Desigualdades Sociodemográficas Na Incidência de COVID-19 em Coorte Da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios, Brasil, 2020
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Desigualdades Sociodemográficas Na Incidência de COVID-19 em Coorte Da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios, Brasil, 2020
ARTIGO ORIGINAL
Desigualdades sociodemográficas na
incidência de COVID-19 em coorte da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios,
Brasil, 2020
Sociodemographic inequalities in the incidence of COVID-19
in National Household Sample Survey cohort, Brazil, 2020
Italo Wesley Oliveira AguiarI , Elzo Pereira Pinto JuniorII , Carl KendallIII ,
Ligia Regina Franco Sansigolo KerrI
I
Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública – Fortaleza (CE), Brasil.
II
Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Gonçalo Moniz, Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a
Saúde – Salvador (BA), Brasil.
III
Tulane University School of Public Health and Tropical Medicine – New Orleans, Louisiana, USA.
RESUMO
Objetivo: Verificar a associação entre fatores sociodemográficos e o tempo até a ocorrência de novos casos de COVID-19 e de
testes positivos para Sars-CoV-2 no Brasil, durante o período de maio a novembro de 2020, com base em uma coorte dos brasileiros
participantes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID-19. Métodos: Foi constituída uma coorte concorrente e
fechada utilizando dados mensais da Pnad COVID-19, realizada por inquérito telefônico. Um caso novo foi definido com base no
relato da ocorrência de um quadro de síndrome gripal, associado à perda de olfato ou paladar; e a positividade foi definida com base
no relato de um teste positivo, entre os que referiram ter sido testados. Foram aplicados modelos de regressão de Cox para verificar
associações, considerando a ponderação amostral, calibrada para a distribuição etária, de sexos e de escolaridade. Resultados: A
incidência acumulada de casos na coorte fixa geral foi de 2,4%, enquanto a de testes positivos na coorte fixa testada foi de 27,1%.
Verificou-se maiores riscos nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, entre mulheres, residentes em áreas urbanas, pessoas com
escolaridade até o ensino médio, com a cor da pele declarada como preta e trabalhadores da área da saúde. Indivíduos com menor
escolaridade e profissionais de saúde apresentaram maior frequência de novos testes positivos. Novos testes positivos ocorreram
com maior frequência em indivíduos com menor escolaridade e trabalhadores da área da saúde. Conclusão: Foram observados
riscos desiguais entre os estratos populacionais comparados. Destaca-se a importância da realização de inquéritos nacionais
prospectivos na investigação de iniquidades em saúde.
Palavras-chave: Fatores sociodemográficos. COVID-19. Inquéritos populacionais. Estudo de coorte. Análise de sobrevivência.
AUTOR CORRESPONDENTE: Italo Wesley Oliveira Aguiar. Rua Professor Costa Mendes, 1608, Bloco Didático, 5o andar, Bairro Rodolfo Teófilo, CEP: 60430-140,
Fortaleza (CE), Brasil. E-mail: aguiar.iwo@gmail.com
COMO CITAR ESSE ARTIGO: Aguiar IWO, Pinto Junior EP, Kendall C, Kerr LRFS. Desigualdades sociodemográficas na incidência de COVID-19 em coorte da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Brasil, 2020. Rev Bras Epidemiol. 2024; 27: e240012. https://doi.org/10.1590/1980-549720240012.2
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Figura 1. Seleção da amostra e constituição das coortes dinâmica geral, fixa geral e fixa testada, derivadas das
edições da Pnad COVID-19. Brasil, maio-novembro/2020.
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b. Número de seleção do domicílio (v1008) – Identificação d. Raça ou cor da pele (Branca; Preta; Amarela; Parda; In-
de um dos 14 domicílios que foram selecionados alea- dígena; Não declarado).
toriamente em cada unidade primária de amostragem. e. Área de residência (Urbana; Rural).
Categorias: Números de 1 a 14. f. Escolaridade das pessoas com 25 anos ou mais (Ensino
c. Condição do morador no domicílio (a001a) – Os mo- fundamental incompleto ou menos; Ensino fundamen-
radores do domicílio foram listados, e o entrevistador tal completo; Ensino médio completo; Ensino superior
assinalou o responsável pelo domicílio. Em seguida, completo ou mais; Não se aplica);
foi questionada a relação dos moradores com o res- g. Trabalho das pessoas com 14 anos ou mais (Saúde;
ponsável pelo domicílio. Categorias: Pessoa respon- Transporte; Alimentação; Outras profissões de nível su-
sável pelo domicílio (1); Cônjuge ou companheiro(a) perior; Comércio; Indústria; Agropecuária; Outros servi-
de sexo diferente (2); Cônjuge ou companheiro(a) do ços; Não declarada; Não aplicável).
mesmo sexo (3); Filho(a) do responsável e do cônju- h. Caso de COVID-19 autorreferido na semana anterior
ge (4); Filho(a) somente do responsável (5); Filho(a) (Sim; Não). Foi o desfecho investigado na coorte fixa
somente do cônjuge (6); Genro ou nora (7); Pai, mãe, geral, inspirado no critério de definição de caso clínico
padrasto ou madrasta (8); Sogro(a) (9); Neto(a) (10); confirmado do Ministério da Saúde do Brasil15. Consi-
Bisneto(a) (11); Irmão ou irmã (12); Avô ou avó (13); derou-se “sim” indivíduos com início agudo de perda
Outro parente (14); Agregado(a) – Não parente que de olfato ou paladar, em conjunto um quadro de sín-
não compartilha despesas (15); Convivente – Não pa- drome gripal, definido como pelo menos dois dos se-
rente que compartilha despesas (16); Pensionista (17); guintes sinais ou sintomas: dor de cabeça, coriza, tos-
Empregado(a) doméstico(a) (18); Parente do(a) empre- se, dor de garganta, febre, perda de olfato ou paladar e
gado(a) doméstico(a) (19). sintomas gastrointestinais;
d. Número de ordem do morador (a001) – Após a defi- i. Positividade para Sars-CoV-2 autorreferida (Sim; Não).
nição da relação de cada morador com o responsável Foi considerada o desfecho para a coorte fixa testada,
pelo domicílio, o sistema de entrevistas do IBGE atri- derivada das respostas para o questionamento sobre a
buiu um número de ordem sequencial para cada indiví- realização, o tipo e o resultado de algum teste para po-
duo. Categorias: Números de 1 a 30. sitividade para Sars-CoV-2 (swab oral ou nasal; punção
e. Sexo (a003) – Categorias: Homem (1); Mulher (2). digital; ou punção venosa).
f. Dia, mês e ano de nascimento (a001b1, a001b2, a001b3)
– Categorias: Números de 1 a 31 para o dia, de 1 a 12 Viés
para o mês e de 1890 a 2020 para o ano. As coortes foram formadas por indivíduos residentes
em domicílios particulares permanentes que responderam
A justaposição dessas variáveis formou a chave indivi- a todas as entrevistas, realizadas por telefone. Assim, é im-
dual única para cada participante. Exemplificando em uma portante considerar a possibilidade dos perfis etários16 e
situação hipotética: uma pessoa localizada no setor censi- de gênero17 divergirem em sua disponibilidade para a res-
tário compreendido pela UPA de identificação “230022987”, posta de questionários em horário comercial, bem como
no domicílio sorteado de número “6”, com número de or- deve-se cogitar que o perfil de escolaridade ocasione dife-
dem “5”, sendo filho do casal (“4”), do sexo masculino (“1”) e renças entre os mais propensos a participar de pesquisas18
que nasceu dia 11 (“11”) de maio (“5”) de 1995 (“1995”) rece- e os possuidores de números de telefone ativos19. Para re-
beria o valor de chave exclusivo “23002298765411151995”, duzir estes vieses em potencial, a amostra foi submetida
o qual permaneceu igual para esse indivíduo em todas as a técnicas de ponderação e de pós-estratificação, as quais
edições da Pnad COVID-19. são descritas a seguir.
Além das variáveis utilizadas na chave de identificação,
algumas variáveis foram selecionadas para descrever a Análise estatística
amostra com base no conjunto completo de variáveis da Os microdados das edições da Pnad COVID-19 de maio,
Pnad COVID-1912. A seguir, essas variáveis estão listadas, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro foram
com suas categorias: acessados por meio do endereço eletrônico do IBGE20, em
a. Região (Centro-Oeste; Nordeste; Norte; Sudeste; Sul). junho de 2023.
b. Faixa etária, em anos completos (0–9; 10–19; 20–29; Após a seleção da coorte fixa geral, os pesos amostrais
30–39; 40–49; 50–59; 60–69; 70–79; ≥80). Observação: originais foram ajustados para essa subamostra, visando
essa variável foi renomeada e recategorizada exclusiva- dar conta de discrepâncias entre a coorte e a população.
mente para a construção dos gráficos, passando a ser Para tanto, distribuições populacionais segundo faixa etá-
denominada “Fase da vida” (Criança, 0-9 anos; Adoles- ria, sexo e escolaridade foram estimadas para o mês de
cente, 10-19 anos; Adulto jovem, 20-39 anos; Meia-ida- maio de 2020, com base em contagens ponderadas da
de, 40-59 anos; Idoso, 60 anos ou mais); Pnad. Essas distribuições foram utilizadas no processo de
c. Sexo (Feminino; Masculino). pós-estratificação dos pesos amostrais, de acordo com o
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método ajuste proporcional iterativo, ou raking21. Após o fixa testada (27,7%), quando comparada à proporção nessa
ajuste da ponderação, a coorte fixa geral passou a repre- faixa etária na coorte fixa geral (16,2%).
sentar melhor a distribuição de faixa etária, sexo e esco- A prevalência dos sinais e sintomas relacionadas à CO-
laridade da população brasileira, e a coorte fixa testada VID-19 reduz ao longo dos meses de referência (Figura 2).
passou a se referir à subpopulação brasileira que realizou O sintoma mais frequente é representado pela dor de ca-
testagem com frequência mensal entre julho e novembro beça, e sua prevalência decaiu entre maio (5,0%) e novem-
de 2020. bro (1,6%) de 2020. Na coorte fixa testada, as proporções
Na análise descritiva, foram descritas a frequência ab- de testes positivos coletados através de swab nasal au-
soluta, a frequência relativa ponderada e os respectivos mentaram entre julho (28,3%) e novembro (30,9%). As pro-
intervalos de confiança de 95% (IC95%). As prevalências porções de testes positivos coletados por punção venosa
de sintomas e as proporções de testes positivos foram cresceram entre julho (16,0%) e novembro (18,3%); e a
apresentadas em gráficos de barras. A densidade de in- proporção de testes positivos coletados por punção digital
cidência resultou da divisão entre o número estimado de apresentou um incremento no período entre julho (47,8%)
primeiros eventos e a quantidade de meses contribuídos e novembro (47,2%).
pelos indivíduos de cada grupo (mês-pessoa), multiplica- Com base na função de probabilidade acumulada da
da por mil. ocorrência de falhas (Figura 2), verifica-se que, durante
A significância estatística da associação com o tempo um período de seis meses de seguimento, os novos casos
até a primeira ocorrência de novos casos de COVID-19 e aparentes de COVID-19 ocorreram em 2,4% dos indivíduos
de novos testes positivos para Sars-CoV-2 foi avaliada em que não apresentaram previamente a combinação de sin-
modelo de regressão de Cox, utilizando o método de Bres- tomas, na coorte fixa geral. Na coorte fixa testada, a pro-
low para lidar com empates. O pressuposto de taxas de babilidade acumulada de incidência de testes positivos foi
risco (hazards) proporcionais foi verificado por análise grá- equivalente a 27,1% dos indivíduos sem resultados positi-
fica, na qual a probabilidade acumulada da ocorrência dos vos anteriores.
eventos foi estimada com base na estatística não paramé- Todas as variáveis estudadas foram levadas em consi-
trica de Kaplan-Meier ponderada. deração nos modelos ajustados, no intuito de isolar a mag-
O nível de significância alfa foi estabelecido em 5% nitude da associação entre as exposições e os desfechos
(p<0,05). Todos os dados foram processados, armazena- de variáveis potencialmente confundidoras (Tabela 2).
dos e analisados por meio do software estatístico Stata/MP Diante disso, constata-se que o grupo de brasileiros cujo
versão 17, incluindo o pareamento, a ponderação e a pós- maior grau de escolaridade foi representado pelo ensino
-estratificação da amostra. O módulo survey foi utilizado fundamental completo teve um risco 22% maior de ser
para levar em consideração o desenho amostral complexo considerando um caso sintomático de COVID-19, quando
do inquérito. comparado ao grupo composto pelos brasileiros com ensi-
no superior completo, entre maio e novembro de 2020, in-
Aspectos éticos dependentemente do momento e da região de residência,
Neste estudo, foram utilizados exclusivamente dados da faixa etária, do sexo, da área de moradia e do trabalho
de acesso público, sem identificação individual dos parti- (HR=1,22, IC95% 1,03–1,44). Entre os indivíduos com frequ-
cipantes. As informações fornecidas foram tratadas com ência de testagem mensal, verifica-se que os profissionais
caráter sigiloso desde sua origem e foram empregadas ex- da saúde tiveram um risco 77% maior de apresentarem
clusivamente para fins estatísticos. testes positivos quando comparados aos trabalhadores do
comércio (HR=1,77, IC95% 1,19–2,64).
RESULTADOS
DISCUSSÃO
A “coorte fixa geral” foi constituída pelos 199.999 in-
divíduos que possuíam registros em todas as entrevistas As coortes fixa geral e fixa testada diferiram em rela-
realizadas (n=199.999). A “coorte fixa testada” foi composta ção ao nível educacional, a faixa etária e a categoria de
de uma subpopulação dos 7.832 indivíduos da coorte fixa ocupação, indicando que o acesso frequente à testagem
geral (n=7.832) que realizaram testes mensais entre julho e foi desigual entre os estratos populacionais. A taxa de in-
novembro (Figura 1). cidência de casos sintomáticos divergiu entre categorias
A frequência de ocupações da área da saúde divergiu de região geográfica, sexo, fase da vida, área de moradia,
entre as coortes, sendo maior na coorte fixa testada (11,8%) raça ou cor da pele e escolaridade, enquanto a detecção
quando comparada à proporção da coorte fixa geral (1,8%) viral divergiu segundo o trabalho, a escolaridade e a fai-
(Tabela 1). A proporção de ensino superior completo na coor- xa etária.
te fixa testada (31,2%) foi maior que a proporção desse nível Como limitações deste estudo, cita-se o percentual de
de escolaridade na coorte fixa geral (12,7%), e a maior dife- domicílios na amostra da Pnad que não dispunha de tele-
rença de idade ocorreu na faixa entre 30 e 39 anos na coorte fone, a proporção de entrevistas que não foram pareadas
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Tabela 1. Caracterização sociodemográfica das linhas de base da coorte fixa geral (n=199.999) e da coorte fixa
testada (n=7.832). Brasil, maio/2020.
Coorte fixa geral Coorte fixa testada*
Característica
n % (IC95%) n % (IC95%)
Região
Sudeste 70.529 47,2 (46,5–47,9) 2.701 47,8 (46,1–49,5)
Nordeste 55.064 24,9 (24,4–25,5) 2.451 25,7 (24,6–26,9)
Sul 36.586 14,5 (14,1–14,9) 1.009 10,6 (9,9–11,4)
Centro-Oeste 17.846 6,4 (6,1–6,8) 687 6,8 (5,9–7,9)
Norte 19.974 6,9 (6,7–7,2) 984 9,1 (8,4–9,8)
Faixa etária, em anos
0–9 21.873 13,9 (13,6–14,1) 156 2,6 (2,1–3,3)
10–19 27.012 14,5 (14,3–14,7) 415 5,5 (4,8–6,1)
20–29 25.137 16,2 (15,9–16,4) 1.124 18,0 (16,8–19,3)
30–39 29.441 16,2 (15,9–16,4) 1.911 27,7 (26,2–29,2)
40–49 29.752 13,8 (13,6–14,0) 1.723 21,0 (19,8–22,2)
50–59 28.420 11,3 (11,1–11,5) 1.374 14,3 (13,3–15,3)
60–69 21.698 7,9 (7,7–8,1) 737 6,8 (6,2–7,5)
70–79 11.520 4,3 (4,2–4,4) 276 3,0 (2,5–3,5)
≥80 5.146 2,0 (2,0–2,1) 116 1,2 (0,9–1,5)
Sexo
Feminino 104.764 51,1 (50,9–51,3) 4.233 52,3 (51,0–53,5)
Masculino 95.235 48,9 (48,7–49,1) 3.599 47,7 (46,5–49,0)
Raça ou cor da pele
Branca 89.567 46,0 (45,4–46,6) 3.655 49,3 (47,5–51,2)
Preta 16.215 8,7 (8,4–9,0) 673 9,4 (8,4–10,4)
Amarela 1.259 0,7 (0,7–0,8) 47 0,6 (0,4–0,9)
Parda 92.235 44,2 (43,7–44,8) 3.424 40,3 (38,6–42,0)
Indígena 679 0,3 (0,2–0,3) 30 0,3 (0,2–0,5)
Não declarado 44 <0,1 (<0,1–<0,1) 3 <0,1 (<0,1–<0,1)
Área de residência
Rural 45.651 86,0 (85,6–86,4) 803 93,8 (93,3–94,4)
Urbana 154.348 14,0 (13,6–14,4) 7.029 6,2 (5,6–6,7)
Escolaridade (das pessoas com 25 anos ou mais)
Superior completo ou mais 26.065 12,7 (12,3–13,0) 2.453 31,2 (29,7–32,8)
Médio completo 44.552 23,0 (22,7–23,3) 2.606 34,3 (32,9–35,8)
Fundamental completo 21.068 10,2 (10,0–10,4) 704 9,0 (8,1–10,0)
Fundamental incompleto ou menos 49.200 19,0 (18,7–19,4) 1.147 11,6 (10,7–12,6)
Não se aplica 59.114 35,1 (34,8–35,4) 922 13,8 (12,8–14,9)
Trabalho (das pessoas com 14 anos ou mais)
Comércio 8.660 4,7 (4,5–4,8) 415 5,4 (4,7–6,2)
Saúde 3.477 1,8 (1,7–1,8) 903 11,8 (10,8–12,9)
Transporte 4.072 2,2 (2,1–2,2) 241 3,2 (2,8–3,8)
Alimentação 2.047 1,1 (1,0–1,2) 101 1,4 (1,1–1,9)
Outras prof. nível. superior 11.112 5,6 (5,4–5,8) 939 12,0 (11,0–13,1)
Indústria 11.659 6,4 (6,2–6,6) 500 7,7 (6,9–8,7)
Agropecuária 11.057 3,5 (3,4–3,7) 172 1,5 (1,2–1,8)
Outros serviços 27.493 14,8 (14,5–15,0) 1.974 26,6 (25,2–28,1)
Não declarado 88.150 40,5 (40,2–40,9) 2.326 26,3 (25,0–27,7)
Não se aplica 32.272 19,5 (19,2–19,7) 261 4,0 (3,3–4,8)
n: Frequência não ponderada de observações; %, Proporção de coluna ponderada, referentes ao total populacional estimado para a coorte
fixa geral (Nestim.=210.869.401) e para a coorte fixa testada (Nestim.=8.332.292); IC95%: Intervalo de confiança de 95% para a proporção levando
em consideração a ponderação amostral. *As proporções e os intervalos de confiança de 95% destacados em negrito representam diferenças
estatisticamente significantes entre as proporções da coorte fixa testada e suas análogas da coorte fixa geral.
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Notas:
A questão referente ao sintoma “diarreia” foi inserida a partir do mês de julho, assim como todas as questões sobre testagem.
O caso confirmado por critério clínico de covid-19 na coorte fixa geral foi determinado pela presença de síndrome gripal associada à perda de
olfato ou de paladar, de acordo com o prezado pelo Ministério da Saúde do Brasil.
O teste positivo para Sars-CoV-2 na coorte fixa testada foi determinado pelo relato de um resultado positivo em testes coletados por meio de
punção digital, swab nasal ou punção venosa.
Todos os valores levam em consideração a ponderação amostral.
F(t), função de probabilidade acumulada da ocorrência de falhas, estimada pela estatística não paramétrica de Kaplan-Meier.
Figura 2. Prevalências de sintomas e probabilidade acumulada de incidência de casos de COVID-19 na coorte fixa
geral e proporção de positividade para Sars-CoV-2 e probabilidade acumulada de incidência de teste positivos na
coorte fixa testada, de acordo com o mês de referência. Brasil, 2020.
devido ao preenchimento insuficiente das informações so- todo o Brasil, sendo que a média de testes entre as sema-
bre dia, mês e ano de nascimento e o fato das informações nas epidemiológicas 30 e 50 (19 de julho–12 de dezembro)
sobre os testes para COVID-19 terem sido incluídas ape- foi equivalente a 166.678 testes por semana22. Dessa for-
nas a partir de julho de 2020. Essas limitações foram, em ma, a ausência de questões sobre testagem na Pnad antes
parte, reduzidas pela utilização da ponderação amostral, de julho parece coerente com a situação da baixa realiza-
dada a aplicação de pós-estratificação segundo sexo, idade ção de testes no Brasil. Apesar de esforços para aumentar
e escolaridade, potencialmente aumentando a represen- a capacidade de testagem no país, verificou-se que houve
tatividade dos indivíduos que não tiveram suas datas de escassez de testes e reagentes, resultante da falta de coor-
nascimento informadas ou que não possuíam aparelhos denação e de antecipação das compras de reagentes por
de telefone16,17,19. parte do governo, bem como constatou-se fragmentação
Com relação à testagem, segundo dados oficiais, cons- no financiamento e na distribuição dos testes23.
tata-se que durante a semana epidemiológica 30 de 2020 Segundo nossas estimativas, o maior risco relativo de
(19–25 de julho) foram realizados apenas 1.624 testes em casos de COVID-19 ocorreu na região Centro-Oeste, segui-
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Tabela 2. Contagem estimada de eventos, densidade de incidência e taxa de risco da ocorrência de casos de COVID-19
na coorte fixa geral e de testes positivos de Sars-CoV-2 na coorte fixa testada, segundo aspectos sociodemográficos.
Brasil, 2020.
Caso* Teste positivo†
Dens. incid. Dens. incid.
Característica N. estim. HR (IC95%) HR (IC95%) N. estim. HR (IC95%) HR (IC95%)
(por 1.000 (por 1.000
de eventos‡ não ajustada// ajustada¶ de eventos‡ não ajustada// ajustada¶
mês-pessoa) §
mês-pessoa) §
Região
Sudeste 1.936.518 3,30 1 (ref.) 1 (ref.) 504.702 81,38 1 (ref.) 1 (ref.)
1,38 1,47 0,97 0,93
Nordeste 1.386.595 4,56 239.761 79,05
(1,21–1,57) (1,29–1,68) (0,77–1,21) (0,74–1,17)
1,03 1,09 0,96 0,91
Sul 617.021 3,40 107.649 77,71
(0,89–1,2) (0,94–1,28) (0,74–1,24) (0,7–1,18)
1,99 2,20 1,29 1,32
Centro-Oeste 491.692 6,58 78.663 111,32
(1,67–2,37) (1,84–2,62) (0,92–1,81) (0,95–1,84)
1,79 1,80 0,97 0,98
Norte 509.362 5,92 89.325 79,15
(1,54–2,08) (1,55–2,09) (0,75–1,26) (0,76–1,27)
Fase da vida
Idoso 508.756 2,82 1 (ref.) 1 (ref.) 96.938 64,40 1 (ref.) 1 (ref.)
1,81 1,67 1,22 1,24
Meia-idade 1.577.973 5,11 341.582 80,58
(1,61–2,03) (1,47–1,89) (0,95–1,55) (0,95–1,61)
1,94 1,83 1,37 1,49
Adulto jovem 2.169.513 5,50 523.464 92,60
(1,73–2,17) (1,60–2,09) (1,07–1,77) (1,11–2,00)
1,07 1,65 0,73 0,94
Adolescente 543.610 3,01 32.911 46,41
(0,91–1,25) (1,29–2,11) (0,46–1,15) (0,49–1,78)
0,29 0,78 1,08 1,16
Criança 141.338 0,84 25.206 72,19
(0,23–0,38) (0,53–1,14) (0,57–2,03) (0,38–3,53)
Sexo
Masculino 2.027.863 3,35 1 (ref.) 1 (ref.) 480.551 81,96 1 (ref.) 1 (ref.)
1,38 1,35 1,00 0,96
Feminino 2.913.327 4,64 539.549 81,84
(1,29–1,48) (1,25–1,45) (0,87–1,15) (0,83–1,10)
Raça ou cor da pele
Branca 2.016.966 3,53 1 (ref.) 1 (ref.) 529.962 81,66 1 (ref.) 1 (ref.)
1,23 1,07 0,99 0,55
Parda 2.351.543 4,34 389.233 81,41
(1,12–1,35) (0,97–1,18) (0,83–1,19) (0,17–1,81)
1,38 1,18 1,13 1,03
Preta 519.712 4,88 95.425 94,51
(1,19–1,61) (1,01–1,38) (0,82–1,54) (0,76–1,38)
0,94 0,86 0,57 0,55
Amarela 30.730 3,33 4.892 44,69
(0,57; 1,56) (0,52; 1,43) (0,18–1,82) (0,17–1,81)
1,86 1,4
Indígena 21.635 6,59 587 9,01 ... ...
(1,13–3,07) (0,84–2,31)
Área de residência
Rural 524.516 3,02 1 (ref.) 1 (ref.) 46.932 69,72 1 (ref.) 1 (ref.)
1,38 1,38 1,17 1,26
Urbana 4.416.674 4,17 973.168 82,60
(1,2–1,59) (1,2–1,6) (0,85–1,62) (0,88–1,81)
Escolaridade (das pessoas com 25 anos ou mais)
Superior completo
769.776 4,92 1 (ref.) 1 (ref.) 355.507 78,07 1 (ref.) 1 (ref.)
ou mais
1,10 1,15 1,18 1,32
Médio completo 1.513.699 5,40 361.675 94,99
(0,97–1,24) (1,00–1,32) (0,98–1,42) (1,09–1,61)
1,02 1,22 1,06 1,26
Fund. completo 624.464 5,00 85.611 84,84
(0,87–1,19) (1,03–1,44) (0,75–1,51) (0,89–1,78)
Fund. incompleto 0,83 1,13 1,04 1,37
955.004 4,08 103.326 83,16
ou menos (0,72–0,95) (0,96–1,32) (0,81–1,35) (1,02–1,83)
Trabalho (das pessoas com 14 anos ou mais)
Comércio 304.612 4,60 1 (ref.) 1 (ref.) 53.009 74,33 1 (ref.) 1 (ref.)
1,46 1,42 1,60 1,77
Saúde 165.203 6,22 154.737 127,45
(1,11–1,92) (1,08–1,87) (1,09–2,35) (1,19–2,64)
0,86 0,98 1,09 1,03
Transporte 120.816 3,66 30.165 82,42
(0,65–1,12) (0,75–1,29) (0,62–1,9) (0,59–1,8)
Continua...
Desigualdades sociodemográficas da COVID-19 na Pnad, 2020. Rev Bras Epidemiol. 2024; 27: e240012 8
www.scielo.br/rbepid https://doi.org/10.1590/1980-549720240012.2
Tabela 2. Continuação.
Caso* Teste positivo†
Dens. incid. Dens. incid.
Característica N. estim. HR (IC95%) HR (IC95%) N. estim. HR (IC95%) HR (IC95%)
(por 1.000 (por 1.000
de eventos‡ não ajustada// ajustada¶ de eventos‡ não ajustada// ajustada¶
mês-pessoa)§ mês-pessoa)§
0,91 0,9 2,07 1,99
Alimentação 63.718 3,64 20.011 181,39
(0,66–1,25) (0,65–1,24) (1,13–3,81) (1,11–3,58)
Outras prof. nível. 0,97 1,1 1,11 1,26
357.585 4,51 146.823 83,03
superior (0,79–1,20) (0,88–1,37) (0,75–1,63) (0,84–1,91)
0,83 0,92 1,08 1,01
Indústria 348.516 3,83 68.016 81,08
(0,68–1,01) (0,75–1,13) (0,67–1,72) (0,64–1,61)
0,44 0,56 1,29 1,34
Agropecuária 102.627 1,87 16.387 101,49
(0,33–0,57) (0,43–0,74) (0,47–3,56) (0,51–3,52)
1,12 1,14 0,96 0,94
Outros serviços 1.075.569 5,47 242.537 70,79
(0,94–1,33) (0,96–1,35) (0,67–1,37) (0,66–1,35)
0,80 0,91 1,02 1,15
Não declarado 2.128.377 3,99 255.415 76,07
(0,68–0,94) (0,77–1,08) (0,7–1,47) (0,79–1,68)
Notas: Os resultados da categoria “Não se aplica” das variáveis escolaridade e trabalho e da categoria “Não declarado” da variável raça ou cor
da pele foram omitidos por sua baixa precisão. Os resultados da categoria “Indígena” na coorte fixa testa foram omitidos devido ao tamanho
amostral pequeno. *Caso confirmado por critério clínico de covid-19 na coorte fixa geral, determinado pela presença de síndrome gripal associada
à perda de olfato ou de paladar; †Teste positivo para Sars-CoV-2 na coorte fixa testada, determinado pelo relato de um resultado positivo em
testes coletados por meio de punção digital, swab nasal ou punção venosa; ‡Número estimado de eventos na coorte fixa geral, de junho a
novembro de 2020 (Nestim.=210.869.401) e na coorte fixa testada, de agosto a novembro de 2020 (Nestim.=8.332.292); §Densidade de incidência
não ajustada, resultante da divisão entre o número estimado de primeiros eventos e a quantidade de meses contribuídos pelos indivíduos de
cada grupo (mês-pessoa), multiplicada por 1.000; //Razão de taxas de risco (hazard ratio, HR) e intervalo de confiança de 95% (IC95%), obtidos
por regressão de Cox simples; ¶Razão de taxas de risco (hazard ratio, HR) e intervalo de confiança de 95% (IC95%), obtidos por regressão de Cox
ajustada para todas as variáveis sociodemográficas apresentadas.
da pela Norte e Nordeste, quando comparadas à região Su- Entre maio e novembro de 2020, verificou-se maior
deste. Este ordenamento foi similar ao observado em no- risco de casos clínicos aparentes de COVID-19 entre os
tificações oficiais até a semana epidemiológica 50 de 2020 brasileiros das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste,
(6–12 de dezembro), nas quais foram informados maiores especialmente entre mulheres, residentes em áreas urba-
coeficientes de incidência para a região Centro-Oeste, se- nas, pessoas com escolaridade até o ensino fundamental e
guida da região Norte, Nordeste, Sul e Sudeste22. ensino médio, com a cor da pele declarada como preta e
O grupo do sexo feminino apresentou maior risco de trabalhadores da área da saúde. Já segundo a ocorrência
casos segundo a combinação de sintomas autorreferidos, de testes positivos para o Sars-CoV-2, entre julho e novem-
mas não segundo a positividade. Em comparação a indi- bro de 2020, houve maior risco nos grupos compostos por
víduos do sexo masculino, percebe-se as mulheres mais adultos jovens, sem instrução e com ensino médio comple-
atentas ao seu autocuidado24 e com pior autoavaliação to e com ocupações relacionadas à saúde e à alimentação.
de seu estado de saúde25. Assim, o grupo do sexo femi- Mediante a ampliação do escopo da Pnad, demonstrou-se
nino pode ter contado com indivíduos mais atentos aos o potencial do reuso de inquéritos para a inteligência epi-
seus sintomas, reportando-os de forma mais fidedigna. demiológica nacional, haja vista a riqueza do ecossistema
Foram observadas menores incidências na fase idosa, coe- de dados públicos do Brasil.
rentemente com a quantidade massiva de campanhas vol-
tadas à prevenção do contágio nesta faixa etária26. REFERÊNCIAS
Entre os indivíduos que declararam possuir a cor da
1. Freitas MPS, Antonaci GA. Sistema integrado de pesquisas
pele preta, houve maior risco da ocorrência de casos clí-
domiciliares: amostra mestra 2010 e amostra da PNAD
nicos, mas não de testes positivos. A maior ocorrência
contínua. Rio de Janeiro: IBGE; 2014.
da combinação de sintomas que representa um caso
clínico pode ser explicada por desigualdades materiais, 2. Brasil. Ministério da Economia. Instituto Brasileiro de
relacionadas a condições de moradia precarizadas e com Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas. Coordenação
alta densidade habitacional27. Além disso, condições de de Trabalho e Rendimento. Pesquisa nacional por amostra
saúde subjacentes mais prevalentes nessa população po- de domicílios: PNAD COVID19. Maio/2020: resultados mensal.
dem ter influenciado na gravidade e, consequentemen- Rio de Janeiro: IBGE; 2020.
te, na percepção do quadro sintomático da COVID-1928. 3. Penna GO, Silva JAA, Cerbino Neto J, Temporão JG,
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Desigualdades sociodemográficas da COVID-19 na Pnad, 2020. Rev Bras Epidemiol. 2024; 27: e240012 10
www.scielo.br/rbepid https://doi.org/10.1590/1980-549720240012.2
ABSTRACT
Objective: To verify the association between sociodemographic factors and the time until the occurrence of new cases of COVID-19
and positive tests for SARS-CoV-2 in Brazil, during the period from May to November 2020, based on a cohort of Brazilians participating
in the COVID-19 National Household Sample Survey. Methods: A concurrent and closed cohort was created using monthly data from
the PNAD COVID-19, carried out via telephone survey. A new case was defined based on the report of the occurrence of a flu-like
syndrome, associated with loss of smell or taste; and positivity was defined based on the report of a positive test, among those who
reported having been tested. Cox regression models were applied to verify associations. The analyzes took into account sample
weighting, calibrated for age, gender and education distribution. Results: The cumulative incidence of cases in the overall fixed cohort
was 2.4%, while that of positive tests in the fixed tested cohort was 27.1%. Higher incidences were observed in the North region, in
females, in residents of urban areas and in individuals with black skin color. New positive tests occurred more frequently in individuals
with less education and healthcare workers. Conclusion: The importance of prospective national surveys is highlighted, contributing
to detailed analyzes of social inequalities in reports focused on public health policies.
Keywords: Sociodemographic factors. COVID-19. Demographic surveys. Cohort study. Survival analysis.
CONTRIBUIÇÕES DOS AUTORES: Aguiar, I.W.O.: Análise formal, Conceituação, Curadoria de dados, Escrita – primeira redação, Investigação, Metodologia. Pinto
Júnior, E.P.: Escrita – revisão e edição, Metodologia, Validação, Visualização. Kendall, C.: Conceituação, Recursos, Supervisão. Kerr, L.R.F.S.: Conceituação, Escrita
– revisão e edição, Investigação, Metodologia, Recursos, Supervisão.
FONTE DE FINANCIAMENTO: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Brasil –
Código de Financiamento 001.
Desigualdades sociodemográficas da COVID-19 na Pnad, 2020. Rev Bras Epidemiol. 2024; 27: e240012 11