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REVISTA CADERNO PEDAGÓGICO – Studies Publicações Ltda.

ISSN: 1983-0882

Panorama do ensino da agronomia no estado de Mato Grosso


do Sul, com ênfase aos cursos ofertados pelo IFMS

Panorama of the teaching of agronomy in the state of Mato


Grosso do Sul, with emphasis on the courses offered by IFMS

Panorama de la enseñanza de la agronomía en el


estado de Mato Grosso do Sul, con énfasis en los cursos
ofrecidos por el IFMS

DOI: 10.54033/cadpedv21n3-229

Originals received: 02/23/2024


Acceptance for publication: 03/15/2024

Samuel Carvalho de Aragão


Doutor em Medicina Veterinária
Instituição: Instituto Federal de Mato Grosso do Sul
Endereço: Rua Filinto Müller, 1790, Canaã I, Dourados - MS, CEP: 79833-520
E-mail: samuel.aragao@ifms.edu.br

Guilherme Botega Torsoni


Doutor em Ciências de Materiais
Instituição: Instituto Federal de Mato Grosso do Sul
Endereço: Rua Hilda, 203, Conjunto Habitacional Boa Vista, Naviraí - MS,
CEP: 79950-000
E-mail: guilherme.torsoni@ifms.edu.br

Elcio Ferreira Santos


Doutor em Agronomia
Instituição: Instituto Federal de Mato Grosso do Sul
Endereço: Rodovia MS - 473, KM 23, s/n, Fazenda Santa Bárbara, Nova
Andradina - MS, CEP: 79750-000
E-mail: elcio.santos@ifms.edu.br

Márcio Teixeira Oliveira


Doutor em Ciências da Informação
Instituição: Instituto Federal de Mato Grosso do Sul
Endereço: Rua Ângelo Melão, 790, Jardim das Paineiras, Três Lagóas - MS,
CEP: 79641-162
E-mail: marcio.oliveira@ifms.edu.br

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João Antonio Lorençone


Graduando em Agronomia
Instituição: Instituto Federal de Mato Grosso do Sul
Endereço: Rua Hilda, 203, Conjunto Habitacional Boa Vista, Naviraí - MS,
CEP: 79950-000
E-mail: joao.lorencone@estudante.ifms.edu.br

Pedro Antonio Lorençone


Graduando em Agronomia
Instituição: Instituto Federal de Mato Grosso do Sul
Endereço: Rua Hilda, 203, Conjunto Habitacional Boa Vista, Naviraí - MS,
CEP: 79950-000
E-mail: pedro.lorencone@estudante.ifms.edu.br

Renno Abreu Araújo


Mestre em Desenvolvimento Rural e Gestão de Empreendimentos
Instituição: Agroalimentares – Instituto Federal do Pará
Endereço: Avenida dos Cedros, s/n, Juparanã, Paragominas - PA,
CEP: 68629-020
E-mail: renno.abreu@ifpa.edu.br

RESUMO
O objetivo com este trabalho foi de realizar um levantamento relacionado ao
ensino do curso de agronomia no estado de Mato Grosso do Sul, enfatizando os
cursos ofertados pelo Instituto Federal nos campi de Ponta Porã, Naviraí e Nova
Andradina. A partir de um questionário pré-formulado foram coletados dados in
loco em quinze instuições que ofertam o curso no estado, privadas e públicas
(Federal e Estadual). Nove cursos são ofertados em instituições públicas e seis
em instituições privadas. Somente uma universidade privada no município de
Ponta Porã obteve nota máxima pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC),
ou seja, nota cinco, as demais todas tem nota quatro, ressaltando que os quatro
cursos ofertados pelas universidades estaduais não são avaliados pelo MEC.
Observou que 86,31% dos docentes são doutores, 12,98% são mestres e 0,7%
são especialistas. A taxa de evasão nas instituições públicas foi em torno de 7%
e nas privadas de 17%. Em todas as instituições existem três modalidades de
seleção de estudantes. As instituições públicas ofertam cinco cursos stricto
sensu e as privadas ofertam três. Observou ainda, que sete instituições ofertam
o curso de agronomia em uma fazenda escola, seis possuem a área
experimental. Sendo assim, pode-se levantar que no estado de Mato Grosso do
Sul o curso ofertado supre a necessidade de profissionais desta área, uma vez
que mostram que além dos cursos ofertados dentro do estado nas fronteiras e
nas divisas do estado, também ofertam cursos de agronomia o que possibilita
que a população do estado ter esta opção a mais para cursar agronomia.

Palavras-chave: Ensino. Agronomia. Mato Grosso do Sul.

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ABSTRACT
The aim of this study was to conduct a survey on the teaching of agronomy
courses in the state of Mato Grosso do Sul, with a focus on courses offered by
the Federal Institute at the Ponta Porã, Naviraí, and Nova Andradina campuses.
Data was collected through a pre-formulated questionnaire administered on-site
at 15 universities, including both public (federal and state) and private institutions.
Public institutions offered nine courses while private institutions offered six. Of
the private universities, only one in the municipality of Ponta Porã received a
maximum grade of five from the Ministry of Education and Culture (MEC), while
the others all received a grade of four. Notably, the four courses offered by state
universities were not evaluated by the MEC. Results showed that 86.31% of
teachers held a doctorate degree, 12.98% held a master's degree, and 0.7%
were specialists. Dropout rates in public institutions were around 7%, while
private institutions had a dropout rate of 17%. All institutions had three modalities
for selecting students. Public institutions offered five stricto sensu courses, and
private institutions offered three. Seven institutions had a school farm, and six
had an experimental area for agronomy courses. In conclusion, the agronomy
courses offered in the state of Mato Grosso do Sul meet the demand for
professionals in this area. Moreover, the availability of agronomy courses on the
borders and boundaries of the state provides additional opportunities for the
population of the state to study agronomy.

Keywords: Teaching. Agronomy. Mato Grosso do Sul.

RESUMEN
El objetivo de este trabajo fue realizar una encuesta relacionada con la
enseñanza del curso de agronomía en el estado de Mato Grosso do Sul,
haciendo énfasis en los cursos que ofrece el Instituto Federal en los campus de
Ponta Porã, Naviraí y Nova Andradina. A partir de un cuestionario pre-formulado,
se recolectaron datos sobre el terreno en quince instituciones que ofrecen el
curso en los ámbitos estatal, privado y público (federal y estatal). Se ofrecen
nueve cursos en instituciones públicas y seis en instituciones privadas. Sólo una
universidad privada del municipio de Ponta Porã obtuvo una calificación máxima
del Ministerio de Educación y Cultura (MEC), es decir, una calificación de cinco,
pero todas las demás tienen una calificación de cuatro, señalando que los cuatro
cursos ofrecidos por las universidades estatales no son evaluados por el MEC.
Observó que el 86,31% de los docentes son doctores, el 12,98% tienen maestría
y el 0,7% son especialistas. La tasa de elusión en las instituciones públicas fue
de alrededor del 7% y en las instituciones privadas del 17%. En todas las
instituciones hay tres tipos de selección de estudiantes. Las instituciones
públicas ofrecen cinco cursos stricto sensu y las privadas ofrecen tres. También
observó que siete instituciones ofrecen el curso de agronomía en una finca
escolar, seis tienen el área experimental. Así, se puede señalar que en el estado
de Mato Grosso do Sul el curso ofrecido satisface la necesidad de profesionales
en esta área, ya que muestran que además de los cursos ofrecidos dentro del
estado en las fronteras y en las fronteras del estado, también ofrecen cursos de
agronomía, lo que hace posible que la población del estado tenga esta opción
demasiado para estudiar agronomía.

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Palabras clave: Enseñanza. Agronomía. Mato Grosso do Sul.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país majoritariamente agrário, no qual sua economia


depende do setor agrícola. Em 2021 a participação do setor agrário foi de 27,4%
do PIB brasileiro, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada - CEPEA-Esalq/USP. O estado do Mato Grosso do Sul possui o setor
agrícola como base de sua economia, sendo o quarto maior produtor de milho e
cana-de-açúcar, além de ser o quinto maior produtor de soja do país, na safra
2020/2021 (Ibge, 2021). Dessa forma, o ensino de agronomia no estado possui
uma grande importância, devido formar os profissionais para o setor agrícola.
O curso de agronomia visa formar profissionais capacitados para atuarem
nas diversas áreas do agronegócio (Almeida, 2000). O Mato Grosso do Sul é um
estado com apenas 44 anos de criação, assim as políticas para incentivo ao
ensino de agronomia são recentes e ainda estão em desenvolvimento. Tendo
em vista a constante evolução das ciências agrárias (Molin, 2003), é notável a
necessidade de formação de profissionais capacitados para o principal setor da
economia brasileira. No Mato Grosso do Sul, o curso é ofertado por instituições
públicas de ensino, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul,
Universidade Federal da Grande Dourados, Universidade Estadual do Mato
Grosso do Sul e com maior crescimento nos Institutos Federais do Mato Grosso
do Sul.
A pesquisa científica tem um papel importante na área de educação, por
auxiliarem na identificação de demandas ou pontos para evolução dos cursos
superiores (Oliveira; Alves e Luiz, 2008).
Sendo assim, esse trabalho visa realizar um panorama do ensino da
agronomia no Mato Grosso do Sul e sua importância para a atividade agrícola e
econômica no estado. Ademais, tem como interesse enfatizar os cursos
ofertados no IFMS - Instituto Federal do Mato Grosso do Sul.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A HISTÓRIA DO ENSINO DA AGRONOMIA NO MUNDO

O que se tem em relato escrito é que o ensino da agronomia no mundo é


muito antigo, na Bíblia temos relatos de diversos tipos de cultivos, porém, o
ensino de agronomia iniciou-se de fato em 1822, a primeira escola de agronomia
no mundo fundou-se em Roville, na França. Em 1848, já havia 70 escolas
fazendas em busca de melhorar e desenvolvimento (Posser, 2019).
O estudo agronômico passou a se desenvolver após os conhecimentos
da química agrícola, principalmente por meio dos estudos de realizados por
Leibig datado em 1840. Com contribuições também da fisiologia vegetal houve
um aumento considerável nos processos agronômicos. (Almeida, 2004)
Já em 1960, na Europa manifesta-se a agronomia moderna intercedida
pelos discípulos de Bachelard (químico francês), por meio dos seus estudos
sobre a instabilidade estrutural dos solos. No entanto, com Bachelard e
estudiosos que sucederam suas pesquisas, os métodos de estudos agronômicos
haviam sido baseados em algumas principais áreas de experimentação, a
experimentação, a observação e o acompanhamento de situações controladas.
Ademais, foi de suma importância também os estudos voltados à análise e
diagnósticos de situações regionais (Almeida, 2004).
“É impossível escrever uma história mundial da agronomia. Os
documentos disponíveis são muito heterogêneos… Mesmo em situações
específicas esta também é uma tarefa impossível pois, no assunto, o jogo de
influências, as heranças, os contragolpes são inevitáveis. Como falar da batata
sem falar da América, ou do álcool sem falar das Cruzadas?” Jean Boulaine,
1996 [tradução livre].

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2.2 A HISTÓRIA DO ENSINO DA AGRONOMIA NO BRASIL

Por iniciativa de Dom João VI, na data de 13 de junho de 1808, foi criado
no Rio de Janeiro um Jardim Botânico considerado por muitos e gravado em
vários documentos como o marco inicial da era da ciência agronômica no Brasil.
Embora nas primeiras décadas do império e ao longo do período colonial
o avanço dessa ciência tenha sido praticamente nulo, cinquenta anos depois,
após uma crise econômica foram criadas em 1859 cinco Imperiais Institutos
Agrícolas espalhados pelo país, que futuramente seriam implantadas os cursos
de agronomia (Reifschneider et. al., 2010).
Segundo Capdeville (1991), no Brasil o ensino de agronomia surgiu
aproximadamente há 200 anos, mesmo com um grande desinteresse da
população, instalava-se no país em 1877 o primeiro curso superior da área de
ciências agrárias da Imperial Escola Agrícola da Bahia, atualmente na
Universidade Federal da Bahia, surgindo posteriormente a partir deste marco até
o ano de 1910 oito cursos de Agronomia no país até legalizarem a
regulamentação deste tipo de conhecimento. (Capdeville, 1991).
Contudo os Estatutos da Imperial Escola Agrícola da Bahia previam no
Art. 5º a Implantação além do Curso superior de Agronomia, os cursos
superiores de Engenharia Agrícola, Silvicultura e Veterinária. Por ser um país
com a agricultura baseada nos Grandes Latifundiários, os primeiros esforços
para implantar este tipo de ensino tiveram que suportar a indiferença das elites,
bem como o desinteresse da população, pois de igual forma, a agricultura
nacional tinha por base a monocultura de exportação, o trabalho escravo, o
desprezo pelo manejo e conservação de solos e a abundância de terras
inexploradas e férteis (Capdeville, 1991).

2.3 O ENSINO DA AGRONOMIA NO MATO GROSSO DO SUL

No Mato Grosso do Sul, há relatos que o ensino da engenharia


agronômica, iniciou se através de uma forte campanha idealizada anos de 1967
a 1970 através do Deputado Estadual, Celso Muller do Amaral, dedicou esforços

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para a inclusão de uma escola agronômica na cidade de Dourados - MS,


inclusive doando a fazenda onde hoje é implantado o primeiro curso de
agronomia em Dourados, ele tinha em mente que a região douradense estava
totalmente interligada a agricultura e pecuária (Resende, 2005).
O estado de Mato Grosso do Sul foi dividido em 1977 pela Lei
Complementar Nº 31, porém apenas em 1979 foi oficialmente separado do
estado do Mato Grosso lei assinada pelo General Presidente Ernesto Geisel,
tornando-se dois estados diferentes. Nessa época o CEUD Centro Universitário
de Dourados era interligado à Universidade Federal do Mato Grosso, com essa
divisão entre os estados o CEUD passou a fazer parte da Universidade Federal
do Mato Grosso do Sul, e posteriormente se tornaria a UFGD Universidade
Federal da Grande Dourados. (Brasil, 1977)
O Decreto Legislativo nº 1184/67 proposto por Celso Muller do Amaral,
concedia assim então a criação de uma instituição de ensino superior totalmente
dedicada à engenharia agronômica. Buscando assim a criação do campus onde
hoje está estabelecido o campus da Universidade Federal da Grande Dourados
um polo de educação, em que está inserido diversos cursos de graduação e
licenciaturas inclusive o curso de medicina (Resende, 2005).
O Governo Federal criou a Plataforma Nilo Peçanha no ano de 2018, que
é um ambiente virtual de coleta e validação e disseminação de estatísticas
oficiais, da Rede Federal. Onde no mesmo estão condensados todos os dados
obtidos do ensino brasileiro, disponibilizando todas as informações
administrativas e técnicas para a população, um ambiente totalmente público em
que tem todos os dados estatísticos de todos os campi dos Institutos Federais
do Brasil (Pnp, 2018).

2.4 HISTÓRICO DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO NO BRASIL

Em 1909, durante o governo de Nilo Procópio Peçanha de Oliveira,


expediu o decreto que criava as escolas de educação profissional no Brasil, em
cada capital do Brasil, chamadas de Escola de Aprendizes e Artífices (Policarpo,
2012). Essas escolas de artífices tinham como foco a capacitação dos

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profissionais para atender a demanda que na época era muito grande, de


centenas de agroindústrias no Brasil, que na época direcionava a economia do
país para a exportações de produtos agrícolas. Além de funcionar como um
aparato socioeconômico, visando dar oportunidades aos que possuíam menor
recursos (Kunze, 2009).
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) o país se
consolidou com uma política de incentivo ao desenvolvimento industrial,
principalmente no setor energético e automobilístico (Andrade e Santos, 2013).
Durante esse período as escolas Industriais e Técnica são transformadas em
Escolas Técnicas Federais, ganhando maior liberdade administrativa e
econômica. Ainda, as escolas possuem maior autonomia didática, intensificando
a formação de profissionais para o mercado de trabalho (Xavier e Fernandes,
2019).
Durante os governos militares (1964 a 1985) o Brasil passou por diversas
mudanças em suas diretrizes de educação (Rothen, 2008). Em 1970 ocorre uma
elevação nos preços internacionais do petróleo e uma grande recessão
econômica, o Brasil opta pela aceleração do crescimento econômico. A Lei de
Diretrizes e Base da Educação Brasileira torna em técnico-profissional todo
currículo do segundo grau. Com isso, as Escolas Técnicas Federais aumentam
consideravelmente o número de matrículas.
Necessitando de engenheiros de operação e tecnólogos, em 1978 são
três Escolas Técnicas que se tornam Centros Federais de Educação
Tecnológica. Somente em 1999 é retomado o processo de transformação das
Escolas Técnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica
(CEFETs) (Ciavatta, 2006). Após a Reforma da Educação Profissional, na qual
ocorreram alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira,
alterando o processo para qualificação profissional.
No ano de 2006 ocorreu outra reestruturação na educação profissional
brasileira, reorganizando os currículos superiores de tecnologia. Ainda, em 2007
ocorre o processo de integração às instituições federais de educação
tecnológica, para fins de constituição do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia (IFET), por meio do Decreto n°. 6.095. Os IFETs são considerados

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instituições de educação superior, básica e profissional, especializados na oferta


de educação profissional e tecnológica (Pacheco; Caldas e Domingos sobrinho,
2012).

2.5 O INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO


MATO GROSSO DO SUL

O Instituto Federal Mato do Sul foi criado através da Lei Federal nº 11892
no ano de 2008, lei esta que criou a Rede Federal de Educação, e instituiu todos
os Institutos Federais existentes no Brasil. No caso do IFMS o primeiro campus
a ser criado pelo IFMS foi o campus de Nova Andradina, atendendo a demanda
do estado em ofertar para os seus cidadãos cursos técnicos com o objetivo de
atender a demanda dos arranjos produtivos locais (Brasil, 2008).
Sendo a primeira instituição federal a oferecer uma educação profissional
técnica de nível médio, o IFMS atualmente possui dez campi, nas cidades de
Aquidauana, Campo Grande, Corumbá, Coxim, Dourados, Jardim, Naviraí, Nova
Andradina, Ponta Porã e Três Lagoas. Os campi de Nova Andradina, Ponta Porã
e Naviraí são os únicos que possuem o curso de Agronomia, sendo o campus
de Naviraí o mais recente, sem nenhuma turma formada no curso até o momento
(Brasil, 2008).

2.5.1 A Agronomia no Campus Ponta Porã

O curso de agronomia no Instituto Federal de Ponta Porã veio com a


necessidade de suprir a demanda de profissionais na área na região. A cidade é
grande produtora de milho e soja, além disso, destaca-se também na produção
de cevada, sorgo, aveia, arroz algodão, girassol, mamona, trigo, triticale, cana-
de-açúcar e mandioca (Ifms, 2018).
Ponta Porã também conta com notável produção de erva-mate, produzida
em alto rendimento. Sua fruticultura está em expansão, principalmente com a
produção de laranja, maracujá, uva e banana. A pecuária historicamente teve

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grande importância na economia da cidade, tendo um rebanho aproximado de


1,28 milhões de cabeças (Semac, 2011).
Na soma dos dados, o Bacharelado em Agronomia dá destaque ao
agronegócio, atividade muito enraizada no Mato Grosso do Sul. É fácil perceber
a importância que o agronegócio tem no Brasil quando se checa sua participação
no PIB, por exemplo, em 2020, quando essa atividade gerou 24,31% da
produção nacional. Além disso, esse setor é responsável por 37% dos empregos
(Cepea-Usp/Cna 2020).

2.5.2 O Campus do IFMS em Naviraí

O campus de Naviraí foi criado através da Portaria Ministerial nº 246, na


segunda expansão da rede federal no ano de 2016, estabelecendo que o
campus fosse um campus 70/45 ou seja, um campus constituído por 70
professores e 45 técnicos administrativos, o que permitiu assim que através de
parcerias com o governo do estado juntamente com a prefeitura municipal
fossem iniciadas suas atividades no município (Mec, 2016).
Em setembro de 2021 através da publicação da Portaria Ministerial (MEC)
nº 713, o campus Naviraí foi classificado como mais um campus agrícola no
Brasil, com essa nova denominação o campus poderia até manter alunos em
regime de internato entre outras prerrogativas. Com a nova especificação de
campus, passou a ser campus 70/60, ou seja, 70 professores e 60 técnicos
administrativos, o que vem de encontro com as necessidades do município em
atender os arranjos produtivos locais (Mec, 2021).
Sendo assim, no campus Naviraí, o curso de agronomia do Instituto
Federal de Mato Grosso do Sul tem como objetivo transformar alunos em
grandes profissionais, com muita ética e senso crítico. Acima de tudo que sejam
comprometidos de estar em constante aprendizado e aliados a inovação da
tecnologia, assim, sendo capazes de desenvolver a agricultura brasileira e ainda
assim mantendo constante preservação ambiental (Ifms, 2017).
Nessa visão, o estado de Mato Grosso do Sul se evidencia por sua
capacidade agropecuária. Deste modo, se viu uma necessidade de se formar

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bons profissionais para colaborar com essa atividade. Sendo assim, este projeto
tem como objetivo realizar um panorama do ensino da agronomia no Mato
Grosso do Sul com ênfase aos cursos da agronomia ministrado no IFMS.

3 METODOLOGIA

3.1 SÍNTESE DA PESQUISA

O trabalho trata-se de uma pesquisa qualitativa, quantitativa, descritiva e


exploratória (Gil, 2008). Qualitativa, pois, serão realizadas análises
observacionais, como um levantamento bibliográfico e documental (Poupart et
al., 2008). Qualitativa, pois, serão utilizadas variáveis objetivas, com ênfase em
comparação dos resultados e uso intensivo de técnicas estatísticas (Günther,
2006).
Sendo caracterizada como exploratória, pois tem como objetivo
demonstrar o panorama do curso de agronomia no Mato Grosso do Sul (Figura
1) (Balla et al., 2014). A pesquisa também é descritiva pois será utilizado banco
de dados padronizados visando a coleta de informações e identificar as relações
entre os dados (Gil et al., 2002).
Será aplicado um questionário nas instituições que ofertam o curso de
agronomia no Mato Grosso do Sul. O público-alvo são os coordenadores do
curso de agronomia das instituições: UFGD, Unigran, Anhanguera, IFMS Ponta
Porã e Nova Andradina, além do coordenador do CREA em Dourados – MS.

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Figura 1 - Mapa de localização do estado do Mato Grosso do Sul.

Fonte: Autores (2024).

3.2 O ENSINO DA AGRONOMIA NO MS

O desenvolvimento do projeto sobre a importância da oferta do curso de


agronomia no estado do Mato Grosso do Sul, busca trazer uma abordagem
contendo dados que serão coletados em diversos sites, tendo em vista descrever
a importância do curso para o estado. Também, quantificar instituições públicas
e privadas, e suas vagas disponíveis visando uma maior ênfase para as
instituições filantrópicas do IFMS (Instituto Federal do Mato Grosso do Sul).

3.3 O ENSINO DA AGRONOMIA OFERTADO PELO IFMS

Dados serão coletados nas coordenações de cursos de agronomia


ofertados pelo Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, campi Naviraí, Nova
Andradina e Ponta Porã, através das coordenações de cursos, bem como a

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direção. Para a complementação deste trabalho, pesquisas serão realizadas em


periódicos e serão buscadas informações na plataforma do MEC/SETEC.

3.4 CREA, CONFEA, IBGE, MEC E PNP

Através do Conselho Federal de Engenharia Agronomia (CONFEA) e


Conselho Regional de Engenharia Agronomia (CREA) será pesquisado os dados
de profissionais de Agronomia formados no Brasil, dando ênfase ao Mato Grosso
do Sul. Através da Plataforma Nilo Peçanha (PNP) serão encontrados dados de
oferta de vagas do curso de Agronomia nos Institutos Federais do Mato Grosso
do Sul (IFMS).
Ademais, por meio do Ministério da Educação e Ciência (MEC) serão
adquiridas as notas referentes aos cursos de agronomia, sobretudo as do IFMS.
Por fim, serão pesquisados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) dados da população do Mato Grosso do Sul, do IDH e das ofertas de
cursos.

3.5 QUESTIONÁRIO

3.6. Nome da Instituição


3.7. Nome do coordenador do curso de Agronomia?
3.8. Quando iniciou a primeira turma de Agronomia?
3.9. Quantos alunos se formam por ano?
3.10. A instituição possui uma área experimental? Qual a área?
3.11. Quantos professores têm o curso de Agronomia?
3.12. Perfil de qualificação? Mestres? Doutores?
3.13. Quantos alunos não concluíram o curso? Taxa de evasão?
3.14. Foram feitas avaliações? Notas do curso de agronomia?
3.15. A instituição realiza eventos na área de Agronomia?
3.16. Quanto tempo o curso de agronomia é ofertado pela instituição?
3.17. Qual o método da instituição para a seleção de alunos?
3.18. Qual a capacidade dos estudantes por sala?

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3.19. A instituição tem laboratórios para as disciplinas de agronomia?


3.20. Quantas turmas já se formaram na instituição?
3.21. Qual a carga horária do curso?
3.22. A instituição possui uma biblioteca física?
3.23. Projetos inscritos por semestre (pesquisa ou extensão)?
3.24. Concorrência por vaga
3.25. Quais os laboratórios disponíveis?
Com os dados obtidos, pretende-se ter um panorama do ensino da
agronomia no estado de Mato Grosso do Sul, dados estes que serão
disponibilizados para as instituições visitadas e disponíveis para toda a
sociedade.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram realizadas 15 visitas em universidades do estado do Mato Grosso


do Sul que ofertam o curso de agronomia, percorreu-se 3.236 quilômetros dentro
do estado (conforme figura 4), divididos em várias frentes de viagens e períodos
distintos no ano de 2022, ou seja, 100% das instituições foram entrevistadas
sendo: 9 instituições públicas e 6 privadas das quais apresentamos os seguintes
resultados:
Apenas uma universidade privada localizada no município de Ponta Porã,
tem nota máxima do MEC, ou seja, nota 5. Todos os cursos de agronomia
ofertados pelo IFMS tem nota 4 da mesma forma que os cursos ofertados pelas
universidades federais como a UFGD e UFMS, que possuem cursos stricto
sensu, figura abaixo.
Um fator importante a ser considerado é que os cursos da Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul não são avaliados pelo MEC, e observamos
que a estrutura do curso de agronomia localizado no município de Aquidauana
é sem dúvida uma das melhores do estado, possuindo cursos stricto sensu
(mestrado e doutorado) e 100% do corpo docente das 4 unidades são 100%
doutores, inclusive os docentes contratados para atuarem temporariamente.

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Figura 2 - Representação gráfica dos resultados da avaliação do ensino superior do MEC para
as universidades que ofertam o curso de Agronomia no Mato Grosso do Sul.

Fonte: Autores (2024)

Ao analisar o método de ingresso nas instituições que ofertam o curso de


agronomia no estado pode se observar que na maioria das instituições possuem
mais de um método de seleção o que permite ao estudante uma opção a mais
de seleção, conforme tabela abaixo.

Tabela 1 - Relação dos métodos de ingressos das universidades privadas e públicas.


Método de ingresso Privada Pública
Sisu 6 9
Vestibular 4 8
Portador de Diploma 5 7
Processo Seriado - 1
Total 15 25
Fonte: Autores (2024).

No estado, o curso mais antigo é o de agronomia de Dourados com 45


anos, um projeto muito antigo conforme o Decreto Legislativo nº 1184/67
proposto por Celso Muller do Amaral, cuja família fez a doação da fazenda escola
e concedia assim então a criação de uma instituição de ensino superior
totalmente dedicada à engenharia agronômica. Buscando assim a criação do
campus onde hoje está estabelecido o campus da Universidade Federal da
Grande Dourados um polo de educação, em que está inserido diversos cursos

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de graduação e licenciaturas inclusive o curso de medicina (Resende, 2005). A


primeira turma de engenheiros agrônomos formaram em 1982, curso hoje que é
uma referência para o estado. Os cursos mais recentes implantados no estado
são os da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul nos municípios de
Maracaju e Mundo Novo, municípios localizados na região sul do estado.
Outro fator observado, que se preconiza para avaliação de um curso pelo
MEC, é a questão da instituição possuir uma fazenda escola, neste estudo
observou que 2 instituições ainda não têm uma fazenda escola para realização
de suas atividades práticas, 7 instituições ministram o curso de Agronomia dentro
de uma fazenda escola ou seja, 100% do curso é realizado na área experimental
da instituição e 6 possuem área rural ofertando curso na unidade urbana e para
realização de aulas práticas os alunos se deslocam até a propriedade rural da
instituição. Preocupações primárias observadas por algumas instituições que só
iniciaram os cursos após terem adquirido a área rural, como por exemplo UFGD,
Instituto Federal e algumas unidades da UEMS
Todas as universidades estudadas apresentam áreas destinadas às aulas
práticas e experimentos (Figura 3). Dentre todas as instituições de ensino de
agronomia, as estaduais e particulares possuem maiores áreas para realização
de experimentos, com 849 e 840 ha somados, respetivamente. Destacam-se a
UFMS em Chapadão do Sul apresentou 30 hectares de fazenda escola e 8
estufas, enquanto a UCDB possui uma área de 200 hectares para realização de
atividades práticas e a UEMS em Aquidauana possui 800 hectares, sendo 15
hectares de área experimental.

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Figura 3 - Gráfico de setores representando a soma das áreas experimentais das


universidades Estaduais, Privadas, Institutos Federais e Federais.

Fonte: Autores (2024).

Figura 4 - Localização geográfica dos municípios que comportam cursos superiores presenciais
em Agronomia.

Legenda: 1 - Campo Grande, 2 - Dourados, 3 - Três Lagoas, 4 - Ponta Porã, 5 - Naviraí, 6 -


Aquidauana, 7- Nova Andradina, 8- Maracaju, 9 - Chapadão do Sul, 10 - Cassilândia e 11 -
Mundo Novo.
Fonte: Autores (2024).

A população do Mato Grosso do Sul, conforme dados do (Ibge, 2022) é


de 2.833.742. Ao analisar os onze municípios onde estão localizados os cursos

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de agronomia no estado, foi observado que com exceção do município de


Corumbá, nos municípios com maior população no estado tem o curso de
agronomia. Principalmente, nos locais onde tem uma grande concentração de
área agricultável.
Em relação aos laboratórios disponíveis para o curso de agronomia, em
todas as universidades possuem laboratórios para as aulas práticas, com
exceção de um campus novo de uma universidade pública estadual. Os cursos
ofertados em instituições privadas possuem um número inferior de laboratórios
em relação às públicas (Federais e Estaduais), porém apresentam todos os
laboratórios essenciais para o curso. Os Institutos Federais demonstraram
deficiência em laboratórios, sendo alguns laboratórios compartilhados entre
todos os cursos ofertados, tanto de nível superior quanto de nível técnico
integrado, vale ressaltar que são cursos recém implantados (Tabela 2).

Tabela 2 - Quantitativo de laboratórios por universidades que ofertam o curso de agronomia no


Mato Grosso do Sul.
Universidades Quantidade de laboratórios
Estaduais 52
Federais 45
Institutos Federais 34
Privadas 57
Total Geral 188
Fonte: Autores (2024).

Neste estudo, pode-se observar que em todos os municípios do estado a


população tem acesso a oferta de curso de agronomia uma vez que, no estado
tem instituições que ofertam o curso na forma EAD, o que permite a população
ter acesso ao curso. Um outro fator muito importante, é que nas fronteiras do
estado, ou seja, Bolívia e Paraguai tem o curso de agronomia no país vizinho
como é o caso de Pedro Juan Caballero cidade ao lado de Ponta Porã; Salto Del
Guairá com Mundo Novo, Japorã e Sete Quedas; Puerto Suárez ao lado de
Corumbá.
Situação não diferente as divisas do estado de Mato Grosso do Sul com
São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Mato Grosso em todos esses estados,

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municípios bastante próximos da divisa com o estado de Mato Grosso do Sul


ofertam cursos de agronomia tanto em nível estadual, federal e privado, o que
facilita que o cidadão sul-matogrossense tenha acesso a ofertas de cursos de
agronomia próximo da divisa do estado.
Uma situação preocupante observada, é o baixo índice de projetos de
ensino, pesquisa e extensão principalmente nas instituições privadas, que
ofertam o curso de agronomia, em algumas delas não têm, ou possuem poucos
projetos em andamentos, observou-se um maior foco em projetos de extensão
nessas instituições. O que se levantou é que na maioria das instituições privadas
o professor é contratado por aula hora, apenas ministra a aula. Já nas
instituições públicas o quadro é inverso, principalmente nas que ofertam cursos
de pós-graduação em nível de stricto sensu, apesar de que nos Institutos
Federais mesmo não tendo curso stricto sensu em dois campi, mas nos três
campi onde foi realizado este trabalho observou um alto número de projetos de
ensino, pesquisa e extensão (Tabela 3).

Tabela 3 - Relação da oferta dos cursos de Pós-Graduação pelas universidades Estaduais,


Federais e Privadas.
Federai Institutos Privada Total
Rótulos de Linha Estaduais
s Federais s Geral
Especialização - - - 1 1
Mestrado 1 1 1 1 4
Mestrado e Doutorado 1 1 - 2 4
Nenhum 2 - 2 2 6
Fonte: Autores (2024).

A tabela 4 apresenta informações sobre a qualificação dos docentes que


lecionam nos cursos de agronomia dentro do estado do Mato Grosso do Sul
(Tabela 4). O total de docentes é de 246 doutores, 37 mestres e 2 especialistas,
totalizando 285 profissionais que atuam nessa área. Entre as instituições, as
Universidades Estaduais apresentam o maior número de doutores, com 72
profissionais. Em seguida, temos as Universidades Federais, com 57 doutores.
Os Institutos Federais e as Instituições Particulares apresentam números mais
baixos de doutores, com 49 e 68, respetivamente. Já em relação aos mestres e
especialistas, apenas as Instituições Particulares contam com profissionais com

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essa qualificação, sendo apenas 21 mestres e 1 especialista. Os Institutos


Federais apresentam apenas 16 mestres e 1 especialista.

Tabela 4 - Qualificação docente dos cursos de agronomia do estado de Mato Grosso do Sul.
Universidades Doutores Mestres Especialistas Total
Estaduais 72 - - 72
Federais 57 - - 57
Institutos Federais 49 16 1 66
Particulares 68 21 1 90
Total Geral 246 37 2 285
Fonte: Autores (2024).

Com relação a taxa de evasão pode se observar que os Institutos Federais


em seus três cursos de agronomia no estado de Mato Grosso do Sul possuem a
menor média de evasão 6,37% seguido dos cursos ofertados pelas duas
Universidades Federais 7%; o maior índice foi observado nos cursos ofertados
pelas Universidades Particulares 16% seguido pelos cursos ofertados pela
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul 12% conforme gráfico abaixo.

Figura 5 - Gráfico de linhas representando a taxa de evasão das universidades Estaduais,


Federais, Institutos Federais, Privadas.

Fonte: Autores (2024).

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5 CONCLUSÃO

Realizar um levantamento sobre o ensino de agronomia no estado, ir em


cada instituição conhecendo a realidade de cada curso ofertado sem dúvida
alguma, foi um trabalho extremamente importante e enriquecedor. 86,3% dos
docentes das 15 instituições visitadas são doutores; 13% são mestres e 0,7%
especialistas. Ressaltando que 100% dos docentes dos cursos de agronomia
ofertados pela UFGD, UFMS e UEMS são doutores. Dentre as 15 universidades
em que foi realizada a referida pesquisa somam-se uma área total de 2.417
hectares de área experimental sendo que 7 ofertam cursos em sua área rural,
ou seja, em seu campus experimental.
Ao analisar o método de seleção dos estudantes, todas as instituições têm
3 ou mais métodos de seleção, sendo que o SISU está presente em todas as
instituições. Com relação ao número de docentes por conjunto de instituições
observou 90 docentes em 6 instituições particulares; 72 docentes em quatro
campi da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul; 66 docentes em três
campi dos Institutos Federais e 57 docentes em duas Universidades Federais.
Com relação a taxa de evasão de estudantes observou uma média de 16% nas
Universidades Particulares; 12% na Universidade Estadual de Mato Grosso do
Sul; 7% nas Universidades Federais; 6,37% nos Institutos Federais.
Enfim, 15 instituições foram visitadas, chamou atenção para a questão da
avaliação do MEC para os cursos de agronomia ofertados por algumas
instituições públicas e privadas com excelente estrutura física e operacional,
corpo docente, quantidade de projetos em andamento de ensino, pesquisa e
extensão bem como, bolsas aos estudantes e seus cursos de pós graduação
lato sensu e stricto sensu, com nota 4, inferior a única instituição privada que
obteve nota 5 pelo MEC, ressaltando que o curso de agronomia ofertados pela
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, não são avaliados pelo MEC.
Ademais, dizer que no estado de Mato Grosso do Sul, nas instituições
públicas e privadas ofertam cursos de graduação em agronomia bem avaliados,
fatos estes mostrados nos resultados desta pesquisa. Sendo assim, entender
melhor as percepções de estudantes e docentes, bem como servidores

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administrativos para servir de parâmetro para que as instituições melhorem seus


índices, que culminarão em um ensino de melhor qualidade ainda, contribuindo
para o desenvolvimento do estado e do Brasil.
O Estado é uma referência para o ensino da agronomia no país,
sugerimos que o sistema de avaliação de cursos superiores no Brasil sejam
todos realizados pelo Ministério da Educação o que facilitaria analisar os cursos
ofertados. Que outros trabalhos sejam realizados com o intuíto de contribuição
e fortalecimento do ensino.

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