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Batismo de Sangue

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Escrito por Jaque Machado

Narração compartilhada por Jaque


Machado e Diogo DiceMaster

BATISMO
DE
SANGUE

um conto de vampiro a
máscara 5ed
Batismo de Sangue
Escrito por Jaque Machado
Baseado na novela de rpg Cairo Bynight de Diogo
DiceMaster
One shot narrada em 29\05 na RPG2022 por Jaque
Machado e Diogo DiceMaster
Jogadores Danilo e Gabriel

Encontrei um viajante vindo de uma antiga terra


Que me disse:
— Duas imensas e destroncadas pernas de pedra
Erguem-se no deserto. Perto delas, sobre a areia
Meio enterrado, jaz um rosto despedaçado, cuja
carranca
Com lábio enrugado e sorriso de frio comando
Dizem que seu escultor soube ler bem suas paixões
Que ainda sobrevivem, estampadas nessas coisas
inertes,
A mão que os escarneceu e o coração que os
alimentou
E no pedestal aparecem estas palavras:
"Meu nome é Ozymandias, rei dos reis:
Contemplai as minhas obras, ó poderosos e
desesperai-vos!"
Nada mais resta: em redor a decadência
Daquele destroço colossal, sem limite e vazio
As areias solitárias e planas se espalham para longe.

Percy Shelley
Os pés eram devorados pelas areias geladas do
deserto, se o corpo ainda pudesse fazer o
coração bombear o sangue pelas veias
descobriria que os seus passos lideravam para a
tumba derradeira. Mas nem as décadas
incontáveis, nem os olhos opacos, a pele de
porcelana, o tórax infantil, onde suas barras de
costelas aprisionavam a besta secular, eram
capazes de predizer o futuro. Não que ela não
pudesse saber. Não que ela pudesse evitar. Ali
no coração inóspito do Cairo ela soube que seu
destino era desesperador. Há cinco dias atrás,
quando Muktar soltou uma nuvem de fumo
adocicada, que ficou presa por algum tempo
debaixo do dossel com flores brocadas em ouro,
eles tiveram uma conversa derradeira. Ele
lentamente virou na direção da pequena
Cristine e de seu corpo frágil:
- Você sabe que não poderei deixar que tente
comandar na minha cidade, nem que faça com
que eu pareça uma das ovelhas do seu bordel
de loucos…
- Ora Mukatar - ela disse, com um sorriso fino,
dissimulando as presas que já não podia mais
esconder. - eu não tenho medo dos seus
soldadinhos e também não tenho vontade de ir,
não estou porque amo esse nada, estou porque
algo me chama. Está escondido, sussurrando.
Você não ouve Muktar?
Cristine sentou em uma das almofadas do velho
amigo, apesar das circunstâncias empurrarem
um para cada lado da arena. O Ancião deitou as
sobrancelhas e abafou o fogo do narguilé. A
barba farta foi alisada pelas mãos grosas e ele
estendeu o olhar uma ultima vez para sua
outrora Mawla, ele era apenas um menino
quando a viu pela primeira vez, mesmo agora
sentia-se ainda como um, diante da criatura vil
na qual ela havia se tornado:
- Eu não entendo o que você quer, e se soubesse
não daria. Em respeito ao que fomos, vou te dar
cinco dias, espero que consiga ir, para onde quer
que esteja segura. Quando cruzar as areias,
longe o suficiente, lembre-se de que já não
estará mais ao meu alcance garantir sua vida.
Está na hora de partir, Cristine, não existe mais
espaço para alguém como você aqui.
As mãos pequenas, cujas veias amarravam-se
como cordas de cânhamo nas adriças de uma
navio, retesaram sobre a fina seda almofada. Ela
não disse nada, não precisou, seus olhou
fulminaram o garoto velho que ali estava, o
pequenino que ela criou. Era ódio, desprezo, e
Mukatar jamais esqueceria aquele pequeno
corpo frágil cruzando os umbrais do
palácio de lótus, andando no
corredor dourado e desaparecendo
na noite entre os tapetes vermelhos,
para nunca mais.

A vampira lembrou-se da conversa.


Cinco dias depois de uma caçada
extenuante deflagrada contra si, já
não havia lugar seguro no Cairo,
exceto um.
A lua estava a pino e manchada de
vermelho, parecia. Mas não era a lua,
era a sombra do sangue vivo que escorria de um
grande corte entre os cabelos de Cristine. Na
noite rubra as poucas gotas de sangue que ela
não desejava verter, salpicavam as areias
inconstantes próximas à Necrópole.
- Malditos! eles virão atrás atrás de mim, noite
após noite, fazendo com que eu tenha que
deixar uma trilha de corpos no caminho… - ela
olhou para trás e lembrou como chacinou a
Mesquita cheia, entrou na mente de todos e os
fez ficar ajoelhados enquanto ouviam a voz de
Deus em suas cabeças. Mas era ela comandando
suas mentes enquanto se alimentava de um por
um.
Cristine viu um pequeno ponto emergir no meio
das dunas, na direção do Nilo, ele foi crescendo
enquanto cruzava errante as dunas, caindo e se
erguendo, procurando forças dentro do peito
seco… Mas não havia mais esperanças, antes de
sucumbir ao torpor seu pensamento tremeu e
subiu, ela sabia como fazer sua vontade se
impor entre as centenas de milhares de gritos
que balancam os fios do manto que cobre todos
os de sua casa. Eles estão ligados e choram
juntos, bebem da mesma verdade, mas também
padecem diante do ímpeto dos mais velhos. Foi
isso que ela fez, ordenou ao pequeno Jake para
buscá-la e ele não tinha escolha.
Nas catacumbas uma risada entrou pela porta
de ferro do jazigo e viajou no ar em direção ao
Ancillae, sibilando feito uma cobra, uma risada
infantil, um pequeno gracejo seguido de um
temor hostil, Jake tremeu ao se erguer do
túmulo depredado, era um comando, Cristine
ordenava que a buscasse.
Na cabeça confusa de Jake, uma imagem se
formou, a princípio não tão nítida, mas depois
viu quimera de pedra erguida na beira do Nilo.
Jake compreendeu na hora, Cristine deveria ser
socorrida na esfinge. Apesar de ser atropelado
pelo chamado, a rede não obrigou o vampiro
porque comandar sua mente assim de longe
requeria outros poderes, por isso a cria sentou-
se à borda da cripta e fechou os olhos, resistindo
àquela voz que por tanto tempo o torturou.
Assim que a sensação de pânico o deixou, o
velho amigo Stuart sussurrou do meio da
escuridão de seus pensamentos:
- Muito bem, garoto, agora você está livre. Está
na hora de ficar em segurança… você pode
resistir o quanto quiser à menina, mas isso não
impedirá jamais que ela nos visite aqui dentro
da cabeça…

…………………………….
O ancião Tremere era a imagem de velho abutre
vampiro com suas unhas escuras e longas, assim
como o cabelo, um sobretudo elegante e
aveludado, cheio de rendas e filigranas pretos,
estava girando o anel no dedo e a pedra
vermelha brilhava timidamente uma chama, a
da única luz que banhava os dois, o braseiro do
narguile de Muktar. O Qitar deu uma baforada à
frente do seu trono dourado, levantando as
calças de algodão até os joelhos, a faixa de fino
brocado lhe apertava a cintura, fazendo a
barriga dos dias mais fartos da vida mortal
cairem sobre as coxas. Ele coçou a barba, mas
quem rompeu o silêncio depois da longa
conversa foi Sorin:
- E então...- tremeu o dedo sobre o rubi,
esperando que alguma resposta do soberano.
Muktar estendeu as sobrancelhas, enrugando a
testa. Não era bem o que Sorin esperava, estava
claramente assustado. O que significava que só
havia aquela saída, Markov pensou rápido em
alguma solução e sozinho, há cinco dias já
sabiam que seria impossível acabar com a
cainita, cabia a Sorin Markov salvar a cidade,
mas jamais poderia fazê-lo sozinho. Arrastar o
corpo pelo deserto e esconder-se dos outros
vampiros, do sol e dos poderes de Cristine não
vampiros, do sol e dos poderes de Cristine nã

seria tarefa fácil, Markov girou os olhos nas


orbitas escuras procurando perscrutar Muktar,
o anel parou de ser atritado contra a equimose e
disparou na direção do sultão:
- Eu não sei o que pretende que faça Sr Príncipe,
mas só existe uma maneira de parar Cristine.
Uma única forma de contê-la e não vai ser algo
agradável… entendo que o Senhor possa ter…
como posso dizer… certo vínculo com a Anciã, no
entanto, não existe maneira de pará-la que seja
boa, e o que ela provocou… demanda a justiça
do Príncipe!
- Não sou Príncipe…
- Desculpe, Qitar…
Muktar acenou, reticente, e foi nesse momento
que as portas do salão se abriram, as imensas
abras de madeiras folhadas a ouro deixaram
passar outros dois Anciões, colocando ambos
em silêncio.
Xavier e Amir eram duas figuras peculiares a
destoar dos salões opulentos. O xerife gangrel,
O primeiro, um estrangeiro vestido de nômade
do deserto mas com a cara da própria morte,
porque sua idade estava estampada nos fartos
pelos distribuídos pelo corpo e nas presas
imensas saltando acima dos lábios. O segundo
trajado com uma farda gasta do exército inglês
trajado com uma farda gasta do exército inglê

era na verdade uma autóctone, a pele morena


ainda desfaçada a palidez, o rosto tomado de
veios púrpuras denunciava que tratava-se de
uma membro, mas a barba mortal, rala e
encaracolada, ajudava a ocultar seus longos dias
como morto vivo.
Xavier disse abruptamente, mostrando toda
sua falta de tato com as presas à mostra:
- Estamos no meio da caçada, Sr Qitar… O que
seria mais importante do que arrancar a cabeça
de Cristine agora? Devo me preocupar com a
convocação? - ele mal havia batido os ombros ou
cumprimentado o líder. Muktar ajeitou o corpo
desconfortável sobre o trono, sem deixar o
gangrel lhe afetar mais do que deveria, embora
isso provocasse um certo abalo no seu ego. É
claro, isso não passou despercebido, Amir,
mesmo desconcordando com a abordagem do
vampiro, aproveitou o momento para
manifestar uma curiosidade:
- Devemos nos preocupar? - reforçou.
Após alisar as pontas do longo bigode, o
príncipe rompeu o silêncio:
- Gostaria de dizer que não… Mas o fato requer
uma boa atenção. Não os chamei aqui para
visitar minha casa ou compartilhar o meu fumo,
é preciso que compreendam…
é preciso que compreendam…

Necessito e vocês para salvar o Cairo. Junto do


Sr Markov, é claro. - o Tremere ergueu
disfarçadamente as sobrancelhas, tentando
desviar da falta de apreço do Caitif. - Vocês três
deverão ir atrás de Cristiane. Não pensem que
será possível matá-la, durante cinco noites
nossa população cainita sofreu baixas
inestimáveis tentando caçá-la, dar cabo da
justiça do “príncipe”… um erro! Enfim, sabemos
que somente podemos pará-la com um único
artifício, mas teremos uma única chance. -
Muktar estendeu a mão num gesto delicado,
indicando que o ancião da Casa de Etrius deveria
prosseguir. Markov deu passo dramático à
frente, girou seu anel de rubi em torno da pele
cinzenta do dedo, emergindo de uma espécie de
pensamento turvo, e explanou:
- Senhores, serei direto. Durante as noite
anteriores, enquanto uma caçada estava sendo
conduzida contra a anciã Malkavian, claro,
saibam, desde o início era de nosso
conhecimento que não poderíamos matá-la,
estudei uma maneira de neutralizá-la. A caçada
serviu apenas como distração até que eu
pudesse estudar um ritual capaz de aprisionar
aquela alma terrível em algum lugar das
profundezas dessas areias escaldantes
profundezas dessas areias escaldantes

. Ozymandias ela é, precisamos cobri-la com


pedras e areia no fundo do deserto. - o xerife
torceu as sombrancelhas tentando
compreender o que o Tremere quis dizer com
aquilo.
- Seja um pouco mais direto do que disse que
seria, acho que já estamos perdendo o tempo
que não temos. - Markov afinou o olhos, não
gostava que o interrompessem.
- Preciso que me escoltem enquanto realizo o
ritual. Porém necessito fazer os preparativos.
Enquanto isso vocês terão que descobrir o
paradeiro de Cristiane…
Os olhos opacos do ancião Brujah se abriram
além do de costume… Uma inesperada Coterie
parecia uma medida desesperada. Xavier teria
cuspido no chão se pudesse, desdenhou e foi
interrompido por Amir:
- E onde ela está? - O Brujah quis acelerar a
conversa, antes que o inconformado Xerife
falasse outra bobagem.
- Não fazemos ideia… enquanto o Sr Markov
prepara o que é necessário para o ritual, vocês
deverão ir atrás dessa informação. Comecem
pela Necrópole, além das ratazanas, existe
outra criatura que tem coragem de habitar lá…
Creio que poderá dar certas informações…
Creio que poderá dar certas informações…

- Muito bem, devemos nos apressar… Digamos


que as areias se movem como numa ampulheta,
não é?
………………………………..

Sair do castelo de Lótus foi fácil, porem entrar


na Necrópolis necessitava de cuidado extremo.
Os rostos apinhados detrás dos túmulos, de
pessoas, fotografias de entes que queridos que
já havia tomado a barca de Rá, junto de olhos
vermelhos, minúsculos e rastejantes. A
necrópole é um lugar de vida e morte, o bairro
onde o entre mundos se espalha como um véu
de areia depositado no meio do Cairo. Xavier e
Amir escutaram sussurros entre as tumbas… do
vivos ou dos mortos?
Ao final da longa estrada através da cidade dos
mortos, o Brujah encontrou uma porta principal
entreaberta e caminhou cuidadosamente até os
umbrais. Lá dentro ouvia-se o estridente
chilreado das ratazanas a se esgueirarem pelos
cantos da tumba. No meio da escuridão ecos de
passos.
Antes mesmo de colocar es pés no degraus
cobertos por um tapete de areia fina, uma voz
murmurou bem dentro da cabeça de Amir, não
meio da escuridão ecos de passos.
Antes mesmo de colocar es pés no
degraus cobertos por um tapete de
areia fina, uma voz murmurou bem
dentro da cabeça de Amir, não

sem antes dar uma risada cheia de


gracejo:
- Eu sei que você está ai…. Tictac,
tictac. O relógio é engraçado não é?
Mesmo cheio de areia nas engrenagens
ele não para… - O gangrel ficou
surpreso ao ver o companheiro de
Coterie paralisar na entrada da tumba.
Deu-lhe um empurrão, mas o corpo
parecia uma pedra, Osymandias, ele
lembrou... Estavam no covil do inimigo.
Os olhos de sua besta cintilaram
através da escuridão e Xavier as
escadarias descendentes, abaixo uma
única sepultura, cuja tampa estava
posicionado à esquerda, abrindo um
vão abaixo do fundo da cripta. Mas
tinha alguém lá, um homem vestindo
uma falta branca e um turbante sujo
enrolado no topo da cabeça. Quando
virou o rosto sua expressão era de
insanidade. Os olhos vidrados e um
sorriso assustador que deixava grandes
- Se você vai à casa de alguém, oras, deve
saber o nome de quem visita. O que você disse
Stuart? - aparentemente o homem na cripta
falava com alguma criatura oculta nas
sombras, mas as respostas não eram audíveis. -
Ah, claro, os rapazes… Eu sei. Eles já vão
embora.
Amir finalmente conseguiu dar um passo na
direção da escuridão.
- Vou arrancar sua cabeça antes que possa se
mover seu idiota! Onde está Cristine?
- Eles querem saber onde Ela está? Você ouviu,
amigo? - o vampiro continuava conversando
com as sombras.
Os pés do Brujah moveram-se com muita
dificuldade na direção do próximo degrau, uma
mão invisível segurava sua vontade,
controlando seus movimentos, a mão deslizou
contra sua própria consciência na direção da
pistola na cintura e a agarrou o cabo,
colocando o dedo no gatilho. Ele não
embasbacou sem conseguir pronunciar
qualquer palavra.
- Se der um passo a mais que seja, peludo
fedorento, seu amigo vai estourar os próprios
miolos… - o gangrel exitou ao ver que os olhos
do Brujah estalados, dançando de um lado
para outro em negação. - não posso dizer onde
Ela está, se o fizer, jamais estarei seguro.
para outro em negação. - não posso dizer onde
Ela está, se o fizer, jamais estarei seguro.

- Nós podemos garantir que esteja seguro, só


nos diga onde.
- O que foi amigo? - houve silêncio e depois o
Jake voltou-se para o Xerife - O meu amigo e eu
concordamos que você não pode nos deixar
seguros. Ela está em todo lugar e todo lugar é
bem dentro daqui… - e apontou com o
indicador para a têmpora, dando pequenas
batidas.
- Nós podemos, precisamos chegar até ela e
neutrlizá-la…
- Hum… sei… Mas se Jake falar, Ela vai saber.
O anfitrião deslizou o tronco sobre o quadril e
deu um amplo sorriso cheio de sagacidade, em
seguida saltou no chão da cripta e desapareceu
no ar como mágica. Sumiu sem deixar qualquer
rastro.
O gangrel se deslocou como uma flecha, mas
não foi suficiente. A força que Amir fazia para
se mover diante do controle mental de que era
alvo o jogou contra o chão quando
repentinamente a influência sobre sua mente
se desfez. As ratazanas berraram e fugiram
para os buracos onde costumam se esconder.
Xavier deu um grito, tomado de ódio, sua
única chance de encontrar Cristine havia
desaparecido, sem desanuviar a sensação
desaparecido, sem desanuviar a sensação
voltou suas atenções para o companheiro, que

levantava-se do chão com um cartão na mão:


- Filho da mãe esperto… ele não podia dizer
onde está, mas podia fazer algo melhor… - o
vampiro estendeu o cartão postal na direção
do Xerife, mostrando a imagem ali impressa,
uma enorme esfinge cravada às margens do
Nilo.

…………………………………….

Demoraram algum tempo da capela Tremere


até à Esfinge. Markov estava carregado das
suas bugigangas e quando puseram os pés nas
areias, o Ancião deu algumas palavras contra
um fragmento de espelho e, sem falar mais
nada, atravessou a parede de pedra à sua
frente, sumindo dentro do monumento
milenar. Amir e Xavier entreolharam-se,
souberam que deveriam adentrar os umbrais
gigantescos onde as areias tentavam invadir a
esfinge, mas ela era colossal demais até para
ser devorada pelo próprio tempo.
No corredor principal se depararam com a
escuridão, e uma presença opressora em suas
mentes anunciou que o perigo estava por todo
lado. Jake lhes disse que “todo lugar” era
escuridão, e uma presença opressora em suas
mentes anunciou que o perigo estava por todo
lado. Jake lhes disse que “todo lugar” era
dentro da cabeça.

Amir viu uma sombra diante, a mão coçou no


coldre empoeirado e ele sacou tão rápido
quanto o seu oponente. O vulto rumou para
uma espécie de claridade, era um pistoleiro
como ele. Os mesmos movimentos… o inimigo
baixou o lenço com uma das mãos, a outra
mão ainda no gatilho da pistola, a tensão entre
ambos se tornou alarmante, e agora o Brujah
pode ver que seu oponente era… ele mesmo.
Uma versão distorcida e envolta em desfoque.
Amir girou no chão com uma cambalhota, se
colocando imediatamente de joelhos e atirou.
O que ele não esperava era que o tiro atingisse
sua própria perna, que agora sangrava
pulsando sangue.
Os olhos da besta do Xerife mostraram que
havia alguém na escuridão do final do
corredor, à sua frente o Brujah se preparava
para atacar aquilo… uma criança. Era ela,
sorrindo como satanás. Ele tentou correr para
alcançá-la, mas o corredor aumentava a cada
passo, as suas armas de fera saltaram, ele
galgou a pedra com as garras do pés e das
mãos, enquanto deitava-se para ficar de
quatro e assumir a forma de um lobo. E quando
quatro e assumir a forma de um lobo. E quando
o fez, sem deixar espaço para respostas, e
ainda no ar, cravou suas mandíbulas fortes e
suas presas no ombro da

vampira. Agarrou para não deixar qualquer


chance de escapatória.
Ocorre que quando deu por si, a carne que
jazia sob seus dentes era a de Amir, que estava
de joelhos, sangrando e ferido não somente
por ele, mas por algo mais.
O Brujah deu um novo tiro, agora de aviso. O
gangrel o soltou, mas havia algo de errado com
ele… o uso extremo dos seus poderes
demandaram demais de si, e tudo tem um
preço. A besta aflorou em Xavier e o pior que
poderia acontecer estava diante de ambos
agora.
O corredor se desfez como poeira, as paredes
desmanchara-se e as ilusões sobre elas fluíram
no ar para o além, quando a areia desceu o que
restou foi a visão de uma salão imenso, de
joelhos estava Sorin Markov recintando um
cântico sentado no centro de uma círculo de
sangue incandescente. À frente uma roda de
estatuetas pequenas, dezenas delas,
aprisionavam com um halo de luz a vampira
Cristine, que gritava e se debatiam com as
mãos sobre os ouvidos. Ao ver os dois cianitas
parados dentro da sala, ela deixou de berrar e
passou a os olhar, e sua expressão era de pura
iniquidade. Os olhos da malkaviana se tornam

leitosos e seu corpo se elevou no ar, na cabeça


de Xavier e Amir uma pressão irresistível teve
início, a voz que tanto torturou Jake agora
estava dentro da cabeça dos dois, plantando as
sementes mais venenosas. Porém a besta do
Xerife era grande, forte e tão insana quanto a
vampira. Ele saltou no ar, tomado pelo frenesi
e atirou dentro do círculo e sobre a anciã,
porem isso lhe custaria muito mais do que
pudesse imaginar.
O ritual estava nos minutos finais quando
Cristine, depois de uma luta extenuante,
conseguiu cravar sua presas na jugular do
gangrel, ela levantou a cabeça com a boca
inundada pelo sangue e olhou para Amir,
intimidando aquele que seria sua próxima
vítima. A vampira correu deixando a trajetória
do seu corpo espalhada no tempo e espaço,
porém na hora da roda de estátuas se deparou
com uma força violenta e inexpugnável que a
compelia de volta ao centro do círculo, o ritual
do Tremere finalmente havia acabado, agora
ela estava presa dentro da esfinge, até seu
sangue secar e ela cair em torpor nos sonhos
ela estava presa dentro da esfinge, até seu
sangue secar e ela cair em torpor nos sonhos
dos sonhos, velada pelos Deuses que andaram
na terra dos homens do antigo Egito.
………………………………

Ela sabia que aquela poderia ser a última noite


antes de fechar os olhos no abismo, havia
perdido a conta há quanto tempo estava ali
poupando sangue e esforços para se manter
acordada enquanto ouvia os sussurros das
mentes na rede malkaviana, que
comemoravam o seu aprisionamento. Isso a
deixava cada vez mais furiosa, mas também
mais fraca. Embora seu corpo não pudesse
atravessar as barras etéreas sagradas erguidas
pelos ídolos, Cristine ainda conseguia chegar
até os pensamentos de muitos que se atreviam
próximo o suficiente da esfinge.
Foi um sussurro roubado da mente de um
egiptólogo que levou Cristine a fazer a maior
das descobertas de todas, antes do último
suspiro naquele mausoléu milenar, o pobre
professor confessou a ela… ele procurava algo,
muito, muito poderoso, e esse algo estava
enterrado, bem onde Cristine estava. E não era
a toa que o círculo de estátuas estavam ali,
todo o panteão egípcio guardando a maior
maldição de todas.
- É minha chance…
maldição de todas.
- É minha chance…
Rasgou a pedra dura com as mãos e unhas,
perdendo as peles contra o chão áspero e duro
de barro. Quanto mais cavava, mais ela ouvia

uma voz, que não vinha rede, era lago que ela
já havia escutado há algum tempo, algo muito
antigo e que talvez, mas só talvez, tenha feito o
destino prender a vampira ali, a única que
podia ouvir esse murmúrio. Quando ela
finalmente viu o brilho vermelho tímido do
rubi que tinha o tamanho de um punho, seus
olhos se iluminaram. Sacou a pedra das areias,
e era quente, e parecia pulsar o seu interior,
uma essência gelatinosa de plasma e sangue…
ou talvez fosse só a pedra? Ela sorriu, sentindo
o poder daquilo irradiar pelo seu corpo inteiro,
reacendendo a chama que se pagava nela.
Torceu a cabeça para compreender o que era
aquilo… mas será que importava?
Definitivamente Cristine não pensou além
disso, só ficou enrolada naquela gema, em
posição fetal no chão, enquanto ia consumindo
lentamente os poderes daquele objeto. Do
outro lado da cidade Sorin teve a certeza,
diante dos pesadelos que se intensificavam
com o passar do tempo, a solução que
arrumaram para neutralizar a vampira foi o
maior de todos os erros.

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