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Crenças e Crendices Sobre Sexualidade Humana

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Psicologia: Teoria e Pesquisa

Set-Dez 1998, Vol. 14 п. 3, pp. 209-218

Crenças e Crendices Sobre Sexualidade Humana1


Bernardo Jablonski 2
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO - Baseado em estudo anterior (Lourenço, 1993), 385 universitários (idade média, 21 anos e 7 meses) responderam
a questionário sobre crenças e crendices ligadas à sexualidade humana. Embora as respostas de crença tenham predominado,
em pelo menos quatro itens ocorreu o oposto (1, 4, 20 e 21). Igualmente, o número de respostas ligadas a crendices, no todo,
foi relativamente expressivo, considerando-se o nível de escolaridade da amostra. As principais fontes de informação sobre
sexo citadas foram, em ordem decrescente, amigos, revistas e livros, namorados(as), TV e rádio. Outros resultados obtidos
dizem respeito à existência de um expressivo número de jovens do sexo feminino que ingressam virgens nas universidades
(27,5%) e de um inquietante descaso por aqueles que têm uma vida sexual ativa: dos 60% que dizem se precaver contra as
DSTs, menos da metade tomam medidas realmente consideradas eficazes, especialmente aqueles moradores dos subúrbios.

Palavras-chave: sexualidade humana; educação sexual; crenças; psicologia social.

Beliefs and Misbeliefs About Human Sexuality


ABSTRACT - Based on a study carried out by Lourenço (1993), 385 college students (average age 21 years and 7 months)
answered a questionnaire examining beliefs and misbeliefs concerning sexuality. As in the previous study, responses related to
beliefs predominated, except in items 1,4, 20 and 21. The total number of responses related to misbeliefs was relatively
expressive, particularly considering that the subjects were college students. The main cited sources of information about sex
were (in decreasing order) friends, magazines and books, boy/girlfriends, TV and radio. Others results showed a substantial
percentage of female virgins (27,5%) and a worrying lack of concern in preventing sexually transmitted diseases (STDs): of
the 60% who claimed to take precautions against STDs, less than half did in fact take effective measures, specially those who
lived in the suburbs.

Key words: human sexuality; sex education; beliefs; social psychology.

O recrudescer do interesse na questão da sexualidade pação feminina, aos avanços tecnológicos e à difusão da
deve-se, entre outras causas, ao surgimento e propagação da psicanálise (Jablonski, 1989), a chamada revolução sexual
AIDS em todo o mundo. Em 1996, segundo a Organização luziu a partir dos anos 60, originando um conjunto de atitu-
Mundial da Saúde, 22 milhões de pessoas já seriam portado- des e comportamentos mais liberais no tocante à questão
ras do vírus, sendo o Brasil, especificamente, o terceiro país sexual. Tal liberalismo traduziu-se, entre outros aspectos, no
do mundo em casos notificados de AIDS (Organização Mun- aumento do sexo pré-marital, em uma vida sexual mais li-
dial da Saúde, 1993 citado em Benzecri, 1996; Bastos & vre, em especial para as mulheres, na comunicação mais fran-
Barcellos, 1995). Outras doenças sexualmente transmissíveis ca entre as pessoas, além do aumento de estudos (e de sua
também tiveram sua incidência aumentada, mas por não se- divulgação na mídia) sobre a própria sexualidade.
rem letais como a AIDS, não vêm recebendo da mídia o Mesmo assim, o pesado véu existente na tradição oci-
mesmo tratamento (herpes genital, hepatite В, clamídia, sí- dental, que remonta aos primórdios do cristianismo, e que
filis, e t c ) . fez do sexo - mesmo o legitimado socialmente pelo casa-
Este interesse ampliou-se em função, igualmente, do cli- mento - algo de impuro, pecaminoso ou apenas tolerável,
ma de liberação sexual verificado no século XX. De causas não foi de todo retirado. Pelo contrário, suas marcas ainda
ainda não de todo determinadas, mas relacionadas à dimi- podem ser aferidas pela inegável dose de ignorância que
nuição da religiosidade, ao advento de anticoncepcionais persiste em nossa cultura sobre esta questão.
mais simples e efetivos (e conseqüentemente uma maior dis- A verdade é que ainda faltam informações corretas so-
tinção entre sexo e maternidade), ao movimento da emanci- bre a sexualidade, face à idéia equivocada "de que todos os
adultos já sabem o suficiente sobre o assunto" (Konner,
1990). Esta questão está diretamente envolvida em outra, a
saber, a da educação sexual. Onde as pessoas obtém infor-
1 Equipe de Pesquisa da PUC-Rio composta pelas psicólogas Daniela
Romão B. Dias, Eduardo R. Peyon, Gabriela Pszczol, Kátia P. Arakaki, mações sobre o sexo? Tais informações são consideradas hoje
Liesel M. Filgueiras, Paula M Sabdin e Tatiana B. Carvalho. Agrade- corretas? Subsistem crendices entre nós? Os jovens prestes
cemos à Professora Cynthia Clark pelo auxílio prestado no tratamen- a iniciar uma vida sexual ativa dispõem de informações su-
to estatístico dos dados e ao Mestrado em Sexologia da UGF pelas ficientes?
informações prestadas, bem como pelo acesso à sua biblioteca.
2 Endereço: Rua das Acácias, 101/404 Gávea Rio de Janeiro RJ. CEP: Inúmeras pesquisas demonstram que a situação é mais
22451-060 - bjablonski@openlink.com.br dramática do que se supõe (Berkeley Wellness Letter, 1991;

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В. Jablonski

Gordon, 1992;Lourenço, 1993;McCary,s.d./1978;eSchnarch, fundamento objetivo, contrariando asserções científicas (...),


1994). Apesar de todas as mudanças liberalizantes, observa- usualmente transmitidas por via oral" (Krüger, como citado
se a convivência entre informações bem atuais avalizadas em Lourenço, 1993). Ou ainda, "saberes" populares absur-
pelo saber científico (biológico, psicológico e por disciplinas dos e/ou ridículos, à luz dos conhecimentos disponíveis for-
afins) e a persistência de idéias que se supunha já descarta- necidos pela Ciência. Dentre os objetivos menores, procura-
das, ao menos dentro de certos segmentos sociais. remos verificar se há diferenças na amostra em relação a
É inegável que, sob muitos aspectos, a verdade de hoje moradia, escolha profissional, gênero e religião.
pode vir a ser a mentira de amanhã. E "verdades" dependem Em resumo, pretendemos avaliar junto a uma amostra
em certo grau de contexto, historicidade e da assunção de universitária - e portanto teoricamente bem informada - o
determinados valores, ao menos em áreas polêmicas como a nível de conhecimento no que diz respeito à sexualidade,
da sexualidade humana. Não é nossa intenção delimitar ou incluindo fontes de informação e cuidados adotados.
impor determinados conhecimentos como "absolutamente
certos", em contraposição a outros "absolutamente errados". Metodologia
Mas dos anos 60 para cá, principalmente a partir dos traba-
lhos de Masters & Johnson (1966/1981; 1970/1985), firmou-
se o que podemos considerar hoje a última palavra acerca da Sujeitos
maior parte do que se sabe das respostas sexuais de homens 385 universitários participaram desta pesquisa, sendo 280
e mulheres - reiterando que estamos nos referindo à verdade (73%) do sexo feminino e 105 (27%) do sexo masculino. A
científica mais aceita hoje, em nossa cultura. idade média foi de 21 anos e 7 meses {DP = 4,00). Participa-
Se hoje a mente, em última análise, é considerada o ór- ram alunos de universidades públicas e particulares, das zo-
gão do orgasmo (Davidson, citado por Konner, 1990), o pro- nas Sul, Centro e Norte e de Niterói, de cursos noturnos e
gresso na área - e isto inclui a solução de problemas como a diurnos. Trata-se, evidentemente, de uma amostra de conve-
anosgarmia entre as mulheres ou a ejaculação precoce e a niência ou oportunista, seguindo orientação de Brehm &
impotência entre os homens - deve-se ao grande impulso Kassin (1990), que preconiza tal metodologia quando se
provocado pelas contribuições de Masters e Johnson na dé- supõe a existência de processos psicológicos suficientemente
cada de 60. uniformes, ainda que com isto, sacrifiquem-se pretensões
A presente pesquisa surgiu a partir da percepção de que mais generalizantes.
qualquer política de intervenção, atuação ou mera conscien-
tização das pessoas, deverá se basear tanto no nível como na Procedimento
procedência das informações que as pessoas detêm sobre o
assunto. Basicamente, estamos efetuando uma réplica am- Os participantes foram abordados em sala de aula, após
pliada do trabalho feito por Lourenço (1993), no qual o au- prévio acordo com os professores. Os que se propuseram a
tor procurou comparar grupos regional e educacionalmente colaborar recebiam o questionário a ser preenchido. Antes,
distintos, comprovando que a freqüência de crendices é in- porém, procedia-se a uma rápida explanação - genérica e
versamente proporcional ao grau de escolaridade alcança- propositadamente superficial - acerca dos objetivos da pes-
quisa, enfatizando a importância da coleta de dados na área
do. O autor também detectou diferenças regionais (Alfenas
de saúde reprodutiva. Em seguida, reiterava-se o caráter con-
versus Rio de Janeiro), ainda que apenas nos sujeitos que
fidencial do estudo, garantido pelo anonimato nas respos-
não tinham acesso ao terceiro grau.
tas, uma vez que não havia necessidade de identificação.
Quanto às crenças - o que sabemos a respeito de um ob-
Outras explicações, bem como os resultados obtidos, seriam
jeto ou aquilo que julgamos saber sobre ele (Raven & Rubin,
fornecidos ao cabo da pesquisa.
1983) - tomamos como base a conceituação de Krüger
(1993), que traça a evolução do termo e analisa o conceito
de crença e da formação de sistemas de crenças. Considera- Instrumento
do um dos tópicos básicos da psicologia, o termo refere-se, O questionário aplicado consta de 26 itens, com pergun-
especificamente, tas abertas e fechadas, e baseou-se no utilizado por Louren-
a qualquer proposição que afirme ou negue uma relação entre ço (1993), que por sua vez, foi construído a partir dos estu-
dois objetos, reais ou ideais, ou entre um objeto e algum atri- dos de McCary (s.d./1978). As questões apresentadas visam
buto deste, aceita por ao menos uma pessoa (...). As crenças sondar o nível de conhecimento dos participantes sobre di-
são indispensáveis à nossa conduta pelo simples fato de que a versos tópicos ligados à sexualidade e suas principais fontes
norteiam, fornecendo-lhe sentido e direção. de informação sobre o assunto, incluindo possível educação
Assim, tomaremos por crenças o conjunto de conheci- sexual na escola. Efetuamos um pré-teste com cerca de 100
mentos que norteará nossas atitudes e comportamentos se- participantes de diversas universidades (públicas, privadas,
xuais, fornecendo-lhes sentido e direção. Conjunto este cursos noturnos e diurnos) para o aperfeiçoamento do ques-
avalizado em consenso pelos experts (psicólogos, médicos, tionário. Neste processo, alguns itens foram modificados e/
sexólogos, e demais profissionais envolvidos na questão) ou eliminados. Completam o instrumento 2 itens relaciona-
como sendo o mais correto, de acordo com a literatura atua- dos a aspectos da vida sexual, além de dados demográficos
lizada na área. Por outro lado, crendices seriam "crenças sem (religião, sexo, idade, local de moradia, etc. - ver Anexo 1).

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Sexualidade: Crenças e Crendices

Tabela 1. Percentagens de respostas de concordância nos itens relativos a crenças/crendices sobre saúde reprodutiva e sexualidade

Itens Sim Não (1)


- Habilidade de fazer amor é inata 62,0% 38,0%(2)
- Pessoas com desajustes sexuais conseguem melhorar com o tratamento destes problemas 95,0% 5,0%
- A mulher tem a mesma necessidade de sexo que o homem 82,0% 18,0%
- Há 2 tipos de orgasmo na mulher: o clitoriano e o vaginal 79,0% 21,0%
- Para um homem se satisfazer sexualmente, ele precisa de mais de uma parceira 6,0% 94,0%
- Um homem de pênis grande proporciona mais prazer numa relação sexual 7,0% 93,0%
- O sexo com introdução do pênis na vagina é a única prática de relação sexual normal 18,0% 82,0%
- Homossexualismo é uma doença 19,5% 80,5%
- A pornografia estimula as pessoas a cometer atos sexuais criminosos 28,0% 72,0%
- A maioria dos problemas sexuais é de origem psicológica 77,0% 23,0%
- Em termos de prazer proporcionado, um pênis grande exerce apenas uma influência psicológica 81,0% 19,0%
- Um orgasmo tem de ocorrer simultaneamente para que a relação do casal seja gratificante 32,0% 68,0%
- Um homem (uma mulher) heterossexual dificilmente contrairá o vírus da AIDS por via sexual 9,0% 91,0%
- É perigoso manter relações sexuais durante a menstruação 10,0% 90,0%
- Um feto de 7 meses tem mais chances de sobreviver que um de 8 meses 23,0% 77,0%
- Durante a gravidez, a mulher pode fazer sexo sem risco para o bebê 92,0% 8,0%
- A masturbação provoca conseqüências ruins à saúde 5,0% 95,0%
- A virgindade é um fator importante para o êxito de um casamento 5,3% f 94,7%
- Uma lésbica preferiria um homem, se fosse um "homem de verdade" e usasse a técnica correta 15,0% 85,0%
- As mulheres têm o Ponto G, uma região específica e extremamente sensível no interior da vagina 89,0% 11,0%
- Existem substâncias afrodisíacas 66,0% 34,0%

(1) Já excluídas as respostas ao item "não sei".


(2) Todos as diferenças mostraram-se significativas: p < 0,0001

Resultados sim (ambos os sexos), num exemplo de igualdade atitudinal


intergêneros. Já no item 5, para um homem se satisfazer se-
Nas 21 perguntas destinadas à detecção de crenças/cren- xualmente, ele precisa de mais de uma parceira - os 94%
dices, observamos, em geral, um bom nível de informação que disseram não acreditar nisto poderiam, juntamente com
entre os participantes3. Apenas em 4 itens, as respostas con- os que responderam no item anterior, nos dar a idéia de que
sideradas como de crendice superaram aquelas tidas como o machismo estaria desaparecendo em nossa cultura. Não é
de crença do ponto de vista da sexologia e disciplinas afins o caso: ao separarmos as respostas por sexo, verificamos
(itens 1, 4, 20 e 21). Isto não significa que nas outras ques- que os 6% que disseram que sim são compostos na sua totali-
tões também não tenham aparecido respostas ligadas à cren- dade por homens. No terceiro ponto relacionado a esta ques-
dice em nível acima do esperado. Apresentaremos a seguir tão (item 19, uma lésbica preferiria um homem, se fosse um
os resultados obtidos. "homem de verdade" e usasse a técnica correta), houve ape-
No item 1 (a habilidade de se fazer amor é inata), a mai- nas 15% de concordância. E deste total, a maioria foi de
oria dos sujeitos (62%) respondeu afirmativamente. Nos itens homens (20,5 contra 12,7%), com a diferença mostrando-se
relacionados a desajustes sexuais e seu tratamento (item 2, quase significativa (x = 2,446, gl = 1, n.s.) sempre lembran-
há possibilidade de melhora de desajustes sexuais, e o item do que as mulheres constituem 73% de nossa amostra.
10, a maioria dos problemas sexuais é de origem psicológi- No item 4 (há dois tipos de orgasmos na mulher: o
ca) obtivemos respectivamente 95% e 77% de respostas clitoriano e o vaginal) 79% dos participantes disseram acre-
confirmatórias. Não houve diferença entre homens e mulhe- ditar nesta asserção, com predomínio significativo das mu-
res, e nem o resultado em si, no todo, foge ao considerado lheres (x = 4,98; gl = 1, p < 0,05). No item 20 (as mulheres
como de crença. Talvez estes números estejam um pouco têm um Ponto G, uma região específica e extremamente sen-
inflacionados, face ao grande número de sujeitos que estu- sível no interior da vagina), 89% dos participantes concor-
dam psicologia (33%) e poderiam estar "defendendo" suas daram com a afirmação (crendice), com as mulheres endos-
futuras ocupações. sando-a mais que os homens (x = 3,73, gl = 1, p < 0,05).
Três itens dizem respeito a diferenças entre homens e Duas questões estão relacionadas ao tamanho do pênis:
mulheres. No primeiro deles (item 3, a mulher tem a mesma o item 6 (um homem de pênis grande proporciona mais pra-
necessidade de sexo que o homem), 82% responderam que zer numa relação sexual) e o item 11 (em termos de prazer
proporcionado, um pênis grande exerce apenas uma função
Agrupamos as respostas "sim, com certeza" e "acho que sim" como psicológica). A maioria dos sujeitos disse não ao item 6 (93%
respostas positivas, e "não, com certeza" e "acho que não", como das respostas) e sim ao item 11 (81%). Percebemos, no entan-
respostas negativas. to, diferenças significativas entre homens e mulheres, com

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В. JabIonski

os primeiros concordando mais com o enunciado do item 6 Tabela 2. Médias das notas atribuídas às principais fontes de informação
sobre a sexualidade (Por ordem decrescente, variação de 10 a0)
(x = 4,10, gl = 1;p< 0,05); também no item 11 houve dife-
renças na mesma direção, ainda que não significativas. Fontes Notas
O bloco relacionado a questões ligadas à normalidade/ - Amigos 7,485
anormalidade inclui os itens 7, 8, 9, 13, 14, 16 e 17 (ver - Revistas/livros 7,387
Anexo 1). A maioria dos sujeitos deu respostas de crença - Namorado(a) 7,345
(72 a 95% de respostas neste sentido). Mesmo assim, uma - TV/Rádio 5,710
quantidade nada desprezível de respostas de crendice apare- - Filmes 5,442
ceu em alguns itens. Assim, por exemplo, 20% dos partici- - Pais 5,244
pantes declararam concordar com a afirmação de que - Escola 4,892
"homossexualismo é uma doença" (item 8); 9%, que "um - Profissionais de saúde 4,476
homem/uma mulher heterossexual dificilmente contrairá o - Irmãos 2,899
vírus da AIDS por via sexual" (item 13) - aqui, os homens - Parentes 2,740
mostraram-se, ainda que não significativamente, mais pro- - Outros 2,568
pensos a assentir com esta crendice. Homens e mulheres tam- - Padres/religiosos/freiras 1,018
bém diferiram significativamente quanto ao "perigo de man-
ter relações sexuais durante a menstruação" (item 14): os
10% de respostas "sim" são uma média resultante de 18,8% tros e religiosos a menor parcela de influência (médias entre
dos homens contra 7,4% das mulheres (x = 9,79; gl = 1, p < 2,9 e 1,0). Constatou-se que pouco mais de 50% dos partici-
0,001). pantes afirmaram ter recebido algum tipo de orientação na
Cinco itens completam nosso questionário. O de núme- escola, ainda que sob a forma de palestras (76%) ou de in-
ro 12 (um orgasmo tem de ocorrer simultaneamente para formações biológicas (70%) - respostas múltiplas.
que a relação do casal seja gratificante) recebeu uma maio- Com relação à idade do início das relações sexuais, os
ria de respostas de discordância (68%). O item 15 (um feto homens diferiram significativamente das mulheres, tendo
de sete meses tem mais chances de sobreviver que um de começado sua vida sexual mais cedo: 16 anos e 3 meses,
oito meses), rejeitado por 77% da amostra, difere dos de- contra 17 anos e 9 meses {t294 = 5,6; p < 0,001). O item 26 do
mais no sentido de estar voltado para uma questão não sexu- questionário refere-se às precauções utilizadas regularmen-
al. Como o instrumento utilizado continha no título a ex- te contra DSTs. Aqui, apenas 59,7% disseram se precaver, e
pressão "Saúde Reprodutiva", optamos por incluir ao me- destes, mais da metade declarou fazer uso de medidas que
nos um item relacionado ao tema. Essa expressão funcionou na verdade, não são eficazes: assim, "somos ambos mono-
como elemento distrator para evitar as tradicionais reações gâmicos", "tenho uma relação estável com um(a) parcei-
de constrangimento diante de questões ligadas apenas à se- ro(a)", "confio nele(a)", "uso eventual de preservativo" e
xualidade. "respostas diversas" contabilizaram 54,3% das respostas. De
"A virgindade não é um fator importante para o êxito de outro lado, 3,8% citaram a abstinência - inegavelmente efi-
um casamento". Esse item 18 recebeu 95% de respostas de caz - e 41,9% o "uso constante de camisinha". Ou seja, ape-
concordância. Quanto ao item 21 (existem substâncias afrodi- nas metade da amostra toma precauções, e destas, menos da
síacas), assunto constantemente difundido pela mídia e que metade são eficazes. Curiosamente, o número de mulheres
parece interessar à humanidade desde os seus primórdios, a que adotam precauções impróprias superou o dos homens
maioria da amostra manifestou concordância com o enunci- em até três vezes.
ado (66%). No entanto, quando solicitados a nomearem tais Finalizando esta seção, gostaríamos de citar algumas di-
substâncias, 37% dos que acreditam em afrodisíacos não ferenças fruto do local de moradia dos sujeitos. Pudemos
souberam fazê-lo. Os demais apontaram "certos alimentos" constatar que os moradores da Zona Norte e do subúrbio4
(22%), "perfumes e aromas" (14%), "plantas e ervas" (6,6%), mostraram-se significativamente mais propensos a iniciar
"álcool" (6%), "estimulantes" (5%) e "diversos/outros" mais tarde sua vida sexual (F385= 3,9357, p < 0,04) e tomar
(9,4%). menos precauções - qualitativa e quantitativamente - contra
Já que tocamos na questão das respostas "não sei", à guisa as DSTs. Reportaram também ter recebido menor educação
de curiosidade, além deste item, os de número 19 (lésbicas e sexual formal e apresentaram, no todo, maior nível de res-
técnica correta), 15 (feto de 7 meses) e 20 (ponto G) foram postas de crendice (utilização do teste qui quadrado, níveis
os que mais apresentaram este tipo de resposta. de significância variando de p < 0,04 a 0,0001). Quanto à
Em seguida, com relação às fontes de conhecimento so- escolha profissional e à religião, não encontramos nenhuma
bre a sexualidade (ver Tabela 2), amigos, revistas e livros e diferença de peso dentro de nossa amostra.
namorado(a) foram, nesta ordem, as três fontes indicadas
como as mais importantes, com uma nota média entre 7,4 e
7,3 (escala de zero a dez). Em segundo lugar, no bloco com
médias entre 5,7 e 5,2, foram citados TV/rádio, filmes e pais.
4 Bonsucesso, Ramos, Olaria e adjacências; Acari, Anchieta, Barros Fi-
Escolas e profissionais de saúde formaram o terceiro bloco lho e adjacências; Méier, Piedade e adjacências; Madureira, Cascadura,
com médias entre 4,8 e 4,4, cabendo a irmãos, parentes, ou- Campinho e adjacências.

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Sexualidade: Crenças e Crendices

Discussão afirmações como esta relativa à existência dos "dois orgas-


mos", vem apenas confirmar os alertas de que as informa-
Em uma primeira comparação com o estudo realizado ções sobre a sexualidade ainda são difundidas de maneira
por Lourenço entre universitários de Alfenas, não encontra- confusa. Cabe lembrar que nossa amostra é constituída por
mos diferenças significativas nas respostas, com exceção do universitários, metade dos quais futuros médicos, psicólo-
item 2 (As pessoas que sofrem de desajustes sexuais conse- gos e educadores, um grupo supostamente muito bem infor-
guem melhorar com o tratamento destes problemas). Aqui, mado sobre esta questão.
os alfenenses deram o triplo de respostas negativas, mos- A que, então, atribuir os resultados encontrados? Pode-
trando uma visão bem mais pessimista que seus colegas uni- mos ancorá-los, especulativamente, na difusão generalizada
versitários do Rio de Janeiro (15 contra 5%). e acrítica de antigos escritos psicanalíticos - que continuam
Para facilitar o entendimento desta seção, vamos analisá- sendo propagados por uma mídia desatualizada (ou por psi-
la item a item, agrupando-os por temas e salientando apenas canalistas idem) - ou a uma confusão entre orgasmos obti-
o que nos pareceu mais relevante. dos com ou sem penetração. Sensações intensas provocadas
No item 1, a maioria dos sujeitos (62%) respondeu afir- pela masturbação no início da vida sexual são muitas vezes
mativamente, como se a atividade sexual fosse biologica- contrapostas às primeiras relações com outras pessoas, onde
mente programada para todas as espécies e não fossem os tensão, inibição e dificuldades de comunicação, entre ou-
seres humanos sensíveis à forte ação do meio sócio-cultural. tros fatores, podem tornar estas primeiras experiências não
Se os respondentes tiveram em mente apenas a função tão satisfatórias, quando comparadas ao prazer proporcio-
reprodutiva, a resposta poderia ser considerada como sendo nado exclusivamente pela masturbação. As respostas dadas
mais ligada à crença. Mas se estavam referindo-se à ativida- neste item já oferecem per se material para uma longa e pro-
de sexual em sua plenitude, é considerada ligada à crendice, funda reflexão sobre como anda nossa educação sexual.
uma vez que intimidade troca e prazer são funções adquiri- Embora não haja dúvidas quanto à observação de que as
das e dependem da socialização, informações e experiência. mulheres percebem algumas áreas da vagina com sendo mais
Face à pequena probabilidade de universitários estarem pen- sensíveis à estimulação erótica do que outras, a existência
sando unicamente em aspectos reprodutivos, colocamos este de um ponto G permanece na mais otimista das perspectivas
item como respondido predominantemente de forma relaci- como não comprovada (Alzate, 1985 e 1990, Serapião, 1995).
onada à crendice. Para alguns autores (Schnarch, 1994), este Este ponto refere-se a uma área do tamanho aproximado de
é um dos fatores que pode levar as pessoas a constantes tro- um grão de feijão, localizado uns 5 centímetros dentro da
cas de parceiros(as), já que dificuldades no relacionamento parede frontal no interior da vagina, e que segundo seu "in-
sexual constituiriam obstáculos intransponíveis, dado o seu ventor", o ginecologista Gr fenberg (1950), seria responsá-
pretenso inatismo. Comunicação e aprendizado, seriam, se- vel pelo deflagrar inconteste de orgasmos (Ladas e cols.,
gundo esta equivocada percepção, substancialmente inúteis, 1982). Trabalhos neurofisiológicos, exame de retalhos res-
o contrário do que seria desejável em uma relação saudável secados da túnica da mucosa da parede vaginal anterior ou
entre casais. simples explorações digitais, em sua imensa maioria, não
Com relação aos itens 3, 5 e 19 (gênero e sexualidade), comprovaram a existência deste "feijão mágico". Apenas uns
verificamos que a par de uma pretensa equivalência de atitu- poucos pesquisadores colocam-se à margem da corrente prin-
des igualitárias, uma parcela significativa de homens, entre cipal, difundindo resultados opostos (Darling e cols., 1990).
18 e 22%, preconizou necessidades diferentes para homens E o fazem com muito sucesso, haja vista os resultados que
e mulheres. obtivemos neste item.
O item 4 (orgasmo clitoriano vs vaginal) constitui um Pode até ser que algumas mulheres venham ao mundo
exemplo de como as informações acerca da sexualidade hu- equipadas com este invejável botão "opcional", mas para a
mana são contraditórias. De acordo com o estabelecido em maioria das pessoas, a conquista de uma sexualidade mais
qualquer manual acerca da sexualidade, esta distinção sim- livre e saudável vai depender mesmo de um treinamento de
plesmente não existe, com a grande maioria dos orgasmos "desrepressão", de conscientização moral e corporal, além
femininos sendo atribuída à estimulação direta ou indireta de muita comunicação com seus(suas) parceiros(as).
do clitoris (Sheffey, 1972). E claro que um orgasmo pode A maioria das pesquisas afirma que o tamanho do pênis
ser deflagrado apenas pela estimulação vaginal (eventual- - dentro de variações médias - não tem relação com a potên-
mente em algumas mulheres e freqüentemente em 10 a 20% cia sexual ou com a capacidade de proporcionar prazer
delas, segundo Reinisch e Beasley, The Kinsey Institute, 1990), (Reinisch, & Beasley, 1990). Não há mesmo nenhuma pes-
mas isto não leva automaticamente à noção segundo a qual quisa, até o momento, que confirme uma suposta predileção
uma mulher madura seria aquela que passaria de um orgas- das mulheres por homens com pênis muito grandes, com
mo infantil conseguido via clitoris para aquele obtido via exceção de alguns achados anedóticos pelos quais apenas
estimulação vaginal, "mais saudável". Sendo o cérebro, em algumas mulheres ostentariam tal preferência (Tamanho é
última análise, o verdadeiro "centro do prazer", um orgas- documento 1995; Tamanho não é documento 1996). Curio-
mo pode ser obtido por muitas e variadas formas. Mas como samente, os estudos mostram que são os homens os que mais
tratamos aqui do que acontece com a maior parte das pesso- compartilham desta crendice (Masters, Johnson & Kolodny,
as na maior parte do tempo, a aceitação incondicional de 1994). Aparentemente, auto-afirmação, valorização cultural,

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falta de informações adequadas, além de significações sim- Quanto à questão dos afrodisíacos, até a data da feitura
bólicas podem ser responsabilizadas por esta diferença deste trabalho, nenhuma substância ingerida oralmente foi
perceptiva entre sexos. considerada comprovadamente efetiva neste sentido (Buffum,
Tomadas em conjunto, as respostas para o bloco de itens 1982; Bills & Duncan, 1991; U.S. Food and Drug Admini-
- ligados à normalidade/anormalidade sexual indicam basica- stration Report, in Masters, Johnson & Kolodny, 1994), ao
mente que os respondentes detêm uma visão esclarecida da contrário do que pensa a maioria de nossa amostra. Curiosa-
questão, em que pese haver ainda um número razoável de mente, pesquisas similares realizadas nos EUA também apon-
sujeitos - homens, principalmente - compartilhando de opi- tam a difusão desta crendice entre universitários. Em estudo
niões que poderíamos chamar de preconceituosas ou fruto realizado por Bills e Duncan, maconha (4%), álcool (27%) e
de informações distorcidas. cocaína (40%) foram consideradas, nas porcentagens cita-
É digno de nota que quase um terço da amostra adote das entre parênteses, como afrodisíacos. Outros pesquisa-
uma visão idealizada acerca da necessidade de um orgasmo dores também comprovaram a existência de crendices quanto
ocorrer de forma simultânea em uma relação sexual. Um ao efeito de drogas no comportamento sexual, os números
orgasmo ocorrer ao mesmo tempo é uma coisa, ter de sê-lo, variando em função de diferenças relacionadas à religiosi-
é outra, que reflete mais influências "hollywoodianas" so- dade, à cultura, ao acesso à informação, aos valores, etc.
bre o que "deve ser uma relação sexual satisfatória", do que (Murstein & Mercy, 1994). Para estes, não se pode dizer que
a consciência de que homens e mulheres possuem ritmos haja um perfil padrão de respostas, o que só seria consegui-
diferentes de excitabilidade. Transformar uma busca pra- do através de um exaustivo exame de muitas instituições
zerosa de acomodação e equilíbrio de ritmos em uma espé- escolares, ressalva que deve ser, evidentemente, estendida
cie de deficiência sexual parece ser mais um resultado da aos achados por nós obtidos.
difusão parcial/incompleta de tópicos ligados à sexualida- Igualmente, no que diz respeito às fontes de conheci-
de. mento, nossos dados alinham-se aos de outras pesquisas,
Como vimos na seção anterior, a maioria dos sujeitos segundo as quais, sexo não se aprende em casa (Bueno, 1992;
não vê relação entre a virgindade e o êxito de um casamen- Covarrubias e cols., 1990; Faulkenberry, Vincent, James &
to. Para esta amostra, é possível que o casamento dependa Johnson, 1987; Ferraz, Ferreira, Morris & Soares, 1993; e
de muitos outros fatores, ou a preservação da virgindade te- Serapião, 1991). Para Ferraz e cols. é inequívoca a falta de
nha um valor em si, desconectado do sucesso das futuras diálogo e de orientação em casa, provocados por fatores como
uniões. No presente trabalho, vimos que os homens come- a repressão, a escassez de tempo, o distanciamento em fun-
çaram a sua vida sexual mais cedo, possivelmente de acordo ção de conflito de valores, a indiferença ou desatenção dos
com padrões ainda muito calcados em uma dupla moral, que pais. Poderíamos acrescentar ainda as próprias deficiências
concede muito mais liberdade aos homens do que às mulhe- dos pais em termos de informação, e a crença em tabus de
res. Outras pesquisas apontam dados similares tanto na nos- forma ainda mais vigorosa que a geração que lhes sucedeu.
sa quanto na cultura norte-americana no que se refere à per- Igualmente digna de nota é a má colocação das escolas nes-
da da virgindade - homens aos 16 anos e 11 meses, e mulhe- te ranking, ainda que a questão de uma educação sexual for-
res aos 17 anos (De Vicenzi, 1994; Murstein & Mercy, 1994; mal no contexto educacional venha sendo ventilada já há
Reinisch e Bealey, 1990), com um decréscimo sensível ao algum tempo.
longo dos últimos vinte anos para a idade em que as moças Se nossos dados estiverem certos, a situação é que está
iniciam sua vida sexual. Encontramos em nosso estudo um errada, já que pais, escola e profissionais de saúde, que de-
número de virgens ainda bem significativo: 27,5% da amos- veriam estar à frente deste ranking, ocupam posições entre o
tra do sexo feminino, com idade média de 20,2 anos. Con- sexto e oitavo lugar. Isto pode explicar tanto o ainda relati-
quanto, só em trabalhos posteriores possamos vir a confir- vamente grande número de respostas de crendice quanto uma
mar um possível declínio no que diz respeito às taxas refe- prática sexual arriscada e mais propensa a DSTs, ou a uma
rentes à preservação da virgindade, o fato é que estes núme- gravidez indesejada. Quanto às precauções, nossos dados se
ros ainda soam surpreendentes, face ao alarde promovido parecem com aqueles obtidos em pesquisa realizada pelo
pela mídia sobre um suposto clima de permissividade e libe- Ministério da Saúde no Rio, São Paulo e Porto Alegre, em
ralidade que prevaleceria entre nossos jovens. É possível que que apenas 36% dos entrevistados disseram fazer uso cons-
esta visão aplique-se apenas a limitados segmentos de mo- tante de preservativos (Aumentam os casos de AIDS, 1993).
radores da Zona Sul, não podendo ser generalizada à popu- Outros dados, extraídos de pesquisa realizada pela BEMFAM
lação carioca como um todo. Com efeito, um dado que vi- em 1996, com mais de 16 mil entrevistados, exibiu resulta-
mos constatando regularmente em vários estudos (BEMFAM, dos bastante similares aos nossos, com os homens superan-
1992; Jablonski, 1998; Jablonski e cols., 1996; Macedo, do as mulheres no uso de preservativos na proporção de 3,5
1985; Martins, 1994; Seção Coportamento - Sexo, Revista para 1 (Brasileiro não previne a AIDS, 1997). Confira-se
Veja, 1992; Telerman, 1988), é o relativamente expressivo igualmente o trabalho levado a cabo pelo Instituto de Pes-
número de virgens: encontramos em algumas das pesquisas quisa Gerp (Camisinha ainda é tabu/pesquisa AIDS, 1996),
supracitadas (Jablonski e cols., 1996; Jablonski, 1998), 36 e segundo o qual, enquanto 47% dos 1.297 homens entrevis-
41% de jovens solteiras universitárias virgens (médias de tados disseram nunca usar camisinha, o contingente de mu-
idade, respectivamente, 20,6 em 1986 e 21,02 em 1993). lheres - 1.403 - alcançou os 65%. Provavelmente, as mulhe-

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Sexualidade: Crenças e Crendices

res ainda se sentem fragilizadas na hora de solicitar ao par- a abordagem séria de questões ligadas ao sexo pelos meios de
ceiro que use preservativos, além de manterem expectativas comunicação de massa privilegia um tema: o atípico. Artigos,
idealizadas sobre fidelidade e monogamia como condições documentários e programas de TV tendem a focalizar a ques-
suficientes para manutenção da sanidade física. As pesqui- tão de forma sensacionalista, dando a entender que o desvio
sexual, e não a normalidade, é que é prioritário.
sas sobre infidelidade e o crescimento da AIDS em mulhe-
res casadas e monogâmicas ou mesmo entre jovens solteiros Quando se tem em mente o dramático avanço da AIDS e
de ambos os sexos (Jablonski, 1998, Jablonski e cols., 1996; de outras DSTs, além dos alarmantes índices da incidência
Stebleton & Rothenberger, 1993) vêm atestando isto dolo- de gravidez entre adolescentes, vê-se que se trata de um as-
rosamente. Algumas referências anedóticas já prevêem uma sunto que não pode ser desprezado pela comunidade cientí-
reformulação do conceito de traição entre casais jovens: com fica; e que só a realização de mais pesquisas na área poderá
ou sem preservativo, constituindo-se apenas esta última, a resultar em políticas de intervenção eficazes, proporcionan-
verdadeira e imperdoável "infidelidade". do melhoras no que diz respeito à sexualidade e à saúde
Quanto às diferenças nos resultados em função do local reprodutiva.
de moradia, elas devem-se, aparentemente, a fatores relaci- Com relação aos dados por nós obtidos, similarmente
onados ao nível sócio-econômico, à diferença na qualidade aqueles de Lourenço (1993), respostas de crenças predomi-
das escolas e no nível de escolaridade dos pais, além do naram sobre as de crendices. Mesmo assim, em quatro delas
menor acesso a profissionais da saúde. Somente uma pes- (habilidade para fazer amor como sendo inata, mulheres com
quisa especificamente destinada a avaliar o peso destas vari- dois tipos de orgasmo, mulheres dotadas do Ponto G e a
áveis contextuais é que poderá subscrever nossos achados e existência de substâncias afrodisíacas), deu-se o reverso.
discriminar o efeito de cada uma delas. Tampouco são insignificantes as porcentagens de respostas
Finalmente, quanto à influência da religião, outros pes- de crendice encontradas em diversos outros itens em quanti-
quisadores têm encontrado uma relação inversa entre liber- dades relativamente inesperadas para uma amostra universi-
dade sexual, livre acesso a informações e mais diálogo den- tária do Rio de Janeiro.
tro de casa e forte adesão à uma religião (Catalan, 1996; Se é verdade que o acesso à informação per se não ga-
Cullari & Mikus, 1990; Lottes & Kuriloff, 1992; Studer & rante uma postura sexual saudável (Hays & Hays, 1992), о
Thornton, 1987; Thomas, 1985; Wuthnow, 1976). A respos- contrário é inquestionavelmente exato, com estereótipos e
ta para ausência desta correlação em nosso estudo pode es- preconceitos levando a assunções equivocadas, prejudican-
tar no desequilíbrio entre as religiões na nossa amostra: do a prevenção contra as DSTs e o gozo de uma vida sexual
61,6% dela disseram-se católicos e 11,3% sem religião, com sadia.
as demais não atingindo sequer cinco pontos percentuais. Algo que vimos constatando repetidamente, em diver-
Estes números espelham as pesquisas do IBGE para o Rio sos estudos, é a existência de um ainda expressivo número
de Janeiro, que apontam 60,0% de católicos e 11,1% sem de jovens do sexo feminino que ingressam virgens nas univer-
religião (IBGE, 1997). Os evangélicos, que chegariam a sidades (27,5% no presente trabalho). Tais dados seriam sur-
16,1% da população carioca, é que estariam aqui sub-repre- preendentes, caso dependêssemos exclusivamente dos meios
sentados (menos de 2%). Seja como for, face ao desequilíbrio de comunicação de massa para traçar um retrato do compor-
apresentado acima, não conseguimos extrair nenhuma cor- tamento sexual de nossos jovens - mais um motivo para nos
relação significativa neste sentido. preocuparmos com o destacado papel que a mídia ocupa
como fornecedora de informações sobre o tema em questão.
Conclusão Finalmente, no que se refere às precauções tomadas pe-
los que têm uma vida sexual ativa, dos quase 60% que di-
A questão da educação sexual é pontuada por inúmeras zem se precaver, menos da metade afirmaram adotar medi-
contradições, em função de tabus e constrangimentos que das realmente eficazes. Quanto a outras diferenças detectá-
correm paralelos a um clima de crescente liberação sexual. veis, chamou-nos a atenção uma significativa discrepância
Segundo Pasquali, Souza e Tanizaki (1985), "os pais, que entre moradores da Zona Sul e do subúrbio, sendo estes últi-
seriam provavelmente as pessoas mais indicadas para darem mos mais propensos a iniciar mais tarde sua vida sexual e a
conhecimentos precisos a respeito de sexo aos filhos, ca- tomar menos precauções contra DSTs, além de terem apre-
lam-se perplexos, na esperança que outros encarreguem-se sentado maior número de respostas consideradas de crendice.
de suprir a sua timidez e comodismo". Este silêncio dos pais Gostaríamos de encerrar nosso estudo reiterando a rele-
deve-se tanto às suas próprias deficiências em termos de in- vância social do tema e de suas evidentes implicações para a
formação, como a uma criação mais repressiva. Em conse- busca de práticas que ensejem uma melhoria nas questões
qüência, os jovens voltam-se para outras fontes de informa- relativas à saúde reprodutiva. Pretendemos, futuramente,
ção, muitas vezes imprecisas, com a escola ocupando ainda prosseguir nesta área de estudos, debruçando-nos agora mais
um lugar dúbio nesta forma de aprendizagem. detidamente sobre o que a mídia vem divulgando sobre a
Quanto ao destaque dado por nossos jovens à mídia, cabe questão, já que é ela - e não os pais ou a escola - que tem
lembrar a advertência de Silverman-Watkins (1983), segun- funcionado como uma das principais fontes de informação
do a qual sexual.

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Recebido em 11.08.1997
Primeira decisão editorial em 02.02.1999
Versão final em 20.09.1999
Aceito em 23.09.1999

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Anexo 1
Saúde Reprodutiva & Sexualidade
Estamos realizando uma pesquisa sobre opiniões de pessoas acerca de sexo e saúde reprodutiva. Gostaríamos de contar com a sua colaboração.
Responda, por favor, ao que se pede nesta e nas folhas seguintes. Desde logo, agradecemos a sua colaboração.
Suas respostas serão tratadas confidencialmente. Assim sendo, NÃO assine este questionário.

Equipe de Pesquisa sobre Saúde Reprodutiva e Sexualidade


Departamento de Psicologia da PUC-Rio Departamento de Psicologia Social e Institucional da UERJ

Universidade: Data / /
Curso: Período letivo:
Sexo: () Fem. () Masc.
Idade: Estado Civil:
Bairro em que mora: Religião:
Renda Familiar Aproximada:

Você acredita que (marque a resposta que considera mais apropriada): 16) Durante a gravidez, a mulher pode manter relações sexuais sem risco
a) Sim, com certeza para o bebê.
b) Acho que sim (não tenho certeza absoluta) (a) (b) (c) (d) (e)
c) Não, com certeza 17) A masturbação provoca conseqüências ruins à saúde,
d) Acho que não (não tenho certeza absoluta) (a) (b) (c) (d) (e)
e) Não sei 18) A virgindade é um fator importante para o êxito de um casamento,
1) A habilidade de fazer amor é inata, (a) (b) (c) (d) (e)
(a) (b) (c) (d) (e) 19) Uma lésbica preferiria um homem, se fosse um "homem de verdade"
2) As pessoas que sofrem de desajustes sexuais conseguem melhorar e usasse a técnica correta.
com o tratamento destes problemas. (a) (b) (c) (d) (e)
(a) (b) (c) (d) (e) 20) As mulheres têm o Ponto G, uma região específica e extremamente
3) A mulher tem a mesma necessidade de sexo que o homem. sensível no interior da vagina.
(a) (b) (c) (d) (e) (a) (b) (c) (d) (e)
4) Há dois tipos de orgasmos na mulher: o clitoriano e o vaginal. 21) Existem substâncias afrodisíacas.
(a) (b) (c) (d) (e) (a) (b) (c) (d) (e)
5) Para um homem satisfazer-se sexualmente, ele precisa de mais de uma Se você acha que existem, quais são?
parceira. 22) Quais foram as suas principais fontes de conhecimento sobre a sexu-
(a) (b) (c) (d) (e) alidade? (Dê uma nota de 0 a 10 para cada item, quanto maior a im-
6) Um homem de pênis grande proporciona mais prazer em uma relação portância, maior a nota. Uma mesma nota pode ser utilizada mais de
sexual. uma vez)
(a) (b) (c) (d) (e) () pais () escola
7) O sexo com introdução do pênis na vagina é a única prática de relação () revistas e livros () amigos/colegas
sexual normal. () televisão/rádio () filmes
(a) (b) (c) (d) (e) () irmãos () outros parentes
8) O homossexualismo é uma doença. () profissionais da área de saúde ( ) padre/freira/religiosos
(a) (b) (c) (d) (e) () namorado(a) ( ) outros
9) A pornografia estimula as pessoas a cometer atos sexuais criminosos. 23) Teve algum tipo de educação sexual na escola?
(a) (b) (c) (d) (e) () sim () não () não me lembro
10) A maioria dos problemas sexuais é de origem psicológica. 24) Se respondeu sim na pergunta anterior, foi por meio de:
(a) (b) (c) (d) (e) palestras? () sim () não
11) Em termos de prazer proporcionado, um pênis grande exerce apenas matéria específica? () sim () não
uma influência psicológica. informações dentro de cursos regulares? () sim () não
(a) (b) (c) (d) (e) informações, mas só sobre aspectos biológicos?() sim () não
12) Um orgasmo tem de ocorrer simultaneamente para que a relação do 25) Com que idade você começou a ter relações sexuais? (Se você é vir-
casal seja gratificante. gem, não responda a esta pergunta). anos
(a) (b) (c) (d) (e) 26) Você utiliza regularmente alguma precaução contra doenças sexual-
13) Um homem ou uma mulher heterossexual dificilmente contrairá o mente transmissíveis?
vírus da AIDS por via sexual. ( ) sim ( ) não
(a) (b) (c) (d) (e) Por quê?
14) É perigoso manter relações sexuais durante a menstruação.
(a) (b) (c) (d) (e)
15) Um feto de 7 meses tem mais chance de sobreviver do que um de 8
meses.
(a) (b) (c) (d) (e)

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