Studocu - Resumos
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Fisiologia Animal
Organização do Corpo.
Apesar de cada célula ser capaz de garantir os seus próprios processos de vida básicos, há vários
tipos de células especializadas para desempenhar determinadas funções importantes para que
o corpo opere como um todo. Assim as células estão dependentes umas das outras.
No corpo humano, as células estão agrupadas formando tecidos, este por sua vez, quando
agrupados vão formar órgãos, que, quando trabalham juntos, dão origem a um sistema de
órgãos.
-Neurónios
-Células Musculares
-Células Epiteliais
As células epiteliais são encontradas no epitélio que consiste numa continua camada de células
combinada com uma camada subjacente de material não celular chamada membrana basal.
Dependendo do epitélio em questão, a camada celular pode ser formada por uma ou mais folhas
celulares, e as células podem variar na forma e no tamanho. No entanto em todos os casos, as
células juntam-se perto umas das outras formando uma barreira que previne que o material de
um dos lados do epitélio passe para o outro livremente. A cavidade interior que se forma chama-
se geralmente lumen.
O termo tecido conjuntivo refere-se a qualquer estrutura cuja principal função é fornecer
suporte físico a outras estruturas para as manter no sitio ou para as mantem juntas, este tecido
também tem funciona como eu meio de comunicação entre células.
Numa regra geral células do mesmo típico têm uma tendência para se manterem juntas. As
células que se agregam e tendem a desempenhar uma função semelhante formam tecidos ou
seja existem tecidos nervosos, tecidos musculares, tecido epiteliais e tecidos conjuntivos. Os
tecidos combinados desenvolvem estruturas, órgãos, que desempenham funções particulares.
Ambiente externo
Existe uma camada de tecido epitelial que separa o ambiente interno do corpo do ambiente
externo.
Ambiente interno
Homeostasia
O corpo tem vários mecanismos para manter as condições do ambiente interno apesar das
variações do ambiente externo estes mecanismos fazem parte da regulação homeostática. Esta
estabilidade/equilíbrio das condições do ambiente interno é denominada Homeostasia.
A manutenção de um ambiente interno constante com tudo que as células necessitam para
sobreviver é extremamente importante porque estão continuamente sujeitas a potenciais
mudanças disruptivas originadas quer pelo meio externo quer pelo meio interno.
temperatura corporal sobe, ou desce, é desencadeada uma resposta que dá inicio á libertação
de calor ou geração de calor. Quando a concentração de dióxido de carbono aumenta os
pulmões são estimulados de modo a aumentarem a sua atividade para o expelir.
-Feedback positivo: reação que produz um efeito com a intenção de agravar a condição
desfavorável. Por exemplo, nos nervos um potencial elétrico limiar desencadeia um potencial
de ação muito mais elevado.
Para ocorrer esta regulação, as células têm que realizar trocas de solutos e solventes com o meio
intersticial. Posto isto, a membrana plasmática tem um papel fundamental uma vez que se fosse
totalmente permeável a estas substancias não seria possível realizar esta regulação e as células
não seriam capazes de captar os nutrientes que necessitam nem de excretar produtos
indesejáveis. Portanto a permeabilidade seletiva da membrana é extremamente importante
para assegurar a comunicação e regulação da entrada e saída de substancias conforme as
necessidades da célula.
Transportes transmembranares
-Tipos de transportes:
O transporte de solutos por ser feito por difusão simples em que o soluto simplesmente se
difunde pela membrana plasmática a favor do gradiente de concentração sem envolver gastos
de ATP nem proteínas transportadoras e, por isso, depende da permeabilidade da membrana
plasmática.
O transporte também pode ser mediado, ou seja, feito com a ajuda de proteínas
transportadoras como canais ou bombas, este tipo de transporte pode envolver o gasto de ATP
(ativo) ou não (passivo).
-Transporte ativo primário: as proteínas que realizam este tipo de transporte funcionam
como transportadores, mas também como enzimas sendo que a maioria catalisa a hidrolise de
ATP (ATPases). As bombas de sódio potássio são um exemplo deste transporte, esta bomba tem
3 locais de ligação de sódio e 2 locais de ligação de potássio, usando ATP para transportar
diretamente os iões sódio para fora da célula e os iões potássio para dentro.
-Endocitose:
Gradiente eletroquímico
Estes gradientes normalmente são de origem iónica e são um tipo de energia potencial
disponível para executar trabalho.
Sistema Nervoso
Este sistema pode ser dividido em duas partes anatómicas principiais, o sistema nervoso central
e o sistema nervoso periférico.
O sistema nervoso central (CNS) consiste no cérebro e na medula espinal e a sua função é
receber e processar a informação sensorial proveniente de alterações no meio interno e externo
gerando uma resposta e enviando essa informação para os órgãos apropriados.
O sistema nervoso periférico (SNP) consiste em neurónios que permitem a comunicação entre
o sistema nervoso central e os órgãos. Este sistema pode ser dividido em duas categorias:
aferente e eferente.
Existem ainda neurónios interneuronais que estão localizados no SNC e desempenham todas as
funções do mesmo incluindo processamento da informação sensorial, mas também criar e
enviar comandos aos órgãos efetores.
As células do sistema nervoso podem pertencer a duas classes: neurónios, que são as unidades
funcionais do sistema nervoso e células da glia. Os neurónios são células excitáveis que
comunicam através da transmissão de impulsos elétricos, ou seja, são capazes de produzir
rapidamente um sinal elétrico amplo chamado potencial de ação. As células da glia
providenciam vários tipos de suporte aos neurónios, incluindo suporte estrutural e metabólico.
Estas podem ser de cinco tipos, oligodendrócitos (produzem mielina a partir de lípidos e
proteínas), células de Scnwann (promovem a reparação do SNP), astrócitos (ligam neurónios e
vasos sanguíneos, com função nutritiva no SNC), microglia (macrófagos especializados, capazes
de fagocitar protegendo os neurónios) e células epiteliais (revestimento).
-Neurónios
-Dendrites: extensões do
corpo celular que recebem a
informação de outras células
nervosas.
-Axónio: local onde se gera o potencial de ação que é transmitido. O axon hillock é o local
onde se gera o potencial de ação que é transmitido ao terminal do axónio que é especializado
em libertar neurotransmissores quando é atingido o potencial de ação, os neurotransmissores
transmitem o sinal até ao neurónio pós sináptico, normalmente á dendrite de outro neurónio
ou ás células de um órgão efetor. O neurónio que liberta o neurotransmissor é chamado pré
sináptico. Para o axónio realizar a sua função deve ter enzimas para sintetizar os
neurotransmissores, transportadores de moléculas para transportar os neurotransmissores ou
outras substancias através da membrana e vesiculas para armazenar os neurotransmissores ate
que um potencial de ação ative a exocitose.
Como cada região geralmente tem funções especializadas tendem a ter diferentes tipos de
canais. A abertura e fecho dos canais altera a permeabilidade da membrana plasmática o que
resulta numa mudança das propriedades elétricas das células ou na libertação do
neurotransmissor.
Quando a célula esta em repouso, ou seja, não esta a receber nem a transmitir nenhum sinal, o
potencial dentro da célula é negativo relativamente ao exterior gerando uma diferença de
potencial. O potencial de repouso da membrana é cerca -70mV. Os neurónios comunicam
através da geração de sinais elétricos na forma de mudanças do potencial da membrana que
leva á libertação de um neurotransmissor que transmite o sinal a outra célula.
Quando um ião é transportado ativamente através da membrana significa que este não esta em
equilíbrio. A bomba de sódio/potássio cria gradientes de concentração para os iões sódio e
potássio uma vez que transporta e iões sódio para fora da célula e dois iões de potássio para
dentro por cada molécula de ATP hidrolisada. Os iões de sódio ficam mais concentrados fora da
célula criando uma força química que “puxa” os iões de sódio para dentro da célula. No caso dos
iões potássio, a concentração é mais elevada dentro da célula o que resulta numa tendência
para estes saírem. Estas tendências destes iões saírem e entrarem na célula bem como as
diferentes permeabilidades da membrana plasmática para estes dois iões estabelecem o
potencial de repouso.
Os neurónios têm este gradiente de iões e os canais de sódio e potássio que tornam a membrana
permeável a estes iões, no entanto o número de canais de potássio abertos é muito mais
elevado que o número de canais de sódio abertos. Quando não existe potencial os iões de
potássio têm tendência para deixar a célula enquanto os iões de sódio entram, mas em menor
quantidade, consequentemente o interior da célula fica com um potencial cada vez mais
negativo, no entanto o potencial não diminui indefinidamente uma vez que quanto mais
negativo for o potencial da membrana no meio intracelular, maior é a força elétrica que atrai
cargas positivas para dentro da célula, assim o fluxo de iões potássio para fora da célula diminui
contrariamente ao que acontece ao fluxo de iões sódio. A determinada altura o fluxo de iões
iguala-se e não há entrada nem saída de cargas positivas atingindo -se o potencial de repouso.
Nos neurónios a transmissão do sinal é feita devido a alterações do potencial da membrana que
ocorrem devido a gated channels que abrem e fecham em resposta a um estimulo particular
alterando a permeabilidade da membrana para a passagem de um ião especifico.
-Graded Potencials
Os graded potencials são pequenas alterações no potencial de membrana que ocorrem quando
os canais de iões abrem ou fecham em resposta ao estimulo. O estimulo é produzido por um
neurotransmissor que se liga a recetores nas dendrites ou no corpo celular do neurónio. A
magnitude da mudança do potencial pode variar com a força do estimulo, ou seja, quanto mais
forte for o estimulo (quantos mais neutransmissores ligados aos recetores) maior a alteração do
potencial.
Estes potenciais podem ser propagados, no entanto apenas ao longo de pequenas distâncias
uma vez que se vai dissipar. Quando ocorre a mudança de potencial num determinado local da
membrana é gerada uma diferença de potencial dentro do meio intra e extracelular. Os graded
potencials criam uma separação de cargas que gera uma corrente de fluidos que se
movimentam até áreas adjacentes da membrana causando uma carga de tensão. A dissipação
da voltagem pelo movimento passivo de cargas é chamada condução elétrica. Como o graded
potencial é propagado do local onde ocorreu a estimulação para uma área maior e algum ate
atravessa a membrana há uma dissipação do potencial com consequente diminuição em relação
ao potencial no local onde ocorreu o estimulo.
Alguns graded potencials são despolarizantes enquanto outros são hiperpolarizantes. A direção
da carga depende do neurónio em questão, do estimulo aplicado e dos canais que fecham e
abrem em resposta ao estimulo. Estes potenciais geram potenciais de ação quando
despolarizam um neurónio até este atingir um certo nível de potencial de membrana chamado
limite, ou seja, um valor critico de potencial de membrana que deve ser alcançado ou excedido
quando um potencial de ação é gerado. Assim, potenciais que que despolarizam a membrana
são descritos como excitatórios uma vez que aproximam o potencial da membrana do limite
enquanto que os potenciais hiperpolarizantes são inibitórios já que têm um efeito contrário e
afastam estes dois potenciais.
-Potencial de Ação
-Despolarização: nesta fase o potencial de ação é uma rápida despolarização durante a qual
o potencial de membrana muda de -70mV para +30mV. Esta despolarização é causada pelo
aumento da permeabilidade da membrana aos iões sódio que entram para a célula.
Durante a propagação do potencial de ação os portões dos canais ser ativadores ou inativadores.
Quando são ativadores são responsáveis pela abertura dos canais de sódio e consequente
despolarização da membrana. No entanto quando são inativados são responsáveis pelo fecho
dos canais durante a repolarização. No caso dos canais de sódio podem ter três conformações:
-Fechado, mas capaz de abrir: durante a fase de repouso o portão inativador está aberto e
o portão ativador fechado. Nesta fase o canal está fechado, mas é capaz de abrir devido a um
estimulo despolarizante.
-Aberto: durante a despolarização, o portão ativador abre permitindo que os iões de sódio
atravessem a membrana para dentro da célula.
-Período refratário relativo: durante este período é possível gerar uma resposta a um
segundo estimulo, mas só se esse for mais forte que o primeiro para conseguir abrir suficientes
canais de sódio de modo a que o fluxo de sódio seja superior o fluxo de potássio para fora da
célula.
-Propagação do sinal.
Sinapses
-Sinapses elétricas: ocorrem entre dois neurónios ou entre neurónios e células gliais. Neste
tipo de sinapses as membranas das células adjacentes estão ligadas por gap junctions tal que
quando um sinal elétrico é gerado é transferido diretamente para a célula adjacente por meio
de um fluxo de iões através da gap junction. Esta comunicação é muitas vezes bidirecional,
apesar de algumas gap junctions apenas permitirem o fluxo de iões numa direção. A
comunicação pode ser excitatória ou inibitória na mesma sinapse.
Os neurotransmissores podem ser degradados por enzimas na membrana das células pós-
sinápticas, pré-sinápticas ou de células gliais próximas, outros neurotransmissores são
transportados ativamente para o neurónio pré-sináptico e uma vez dentro do neurónio são
degradados e os produtos são reciclados. As moléculas de neurotransmissores podem ainda
difundir-se para fora da fenda sináptica.
-Mecanismo envolvido nas sinapses químicas: uma resposta rápida ocorre quando um
neurotransmissor se liga a um recetor ionotrópico gerando uma alteração no potencial de
membrana chamado potencial pós-sináptico (PPS), que ocorre e termina rapidamente porque o
canal fecha assim que o neurotransmissor deixa o recetor. Uma resposta lenta ocorre quando é
mediada por proteínas G (serve como acoplamento direto entre o recetor e o canal iónico ou
pode inibir ou estimular um mensageiro secundário sendo que este irá afetar o estado do canal)
que se ligam a recetores metalotrópicos. Os canais iónicos regulados por este mecanismo têm
o mesmo efeito que os recetores ianotrópicos, uma vez que ambos regulam a abertura de canais
iónicos alterando a permeabilidade da membrana pós-sináptica e consequentemente alterando
o potencial da membrana.
-Resposta rápida: é causada pela ligação de neurotransmissores aos seus recetores na célula
pós-sináptica, levando á abertura de canais que permitem a passagem de pequenos catiões.
-Resposta lenta: pode ser causada por vários mecanismos, tais como pelo fecho dos canais
de potássio pelo cAMP. Quando o neurotransmissor se liga ao recetor e ativa a proteína G que
por sua vez vai ativar a adenilato ciclase, esta enzima produz cAMP (mensageiro secundário) que
ativa a proteína cinase A. Esta enzima catalisa a adição de um grupo fosfato ao canal de potássio,
fechando-o.
Integração Neuronal
O axónio de um neurónio pode ter comunicação colateral com vários neurónios num arranjo
chamado divergente, os neurónios podem também receber informação de vários neurónios
(convergência).
Quando dois ou mais potenciais pós-sinápticos são gerados ao mesmo tempo, estes são
normalmente sobrepostos tal que, a despolarização ou hiperpolarização resultante é maior que
para um único potencial pós-sináptico. No somatório espacial, dois ou mais potenciais pós-
sinápticos originários de sinapses diferentes gerados aproximadamente ao mesmo tempo
sobrepõem-se.
Modulação pré-sináptica
Neurotransmissores
lentas para além disso também se ligam a autorecetores da célula que os liberta regulando a
sua própria libertação geralmente devido á alteração da quantidade de cálcio que entra para a
célula em resposta a um potencial. Estes neurotransmissores são degradados pela MAO
localizada na fenda sináptica, na mitocôndria do axónio e em algumas células gliais, e pela COMT
uma enzima presente também na fenda sináptica.
O sistema nervoso autónomo enerva a maioria dos órgãos efetores, incluindo o músculo
cardíaco, o músculo liso, glândulas e tecido adiposo. Cada órgão tem terminais nervosos do
sistema nervoso simpático e parassimpático que crescem a partir do SNC, mas em locais
diferentes. O sistema nervoso parassimpático é mais ativo durante situações de repouso. Por
outro lado, o sistema nervoso simpático é mais ativo durante períodos de excitação ou atividade
física (fight-or-fight). Neste ultimo caso a taxa da contração cardíaca aumenta e a energia
armazenada é utilizada.
Os recetores colinérgicos nicotínicos estão localizados nos corpos celulares e dendrites dos
neurónios pós-gangliónicos simpáticos e parassimpáticos, no músculo esquelético e células da
medula adrenal. Os recetores colinérgicos muscarínicos são encontrados em órgãos efetores do
sistema nervoso parassimpático.
Uma sinapse entre um neurónio efetor e um órgão efetor é chamada de junção neuroefetora.
Os neurotransmissores são libertados por varicosidades nos axónios dos neurónios pós-
gangliónicos. Dentro destas varicosidades, os neurónios são sintetizados e armazenados em
vesiculas. A membrana na região de cada varicosidade contém canais de cálcio que abrem
quando o potencial de ação chega a uma varicosidade, permitindo que o cálcio entre para o
citosol estimulando a libertação de neurotransmissores por exocitose.
As principais áreas do cérebro que regulam a função autónoma incluem o hipotálamo, tecido
que conecta a medula e o hipotálamo e a medula oblongata. Esta ultima contém os centros de
regulação cardiovascular e respiratória que controlam o coração, vasos sanguíneos e o musculo
liso nas vias respiratórias e regula os padrões automáticos de respiração.
Músculo Esquelético
O músculo esquelético tem uma aparência estriada, estas estrias são formadas pelo arranjo
ordenado de fibras proteicas na miofibrila chamadas filamentos grossos (miosina) ou finos
(actina) que se alinham paralelamente ao longo do axónio. O sarcómero é a unidade
fundamental das miofibrilas.
Cada sarcómero esta delimitado por linhas Z que sã o ponto de ancoragem dos filamentos finos.
Os filamentos grossos no sarcómero estão
conectados através de linhas M que são também
perpendiculares ao eixo. Ao microscópio podem
ser observadas 3 bandas, a banda A, H e I. A
banda A é a mais escura devido á presença de
filamentos grossos, no meio desta banda é
possível observar uma outra, a banda H que tem
uma cor mais clara porque só estão presentes
filamentos grossos. A região mais clara é a banda
I e a sua cor deve-se á existência de filamentos
finas sem sobreposição de filamentos grossos.
Cada monómero de actina (G-actina) tem um local de ligação para a miosina. As G-actinas ligam-
se umas as outras cauda-cauda formando cadeias chamadas F-actinas. Duas destas cadeias são
arranjadas em dupla hélice formando as cadeias de actina encontradas nos filamentos finos.
Nestes filamentos estão presentes duas proteínas reguladoras, a tropomiosina (bloqueia os
locais de ligação da miosina no músculo em repouso) e a troponina (complexo de três proteínas
das quais uma esta ligada á cadeia de actina, outra á tropomiosina e a terceira contém um local
de ligação onde o cálcio se vai ligar reversivelmente).
-Ciclo das pontes cruzadas: no centro deste mecanismo está um movimento oscilante das
pontes cruzadas de miosina que é alimentado pela hidrolise de ATP. O movimento oscilante
deve-se a alterações na conformação da miosina. Estas alterações conformacionais não só
afetam a posição das cabeças, mas também alteram a sua capacidade de ligação aos monómeros
de actina e o teor energético das moléculas de miosina. Inicialmente a miosina na sua forma
mais energética, ou seja, tem ADP e Pi ligados á ATPases presente na sua cabeça, tem uma
grande afinidade para a actina, assim a miosina liga-se ao monómero de actina do filamento fino
adjacente, este passo só ocorre na
presença de cálcio. A ligação da
miosina á actina ativa a libertação
do Pi ligado á ATPase. Durante este
processo, a cabeça de miosina gira
em direção ao sarcómero, puxando
o filamento fino junto com ele. O
ADP é libertado e a miosina passa
para a conformação de menor
energia, neste estado a miosina e a
actina estão ligadas. Para que a
miosina e a actina se desliguem, há
a ligação de uma molécula de ATP
á ATPases desencadeando uma
mudança conformacional na cabeça de miosina diminuindo a sua afinidade para a actina. Depois
de se ligar á ATPase, o ATP é hidrolisado em ADP e Pi libertando energia. Alguma desta energia
é absorvida pela miosina que passa para a conformação de maior energia.
Quando o músculo está relaxado, a concentração de cálcio no citosol é muito baixa e ocorrem
poucas ligações entre o cálcio e a troponina. Como resultado, a troponina encontra-se na sua
posição de repouso e a tropomiosina está posicionada nos filamentos finos de um modo que
bloqueia a ligação da miosina á actina não ocorrendo o ciclo das pontes cruzadas. A
concentração de cálcio no citosol é baixa uma vez que a membrana do reticulo sarcoplasmático
tem uma bomba que transporta ativamente os iões cálcio para dentro do reticulo, existem
também canais de cálcio sensíveis á voltagem na membrana do reticulo impedindo que o cálcio
saia do RS. Um potencial de ação no túbulo T ativa a libertação de cálcio do RS. O cálcio pode-se
ligar a locais específicos na membrana do reticulo induzindo a libertação de mais cálcio, á
medida que a concentração de cálcio aumenta no citosol este liga-se á troponina provocando
uma mudança conformacional, ligando-se aos monómeros de actina expondo os locais de
ligação da miosina na actina permitindo a sua ligação e a iniciação do ciclo das pontes cruzadas.
Durante uma contração isotónica, o músculo gera uma tensão constante maior do que
quaisquer forças que se oponham e o comprimento do músculo altera-se.
Durante uma contração isométrica, o músculo gera uma tensão, mas mantém mesmo
comprimento porque a carga é maior que a força gerada pelo músculo.
Sistema Cardiovascular
O sistema cardiovascular consiste em três partes, o coração que é o músculo que bombeia o
sangue pelos vasos sanguíneos que são as condutas por onde o sangue que é o fluido que
transporta os materiais necessários para as células bem como os produtos provenientes das
mesmas para serem eliminados. O coração desempenha também funções sensoriais e
endócrinas que ajudam a regular variáveis cardiovasculares como a pressão e volume do sangue.
O coração esta dividido em duas camaras superiores, as aurículas, e duas camaras inferiores, os
ventrículos, que geram a força que bombeia o sangue para os vasos tendo que um músculo mais
grosso que as aurículas. Os vasos podem ser dividos em varias classes nomeadamente vasos
capilares, artérias, arteríolas, veias e vénulas. Tanto as veias como as vénulas transportam o
sangue das células de volta para o coração enquanto que as artérias e as arteríolas transportam
o sangue do coração para as células. Os vasos capilares são pequenos vasos onde ocorrem as
trocas entre o sangue e o fluido intersticial. O sangue é constituído por eritrócitos que contêm
hemoglobina sendo transportadores de oxigénio, leucócitos responsáveis pela defesa contra
microrganismos, plaquetas que são fragmentos importantes na coagulação do sangue e plasma
constituído maioritariamente por água contendo proteínas, eletrólitos e outros solutos
dissolvidos.
A circulação sistémica e a circulação pulmonar estão ligadas em série, o que significa que o
sangue que circula na circulação sistémica tem um fluxo paralelo, o mesmo ocorre na circulação
pulmonar uma vez que as artérias se ramificam em arteríolas e estas em capilares. O arranjo
paralelo dos órgãos na circulação sistémica confere duas vantagens. Primeiro porque cada órgão
é alimentado por uma artéria separada, cada uma recebe sangue totalmente oxigenado.
Segundo porque o fluxo sanguíneo para cada órgão pode ser regulado independentemente e
assim ser ajustado de acordo com as alterações metabólicas dos órgãos.
O coração está rodeado por um saco membranoso chamado pericárdio, que contém o fluido
pericardial que lubrifica o coração. A parede do coração é constituída por três camadas:
epicárdio (camada externa de tecido conjuntivo), miocárdio (músculo cardíaco) e endotélio
(células epiteliais).
Quando a pressão nas aurículas é mais elevada que a pressão nos ventrículos, as válvulas
auriculares-ventriculares (AV) abrem, quando a pressão ventricular se torna mais elevada que a
auricular as válvulas AV fecham. A válvula AV esquerda é bicúspida enquanto que a da direita é
tricúspida. Estas válvulas impedem que o sangue flua para trás e permite que este flua para a
frente.
As válvulas semi-lunares abrem quando a pressão ventricular é maior do que a pressão arterial
(quando os ventrículos contraem).
A atividade contrátil do músculo cardíaco é miogénica, uma vez que as contrações são
estimuladas pelo próprio músculo. A capacidade de o coração gerar sinais que estimulam a sua
contração periodicamente chama-se auto-ritmicidade. Existem dois tipos de células auto-
ritmicas: células Pacemaker que iniciam potenciais de ação (estimulo externo) e estabelecem o
ritmo cardíaco e fibras de condução que transmitem potenciais de ação através do coração de
uma maneira coordenada, juntas, estas células formam o sistema de condução.
O sistema de condução causa a despolarização das aurículas que contraem como uma unidade,
de seguida despolarizam os ventrículos contraindo também como uma unidade.
A transmissão rápida de potenciais de ação ocorre através de GAP juntions. As GAP junctions
estão concentradas em discos intercalados que contêm desmossomas, formando uma ligação
física entre os discos que resiste a stress mecânico. Esta propriedade é importante uma vez que
permite ao miocárdio esticar e suportar a tensão gerada cada vez que o músculo contrai.
1- Um potencial de ação é iniciado no nódulo SA. A partir do nódulo SA, o impulso viaja até
ao nódulo AV pela via internodal (dentro da aurícula) e pela via interauricolar (entre
auricolas).
2- O impulso é conduzido ás células pelo nódulo AV, que transmite potenciais de ação mais
lentamente que ás outras células do sistema condutor, provocando um atraso nodal de
0,1 segundos.
3- A partir do nódulo AV, o impulso viaja através do feixe aurículo-ventricular (feixe de His)
localizado no septo interventricular. Os nódulos AV e o feixe de His são as únicas
conexões elétricas entre as aurículas e os ventrículos. ´
4- O sinal viaja uma distância curta através do feixe aurículo-ventricular antes de ser
dividido nos ramos dos feixes direito e esquerdo, que conduzem o impulso aos
ventrículos direito e esquerdo respetivamente.
5- A partir dos ramos dos feixes, os impulsos viajam através das fibras de Purkinje, que se
espalham do miocárdio ventricular para o ápice para cima em direção as válvulas. A
partir destas fibras, os impulsos viajam para o resto do miocárdio.
O nódulo SA tem maior frequência de potenciais de ação do que o nódulo AV. Se o nódulo SA
falhar, o nódulo AV gera um potencial de ação e, se por algum motivo, o nódulo AV falhar,
algumas fibras de Purkinje são capazes de gerar um potencial de ação.
As células pacemaker são capazes de gerar potenciais de ação espontaneamente porque não
têm um estado de repouso estável. Após um potencial de ação, uma célula pacemaker começa
a despolarizar lentamente e continua até o potencial de membrana atingir um limiar, que
estimula outro potencial de ação. A despolarização lenta ocorre devido ao fecho dos canais de
potássio e a abertura de funny channels
(entrada de sódio e saída de potássio). Os
canais de potássio abrem durante a
despolarização e depois fecham quando a
membrana retorna ao seu estado
polarizado. Os funny channels fecham
quando a membrana atinge o potencial
de -55mV. A despolarização inicial
estimula a abertura de canais de cálcio
sensíveis á voltagem chamados canais do
tipo T. A despolarização resultante até ao
limiar estimula a abertura de canais do
tipo L e a entrada de cálcio.
-Fase 0: abertura dos canais de sódio sensíveis á voltagem, aumentando o fluxo de sódio
para dentro da célula.
O estimulo que ativa o potencial de ação nas células do musculo cardíaco propaga-se através
das gap juctions. O potencial de ação espalha-se através da membrana até aos túbulos T
causando que os canais de cálcio sensíveis á voltagem na membrana do reticulo sarcoplasmático
se abram libertando o cálcio para o citosol. O potencial de ação também estimula a abertura de
canais de cálcio sensíveis á voltagem na membrana plasmática permitindo a entrada de cálcio
para a célula. A entrada de cálcio para a célula durante esta fase vai levar a ativação dos canais
de cálcio do RS mantendo-os abertos durante mais tempo. O cálcio citosólico vai provocar a
contração muscular uma vez que se liga á troponina libertando os locais de ligação da miosina
na actina permitindo a ocorrência das pontes cruzadas. Para haver relaxamento muscular o
cálcio tem que ser retirado do citosol. Isto pode ocorrer por via da cálcio ATPases localizada na
membrana sarcoplasmática que transporta ativamente o cálcio para dentro do RS. Este
transportador também está presente na membrana plasmática transportando-o para fora da
célula. O transporte de cálcio para fora da célula também é feita pelo antiportador de Na/Ca.
- Arritmias cardíacas
Ás vezes o coração é despolarizado por um estimulo elétrico que surge fora da via de condução
normal. Uma vez que as células do músculo cardíaco estão ligadas por gap junctions causa-se
uma desporalização extra.
Se a despolarização ocorrer numa aurícula, ocorre uma contração auricular prematura (PAC),
causando a contração do ventrículo. Se a
despolarização ocorrer num ventrículo, ocorre
uma contração ventricular prematura (PVC) e
não ocorre contração auricular antes desta.
Ciclo Cardíaco
Pressão ventricular
Pressão auricular
O aumento da pressão auricular que ocorre no final da diástole indica o inicio da contração
auricular. Este aumento na pressão dura pouco tempo e é seguido por uma série de pequenos
aumentos durante o ciclo cardíaco. Quando a pressão ventricular sobe muito a pressão auricular
desce.
Pressão aórtica
A contínua saída de sangue causa uma diminuição do volume na aorta, diminuindo a pressão
aórtica durante a diástole. Este declínio da pressão aórtica atinge um mínimo (pressão
diastólica). Quando se inicia a fase 2, a pressão aórtica continua a cair brevemente porque a
pressão ventricular ainda não é suficientemente elevada para abrir. Quando a válvula aórtica
abre e a fase de ejeção começa (fase 3), a
pressão aórtica iguala-se á pressão
ventricular uma vez que a aorta e o
ventrículo estão em contacto através da
válvula aórtica e aumenta rapidamente.
Quando o fluxo de sangue a partir do
coração começa a diminuir, a pressão
aórtica atinge um máximo (pressão
sistólica) e depois começa a decrescer. No
fim da sístole, a válvula aórtica fecha
(início da fase 4). Este evento é marcado
por um pico dicrótico na pressão aótica.
A pressão aórtica é maior que a pressão ventricular durante a diástole porque a aorta é capaz
de armazenar pressão durante a sístole.
Volume ventricular
Durante a diástole, o volume de sangue nos ventrículos vai aumentando. Quase no fim da
diástole, um aumento pequeno, mas abrupto no volume reflete o bombeamento de sangue para
os ventrículos como resultado da contração auricular. O volume de sangue no ventrículo no final
da diástole é referido como volume diastólico final (EDV). Este volume não se altera durante a
contração isovolumétrica (fase 2) mas começa a diminuir logo que a válvula aórtica abre no inicio
da ejeção (fase 3). O volume continua a decrescer até que a válvula aórtica fecha no final da fase
3. O volume de sangue no ventrículo no fim da sístole, chamado volume sistólico final (ESV),
representa o volume ventricular mínimo. A diferença entre o EDV e o ESV representa o volume
de sangue ejetado do coração durante um batimento – stroke volume (SV)
A fase 1 representa o enchimento dos ventrículos. O volume sobe até 130 mL enquanto a
pressão apenas sobe ligeiramente.
A fase 2 representa a contração isovolumétrica, com o volume igual a EDV. No inicio da fase 2,
a pressão no ventrículo aumenta excedendo a pressão auricular. A pressão ventricular continua
a subir até exceder a pressão aórtica de modo a abrir a
válvula aórtica e a fase 3 começa.
Apesar das contrações do coração não serem estimuladas por informação proveniente do SNC,
o sistema nervoso regula a taxa e a força da contração muscular. O controlo neuronal do coração
é feito pelo sistema nervoso autónomo. As fibras do sistema nervoso autónomo projetam-se no
sistema de condução e no miocárdio e regulam a frequência cardíaca e o stoke volume. As fibras
podem ser do sistema nervoso simpático ou parassimpático.
1. Aumento da abertura dos canais de cálcio, aumentando a entrada deste ião na célula.
2. Aumento da libertação de cálcio do RS.
3. Aumento da velocidade do ciclo das pontes cruzadas.
4. Aumento do re-uptake de cálcio no RS, aumentando a taxa de relaxamento da célula
contrátil.
Todos estes efeitos influenciam o SN simpático e as células contráteis contraem mais rápido
e mais fortemente.
-Lei de Starling
A função primária do coração é gerar pressão de modo a que o sangue flua pelos vasos
sanguíneos, no entanto nem toda a pressão é produzida pelo coração. Quando o coração
bombeia o sangue para as artérias aumenta a pressão arterial (MAP) criando uma diferença
de pressão entra as artérias e as veias (CVP) gerando um gradiente de pressão. Assim o sangue
flui do local onde a pressão é mais elevada para o local onde ela é mais baixa.
O sangue que flui no circuito pulmonar também está sujeito a uma diferença entre a pressão
das artérias pulmonares e das veias pulmonares, no entanto este gradiente de pressão é
menor que o da circulação sistémica.
- Raio dos vasos: quanto maior for o raio dos vasos menor vai ser a resistência provocada
contra o fluxo de sangue, assim alterações no raio provocam alterações na pressão.
- Comprimento dos vasos: vasos mais longos vão provocar uma resistência maior do que os
vasos mais curtos.
- Viscosidade do sangue: quanto maior a viscosidade do sangue maior vai ser a dificuldade
de este fluir, a viscosidade do sangue vai depender das suas componentes como a
concentração de células ou proteínas.
Apesar de existirem vários fatores o que provoca alterações mais consideráveis é o raio dos
vasos.
As artérias possuem uma grande abundancia de células elásticas que podem contrair os
distender conforme a pressão sanguínea aumenta ou diminui. Assim as artérias para alem de
transportarem o sangue servem também para regular a pressão sanguínea.
A resistência vascular num órgão é alterada devido á contração e relaxação do musculo liso
das arteríolas. Estes vasos podem sofrer vasoconstrição ou vasodilatação em resposta a
fatores intrínsecos alterando a resistência ao fluxo sanguíneo. As mudanças associadas ao
aumento da atividade metabólica geralmente levam á vasodilatação enquanto que a
diminuição leva á vasoconstrição. Quando o fluxo de sangue é suficiente para assegurar as
necessidades metabólicas de um tecido, assim a concentração de oxigénio no sangue é a
quantidade consumida pelas células enquanto que a concentração de dióxido de carbono que
passa das células para o sangue é quantidade produzida pelas células. Num caso de aumento
da atividade metabólica, aumenta o consumo de oxigénio e a produção de dióxido de carbono
diminuindo a taxa de oxigenação dos tecidos (hipoxia) e o sangue não flui o suficiente para
acompanhar a taxa metabólica. A diminuição de oxigénio e o aumento de dióxido de carbona
atua no músculo liso das arteríolas causando o relaxamento (vasodilatação), diminuindo a
resistência e aumentando o fluxo sanguíneo. Este aumento de fluxo que acompanha o
aumento da atividade metabólica é chamado hiperemia ativa. A diminuição da atividade
metabólica leva ao aumento da concentração de oxigénio e diminuição de dióxido de carbono
leva á vasoconstrição e diminuição do fluxo sanguíneo.
O musculo liso das arteríolas tem fibras sensíveis extensíveis que respondem ao esticamento
quando a pressão sanguínea nestes vasos aumenta. Quando estas fibras estão estendidas
estas respondem contraindo-se. A mudança da pressão vascular que ocorre em resposta á
distensão dos vasos é descrita como uma resposta micogénica. O gradiente de pressão que
leva o fluxo sanguíneo a determinado órgão é a pressão de perfusão. Quando esta pressão
aumenta num órgão ou tecido, o fluxo sanguíneo aumenta bem como a pressão arteriolar isto
leva á extensão das paredes arteriolares porque esta condição leva ao aumento da pressão
distensiva. Assim as arteríolas contraem-se aumentando a resistência e diminuindo o fluxo
sanguíneo.
A contratilidade do musculo liso vascular também pode ser afetada por substancias químicas
como o oxido nítrico ou a prostaglandina que aumentam o fluxo sanguíneo.