Batismo de Sangue
Batismo de Sangue
Batismo de Sangue
BATISMO
DE
SANGUE
um conto de vampiro a
máscara 5ed
Batismo de Sangue
Escrito por Jaque Machado
Baseado na novela de rpg Cairo Bynight de Diogo
DiceMaster
One shot narrada em 29\05 na RPG2022 por Jaque
Machado e Diogo DiceMaster
Jogadores Danilo e Gabriel
Percy Shelley
Os pés eram devorados pelas areias geladas do
deserto, se o corpo ainda pudesse fazer o
coração bombear o sangue pelas veias
descobriria que os seus passos lideravam para a
tumba derradeira. Mas nem as décadas
incontáveis, nem os olhos opacos, a pele de
porcelana, o tórax infantil, onde suas barras de
costelas aprisionavam a besta secular, eram
capazes de predizer o futuro. Não que ela não
pudesse saber. Não que ela pudesse evitar. Ali
no coração inóspito do Cairo ela soube que seu
destino era desesperador. Há cinco dias atrás,
quando Muktar soltou uma nuvem de fumo
adocicada, que ficou presa por algum tempo
debaixo do dossel com flores brocadas em ouro,
eles tiveram uma conversa derradeira. Ele
lentamente virou na direção da pequena
Cristine e de seu corpo frágil:
- Você sabe que não poderei deixar que tente
comandar na minha cidade, nem que faça com
que eu pareça uma das ovelhas do seu bordel
de loucos…
- Ora Mukatar - ela disse, com um sorriso fino,
dissimulando as presas que já não podia mais
esconder. - eu não tenho medo dos seus
soldadinhos e também não tenho vontade de ir,
não estou porque amo esse nada, estou porque
algo me chama. Está escondido, sussurrando.
Você não ouve Muktar?
Cristine sentou em uma das almofadas do velho
amigo, apesar das circunstâncias empurrarem
um para cada lado da arena. O Ancião deitou as
sobrancelhas e abafou o fogo do narguilé. A
barba farta foi alisada pelas mãos grosas e ele
estendeu o olhar uma ultima vez para sua
outrora Mawla, ele era apenas um menino
quando a viu pela primeira vez, mesmo agora
sentia-se ainda como um, diante da criatura vil
na qual ela havia se tornado:
- Eu não entendo o que você quer, e se soubesse
não daria. Em respeito ao que fomos, vou te dar
cinco dias, espero que consiga ir, para onde quer
que esteja segura. Quando cruzar as areias,
longe o suficiente, lembre-se de que já não
estará mais ao meu alcance garantir sua vida.
Está na hora de partir, Cristine, não existe mais
espaço para alguém como você aqui.
As mãos pequenas, cujas veias amarravam-se
como cordas de cânhamo nas adriças de uma
navio, retesaram sobre a fina seda almofada. Ela
não disse nada, não precisou, seus olhou
fulminaram o garoto velho que ali estava, o
pequenino que ela criou. Era ódio, desprezo, e
Mukatar jamais esqueceria aquele pequeno
corpo frágil cruzando os umbrais do
palácio de lótus, andando no
corredor dourado e desaparecendo
na noite entre os tapetes vermelhos,
para nunca mais.
…………………………….
O ancião Tremere era a imagem de velho abutre
vampiro com suas unhas escuras e longas, assim
como o cabelo, um sobretudo elegante e
aveludado, cheio de rendas e filigranas pretos,
estava girando o anel no dedo e a pedra
vermelha brilhava timidamente uma chama, a
da única luz que banhava os dois, o braseiro do
narguile de Muktar. O Qitar deu uma baforada à
frente do seu trono dourado, levantando as
calças de algodão até os joelhos, a faixa de fino
brocado lhe apertava a cintura, fazendo a
barriga dos dias mais fartos da vida mortal
cairem sobre as coxas. Ele coçou a barba, mas
quem rompeu o silêncio depois da longa
conversa foi Sorin:
- E então...- tremeu o dedo sobre o rubi,
esperando que alguma resposta do soberano.
Muktar estendeu as sobrancelhas, enrugando a
testa. Não era bem o que Sorin esperava, estava
claramente assustado. O que significava que só
havia aquela saída, Markov pensou rápido em
alguma solução e sozinho, há cinco dias já
sabiam que seria impossível acabar com a
cainita, cabia a Sorin Markov salvar a cidade,
mas jamais poderia fazê-lo sozinho. Arrastar o
corpo pelo deserto e esconder-se dos outros
vampiros, do sol e dos poderes de Cristine não
vampiros, do sol e dos poderes de Cristine nã
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uma voz, que não vinha rede, era lago que ela
já havia escutado há algum tempo, algo muito
antigo e que talvez, mas só talvez, tenha feito o
destino prender a vampira ali, a única que
podia ouvir esse murmúrio. Quando ela
finalmente viu o brilho vermelho tímido do
rubi que tinha o tamanho de um punho, seus
olhos se iluminaram. Sacou a pedra das areias,
e era quente, e parecia pulsar o seu interior,
uma essência gelatinosa de plasma e sangue…
ou talvez fosse só a pedra? Ela sorriu, sentindo
o poder daquilo irradiar pelo seu corpo inteiro,
reacendendo a chama que se pagava nela.
Torceu a cabeça para compreender o que era
aquilo… mas será que importava?
Definitivamente Cristine não pensou além
disso, só ficou enrolada naquela gema, em
posição fetal no chão, enquanto ia consumindo
lentamente os poderes daquele objeto. Do
outro lado da cidade Sorin teve a certeza,
diante dos pesadelos que se intensificavam
com o passar do tempo, a solução que
arrumaram para neutralizar a vampira foi o
maior de todos os erros.