeta devia buscar e com ela se
identificar:"Le poête est cizeleur, te cizeieur est poéte."
Características do Parnasianismo
Objetividade e descritivismo
Rigor formal
Retorno ao Classicismo
PARNASIANISMO
CONTEXTO HISTÓRICO
A nova tendência toma corpo a partir de 1878, quando nas colunas do Diário do Rio de Janeiro
se tenta criar a "Guerra do Parnaso", defendendo o emprego da ciência e da poesia social, sem
visar modificar nada, recebendo a alcunha de Idéia Nova. O poeta Alberto de Oliveira deseja o
Realismo na poesia, enquanto em São Paulo, Raimundo Correia e alguns colegas criam
polêmicas sobre o novo movimento na Revista de Ciências e Letras. Surge a poesia
diversificada: poesia científica, socialista e realista. A científica é a única a manter certo rigor e
exclusividade. As demais se libertam do Romantismo aos poucos.
Segundo Alfredo Bosi, a obra de Teófilo Dias, Fanfarras (1882) pode ser considerada o primeiro
livro parnasiano, contrapondo-se a Alberto de Oliveira que destaca Sonetos e Rimas (1880) de
Luís Guimarães Junior, como a primeira manifestação. Contudo, são os poemas da "plêiade
parnasiana": Alberto de Oliveira, com Meridionais (1884) e Sonetos e Poemas (1886),
Raimundo Correia, com Versos e Versões (1887) e Olavo Bilac, com a primeira edição de
Poesias (1888), que apresentam as marcas próprias do movimento, filiado ao Parnasianismo
francês, assim denominado, devido à coletânea Parnasse Contemporain, publicada em série
(1866,1869 e 1876).
CARACTERÍSTICAS
O soneto ressurge juntamente com o verso alexandrino, bem como o trabalho com a chave de
ouro e a rima rica. A vida é cantada em toda sua glória, sobressaindo-se a alegria, a
sensualidade, o conhecimento do mal. A imaginação é sempre dominada pela realidade objetiva.
PARNASIANISMO
v. tb. Heredia, José María de; Leconte de Lisle, Charles-Marie-René; Oliveira, Alberto de
Uma das maiores preocupações na composição poética dos parnasianos era a precisão das
palavras. Esses poetas chegaram ao ponto de criar verdadeiras línguas artificiais para obter o
vocabulário adequado ao tema de cada poema.
Movimento literário surgido na França em meados do século XIX, em oposição ao romantismo,
o parnasianismo representou na poesia o espírito positivista e científico da época,
correspondente ao realismo e ao naturalismo na prosa. O termo parnasianismo deriva de uma
antologia, Le Parnasse contemporain (O Parnaso contemporâneo), publicada em fascículos, de
março a junho de 1860, com os versos dos poetas Théophile Gautier, Théodore de Banville,
Leconte de Lisle, Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Stéphane Mallarmé, François Coppée, o
cubano de expressão francesa José Maria de Heredia e Catulle Mendès, editor da revista. O
Parnaso é um monte da Grécia central onde na antiguidade acreditava-se que habitariam o deus
Apolo e as musas.
Antecedentes
A partir de 1830, alguns poetas românticos se agruparam em torno de certas idéias estéticas,
entre as quais a da arte pela arte, originária daquele movimento. Duas tendências se
defrontavam: a intimista (subjetiva) e a pitoresca (objetiva). O romantismo triunfara em 1830, e
de Victor Hugo provinham as grandes fontes poéticas, mas o lirismo intimista não mais atraía os
jovens poetas e escritores, que buscavam outros objetos além do eu.
A doutrina da arte pela arte encontrou seu apóstolo em Gautier, que foi o pioneiro do
parnasianismo. Nos prefácios de dois livros, Poésies (1832) e Jeune France (1833; Jovem
França), Gautier expôs o código de princípios segundo o qual a arte não existe para a
humanidade, para a sociedade ou para a moral, mas para si mesma. Ele aplicou essa teoria ao
romance Mademoiselle de Maupin (1836), que provocou acirradas polêmicas nos círculos
literários por desprezar a moral convencional e enfatizar a soberania da beleza. Mais tarde
publicou Emaux et camées (1852; Esmaltes e camafeus), que serviu de ponto de partida para
outros escritores de apurado senso estético, como Banville e Leconte. Este último publicou, em
1852, os Poèmes antiques (Poemas antigos), livro em que reuniu todos os elementos formais e
temáticos da nova escola. Ao lado de Poèmes barbares (1862; Poemas bárbaros), essa obra deu
ao autor um imenso prestígio e a liderança do movimento, de 1865 a 1895. Em torno dele
reuniram-se Mendès, Sully Prudhomme, Heredia, Verlaine e Coppée.
Características
O movimento estendeu-se por aproximadamente quatro décadas, sem que se possa indicar limite
preciso entre ele e o romantismo, de um lado, e o simbolismo, do outro. Uma de suas linhas de
força, o culto da beleza, uniu parnasianos e simbolistas. No entanto, pode-se distinguir alguns
traços peculiares a cada movimento: a poesia parnasiana é objetiva, impessoal, contida, e nisso
se opõe à poesia romântica. Limita-se às descrições da natureza, de maneira estática e
impassível, freqüentemente com elemento exótico, evocações históricas e arqueológicas, teorias
filosóficas pessimistas e positivistas. Seus princípios básicos resumem-se nos seguintes: o poeta
não deve expor o próprio eu, nem fiar-se da inspiração; as liberdades técnicas são proibidas; o
ritmo é da maior importância; a forma deve ser trabalhada com rigor; a antiguidade grega ou
oriental fornece modelos de beleza impassível; a ciência, guiada pela razão, abre à imaginação
um vasto campo, superior ao dos sentimentos; a poesia deve ser descritiva, com exatidão e
economia de imagens e metáforas, em forma clássica e perfeita.
O parnasianismo foi substituído mas não destruído pelo simbolismo. A maioria dos poetas
simbolistas na verdade começou fazendo versos parnasianos. Fato dos mais curiosos na história
da poesia foi Le Parnasse contemporain ter servido de ponto de partida tanto do parnasianismo
quanto do simbolismo, ao reunir poetas de ambas as escolas, como Gautier e Leconte,
Baudelaire e Mallarmé.
Brasil
O movimento parnasiano teve grande importância no Brasil, não apenas pelo elevado número
de poetas, mas também pela extensão de sua influência. Seus princípios doutrinários dominaram
por muito tempo a vida literária do país. Na década de 1870, a poesia romântica deu mostras de
cansaço, e mesmo em Castro Alves é possível apontar elementos precursores de uma poesia
realista. Assim, entre 1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à liquidação do romantismo, submetido a
uma crítica severa por parte das gerações emergentes, insatisfeitas com sua estética e em busca
de novas formas de arte, inspiradas nos ideais positivistas e realistas do momento.
Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista,
primeiras manifestações da reforma que acabou por se canalizar para o parnasianismo. As
influências iniciais foram Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira, este o principal propagandista
do movimento a partir de 1877, quando chegou de uma estada em Paris. O parnasianismo surgiu
timidamente no Brasil nos versos de Luís Guimarães Júnior (1880; Sonetos e rimas) e Teófilo
Dias (1882; Fanfarras), e firmou-se definitivamente com Raimundo Correia (1883; Sinfonias),
Alberto de Oliveira (Meridionais) e Olavo Bilac (1888; Poesias).
Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a trindade
parnasiana, o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, como Vicente de Carvalho,
Machado de Assis, Luís Delfino, Bernardino da Costa Lopes, Francisca Júlia, Guimarães
Passos, Carlos Magalhães de Azeredo, Goulart de Andrade, Artur Azevedo, Adelino Fontoura,
Emílio de Meneses, Augusto de Lima e Luís Murat.
A partir de 1890, o simbolismo começou a superar o parnasianismo. O realismo classicizante do
parnasianismo teve grande aceitação no Brasil, graças certamente à facilidade oferecida por sua
poética, mais de técnica e forma que de inspiração e essência. Assim, ele foi muito além de seus
limites cronológicos e se manteve paralelo ao simbolismo e mesmo ao modernismo.
O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século XIX, fez de seu movimento a
escola oficial das letras no país durante muito tempo. Os próprios poetas simbolistas
foram excluídos da Academia Brasileira de Letras, quando esta se constituiu, em 1896.
Em contato com o simbolismo, o parnasianismo deu lugar, nas duas primeiras décadas
do século XX, a uma poesia sincretista e de transição.
PARNASIANISMO
CONTEXTO
Na década de 1870, quando o Parnasianismo começou a ser difundido como nova estética
literária no Brasil, o país atravessava uma série de crises políticas e sociais que assinalariam o
colapso do governo imperial e do regime escravocrata, culminando na abolição da escravatura,
em 1888, e na proclamação da República, em 1889. O desenvolvimento econômico, que até
meados do século XIX se concentrara no Nordeste, a partir dos anos de 1870 passou a deslocar-
se para o Centro-Sul, onde a cultura do café começava a expandir-se. O único grande centro
urbano do Brasil, ainda essencialmente agrícola, era o Rio de Janeiro, onde se concentrava a
vida política e cultural do país. Mas foram intelectuais de Recife ligados à Faculdade de Direito,
entre eles Silvio Romero e Tobias Barreto, os primeiros a divulgar as novas idéias literárias,
filosóficas e políticas que passariam a influenciar o pensamento dos escritores nacionais.
O sucessor de Machado na Gazeta de Notícias, Olavo Bilac, como bom parnasiano, permaneceu
distante, no âmbito da poesia, dos acontecimentos sociais e políticos de seu tempo - ainda que
tenha escrito eventuais poemas satíricos, alguns deles dedicados a Floriano Peixoto; produziu
também poemas infantis e é o autor do Hino à Bandeira. Como cronista, desceu da "torre de
marfim" e abordou alguns dos grandes temas de seu tempo, como a libertação dos escravos, em
A Escravidão, e a reurbanização da capital nacional, em O Rio Convalesce.
Assim, os escritores brasileiros, que nesse período já constituíam um grupo numeroso, produtor
de obras inseridas em uma tradição nacional, tinham garantida a circulação de seus textos por
meio de periódicos ou de algumas editoras, como a francesa Garnier, instalada no Rio de
Janeiro. No entanto, o público leitor era bastante restrito, já que a maioria da população
brasileira - 80%, segundo o censo de 1872 - era analfabeta. Os poetas parnasianos dirigiam suas
obras, portanto, a uma reduzida e letrada camada da população, que prestigiava seus poemas
repletos de preciosismos lingüísticos e de referências à Antigüidade Clássica.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Nas últimas décadas do século XIX, várias correntes literárias inovadoras, entre elas o
Parnasianismo, apresentaram parâmetros de criação artística que se contrapunham aos então já
desgastados valores românticos. Enquanto na prosa o Realismo e o Naturalismo apresentavam
novas maneiras de produzir ficção, calcadas na análise objetiva da realidade social e humana, no
âmbito da poesia o movimento parnasiano voltava-se principalmente para o culto da forma,
afastando-se dos problemas sociais do período.
O termo parnasianismo surgiu na França, para nomear os poetas reunidos nas antologias de
poesia intituladas Le Parnasse Contemporain, publicadas a partir de 1866. Entre os poetas mais
importantes do movimento francês estava Théophile Gautier, principal divulgador do princípio
da "arte pela arte" - a arte voltada para si mesma, sem intenções políticas, morais, didáticas ou
de qualquer outro tipo, princípio que sintetizava os objetivos do movimento. A nova escola
rapidamente penetrou no Brasil e, nos decênios de 1880 e 1890, conquistou número progressivo
de adeptos. Poetas parnasianos portugueses, como Gongalves Crespo (brasileiro de nascimento),
Antero de Quental e Teófilo Braga também exerceram influência, ainda que em menor escala,
sobre os autores brasileiros.
A obra Fanfarras (1882), de Teófilo Dias, costuma ser identificada como o marco inicial do
Parnasianismo no Brasil, onde o movimento perdurou até os primeiros decênios do século XX,
coexistindo com o Simbolismo e mesmo com o início do Modernismo. O prolongamento da
estética, por poetas conhecidos como Neoparnasianos, "é fenômeno particular da literatura
brasileira", segundo Otto Maria Carpeaux. Para o crítico, "aqui e só aqui fracassou o
Simbolismo; e, por isso, o movimento poético precedente sobreviveu, quando já estava extinto
em toda parte no mundo". Já para Alfredo Bosi, "o Parnasianismo é o estilo das camadas
dirigentes, da burocracia culta e semiculta, das profissões liberais habituadas a conceber a
poesia como ‘linguagem ornada’, segundo padrões já consagrados que garantam o bom gosto da
imitação". O fato de a Academia Brasileira de Letras (1897) apresentar adeptos do
Parnasianismo entre a maioria de seus fundadores pode também ter colaborado, segundo vários
críticos, para a "oficialização" e para a extensão cronológica da escola, cujo prestígio
enfraqueceu apenas depois dos duros ataques desferidos pelos poetas modernistas. Hoje, porém,
as críticas de autores e pensadores ligados ao Modernismo estão sendo revistas, e o maior
distanciamento permite avaliar, talvez com mais imparcialidade, as qualidades e os problemas
do Parnasianismo.
Parnaso é um monte localizado na Grécia central, onde, segundo a mitologia, residiam o deus
Apolo e as Musas, divindades inspiradoras das artes. Já no nome da escola se revela, por
conseguinte, seu tributo à Antigüidade Clássica, que influenciou os temas e a concepção de arte
dos adeptos do Parnasianismo. Incidentes da história ou da mitologia greco-latina foram grande
fonte de termas para os parnasianos, como se pode observar no poema "Afrodite", de Alberto de
Oliveira. Formas poéticas antigas ou em desuso, como o soneto, principalmente, voltaram a ser
cultivadas. Aliás o soneto, que havia quase desaparecido com os românticos, tornou-se marca
distintiva dos parnasianos, assim como a famosa "chave de ouro" - o acabamento feliz, de belo
efeito, de um poema.
A tradição brasileira permitiu, assim, que o mesmo Olavo Bilac que professa os ideiais
parnasianos em Profissão de Fé e A um Poeta - em cujos versos o culto à forma, o tributo à
Antiguidade Clássica, o amor à língua e a fidelidade ao princípio da "arte pela arte" são
enfaticamente expostos - expressasse um lirismo apaixonado em tantos sonetos, como no
antológico Ora (Direis) Ouvir Estrelas. É preciso lembrar ainda que o sistema literário
brasileiro, se no período já estava consolidado por uma tradição local, englobava várias
correntes literárias de origem estrangeira que aqui se misturavam e se recriavam, como o
Romantismo e o Simbolismo, movimentos que influenciaram em menor ou maior grau a obra
dos poetas parnasianos.
AUTORES
Parnasianismo
O parnasianismo é uma escola literária ou estilo de época que se desenvolve na poesia a partir
de 1850.
Origens
O primeiro grupo de parnasianos de língua francesa reúne poetas de diversas tendências, mas
com um denominador comum: a rejeição ao lirismo como credo. Os principais expoentes são
Théophile Gautier (1811-1872), Leconte de Lisle (1818-1894), Théodore de Banville (1823-
1891) e José Maria de Heredia (1842-1905), de origem cubana, Sully Prudhomme (1839-1907).
Gautier fica famoso ao aplicar a frase “arte pela arte” ao movimento.
Características gerais
Em Portugal
Em Portugal, o movimento não foi muito importante, tendo como autores Gonçalves Crespo
(que na verdade é um escritor brasileiro que se casou com uma portuguesa e mudou-se para
Portugal), João Penha, António Feijó e Cesário Verde.
No Brasil
Na década de 1870, a poesia romântica deu mostras de cansaço, e mesmo em Castro Alves é possível
apontar elementos precursores de uma poesia realista. Assim, entre 1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à
liquidação do Romantismo, submetido a uma crítica severa por parte das gerações emergentes,
insatisfeitas com sua estética e em busca de novas formas de arte, inspiradas nos ideais positivistas e
realistas do momento.
Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista, primeiras
manifestações da reforma que acabou por se canalizar para o Parnasianismo. As influências iniciais foram
Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira, este o principal propagandista do movimento a partir de 1877,
quando chegou de uma estada em Paris. O Parnasianismo surgiu timidamente no Brasil nos versos de
Luís Guimarães Júnior (Sonetos e rimas. 1880) e Teófilo Dias (Fanfarras. 1882), e firmou-se
definitivamente com Raimundo Correia (Sinfonias. 1883), Alberto de Oliveira (Meridionais. 1884) e
Olavo Bilac (Relicário. 1888).
O Parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do Parnasianismo francês, não é
uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de
descrições realistas. Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua preferência
dominante é pelo verso alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especial o
soneto. Quanto ao assunto, caracteriza-se pela objetividade, o universalismo e o esteticismo. Este último
exige uma forma perfeita (formalismo) quanto à construção e à sintaxe. Os poetas parnasianos vêem o
homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do determinismo, e tendem então para o
pessimismo ou para o sensualismo.
Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a chamada tríade
parnasiana, o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, como Vicente de Carvalho, Machado de
Assis, Luís Delfino, Bernardino Lopes, Francisca Júlia, Guimarães Passos, Carlos Magalhães de Azeredo,
Goulart de Andrade, Artur Azevedo, Adelino Fontoura, Emílio de Meneses, Antônio Augusto de Lima,
Luís Murat e Mário de Lima.A partir de 1890, o Simbolismo começou a superar o Parnasianismo. O
realismo classicizante do Parnasianismo teve grande aceitação no Brasil, graças certamente à facilidade
oferecida por sua poética, mais de técnica e forma que de inspiração e essência. Assim, ele foi muito além
de seus limites cronológicos e se manteve paralelo ao Simbolismo e mesmo ao Modernismo em sua
primeira fase.
O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século XIX, fez de seu movimento a escola oficial das
letras no país durante muito tempo. Os próprios poetas simbolistas foram excluídos da Academia
Brasileira de Letras, quando esta se constituiu, em 1896. Em contato com o Simbolismo, o Parnasianismo
deu lugar, nas duas primeiras décadas do século XX, a uma poesia sincretista e de transição.