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Ato Normativo CNJ 0005870-16.2024.2.00.0000 - 5739550

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Conselho Nacional de Justiça

Autos: ATO NORMATIVO - 0005870-16.2024.2.00.0000


Requerente: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - CNJ
Requerido: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - CNJ

Ementa: Proposta de ato normativo. Litigiosidade na Justiça do


Trabalho. Soluções consensuais. Quitação ampla, geral e irrevogável
em acordos extrajudiciais homologados. Resolução aprovada.
I. Caso em exame
1. Proposta de ato normativo que dispõe sobre métodos consensuais
de solução de disputas na Justiça do Trabalho.
II. Questão em discussão
2. Discute-se a disciplina de uma via segura para que as partes
possam solucionar eventuais disputas sobre direitos trabalhistas, de
forma rápida, amigável e definitiva.
III. Razões de decidir
3. A excessiva litigiosidade torna incerto o custo da relação de
trabalho antes do seu término e pode desencorajar investimentos
necessários à criação de postos formais de trabalho.
4. A disciplina dos requisitos para que acordos extrajudiciais
homologados pela Justiça do Trabalho tenham efeito de quitação
ampla, geral e irrevogável previne litígios e gera segurança.
IV. Dispositivo
5. Resolução aprovada.
_________
Dispositivos relevantes citados: CLT, arts. 855-B a 855-E. Resoluções CSJT nº
174/2016 e 377/2024.
ACÓRDÃO
O Conselho, por unanimidade, aprovou a Resolução, nos termos do voto do Relator. Presidiu o
julgamento o Ministro Luís Roberto Barroso. Plenário Virtual, 30 de setembro de 2024. Votaram
os Excelentíssimos Conselheiros Luís Roberto Barroso, Mauro Campbell Marques, Caputo
Bastos, José Rotondano, Mônica Nobre, Alexandre Teixeira, Renata Gil, Daniela Madeira,
Guilherme Feliciano, Pablo Coutinho Barreto, João Paulo Schoucair, Daiane Nogueira de Lira e
Luiz Fernando Bandeira de Mello. Não votaram, em razão das vacâncias dos cargos, os
Conselheiros representantes da Ordem dos Advogados do Brasil.

RELATÓRIO

Assinado eletronicamente por: LUÍS ROBERTO BARROSO - 30/09/2024 17:39:05 Num. 5739550 - Pág. 1
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=24093017390511900000005226735
Número do documento: 24093017390511900000005226735
O senhor ministro luís roberto barroso (presidente):

1. Trata-se de proposta de ato normativo que dispõe sobre métodos


consensuais de solução de disputas na Justiça do Trabalho, subscrita pelo Presidente e
pelo Corregedor Nacional de Justiça.

2. A minuta foi construída após amplo diálogo, incluindo reunião ocorrida no


CNJ no dia 29.04.2024, com representantes do Tribunal Superior do Trabalho, do
Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, da Ordem dos
Advogados do Brasil, da academia, de centrais sindicais e de confederações patronais.

3. É o relatório.

VOTO

O senhor ministro luís roberto barroso (presidente):

1. Trata-se de proposta de ato normativo que dispõe sobre métodos


consensuais de solução de disputas na Justiça do Trabalho, subscrita pelo Presidente e
pelo Corregedor Nacional de Justiça.

2. A minuta foi construída após amplo diálogo, incluindo reunião ocorrida no


CNJ no dia 29.04.2024, com representantes do Tribunal Superior do Trabalho, do
Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, da Ordem dos
Advogados do Brasil, da academia, de centrais sindicais e de confederações patronais.

3. Segundo o relatório Justiça em números, do Conselho Nacional de Justiça, a


quantidade de processos pendentes na Justiça do Trabalho era de aproximadamente 5,5
milhões em 2017. Houve uma queda consistente nos anos de 2018 (4,9 milhões) e 2019
(4,5 milhões), mas os números voltaram a subir em 2020 (5,7 milhões) e se mantiveram
relativamente estáveis em 2021 (5,6 milhões), 2022 (5,4 milhões) e 2023 (5,4 milhões),
isto é, aproximadamente o mesmo patamar de 2017[1].

4. A presente proposta busca enfrentar um dos problemas recorrentemente


apontados na área trabalhista: a excessiva litigiosidade torna incerto o custo da relação de
trabalho antes do seu término, o que é prejudicial a investimentos que podem gerar mais
postos formais de trabalho e vínculos de trabalho de maior qualidade.

5. A minuta se vale dos esforços do Conselho Superior da Justiça do Trabalho

Assinado eletronicamente por: LUÍS ROBERTO BARROSO - 30/09/2024 17:39:05 Num. 5739550 - Pág. 2
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=24093017390511900000005226735
Número do documento: 24093017390511900000005226735
para estruturar e incrementar os resultados obtidos pelos Centros Judiciários de Métodos
Consensuais de Solução de Disputas (Cejuscs-JT) em todo o País, bem como para
disciplinar a política judiciária nacional de tratamento adequado das disputas de
interesses (Resolução CSJT nº 174/2016) e as mediações pré-processuais (Resolução
CSJT nº 377/2024). A proposta também se vale de dispositivos legais incluídos na CLT
pela Lei nº 13.467/2017, notadamente os arts. 855-B a 855-E, que disciplinam o processo
de jurisdição voluntária para homologação de acordo extrajudicial.

6. Partindo desses pontos, a proposta torna claros os requisitos para que


acordos extrajudiciais homologados pela Justiça do Trabalho tenham efeito de quitação
ampla, geral e irrevogável, incluindo a representação das partes por advogado ou
sindicato, vedada a constituição de advogado comum, nos termos da legislação em vigor
(art. 1º). Do contrário, a eficácia liberatória será restrita aos títulos e valores
expressamente consignados no instrumento, ressalvados os casos de nulidade (art. 2º).

7. O art. 3º disciplina aspectos procedimentais, como a necessidade de


provocação espontânea dos interessados ou seus substitutos processuais, isoladamente
ou de comum acordo (§ 1º), aos órgãos judiciários competentes, como os Centros
Judiciários de Métodos Consensuais de Solução de Disputas da Justiça do Trabalho
(Cejusc-JT), em conformidade com as Resoluções editadas pelo CSJT, inclusive em
casos de interesses individuais homogêneos, coletivos ou difusos (§ 2º). Prevê-se, ainda,
a impossibilidade de homologação apenas parcial de acordos celebrados (§ 3º).

8. Por fim, de maneira a aferir o impacto sobre o volume de trabalho dos órgãos
competentes, institui-se um prazo de seis meses durante os quais as normas propostas
só se aplicarão aos acordos superiores ao valor total equivalente a 40 (quarenta) salários-
mínimos na data da sua celebração (art. 4º). Tal montante consiste no valor médio
aproximado dos acordos homologados pela Justiça do Trabalho em 2023. Decorridos os
primeiros seis meses e avaliado o impacto, tal norma poderá ser revista.

9. Espera-se que a litigiosidade trabalhista possa ser reduzida com a instituição


de uma via segura para que as partes formalizem o consenso alcançado, com efeito de
quitação ampla, geral e irrevogável, prevenindo o ajuizamento de reclamações. Diante do
exposto, manifesto-me pela aprovação desta proposta de Resolução.

10. É como voto.

Assinado eletronicamente por: LUÍS ROBERTO BARROSO - 30/09/2024 17:39:05 Num. 5739550 - Pág. 3
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Número do documento: 24093017390511900000005226735
RESOLUÇÃO No , DE DE DE 2024

Dispõe sobre métodos consensuais de solução de


disputas na Justiça do Trabalho.

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) e o CORREGEDOR


NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais e regimentais;
CONSIDERANDO a necessidade de enfrentamento ao volume da litigiosidade na Justiça
do Trabalho;
CONSIDERANDO o potencial dos métodos adequados para tratamento de conflitos de
interesse instituídos pela Resolução CNJ nº 125/2010;
CONSIDERANDO o disposto nos arts. 855-B a 855-E da Consolidação das Leis do
Trabalho, incluídos pela Lei nº 13.467/2017, que tratam do processo de jurisdição
voluntária para homologação de acordo extrajudicial;
CONSIDERANDO os esforços até aqui empreendidos pelo Conselho Superior da Justiça
do Trabalho para estruturar e incrementar os resultados obtidos pelos Centros Judiciários
de Métodos Consensuais de Solução de Disputas (Cejuscs-JT) em todo o País;
CONSIDERANDO o teor das Resoluções nºs 174/2016 e 377/2024, ambas do Conselho
Superior da Justiça do Trabalho, que dispõem, respectivamente, sobre a política judiciária
nacional de tratamento adequado das disputas de interesses e sobre as mediações pré-
processuais no âmbito da Justiça do Trabalho;
CONSIDERANDO que o acordo a ser levado a homologação pode resultar de negociação
direta entre as partes ou de mediação pré-processual;
CONSIDERANDO as sugestões colhidas de representantes da Justiça do Trabalho, do
Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, da OAB, da
academia, de centrais sindicais e de diversos setores empresariais;
CONSIDERANDO que o valor médio dos acordos homologados pelos Cejuscs-JT no ano
de 2023 foi pouco superior a 40 salários-mínimos daquele ano, de acordo com dados do
CNJ;
CONSIDERANDO o deliberado pelo Plenário do CNJ no Ato Normativo nº 0005870-
16.2024.2.00.0000, na 7ª Sessão Virtual Extraordinária de 2024 , realizada em 30 de
setembro de 2024;

RESOLVE:

Art. 1º Os acordos extrajudiciais homologados pela Justiça do Trabalho terão efeito de


quitação ampla, geral e irrevogável, nos termos da legislação em vigor, sempre que
observadas as seguintes condições:

Assinado eletronicamente por: LUÍS ROBERTO BARROSO - 30/09/2024 17:39:05 Num. 5739550 - Pág. 4
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Número do documento: 24093017390511900000005226735
I – previsão expressa do efeito de quitação ampla, geral e irrevogável no acordo
homologado;
II – assistência das partes por advogado(s) devidamente constituído(s) ou sindicato,
vedada a constituição de advogado comum;
III – assistência pelos pais, curadores ou tutores legais, em se tratando de trabalhador(a)
menor de 16 anos ou incapaz; e
IV – a inocorrência de quaisquer dos vícios de vontade ou defeitos dos negócios jurídicos
de que cuidam os arts. 138 a 184 do Código Civil, que não poderão ser presumidos ante a
mera hipossuficiência do trabalhador.
Parágrafo único. A quitação prevista no caput não abrange:
I – pretensões relacionadas a sequelas acidentárias ou doenças ocupacionais que sejam
ignoradas ou que não estejam referidas especificamente no ajuste entre as partes ao
tempo da celebração do negócio jurídico;
II – pretensões relacionadas a fatos e/ou direitos em relação aos quais os titulares não
tinham condições de conhecimento ao tempo da celebração do negócio jurídico;
III – pretensões de partes não representadas ou substituídas no acordo; e
IV – títulos e valores expressa e especificadamente ressalvados.

Art. 2º Os acordos que não observarem as condições previstas no art. 1º têm eficácia
liberatória restrita aos títulos e valores expressamente consignados no respectivo
instrumento, ressalvados os casos de nulidade.

Art. 3º A homologação de acordos celebrados em âmbito extraprocessual depende da


provocação espontânea dos interessados, ou seus substitutos processuais legitimados,
aos órgãos judiciários legal ou regimentalmente competentes, incluindo os Centros
Judiciários de Métodos Consensuais de Solução de Disputas da Justiça do Trabalho
(Cejusc-JT), em conformidade com as resoluções editadas pelo Conselho Superior da
Justiça do Trabalho.
§ 1º Na hipótese do caput, a provocação pode se dar por iniciativa de qualquer dos
interessados ou seus substitutos processuais legitimados, ou de comum acordo.
§ 2º No contexto das mediações pré-processuais trabalhistas envolvendo interesses
individuais homogêneos, coletivos ou difusos, faculta-se aos Cejuscs-JT e aos demais
órgãos judiciários, legal ou regimentalmente competentes, chamar à mediação o
Ministério Público do Trabalho e a(s) entidade(s) sindical(is) representativa(s) que
estiver(em) ausente(s).
§ 3º É vedada a homologação apenas parcial de acordos celebrados.

Art. 4º De maneira a aferir o impacto sobre o volume de trabalho dos órgãos competentes,

Assinado eletronicamente por: LUÍS ROBERTO BARROSO - 30/09/2024 17:39:05 Num. 5739550 - Pág. 5
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Número do documento: 24093017390511900000005226735
as normas da presente Resolução, nos primeiros seis meses de vigência, só se aplicam
aos acordos superiores ao valor total equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na
data da sua celebração.

Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO


Presidente

Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES


Corregedor Nacional de Justiça

Justiça em números 2024 (ano-base 2023), p. 141. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-


[1]
content/uploads/2024/05/justica-em-numeros-2024.pdf. Acesso em: 29.set.2024.

Assinado eletronicamente por: LUÍS ROBERTO BARROSO - 30/09/2024 17:39:05 Num. 5739550 - Pág. 6
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Número do documento: 24093017390511900000005226735

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