Carteira de Investimentos
Carteira de Investimentos
Carteira de Investimentos
A958lÁvila, Leandro
Como Montar uma Carteira de Investimentos Diversificada / Leandro Ávila. –-
Fortaleza, 2021.
Biblioteca Nacional - ISBN: 978-65-00-26053-3
1. Educação Financeira 2. Dinheiro 3. Finanças pessoais I. Título.
Sugestões ............................................................................................................ 7
Carteiras Simuladas............................................................................................. 38
Backtest ............................................................................................................ 38
http://www.clubedospoupadores.com/sugestoes-livros
Sua teoria sobre o sucesso nos investimentos era bem simples: “coloque todos os
seus ovos na cesta e então observe a cesta”. Isso fez sentido para ele que investia no
próprio negócio e passava todo o tempo olhando para ele.
Ao comprar ações de uma empresa, não será você que fará essa empresa crescer,
valorizar e distribuir lucros.
Ao investir em um CDB, LCI ou LCA de um banco, não será você que fará
alguém pagar juros pelo seu dinheiro. O negócio dos bancos é captar dinheiro dos
investidores e emprestar esse dinheiro para bons pagadores de juros.
A grande verdade é que investir significa aceitar correr algum nível de risco para
obter um prêmio (juros ou ganho de capital), se tudo der certo. O problema é que só o
futuro dirá se você tomou uma boa decisão de investimento considerando que você não
tem controle sobre o retorno e risco. O que existem são apenas probabilidades com base
em dados passados e decisões que você pode tomar com base nessas probabilidades.
O investidor Warren Buffet construiu a sua fortuna de US$ 109,2 bilhões (2021)
através de uma carteira de investimentos diversificada. Sua teoria é bem simples: “não
coloque todos os ovos na mesma cesta.” Ele também elaborou duas regras que todos os
investidores deveriam seguir:
As regras são:
Parece simples, mas existe uma questão matemática que você precisa entender
para valorizar essas duas regras. Uma boa carteira de investimentos precisa fazer o seu
patrimônio crescer ao mesmo tempo em que protege o seu patrimônio. Sem proteção
não faz sentido buscar ganhos.
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Você como pequeno investidor(a) já deve ter percebido que existe uma infinidade
de investimentos com os mais diversos níveis de rentabilidade, liquidez e volatilidade
(risco).
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Como não existe o investimento que é ao mesmo tempo muito rentável, muito
líquido e de baixo risco (baixa volatilidade) precisamos montar uma carteira, como
quem monta uma equipe de armaduras robóticas, para aproveitar a melhor característica
de cada investimento.
Não adianta ganhar dinheiro se logo depois você perder boa parte do que ganhou.
Infelizmente a maioria dos pequenos investidores não compreende a matemática por
trás das perdas e por este motivo só se preocupam com os ganhos.
A matemática nos mostra que à medida que as perdas aumentam, sem o devido
controle, o ganho necessário para a recuperação dessas perdas aumenta de forma
desproporcional.
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O gráfico abaixo mostra o ganho necessário para recuperar diversos níveis perdas.
Para ampliar este e outros gráficos deste livro basta clicar sobre ele. É necessário que
o seu dispositivo esteja conectado na internet.
Como exemplo, a primeira linha no gráfico acima nos mostra que se você perder
1% do seu investimento essa perda será facilmente recuperada se o investimento
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Veja que até uma perda de 10% será relativamente fácil recuperar o seu dinheiro,
pois só será necessária uma alta ou valorização no investimento de 11,11% (1,11 pontos
percentuais acima do que foi perdido). Mas veja que as coisas se tornam bem
complicadas nas quedas maiores.
Junto com este livro você recebeu uma planilha chamada “simulador-
recuperar-perdas.xlsx” onde existe uma calculadora e uma tabela com todas as perdas
e ganhos necessários para a sua recuperação.
Você verá que depois de 10% de perda ocorrerá um aumento explosivo nos
retornos (ganhos) necessários para a recuperação do que foi perdido.
Imagine que você tem um investimento qualquer na bolsa que vale R$ 125 como
uma ação, ETF ou fundo imobiliário. Vamos imaginar que o investimento sofreu
variação inesperada de -20%. Isso significa que você já perdeu R$ 25 e o seu
investimento está valendo R$ 100 (125 x 20% = 25).
Quanto deve ser a alta necessária para que você recupere os seus R$ 25 perdidos
na queda?
Agora você só tem R$ 100 e não mais os R$ 125 anteriores. Não adianta o ativo
valorizar os mesmos 20%, pois isso fará os seus R$ 100 atingirem R$ 120 (100 x 20%
= 20).
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Veja que neste caso, a perda de 20% exige um ganho de 25% já que agora você
só tem R$ 100 e não os R$ 125 que tinha antes.
Agora reflita sobre o que ocorrerá se você perder a metade do seu investimento
na próxima crise.
Na tabela anterior podemos ver que uma perda de 50% exige uma recuperação de
100%. Se você tem e R$ 100 e perde 50% ficará com R$ 50. Para que você volte a ter
seus R$ 100 será necessário que ocorra uma alta de 100% sobre os R$ 50.
Veja na tabela anterior que uma perda de 80% do seu investimento exigirá uma
alta de 400% para que você recupere o seu patrimônio.
Quanto mais intensa for a queda, mais dramática precisa ser a alta para que você
recupere o investimento comprometido.
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Agora entendemos que perdas entre 5% e 10% são aceitáveis até para investidores
mais conservadores. Já as perdas de até 15% ou 20% são aceitáveis entre investidores
de perfil de risco moderado ou mais arrojado. Neste caso, as perdas de 15% a 20%
poderiam ser recuperadas com ganhos de 17,65% a 25%, exigindo um pouco mais de
tempo (longo prazo), paciência e disciplina do investidor.
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Caso queira fazer simulações de quanto você precisa obter de ganho para
recuperar predas visite este simulador aqui ou use a planilha “simulador-recuperar-
perdas.xlsx”.
Por fim, a matemática que envolve perdas e ganhos nos mostra que é prudente,
mesmo para o investidor de longo prazo e de perfil de risco moderado e arrojado, pensar
na possibilidade de montar uma carteira com ativos que possam proporcionar ganhos
com proteção e limites de perdas.
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A base por trás dessa estratégia é chamada de Teoria Moderna do Portfólio que
de forma simplificada é a busca das melhores combinações de ativos para que possamos
ter uma carteira com a melhor relação de risco e retorno.
Veremos que devemos dividir o nosso patrimônio entre ativos de renda variável
e renda fixa para obter o melhor da interação desses ativos dentro da carteira.
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Muitas vezes dois investimentos que nos apresentam o mesmo retorno médio
anual podem nos oferecer um retorno bem diferente e com risco mais elevado. Vamos
entender como isso funciona a seguir com exemplos que ilustram e facilitam o
entendimento.
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Tabela 1
Investimento Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Média
A -20% -10% 10% 30% 40% 10,0%
B 10% 9% 11% 8% 12% 10,0%
Qual dos dois investimentos você faria? Olhando somente essas médias anuais
temos a impressão de que tanto faz, pois na média os dois ofereceram 10% ao ano de
rendimento.
Como já vimos, devemos ter muito cuidado com as perdas e vou mostrar agora
como esses dois meses negativos no primeiro e segundo ano prejudicaram o retorno do
investimento.
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O ideal será montar uma carteira composta por um conjunto de investimentos que
trabalham em equipe para produzir ganhos minimizando perdas através da redução da
volatilidade da carteira.
A volatilidade deve ser compatível com o risco que aceitamos correr. Cada pessoa
tem um nível de tolerância ao risco que precisa ser respeitada. Teremos um capítulo
sobre isso.
Clique aqui e assista ao vídeo da corrida entre a tartaruga e o coelho para entender
a importância do “devagar e sempre” como uma estratégia vitoriosa de longo prazo.
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A rentabilidade anual de cada carteira será definida por sorteios, ou seja, serão
retornos escolhidos aleatoriamente. Existem campos amarelos que podem ser editados
por você e que estabelecem limites para a variação do retorno que será sorteado para
cada ano.
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Se você estiver conectado na internet basta clicar no gráfico para abrir uma versão
maior. Também é possível acessar a simulação completa que deixei salva nessa
ferramenta aqui. (Eu pretendo compartilhar o link de todas as simulações que serão
feitas neste livro utilizando essa ferramenta. Você poderá clicar, estudar e modificar as
simulações).
Apenas olhando é fácil perceber que a carteira (linha vermelha) tem uma trajetória
mais estável, menos volátil ou com variações pequenas, de menor amplitude. Já a linha
azul e linha amarela sofrem grandes variações.
Então temos dois ativos de alta volatilidade (dólar e Índice Bovespa) que quando
combinados produziu uma carteira com volatilidade menor.
Isso ocorre por ser muito comum a correlação inversa (negativa) entre o
desempenho da bolsa e do dólar, ou seja, quando a o dólar está em tendência de baixa a
nossa bolsa está em tendência de alta e quando a bolsa está em tendência de baixa o
dólar está em tendência de alta. Não é uma regra, mas frequentemente dólar e Índice
Bovespa se movimentam em sentidos contrários.
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No gráfico acima (clique sobre ele para ampliar) temos o resultado da nossa
carteira simulada no pior momento da crise de 2020 que ocorreu no dia 23/03/2020.
A nossa carteira, que é uma mistura dos dois fundos, registrou uma pequena
queda de 0,98%. Isso significa que o forte movimento do fundo de dólar acabou
anulando a forte queda do fundo baseado no índice Bovespa.
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Observando a linha vermelha que representa nossa carteira podemos perceber que
o elevado ganho foi obtido através de uma trajetória menos volátil, ou seja, o saldo da
carteira sofreu variações menores em sua trajetória. O cálculo da volatilidade da carteira
de seus investimentos comprova o comportamento do gráfico.
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Veja que a carteira só fechou o mês com resultado negativo 6 vezes contra 10
fechamentos negativos do dólar e 9 fechamentos negativos do Índice Bovespa. Isso
significa que em algumas situações um dos investimentos defendeu a carteira,
impedindo o seu resultado negativo quando o outro estava em queda.
Observe que o maior retorno mensal da carteira foi de 6,96% contra retornos bem
maiores nos dois fundos de investimentos isoladamente, mas em compensação o menor
retorno da carteira foi de apenas -6,66% contra a forte queda de -30,63% do fundo que
investe no Índice Bovespa.
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No decorrer deste livro vou mostrar mais detalhes sobre o uso desta e de outras
ferramentas online já que o meu propósito aqui é transmitir o conhecimento da forma
mais prática possível.
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https://clubedospoupadores.com/perfil-investidor
Você também pode montar uma carteira de risco baixo (conservadora) outra de
nível moderado e outra de alto risco ao mesmo tempo. Não existe problema em ter várias
carteiras, principalmente quando estamos aprendendo. Você só deve ter o cuidado de
investir pouco dinheiro em cada carteira considerando que está ganhando experiência.
Também é importante que você tenha uma boa reserva para emergências, de tal
forma que nunca dependa da venda dos ativos da sua carteira de maior risco para suprir
alguma necessidade imediata ou não planejada.
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Voltarei a falar sobre esse tema no capítulo Tolerância ao Risco, pois você já terá
feito várias simulações.
Risco e Retorno
O risco que corremos para obter um determinado retorno é tão importante quanto
o retorno em si.
Se queremos buscar uma boa relação de retorno por risco corrido precisamos
aprender a medir essa relação nos investimentos e nas carteiras compostas por estes
investimentos.
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Alguns investidores adotam como retorno livre de risco o retorno que teriam
investido em um título público que paga IPCA (inflação) mais uma taxa de juro fixa ou
mesmo um título público que paga uma taxa fixa de juros (prefixados) considerando a
manutenção do título até o seu vencimento.
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Como sabemos que o investimento X rende 10%, a o título público que é nossa
referência de investimento livre de risco rende 6% e a volatilidade do investimento X é
3% podemos aplicar a fórmula:
10 − 6
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑆ℎ𝑎𝑟𝑝𝑒 = = 1,33
3
O Índice de Sharpe não é muito utilizado por pequenos investidores por falta de
conhecimento sobre o que acabei de explicar e até por uma dificuldade com relação a
como calcular a volatilidade. É fácil encontrar o retorno dos investimentos, o retorno do
investimento livre de risco, mas a volatilidade precisa ser calculada. No simulador que
iremos utilizar todos esses cálculos são feitos automaticamente.
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O importante agora é entender que quanto maior for o Índice de Sharpe de uma
carteira ou de um investimento, melhor foi a relação de risco sofrido por cada retorno
obtido no passado.
Exemplo: uma Carteira A com índice Sharpe igual a 1 e uma Carteira B com
índice Sharpe igual a 2. A leitura que devemos fazer é a de que a Carteira B nos ofereceu
2% de retorno para cada 1% de risco (volatilidade sofrida). Então podemos afirmar que
a Carteira B, com índice Sharpe igual a 2, tem a melhor relação de risco/retorno.
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Existem vários sites na internet que oferecem ferramentas online para simulações
de investimentos. Para criar exemplos didáticos vamos utilizar este simulador aqui que
é oferecido abertamente por uma grande corretora.
Para cada carteira simulada vou oferecer um link onde você poderá acessar a
simulação, editar e criar suas próprias simulações.
Meu objetivo é ensinar e motivar você fazer os seus próprios estudos. As carteiras
simuladas são apenas exemplos didáticos e não devem ser vistas como recomendações
de investimentos, por isto vou explicar o funcionamento dos investimentos à medida
que forem adicionados em cada carteira simulada.
Backtest
Simulações de estratégias de investimentos como a que faremos aqui são
conhecidas no mundo financeiro como backtesting. Fazemos um backtest para estimar
o desempenho de uma estratégia de investimentos se tivesse sido executada durante um
período passado.
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Nos EUA, uma das ferramentas mais conhecidas para testes de carteiras são as
disponíveis no site https://www.portfoliovisualizer.com/. Infelizmente este site não
possui ativos listados no mercado brasileiro.
No Brasil temos essa ferramenta aqui oferecida por uma grande corretora e
utilizaremos ela como exemplo didático e prático do livro. Em outros capítulos vou
mostrar como fazer simulações utilizando planilhas.
Todas as simulações deste capítulo terão como janela o período entre 04/06/2018
e 02/06/2021 que equivale a 3 anos. Vou adotar período por existirem diversos cenários
que impactaram os investimentos nesses 3 anos.
Como mostra o gráfico abaixo, tivemos uma fase de alta na bolsa (linha
pontilhada preta) com ciclo de queda dos juros básicos da economia (linha azul).
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Não faz muito sentido analisar carteiras de investimentos somente nos períodos
de grande crescimento, pois nessa situação qualquer carteira terá bom desempenho.
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Vamos chamar esta carteira de “Carteira A”. O dinheiro investido será distribuído
da seguinte forma:
Recomendo que você clique no link acima e abra a simulação para acompanhar.
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Vamos considerar que o investimento de renda fixa da carteira será um CDB pós-
fixado com liquidez diária que paga 100% do CDI. Também poderia ser uma LCI ou
LCA que paga 100% do CDI ou um título público como o Tesouro Selic.
Já existem diversos bancos digitais que oferecem LCIs e LCAs com liquidez
diária após uma carência de 90 dias. Você também pode encontrar bancos oferecendo
CDBs, LCIs e LCAs pagando 120% do CDI ou até mais.
Considere que LCIs e LCAs são isentos de imposto de renda, ou seja, quando
você investe em um LCI que paga 100% do CDI você efetivamente receberá o
equivalente ao rendimento do CDI no período sem qualquer desconto. No caso do CDB
você terá o imposto sobre o rendimento descontado.
Cada investidor acessa bancos e corretoras diferentes e por isto terá condições
diferentes para os investimentos de renda fixa. Geralmente nas corretoras você
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Caso queira saber qual é a taxa que remunera o CDI (Taxa DI) neste momento
você pode visitar o site da B3 em www.b3.com.br para observar o valor que aparece no
topo da página. Veja um exemplo:
Se você tem dúvida sobre escolher um CDB que paga 100% do CDI ou um LCI
ou LCA que paga um percentual diferente do CDI veja essa calculadora que ajuda a
fazer a escolha.
Escreva “renda fixa” no campo de busca e clique na opção “Cadastre renda fixa”.
Veja o exemplo:
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Veja que também é possível adicionar um investimento que tem taxa prefixada
como um CDB prefixado, Tesouro Prefixado e outros. Também existe a possibilidade
de adicionar um investimento de renda fixa que paga IPCA + uma taxa fixa. Existem
muitos CDBs, LCIs e LCAs que possuem o investimento corrigido pelo IPCA (inflação)
e que também pagam uma taxa fixa.
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Ao comprar um ETF BOVA11 você está adquirindo uma carteira composta por
pouco mais de 80 ações das maiores e mais negociadas empresas da bolsa brasileira.
Todo ETF investe na carteira teórica de ativos que faz parte de algum índice. No caso
do BOVA11, o investimento é feito nas ações que fazem parte da carteira teórica do
Índice Bovespa (IBOV). Veja a carteira de ações. Veja um gráfico com o histórico de
preços do BOVA11. Temos mapas com os pesos das ações que fazem parte do índice
divididas por setores e segmentos da economia, veja aqui.
É claro que você pode investir diretamente em ações para compor a renda variável
da sua carteira, mas terá que selecionar pelo menos 15 ações para ter uma boa
diversificação.
Quando você investe em BOVA11 são mais de 80 ações sendo que mais ou menos
58% do valor do ETF está investido em 15 ações dos setores: financeiro, materiais
básicos, energia, consumo e indústria. Essa diversificação evita que variações em uma
única ação ou único setor produzam grandes impactos na sua carteira.
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É dessa forma que muitos fundos multimercado conseguem superar o CDI. Eles
concentram grande parte dos recursos do fundo em investimentos sem risco, como
títulos públicos e fazem investimentos pequenos em ativos de maior risco. Se ocorrerem
perdas nesses ativos de maior risco elas serão compensadas por ganhos praticamente
garantidos pela renda fixa.
Quanto maior o rendimento da renda fixa na carteira maior pode ser a parcela da
carteira conservadora em renda variável já que a renda fixa será capaz de compensar
perdas maiores da renda variável.
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Vale lembrar que estamos utilizando o período entre 2018 e 2021 nestas
simulações para que possamos observar o resultado da carteira diante de períodos de
grande estresse no mercado, como a crise de 2020. Crises desta magnitude ocorrem com
pouca frequência. Antes de 2020 tivemos a crise do ano 2000 e de 2008. Também não
podemos esquecer que os juros da renda fixa no período bateram mínimas históricas.
O passado nos mostra que pelo menos uma grande crise atinge os investimentos
de renda variável a cada 10 anos. Por este motivo é importante simular sua carteira de
investimentos tendo no período de estudo uma grande crise econômica.
Como podemos ver na área destacada na tabela acima gerada pela simulação,
adicionar a volatilidade do BOVA11 em apenas 5% do patrimônio da nossa carteira de
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Como exercício visite esta simulação pronta e edite os campos indicados na figura
abaixo. Simule uma carteira com R$ 10.000,00 (10%) em BOVA11 e R$ 90.000,00 no
investimento que rende 100% do CDI. Você terá como resultado algo parecido com a
tabela acima.
Fiz simulações utilizando carteiras com 95% a 10% de Renda Fixa e 5% a 90%
de renda variável. Organizei os resultados das simulações na planilha chamada
Exemplos_Retorno_Risco_RendaFixa_e_Variavel.xlsx onde temos o retorno
acumulado nos 36 meses e risco (volatilidade):
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Será que com essa diversificação teremos aumento da rentabilidade sem aumentar
muito a volatilidade, que é nossa medida de risco? Só a simulação poderá responder.
Agora teremos 30% da nossa carteira gerando ganhos de 8% fixos ao ano. Isso
seria possível através de algum CDB, LCI ou LCA prefixados. Investimentos prefixados
possuem uma data de vencimento. Isto significa que será necessário aguardar esse
vencimento para receber o valor investido de volta. Temos uma rentabilidade fixa
garantida, mas perdemos a liquidez diária.
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É claro que esse resultado vai depender das taxas oferecidas pelos bancos e
corretoras no momento em que você montar a sua carteira. Por este motivo, o ideal será
montar a sua carteira aos poucos, aproveitando os momentos de elevação das taxas,
especialmente em períodos de maior tensão política ou econômica que resultam em
taxas maiores no curto prazo.
Entenda o juro prefixado como um prêmio que os investidores exigem para correr
o risco de uma alta de juros e inflação até o vencimento do investimento. Quanto mais
pessimista está o mercado com relação ao futuro da economia, maior tende a ser o juro
prefixado dos investimentos.
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Depois da crise de 2020 o país registrou uma forte alta na inflação (IPCA). Isso
impactou positivamente a parcela da nossa carteira que é remunerada pela inflação
(IPCA) + uma taxa de juro fixa de 4%. Esse resultado aparece na linha verde do gráfico
acima que representa o investimento que paga IPCA+4% ao ano. Essa é a parte da
carteira protegida contra os efeitos da inflação. Vale destacar que investimentos que
pagam IPCA + juros fixos acabam adicionando um pouco de volatilidade na carteira já
que o IPCA sofre variações mensalmente.
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Por exemplo, na tabela acima podemos ver que a carteira rendeu 8,82% nos
últimos 12 meses. O CDI, que representa um investimento que rende 100% do CDI,
rendeu 2,17% em 12 meses. Quando dividimos 8,82 por 2,17 temos o número 4,06.
Quanto multiplicamos por 100 temos 406%, ou seja, o retorno de 8,82% da carteira
equivale a 406% do CDI ou 4,06 vezes um investimento que rendeu 100% do CDI.
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O Índice Sharpe de 5,28 nos diz que ganhamos 5,28% de retorno para cada 1%
de volatilidade sofrida no período. Quanto maior, melhor a relação de risco corrido por
retorno obtido. O capítulo “Índice de Sharpe” aprofunda e exemplifica este importante
índice.
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No capítulo sobre Índice de Sharpe você verá que este indicador é o resultado de
uma divisão muito simples.
Você perceberá que o Índice de Sharpe do investimento que rende 100% do CDI
sempre será zero, pois esta é justamente a rentabilidade livre de risco. O Índice de
Sharpe do investimento que rende uma taxa fixa sempre será muito elevada já que este
investimento não tem volatilidade.
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Isso significa dizer que em 95% dos meses o retorno foi positivo. Se toda a
carteira estivesse concentrada no BOVA11 os meses positivos seriam 23 (62%) e 14
negativos (38%) com o menor retorno atingindo -31,06%.
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Podemos concluir que conseguimos melhorar a relação de retorno por risco. Para
isso diversificamos a renda fixa que na Carteira A era totalmente pós-fixada e na
Carteira B era composta por investimentos pós-fixados, prefixados e indexados ao
IPCA.
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Continuamos com 5% da carteira em renda variável, mas agora teremos 2,5% (R$
2.500,00) no ETF BOVA11 e os outros 2,5% no ETF IVVB11.
Como as ações que fazem parte do IVV e o próprio IVV são negociadas em
dólares, ao investir no IVVB11 você terá o desempenho do dólar e o desempenho das
500 principais ações negociadas nos EUA.
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https://finviz.com/map.ashx?t=sec
No pior momento da crise de 2020 o S&P500 representado pelo IVV caiu quase
35% enquanto o IVVB11 perdeu 23% do seu valor. A queda do IVV foi amenizada pela
alta do dólar que se valorizou em reais mais de 18%.
Por ser o Brasil uma economia emergente, nossa bolsa é classificada como de
elevado risco e volatilidade quando comparada com as bolsas americanas.
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Considerando que no período simulado temos uma das piores crises sofrida pelo
mercado financeiro a carteira de baixo risco cumpriu seu papel.
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Muitas vezes as pessoas adicionam mais risco na carteira sem colher o retorno
que justificou a exposição ao risco. O maior problema é que dificilmente as pessoas
percebem o risco que correm. Existe uma explicação para isso através de uma analogia.
Imagine uma pessoa com os olhos vendados que resolve atravessar uma grande
avenida para recolher frutos que estão do outro lado da pista. Se a pessoa tiver sorte e
nada acontecer na travessia ela chegará do outro lado sem sofrer qualquer ferimento e
colherá os frutos. Sem entender o risco que sofreu, a pessoa vai acreditar que obteve
enorme vantagem sem correr riscos. Só que os riscos existiram.
Agora imagine se ela tivesse tido acesso a uma série de dados estatísticos sobre o
fluxo de veículos e os acidentes ocorridos nesse trecho da avenida nos últimos 3 anos.
Imagine se ela pudesse avaliar matematicamente o risco histórico. Será que ela
tomaria a decisão de atravessar a avenida de olhos vendados, sabendo o risco que está
correndo?
Será que o valor dos frutos que esperam essa pessoa do outro lado da pista vai
compensar o risco da travessia com os olhos vendados?
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Veja que esta primeira carteira de risco moderado tem os mesmos ativos da
primeira carteira de baixo risco, que foi a Carteira A. Temos como única diferença a
alocação, ou seja, quanto investimos em cada ativo. Nas próximas carteiras de risco
moderado iremos elevar a diversificação da renda fixa e renda variável.
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Na tabela anterior vimos que a volatilidade da carteira nos últimos 36 meses foi
de 7,8% contra uma volatilidade de 30,65% do BOVA11 que representa nossa renda
variável, ou seja, a volatilidade da carteira foi 3,92 vezes menor.
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Isso nos mostra uma carteira mais diversificada como a Carteira C oferece melhor
relação de retorno por risco. Basta comparar o Índice de Sharpe da Carteira C (5,63) e
da Carteira D (0,93) para concluir que a Cardeira D nos oferece 5,63% de retorno acima
do CDI para cada 1% de volatilidade contra apenas 0,93% de retorno acima do CDI na
Carteira D.
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Então podemos dizer que aumentar a proporção de renda variável da carteira, sem
diversificar, aumenta o retorno na mesma proporção que aumenta o risco da carteira. Já
quando diversificamos os investimentos entre diversas classes, podemos melhorar a
relação de retorno por cada unidade de risco assumida.
Podemos entender que essa carteira de risco moderado não compensou o risco
adicional sofrido em relação a uma carteira de baixo risco como a última simulação que
fizemos no estudo da Carteira C.
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Na tabela anterior podemos constatar que o índice Sharpe (SHP) nos últimos 24
e 36 meses do SMAL11 superaram o Sharpe do BOVA11. Já nos últimos 6 e 12 meses
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O Índice de Sharpe nos mostra que agora temos 1,90% de retorno acima do CDI
para cada 1% de risco assumido. A volatilidade maior desta carteira de risco moderado
foi mais bem remunerada que na carteira anterior.
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Agora vamos iniciar as simulações de três carteiras de alto risco com diferentes
níveis de diversificação.
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• 60% em BOVA11
• 40% em renda fixa pós-fixada que remunera 100% do CDI
Veja que nessa carteira sem muita diversificação temos uma volatilidade
considerável de 18,39% em 36 meses. Mesmo assim ela é bem menor que a volatilidade
de 30,65 que você teria se todo o seu investimento estivesse concentrado no BOVA11.
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Podemos observar isto no Índice de Sharpe entre 0,92 e 0,95 nas carteiras A, D e
G. Este Sharpe nos diz que para cada 1% de volatilidade assumia nas carteiras temos
como prêmio um retorno de 0,92% a 0,95% acima do que teríamos se todo o nosso
investimento estivesse rendendo 100% do CDI. Aumentar o BOVA11 na carteira
aumentou o retorno de forma proporcional, sem melhoria significativa na relação de
retorno por risco.
Depois ficamos sabendo que a Carteira G teve volatilidade 2,36 vezes maior e
retorno 1,66 vezes maior que a Carteira D.
A escolha entre essas três carteiras, que só utilizam dois ativos em proporções
diferentes, vai depender de quanto risco (volatilidade) o investidor aceita correr para
obter um maior retorno, pois o retorno cresce proporcionalmente ao risco.
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Nosso Índice de Sharpe aumentou para 2,07 contra 0,95 na G. Isso significa que
agora temos um retorno maior acima do CDI para cada 1% de risco corrido.
A Carteira E tem 75% do patrimônio em renda fixa que rende 100% do CDI e por
isto é moderada com relação ao risco. Essa diferença impacta a volatilidade de 6,25%
na Carteira E contra 14,47% (2,31 vezes maior) na Carteira H. O retorno na Carteira E
foi de 34,48% e na Carteira H foi 1,90 vezes maior atingindo 65,76%. Como temos 2,31
mais risco e 1,90 mais retorno a relação de risco / retorno (Índice de Sharpe) nos mostra
uma ligeira melhoria de 1,90 para 2,07 na Carteira H.
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Mesmo sendo a carteira simulada de maior risco ainda sim temos um risco bem
reduzido quando comparamos com ativos de renda variável.
O índice Sharpe da Carteira I nos mostra que para cada 1% de risco corrido
tivemos 2,51% de retorno acima do CDI como prêmio pelo risco.
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Podemos observar que quanto maior a volatilidade maior foi o retorno, mas
algumas carteiras possuem uma relação de risco / retorno melhor que outras. As carteiras
mais diversificadas apresentam a melhor relação de risco / retorno.
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Utilizando essa ferramenta aqui podemos aplicar alguns filtros (veja aqui) para
identificar quantos desses fundos multimercado conseguiram entregar uma relação risco
/ retorno acima de 2 nos últimos 24 meses.
Quando fiz a consulta em junho de 2021 somente 234 fundos ou 4,36% dos 5.358
fundos multimercado conseguiram atingir um Índice de Sharpe acima de 2. Somente
91
Você pode usar a mesma ferramenta no futuro para verificar o desempenho dos
fundos multimercado com relação ao Índice de Sharpe e comprar com os resultados da
sua carteira ou das suas simulações.
Com tão poucos fundos multimercado entregando essa relação de risco retorno
parece não ser tão fácil atingir esses resultados, mesmo para gestores profissionais.
Você pode utilizar a mesma ferramenta e seus filtros para identificar quantos
fundos profissionais atingiram a volatilidade, Índice de Sharpe e rentabilidade nos
últimos 12, 24 ou 36 meses das carteiras que você simulou.
Nem todos os fundos estão operacionais. Por este motivo você deve aplicar o
próximo filtro:
93
Para isso eu recomendo que você inicie montando uma pequena carteira, com
investimentos pequenos em cada ativo para que você possa aprender.
Nessa fase inicial os investimentos mais práticos são ativos de renda fixa e ativos
de renda variável baseados em ETFs. Os ETFs são compostos por dezenas ou várias
centenas de ações e seu preço sofre uma pequena influência de cada ação. Isso nos
permite investir em renda variável da forma muito diversificada comprando um único
ETF que custa poucos reais.
Estão surgindo muitos ETFs temáticos no Brasil nos últimos anos. Infelizmente
possuem poucos dados históricos para as simulações, mas isso será resolvido com o
passar do tempo.
Hoje, no Brasil, temos ETFs que investem em ouro, criptomoedas, ETF de fundos
imobiliários, ETF de ações europeias, ações de empresas americanas de tecnologia,
ações em países emergentes, ações de países da asiáticos e assim por diante. Cada vez
mais ETFs de temas específicos serão lançados no Brasil, assim como já acontece nos
EUA. Isso tornará cada vez mais fácil, rápido e barato montar carteiras diversificadas.
95
Neste exemplo a Taxa DI era de 3,40% ao ano e isso equivale a 100% do CDI.
Para encontrar a taxa mensal basta transformar 3,40% ao ano em uma taxa de juro
equivalente mensal através dessa ferramenta aqui.
A Taxa DI pode mudar sempre que o Banco Central, através das reuniões do
Copom decide aumentar ou reduzir a taxa básica de juros da economia (Taxa Selic).
Ocorrem oito reuniões por ano e você encontra as datas das reuniões no calendário que
está no menu direito nesta página aqui. Você encontra o histórico de todas as decisões
aqui. Você tem um gráfico dessas decisões aqui. A Taxa DI costuma ser 0,10 pontos
percentuais menor que a meta da Taxa Selic. Exemplo: se o Banco Central resolve
96
Como a proposta deste livro é o de apresentar soluções práticas vou citar algumas
instituições para exemplificar. Não significa que estou recomendando as instituições.
Exemplos
Para exemplificar: duas corretoras que utilizo e que possuem grande oferta de
investimentos de renda fixa de diversos bancos é a corretora XP e a corretora Easynvest,
que em 2021 recentemente se fundiu com o Nubank.
Após entrar na sua conta na corretora basta selecionar a opção “Investir” e depois
“Renda Fixa” para localizar os investimentos em CDB. Veja na figura que existe um
sistema de filtros.
97
A coluna “Valor líquido” nos mostra uma simulação de quanto você poderá
resgatar em 2024, caso não faça isso antes. Isso inclui os R$ 10.000,00 que você investiu
98
Verifique se o banco onde você já tem conta oferece CDB que paga 100% do CDI
ou mais. Geralmente os CDBs de bancos digitais e bancos de médio porte que
encontramos nas corretoras oferecem taxas maiores que as ofertadas por grandes
bancos.
Investimentos de renda fixa como CDBs, LCIs e LCAs são garantidos pelo Fundo
Garantidor de Créditos (FGC) para aplicações de até R$ 250.000,00 por CPF por
instituição financeira. Por este motivo evite ter mais de R$ 250 mil investido na renda
fixa de um mesmo banco. Para saber mais sobre o FGC visite:
https://www.fgc.org.br/garantia-fgc/sobre-a-garantia-fgc
99
Na figura acima podemos ver um ciclo de alta da Selic entre 2013 e 2015 e depois
um grande ciclo de baixa da Selic entre 2016 e 2020.
Um ponto negativo com relação ao uso do CDB como seu principal investimento
de renda fixa pós-fixada será o imposto de renda sobre os lucros que você tiver. Esse
imposto será recolhido automaticamente pela instituição financeira no momento do
resgate do investimento ou no dia do vencimento do CDB. A alíquota depende da
duração do investimento e segue a tabela:
Exemplo: seria melhor um CDB que paga 100% do CDI ou um LCI que paga
90% do CDI ? A resposta depende do prazo.
Visitando aqui você tem uma ferramenta que ajuda a calcular considerando que
o LCI é isento do imposto de renda.
100
Uma solução seria destinar a parcela da carteira que você precisa ter liquidez
imediata para um CDB com liquidez diária e outra parte para um LCI ou LCA mais
rentável que tenha menor liquidez.
101
Outra categoria de fundos de renda fixa de baixo risco que antes era chamada de
Fundos DI na nova classificação utiliza a subclasse “Renda Fixa Duração Baixa
Soberano” ou “Renda Fixa Duração Baixa Grau de Investimento”. No exemplo abaixo
mostro como utilizar o filtro dessa ferramenta aqui para listar apenas fundos de duração
baixa soberano
102
103
Os bancos emitem CDBs, LCI e LCA prefixados e que pagam IPCA + juro. O
Tesouro Direto oferece os títulos Tesouro Prefixado e o Tesouro Prefixado IPCA+ com
ou sem pagamento de juros semestrais.
O problema é que esse preço de venda antecipada muda todos os dias, muitas
vezes muda mais de uma vez por dia e nem sempre essas mudanças são positivas. Em
momentos de crise ou quando o mercado passa por um momento pessimista com relação
ao futuro da economia os preços para venda antecipada dos títulos prefixados e
indexados pela inflação tendem a cair, ou seja, os juros sobem e por consequência os
títulos ficam menos valorizados para a venda antecipada.
104
Isso torna o investimento em CDB, LCI e LCA prefixados mais confortável para
o investidor que monitora a sua carteira de perto.
É claro que se por algum motivo você precisar se desfazer do seu CDB antes da
data de vencimento isso será feito pelo mercado secundário e neste caso o preço do CDB
será negociado pelos preços e taxas que estão vigorando no mercado, ou seja, com
marcação a mercado. Como falei, isso deve ser evitado investindo aquele dinheiro que
você realmente só precisará dele depois do vencimento.
105
Já vimos anteriormente que a renda fixa que paga CDI ou Selic são mais atrativas
quando o Banco Central finalizou um ciclo de queda dos juros, está no início ou em
pleno ciclo de alta dos juros. A alta da Taxa Selic automaticamente eleva a rentabilidade
dos investimentos que pagam um percentual do CDI. Por outro lado, os ciclos de queda
dos juros reduzem as rentabilidades dos investimentos de renda fixa pós-fixada.
Entendendo que o objetivo do Banco Central quando eleva a taxa básica de juros
é a de frear a atividade econômica para frear a inflação, a alta da inflação pode resultar
em alta dos juros.
Renda Fixa Alta nos Juros Queda nos Juros Alta na Inflação Queda na Inflação
Indexados à Selic/CDI Positivo Negativo Negativo Positivo
Prefixados Negativo Positivo Negativo Positivo
Indexados ao IPCA Negativo Positivo Positivo Negativo
Você encontra gráficos de DI futuro aqui. Exemplo: clique nos gráficos dos DI
2026 ou 2029 e você verá taxas próximas das que os bancos estão oferecendo nos CDBs,
LCIs e LCAs prefixados para vencimentos próximos a esses anos. O mesmo ocorre com
o Tesouro Prefixado.
106
107
Você não encontrará prefixados e indexados ao IPCA com liquidez diária ou com
carência. Sempre será necessário esperar até data de vencimento para recuperar o seu
dinheiro + juros prometidos.
Rating
Você viu na tabela com os investimentos de renda fixa da XP que existe uma
coluna com o Rating. Esse rating é uma nota de avaliação de alguma agência de
avaliação de risco.
Através da tabela abaixo você saberá que o CDB do Banco Pine, no dia em que
esse capítulo foi escrito, tinha avaliação BBB- que é considerada uma avaliação “Boa”
ainda dentro dos níveis de “grau de investimento”, mas bem no divisor de águas, pois
uma avaliação abaixo já está no nível de “grau especulativo”.
Já o CDB com Rating “AA” tem uma classificação ótima com relação ao risco,
ou seja, se trata de um ativo de baixo risco de inadimplência.
109
Nem todos os investimentos exibem essa avaliação das agências pois geralmente
essas agências vendem essas informações e provavelmente existe alguma limitação com
relação a sua divulgação.
110
A taxa prefixada e que paga IPCA + juros no LCI e LCA já estão liquidas de
imposto de renda, enquanto a taxa prefixada e que paga IPCA + juros do CDB são
nominais, ou seja, ainda serão descontados os impostos e isso reduzirá o retorno do
investimento.
Uma dica para encontrar LCIs e LCAs com boas taxas é acessar os sites das
corretoras no período da manhã, depois das 10 horas, pois nesse momento muitas
oportunidades são oferecidas e logo se esgotam.
111
Caso queira utilizar esse tipo de fundo na sua carteira faça simulações e avalie o
histórico dos fundos mais antigos.
112
Para montar uma carteira composta por ações individuais seria necessário
comprar e cuidar de pelo menos 15 a 20 ações de empresas diferentes distribuídas em
diversos setores.
Por muitos anos será necessário acompanhar o desempenho de cada empresa pelo
menos 4 vezes por ano quando forem publicados os balanços trimestrais.
Nem todas as pessoas possuem tempo e disposição para esta tarefa. Isso torna a
montagem de carteiras baseadas em ETFs uma solução prática, barata e muito objetiva
para expor seu capital a ativos de renda variável de forma muito diversificada, quase
que automaticamente.
Imagine o trabalho que seria comprar, cuidar ou vender mais de 80 ações que
fazem parte do Índice Bovespa para ter o desempenho da bolsa brasileira de forma bem
diversificada.
Para obter o desempenho das bolsas americanas seria necessário comprar as 500
ações que fazem parte do S&P500 com o objetivo de ter uma grande diversificação.
Comprar quantos IVVB11 forem necessários para sua carteira é a forma mais eficaz.
No Brasil temos alguns ETFs setoriais como o FIND11 que só investe em ações
de empresas do setor financeiro e MATB11 que só investe em ações do setor de
materiais básicos como mineradoras e siderúrgicas. São justamente estes os dois
principais setores das bolas brasileiras.
113
Em junho de 2021 esse link aqui mostrava uma lista com 3096 fundos de ações
que estavas operacionais. Quando você acessar esse link no futuro provavelmente os
números serão outros, mas os resultados serão equivalentes.
Na pesquisa que fiz somente 33,97% dos fundos de ações (do total de 1052
fundos) conseguiram superar o BOVA11. A maioria (66,03%) entregou retorno menor
que o BOVA11.
Você lembra da história que contei sobre atravessar uma grande avenida com os
olhos vendados no capítulo sobre a montagem da “Carteira D de Moderado Risco”?
Muitas vezes é possível ter bons resultados no curto prazo investindo em ações
bem específicas através de carteiras compostas por poucas ações, mas a falta de
diversificação significa que estamos correndo um risco difícil de avaliar. Muitos fundos
de ações e multimercado de gestores que conseguem resultados excepcionais por poucos
114
A grande diversificação que cada ETF possui impede que o resultado muito
negativo em uma única ação ou em um único setor da economia produza grandes perdas
na sua carteira. Já vimos que tão importante quando obter ganhos é necessário evitar a
todo custo as grandes perdas por serem de difícil recuperação.
Bovespa
Os ETFs que investem na mesma carteira do índice Bovespa são: BOVA11,
BOVV11, BOVB11, XBOV11 e BBOV11. Os mais negociados e que por isso possuem
maior liquidez são BOVA11 e BOVV11. O BOVA11 é o mais antigo e por isto temos
mais histórico para fazer simulações.
Você encontrará a carteira teórica com todas as ações que fazem parte do Índice
Bovespa visitando aqui. As ações que fazem parte da carteira e sua participação podem
sofrer alterações em janeiro, maio e setembro.
115
Brasil 50
O PIBB11 é o ETF mais antigo da bolsa brasileira sendo uma boa opção para
fazer simulações. Ele investe na carteira teórica de ações do Índice Brasil 50 (veja aqui).
O PIBB11 investe em apenas 50 ações de maior valor de mercado.
Outro ETF que segue o mesmo índice é o BRAX11, mas tem como desvantagem
ser muito pouco negociado, ou seja, nem sempre você encontrará um bom número de
investidores dispostos a comprar e vender esse ativo pelo seu preço de entrada ou saída.
A página oficial do PIBB11 fica aqui. Ele é um dos diversos ETFs geridos pelo
Itaú e que você encontrará no site It now.
Small Cap
As empresas classificadas como Small Caps são as de menor capitalização. A B3
(que é a bolsa de valores brasileira) divide boa parte das ações listadas em dois grandes
índices que são o Índice MidLarge Cap (veja a carteira) e o Índice Small Cap (veja a
carteira). Todas as empresas que estão no grupo das 85% maiores em capitalização de
mercado fazem parte da carteira teórica do Índice MidLarge Cap. Todas as demais
empresas ou todas as que são de menor capitalização de mercado ficam na carteira do
Índice Small Cap.
116
Para investir as demais ações que possuem menor capitalização podemos utilizar
os ETFs que investem nas ações que fazem parte da carteira teórica do Índice Small
Cap.
O SMAL11 é o ETF gerido pela BlackRock que mais negociado neste segmento.
Existe outro ETF, menos negociado, que é o SMAC11 gerido pelo Itaú (veja aqui).
A página oficial do SMAL11 fica aqui. Você verá que o SMAL11 é um ETF mais
antigo e por consequência possui mais histórico para simulações.
Setor Financeiro
O setor financeiro, junto com o setor de materiais básicos, são os que possuem
maior peso no Índice Bovespa.
O mapa abaixo mostra as ações que fazem parte do Índice Bovespa agrupadas por
setores da economia. A área azul representa as ações do setor financeiro. Quanto maior
a área de cada quadrado maior o peso da ação e do setor no índice.
117
O ETF FIND11 nos permite investir em uma carteira de ações de empresas como
bancos, seguradoras, serviços financeiros etc. Ele é composto pela mesma carteira de
ações do Índice Financeiro (IFNC).
A página oficial do FIND11, gerida pelo Itaú, fica aqui. É possível estudar os
preços do FIND11 visitando aqui.
118
Podemos entender que muitas vezes FIND11 perde um pouco da sua correlação
positiva com BOVA11 e muitas vezes MATB11, que é o ETF de Materiais Básicos que
estudaremos a seguir, perde totalmente a correlação positiva com BOVA11.
119
Dessa forma, o investimento em ações desse setor será mais atrativo na ocorrência
de ciclos de alta nos preços das commodities, valorização desses materiais básicos no
mercado internacional, valorização do dólar, crescimento da economia global e
principalmente da economia de países importam esses materiais das empresas
brasileiras.
O MATB11 perde sua correlação com o Índice Bovespa com muita frequência.
Vou apresentar alguns exemplos no capítulo sobre “Correlação”.
Na simulação abaixo, que você pode acessar aqui, usando dados entre junho de
2018 e junho de 2021, temos MATB11 e FIND11 com volatilidade acima da
volatilidade de BOVA11 em 6, 12, 24 e 36 meses.
120
Antes existiam poucas alternativas como o IVVB11 e SPXI11 que investem nas
ações que fazem parte do Índice S&P500.
Grande parte dos novos ETFs lançados no Brasil para diversificação internacional
são ETFs que investem em ETFs negociados nos EUA. Todo ETF tem uma taxa
administrativa que remunera o seu gestor e que reduz o seu rendimento anual para o
investidor. Se você investe e um ETF que tem taxa administrativa de 0,30% ao ano isso
equivale a perder 0,30% de retorno anual. Quando investimos em ETFs negociados no
Brasil que se limitam a investir em ETFs negociados no exterior esse custo com taxa
administrativa será maior já que existe a taxa administrativa do gestor do ETF no Brasil
e a taxa administrativa que o gestor paga ao investir no ETF no exterior.
Dessa forma, investir diretamente no exterior para diversificação será mais barato
no longo prazo, mesmo considerando que você terá um pequeno custo para envio de
recursos para o exterior.
121
IVVB11 e IVV são geridas pela BlackRock. Você encontra a página oficial do
IVVB11 visitando aqui. Já a página do IVV está aqui.
Mercado Europeu
Através do EURP11 é possível investir no IEUR, que é um ETF negociado nas
bolsas americanas que investe nas ações de mais de 1000 empresas em 11 países da
Europa (veja a página do ETF). Ainda existe um histórico pequeno de preços para
simulações usando o EURP11 (veja o gráfico de preços). Já o IEUR existe desde 2014,
veja seu gráfico aqui. A página do IEUR está aqui.
O preço deste ETF é influenciado pelos preços das ações que fazem parte da sua
carteira, cotação dólar em relação a outras moedas como o euro e cotação do dólar em
reais.
A carteira do ETF é composta por ações que fazem pare do índice MSCI Europe
Index (fonte do gráfico). Podemos ver que existe uma maior concentração em ações do
123
Mercados Globais
Um dos ETFs com maior diversificação que temos na bolsa brasileira é o
ACWI11 gerido pela XP Asset (veja a página). Este ETF investe no ACWI que é um
ETF da BlackRock negociado nos EUA que por sua vez investe nas ações de mais de
2300 empresas de diversos países. Veja este e outros gráficos na página do ACWI.
A tabela nos mostra que mais da metade do patrimônio do ETF está investido em
ações de empresas dos EUA e percentuais muito pequenos em outros países. Neste caso
é importante considerar a possível sobreposição de ativos que fazem parte do ACWI11
e em outros ETFs como o IVVB11
124
Você pode estudar o preço do ACWI11 visitando aqui e o preço do ACWI aqui.
Mercado Chines
O XINA11 (página oficial) é o ETF negociado na bolsa brasileira que investe no
MCHI (página oficial) que é um ETF negociado nas bolsas americanas que investe em
mais de 600 ações de empresas chinesas de grande e médio porte de capital aberto. Entre
essas ações existem aquelas listadas nas bolas da China e as listadas na bolsa de Nova
Iorque por meio de ADRs (equivalentes aos BDRs que temos na bolsa brasileira).
125
Você pode estudar os preços do XINA11 visitando aqui. Para estudar o MCHI
visite aqui. O preço deste ETF sofre as variações do dólar, da moeda chinesa e dos
preços das ações das empresas onde investe.
Criptomoedas
O primeiro ETF negociado na bolsa brasileira que investe em uma carteira de
criptomoedas é o HASH11 (página do ETF). Na verdade o HASH11 investe no ETF de
código HDEX.BH que é negociado na Bermuda Stock Exchange (Bolsa de Valores das
Bermudas), território britânico.
126
Este ETF é um dos mais voláteis da bolsa brasileira. O preço do HASH11 chegou
a cair 55% nos primeiros 30 dias após o seu lançamento no Brasil devido a uma forte
queda nos preços das suas principais criptomoedas.
Você pode estudar o preço do HASH11 visitando aqui. Destinando uma parcela
pequena da sua carteira para investimentos mais voláteis você limitará as perdas,
embora também limite os ganhos.
Em 2021 foi lançado na bolsa brasileira o QBTC11 que é um ETF que só investe
em Bitcoin. Para mais detalhes visite a página do ETF.
Mercado de Tecnologia
Existem diversos ETFs que investem em ações de empresas de tecnologia
negociadas nos EUA que foram lançados no Brasil a partir de 2021.
O NASD11 da gestora XP Asset (veja o site do ETF) investe no QQQ, que talvez
seja um dos ETFs de tecnologia mais negociados do mundo.
O QQQ é gerido pela Invesco, uma das grandes gestoras de ETFs do mundo (veja
o site do QQQ). Sua carteira de investimentos é composta pelas 100 principais ações
negociadas na Nasdaq.
127
Caso tenha na sua carteira ETFs que investem na carteira do S&P500, como é o
caso do IVVB11, tenha o cuidado de observar a sobreposição de ativos. Você verá que
empresas como Apple, Microsoft, Amazon e outras estão no IVVB11 e no NASQ11.
Isso eleva sua exposição nestes ativos, ou seja, amenta sua concentração em
determinados ativos que equivale a reduzir a sua diversificação.
Para estudar os preços do NASQ11 visite aqui. Para estudar os preços do QQQ
visite aqui.
128
Este ETF investe diretamente nas ações e não em um outro ETF que investe nas
ações.
O gráfico acima nos mostra que o ETF investe mais ou menos 10% do seu
patrimônio em cada uma das 10 ações.
129
Isso significa que uma forte volatilidade em uma das ações da carteira não será
suficiente para impactar o preço do ETF de forma significativa.
130
131
Como você poderá ver nesta página aqui, o GOLD11 investe no ETF de código
IAU da BlackRock (veja a página aqui), que é um dos ETFs de metais preciosos com
maior valor de mercado do mundo, só perdendo para o GLD.
O IAU investe em ouro físico que fica em cofres localizados em Londres e Nova
Iorque do Banco J.P.Morgan, um dos maiores bancos dos EUA e do mundo.
Ainda existem poucos dados históricos sobre o GOLD11 para realizar simulações
de carteiras.
Você pode estudar o preço do GOLD11 visitando aqui e o preço do IAU visitando
aqui. A tabela com os retornos mensais do GOLD11 fica aqui.
132
Todo risco está relacionado a um tipo de incerteza. Cada investimento tem seu
nível de incerteza sobre o seu retorno e isso pode ser observado e até medido através de
indicadores estatísticos. Por outro lado, cada investidor tem seu nível de tolerância ao
risco e muitas vezes o investidor não conhece sua própria tolerância.
Se os seus investimentos não aparecem na sua mente quando você coloca a cabeça
no travesseiro antes de dormir, sua tolerância ao risco está compatível com o nível de
risco de sua carteira, a não ser que você esteja se comportando como aquele que
atravessa a avenida com os olhos vendados, sem consciência do risco que está correndo
por falta de estudo dos dados históricos dos investimentos.
O mais importante para um investidor é aprender o quanto ele pode perder para
que seja possível ganhar. Suportar a volatilidade é o preço a se pagar para cada
percentual de retorno conquistado no futuro.
133
Você tem dinheiro suficiente na sua reserva de emergência que garanta a liquidez
necessária para manter o seu estilo de vida, sem precisar vender seus investimentos de
maior risco justamente quando eles estiverem passando por um momento de queda?
Veja que correr riscos é para quem pode assumir esses riscos. Nem todos os
investidores podem correr riscos elevados. Reflita sobre qual é o nível de risco você
pode correr.
Sobre a vontade (querer correr risco). Você tem vontade de correr mais riscos
quando percebe que isso é o preço a se pagar para obter mais ganhos. No entanto, você
não tem vontade de perder seu sono, tranquilidade e paz de espírito. Em algum ponto
sua vontade de ganhar será equivalente à sua vontade de manter sua saúde emocional.
Existe um ponto de equilíbrio que precisa ser descoberto enquanto você investe e ganha
experiência.
134
Sempre avalie o que é suficiente para você, pois será imprudente correr mais
riscos do que o necessário, uma vez que o valor dos ganhos adicionais pode ser menos
importante do que as consequências de perdas severas quando já se tem muito a perder.
Se você sentir dificuldade para identificar o seu nível de tolerância ao risco saiba
que isso é o normal. Estamos falando de conhecer a si mesmo, seus objetivos e
necessidades que são únicos. Por este motivo não é fácil e talvez exija tempo e
amadurecimento.
Para dificultar as coisas, a percepção do risco não é estática. Ela está em constante
fluxo. Sua percepção e tolerância ao risco dependem de memórias, experiências
passadas, se você é solteiro, casado, se tem filhos, sua idade e até do seu humor nesse
momento.
Larry Swedroe, autor de diversos livros sobre investimentos, adota uma tabela
sobre a perda máxima para cada carteira. Vamos entender melhor.
135
Na primeira linha da tabela temos uma carteira composta por 20% de renda
variável e 80% de renda fixa. Poderia ser 20% em ações ou ETFs que investem em ações
e 80% em títulos públicos ou títulos de renda fixa emitidos por bancos.
Para esse tipo de carteira o investidor precisa ter um nível de tolerância ao risco
para suportar perdas máximas de até 5%.
Já o dono de uma carteira composta por 80% de ações e 20% de renda fixa deveria
estar disposto a tolerar perdas de até 35%. Quem tem 100% da sua carteira em renda
variável deve se sentir confortável com perdas de até 50%, pois seria um nível de perda
natural e esperada para esse tipo de carteira em situações de crise.
Esse tipo de tabela não deve ser entendido como uma receita. Ela é apenas um
convite para que você reflita e crie a sua própria tabela de tolerância. Veja uma tabela
que criei para mim.
136
Faz muito tempo que o autor Larry Swedroe sugeriu a sua tabela. Naquele tempo
não existiam operações feitas por robôs e eram poucos investidores pessoas físicas
tomando decisões baseadas em notícias, boatos e conteúdo de redes sociais.
Exemplo: na tabela temos a informação de que uma carteira com 50% renda
variável e 50% renda fixa exige uma tolerância a quedas de -33% na carteira.
137
Então basta imaginar que no pior momento a sua renda variável pode perder cair
até 3 vezes e isso estará dentro da normalidade.
O impacto dessa queda na sua carteira dependerá de quanto você alocou na renda
variável. Quanto maior a alocação em renda variável maior o impacto na carteira.
Na primeira linha da nossa tabela, uma carteira conservadora onde temos 10%
em renda variável e 90% em renda fixa exigiria do investidor uma tolerância ao risco
capaz de suportar perdas de 7% na carteira, ou seja, para cada R$ 100 investidos na
carteira você deveria suportar perdas de R$ 7 nos piores momentos do mercado. Para
uma carteira com 50% em renda fixa e 50% em renda variável as perdas de até -33%
seriam normais e até esperadas.
Tenha em mente que a quantidade de renda variável da sua carteira deve ser
compatível com o quanto você aceita perder ou quanto risco você tolera.
138
É claro que você não precisa fazer cálculos de desvio padrão manualmente para
descobrir a volatilidade dos ativos e das suas carteiras. Já vimos no capítulo “Carteiras
Simuladas” que as ferramentas que simulam carteiras podem calcular a volatilidade
anualizada dos ativos.
Vou ensinar mais adiante como você pode calcular a volatilidade de qualquer
investimento utilizando uma função muito simples no Excel.
Exemplo 1:
Vamos imaginar que ofereceram para você um investimento que na média rendeu
5% ao mês nos últimos 24 meses com volatilidade 10%.
Como a volatilidade informada foi de 10% então você pode fazer a leitura de que
na maioria dos meses o retorno esteve em uma faixa até 10 pontos percentuais abaixo
de 5% e até 10 pontos percentuais acima de 5%, ou seja, entre -5% e +15% já que -5%
é 10 pontos percentuais abaixo de 5% e +15% é 10 pontos percentuais acima de 5%.
Para facilitar o entendimento desse exemplo fiz a imagem abaixo para representar
essa faixa de 10% de volatilidade no retorno do investimento que rende 5% em média.
139
140
141
O valor de -2σ representa duas vezes o desvio padrão abaixo do retorno médio.
Já que no nosso exemplo a volatilidade que representa um desvio padrão é 10%, dois
desvios padrões será 20% (2 x 10 = 20). Então -2σ será -15% (5-20=-15) e 2σ será +25
(5+20=25).
142
A probabilidade de o retorno assumir qualquer valor até três desvios padrões será
de 99,73%, ou seja, em 99,73% dos meses o retorno provavelmente ficará entre -25% e
+35% para este exemplo.
Toda essa explicação apenas para que possamos entender que um investimento
que tem 5% de retorno médio por mês com uma volatilidade de 10% pode nos reservar
muitas surpresas. Por ser um investimento volátil devemos nos preparar para retornos
mensais que podem variar entre -5% e 15% em 68,2% das vezes e entre -15% e +25%
em 95,4% das vezes.
143
Exemplo 2:
Agora vamos comparar dois investimentos. Vamos imaginar que precisamos
escolher um de dois investimentos para compor nossa carteira.
145
Muitas vezes atingir determinado resultado custou uma enorme volatilidade que
poderia superar a sua tolerância ao risco. Isso traria insegurança, desconforto e noites
perdidas com preocupações envolvendo investimentos.
Calcular a Volatilidade
Já vimos que existem ferramentas que calculam a volatilidade, como a que
usamos para simular as carteiras neste livro. Agora quero demonstrar como esses
cálculos são feitos através de planilhas. Mesmo que você não queira utilizar planilhas
acredito que é importante entender como esses cálculos são feitos.
Exemplo 1
Como exemplo preparei uma planilha que calcula a volatilidade do BOVA11
utilizando retornos diários entre 04/06/2018 e 02/06/2021, que é exatamente a mesma
janela de tempo que utilizamos nas simulações que estão no capítulo “Carteiras
Simuladas”. Veja um exemplo de simulação da ferramenta visitando aqui.
146
Veja que temos uma tabela com as datas, preços e retornos do BOVA11 entre
04/06/2018 e 02/06/2021 que totaliza 36 meses. No capítulo “Fonte Gratuita de
Cotações” eu mostrei como obter essas informações atualizadas caso queira utilizar esta
mesma planilha no futuro com novos dados ou até informações sobre outros ativos.
Assim podemos esperar que o BOVA11 tenha um retorno diário entre 1,93%
abaixo ou 1,93 acima do seu retorno médio diário. Caso você queira, pode calcular a
média diária com a função: =MÉDIA(D7:D747). Neste caso ela seria de apenas 0,09%
por dia.
148
149
Agora já sabemos que temos uma chance de 68,2% de os retornos nos meses
seguintes ficarem entre -6,21% e +7,92%. Também podemos considerar a chance de
34,1% do retorno ficar entre -6,21 e 1,72 e de outros 34,1% de ficar entre 1,72 e 9,64%.
150
151
BOVA11 e SMAL11 são ETFs geridos pela Ishares da BlackRock e por isso
buscamos a palavra “Ishares” por ser parte dos nomes desses ETFs. Você pode buscar
o código específico do ativo ou parte do seu nome.
152
Quanto maior a volatilidade anualizada mais volátil é o ativo e por este motivo
mais incerto será o retorno futuro. Incerteza é sinônimo de risco. Precisamos saber se o
retorno compensa o risco. É o que vamos aprender no próximo capítulo sobre Índice de
Sharpe.
153
Se você investiu R$ 100 mil e agora tem R$ 125 mil sua carteira gerou R$ 25 mil
de retorno que em termos percentuais representam 25% de retorno já que os R$ 25 mil
ganhos divididos pelos 100 mil iniciais resultam em 0,25 (25/100 = 0,25) para que
possamos ter um percentual multiplicamos 0,25 por 100 e encontramos o seu retorno de
25% no ano.
154
Exemplo 1:
Para entender melhor o Índice de Sharpe vamos imaginar um exemplo:
Investir em um fundo equivale a pagar uma taxa administrativa para que alguém
tome decisões sobre a montagem e reequilíbrio da sua carteira de investimentos,
principalmente no caso de fundos de ações e fundos multimercado classificados como
“livres”.
Quem investe na carteira de um fundo ou decide criar e gerir sua própria carteira
busca o maior retorno possível para cada 1% de risco (volatilidade) assumido.
Você descobre que a carteira do Fundo A entregou 10% de retorno nos últimos
12 meses. O Fundo B entregou 12% no mesmo período.
155
Já temos todas as informações para calcular o Índice de Sharpe dos dois fundos
seguindo a fórmula:
10 − 6,5
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑆ℎ𝑎𝑟𝑝𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑑𝑜 𝐴 = = 3,5
1
12 − 6,5
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑆ℎ𝑎𝑟𝑝𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑑𝑜 𝐵 = = 1,83
3
Podemos concluir que a carteira do Fundo A entrega mais retorno por risco e
assim tem uma melhor relação de retorno por risco. O Fundo B entrega menos retorno
para cada percentual de risco sofrido.
156
Exemplo 2:
Você viu na fórmula do Índice de Sharpe que deduzimos do retorno da carteira o
retorno livre de risco e essa taxa tem como base a taxa básica de juros (Selic ou CDI)
ou juros futuros (renda fixa prefixada ou indexada ao IPCA). Sendo assim, quanto maior
os juros da renda fixa mais difícil será montar uma carteira de investimentos que
compense o risco.
No exemplo anterior a nossa taxa livre de risco na renda fixa era de 6,5% ao ano.
Como seria o desempenho do Fundo A e Fundo B se essa taxa fosse de 9% ao ano?
10 − 9
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑆ℎ𝑎𝑟𝑝𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑑𝑜 𝐴 = =1
1
O Fundo B entregou 12% de retorno com volatilidade de 3%. Veja como ficou o
Índice Sharpe com taxa livre de risco de 9%:
12 − 9
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑆ℎ𝑎𝑟𝑝𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑑𝑜 𝐵 = =1
3
Quando os juros dos investimentos de renda fixa ficam muito elevados o retorno
dos investimentos mais voláteis, entendidos como prêmio pelo risco corrido, se tornam
menos atrativos. Quanto mais o Índice de Sharpe se aproxima de zero, menos vantajoso
157
Agora vamos imaginar que o juro da renda fixa atingiu 11% ao ano, ou seja, a
taxa livre de risco está muito elevada. Os Fundos A e B continuam entregando o mesmo
retorno com a mesma volatilidade. Veja como ficam os Índices de Sharpe:
10 − 11
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑆ℎ𝑎𝑟𝑝𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑑𝑜 𝐴 = = −1
1
12 − 11
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑆ℎ𝑎𝑟𝑝𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑑𝑜 𝐵 = = 0,33
3
Veja que o Fundo A registrou Índice Sharpe negativo de -1. Um Índice Sharpe
negativo alerta o fundo não foi capaz de recompensar o investidor pelo risco corrido. A
renda fixa ou o juro livre de risco são mais vantajosos para o seu dinheiro que a carteira
do Fundo A. Não temos prêmio para correr os riscos.
No Fundo B ainda temos um Índice de Sharpe positivo de 0,33, mas este valor se
encontra abaixo de 1. Significa que recebemos apenas 0,33% acima da taxa livre de
risco para cada 1% de risco. Precisamos avaliar se realmente faz sentido receber um
prêmio baixo para correr esse risco.
158
Correlação é uma medida estatística muito simples de entender que nos informa
se o retorno de um investimento está correlacionado ao retorno de outro investimento.
159
É bem fácil perceber que o movimento do BOVA11 muitas vezes parece espelhar
o Dólar, ou seja, o BOVA11 se movimenta no sentido contrário do dólar. Podemos dizer
que na maior parte do tempo o BOVA11 tem correlação inverna ou negativa em relação
ao dólar.
160
Quando o coeficiente está próximo de zero isto indica que não existe qualquer
correlação entre os dois ativos.
Mais na frente vou mostrar como estudar essas correlações através de gráficos e
do próprio Excel.
Tipos de Correlação
Correlação negativa: acontece quando os ativos caminham em direções opostas.
Exemplo: já vimos que frequentemente quando o dólar se valoriza, o BOVA11 se
desvaloriza. Mas perceba que não estamos aqui falando que um evento é a causa do
outro evento, ou seja, embora o galo cante quando no nascer do Sol e exista uma
correlação entre os dois eventos, o nascer do Sol não é culpa do galo. Dessa forma,
embora exista uma correlação (positiva ou negativa) entre dois ativos, o comportamento
de um ativo não necessariamente é a causa do comportamento do outro ativo.
161
162
Correlação neutra ou sem correlação: ocorre quando dois ativos não possuem
relação alguma com o outro. É muito difícil encontrar essa neutralidade absoluta entre
os investimentos. No pior momento da crise de 2020 praticamente todos os ativos do
mundo sofreram quedas já que existia uma busca por liquidez, ou seja, dinheiro no
bolso.
Correlação no Gráfico
Você pode estudar a correlação entre dois ativos através de softwares ou
aplicativos de análise técnica.
No Clube dos Poupadores existe uma ferramenta online que ajuda a identificar
qual é o coeficiente de correlação entre ações, ETFs, FIIs, índices, moedas e outros
ativos. Você encontrará orientações de uso na parte inferior da página da ferramenta.
Visite aqui para acessar a ferramenta.
163
164
Para montar uma carteira com um ativo totalmente dolarizado temos alguns
fundos de investimentos oferecidos por bancos e corretoras que são fundos cambiais.
Um exemplo é o fundo chamado “Trend Dólar FI Cambial” que você encontrará no
simulador de carteiras.
165
Correlação no Excel
Também é possível calcular as correlações entre ativos utilizando o Excel. Crie
uma coluna com os retornos diários, semanais ou mensais dos ativos.
166
A correlação negativa mais forte que temos está entre Dólar e FIND11 com valor
de -0,72. A correlação positiva mais forte está entre BOVA11 e FIND11.
167
168
XLF: Financial (Setor Financeiro): ETF com exposição a um índice que inclui
ações de empresas dos seguintes setores: seguros, bancos comerciais, mercado de
capitais, fundos de investimento imobiliário, financiamento hipotecário; finanças do
consumidor e gestão e desenvolvimento imobiliário. Exemplos: Berkshire Hathaway,
JPMorgan Chase, Wells Fargo, BankAmerica Corp e Citigroup.
XLU: Utilities (Utilidade Pública): ETF composto por ações do setor de serviços
públicos dos EUA, conhecido pela volatilidade relativamente baixa e pagamento de
bons dividendos. Possui ações de empresas que produzem, geram, transmitem ou
distribuem eletricidade e gás natural. Exemplos: NextEra Energy, Duke, Southern e
Dominion.
XLI: Industrial (Setor Industrial): ETF com exposição ao setor industrial dos
EUA que inclui empresas de transporte, provedores de serviços comerciais e
profissionais e fabricantes de bens de capital. Possui ações dos setores aeroespacial e
defesa, produtos de construção, construção e engenharia, equipamentos elétricos,
169
XLB: Basic Material (Setor de Materiais Básicos): ETF composto por indústrias
que produzem e vendem minério, metais, produtos químicos, materiais de construção,
contêineres, embalagens, produtos de celulose etc.
XLV: Healthcare (Setor de Saúde): ETF que oferece exposição ao setor de saúde
dos EUA. Possui ações de empresas de equipamentos e suprimentos de saúde,
prestadores e serviços de saúde, biotecnologia e indústrias farmacêuticas. Exemplos:
Johnson & Johnson, Pfizer, UnitedHealth e Abbott Labs.
XLRE: Real Estate (Setor Imobiliário): Este ETF investe nos principais REITs
(equivalente aos fundos imobiliários que temos no Brasil) e empresas do setor
imobiliário listadas nos EUA. Costuma ser um ETF bom pagador de dividendos.
170
https://www.portfoliovisualizer.com/backtest-portfolio
Neste capítulo vou apresentar a ferramenta que uso para a análise de gráficos de
preços pois isso será importante nos próximos capítulos, especialmente sobre o que fala
de reequilíbrio da carteira e os gatilhos para que isso aconteça.
Uma boa ferramenta para a análise técnica (análise gráfica) de ações, ETFs, juros
futuros e outros ativos pode ser acessada neste endereço aqui. Você pode assinar o plano
“Basic” gratuitamente ou um plano pago. Para quem está estudando o plano gratuito é
suficiente. Se um dia precisar de uma assinatura este link aqui possui um cupom de
desconto.
Ao acessar o link do gráfico pela primeira vez você provavelmente será levado(a)
para o gráfico do Índice Bovespa (IBOV).
171
Para adicionar os DIs futuros no gráfico clique no campo que indiquei na imagem
acima onde é possível substituir o ativo. Digite o código: DI1F20XX onde o XX deve
ser o ano que você pretende estudar. Exemplo: DI1F2026 permite estudar o DI futuro
que vence em 2026 e que tem grande relação com os juros pagos por CDBs, LCIs, LCAs
e títulos públicos prefixados.
172
Agora modifique o tipo de gráfico para o gráfico de linha como mostra a figura:
Agora vamos adicionar a Taxa DI (CDI) no mesmo gráfico onde já temos o IPCA
dos últimos 12 meses. Para isso basta seguir os passos da próxima imagem:
173
174
175
Veja na próxima imagem o local onde é possível buscar as séries (utilize o inglês)
e a localização do código da série. No exemplo abaixo podemos ver o retorno mensal
da poupança. Seu código é BCB/195. No Tradingview podemos adicionar esse
indicador utilizando o código QUANDL:BCB/195
176
Neste livro utilizamos um simulador online oferecido por uma grande corretora
por ser uma forma rápida e prática para demonstrar na prática a montagem e o estudo
de carteiras de investimentos, mas não precisamos depender dessas ferramentas criadas
por terceiros quando temos algum conhecimento básico sobre o uso do Excel.
https://www.alphavantage.co/spreadsheets/
177
178
Agora você precisa criar uma chave (API KEY) gratuitamente através do
endereço:
https://www.alphavantage.co/support/#api-key
Agora que você já tem a chave, vamos configurar o suplemento. Crie um arquivo
novo qualquer do Excel, como se fosse iniciar os trabalhos em uma planilha. Procure a
aba “Alpha Vantage” que deve aparecer entre as demais no menu superior. No seu
179
Agora vamos adicionar os dados de um ativo para testar. Vamos utilizar como
exemplo o BOVA11. Como não sabemos qual é o código que o suplemento utiliza para
cada ativo é importante iniciar fazendo uma busca pelo ativo para descobrir o seu
código.
180
181
Após digitar a função, como no exemplo acima, basta teclar “Enter” e esperar os
dados serem trazidos do banco de dados do Alpha Vantage para a sua planilha. Seu
computador precisa estar conectado na Internet.
No lugar de datas temos números na coluna “Data”. Basta você informar ao Excel
que os dados daquela coluna são datas abreviadas como a figura:
182
110 − 100
𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 = × 100
100
O objetivo deste livro não é aprofundar no ensino sobre o Excel, mas é importante
que todo investidor tenha o Excel e o domine. Existe muito material gratuito na internet
e vários livros que ensinam o necessário. O Excel é um dos softwares que acompanha o
Microsoft 365 Personal, que é o antigo Office. Ele é vendido através de uma assinatura
anual, veja onde adquirir.
183
Por fim, uma forma não gratuita, mas barata, para obter as cotações dos
investimentos é através da versão mais simples do software Profitchart oferecidos por
algumas corretoras por uma taxa de R$ 9,90 mensais.
Caso você tenha acesso a esse software é possível copiar os dados dos ativos
seguindo esse roteiro abaixo. Depois basta colar em alguma planilha do Excel.
184
Você terá várias caixas de filtros. Neste exemplo vamos filtrar os fundos que
tiveram volatilidade entre 1% e 5% com Índice de Sharpe entre 2 e 5. Clique em
185
É possível filtrar pelo Índice de Sharpe. Neste exemplo queremos listar apenas os
fundos com Sharpe entre 2 e 5 nos últimos 12 meses.
Após aplicar o filtro você precisa clicar no (X) no canto superior direito da tela
para fechar a página de configuração de filtros e retornar para a listagem.
Veja que a lista será ordenada pelo número de cotistas ou patrimônio líquido de
forma crescente ou decrescente. Neste exemplo vamos ordenar por patrimônio líquido
em ordem decrescente.
Os dois primeiros colocados quando esse capítulo foi escrito foram. É possível
que no futuro, quando você estiver lendo este livro os primeiros colocados sejam outros
fundos.
O fundo do Itaú ficou no topo da lista por ter patrimônio líquido e atender aos
critérios que utilizamos nos filtros de volatilidade e Índice de Sharpe, mas foi o segundo
colocado com relação ao maior Sharpe, menor volatilidade e maior retorno nos últimos
12 meses.
186
Para ilustrar nosso capítulo vamos clicando sobre o nome Gávea Macro que
aparece na lista para estudar sua carteira, retorno, volatilidade, sharpe etc. Você poderá
seguir esse roteiro para estudar a carteira de investimentos de qualquer gestor de fundos.
https://maisretorno.com/fundo/gavea-macro-master-fim
Os fundos que possuem “Master” no nome são os fundos principais das gestoras.
Geralmente as gestoras criam um fundo principal, que é o fundo “mestre”, e depois
criam outros fundos que investem nesse fundo mestre.
Também é comum bancos e corretoras criarem fundos que investem nos fundos
mestres das gestoras. Se você buscar por “Gávea Macro” na ferramenta de comparação
de fundos verá o os fundos Bradesco Gávea Macro, BTGP Gávea Macro, BB Espelho
Gávea Macro entre outros. São fundos que investem em fundos.
Dessa forma, quando for estudar a carteira de um fundo é possível que você
encontre um fundo como principal investimento do fundo. Provavelmente neste outro
fundo você encontrará a carteira “master” ou a carteira principal do gestor onde
efetivamente os investimentos diversificados são feitos.
187
Por ser um fundo multimercado livre o gestor tem a liberdade para investir em
renda fixa, renda variável, cambial, derivativos e cotas de fundos de investimento,
negociados nos mercados interno e externo, sem o compromisso de concentração em
nenhuma classe específica.
188
189
Para saber quais são as ações, títulos públicos e os investimentos específicos que
o fundo tinha quando a última composição da carteira foi divulgada basta clicar no botão
“Visualizar todos os ativos desse fundo” que está no final da lista da figura anterior.
Depois basta clicar sobre cada classe de ativo para visualizar a lista de ativos.
Ao investigar quais são os ativos que fazem parte das compromissadas e títulos
públicos você verá códigos como esse “BRSTNCNTB096”. Isso é um código ISIN. É
uma padronização internacional para identificar investimentos. Você verá os títulos
públicos identificados por esses códigos e para entender quais títulos são busque o
código aqui:
https://www.anbima.com.br/informacoes/ima/ima-previa-teorica.asp
A grande concentração do fundo neste título público que paga juros + IPCA
(inflação) provavelmente tem como objetivo proteger a carteira da elevada inflação
registrada em 2021 enquanto se consegue uma taxa real de juro (taxa acima da inflação).
Por fim é importante destacar que para proteger suas estratégias os fundos
costumam divulgar suas carteiras com três meses de atraso. Isso significa que as
posições que você está vendo agora no site podem ser totalmente diferentes hoje.
190
O Índice de Sharpe que aparece na tabela acima nos diz que a carteira do fundo
entregou 4,25% de retorno acima da taxa livre de risco para cada 1% de volatilidade nos
últimos 12 meses. Esse valor representa uma boa relação de risco para o retorno obtido.
Isso não significa que se repetirá no futuro por se tratar de um fundo ativo onde
o gestor está sempre modificando sua estratégia dependendo de suas expectativas sobre
o futuro da economia.
A palavra “macro” que aparece no nome deste fundo (Gávea Macro) faz
referência à macroeconomia, que está associada a fatores como inflação, cotações de
moedas, taxas de juros etc. A estratégia do fundo está relacionada com as expectativas
e análises do gestor sobre o futuro desses indicadores.
A ferramenta nos mostra um gráfico no final da página que nos permite observar
que a volatilidade sofrida pelo fundo já foi maior no passado quando frequentemente
ficava acima de 4%.
191
Ele nos permite observar a amplitude dos movimentos de queda e quanto tempo
foi necessário para o gestor do fundo recuperar a perda.
192
Podemos ver que o Verde superou todos os indicadores no longo prazo. Podemos
perceber que os juros da renda fixa eram tão elevados no passado que os investimentos
de renda fixa superavam o Índice Bovespa, inflação e até mesmo o dólar.
193
Agora vamos comparar o Gávea e o Verde como um exemplo didático que você
poderá adotar nos seus estudos sobre as carteiras de grandes gestores.
194
https://maisretorno.com/comparacao-fundos
Na figura abaixo limitei a comparação para o mesmo período que utilizamos nas
simulações de carteiras deste livro que foi de 04/06/2018 até 02/06/2021. Veja o
resultado:
195
O gráfico abaixo nos mostra que no pior momento da crise a volatilidade do Verde
atingiu 50,09% enquanto o Gávea chegou a 7,54%. Antes da crise a volatilidade dos
dois fundos era semelhante. No caso dos fundos sempre é difícil saber o nível de risco
que estamos expostos, pois você só conhece a estratégia do gestor com atraso de 3
meses. Quando você tem a sua própria carteira de investimentos o controle é seu.
O gráfico abaixo mostra que no pior momento da crise de 2020 o Verde atingiu
uma perda de -20,81% contra -0,15% do Gávea. A recuperação dessa perda do Verde
só ocorreu 5 meses depois. Para um fundo multimercado que tem como objetivo superar
o CDI esse nível de volatilidade lembra a de um fundo de ações de alto risco.
196
197
Depois configure para que cada fundo receba apenas R$ 1 de sua carteira de
investimentos. Na tabela abaixo temos uma demonstração de como deve ficar.
Se você clicar aqui verá essa nova carteira pronta já com os dois fundos.
O objetivo desse truque é permitir que você tenha todos os dados de retorno,
volatilidade e risco dos fundos e da sua carteira na mesma página.
198
Agora perceba como isso é curioso. A Carteira F, assim como todas as carteiras
que simulamos, são carteiras simples compostas por poucos ativos.
No caso da Carteira F são apenas três ETFs muito populares e três investimentos
de renda fixa muito comuns. Além disso, nossa carteira é passiva, ou seja, uma vez
montada em 2018 ela se manteve inalterada na sua composição durante toda a simulação
até a metade de 2021. Fundos como Gávea e Verde possuem gestão ativa, ou seja, seus
gestores e equipes altamente qualificadas trabalham todos os dias tomando decisões
199
São resultados bons quando consideramos que se trata de uma carteira passiva,
sem novos investimentos, sem reequilíbrios, realocações, compras ou vendas de ativos
durante os 36 meses.
200
É comum a constituição de holdings que muitas vezes são listadas nas bolsas
americanas. Uma holding é uma empresa que detém a posse de ações de outras
empresas. Comprar ações de uma holding equivale a comprar uma carteira de ações de
todos os demais investimentos que a holding fez.
Nos EUA a Berkshire Hathaway é a holding que investe na carteira de ações que
fez a fortuna de Warren Buffett, um dos investidores mais ricos do mundo. É possível
investir em suas ações no Brasil através do BDR de código BERK34 e nos EUA através
da ação BRK.B.
201
Podemos ver que 40% da carteira (142 bilhões) estavam alocadas em dinheiro ou
equivalente que seria algo como a nossa renda fixa pós-fixada. Grande parte do restante
(US$ 207 bilhões) estava em ações no segundo semestre de 2021.
No menu do site, clicando na opção “Gurus” você terá a opção “Guru Portfolio
(veja aqui)” onde temos uma tabela com o desempenho dos últimos 10 anos das carteiras
dos maiores investidores do mundo.
Peguei todos os resultados das carteiras que foram listadas na página e calculei
um retorno médio de 8,84% ao ano.
Isso significa que se a sua carteira tiver um retorno próximo de 8,84% ao ano
você terá o desempenho equivalente ao desempenho dos maiores investidores do
mundo. É importante considerar que este retorno é em dólares.
203
Dessa forma, talvez você não precise ser genial como os grandes investidores
foram no passado, pois hoje as carteiras podem ser compostas por ETFs muito
diversificados, com centenas de ações diferentes de grandes empresas, e que apresentam
um bom desempenho se comparado com os resultados que vimos aqui.
É muito importante que no longo prazo você seja capaz de proteger o seu
patrimônio de grandes perdas enquanto busca ganhos consistentes, mesmo que não
sejam extraordinários, pois mais importante é que sejam constantes.
O que aconteceria se você tivesse uma carteira capaz de gerar 0,86% ao mês
durante 35 anos? Vamos simular o investimento inicial de R$ 50.000,00 e investimentos
mensais de R$ 2.000,00.
204
É claro que no mundo real é necessário que a sua carteira seja capaz de superar a
inflação e os valores investidos mensalmente devem ser corrigidos pela inflação.
205
Reequilíbrio da Carteira
Ao montar a sua carteira você definirá um percentual do seu dinheiro para cada
tipo de investimento. Com o passar do tempo alguns investimentos vão valorizar mais
do que outros ou até perderão valor.
Aqueles percentuais originais que você definiu para cada investimento de renda
variável e renda fixa irão se perder e você terá que reequilibrar a sua carteira. Vamos
imaginar que você montou uma carteira com R$ 100.000,00 composta por 50% de renda
fixa (R$ 50 mil) e 50% em renda variável através do BOVA11 (R$ 50 mil).
206
Com essa mudança o dinheiro que você tem investido em renda fixa passou a
representar 46% do total da sua carteira já que R$ 52.500,00 é 46% de R$ 114.125,00
(basta dividir 52500 por 144125 e multiplicar o resultado por 100 para encontrar os
46%).
Já o BOVA11 passou a representar 54% da sua carteira por 61.625,00 ser 54% de
114.125,00. Veja a carteira inicial e a carteira final:
Veja que a carteira final está desequilibrada, pois seu objetivo é manter 50% em
cada ativo e temos 46% em um e 54% em outro. Você pode optar por reequilibrar sua
carteira para que ela volte a ter 50% de renda fixa e 50% de renda variável.
1. Vendendo parte do investimento que rendeu mais para investir no que rendeu
menos;
207
Regressão à Média
A regressão à média define que em qualquer série de eventos há uma grande
probabilidade de um acontecimento fora da média ser seguido por acontecimentos
dentro da média. Isso pode ser observado na natureza, em eventos físicos, químicos,
biológicos, nas plantas, animais, nos humanos e no mundo dos investimentos.
A linha verde é uma regressão linear ou uma linha de tendência linear. Ela
representa a direção do mercado ou a tendência principal do mercado sem todos os
ruídos que o leva para extremos acima ou abaixo do “caminho do meio”.
208
No lugar de vender o que subiu muito você pode simplesmente deixar de comprar,
preferindo alocar seu novo dinheiro em investimentos que caíram e podem estar baratos
em relação a sua média.
A regressão linear que produziu a linha no gráfico acima é apenas uma das formas
de traçar valores médios. Ela é muito útil para desenhar uma espécie de canal onde os
preços dos ativos tendem a se mover no longo prazo.
Outra forma muito comum de médias são as médias móveis. São preços médios
dos últimos períodos.
209
A linha violeta que representa o preço médio dos últimos 200 dias é muito
importante para o investidor de longo prazo.
Sinalizei com uma seta verde todos os momentos em que o preço do BOVA11
regrediu para se aproximar, tocar ou cruzar a sua média de 200 dias.
Veja que todas as vezes que o preço do BOVA11 atingiu um extremo muito
distante da sua média ele acabou retornando para a média. Em uma tendência de alta os
preços dos ativos tendem a distanciar para cima da média e em algum momento ele
volta para a média antes de se afastar novamente para cima. Em uma tendência de baixa
ocorre o contrário, o preço tende a se afastar para baixo da média e eventualmente
retorna para a média.
210
Essa venda ou a menor demanda por compras de ativos que se valorizaram muito
faz os preços desses ativos caírem até que retornem para a média.
Quando o preço volta para a sua média ele se torna atrativo novamente. As
carteiras precisam ser reequilibradas e o que está barato passa a ser mais demandado
produzindo novas altas.
Você e todas as pessoas fazem isso até quando vão no supermercado. Você
provavelmente sabe qual é o preço médio da sua bebida ou do seu alimento preferido.
Quando o preço está acima da média, você evita comprar ou compra menos,
principalmente se você já tem algum estoque em casa. Quando o supermercado faz uma
promoção e o preço está bem abaixo da média, mesmo que você não precise,
provavelmente comprará mais para garantir o preço abaixo da média.
Quando os produtos estão caros ou muito acima da média eles são menos
demandados e isso impede que o preço continue subindo já que a demanda diminui.
Quando os produtos estão muito baratos ou com preços muito abaixo da média a
demanda por eles pode aumentar e os preços tendem a parar de cair.
211
Reequilibrando na Alta
No exemplo anterior você tinha R$ 114.125,00 na carteira após a valorização do
sativos. Para voltar a ter 50% da carteira em BOVA11 e 50% em renda fixa você precisa
ter R$ 57.062,50 em cada investimento.
Como você tem R$ 61.625,00 em BOVA11, para que você passe a ter R$
57.062,50 (que é 50% de R$ 114.125,00) precisa vender R$ 4.562,50 em BOVA11.
Dessa forma você volata a ter 50% da sua carteira em renda fixa e 50% em renda
variável. Na prática transferimos 4% do BOVA11 para a renda fixa como mostra a
figura.
212
Veja que o inverso também acontece. Quando o ativo de renda variável sofrer
uma correção, ficando mais barato, sua carteira perderá o equilíbrio e provavelmente
você terá mais renda fixa que renda variável.
Para reequilibrar você terá que vender renda fixa para comprar renda variável e
neste movimento você certamente comprará ativos na baixa ou mais baratos.
Sendo assim, a própria carteira vai ajudar você a vender na alta (realizando lucros)
e comprar na baixa (aproveitando oportunidades). Isso é exatamente o contrário que a
maioria das pessoas fazem.
213
Se você vender BOVA11 pagará 15% sobre a valorização deste ETF no período,
ou seja, 15% dos R$ 4.562,50 vendidos (R$ 684,38) serão pagos de imposto sobre o
ganho de capital.
Por este motivo muitos investidores adotam outra estratégia para reequilibrar a
carteira que é a de colocar “dinheiro novo” na carteira. Se você tem o costume de poupar
algum dinheiro todos os meses para investir, esse dinheiro poderia ser utilizado para
reequilibrar a sua carteira.
214
Vamos imaginar que depois de algum tempo somente as ações sofreram uma boa
valorização. Antes tínhamos R$ 30.000,00 em ações e agora temos R$ 40.000,00.
Vamos atualizar esse valor na coluna “Carteira Atual (R$)” para ver o que acontece.
Veja como ficou:
A única mudança que fiz foi atualizar os R$ 30 mil em ações para R$ 40 mil. O
resultado desse aumento de R$ 10.000,00 em ações foi o desequilíbrio da alocação
original da nossa carteira. Podemos ver esse desequilíbrio na coluna “Carteira Atual
(%). Veja que agora temos 36,4% da carteira em ações e não 30% como original. Todos
os outros investimentos da carteira agora representam menos dessa carteira devido a alta
das ações.
215
Vamos pegar o ativo que mais subiu. No nosso exemplo as ações subiram e agora
temos R$ 40.000,00 mil. Agora vamos considerar que este valor será nosso “novo 30%”
da carteira. Se agora R$ 40.000,00 é 30% da carteira, quando deve ser o total da nossa
carteira? Basta dividir 40.000,00 por 0,30 ou por 30% para encontrar o resultado R$
133.333,33.
O problema nessa estratégia é que sempre teremos que conseguir dinheiro novo
para aumentar nossos investimentos e nem sempre isso será possível se a alta de um
desses investimentos for significativa.
Outro ponto que devemos observar é que se as ações sofreram forte alta e isso as
afastou das suas médias mais longas, provavelmente teremos alguma correção em breve.
216
A figura cima mostra como adicionar ativos na carteira. Se você adicionar algum
ativo e parecer que nada aconteceu, ou seja, o ativo não apareceu na lista de ativos,
clique no botão F5 do seu teclado para recarregar a simulação atualizada.
217
O gráfico abaixo mostra o preço do BOVA11. Vamos imaginar que você tem uma
estratégia simples de comprar BOVA11 todos os meses quando ele sofre alguma queda
que produza um desequilíbrio nas proporções da sua carteira. Então imagine que no
início de cada mês você comprou BOVA11 por R$ 115,90, depois por R$ 112,25 e por
fim por R$ 106,61. Somando esses três preços e dividindo por três teremos o preço
médio de 111,58 já que 115,90 + 112,25 + 106,61 = 336,76 / 3 = 111,58. Na prática será
como se você tivesse feito a compra de BOVA11 por R$ 111,58 que é o preço destacado
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Gatilho Tempo
O reequilíbrio baseado no tempo exige que você escolha um período (trimestral,
semestral ou anual) para avaliar a carteira atual para decidir sobre novas compras,
manutenção ou venda de ativos.
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Todos os anos você terá pelo menos duas ou três grandes correções na bolsa que
geralmente são boas oportunidades de entrada na renda variável e para isso você precisa
ter dinheiro livre na renda fixa.
Gatilho Desvio
Você pode definir como regra o reequilíbrio da sua carteira sempre que tenha
ocorrido um desvio de X pontos percentuais. Vamos imaginar que você estabeleceu o
teto de 10 pontos percentuais de desvio na renda variável para iniciar o reequilíbrio.
Não importa quanto tempo levará para ocorrer esse desvio.
Vamos imaginar que você tem 50% da carteira em renda fixa e 50% em renda
variável. Em algum momento do ano ocorreu uma crise de curta duração baseada em
boatos envolvendo o mundo dos políticos. A renda variável da sua carteira caiu 10
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Esse foi o gatilho para iniciar o seu processo de reequilíbrio onde você pode usar
o dinheiro da renda fixa para investir na renda variável, aproveitando os preços mais
atrativos. Outra opção seria utilizar algum dinheiro novo que você poupou e guardou
em algum investimento de liquidez diária, pós-fixado, para aproveitar essas
oportunidades que vão surgir algumas poucas vezes durante cada ano.
É muito comum que os melhores meses do ano, na renda variável, ocorra no mês
antes das férias do final e meio do ano.
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Temos uma página sobre a sazonalidade da bolsa no Brasil neste endereço aqui:
https://clubedospoupadores.com/sazonalidade
Uma vez definido que você precisa reequilibrar sua carteira comprando ou
vendendo ativos podemos estabelecer pontos de entrada e saída utilizando ferramentas
estatísticas como regressão linear, médias móveis e força relativa.
Regressão Linear
Uma regressão linear nada mais é do que ajustar uma linha reta a uma série de
preços de um ativo de diversos períodos. Essa reta representará a direção do preço no
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Não precisamos fazer esse tipo de gráfico no Excel já que vou mostrar
ferramentas que fazem isso automaticamente, mas para aprender como as coisas
acontecem o Excel sempre é muito útil.
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Aqui está o gráfico com a dispersão de todos os preços do BOVA11 entre parte
de 2018 e 2021 com a linha de tendência linear calculada automaticamente pelo Excel
e projetada em 300 dias no futuro até a metade de 2022.
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O preço se torna mais atrativo para a compra do ativo e menos atrativo para a
venda. Então a linha de tendência funciona como um suporte que dificulta a
continuidade do movimento de queda. É muito comum o preço tocar a linha de
tendência e reverter o movimento de queda em um novo movimento de alta que afastará
o preço da linha de tendência.
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No gráfico acima podemos ver que quando o preço tocou a linha de tendência de
baixo para cima ele voltou a cair se distanciando novamente da média.
Neste caso, muitos investidores que compraram BOVA11 quando ela estava
muito barata, no pior momento da crise, aproveitaram o retorno para a média para
reequilibrar a carteira vendendo BOVA11.
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Também pode ocorrer uma boa oportunidade de compra quando o preço estava
na linha de tendência (preço na média) e se distancia para baixo, ficando ainda mais
barato e distante da média, pois o próximo movimento seria o de regredir para a média.
Seriam justamente nesses pontos indicados pela letra “C” que você observaria um
desequilíbrio na sua carteira após queda nos preços. O reequilíbrio ocorreria comprando
mais ativos até que a carteira voltasse a ter as mesmas proporções que foram perdias.
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Este seria um novo ponto e compra já que sua carteira estaria novamente
desequilibrada com BOVA11 representando uma parcela menor do que deveria.
O reequilíbrio poderia ser feito com a venda do ativo que subiu mais ou com a
compra do ativo que caiu ou não subiu.
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Durante uma alta você poderia fazer vendas parciais considerando a dificuldade
que existe em identificar o preço mais alto antes da regressão até a média.
Durante uma queda você poderia comprar aos poucos considerando a dificuldade
que existe em identificar o preço mais baixo possível antes da regressão do preço até a
sua média.
O seu resultado das compras ou vendas parciais será um preço médio composto
por cada compra ou venda realizada no processo de reequilíbrio. Com isso você evita a
preocupação de acertar o ponto perfeito de compra ou de venda.
Ferramenta
Na ferramenta que apresentei no capítulo “Ferramenta de Estudo Gráfico” é
possível calcular e gerar a tendência linear sobre um gráfico de preços com um canal
baseado em desvio padrão. Com isso você não precisa exportar dados para o Excel e
gerar gráficos manualmente como exemplifiquei anteriormente.
https://clubedospoupadores.com/grafico/BOVA11
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Veja que temos boas oportunidades para reequilibrar a carteira quando BOVA11
se aproxima da borda superior do canal (para venda) e quando se aproxima da borda
inferior do canal (para compra). O centro do canal também pode ser uma região de
compra quando estamos em tendência de alta e o preço recua até o centro para reverter
o movimento e voltar para a sua trajetória de alta até o topo do canal.
Perceba que o preço do BOVA11 tende a “orbitar” a linha central que na prática
é o meio entre preços que atingiram valores extremos devido a volatilidade do
BOVA11.
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Se por gatilho de tempo ou por gatilho de desvio você precisar reequilibrar a sua
carteira, os momentos em que o preço atinge os extremos do canal (topo ou fundo)
representam oportunidades de compra ou venda que devem ser avaliadas.
Por fim quero comentar sobre o uso dos canais paralelos. É muito comum entre
investidores o estudo de preços através de linhas de tendência e canais desenhados
manualmente. Isso cria um problema.
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Como já falei aqui neste livro, todos nós, mesmo que inconscientemente, fazemos
uso de preços médios até quando estamos no supermercado. Você sabe exatamente
quais preços são comuns para os seus produtos preferidos.
Nas promoções você sente que está diante de uma oportunidade quando o preço
está muito abaixo do que seria um preço mediano ou um preço que você considera
comum ou justo para aquele produto. Esses preços afastados para baixo da média
motivam você a comprar esse produto preferido, mesmo que seja para estocar.
O mesmo acontece quando você se depara com preços muito acima do que você
está acostumado. Esses preços altos motivam você a adiar a compra. Talvez, se você
pudesse vender seu estoque para o supermercado, você o faria para colocar dinheiro no
bolso para esperar alguma promoção e recomprar mais barato.
Essa lógica do dia a dia é exatamente a mesma que existe no mercado financeiro.
A ferramenta que temos para saber quais são os preços médios dos ativos é a
média móvel.
Ela é móvel por considerar um número de períodos no seu cálculo que se atualiza
diariamente. Se você estuda a média dos últimos 200 dias, todo dia essa média será
recalculada excluindo o último dia dos 200 para adicionar o dia de hoje.
As duas médias mais usadas pelos investidores são a média móvel simples e a
média móvel exponencial. A única diferença é que a média móvel exponencial atribui
uma importância maior para os preços mais recentes e importância menor para os preços
mais antigos. Eu tenho a percepção de que a média móvel exponencial é mais utilizada.
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https://clubedospoupadores.com/grafico/IVVB11
Existe um campo na ferramenta onde você pode digitar o código do ativo que
deseja estudar.
Média de 200
Acima temos um gráfico diário do BOVA11 desde 2016 até junho de 2021 e uma
média móvel exponencial de 200 períodos. Isso significa que a linha violeta sempre nos
mostra o preço médio do BOVA11 nos últimos 200 dias, por se tratar de um gráfico
diário. Se fosse um gráfico semanal seria o preço médio de 200 semanas.
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A média de 200 dias, em uma tendência de alta, funciona como um forte suporte,
ou seja, ela é uma região onde a queda do preço é suportada ou freada, com grande
probabilidade de representar a base para a retomada da alta. Existem exceções nas crises
de maior gravidade como na greve dos caminhoneiros de 2018 que parou o país e na
crise provocada pela pandemia em 2020.
Podemos dizer que preços regredindo para a média de 200, após um período de
alta, representa um momento de atenção para quem precisa reequilibrar sua carteira
através de compras de mais ativos por bons preços, ou seja, por preços próximos da
média de quase 1 ano de negociações (200 dias úteis).
Média de 50
No gráfico abaixo temos a média móvel de 50 períodos que poderia ser entendida
como a média que representa um trimestre. A média de 100 representaria um semestre
de negociações e a média de 20 seria um mês de negociações.
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Média de 20
Por fim temos uma a média de 20 períodos que junto com a média de 200 está
entre as mais importantes entre investidores de todo o mundo. Você verá que na maior
parte do tempo o preço orbitará a média de 20 períodos.
Ela é referência para decisões de curto prazo enquanto a média de 200 é referência
para decisões de longo prazo.
Temos uma tendência de alta saudável quando o preço se mantém acima da média
de 20 dias. Essa tendência demonstra enfraquecimento quando começa a se aproximar
da média móvel de 20. Quando o preço cruza a média de 20 para baixo, fazendo a média
apontar para baixo, temos um ponto de atenção para o investidor. Aqui existe uma boa
probabilidade de o preço iniciar seu caminho de retorno para médias importantes de
longo prazo como as médias de 50, 100 e 200 períodos. Veja alguns exemplos:
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Nos círculos amarelos do gráfico acima destaquei os pontos em que o preço caiu,
se aproximando de médias importantes como a de 100 e 200 enquanto a média de 20
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Força Relativa
Outra ferramenta muito utilizada para operações de prazo longo é o indicador
chamado Índice de Força Relativa (IFR) ou em Relative Strength Index (RSI) em inglês.
O IFR aumentará à medida que o número de dias em alta e o tamanho dessas altas
crescer e cairá à medida que o número de dias em baixa e o tamanho das perdas
aumentarem.
Logo abaixo marquei com círculos vermelhos pontos de venda e com círculos
azuis os possíveis pontos de compra.
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O mesmo ocorre nos círculos vermelhos onde temos regiões de “sobre compra”
que são atingidas pelo IFR após um forte e longo movimento de alta. Geralmente existe
um padrão na forma de “M” acima de 70 do IFR antes do fim do movimento de alta.
Durante o ano o IFR atinge poucas vezes as regiões de “sobre compra”, acima de
70 a 80, e de “sobre venda”, abaixo da 40 ou 30.
Por fim é importante destacar que todas essas ferramentas nos falam sobre
probabilidades e estão baseadas em cálculos matemáticos e estatísticos utilizados no
mercado financeiro e em diversas áreas da ciência para a análise de dados.
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Para exemplificar como isso é possível este livro acompanha uma planilha
chamada Simular_Carteira_Excel.xlsx que é um simulador básico de carteira de
investimentos que não depende de serviços externos.
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Para a maioria das pessoas, uma carteira com R$ 1 milhão a R$ 5 milhões já seria
suficiente para gerar uma renda adicional que garantiria um bom conforto e segurança
financeira.
Através de simuladores (clique aqui para acessar) é possível sonhar para depois
planejar a sua independência. Faça simulações baseadas na sua realidade. Veja quanto
você tem hoje para investir e quanto você pode investir mensalmente. Avalie quanto sua
carteira de investimentos será capaz de gerar por ano e faça suas projeções. Depois veja
na simulação quanto você terá no futuro e quanto poderá gastar por mês por 360 meses
(30 anos) ou de forma vitalícia.
Veja um exemplo:
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Se essa renda adicional de R$ 8 mil estivesse disponível para você hoje, todos os
meses, certamente traria um conforto e principalmente uma segurança financeira que
poucos brasileiros possuem.
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